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IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação
Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013
ISSN: 1981-8211
A PERSONAGEM NO CONTEXTO DAS NARRATIVAS CANÔNICA E TRIVIAL
DIALOGANDO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO LITERÁRIO
Ana Maria Reino CAVALIERI (UEM)1
Márcio Roberto do PRADO (UEM)2
Introdução
A instantaneidade com que são veiculados os fatos ocorridos em qualquer ponto do
planeta pela internet e o contato entre pessoas por meio dos sites de relacionamentos
tornaram o ser humano dependente da máquina para atividades que até o final do século
passado eram realizadas de forma tradicional: por jornais e cartas.
Diversos tipos de ferramentas são comumente usados como fonte de informações e
como meio de comunicação relacionados a serviço, família e amizade tornando-se para a
maioria das pessoas um recurso indispensável em seu cotidiano, ou seja, o universo
neotecnológico faz parte da sociedade contemporânea.
Diante dessa observação voltamos nossa atenção para o ensino, pois é aí que se
refletem as mudanças e inovações da humanidade e não poderia ser diferente com as
inovações tecnológicas, afinal, a escola é o local onde a circulação dos ideais e da cultura
de uma sociedade são evidenciados e é nesse ambiente que suas ações são reproduzidas.
Nesse contexto a tecnologia deve ser entendida como meio de democratizar o
conhecimento, facilitando o acesso aos estudantes a ambientes possibilitadores de pesquisa,
antes inviabilizados para alguns pela distância, além de ser uma forma de interação
dinâmica e eficaz para o contato com grupos de interesses similares com liberdade de
escolha espaço-temporal para concretizar suas pesquisas.
Frente a estas constatações é que se percebe a relevância do estudo realizado a
respeito de aspectos da literatura mediante o surgimento das novas tecnologias e o
1 Mestranda em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
2 Professor Doutor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá ( UEM) - orientador
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oferecimento por este, de ferramentas e suportes que proporcionam novas possibilidades de
acesso à arte literária trazendo à reflexão sua posição mediante a educação atual e sua
implicação na capacitação do estudante proporcionando ao mesmo condições de tornar-se
um cidadão consciente de seus deveres e direitos perante a sociedade na qual está inserido.
1. Literatura e Ensino
O ensino de literatura como uma fonte de socialização da história literária imbuída
no propósito de promover debates que tinham como suporte pedagógico narrativas visando
a ampliação de conhecimento literário para o adolescente por meio de reflexão que o
posicionasse frente ao texto como um ser capaz de interpretar a linguagem escrita e o
fizesse dialogar com o mundo que o circunda, ampliando sua perspectiva de recepção
quanto ao texto literário justificando uma pesquisa que visava uma produção didático-
pedagógica foi o mote para o despertar de reflexões acerca das narrativas trivial e canônica.
Buscando a realização do objetivo, focamos nosso estudo a respeito do assunto na
estrutura básica das narrativas, primeiramente pela análise de personagem, optando,
inicialmente pelas personagens femininas das narrativas escolhidas de autores, países e
séculos diferentes. Para tanto, mantivemos as personagens Clarissa, do livro homônimo, do
escritor brasileiro Erico Verissimo, Bella, da série Crepúsculo, da estadunidense Stephenie
Meyer e acrescentamos Catherine, do Morro dos ventos uivantes, da inglesa Emile Brontë.
Por esta razão e para mantermos a meta principal de nossa pesquisa que é um maior
aprofundamento teórico no que se relaciona à estrutura das duas narrativas, mais
especificamente na etapa inicial da pesquisa, concentramos nossas reflexões nos “dez
mandamentos da fotonovela”, que, segundo Kothe (1998) foi publicado na revista Sétimo
Céu de 1959 e revelam parte da estrutura profunda do gênero trivial. Ainda de acordo com
o autor, estes mandamentos foram publicados como algo positivo pela revista e “são dez
bíblicos mandamentos, que valem não só para a fotonovela, mas para a narrativa trivial sentimental
de um modo geral, independente do veículo utilizado” (KOTHE, 1998, p. 42).
Podemos observar, em publicações impressas e na socialização por meios
audiovisuais, que as citadas regras ainda têm validade para as atuais telenovelas e textos
sentimentais, que geralmente são dedicadas ao público feminino, sofrendo apenas algumas
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modificações para acompanhar as mudanças de alguns valores pela sociedade e com base
em seus itens procuramos semelhanças e diferenças entre as construções das citadas
personagens.
1.1 Analisando a concepção
Baseando-nos inicialmente em alguns itens dos dez mandamentos, percorremos os
textos dos quatro livros que fazem parte de cada uma das histórias de Bella e Clarissa, além
do livro no qual se encontra a história de Catherine Earnshaw, focando nas personagens e
suas ações, utilizando, neste estudo, as partes relevantes para o atual momento da pesquisa
em questão e que se reportam a uma visão que, embora aparentemente superficial, já nos
permite perceber que em meio à caracterização, parte do processo criador da obra, sutilezas
de caráter que irão contribuir para evidenciar as particularidades de cada uma, contribuindo
para promover a empatia (ou não) leitor/personagem e em sua consequência a afinidade da
qual sobrevêm a leitura do texto. Podemos supor então, para que a afirmação acima faça
sentido, que ao construir a personagem o autor, independentemente da fonte inspiradora e
das minúcias incorporadas a ela durante o processo criador, consiga ao mesmo tempo
combinar e transpor para a concretude do texto um ser sensível e crível. Encontramos em
Beth Brait suporte para a reflexão acima quando a autora escreve que “a sensibilidade de
um escritor, a sua capacidade de enxergar o mundo e pinçar nos seus movimentos a
complexidade dos seres que o habitam realizam-se na articulação verbal” (BRAIT, 2004,
p.66).
E é nessa articulação verbal que buscamos o que ela chama de complexidade dos
seres, as características e movimentos de cada uma das personagens escolhidas para serem
estudadas, como já dissemos primeiramente de maneira mais superficial, como se pelos
olhos de um leitor mais desatento, à procura de similaridades e diversidades que possam
estear o estudo das citadas personagens, embasando assim, o estudo deste recorte das
características estruturais das narrativas trivial e canônica. Sendo assim buscamos a
realização do levantamento entre as três personagens selecionadas valendo-nos dos itens 1
e 2, dos 10 mandamentos da fotonovela.
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No item 1 “somente pessoas bonitas farão os papéis principais” (KOTHE, 1998,
p.42) colhemos como descrição de Bella o fato de ter pele de marfim (pálida), cabelos e
olhos castanhos, magra e descoordenada.
Percebemos assim, que Bella é caracterizada como uma garota que se sente
inferiorizada diante dos padrões de beleza vigentes atualmente, sendo descrita de forma que
o leitor perceba que é bonita, mas que a beleza se esconde atrás de uma autoestima
baixíssima que só se modificará com o surgimento de um rapaz rico e bonito, apresentando
assim, característica marcante da narrativa trivial.
Clarissa, fisicamente descrita como tendo olhos e cabelos pretos inicialmente é
retratada como uma garota que vive as inquietações advindas com o período da
adolescência, mas que se aceita dentro dos padrões de beleza vigentes na época em que foi
criada.
Catherine, por sua vez, é inicialmente descrita como uma criança peralta,
desarrumada, com lindos cabelos castanhos, sempre soltos. A descrição torna perceptível
que a beleza física de Catherine é compatível com o padrão de beleza da época, porém, a
personagem não valoriza tanto a aparência quanto o leitor poderia esperar, além de
apresentar uma personalidade bastante singular e marcadamente forte para uma personagem
feminina no contexto histórico no qual está inserida a narrativa.
Apesar do evidente traço trivial, conforme os dez mandamentos, da série
Crepúsculo, a questão da beleza nas narrativas apresenta alguma semelhança no que diz
respeito à descrição da beleza física das personagens, as três apresentam características da
raça branca, a figura masculina idealizada pelas três personagens também contém traços
físicos parecidos, como se comprova na passagem em que é narrado o primeiro encontro de
Bella com os irmãos Cullen, no refeitório da escola, no qual ela se encanta pelo aspecto
físico deles que são “mais brancos do que eu, a albina. Todos tinham olhos muitos escuros,
apesar da variação de cor dos cabelos”. [...] “fiquei olhando porque seus rostos tão
diferentes, tão parecidos, eram completa, arrasadora e inumanamente lindos” (MEYER,
2009a, p22). Em Clarissa, quando esta, apaixonada platonicamente por um poeta reflete:
“Fico a imaginar... na sua mente retraça a imagem do poeta; alto, magro, pálido e bonito.
Olhos fundos e pretos” (VERISSIMO, 2009a, p.22). E no O Morro dos ventos uivantes, na
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descrição de Heathcliff feita pela criada quando de seu retorno e reencontro com Catherine
em casa dos Earnshaw, “... havia se tornado um homem alto, atlético e de boa figura”. A
criada ressalta ainda que “... uma ferocidade contida se ocultava sob as sobrancelhas baixas
e os olhos cheios de fogo negro, porém de forma atenuada” (BRONTË, 2011, p.115).
Nos três textos é perceptível que o ideal de beleza descrito pelas personagens
femininas em relação às masculinas, apesar da distância temporal que os separa, são muito
parecidas como comprovadas em vários aspectos nas citações compiladas acima.
No item 2 “ Os trajes e os ambientes serão de preferência luxuosos” observamos
que Bella usa roupas confortáveis, porém, pouco elegantes e tem uma picape velha. Vive
em uma casa simples.
Frequenta a casa dos Cullen, que é uma luxuosa mansão em meio à floresta, com
cômodos envidraçados como se quisesse mostrar ao leitor uma visão do mundo que o cerca
através de uma parede transparente que o protege das intempéries e de outras ameaças
externas.
Já Clarissa usa roupas e ambientes simples. Vinda de uma fazenda no interior, vive
em uma pensão com pessoas que lutam pela vida com dificuldades.
Depois, passa a morar na casa dos pais, que é espaçosa, mas, devido a crise
financeira familiar está decadente.
Mais tarde, passa a residir em espaços menores e alugados.
Por sua vez Catherine Earnshaw (Cathy) tem cabelos castanhos, sempre descritos
como lindos, em casa sempre soltos. Mora em um lugar denominado “Morro dos ventos
uivantes”, segundo a autora para descrever o tumulto atmosférico a que a construção se vê
exposta durante as tempestades (BRONTË, 2011, p.16 ).
Catherine muda-se para a casa dos Linton, a Granja da Cruz do Tordo.
A observação das descrições relacionadas à apresentação física das personagens,
suas roupas, vaidades e sua movimentação pelo cenário do texto, circulando pelos
ambientes destacados neste item, fez com que atentássemos para diferenças entre as três
narrativas, uma vez que, na narrativa de Stephenie enfatiza-se a suntuosidade dos ambientes
em que vive Edward, enquanto que nos livros de Erico, as personagens são retratadas como
simples, circulando por ambientes decorados de maneira distinta do padrão clássico greco-
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latino de beleza. Já a casa onde Catherine passa sua infância e parte da adolescência é
descrita como uma construção robusta com janelas estreitas alojadas no fundo das paredes
com cantos protegidos por enormes projeções de pedra, sem nada de extraordinário na
mobília ou nas instalações.
Se em Crepúsculo o fato de Bella pertencer a uma classe de padrão social mais
baixo e ser apaixonada por um rapaz rico evidencia uma das marcas da trivialidade nos dois
outros textos as descrições tendem a apresentar o simples em Clarissa e a resistência em O
Morro dos ventos uivantes. Neste último, a leitura da descrição provoca no leitor a sensação
de que ali tudo está trancado, seguro, protegido, porém de uma forma enigmática, soturna,
com personagens que espelham uma dimensão sombria, caracterizados para explorar um
sentimento de imersão na intimidade do leitor permitindo que este reflita a respeito de sua
busca interior por respostas às questões complexas e dúbias próprias do ser humano que
provocam sentimentos e pensamentos confusos.
Neste item, relacionado ao ambiente, encontra-se indubitavelmente marcante uma
das particularidades da caracterização que demarcam uma das diferenças entre as
narrativas, ainda que, ao deflagrarem a diferença aproximem-se pela estrutura, pois ambas
descrevem os ambientes que refletem as caracterizações das personagens que se
evidenciarão nas atitudes e ações da mesma no decorrer da história.
2. Dialogando com as novas tecnologias no ensino literário O estudo enfatizando a categoria personagem permitiu a percepção de algumas
semelhanças e diferenças entre as narrativas trivial e canônica proporciona ao aluno a
oportunidade de atentar para características próprias de cada uma das narrativas, além de
proporcionar o envolvimento afetivo entre o leitor e o texto .
Observando que o intuito da pesquisa é buscar aspectos que explicite a influência da
personagem na adesão do leitor à obra, proporcionando interesse na leitura da narrativa
completa, do texto trival e do canônico, sugere-se que as atividades de leitura e pesquisa
envolva um entrelaçamento entre o texto original e seus desdobramentos produzidos por fãs
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leitores mediante as possibilidades promovidas pelo mundo virtual para posteriormente
envolvê-los com propostas pedagógicas que desenvolvam a aprendizagem.
A abordagem feita por meio de ações pedagógicas que envolvam novas
tecnologias oferece ao aluno o contato de um conteúdo escolar tradicional com um aspecto
inovador fazendo com que a aprendizagem aconteça de forma natural, pois o mesmo
percebe as novas tecnologias como parte de sua rotina.
Alguns pesquisadores são favoráveis à ideia, como o pesquisador francês Roger
Chartier, para o qual o uso do computador “vai criar um novo tipo de obra literária ou
histórica”, pois segundo ele, “dispomos hoje de três formas de produção, transcrição e
transmissão de texto; a mão, impressa e eletrônica - e elas coexistem.”
Com certeza, a mudança nas produções literárias e no suporte de leitura implicará
em uma mudança no redirecionamento da abordagem pedagógica para um melhor
ensino/aprendizagem de literatura. Segundo Roger Chartier:
[...] Hoje temos no mundo digital um novo suporte, a tela do computador, e uma nova prática de leitura, muito mais rápida e fragmentada. Ela abre
um mundo de possibilidades, mas também muitos desafios para quem
gosta de ler e sobretudo para os professores, que precisam desenvolver em
seus alunos o prazer da leitura. (CHARTIER, 2011)
Ainda de acordo com Chartier:
[...] É papel da escola incentivar a relação dos alunos com um patrimônio
cultural cujos textos servem de base para pensar a relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. É preciso tirar proveito das novas
possibilidades do mundo eletrônico e ao mesmo tempo entender a lógica
de outro tipo de produção escrita que traz ao leitor instrumentos para
pensar e viver melhor.(CHARTIER, 2011)
Se buscarmos uma relação entre a produção literária eletrônica, a probabilidade de
ampliação na disponibilização de textos clássicos por meio digital e a escola,
encontraremos inúmeras possibilidades que as novas tecnologias podem oferecer em
relação ao ensino/aprendizagem de literatura.
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Ante as inovações tecnológicas da atualidade, a possibilidade de inserção de novas
abordagens pedagógicas utilizando-se de ferramentas digitais é uma experiência
desafiadora, porém inevitável para a escola que tem agora, como estudantes, uma geração
acostumada ao mundo virtual.
Por isso este recorte da pesquisa foi transformado em material didático com o
intuito de promover entre os alunos/leitores uma socialização dos textos com a presença das
personagens e consequentemente mediar o estudo no que se refere à construção das
mesmas e sua importância na opção do leitor por ler ou não o texto completo, pois no
dizer de Antonio Candido esta categoria “representa a possibilidade de adesão afetiva e
intelectual do leitor, pelos mecanismos de identificações, projeção, transferência etc. A
personagem vive o enredo e as ideias e os torna vivos” (CANDIDO, 2009, p.54).
Para exemplificarmos melhor socializamos as imagens do livro eletrônico
reproduzidas abaixo, nas quais é possível a visualização das estratégias utilizadas para a
leitura dos excertos escolhidos.
Fig. 1 – E-book criado para disponibilizar o conteúdo
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Fig. 2 – Página do e-book para apresentação da leitura dos textos
Percebemos que a abordagem diferenciada ao público alvo do livro cria uma
expectativa quanto ao desenvolvimento das leituras e atividades ao proporcionar opções na
sequência destas.
Analisando o recorte em estudo descrito anteriormente e refletindo a respeito de
uma maneira de perceber os aspectos que tornaram atrativa a leitura destes textos por
leitores contemporâneos ao seu lançamento, foi possível observar que a personagem atrai à
leitura de uma narrativa, marcando significativamente o leitor que, segundo Beth Brait, “vai
perseguindo, palavra a palavra, traço a traço, uma construção que, pelo seu encadeamento
particular, garante a sua própria existência, a sua independência, criando os seus referentes
e abrindo um mundo de leituras”(BRAIT, 2004, p.66).
Se pegarmos o recorte estudado e aplicarmos nele as palavras de Brait quando fala
sobre o “perseguir” a personagem encontraremos os leitores que além de ler a história
precisam também eles próprios escreverem algo sobre as personagens como acontece
atualmente e pode ser comprovado em vários sites nos quais são publicados os conhecidos
fanfiction e que são muito populares entre pessoas que gostam de uma determinada obra a
ponto de querer também ser autor e participar da escrita daquele texto de alguma forma.
Podemos observar também que é bastante comum a produção de HQs reproduzindo as
histórias originais. Podemos aproveitar estas ideias, ainda que não na sua totalidade e criar
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atividades dinâmicas como, por exemplo, sugerir que os alunos pesquisem a respeito das
releituras dos textos originais para depois produzirem suas próprias atividades. Uma
atividade similar foi realizada com alunos do 8º ano (7ª série), em 2011, utilizando-se dos
livros em Crepúsculo e Clarissa, a partir da leitura destes, um grupo de alunos deveria criar
um texto baseando-se na ideia de fanfiction, utilizando as personagens. Outro grupo
deveria recontar trechos das narrativas lidas em forma de quadrinhos e outro deveria criar
um vídeo com cenas das mesmas. O resultado revelou que quando unimos ao texto
tradicional algo relacionado ao mundo virtual que faz parte do cotidiano do aluno ele tem
maior interesse em participar das atividades.
Para uma melhor socialização da ideia, nos quadros abaixo estão disponibilizados
imagem de um dos vídeos feito por eles, uma produção do texto em HQ e trechos de textos
produzidos pelos alunos, sendo que os dois últimos foram postados no blog da turma.
Fig. 3 – Atividades discentes - vídeo
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Fig. 4 - Atividades discentes - HQ
Fig.5 – Atividades discentes - divulgação em blog
Considerações finais
O desenvolvimento da pesquisa e a aplicação do recorte escolhido nestas atividades
possibilitaram a verificação de aspectos que tornam perceptivo o magnetismo exercido pela
personagem em uma narrativa independente da época em que foi criada e que, se
apresentadas por meio de uma metodologia que envolve elementos da nova tecnologia,
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tornam atrativo o estudo de literatura, possibilitando um envolvimento maior do aluno e
consequentemente uma maior aceitação em buscar o conhecimento oferecido pela
instituição escolar no que se refere ao estudo literário.
É possível observar também que ante as inovações tecnológicas da atualidade, a
possibilidade de inserção de novas abordagens pedagógicas utilizando-se de ferramentas
digitais é uma experiência desafiadora, porém inevitável para a escola que tem agora, como
estudantes, uma geração acostumada ao mundo virtual.
Referências
BRAIT, Beth. A Persona-gem. São Paulo: Ática, 7. ed., 2004.
BRONTË, Emily. O Morro dos Ventos Uivantes. Trad. Guilherme da Silva Braga. Porto
Alegre: L&PM, 2011.
CANDIDO, Antonio, ROSENFELD, Anatol, PRADO, Décio de Almeida, GOMES, Paulo
Emílio Salles. A Personagem de Ficção. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 11. ed.,
2009.
CHARTIER, Roger . Entrevista: O especialista em história da leitura. Disponível em:
< http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/especialista-historia-
leitura-427323.shtml> acessado em 12/08/2012.
KOTHE, Flávio Rene. A Narrativa Trivial, Brasília: UNB, 1994.
MEYER, Stephenie. Amanhecer. Trad. Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009.
______. Crepúsculo. Trad. Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Intrínseca, 3. ed., 2009.
______. Eclipse. Trad. Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2. ed., 2009.
______. Lua Nova. Trad. Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2. ed., 2008.
VERISSIMO, Erico. Clarissa. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
______. Música ao Longe. São Paulo: Círculo do Livro, 1978.
______. Saga. São Paulo: Circulo do Livro, 1987.
______. Um Lugar ao Sol. São Paulo: Circulo do Livro, 1978.