a percepção de riscos e a redução dos acidentes de trabalho
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A Percepo dos Riscos e sua influncia na reduo dos acidentes de trabalho
A Percepo dos Riscos e sua influncia na reduo dos
acidentes de trabalho
Eng Antonio Fernando Navarro, M.Sc.
1
Resumo
Grandes tm sido os avanos nos estudos para a compreenso dos acidentes do
trabalho. No princpio, as associaes eram at relativamente bem simples, associando-se o
trabalhador aos seus afazeres trabalho, procurando encontrar algo que justificasse o
acidente. Mais posteriormente, nesses estudos passou-se a ligar tambm o meio ambiente do
trabalho, ao trabalhador e a sua tarefa. Descobriu-se que com a incorporao desse terceirovetor muitas das causas inexplicveis passavam a ter sentido. Hoje j se sabe que h muito
mais coisas a serem estudadas do que simplesmente aquelas trs linhas: meio, homem,
trabalho. O meio mutvel de acordo com circunstncias da mesma forma que o
comportamento humano. Uma tarefa pode ser mudada sob certas circunstncias. H os
procedimentos que devem ser seguidos. Quando a pressa para a ser eleita como prioridade
nmero um muitos dos procedimentos so postos de lado. A surgem os atalhos, que tambm
auxiliam o surgimento dos acidentes. Ainda estamos no resumo do artigo e j percebemos que
acidente algo complexo. Quando no corretamente analisado est se dando sorte ao azar,
ou seja, possibilitando que outros possam ocorrer. A quebra desse crculo vicioso comea com
o estudo de suas causas raiz ou causas bsicas. Se um elo da corrente fica aberto evitam-se
novas ocorrncias.
No estudo sobre a Percepo dos Riscos e a sua influncia na reduo dos
acidentes do trabalho vamos discutir apenas um dos elos, que trata da vtima ou o
trabalhador.
Os acidentes do trabalho sempre foram causa de muitas preocupaes por partedas empresas e governos e motivo de grandes investimentos, ocasionalmente repensados,
porque a reduo dos mesmos no ocorria na mesma proporo desses investimentos.
1 Antonio Fernando Navarro engenheiro civil, mestre em sade e meio ambiente, doutorando em engenharia
civil e especialista em gesto de riscos, tendo atuado por 20 anos na atividade seguradora.
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A partir dessa constatao, e premidas por resultados em funo da implementao
de normas de gesto (NBR ISO 14001, OHSAS 18001 e outras); pelos acionistas,
preocupados com a imagem da empresa e os valores das aes, e rgos fiscalizadores,
motivados pelos atendimentos mdicos hospitalares e aposentadorias precoces, as empresas
passaram a avaliar melhor as razes e causas dessas ocorrncias de acidentes, em vista dos
investimentos realizados e das boas prticas adotadas.
Afora as tradicionais prticas de preveno de riscos passaram a dar mais ateno
a outras questes envolvendo os aspectos comportamentais envolvendo os trabalhadores
acidentados. Prova disso que muitas das anlises de acidentes passaram a incorporar
informaes sobre as atividades dos trabalhadores no mesmo dia ou no dia anterior
ocorrncia dos acidentes, como por exemplo: a que horas o trabalhador chegou ao canteiro de
obras? Qual foi o tema das orientaes de segurana do dia? Qual foi a hora de incio dasatividades? Quem estava acompanhando os servios? Houve a liberao das atividades? E
outras questes mais.
Pode parecer bvio que a partir dessas anlises e a interpretao das respostas ter-
se-iam relaes associando o acidente a algum, ou pelo menos apontasse para culpado. At
ento est se falando da teoria da culpa, sim, porque em todo o acidente deve haver um
culpado! (SIC) Ser que o objetivo das anlises apenas para conduzir ao culpado ou serviria
esse para evitar novas ocorrncias? As questes ou aspectos de percepo de riscos mais
imediatas eram percebidos nas anlises, mas e as outras no to perceptveis assim e
igualmente importantes?
Pretende-se apresentar neste artigo a mudana do foco das atenes dos
profissionais que atuam na rea de preveno de riscos, e os paradigmas da viso voltada
unicamente ao trabalhador, quase sempre vtima dos acidentes, para a ampliao dessa anlise
abrangendo: empresa, meio ambiente do trabalho, o trabalhador com seus ideais, medos e
anseios, passando pela anlise dos processos, suas peculiaridades e riscos aos trabalhadores.
Palavras-chave: Resilincia; Preveno de Riscos; Acidentes do Trabalho; Medidas de
Preveno ocorrncia de acidentes na indstria; Boas Prticas de Preveno de
Acidentes; Preveno de Riscos.
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1. INTRODUO
Encontrar um sentido de vida em meio adversidade um dos temas subjacentes a
histrias como a do pianista Len Fleischer, que, no auge de uma carreira de sucesso, perdeu
a motricidade fina dos dedos da mo direita. O fato, que inicialmente representou uma
catstrofe pessoal e profissional, levou Fleischer a uma profunda depresso ocasionando
questionamentos sobre o sentido de sua vida at que veio a compreender que seu vnculo com
a vida transcendia sua carreira de pianista e que o elo de ligao entre vida e carreira se dava
por meio da msica. Essa descoberta alterou os rumos de sua vida, fazendo com que se
tornasse maestro e professor de piano (Vanistendael & Lecomte, 2004).
Assim se inicia a questo relativa Percepo de Riscos e sua influncia na
reduo dos acidentes. Na introduo, Fleicher busca um sentido para a vida, no seentendendo aqui simplesmente como o fato de se estar vivo, mas sim, o de poder fazer bom
uso dessa vida, seja nas atividade laborais, seja nas relaes pessoais ou familiares, pois seu
acidente estava representando o fim do seu trabalho, pelo menos da maneira que praticava e
conhecia.
Encontrar-se um sentido para a vida passa a ser relevante quando se analisa a
causa de um acidente do trabalho que tenha provocado leso ou morte ao trabalhador. Na
maioria das anlises das causas e conseqncias evidencia-se que o trabalhador foi orientado
sobre os riscos e suas atividades, recebeu os meios de se proteger dos acidentes (EPIs) e
possua o conhecimento que o habilitava ao exerccio de sua profisso. Mas ento, por que foi
vtima do acidente? Ser que o mesmo perdeu o sentido para a vida? No se expandindo
muito a anlise, apesar da complexidade do tema, por no ser pertinente neste contexto atual,
percebe-se em alguns momentos que o trabalhador entendia que poderia continuar fazendo as
suas atividades com sempre o havia feito anteriormente, exercendo seu saber operrio. Uma
das respostas mais ouvidas nas comisses de investigao de acidentes, quando entrevistam
os empregados acidentados :
- Eu fao dessa forma a mais de 20 anos e sempre deu certo...
Ele, a vtima, o trabalhador, pode ser considerado como culpado pelo seu
acidente? No se questiona porque ele foi vitimado e em que circunstncias o acidente
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ocorreu, mas busca-se, de modo geral, chegar ao fim de uma investigao do acidente,
apontando-se as causas bsicas, e demais causas associadas.
Tambm interessante observar-se que passa a no ser lgico o fato de que ainda
existe o conceito do trabalhador ser sempre o culpado do acidente. Estaria eleintencionalmente querendo acidentar-se, ou praticar o suicdio, muitas vezes de modo cruel?
Esquecem-se alguns que a vtima do acidente sofre com suas mazelas e que o sofrimento no
pode ser considerado como estmulo prtica de desvios de conduta que o levem a acidentar-
se. No seria a empresa tambm responsvel pela ocorrncia do acidente?
O significado para a palavra trabalho, em latim, tripalium, est associado a
instrumento de tortura, ou de sofrimento. Desde a antigidade o trabalho estava destinado a
escravos ou pessoas das castas mais baixas da sociedade. No faz tanto tempo assim
trabalhava-se por quase 18 horas ao dia, em regime de semi-escravido. No Brasil, o
Decreto 24.637, de 10/07/1934 foi o primeiro instrumento jurdico regulamentando a questo
da preveno de acidentes do trabalho. No dia primeiro de maio de 1943 surgia o Decreto
5452 regulamentando a Consolidao das Leis do Trabalho, leis essas que j vigiam muitos
anos antes. V-se que a mais de 70 anos so publicadas legislaes especficas tratando do
tema, to importante.
A garantia para o exerccio do trabalho de maneira segura, sem a exposio da
sade ou da vida do trabalhador se constituiu em um dos aspectos mais importantes daConstituio Federal e da Consolidao das Leis do Trabalho, esta atravs do artigo 200,
apresenta dezenas de normas regulamentadoras aplicadas s atividades rurais e demais
atividades, conhecidas, respectivamente, por NRR e NR, regulamentadas pela Portaria n0
3.214/1978. Nessas fica clara a responsabilidade de ambos, empregador e empregado. Para
cada uma das responsabilidades no cumpridas h previso da aplicao de multas pelos
agentes do Ministrio do Trabalho e Emprego. Incluem-se nessas normas as atividades
perigosas, insalubres e penosas.
Neste artigo faz-se um recorte da questo, analisando os aspectos
comportamentais envolvidos, tentando-se trazer luz informaes que possibilitem uma
melhor compreenso do tema, no se questionando, como se ver adiante, as causas
ambientais e outras relacionadas a procedimentos, capacitaes, equipamentos ou
ferramentas, tambm importantes para a discusso da questo.
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2. FORMULAO DA SITUAO-PROBLEMA
Uma pergunta inicial que deve ser formulada aos leitores a seguinte: natural
que ocorra acidente do trabalho em qualquer atividade?, ou pode-se reformul-la: os
acidentes do trabalho devem ser considerados normais nas atividades humanas?
Para respond-la costumamos imaginar uma srie de atividades que presenciamos
ou tivemos conhecimentos onde ocorreram acidentes. Neste primeiro momento, fazemos uma
associao de idias entre os acidentes e as vtimas. Em um segundo momento podemos
pensar no trabalho e tentar associa-lo a acidentes Mas, quase sempre, vm nossa mente os
acidentes. Por muitas dcadas os acidentes eram inevitveis. Por que? Ser que os meios de
preveno no existiam ou eram inaplicveis?
No Boletim Informativo da Fenaseg, BI.782, de 01/10/1984, ao abordar o tema, noartigo: A segurana em Destaque, tratando de um acidente envolvendo uma mina de carvo
em Urussanga/SC, com vrios mortos, dizamos: No acidente em questo, observamos por
tudo o quanto foi noticiado, que no existiam os meios e condies necessrias segurana
mxima da vida dos operrios. como se a vida daquelas muitas pessoas, que trabalham
subterraneamente, em todos os sentidos, tivessem pouco ou nenhum valor. (...)
No mesmo Boletim Informativo da Fenaseg, BI.789, de 19/11/1984, quando
tratavamos do tema: Por Que ocorre um acidente do trabalho? Dizamos: Um operrio em
final de turno est sempre mais propenso a acidentes do que em um incio de turno. A perda
do seu time de futebol para outro time tambm um fator preponderante para a ocorrncia de
acidentes. Perodos de recesso econmica, dias de pagamento, final do ms, vsperas de
feriados, etc. so fatores que propiciam o surgimento de acidentes. Como se v, todo e
qualquer fator que motive o desequilbrio psico-social do ser humano um fator de acidente.
(...)
Mais adiante, no Boletim Informativo, BI.795, de 31/12/1984, sob o ttulo:
Acidentes de trabalho em instalaes eltricas, dizamos: (...) Nota-se que de uma maneirageral concorrem para a existncia de um acidente as seguintes causas: (...) falta de
planejamento e de superviso, (...), (...) impercias ou desatenes, (...), (...) falta de
treinamento adequado, (...)
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No Boletim Informativo, BI.867, de 06/07/1987, sob o ttulo: A sndrome do
desastre, tratando do grande acidente que atingiu o prdio da CESP, a exemplo do Andraus e
do Joelma, todos grandes edifcios comerciais localizados na cidade de So Paulo, dizamos:
(...) A vida humana muito barata (SIC) (...).
O que de comum havia nesses artigos publicados no mnimo h 25 anos atrs,
quando atuvamos no Mercado Segurador, alm do tema, era o brado de alerta e mesmo de
revolta pelo descaso com que essas questes eram tratadas. Naquela poca, como ainda hoje,
encontrados os culpados est encerrada a questo. Ser mesmo? A maior prova disso que
passados tantos anos parece-nos que o filme est sendo rebobinado e que continuamos a
assistir a reprise da seo da tarde. O interessante disso tudo que as pessoas apesar de
conhecer o enredo e de saber qual ser o final da histria ainda o assistem, com grande
IBOPE.
Muitas das metodologias utilizadas na gesto dos acidentes de trabalho voltam-se,
inicialmente, para os trabalhadores, objeto principal de todas as atenes, e quase nada ou
muito pouco para o ambiente, incluso aqui o prprio ambiente do trabalho, ou as
caractersticas das empresas que os empregam. Quando se voltam aos trabalhadores o fazem
com o intuito de saber se esses tinham a necessria experincia para a atividade a que foram
contratados, se tinham problemas de sade, se faziam uso de lcool ou drogas, se
descumpriram os procedimentos, e outras questes assemelhadas.
Quando o acidente evolui a bito, certamente a anlise se aprofunda. Pelo fato da
empresa vir a ser acionada pelos familiares da vtima busca-se obter informaes adicionais
como: liberao da rea de servio; existncia de procedimentos para a execuo das
atividades, fornecimento dos equipamentos e ferramentas adequadas realizao das
atividades, permisso para o trabalho (PT) ou ordem de servio (OS) e a evidncia de que o
trabalhador foi orientado sobre os riscos de sua tarefa. Esse conjunto de documentos
evidencia os cuidados da empresa, dentre outros, para evitar os acidentes.
Quanto a esse ltimo documento (PT) ou (OS) a evidncia muitas vezes uma
lista de presena de um treinamento com a assinatura do trabalhador. Se esse assimilou
adequadamente o assunto, no se questiona, mesmo porque quase no h instrumentos de
avaliao disponveis para essa avaliao. Se o trabalhador estava bem para a execuo do
servio tambm no se questiona. Quanto a isso o que pedido a cpia do atestado de sade
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ocupacional onde atestado, mediante uma avaliao mdica e exames laboratoriais
complementares, se o trabalhador encontrava-se apto ou no para o exerccio de suas
atividades. Muitas vezes esses ASOs (Atestados de Sade Ocupacionais) apresentados podem
ter sido emitidos muitos meses anteriormente ocorrncia do acidente, ou emitidos por
clnicas sobre as quais possa pesar algum tipo de suspeita.
Um acidente , antes de mais nada, resultante de uma srie de fatores, para o qual
podem concorrer: habilidades, gesto, procedimentos, processos, entre outros. O ambiente de
trabalho talvez seja o elemento que mais contribui para uma ocorrncia de acidente. Um
exemplo real que pode se dar o seguinte: dois trabalhadores executavam uma atividade em
uma vala em uma rua, recm escavada com uma retroescavadeira. A profundidade de
escavao era da ordem de 1,50 metros. A retroescavadeira tinha concludo a escavao e os
trabalhadores acabavam de entrar quando, durante a anlise do que teria que ser feito houveum desbarrancamento do talude natural de um dos lados. O trabalhador que estava de costas
ao barranco foi empurrado para frente, pelo peso de terra, e ficou soterrado com cerca de 40
centmetros de terra. Seu companheiro, que estava de frente a ele, ficou com terra at a altura
do joelho. Naquele momento todos se preocuparam com o colega soterrado. Na pressa e na
angstia de tirar o companheiro daquela situao, deitado de bruos e com terra sobre o corpo,
o companheiro que estava na frente sugeriu o emprego da retroescavadeira para a rpida
remoo da terra. O trabalho comeou. Em um determinado momento, todos tensos com a
situao do colega, o operador da retro sem muita viso da profundidade da escavao,
ocorreu o impensvel. O dente da concha (p curva que fica na frente da mquina) atingiu a
cabea do trabalhador que estava de bruos sobre a terra, removendo seu escalpo, com
severos danos ao crnio. O trabalhador foi a bito. O que ocorreu? Qual a causa principal
para essa ocorrncia? Independentemente de quaisquer que sejam as anlises, a teoria da
culpa aponta, em primeiro lugar para o seu colega de trabalho que sugeriu o emprego do
equipamento de escavao para remover a terra que cobria o companheiro. Talvez esse seja o
pensamento de 9 entre cada 10 pessoas que analisem a questo. Mas ser ele o verdadeiro
culpado? Existir um culpado? Esse talvez seja um assunto para um prximo trabalho.
Se a empresa no motiva adequadamente os trabalhadores ou no gestiona as
aes preventivas com a nfase necessria, como por exemplo, o foco prioritrio na entrega
da obra ou o compromisso com o cumprimento dos prazos em detrimento da segurana
pessoal, talvez os trabalhadores no se sintam motivados o suficiente para romper as barreiras
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necessrias e abraar a causa da preveno de acidentes, em seus prprios benefcios. Afora
isso, empresas que apresentam grande rotatividade da mo-de-obra, principalmente aquelas
com atividades em construo civil, no tm tempo o suficiente para criar uma cultura prpria
e possibilitar que seus empregados tenham a condio de assimil-la e p-las em prtica,
ainda no transcurso da obra. H que se considerar tambm que existe conflitos de
entendimento, felizmente no generalizados, sobre questes como: fatores estressores no
ambiente de trabalho, estresse, ansiedade, medo, resilincia e outros temas correlatos, que
terminam por associ-los de modo equivocado, e, muitas vezes, so uma das causas dos
acidentes. Essa interpretao equivocada de conceitos muitas vezes mascara o real problema
da preveno de riscos.
Para a anlise da questo, da percepo de riscos e sua influncia na reduo dos
acidentes, lanam-se mo de interpretaes de vrios dos conceitos, atravs da reviso daliteratura e do quo importante so para a compreenso da questo. Aparentemente tratam-se
de situaes dicotmicas, pois enquanto a primeira remete ao trabalhador, a segunda est
relacionada a atitudes tanto da organizao quando dos empregados, ou seja, uma ao
conjunta. Enquanto a primeira pode ser considerada como inerente ao indivduo ou seja
endgena, a segunda uma ao exgena. Contudo, ambas devem ser analisadas
adequadamente caso se pretenda efetivamente reduzir as ocorrncias de acidentes ou evitar o
indesejado efeito sanfona ou serrote que surge quando os resultados alternam-se com
constncia, entre bons e maus, de acordo com presses externas exercidas.
Nas empresas so despendidos recursos na rea da preveno de acidentes.
Enquanto h forte fiscalizao sobre os resultados as ocorrncias diminuem, mantendo-se nos
patamares requeridos at que as presses so reduzidas. A partir da, e respeitada a inrcia
do processo, os acidentes ou desvios voltam a ocorrer em patamares praticamente idnticos
aos anteriores. Os indicadores empregados pela organizao passam a oscilar para cima ou
para baixo de acordo com as presses exercidas pelos executivos sobre os trabalhadores.
Pode se associar esse efeito de resistncia ao do motorista que dirigindo acima dolimite da velocidade da rodovia, percebe ao lado que acabou por ocorrer um acidente
envolvendo outros carros ou pedestres. Quase que instintivamente, e talvez movido pelo fator
conscincia, que lhe indica estar acima do limite de velocidade, diminui a velocidade do
veculo, permanecendo nessa situao por determinado tempo, findo o qual retorna a
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velocidade que empregava anteriormente, no sem antes olhar pelo retrovisor. Em alguns
momentos, a ocorrncia de fatores estressores pode acelerar o processo de ocorrncia de
acidentes. Ainda com o exemplo do automvel anterior, no so raros os acidentes
provocados por distraes dos pais ou mes motoristas com os filhos ou animais no carro.
3. OBJETIVOS
Objetiva-se neste artigo associar os conceitos relacionados percepo de riscos,
para melhor compreenso de seus aspectos, principalmente aqueles que podem conduzir
ocorrncia de acidentes.
Sob o nome de percepo podem estar relacionados fatores como: medo,
ansiedade, resilincia, despreparo do trabalhador, que ao esconder a falta de habilidade,
desconhece os riscos inerentes atividade executada. H grandes esforos na preveno mas
pouco se percebe respeito da resistncia dos trabalhadores em assimilar novas culturas ou
p-las em prtica.
Como as vises so distintas, pelo menos aparentemente, pretende-se traar um
paralelismo entre as essas a fim de justificar algumas das concluses apresentadas.
importante que os profissionais que atuam na rea de preveno de perdas saibam reconhecer
alguns comportamentos tpicos dos empregados, quando instrudos sobre as questes de
Segurana, Meio Ambiente e Sade - SMS.H os primeiros a vestir a camisa da preveno e aqueles que relutam em
assimilar culturas novas ou prticas que entendem no serem adequadas s caractersticas de
seus trabalhos.
A aplicao dos conceitos aos ambientes industriais deve-se ao fato de,
historicamente, serem mais propcios ocorrncia de acidentes, em funo das presses
induzidas pelos supervisores e gerentes para o bom desempenho das atividades sem a
ocorrncia de acidentes, proximidade de produtos ou substncias perigosas, riscos de
exploses ou intoxicaes agudas, presses pelo cumprimento dos contratos, entre outras.
nesse cenrio de presses de toda ordem que se encontra o sujeito das observaes o
trabalhador.
4. METODOLOGIA
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A metodologia empregada abrange: reviso bibliogrfica contemplando as
questes de resilincia e de preveno de riscos; a associao dessas questes, com recortes
para as atividades industriais e de construo; avaliao dos resultados de auditorias
comportamentais ocorridas no perodo entre 2001 a 2008 e entrevista com profissionais de
QSMS (Qualidade, Segurana, Meio Ambiente e Sade) atuantes na indstria de leo e Gs.
Os temas foram segregados de acordo com suas temticas e dos eventuais impactos sobre as
questes de preveno de riscos. Houve uma orientao na segregao dos materiais
pesquisados de modo a facilitar a compreenso de como a preveno de riscos pode ser
afetada pela resilincia dos trabalhadores.
5. REVISO BIBLIOGRFICA
A reviso bibliogrfica foi realizada atravs de mtodos de filtro de temas,identificando-se vrias abordagens, como s voltadas construo civil, psicologia do
trabalho, questes de meio ambiente e SMS. O resultado dessas avaliaes foi segregado em
temas como a seguir:
A ansiedade;
Os comportamentos de Segurana;
Riscos e Medo;
O ambiente do trabalho e os riscos;
Sinais indiretos do Medo; O saber operrio;
A psicologia e a preveno de acidentes;
A origem interior do medo e a percepo dos riscos;
Fatores humanos e influncias comportamentais;
Escalas de percepo;
Resilincia;
Fatores estressores.
5.1.A ansiedade
A ansiedade quase sempre est associada a expectativas, para as quais podemos
no estar preparados. H ansiedades crnicas, doentias, provocadas pela insegurana ou
outras causas. O profissional que ir ser certificado em suas atribuies e que precisa ser bem
avaliado certamente ficar ansioso antes da realizao do teste. O estudante nas vsperas do
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vestibular tambm tende a ficar ansioso. O criminoso que ser confrontado com o polgrafo
tambm fica ansioso. A pessoa com transtorno mental e em tratamento, cujo medicamento foi
atrasado fica ansiosa.
H vrias razes para que o ser humano fique ansioso. A ansiedade mexe conosco,desestabilizando-nos, ponto de mudar o nosso foco de ateno.
(...) No preciso grandes ameaas para fazer a pessoa ansiosa: bastam as
presses do dia-a-dia e a imaginao excessiva sobre um problema real, mesmo os menores e
repetitivos. Os que se envolvem com a deciso administrativa lidam com mais incerteza e
risco, no s por causa do desconhecimento humano sobre o futuro, mas tambm pela
interdependncia e desequilbrio constante entre os diversos fatores polticos, econmicos, de
produo e de mercado. Por lidarem mais diretamente com as decises estratgicas, relativas
s transaes da instituio com a comunidade, dirigentes e gestores pressentem mais o risco
pelo maior impacto dessas decises na vida das pessoas. Para se sentirem mais seguros nas
suas opes, refletem, analisam e despendem tempo tentando uma forma de enfrentar
problemas, controlar eventos e suas prprias emoes. Na verdade, aguam dvidas e
inseguranas, reativando ansiedades e medos. (Motta, 2002)
Ansiedade e medo so formas mais intensas de se demonstrar uma preocupao. O
medo est na interface do mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente, comea pela
conscincia de fatores de risco que variam fora do controle da pessoa. O risco umaprobabilidade de dano relacionado ao acaso: significa uma ameaa s instituies, s
empresas, s pessoas e aos seus valores. Cabe ao indivduo reagir a esses fatores para
preservar a sua prpria segurana e a das pessoas e instituies pelas quais responsvel.
Portanto, conscincia do risco est associada a percepo interna da pessoa sobre a sua
vulnerabilidade a esses fatores e sua capacidade de reao exitosa. Assim, pode-se dizer que o
medo administrativo compe-se de trs elementos bsicos:
Percepo de risco: a conscincia de que algo negativo ou danoso pode acontecer
Vulnerabilidade: o sentimento de que a prpria pessoa e sua organizao podem ser
atingidas por esses fatores
Capacidade de resposta: se os recursos disponveis e as habilidades gerenciais sero
suficientes para tratar com xito a incidncia desses fatores sobre a organizao.
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Conforme MOTTA (2002), apud al, os sintomas mais comuns de ansiedade e
medo se refletem nas tendncias especificadas a seguir. Alm dos sintomas fsicos, a
ansiedade produz tendncia a:
a) Sensibilidade excessiva.A pessoa adquire maior dificuldade em modular emoes e se importuna facilmente com
eventos especficos, sobretudo os que lembram dificuldades anteriores.
b) Maximizao de problemas e concentrao nos fatores negativos.
A ansiedade perturba o funcionamento normal da mente, gerando comportamentos
inusitados e a tendncia a exagerar a importncia de certas situaes. A convivncia com
situaes ameaadoras enfatiza a conscincia sobre fatores negativos: a pessoa tende a
perceber qualquer pequena dificuldade como um grande problema.
c) Disperso mental e transferncia da deciso.Diante da presso para a deciso, algumas pessoas vm reduzidas suas habilidades de
compreender e julgar eventos. Adquirem uma inibio de pensar, de raciocinar sobre
situaes problemticas e, mesmo, de manter atenes afetivas com os colegas.
Intensificam o desejo de escapar da situao, concentrando-se em outras tarefas ou
transferindo e adiando decises. (...)
A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar ou safar-se do perigo.
Na realidade, melhor alarmes falsos do que no perceber uma situao ameaadora. O
anncio do risco traz a ajuda de terceiros. Gerentes se beneficiam da colaborao adicional.
Por essa razo, muitos provocam o medo para tentar reaes mais efetivas e tomar decises
mais radicais, antes difceis se todos no forem conscientizados da ameaa iminente.
Exageros ajudam a mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepo mais generalizada do
risco e, portanto, a mais medo e ansiedade. No entanto, quando se induz ao medo, tambm se
desloca a ateno das pessoas de recursos importantes para aes baseadas em iluses pr-
fabricadas. Possivelmente, esses recursos se destinariam melhor a outros projetos da prpria
organizao. Em princpio, a ansiedade moderada no reduz a eficcia organizacional, mas a
sua maior intensidade e constncia que prejudicam a qualidade das decises e aes. (Motta,
2002)
5.2.Os comportamentos de segurana
OLIVEIRA (2007) trata da questo dos comportamentos com o seguinte olhar:
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Em relao aos acidentes de trabalho as estatsticas revelam a perda de 1.250
milhes de dias de trabalho devido a problemas de sade em geral em que, 210 milhes so
devidos a acidentes de trabalho (i.e. mdia de 1.3 dias por trabalhador da Unio Europia) e
340 milhes devido a problemas de sade relacionados com o trabalho (i.e. mdia de 2.1 dias
por trabalhador da Unio Europia) (Comisso Europia, 2004, p.27). A sinistralidade na
Europa de tal forma elevada (7.6 milhes de acidentes em 2001, dos quais 4.7 milhes
originaram ausncias ao trabalho superiores a trs dias) que a cada cinco segundos ocorre um
acidente de trabalho e a cada duas horas morre um trabalhador vtima de acidente de trabalho,
num total de 4.900 acidentes fatais em 2001, segundo a Comisso Europia (2004, p.31). No
entanto se considerarmos os acidentes in itinere devemos acrescer ainda 3.400 acidentes fatais
e 650.000 no fatais (Comisso Europia, 2004, p.48). O tratamento diferenciado dos dados
reside nas diversas definies de acidente de trabalho entre os Pases da ComunidadeEuropia, que nem sempre consideram o acidente in itinere como acidente de trabalho.
(Jacinto e Aspinwall, 2004; Niza, Silva e Lima, 2006).
Quadro de anlise de desvios comportamentais 2007 (AFANP)
O quadro comparativo acima, retirado das anlises das auditorias comportamentais
realizadas em atividades voltadas instalao e montagem de instalaes industriais na rea
de leo e gs, durante trs meses durante o ano de 2007, para um efetivo total das obras da
ordem de 7.000 pessoas,apresentou como responsvel pelo maior nmero de desviosobservados o descumprimento das normas de procedimentos de SMS, seguido por aqueles
provocados pela posio incorreta das pessoas, expondo-se aos riscos, seguido de perto pelos
desvios provocados pela falta de uso ou pelo uso incorreto dos EPIs. interessante observar-
se que em qualquer um dos casos apresentados, seja a falta do atendimento ou o atendimento
9 7
3 7 1 3 3 41 7 7
5 9 6
3 3 2
1 9 0 7
8 4
4 3 2 3 5 2
1 1 7
4 5 32 6 1
1 6 9 9
8 8
4 0 8 3 7 31 8 6
5 0 52 8 7
1 8 4 7
0
5 0 0
1 0 0 0
1 5 0 0
2 0 0 0
2 5 0 0
A - R e a o d a s
P e s s o a s
B - P o s i o d a s
P e s s o a s
C - E P I s D - F e r r a me n t a s e
E q u i p a m e n t o s
E - P r o ce di me n to s F - Or d em, L imp ez a e
A r r u m a o
A c u m u l a d o d o s l t i m o s
3 M e s e s d e 2 0 0 7
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parcial dos procedimentos, seguido pela posio incorreta das pessoas e o provocado por falta
de uso dos EPIs demonstra que o grupo analisado, cerca de 7.000 pessoas durante trs meses
do ano, havia sido capacitado de acordo com as tcnicas habituais, possua a experincia
necessria e eram acompanhados por uma fiscalizao de SMS. So questes como essas que
remetem aos seguintes questionamentos: Se os trabalhadores atendiam s exigncias mnimas
de capacitao, porque cometiam, em grande nmero, desvios aparentemente impensveis de
cometerem, face s suas capacitaes e habilidades? Ser que as abordagens e orientaes da
fiscalizao de SMS no eram as adequadas e suficientes? Como as respostas a esses
questionamentos no so fceis de serem respondidas, de imediato, resta a abordagem que
termina por apontar culpas, e no por se repensar os processos de gesto.
A literatura de segurana em geral indica que os comportamentos de segurana
influenciam a ocorrncia de acidentes de trabalho, mas tambm so influenciados pelaspercepes dos trabalhadores sobre a envolvente da segurana. Se o objetivo diminuir as
taxas de sinistralidade e de ocorrncia de acidentes de trabalho deve-se investir no
desenvolvimento de comportamentos de segurana, varivel critrio deste estudo. A literatura
refere diversos preditores dos comportamentos de segurana: como o clima de segurana
(Neal, Griffin & Hart, 2000; Neal & Griffin, 2002), a experincia de acidentes de trabalho
(e.g. Rundmo, 1996; Probst, 2004), a percepo de risco (e.g. Rundmo, 1996; 2000) ou a
motivao para a segurana e o conhecimento de segurana (e.g. Neal, Griffin & Hart, 2000;
Probst & Brubaker, 2001; Wong et al, 2005).
De acordo com NEAL & GRIFFIN (2000) os comportamentos de segurana
podem ser de dois tipos diferentes: o trabalhador pode desenvolver comportamentos de
segurana porque compelido a cumprir regras de segurana, como usar os EPIs, e neste caso
referimo-nos a complacncia em segurana, ou podem ser desenvolvidos porque o trabalhador
se sente motivado em participar voluntariamente em determinadas atividades relativas
segurana, como a participao voluntria em simulados de segurana. Qualquer organizao
pode diminuir a sua taxa de sinistralidade atravs do simples cumprimento das regras bsicas
de segurana (aplicao de protees individuais e coletivas); implementao de
metodologias de trabalho mais seguras (utilizao de materiais menos perigosos e com menos
riscos para a sade dos trabalhadores). Contudo, essas aes no so da mesma natureza. A
primeira pressupe uma obrigatoriedade legal, enquanto que a segunda pressupe uma
atividade voluntria. (Oliveira, 2007)
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O comportamento de segurana de um trabalhador depende sempre dos
conhecimentos que este tem sobre as regras de segurana a cumprir no desempenho das suas
tarefas, as aptides necessrias ao correto desempenho e em segurana e, a sua motivao
para desempenhar essas mesmas tarefas em segurana. Um trabalhador que no tenha aptido
para desempenhar uma determinada tarefa da forma mais correta, ainda que tenha o
conhecimento adequado e esteja motivado ter dificuldades acrescidas no desenvolvimento do
comportamento de segurana que lhe solicitado ou exigido. Os comportamentos de
segurana para alm dos fatores individuais (atitudes, diferenas individuais), tambm
dependem de fatores organizacionais como o ambiente de trabalho (e.g. clima de segurana)
ou a envolvente organizacional (Neal & Griffin, 2004).
5.3.Risco, Ansiedade e Medo
A ansiedade pode ser um fator motivador para uma ao ou no, dependendo da
forma que ela seja encarada pelo prprio ser humano, da maneira como ele lida com essa
questo e do quo est preparado para enfrent-la. J o medo, provoca srias alteraes em
nosso comportamento, quase sempre nos deixando esquivos de qualquer coisa com a qual
possamos nos confrontar. Quando a ansiedade provoca o medo os problemas potencializam-
se. Dirigentes temem a avaliao negativa de seu desempenho, no pela sua falta de
competncia e de dedicao s suas tarefas mas por desconsiderao de fatores ambientais
negativos e incontrolveis. Acham que devem competir sempre para revelar seu valor e
alcanar desempenho acima da mdia. Revelam alta percepo de risco sobre a manuteno
ou perda de sua funo ou emprego. Consideram-se inseguros no cargo dada a
imprevisibilidade de fatores com os quais tem que lidar. (Motta, 2002)
Como os demais funcionrios, receiam contatos com chefes que tm sanes sobre
seus recursos de poder e sobre o prprio emprego; temem a demisso mas ressaltam o medo
de serem malvistos publicamente, pela famlia e por amigos fora do trabalho, como
incompetentes ou de ser humilhados e injustiados por seus superiores. Como seus esforos
dependem de uma coletividade de funcionrios, eles nem sempre se consideram culpados
pelos fracassos de sua equipe, embora sejam responsabilizados por isso. (Motta, 2002)
No sentido negativo, o risco deixa implcito o perigo de conseqncias adversas e
sugere o esforo gerencial para conscientizar-se de sua existncia, evit-lo ou minimiz-lo.
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Estar em risco estar vulnervel ao acaso ou a fatores que provocam danos,
independentemente de aes individuais. Evitar o risco tentar precaver-se contra o perigo do
inesperado, do no-familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a
busca de segurana. Minimizar ou reduzir risco so expresses que procuram dar segurana
deciso. Vista como algo positivo, a percepo de risco:
(1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades;
(2) conscientiza as pessoas sobre ameaas e danos potenciais e reais empresa; e
(3) valoriza o esprito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direo ao xito.
O risco chega a fascinar algumas pessoas. No por acaso que dirigentes se
vangloriam de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistncia de
dados ou sua inexatido para realar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de
conselhos por cautela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente so para parecerem
mais corajosos, hbeis e autnomos perante o risco. (Motta, 2002)
HALLOWELL (1994) desenvolveu a equao da preocupao moderada que pode
ser adaptada como uma curva da ansiedade. O desempenho melhora quando a ansiedade
aumenta at certo ponto, depois do qual a ansiedade continua a aumentar mas o desempenho
comea a baixar. Em outras palavras, o medo e a ansiedade podem ser vistos como fatores
motivadores apenas no curto prazo e de forma moderada; a longo prazo, so obstculos.
Muitas pessoas vivem melhor o ambiente de competio porque so motivadas no pelomedo, mas pela energia da conquista de um objetivo. Isso talvez possa explicar porque em
ambientes de trabalho de aparncia altamente competitiva podem ser obtidos bons
desempenhos. o exemplo de atmosferas de alta intensidade, como bolsas de valores e salas
de emergncia de hospitais: elas motivam as pessoas no pelo medo, mas pela intensidade do
estmulo. Essas pessoas so pouco motivveis pelos estmulos mdios comuns maioria, mas
sentem-se estimuladas em ambientes de alta intensidade. H uma diferena entre medo e
intensidade, apesar de psicologicamente serem muito semelhantes. Pessoas com medo, no
entanto, no gostam do ambiente e desejam se livrar do problema que lhes causa a ansiedade.Ao contrrio, pessoas com intensidade gostam do ambiente e desejam a sua permanncia;
poderiam at viver permanentemente nesse estado. (Motta, 2002)
5.4.O ambiente do trabalho e os riscos
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MEDEIROS & RODRIGUES apud al (2000) quando abordam a questo dos
ambientes do trabalho com foco na construo civil, tratam-na da seguinte maneira: A
Indstria da Construo Civil uma atividade econmica que envolve tradicionais estruturas
sociais, culturais e polticas. nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado ndice
de acidentes de trabalho, e segundo ARAJO (1998), est em segundo lugar na freqncia de
acidentes registrados em todo o pas. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inmeras
perdas de recursos humanos e financeiros no setor.
Os acidentes de trabalho tm sido freqentemente associados a patres negligentes
que oferecem condies de trabalho inseguras e a empregados displicentes que cometem atos
inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos acidentes de trabalho, normalmente, no
correspondem a essa associao, mas sim s condies ambientais a que esto expostos os
trabalhadores e ao seu aspecto psicolgico, envolvendo fatores humanos, econmicos esociais. MELO apud MESQUITA (1998) define riscos do trabalho, tambm chamados riscos
profissionais, como sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de
precrias condies, que afetam a sade, a segurana e o bem-estar do trabalhador, podendo
ser relativos ao processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos
ambientais).
O clima de segurana constitudo na sua essncia por percepes partilhadas
sobre a segurana na organizao. A definio de clima de segurana seguida neste estudo a
de SILVA (2003) segundo a qual o clima de segurana a manifestao temporal da
cultura que se reflete nas percepes partilhadas pelos membros de uma organizao num
determinado momento e corresponde ao nvel intermdio da cultura de segurana SILVA
(2003) apresenta uma reviso dos instrumentos utilizados ao longo do tempo, para avaliar o
clima de segurana, indicando diversos instrumentos de medio do clima de segurana
desenvolvidos por vrios autores (e.g. Zohar, 1980) mas segundo a autora o clima de
segurana tem sido sempre medido atravs da aplicao de escalas ou questionrios.
De acordo THEOBALD & LIMA (2006), apud HSE (2002), considerar os fatoreshumanos significa avaliar trs aspectos principais: o trabalho, os indivduos e a
organizao, e como estes aspectos impactam a sade e a segurana das pessoas. Tudo isso
dentro de um ambiente regulatrio que a segurana e sade ocupacional deve atender.
Contudo, para o HSE (2002), possvel realizar uma anlise separada de cada uma destas
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reas com o objetivo de desenvolver uma sistemtica que permita a adoo de adequadas
medidas de controle.
5.5.Sinais indiretos do medo
Consoante DEJOURS (1992), de uma forma geral, existem em alguns tipos de
sinais indiretos do medo que so passveis de gerar uma ideologia ocupacional defensiva. Na
Construo Civil os perigos tm um peso real, e muitos operrios so testemunhas de
numerosos acidentes mortais ou com invalidez. Entretanto, existe um contra-senso nesse
ambiente, uma vez que passvel de se encontrar muitos trabalhadores com resistncia s
normas de segurana. como se eles no estivessem bem conscientes dos riscos a que se
submetem.
Conforme SOUSA (1997, 118), (...) "os trabalhadores, acostumados a conviver
com a precariedade das condies de trabalho, desenvolvem o senso comum de que estas
condies so normais, prprias do trabalho em obra, que 'o cabra que precisa tem que
enfrentar sem medo' e transmitem esse conceito aos companheiros nas vrias obras em que
atuam.
SALDANHA (1997), por exemplo, afirma em seu trabalho que existem situaes
onde foram encontradas a "negao do risco" (definio de Dejours para estratgias
defensivas). Estas situaes aparecem de diversas maneiras, como por exemplo, na rejeio aouso de EPI's. Alm da "negao do risco", a autora ainda cita o depoimento de operrio, que
confirma conscientemente o uso incorreto do EPI durante execuo de atividades de risco em
seu trabalho.
DEJOURS (1992) aponta que essa fachada pode desmanchar-se e deixar mostrar
uma ansiedade imprevista e dramtica, pois em momentos posteriores ao perigo, os
trabalhadores contam os acidentes a que assistiram ou dos quais foram vtimas, evocando at
as famlias das vtimas. A ideologia defensiva funcional a nvel do grupo, de sua coeso, de
sua coragem, e funcional tambm a nvel do trabalho; a garantia da produtividade.
5.6.O saber operrio
MEDEIROS & RODRIGUES (2000), dizem: (...) em muitas atividades
industriais, o que no exclui a Construo Civil, reina a ignorncia sobre alguns processos e
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seus incidentes. Os trabalhadores ignoram o funcionamento exato do processo industrial, pois
tm apenas dicas de um saber descontnuo. No existe um conhecimento coerente, nem
sobre o prprio processo, nem sobre o funcionamento das instalaes pois no existe
formao destinada aos trabalhadores. O saber circula a nvel dos engenheiros e dos
escritrios de projetos. Ento, a partir das insatisfatrias instrues dadas pela direo, os
operrios no vem outra sada a no ser a de interferir nas etapas intermedirias do processo
de produo do seu modo.
A conscincia aguda do risco de acidente obrigaria o trabalhador a tomar tantas
precaues individuais que dificultaria completamente o trabalho na Construo a ponto de se
tornar ineficaz do ponto de vista da produtividade. Trata-se de um sistema defensivo
destinado a controlar o medo, e pode ser chamado de pseudo-inconscincia do perigo. Alm
disso, necessita apoiar-se no carter coletivo, sendo assegurado pela participao de todos.Ningum pode ter medo nem demonstr-lo. Gera-se ento um sistema implcito onde nunca se
deve falar de perigo, risco, acidente, nem do medo. (Medeiros & Rodrigues, 2000)
5.7.A psicologia e a preveno de acidentes
A associao da psicologia preveno de acidentes no um assunto novo.
Inmeros so os artigos que fazem essa associao, pois muitas vezes o acidente fruto de um
ato volitivo, no sob o aspecto do indivduo intencionalmente descumprir as normas de
segurana, mas sim porque sabe como executar a tarefa e procura faz-la da forma que
conhece e que sempre a fez.
Grfico de anlise de resultados de auditorias comportamentais em 2008 (AFANP)
405
570
2299
165
1104
644
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
Reaodas
Pessoas
Posiodas
Pessoas
EPI's
Ferram.e
Equip.
Procedimentos
Ordem,
Limpezae
Organizao
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No grfico acima, constando 5.187 desvios relatados ao longo de 6 meses, em uma
obra industrial com o envolvimento de 15 empresas contratadas, apurados atravs de um
programa de auditoria comportamental, com avaliaes visuais e abordagens pessoais,
identificou-se que a grande maioria dos desvios era devido a falta do uso ou do uso de modo
irregular dos Equipamentos de Proteo Individual EPIs, seguido do desvio por
descumprimento dos procedimentos de Segurana, Meio Ambiente e Sade. A grande questo
levantada era a de que essas avaliaes ocorriam mensalmente e j havia transcorrido um
perodo mdio de obras de pelo menos 8 meses. Assim, havia empresas atuando a mais de 3
anos no site, empresas com menos de 2 anos e empresas recm contratadas, com 3 meses de
contrato. De comum teve-se o fato de que todos os empregados das empresas passaram por
programas de integrao, briefings de segurana, e de empresas com procedimentos de
segurana prprios. Assim, cabe a questo: por que foram identificados tantos desvios sobrecondies que, pelo menos aparentemente, j estavam consolidadas na mente dos
trabalhadores? Os trabalhadores, pelas experincias demonstradas no sabiam utilizar
corretamente seus EPIs? Os trabalhadores, em seus programas de treinamento no foram
apresentados aos procedimentos de segurana das empresas?
Sabe-se que situaes de stress (tenso) geralmente precedem os acidentes e
escapam ao controle dos donos ou dirigentes das empresas para as quais o empregado
trabalha. o caso de discusses em casa com o marido ou a mulher, situaes de separao,
doena dos filhos, etc.. H alguns tipos de stress que podem ser evitados. Estudos mostram,
por exemplo, que a sobrecarga de servio e o nmero excessivo de horas de trabalho de um
indivduo o tornam propenso ao acidente do trabalho por lev-lo ao stress fisiolgico ou
psquico. (Friedman, Rosenman, & Carrol, 1975) (Hinkle & Plummer, 1952).
O ato inseguro, porm, algo mais complexo e que merece nossa ateno.
Podemos apontar trs razes fundamentais para os comportamentos inadequados no trabalho:
1 - O homem NO PODE comportar-se de maneira diferente;
2 - O homem NO SABE comportar-se de outro modo;3 - O homem NO QUER comportar-se de outra maneira.
5.8.A origem interior do medo e a percepo dos riscos
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(...) O medo a preocupao com o risco e a incerteza sobre a possibilidade de
xito em determinadas situaes (Bayerish, 1993; Peretti-Watel, 2000).
Medo e ansiedade so conceitos correlatos e na vida prtica, freqentemente
usados como sinnimos. O medo um julgamento de que h um perigo real ou potencial emdeterminada circunstncia: surge com a percepo de risco, ou seja, a possvel ocorrncia de
algo danoso. Por ser normalmente percebido como um perigo, involuntrio e, em parte,
incontrolvel, o risco naturalmente provoca o medo. (...) A insero da pessoa em
determinado contexto causa sentimentos que inexistiriam ou no se manifestariam se no
fosse o meio. Conforme o patrimnio gentico e social, algumas pessoas se sentem mais ou
menos ansiosas diante de decises e informaes gerenciais. (...) nas teorias contextuais, a
ansiedade e o medo so produtos de uma relao social com a informao oriunda do meio
externo e processada atravs de percepes individuais tpicas. (Motta, 2002)
O risco chega a fascinar algumas pessoas. No por acaso que dirigentes se
vangloriam de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistncia de
dados ou sua inexatido para realar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de
conselhos por cautela. (Motta, 2002)
5.9.Fatores humanos e influncias comportamentais
De acordo com a OIT s as causas naturais matam mais no mundo do que osacidentes de trabalho. (...) Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho
encontra-se o fator humano, compreendendo caractersticas psicossociais do trabalhador,
atitudes negativas para com as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de
ateno, entre outras (DI LASCIO, 2001).
Cada uma das emoes, medo, raiva, ansiedade, alegria, amor, felicidade, imprime
uma disposio e uma direo para a ao. O ser humano tem uma tendncia, baseada na
aprendizagem com as experincias passadas, de repetir determinados padres de reaes que
deram certo no passado e que se incorporaram, assim, ao nosso repertorio ou bagagem
emocional (GOLEMAN, 1995).
O aspecto comportamental supe componente sentimental de raiva ou medo,
acompanhando a emoo que tem a funo primitiva de preservar a existncia. Pode-se
argumentar que essas modificaes que implicam a emoo, so fontes de transtornos do
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organismo, quando as mesmas apresentam caractersticas de forma aguda e intensamente
sbita e fazendo-se persistente. Desse modo o desenvolvimento de habilidades e
competncias cognitivas que influenciam na capacitao em lidar com as demandas e
presses de seu ambiente se faz necessrio. (Morais et al. apud al. 2005)
HEINRICH (1959, citado por Cooper, 1998) observa que as presses para o
aumento da produo podem reforar o comportamento inseguro dos funcionrios, j que
pode ser a nica forma de se assegurar que um trabalho seja feito. Verificou tambm que dos
330 atos inseguros observados, 229 conduziriam a um prejuzo grave e um incidente
importante. Assim, a inexistncia de acidentes poderia induzir as chefias que as preocupaes
da rea de SMS talvez no fossem to importantes assim.
FOLKARD (1999) verifica que os sucessivos de turnos noturnos aumentam a
probabilidade de riscos de acidentes industriais e devem ser reduzidos ao mnimo, por no
mais de quatro noites. O tempo de recuperao entre turnos deve ser pelo menos 48 horas,
enquanto que a jornada de trabalho deve ser limitada a 12 horas, visto que o desempenho
humano tende a deteriorar-se alm desse limite (HSE, 1999).
COOPER (1998) sugere que a baixa qualidade dos processos de organizao e
limpeza pode ser uma conseqncia das presses extremas de produo associadas a limitadas
condies de armazenamento e operao. Esses fatores podem fazer com que os empregados
passem a acreditar que as atividades de organizao e limpeza no sejam to importantesassim, principalmente porque trabalham em reas com normas de organizao e limpeza
precrias ou insuficientes e no enxergam as conseqncias dos sinistros ocorridos.
Conforme MEARNS et al. (1998) nas organizaes costumam existir diferentes
culturas de SMS, desde as mais ortodoxas at as mais flexveis, desde as baseadas
exclusivamente nas normas at as baseadas nas experincias dos profissionais de SMS.
Existem muitas vezes grupos diferentes que tm seu prprio estilo de gesto e diferentes
nveis de preocupao para com as questes de segurana, As diferentes culturas, ou
subculturas podem variar de acordo com ocupao, idade, relutncia ou aceitao s
mudanas e outros mais.
Segundo PIDGEON (1998) a existncia de muitas culturas de SMS em uma s
organizao sugere a ausncia de uma s cultura coerente de SMS. Por conseguinte,
questionvel a adoo da mudana de cultura nas organizaes deve levar em conta as essas
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subculturas em vigor, como elas interagem entre elas e como elas podem interagir com a nova
cultura a ser implantada.
Em entrevistas realizadas com trabalhadores da rea offshore Collinson (1999)
concluiu que os trabalhadores criticaram as tentativas das empresas de vincular a seguranacom as avaliaes de desempenho, o que, em ltima anlise, afetava os pagamentos. Foram
relatadas situaes de trabalhadores penalizados pelos gerentes e supervisores por haverem
sofrido acidentes. Essa vinculao da segurana com a avaliao de desempenho transformou-
se na cultura de culpa fazendo com que os trabalhadores ficassem relutantes em relatar os
acidentes, leses ou falhas cometidas por terceiros. Essas avaliaes foram feitas em empresas
com cultura de segurana positiva e abrangente, com registros positivos, vrios prmios e
realizaes em SMS. Os gerentes confiavam que 99,9% dos acidentes e quase-acidentes
haviam sido relatados. As entrevistas todavia revelaram que isso no acontecia, com cerca de50 % dos entrevistados admitindo haverem escondido ou deixado de relatar os acidentes e
quase acidentes para salvaguardar sua avaliao.
5.10. Escalas de Percepo
Pessoas com nveis mais elevados de senso de invulnerabilidade tendem a se
envolver em maior quantidade de eventos considerados perigosos e/ou possivelmente
danosos, e ainda tendem a menosprezar eventos como desastres naturais e infortnios
relacionados sade, bem como fenmenos adversos, como crimes ou acidentes de qualquer
natureza (Perloff, 1983).
necessrio ressaltar que a experincia de vitimao altera a percepo do
indivduo a respeito de sua invulnerabilidade. neste ponto que a estrutura cognitiva da
pessoa abalada, afetando sua auto-imagem e desestruturando a crena de que o mundo um
lugar previsvel, ordenado e tendente a seguir regras rigidamente estabelecidas (Peterson &
Seligman, 1983).
De acordo com BULMAN & FRIEZE (1983), quando eventos vitimadores
acometem uma pessoa, ela passa imediatamente por um perodo de desajuste psicolgico.
exatamente nesse perodo que as vtimas passam a rever suas crenas. Esse perodo
caracterizado por um conflito entre o esquema cognitivo estabelecido e os ajustes
psicolgicos necessrios para a adequao a novos tipos de situao, de modo que a
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percepo de invulnerabilidade j no a mesma, a pessoa passa a incorporar novos fatos e
estruturar novas avaliaes.
5.11. Resilincia
O termo resilincia no contexto do trabalho nas organizaes refere-se existncia
ou construo - de recursos adaptativos, de forma a preservar a relao saudvel entre o
ser humano e seu trabalho em um ambiente em transformao, permeado por inmeras formas
de rupturas. COUTU (2002) aponta trs caractersticas da pessoa ou organizao resiliente:
1) a firme aceitao da realidade;
2) a crena profunda, em geral apoiada por valores fortemente sustentados, de que a vida significativa; e,
3) uma misteriosa habilidade para improvisar.Busca-se a flexibilidade de ao, de estrutura e de vida pessoal, como meio de
ajustamento a novas contingncias e condies econmicas, sociais, culturais, tecnolgicas e
polticas. O desempenho profissional nessas condies obriga o indivduo a administrar sua
vida profissional, ou seja, a trabalhar arduamente na reposio de si mesmo, uma vez que as
referncias ao seu redor, atravs das quais ele atribui sentido e valor para si mesmo, esto em
constante alterao. Nesse sentido, as competncias para a administrao de sua identidade,
seus papis e seus recursos tornam-se uma condio fundamental para a sua sobrevivncia
profissional (Malvezzi, 2000).
5.12. Fatores estressores
De acordo com ALEVATO (2007), quando trata da questo de agentes
estressores, (...) Pesquisas internacionais validadas pela posio da Organizao Internacional
do Trabalho no abrem espao para hesitaes: a maior causa de acidentes e doenas do
trabalho no mundo contemporneo o estresse. A ateno de empresas e instituies aos
estressores mais nocivos sade de seus profissionais , portanto, uma deciso no apenasacertada, mas urgente. No entanto, alm de uma forte carga de preconceitos, a maior parte dos
esforos para estabelecer a relao entre uma experincia laboral estressante e a emergncia
de problemas de sade, distrbios psquicos, transtornos mentais, comportamentais e outros,
frequentemente se depara com a prpria complexidade do ciclo do estresse. possvel no
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discutir, por exemplo, a relao entre um operrio ferido e a queda de um tijolo, no universo
dos riscos fsicos da construo civil, mas o mesmo no pode ser dito da relao entre o
cotidiano permeado de presses por prazos e metas e a hipertenso arterial diagnosticada em
um gerente.
No caso dos estressores no se trata de um agente externo (tijolo) oferecendo um
perigo (queda) e uma possvel conseqncia (ferimento). Fala-se agora de uma ameaa que se
diferencia dos clssicos riscos fsicos, qumicos e biolgicos por no ser um elemento isolvel
dos sujeitos, mas por permear a vida em todas as suas dimenses, afetando a sade individual,
realimentando-se de si mesma e transversalizando as atitudes, os desempenhos, as relaes
sociais, profissionais e familiares, dentre outros aspectos. Os novos cenrios exigem, portanto,
inovao no desenvolvimento de concepes, mtodos e tcnicas de investigao, preveno e
interveno a favor da qualidade de vida, da sade e da segurana no trabalho. (...)
(...) estressores so elementos capazes de mobilizar para a ao ou desencadear
reaes humanas. No entanto, cada fonte estressora tem caractersticas prprias que
recomendam iniciativas de controle especficas e diversificadas. (...) Os estressores
encontrados nos ambientes de trabalho podem, portanto, ser classificados conforme sua
natureza em existenciais, ocupacionais ou scio ambientais. (...) Os estressores scio
ambientais no escolhem suas vtimas no ambiente laboral porque se originam em condies
culturais, polticas, sociais e econmicas do micro e do macro cenrios. Violncia urbana,
desemprego estrutural, conflito de valores so alguns exemplos desse grupo. (...)
(...) De uma forma geral, os estressores mais nocivos sade e segurana no
trabalho so aqueles que agem de forma continuada, gerando um desgaste coletivo de carter
crnico e de difcil superao sem ajuda especializada. As pessoas passam a ter dificuldades
para identificar exatamente o que as incomoda, percebendo um sofrimento de carter
generalizado, vivido num processo de eroso das foras, do nimo e do envolvimento com o
trabalho. (...)
6. CONCLUSES
Neste artigo apresentamos algumas consideraes acerca do comportamento
humano e as ocorrncias de acidentes. Como dito,independentemente das inmeras situaes
que podem contribuir para que um acidente do trabalho ocorra, fizemos um recorte tcnico,
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no espacial, sobre aquelas ditas comportamentais, sejam essas indutoras de mudanas do
comportamento ou no. Mas nesse momento interessante apresentar um relato ocorrido a
pelo menos dezoito anos atrs, sob o ttulo: Acidentes de Trabalho: um mal facilmente
evitvel, publicado no Informativo Metacor, n 3/1992, de junho/outubro. A matria se
iniciava com o texto:
A cada ano mais e mais pessoas morrem ou se mutilam em acidentes do trabalho. O Governo Federal
h mais de 20 anos vem tentando reverter essa situao. Primeiro, com a edio de Lei especfica de
proteo ao trabalhador, no bojo da CLT. Tambm, com a formao de tcnicos, tais como o
engenheiro , o tcnico de segurana do trabalho, o mdico e o enfermeiro do trabalho.
(...) J,M: Dr. Navarro, vamos por partes. Por que o Sr. Afirma que o acidentado o grande
injustiado?
NAVARRO: O acidentado transforma-se no grande injustiado na medida em que, na maioria das
vezes, cerca de 95% dos casos, a ocorrncia do acidente no proposital. bom frisar que o acidentede trabalho no ocorre somente no ambiente de trabalho. A lei estende este conceito aos acidentes
ocorridos no trajeto do trabalho ou de casa. O acidente pode surgir devido a vrios fatores, tais
como: fadiga fsica ou mental, stress, condies de sade, falta de alimentao, tenso social no
ambiente do trabalho, desateno, inaptido fsica ao tipo de trabalho, ou ao equipamento de
trabalho, falta de treinamento, falta de superviso e at brincadeiras. (...)
(...) J.M: O que o moderno empresrio deve fazer para evitar ou reduzir os nveis de acidentes?
NAVARRO: No s os modernos empresrios mas todos tm o dever, ou melhor, a obrigao de
eliminar o acidente do trabalho.
J.M: Como?
NAVARRO: Selecionando melhor seus funcionrios, colocando a pessoa certa no local certo. Por
exemplo, se o ambiente muito barulhento e o trabalho rotineiro, por que no contratar um
deficiente auditivo? Tambm deve treinar seus funcionrios, praticar superviso contnua, orientar
os supervisores no sentido de manter uma harmonia no ambiente, adotar equipamentos com dupla
ou tripla proteo contra acidentes, promover campanhas educacionais e jamais passando a mo na
cabea do funcionrio relapso ou negligente.
(...) J.M: Para finalizar, quer dizer ento que o acidente de trabalho pode ser evitado?
NAVARRO: Pode ser evitado ou mesmo abolido naquilo que dependa do esforo do empresrio e do
empregado. Na verdade, no so necessrias leis, mas sim o respeito e a compreenso pelo ser
humano. Se todos trabalharem juntos, perseguindo esse ideal, com toda a certeza ele ser;aalcanado. No devemos esquecer nunca daquele ditado: o seu direito comea onde termina o do
seu colega.
Ainda relativo ao texto acima, que apesar de passados vinte anos mantm-se atual,
percebemos que os esforos realizados pelas empresas no so to vitoriosos assim por uma
simples causa: persistncia.Essa talvez, para no dizermos com certeza, est relacionada
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Cultura da Organizao. Quanto aos trabalhadores, houve ganhos no processo. Contudo, os
fatores a que nos referimos anteriormente como: medos, fatores estressores, e todos os
demais, ainda continuam muito fortes em suas mentes e so capazes de conduzi-los a erros
simples, mas com elevado potencial para causar leses.
A costura de temas relacionados ao comportamento humano e sua influncia na
preveno de acidentes bastante complexa. Muitos dos fatores mencionados terminam por
se misturar no consciente do trabalhador. Alguns dos fatores no so to evidentes assim para
aqueles que fiscalizam as atividades de SMS. Por essa razo, o entendimento dessas questes
to importante. O que a primeira vista poderia ser um acidente normal, pelo fato do
ambiente de trabalho estar desorganizado, das ferramentas de trabalho no serem as
adequadas, pode ser motivado por um fator estressor, que tirou a ateno do trabalhador
daquilo que estava fazendo. O gotejar de uma torneira pode no significar nada. Mas a noite,quando o silencio envolve a todos, o gotejar da torneira passa a ser irritante tirando o sono
de muita gente. Se isso de d com um simples gotejar, porque no pode ocorrer devido a
outros fatores?
(...) preciso criar a mentalidade da participao e passar as informaes
necessrias aos empregados. A participao fortalece as grandes decises, mobiliza foras e
gera o compromisso de todos com os resultados; ou seja: a responsabilidade. O principal
objetivo conseguir o efeito sinergia, em que o todo maior do que a soma das partes. Novas
idias devem ser estimuladas e a criatividade aproveitada para o constante aperfeioamento e
a soluo dos problemas. Dar ordens e exigir obedincia restringir ao mnimo o potencial do
ser humano. (...) (YAZIGI, 1998)
Com essas palavras de YAZIGI, inicia-se a concluso deste tema. Foram
abordados no artigo consideraes respeito de uma srie de fatores relacionados ao
comportamento humano, como: resilincia, ansiedade, medo, riscos no ambiente do
trabalho. Reconhece-se que a situao ideal aquela onde h uma harmonia no ambiente de
trabalho, integrando-se o homem e o meio ambiente de trabalho. Para essa integrao sonecessrios esforos de ambos os lados.
Muitos desses esforos so fceis de serem implementados, como por exemplo, a
organizao e limpeza em um ambiente de trabalho, o fornecimento de equipamentos e
ferramentas corretas, o planejamento prvio das aes. Outros esforos no so to fceis
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assim, principalmente quando se lida com o aspecto comportamental do ser humano, isso
porque nem sempre ele tambm o responsvel por suas atitudes. Um homem equilibrado em
um ambiente com agentes estressores deixa de o ser. Uma pessoa com enorme boa vontade
para a realizao dos trabalhos sem a competncia e capacitao necessrias certamente no
conseguir realizar a contento sua misso. Uma equipe aplicada submetida a presses
excessivas pode ser responsvel por uma srie de problemas. O que, aparentemente poderia
ser uma soluo simples passa a ser complexa pelas nuances envolvidas. Um acidente no
ocorre somente porque alguma coisa no est correta. Mas sim, fruto de uma enormidade de
situaes que quando convergem o provocam acidente. Um trabalhador pode pregar um
pequeno prego com uma marreta sem sofrer qualquer acidente, apesar da marreta no ser
adequada para essa atividade. Adicionando-se a pressa pela concluso da tarefa e uma
momentnea desateno criam-se as condies para a ocorrncia do acidente.Dois fatos chamam ateno: o primeiro que o trabalhador sente, reage e age de
acordo com estmulos internos e externos, muitas vezes no percebidos pelos demais; o
segundo que a empresa deve criar um ambiente propcio completa integrao dos
trabalhadores, disponibilizando mquinas e equipamentos adequados, planejando
corretamente as atividades, elaborando contratos com prazos exeqveis e outras aes.
O importante que a empresa compreenda que o trabalhador sente, age e reage
movido por fatores internos e externos. Ele tem o seu prprio saber. Ele estimulado por si
mesmo, pelo grupo que participa, pela famlia e pela empresa, e desestimulado tambm por
todos esses atores.
O trabalhador o artista principal, que para ter sucesso precisa de um bom palco
ambiente de trabalho, de um bom enredo normas, procedimentos, planejamentos, de um
bom diretor superviso. A associao desses fatores conduz a uma boa pea projeto.
Ainda com essa viso ldica, muitas vezes o artista no est bem. Nessas ocasies pode
esquecer a fala ou errar a posio no palco. Em outras vezes o diretor no est bem.
Voltando-se para a realidade, o que se observa, contudo, so empresas sem a
necessria cultura de SMS, trabalhadores sem orientao, medidas descoordenadas de
incentivo produo que terminam por fragilizar os processos de preveno de riscos, chefias
que no participativas no processo de gesto de riscos, ferramentas e equipamentos
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inadequados, falta de treinamento, passando aos trabalhadores a imagem de que as questes
relativas preveno talvez no sejam to importantes assim.
Se existem as adequadas ferramentas de anlise preventiva dos riscos por que
ainda ocorrem desvios, incidentes e acidentes, como citado na reviso bibliogrfica? Essetalvez seja um questionamento que habita o consciente de todos aqueles que atuam na
preveno de riscos. Uma hiptese que no se deve descartar surge quando se estudam as
anlises da E. I. du Pont de Neumurs and Company, empresa americana com mais de 200
anos de fundao e que atua fortemente em atividades industriais e na disseminao de uma
cultura de SMS. Nessas anlises a participao do ser humano nos acidentes de cerca de
96%, restando os 4% para causas ambientais, que podem ter como contributo o prprio
homem. Ora, com uma participao to expressiva assim a questo da compreenso do
comportamento humano sempre suscitada. Por mais que se invistam nas condiesambientais do trabalho, atravs de mtodos como 5S e polticas de housekeeping, esse
esforo est voltado para apenas 4% das causas, enquanto que o restante, que envolve a
participao do ser humano fica do mesmo jeito.
Um questionamento deve ser feito: pode-se mudar o indivduo? Os artigos
pesquisados no possibilitam obter essa resposta. Mas, se o bom senso pode ser empregado
como se acredita, a resposta sim. A forma talvez no passe pelo aumento da presso sobre o
trabalhador, pois se essa maneira desses resultados rpidos os pais conseguiriam a imediata
obedincia dos filhos mais rebeldes, bastando para isso exercerem uma maior presso.
Entende-se que a mudana ocorre atravs do aumento da cultura da empresa, do exemplo
dado, da mudana de paradigmas, de deixar-se de lado a busca pelo culpado, ou a teoria da
culpa como dizem outros. Essa teoria deve ser posta, no no singular, mas sim no plural, pois
se h falhas, essas se devem tanto a quem cometeu o desvio, que redundou em um acidente,
como tambm pela empresa que no soube repassar a mensagem mais adequada e no
supervisionou convenientemente.
As medidas de preveno devem iniciar-se com o direcionamento do foco dasatenes para a empresa, compreendendo-a; a seguir, para os processos, entendendo-os, e, por
fim, para os trabalhadores, aceitando-os. Quando se inverte essa tica passa a no se
compreender as razes das resistncias identificadas no processo de gesto. Deve estar claro
que muitas vezes a resistncia no quanto ao processo e sim quanto forma. O trabalhador
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dificilmente ir querer se mutilar intencionalmente ou provocar uma leso a um companheiro
de trabalho.
Essa mensurao das medidas cabveis um fator complexo que depende da
cultura da empresa, caractersticas dos contratos, se de curta ou longa durao, tipo deservios executados, nveis de conhecimento exigidos dos profissionais e outros fatores mais.
Todavia, a cumplicidade do trabalhador aqui realada sob o aspecto positivo, muito
importante para o sucesso dos programas de reconhecimento e premiao.
Percebe-se que as fiscalizaes de SMS quase sempre se voltam para as pessoas e
no para os processos. Rompido esse paradigma, o prximo passo o de se entender como as
pessoas percebem os riscos. Pode parecer redundante perceber-se o que os outros percebem,
mas essa a principal questo. Se a mensagem repassada mas no compreendida pode-se
solucionar a questo. Talvez revendo o programa de treinamento ou substituindo o instrutor.
Mas se a questo repassada, compreendida mas no seguida as aes j devem ser
diferentes.
Nas anlises de auditorias comportamentais apresentadas perceberam-se desvios
como: descumprimento dos procedimentos de SMS, falta ou uso incorreto de EPIs e at
postura inadequada do trabalhador, com risco de queda ou de ser atingido por algo. De
comum a todas essas ocorrncias tem-se a falta de percepo das pessoas frente aos riscos,
mesmo tendo passado por programas de integrao, treinamentos e reciclagens nas tcnicas eprogramas de SMS. Nesses perodos em que foram realizadas essas auditorias
comportamentais era comum ouvir-se: (...) no segui o procedimento porque o meu mtodo
mais rpido e assim eu fao a mais de 20 anos.(...); (...) tirei o EPI s por um momento e tinha
a certeza que no iria ocorrer nada. (...). Observou-se tambm que o trabalhador estava sem os
culos de segurana porque o modelo fornecido embaava seguidamente, fazendo com que o
trabalhador fosse obrigado a retir-lo sempre para limpar as lentes. Isso quer dizer que nem
sempre o que se apresenta pode ser atribudo falta de preveno do trabalhador ou sua
resistncia em atender s determinaes ou exigncias.
Tm-se situaes que podem estar associadas a uma ocorrncia de acidente do
trabalho, como: resistncia dos trabalhadores no cumprimento das ordens dadas, falta de
planejamento das aes de SMS, falta de uma viso mais crtica do processo. Para quem est
executando a atividade - o trabalhador, as questes de SMS passam a ser relevantes, na
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medida em que a alta direo est nitidamente preocupada com o assunto, e, em assim sendo,
por que ele tambm no passa a se preocupar tambm? Qualquer que seja a filosofia da
empresa para com as questes de SMS o trabalhador deve perceb-la e, se possvel, participar
dela ou sentir-se importante no processo. E a, conclui-se com o texto de YAZIGI, o mesmo
empregado no incio da anlise:
(...) preciso criar a mentalidade da participao e passar as informaes
necessrias aos empregados. A participao fortalece as grandes decises, mobiliza foras e
gera o compromisso de todos com os resultados; ou seja: a responsabilidade. O principal
objetivo conseguir o efeito sinergia, em que o todo maior do que a soma das partes. Novas
idias devem ser estimuladas e a criatividade aproveitada para o constante aperfeioamento e
a soluo dos problemas. Dar ordens e exigir obedincia restringir ao mnimo o potencial do
ser humano. (...) (YAZIGI, 1998)
Em todos os treinamentos e mensagens repassadas deve-se criar a cumplicidade,
entre o executante e o fiscal, para ficar-se apenas nos nveis opostos do processo. Atravs
dessa pode se ter a certeza de que j h um ambiente favorvel para a compreenso e a adeso
mensagem. Essa a principal mensagem: resistncias no podem ser quebradas com
resistncia. O forte vento passa pelo bambuzal, enverga-o mas no o quebra.
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