a pequenina sereia
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Marta vivia junto ao vasto mar azul. Nas noites de Verão ela sentava-se na praia, olhava para as ondas e ficava a sonhar com aventuras mágicas e maravilhosas.
Certa noite Marta reparou em algo a cintilar numa poça entre as rochas. Ouviu também uma vozinha gritar: “ Ajuda-me! Por favor ajuda-me!”
Marta mal queria acreditar: era uma sereia ! Uma linda e pequenina sereia! Será que estava a sonhar? Marta teve a certeza que não quando a sereia a chamou outra vez : “ Ajuda-me, por favor! Eu feri a minha cauda na tempestade da última noite e não consigo voltar para casa!”“ Oh, pobrezinha!” disse a Marta aproximando-se da poça de água. “ Eu vou ajudar-te.”“Obrigada, ” sussurou a sereia.“Comigo estarás a salvo,”disse a Marta, docemente. “ Eu vou cuidar de ti.”
Marta pegou na sereia e levou-a com muito cuidado, nos seus braços pelas escadas acima, em direcção a sua casa. Ao lado da sua cama havia um grande aquário de vidro. Era o lugar ideal para a sereia descansar.
A pequenina sereia sorriu-lhe quando mergulhou na água. “ Eu sou a Talita, e tu, como te chamas?”“ Marta ,” respondeu ela, sorrindo também. Marta ficou acordada por muito tempo, deitada na cama, a observar a sua nova amiga enquanto esta dormia. “ Eu bem sabia que as sereias existem, “ sussurrou Marta para os peixes. “Agora deixem-na dormir e portem-se bem, está bem?”
Logo de manhã, Marta saltou da cama e correu para o aquário. Será que tinha sido tudo um sonho? Marta ficou a olhar ansiosamente através do vidro , até que …
…viu Talita . “ Ainda aqui estás!”, gritou Marta, maravilhada. “ Claro que sim,” respondeua Talita , a rir. “ Onde é que haveria de estar?”Talita parecia estar muito melhor e Marta reparou que a sua cauda se movia suavemente.Marta nunca tinha visto algo tão bonito em toda a sua vida.
Marta e Talita conversaram durante todo o dia. Talita contou-lhe sobre um mundo onde as sereias nadavam por entre os corais, brincando com os cavalos marinhos. Marta quase sentia a água e via a luz e as cores do oceano.
À noite os seus sonhos encheram-se de sereias e magia, num sítio muito distante e especial, lá longe, no fundo do mar.
Aos poucos , a Talita foi melhorando. Ao recuperar a sua magia, a cauda dela brilhava agora cada vez mais, e transformava o aquário num reluzente e maravilhoso mundo submarino. Todos os dias, depois da escola, a Marta corria para casa, para ficar a conversar com a Talita, horas a fio. As duas tornaram-se nas melhores amigas.
“Quem me dera ser uma sereia, “ disse certa noite a Marta. “É muito bom, “ disse a Talita, pensativamente. “ Eu e as minhas amigas viajamos por todo o mundo . Usamos a nossa magia para ajudar os peixes apanhados nas redes ou feridos. Outras vezes, com a nossa cauda brilhante, guiamos e ajudamos os marinheiros a encontrar o caminho de volta a casa nas noites de tempestade.”“ Uau!” disse a Marta espantada. “Não sabia!”
“É excitante, mas também pode ser muito perigoso, “ disse a Talita. “Quando fiquei ferida naquela terrível tempestade, uma onda enorme afastou-me para longe das minhas amigas e atirou-me para as rochas…” choramingou a Talita. “ Devem estar muito aflitas à minha procura.”
Marta suspirou. As amigas da Talita devem estar muito preocupadas com ela! “ Oh, Talita, tens de voltar para junto das tuas amigas!”“ Sim tenho de voltar,” disse a Talita. “ Mas vou sentir muito a tua falta.”“ Se ao menos não tivéssemos que dizer adeus!” fungou a Marta “ Quem me dera ir contigo, ou apenas visitar o teu mundo mágico.”
Talita de repente teve uma ideia e sorriu. “ Eu posso mostrar-te, se quiseres. Fecha os olhos…”A Talita começou então a cantar uma suave e cadenciada canção. Marta fechando os olhos e respirando profundamente, sentiu a magia a rodeá-la e o som embalador do oceano a ficar cada vez mais perto de si…
De repente, Marta e Talita nadavam e acompanhavam os golfinhos enquanto estes dançavam através da água. Nadaram mais e mais através do oceano quente e azul, até o sol poente transformar as areias brancas em ouro.
Nessa noite , quando Marta adormeceu, conseguiu ainda ouvir a canção da baleia e sentir os grãos de areia a fazer cócegas nos pés.
Na manhã seguinte, Marta segurou Talita na suas mãos para a levar pela última vez até à beira-mar.
“Não estejas triste, Marta,“ disse Talita suavemente, dando-lhe uma concha muito especial. “ Quando sentires a minha falta, “ disse ela, “ encosta a concha no teu ouvido e ouvirás a magia do oceano a sussurrar lá dentro.”
Com um abanar da sua cauda brilhante, a pequena sereia despediu-se e afastou-se a nadar.Foi então que a Marta viu aparecer mais duas caudas brilhantes ao lado da Talita. A Marta sabia que quando sentisse saudades dela , poderia ouvir os sons no interior da concha e olhar para os clarões de brilho no mar, porque Talita estaria sempre perto.
E …Colori, colorado está o conto acabado!
Formatado por Susana PinhalJaneiro de 2011