a pedra filosofal

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A Pedra Filosofal ofereceu provas irrefutáveis de sua existência, fato que outrora já nos esforçamos por demonstrar, com a história na mão.

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  • A Pedra Filosofal

    A Pedra Filosofal ofereceu provas irrefutveis de sua existncia, fato

    que outrora j nos esforamos por demonstrar, com a histria na

    mo(98).

    Meu Deus, sim, ctico leitor, sorris em vo ante o relato de todas

    essas legendas de velhos alquimistas usando sua vida e dilapidando

    sua fortuna na procura da Grande Obra. No se trata de brilhantes

    quimeras. No fundo de tudo isso oculta-se um reverberante raio de

    verdade e os dez mil volumes que tratam dessas matrias no

    constituem obra de malabaristas indignos ou de impudentes falsrios.

    Os livros de alquimia so escritos de tal forma, que podereis, de

    maneira mais fcil, dar-vos conta de todos os fenmenos que se

    sucedem na preparao da Pedra Filosofal, sem jamais chegardes,

    vs mesmos, a prepar-la.

    A razo disto bastante simples. Os mestres escondem o nome da

    matria-prima necessria obra e o meio de elaborar e de preparar

    esta matria-prima pelo emprego do Fogo Filosfico ou Luz Astral

    humanizada. Ora, indispensvel dizer duas palavras acerca dos

    fenmenos que assinalam a preparao da Pedra Filosofal, sob pena

    de jamais se chegar compreenso do que iremos explicar com

    referncia figura simblica de Khunrath considerada

    alquimicamente.

    Quando colocais os dois produtos, sobre cuja origem os alquimistas

    silenciam prudentemente, no ovo de vidro do athanor e fazeis agir o

    fogo secreto sobre esta mistura, diversos fenmenos muito

    interessantes surgem aos vossos olhos.

    A matria contida no athanor torna-se, de incio, absolutamente

    negra. Ela parece putrefata e completamente perdida, mas neste

    momento que o alquimista se rejubila, uma vez que reconhece, a, o

    primeiro estgio da evoluo da Grande Obra, estgio designado

    pelos nomes de Cabea de Corvo e Caos.

    Essa cor persiste durante vrios dias ou vrias horas, conforme a

    habilidade do artista, e, em seguida, quase sem transio, a matria

  • assume uma colorao branca muito cintilante. Esta cor indica que a

    combinao entre os dois produtos colocados no athanor est

    efetuada, a metade do trabalho realizada.

    A esta cor branca seguem-se cores variadas, segundo uma

    progresso ascendente relacionada com o espectro solar, ou seja,

    comeando pelo violeta para elevar-se, passando por uma

    diversidade de nuanas, ao vermelho prpuro, que indica o fim da

    Obra.

    A esses fenmenos de colorao, esto ligados outros fatos

    puramente fsicos: alternativas de volatilizao e de fixao, de

    solidificao e de semiliqefao da matria; fatos que levaram os

    alquimistas a comparar a criao da Pedra Filosofal pelo homem com

    a criao do Universo por Deus (fenomenalmente falando). A grande

    lei da Cincia Oculta, a Analogia, d a razo de ser de todas as

    dedues, mas sairamos do esquema que traamos se nos

    detivssemos mais nesse ponto.

    Guardemos simplesmente os trs grandes estados por que passa a

    matria: o negro, o branco, o vermelho, e, munidos desses dados,

    vamos explicao de nossa imagem.

    No primeiro relance, aparecem trs grandes crculos, cada um deles

    subdivididos em trs outros. O crculo inferior traz, ao centro, escrita

    em letras maisculas e em lngua grega, a palavra (Caos).

    O crculo mdio deixa sobressair sobretudo a palavra REBIS.

    Enfim, o crculo superior apresenta a palavra AZOTH.

    Caos, Rebis, Azoth so, portanto, os trs termos que nos daro o

    sentido geral de nossa figura.

    CAOS (1 Crculo)

    O crculo inferior indica a criao da Matria-prima e nos mostra a

    imagem do Universo. Ele simboliza particularmente a COR NEGRA da

    obra, ou a Cabea de Corvo.

    No nos cabe entrar em todos os detalhes da preparao, revelados

  • pelas palavras contidas no crculo; mostremos simplesmente a

    verdade de nossa explicao atravs de um excerto do Dicionrio

    mitohermtico de Pernety:

    "Desenvolvendo-se este caos pela volatizao, este abismo de gua

    deixa ver pouco a pouco a terra, medida que a unidade se sublima

    no alto do vaso. Eis porque os qumicos hermticos acreditaram que

    pudessem comparar sua obra, ou o que se passa durante as

    operaes, com o desenvolvimento do Universo quando da criao"

    (Pernety).

    REBIS (2 Crculo)

    O segundo crculo apresenta-nos a figura misteriosa do Andrgino

    hermtico (o Sol e a Lua). Nosso sbio irmo Guaita expor o sentido

    cabalstico dessa importante figura. Quanto a ns, basta que digamos

    que ela exprime alquimicamente a COR BRANCA da obra, resultante

    da unio dos dois princpios, positivo e negativo.

    O adgio Etiam Mundus Renovabitur Igne, que corresponde ao

    famoso Igne Natura Renovatur Integra INRI da Franco-Maonaria

    Oculta, indica que nesse momento que comea a aplicao do fogo

    filosfico sobre a matria. O quadrado dos elementos (Ignis, Aqua,

    Terra, Aer), compreendendo o tringulo da constituio de todo ser

    (Anima, Spiritus, Corpus), indica a teoria do 2 grau da Obra.

    O tringulo Separa, Dissolve, Depura, dominado pelo quaternrio

    Solve, Fige, Coagula, Compone, indica a prtica deste segundo grau

    da obra hermtica. Enfim, todas essas operaes redundam na

    criao de uma nica e mesma coisa, REBIS, conforme define

    Pernety:

    "O esprito mineral, crescendo como que da gua, diz o bom Trvisan,

    mistura-se com seu corpo, na primeira decoco, dissolvendo-o. Eis

    porque se d a ele o nome de REBIS, pois feito de duas coisas, a

    saber, do macho e da fmea, isto , do dissolvente e do corpo

    dissolvel, embora no fundo se trate de uma mesma coisa e de uma

    mesma matria" (Pernety).

  • AZOTH (3 Crculo)

    a fnix alqumica que simboliza o terceiro crculo. O Fogo astral com

    todos os seus mistrios claramente indicado nesta maravilhosa

    figura. As penas de pavo simbolizam as cores variadas que toma a

    matria sob a influncia deste fogo filosfico que chamusca sem

    arder, este fogo mido e sutil representado pelas asas da Fnix. De

    resto, o vocbulo Azoth, indica por si mesmo, o sentido de toda a

    imagem.

    "Azoth, segundo Planiscampi, significa meio de unio, de conservao

    ou medicina universal. Observa tambm que o termo Azoth deve ser

    visto como o princpio e o fim de todo corpo e que encerra todas as

    propriedades cabalsticas, j que contm a primeira e a ltima letra

    das trs lnguas mes, o Aleph e o Thau dos hebreus, o Alpha e o

    mega dos gregos, o A e o Z dos latinos" (Pernety).

    ELOIM

    Acima desses trs crculos, resplandece no tringulo mstico o nome

    sagrado ELE-OS-DEUSES, Eloim, smbolo da Pedra Filosofal perfeita.

    Entramos aqui, inteiramente, no domnio da cabala. Assim, julgamos

    conveniente limitar aqui esta exposio j longa demais que o leitor

    mesmo poder desenvolver a seu modo, com o auxlio de alguns

    elementos que lhe fornecemos.

    PAPUS

    Acrescentaremos pouca coisa a esta explicao hermtica, to ampla

    quanto precisa. Ns nos limitaremos a esboar, em linhas o mais

    concisas possvel, os dois sentidos cabalsticos da figura central.

    Sentido comparativo ou psicolgico

    do emblema

    O ANDRGlNO constitui a mais cativante imagem do Reino Hominal

    reconduzido ao seu princpio inteligvel. Trata-se, em linguagem

  • puramente hieroglfica, do smbolo absoluto do Ser Virtual que se

    exterioriza por meio daquilo que Fabre d'Olivet denomina "faculdade

    volitiva eficiente"; - do Ser Universal que se particulariza por sua

    submultiplicao indefinida atravs do espao e do tempo; - do Ser

    Espiritual, enfim, que se corporifica e cai na matria, por haver

    pretendido tornar-se centro e por se ter afastado da Unidade Divina,

    princpio central e fonte essencial de toda espiritualidade.

    Segundo Moiss esotericamente interpretado(99), so as seguintes

    as etapas da queda; o Universal Ado FI} desdobra Aishah UV} ;

    desde ento, ele prprio torna-se Aish VY} ; o Intelecto Potencial

    do homem que se Realiza desenvolvendo a Vontade. Porm, o mau

    emprego dessa vontade faz com que ambos, homem e mulher,

    Intelecto e Vontade, caiam no mundo elementar: Aishah

    metamorfoseia-se em HEVAH UYU, a Vida Materializada, de que Ado

    se converte em esposo.

    Voltemos explicao que demos, em outra parte, sobre Hevah ou

    Heve UYU. Para no complicar mais ainda a nota, j bastante extensa,

    a respeito de I-eve e de Adam-eve(100), deixamos de assinalar,

    naquela oportunidade, a converso em U Heth do primeiro U He de

    UYU (Hevah), que se torna UYR (Havah). Esse endurecimento da

    vogal inicial marca hieroglificamente a queda de Ado e sua

    conseqncia: a materializao, nele, da vida universal.

    Ora, o Andrgino de Khunrath representa Adam-Eve ou o Homem

    Universal destroado na matria e naufragado no devir. Isso

    expresso pelo globo elementar de Hil (gLH)(101) que o Andrgino

    sustenta em suas mos. Nesse globo acha-se inscrito o quadrado dos

    elementos, e no quadrado, por sua vez, o tringulo admico: corpo,

    alma, esprito.

    Este esquema geomtrico equivale e corresponde estritamente ao

    hierglifo que os alquimistas usam como emblema da obra hermtica

    realizada, da pedra filosofal obtida. A Grande Obra consiste, com

    efeito, em comprimir o Esprito (simbolizado pelo tringulo) sob a

    presso da matria (simbolizada pela cruz dos 4 elementos). O

    enxofre dos alquimistas, pelo contrrio, a Matria dominada pelo

  • Esprito. Tambm os adeptos, que so lgicos, exprimem-no pelo

    mesmo signo invertido.(102)

    Para voltar ao tringulo aprisionado por um quadrado inscrito em um

    crculo, seria possvel representar melhor a decadncia do homem,

    encarcerado entre as quatro paredes de sua masmorra sinistra?...

    Passando do geral para o particular, os iniciados porventura no o

    entrevero, neste ternrio vivo que comprime e retm cativo o

    quaternrio dos elementos, o emblema de um temvel arcano? No

    lhes vir mente a alma admica individual, primeiramente arrastada

    ao vertiginoso vrtice das geraes, depois se debatendo, presa das

    quatro torrentes elementares que a disputam? Pobre alma,

    aquartelada entre essas quatro potncias de perdio, luta

    desesperadamente para atingir e conquistar o ponto central,

    equilibrado; a interseco crucial, nica; o lugar salvador em que sua

    encarnao poder efetuar-se pelo menos sob a forma harmoniosa,

    ponderada e sinttica do homem!

    Se, por desventura, ela se deixar levar deriva de uma das correntes,

    qual ser sua sorte? Que se tornar? Algum elementar na natureza

    ou, caso se encarne, uma pobre inconscincia, centelha divina

    obscurecida por longo tempo e cativa sob uma das formas analticas

    desmensuradas, anrquicas da animalidade.(103)

    Reportemo-nos figura mgica, esfera substancial do Hyle,

    elaborada e renovada perpetuamente pela Luz secreta do universo:

    Etiam mundus renovabitur igne... Do princpio da encarnao,

    correspondente mencionada esfera, passemos realizao,

    efetivao desse princpio. Isso significa descer esfera inferior em

    que Khunrath delineou continentes e mares; significa fixar nossos

    olhos no globo terrestre, considerado como tipo de todos os centros

    de condensaao material, em que o universal Adam-Eve dispersa seus

    submltiplos.

    l o reino desse XLOS, a substncia primeira criada: desse Tohou

    wbohou YUPY YUZ ; desse abismo potencial (Thom JYUZ), gerador

    dessas duplas guas (Maim JWK) sobre cuja face o sopro gerador

    (Rouach Elohim JWUL} RYB) exerce seu poder Fecundante. O tesofo

  • de Lpsia revela, aqui, para aqueles que sabem compreend-lo,

    diversos arcanos relacionados gnese material dos mundos. As

    frmulas gravadas so, alis, lmpidas, e proveitoso consult-las

    atentamente...

    O universal Ado, desintegrando-se, rolou at os confins; precipitou-

    se na cloaca da substncia diferenciada, produzida por sua prpria

    queda; disseminou-se, inexaurivelmente, semeando em profuso

    almas de vida cada vez menos inteligentes, cada vez menos morais e

    conscientes, at nas formas mais humildes da existncia e do devir.

    Mas isso no tudo. Uma vez dividido ao infinito, seu destino quer

    que ele se reconstitua em sua unidade ontolgica; depois de ele ter

    descido, seu destino quer que ele ascenda, que ele evolua, enfim,

    depois de ter involudo.

    No abordaremos o problema - to perturbador em sua profundidade

    oculta - das redenes mineral, vegetal e animal: esse mistrio

    jamais ser totalmente desvendado(104). Porm, tomando o ser

    admico nos dois teros de sua viagem de retorno, enquanto ele, j

    parcialmente livre dos estreitos e despticos entraves com que a

    natureza fsica o sobrecarregou, pde evoluir at a condio de

    homem. Permitimo-nos examinar, em linhas gerais, seu retorno sua

    sntese verbal, o Ado celeste.

    Por que esforos pode o homem carnal trabalhar para a reconquista

    do den de sua divindade coletiva? Antes de tudo, pelo

    estabelecimento, desde esta esfera inferior, de um Estado Social

    hierrquico.

    Em que se funda tal Estado Social? Antes de tudo, na Famlia.

    Em que repousa a Famlia? Antes de tudo, no Amor.

    O Amor aparece-nos, sob suas diversas formas, como sendo o

    princpio essencial da redeno e o instrumento primordial da

    reintegrao.

    Com relao aos indivduos, o Amor , com efeito, o elo moral que

  • liga o homem mulher; com relao s almas, ele , ainda, o apelo

    magntico vida objetiva; ele que, infundindo nelas uma

    perturbao deliciosa, concita-as a encarnar-se e as faz rolar,

    vencidas, no turbilho fatal das geraes. Com relao ao Estado

    Social, o Amor , enfim, o irresistvel procurador das raas: obseda,

    possui e cativa os amantes. Instilando neles um furor apenas sacivel

    pela unio dos sexos, ele abre incessantemente s pobres almas a

    porta estreita da existncia fsica e terrestre.

    Mas isso no tudo: a estranha propagao dos tipos individuais ao

    longo da cadeia das filiaes, esse fenmeno cujo vago nome de

    atavismo, na mente de tantos pensadores, designa apenas um

    impenetrvel mistrio - tudo isso s encontra soluo no Amor!...

    Veremos oportunamente que, sob a forma sublimada da Caridade,

    ainda o Amor que opera, pela ascenso primeiramente individual das

    almas, depois, por sua adio nupcial por grupos bissexuados e

    complementares, cuja fuso harmoniosa, em progresso matemtica,

    resume a sntese relativa, que s encontra seu termo absoluto em

    Deus.

    O Amor a Terceira pessoa da trindade admica, pois, constituindo a

    relao comum dos dois esposos, sua relatividade sentimental, seu

    meio termo, em uma, procede do homem e da mulher, como o

    Esprito Santo procede do Pai e do Filho(105). No o Amor tambm

    o verdadeiro agente da encarnao? Aquele de quem o filho

    verdadeiramente concebido? Do mesmo modo, misticamente nos

    ensinado que, embora engendrado pelo Pai, o Cristo concebido pelo

    Esprito Santo. Todas essas analogias so do mais alto rigor.

    O Esprito Santo, alis, , por sua vez, o Amor-divino, o Amor exaltado

    no Mundo Espiritual: como a atrao apenas o Amor csmico, o

    amor refratado no Mundo Elementar.

    O que verdade para os Mundos Divino ou superlativo e Natural ou

    positivo no menos verdade para o Mundo Moral ou comparativo. O

    Amor o terceiro termo da Trindade humana, pois dele, como

    vimos, que concebido o filho, nascido do Pai e da Me; e eis por que

    a fnix, que renasce de suas cinzas, irrompe e bate as asas entre as

  • duas cabeas de mulher e de homem. Emblema da fecundidade

    eterna, a fnix simboliza, cabalisticamente, o Amor, no pantculo de

    Khunrath.

    Naturalmente, ao se considerar o grande andrgino, a cabea de

    homem figura como solar, enquanto a cabea de mulher se apresenta

    selnica. Do seio direito, marcado pelo signo sulfuroso , e do seio

    esquerdo, marcado pelo signo salino , jorram duas fontes perptuas:

    smbolo das duas energias, ativa e passiva, que reagem mutuamente,

    para animar e reafirmar a substncia prolfica do composto filosofal.

    O signo mercurial , colocado sobre o umbigo, indica o fator mediano

    de por .

    Os dois braos, em que se acham inscritos os dois preceitos

    misteriosos - Coagula, Solve - sustentam a esfera dos elementos

    ocultos. Com isso, Khunrath nos ensina que o Mago, ou o homem

    completo, designado pelo Andrgino, pode dominar inteiramente o

    mundo elementar e agir sobre a Natureza naturada com uma espcie

    de onipotncia, projetando ou atraindo para si a Luz Astral, substrato

    da quintessncia.

    Considerada como instrumento das transmutaes universais, de que

    o homem pode tornar-se mestre e regulador, a Luz Astral revela-se

    em toda a extenso de sua ao pela frmula dividida em caracteres

    de sombra sobre o feixe de fogo, trplice e sxtuplo, que se irradia e

    flameja na base da esfera central.

    Porm, tomada como a prpria substncia da Alma vivente universal

    (Nephesh-ha-Haiah UWRU VAH ), que se distingue e se especifica sob

    inmeras formas para gerar os seres dos quatro reinos(106), a Luz

    Astral torna-se o Azoth dos Sbios, e Khunrath a exprime pelo

    hierglifo da fnix, instalada como um diadema singular sobre a

    dupla fronte do andrgino. A cauda do pavo, de que esse estranho

    pssaro ainda se v bizarramente revestido, , em alquimia, como

    disse Papus, o smbolo da obra, em determinado ponto de sua

    evoluo espagrica. Uma variedade de cores cambiantes surgem

    ento aos olhos, reverberando e parecendo irisar-se de infinitos

    reflexos enganadores. No sentido comparativo, a cauda de pavo, rica

  • e multicor, simboliza as inmeras formas e nuanas, infinitamente

    variadas, de que a matria penetrada, elaborada, reanimada pelo

    esprito - reveste-se na progresso ascendente de todos os seres at

    o Ser. o reino de Ionah (UHYW), a inexaurvel fecundidade que,

    segundo a multiplicao quaternria, desenvolve a alma de vida

    distribuda indistintamente a todas as criaturas do universo(107). A

    hierografia precisa nesse ponto: O Pssaro de Hermes significa o

    bem-aventurado princpio da vida vegetativa, que, agindo na

    profundidade espiritual das coisas corporais, a prpria alma da

    Natureza, ou a quintessncia apta a fazer germinar todas as coisas.

    Enfim, o tringulo supremo, que representa a pedra filosofal perfeita,

    esse tringulo em que Papus l Elohim (JWUL}, Ele-os-Deuses) e em

    que julgamos, antes, decifrar o nome Aourim JWBY}, as Luzes (isto ,

    o princpio de todas as luzes: natural, hiperfsica e espiritual), a

    manifestao ternria do fogo divino que se irradia do alto: V} Esch.

    Esse fogo dissimula para sempre, sob um vu de impetrvel

    esplendor, a prpria essncia da incomunicvel Unidade: princpio

    final onde, para concluir a evoluo geral dos seres, ele deve, enfim,

    reintegrar-se e se ocultar.

    Sentido superlativo ou metafsico

    do emblema

    Para a obteno do significado de nosso pantculo, do ponto de vista

    metafsico, necessrio revelar todos os mistrios do Tetragrama

    incomunicvel UYUW (iod-he-vau-he), sntese divina do Universo

    vivo.

    Ora, por um lado, seria desnecessrio repetir aqui as explicaes

    bastante detalhadas e precisas, j fornecidas anteriormente; por

    outro lado, o carter inefvel do Absoluto, esse Inominvel

    manifestado pelo nome de UYUW desafia o esforo de nossas lnguas

    analticas e relativas.

    Seremos, pois, extremamente sbrio ao escrever: convm limitar esta

    nota a algumas indicaes bastante breves.

  • Que nos baste observar que Esch V} representa o Esprito puro,

    universal, principalmente, que tece uma veste de luz inteligvel ao

    mstico Ain-Soph >YJ GW}, o ser-no-ser: Ser absoluto com relao a

    si prprio, pois ele s, no sentido primordial(108), no-ser em

    relao a ns, que somos finitos e contingentes, pois o Relativo no

    pode compreender o Absoluto.

    O tringulo de Aourim JWBY} figura o Verbo, indestrutvel conjuno

    do Esprito e da Alma Universal: como Ado-princpio produz Eva-

    Faculdade, constituindo com ela uma unidade; como o Fogo V}

    produz a Luz BY}, constituindo com ela uma unidade; assim, o

    Esprito Universal produz a Alma Coletiva, constituindo com ela uma

    s e nica coisa: o Verbo.

    Este arcano parece ainda mais perfeitamente expresso pela figura

    central do grande Andrgino. Do macho W, emana a fmea U. Sua

    sntese Iah UW constitui uma assimilao homognea, coesa: smbolo

    eterno do Pai engendrando o Filho (por intermdio da Me Celeste ou

    Natureza-Naturante) e se reproduzindo na pessoa desse Filho.

    Quanto ao pssaro de Hermes, pairando acima do Andrgino, deve-se

    ver nele o Esprito Santo, Y, que procede do Pai e do Filho, de Deus e

    da Humanidade. Enfim, os globos que figuram abaixo representam o

    Reino ZYPLK (Malkuth), esfera de ao do segundo U, onde se exerce

    a exaurvel fecundidade do Tetragrama no domnio da natureza

    naturada, mundo da substncia plstica, das formas sensveis, das

    imagens.

    Assim como o quaternrio Iod-heve UYUW, o quaternrio Agla }LO}

    pode servir de chave a nosso emblema:

    O primeiro Aleph (} = 1) exprime, assim, a Unidade principiante do

    Universo; Ghimel (O = 3), o ternrio das pessoas em Deus; Lammed

    (L = 12), o desenvolvimento do ternrio espiritual multiplicado pelo

    quaternrio sensvel (3 x 4 = 12), e a difuso do Ser Universal no

    Tempo e no Espao. Enfim, o ltimo Aleph, a Unidade principiante e

    final, ponto de partida e ponto de chegada; a unidade suprema para

    onde tudo retorna aps o duplo movimento hemicclico da Descida e

  • da Ascenso(109), da Desintegrao e da Reintegrao, da Queda e

    da Redeno.

    Fazendo um paralelo do que foi dito acima com as noes

    desenvolvidas anteriormente, ser lcito ao leitor engenhoso

    desenvolver e completar para seu prprio benefcio o sentido

    superlativo ou divino do Grande Andrgino cabalstico.

    Nada negligenciamos de essencial; mas, colocando os princpios, no

    pretendemos demonstr-los e, menos ainda, elucid-los at as

    conseqncias que se podem deduzir.

    Stainlais de Guaita - No Umbral do Mistrios.