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22 A PEDAGOGIA DO “MOVIMENTO HUMANO” - O CORPO COMO OBJETO DE ESTUDO. PROJETO LEITURA E ESCRITA: A AVALIAÇÃO MOTORA Samuel de Souza NETO 1 Maria Cecília de Oliveira MICOTTI 2 Larissa Cerignoni BENITES 3 Carolina Rodrigues Alves da SILVIERA 4 Resumo Com vistas ao provimento de situações pedagógicas que habilitem os alunos das primeiras séries do ensino fundamental de uma escola estadual, para a realização da leitura e da escrita, esta pesquisa visou identificar e estabelecer relações entre os fatores de sucesso e os de insucesso na alfabetização. O desenvolvimento deste estudo contou com observações de aulas para entender como era abordada a questão da escrita e da leitura. Da mesma forma foram organizadas atividades didáticas (intervenção), tendo a sua aplicação no Laboratório de Alfabetização do Departamento de Educação da UNESP – Rio Claro, bem como na própria escola com as aulas de Educação Física e uma avaliação motora. Os participantes foram 23 alunos, da 3ª e da 4ª série, de sete classes diferentes, escolhidos pelas professoras em virtude de apresentarem problemas relacionados ao processo de alfabetização. Os resultados que serão apresentados no presente estudo dizem respeito, apenas, a avaliação motora e a Educação Física. Na obtenção destes dados foi utilizado como método a Escala Motora proposta por Rosa Neto (2002). O trabalho de intervenção, utilizado nas aulas de Educação Física, pautou-se no programa proposto pela professora da área, considerando que a proposta apresentava-se adequada ao desenvolvimento motor destes escolares. Neste contexto, estes participantes deveriam realizar suas atividades físicas com a sua sala de origem. Após avaliação destes escolares em pré-teste e pós-teste constatou-se, numa amostra de sete alunos, indicados pela professora de educação física, como os mais bem sucedidos, que quatro alunos apresentaram desenvolvimento motor significativo e que três não, nos levando a concluir que embora as aulas de educação física tivessem um programa de ensino adequado para as classes desses escolares não tinha um programa específico que desse uma atenção especial aos componentes motores afetados, comprometendo o trabalho com o todo. O estudo mostrou ser de fundamental importância trabalhar com o corpo na escola. Que a Educação Física, ao trabalhar com o movimento humano, ou com a cultura de movimento, tem uma grande contribuição a dar em trabalhos integrados com outras disciplinas, mas que também se torna necessário que este trabalho leve em consideração a necessidade de avaliação motora para a elaboração do programa de ensino, visando à efetiva promoção (integração) destes escolares. Palavras-chave: corpo; movimento humano; avaliação motora; Educação Física. I - INTRODUÇÃO A alfabetização constitui um dos mais graves problemas educacionais de nosso país. Os fracassos escolares desafiam ao longo do tempo as medidas institucionais. Para remediar as dificuldades, algumas medidas paliativas têm sido adotadas como alternâncias de 1 Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Rio Claro). 2 Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Rio Claro), coordenadora do Projeto Leitura e Escrita. 3 Discente do curso de Licenciatura em Educação Física (IB/UNESP/Rio Claro). 4 Discente do curso de Licenciatura em Educação Física (IB/UNESP/Rio Claro).

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A PEDAGOGIA DO “MOVIMENTO HUMANO” - O CORPO COMO OBJETO DE ESTUDO. PROJETO LEITURA E ESCRITA: A AVALIAÇÃO MOTORA

Samuel de Souza NETO1 Maria Cecília de Oliveira MICOTTI2

Larissa Cerignoni BENITES3 Carolina Rodrigues Alves da SILVIERA4

Resumo Com vistas ao provimento de situações pedagógicas que habilitem os alunos das primeiras séries do ensino fundamental de uma escola estadual, para a realização da leitura e da escrita, esta pesquisa visou identificar e estabelecer relações entre os fatores de sucesso e os de insucesso na alfabetização. O desenvolvimento deste estudo contou com observações de aulas para entender como era abordada a questão da escrita e da leitura. Da mesma forma foram organizadas atividades didáticas (intervenção), tendo a sua aplicação no Laboratório de Alfabetização do Departamento de Educação da UNESP – Rio Claro, bem como na própria escola com as aulas de Educação Física e uma avaliação motora. Os participantes foram 23 alunos, da 3ª e da 4ª série, de sete classes diferentes, escolhidos pelas professoras em virtude de apresentarem problemas relacionados ao processo de alfabetização. Os resultados que serão apresentados no presente estudo dizem respeito, apenas, a avaliação motora e a Educação Física. Na obtenção destes dados foi utilizado como método a Escala Motora proposta por Rosa Neto (2002). O trabalho de intervenção, utilizado nas aulas de Educação Física, pautou-se no programa proposto pela professora da área, considerando que a proposta apresentava-se adequada ao desenvolvimento motor destes escolares. Neste contexto, estes participantes deveriam realizar suas atividades físicas com a sua sala de origem. Após avaliação destes escolares em pré-teste e pós-teste constatou-se, numa amostra de sete alunos, indicados pela professora de educação física, como os mais bem sucedidos, que quatro alunos apresentaram desenvolvimento motor significativo e que três não, nos levando a concluir que embora as aulas de educação física tivessem um programa de ensino adequado para as classes desses escolares não tinha um programa específico que desse uma atenção especial aos componentes motores afetados, comprometendo o trabalho com o todo. O estudo mostrou ser de fundamental importância trabalhar com o corpo na escola. Que a Educação Física, ao trabalhar com o movimento humano, ou com a cultura de movimento, tem uma grande contribuição a dar em trabalhos integrados com outras disciplinas, mas que também se torna necessário que este trabalho leve em consideração a necessidade de avaliação motora para a elaboração do programa de ensino, visando à efetiva promoção (integração) destes escolares.

Palavras-chave: corpo; movimento humano; avaliação motora; Educação Física.

I - INTRODUÇÃO

A alfabetização constitui um dos mais graves problemas educacionais de nosso

país. Os fracassos escolares desafiam ao longo do tempo as medidas institucionais. Para

remediar as dificuldades, algumas medidas paliativas têm sido adotadas como alternâncias de

1Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Rio Claro). 2Docente do Departamento de Educação (IB/UNESP/Rio Claro), coordenadora do Projeto Leitura e Escrita. 3Discente do curso de Licenciatura em Educação Física (IB/UNESP/Rio Claro). 4Discente do curso de Licenciatura em Educação Física (IB/UNESP/Rio Claro).

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métodos e períodos de recuperação. Porém, alguns problemas persistem até mesmo pelo fato

de suas defasagens serem advindas do ato motor.

MICOTTI (2003, p. 188), de forma sintética, também coloca que a presença de

alunos “analfabetos” ou “mal alfabetizados” nas séries avançadas do Ensino Fundamental é

apontado como um dos mais graves problemas educacionais, havendo críticas sobre a validade

e a adequação do ensino ministrado nas escolas.

Algumas das possíveis explicações podem estar no desenvolvimento motor

desses escolares, abrangendo suas “fronteiras” cognitiva–motora–afetiva. De modo geral,

podemos afirmar que o ser humano está em constante desenvolvimento. Algo novo é

incorporado diariamente, seja pelo simples fato de estar mais velho, quanto o de ter adquirido

uma nova habilidade. O movimento exerce uma função essencial no processo de

desenvolvimento (PELLEGRINI et al., 2003)

Segundo Pellegrini e Barela (1998), nos primeiros anos de escolarização,

principalmente na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, a atividade é

muito importante no estabelecimento de relações entre o ser humano em desenvolvimento e o

ambiente que o rodeia. É muito importante a aquisição de habilidades e também a tomada de

consciência do corpo e de suas relações com o meio.

Para a tarefa da escrita é muito importante a questão da atenção, pois, quando a

criança busca escrever as primeiras palavras, ela copia o que o professor escreve na lousa,

devendo, desta forma, prestar atenção no tipo de traçado, onde inicia e onde se encerra a letra

e as seqüências que se seguem (PELLEGRINI et al., 2003)

Neste contexto, é de suma importância a interação do corpo de forma completa

no contexto da escola para se entender alguns fracassos relacionados à escrita e à linguagem,

particularmente os relacionados ao ato motor, nos desafiando a conhecer um pouco o que uma

“pedagogia” do movimento humano teria a nos oferecer.

Por pedagogia estaremos entendendo a área de estudos que tem por objetivo a

sistematização e racionalização dos métodos de educação da criança, cabendo lembrar que a

pedagogia moderna fundamenta-se no conhecimento adequado das leis que regem o

desenvolvimento psicofisiológico do educando e, sobretudo, dos fatores de ordem social que o

condicionam. De modo que as doutrinas pedagógicas, embora pareçam refletir o pensamento

filosófico individual dos seus autores, exprimem, de fato, a realidade social, econômica e

política da época em que surgiram. Porém, Guiraldelli Jr nos lembrará que...

“A pedagogia, literalmente falando, tem o significado de “condução da criança”. Era, na Grécia Antiga, a atividade do escravo que as conduzia aos locais de estudo, onde

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deveriam receber instrução de seus preceptores. O escravo pedagogo era o “condutor de crianças”. Cabia a ele levar o jovem até o local do conhecimento, mas não necessariamente era sua função instruir esse jovem. Essa segunda etapa ficava por conta do preceptor.

Quando da dominação romana sobre a Grécia, as coisas se modificaram. Aí, os escravos eram os próprios gregos. E, nesse caso, os escravos eram portadores de uma cultura superior à dos seus dominadores. Assim, o escravo pedagogo não só continuou a agir como “condutor de crianças”, mas também assumiu as funções de preceptor”. (GUIRALDELLI JUNIOR, 1987, P. 8)

Como se pode observar, originariamente, a pedagogia está ligada ao ato de

condução ao saber, tendo até hoje a preocupação com os meios, as formas e maneira de levar

a pessoa ao conhecimento, podendo-se dizer que a mesma se vincula aos problemas

metodológicos relativos ao como ensinar, o que ensinar, quando ensinar, para quem ensinar.

De forma que ela consubstancia-se no pólo teórico da problemática educacional, podendo-se

afirmar, grosso modo, que a pedagogia é a teoria, ao passo que a educação é a prática, tendo

na didática a mediadora destes dois pólos no processo educativo.

“A educação é, antes de tudo, uma prática educativa. É uma prática geradora de uma teoria pedagógica. A educação, ao mesmo tempo que produz pedagogia, é também direcionada e efetivada a partir das diretrizes da pedagogia. (...) A didática, a meu ver, é a mediadora entre o pólo teórico (pedagogia) e o pólo prático (educação) da atividade educativa. O como ensinar, o que ensinar, o quando ensinar e o para quem ensinar, quando ligados à pedagogia, estão impregnados dos pressupostos e diretrizes de uma determinada concepção de mundo que, por sua vez, nutre tal pedagogia. Ora, no âmbito da didática, o como ensinar, o que ensinar, o quando ensinar e o para quem ensinar se consubstanciam em motivações para que o educador, sob a luz da concepção de mundo que orienta sua pedagogia, procure os instrumentos e as técnicas necessárias para que a prática educativa ocorra com sucesso”. (GUIRALDELLI JUNIOR, 1987, p. 9-10)

No que se refere ao movimento humano, motricidade humana, se estará

entendendo-o como o objeto de estudo da educação física – um campo acadêmico-profissional

que tem no corpo a sua cultura de movimento e um espaço de intervenção social. Desse modo,

falar numa pedagogia do “movimento humano” significa tratar do ato motor, conduta motora,

que move este corpo e de como este pode ser trabalhado, considerando os

conhecimentos/saberes provenientes desta motricidade humana.

Como objetivo de estudo, este trabalho se restringirá em apresentar um corpo de

conhecimento que vem sendo construído no âmbito da pedagogia do “movimento humano”,

motricidade humana, visando contribuir com o projeto leitura escrita no que tange à idade

motora dos escolares, uma vez que este indicativo é determinante em qualquer trabalho de

intervenção pedagógica voltado para a área da alfabetização. De modo que se trata de um

estudo descritivo que estará se utilizando técnicas do trabalho experimental, sem desconsiderar

a análise qualitativa.

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II - A PEDAGOGIA DO “MOVIMENTO HUMANO” – O CORPO COMO OBJETO DE ESTUDO

Há um velho provérbio hindu que diz: o corpo é como uma cidade que tem cinco

portas, referindo-se aos órgãos do sentido: olfato, tato, audição, visão e paladar. De modo que,

por esses órgãos se desenvolve a inteligência prática (sensório-motora), a cognitiva, a afetiva, a

social (SOUZA NETO, 2000).

SOUZA NETO (2000), num trabalho de enfoque antropológico sobre “O

professor: quem ele é?”, vai colocar que o corpo é o lugar privilegiado no qual o mundo se

divide, com os múltiplos significados que recebe da realidade, constituindo-se num universo

próprio, o universo humano. Porém, ao mesmo tempo em que decompõe este universo, o

nosso corpo o reúne. Alto e baixo, na frente e atrás, direita e esquerda constituem graças ao

nosso corpo, uma totalidade orgânica. Como organismo, é um conjunto de órgãos que permite

as funções necessárias à vida. Da mesma forma é a base de percepção e organização da vida

humana nos sentidos biológico, antropológico, psicológico e social. Dessa forma, o nosso falar,

olhar, andar, sentir e pensar representam modos de vida, podendo-se dizer que o corpo é um

corpo no mundo.

Embora o corpo se constitua num universo de vida e para a vida, na escola tem

sido desconsiderada a “atividade motora” das crianças desde os primeiros dias de aula, com

restrições ao seu modo de ser e agir.

Neste contexto, até mesmo as aulas de educação física parecem se conformar

com uma atividade puramente recreativa, esportiva ou de desenvolvimento corporal nas quais o

“movimento” parece ter um fim em si mesmo.

Dessa forma, há necessidade de se (re)descobrir o corpo, pois se ele, em sua

compreensão mais ampla, é linguagem, não há como “excluí-lo” do processo de alfabetização.

Portanto, resgatar a “motricidade humana” nos parece ser o primeiro passo para a

(re)integração do “corpo” na escola, pois não se passa da atividade simbólica (representações

mentais) do mundo concreto, com o qual o sujeito se relaciona, sem a atividade corporal – o elo

de ligação.

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Para Kunz (1998), num trabalho considerado significativo, com base nas teses

elaboradas pelos holandeses Buytendijk, Gordjin e Tamboer, e o alemão Trebels, os estudos

sobre o “Movimento Humano”, no ocidente, seguem uma tradição aristotélica e/ou uma tradição

galilaica.

Para a tradição aristotélica considera-se a ação humana orientada a um objetivo

final, sendo inerente ao próprio comportamento ou animal, pois, acredita-se que o

comportamento exija um esquema de esclarecimento teleológico e/ou finalístico para com as

intenções situadas no futuro.

Na tradição galilaica entende-se que estas mesmas ações e acontecimentos

humanos são determinados por um processo de esclarecimento causalístico. Nesta visão, o

comportamento humano é entendido como uma conseqüência de determinadas causas que o

precederam no tempo.

No geral, o que se tem é um tipo de racionalidade que vai caracterizar o mundo

moderno (modernidade), passando por uma “mecanização da imagem de mundo”, no âmbito

dos movimentos, em que “as teorias teleólogicas das transformações e dos esclarecimentos

dão lugar a teorias do deslocamento de objetos e matérias” (p.7), centrando sua atenção no

“movimento” como um todo, e não no Movimento Humano em particular.

No âmbito desse processo, os “movimentos” e as tendências para a realização

de movimentos, pelo homem no mundo de hoje, como muito bem observou Kunz (1998, p.7), se

traduzem por causa da urbanização, do trânsito, dos locais de trabalho, do estudo, do consumo,

etc, no “deslocar” e/ou na condição de ser “deslocado” de um lugar (ou de mundo) para o outro.

Portanto, o homem se desloca de um lugar para outro com o carro, com o ônibus, com o trem,

ou para o mundo pela janela da televisão, mas não “se-movimenta”. Para o autor é nesse “se-

movimentar” que as chamadas ciências do movimento humano têm os seus maiores

interesses em atividades como correr, andar, jogar, dançar etc, por serem exemplos do

movimentar-se humano, cabendo a elas uma interpretação “natural”, mas também cultural.

Entretanto, no campo da Educação Física, esta questão não é tão simples, pois,

na literatura restrita à área, não há conceito mais discutível – também “pobremente”

interpretado – do que o “Movimento Humano”, em virtude da multidisciplinariedade das ciências

que lhe dão sustentação, permitindo uma pluralidade de significados.

Em face do exposto, considerando a literatura específica e a ciência do

movimento humano, o “Movimento Humano” pode ser compreendido em termos de sua

“função”, como no caso da biomecânica, da aprendizagem motora, etc. Neste contexto, levam-

se em consideração as ações que precisam ser efetivadas para que determinadas funções, no

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esporte, na dança ou em outra atividade da cultura de movimento seja executada, de acordo

com os objetivos (por exemplo, uma bola na cesta) determinados e modelos de ação pré-

estabelecidos, visando alcançar o êxito. Enfim, quando estamos diante desta “forma de

movimento” podemos falar de uma “cientificização” (interpretação natural) do movimento. O que

importa não é o se-movimentar humano que interessa nos estudos, mas a elaboração técnica

de movimentos (criados e testados com aparelhos sofisticados e em condições específicas,

como os laboratórios) e suas possibilidades de imitação pelo homem. Nesta perspectiva, a

cientificização do mundo da cultura de movimentos faz com que o homem, num processo de

“clonagem”, precise imitar tudo: pensamentos, ações, sentimentos e o seu modo próprio de

movimentar. (KUNZ, 1998, p. 8)

Da mesma maneira, o movimento também pode ser compreendido na forma de

um “compreender -o-mundo-pelo-agir” . Neste enfoque, o se-movimentar apresenta-se, em

sua estrutura fundamental, como uma ação dialógica, mudando o foco do “deslocamento”, da

observação ou da pesquisa, do Movimento do Homem para o Homem (criança) que se

movimenta. Para tanto, o autor considera quatro aspectos de análise dos movimentos:

- o sujeito/autor – o movimento é uma ação de sujeitos, tendo como enfoque que

o sujeito do movimento é a primeira referência na mediação com o mundo através de

movimentos no esporte, na dança, no jogo etc.

- a situação – o movimento é uma ação vinculada a uma determinada situação

que ocorre por intermédio de movimentos no jogo, esporte, dança, conteste, brinquedo etc.

- a modalidade – uma determinada modalidade na realização de movimentos

configura-se a partir de um determinado entendimento nas relações de tempo e espaço que

envolvam movimentos nos jogo, esporte, dança, conteste, brinquedo etc.

- o significado - o movimento é uma ação relacionada a um significado, ou seja,

os movimentos e as suas referências constituem-se quase sempre numa pré-condição

normativa.

No geral, o que se tem é uma concepção dialógica do movimento humano

que busca compreender-o-mundo-pelo-agir, pois as pessoas ao se-movimentarem realizam

descobertas e conhecimentos de si próprias, de sua corporeidade, do outro e do mundo.

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Em outro trabalho, Manuel Sergio da Cunha5 (1983, 1992), mais conhecido como

Manuel Sergio, nos apresenta como proposta para a Educação Física, a Motricidade Humana.

No início de seus estudos identificou como objeto de estudo da ‘Ciência das Atividades

Corporais’ a ‘conduta motora’6, considerando-a em seus aspectos anátomo-funcionais,

afetivos, sociais e filosóficos’. Entretanto, em estudos posteriores, numa segunda fase de

reflexão, é assinalado que a matriz teórica do objeto de estudo, a ‘conduta motora’, é a

‘Motricidade Humana’. Portanto, concebe-se uma área de conhecimento para a Educação

Física e não da Educação Física.

Questionando-se a Educação Física, será indagado em que reside a

cientificidade das Faculdades de Educação Física que lhes dê autonomia e singularidade? Qual

é o seu objeto teórico de estudo e como se processa a sua ‘prática científica’?

‘‘... a ciência biomédica, onde a Educação Física hodierna ainda radica, também apresenta erros evidentes, oriundos do cartesianismo e esquecendo a matriz de um conceito holístico e ecológico de saúde. Com efeito. A visão holística dos organismos vivos é recusada pela concepção clássica de ciência, porque implica modificações transparentes em toda a conceptualização unilateral em que ela assenta e pela qual tem obtido resultados espetaculares. Só que a natureza humana é ‘Bios’ e ‘Logos’ em constante interação e auto-organização, de acordo com as exigências de uma abordagem sistêmica.’’ (CUNHA, 1983: 8)

Ao se colocar que a natureza humana é ‘Bios’ e ‘Logos’, referindo-se à sua auto-

organização e constante interação, elementos da abordagem sistêmica, se estará também

entrando num discurso da ‘pós-modernidade’, em cuja proposta estaria assentada uma

cosmologia biológica (DOLL JR, 1998). Assim sendo, a construção dessa nova fase da

Educação Física passaria pelo paradigma ‘pós-moderno’.

Porém, em que bases de conhecimento assenta-se a ‘motricidade humana’? ‘‘...

haverá lugar para a ciência da motricidade humana, no quadro geral das ciências?’’

‘‘Se a considerarmos um ramo da biologia como já pretendia Spencer, em relação à psicologia, ela tem o seu lugar marcado entre as ciências da natureza; se a definirmos como a ciência que estuda a explicação e a compreensão das condutas motoras, ela cabe inteiramente entre as ciências do homem. Como a psicologia, a ciência da motricidade humana apresenta um objeto de observação igual ao observador. Esse fenômeno invulgar dá-lhe uma posição de relevo em qualquer metodologia científica. A construção de uma ciência arranca de dados concretos ou comunicacionais e constrói teorias onde esses dados assentam. Na ciência da motricidade humana, a ‘conduta motora’ é o que se observa, à luz de uma determinada ‘teoria’. Em primeiro lugar, portanto a conduta; vem, depois, a construção teórica (uma hipótese, entre

5 A proposta de Manuel Sergio da Cunha foi particularmente desenvolvida no Brasil, no final da década de 1980, quando esteve como professor visitante da UNICAMP. 6 A questão das ‘condutas motoras’ tem a ver com a Psicomotricidade. Esta foi um movimento que procurava trabalhar o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, envolvendo os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, e tendo como proposta a formação integral da criança. A Educação Física imbuída da Psicomotricidade tornou-se um meio para aprender as diferentes matérias, a socialização, bem como para auxiliar na readaptação, reabilitação, integração. Neste discurso há uma proposta de substituição da Educação Física pela Psicomotricidade, buscando nesse campo um conhecimento básico e fundamental para a formação do professor. (Cf. Soares, 1996: 9)

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tantas), básica para o trabalho do investigador. E chegamos então ao objeto de estudo sobre o qual assenta a referida construção teórica. No meu entender, a motricidade humana....’’7 (CUNHA, 1983:p. 10)

Nesta proposta, a matriz biológica de conhecimento teórico que tem identificado

a Educação Física desloca-se para uma matriz humanística (ciências humanas), denominada

de ‘‘ciências do homem’’ que, ‘‘entendida como ciência (e ciência do homem), percepciona a

motricidade como estrutura essencial da complexidade humana’’. De modo que ‘‘só como

ciência do homem (onde a ‘compreensão’ é superior à ‘explicação’) a motricidade humana

encontra justificativa na ‘Universitas Scientiarum’ como saber independente e singular.’’ (p. 12,

15).

No geral, a motricidade supõe uma ‘‘visão sistêmica do Homem’’ (de relação e

integração); a ‘‘existência de um ser não especializado e carenciado, aberto ao mundo, aos

outros e à transcendência’’; e, ‘‘porque aberto ao Mundo, aos outros e à transcendência, e deles

carente, um ‘ser práxico’, procurando encontrar e produzir o que, na complexidade, lhe permite

unidade e realização’’ (o homem é um processo); e, ‘‘porque ‘ser práxico’, com acesso a uma

experiência englobante, agente e fator de cultura, projeto originário de todo o sentido, memória

do mundo e ser axiotrópico (que persegue, apreende e realiza valores)’’. (p. 11-12)

Podendo-se dizer que a motricidade constitui: ‘‘uma ‘energia’... que é o estatuto

ontológico, vocação e provocação de abertura à transcendência’’ (todo o sistema é feito de

energia); o ‘‘processo adaptativo, a um meio ambiente variável, de um ser humano não

especializado’’; o ‘‘processo evolutivo de um ser, com predisposição à interioridade, à prática

dialogal e à cultura’’ e o ‘‘processo criativo de um ser em que as práxis lúdicas, agonísticas,

simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o Homem se realizar como

sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus atos’’. (p. 12)

Dessa análise mais ampla, a motricidade humana, para as Faculdades de

Educação Física, quer significar:

‘‘- Que a Educação Física não abrange todo o campo de ação dos seus profissionais, dado que, como especialistas da ciência da motricidade humana, cabe-lhes por direito próprio, o jogo, o desporto, a ginástica, a dança, o circo, a ergonomia e a reabilitação (e o treino que acompanha todas estas atividades). E ‘Educação Motora’ (que deveria substituir a expressão Educação Física) é o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana (...). - Que as Faculdades de Educação Física deverão passar a chamar-se Faculdades de Motricidade Humana, passando assim a referir-se a um campo do conhecimento e não a uma profissão.’’ ‘’- Que os ‘curricula’ escolares das Faculdades de Motricidade Humana hão de acrescentar às disciplinas básicas, de teor biológico, outras disciplinas básicas de teor cultural.’’ 8(p. 13)

7 O negrito e o grifo são nossos. 8 Esta proposta foi adotada pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP no ano de 1988.

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Para CUNHA (1992), na ‘ciência da motricidade humana’ é possível encontrar

uma matriz disciplinar. Nesta perspectiva coloca-se que, antes, a Educação Física visava ao

desenvolvimento das faculdades físicas do indivíduo, centrando os seus estudos e

investigações unicamente na(s) ciência(s) do desporte. Porém, agora, na ‘ciência da

motricidade humana’, o corpo se torna a referência de tudo. Neste ‘paradigma emergente’,

antidualista e holístico, expresso na passagem do físico ao motor, a Educação Física ‘‘é a pré-

ciência da Ciência da Motricidade Humana. A emergência do novo paradigma radica, não só

nas exigências da compreensão e da explicação de uma área de conhecimento, que o vocábulo

físico já não abrange, mas também na dissolução do paradigma cartesiano, onde cavou um

fosso intransponível entre o ser e o pensar.’’. (p 101).

Nesta proposta, o eixo epistemológico da Educação Física que antes estava

localizado nas ciências biológicas, desloca-se para as ciências humanas numa perspectiva

hermenêutica e fenomenológica. No geral, de concreto, o que se tem é o reconhecimento da

Motricidade Humana, como indicativo de uma área de estudos centrada na área de humanas.

No bojo desses dois trabalhos que foram apresentados não se pode ignorar a

contribuição de TANI9 (1996). Em sua concepção adotou o termo ‘Cinesiologia’10 por ser a

terminologia mais difundida entre as expressões que têm surgido, significando, literalmente, o

estudo do movimento. Dessa forma, a ‘‘Cinesiologia poderia ser definida como uma área do

conhecimento que tem como objeto de estudo o movimento humano, com o seu foco de

preocupações centrado no estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação)

e específicos do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança’’. (TANI, 1996: 25-26).

Neste contexto, a Cinesiologia teria as características de uma área de

conhecimento e não de uma disciplina acadêmica. A disciplina acadêmica é identificada,

normalmente, por possuir um objeto de estudo próprio, uma metodologia de estudo

especializada e, um paradigma próprio, gerando um corpo de conhecimento único, requisito

utilizado pelas disciplinas tradicionais. Já, a Cinesiologia teria como característica a

abrangência de estudos, desde os níveis mais microscópicos até os mais macroscópicos, indo

além dos limites das disciplinas tradicionais devido à sua pluralidade. Porém, reconhece-se que

de um lado isso traz problemas para a sua identidade epistemológica e metodológica, mas que,

9 O Professor Doutor Go Tani tem publicado inúmeros textos que falam sobre a questão da necessidade de um corpo de conhecimento na Educação Física. Entre eles pode-se citar o trabalho publicado em 1988, na coletânea “Educação Física e esportes na universidade’’ (Seed/MEC/UnB/1988), organizada por Solange C. E. Passos, da UnB, em 1986, dentro da temática: ‘A pesquisa e a pós-graduação em Educação Física’. Neste artigo, apoiado em uma seleção bibliográfica norte-americana, que vai dos anos 60 aos anos 80, localiza o seu texto na questão ‘se a Educação Física é uma disciplina acadêmica ou uma profissão’. Em face deste questionamento, a reflexão sobre o assunto caminha na busca de uma organização para estruturar este corpo de conhecimento. Aprofundando a sua discussão conclui que existe o objeto de estudo – o movimento humano. Mas este é marcado pela fragmentação do conhecimento. Como alternativa para a Educação Física aponta-se para um encaminhamento em torno do paradigma sistêmico em oposição ao paradigma mecanicista da ciência clássica. 10 No Brasil, uma das primeiras pessoas a adotar esta terminologia foi Inezil Pena Marinho, em 1984.

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por outro lado, apresenta a perspectiva concreta de integração de conhecimentos e

descobertas de várias disciplinas em torno de um mesmo objeto de estudo. (TANI, 1996: 26)

Dentro desse enfoque, a Cinesiologia apresentaria uma estrutura

transdisciplinar e seria constituída de três grandes subáreas de investigação: Biodinâmica do

Movimento Humano (englobaria a Bioquímica do Exercício, a Fisiologia do Exercício, a

Biomecânica e a Cineantropometria), Comportamento Motor Humano (incorporaria o Controle

Motor, a Aprendizagem motora, o Desenvolvimento Motor e a Psicologia do Esporte) e Estudos

Socioculturais do Movimento Humano (reuniria a Sociologia, a História, a Antropologia, a

Filosofia, a Ética e a Estética do Movimento Humano/Esporte). Como exemplo dessa rede,

propõe-se na área da pesquisa:

QUADRO 1 - Cinesiologia, Educação Física e Esporte

ÁREA DE CONHECIMENTO

CATEGORIAS IDENTIFICAÇÃO

CINESIOLOGIA

PESQUISA BÁSICA

Biodinâmica do Movimento Humano

Comportamento Motor Humano Estudos Socioculturais do Movimento Humano

PESQUISA APLICADA

Pedagogia do

Movimento Humano

Adaptação do

Movimento humano

Treinamento Esportivo

Administração

Esportiva

EDUCAÇÃO FÍSICA

ESPORTE

(Cf. TANI, 1996)

No quadro, a Cinesiologia estaria fornecendo conhecimento para as pesquisas

na área da Educação Física e do Esporte. Os cursos de Educação Física e Esporte, em sua

especificidade, estariam recebendo conhecimentos relativos ao seu campo de atuação -

profissão. Por exemplo, a Pedagogia do Movimento Humano estaria relacionada (recebendo

informações, conhecimentos) à Biodinâmica do Movimento Humano, ao Comportamento

Motor Humano e aos Estudos Socioculturais do Movimento Humano. Da mesma forma, a

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Biodinâmica do Movimento Humano estaria enviando conhecimento para a Pedagogia do

Movimento Humano e para a Adaptação do Movimento Humano.

Nesta organização, o enfoque apresentado vai à direção de uma abordagem

sistêmica, na qual o autor tem o seu ponto de apoio, fazendo menção à Teoria do Caos e à

própria Cibernética, nas seguintes frases: ‘desordem tem sido considerada fonte de ordem’;

‘observa-se auto-organização no mundo físico, e o mesmo mecanismo começa a ser

desvendado no mundo biológico e sociológico’; ‘parecem existir princípios de organização

universais que se aplicam a todos os sistemas dinâmicos’; ‘a ciência dirige sua atenção ao

comum, às semelhanças, à essência’ e ‘fala-se em nova síntese’. (TANI, 1996: 30)

Caminhando para esta direção, caberia aos cursos de formação selecionar e

organizar os conhecimentos pelo perfil do profissional que se quer formar. Em face dessa

compreensão, a implantação do bacharelado ou graduação em Educação Física significa ter

uma proposta de preparação profissional baseada num corpo de conhecimento. Como estrutura

administrativa, a sua configuração abrangeria:

QUADRO 2 - Proposta da Faculdade de Cinesiologia, Educação Física e Esporte

FACULDADE DE CINESIOLOGIA, EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Departamento de Cinesiologia

Departamento de Educação

Física

Departamento de Esporte

Biodinâmica do

Movimento Humano

Comporta-

mento Motor

Humano

Estudos Sociocul-turais do

Movimento Humano

Pedagogia

do Movimento Humano

Adaptação

do Movimento

Humano

Treinamento Esportivo

Administração Esportiva

(Cf. TANI, 1996)

Na proposta apresentada, não há dúvida de que esta se encaminha para aquilo

que DOLL JR. (1998) chama de ‘‘paradigma pós-moderno’’, centrado na biologia, na auto-

organização. Porém, o seu ponto de apoio está no ‘‘paradigma moderno’’ que traçou o perfil

científico das disciplinas tradicionais. Então, como consubstanciar uma cosmologia biológica

dentro de uma cosmologia mecanicista? É o desafio a ser vencido dado, à própria natureza do

conhecimento proposto.

No âmbito deste projeto, trabalharemos, nesse momento, com a análise do

movimento humano numa perspectiva do desenvolvimento motor e não em sua dimensão

hermenêutica. Porém, as ponderações não deixarão de colocar a sua ênfase também na

descrição qualitativa.

33

III - MÉTODO E TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS

Na busca dos dados escolheu-se a Escola Motora de ROSA DE NESTO (2002)

como método para se avaliar a idade motora de um grupo de escolares de uma escola

estadual, de primeira a quarta série, na cidade de Rio Claro, localizada no interior do Estado de

São Paulo, tendo na análise qualitativa dos resultados o ponto de convergência desta reflexão.

Esta avaliação foi realizada no segundo semestre de 2003, nos meses de agosto-setembro e

novembro-dezembro.

ROSA DE NETO (2002), em seus estudos sobre o desenvolvimento motor,

propôs uma avaliação motora centrada em sete aspectos motores que foram interpretados na

forma de um conjunto prescritivo de normas e orientações.

3.1 – OS COMPONENTES MOTORES AVALIADOS NA ESCOLA MOTORA

– A proposta de Rosa NETO (2002):

Motricidade fina – é a coordenação visiomanual (atividade mais freqüente e mais comum no homem), ela inclui a fase de transporte da mão, seguida de uma fase de agarre e manipulação, o que dá um conjunto de objeto/mão/olho. Este processo exige a participação de diferentes centros nervosos, motores e sensoriais, para que na ação exista a coincidência entre o ato motor e uma estimulação visual percebida. Em indivíduos não videntes transfere-se a percepção visual para outro tipo de informação.

Motricidade global – é a capacidade do individuo de, com seu ritmo, deslocamento, compreender-se melhor e buscar novas informações. A perfeição progressiva do ato motor implica num funcionamento global de seus mecanismos reguladores. O movimento global é sempre sinestésico, tátil, labiríntico, etc.

Equilíbrio – está vinculado à idéia do tônus postural, ou seja, postura corporal que sejam corretas e economizem energia, para que não ocorra a fadiga corporal, entre outros. O equilíbrio é o estado de um corpo quando forças distintas atuam sobre ele e se compensam e anulam mutuamente. Em tudo deve ter o equilíbrio, para andar, para sentar, para ficar em pé – isto feito dinamicamente ou estaticamente.

Esquema Corporal – é a imagem do corpo, o modelo postural que cada um tem, e a construção desses esquemas é feita através da organização das sensações relativas a seu próprio corpo em associação com os dos do mundo exterior. A elaboração dos esquemas corporal segue as leis da maturidade céfalo-caudal e próximo-distal.

Organização Espacial – é compreender as dimensões do corpo com o espaço que é finito e com o infinito, ou seja, a organização espacial depende ao mesmo tempo da estrutura do nosso corpo, como, da natureza do meio que nos rodeia e suas características. A evolução da noção espacial destaca a existência de duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente e outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e intelectual.

Organização Temporal – as duas vertentes desta definição: a ordem e a duração, quando a primeira define a sucessão que existe entre os acontecimentos; uma sendo continuação da outra em uma ordem física; e a segunda permite a variação do intervalo que separa o início e o fim do acontecimento. A organização temporal inclui a dimensão lógica, a dimensão cultural e os aspectos de vivência.

34

Lateralidade – é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo (mão, olho, perna e ouvido). A lateralidade acontece em virtude de um predomínio que outorga a um dos hemisférios a iniciativa da organização do ato motor. Por exemplo:

LATERALIDADE

Lateralidade Mãos Olhos Pés

D (direito) Três provas com a mão direita Duas provas com o olho direito Dois chutes com o pé direito

E (esquerdo) Três provas com a mão esquerda Duas provas com o olho esquerdo Dois chutes com o pé esquerdo

I (indefinido) Uma ou duas provas com a mão direita ou com a mão esquerda

Uma prova com o olho direito ou com o olho esquerdo

Um chute com o pé direito ou com o pé esquerdo

PONTUAÇÃO GERAL

DDD Destro completo EEE Sinistro completo

DED/EDE/DDE Lateralidade cruzada DDI/EEI/EID Lateralidade indefinida

No geral, este conjunto permite identificar a idade motora dos escolares e, mediante este

diagnóstico, propor um trabalho de intervenção, segundo as orientações de ROSA NETO

(2002).

3.2 - ORIENTAÇÕES UTILIZADAS PARA A APLICAÇÃO DOS TESTES E PARA A AFERIÇÃO DOS RESULTADOS

• Os testes deverão ser aplicados de acordo com a idade cronológica da criança. Um aluno poderá ser testado a partir de sua idade cronológica ou inferior.

• O exame motor pode ser iniciado pela seqüência de provas motoras: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, etc.

• Se a criança tem êxito em uma prova, o resultado será positivo e será registrado com o símbolo 1.

• Se a prova exige habilidade com o lado direito e esquerdo do corpo, será registrado 1, quando houver êxito com os dois membros.

• Se a prova tem resultado positivo apenas com um dos membros (direito ou esquerdo), o resultado será registrado ½.

• Se a prova tem resultado negativo, será registrado 0.

35

Por exemplo:

Teste/anos

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

1 MF 1 ½ 0 2 MG 1 1 1 3 EQ 1 0 0 4 EC 1 1 0 5 OE 1 1 0 6 L/OT 1 0 0

IDADES MOTORAS

IM1= 5 anos e 6 meses ou 66 meses

IM2= 7 anos ou 84meses

IM3= 5 anos ou 60 meses

IM4= 6 anos ou 72 meses

IM5= 6 anos ou 72 meses

IM6= 5 anos ou 60 meses

IMG=IM1+IM2+IM3+IM4+IM5+IM6 (Idade Motora Geral) 6

IC (Idade Cronológica)

IN/IP (Idade negativa/ Idade positiva)= IMG – IC

Os valores serão positivos quando a idade motora geral apresentar valores numéricos

superiores à idade cronológica, geralmente expressa em meses.

QMG=IMG . 100 (Quociente Motor Geral) IC

QUADRO 3 - A Classificação da Idade Motora

130 ou mais Muito superior 120 – 129 Superior 110 – 119 Normal alto 90 – 109 Normal médio 80 – 89 Normal baixo 70 – 79 Inferior

69 ou menos Muito inferior

36

QUADRO 4 - A Classificação de Idades Cronológicas/Motoras

ANOS MESES 2 anos 24 meses

2 anos e 6 meses 30 meses 3 anos 36 meses

3 anos e 6 meses 42 meses 4 anos 48 meses

4 anos e 6 meses 54 meses 5 anos 60 meses

5 anos e 6 meses 66 meses 6 anos 72 meses

6 anos e 6 meses 78 meses 7 anos 84 meses

7 anos e 6 meses 90 meses 8 anos 96 meses

8 anos e 6 meses 102 meses 9 anos 108 meses

9 anos e 6 meses 114 meses 10 anos 120 meses

10 anos e 6 meses 126 meses 11 anos 132 meses

3.3 – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O programa de Educação Física, desenvolvido com os escolares, num total de 23

(com as suas respectivas classes), pela professora da área, constou de:

A - CONHECIMENTO E CONTROLE DO CORPO

- ESQUEMA CORPORAL: movimentos globais, movimentos segmentares, movimentos independentes, movimentos interdependentes, percepção (tátil/visual/auditiva), expressão corporal (limitação/dramatização/interpretação/mímica).

- ORIENTAÇÃO ESPACIAL: lateralidade, direção, trajetória, localização.

- ORIENTAÇÃO TEMPORAL: velocidade, curso regular.

- CAPACIDADES FÍSICAS: força, resistência, flexibilidade, coordenação (global e seletiva), velocidade, agilidade, equilíbrio.

- HABILIDADES MOTORAS: locomoção, manipulação, não locomoção.

B - ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSÃO CORPORAL

- RODAS. - CANTIGAS. - BRINQUEDOS CANTADOS. - LADAINHAS. - MOVIMENTOS COMBINADOS EM RÍTMOS DIFERENTES.

C - JOGOS

- JOGOS DE REGRAS. - GRANDES JOGOS. - JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS

D - RECREAÇÃO

- LIVRE - DIRIGIDA

37

Esta programação foi desenvolvida durante todo o ano de 2003. A grande ênfase

do segundo semestre, período em que estivemos na escola, ficou por conta dos jogos de

estafetas ou gincanas e atividades que envolviam jogos explorando a orientação temporal e

espacial, e atividades que incorporavam a relação da criança com o seu corpo. Uma descrição

mais detalhada de como este programa foi desenvolvido não foi possível, pois não tivemos

acesso aos planos de aula da professora de Educação Física em razão de a escola ter apenas

o plano de ensino.

IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação da Idade Motora apontou os seguintes resultados:

QUADRO 5 – Idade Motora e Lateralidade das Crianças no Pré-Teste

Idade e Componentes Nome e Série

Idade MF MG EQ EC OE OT LAT

Augusto - 4ªA 9 11 9 11 9 5 7 LC Bruna - 4ªB 10 11 9 11 9 7 7 LC Fabio - 4ªC 10 11 9 11 10 5 6 DC Júlia - 4ªA 10 9 7 6 5 5 6 LC

Maycon - 4ªA 10 9 10 11 8 11 9 DC Moacir - 4ªC 11 9 10 9 7 11 8 DC

Nicholas - 4ªC 8 11 10 10 8 11 7 EC Paulo - 4ªA 9 11 11 11 8 8 9 DC Tiago - 4ªA 11 10 11 11 9 11 9 LC

Welinton - 4ªC 11 11 11 11 8 4 7 DC Rudivaldo – 4ªC 11 11 11 11 7 11 9 DC

Felipe - 4ª A 10 11 10 11 9 7 7 DC Kaique - 3ªB 9 11 9 9 7 6 6 DC Rafael –3ª B 10 9 9 10 10 5 6 LC Valéria - 4ªF 10 11 11 11 7 8 8 EC Alan - 4ªA 11 11 11 11 10 9 7 LC Ruan - 4ªE 10 11 11 11 8 8 8 DC Bruno - 4ªD 9 9 9 11 7 6 7 DC Erica - 3ªB 10 8 7 10 9 8 7 LC

Mônica - 3ªA 9 11 9 9 7 9 8 DC Nicolas - 3ªB 10 10 9 10 6 9 6 DC Micael l- 4ªE 10 10 9 10 7 8 7 LC

Bruno Rafael - 4ªD 10 9 8 11 7 7 6 DC *A segunda coluna corresponde à idade cronológica; as demais colunas correspondem às idades motoras alcançadas na realização dos testes. Siglas: MF - motricidade fina, MG - motricidade global, EQ - equilíbrio, EC - esquema corporal, OE - organização espacial, OT - organização temporal e LAT – lateralidade.

Como se pode observar pelos resultados são crianças de diferentes classes com

problemas motores que foram selecionadas para participar do projeto, apresentando a seguinte

classificação:

38

QUADRO 6 – Escala Motora de Desenvolvimento no Conjunto dos Componentes Motores Avaliados

Quociente Motor Geral

Nome e Série PM IC IP IN IMG ( a/m) QMG Resultados - EDM

Augusto - 4ªA D 9 -1,5 7,5 83 Normal baixo Bruna - 4ªB D 10 -2,7 7,3 73 Inferior Fabio - 4ªC D 10 0,6 10,6 106 Normal médio Júlia - 4ªA D 10 -3,6 6,4 64 Muito inferior

Maycon - 4ªA D 10 -0,2 9,8 98 Normal médio Moacir - 4ªC D 11 -0,7 10,3 94 Normal médio

Nicholas - 4ªC E 8 1,6 9,6 120 Superior Paulo - 4ªA D 9 0,6 9,6 107 Normal médio Tiago - 4ªA D 11 -2 9 82 Normal baixo

Welinton - 4ªC D 11 -2,4 8,6 78 Inferior Rudivaldo - 4ªC D 11 -1 10 91 Normal médio

Felipe - 4ª A D 10 -0,8 9,2 92 Normal médio Kaique - 3ªB D 9 -1,8 7,2 80 Normal baixo Rafael - 3ª B D 10 -1,8 8,2 82 Normal baixo Valéria - 4ªF E 10 -2,2 7,8 78 Inferior Alan - 4ªA E 11 -2,3 8,7 79 Inferior Ruan - 4ªE D 10 -0,4 9,6 96 Normal médio Bruno - 4ªD D 9 -0,8 8,2 91 Normal médio Erica - 3ªB D 10 -1,8 8,2 82 Normal baixo

Monica - 3ªA D 9 -0,2 8,8 98 Normal médio Nicolas - 3ªB D 10 -1,6 8,4 84 Normal baixo Micael l- 4ªE E 10 -1,4 8,6 86 Normal baixo

Bruno Rafael - 4ªD D 10 -2 8 80 Normal baixo PM - preferência manual, IC - idade cronológica, IP - idade positiva, IN - idade negativa, IMG - idade motora geral, QMG - quociente motor geral e EDM - são os resultados obtidos pelas crianças. O cálculo destas idades geralmente é feito em meses, porém a apresentação está em anos, para ficar mais fácil a associação.

Gráfico do perfil do grupo avaliado

Uma criança está no Muito inferior. Quatro crianças, no Inferior. Oito crianças, no Normal baixo. Nove crianças, no Normal médio. Uma criança, no Superior.

EDM

4% 17%

35%

40%

4% MI

INF

NB

NM

SUP

39

Deste grupo foram selecionadas sete crianças pela professora de Educação

Física para realizarem novamente os testes, tendo como referência a performance nas aulas de

Educação Física no âmbito dos componentes motores.

A escolha destas crianças se deu em virtude de ser um grupo muito heterogêneo;

de freqüentarem a universidade duas vezes por semana, Laboratório de Alfabetização, para

participar do projeto leitura e escrita, e pelo fato de a professora de Educação Física ter relatado

que houve um melhora significativa no comportamento motor das mesmas. Portanto,

gostaríamos de comprovar estes indicativos empíricos com uma nova aplicação dos testes,

embora esta conduta fizesse parte de nossos propósitos. Nesta instituição não desenvolvemos

um programa particular de Educação Física, visando a intervenção, pois gostaríamos também

de conhecer quais seriam os resultados de uma programação motora que incorporasse a

psicomotricidade como parte de seu conteúdo. Esta explicitação se faz necessário uma vez que

a nossa intervenção também estaria propondo os conteúdos encontrados e estava prevista para

uma escola que não houvesse um profissional da área. Portanto, as condições pedagógicas

encontradas na escola em relação à Educação Física deveriam favorecer um resultado mais

positivo, dispensando, a grosso modo, um trabalho mais especializado em virtude de já terem

um especialista da área que poderia dar subsídios.

Na aplicação do pós-teste, considerando que estes escolares tiveram aula de

Educação Física, de uma a duas aulas por semana, no período de três meses, o resultado foi o

seguinte:

QUADRO 7 - Idade Motora e Lateralidade das Crianças no Pós-Teste

Idade e Componentes Nome e série

Idade * MF 1 2

MG 1 2

EQ 1 2

EC 1 2

OE 1 2

OT 1 2

LAT 1 2

Augusto - 4ªA 10 11 10 9 11 11 10 9 9 5 11 7 9 LC

LC

Júlia - 4ªA 10 9 11 9 11 6 9 5 6 5 7 6 6 LC

LC

Paulo - 4ªA 9 10 11 11 9 11 11 8 10 8 8 9 8 DC

DC

Rudivaldo - 4ªC 11 11 11 11 11 11 11 7 9 11 8 9 6 DC

DC

Erica - 3ªB 10 8 11 7 11 10 10 9 8 8 6 7 8 LC

LC

Monica - 3ªA 9 11 11 9 9 9 11 7 7 9 8 8 7 DC

DC

Kaique - 3ªB 9 11 11 9 11 9 11 7 9 6 7 6 9 DC

DC

Glossário: *Idade. O nº 1 significa o primeiro teste, enquanto que o nº 2 é o segundo teste. Em negrito assinala-se se houve ou não evolução em relação à idade biológica num dado comparativo. A numeração que não recebeu ênfase significa que não houve evolução, podendo haver regressão.

40

Observa-se que houve tanto uma melhora da maioria quanto perdas na idade

motora das crianças, nos revelando que as aulas de Educação Física ministradas na grade

horária da primeira a quarta séries é importante e necessária. Mas também foi sublinhado que

este programa necessita da contribuição de estudiosos da área para que o mesmo seja mais

eficaz e alcance plenamente os resultados pretendidos.

4.1 - LATERALIDADE

A preferência manual foi avaliada apenas com o componente da escrita e

apresentou a seguinte disposição: das 23 crianças avaliadas, 19 são destras e 4 são sinistras

(canhotas).

No que se refere à lateralidade esta foi dividida em olhos e pés: (a) para os olhos,

das 23 crianças avaliadas 14 são destras e 9 são sinistras; (b) para os pés, das 23 crianças

avaliadas 20 são destras e 3 são sinistras.

A conclusão dos resultados da lateralidade nos levou a acreditar que, o que

existe é uma preferência lateral por um segmento do corpo para uma determinada tarefa. Isto é,

as crianças apresentam a consistência no uso de uma das mãos, olho ou pé – essa

consistência aumenta com a idade. Nas crianças pesquisadas, a dominância completa de um

dos lados foi relativamente pequena, chamando a atenção para a lateralidade mista/cruzada.

4.2 – GRUPO DE CRIANÇAS QUE FIZERAM O PÓS-TESTE

No geral, estes escolares apresentaram um quadro evolutivo no seu

desenvolvimento motor que, se não auxiliou na promoção dos mesmos, ao menos, indicou o

caminho para a solução destes problemas, como se poderá observar:

QUADRO 8 - Classificação

Nome e série 1º teste – EDM 2º testes – EDM Augusto - 4ªA Normal baixo

7 anos e 3 meses* Normal médio

8 anos e 4 meses Júlia - 4ªA Muito inferior

5 anos e 7 meses Normal baixo

7 anos Paulo - 4ªA Normal médio

8 anos e 8 meses Normal médio

8anos e 8 meses Rudivaldo - 4ªC Normal médio

7 anos e 7 meses Normal baixo

7 anos e 4 meses Kaique - 3ªB Normal baixo

7 anos e 5 meses Normal médio

8 anos e 10 meses Erica - 3ªB Normal baixo

6 anos e 10 meses Normal médio

7 anos e 6 meses Monica - 3ªA Normal médio

8 anos e 2 meses Normal médio

8 anos e 2 meses *Idade atingida no teste.

41

Apresentação dos gráficos de cada criança no Pré-Teste e Pós-Teste

EDM- Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a Augusto 1

Augusto 2

EDM-Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a Júlia 1

Júlia 2

EDM-Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a Paulo 1

Paulo 2

EDM- Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a Erica 1

Erica 2

EDM- Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a Kaique 1

Kaique2

EDM- Teste e Reteste

02468

1012

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a

Monica 1

Monica 2

EDM- Teste e Reteste

0

2

4

6

8

10

12

MF MG EQ EC OE OT Testes

Idad

e m

otor

a

Rudivaldo1

Rudivaldo 2

42

Estes resultados permitem observar alguns fatos que ocorrem durante alguns

períodos de desenvolvimento. O primeiro seria o fato de que a criança deve ser estimulada ao

movimento, deve adquirir consciência corporal e destreza em algumas habilidades, para realizar

as tarefas do dia-a dia. Perante este pressuposto é inegável que a escola deva lembrar, a todo

instante, a dimensão corporal e a importância que este assume no processo de aprendizagem.

Um segundo ponto é o tipo de avaliação. No caso, o teste utilizado permitiu encontrar algumas

lacunas em certas habilidades que são facilmente associadas à escrita e que demonstra que

este conteúdo não vem sendo abordado na instituição.

A função desta avaliação foi dar subsídio para se verificar se o que está se

ensinando na escola possibilita o desenvolvimento pleno dessas crianças. Portanto, não há

dúvidas de que a falta de avaliações pode camuflar algumas perspectivas, no que diz respeito

aos fracassos e vitórias na alfabetização e na educação corporal.

43

CONCLUSÃO

O estudo mostrou ser de fundamental importância trabalhar com o corpo na

escola. Que a Educação Física, ao trabalhar com o movimento humano, ou com a cultura de

movimento, tem uma grande contribuição a dar em projetos integrados com outras disciplinas,

interdisciplinares, mas que também se torna necessário que este trabalho leve em consideração

a necessidade de avaliação motora para a elaboração do programa de ensino, visando à efetiva

promoção (integração) destes escolares.

No âmbito desta compreensão, entendeu-se que é muito importante o professor

conhecer a matéria que ensina. Porém, é mais importante ainda trabalhar o conhecimento

pedagógico do conteúdo específico, o que significa dizer que se enfocaria várias dimensões do

conhecimento, essenciais para a atividade docente, como: conhecimento da matéria de ensino

(estruturas sintáticas, conteúdo, estruturas substantivas), conhecimento pedagógico geral

(alunos e aprendizagem, gestão da aula, currículo e interação) e o conhecimento dos contextos

do sistema educativo (comunidade, sistema educativo, escola).

Na realidade, o estudo em si trouxe à tona a questão da profissionalidade

docente em que não basta querer ensinar, mas é fundamental ir além do estabelecido, para

que o exercício da autonomia docente realmente aconteça em sala de aula.

A avaliação motora e as aulas de Educação Física, mais que um espaço em que

se trabalha a motricidade humana, nos revelou a necessidade de uma pedagogia do movimento

humano que traga contribuições para os problemas não solucionáveis, no âmbito da instituição,

relacionados ao processo de alfabetização.

Agradecimentos: ao corpo docente e discente da Escola Estadual “Prof. Sylvio de Araújo” – Rio Claro, SP.

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44

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