a palavra de passe - trabalho para aumento de salário

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Aug ReLS Aurora Santarrosense - Nº 3.802 À Gl do G Arq do U A Palavra de Passe Trabalho para Aumento de Salário Tambaú, 13 de fevereiro de 2012.

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Page 1: A Palavra de Passe - Trabalho para aumento de salário

Aug ReLS Aurora Santarrosense - Nº 3.802

À Gl do G Arq do U

A Palavra de Passe

Trabalho para Aumento de Salário

Tambaú, 13 de fevereiro de 2012.

Page 2: A Palavra de Passe - Trabalho para aumento de salário

Coordenadores:M:. M:. Antonio Carlos RosaM:. M:. Antonio Donizeti da SilvaM:. M:. Edmar Titarelli Esteves

RelatorC:. M:. Boniperti Pádua Cota

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Introdução

O tema deste trabalho é “A Palavra de Passe do Gr:. de Comp:.”. Tratarei o tema proposto em sua dupla importância: primeira, a de possibilitar a distinção entre quem V:. a E:. F:. e quem não, e, segunda, a de transmitir o significado mais profundo do Gr:. em questão.

A Palavra de Passe não existe no grau de Ap:. M:. e significa “numerosos como as espigas de trigo", como nos ensina o eterno mestre Rizzardo da Camino. Trata-se de mais um símbolo maçônico que tem sua origem no Livro da Lei, em Juízes, capítulo 12, que narra a Guerra entre Efraim e Galaad e a morte de Jefté, como bem nos relata o Ir:. Carlos Alberto Vieira da Costa.

Desenvolvimento

Origem

No capítulo 12 do livro dos Juízes de nosso Livro da Lei, encontramos a narrativa da guerra entre Efraim e Galaad, bem como a morte do valente guerreiro, nomeado juiz defensor do povo de Israel contra os amonitas, Jefté.

Aqui, é importante apresentar algumas considerações sobre o livro dos Juízes. Trata-se de livros considerados “históricos” que têm por tema principal as relações de Israel com o G Arq do U, sua fidelidade ou infidelidade, sobretudo infidelidade, à palavra do G Arq do U, cujos porta-vozes são os profetas. O livro sobre o qual se debruça este trabalho, o dos Juízes, é atribuído a Samuel.

O período histórico narrado em Juízes é marcado por invasões e opressões sofridas pelo povo de Israel, como forma de castigo pelo comportamento infiel e impiedoso de seus membros frente a seus IIr e frente ao G Arq do U.

Nesse contexto, em que Israel sofre a opressão do povo amonita, pois fora infiel aos preceitos do G Arq do U, Jefté é escolhido como o general que fará frente ao exército amonita, comandando o povo de Galaad.

Após o povo Israelita de Galaad, sob o comando de Jefté, vencer os amonitas, o povo de Efraim sente inveja dessa vitória e questiona os motivos de não ter sido convidado para as batalhas – o que, segundo o Livro da Lei é questionamento vil, pois Jefté os convidara e os efraimitas não atenderam ao seu chamado.

A batalha provocada pela inveja efraimita, entre os povos de Efraim e Galaad, é vencida facilmente pelos galaaditas liderados por Jefté, que, para impedir a fuga dos perdedores através do rio Jordão, fizeram um grande cerco. Quando um fugitivo de Efraim dizia: “Deixai-me passar”, os galaaditas lhe perguntavam: “És efraimita?” Se dizia: “Não”, lhe respondiam: “Então dize: Chibolet”. Ele dizia “Sibolet”, porque não conseguia pronunciar de outro modo, então o agarravam e o matavam nos vaus do Jordão. Caíram naquele tempo quarenta e dois mil homens de Efraim, pois o G Arq do U estava ao lado de Jefté e do povo de Galaad.

Desde então, os estudiosos da língua consideram qualquer palavra que traga dificuldade de pronúncia aos não nativos do idioma, um chibolete. No caso do português, nosso grande poeta modernista, Manuel Bandeira, considera o chibolete do português o nosso “ão”, pois em geral os não nativos de nosso idioma o pronunciam “on” ou “ao”.

Ai está a Palavra de Passe, tema de nosso trabalho, Chibolete, Chibolet, Schibolet, Shibbolet, cuja pronúncia deve ser chiada e não sibilada como em Sibolet.

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Como a palavra schibolet resultou uma senha segura, o rei salomão a usou, posteriormente, como palavra de passe para os companheiros. Esta palavra foi adotada pela maçonaria, tanto pela sua origem histórica, como pelo seu significado.

Como vimos a pouco, a palavra de origem hebraica shibbolet possui várias grafias, porém, os escritores maçônicos revelam que o valor da palavra de passe está na sua pronúncia e não na forma de escrevê-la. A Palavra de Passe é pronunciada com um "chiado", e não com um “sibilo” como o dos efraimitas, portanto, apenas importa a pronúncia hebraica, ou seja, "chiada”. Para a maçonaria, o valor da palavra de passe é o seu significado simbólico.

Primeira importância: a distinção.

Antes de seguir no aprofundamento da segunda e mais profunda importância da Palavra de Passe, vale lembrar da primeira importância: a de distinguir a origem de quem a pronuncia.

No caso da Arte Real, a pronúncia correta distingue quem trilhou o caminho da virtude, da liberdade, dos bons costumes, da Iniciação, do desbaste da Pedra Bruta, da Elevação e da perseverança nos trabalhos da Sublime Instituição.

Creio firmemente que a origem da Palavra de Passe revela a importância de se manter fiel aos ensinamentos da Arte Real e, portanto, do Livro da Lei. Simboliza também que a cada Grau nos será oferecido o conhecimento a ser alcançado, sem nos apresentar o que não podemos compreender, ou seja, só executaremos os trabalhos cujo conhecimento e ferramentas estão ao nosso alcance, deixando trabalhos mais sofisticados e difíceis para o próximo Gr.

Segunda importância: simbolismo e significação.

Partamos, agora, para a importância mais profunda e simbólica de schibolet. Nossa Palavra de Passe, em hebraico, significa "espiga de trigo" e também, "corrente de água". Podemos encontrar schibolet na seguinte expressão bíblica: "numerosos como a espiga de trigo", no sentido de "união", como simboliza a romã, para nós MM.

A Palavra de Passe representa o reino vegetal. Para os povos antigos, em especial os semitas, origem dos hebreus, o trigo sempre foi considerado um grão sagrado, indispensável para a vida humana; o pão quotidiano, tomado por Jesus Cristo como símbolo da sua própria carne.

Quanto a "corrente de água", seu simbolismo foi tomado por ser a água um dos principais elementos da natureza, também indispensável a todas formas de vida – principalmente para os primeiros filósofos, entre eles o primeiro, Tales, nascido na cidade de Mileto, Ásia Menor, atual Turquia, para o qual a origem da vida está na água.

Em hebraico, a etimologia da palavra "trigo", tem a raiz semítica “sbl” que significa "derramar", "espargir", "proceder"; a palavra "shabil" traduz-se como "sendeiro” ou “caminho". Em resumo, pode-se entender que o trigo é um ramo produzido por uma corrente de água, através de um caminho percorrido, produzindo "pedras” ou “grãos preciosos". "Cibelis", introduzida no hebraico por outra língua semítica, significa a "terra facunda e produtiva", o que é muito considerado nos antigos mistérios.

A etimologia da Palavra de Passe traz possibilidades de origem como em grego, "sibo lithon", ou "sebo lithon", que significa "cultivo" ou "honro a pedra". Em latim, "spica", que significa "agudez" ou "penetração", relacionando-se com o verbo "spésere", "olhar". Em sânscrito "spac", seguindo o mesmo sentido latino.

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Portanto, a palavra "schibolet", reúne os significados de "estabilidade produtora", "caminho fecundo", "maturidade elevada", "produção preciosa" e "penetração clarividente".

A espiga de trigo encontra-se representada, também, no firmamento, como a estrela mais luminosa da constelação de Virgo; trata-se de um símbolo comum a todos os mistérios da antiguidade.

Encontramos as espigas de trigo ornamentando os cabelos das deusas egípcias; na liturgia católica romana, a espiga simboliza a eucaristia, a união como o próprio G Arq do U.

Nos mistérios de Elêusis, uns dos mais famosos e o mais antigos de todos os mistérios gregos, os quais eram ensinamentos relacionados com a vida após a morte, os iniciados eram comparados com uma espiga de trigo, produto fecundo do esforço vertical e da atividade do grão oculto no seio da terra, germinação favorecida pela umidade, abrindo caminho, contornando as dificuldades e vencendo a força da gravidade, em busca dos benéficos raios solares, até que o esforço seja gratificado com o amadurecimento do fruto que passa a ser útil para a vida.

O mistério da fecundidade encontra na espiga de trigo o seu máximo simbolismo.

Germinando o grão, crescendo a planta, no sentido oposto à força da gravidade de seus instintos e paixões, o aprendiz vence e se transforma em companheiro, quando se encontra e se estabelece no plano elevado, para amadurecer e, por sua vez, frutificar.

O grão de trigo amadurecido tem duas funções: primeiramente, de servir como alimento e, a segunda, de multiplicar por ser uma semente.

O aprendiz é o grão de trigo com vida latente, que conserva o mistério da reprodução. Conservado em lugar e ambiente apropriados, não germina, mas subsiste. Há exemplos por demais conhecidos de grãos de trigo encontrados em túmulos de faraós egípcios, que após cinco, ou mais milênios, plantados e umedecidos, germinaram e produziram fruto. O trigo tem a faculdade de manter-se indefinidamente íntegro.

O aprendiz, por sua vez, dado os conhecimentos que armazenou, também, pode manter-se íntegro, com força latente, esperando a oportunidade de encontrar terra fértil.

Sendo o aprendiz o próprio grão de trigo, pode permanecer indefinidamente no estado de grão, porque tem consciência de que o grande arquiteto do universo há de prover o seu caminho, ou seja, a missão que deverá cumprir, dentro da ordem maçônica, em seus diversos graus.

O companheiro é o grão germinado. Caso o aprendiz demonstre pressa e deseje afoitamente germinar, para encetar o caminho da multiplicação, corre o risco de ser lançado em lugar inapropriado e secar ou ser devorado pelas aves. Atentemo-nos para a parábola do semeador, conhecida como a parábola das parábolas:“Jesus, tendo saído de casa, sentou-se perto do mar; e se reuniu ao seu redor uma grande multidão de povo; por isso, ele subiu num barco, onde se sentou, todo o povo estando na margem; e lhes disse muitas coisas por parábolas, falando-lhes desta maneira: “Aquele que semeia, saiu a semear; e, enquanto semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vindo os pássaros do céu a comeram. Outra caiu nos lugares pedregosos, onde não havia muita terra; e logo nasceu porque a terra onde estava não tinha profundidade. Mas, o sol tendo se erguido, em seguida, a queimou e, como não tinha raízes, secou. Outra caiu nos espinheiros, e os espinhos, vindo a crescer, a sufocaram. Outra, enfim, caiu na boa terra, e deu frutos, alguns grãos rendendo cento por um, outros sessenta e outros trinta. Que ouça aquele que tem ouvidos para ouvir. Escutai, pois, vós outros, a parábola do semeador. Todo aquele que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, o espírito maligno vem e arrebata o que havia sido semeado em seu coração; é aquele que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebeu a semente no meio das pedras é o que escuta a palavra, e que a recebe na hora mesmo com

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alegria; mas ele não tem em si raízes, e não está senão por um tempo; e quando sobrevêm os obstáculos e as perseguições por causa da palavra, a toma logo como um objeto de escândalo e de queda. Aquele que recebe a semente entre os espinhos é o que ouve a palavra; mas, em seguida, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas sufocam em si essa palavra, e a tornam infrutífera. Mas aquele que recebe a semente numa boa terra é aquele que escuta a palavra, que lhe presta atenção e que dá fruto, e rende cem, ou sessenta, ou trinta por um.”

A sabedoria do Nazareno demonstrou que, apenas uma quarta parte da semente, germina e produz fruto e, assim sendo, num intento imperfeito e, mesmo podendo ser ousado demais para um Comp, procurarei refletir sobre as belíssimas palavras do mestre Jesus, aplicando-as à vida maçônica:

1) Atirar em lugar fácil, cômodo e precipitadamente, os ensinamentos maçônicos, equivale a semear ao longo do caminho, onde facilmente a semente é colhida pelos oportunistas. A palavra torna-se vã, e não produz resultado algum;

2) Atirar os ensinamentos maçônicos em local inapropriado, posto com resultados aparentes, mas superficiais, equivale aos que trazem afoitamente para dentro das lojas os entusiasmados e levianos profanos. Aparentemente integram-se no ideal, mas não se sintonizam espiritualmente; o entusiasmo fenece sufocado pelas paixões e interesses egoísticos.

3) O sol, que é luz, nem sempre dá benefícios através de seus raios; pode queimar e prejudicar. Muitos se queimam e jamais retornam às lides maçônicas. Os tímidos e despreparados, aceitam o convite, mas cedo, se veem sufocados pelos circunstantes e desanimam, retirando-se porque o meio ambiente não lhe é propício.

4) Finalmente, quando a semente é lançada em terra adubada, úmida e lhe é dada toda assistência, o aprendiz aproveita a oportunidade e cresce, lutando para seguir um caminho vertical, galgando degrau a degrau a Escada de Jacó, criando raízes profundas para que os ventos não o perturbem, subindo em direção à luz e ao calor.

Com o devido tempo, dentro do plano divino, o aprendiz, na qualidade de companheiro, encontra o caminho de seu ideal, em busca de novos horizontes. Percorre dentro da verticalidade, paralelamente, também o caminho horizontal da fraternidade, do bom exemplo, da retidão de caráter e do aproveitamento dos ensinamentos que recebe.

Conclusão

A palavra de passe tem estas duas importâncias e significados:

Primeiro, o simbolismo da distinção, isto é, a capacidade de distinguir quem trabalha arduamente a Pedra Bruta, erguendo templos à virtude e cavando masmorras ao vício, daqueles que não o fazem;

Segundo, o simbolismo da fertilidade e abundância, a capacidade de perseverar na subida da Escada de Jacó, isto é, a busca da trajetória encetada pelo aprendiz em busca do mestrado, tornando-se a semente lançada em terra boa.

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