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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 335 A PAISAGEM DO TRIÂNGULO MINEIRO NA PERSPECTIVA DOS VIAJANTES DO SÉCULO XIX: A POSSIBILIDADE UMA NOVA ABORDAGEM Isabele de Oliveira Carvalho Universidade Federal de Uberlândia UFU/IG [email protected] António de Sousa Pedrosa [email protected] Universidade de Uberlândia-Monte Carmelo. CEGOT. Resumo A ideia de um cerrado, como um bioma ou domínio biogeográfico natural, tem de ser repensada, já que foi sendo sucessivamente apropriado pelo homem ao longo da sua história. Com base nos registos deixados pelos viajantes do século XIX, tentamos fazer uma leitura reinterpretativa da paisagem do Triângulo Mineiro, demonstrando que era uma paisagem profundamente humanizada pelo homem e não solidões imensas como era descrito. Esse fato resultou da ocupação desta área, durante milhares de anos pelos índios caiapós e posteriormente pelos colonizadores. As técnicas utilizadas, quer na mineração, quer na agropecuária foram modificando a paisagem cerrado transformando-a numa paisagem histórica e culturalmente construída. Palavras chave: Cerrado; paisagem natural; paisagem cultural. Abstract The idea of cerrado, as a natural biome or biogeographic domain, must be rethought, since it has been successively appropriated by man throughout its history. Based on the registers left by the travelers of the nineteenth century, tried to make an interpretive reading of the landscape of Triangulo Mineiro, demonstrating that it was a deeply humanized landscape and not by man was described as immense wilds. This fact resulted from an occupation in this area for thousands of years by the Kayapo Indians and later by settlers. The techniques used in the mining and agricultural landscape were changing cerrado turning it into a historically and culturally constructed landscape. Keywords: Cerrado; natural landscape; cultural landscape.

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Page 1: A PAISAGEM DO TRIÂNGULO MINEIRO NA PERSPECTIVA … de... · Todavia, outros tipos de Biomas também estão ali representados, seja como ... e um conjunto significativo de planaltos

ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014

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A PAISAGEM DO TRIÂNGULO MINEIRO NA PERSPECTIVA DOS

VIAJANTES DO SÉCULO XIX: A POSSIBILIDADE UMA NOVA

ABORDAGEM

Isabele de Oliveira Carvalho Universidade Federal de Uberlândia – UFU/IG

[email protected]

António de Sousa Pedrosa

[email protected] Universidade de Uberlândia-Monte Carmelo. CEGOT.

Resumo

A ideia de um cerrado, como um bioma ou domínio biogeográfico natural, tem de ser

repensada, já que foi sendo sucessivamente apropriado pelo homem ao longo da sua

história. Com base nos registos deixados pelos viajantes do século XIX, tentamos

fazer uma leitura reinterpretativa da paisagem do Triângulo Mineiro, demonstrando

que era uma paisagem profundamente humanizada pelo homem e não solidões

imensas como era descrito. Esse fato resultou da ocupação desta área, durante

milhares de anos pelos índios caiapós e posteriormente pelos colonizadores. As

técnicas utilizadas, quer na mineração, quer na agropecuária foram modificando a

paisagem cerrado transformando-a numa paisagem histórica e culturalmente

construída.

Palavras chave: Cerrado; paisagem natural; paisagem cultural.

Abstract

The idea of cerrado, as a natural biome or biogeographic domain, must be rethought,

since it has been successively appropriated by man throughout its history. Based on

the registers left by the travelers of the nineteenth century, tried to make an interpretive

reading of the landscape of Triangulo Mineiro, demonstrating that it was a deeply

humanized landscape and not by man was described as immense wilds. This fact

resulted from an occupation in this area for thousands of years by the Kayapo Indians

and later by settlers. The techniques used in the mining and agricultural landscape

were changing cerrado turning it into a historically and culturally constructed

landscape.

Keywords: Cerrado; natural landscape; cultural landscape.

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1. Introdução

O conceito de Paisagem possui um domínio de significância extremamente vasto,

integrando o léxico de múltiplas ciências que acabaram por diversificar a sua

significação tornando-a cada vez mais complexa (PEREIRA & PEDROSA, 2007), pelo que

se caracteriza por uma forte polissemia. Deste modo a Paisagem e as suas múltiplas

dimensões constituíram, desde a época renascentista, objeto de estudo das mais

diversas áreas disciplinares.

Os estudos recentes que procuram interpretar a paisagem apontam para uma

interação entre os elementos naturais e antrópicos é essencial no entendimento da

paisagem (SAUER, 1998; CLAVAL, 1999; PEREIRA & PEDROSA, 2007, PEDROSA &

PEREIRA, 2013, PEDROSA, 2012, 2013, 2014).

Assim, “não podemos formar uma ideia de paisagem a não ser em termos de suas

relações associadas ao tempo, bem como suas relações vinculadas ao espaço”

(SAUER, 1998, p. 42) e não é possível, compreender na atualidade, as formas de

organização do espaço e das tensões que o afetam sem levar em consideração os

dinamismos culturais. Eles explicam a nova atenção dedicada à “preservação das

lembranças do passado e à conservação das paisagens” (CLAVAL, 1999, p. 420).

Assim, Claval não só atribui ao homem a responsabilidade de transformar a paisagem

como destaca que diferentes grupos culturais são capazes de provocar

transformações diferenciadas nela, criando assim uma preocupação maior com os

sistemas culturais do que com os próprios elementos físicos da paisagem. “Não se

trata mais da interação do homem com a natureza na paisagem, mas sim de uma

forma intelectual na qual diferentes grupos culturais percebem e interpretam a

paisagem, construindo os seus marcos e significados nela” (SCHIER, 2003, p: 81).

Rougerie e Beroutchachili (1991, p. 359) afirmam que “ao contrário de natureza e

ambiente a paisagem só existe na medida, e segundo o modo como o homem a

percebe”. Também segundo Maximiano (2004 p. 87) existe um certo consenso entre

geógrafos “de que a paisagem, embora tenha sido estudada sob ênfases

diferenciadas, resulta da relação dinâmica de elementos físicos, biológicos e

antrópicos. E que ela não é apenas um fato natural, mas inclui a existência humana”.

A conceptualização da paisagem segundo as ideias referidas são extremamente

importantes, para este trabalho, em que pretendemos realizar uma análise

reinterpretativa da paisagem do cerrado no século XIX á luz dos viajantes, com

especial realce em St Hillaire.

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2. O cerrado Brasileiro

A formação cerrado corresponde ao segundo domínio biogeográfico de maior

extensão que se localiza no Brasil, já que se encontra representado em cerca de ¼ do

seu território. Só a Amazónia apresenta uma extensão maior.

Coutinho (2006) quando se refere ao “Cerrado” salienta que é importante distinguir

dois conceitos fundamentais: “Domínio do Cerrado” e “Bioma do Cerrado”: Assim

o Domínio refere-se a uma área do espaço geográfico com extensões subcontinentais, onde predominam certas características fitogeográficas e morfoclimáticas, diferentes das predominantes nas demais áreas. Em um dado Domínio podem ocorrer outras feições morfológicas e condições ecológicas, além daquelas predominantes (FARIA, 2006, p. 26)

Deste modo teremos de entender que

no espaço do Domínio do Cerrado, nem tudo que ali se encontra é Bioma de Cerrado. Veredas, Matas de Galeria, Matas Mesófilas de Interflúvio, são alguns exemplos de representantes de outros tipos de bioma, distintos do de Cerrado, que ocorrem em meio àquele mesmo espaço. Não se deve, pois, confundir o Domínio com o Bioma. No Domínio do Cerrado predomina o Bioma Cerrado. Todavia, outros tipos de Biomas também estão ali representados, seja como tipos “dominados” ou “não predominantes” (caso das Matas Mesófilas de Interflúvio), seja como encraves (ilhas ou manchas de caatinga, por exemplo), ou penetrações de Florestas Galeria, de tipo amazônico ou atlântico ao longo dos vales úmidos dos rios. (COUTINHO, 2006)

Segundo Ab´Saber (2003) o domínio dos cerrados, na sua região nuclear, ocupa

predominantemente maciços planálticos de estrutura complexa, caraterizados por

superfícies planas culminantes, e um conjunto significativo de planaltos sedimentares

compartimentados, situados em níveis que variam entre 300 e 1.700 m de altitude. As

formas de terrenos são, grosso modo, similares tanto nas áreas de terrenos cristalinos

aplainados como nas áreas sedimentares sobrelevadas e transformadas em planaltos

típicos. No entanto, mais que as condições topográfica-morfológicas e edáficas, são as

condições climáticas as principais responsáveis pela manutenção e preservação deste

domínio. As nuances que apresenta podem ser correlacionadas com as outras

variáveis, mas o clima mostra-se determinante para a ocorrência do bioma cerrado.

O domínio do cerrado exibe, de fato, uma enorme heterogeneidade espacial,

estendendo-se por mais de 20 graus de latitude, com altitudes variando de quase 0 a

1.800 m e exibindo uma grande diversidade de solos, de rochas, de formas de relevo e

até nuances climáticas que implicam uma diversificada biodiversidade. Ab´Saber

(2003) considerava existir uma “repetitividade das paisagens vegetais ligadas ao tema

dos cerrados — cerrados, cerradões, campestres de diversos tipos” que contribuía

“muito para o caráter monótono desse grande conjunto paisagístico”.

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Esta ideia de repetição monótona dos diversos ambientes constantes no cerrado,

associada a uma ideia errada de baixa biodiversidade e, ainda ao fato de que grande

parte dos solos (latossolos) se apresentavam com caraterísticas acidificantes e pouco

propícias para as práticas agrícolas contribui que este bioma fosse sistematicamente,

desconsiderado e pouco protegido pelos brasileiros. São talvez as razões principais

que levaram á sua destruição em muitas áreas do território brasileiro, ocupando

atualmente cerca de 20% da sua área inicial (FARIA, 2006).

Esta destruição e ocupação do domínio do cerrado relaciona-se com a resolução da

não produtividade dos latossolos para fins agrícolas, na década de sessenta do século

XX, fato que permitiu transformar grande parte do domínio do cerrado, propício para a

cultura de grãos. A localização destes solos, quase sempre associados á áreas de

baixo declives (<3%), com caraterísticas de boa drenagem e profundos, permitiram a

expansão da agricultura especializada em grãos pela facilidade que oferecem á

mecanização dos trabalhos. Devido a essas características o Cerrado, transformou-se

nas últimas duas décadas na nova fronteira agrícola do País, a ponto ser hoje uma

das maiores regiões produtoras de grãos do Brasil e, ser reconhecido como a última

grande fronteira agrícola do mundo.

Tradicionalmente os habitantes do cerrado cultivavam os solos mais férteis,

associados quase sempre á área de floresta e desvalorizavam as áreas onde a prática

agrícola não era possível, em função das técnicas que conheciam. Mendonça e

Thomaz Junior (2004) afirmam que

essas áreas não eram valorizadas pelos produtores locais, que tidas como imprestáveis, poderiam ser comercializadas a preços ínfimos, que ainda assim eram altamente lucrativas. De outro, os sulistas - produtores rurais oriundos dos Estados da região Sul e de São Paulo - que com experiência na agricultura moderna, já iniciada no Sul, com o cultivo do trigo e da soja e a disponibilidade de recursos técnicos e tecnológicos para o cultivo dos solos ácidos e às políticas de fomento do Estado adquirem as terras baratas e iniciam o processo de transformação das paisagens de cerrado em grandes campos de cultivo e de criação. ( MENDONÇA, 2004, pp. 97-121)

Estas transformações que levaram a uma forte retração do cerrado, entendido como

domínio ou bioma, que resultou de uma ocupação sem um adequado planejamento,

ou seja, apenas entendido pelos agricultores ou financiadores como um “chão a ser

ocupado” como se não houvesse mais nada aproveitável, que fosse economicamente

rentável e sustentável. Para além da expansão da fronteira agropecuária, foram

introduzidos outros fatores concomitantes que contribuíram para a sua degradação de

que podemos salientar: construção de grandes barragens; intensificação da

mineração; uso intensivo de agrotóxicos e suas consequências na biodiversidade

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faunística e nos riscos de contaminação dos aquíferos; expansão urbana e

consequente aumento da rede rodoviária.

Se estas questões são recentes, já que ocorreram a partir da segunda metade do

século XX, e tiveram repercussões imensas nas caraterísticas das paisagens

associadas a este domínio, é importante compreender que as transformações no

Cerrado se iniciaram há muito mais tempo, nomeadamente muito antes da

colonização dos europeus (RIBEIRO, 2002).

Naturalmente que esta ideia implica que existiu uma antropização deste domínio,

muito antes das alterações que se verificaram recentemente. Ao debruçarmo-nos

sobre os relatos dos viajantes do século XIX, pretendemos mostrar como o “cerrado”

já era ocupado, fortemente antropizado, e, como tal, a paisagem ou paisagens

existentes teriam de ser consideradas profundamente humanizadas.

3. A paisagem do cerrado no século XIX, no Triangulo Mineiro, em função

dos relatos de viagens.

Se pensarmos o território como espaço marcado por relações de poder (RAFFESTIN,

1993) e como espaço vivido (MILTON SANTOS, 1985) abrimos possibilidades para uma

nova leitura dos textos de St- Hilaire e de outros viajantes do século XIX, que

permitem e releitura dos usos, costumes e relações sociais presentes na sociedade

mineira do século XIX (SOALHEIRO, 2008, p. 52).

A necessidade do conhecimento do interior do território brasileiro, com o intuito da sua

exploração, surge numa altura em que Portugal sofria uma grave crise econômica,

levando-o a procurar no território brasileiro a “tábua de salvação” para o seu problema.

Na colónia Brasil o peculiar Reformismo Ilustrado luso-brasileiro apoia o levantamento

e diagnóstico das potencialidades e riquezas que eventualmente existiriam nesses

sertões imensos e pouco conhecidos. Para isso é necessário explorar de forma a obter

conhecimento do território.

É a partir deste prisma, de intrínseca ligação entre política e negócios na

exploração do mundo natural, que devemos encarar a abertura do território

brasileiro a cientistas estrangeiros. Viajantes ingleses, como Henrique Koster,

John Luccock, Maria Graham e John Mawe; franceses, como Jean Baptiste

Debret, Nicolas-Antoine Taunay e Grandjean de Montigny; alemães, como o Barão

von Eschwege e Georg Heinrich von Langsdorff, e, inclusive, luso-brasileiros,

como Alexandre RodriguesFerreira, embrenharam-se pelos mais distantes

caminhos do Brasil (BELUZZO, 1994).

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A análise dos diversos relatórios e trabalhos científicos que publicaram revelam-se, de

forma indiscutível, importantes fontes para diversas disciplinas cientificas, mas em

especial para a “História Ambiental, preocupada em entender as relações entre

sociedade e natureza, do plano mais físico e material ao intelectual e mental, enquanto

processo histórico” (SOUZA, 2012, p.51).

Segundo Worster (1991) a história ambiental permite três níveis de análise: i)

entendimento dos aspectos orgânicos e inorgânicos da natureza; ii) o domínio

socioeconômico da relação sociedade-natureza, que comporta as ferramentas de

trabalho, relações de poder, modos de vida e produção; iii) as interações intelectuais e

mentais, as formas de ver, sentir e pensar o mundo natural.

Se pretendemos entender a paisagem nas suas diversas dimensões (PEDROSA &

PEREIRA, 2007, 2013), certamente que esta perspectiva é fundamental para a

compreendermos e para interpretá-la, nos relatos dos viajantes.

Segundo Moreyra (1987/1988) A. St, Hilaire na sua viagem à província de Goiás, faz

uma descrição entre

(...) o espanto e a agressão a uma região cuja rusticidade surpreendeu o pesquisador: péssimos caminhos, fazendas abandonadas, engenhos em ruínas, arraiais despovoados. Enfim, a decadência retratada em tudo o que observava no decurso de suas vagarosas jornadas de coleta botânica. [...] Entre o que os seus olhos viram e o que compreendeu, medeia uma distância, coberta por sua visão europeia. As impressões do naturalista são as impressões do naturalista. É necessário ver hoje as coisas que ele viu, da forma pela qual ele não pôde enxergá-las, vê-las como ele não pôde vê-las (1987/1988, p. 164)

Por outro lado, a estação do ano em que os viajantes faziam as viagens e o período

em que ocorreram no século XIX, condicionava a sua análise, descrição e

interpretação. Podemos contrapor a viagem de St-Hilaire (1975), com as de Pohl

(1976) e Castelnau (1949):

Saint-Hilaire percorreu o território goiano durante a estiagem, entre maio e setembro, daí a visão muitas vezes depreciativa da vegetação e suas constantes menções a campos “crestados” e matas de “tom pardacento”. Pohl, (....), o que teve a estadia mais longa em Goiás, por conta da estação chuvosa, decidiu esperar em Vila Boa por uma estação mais favorável às coletas e conservação de amostras para a História Natural. Já Castelnau, enfrentou o período das “chuvas torrenciais”, queixando-se frequentemente dos “lamaçais e atoleiros” dos caminhos por onde passou (SOUZA, 2012, p. 54).

Quando se pretende analisar a questão da paisagem através destes relatos de viagem

teremos de ter em consideração todos estes aspetos que condicionavam o olhar do

viajante. Muitas vezes a descrição da paisagem aparece de maneira ambígua e

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interliga-se com a própria percepção da natureza. O deslumbre e o estranhamento

mesclam-se e permeiam todos os relatos analisados com maior ou menor intensidade.

Teremos então de possuir uma atitude crítica perante os fatos que nos são

apresentados de modo que o seu contributo seja válido para a análise e interpretação

das condições sócio-ambientais que predominavam naquela época.

3.1. As transformações do cerrado ligadas ás práticas agro-pecuárias

Uma das observações mais comuns a todos os viajantes é o relato de queimadas.

(...) o meio do dia, tínhamos 29º até 30ºR; de manhã ao romper do dia, e ao pôr do sol, 18ºR; com isso, também estava a atmosfera no estreito e fundo vale completamente esfumaçada pelas queimadas, que devastavam os pastos e matagais das encostas próximas (…).(SPIX & MARTIUS, 1976, p. 101)

Exceção feita dos vales chatos transversais, em que predominavam campinas buritizais, ela [a Chapada do Paranã] é coberta totalmente com arbustos espessos em parte sem folhas durante a seca, que quase todos os anos são vítimas de fogo, posto pelos sertanejos. Justamente agora haviam se propagado essas queimadas numa extensão enorme, e nós éramos obrigados mais de uma vez a deixar o caminho, ou a passar apressadamente por entre trechos incendiados. Vento violento de nordeste levantava a poeira finíssima de carvão nos lugares queimados em enormes colunas, as quais moviam-se lentas e ameaçadoras em torno de nós; às vezes, cessando o vento, caíam como chuva negra, e escureciam o horizonte, no qual o sol poente parecia um grande raio (SPIX & MARTIUS,, 1976, p. 96).

Em alguns pontos, viam-se ao longo algumas línguas de fogo e colunas de fumaça; os sertanejos ateiam assim, todos os anos, fogo nos campos, com o intuito de aumentar-lhes a fertilidade e preparar pastagens verdes para as caravanas subseqüentes. Percorremos desta maneira muitas e vastas extensões enegrecidas pelas queimadas. Essa operação modifica consideravelmente o aspecto da vegetação, porquanto muitas plantas só aparecem em semelhante circunstâncias, bastando-lhes muitas vezes dois ou três dias para se desenvolver (CASTELNAU, 1949, p. 241).

Os próprios viajantes explicam porque o homem utiliza a técnica das queimadas

(CASTELNAU, 1949, ST-HILAIRE, 1975) que se relacionava para a obtenção de pasto,

associada fundamentalmente aos campos do cerrado e, também, para “destruir” as

áreas de floresta que coincidiam com os melhores solos e, como tal, eram as mais

procuradas para as práticas agrícolas.

Os pastos (...) só são queimados nos meses de julho e agosto, isto é, durante a estação seca, pois o fogo não se alastra neles quando ateado antes dessa época. Entretanto, quando os fazendeiros desejam ter pasto de capim novo mais cedo, para as suas vacas leiteiras, eles reservam uma certa extensão deles, deixando

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atear fogo um ano inteiro, para no ano seguinte poderem queimá-los nos meses de abril ou maio (ST-HILAIRE, 1975, p.152)

As áreas de mata eram derrubadas a machado pouco depois das estações das

chuvas e após alguns dias em que se verificava a secagem da rama, ateava-se o fogo

No meio da madeira carbonizada os roceiros abriam covas á enxada onde eram

lançadas as sementes (SAINT-HILAIRE, 2000). Segundo Lourenço (2005) era uma

adaptação da técnica indígena denominada “roça do toco” incorporada no sistema

sertanejo luso-brasileiro, ao longo da colonização.

Esta técnica de uso das queimadas levam á degradação solos, á perda da

biodiversidade, já que acaba por ser seletiva, nomeadamente no que se refere ás

espécies vegetais de maior ou menor resistência ao fogo. De fato

a queimada danifica de modo sutil os solos e o capim. Destrói plantas que se disseminam horizontalmente formando esteiras, em favor das que formam touceiras, expondo o solo e provocando a erosão. O fogo reduz a permeabilidade do solo, favorecendo plantas de raízes superficiais, menos eficientes na reciclagem de minerais lixiviados e mais rapidamente ressequidos e não comestíveis na estação seca. (...). O pasto degradado então se enche de filicíneas, como o capim sapé (...) e como o barba-de-bode, outra gramínea sem valor nutritivo. (DEAN, 1996, p.129)

Podemos afirmar que as queimadas, mostravam-se extremamente comuns no século

XIX, não podem ser consideradas como naturais, mas sim fruto da ação do homem no

sentido de se apropriar de um espaço geográfico e dele tirar o máximo partido (SOUZA,

2012). Foi, certamente uma das técnicas que mais alterou a fisionomia das diversas

unidades que compõem o bioma cerrado.

Apesar da agropecuária que nesta altura era praticada de uma forma extensiva,

mostrava-se muito importante na área do Triângulo Mineiro. O número de cabeças de

gado que ocorria com uma elevada densidade resultava, por um lado da descoberta

de águas salitrosas, primeiro na região de Araxá e depois noutros locais desta

mesorregião tais como “na região da Rocinha, na vizinhança dos rios das Velhas”

(ESCHWEEGE, 1996; ST-HILAIRE, 1975) “nas paragens de Sobradinho e Bebedouro

entre o rio das Velhas e o Uberaba Legítima (TEIXEIRA, 1970) e principalmente nos

arredores de Uberaba (Lourenço, 2005), que resolveram a necessidade do sal dos

animais, mas também porque os pastos se mostravam de boa qualidade,

fundamentalmente quando associados a solos resultantes dos basaltos, passando a

estar vocacionado para excedentes de gado de corte e sua colocação no mercado

(LOURENÇO, 2005). St-Hilaire (1975) na sua passagem por esta área descreve que

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as pastagens nas cercanias de Farinha Podre são tão boas que apesar da prolongada seca que ainda se fazia sentir quando passei por lá, os campos queimados estavam cobertos por um espesso tapete verde e viçoso. Os colonos dessa região souberam tirar proveito dessa enorme vantagem (...) (1975, p.151)

A criação de gado é também um dos fatores com impacto direto sobre as formações

dos cerrados, já que exercem uma ação seletiva sobre a vegetação, em função do

gosto do animal.

Para além da pecuária, os sertanejos praticavam uma agricultura fundamentalmente

de subsistência nas proximidades do “sítio”. Para além das culturas de feijão,

abóboras, o milho era o produto principal cuja difusão levou a Holanda (1995) a

chamar a civilização do milho, “conjunto de tradições responsáveis por tornar o milho a

principal forma de alimento consumido pelos colonos do Planalto” (LOURENÇO, 2005, p.

193), a partir do século XVII. Existiam, ainda, outros produtos como a cana de açúcar

usada para fazer a “rapadura” e a cachaça e o cultivo do algodão para tecelagem.

Assim, a paisagem oitocentista do Triângulo mineiro resultava de um padrão de

ocupação que tendia a usar os chapadões para a prática da agropecuária,

aproveitando as pastagens que aí se desenvolviam em “campos” mais abertos e as

terras de cultura concentravam-se no fundo das vertentes dos vales fluviais. Nas

proximidades de Oliveira St-Hilaire comentou ao chegar a uma fazenda que “como

todas as outras fica situada numa baixada” (1975, p. 83). As razões deste tipo

localização prende-se com duas razões fundamentais: i) necessidade de água para a

prática agrícola; ii) existência de solos mais férteis que coincidiam com áreas florestais

e solos de origem basáltica.

Dessa forma, o sítio deveria estar sempre a jusante de algum pequeno curso d´água, que pudesse ser facilmente transporto por estivas e pinguelas. Raramente, contudo, o sítio escolhido ficava na margem de rios caudalosos, de difícil transposição e sujeito a febres malsãs” (LOURENÇO, 2005, p. 214)

Como já foi afirmado as populações derrubavam a floresta inicial para conseguir fazer

as plantações de que necessitavam. Numa primeira fase, de baixa densidade

populacional de propriedades imensas, a rotatividade do sistema de pousio, que era

feito por questões de conservação do solo, era de 20 a 25 anos, fato que permitia a

reconstituição da mata original. Com o aumento populacional e a consequente

diminuição da dimensão da propriedade passou-se a sistema de pousio de apenas 6 a

10 anos que permitia apenas uma reconstituição de uma vegetação secundária de tipo

herbáceo-arbustivo ou capoeira (LOURENÇO, 2005).

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Concordamos, assim com Marcilio (2000) quando afirma que a partir de meados de

século XVIII houve a passagem em algumas áreas do território brasileiro de um pousio

florestal para um pousio arbustivo, com profundas alterações na paisagem do cerrado.

Para além de todas estas atividades descritas que possuíam implicações e levavam a

transformações importantes no domínio do cerrado, repercussões que se tornaram

irreversíveis, levando a sim a uma forte antropização deste domínio e das diversas

fácies do bioma cerrado., existiam outras formas de degradação do cerrado que se

ligavam á exploração mineira. No Triângulo Mineiro a atividade mineira no século XIX

limitava-se á exploração de diamantes na área de Romaria e Estrela do Sul, com o o

recurso de técnicas garimpeiras rudimentares, sem grande impacto na paisagem.

3.2. O combate á ideia de um sertão despovoado

A ideia, muitas vezes, passado pelos viajantes de que existiam imensas áreas não

ocupadas pelo homem, “solidões” imensas, nem sempre corresponde á verdade, pelo

menos na área do Triângulo Mineiro.

Podemos começar por afirmar que existiam diversos tipos de povoamento neste

território: i) área indígena dos Caiapós em liberdade, na parte mais ocidental do

Triângulo mineiro; ii) os aldeamentos indígenas ao longo da estrada de goyazes (figura

1); iii) os quilombos relacionados com a fuga de escravos das zonas de exploração

mineira iv) os sítios ou fazendas que correspondiam á ocupação colonial pelos

fazendeiros; v) as áreas urbanas (povoados) desenvolvidos pelos colonizadores

(figura 2).

Não cabe neste trabalho, desenvolver as questões sociais e culturais que advém desta

heterogeneidade de culturas que povoavam o território do Triangulo Mineiro.

Certamente que imprimiram o seu cunho na paisagem. As atividades que

desenvolviam, deixavam marcas importantes relacionados com diferentes modos de

apropriação do território, mas que contribuíam para as transformações profundas que

ocorriam de forma dinâmica, na paisagem. Assim o cerrado ia sendo sistematicamente

alterado e historicamente construído em função dos grupos sócio-culturais que se

estabeleceram na área, neste caso, do Triângulo Mineiro.

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Pode-se então afirmar, sem qualquer margem para dúvidas, que a ocupação territorial

setecentista e oitocentista da Colónia Brasil, deixou de ser uma exclusiva franja

litorânea, e avançou para o “hiterland”, com os núcleos auríferos e diamantíferos

mineiros, goianos e cuiabanos (LOURENÇO, 2005) associando-se á atividade mineira a

atividade agropastoril, necessária para a sustenção dos núcleos “urbanos “ que se

foram desenvolvendo. Bertran (1994) lembra que desde o inicio da colonização já

havia registros da prática da agropecuária principalmente nas regiões mais afastadas

das minas. A partir do declínio da produção aurífera encontram-se registrados pedidos

de sesmarias com vistas à criação de gado vacum. Da mesma forma, atividades

relacionadas à lavoura existiam, tanto de grandes produtores quanto de pequenas

roças de subsistência.

Contudo, a configuração territorial que ia sendo gerada nesse processo não se desenhava por ocupações contíguas, com redes de núcleos interligando áreas econômicas vizinhas que penetrassem rumo ao interior (...). O que existia, ao contrário, era uma ocupação fragmentada, em mosaico, com territórios isolados e cercados por áreas de ocupação proibida (LOURENÇO, 2005, p. 65).

Figura 2 – Povoados surgidos no oeste Mineiro entre 1750 -1800 e principais picadas e

caminhos. (Lourenço, 2005)

Figura 1 – Aldeamentos indígenas

na estrada de Goyases. (LOURENÇO,

2005)

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Podemos então concluir que no século XVIII o “sertão de Farinha Podre” apresentava-

se, não com uma forte densidade, mas com uma densidade populacional suficiente

importante, para ocupar grande parte do território e apropriá-lo ás suas necessidades.

Não era um sertão despovoado.

4. Conclusão

Nas descrições dos viajantes expressões adjetivas como “natureza majestosa” são

muitas vezes seguidas de “extensões áridas” e “desérticas” (SOUZA, 2012). Saint-

Hilaire e Pohl atentam em vários momentos para as “vastas solidões” de terras “mal

cultivadas” e “incultas”, que fortaleciam a ideia de ociosidade e contribuíam para a dita

decadência destas áreas (SOUZA, 2012). Esta ideia não é completamente verdadeira,

resulta de visões comparativas com o continente europeu, que não podiam ser feitas,

dadas as realidades históricas e culturalmente distintas. A densidade demográfica

certamente variava em função das caraterísticas geomorfológicas, edáficas e até

climáticas dos territórios, mas teremos de concluir que no século XVIII e XIX o cerrado

era uma área apropriada pelo homem, colonizador ou não.

A historiografia, a partir da década de 1980, teve em comum refutar as proposições de que o declínio do ouro desarticulou a sociedade e economia mineira, atrofiando-a. A dinâmica diversificada de Minas Gerais explicaria inclusive o aparecimento de uma importante elite com participação ativa na política do Império (PAIVA, 1996, apud SOALHEIRO, 2008, p.52).

Fica assim, demonstrado que ocorreu de forma historicamente determinada, uma

apropriação do espaço e, que o território das Minas Gerais, onde atualmente se insere

o Triangulo Mineiro, no século XIX não pode ser entendido de maneira estática e

unitária, mas sim de forma dinâmica, onde se procura compreender as diversas

territorialidades que o compõem (SOALHEIRO, 2008, p 52).

Em síntese podemos afirmar que o cerrado não é uma paisagem natural, mas

devemos considerá-lo como uma paisagem cultural, historicamente construída ao

longo de milhares de anos onde diversos tipos de povos, social e culturalmente,

distintos, exerceram a sua ação e deixaram as suas marcas, com maior ou menor

intensidade: Indígenas, escravos, quilombolas, colonizadores.

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