a noite mais importante da história

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A noite mais importante da História Naquela noite, uma estrela enorme, fulgurante, maravilhosa, brilhou sobre a Terra. Povos de todo o mundo a viram, pois ela brilhou ainda por muitas noites. Ela chamou a atenção dos reis e dos sábios, dos pequeninos e dos humildes. Aquela estrela brilhou, majestosa, para anunciar o acontecimento mais importante da História. Para anunciar que o dia mais esperado de todos os tempos, o dia prometido pelo qual o Povo Escolhido esperava havia milênios, havia chegado. Não foi apenas a estrela brilhante que anunciou esse dia. Anjos cantaram no Céu para comemorar: "Hosana nas alturas! Bendito O que vem em nome do Senhor!" O Filho de Deus acabava de nascer. Você já parou para pensar em como esse acontecimento é maravilhoso e cheio de significados? Ao nascer como homem, como pequena e frágil criança, Deus fez-se carne. Deus, na pessoa do Filho, assumiu a forma da sua criatura. Deus escolheu viver entre nós, como nós, padecendo as mesmas sofrimentos, compartilhando as mesmas alegrias. Deus decidiu sentir frio, calor, medo, dor, mas também o carinho de uma família, o calor da amizade, o prazer do sorriso. Ora, somente um gesto pode demonstrar mais amor do que esse de nascer como nós e viver junto de nós: morrer por nós, um milagre que ocorreu pouco mais de trinta anos depois dessa noite. Pense no assombro dos pastores quando foram surpreendidos no meio da noite por uma multidão de anjos. E em sua alegria, logo em seguida, de poder estar – os primeiros do mundo inteiro – diante de Deus feito homem. Pense nos reis magos, que estavam acostumados com todo luxo e toda pompa, que haviam procurado Deus durante a vida inteira e foram encontrá-Lo envolto em trapos, pequenino, numa estrebaria. Pense em Maria e José, que tinham diante de si a responsabilidade infinita, a honra e o prazer únicos de serem os pais terrenos de Deus. Ao nascer em meio à simplicidade, longe do conforto, cercado de pessoas simples, Jesus também dá um recado. Os homens costumam valorizar o status, o poder, as aparências. Deus ignora essas coisas. Os pobres pastores judeus e os ricos Magos da Pérsia o encontram. É o sinal de que Ele veio para todos os homens e para todas as mulheres, de todos os lugares. Os significados do Natal são tão gigantescos e surpreendentes que não é possível falar de todos num pequeno texto. Apenas temos que lembrar que é a noite mais

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O tema da noite.

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A noite mais importante da Histria

Naquela noite, uma estrela enorme, fulgurante, maravilhosa, brilhou sobre a Terra. Povos de todo o mundo a viram, pois ela brilhou ainda por muitas noites. Ela chamou a ateno dos reis e dos sbios, dos pequeninos e dos humildes. Aquela estrela brilhou, majestosa, para anunciar o acontecimento mais importante da Histria. Para anunciar que o dia mais esperado de todos os tempos, o dia prometido pelo qual o Povo Escolhido esperava havia milnios, havia chegado. No foi apenas a estrela brilhante que anunciou esse dia. Anjos cantaram no Cu para comemorar: "Hosana nas alturas! Bendito O que vem em nome do Senhor!" O Filho de Deus acabava de nascer.

Voc j parou para pensar em como esse acontecimento maravilhoso e cheio de significados?

Ao nascer como homem, como pequena e frgil criana, Deus fez-se carne. Deus, na pessoa do Filho, assumiu a forma da sua criatura. Deus escolheu viver entre ns, como ns, padecendo as mesmas sofrimentos, compartilhando as mesmas alegrias. Deus decidiu sentir frio, calor, medo, dor, mas tambm o carinho de uma famlia, o calor da amizade, o prazer do sorriso. Ora, somente um gesto pode demonstrar mais amor do que esse de nascer como ns e viver junto de ns: morrer por ns, um milagre que ocorreu pouco mais de trinta anos depois dessa noite.

Pense no assombro dos pastores quando foram surpreendidos no meio da noite por uma multido de anjos. E em sua alegria, logo em seguida, de poder estar os primeiros do mundo inteiro diante de Deus feito homem. Pense nos reis magos, que estavam acostumados com todo luxo e toda pompa, que haviam procurado Deus durante a vida inteira e foram encontr-Lo envolto em trapos, pequenino, numa estrebaria. Pense em Maria e Jos, que tinham diante de si a responsabilidade infinita, a honra e o prazer nicos de serem os pais terrenos de Deus.

Ao nascer em meio simplicidade, longe do conforto, cercado de pessoas simples, Jesus tambm d um recado. Os homens costumam valorizar o status, o poder, as aparncias. Deus ignora essas coisas. Os pobres pastores judeus e os ricos Magos da Prsia o encontram. o sinal de que Ele veio para todos os homens e para todas as mulheres, de todos os lugares.

Os significados do Natal so to gigantescos e surpreendentes que no possvel falar de todos num pequeno texto. Apenas temos que lembrar que a noite mais importante de todos os tempos e sua importncia essa: a noite em que Jesus Cristo, o Filho de Deus, nasceu entre os homens. o dia em que comea uma longa caminhada que culminar com a Ressurreio, com a vitria sobre a morte. por isso que, na poca do Natal, as pessoas ficam mais solidrias, mais abertas ao amor. Ora, foi nesse dia que o Amor se fez carne.

por isso tambm que importante valorizar o real significado do Natal. Papai Noel, presentes, decorao natalina, ceia. Essas coisas todas so boas, mas no so o essencial. O que importa celebrar o nascimento de Jesus, o que importa nos oferecermos a Ele, saud-lo e honrar o seu nascimento mudando os nossos coraes, buscando verdadeiramente a santidade. De nada adianta fazer uma grande festa se ainda nos prendemos ao pecado. De nada adianta entoar cnticos se no mudarmos de vida, se no buscarmos seguir o caminho que Jesus nos aponta. Devemos deixar Cristo nascer em ns, para que possamos renascer com Ele. Isso sim, Natal.--

Preparemo-nos para o nascimento do Menino Deus

No sexto ms, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus para uma cidade da Galilia, chamada Nazar, a uma virgem, prometida em casamento a um homem, chamado Jos, da casa de Davi. O nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, o anjo lhe disse: Alegra-te, cheia de graa, o Senhor est contigo! Ao ouvir as palavras, ela se perturbou e refletia no que poderia significar a saudao. Mas o anjo lhe falou: No tenhas medo, Maria, porque encontraste graa diante de Deus. Eis que concebers e dars luz um filho e lhe pors o nome de Jesus. Ele ser grande e ser chamado Filho do Altssimo. O Senhor Deus lhe dar o trono de Davi, seu pai. Ele reinar na casa de Jac pelos sculos e seu reinado no ter fim.Maria perguntou ao anjo: Como acontecer isso, pois no conheo homem? Em resposta o anjo lhe disse: O Esprito Santo vir sobre ti e o poder do Altssimo te cobrir com sua sombra; por isso que o menino santo que vai nascer ser chamado Filho de Deus... porque para Deus nada impossvel.

Disse ento Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Acontea comigo segundo tua palavra! assim que So Lucas nos relata, no primeiro captulo de seu Evangelho, esse momento sublime da nossa Histria. Naquele dia, quando a jovem noiva foi surpreendida pelo anjo a lhe dar a mais importante notcia de todos os tempos, sua resposta, o seu sim! abriu as portas da salvao para todos ns.

O Natal se aproxima e devemos nos preparar para receber o Menino Santo, o Filho de Deus, como Maria se preparou. Devemos ter a mesma coragem que ela e So Jos tiveram para abrir mo de seus projetos a fim de cumprir a misso que Deus lhes confiou, aceitando a grande responsabilidade de serem pais terrenos de Jesus, suportando bravamente as dificuldades. Precisamos ter a mesma f, a mesma fortaleza, o mesmo desprendimento.

Maria foi escolhida para ser a me do Salvador. E ela foi convidada: poderia ter se recusado. Se isso tivesse acontecido, tudo seria diferente. Mas Maria colocou-se nas mos de Deus, fez-se serva do Senhor e acolheu Jesus Cristo em seu seio. Do mesmo modo, So Jos poderia ter se recusado a ser o casto pai terreno de Cristo. Poderia ter se afastado, procurado outra mulher, outra vida. Mas no o fez. So Jos tambm colocou-se nas mo de Deus, fez renncias e viveu como servo do Senhor. Nada lhe foi imposto, ele tambm foi convidado.

Assim como Maria e Jos, ns tambm somos convidados a aceitar Jesus, a nos fazermos servos de Deus. Mas que papel faremos ns? Papel semelhante ao de Maria e de Jos, acolhendo o Salvador? Ou papel semelhante aos dos moradores de Belm, que trancaram suas portas, fecharam suas estalagens? A escolha nossa.

Talvez voc se pergunte: o que, afinal de contas, significa aceitar Jesus, dizer a Ele o nosso sim? Significa mudar de vida, significa renascer com Ele. Significa deixar para trs medos, fraquezas e vcios. Voc se importa demais com dinheiro? Aprenda a reparti-lo. Voc s quer saber de si mesmo? Aprenda a amar. Voc valoriza demais a aparncia? Aprenda a relaxar. Voc prefere gastar seu tempo com TV, jogos, bebida, internet? Aprenda a se dedicar a coisas teis e construtivas para o seu prximo. Voc vive brigando com sua famlia? Busque a reconciliao. Tudo isso apenas um comeo, pois a caminhada longa, mas recompensadora. sinuosa, mas guiada por Jesus Cristo em pessoa. rdua, mas apoiada pelo prprio Deus.

O Natal se aproxima. momento de procurar ser homens e mulheres melhores: mais amveis, mais prestativos, mais castos, mais alegres, mais fiis, mais leais, mais fortes, mais humildes, mais solidrios. E, quando o Natal passar, continuarmos assim, progredindo, melhorando.

Vivamos este Natal com profunda alegria. Afinal, estamos comemorando o nascimento de uma criana bela e amorosa, que cresceu para se tornar o melhor ser humano de todos os tempos. E mais: estamos comemorando a chegada, em nosso meio, em carne e osso, do prprio Deus. momento de muita festa, de muita comemorao, de muita alegria. momento de perdo, de partilha, de unio.

com tais atos, com tal disposio, que estaremos dizendo, ento, como fez Maria: Senhor, eis aqui o seu servo. Faa-se em mim segundo a sua vontade.--

o Natal que se aproxima Um belo texto que circula pela Internet:

Autor: Reinaldo C. MoscattoFinal do ano. Andando pelas ruas das cidades, percebemos que as casas comeam a ser enfeitadas. O comrcio apresenta suas fachadas luminosas, vitrines decoradas com muitas cores. Atrativos os mais diversos para o consumo. o Natal do mundo materialista. Do velhinho de barbas.

o Natal que se aproxima. Ns nos transformamos. Floresce o esprito de fraternidade, solidariedade, caridade e amor, como nunca. Festas de confraternizao so organizadas. Trocam-se presentes. Doam-se cestas de alimentos. Famlias se renem. Ceias e almoos se realizam. o Natal que se aproxima. E o aniversariante?! Sabemos de fato o que representa o Natal? Jesus! O Salvador. A verdadeira razo do Natal no tem vez.

o Natal que se aproxima. Natal todo dia e comea em nossos lares; no trabalho; no grupo de amigos; no clube que freqentamos; a vivncia e a prtica dos ensinamentos do Mestre. Se Jesus, o aniversariante, ocupasse em nossos coraes o espao que lhe de direito, o mundo seria bem melhor. No haveria tanta violncia; crianas e pedintes pelas ruas; casamentos desfeitos; traies; guerras; tantas doenas provocadas pela prtica desenfreada do sexo; os nossos polticos pensariam, com certeza, nos menos favorecidos; no haveria tantas injustias sociais; o empresrio no seria to ganancioso; o empregado seria mais consciente de suas obrigaes; no haveria tanto desemprego; no seramos falsos cristos que freqentamos missas e cultos, mas no vivificamos os ensinamentos de Jesus.

o Natal que se aproxima. Natal partilhar o que somos e o que temos,principalmente com aqueles que no so respeitados como gente. Natal todo dia. saber perdoar, dialogar e esquecer as ofensas recebidas; ouvir; deixar o egosmo e descobrir que o mundo no existe apenas em volta de voc; reconhecer o erro e pedir desculpas; respeitar a esposa(o); fazer do lar um lar verdadeiramente cristo; os cristos se respeitando e deixando de lado suas diferenas doutrinrias para juntos anunciarem a boa nova que Jesus Cristo. saber fazer uso do dinheiro; o sexo por amor e no pelo desejo; ter humildade e no fazer do poder o objetivo da prpria existncia.

Natal todo dia. pensar como Jesus pensou; procurar fazer o que ele fez e amar como ele amou. O Natal que eu quero e desejo para voc o verdadeiro Natal cristo. O Natal que eu quero e desejo para voc um Natal dirio, repleto de amor e paz, cheio da presena de Jesus Cristo. Que a paz de Jesus esteja convosco!.

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H O M I L I A

Is 9,1-6.Depois de ter evocado a triste situao do povo no exlio (v. 1a), o profeta apresenta a salvao em seu aspecto de luz (v. 1; Jo 8,12), de alegria (v. 2; Lc 2,9-10), de libertao (v. 4; Cl 1,12-14; At 26,18); referncia grande vitria de Gedeo sobre os medianitas (Jz 7) e completa o seu cntico com a descrio do libertador (vv. 5-6). Os ltimos dois versculos: ao libertador, isto , ao menino que nasceu para ns, so atribudas, de modo eminente, todas as virtudes dos heris de Israel: a SABEDORIA de SALOMO, a CORAGEM de DAVI, a PIEDADE de MOISS e dos PATRIARCAS; o verdadeiro EMANUEL (Is 7,14; Gn 3,15; 49,10; Mq 5,1-3; Zc 9,9; II Sm 7,12-16).

Tt 2,11-14.Neste trecho da carta Paulo desenvolve trs pontos:1) D o sentido da vinda (natal) de Cristo a ns; a manifestao da graa de Deus e fonte da salvao (v. 11; 3,4; Jo 1,14.16). A graa do Batismo mete-nos no caminho da renncia (recordem-se as renncias do ritual do Batismo), pois sem renncia no se pode seguir a Cristo (Lc 9,23).2) Descreve com poucas palavras a obra salvfica realizada por Cristo (v. 14; Rm 3,24; Ef 5,25-27). Um povo especialmente seu, isto , a Igreja, povo que Jesus Cristo conquista, no pelo poder das armas, mas pelo resgate do seu sangue redentor. A Igreja o novo povo de Deus.3) Indica como, baseando-se nesta verdade e no exemplo de Cristo, deve orientar-se a vida de todo cristo: RENUNCIAR AO MAL (v. 12a; Tg 4,4; I Jo 2,15-17; I Pd 4,1-2), VIVER NA JUSTIA E NA PIEDADE (v. 12b; I Cor 1,8; Ef 1,4; Fl 1,10; Cl 1,9-10) e ESPERAR O NOSSO GRANDE DEUS E SALVADOR JESUS (v. 13; I Ts 1,10; 4,16-17). A ltima expresso professa com clareza a divindade de Cristo.

Lc 2,1-14.So apresentados aqui dois fatos histricos essenciais: a IDA DE JOS E MARIA A BELM NO TEMPO DE CSAR AUGUSTO (o imperador Otvio, que reinou dos anos 27 a. C. a 14 d. C.) e o NASCIMENTO DE JESUS NA POBREZA. Tem carter pascal: Jesus j chamado Cristo-Senhor (cf. Fl 2,9-11; esse nome lhe dado na ressurreio) e Salvador. Sua NATIVIDADE, j cumprimento (das profecias), , entretanto, sempre tenso para outro cumprimento: a PSCOA.Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Encarnao continuada.

OS SINAIS DA NOITE SANTA DO NATAL

LUZ

Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo (Antfona de Entrada).

Deus... fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz... (Orao do Dia).

Deus... iluminais esta noite santa com a glria da ressurreio do Senhor... (Orao do Dia). ... agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado invade o nosso corao... (Aurora de Natal, Orao do Dia).

Enquadra-se s mil maravilhas na noite de Natal, em que uma luz comeou a brilhar. Esta luz o Menino (v. 5) que nasce para ns nesta noite, luz do mundo (Jo 8, 12; 1, 5.9).

CRIANA

Jesus no uma tradio anual, no um mito, no uma fbula; parte verdadeira da nossa histria humana.Para reconquistar os homens, para elev-los a si, para falar com eles, Deus veio a este mundo como uma criana. O se nome Deus vem salvar-nos. Salvador em nossa lngua o nome mais elevado para Jesus de Nazar; SALVADOR. Um salvador na figura de uma criana , um salvador to vulnervel, to frgil e desarmado como uma criana.Jesus que nasce a Palavra de Deus que se fez carne, ns, seres humanos, somos levados talvez a nos deter mais na criancinha, terna e frgil do que em seu aspecto de Verbo encarnado.... a frgil criancinha que jaz na manjedoura o salvador do mundo. Isto a importante mensagem do Natal sem mito nem lenda (R. Schnackenburg).

POBREZA

Jesus veio, pobre, vazio de si.Knsis = auto-esvaziamento.Flp 2,7-11: 7...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente at morte, e morte de cruz. 9 Por isso, tambm Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que esto nos cus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a lngua confesse que Jesus Cristo o SENHOR, para glria de Deus Pai.

1 Leitura (Is 52,7-10)Esta pgina maravilhosa de Isaas que se refere boa nova do fim do desterro trazida a Jerusalm pelos belos ps do mensageiro do mensageiro que anuncia a paz, serve, na Liturgia de hoje, como de um hino triunfal a Cristo que vem terra. 10 O Senhor descobre o seu santo brao. Antropomorfismo que contm uma expressiva e frequente metfora: o brao designa o poder e a fora. Descobrir o brao manifestar o poder.

2 Leitura (Hb 1,1-6)Hebreus, o clebre escrito doutrinal e exortatrio, comea com um prlogo solene que nos situa, sem rodeios, perante a suma dignidade da pessoa de Jesus Cristo, semelhana do prlogo do Evangelho de S. Joo. Comea por mostrar que nEle que o Pai nos fala e se revela de modo exaustivo e definitivo, em contraste com toda a revelao anterior, fragmentria, variada e feita numa fase da histria da salvao j superada. Falou-nos por seu Filho, por isso a histria da salvao chegou ao seu apogeu e plenitude, de modo que j no h lugar para mais nenhuma revelao ulterior (cf. DV, 4). Como observa S. Joo da Cruz, o Pai tendo-nos dito a sua prpria Palavra, j no tem mais outra palavra para nos dizer (cf. Subida ao Monte Carmelo, 2, 22). 3 Esplendor da glria de Deus. Frmula muito expressiva no original, mas dificilmente traduzvel em toda a sua riqueza. O Filho a irradiao da substncia do Pai, distinto dEle, mas da mesma substncia; Deus de Deus, luz de luz, como diz o smbolo de Niceia para exprimir a processo ou origem do Filho no Pai, sendo com Ele um mesmo e nico Deus. Imagem do ser divino. letra, reproduo da sua essncia. Mais que imagem, quer significar, no original, a marca deixada pelo sinete no lacre, por um selo branco no papel, ou pela matriz na moeda cunhada. O Filho identifica-se com o Pai, quanto ao ser divino, mas esta imagem pe em evidncia sobretudo a distino de Pessoas na igualdade, como o cunho se distingue do objecto cunhado. A primeira expresso visa mais a identidade da natureza (esplendor, ou luz e irradiao).

Evangelho (Jo 1,1-18)A leitura evanglica de hoje o prlogo do IV Evangelho, que constitui a chave para uma profunda compreenso de toda a obra do discpulo amado e da Pessoa adorvel de Jesus Cristo: Ele o Verbo incriado, o Deus Unignito, que assumiu a nossa condio humana e nos oferece a possibilidade de ser filhos de Deus. Discute-se se o Evangelista comps este texto para encabear a sua obra, ou se aproveitou algum hino litrgico j existente (a que acrescentaria os vv. 6-9.13.15.17-18). Tem a forma dum poema em que os seus 18 versos que se podem agrupar em 4 estrofes (vv. 1-5; 6-8; 9-13; 14-18), cada uma com uma ideia central, que se vai ampliando e esclarecendo progressivamente. Este prlogo como uma solene abertura de uma grande obra musical, onde os grandes temas a desenvolver ao longo do Evangelho comeam por ser apontados: o Verbo Incarnado, Luz e Vida dos homens, Messias e revelador do Pai, os testemunhos a seu favor, a resposta humana de aceitao ou de rejeio, bem como as consequncias de transcendental importncia que tem a dramtica alternativa em que o homem posto perante a pessoa de Jesus. 1 No princpio. Esta expresso faz-nos pensar no incio do Gnesis, onde se falava da Primeira Criao, que culminou com a criao do homem; no IV Evangelho fala-se duma Nova Criao, a Redeno operada pelo Verbo Incarnado, que culmina na elevao do homem dignidade de filho de Deus. A prpria noo de princpio diferente em Gn 1, 1 e em Jo 1, 1: l designava o incio do tempo, aqui exprime o princpio absoluto que transcende o tempo e nos situa na prpria eternidade de Deus. muito expressivo o imperfeito de durao do verbo grego eimi repetido no v. 1, com trs matizes: havia ou existia, estava, era, em contraposio com o aoristo de verbo gnomai no v. 3: tudo foi feito, ao passo que o Verbo existia, permanecia na existncia (havia o Verbo)! No possvel fazer uma afirmao mais forte e clara da divindade de Jesus o Verbo que se fez homem (v. 14) do que esta com que S. Joo inicia o seu Evangelho: O Verbo era Deus. Com razo desde os Santos Padres o IV Evangelista figurado pela guia (cf. Ez 1, 10), pois o seu voo sobe de chofre at s alturas da divindade de Cristo e o seu olhar aquilino penetra nas profundezas do mistrio da Pessoa divina de Jesus, no seio da Santssima Trindade. 3 Tudo foi feito por Ele. Esta expresso no significa que o Verbo foi o meio ou instrumento de que o Pai se serviu para criar. Ele age juntamente com o Pai e com o mesmo e nico poder. A preposio grega di (por) no se usa com genitivo para indicar apenas a causa instrumental; tambm pode indicar a causa principal como aqui o caso e em Rom 11, 36. Esta expresso tambm evidencia que o Verbo no criatura, uma vez que tudo o que foi feito, foi feito por Ele, em aberto contraste com a sabedoria, que Provrbios e Eclesistico personificam (Prov 8, 22 ss; Sir 1, 4; 24, 8-9), a qual foi criada e nasceu. 4 Vida. Luz. So estes dois dos grandes temas do IV Evangelho (cf. Jo 8, 12; 14, 6). A Vida era a Luz dos Homens: o Verbo a Luz da Vida (Jo 8, 12), Luz que conduz Vida, Vida que Luz, e Luz que Vida. So dois conceitos que caracterizam a esfera da divindade, em oposio antagnica com as trevas, que so o reino de Satans e seus sequazes. Este antagonismo que est patente ao longo dos escritos paulinos e joaninos, era corrente na literatura da poca tanto judaica (em especial de Qumr), como depois na gnstica. 5 As trevas no a receberam. Tambm se pode traduzir no a compreenderam, ou no a dominaram (tendo em conta o contexto joanino da luta entre a luz e as trevas). 6-8 Joo no se interessa no seu Evangelho por nos dar a conhecer a vida ou a pregao moral do seu antigo mestre (Jo 1, 37 ss), mas no perde uma ocasio de pr em realce o seu testemunho em favor de Jesus (Jo 1, 16.19.29.35; 3, 27; 5, 33). A insistncia, em especial nestes versculos do prlogo (6-8.15) que interrompem o ritmo do poema, concretamente ao dizer que Joo no era a Luz, pode dever-se a querer refutar os joanitas, uma espcie de seita que seguia o Baptista, sem ter chegado a aderir a Cristo (cf. Act 19, 3-4). 9 Este versculo tem diversas tradues legtimas; a litrgica segue a traduo prefervel da Neovulgata, ao passo que a Vulgata dizia: era a luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo. 10 No O conheceu, isto , no O reconheceu como o Verbo de Deus e Salvador. 11 Os seus poderia designar o povo de Israel, enquanto propriedade de Deus (cf. Ex 19, 5; Dt 7, 6), mas parece designar, dado o paralelismo com o v. anterior, a humanidade no seu conjunto. A observao amarga de S. Joo (cf. Jo 12, 37) no tem vigncia s para o dia de Natal (cf. Lc 2, 7), pois tambm cada um de ns sempre pode acolher melhor a Jesus. 12 Deu-lhes o poder, isto , concedeu-lhes a graa, dom e favor inteiramente gratuito que supera as possibilidades de qualquer criatura. O Filho de Deus fez-se homem, para que os filhos do homem, os filhos de Ado, se fizessem filhos de Deus... Ele o Filho de Deus por natureza, ns pela graa (Santo Atansio). 13 E estes. Textos muito antigos e de grande valor tm o singular Este (adoptado pela Bblia de Jerusalm) referido a Jesus, indicando assim simultaneamente a concepo e o parto virginal da Santssima Virgem (um nascimento sem sangue). 14 Duma penada, S. Joo exprime toda a riqueza do mistrio do Natal, sem se deter a narrar os seus pormenores, como S. Lucas. Fez-se carne um hebrasmo para dizer que Se fez homem; de qualquer modo, pe-se o acento no aspecto mortal e passvel: o Verbo eterno, a Segunda Pessoa divina, torna-se um de ns, sem deixar de ser Deus, em tudo igual a ns, excepto no pecado (cf. Hbr 4, 15). Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Incarnao continuada. A Glria do Verbo incarnado, que S. Joo e os demais viram, a manifestao externa da sua divindade: os seus milagres, a sua transfigurao, a sua ressurreio, etc.. Filho Unignito. S. Joo, ao longo de todo o seu Evangelho, tem o cuidado de sempre reservar um termo grego para designar Jesus como Filho do Pai yis , usando outra palavra para se referir a ns, enquanto filhos de Deus: tknon (cf. v. 12). Ns tornamo-nos filhos de Deus, (v. 12), ao passo que Jesus o Filho por natureza, igual ao Pai, o Unignito (vv. 14.18). O termo Unignito (muitos traduzem por nico) presta-se a exprimir o que a Teologia veio a explicitar como a gerao eterna e nica do Verbo no Pai. Cheio de graa e de verdade. S. Joo aplica ao Verbo incarnado a mesma definio que Yahwh d de Si mesmo a Moiss em Ex 34, 6: Deus de muito amor e fidelidade. Por um lado, mais uma referncia divindade de Cristo, por outro, pe em relevo as qualidades que resumem a grandeza do seu Corao de pontfice misericordioso e fiel (Hebr 2, 17). 16 Graa sobre graa, isto , graas em catadupa, umas atrs das outras, procedentes da plenitude de Cristo, como duma fonte inexaurvel (cf. Jo 7, 37-39), ou tambm, como pensam alguns, graa aps graa, ou graa em vez de graa (Cristo-Moiss, Antiga-Nova Aliana), ou ainda graa correspondente graa (a do Verbo: graa criada-graa incriada). 17 Jesus Cristo aqui identificado explicitamente com o Verbo. A Lei mosaica limitava-se a dar normas, mas s por si no podia salvar ningum, s a graa que Cristo nos trouxe a salvao. 18 A Deus nunca ningum O viu. Todas as vises de Deus eram indirectas, pois o homem no pode ver a Deus sem morrer (cf. Ex 19, 21; Is 6, 5), mas em Jesus temos a mxima manifestao de Deus criatura nesta vida, a tal ponto que, mesmo sem contemplarmos a essncia divina, quem v a Jesus v o Pai (Jo 14, 9). Com a Incarnao do Verbo temos a maior revelao de Deus Humanidade.O Filho Unignito, que est no seio do Pai. Outra variante possvel na transmisso do texto original: Deus Unignito (adoptada pela Neovulgata).

O MESSIAS, PRNCIPE DA PAZ

A paz, dom de Deus.I. A PAZ um dos grandes bens constantemente implorados no Antigo Testamento. um dom prometido ao povo de Israel como recompensa pela sua fidelidade1, e aparece como uma obra de Deus2 da qual se seguem incontveis benefcios. Mas a verdadeira paz chegar terra com a vinda do Messias. Por isso os anjos anunciam cantando: Glria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade3. O Advento e o Natal so tempos especialmente adequados para aumentarmos a paz em nossos coraes: so tempos tambm para pedirmos a paz deste mundo cheio de conflitos e de insatisfaes.Olhai: o Senhor chega com fora a fim de visitar o seu povo com a paz e dar-lhe a vida eterna4. Isaas recorda-nos na primeira leitura da Missa que na era messinica o lobo e o cordeiro habitaro juntos e o leopardo se deitar ao lado do cabrito; o bezerro e o leozinho pastaro juntos5. Com o Messias, renovam-se a paz e a harmonia do comeo da Criao e inaugura-se uma nova ordem.O Senhor o Prncipe da paz6, e desde o momento em que nasce traz-nos uma mensagem de paz e de alegria, da nica paz verdadeira e da nica alegria permanente. Depois, ir semeando-as sua passagem por todos os caminhos: A paz esteja convosco; sou eu, no temais7. A presena de Cristo em nossas vidas fonte de uma paz serena e inaltervel, sejam quais forem as circunstncias: Sou eu, no temais, diz-nos Ele.Os ensinamentos do Senhor constituem a boa nova da paz8. E este tambm o tesouro que Ele deixou em herana aos seus discpulos de todos os tempos: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; no vo-la dou como a d o mundo9. A paz sobre a terra, nascida do amor ao prximo, imagem e efeito da paz de Cristo, que procede de Deus Pai. Com efeito, o prprio Filho encarnado, Prncipe da paz, reconciliou todos os homens com Deus por meio da sua cruz [...], deu morte ao dio na sua prpria carne e, depois do triunfo da sua ressurreio, infundiu o Esprito de amor no corao dos homens10. A paz do Senhor transcende por completo a paz do mundo, que pode ser superficial e aparente, resultado talvez do egosmo e compatvel com a injustia.Cristo a nossa paz11 e a nossa alegria; o pecado, pelo contrrio, semeia solido, inquietao e tristeza na alma. A paz do cristo, to necessria para a convivncia, fruto do combate contra as prprias paixes, sempre inclinadas desordem.A confisso sincera dos nossos pecados um dos principais meios dispostos por Deus para nos restituir a paz perdida pelo pecado ou pela falta de correspondncia graa. Paz com Deus, efeito da justificao e do afastamento do pecado; paz com o prximo, fruto da caridade difundida pelo Esprito Santo; e paz conosco prprios, a paz da conscincia, proveniente da vitria sobre as paixes e sobre o mal12.Recuperar a paz, se a tivermos perdido, uma das melhores manifestaes de caridade para com os que esto nossa volta, e tambm a primeira tarefa que devemos acometer para prepararmos no nosso corao a vinda do Menino-Deus.

(1) Lev 26, 6; (2) Is 26, 12; (3) Lc 2, 14; (4) Antfona da Liturgia das Horas; (5) cfr. Is 11, 1-10; (6) Is 9, 6; (7) Lc 24, 36; (8) At 10, 36; (9) Jo 14, 27; (10) Conclio Vaticano II, Constituio Gaudium et spes, 78; (11) Ef 2, 14; (12) Joo Paulo II, Discurso ao UNIV-86, Roma, 24-III-1986;

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H O M I L I AIs 9,1-6.Depois de ter evocado a triste situao do povo no exlio (v. 1), o profeta apresenta a salvao em seu aspecto de luz (v. 1; Jo 8,12), de alegria (v. 2; Lc 2,9-10), de libertao (v. 4; Cl 1,12-14; At 26,18); referncia grande vitria de Gedeo sobre os medianitas (Jz 7) e completa o seu cntico com a descrio do libertador (vv. 5-6). Os ltimos dois versculos: ao libertador, isto , ao menino que nasceu para ns, so atribudas, de modo eminente, todas as virtudes dos heris de Israel: a SABEDORIA de SALOMO, a CORAGEM de DAVI, a PIEDADE de MOISS e dos PATRIARCAS; o verdadeiro EMANUEL (Is 7,14; Gn 3,15; 49,10; Mq 5,1-3; Zc 9,9; II Sm 7,12-16).

Tt 2,11-14.Neste trecho da carta Paulo desenvolve trs pontos:1) D o sentido da vinda (natal) de Cristo a ns; a manifestao da graa de Deus e fonte da salvao (v. 11; 3,4; Jo 1,14.16). A graa do Batismo mete-nos no caminho da renncia (recordem-se as renncias do ritual do Batismo), pois sem renncia no se pode seguir a Cristo (Lc 9,23).2) Descreve com poucas palavras a obra salvfica realizada por Cristo (v. 14; Rm 3,24; Ef 5,25-27). Um povo especialmente seu, isto , a Igreja, povo que Jesus Cristo conquista, no pelo poder das armas, mas pelo resgate do seu sangue redentor. A Igreja o novo povo de Deus.3) Indica como, baseando-se nesta verdade e no exemplo de Cristo, deve orientar-se a vida de todo cristo: RENUNCIAR AO MAL (v. 12a; Tg 4,4; I Jo 2,15-17; I Pd 4,1-2), VIVER NA JUSTIA E NA PIEDADE (v. 12b; I Cor 1,8; Ef 1,4; Fl 1,10; Cl 1,9-10) e ESPERAR O NOSSO GRANDE DEUS E SALVADOR JESUS (v. 13; I Ts 1,10; 4,16-17). A ltima expresso professa com clareza a divindade de Cristo.

Lc 2,1-14.So apresentados aqui dois fatos histricos essenciais: a IDA DE JOS E MARIA A BELM NO TEMPO DE CSAR AUGUSTO (o imperador Otvio, que reinou dos anos 27 a. C. a 14 d. C.) e o NASCIMENTO DE JESUS NA POBREZA. Tem carter pascal: Jesus j chamado Cristo-Senhor (cf. Fl 2,9-11; esse nome lhe dado na ressurreio) e Salvador. Sua NATIVIDADE, j cumprimento (das profecias), , entretanto, sempre tenso para outro cumprimento: a PSCOA.Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Incarnao continuada.

OS SINAIS DA NOITE SANTA DO NATAL

LUZ

Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo (Antfona de Entrada).

Deus... fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz... (Orao do Dia).

Deus... iluminais esta noite santa com a glria da ressurreio do Senhor... (Orao do Dia). ... agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado invade o nosso corao... (Aurora de Natal, Orao do Dia).

Enquadra-se s mil maravilhas na noite de Natal, em que uma luz comeou a brilhar. Esta luz o Menino (v. 5) que nasce para ns nesta noite, luz do mundo (Jo 8, 12; 1, 5.9).

CRIANA

Jesus no uma tradio anual, no um mito, no uma fbula; parte verdadeira da nossa histria humana.Para reconquistar os homens, para elev-los a si, para falar com eles, Deus veio a este mundo como uma criana. O se nome Deus vem salvar-nos. Salvador em nossa lngua o nome mais elevado para Jesus de Nazar; SALVADOR. Um salvador na figura de uma criana , um salvador to vulnervel, to frgil e desarmado como uma criana.Jesus que nasce a Palavra de Deus que se fez carne, ns, seres humanos, somos levados talvez a nos deter mais na criancinha, terna e frgil do que em seu aspecto de Verbo encarnado.... a frgil criancinha que jaz na manjedoura o salvador do mundo. Isto a importante mensagem do Natal sem mito nem lenda (R. Schnackenburg).

POBREZA

Jesus veio, pobre, vazio de si.Knsis = auto-esvaziamento.Flp 2,7-11: 7...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente at morte, e morte de cruz. 9 Por isso, tambm Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que esto nos cus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a lngua confesse que Jesus Cristo o SENHOR, para glria de Deus Pai.

HOMILIA

Isaas 52, 7-10.Esta pgina maravilhosa de Isaas que se refere boa nova do fim do desterro trazida a Jerusalm pelos belos ps do mensageiro do mensageiro que anuncia a paz, serve, na Liturgia de hoje, como de um hino triunfal a Cristo que vem terra. 10 O Senhor descobre o seu santo brao. Antropomorfismo que contm uma expressiva e freqente metfora: o brao designa o poder e a fora. Descobrir o brao manifestar o poder.

Hebreus 1, 1-6.Hebreus, o clebre escrito doutrinal e exortatrio, comea com um prlogo solene que nos situa, sem rodeios, perante a suma dignidade da pessoa de Jesus Cristo, semelhana do prlogo do Evangelho de S. Joo. Comea por mostrar que nEle que o Pai nos fala e se revela de modo exaustivo e definitivo, em contraste com toda a revelao anterior, fragmentria, variada e feita numa fase da histria da salvao j superada. Falou-nos por seu Filho, por isso a histria da salvao chegou ao seu apogeu e plenitude, de modo que j no h lugar para mais nenhuma revelao ulterior (cf. DV, 4). Como observa S. Joo da Cruz, o Pai tendo-nos dito a sua prpria Palavra, j no tem mais outra palavra para nos dizer (cf. Subida ao Monte Carmelo, 2, 22). 3 Esplendor da glria de Deus. Frmula muito expressiva no original, mas dificilmente traduzvel em toda a sua riqueza. O Filho a irradiao da substncia do Pai, distinto dEle, mas da mesma substncia; Deus de Deus, luz de luz, como diz o smbolo de Nicia para exprimir a processo ou origem do Filho no Pai, sendo com Ele um mesmo e nico Deus.

Imagem do ser divino. letra, reproduo da sua essncia. Mais que imagem, quer significar, no original, a marca deixada pelo sinete no lacre, por um selo branco no papel, ou pela matriz na moeda cunhada. O Filho identifica-se com o Pai, quanto ao ser divino, mas esta imagem pe em evidncia sobretudo a distino de Pessoas na igualdade, como o cunho se distingue do objeto cunhado. A primeira expresso visa mais a identidade da natureza (esplendor, ou luz e irradiao).

Joo 1, 1-18.A leitura evanglica de hoje o prlogo do IV Evangelho, que constitui a chave para uma profunda compreenso de toda a obra do discpulo amado e da Pessoa adorvel de Jesus Cristo: Ele o Verbo incriado, o Deus Unignito, que assumiu a nossa condio humana e nos oferece a possibilidade de ser filhos de Deus. Discute-se se o Evangelista comps este texto para encabear a sua obra, ou se aproveitou algum hino litrgico j existente (a que acrescentaria os vv. 6-9.13.15.17-18). Tem a forma dum poema em que os seus 18 versos que se podem agrupar em 4 estrofes (vv. 1-5; 6-8; 9-13; 14-18), cada uma com uma idia central, que se vai ampliando e esclarecendo progressivamente. Este prlogo como uma solene abertura de uma grande obra musical, onde os grandes temas a desenvolver ao longo do Evangelho comeam por ser apontados: o Verbo Incarnado, Luz e Vida dos homens, Messias e revelador do Pai, os testemunhos a seu favor, a resposta humana de aceitao ou de rejeio, bem como as conseqncias de transcendental importncia que tem a dramtica alternativa em que o homem posto perante a pessoa de Jesus. 1 No princpio. Esta expresso faz-nos pensar no incio do Gnesis, onde se falava da Primeira Criao, que culminou com a criao do homem; no IV Evangelho fala-se duma Nova Criao, a Redeno operada pelo Verbo Incarnado, que culmina na elevao do homem dignidade de filho de Deus. A prpria noo de princpio diferente em Gn 1, 1 e em Jo 1, 1: l designava o incio do tempo, aqui exprime o princpio absoluto que transcende o tempo e nos situa na prpria eternidade de Deus. muito expressivo o imperfeito de durao do verbo grego eimi repetido no v. 1, com trs matizes: havia ou existia, estava, era, em contraposio com o aoristo de verbo gnomai no v. 3: tudo foi feito, ao passo que o Verbo existia, permanecia na existncia (havia o Verbo)! No possvel fazer uma afirmao mais forte e clara da divindade de Jesus o Verbo que se fez homem (v. 14) do que esta com que S. Joo inicia o seu Evangelho: O Verbo era Deus. Com razo desde os Santos Padres o IV Evangelista figurado pela guia (cf. Ez 1, 10), pois o seu vo sobe de chofre at s alturas da divindade de Cristo e o seu olhar aquilino penetra nas profundezas do mistrio da Pessoa divina de Jesus, no seio da Santssima Trindade. 3 Tudo foi feito por Ele. Esta expresso no significa que o Verbo foi o meio ou instrumento de que o Pai se serviu para criar. Ele age juntamente com o Pai e com o mesmo e nico poder. A preposio grega di (por) no se usa com genitivo para indicar apenas a causa instrumental; tambm pode indicar a causa principal como aqui o caso e em Rom 11, 36. Esta expresso tambm evidencia que o Verbo no criatura, uma vez que tudo o que foi feito, foi feito por Ele, em aberto contraste com a sabedoria, que Provrbios e Eclesistico personificam (Prov 8, 22 ss; Sir 1, 4; 24, 8-9), a qual foi criada e nasceu.

4 Vida. Luz. So estes dois dos grandes temas do IV Evangelho (cf. Jo 8, 12; 14, 6). A Vida era a Luz dos Homens: o Verbo a Luz da Vida (Jo 8, 12), Luz que conduz Vida, Vida que Luz, e Luz que Vida. So dois conceitos que caracterizam a esfera da divindade, em oposio antagnica com as trevas, que so o reino de Satans e seus sequazes. Este antagonismo que est patente ao longo dos escritos paulinos e joaninos, era corrente na literatura da poca tanto judaica (em especial de Qumr), como depois na gnstica. 5 As trevas no a receberam. Tambm se pode traduzir no a compreenderam, ou no a dominaram (tendo em conta o contexto joanino da luta entre a luz e as trevas). 6-8 Joo no se interessa no seu Evangelho por nos dar a conhecer a vida ou a pregao moral do seu antigo mestre (Jo 1, 37 ss), mas no perde uma ocasio de pr em realce o seu testemunho em favor de Jesus (Jo 1, 16.19.29.35; 3, 27; 5, 33). A insistncia, em especial nestes versculos do prlogo (6-8.15) que interrompem o ritmo do poema, concretamente ao dizer que Joo no era a Luz, pode dever-se a querer refutar os joanitas, uma espcie de seita que seguia o Baptista, sem ter chegado a aderir a Cristo (cf. Act 19, 3-4). 9 Este versculo tem diversas tradues legtimas; a litrgica segue a traduo prefervel da Neovulgata, ao passo que a Vulgata dizia: era a luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo. 10 No O conheceu, isto , no O reconheceu como o Verbo de Deus e Salvador. 11 Os seus poderia designar o povo de Israel, enquanto propriedade de Deus (cf. Ex 19, 5; Dt 7, 6), mas parece designar, dado o paralelismo com o v. anterior, a humanidade no seu conjunto. A observao amarga de S. Joo (cf. Jo 12, 37) no tem vigncia s para o dia de Natal (cf. Lc 2, 7), pois tambm cada um de ns sempre pode acolher melhor a Jesus. 12 Deu-lhes o poder, isto , concedeu-lhes a graa, dom e favor inteiramente gratuito que supera as possibilidades de qualquer criatura. O Filho de Deus fez-se homem, para que os filhos do homem, os filhos de Ado, se fizessem filhos de Deus... Ele o Filho de Deus por natureza, ns pela graa (Santo Atansio). 13 E estes. Textos muito antigos e de grande valor tm o singular Este (adotado pela Bblia de Jerusalm) referido a Jesus, indicando assim simultaneamente a concepo e o parto virginal da Santssima Virgem (um nascimento sem sangue). 14 Duma penada, S. Joo exprime toda a riqueza do mistrio do Natal, sem se deter a narrar os seus pormenores, como S. Lucas. Fez-se carne um hebrasmo para dizer que Se fez homem; de qualquer modo, pe-se o acento no aspecto mortal e passvel: o Verbo eterno, a Segunda Pessoa divina, torna-se um de ns, sem deixar de ser Deus, em tudo igual a ns, excepto no pecado (cf. Hbr 4, 15). Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Incarnao continuada.

A Glria do Verbo incarnado, que S. Joo e os demais viram, a manifestao externa da sua divindade: os seus milagres, a sua transfigurao, a sua ressurreio, etc.. Filho Unignito. S. Joo, ao longo de todo o seu Evangelho, tem o cuidado de sempre reservar um termo grego para designar Jesus como Filho do Pai yis , usando outra palavra para se referir a ns, enquanto filhos de Deus: tknon (cf. v. 12). Ns tornamo-nos filhos de Deus, (v. 12), ao passo que Jesus o Filho por natureza, igual ao Pai, o Unignito (vv. 14.18). O termo Unignito (muitos traduzem por nico) presta-se a exprimir o que a Teologia veio a explicitar como a gerao eterna e nica do Verbo no Pai. Cheio de graa e de verdade. S. Joo aplica ao Verbo incarnado a mesma definio que Yahweh d de Si mesmo a Moiss em Ex 34, 6: Deus de muito amor e fidelidade. Por um lado, mais uma referncia divindade de Cristo, por outro, pe em relevo as qualidades que resumem a grandeza do seu Corao de pontfice misericordioso e fiel (Hebr 2, 17). 16 Graa sobre graa, isto , graas em catadupa, umas atrs das outras, procedentes da plenitude de Cristo, como duma fonte inexaurvel (cf. Jo 7, 37-39), ou tambm, como pensam alguns, graa aps graa, ou graa em vez de graa (Cristo-Moiss, Antiga-Nova Aliana), ou ainda graa correspondente graa (a do Verbo: graa criada-graa incriada). 17 Jesus Cristo aqui identificado explicitamente com o Verbo. A Lei mosaica limitava-se a dar normas, mas s por si no podia salvar ningum, s a graa que Cristo nos trouxe a salvao. 18 A Deus nunca ningum O viu. Todas as vises de Deus eram indiretas, pois o homem no pode ver a Deus sem morrer (cf. Ex 19, 21; Is 6, 5), mas em Jesus temos a mxima manifestao de Deus criatura nesta vida, a tal ponto que, mesmo sem contemplarmos a essncia divina, quem v a Jesus v o Pai (Jo 14, 9). Com a Incarnao do Verbo temos a maior revelao de Deus Humanidade.O Filho Unignito, que est no seio do Pai. Outra variante possvel na transmisso do texto original: Deus Unignito (adotada pela Neovulgata).

1 LeituraIsaas 9, 1-61 LeituraIsaas 9, 1-6Este belssimo texto um trecho do chamado livro do Emanuel (Is 7 12), onde, em face da iminncia de vrias guerras, se abrem horizontes de esperana que se projectam em tempos vindouros, muito para alm das solues empricas e imediatas: a utopia messinica de paz e alegria que veio a ter o seu pleno cumprimento com a vinda de Cristo ao mundo. Enquadra-se s mil maravilhas na noite de Natal, em que uma luz comeou a brilhar. Esta luz o Menino (v. 5) que nasce para ns nesta noite, luz do mundo (Jo 8, 12; 1, 5.9). 4 Como no dia de Madi. Referncia grande vitria de Gedeo sobre os medianitas (Jz 7). 7 O poder e a paz sem fim sero garantidos para o trono de David pelo Menino de predicados divinos verdadeiramente surpreendentes (v. 5) que, embora expressos em termos semelhantes aos dos soberanos egpcios e assrios, suplantam os predicados de qualquer rei emprico e correspondem ao mistrio de Jesus, Deus feito homem.

2 LeituraTito 2, 11-14Este breve texto tirado da 2 parte da breve carta a Tito. Depois de lhe ter dado orientaes pastorais para a organizao da Igreja em Creta (cap. 1), passa a desenvolver o tema das exigncias da vida crist (cap. 2 e 3). Na leitura queremos fazer ressaltar o v. 13 que foi adoptado pela liturgia da Missa (final do embolismo) e o v. 14 que uma sntese da soteriologia paulina. 11 A graa do Baptismo mete-nos no caminho da renncia (recordem-se as renncias do ritual do Baptismo), pois sem renncia no se pode seguir a Cristo (Lc 9, 23). 13 Nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. uma das mais categricas afirmaes da divindade de Jesus Cristo em todo o N. T. Com efeito, como no original grego h um s artigo para Deus e Salvador, estas duas designaes, Deus e Salvador, referem-se mesma pessoa, Jesus Cristo. 14 Um povo especialmente seu, isto , a Igreja, povo que Jesus Cristo conquista, no pelo poder das armas, mas pelo resgate do seu sangue redentor. A Igreja o novo povo de Deus.

EvangelhoSo Lucas 2, 1-14A narrativa do nascimento do Filho eterno de Deus nunca houve nem haver Menino como este! deveras encantadora na sua simplicidade. O telogo Lucas, dotado de gnio de historiador nada precisa de inventar, para a sua peculiar teologia. Dispondo provavelmente de no muitos dados, como bom historiador, comea por situar o acontecimento no tempo e no lugar. Ainda ningum apresentou nenhuma razo convincente para pr em dvida o lugar do nascimento de Jesus de Nazar em Belm (a pari, todo o mundo fala de Santo Antnio de Pdua e a verdade que nasceu em Lisboa!). Por outro lado, as referncias do nosso historiador ao tempo no so contaminadas pela sua preocupao teolgica de apresentar o nascimento do Salvador, em contraste com o Csar romano, Augusto, que se ufanava do ttulo de salvador da humanidade. Embora o recenseamento geral na poca de Quirino como governador da Sria que est bem documentado seja bastante posterior (no ano 6 da era crist), a verdade que houve muitos outros censos; Lucas poderia no dispor de dados muito precisos, mas o historiador telogo no precisava de mais pormenor para que o nascimento de Jesus ficasse enquadrado na Histria geral. De qualquer modo, a histria profana documenta-nos vrios recenseamentos a que na poca se procedeu; papiros descobertos no Egipto falam de censos ali feitos, em que se obrigavam tambm as mulheres casadas a acompanharem os seus maridos (para se garantir a verdade das declaraes), e a apresentarem-se ante o recenseador ou seu delegado para a prestao das declaraes tributrias; assim se explica que Maria tivesse de acompanhar a Jos numa viagem to incmoda (cerca de 150 Km). Da escassa documentao romana depreende-se que com Quirino se poderia mesmo ter iniciado um recenseamento durante a sua primeira misso (militar, no como governador) na Sria, entre os anos 10 a 6 a. C.. Dado que o nascimento de Jesus se deu uns sete anos a. C., em virtude do erro cometido por Dionsio, o Exguo, quando no sc. VI fez as contas para a adopo da era crist, a poca referida por Lucas concorda substancialmente com os dados da histria profana. Csar Augusto, o imperador Octvio, que reinou dos anos 27 a. C. a 14 d. C.Belm, em hebraico bet-lhem, significa casa do po; ali nasce o Po da vida. Fica a uns 8 Km a sul de Jerusalm. Deduz-se que S. Jos ali teria a sua origem prxima, ou alguma propriedade ou condomnio. 6 Enquanto ali se encontravam. O texto deixa ver, como compreensvel, que estiveram em Belm durante algum tempo antes de o Menino nascer. De facto inverosmil a aventura de empreenderem uma viagem de cerca de 150 Km nas vsperas do parto.7 Filho primognito. Ao chamar-se Jesus primognito no se faz referncia a outros filhos que depois a Santssima Virgem de facto no veio a ter, mas sim aos direitos e deveres do filho varo que uma me dava luz pela primeira vez (pertencia a Deus, tinha que ser resgatado, etc.). Tambm perece que primognito era uma designao corrente para o primeiro filho independentemente de que fosse o nico, segundo se depreende de uma inscrio egpcia da poca, encontrada em 1922 perto do Tell-el-Jeduiyeh, onde se diz que uma tal Arsinoe morreu com as dores do parto do seu filho primognito. Manjedoira. A palavra grega, ftn, tambm pode significar curral. Seja como for, fica patente a extrema humildade em que quis nascer o Senhor do mundo. Segundo uma tradio que vem do sc. II (S. Justino, nascido aqui perto), Jesus nasceu numa gruta natural, j fora de Belm. Ali Santa Helena, me de Constantino, nos princpios do sc. IV, ergueu uma baslica de cinco naves que, depois de vrias modificaes, chegou at ns, sendo, por isso, a mais antiga igreja de toda a Cristandade. A confirmar a tradio da gruta, temos vrios testemunhos que falam da profanao desta nos tempos do imperador Adriano, que ali erigiu uma esttua de Adnis. Isto confirma que se tratava de um lugar de culto dos primeiros cristos. Hospedaria. A palavra grega, katlyma, oferece alguma dificuldade de traduo devido ao facto de tanto poder significar hospedaria (o kan que existia em muitas povoaes), como sala de cima (cf. Lc 22, 11; Mc 14, 14), o aposento superior ao rs-do-cho, que tanto podia servir de salo como de dormitrio. estranho que, em qualquer dos casos, no coubessem mais duas pessoas, dada a boa hospitalidade oriental. Mas, para a hora do parto, no haveria o mnimo de condies de privacidade, por isso se recolhem para uma gruta ou curral. Um relato destes no se inventa, pois no era este o lugar digno para o Messias glorioso que se esperava. impressionante verificar que para o Senhor de toda a Criao no havia na terra um stio digno! 8 Pastores. significativo que os primeiros a quem o Messias se manifesta seja gente desprezada e sem valor aos olhos da sociedade judaica, que os inclua entre os publicanos e pecadores, pois a sua ignorncia religiosa levava-os a constantemente infringirem as inmeras prescries legais. O facto de guardarem o gado de noite no significa que no fosse inverno, embora no saibamos nem o dia nem sequer o ms em que Jesus nasceu, o que se compreende, pois ento s se celebrava o aniversrio natalcio dos filhos dos reis e pouco mais. S tardiamente se comeou a celebrar o nascimento de Jesus (em Roma j se celebrava no sc. IV a 25 de Dezembro). Ao chegar a noite, os pastores reuniam o gado numa vedao campestre (redil) e eles abrigavam-se da inclemncia do tempo nalguma cabana feita de ramos, mesmo durante o inverno. 14 Com o nascimento de Jesus, Deus glorificado glria a Deus e advm para os homens a sntese de todos os bens a paz. O texto original grego pode ter uma dupla traduo, qual delas a mais rica: homens de boa vontade (que possuem boa vontade, segundo a interpretao tradicional), ou os homens que so objecto de boa vontade (ou da benevolncia divina). Os textos litrgicos preferiram a segunda, mais de acordo com a viso universalista de Lucas. Segundo uma variante textual (menos provvel) teramos uma frase com trs membros: glria a Deus..., paz na terra, benevolncia divina entre os homens.--

1 LeituraIsaas 52, 7-10Esta pgina maravilhosa de Isaas que se refere boa nova do fim do desterro trazida a Jerusalm pelos belos ps do mensageiro do mensageiro que anuncia a paz, serve, na Liturgia de hoje, como de um hino triunfal a Cristo que vem terra. 10 O Senhor descobre o seu santo brao. Antropomorfismo que contm uma expressiva e frequente metfora: o brao designa o poder e a fora. Descobrir o brao manifestar o poder.

2 Leitura Hebreus 1, 1-6Hebreus, o clebre escrito doutrinal e exortatrio, comea com um prlogo solene que nos situa, sem rodeios, perante a suma dignidade da pessoa de Jesus Cristo, semelhana do prlogo do Evangelho de S. Joo. Comea por mostrar que nEle que o Pai nos fala e se revela de modo exaustivo e definitivo, em contraste com toda a revelao anterior, fragmentria, variada e feita numa fase da histria da salvao j superada. Falou-nos por seu Filho, por isso a histria da salvao chegou ao seu apogeu e plenitude, de modo que j no h lugar para mais nenhuma revelao ulterior (cf. DV, 4). Como observa S. Joo da Cruz, o Pai tendo-nos dito a sua prpria Palavra, j no tem mais outra palavra para nos dizer (cf. Subida ao Monte Carmelo, 2, 22). 3 Esplendor da glria de Deus. Frmula muito expressiva no original, mas dificilmente traduzvel em toda a sua riqueza. O Filho a irradiao da substncia do Pai, distinto dEle, mas da mesma substncia; Deus de Deus, luz de luz, como diz o smbolo de Niceia para exprimir a processo ou origem do Filho no Pai, sendo com Ele um mesmo e nico Deus. Imagem do ser divino. letra, reproduo da sua essncia. Mais que imagem, quer significar, no original, a marca deixada pelo sinete no lacre, por um selo branco no papel, ou pela matriz na moeda cunhada. O Filho identifica-se com o Pai, quanto ao ser divino, mas esta imagem pe em evidncia sobretudo a distino de Pessoas na igualdade, como o cunho se distingue do objecto cunhado. A primeira expresso visa mais a identidade da natureza (esplendor, ou luz e irradiao).

EvangelhoForma longa: So Joo 1, 1-18Forma breve: So Joo 1, 1-5.9-14A leitura evanglica de hoje o prlogo do IV Evangelho, que constitui a chave para uma profunda compreenso de toda a obra do discpulo amado e da Pessoa adorvel de Jesus Cristo: Ele o Verbo incriado, o Deus Unignito, que assumiu a nossa condio humana e nos oferece a possibilidade de ser filhos de Deus. Discute-se se o Evangelista comps este texto para encabear a sua obra, ou se aproveitou algum hino litrgico j existente (a que acrescentaria os vv. 6-9.13.15.17-18). Tem a forma dum poema em que os seus 18 versos que se podem agrupar em 4 estrofes (vv. 1-5; 6-8; 9-13; 14-18), cada uma com uma ideia central, que se vai ampliando e esclarecendo progressivamente. Este prlogo como uma solene abertura de uma grande obra musical, onde os grandes temas a desenvolver ao longo do Evangelho comeam por ser apontados: o Verbo Incarnado, Luz e Vida dos homens, Messias e revelador do Pai, os testemunhos a seu favor, a resposta humana de aceitao ou de rejeio, bem como as consequncias de transcendental importncia que tem a dramtica alternativa em que o homem posto perante a pessoa de Jesus. 1 No princpio. Esta expresso faz-nos pensar no incio do Gnesis, onde se falava da Primeira Criao, que culminou com a criao do homem; no IV Evangelho fala-se duma Nova Criao, a Redeno operada pelo Verbo Incarnado, que culmina na elevao do homem dignidade de filho de Deus. A prpria noo de princpio diferente em Gn 1, 1 e em Jo 1, 1: l designava o incio do tempo, aqui exprime o princpio absoluto que transcende o tempo e nos situa na prpria eternidade de Deus. muito expressivo o imperfeito de durao do verbo grego eimi repetido no v. 1, com trs matizes: havia ou existia, estava, era, em contraposio com o aoristo de verbo gnomai no v. 3: tudo foi feito, ao passo que o Verbo existia, permanecia na existncia (havia o Verbo)! No possvel fazer uma afirmao mais forte e clara da divindade de Jesus o Verbo que se fez homem (v. 14) do que esta com que S. Joo inicia o seu Evangelho: O Verbo era Deus. Com razo desde os Santos Padres o IV Evangelista figurado pela guia (cf. Ez 1, 10), pois o seu voo sobe de chofre at s alturas da divindade de Cristo e o seu olhar aquilino penetra nas profundezas do mistrio da Pessoa divina de Jesus, no seio da Santssima Trindade. 3 Tudo foi feito por Ele. Esta expresso no significa que o Verbo foi o meio ou instrumento de que o Pai se serviu para criar. Ele age juntamente com o Pai e com o mesmo e nico poder. A preposio grega di (por) no se usa com genitivo para indicar apenas a causa instrumental; tambm pode indicar a causa principal como aqui o caso e em Rom 11, 36. Esta expresso tambm evidencia que o Verbo no criatura, uma vez que tudo o que foi feito, foi feito por Ele, em aberto contraste com a sabedoria, que Provrbios e Eclesistico personificam (Prov 8, 22 ss; Sir 1, 4; 24, 8-9), a qual foi criada e nasceu. 4 Vida. Luz. So estes dois dos grandes temas do IV Evangelho (cf. Jo 8, 12; 14, 6). A Vida era a Luz dos Homens: o Verbo a Luz da Vida (Jo 8, 12), Luz que conduz Vida, Vida que Luz, e Luz que Vida. So dois conceitos que caracterizam a esfera da divindade, em oposio antagnica com as trevas, que so o reino de Satans e seus sequazes. Este antagonismo que est patente ao longo dos escritos paulinos e joaninos, era corrente na literatura da poca tanto judaica (em especial de Qumr), como depois na gnstica. 5 As trevas no a receberam. Tambm se pode traduzir no a compreenderam, ou no a dominaram (tendo em conta o contexto joanino da luta entre a luz e as trevas). 6-8 Joo no se interessa no seu Evangelho por nos dar a conhecer a vida ou a pregao moral do seu antigo mestre (Jo 1, 37 ss), mas no perde uma ocasio de pr em realce o seu testemunho em favor de Jesus (Jo 1, 16.19.29.35; 3, 27; 5, 33). A insistncia, em especial nestes versculos do prlogo (6-8.15) que interrompem o ritmo do poema, concretamente ao dizer que Joo no era a Luz, pode dever-se a querer refutar os joanitas, uma espcie de seita que seguia o Baptista, sem ter chegado a aderir a Cristo (cf. Act 19, 3-4). 9 Este versculo tem diversas tradues legtimas; a litrgica segue a traduo prefervel da Neovulgata, ao passo que a Vulgata dizia: era a luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo. 10 No O conheceu, isto , no O reconheceu como o Verbo de Deus e Salvador. 11 Os seus poderia designar o povo de Israel, enquanto propriedade de Deus (cf. Ex 19, 5; Dt 7, 6), mas parece designar, dado o paralelismo com o v. anterior, a humanidade no seu conjunto. A observao amarga de S. Joo (cf. Jo 12, 37) no tem vigncia s para o dia de Natal (cf. Lc 2, 7), pois tambm cada um de ns sempre pode acolher melhor a Jesus. 12 Deu-lhes o poder, isto , concedeu-lhes a graa, dom e favor inteiramente gratuito que supera as possibilidades de qualquer criatura. O Filho de Deus fez-se homem, para que os filhos do homem, os filhos de Ado, se fizessem filhos de Deus... Ele o Filho de Deus por natureza, ns pela graa (Santo Atansio). 13 E estes. Textos muito antigos e de grande valor tm o singular Este (adoptado pela Bblia de Jerusalm) referido a Jesus, indicando assim simultaneamente a concepo e o parto virginal da Santssima Virgem (um nascimento sem sangue). 14 Duma penada, S. Joo exprime toda a riqueza do mistrio do Natal, sem se deter a narrar os seus pormenores, como S. Lucas. Fez-se carne um hebrasmo para dizer que Se fez homem; de qualquer modo, pe-se o acento no aspecto mortal e passvel: o Verbo eterno, a Segunda Pessoa divina, torna-se um de ns, sem deixar de ser Deus, em tudo igual a ns, excepto no pecado (cf. Hbr 4, 15). Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Incarnao continuada. A Glria do Verbo incarnado, que S. Joo e os demais viram, a manifestao externa da sua divindade: os seus milagres, a sua transfigurao, a sua ressurreio, etc.. Filho Unignito. S. Joo, ao longo de todo o seu Evangelho, tem o cuidado de sempre reservar um termo grego para designar Jesus como Filho do Pai yis , usando outra palavra para se referir a ns, enquanto filhos de Deus: tknon (cf. v. 12). Ns tornamo-nos filhos de Deus, (v. 12), ao passo que Jesus o Filho por natureza, igual ao Pai, o Unignito (vv. 14.18). O termo Unignito (muitos traduzem por nico) presta-se a exprimir o que a Teologia veio a explicitar como a gerao eterna e nica do Verbo no Pai. Cheio de graa e de verdade. S. Joo aplica ao Verbo incarnado a mesma definio que Yahwh d de Si mesmo a Moiss em Ex 34, 6: Deus de muito amor e fidelidade. Por um lado, mais uma referncia divindade de Cristo, por outro, pe em relevo as qualidades que resumem a grandeza do seu Corao de pontfice misericordioso e fiel (Hebr 2, 17). 16 Graa sobre graa, isto , graas em catadupa, umas atrs das outras, procedentes da plenitude de Cristo, como duma fonte inexaurvel (cf. Jo 7, 37-39), ou tambm, como pensam alguns, graa aps graa, ou graa em vez de graa (Cristo-Moiss, Antiga-Nova Aliana), ou ainda graa correspondente graa (a do Verbo: graa criada-graa incriada). 17 Jesus Cristo aqui identificado explicitamente com o Verbo. A Lei mosaica limitava-se a dar normas, mas s por si no podia salvar ningum, s a graa que Cristo nos trouxe a salvao. 18 A Deus nunca ningum O viu. Todas as vises de Deus eram indirectas, pois o homem no pode ver a Deus sem morrer (cf. Ex 19, 21; Is 6, 5), mas em Jesus temos a mxima manifestao de Deus criatura nesta vida, a tal ponto que, mesmo sem contemplarmos a essncia divina, quem v a Jesus v o Pai (Jo 14, 9). Com a Incarnao do Verbo temos a maior revelao de Deus Humanidade.O Filho Unignito, que est no seio do Pai. Outra variante possvel na transmisso do texto original: Deus Unignito (adoptada pela Neovulgata).

O MESSIAS, PRNCIPE DA PAZ

A paz, dom de Deus.I. A PAZ um dos grandes bens constantemente implorados no Antigo Testamento. um dom prometido ao povo de Israel como recompensa pela sua fidelidade1, e aparece como uma obra de Deus2 da qual se seguem incontveis benefcios. Mas a verdadeira paz chegar terra com a vinda do Messias. Por isso os anjos anunciam cantando: Glria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade3. O Advento e o Natal so tempos especialmente adequados para aumentarmos a paz em nossos coraes: so tempos tambm para pedirmos a paz deste mundo cheio de conflitos e de insatisfaes.Olhai: o Senhor chega com fora a fim de visitar o seu povo com a paz e dar-lhe a vida eterna4. Isaas recorda-nos na primeira leitura da Missa que na era messinica o lobo e o cordeiro habitaro juntos e o leopardo se deitar ao lado do cabrito; o bezerro e o leozinho pastaro juntos5. Com o Messias, renovam-se a paz e a harmonia do comeo da Criao e inaugura-se uma nova ordem.O Senhor o Prncipe da paz6, e desde o momento em que nasce traz-nos uma mensagem de paz e de alegria, da nica paz verdadeira e da nica alegria permanente. Depois, ir semeando-as sua passagem por todos os caminhos: A paz esteja convosco; sou eu, no temais7. A presena de Cristo em nossas vidas fonte de uma paz serena e inaltervel, sejam quais forem as circunstncias: Sou eu, no temais, diz-nos Ele.Os ensinamentos do Senhor constituem a boa nova da paz8. E este tambm o tesouro que Ele deixou em herana aos seus discpulos de todos os tempos: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; no vo-la dou como a d o mundo9. A paz sobre a terra, nascida do amor ao prximo, imagem e efeito da paz de Cristo, que procede de Deus Pai. Com efeito, o prprio Filho encarnado, Prncipe da paz, reconciliou todos os homens com Deus por meio da sua cruz [...], deu morte ao dio na sua prpria carne e, depois do triunfo da sua ressurreio, infundiu o Esprito de amor no corao dos homens10. A paz do Senhor transcende por completo a paz do mundo, que pode ser superficial e aparente, resultado talvez do egosmo e compatvel com a injustia.Cristo a nossa paz11 e a nossa alegria; o pecado, pelo contrrio, semeia solido, inquietao e tristeza na alma. A paz do cristo, to necessria para a convivncia, fruto do combate contra as prprias paixes, sempre inclinadas desordem.A confisso sincera dos nossos pecados um dos principais meios dispostos por Deus para nos restituir a paz perdida pelo pecado ou pela falta de correspondncia graa. Paz com Deus, efeito da justificao e do afastamento do pecado; paz com o prximo, fruto da caridade difundida pelo Esprito Santo; e paz conosco prprios, a paz da conscincia, proveniente da vitria sobre as paixes e sobre o mal12.Recuperar a paz, se a tivermos perdido, uma das melhores manifestaes de caridade para com os que esto nossa volta, e tambm a primeira tarefa que devemos acometer para prepararmos no nosso corao a vinda do Menino-Deus.

(1) Lev 26, 6; (2) Is 26, 12; (3) Lc 2, 14; (4) Antfona da Liturgia das Horas; (5) cfr. Is 11, 1-10; (6) Is 9, 6; (7) Lc 24, 36; (8) At 10, 36; (9) Jo 14, 27; (10) Conclio Vaticano II, Constituio Gaudium et spes, 78; (11) Ef 2, 14; (12) Joo Paulo II, Discurso ao UNIV-86, Roma, 24-III-1986;

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OS SINAIS

O Senhor d-se a conhecer com sinais suficientemente claros. Necessidade de boas disposies interiores.Sentido sobrenatural para entender os fatos e acontecimentos que se do na nossa vida e nossa volta. Humildade. Corao limpo. Presena de Deus.Converso da alma para encontrarmos Jesus nos nossos afazeres.

I. O EVANGELHO DA MISSA1 apresenta-nos dois discpulos do Batista que perguntam a Jesus: s tu o Messias que h de vir ou devemos esperar outro? Devia rondar-lhes a alma alguma dvida importante.Nessa ocasio Jesus curou muitos das suas doenas, achaques e espritos malignos, e concedeu a vista a muitos cegos. Depois respondeu aos enviados: Ide e contai a Joo o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam... No h outro a quem esperar: Eu sou o Senhor e no h outro2, declara-nos tambm na primeira leitura. Ele nos traz a felicidade que esperamos e satisfaz todas as aspiraes da alma. Quem acha Jesus acha um bom tesouro... E aquele que perde Jesus perde muito e mais do que todo o mundo. Pauprrimo quem vive sem Jesus e riqussimo quem est com Jesus3. J no h nada mais alto a procurar. E vem como tesouro escondido4, como prola preciosa5, que necessrio saber avaliar.Oculto aos olhos dos homens, que o esperam, Jesus nascer numa gruta, e uns pastores de alma simples sero os seus primeiros adoradores. A simplicidade destes homens permitir-lhes- ver o Menino que lhes anunciaram, ajoelhar-se diante dEle e ador-lo. Encontram-no tambm os Magos e o velho Simeo, que esperava a consolao de Israel, e a profetisa Ana, e o prprio Joo, que o identifica: Este o Cordeiro de Deus..., e tantos que, ao longo dos sculos, fizeram dEle o eixo e o centro do seu ser e da sua atuao. Tambm ns o encontramos, e a coisa mais extraordinria que nos podia ter acontecido. Sem o Senhor, nada teria valor na nossa vida.Deus sempre nos d sinais suficientes para podermos descobri-lo. Mas so necessrias boas disposies interiores para ver o Senhor que passa ao nosso lado. Sem humildade e pureza de corao, impossvel reconhec-lo, ainda que esteja muito perto.Pedimos agora a Jesus, na nossa orao pessoal, essas boas disposies interiores e esse sentido sobrenatural de que precisamos para encontr-lo naquilo que nos rodeia: na natureza, na dor, no trabalho, num aparente fracasso... A nossa prpria histria pessoal est cheia de sinais para que no nos enganemos de caminho. Tambm ns podemos, pois, dizer aos nossos irmos, aos nossos amigos: Encontramos o Messias!, com a mesma segurana e plena convico com que Andr o disse ao seu irmo Simo.

II. TER SENTIDO SOBRENATURAL ver as coisas como Deus as v, aprender a interpretar e julgar os acontecimentos sob o ngulo da f. S assim entenderemos a nossa vida e o mundo em que estamos.s vezes, ouve-se dizer: Se Deus fizesse um milagre, ento, sim, acreditaria nEle e o tomaria a srio. Ou: Se Deus me desse provas mais contundentes da minha vocao, eu me entregaria a Ele sem reservas.O Senhor concede-nos luz suficiente para seguirmos o caminho. Luz na alma e luz atravs das pessoas que Ele ps ao nosso lado. Mas a vontade, se no for humilde, tender a pedir novos sinais, que ela prpria querer julgar outra vez se so ou no suficientes. s vezes, por trs desse desejo aparentemente sincero de novas provas para nos decidirmos a entregar-nos mais plenamente a Deus, pode-se esconder uma forma de preguia ou de falta de correspondncia graa.No comeo da f (ou da vocao), Deus geralmente acende uma pequena luz que ilumina s os primeiros passos que temos que dar. Depois, a escurido. Mas medida que correspondemos com atos, a luz e a segurana vo-se tornando maiores. E no h dvida de que, perante uma alma que procura cumprir generosamente a vontade divina, o Senhor sempre se manifesta com toda a clareza: Ide e anunciai a Joo o que vistes...O Senhor tem de encontrar-nos com essa disposio humilde e cheia de autenticidade, que exclui os preconceitos e permite saber escutar. A linguagem de Deus, ainda que ajustada ao nosso modo de ser, pode ser difcil de aceitar em certas ocasies, porque contraria os nossos projetos ou os nossos caprichos, ou porque as suas palavras no so precisamente as que espervamos ou desejvamos ouvir... s vezes, o ambiente materialista que nos rodeia pode tambm apresentar-nos falsas razes contrrias linguagem com que Deus se manifesta. Escutamos ento como que duas lnguas diferentes: a de Deus e a do mundo, esta ltima armada de razes aparentemente mais humanas.Por isso a Igreja nos convida a rezar: Deus todo-poderoso e cheio de misericrdia, ns vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impea de correr ao encontro do vosso Filho, antes participemos da plenitude da sua vida, instrudos pela vossa sabedoria6.

III. NO H OUTRO por quem esperar. Jesus Cristo est entre ns e chama-nos. Ele deixou sobre este mundo as pegadas lmpidas dos seus passos, sinais indelveis que nem o desgaste dos anos nem a perfdia do inimigo conseguiram apagar. Iesus Christus heri et hodie; ipse et in saecula (Heb 13, 8). Quanto gosto de record-lo: Jesus Cristo, o mesmo que foi ontem para os Apstolos e para as multides que o procuravam, vive hoje para ns e viver pelos sculos. Somos ns, os homens, quem s vezes no consegue descobrir o seu rosto, perenemente atual, porque olhamos com olhos cansados ou turvos7.Foi com esse olhar turvo e de pouca f que os conterrneos de Jesus olharam para Ele da primeira vez que voltou a Nazar. Aqueles judeus s viram em Jesus o filho de Jos8, e acabaram por expuls-lo irritados; no souberam ver mais. No descobriram nEle o Messias que os visitava e que vinha redimi-los.Ns queremos ver o Senhor, relacionar-nos com Ele, am-lo e servi-lo, como objetivo principal da nossa vida. No temos nenhum objetivo acima desse. Que erro se andssemos com pequenezes, faltos de generosidade nas coisas que se referem a Deus! Abri totalmente as portas a Cristo! anima-nos o Sumo Pontfice . Tende confiana nEle. Arriscai-vos a segui-lo. Isto exige evidentemente que cada um saia de si mesmo, dos seus raciocnios, da sua prudncia, da sua indiferena, da sua auto-suficincia, de costumes no cristos que talvez tenha adquirido. Sim; isso pede renncias, uma converso, que antes de mais nada deveis atrever-vos a desejar, pedir na orao e comear a praticar.Deixai que Cristo seja o vosso caminho, verdade e vida. Deixai que seja a vossa salvao e felicidade. Deixai que ocupe toda a vossa vida para alcanardes com Ele as vossas mximas dimenses, a fim de que todas as vossas relaes, atividades, sentimentos e pensamentos sejam integrados nEle ou, por assim dizer, sejam cristificados. Eu vos desejo que, com Cristo, reconheais a Deus como princpio e fim da vossa existncia9.Agora que est j prximo o Natal, devemos desejar uma vez mais uma nova converso, um regresso ao Senhor que nos permita contempl-lo com um olhar mais limpo, e nunca com olhos cansados ou turvos. Por isso imploramos com a Igreja: Senhor nosso Deus, concedei-nos que esperemos solcitos a vinda de Cristo, vosso Filho, a fim de que, ao chegar, nos encontre vigilantes na orao e proclamando o seu louvor10.A Virgem Nossa Senhora ajudar-nos- a lutar contra tudo o que nos afasta de Deus, e assim poderemos preparar melhor a nossa alma para estas festas que vamos celebrar, e guardar melhor os sentidos, que so como que as portas da alma. Nunc coepi!: agora, Senhor, torno a comear, com a ajuda da tua Me. Recorremos a Ela porque Deus quis que no tivssemos nada que no passasse pelas mos de Maria11.Como propsito deste tempo de orao, podemos oferecer a Deus o nosso desejo de cumprir com fidelidade o plano de vida que tenhamos acertado com o nosso diretor espiritual, ainda que talvez nos possa parecer difcil por alguma circunstncia.A fortaleza da nossa Me, a Virgem, vir em ajuda da nossa debilidade e nos far compreender que para Deus nada impossvel12.

(1) Lc 7, 19-23; (2) Is 45, 7; (3) Toms de Kempis, Imitao de Cristo, II; (4) Mt 13, 44; (5) Mt 13, 45-46; (6) Orao do segundo domingo do Advento; (7) Bem-aventurado Josemara Escriv, Amigos de Deus, n. 127; (8) Lc 4, 22; (9) Joo Paulo II, Em Montmartre, 1-VI-1980; (10) Orao da segunda-feira da primeira semana do Advento; (11) So Bernardo, Sermo 3, na Viglia do Natal, 10; (12) Lc 1, 37.

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25 DE DEZEMBRO:

NASCIMENTO DE NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO, SEGUNDO A CARNE

Cristo nasce, glorificai-O!Cristo desce do cu, ide ao seu encontro!Cristo est sobre a terra, sede orgulhosos dEle!Canta ao Senhor a terra inteira, e vs, povos, com hinos celebrai-o na alegria, porque cobriu-se de glria.ssa estrofe, a primeira do Cnon de Natal, de So Cosme de Maima ( 760). Nas igrejas bizantinas que celebram por inteiro todos os ofcios litrgicos, j, algumas semanas antes do Natal, fazem ecoar essa estrofe, cantada como katavasa, isto , estrofe que conclui o Cnon. Mas cantada com particular exultao no dia da festa, quando se celebra o "Nascimento segundo a carne do Senhor, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo": solene e longa denominao que indica a festa do Natal. Depois da Pscoa, tambm no Oriente a festa mais querida a todos os fiis, caracterizada por uma alegria espiritual e por uma hinografia excepcionalmente rica e bela. So diversos os "melodes" que contriburam na criao dessas composies, chegadas at ns desde sculos longnquos. de Romans, o Melode (VI sculo), o kondkion que segue: Hoje a Virgem d luz o supersubstancial e a terra oferece uma gruta ao inacessvel.Os anjos com os pastores cantam a sua glria, os Magos avanam seguindo a estrela.Para ns nasceu, tenra criatura, o Deus existente antes dos sculos. Este breve hino faz-nos entender que a liturgia bizantina celebra em 25 de dezembro o evento histrico do nascimento de Jesus da Virgem Maria, no seu complexo, incluindo tambm a adorao dos Reis Magos. So Germano ( 733) mais explcito ainda afirmando num outro hino das Vsperas:Ao nascer de Jesus em Belm de Jud,os Magos, chegados do Oriente, adoraram o Deus encarnadoe, abertos diligentemente seus tesouros,lhe ofereceram dons preciosos:ouro puro como ao Rei dos sculos,incenso como ao Deus do universo,e mirra a ele, o Imortal, como a um morto triduano.Povos todos, vinde,adoremos aquele que nasceu para salvar as nossas almas. Um autor bizantino faz notar, justamente, como na tradio oriental no se encontra a mesma ternura da cultura ocidental em relao s figuraes tpicas da prtica devocional, como o Menino Jesus, o prespio realizado por So Francisco de Assis ou em relao ao tema da Sagrada Famlia. O Oriente gosta mais de considerar o Mistrio de Deus, o qual, descendo dos cus, se inclina para a terra, e assume uma natureza a ele estranha para socorrer o homem decado. Uma confirmao de quanto foi dito encontramos nos textos litrgicos do dia de Natal; basta um exemplo.Vinde, alegremo-nos no Senhor,considerando o mistrio presente:o muro de separao foi abatido,a espada flamejante retrocede,os Querubins se afastam da rvore da vidae eu participo das delcias paradisacasdas quais a desobedincia me tinha afastado.A imagem idntica ao Pai, a marca da sua eternidadetoma forma de servo sem sofrer mutao,nascendo de uma me que desconhece as npcias.Deus verdadeiro, o que era permanece, o que no era assume-o, feito homem por amor dos homens. Aclamemo-lo: Deus nascido da Virgem, tem piedade de ns!O cone do Natal ser solenemente exposto no meio da igreja, sobre o proskinetrion, durante a celebrao vesperal do dia 24 e ali permanece at o dia 31 de dezembro. A representao tradicional remonta mais remota antiguidade e a encontramos, inclusive, nas chamadas ampolas de Monza, trazidas da Terra Santa entre o V e VI sculo. No meio da composio iconogrfica, numa gruta escura, smbolo do mal, est o recm-nascido Jesus Cristo, verdadeira luz para o mundo inteiro; as faixas que o envolvem relembram as faixas morturias das quais sair o Ressuscitado, sendo idntica tambm a palavra que as descreve. Um nico raio de luz (nico como Deus), saindo da estrela, torna-se trplice (evidente aluso a Trindade) e desce sobre a Me e o seu Filho. No alto esquerda, dois anjos esto em adorao; mais embaixo os trs Magos, montados em cavalos, dirigem-se rumo ao Salvador. Mais embaixo ainda, est Jos pensativo, talvez num momento de tentao. Com efeito, os apcrifos narram que o demnio, disfarado de pastor, insinuava-lhe dvidas sobre a virgindade de Maria. Por fim, a cena do banho indica que o pequeno Jesus Cristo possui verdadeiramente a natureza humana e contemporaneamente alude ao batismo, pois a bacia tem forma de pia batismal. No lado oposto, outro anjo d o anncio aos pastores e, no meio, junto ao recm-nascido, est a Me de Deus deitada sobre panos. So pouqussimos os cones em que a Virgem olha para o seu Filho; habitualmente ela est voltada para ns, diramos "meditando no seu corao" o conjunto do mistrio da salvao em que ela, flor da humanidade, representou a ns todos dando seu consentimento encarnao e tornando-se a me de todos ns, permanecendo virgem. As trs estrelas que ornam o seu manto indicam a virgindade de Maria. Observando o cone da festa, saem espontaneamente dos nossos lbios as palavras das Vsperas to profundamente poticas que dizem:O que te ofereceremos, Cristo,por te haveres mostrado sobre a terra como homem?Cada uma das criaturas por ti criada oferece-te a sua gratido:os anjos, o cntico; os cus, a estrela;os Magos, os dons; os pastores, a sua admirao;a terra, uma gruta; o deserto, um prespio;mas ns, uma Me Virgem! Deus, existente antes dos sculos, tem piedade de ns! Para concluir, transcrevemos a parte final de um hino composto por Cssia, monja que viveu no sculo IX. O hino ainda faz parte do ofcio de Natal celebrado pelos ortodoxos e pelos catlicos gregos:Os povos foram recenseados por ordem de Csar;ns, os crentes, fomos marcados pelo nome da tua divindade, nosso Deus encarnado.Tua misericrdia grande, Senhor, glria a ti! ORAO DE NATAL GRECO-ORTODOXADeus est conosco!Compreendei-o, naes, e inclinai-vos! Pois Deus est conosco.Ouvi isto, at os confins da terra.Pois Deus est conosco.Se vos levantardes outra vez no vosso poder, sereis derrubados. Pois Deus est conosco.O Senhor destruir todos aqueles que se juntarem num conselhoE a palavra que vs pronunciais no permanecer convosco. Pois Deus est conosco.Pois no tememos o seu terror, e no estamos perturbados.Pois Deus est conosco.Mas chamaremos Santo ao Senhor nosso Deus, E manteremos para com Ele um temor impressionante,Pois Deus est conosco.E se eu ponho Nele a minha confiana,Ele ser minha santificao. Pois Deus est conosco.Colocarei Nele a minha esperana e por Ele eu serei salvo.Eu e os filhos que Deus me deu.Pois Deus est conosco.O povo que andava nas trevas viu uma grande luz;Aos que habitavam uma terra de escurido -Sobre eles brilhou uma luz.Pois Deus est conosco.Pois, para ns nos nasceu um Filho;Para ns um Filho nos foi dado;Pois Deus est conosco.E o governo estar sobre os Seus ombros,E a Sua Paz no ter fim.Pois Deus est conosco.E o Seu nome ser chamado o Mensageiro do Grande Conclio,Conselheiro Admirvel, Deus Forte, Pai Eterno,Prncipe da Paz, Pai dos Tempos Futuros.

Glria ao Pai e ao Filho e ao Esprito Santo.Agora e Sempre e pelos sculos dos sculos. Amm.Deus est conosco!Entendei isto, naes, e submetei-vos!Pois Deus est conosco. Amm.

CHEGA O NATAL

O Natal mostra-nos onde se esconde a grandeza da Deus: num estbulo, numa gruta. "Deus humilha-Se para que possamos aproximar-nos dEle, para que possamos corresponder ao seu Amor com o nosso amor" (S. Josemaria, Cristo que passa, 18).

Quando chega o Natal, gosto de contemplar as imagens do Menino Jesus. Essas figuras que nos mostram o Senhor to apoucado, recordam-me que Deus nos chama, que o Onipotente Se quis apresentar desvalido, quis necessitar dos homens. Do bero de Belm, Cristo diz-me a mim e diz-te a ti que precisa de ns; reclama de ns uma vida crist sem hesitaes, uma vida de entrega, de trabalho, de alegria.No conseguiremos jamais o verdadeiro bom humor se no emitarmos deveras Jesus, se no formos humildes como Ele. Insistirei de novo: vedes onde se oculta a grandeza de Deus? Num prespio, nuns paninhos, numa gruta. A eficcia redentora das nossas vidas s se pode dar com humildade, deixando de pensar em ns mesmos e sentindo a responsabilidade de ajudar os outros. corrente, s vezes at entre almas boas, criar conflitos ntimos, que chegam a produzir srias preocupaes, mas que carecem de qualquer base objectiva. A sua origem est na falta de conhecimento prprio, que conduz soberba: o desejo de se tornarem o centro da ateno e da estima de todos, a preocupao de no ficarem mal, de no se resignarem a fazer o bem e desaparecerem, a nsia da segurana pessoal... E assim, muitas almas que poderiam gozar de uma paz extraordinria, que poderiam saborear um imenso jbilo, por orgulho e presuno tornam-se desgraadas e infecundas!Cristo foi humilde de corao. Ao longo da sua vida, no quis para Si nenhuma coisa especial, nenhum privilgio. Comea por estar nove meses no seio de sua Me, como qualquer outro homem, com extrema naturalidade. Sabia o Senhor de sobra que a Humanidade padecia de uma urgente necessidade dEle. Tinha, portanto, fome de vir terra para salvar todas as almas; mas no precipita o tempo; vem na Sua hora, como chegam ao mundo os outros homens. Desde a concepo ao nascimento, ningum, salvo S. Jos e Santa Isabel, adverte esta maravilha: Deus veio habitar entre os homens!O Natal tambm est rodeado de uma simplicidade admirvel: o Senhor vem sem aparato, desconhecido de todos. Na Terra, s Maria e Jos participam na divina aventura. Depois, os pastores, avisados pelos Anjos. E mais tarde os sbios do Oriente. Assim acontece o fato transcendente que une o Cu Terra, Deus ao homem!Como possvel tanta dureza de corao que cheguemos a acostumar-nos a estes episdios? Deus humilha-Se para que possamos aproximar-nos dEle, para que possamos corresponder ao seu Amor com o nosso amor, para que a nossa liberdade se renda, no s ante o espetculo do seu poder, como tambm ante a maravilha da sua humildade.Grandeza de um Menino que Deus! O Seu Pai o Deus que fez os Cus e a Terra, e Ele ali est, num prespio, quia non erat eis locus in diversorio, porque no havia outro stio na Terra para o dono de toda a Criao!

Cristo que passa, 18

- Verbum Caro Factum Est, Alleluia.- Et Habitavit In Nobis, Alleluia.

Uma orao jaculatria, tirada do prlogo do evangelhos de So Joo, que exprime em linguagem teolgica o acontecimento histrico do Natal e seu significado mstico: a habitao de Deus nas almas dos que crem nele.--

OS SINAIS DA NOITE SANTA DO NATAL

LUZ

Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo (Antfona de Entrada).

Deus... fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz... (Orao do Dia).

Deus... iluminais esta noite santa com a glria da ressurreio do Senhor... (Orao do Dia). ... agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado invade o nosso corao... (Aurora de Natal, Orao do Dia).

Enquadra-se s mil maravilhas na noite de Natal, em que uma luz comeou a brilhar. Esta luz o Menino (v. 5) que nasce para ns nesta noite, luz do mundo (Jo 8, 12; 1, 5.9).

CRIANA

Jesus no uma tradio anual, no um mito, no uma fbula; parte verdadeira da nossa histria humana.Para reconquistar os homens, para elev-los a si, para falar com eles, Deus veio a este mundo como uma criana. O se nome Deus vem salvar-nos. Salvador em nossa lngua o nome mais elevado para Jesus de Nazar; SALVADOR. Um salvador na figura de uma criana , um salvador to vulnervel, to frgil e desarmado como uma criana.Jesus que nasce a Palavra de Deus que se fez carne, ns, seres humanos, somos levados talvez a nos deter mais na criancinha, terna e frgil do que em seu aspecto de Verbo encarnado.... a frgil criancinha que jaz na manjedoura o salvador do mundo. Isto a importante mensagem do Natal sem mito nem lenda (R. Schnackenburg).

POBREZA

Jesus veio, pobre, vazio de si.Knsis = auto-esvaziamento.Flp 2,7-11: 7...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente at morte, e morte de cruz. 9 Por isso, tambm Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que esto nos cus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a lngua confesse que Jesus Cristo o SENHOR, para glria de Deus Pai.

Is 9,1-6.Depois de ter evocado a triste situao do povo no exlio (v. 1), o profeta apresenta a salvao em seu aspecto de luz (v. 1; Jo 8,12), de alegria (v. 2; Lc 2,9-10), de libertao (v. 4; Cl 1,12-14; At 26,18); referncia grande vitria de Gedeo sobre os medianitas (Jz 7) e completa o seu cntico com a descrio do libertador (vv. 5-6). Os ltimos dois versculos: ao libertador, isto , ao menino que nasceu para ns, so atribudas, de modo eminente, todas as virtudes dos heris de Israel: a SABEDORIA de SALOMO, a CORAGEM de DAVI, a PIEDADE de MOISS e dos PATRIARCAS; o verdadeiro EMANUEL (Is 7,14; Gn 3,15; 49,10; Mq 5,1-3; Zc 9,9; II Sm 7,12-16).

Tt 2,11-14.Neste trecho da carta Paulo desenvolve trs pontos:4) D o sentido da vinda (natal) de Cristo a ns; a manifestao da graa de Deus e fonte da salvao (v. 11; 3,4; Jo 1,14.16). A graa do Batismo mete-nos no caminho da renncia (recordem-se as renncias do ritual do Batismo), pois sem renncia no se pode seguir a Cristo (Lc 9,23).5) Descreve com poucas palavras a obra salvfica realizada por Cristo (v. 14; Rm 3,24; Ef 5,25-27). Um povo especialmente seu, isto , a Igreja, povo que Jesus Cristo conquista, no pelo poder das armas, mas pelo resgate do seu sangue redentor. A Igreja o novo povo de Deus.6) Indica como, baseando-se nesta verdade e no exemplo de Cristo, deve orientar-se a vida de todo cristo: RENUNCIAR AO MAL (v. 12a; Tg 4,4; I Jo 2,15-17; I Pd 4,1-2), VIVER NA JUSTIA E NA PIEDADE (v. 12b; I Cor 1,8; Ef 1,4; Fl 1,10; Cl 1,9-10) e ESPERAR O NOSSO GRANDE DEUS E SALVADOR JESUS (v. 13; I Ts 1,10; 4,16-17). A ltima expresso professa com clareza a divindade de Cristo.

Lc 2,1-14.So apresentados aqui dois fatos histricos essenciais: a IDA DE JOS E MARIA A BELM NO TEMPO DE CSAR AUGUSTO (o imperador Otvio, que reinou dos anos 27 a. C. a 14 d. C.) e o NASCIMENTO DE JESUS NA POBREZA. Tem carter pascal: Jesus j chamado Cristo-Senhor (cf. Fl 2,9-11; esse nome lhe dado na ressurreio) e Salvador. Sua NATIVIDADE, j cumprimento (das profecias), , entretanto, sempre tenso para outro cumprimento: a PSCOA.Habitou, literalmente significa: ergueu a sua tenda no meio de ns. Parece haver aqui uma aluso presena de Deus no meio do seu povo, na nuvem branca que pairava, no deserto, sobre a Tenda da Reunio. Esta aluso torna-se mais clara, se temos em conta o texto original grego esknsen (ergueu a tenda) que tem uma certa assonncia com xekhnin a presena de Deus no meio do Povo (cf. Ex 40, 34-38). Esta presena misteriosa, mas real, continua-se na Santssima Eucaristia, Incarnao continuada.

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Que me leva a ter o corao to duro e a no poder chorar? De todos os tempos apropriados que h ao longo do ano, este o mais apropriado para os duros de corao. Valorizai o tempo santo em que estamos, considerai esta semana como a mais santa de todas no ano. uma semana santa, e se a aproveitardes bem e vos preparardes como j sabeis, certamente vos ser tirada a dureza do corao. [...] Aproximai-vos do prespio e pedi com f: - Senhor,... abrandai o meu corao. Desse modo, sem dvida alguma, Deus vos dar gua para que laveis a vossa casa cheia de p. (So Joo de vila, O Mistrio do Natal, p. 24).--

IN NATIVITATE DOMINI

Sandro Boticelli (Alessandro di Mariano Filipepi) - The Mystical Nativity

Verbum Caro Factum Est, Alleluia!!!Et Habitavit In Nobis, Alleluia!!!

Kalenda(Proclamao Solene do Natal de Jesus Cristo para ser cantado antes do Glria da Missa da Noite)

Transcorridos muitos sculos desde que Deus criou o mundoe fez o homem sua imagem;

Sculos depois de haver cessado o dilvio, quando o Altssimo fez resplandecer o arco-ris, sinal de aliana e de paz;

Vinte e um sculos depois do nascimento de Abrao, nosso pai;

Treze sculos depois da sada de Israel do Egito sob a guia de Moiss;

Cerca de mil anos depois da uno de Davi como rei de Israel;

Na septuagsima quinta semana da profecia de Daniel;

Na nonagsima quarta Olimpada de Atenas;

No ano 752 da fundao de Roma;

No ano 538 do edito de Ciro autorizando a volta do exlio e a reconstruo de Jerusalm;No quadragsimo segundo ano do imprio de Csar Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo.

Jesus Cristo Deus Eterno e Filho do Eterno Pai,

querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Esprito Santo e se fez homem;

Transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belm de Jud.

Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana.

Venham, adoremos o Salvador.Ele Emanuel, Deus Conosco.

Die 25 decembris

Die 24 decembris, A.D. 2011

IN NATIVITATE DOMINISollemnitasPro Missa in nocte:Deus, qui hanc sacratissimam noctem veri luminis fecisti illustratione clarescere, da, quaesumus, ut, cuius in terra mysteria lucis agnovimus, eius quoque gaudiis perfruamur in caelo. Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum.Amen.

Die 25 decembris, A. D. 2011

IN NATIVITATE DOMINISollemnitasAd Missam in die:Deus, qui humanae substantiae dignitatem et mirabiliter condidisti et mirabilius reformasti, da, quaesumus, nobis eius divintatis esse consortes, qui humanitatis nostrae fieri dignatus est particeps. Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum.Amen.

Estou porta e batoEstou porta e bato verdade. Estou porta do teu corao, de dia e de noite. Mesmo que no