a noção de contato social

Upload: eric-sociologia

Post on 25-Feb-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    1/7

    A noo de contato social, da sociologia teoria unitria das obrigaesde C. do Couto e Silva

    Leandro Martins Zanitelli

    Mestrando em Direito Civil pela Faculdade de Direito da UFRGS.

    SUMRIO: Introduo. arte I ! " cate#oria do contato social na sociolo#ia de$eopold von %iese. arte II ! " aplicao da noo de contato social na Ci&nciado Direito. " ! O contato social na teoria das rela'es contratuais de (ato. ) ! O

    contato social como (onte comum das o*ri#a'es na o*ra de Cl+vis do Couto eSilva. Conclus'es.

    Introduo

    O problema das fontes das obrigaes bastante antigo. As classificaes romanas, de Gaio eJustitiniano , j denunciavam as dificuldades de se identificarem com preciso as causas dosurgimento de obrigaes, recorrendo a epresses vagas !"e variis causarum figuris"# ou acategorias $eterog%neas !&uase'contratos e &uase'delitos#.

    O ()digo de *apoleo acol$eu a classificao justiniania, acrescentando'l$e, sob a influ%nciade +ot$ier, a lei, &ue tambm passava a ser considerada fonte de obrigaes !art. -/#. Arefer%ncia 0 lei, no entanto, ao lado dos contratos, dos delitos e das demais figuras, tornavaimprecisa, do ponto de vista cient1fico, a classificao napole2nica. A lei limita'se a conferireficcia obrigacional a certos fatos, somente neste sentido podendo ser tida como "fonte" deobrigaes. *o deve ficar situada junto a estes fatos em um mesmo plano.

    O ()digo (ivil brasileiro recon$ece epressamente como fontes de obrigaes os contratos, asdeclaraes unilaterais de vontade e os atos il1citos, embora tambm preveja espcies &ue nose en&uadram em nen$uma destas tr%s categorias, tais como a da gesto de neg)cios !arts.-- e ss.# e a do pagamento indevido !arts. 345 e ss.#.

    As discusses doutrinrias relativas 0 classificao das fontes obrigacionais acirraram'se, apartir do final do sculo passado, em torno do problema da culpa in contra$endo, inicialmenteestudado por J$ering. 6ratava'se de &ualificar a relao eistente entre os futuros contratantesdurante as tratativas para a reali7ao do neg)cio, da &ual se vislumbravam decorrer certosdeveres de informao e proteo ligados 0 boa f. 8ejeitada a pretenso de se identificar, jnesta fase, a eist%ncia de um contrato, dito preparat)rio, entre as partes , e dado no $aver,na maior parte dos casos, a prtica de ato delituoso, tornava'se imposs1vel remeter os deverespr'contratuais a &ual&uer das fontes tradicionais.

    As dificuldades enfrentadas diante de certas situaes provocadas pela industriali7ao e pelofen2meno da massificao do trfico, nas &uais o consumo de bens e servios passava aocorrer sem &ue se pudessem mais identificar a oferta e a aceitao conducentes 0 formaodo contrato, tambm tornavam evidente a insufici%ncia das fontes clssicas da relao

    obrigacional.

    mailto:[email protected]:[email protected]
  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    2/7

    A procura de solues para o milenar e renovado problema das fontes levou algunsdoutrinadores 0 elaborao de teorias unitrias das obrigaes, com a pretenso de abrangeras diversas ' antigas e recm'descobertas 9 espcies de relaes obrigacionais. :ntre estesautores esto :milio ;etti , Jo$annes ilva . :ste ?ltimodesenvolveu sua teoria das obrigaes contratuais e etracontratuais a partir da noo decontato social, a &ual seria, no seu entender, a fonte comum de todas as espcies de

    obrigaes .

    A novidade, na obra de (outo e >ilva, a atribuio de funo diferenciada a uma noo jpresente em trabal$os anteriores de direito e sociologia. A categoria do contato social foiinicialmente sistemati7ada pelo soci)logo @eopold von iese, nas primeiras dcadas destesculo. 8eapareceu, depois, j no Bmbito da ci%ncia jur1dica, na doutrina alem das relaescontratuais de fato, na &ual eercia, entretanto, funes restritas.

    O tema deste trabal$o a trajet)ria do conceito de contato social, desde suas origens, nasociologia !+arte C#, at sua recepo na teoria jur1dica, com a aplicao limitada em princ1piolevada a efeito pelos autores alemes, especialmente, e, posteriormente, com a sua utili7aocomo base para uma teoria unitria das obrigaes pelo jurista brasileiro (l)vis do (outo e>ilva !+arte CC#. O eame desta trajet)ria permitir, esperamos, tornar claro o real alcance da

    contribuio dada por este ?ltimo autor ao problema das fontes.

    I. A categoria do contato social na sociologia de Leopold von iese

    A obra de iese caracteri7a'se pela preocupao em desenvolver a sociologia como disciplinacient1fica aut2noma, com objeto e mtodo pr)prios &ue a diferenciem das outras ci%ncias,especialmente das &ue tambm se dedicam ao estudo do $omem . A construo do objeto daci%ncia social levada a cabo, por iese, por meio de um processo de abstraoD os fatossociais estudados conjuntamente por disciplinas como o direito, a economia pol1tica e a $ist)ria

    so separados de seu sentido e finalidade, passando a ser considerados, simplesmente, comofen2menos de associao !aproimao# e dissociao !afastamento# entre os indiv1duos. Oobjeto da sociologia constitu1do, para iese, no pelos fatores de ordem biol)gica,psicol)gica e pol1tica &ue impulsionam os indiv1duos na vida em sociedade, mas, sim, pelasdiversas situaes de distBncia &ue se estabelecem entre eles como decorr%ncia da atuaodestes fatores, e pelo modo como se desenvolvem os processos de aproimao eafastamento &ue levam 0 modificao de tais situaes de distBncia .

    *o &ue di7 respeito ao mtodo, iese opta por iniciar seus estudos pelo indiv1duo, entendidocomo ":u social" !so7iale Cc$#, isto , como ser &ue interage com o meio social ' ao contrrio do":u pessoal" !pers=nlic$e Cc$#, &ue inato, imutvel e insondvel . A ra7o para &ue o indiv1duoconstitua o ponto de partida da ci%ncia social est em &ue, para iese, o comportamento e asintenes dos seres $umanos individuais so mais facilmente intelig1veis do &ue os dos grupos.

    >o de salientar'se, ainda, com relao ao mtodo, a prefer%ncia pelo estudo dos fen2menospresentes, em detrimento dos passados , e, principalmente, o cuidado em afastar da sociologiatodo e &ual&uer ju17o valorativo, com o prop)sito de conferir'l$e carter meramente descritivo.

    A sociologia de iese tem, pois, um cun$o eminentemente formalista, no apenas porprivilegiar, em seu objeto, a forma das relaes sociais sobre o seu conte?do, mas tambm emra7o de seu objetivismo metodol)gico . O sistema sociol)gico Eieseniano baseado nascategorias abstratas do processo, relao, distBncia e, por ?ltimo, contato social.

    A ci%ncia social ocupa'se, para iese, como j observamos, de processos de associao edissociao entre indiv1duos, indiv1duos e grupos ou de grupos entre si, embora estes ?ltimossempre possam ser desdobrados em processos da primeira espcie. Os processos sociais so

    onipresentes e ininterruptos, constituindo, em iese, o substrato da vida social.

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    3/7

    Os indiv1duos esto constantemente envolvidos em uma infinidade de processos sociais &ue oslevam a aproimar'se ou afastar'se de seus semel$antes, modificando situaes de distBnciaanteriormente eistentes. As relaes sociais, por sua ve7, no correspondem a outra coisaseno a estas situaes de maior ou menor distBncia entre os sujeitos, tomadas em um dadomomento do desenvolvimento de processos de associao e dissociao. >o o resultado deprocessos sociais em determinado instante.

    A intensidade das relaes , pois, determinada pela distBncia eistente entre as pessoas. Oconceito de distBncia social, em iese, multifacetado, sendo in?meros os fatores &uecondu7em 0 aproimao e ao afastamento entre os $omens ' a linguagem, o seo, a idade, aclasse social, os $bitos etc. ' e diversos, tambm, os pontos de vista sob os &uais estadistBncia pode ser medida. :ntre um grupo de indiv1duos &ue obedece certas regras deeti&ueta, por eemplo, pode'se identificar a proimidade decorrente do conv1vio, &ue facilitado por tais regras, e, ao mesmo tempo, o distanciamento imposto pela preservao daintimidade, tambm imposta pela eti&ueta.

    A eemplo das demais categorias da sociologia Eieseniana, a noo de contato social decarter formalF seu conte?do e a finalidade com &ue so estabelecidos no so, em princ1pio,objeto da investigao sociol)gica.

    A categoria do contato social ampla, e compreende contatos f1sicos, ps1&uicos e f1sico'ps1&uicos. >o fen2menos de curta durao, &ue no constituem processos sociais deassociao e dissociao mas &ue podem, todavia, desencade'los, dando origem a novasrelaes sociais. Os contatos sociais provocam, tambm, modificaes e at a eliminao derelaes j eistentes.

    A principal classificao dos contatos sociais a &ue os divide em primrios e secundrios.A&ueles so contatos pr)imos, imediatos, estabelecidos atravs do tato, da viso frente 0frente, da fala ou at do olfato, ao passo &ue estes ?ltimos so contatos &ue se produ7em amaiores distBncias . Os contatos secundrios podem ser mantidos com o au1lio de meios decomunicao a distBncia ' telefone, carta, rdio etc. 9 ou consistir, simplesmente, no pensar em

    outra pessoa, no desejar sua presena etc. :stes ?ltimos contatos, vividos apenasinternamente, tambm so classificados por iese como contatos unilaterais.

    A categoria do contato social no est entre as mais importantes para a teoria de iese, &uese interessa, antes de tudo, pelos processos de associao e dissociao entre indiv1duos egrupos e pelas relaes sociais decorrentes de tais processos. A noo de contato social , emcomparao a estas outras categorias, uma noo ainda mais geral e abstrata, j &ue socaracteri7ados como contatos sociais tanto a&ueles contatos &ue resultam no aparecimento deprocessos sociais !um encontro entre pai e fil$o, por eemplo# como a&ueles &ue desaparecemsem deiar vest1gios !o contato, &ue pode ser meramente visual, entre dois descon$ecidos &ueviajam juntos no mesmo 2nibus e &ue nunca mais voltam a se encontrar#. :mbora tambmpossa ser entendida como o resultado de infinitos contatos sociais, no sob esta perspectiva,mas, sim, sob a perspectiva dinBmica dos processos de aproimao e afastamento &ue a vida

    em sociedade tomada por iese como objeto da ci%ncia social.

    II. A aplicao da noo de contato social na ci!ncia do direito

    Cnicialmente, a doutrina civilista alem recorreu 0 noo de contato social como forma derepresentar a fonte de certas relaes obrigacionais, as &uais poderiam resultar emresponsabilidade pr'contratual. :m lugar do contrato, invlido ou simplesmente no celebrado,indicava'se o mero contato $avido entre as partes, em determinados casos, como fonte deobrigaes !A#. J na obra de (l)vis do (outo e >ilva, o contato social transpe os estreitos

    limites das teorias sobre a culpa in contra$endo e passa a ser considerado fonte comum detodas as espcies de obrigaes, tornando'se ?til, deste modo, 0 sua sistemati7ao !;#.

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    4/7

    ". O contato social na teoria das rela'es contratuais de (ato

    oi na doutrina das relaes contratuais de fato proposta por G. Haupt, em 35 , &ue a noode contato social apareceu pela primeira ve7 relacionada ao problema das fontes dasobrigaes. :m seu estudo, Haupt defende a idia de &ue certas situaes, nas &uais no sepode vislumbrar a formao de um contrato, t%m como conse&I%ncia, no obstante, a

    produo de efeitos negociais t1picos. 6ratava'se de situaes merecedoras de considerao eno tuteladas pela lei, &ue estavam a indicar insufici%ncias do regime contratual tradicional .:ntre tais situaes estavam as &ue Haupt denominou contatos sociais, por ele caracteri7adoscomo relaes de cooperao entre duas ou mais pessoas com vista a certos fins, nofundadas em contrato. *a categoria dos contatos sociais foram inclu1das, por Haupt, as$ip)teses de culpa in contra$endo e o transporte por cortesia .

    As principais cr1ticas a serem dirigidas 0 teoria das relaes contratuais de fato de Hauptreferem'se ao seu carter eminentemente descritivo e pouco preocupado com a sistemati7aodas diversas espcies identificadas, e, ainda, 0 indeterminao de seus limites . +rocurou'sesuperar, posteriormente, estas fal$as, vinculando'se a produo de efeitos negociais, nasrelaes de fato, 0 proteo da confiana !=lle# ou, at mesmo, relacionando'se a confiana 0formao de neg)cios jur1dicos !;allerstedt#.

    O emprego da noo de contato social como fonte de obrigaes prvias ao contrato edecorrentes de relaes de cortesia foi, tambm, objeto de cr1ticas . G. 8ic$ter considera anoo suprflua, atribuindo a responsabilidade pelo rompimento das tratativas 0 violao dodever de comportar'se segundo a boa f e a responsabilidade, tambm contratual, do condutor,no transporte por cortesia !e, de modo geral, nas demais relaes desta espcie#, 0 frustraoda epectativa, legitimamente nutrida pelo passageiro, de no sofrer danos durante a viagem .

    Os problemas enfrentados por esta primeira tentativa de aplicao da categoria do contatosocial na ci%ncia do direito, com o restrito papel de fattispecie da relao obrigacional em$ip)teses nas &uais se evidenciam as limitaes do regime ancorado eclusivamente nasfiguras do contrato e do delito, so problemas &ue residem, em primeiro lugar, na indefinio de

    &ue padece a pr)pria teoria das relaes contratuais de fato, a &ual est longe de ser matriapac1fica entre os doutrinadores. Acrescente'se a isso o carter impreciso tomado, nesteconteto, pela noo de contato social, a &ual, empregada na sociologia formalista de iesecomo categoria bsica, dotada de alto grau de abstrao, foi transposta para o terreno jur1dicopara ali eercer funes espec1ficas, sem, no entanto, ter'se operado a delimitao eigidapara a reali7ao da nova tarefa. Alm das objees por esta ra7o suscitadas contra o valordogmtico da categoria, deparava'se a doutrina das relaes contratuais de fato com adificuldade, de ordem te)rica, &ue implicava a pretenso de circunscrever um conceito toamplo a um pe&ueno grupo de $ip)teses, sem &ue se contasse com &ual&uer justificativara7ovel para tal restrio.

    ). O contato social como (onte comum das o*ri#a'es na o*ra de Cl+vis do Couto e Silva

    K base dos estudos reali7ados por (outo e >ilva a respeito do contato social encontra'se oprop)sito de dar tratamento mais sistemtico 0s obrigaes contratuais e etracontratuais,atravs da fiao dos fundamentos para uma teoria comum 0s duas espcies. Csto ocorre pormeio de uma aplicao mais larga da noo de contato social, o &ual , para ele, a fonte detodas as espcies de obrigaes.

    A teoria do contato social desenvolvida por (outo e >ilva em trabal$o dedicado ao tema daresponsabilidade civil , no &ual comea por afirmar &ue a adoo de um termo com grau deabstrao suficiente para englobar as vrias espcies de relaes obrigacionais serviria aaproimar os regimes das responsabilidades contratual e etracontratual, atenuando aseparao, por ve7es tida como absoluta, na doutrina, entre os dois tipos de responsabilidade.O contato social, at ento restrito 0s $ip)teses de culpa in contra$endo, poderia cumprir esta

    funo.

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    5/7

    (ontrato e delito seriam, deste modo, nada mais do &ue formas de contato social, a primeiradelas &ualificada pela vontade . :mbora a presena desta ?ltima confira aos deveresdecorrentes do contato social maior grau de concreti7ao, amarrando'os a uma finalidadeespec1fica, ela no os torna ' esta a tese de (outo e >ilva ' substancialmente diferentes dosdeveres provenientes do delito ou de outros tipos de contato . Csto por&ue, em &ual&uer doscasos, o dever de indeni7ar resulta da infring%ncia de uma regra de conduta , e integra uma

    relao obrigacional caracteri7ada como ordem de cooperao entre as partes, destinada 0satisfao dos interesses do credor . Haveria, de tal modo, uma semel$ana estrutural entre asdiversas espcies de obrigaes, relativa tanto ao fato &ue l$es d origem como 0 forma deseu desenvolvimento.

    (outo e >ilva distingue os deveres resultantes da aplicao do princ1pio da boa f objetiva ,&ue se vinculam ao fim do contrato !deveres instrumentais#, dos deveres independentes, os&uais, embora estejam relacionados 0 formao ou ao desenvolvimento da relao contratual!isto , ten$am como fattispecie o contrato#, permanecem estran$os 0 finalidade desta ?ltima .6ais deveres, a eemplo dos demais, t%m sua fonte no contato social, diferenciando'se apenaspelo fato de &ue, a&ui, a valori7ao do contato pela ordem jur1dica no se deve 0 incid%ncia deuma regra legal ou de um princ1pio, como o da boa f, mas, simplesmente, 0 idia de &ue omero fato de viver em sociedade d origem a deveres de considerao para com os interesses

    dos demais .

    Ao conferir 0 noo de contato social a funo de fonte comum das obrigaes contratuais eetracontratuais, (outo e >ilva eleva a categoria em &uesto ao papel central do &ual ela eradestitu1da na teoria de iese, o &ue acaba por conceder'l$e ainda maior amplitude. A partir daobra do professor brasileiro, passa'se a considerar a vida em sociedade, em si mesma, comouma forma de contato social, a mais remota das formas poss1veis . : este alargamento dacategoria , de fato, necessrio, na medida em &ue se pretenda v%'la vinculada a $ip)teses deresponsabilidade civil em &ue as partes ' responsvel e lesado ' jamais ten$am tido, nemantes, nem no momento da ocorr%ncia do fato lesivo, &ual&uer contato f1sico ou ps1&uico, talcomo pode ser o caso, por eemplo, do responsvel pelos danos provocados pela &ueda deobjetos de uma casa !((, art. LM3#, ou do fabricante responsvel por fato do produto !((,art. M#.

    A contribuio de (outo e >ilva para a teoria das fontes das obrigaes consiste, portanto, emter reelaborado a categoria do contato social, dando'l$e conotao abrangente a ponto deabrigar os in?meros e d1spares suportes fticos &ue t%m como conse&I%ncia o nascimento deobrigaes. N certo &ue a figura escol$ida no tem ' nem poderia ter, em face da funo &uel$e atribu1da ' a preciso &ue seria de se desejar ao tratar'se de uma categoria jur1dica,conservando ' e, at, ampliando ' o carter genrico &ue j a caracteri7ava na obra de iese.6ambm por este motivo, ela pouco auilia no tratamento espec1fico das obrigaes aparecidasfora do Bmbito do contrato e do delito, as &uais permanecem como um dos principaisproblemas da atual doutrina civilista. 6ais limitaes no retiram, todavia, o valor da construode (outo e >ilva, &ue est, eatamente, em abrir camin$o a um estudo mais sistemtico dasdiversas espcies de obrigaes, fornecendo os fundamentos para uma formulao dogmtica

    unitria.

    Concluses

    . Assim como as demais categorias bsicas da teoria sociol)gica de @. von iese, a noo decontato social tem, na obra deste autor, um carter acentuadamente abstrato e formal,indiferente ao sentido ou 0 finalidade dos contatos estabelecidos entre os seres $umanos.:stes contatos podem ser f1sicos, ps1&uicos ou f1sico'ps1&uicos, classificando'se, ainda, emprimrios e secundrios, conforme $aja, ou no, proimidade f1sica entre os agentes.

    M. :m iese, os contatos sociais t%m importBncia inferior 0 atribu1da aos processos sociais 'processos de aproimao e distanciamento entre pessoas, pessoas e grupos e grupos entre si

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    6/7

    ' e 0s relaes sociais deles resultantes, os &uais constituem, para ele, o objeto, propriamentedito, da ci%ncia social.

    -. *a ci%ncia jur1dica, a figura do contato social foi aplicada, inicialmente, na doutrina dasrelaes contratuais de fato, na &ual recebeu a funo de fonte de relaes obrigacionais no'contratuais !negociaes preliminares e relaes de cortesia#. *este conteto, a vague7a da

    noo de contato social deu margem a cr1ticas relacionadas ao seu valor dogmtico, eistindo,tambm, uma contradio entre a generalidade da categoria e o papel espec1fico &ue ela c$amada a eercer.

    5. *a obra de (l)vis do (outo e >ilva, o contato social passa a ser considerado a fonte detodas as espcies de obrigaes ' contratuais e etracontratuais ', o &ue tornar tal categoriaainda mais ampla do &ue era na pr)pria teoria de iese, fa7endo'a abranger maior n?mero defen2menos !entre os &uais inclui'se a pr)pria vida em sociedade, &ualificada como a formamais remota de contato social#.

    L. O valor da teoria do contato social de (outo e >ilva est em fornecer as bases para umtratamento unitrio, mais sistemtico, dos diversos tipos de relaes obrigacionais ao agrup'los sob a idia de contato social. A descoberta deste termo comum mantm ainda em aberto,contudo, o problema da identificao e classificao das novas espcies de obrigaes com

    relao 0s &uais as figuras do contrato e do delito no mais se mostram ade&uadas.

    "ibliogra#ia

    ;:( (O>6A, Judit$ Hofmeister. "Os undamentos da 8esponsabilidade (ivil" in 8evista 6rimestral de Jurisprud%ncia dos:stados, 3- !33#DM3'LM.

    WWWWWWWWWW. >istema e (lusula Geral !A boa'f objetiva no processo obrigacional#, vol. CC. 6ese de doutoramento pelaniversidade de >o +aulo, ind., 334.

    8C(H6:8, Giorgio >tella. "(ontributo allo studio dei rapporti di fatto nel diritto privato" in 8ivista 6rimestrale di iritto e+rocedura (ivile, n.X , ano YYYC !3#DL'M/5.

    >C(H:>, @uis 8ecasns. iese. PicoD ondo de (ultura :conomica, 35-

    >C@UA, (l)vis Uer1ssimo do (outo e. A Obrigao como +rocesso. >o +auloD Jos ;us$atsZ[, 34.

    WWWWWWWWWW. +rincipes ondamentau de la 8ensponsabilit (ivile en roit ;rsilien et (ompar. +orto Alegre !datil.#, 3RR.

    >6A:8, :rnest. @a mt$ode relationelle en ps[c$ologie sociale et en sociologie selon P. @opold von iese. *euc$BtelDelac$au et *iestl, 3L/.

  • 7/25/2019 A Noo de Contato Social

    7/7

    C:>:, @eopold von. >[stem der Allgemeinen >o7iologie als @e$re von den so7ialen +ro7essen und den so7ialen Gebilden derPensc$en !;e7ie$ungsle$re#, -ed. ;erlimD uncZer \ Humblot, 3LL.

    WWWWWWWWWW e ;:(O, ernando Henri&ue e CA**C,Octvio !orgs.#, Homem e >ociedade. @eituras bsicas de sociologia geral. >o +auloD (ompan$ia :ditora *acional,!34#D5L'4.