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A NATAÇÃO NOS CLUBES ESPORTIVOS DE ARACAJU E SEUS
PIONEIROS: DOS RIOS ÀS PISCINAS
Acácia Priscilla de Souza Lírio Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Ana Carrilho Romero Grunennvaldt Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Abordar a história como uma possibilidade de analisar e compreender o esporte
moderno pressupõe ampliar a compreensão de que ela se caracteriza como um amontoado de
curiosidades sobre algum tema ou, ainda, se limita ao registro de dados da memória, seja ela
individual ou coletiva. Não basta resgatar e preservar a memória, mas é necessário,
fundamentalmente, contextualizá-la no seu tempo, analisá-la, permitir que dela se originem
diferentes interpretações.
Recorrer, portanto, à pesquisa histórica para melhor conhecer o esporte moderno significa recorrer a textos, imagens, sons, objetos, monumentos, equipamentos, vestes, ou seja, memórias – entendendo-as como possibilidades de compreender que ali estão inscritas sensações, ideologias, valores, mensagens e preconceitos que permitem conhecer parte do tempo onde foram produzidos e que podem nos auxiliar a compreender um tempo que pouco conhecemos (GOELLNER, 2003).
O esporte não é invenção do presente e, ainda que tenha adquirido centralidade na
vida moderna, ele resulta de conceitos e práticas há muito estruturadas no pensamento
ocidental, cujos significados foram e são alterados não só no tempo, mas também no local
onde aconteceram e acontecem.
Pesquisar o esporte a partir do recorte histórico é, e por que não pensar assim, construir um passeio por um tempo que é passado e é presente pois, apesar de distante na cronologia, carrega em si proximidades com representações, conceitos e preconceitos, formulações teóricas, construções estéticas, políticas e ideológicas desse tempo que é hoje e que é nosso. Afinal, os registros históricos são sempre construções de determinadas pessoas e resultam de escolhas, seleções e modos de ver de quem as produziu. O que significa afirmar que as fontes históricas nunca são completas ou estão esgotadas e que as versões historiográficas nunca são definitivas, pois podem ser lidas de forma diferente por diferentes sujeitos, em diferentes épocas. (GOLLNER, 2005:80).
Indispensável ao entendimento do recorte histórico é o estudo da representação
social, por isso nos cabe compreender que, nas sociedades modernas, somos diariamente
confrontados com uma grande massa de informações e que as novas questões e eventos que
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surgem no horizonte social freqüentemente exigem, por nos afetarem de alguma maneira, que
busquemos compreendê-los, aproximando-os daquilo que já conhecemos, usando palavras
que fazem parte de nosso repertório. Nas conversações diárias, em casa, no trabalho, com os
amigos, somos instados a nos manifestar sobre eles, procurando explicações, fazendo
julgamentos e tomando posições. Estas interações sociais vão criando “universos
consensuais” no âmbito dos quais as novas representações vão sendo produzidas e
comunicadas, passando a fazer parte desse universo, não mais como simples opiniões, mas
como verdadeiras “teorias” do senso comum, construções esquemáticas que visam dar conta
da complexidade do objeto, facilitar a comunicação e orientar condutas. Essas “teorias”
ajudam a forjar a identidade grupal e o sentimento de pertencimento do indivíduo ao grupo.
Há muitas formas de conceber e de abordar as representações sociais, relacionando-as ou não ao imaginário social. Elas são associadas ao imaginário quando a ênfase recai sobre o caráter simbólico da atividade representativa de sujeitos que partilham uma mesma condição ou experiência social: eles exprimem em suas representações o sentido que dão a sua experiência no mundo social, servindo-se dos sistemas de códigos e interpretações fornecidas pela sociedade e projetando valores e aspirações sociais (JODELET, 1990).
Esta é a perspectiva que, adotando a perspectiva da representação social, buscando
seus fundamentos na Psicologia Social, tem suas raízes na história oral. Daí o desejo de
dialogar a respeito de uma questão que instiga a discussão em torno do esporte moderno:
como, quando e com que finalidade surgiu a natação no Município de Aracaju?
O estudo das representações sociais parece ser um caminho bastante interessante
para descrever os aspectos significativos das orientações e condutas desses pioneiros da
natação, na medida em que investiga, justamente, como se formam e como funcionam os
sistemas de referência que utilizamos para classificar pessoas e grupos e para interpretar os
acontecimentos da realidade cotidiana. Por suas relações com a linguagem, a ideologia e o
imaginário social e, principalmente, por seu papel na orientação de condutas e das práticas
sociais, as representações sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos
que interferem nas orientações e condutas dos pioneiros da natação aracajuana. Para obter
essas representações procuraremos dar voz aos sujeitos históricos envolvidos com o
fenômeno, onde a evidência oral será fundamental, por trazer um campo com novas
possibilidades de estudo, bem como para oferecer uma tendência que vai em busca de uma
história mais pessoal, social e democrática, em que o historiador é posto em contato com
outras disciplinas. (THOMPSON, 1992).
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Na tentativa de resgatar os eventos, foram utilizadas fontes documentais, entre as
quais estão os jornais Gazeta de Sergipe e Sergipe Jornal. As fontes que deram base à coleta
dos dados são entrevistas, nas quais foram selecionados 07 (sete) sujeitos, dentre eles 05
(cinco) nadadores e 02 (dois) professores pioneiros no trabalho pedagógico com a natação em
Sergipe. O acesso aos sujeitos entrevistados se deu por conta da notoriedade pública ligada à
natação, bem como através de pessoas que estiveram envolvidas direta e indiretamente com o
surgimento da natação sergipana no momento estudado.
O período enfocado ficou delimitado por eventos expressivos, iniciando em 1967
com a inauguração da primeira piscina, projetada segundo os moldes modernos da natação, a
piscina da Associação Atlética Sergipana (AASE), sendo esta o local das primeiras
competições regulamentadas da cidade de Aracaju. Em 1976, três anos após a inauguração do
Parque Aquático do Batistão, foi concluída a primeira piscina de competição pública do
Município, momento das competições estudantis que já contavam com a participação dos
alunos cujo aprendizado foi promovido por esse espaço público da prática da natação.
Para o entendimento da ocasião, temos que recorrer ao contexto histórico que vai
de meados do século XIX a meados do século XX. Para apreender a história do esporte,
devemos correlacioná-lo aos aspectos sociais do seu tempo; no entanto, lembra-nos Melo
(2001), que devemos estar atentos para não dar ao esporte um caráter autônomo (autocriador e
sem influências externas), por isso, a necessidade de contextualizá-lo com os processos de
formação das sociedades modernas.
O esporte moderno, segundo Bracht (2003), é uma atividade corporal de
movimento com caráter competitivo, surgida no âmbito da cultura européia, por volta do
século XVIII, e que com esta se expandiu pelo resto do mundo. Para ele, o esporte resultou de
um processo de esportivização de elementos da cultura corporal de movimento das classes
populares como os jogos populares, e da nobreza inglesa. O processo tem início em meados
do século XVIII e se intensifica no final do século XIX e início do XX.
O declínio das formas de jogos populares inicia em torno de 1800. Eles parecem ficar paulatinamente fora de uso, porque os processos de industrialização e urbanização levaram a novos padrões e novas condições de vida, com as quais aqueles jogos não eram mais compatíveis. Com isso, os jogos tradicionais foram esvaziados de suas funções iniciais, que estavam ligadas às festas (da colheita, religiosa, etc.) (DUNNING, apud BRACHT, 2003: 10).
No Brasil, de acordo com Lucena (2001), esse processo vai ser evidenciado a
partir da chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, no século XIX, trazendo consigo a
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cultura européia e, assim, empreendendo uma gradativa mudança no comportamento da
sociedade brasileira.Tais mudanças tiveram início no Rio por ser o grande centro político,
administrativo e econômico da monarquia portuguesa e, talvez, por isso, a cidade mais
importante ao sul do Equador naquele período. Era através dessa cidade que a “modernidade”
e a “civilidade” chegavam ao Brasil, ou seja, os produtos industrializados, as modas, os
costumes e as novas práticas corporais que, aos poucos, eram copiados pelas demais cidades
brasileiras. Essas transformações sociais trouxeram para o Brasil e, pioneiramente, para o Rio
de Janeiro um período de desenvolvimento e mudanças dos nossos costumes pelos costumes
europeus, tornando as cidades brasileiras mais parecidas com as cidades européias, ditas
“civilizadas”.
Se “até agora a natureza tinha realizado mais pelo Brasil do que o homem”, como escreveu o príncipe Maximiliano, decerto essa história estava mudando e as cidades como o Rio de Janeiro eram o local onde esses homens agora se inter-relacionavam com maior intensidade. Portanto, é ao longo do século XIX e, particularmente, na sua segunda metade, que o progresso terá ritmo mais acelerado que em todo o período anterior e diferenciada se tornará a cidade e o conjunto de seus habitantes (LUCENA, 2001: 17).
A população brasileira, principalmente aquela que vivia nos centros urbanos,
passou a conviver com uma certa diversidade e transformação de alguns hábitos, como o
modo de se vestir, de se comportar, na diversificação dos tipos de trabalho, dos meios de
transportes, nas casas requintadas, nas formas diferenciadas de passatempo. A mudança
também ocorreu nos jogos mais comedidos, ocasionados pelo fim do trabalho escravo, que
deslocou um bom contingente de negros da zona rural para os centros urbanos; pelo
incremento da imigração que veio substituir a mão-de-obra escrava trazendo consigo hábitos,
costumes, como também o desejo de estruturar clubes, organizar competições esportivas e até
mesmo ensinar práticas ligadas à atividade física. Além disso, o confronto com culturas
diferentes, ocasionou uma mudança no estilo de vida do brasileiro, que, então, além das
culturas portuguesas, indígenas e africanas, passou a receber uma maior influência vinda dos
países europeus (Franceses e Ingleses) (LUCENA, 2001). Esse desenvolvimento se
intensificou a partir da segunda metade do século XIX e foi marcado pelo aumento das inter-
relações nas cidades que vão se diferenciando do modo de vida rural e assimilando uma rede
de dependências, solidariedades e convivência entre grupos sociais.
No final do século XIX e início do século XX, essas inter-relações se
intensificaram., Para Melo (2001), a industrialização fundamentada no modelo inglês, fez
muitas companhias se estabelecerem no país, os imigrantes vindos para substituir os escravos,
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e os estudantes brasileiros regressados da Europa, trazendo novos hábitos, fizeram as cidades
brasileiras se modernizarem. A urbanização deu seus primeiros passos, iniciando uma
reestruturação dos costumes e atitudes diferenciadas refletidas na relação familiar, no
trabalho, no tempo de lazer, e não diferente, nas práticas esportivas. Porém, como afirma o
autor, essa influência já podia ser anteriormente observada em meio às elites brasileiras,
enquanto classe detentora das riquezas e que possuía condições concretas de enviar seus filhos
para realizar seus estudos fora do país, com o que importava e imitava os costumes europeus
antes que esses chegassem às terras brasileiras.
É, portanto, nesse ambiente, onde os distintos e diferentes grupos se entrecruzam,
que a elite dirigente busca, com mais ênfase, a adoção de comportamentos para se diferenciar,
sendo alguns desses comportamentos logo imitados pelas demais classes, o que a levou a
elaborar novas atitudes, num processo que se diversifica, re-segnifica, diferencia, ao mesmo
tempo em que cria uma teia de interdependências e atinge os indivíduos não só em seus
aspectos sociais, mas também no modo de se comportar. Entre essas novas formas de se
comportar estão o lazer e o jogo que, aos poucos, perdeu o seu caráter de confraternização e
harmonização entre a comunidade e passou a ter um caráter de ascensão social, e a classe que
podia praticá-lo sentia-se parte de um grupo privilegiado e, conseqüentemente, diferente das
outras classes sociais (LUCENA, 2001: 139).
No Brasil, não há uma passagem sincrônica do jogo popular e ritualístico ao esporte
ou jogo esportivizado [...] há, na verdade, um implante de uma prática específica ao
lado de jogos de caráter popular [...] porque o esporte chega a nós [...] por uma ação
deliberada e dirigida para determinados setores da elite brasileira” (LUCENA, p.46,
2001). “O jogo não acabou para dar lugar ao esporte, este é entendido como uma
prática que vem atender as expectativas de uma elite que passa a ter na
esportivização de suas ações lúdicas um passatempo predileto (LUCENA,2001:49).
O autor supracitado nos diz que o esporte se caracterizou como uma prática
“nova”, própria de uma sociedade em transformação e “civilizada”, assim considerada pela
elite e, por esta razão, educada e educativa, em detrimento dos jogos tradicionais que retratam
uma sociedade arcaica e colonial. Configurou-se como um ícone, uma nova referência, como
uma das representações da modernidade, da civilização.
O esporte, de acordo com Melo, eram manifestações tão díspares no século XIX
que podemos dividi-las em três grupos. No primeiro grupo, estariam as práticas que hoje estão
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organizadas como “esporte moderno”, mas que na época ainda começavam a se estabelecer,
como, por exemplo, as corridas de velocípedes que deram origem ao ciclismo brasileiro. Do
segundo grupo participariam aquelas que tinham um caráter de espetáculo e de diversão, mas
que nunca chegaram a ser consideradas como um “esporte moderno”, de que podemos citar
como exemplo as corridas de cachorro. E, por fim, no terceiro grupo estariam as
manifestações já bem desenvolvidas e organizadas, constituindo um campo esportivo, como o
são o turfe e o remo.
Segundo Melo (2001), foi a partir de 1825, que as corridas de cavalo – o turfe –
se tornaram mais organizadas e começaram a chamar atenção da elite carioca. O fato de não
romper os hábitos existentes, no que se refere à recusa aos exercícios físicos, de os cavalos
estarem presentes no dia-a-dia das pessoas e a possibilidade de constituírem um espetáculo,
onde se podia ver e ser visto, auxiliam generosamente o seu desenvolvimento e perpetuaram
seu prestígio.
Os primeiros passos do esporte (ou esporte moderno) no Brasil, segundo Melo
(2001), foi nos anos finais da metade do século XIX, com a criação do primeiro Clube de
Turfe (Clube de Corrida, 1849), embora, anteriormente, algumas iniciativas ainda não-
estruturadas fossem observáveis e o termo já estivesse incorporado à linguagem da cidade. No
entanto, tais iniciativas, ainda não tinham o caráter organizacional do Turfe que já possuía um
campo próprio, com significado diferenciado.
Esse esporte nasceu em meio à elite brasileira e funcionou como um mecanismo
de “extravasar as tensões e opressões características de um poder diferenciador do homem –
forte e nobre – com relação à mulher – fraca e bela – e à criança – frágil e instintiva”
(LUCENA, 2001:106) e por isso gozava de reconhecimento e notoriedade na cidade.
As mulheres, que até meados do século XIX viviam em uma estrutura
extremamente conservadora, a quem não se permitia grande movimentação, quase nunca
sendo vistas nas ruas, começam, com o desenvolvimento do turfe a aparecer diante da
sociedade carioca. Sua presença dava às corridas um caráter familiar, além da oportunidade
de serem apresentadas à sociedade e torná-las conhecidas para “um bom partido” (MELO,
2001).
Sendo assim, podemos colocar que o turfe se estruturou como um passatempo
predileto da aristocracia brasileira, que vê nesse esporte um sustentáculo da sociedade
patriarcal em constante mudança, que vai representar a influência dos costumes europeus na
nossa sociedade e cujos hábitos, aos poucos, vão sendo assimilados por ela. No entanto,
uma política de saúde pública incisiva alterou um pouco tais hábitos.
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Nos anos finais do século XIX, os debates entre higienistas e administradores
promoveram o aparecimento um programa administrativo em torno das questões sanitárias.
Desenvolveu-se uma campanha contra as habitações coletivas, motivada pelo surto de
doenças que não poupavam nem os mais ricos. Surgiu, então, uma crescente expansão das
cidades em busca de outros lugares que não seriam contaminados por doenças.
Por causa dessas buscas surgiram dois aspectos importantes:
O primeiro é o acompanhamento da ocupação desses espaços pelo que então se entende chamar por clube de esporte, que aparece como criador de lugares e espaços por excelência pelo deslocamento de pessoas, o que acarreta a sedimentação de uma estrutura física permanente. Segundo, é a questão dos banhos de mar que demonstram uma outra relação dos habitantes das cidades marítimas no Brasil com esse espaço, até então relegado a um plano de quase completo distanciamento, pelo fato do mar, entre nós, até as primeiras décadas do século XIX, ser um lugar de despejos de lixo e excrementos. (MELO,. 2001: .24 ).
Os costumes vão sendo alterados e apesar de toda influência – o turfe havia
influenciado decididamente os outros esportes, que utilizavam inclusive sua estrutura de
clubes, forma de organização de competições e até mesmo sua linguagem específica – e a
aceitação do turfe pela sociedade, os jovens, que se sentiam à margem do processo desse
esporte – vão colocar em questionamento as condutas de apostas do turfe e de sua postura
patriarcal. O “atleta” era totalmente subordinado ao seu patrono, merecendo pouca ou
nenhuma referência nos jornais da época, ao contrário dos donos de cavalos e das fazendas
que realmente se divertiam com as apostas em cavalos bem arranjados e ovacionados, em
detrimento da figura do esportista que o conduzia. Mas a compreensão sobre o que significava
e deveria significar a prática esportiva se modificaria, principalmente a partir – e em
conseqüência – do desenvolvimento do remo.
Nessa sociedade centrada na figura do homem como o lado forte e verdadeiro pilar de sustentação social, superior à da mulher, o lado fraco e quando muito apenas belo, o esporte adotado pelos nossos barões construtores dos grandes sobrados urbanos haveria de ser mesmo o turfe. O esporte representado antes de tudo pelo cavalo, puro-sangue, que cheira à fazenda e relembra a força dos conquistadores. Cavalo que, por muito tempo, foi o meio de transporte predileto de nossos barões, era o nobre animal das guerras e muito mais valioso para os seus patrões que a maioria de seus negros escravos. Nesse sentido, herdamos do colonizador português o gosto pelo cavalo como elemento de ação militar e, como extensão, de distinção social. Em Portugal, o merecimento militar superava qualquer outro, ao mesmo até o século XIX, e o cavalo, por sua capacidade bélica, era motivo de concessão de privilégios para seu proprietário. Por isso, o ter o cavalo e utilizá-lo comumente constituía valimento e elevava homem a posições superiores. Os favores dispensados aos que se distinguiam tinham como sustentáculo a condição única de posse do cavalo. (GOULART apud LUCENA, 2001).
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A relação com o mar também vai expressar a relação que se tem com a rua, de
acordo com Lucena (2001), pois se torna um novo ambiente onde o homem desenvolveu
novas práticas, novos modos de vida e ganhou mais um espaço para “exercício do poder,
realização de seus desejos e necessidades”.
Segundo Melo (2001), antes de se falar em banhos de mar, deve-se falar de uma
nova relação dos habitantes com a água (rios ou mar), com a saúde e com o corpo, pois, uma
vez compreendida essa relação, podemos identificar com maior profundidade e
comparativamente os diferentes tempos de organização e valorização dos diversos esportes na
estrutura urbana.
Em um primeiro momento esses novos espaços – rios e mares – são freqüentados
por alguns indivíduos das camadas populares, com uma única finalidade, a ludicidade, o
divertimento, até mesmo porque estes indivíduos estavam menos sujeitos aos rígidos
imperativos sociais. Porém a partir de meados do século XIX, a preocupação com o
saneamento da cidade começou a se tornar mais constante e, então, as autoridades municipais
começaram a investir em serviços ligados à limpeza e higiene. A cidade se tornava “mais
habitável” e foi nesse contexto que entrou o segundo momento dos banhos de mar que, agora,
passaram a ser sugeridos como prática terapêutica. E, por fim, um terceiro momento,
caracterizado pelas mudanças no padrão estético para o corpo brasileiro, acarretando
transformações nos banhos de mar, que passaram a serem encarados como exercícios físicos
para melhoria desse padrão corpóreo (MELO, 2001).
(...) antes que o sol desponte acima dos morros, uma fila de homens, mulheres e crianças desce das ruas para tomar banho nas claras águas salgadas da baia, num atestado de que os banhos de mar só eram recomendados ao alvorecer, pois às sete horas, já o sol está alto, e toda movimentada multidão foi-se embora[...] afora os banhos medicinais e o trabalho pesqueiro, só aqueles que lhe davam com alguma prática esportiva arriscavam-se a banhos de mar em horário não recomendado pelos médicos (LUCENA, 2001: .25).
Assim, para Melo (2001), o mar, gradativamente, deixa de ser encarado como
uma forma de lazer, para ser encarado como uma solução para problemas de saúde. A partir
daí, foi que uma das ações relacionadas à busca de melhores condições de higiene indicou a
redução do uso do mar para deposição de excrementos, notadamente observável a partir dos
anos 1860.
Alguns fatores fizeram com que propagassem os banhos de mar no Brasil, como a
queda da influência religiosa católica no país, com a chegada de novas religiões, no século
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XIX, uma vez que a religião católica induzia a uma certa repulsa e medo do mar, pela própria
interpretação bíblica do oceano caótico, incompreensível e demoníaco; e a influência dos
professores imigrantes nos colégios religiosos. Os protestantes foram os primeiros a introduzir
as práticas esportivas na escola e a propagar hábitos higiênicos, estimulando assim os banhos
de mar. Com o aumento da popularidade do uso dos banhos de mar por suas propriedades
terapêuticas, observou-se um surgimento de um mercado ao redor dessa prática. Criou-se uma
verdadeira estrutura comercial ao redor deles, que ia desde sua utilização como pano de fundo
para propagandas ligadas a remédios e tônicos, à venda de produtos específicos para os
banhos (como os maiôs e sapatos de lona), até sua utilização como vantagem oferecida por
casas de saúde e hotéis.
Com a crescente popularização desses banhos, surgem as preocupações em
regulamentá-los, pois o pudor dos banhistas supostamente despertaria o desejo dos que deles
fizessem uso. O pudor e o medo da violação ocular determinavam os trajes de banho. A
própria indumentária, segundo Lucena, confirma que o banho de mar nessa época não era
antes por prazer, mas uma receita a ser seguida.“... uma dama de respeito, por essa época,
toma seu banho sempre de madrugada, não raro entrando numa água onde ainda se reflete a
luz prateada das estrelas” (LUCENA, 2001:29)
Com a aceitação da presença das pessoas nas praias, apareceu um novo modelo
de corpo a ser cultuado, que se tornou mais amplamente aceito, de acordo com Melo (2001),
no século XIX, pois se deixava de valorizar o corpo magro e fraco, para se valorizar os
fortes e musculosos. Os banhos de mar passaram a ser encarados como exercícios físicos para
melhoria desse novo padrão estético corporal, o que, segundo Vigarello, está diretamente
ligado às mudanças nas representações e nos padrões de higiene e saúde. Talvez isso leve a
crer que esse novo padrão tenha aberto caminho para o desenvolvimento dos esportes náuticos
na cidade. “Os homens ... já começam a mostrar corpos rijos e bem desenhados de músculos,
muito orgulhosos de suas linhas, exibindo-se em calções, mas dos longos, dos que vão abaixo
da linha do joelho” (MELO, 2001:49, )
É nesse contexto, segundo Lucena, que o remo vai surgir e demarcar um novo
modo de lidar com as relações pessoais, na medida em que subverteu a forma de vestir e de se
apresentar em público. A princípio, as pessoas olhavam-no com susto, pois os rapazes
passavam de calção e de camisa de meia, dentro do mar, a manhã e a noite inteira (JOÃO DO
RIO, Hora do futebol, citado por Sevcenko, 1998:570). Mas, aos poucos, foi ganhando
aceitação e popularidade, pois as competições, diferentemente do turfe, eram em lugares
públicos, e o atleta, o remador, o centro das atenções, deixando de ser o cavalo a figura mais
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importante, além de ser o turfe um esporte individual e o remo ter a formação de clubes e
trabalhos em equipe, o que passa a exigir dos seus praticantes uma preocupação com o
companheiro.
Foi então, nos anos finais do século XIX, que o remo conquistou grande
popularidade e prestígio e contribuiu de forma fundamental para estabelecer e estabilizar
valores que, de alguma forma, até hoje permanecem ao redor da prática esportiva: o desafio; a
ligação com a atividade física tão importante para a manutenção da saúde e para a
consolidação de uma nova estética corpórea, em que a beleza diretamente ligada à compleição
muscular era valorizada; a suposta honestidade e probidade moral dos que com tal prática se
envolvessem. Na verdade, uma suposta “escola de virtudes”.
Esse novo modo de relação social implementada pelo remo também pode ser
sentido, no que se refere à participação feminina, cuja presença nas ruas já pudera ser sentida
na era turfística, mas ainda apenas como elemento embelezador e familiar. Na era do remo, as
mulheres passaram a ser vistas com cautela, ao se expandirem para as praias, pois passaram a
despertar preocupação com o pudor, repercutindo diretamente em seus vestuários, os quais
deveriam ser discretos e não acentuar demais as formas para não ferir os bons costumes, e não
despertar o erotismo. Embora o esporte fosse compreendido com uma prática masculina, no
que se refere à sua organização e possibilidade de participação como competidor, ele permitiu
às mulheres uma nova forma de convivência social, sendo até possível identificar uma
participação mais direta de mulheres competidoras, embora em número reduzido.
O remo veio apresentar uma nova conduta para os participantes do esporte tanto
praticantes como espectadores dessa nova modalidade. Os cidadãos passaram a freqüentar
mais as praias, as vestes tornaram-se mais leves, o paletó e os vestidos pesados de renda às
vezes importada cederam lugar a trajes mais esportivos, em virtude do ambiente onde se
desenvolvia o esporte. Essa nova relação, segundo Lucena, parece descaracterizar a postura
peculiar dos patriarcas e trouxe outros componentes para a conduta esportiva no contexto
social.
É nesse mesmo contexto social, no quartel final do século XIX, que vem surgir a
natação, num momento em que se criaram muitos clubes de ginástica na cidade, com seções
específicas de remo e tomando parte nas regatas. A Ginástica e a Natação começaram,
também, a se desenvolver nos colégios e por toda a cidade. O aumento do interesse por tal
prática tornou-se visível por conta do maior empenho dos clubes no incentivo dado aos
esportes náuticos; no tocante à natação, tais incentivos são percebidos pela criação das
primeiras piscinas. De acordo com Lenk (1948) a primeira piscina do Brasil foi criada, em
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1885, pela Sociedade de Ginástica de Porto Alegre – a mais provável antiga sociedade
desportiva do Brasil, fundada em 1867 – e apresentava-se “em estilo de pontões”, dentro do
rio Guaíba.
No ano seguinte, no Rio de Janeiro, foi criado o R.S. Clube Ginástico Português,
o qual incentivou consideravelmente o remo, ao mesmo tempo em que abriu espaço para a
prática da natação.
Segue no próximo ano a fundação da segunda sociedade desportiva com o nome de R. S. Clube Ginástico Português no Rio de Janeiro, que aqui fica mencionada, apesar de não ter dispensado maior interesse à prática da natação naquela época. O desporto mais destacado de então era o remo; quase todos os clubes cuidavam desse ramo da Educação Física, estendendo-se, na maioria das vezes a iniciação a prática da natação. Nem por isso o interesse pelo ensino da natação nos colégios, especialmente dos centros militares, deixava de existir, continuando a ser preocupação das respectivas autoridades governamentais.(LENK,,1948: 28)
Os últimos anos do século XIX foram marcados pelo surgimento de numerosos
clubes, dentre eles o Clube de Natação e Regatas – provavelmente o primeiro clube a tratar
especificamente da natação no Brasil – que, em parceria com a Federação Brasileira das
Sociedades do Remo, fundada em 1896, promoveu o Primeiro Campeonato Brasileiro de
Natação, no ano de 1898, o qual consistiu em uma prova de 1500 metros nado livre, referente
ao trajeto que se estendia da Fortaleza de Villegaignon até a praia de Santa Luzia, localizada
no Rio de Janeiro. Esse mesmo campeonato aconteceu consecutivamente e, em 1912, foi
oficializado pela Federação Brasileira das Sociedades do Remo a qual passa, então, a
regulamentar a natação brasileira. (LENK, 1948)
Em junho de 1914, foram instituídos dois órgãos para dirigir os desportos
brasileiros e lhes dar um maior incentivo: o Comitê Olímpico Nacional e a Federação
Brasileira de Esporte. Esta por sua vez, em 1916 transformou-se em Confederação Brasileira
de Desportos (CBD), entidade soberana dos desportos brasileiros.
Nos anos 70, a CBD foi extinta e a natação passou a ser organizada pela
Confederação Brasileira de Natação (CBN) que, em 1988, seria rebatizada como
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. De acordo com a CBDA, a partir da década
de 30, a natação se desvinculou definitivamente do remo, criando os Estados “líderes” dessa
prática suas respectivas Ligas.
Baseado na CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos – no início
do século, a natação era desenvolvida em rios. Em São Paulo, as competições se davam às
margens do rio Tietê e, no Rio de Janeiro, na Praia de Botafogo. Porém, somente em 1958 é
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que o Brasil ganhou destaque na natação em águas abertas, com Abílio Couto (MAGELA,
2002). Com relação às piscinas, no longínquo ano de 1919, no Fluminense, foi construída e a
primeira piscina de competição do Brasil, seguida, 4 anos mais tarde, pelos clubes paulistas, o
que marcou uma nova era para a natação brasileira.
O surgimento dessa modalidade de esporte aquático s no Brasil pode ser
percebido por dois momentos: um em que é visto como uma prática que promove o exercício
higiênico que, além dessa função, pode salvaguardar as garantias de vida do próprio indivíduo
e do próximo; e, posteriormente, torna-se uma prática cada vez mais presente na
sociedade,auxiliado pelo surgimento dos clubes que favoreceu ao indivíduo usar a natação
no seu tempo livre de trabalho, pela preocupação com a saúde (RENAULT apud MELO,
2001: 51).
Em Sergipe, temos, primeiramente, uma tradição envolvendo a natação utilitária
ligada às atividades propiciadas pelos vários rios que cortam o Estado (São Francisco –
fazendo a divisa com estado de Alagoas – e outros que se destacam ao sul do estado os rios
Real e Piauí e a norte o Vaza-Barris, Cotinguiba e Sergipe) e na extensa costa marítima. Estas
ocupações estão atreladas tanto ao lazer como ao trabalho dos sergipanos que vivem naquelas
imediações. As competições de travessia em águas marítimas1 e nos rios2 são eventos que
expressam traços da nossa diversidade cultural. Posteriormente, observamos a organização
das instituições que vão conduzir a natação institucionalizada, como por exemplo, a fundação
da Federação Aquática de Sergipe, em 1981, cujas competições nas piscinas vão ser o carro-
chefe e acoplada ao esporte de rendimento, torna-se significativa nesta época a competição
advinda dos jogos estudantis.
Para apresentação dos resultados e discussões foram constituídos três enfoques da
pesquisa: o primeiro que vem tratar da relação dos sujeitos com o rio e com a piscina; o
segundo é sobre as construções das primeiras piscinas no Município de Aracaju e o terceiro a
propósito da natação e as políticas públicas ainda em Aracaju.
Para a maioria dos entrevistados, a relação com o rio começou ainda na infância,
que costumavam freqüentar com familiares ou com os amigos, para desfrutar momentos de
lazer. O rio era um espaço de envolvimento com a natureza, vivo e público, a que todas as
classes sociais tinham acesso. Para a infância, o rio representava liberdade, prazer e diversão.
1 Como podemos notar nas comemorações do 105º aniversário da capital sergipana – Aracaju - com organização da 1ª Travessia – Atalaia Nova –Ponte do Imperador. Gazeta de Sergipe, 13 de março de 1960. 2 Travessia Barreira Grande – Ponte do Imperador competições realizada no estuário do rio Sergipe em fazendo parte das comemorações do 107º aniversário de fundação de Aracaju. Gazeta de Sergipe, 18 de março de 1962.
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Já a piscina vem surgir alguns anos mais tarde e se caracteriza como um espaço privado, de
ingresso restrito à determinada classe social, regrado por normas de conduta, como podemos
observar nas falas seguintes:
“Tínhamos como forma de lazer, tomar banho de mar na rua da frente, nas
imediações entre a Rolembergue, onde hoje é a praça do mini-golfe, e o Cotinguiba, quase
que diariamente.” Informante I3
“Morei na Bahia até meus 13 anos e foi lá onde aprendi a nadar em um clube
bastante conhecido da cidade de Salvador. Cheguei em Sergipe em 1965 e fomos morar em
Nossa Senhora das Dores, porém não me adaptei, pois um dos meus programas preferidos era
ir nadar e brincar na praia e nessa cidade não tinha praia. Então, em 1967 viemos morar em
Aracaju, no bairro industrial, local que ficava em um ponto estratégico para as minhas idas a
praia. Passei então a freqüentar a praia do moinho, que era aquela região em frente ao
Mercado Tales Ferraz, aonde os navios mercantes atracavam (rio Sergipe). Mas tarde quando
já estava enturmado com os meninos da região passei também a freqüentar a praia formosa,
hoje 13 de julho (antes de ser poluída como é hoje), juntamente com meu irmão, não só para
nadar, mas também para jogar bola, isso era um costume das crianças e adolescentes da
época” Informante II4
“Eu aprendi a nadar muito cedo, ainda criança e gostava muito do mar e da praia e
naquela época eu não conhecia a natação como desporto não, mais o Iate Clube da Bahia já
tinha piscina e a Associação Atlética também, embora meu pai fosse sócio, eu nunca
freqüentei esses dois clubes, mas eu me acostumei a penetrar no Iate, através do mar, saia da
praia do porto da barra nadando até o Iate clube, porque eu não tinha carteira, e entrava
através de um ancoradouro, onde ficavam os barcos dos sócios do clube. Apesar do clube ter
piscina eu não conhecia a natação de piscina, só conhecia a natação natural, do mar, de
travessia. Ainda criança, surgiu à pesca submarina, o povo ia pescar e eu ia acompanhar os
pescadores que faziam pesca submarina, só por esporte, só para acompanhar para ficar
nadando até a bóia e voltar, mas eu não pescava não”Informante III5
“Eu veraneava ali na boca do rio (Poxim), ali na Atalaia e nadava muito em rio, eu
aprendi a nadar em rio, eu não fui treinado para nadar em piscina. Eu vivia no rio, pescando,
nadando, mergulhando e gostava também de jogar bola, eu vivia dentro do esporte na minha
3 Informante I: entrevista concedida Gustavo Laporte no dia 17 de outubro de 2006. 4 Informante II: entrevista concedida Nathan Carvalho de Menezes no dia 17 de outubro de 2006. 5 Informante III: entrevista concedida Alberto Teixeira Chaves Filho no dia 10 de janeiro de 2007.
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infância, mas não o esporte de competição e sim o esporte de lazer. A gente brincava no rio,
mergulhava muito, a gente conseguia ainda atravessar o rio Poxim em um mergulho só
naquela época, entrava num lado saía do outro do rio, e essa era a competição que se fazia na
infância com meninos que brincavam ali com a gente.” Informante IV6
“tomava muito banho e brincava no rio Sergipe, onde era a Crase e também ali na
rua de Campos, em frente o mini-golfe que a gente chamava a Rolemberg, então eu nadei
muito no rio Sergipe.” Informante V7
“A infância na minha época era muito diferente da infância atual, basta dizer que
até os doze anos, eu morava no primeiro andar e só tinha direito de ir brincar na porta dia de
domingo de noite se tivesse boas notas, então a minha infância foi muito rigorosa. Agora
depois dos doze anos quando viemos morar em Salvador, no Barbalho, na rua Siqueira
Campos que eu morava como se tivesse num primeiro andar, é como se hoje fosse um
apartamento e depois então meu pai se mudou para Itapagipe e eu fui morar em Itapagipe que
era beira de praia, daí em diante a minha vida mudou muito que os amigos também foram
para lá , então aí começamos a ir para a praia, jogar futebol e aí foi mais liberal, a partir dos
doze quando eu já estava no ginásio, não estava mais no curso primário, então me liberei um
pouco daquilo, porque era uma região de veraneio, então da vida, da época todo mundo se
conhecia e não tinha problema.” Informante VI8
Embora os entrevistados tenham dito que aprenderam a nadar no rio, eles
evidenciam que o ato de nadar, poderia ter outra concepção, sabiam que a prática realizada
por eles era desprovida de técnica, que para adquirir a técnica era necessário um espaço
específico – a piscina – e a uma instrução adequada, com um professor que se utilizasse de
procedimentos pedagógicos para este objetivo, ou seja que este nadar fosse aprendido
deveriam deveria haver nova conduta, ambiente e padrões.
“Meu primeiro contato com a natação, foi com o Gildo Peixe (em rio), o método
era levar a pessoa para o fundo e dizia, agora volte. Inicialmente não tive contato com
professores de natação, somente depois de adulto é que no Iate eu tive algumas aulas de
natação, com o professor Roberto Neves, que não era formado em Ed. Física, mas foi a partir
daí que tive um aprendizado seguindo uma metodologia de ensino do nado crawl, porque até
6 Informante IV: entrevista concedida Sérgio Smith no dia 8 de fevereiro de 2007. 7 Informante V: entrevista concedida Max Maia Montalvão no dia 13 de fevereiro de 2007. 8 Informante VI: entrevista concedida Afrânio José Bastos no dia 23 de março de 2007
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então a gente nadava quase que por imitação, e também tive aula com o professor Renivaldo
Benigno da Cunha, que também dava aula no Iate.” Informante I
“E o começo (69 ou 70 não lembro direito) foi interessante porque quando eu
entrei na natação, me inscreveram na natação, eu não sabia nadar algumas coisas, porque eu
não tinha técnica para natação de competição, eu tinha técnica de rio e aprendi assim, na hora
da competição, me ensinaram como é que eu deveria nadar na hora da competição e eu nadei
e consegui vencer todas as provas e aprendendo naquele momento da competição, porque eu
tinha muita garra, muita vontade de vencer” Informante IV
O fenômeno esportivo moderno vai apresentar multifacitude e, neste sentido, nos
valem as considerações de Bracht (2003) que mostram que este pode se deparar com um
esquema dual: o esporte de alto rendimento ou espetáculo e esporte enquanto atividade de
lazer, que podem expressar semelhanças e inter-relações. O primeiro aproxima o praticante do
mundo do trabalho é regido por códigos próprios e o segundo que é orientado por outros
códigos oferecidos como relevantes e capazes de orientar sua ação, como a saúde, o prazer e
a sociabilidade.
No contexto sergipano, observando em específico a natação, vemos num primeiro
momento uma dimensão mais aberta quanto ao envolvimento de seus praticantes, associado
ao mundo do lazer, ou, por vezes ao mundo utilitário do trabalho, mas que arrasta o prazer.
Num segundo momento, vemos um ambiente mais estreitado por códigos que, mesmo quando
coligado ao mundo do lazer, respeita o processo de assimilação de certas condutas sociais, em
que se levam em conta os padrões do esporte de rendimento (vitória-derrota, maximização do
rendimento e racionalização dos meios).
A natação vai, cada vez mais, tornar-se uma prática presente nas sociedades,
como já foi enfocado, principalmente em sociedades que incorporaram certos aspectos
urbanos, como o surgimento dos clubes esportivos direcionados a este fim, que querem, com
esse espaço, promover a saúde, bem como visar ao lazer, ocupando o tempo livre dos seus
associados. As construções das primeiras piscinas estão agregadas a este contexto, mas
teremos também situações dispares que irão contribuir para a formação dessas novas condutas
sociais, como podemos observar em Aracaju com a construção do Horto Florestal do Ibura.
Segundo os jornais, esta piscina teria sido inaugurada em 1965 .
PISCINA DO HORTO: INAUGURAÇÃO EM JULHO
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[...] o agrônomo Roberto da Costa Barros diretor do Horto Florestal do Ibura,
informou que a piscina está sendo construída naquele aplausível logradouro deverá
ser inaugurada em julho próximo. A piscina medindo 50 x 25 servirá também para
a prática de esporte de natação, devendo somente interesse do Departamento
especializado da FSD para seu uso depois de inaugurada [...]9
Apesar de a inauguração ser anunciada para julho de 1965, não foi encontrado
nenhum registro que confirmasse essa notícia. Somente em junho de 1966, lê-se sobre tal obra
numa notícia que se contradiz quando inicialmente relata conclusão da piscina, mas também
demonstra uma obra inacabada.
HORTO PISCINA JÁ ESTÁ PRONTA
A nova e moderna piscina do Horto Florestal do Ibura já se acha completamente
pronta, recebendo, inclusive, centenas de banhistas que vão todos os domingos
àquele local.
Calcula-se que depois nos fins de semana aproximadamente 2 mil pessoas visitaram
a nova piscina que tem 53 metros de comprimento e 26 de largura.
Para a piscina estar completamente pronta faltam apenas alguns retoques, uma vez
que o Diretor do Horto, Dr. Roberto da Costa Barros não possui verbas específicas,
construindo a piscina com auxílio do material que vem recebendo da Petrobrás,
DNER, etc.10
Pelo anunciado nos jornais, parece-nos que a sua construção não foi concluída,
uma vez que as características da obra diferem radicalmente de outras piscinas criadas
posteriormente.
Uma vez por semana o diretor da Escola Técnica Federal cedia o ônibus e eu ia lá
pro Horto do Ibura que tinha uma piscina de cimento de chão batido. Um tanque de
água corrente. Não fazia medo de ter aula lá. Ela tinha o posto do Ibama lá e o
9 GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 15 de maio de 1965. 10 GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 24 e 25 de junho de 1966.
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negócio é que eu não tive medo de botar os meninos lá para nadar. Claro que como
era de chão batido tinha muito limo, mas a água era limpa.11
A piscina em questão trouxe “felicidade” tanto para o esporte natação, através dos
estudantes que tinham suas primeiras aulas neste local, quanto para famílias que a utilizavam
como lazer. Porém, o descaso e abandono por parte do Governo propiciaram a falta de
preservação da área e a estadia de vândalos o que, certamente, inibiu a visita de outras pessoas
ao local.
Sua elaboração foi de extrema importância para a natação sergipana uma vez que
era lá que se desenvolviam as primeiras aulas de natação para alunos da antiga Escola
Industrial, ministradas pelo professor Alberto Teixeira, Betinho. Embora com características
rústicas, foi de lá que surgiram os primeiros nadadores de piscina.
Diferentemente desse viés e dessa concepção de piscina, em 7 de janeiro de 1967
foi inaugurada a primeira piscina do Estado. Sob a administração de Carlos Magalhães12
“nascia” a piscina da Associação Atlética de Sergipe com uma elaborada programação
divulgada pela imprensa.
A piscina da Atlética, mais que o suprimento de uma necessidade do esporte, foi
um forte elemento que proporcionou o desenvolvimento da natação sergipana, o aumento nas
opções de lazer e no número de eventos sociais promovidos tais como, solenidades, desfile
para a escolha da Miss Piscina durante longos anos e os bailes dentre outros. As
possibilidades de realização de provas de natação aumentam, desde campeonatos sem muita
relevância para a sociedade, mas importantes para a natação em competições de caráter
interestaduais.
Em 1967, com uma “arquitetura inovada” no conceito de piscina surgiu a piscina
da Associação Atlética de Sergipe, grande propulsora da natação sergipana. A atenção dos
admiradores dos desportos aquáticos destinada aos eventos no estuário do Rio Sergipe voltou-
se para a mais recente obra arquitetônica da Associação Atlética de Sergipe, clube
freqüentado principalmente pela classe média da sociedade aracajuana. E, somente em 1973,
foi inaugurada a primeira piscina pública do Estado de Sergipe, a do Parque Aquático do
Batistão.
11 Entrevista concedida a acadêmica Giuliana Gonçalves Almeida em 27 de outubro de 2006 por ALBERTO TEIXEIRA, professor de Educação Física – Natação, formado pela Universidade Federal da Bahia, incorporado como primeiro professor a trabalhar a natação em nosso estado. 12 Carlos Magalhães, ex- jogador e sócio da Associação Atlética de Sergipe, tornou-se Presidente do clube fundando, logo em seus primeiro meses de diretoria, o Parque Aquático desse clube.
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“A primeira piscina do estado de Sergipe foi a do Logradouro em São Cristóvão,
mais ainda não era uma piscina nos moldes modernos, pois ela era como se fosse um açude. A
primeira piscina verdadeiramente nos moldes modernos é a da AASE (Associação Atlética de
Sergipe) que foi fundada em 1967 e era uma piscina exclusiva para os sócios, ou seja, para
quem podia pagar (porém, eram abertas exceções para os atletas, que competiam pela AASE
esses ganhavam carteirinha de sócio-atleta) . Poucos anos depois, a piscina do Iate clube de
Aracaju foi inaugurada, em 1971 (também particular). Somente em 1973, a piscina do
Batistão foi inaugurada, essa foi à primeira piscina pública de Aracaju (essa piscina era
utilizada pelos alunos das escolas públicas de Sergipe)” Informante II
“A primeira piscina em clube de Aracaju é a da AASE, mas tinha a piscina do
Ibura que era mais um local de recreação e não era realmente uma piscina, tinha água
corrente, dava para nadar, mas não era realmente uma piscina. Tinha também uma piscina no
Clube dos médicos na Atalaia, que acredito que veio até antes da piscina da AASE, só que era
uma piscina pequena, de apartamento, era mais de recreação mesmo, mas ela já era azulejada,
mas eu não sei a data da construção dela não, mas acredito que tenha sido antes da AASE. Eu
acredito, não tenho certeza que só tinha acesso aos clubes os associados e eram pessoas de
classe social mais elevada.” Informante VI
“A primeira piscina foi criada com um intuito inicial, o lazer de seus associados,
mas o cara que projetou tal piscina, o Carlos Magalhães, teve uma visão de que aquela piscina
semi olímpica poderia ter competições de natação, tanto é que as raias são divididas, com os
prendedores onde são fixadas as raias, então ela já foi construída assim. A primeira piscina do
estado foi a da Associação Atlética de Sergipe e foi construída em 65 ou 66, por aí e foi
Carlos Magalhães quem fez e já com trampolim, e já com plataforma de trampolim, e Pedro
Jorge saiu daqui de Sergipe para os saltos ornamentais do RJ, começou aqui. Eu era sócio,
mas tinha algumas pessoas que treinavam na AASE através de convênio, por exemplo, o
pessoal do GA (Convênio UFS e AASE), mas se não fosse sócio ou não fosse trazido por
convênio não poderia treinar lá, daí você vê que já nivela por cima. Então quando tinham os
jogos você via que tinham alunos que não tinham a mínima técnica porque não tinham onde
treinar, não tinha quem ensinasse a ele e só sabia nadar porque nadava no rio. A classe social
da maioria dos nadadores era média média e média baixa que era o maior número (Eu ,
Nathan, Max Montalvão) e pouca gente do GA (Ginásio de Aplicação) que treinavam lá,
como o GA fazia parte da universidade, havia professores da universidade treinando esse
pessoal, então a técnica do GA era mais aprimorada. Daí na AASE treinava o pessoal do GA e
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um grupo isolado que treinava por conta própria , do qual eu fiz parte. A gente fazia assim,
ficava olhando como os alunos do GA eram treinados por Betinho e quando eles acabavam a
gente entrava na piscina, aí Betinho que via que a gente tinha interesse, eu, Max e depois veio
Nathan, ensinava a técnica pra gente e não pagávamos nada.” Informante IV
As primeiras competições de natação em piscina datam de 1967, com os Jogos
Universitários. Muito embora tenhamos a piscina para realização da disputa não sabemos
caracterizar efetivamente tal prática, uma vez que não havia instrutores técnicos suficientes
para o ensino dessa prática.
Os primeiros nadadores – considerando toda trajetória descrita – foram sócios dos
clubes sociais, filhos de militares estudantes no sistema federal de ensino e/ ou estudantes das
escolas públicas de Aracaju. Vale ressaltar nomes tais como, Nathan, Max Maia, Sérgio
Smith, Mônica Freire, Ademir, dentre outros Os primeiros professores – Alberto Teixeira, o
Betinho, Edma Barros e Wilson Michellato – foram pessoas formadas em outros estados
vindas para cá com o intuito de trabalhar para a organização do Curso de Educação Física da
Universidade Federal de Sergipe.
Desenvolveu-se, pois a natação sergipana dentro das poucas possibilidades
existentes – piscina do Ibura e da Associação Atlética de Sergipe – porém foi com a criação
do curso de Educação Física que a emancipação desta se concretizou. Sua institucionalização
enquanto disciplina do curso de licenciatura em Educação Física permitiu a formação de
professores capazes de instruir os interessados em tal prática. A natação começava, pois, a
caminhar por si, no entanto não se popularizou. No início, poucas pessoas tinham acesso às
piscinas, somente sócios dos clubes é que podiam estabelecer uma relação mais próxima com
essa modalidade. Mesmo com a criação das piscinas de caráter público exigências quanto ao
uso da touca e sunga inibiram os alunos. A exposição corporal das mulheres, elemento
constrangedor para alguns, revela-nos o caráter uma sociedade ainda arcaica, se
considerarmos que muitas deixaram de nadar por conta da roupa utilizada.
As mudanças sociais e culturais são processos plurais, que acontecem em função
dos bens físicos, procedimentos técnicos e das relações estabelecidas, determinadas por
causas variadas. A diversidade esportiva desenvolvida pelos anseios sociais associou o
esporte a outros setores da sociedade, como por exemplo, à economia, aos recursos privado ou
público utilizados nas construções das instalações esportivas, cujas piscinas alteraram de
forma significativa a paisagem urbana, ampliando em diferentes segmentos o mercado de
trabalho e criaram um novo estilo de vida da população (Carravetta, 1997).
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Acreditamos que a natação surgiu em Sergipe, de acordo com o mesmo processo
do esporte moderno no Brasil, ou seja, através da importação de uma prática mediante
influência de Estados vizinhos, que já possuíam piscinas em seus clubes e a sociedade
aracajuana clamava por essas modernidades. Outro fator determinante foi a chegada de
professores formados em outros Estados e a criação do Curso de Educação Física na UFS. O
papel exercido pelo esporte no regime de ditadura no Brasil é o aspecto que devemos
considerar, cujo fomento foi associado à finalidade de envolver os cidadãos em atividades que
criavam focos de interesses que procuravam distanciá-los da veemência política. O que
constatamos é que houve um investimento estimável do Estado nas manifestações esportivas e
neste bojo, estão as construções das piscinas, bem como a promoção das competições
esportivas e fomento das atividades que lhe davam sustentação.
“O primeiro deles foi o advento da criação do curso de Ed. Física do estado,
porque até então as aulas de natação eram ministradas por professores que não tinham
formação em nível superior e sim por professores que tinham apenas curso de suficiência,
então o grande motivador dos esportes em geral do Estado foi à criação do curso superior de
Educação Física no Estado. A ditadura militar foi fundamental para o desenvolvimento do
esporte, não só da natação, mas para o esporte de maneira geral. Eles queriam preencher o
tempo livre dos estudantes com a prática esportiva, que tinha aí duas faces, uma que todo
mundo sabe, que é o valor do esporte e o outro é para não deixar com tempo livre para não
pensar muito em atividades políticas.Porque quanto mais o tempo preenchido, menos se
pensava em atividades políticas.” Informante I
“A criação de piscinas como a do Batistão e dos outros clubes foram incentivadas
pelas competições que começaram a existir, mas adeptos começaram a chegar, as escolas com
a profissionalização desses professores, começaram a colocar nas suas escolas a natação aí é
que veio o incentivo para a construção da piscina do Batistão. Os jogos estudantis foi de onde
partiu tudo de todos os esportes daqui só começou com os jogos estudantis.”Informante IV
“O desenvolvimento da natação e a construção de novas piscinas em clubes,
escolas e academias, ocorreu da chegada dos professores formados e do curso de Educação
Física. A ditadura foi de extrema importância para o desenvolvimento do esporte em Sergipe,
pois os militares davam muito valor à atividade física, e conseqüentemente ao desporto, uma
vez que achavam que através deste as pessoas poderiam adquiri bom condicionamento físico e
bons costumes e boas condutas, já que o mesmo tinha regras a serem cumpridas.
21
Por isso, durante os governos militares o esporte brasileiro e não só sergipano
ganhou um imenso avanço, em termos de estrutura (campos, quadras, piscinas...) e de
profissionais da área, sendo muitos militares.”Informante III
O esporte foi um elemento que colaborou com a formação de determinados
conceitos na sociedade brasileira neste período que estamos enfocando; no entanto, devemos
observar que promoveu o congraçamento dos cidadãos. Carravetta (1997) nos acorda que as
diferentes funções do esporte não devem nos condicionar a considerar a prática esportiva
como uma atividade física e social que permita explicar todas as desavenças políticas, cuja a
lista varia de acordo com as preferências ideológicas de quem as confecciona.
A natação, para o entendimento dos sujeitos investigados, tem uma associação aos
espaços abertos e a ocupação do tempo livre, de atividades realizadas por livre-arbítrio e
prazer, a um ambiente que vai sendo apropriado e modificado pelos novos interesses dos
habitantes de uma cidade que toma contornos diferenciados. O rio, na existência dos
entrevistados, não vai mais ser o espaço por eles freqüentado, pois, como decorrência do
processo de urbanização acabou por se tornar um ambiente degradado, não podendo mais
oferecer as oportunidades de lazer de outrora.
Há uma situação distinta da natação praticada nas piscinas, em que padrões
específicos são adotados, primeiramente na vestimenta, que deveria ser adequada às
exigências higiênicas e estéticas dessa prática esportiva. Aqui deve ficar registrado o
constrangimento moral que foi inicialmente para as mulheres usar o traje de banho,
considerado vestimenta que atentava ao pudor, expressando assim valores arcaicos que
subsistiam na sociedade sergipana da época.
Outro aspecto a e ser evidenciado foi conduta dos praticantes na execução do
nado, cuja movimentação anunciava a apropriação dos procedimentos técnicos e uma conduta
estética ajustada aos novos padrões, estabelecidos pelo ambiente privado e fechado das
piscinas.
As primeiras piscinas foram construídas com intuito de atender aos interesses
da população que esperava importar hábitos e condutas de outras localidades, e que levavam a
uma determinada sociabilidade. Na esfera pública, as piscinas trouxeram a oportunidade de
divulgar e proporcionar a prática de um esporte considerado de valores elevados e promotor
de saúde, o que leva a uma imagem privilegiada da ação do Estado perante o cidadão.
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23
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