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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO: MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO Anna Luíza Leme Calgaro da Fonseca A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO MEDIANEIRA 2013

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORI A DE

PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO :

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

Anna Luíza Leme Calgaro da Fonseca

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS

DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

MEDIANEIRA

2013

Anna Luíza Leme Calgaro da Fonseca

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS

DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Monografia apresentada como requisito parcial à

obtenção do título de Especialista na Pós

Graduação em Educação: Métodos e Técnicas

de Ensino, Modalidade de Ensino a Distância, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR – Campus Medianeira.

Orientador (a): Joice M. Maltauro Juliano

MEDIANEIRA

2013

Ministério da Educação Universidade Tecnológica

Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-

Graduação Especialização em Educação: Métodos e

Técnicas de Ensino

TERMO DE APROVAÇÃO

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA.

Por Anna Luíza Leme Calgaro da Fonseca

Esta monografia foi apresentada às 18h do dia 22 de abril de 2013 como requisito

parcial para a obtenção do título de Especialista no Cursode Especialização em

Educação: Métodos e Técnicas de Ensino, Modalidade de Ensino a Distância, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Medianeira. O candidato foi

arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados.

Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho APROVADO.

______________________________________

Profa. Joice M. Maltauro Juliano

UTFPR – Campus Medianeira

(orientadora)

____________________________________

Prof. Nelson dos Santos

UTFPR – Campus Medianeira

_________________________________________

Profa.M.Sc.: Dayse Grassi Bernardon

UTFPR – Campus Medianeira

Dedico este trabalho aos que gostam de música e a usam

como instrumento de trabalho, de maneira particular na sala de

aula.

AGRADECIMENTOS

Ao término de um trabalho como este, em que as contribuições humanas são

essenciais, muitas foram as pessoas que tiveram importância fundamental no meu

crescimento, tornando possível sua realização. Dentre as muitas pessoas que me

acompanharam, dedico um agradecimento especial:

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio sempre presentes, os quais

foram imprescindíveis nas minhas escolhas profissionais.

As minhas irmãs, pela compreensão e carinho nas horas difíceis,

sentimentos que me tornaram mais forte e perseverante.

Ao meu namorado, por seu amor, por acreditar em mim, por compreender a

importância dessa conquista e aceitar a minha ausência quando necessário.

A minha orientadora, pela dedicada ajuda que foi decisiva em minha evolução

intelectual, e cuja grande amizade amparou minhas angústias e dificuldades.

A todos os familiares, que torceram e acreditaram na conclusão deste curso,

fico muito grata.

Muito Obrigada

Pessoas são Músicas!! “Você já percebeu? Elas entram na vida da gente e deixam sinais, como a sonoridade do vento ao final da tarde, como os ataques de guitarras e metais presentes em cada clarão da manhã. Olhe a pessoa que está ao seu lado e você vai descobrir, olhando fundo, que há uma melodia brilhando no disco do olhar. Procure escutar. Pessoas foram compostas para serem ouvidas, sentidas, interpretadas, para tocarem nossas vidas com toda essa magia de serem músicas, e de poderem alçar todos os voos, de poderem vibrar com todas as notas, de poderem cumprir, afinal, todo o sentido que elas foram dadas pelo compositor. Pessoas são música como você que tenho prazer de conviver. Pessoas são músicas como você que terei o prazer de continuar ouvindo. Pessoas têm que fazer o sucesso que lhes desejamos, mesmo que não estejam nas paradas, mesmo que não toquem no rádio, apenas no Coração”.

(José Oliva)

RESUMO

FONSECA, A.L.L.C. da. A Música como instrumento de aprendizagem nas aulas de Língua Estrangeira. 2012, vinte e sete páginas (27). Monografia (Especialização em Educação: Método e Técnicas de Ensino). UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012. Este estudo, busca utilizar a música como instrumento de aprendizagem nas aulas de Língua Estrangeira, tem como objetivo apresentar esse recurso para facilitar o aprendizado de língua, tendo em vista que a música possui uma característica lúdica que favorece a descontração levando o educando a aprender com prazer. O estudo foi realizado por meio de pesquisa qualitativa de base bibliográfica em livros, revistas científicas e internet, dos quais foram recolhidas informações sobre o tema pesquisado. Com o resultado da pesquisa, percebeu-se que a música poder ser sim um instrumento de apoio pedagógico para contribuir no ensino aprendizagem e, de maneira particular, nas aulas de Língua Estrangeira.

Palavras-chave: Música, Aprendizagem, Habilidade, Capacidades cognitivas,

Sensibilidade.

ABSTRACT

FONSECA, A.L.L.C. Music as a tool for learning in foreign language classes. 2012, vinte e sete páginas (27). Monografia (Especialização em Educação: Método e Técnicas de Ensino). UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012. This study, which seeks to use music as a tool for learning in foreign language classes, aims to present this resource to facilitate learning in order that the music has a playful feature favoring relaxation helping the learner to learn. The study was conducted through literature-based qualitative research in books, scientific magazines and on the internet, which collected information on the subject researched. With the result of the survey, it was possible to realize that music can be rather a pedagogical support instrument to contribute in teaching learning and especially in foreign language classes.

Keywords : Music, learning, Ability, Cognitive capacities, Sensitivity.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 13

2.1 APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA ................................. 13

2.2 A MÚSICA .................................................................................................. 14

2.3 O USO DA MÚSICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM /DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ....................................... 17

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 24

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que desde muito cedo o homem teve necessidade de comunicar-se e

essa comunicação inicia-se através de gritos, batida dos pés, e das mãos, que os

mesmos usavam em vários momentos da vida como, na tristeza, na alegria, nas

recordações, na sensação de vitória e no lazer, mesmo sem ter noção o homem

dava ritmo aqueles sons e assim nascia à música, é por isso que se dize que “a

música na terra é tão antiga como o homem”.

Partindo do pressuposto que a música faz parte da vida das pessoas, nada mais

justo que aproveitá-la no processo de ensino e aprendizagem. Tendo a música o

caráter lúdico por despertar a concentração, despertará também os sentidos como a

atenção, levando o educando a interagir e participar desse momento de forma

natural facilitando a aprendizagem.

O Ensino-Aprendizagem é aquele que se preocupa, não só com as mudanças

tecnológicas e comportamentais, que ocorrem em velocidades cada vez maiores

dentro do ensino, como também, com o desempenho do professor e do aluno neste

processo. É, portanto, um desafio para quem deseja construir aprendizagens e

estratégias educacionais, levando-se em conta essa evolução pela qual trafegam

mestre e aluno.

Portanto, este trabalho tem como objetivo, discutir a importância da música no

processo de ensino-aprendizagem, levando em conta que como ela está presente

no dia-a-dia do educando, o ajudará a supera as dificuldades, pois a música o

deixará descontraído e mais receptivo na aprendizagem, afirma Brito, 1999, Gréve

1975, Almeida Filho 2002 e demais autores citados ao longo desse trabalho.

O estudo foi realizado por meio da pesquisa qualitativa de base bibliográfica

em livros, revistas e sites, de onde foram recolhidas informações sobre o tema

pesquisado. Com base nestes objetivos, a proposta deste estudo é responder as

seguintes questões: O aprendizado de uma nova língua além da materna é

importante? É possível que a música possa facilitar aprendizado de uma nova

língua? A música pode ser considerada um instrumento pedagógico para facilita no

aprendizado?

O caminho percorrido pelo trabalho para responder as perguntas está dividido

em três partes, sendo que a primeira apresenta a aprendizagem da língua

estrangeira. O segundo destaca a música. O terceiro apresenta a música como

instrumento pedagógico destacando-a como facilitadora no aprendizado da língua

estrangeira.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA

Hoje mais do nunca a educação é um desafio para o educador, tendo em

vista que “[...] não há ensino sem pesquisa nem pesquisa sem ensino”, Freire (1996,

p. 84), ou seja, o professor precisa o tempo todo, de forma crítica e seletiva, buscar

novos conhecimentos, precisa ousar, correr riscos, porque sem isso não existe

educação.

[...] O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. (GADOTTI, 1999, p. 2).

Esse é o papel do educador, formar pessoas críticas e criativas, que criem,

inventem, descubram, e que sejam capazes de construir conhecimento. Ficar

sentado ouvindo uma aula já não responde mais aos anseios dos alunos de hoje;

faz-se necessário complementar esta forma de transmitir o conhecimento; é preciso

“mexer” no conhecimento, construir, sentir a inquietação frente aos instrumentos

modernos e, principalmente, aprender a conviver. Daí a importância de se ter alunos

que sejam ativos, que cedo aprendam a descobrir, adotando assim uma atitude mais

de iniciativa do que de expectativa.

Entendemos que a escola, como meio organizativo responsável pela

qualidade da educação que oferece aos seus educandos, possibilita ampliações da

cultura da experiência e busca aprimorar seu projeto pedagógico e suas práticas

educativas, através de reflexões constantes sobre questões de ensino e

aprendizagem, especialmente aquelas ligadas a novas perspectivas, de uma boa

formação de seu educando.

Neste contexto, o aprendizado da língua estrangeira, aparece como uma

possibilidade de ampliar as oportunidades na busca do conhecimento. A visão de

alguns autores como Brito, (1999), Gréve(1975), Almeida Filho (2002), respondem a

pergunta:Porque aprender uma língua estrangeira? Existem varias respostas pra

essa pergunta e uma delas é: quando se aprende uma nova língua, existe a

possibilidade de ver a realidade e interpretá-la com outros olhos, ter novas

oportunidades enfim aprender coisas novas sempre faz bem. [...] Aprender uma

língua é exercitar tanto uma voz social como pessoal, é tanto um processo de

socialização dentro de uma comunidade de fala quanto a aquisição de uma

letramento como um meio de expressar significados pessoais que podem colocar em

questão os significados da comunidade de fala (BRITO,1999, p.53).

Estudos afirmam que quanto mais cedo tiver essa oportunidade de aprender

uma nova língua, melhor será o aprendizado devido à facilidade que a criança tem

de armazenar novos conteúdos com destaca Greve.

[...] O momento para começar o que poderíamos chamar de um ensino geral das segundas línguas, de acordo com os imperativos da fisiologia cerebral, se situa entre 4 a 10 anos. A criança entra então na escola, e pode ainda aprender diretamente novas línguas sem interpor unidades linguísticas da língua materna. (GRÉVE, 1975, p. 125).

Almeida Filho (2002, p. 24) observa que “[...] os alunos precisam ter a

oportunidade de interagir e verbalizar na nova língua, pois o insumo compreensível

sozinho não é suficiente para que ocorra aquisição na segunda língua”.

É notável, portanto, que o professor deverá ser o motivador nesta nova

descoberta, ajudando seus alunos a encontrar e a tomar gosto por essa nova

atividade, por isso será necessário saber qual é o grau de conhecimento que seus

alunos já possuem, para juntos traçarem as metas desejadas. Assim, a preocupação

agora é de transformar este momento de aprendizado em um ambiente prazeroso.

Ainda será importante que desenvolva as habilidades como: ouvir, falar ler e

escrever, usando atividades com material de revistas, trechos de jornais, jogos,

musicas, oferecendo oportunidades diversas para facilitar o aprendizado.

2.2 A MÚSICA

Mas quando nasceu a música? Muito já foi pesquisado sobre, porém não se

encontra muitos registros, sabe-se que o homem primitivo (caverna) atribuía a

música um sentido religioso, agradecendo-lhe a abundância da caça, a fertilidade da

terra e dos homens. Contudo aquilo que inicialmente era elementar, evoluiu-se com

o homem, tomando forma cultural. Por isso se diz que a música faz parte da cultura

de cada povo, nela se identifica seu jeito de ser.

Alguns autores afirmam que a música, como todas as artes, em sua

linguagem intuitiva, toca o mais profundo da pessoa, pois a natureza é uma

verdadeira sinfonia, o vento, a água do mar, os relâmpagos os trovões, cada um

produz seu próprio som oferecendo ao ouvinte nostalgia da contemplação.

[...] A vida é som. Continuamente estamos cercados de sons e ruídos oriundos da natureza e das várias formas de vida que ela produz. O homem fala e canta há incalculáveis milhares de anos e graças ao seu ouvido maravilhosamente construído que se parece a uma harpa com infinidade de cordas, percebe sons e ruídos, embora apenas uma parte insignificante da imensidão de tudo quanto soa. (PAHLEN, 1963 p.13)

Zimmermam (1996) afirma que “[...] A natureza foi o primeiro elemento

sonoro. Mais tarde, Deus criou o animal, que trouxe a sua própria linguagem, a qual

também representa sonoridade”. Ainda Zimmermam, apresenta o som em quatro

níveis:

• Som enquanto linguagem mágica, representando a comunicação do homem

com as divindades;

• Som enquanto ciência, igualado ao estudo da matemática e Astronomia;

• Som enquanto oração, representando a religião;

• Som enquanto arte e divertimento, o que atribui um grande enriquecimento ao

som, devido à mistura com o mundo profano.

Nesta mesma linha de pensamento Weigel (1988, p.10) a música pode ser

composta por:

• Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se

repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As

vibrações irregulares são denominadas ruído.

• Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou

curtos.

• Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.

• Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.

O homem primitivo ao usar os sons de gritos, batida dos pés e das mãos

transformava-os em instrumento de comunicação e observando seu ritmo dava

origem à música. Livingstone (1973) argumenta que; “[...] Cantar é mais simples do

que falar”, pois a voz é a representação verbal do pensamento, tornando um

instrumento de comunicação pra transmitir as emoções como destaca (MARSOLA,

2000. p.60) “[...] Transmite-se o sentimento, de dentro pra fora, fazendo com que o

corpo ‘fale’, imóvel ou em movimento sensibilizando o ouvinte”. Assim, ao cantar a

pessoa expressa com mais liberdade suas emoções.

[...] Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem. (GAINZA 1988, p. 36)

Ainda [...] Música forças sonoras que conduzem à formação de imagens, à visualização de cores, cenas, formas, texturas etc. Música que narra que descreve que disserta. Música que faz percorrer o tempo numa velocidade inconcebível música que conduz a um estado de pura virtualidade música que conduz a outros estados de humor e de consciência música que, muitas vezes, organiza e, outras tantas desorganizam música que, em alguns momentos, equilibra e, em outros, causa reação totalmente contrária música-corporalidade, música-tempo multiplicidades... (CRAVEIRO DE SÁ, 2003, p.131).

Nesta perspectiva, a música tem contribuição importante na formação e

desenvolvimento da pessoa, proporcionando um convívio harmonioso consigo

mesmo e com os demais, promovendo o senso de colaboração, pois é próprio da

música essa interação, seja ela na expressão do canto ou da dança.

Neste sentido existe um estilo de música para cada situação como: infantis,

músicas religiosas, músicas para dançar, música instrumental, vocal, erudita e

popular, músicas cívicas. E ainda tem a diversidade cultural e o som do material

(instrumento) utilizado na produção da música como destaca Sekeff (2007) [...] o fazer musical não é o mesmo nos diversos momentos da história da humanidade ou nos diferentes povos, pois são diferenciados os princípios de organização dos sons. E esse aspecto dinâmico da música é essencial para que possamos compreendê-la em toda a sua riqueza e complexidade. (SEKEFF p. 20).

Fonterrada (2008, p. 10) destaca que:[...] trabalhar com música não é

simplesmente ligar o som e dizer que a escola oferece a disciplina de arte musical, é

preciso ter consciência dos objetivos que se deseja alcançar através da música”.

Com esse pensamento a sessão seguinte apresenta a importância do uso da

música como recurso pedagógiconas aulas de língua estrangeira.

2.3 O USO DA MÚSICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM /DA LÍNGUA ESTRANGEIRA

Para discutir o uso da Música como recurso pedagógico no ensino-

aprendizagem, autores como Borges (2003), Willams e Burdesns (1997), Ferreira

(2001), Schaffer (1991), Nogueira (2004), discutem a importância da música como

recurso pedagógico e salienta que facilita a visão cognitiva do aluno, como a

atenção, a concentração, a audição, possibilitando uma interação e participação dos

mesmos na aula, pois a música por si própria já possui um caráter lúdico deixando o

ambiente agradável e participativo.

[...] seu papel na Educação Infantil é o de proporcionar um momento de prazer ao ouvir, cantar, tocar e inventar sons e ritmos. Por este caminho, envolve o sujeito como um todo, influindo, beneficamente, nos diferentes aspetos de sua personalidade: suscitando variadas emoções, liberando tensões, inspirando ideias e imagens, estimulando percepções, acionando movimentos corporais e favorecendo as relações interindividuais (BORGES, 2003, p.115).

O bem estar que a música oferece para o ser humano, deve ser aproveitado

pelo educador como um aliado no processo de aprendizagem, pois desde a cantiga

de roda até a dinâmica de grupos é possível notar a interação, a participação de

cada individuo. Dessa forma esse recurso ajudará tanto o aluno como o professor a

descobrir novas formas de aprender coisas novas brincando.

[...] um estado de animação cognitivo e emocional: que conduz a uma decisão consciente para agir, e que dá origem a um período de esforço físico e/ou intelectual sistemático a fim de atingir uma meta (ou metas) previamente estabelecidas. (...) O despertar inicial da motivação pode ser provocado por diferentes causas, talvez interiores, como interesse e a curiosidade; frequentemente por influências externas, tais como uma pessoa ou um evento. (WILLIAMS e BURDESNS, 1997, p. 120)

Portanto, a música seja qual for seu gênero, será sempre um instrumento

valioso tanto para o professor como para o aluno, como destaca Ferreira (2001, p.

17) “[...] a música é, além de arte de combinar os sons, uma maneira de exprimir-se

e interagir com o outro”. Além dessa interação que Ferreira destaca trabalhar o texto

musical pode ser uma maneira gostosa de ensinar, gramática, vocabulário,

expressões idiomáticas, pronúncia das palavras e ainda, descobrir elementos como;

autor, personagens a melodia,e desenvolver as habilidades como de ouvirde falar a

escrever, ler, interpretar e uma infinidade de descobertas. Schaffer (1991, p. 82)

considera que “[...] o ensino da música ajuda a criança na coordenação do ritmo do

corpo, como o andar, caminhar, correr, saltitar, balançar, podendo sincronizar-se

bolas que pulam com as ondas do mar; galopes de cavalos e outros ritmos da

natureza”. Nogueira completa essa ideia dizendo que:

[...] Quanto maior for os estímulos que a criança receba melhor será o seu desenvolvimento intelectual, ao trabalhar com sons, desenvolve sua capacidade auditiva, ao gesticular e dançar desenvolve a coordenação motora e atenção, ao manifestar-se através do canto estará descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que ela está inserida. (NOGUEIRA 2004, p. 03)

E mais Quando pensamos em música, logo imaginamos o ouvido como órgãoimportante de sentido, mas é o cérebro que interpreta as ondassonoras recebidas pelo ouvido. Assim como todos os sentidos externos do corpo humano (audição, olfato, tato, paladar e visão) a audição é resultado de uma interpretação cerebral. Quanto mais rica for uma música em seus diferentes sons (agudos, médios e graves), timbres (cordas, sopro e percussão), ritmos (pulsações), velocidades (notas longas, médias e curtas), intensidade (forte, média e fraca) com harmonia (combinação de sons simultâneos), mais o cérebro de quem a ouve será estimulado. (PEREIRA, 2004 p.1).

Além de desenvolver todas as habilidades, a música favorece a “socialização”

da criança, (aluno) como aponta Loureiro (2003, p.126), “[...] A educação musical

tem uma função socializadora e que vem contribuir no desenvolvimento e na

formação integral do indivíduo”.

Esse recurso de apoio pedagógico é de grande valia no aprendizado, porém

levanta-se o questionamento do preparo técnico-pedagógico do professor sabendo

que ele é peça fundamental para o desempenho desse trabalho.

[...] Ninguém facilita o desenvolvimento daquilo que não teve oportunidade de aprimorar em si mesmo. Ninguém promove a aprendizagem daquilo que não domina a constituição de significados que não compreende e nem a autonomia que não pôde construir. (MELO, 2000, p.98)

É neste sentido que Cruvinel (2005) apresenta alguns questionamentos que

devem ser observados na preparação de uma atividade que envolva a música. [...]

Qual é a música que se deve escolher? Para quê (objetivo)? Por quê (justificativa)?

Para quem (público alvo)? Como despertar um maior interesse dos alunos pela

música? Quais metodologias utilizar? Ao usar essa metodologia será criada uma

sincronia entre professor e aluno, pois como se trata de uma atividade “lúdica” ela

possui o objetivo de aprendizagem com caráter diferente de uma atividade dita

“comum” no cotidiano, dessa forma sua preparação exigira mais atenção, pois não

terá resultado, por exemplo, a escolha da letra de uma música que aquela turma não

ouve, não “curti” e que a “letra” da mesma tenha condições de projetar uma reflexão

pois o objetivo aqui é de gerar um aprendizado.

Por isso as atividades, devem provocar questionamento fazendo com que o

aluno, se interesse e vá buscar informações com colegas e professor. Por exemplo,

se usar essa música: A vida de viajante (Luiz Gonzaga e Gonzaguinha)

Minha vida é andar Por esse país Pra ver se um dia Descanso feliz Guardando as recordações Das terras onde passei Andando pelos sertões E dos amigos que lá deixei. Chuva e sol Poeira e carvão Longe de casa Sigo o roteiro Mais uma estação E a alegria no coração. (...) Mar e terra Inverno e verão Mostra o sorriso Mostra a alegria Mas eu mesmo não E a saudade no coração.

Necessariamente após ouvir a musica, o professor deve propor atividades

para facilitar a reflexão como:

1) depois de ouvir a música responda!

a) O cantor(poeta) fala de saudades! Saudades de que?

b) O Cantor(poeta) fala de uma viagem ou de um passeio?

Podem-se explorar ainda outras questões como: estrofes, versos, a imigração

do sertanejo etc.

É evidente que cada profissional possui suas habilidades criativas para

desenvolver seu trabalho dentro do espaço a ele oferecido, levando em conta o

espaço físico, os recursos técnicos entre outros. Freire (1996, p. 23) afirma [...]

"quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao

ser formado". Assim a aula pode ser transformada num momento de aprendizado

lúdico, dinâmico, motivador e significativo.

[...] Ao escutarmos uma música podemos, por meio dela, tornar mais complexos os nossos saberes, definir melhor nossos pensamentos, dar maior precisão às nossas posições, trazer para o presente um objeto que está ausente, e, até mesmo criar objetos imaginários. Para o ouvinte, uma música pode despertar novas reflexões, com ou sem a mediação de imagens (MAHEIRIE, 2003 p.150 e 151).

Como se tem notado a música é um instrumento valioso, no processo de

aprendizagem. Destaca nesta discussão a importância da música no ensino e no

aprendizado da Língua Estrangeira.

[...] Aprender com música é muito efetivo, pois estimula a função cognitiva, o corpo, emoção e audição. Para os professores de línguas estrangeiras, a utilização de músicas no ensino se torna mais fácil, principalmente quando se acredita que a tradução não é necessária para transformar informações em conhecimentos de forma significativa. (PEREIRA, p.1).

O mesmo autor continua;

[...] Lembre-se de que a utilização de músicas para ensinar uma língua estrangeira promove a prática do vocabulário ativo, aquele que é adquirido através da fala. Os alunos desenvolvem com muita rapidez o vocabulário passivo, o que é resultado de muitas atividades deescuta e leitura. (PEREIRA, p.4)

Nesse sentido, Murphey (1992, p.10) destaca que [...] “no ensino de línguas,

qualquer coisa que se pode fazer com um texto também se pode fazer com canções

ou com textos sobre canções” Por isso o professor deve estar atento às atividades

aplicadas, e no aprendizado que seus alunos, pois eles deverão adquirir as quatro

habilidades de uma língua (ouvir, falar, ler e escrever), pois é comum observar que

o aluno escuta, mas não entende, escreve, mas não dialoga com escrita, repete as

palavras, mas não fala.

Com a letra da música em mãos e ouvindo a melodia, será possível

desenvolver um bom trabalho e facilitar o aprendizado da língua estrangeira, pois

anteriormente este mesmo aluno já teve um contato com a mesma música em sua

língua materna (português) e compreenderam alguns aspectos importantes contidos

na letra. Agora traduzida para outro idioma terão uma maior facilidade e maior

interesse. Sempre é muito importante que as atividades sejam de tal forma aplicada,

motivando o aluno a ouvir, falar, ler e escrever corretamente. E aqui abre uma

possibilidade da equipe pedagógica, desenvolver um projeto interdisciplinar, com os

professores da língua Portuguesa e a língua Estrangeira para trabalharem o mesmo

tema (a mesma música) que facilitará e ajudará o aluno e aproveitamento do tempo

será melhor.

The life of traveller (Luiz Gonzaga and Gonzaguinha ) My life is walking By this country to see if one day Rest happy Keeping the memories of the lands where I spent Walking through the hinterlands and friends that there left.

Rain and Sun and coal Dust away from home Follow the script Over a station and the joy in the heart.

Sea and Earth winter and summer Shows the smile Shows the joy But I myself do not and the longing in the heart.

Necessarily after hearing the song, the teacher should propose activities to

facilitate the reflection as:

1) after hearing the song answer!

a) the) singer (poet) speaks of longing! Miss that?

b) singer (poet) tells of a trip or a tour?

To explore, even other issues such as: stanzas, verses, the immigration of

backcountry etc.

Ou

La vida de viajero (Luiz Gonzaga y Gonzaguinha)

Mi vida es caminar por este país para ver si un día descansar feliz mantener la memoria de las tierras donde pasé caminando por las tierras del interior y amigos que allí a la izquierda. Lluvia y el sol y carbón polvo lejos de casa siga la secuencia de comandos en una estación y la alegría en el corazón. Mar y tierra de invierno y verano muestra la sonrisa muestra la alegría pero yo no y el anhelo en el corazón.

Necesariamente después de escuchar la canción, el profesor debe proponer

actividades para facilitar la reflexión como:

a) ¡después de escuchar la respuesta de la canción, el) cantante (poeta)

habla de anhelo! ¿Falta?

b) ¿El cantante (poeta) habla de un viaje o un recorrido?

Para explorar, incluso otros temas tales como: estrofas, versos, la inmigración de

backcountry etc.

Usando esse recurso, o educador precisa deixar claro para os alunos, que o

objetivo desta atividade não é traduzir a letra da música apresentada, e assim sua

compreensão e aprendizado da pronuncia e da escrita. Assim se pode questionar:

Você têm escutado música estrangeira?,

Compreendem o que é cantado?,

Cantam tudo ou há trechos mais difíceis de pronunciar? Quais?

Aqui vai se construindo um aprendizado em conjunto, professor e aluno.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretendeu-se com este estudo discutir e apresentar a música como um

instrumento de aprendizado de maneira particular nas aulas de Língua Estrangeira.

Buscou-se, ainda, respostas para as questões iniciais que eram as seguintes:

O aprendizado de uma nova língua além da materna é importante? É possível que a

música possa facilitar aprendizado de uma nova língua? A música pode ser

considerada um instrumento pedagógico para facilita no aprendizado?

Após esta pesquisa foi possível compreender que a música está presente na

vida do homem desde muito cedo, ou seja, tudo ao seu redor é constituído de som

como, por exemplo, as batidas do coração, a respiração, o barulho da natureza tudo

pode se transformar em música, isto é um fator que a própria música gera em seu,

admirador, pesquisador, ouvinte, as habilidades da percepção e atenção com a

quais ele se torna capaz de transformar o som que ouve em expressão musical.

Partindo desse pressuposto, é possível concluir que o uso da música na sala

de aula de língua estrangeira passa a ser um apoio pedagógico para contribuir no

aprendizado levando em conta os benefícios que ela traz para o educando, pois

favorece a concentração e aguça as habilidades que a própria música provoca.

Tendo em vista que é importante o aprendizado de outra língua além da

materna, esse recurso pode ajudar tanto o educador como o educando a superar as

dificuldades que com certeza encontrarão nesse processo.

Sugere-se para os futuros estudos uma exploração mais ampla sobre o tema

devido a sua importância.

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