a missão do tradutor - aspectos da conceção benjaminiana de linguagem e de tradução

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  • 8/8/2019 A misso do tradutor - aspectos da conceo benjaminiana de linguagem e de traduo

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    outros textos em que W. ,Benjamin tambm trabalha sua teoria dalinguagem. Em 1916 e le esc reve Sobre a Linguagem em G eral e sobrea Linguagem dos Homens; A Doutrina do Semelhante e Sobre aFaculdade M imtica, em 1933. E e n t r e o s p r in c ip a i s t e x to s q u e a bo r -dam esta questo tambm est Problemas da Sociologia da Lingua-gem, de 1935.A p a r t i r d e s t e s t e x to s , p e r c e be m -s e , n a c o m p o s i o d a t e o r i a be n -jaminiana da linguagem, diferentes aspectos na linguagem humana,que podem ser resumidos como (1) a linguagem humana enquantou m d o m d i vi n o , (2 ) a l in g u a ge m hu m a n a c o m o u m a c a p a c i d a d e i m i -tativa, (3) a linguagem humana enquanto gesto e som, e (4) a possi-bilidade da traduo da linguagem humana enquanto traduo dasessncias.E n con t r am -s e t r s gne r o s de l inguagem : (1) a l i nguagem ed n i ca ,do conhecimento puro atravs da nomeao das coisas, (2) a lin-guagem humana, terrestre, bablica, hodierna, da comunicao e (3)a linguagem muda das coisas. A linguagem humana, ps-queda, apenas um reflexo da ednica. Aquela s produz conhecimento naintuio da essncia desta. A linguagem humana ps-queda inca-pacidade de conhecimento, comunicao, diviso e disperso,mas, na obra de arte lingstica com sua possvel traduo, participade u m a r ea l i dade s o t e r i o l g ica , de r ede no e r eve lao , de ago r i dade(que pode se concretizar no presente).

    1, A Linguagem Humana como um Dom Divino

    Sobre a Linguagem em Geral e sobre a Linguagem dos Homens,1916, um dos primeiros trabalhos em que W. Benjamin especulasobre a origem da linguagem. O texto de base profundamente teo-lg ic a , n o q u a l a t e s e d a g n e s e d a l in g u a g e m to m a d a d a B bl ia , d oGnesis.Para W. Benjamin, toda manifestao ou comunicao da vidaespiritual/intelectual (Geistesleben) humana concebida como lin-guagem . A pa lavra cons t i tu i ape nas um caso p a r t icu la r , o da l inguagemhumana. A realidade da linguagem no se estende apenas a todos osc a m p o s d e e x p r e ss o e s p i r it u a l d o h o m e m , m a s a t u d o , s e m e xc e o .As lnguas das coisas porm so imperfeitas e as coisas so mudas,pois falta-lhes o som, o "puro princpio formal lingstico".

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    Ao utilizar-se da Bblia, Benjamin busca o resultado da relaodo texto bblico com a natureza da lngua mesma. O texto sagrado ea r e a l id a d e h u m a n a . O Gnesis a p r e s e n t a d o i s r e l a to s s o br e a c r i a odo homem, sendo que no segundo Deus no cria o homem medianteo verbo e no o nomeia; a criao do homem no se d mediante apalavra Deus falou e assim aconteceu, como no primeiro relato, contudo o homem agraciado com o dom da palavra, da lngua,sendo dessa forma elevado acima dos outros elementos da natureza,podendo nomear, conhecer, e assim, dominar a natureza. Todanatureza enquanto se comunica, comunica-se na lngua, logo, emltima instncia, no homem. Por isso ele o senhor da natureza epode nominar as coisas. Nestes relatos bblicos profunda e clara arelao do ato da criao com a lngua: comea com a onipotnciacriadora da lngua que acaba se incorporando ao objeto criado,nomeando-o. "A lngua , portanto, o que cria e o que realiza, ov e rb o e o n o m e . E m D e u s o n o m e c ri a d o r p o r q u e ve r bo , e o v e r bode D eus conh ecedo r po r que nom e" . D eus f ez a s co i s a s conh ec ve isem seus nomes. Somente em Deus o nome, por ser intimamenteidntico ao verbo criador, o puro meio de conhecimento. E "Deusrepousou quando havia confiado a si mesma, no homem, sua foracriadora". A lngua humana passa ento a ser reflexo do verbo nonome. O verbo cria, o nome conhece. E o homem ednico conheceas coisas pelo nominar. No nominar, o homem traduz as coisas parasua linguagem. A lngua humana, por ser mais elevada, pode serconsiderada como traduo de todas as outras.A traduo a transposio de uma lngua outra mediante umacontinuidade de transformaes.(...) A traduo da lngua das coisaspara a lngua dos homens no apenas traduo do mudo para o so-n o r o , a t ra d u o d a q u i lo q u e n o te m n o m e p a r a o n o m e . p o r t a n toa traduo de uma lngua imperfeita em uma mais perfeita.A p a l a vr a hu m a n a o n o m e d a s c o i s a s e s e u n e l n g u a d a s c o i s a s .Porm a palavra no a essncia da coisa, porque a coisa em si not e m p a l a vr a . "O n o m e q u e o h o m e m d c o i s a d e p e n d e d a fo r m a e mque a coisa se comunica com ele". Aquela capacidade de conhe-c i m e n t o , s e tr a n s fo r m a , c o m a q u e d a d o h o m e m d o p a r a s o , e m c o m u -nicao mediada na palavra, em tentativa de compreenso e conhe-c i m e n t o . "O p e c a d o o r ig in a l o a t o d e n a sc i m e n t o d a p a l a vr a humana; a p a l a v ra q u e s a iu f o r a d a l n g u a n o m in a l , c o n he c e d o r a ." A p a l a v r a

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    passa a comunicar algo fora de si mesma. Pelo pecado original, que o d e s e j o d e ju lg a r a s c o i s a s e n o o d e c o n he c -l a s , o ho m e m p e r d ea capacidade de conhecer as coisas em sua essncia, e seus nomesno mais as revelam em si. O conhecimento imediato da essnciadas coisas no nome transforma-se em comunicao mediada na pa-lavra. A linguagem ednica se transforma em linguagem bablica,q u e s e m p r e t e n ta r e a v e r a c a p a c i d a d e d e c o n h e c im e n t o d a s e s s n c i a s ,mas tudo que pode opinar, julgar, dividir, comunicar atravs dal ngua.A comunicao um estgio de auto-alienao da linguagem,uma degradao instrumental da linguagem adamtica, em que apalavra nomeadora se basta a si mesma, e sua mobilizao profanapara a mera transmisso inter-subjetiva de contedos.2Esta concepo da linguagem resultar nas teses, presentes nateoria da traduo, de que traduo no e no visa a comunicao,ou a recepo, ou a imitao.Poderamos, num jogo de palavras, atravs de uma reflexo algofilosfico-filolgica e mstico-religiosa falar da relao do homemcom as coisas. Uma reflexo que mantm e esclarece o pensamentode Benjamin:O homem, homo, feito da terra, humus (que apresenta a mesmaraiz de homo, assim como em hebraico Ado, Adam, o primeirohomem criado por Deus, possui a mesma raiz de terra, adamah, am a t r ia d e q u e fo r m a d o ) . O ho m e m te r r a , e c o m p r e e n d e a t e rr a etodos os frutos da terra enquanto conserva pragmaticamente suanatureza terrena, (.) humana, humilis, hmile, humilde, em seusentido primeiro (e no pejorativo), daquele que est na terra, nohumus. O homo-humus humilis nasce da terra, permanece na terra eco-nasce com tudo que a terra produz pois est junto terra. destec o - n a s c im e n t o q u e b ro t a o c o n h e c i m e n t o . C o n he c e r c o -n a s c e r (con-naitre, em francs traz os dois significados). O homem ao co-nascercom as coisas (cognato com as coisas) pode conhec-las em suaessncia, porque participa de sua essncia, e pode nome-las comconhecimento e (re)conhec-las no nome. Conhecer as coisas no-minar e nominar as coisas dominar (dominari) as c oisa s , fazer-ses e n ho r (dominus) das co i s a s , ace i t a r o d om de ve r ba l i za r , im ageme s em e l hana do C r iado r . " No p r i nc p i o e r a o V er bo e o V er bo e s t avacom Deus e o Verbo era Deus ... e o Verbo se fez carne". (J.o, 1,1-

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    2;14) O pecado original do homem foi se elevar da terra, perder ahumildade, querer se igualar a Deus e julgar as coisas, e seu castigofoi a perda da capacidade de conhecimento e a conseqentenecessidade de comunicao. E Babel foi o resultado.2. A Linguagem Humana como uma Capacidade Imitativa

    A filosofia benjaminiana da linguagem possui tambm um captulos o br e a t e o r i a d a m m e s i s . Pa r a B e n j a m in , a r e a l i d a d e , d e c e r t a fo r -ma, estruturada lingisticamente, e a mmesis lingstica tambm seexpressa na arte e na cultura.E m A Doutrina das Semelhanas e Sobre a Fa culdade Mimtica o s t e x to s s o ba s ic a m e n te i d n t ic o s a t e s e c e n t r a l a d e q u e a ssem elhanas , ou a m m es i s , e s t na gnese da l inguagem . A l inguagemseria a maior expresso da capacidade de imitao do homem. E"talvez no haja nenhuma de suas funes superiores que no sejadecisivamente co-determinada pela faculdade mimtica".Essa faculdade tem uma histria, tanto no sentido filogentico(relativo evoluo das espcies) como ontogentico (relativo evoluo do indivduo). Ontogeneticamente reconhecida nas brin-cadeiras infantis de imitar os adultos e as coisas, como um trem, umm o in ho d e v e n to , e tc . F ilo g e n e t ic a m e n te , n a s c o r r e s p o n d n c i a s e n t r eo micro e o macrocosmos, outrora regidos pela lei da semelhana.Os antigos imitavam os processos celestes, seja individual, sejacoletivamente por exemplo, as danas, a astrologia. O homem liaas correspondncias entre si e o cosmos nas vsceras e nos astros. Aaluso astrologia ajuda a compreender o conceito de semelhanas up r a -s ens ve l , i m a t e r i a l, t am b m exem pl i fi cado pe l a l i nguagem . E msua origem, a linguagem no teria sido uma forma de comunicao,m a s u m a fo r m a d e i m i ta o d a n a t u r e za . A s s e m e l ha n a s e n c o n t r a m -s e na na t u r eza e a facu l dad e hum ana d e pe r cepo des s a s sem e l hanasp e r m i te a o ho m e m t o r n a r-s e s e m e l ha n t e , i m i ta r . M e s m o h o je , o s e p i -sdios cotidianos em que os homens percebem conscientemente assemelhanas por exemplo, nos rostos so apenas um pequenonmero dos inmeros casos em que a semelhana os determina, semque eles tenham conscincia disso.S e m p r e s e r e c o n h e c e u u m a c e r t a in f lu n c ia d a fa c u l d a d e m i m t ic as o br e a ln g u a , e a o c o m p o r t a m e n to im i ta t ivo n a f o r m a o d a l i n g u a -

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    gem deu-se o nome de onomatopia. Na esfera mais superficial das e m e l ha n a a s e n s v e l a o n o m a t o p i a r e c o n h e c id a c o m o p a r tedo comportamento imitativo na gnese da linguagem. A tese de que"c a d a p a l a v r a e a l n g u a i n t e i ra s o o n o m a to p a i c a s " a p o i a - s e n o c o n -ceito da semelhana supra-sensvel.Palavras que significam a mesma coisa em vrias lnguas eque podem no ter entre si nenhuma semelhana fsica, material p o d e m s e r o rd e n a d a s a o r e d o r d o s ig n ifi c a d o c o m u m a e l a s e s e a s se -melharem em relao a esse significado. Temos a, pois, uma seme-lhana supra-sensvel. A palavra escrita assemelha-se falada porcorrespondncias supra-sensveis, assim como outrora assemelhava-se s co i sas a t r avs d os h ie rgl ifos , a t r avs d e se m elhanas sen sor ia i s .A linguagem oral e a escrita se desenvolvem junto com a semitica.Todos os elementos mimticos da linguagem s podem surgir fun-d a m e n t a d o s so b r e a d im e n s o s e m i t ic a e c o m u n i c a t iva d a l i n gu a g e m . na dimenso do sentido que as palavras correspondem-se supra-s ens i ve lm en t e en t r e s i e co m as co i s a s . A e s c r i tu r a s e co nve r t eu , jun t ocom a lngua falada, em um arquivo de semelhanas no sensveis,de correspondncias imateriais, porque em suas imagens esconde oinconsciente de quem escreve."Le r o q u e n u n c a f o i e s c r it o " a l e i tu r a m a i s a n t iga , a n t e r io r a t o -da a lngua: a leitura das vsceras, das estrelas ou das danas. Supe-se que, a partir disso, passando pela leitura de runas e hierglifos,d e u -s e o i n g r e s s o d a fa c u ld a d e m im ti c a n a e s c r i t u r a e n a l n g u a . A s -sim a lngua seria o estgio supremo do comportamento mimtico eo mais perfeito arquivo de semelhanas imateriais.

    Se a leitura a partir dos astros, das vsceras e dos acasos era parao primitivo sinnimo de leitura em geral, (...) pode-se supor que odom mimtico (...) migrou gradativamente para a linguagem e a es-crita, produzindo nelas um arquivo completo de semelhanas supra-s ens ve i s . A l inguagem s e r i a en t o a m a i s a l ta ap l icao d a f acu l dad emimtica: um medium e m q u e a s f a c u ld a d e s p r im i tiva s d e p e r c e p odo semelhante penetraram to completamente, que ela se converteuno medium em que as coisas se encontram e se relacionam (...) emsuas essncias. (...) A clarividncia confiou escrita e linguagemas suas foras antigas, no correr da histria.3

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    3. A Linguagem Humana enquanto Gesto e SomProblemas da Sociologia da Linguagem, 1935, um texto no qualW. Benjam in ev it a t raba lhar com a l inguagem teo lgica . O s p rob lem asda sociologia da linguagem so basicamente os problemas do surgi-mento da linguagem humana e da sua relao com o pensamento.Tratando a sociologia da linguagem como uma cincia interdisci-plinar, neste ensaio Benjamin percorre muitas teorias cientficas,avanos e descobertas na rea at ento, passando pela psicologia dainfnc ia , ps ico logia an im al , e tno logia , t eor ia da afas ia , ps ico pa to logia .Benjamin parte de Henri Delacroix com a teoria onomatopaica daorigem da linguagem e o insolucionado problema da origem da lin-guagem em geral. Karl Bhler retoma a teoria de que a linguagemoutrora servia para representar, e enfatiza as possibilidades onoma-topaicas da voz humana, mas nega a evoluo da linguagem a partirda onomatopia. Lvy-Bruhl, estudando o pensamento primitivo,d i fe r enc i a a s onom a t op ia s dos Lautbilder ( imagens sonoras) , "ges tosvocais descritivos". A expresso verbal um desenho oral. Bruhlt e n t a l ig a r o s c o n c e i t o s l in g s t ic o s p r im i tivo s m a i s c o m o s c o n c e i t o smticos do que com os lgicos. A concepo mtica complexa ed i s t in t a d a n o s s a a n a l ti c o -t e r i c a . A m a io r c r ti c a a o s e u t r a ba lho aausncia da dimenso histrica, mas o mais importante aspecto oproblema da linguagem gestual. Para Nikolaus MarrA mo ou as mos foram a lngua do homem. Movimentos dam o , g e st o s e e m a l gu n s c a s o s s o b r e tu d o m o v im e n t o s d o c o r p o e s g o -t avam os m e i os d o f aze r l ings t ico . [...] [M as ] o funda m en t o da c r i a -o da linguagem sonora s poderia ser colocado atravs de algumprocesso de trabalho produtivo [...] com ajuda de instrumentos arti-f iciais . 4A teoria de Marr est ligada ao materialismo dialtico. Ele tentauma histria da linguagem fundada nos movimentos das classes. "Al n g u a n a c i o n a l c o m o m a n i fe s ta o i n d e p e n d e n t e d e e s t a d o s e c l a s s e s, de partida, uma fico". 5 O domnio dos instrumentos precede od a l i n g u a ge m , o q u e l e va a c r e r n a e x is tn c i a d e u m a e s p c i e d e p e n -samento anterior linguagem. Bhler chamou-lhe de pensamentoinstrumental. Correspondentemente, o poder de expresso gestualou acstica, enquanto pr-lingstico, se mantm integralmente aon v e l d o c o m p o r t a m e n t o r e a t iv o . D o q u e s e c o n c l u i q u e "a l i n gu a g e m

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    tem sua origem na interseco de uma coordenao inteligente e deuma gestual (manual ou sonora)". Richard Paget considera a lingua-gem como uma "gesticulao de instrumentos lingsticos", a arti-culao enquanto gesto do aparelho lingstico relaciona-se com oconjunto da mmica do corpo. Na origem est o gesto, no o som. Atarefa do som em primeiro lugar aperfeioar a significao de umgesto mmico determinado. um apoio acstico a uma linguagemde gestos, tica. Aos poucos cada gesto caracterstico ganha um somque lhe corresponde, e sempre mais o som vai dominando, at sebastar a si prprio como forma de linguagem. O elemento fontico,s egundo P age t, em c i tao de B en jam i n , o ca r r egado r de um a com u-n icao , cu jo su bs t ra to o r ig ina l fo i um ges to de e xpresso . "A l nguafalada apenas uma forma de um instinto animal fundamental: doinstinto de movimento mmico de expresso atravs do corpo". Aoassumir a posio de R. Paget e de Jousse, Benjamin defende apossibilidade de desenvolvimento de uma cincia abandonada, da fi-s i ognom on i a l ings t ica , que v "num n ico e m es m o po de r m i m t icoas razes da expresso falada e da expresso danada". falso con-siderar a lngua como um instrumento. Ou melhor, conforme KurtGoldenstein, tambm em citao de Benjamin, a partir do momentoe m q u e o h o m e m a u sa p a r a p r o d u z i r u m a r e la o v iv a c o n s i g o m e sm oou com seus semelhantes, a lngua no mais instrumento, pormu m a m a n i fe s t a o , u m a r e v e la o d a e s s n c i a m a i s n t im a d o s e r hu -mano e do lao psquico dos homens consigo prprios e entre si.Interessante notar que, neste texto de 1935, o ltimo pensamentodo autor refere-se lngua como "uma manifestao, uma revelaoda nossa essncia mais intima...", de maneira muito semelhante pr i m e i r a o r ao de Sobre a Linguagem em Geral e sobre a Linguagemdos Hom ens, de 1916, quando escrevia: "Toda manifestao da vidaintelectual/espiritual (geistig) do homem pode ser concebida comouma espcie de linguagem". Resumindo, a concepo de lngua paraW. B enj am i n envo l ve d i s ti n t o s a s pec t o s : po r um do m d i v ino , a l nguahumana uma capacidade imitativa, formada por gesto e som.

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    4. A Possibilidade da Traduo da Linguagem Humanaenquanto Traduo das Essncias preciso que o smbolo v procurar o smbo lo, preciso que uma lngua fale plenamente umaoutra lngua. (Roland Barthes)

    Die Aufgabe des bersetzers (A Tarefa do Tradutor) um ensaiopublicado por W. Benjamin em 1923, em Heidelberg, Alemanha,prefaciando sua traduo dos Tableaux Parisiens de Baudelaire. Foium texto importante para o autor, que pretendia public-lo como ume n s a io n a r e v i s ta Angelus Novus (projeto que nunca se concretizou),e que faz um comentrio a seu respeito num Curriculum Vitae d e1940.Neste ensaio, W. Benjamin parte da afirmao de que uma obrad e a r t e o u u m a fo r m a d e a r t e o u a s r e f le x e s t e r i c a s s o bre u m a o br ade arte independem da relao com um receptor (ideal) e que elasapenas pressupem "a existncia e a essncia do homem em geral".A s s im , p o i s , c o m o a a r te n o o b je t iv a u m r e c e p t o r ta m b m a t r a d u ono o deve faz-lo, pois que esta intenta somente traduzir aquela.Traduo no recepo.Este pensamento de W. Benjamin provocou a ira de muitos te-ricos, sobretudo da Esttica da Recepo, que tem no leitor/receptoro p on to de p ar t ida para su as an li ses a r t s t i cas e l it e rr ias , e qu e vi ramnesta afirmao do autor de Die Aufgab e des bersetzers um pensa-mento pr-kantino, uma vez que o prprio Kant j revelara a supre-macia do papel do leitor sobre o do autor.6

    Depois de desconsiderar o receptor, W. Benjamin desloca aimportncia da "comunicao" da obra de arte e da traduo. A obrade arte no visa a comunicao, mas o que a excede. A arte, paraB e n ja m i n , m u i to m a i s d o q u e c o m u n i c a o , c o m u n h o . Co m u n h odos homens entre si e do homem e o objeto. O que uma obra de artecomunica no o seu essencial; sua essncia reside, porm, no indi-zvel , no " in tan gvel , miste r ioso , potico". Se um a obra de ar te l i t e rr iano visa a comunicao, por que o deveria fazer a traduo de talobra? A comunicao inessencial na traduo. Uma traduo quepretenda comunicar e servir ao leitor a priori uma m traduo. Eo que est alm da comunicao, no potico, o tradutor pode apenas

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    r e p r o d u z i r t a m bm poetizando, p a r a n o p r o d u z i r u m a t ra d u o "q u ese pode definir como uma transmisso imprecisa de um contedono essencial. E nisso permanece enquanto se comprometa servir aoleitor." Traduo no comu nicao.W. Benjam in re je i t a a t ese cen t ra l da t eo r ia tr ad ic ion a l da t r adu o,que defendia a relao entre "fidelidade palavra e liberdade de re-produo do sentido do original". Relao que fundamentava a tra-duo, tambm significando a capacidade de "comunicar" o sentidodo original. Tomados sempre como oposies inconciliveis de umamesma realidade da, para muitos, a impossibilidade da traduo, tais conceitos (fidelidade x liberdade) revelam-se ento indepen-dentes entre si e secundrios, uma vez que, na teoria benjaminiana, acomunicao inessencial para a traduo.A fidelidade na traduo da palavra isolada quase nunca pode re-p r o d u z ir o s e n t i d o c o m p l e to q u e p o s s u i n o o r ig in a l . P o i s o s e n t id o s efaz confo r m e s ua significao potica pa ra o o r iginal . E a s ignif icaopotica se realiza no como o significado est ligado ao modo de si-gnificar na palavra determinada.?

    A fid e l id a d e v e r ba l e s i n tt ic a t r a n s f o r m a a r e p r o d u o d o s e n t id oe pode levar diretamente incompreenso. Logo, a exigncia destafidelidade no deduzida do interesse na conservao do sentido.Donde o desvinculamento dos conceitos entre fidelidade palavra eliberdade de reproduo do sentido."A traduo deve, em grande parte, abdicar da inteno decomunicar a lgo do sen t ido , o o r ig ina l ape nas lhe essen c ia l na m ed idaem que liberou o tradutor e sua obra do esforo e da ordem da co-m un icao" . O que se busca na t r adu o a r ep resen tao ou p rod uoda p r p r i a l ngua p u r a . A t a r e fa do t r adu t o r "r e s ga ta r em s ua p r p r i alngua a lngua pura, complementada na lngua estrangeira, liberar,pela repoetizao (Umdichtung), a lngua pura, cativa na obra"(Dichtung).N o h t r aduo se es ta p re tend e, es sen c ia lm en te , im i ta r o o r ig ina l .Traduo no imitao.A t r a d u o b r o t a d o o r igin a l , e n o m a i s d a s v e z e s , q u a n d o d a g l-r i a d o o r igin a l . A t r a d u o u m a m a n i fe s t a o d a v id a , d a s o br e v id a(berleben) do original, e, enquanto manifestao de vida, tem porfi na l idad e a exp r e s s o da e s s nc i a d a v i da ( do o r i g ina l ), ou em lt im ainstncia, a expresso da relao ntima entre as lnguas. Porque "as

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    lnguas no so estranhas umas s outras, mas, a priori e abstraofeita de todas as relaes histricas, so entre si aparentadas quantoao que querem dizer". O parentesco supra-histrico das lnguas en-contra-se na "lngua pura". A totalidade de intenes de cada lnguae das lnguas entre si s alcanvel, s se completa na lngua pura.I s t o s e e xp l i c a t a m bm p o r u m a d a s l e i s fu n d a m e n ta i s d a fi lo s o f i a d alinguagem que deve distinguir na inteno de um significado (dasGemeinte) a forma de significar (Art des Meinens), ou, como naproposta de traduo de Paul de Man, entre o querer dizer e o dizer.N a s p a l a v ra s Brot e pain (po) o s i gn i fi cado , na ve r dade , o m es -mo; no o , ao contrrio, o modo de signific-lo. no modo de si-gnifi ca r que a m bas as pa lavras s ign i fi cam a lgo d i fe ren te p a ra o a l em oe p a r a o fr anc s , e n o s o cam b ive is en t r e s i, e em lt im a i n s t nc i a ,anseiam se excluir; no significado, porm, tomado em sentidoa b s o lu t o , q u e s i gn i fi c a m o m e s m o e o i d n t ic o . E n q u a n t o o m o d o d esignificar se ope nestas duas palavras entre si, ele se completa emambas as lnguas, das quais provm. E, na verdade, o modo de si-gnificar se completa nelas no significado.8A o b ra (Dichtung) d o p o e t a (Dichter) fru to d o p oe t izar (dichten).O tradutor (bersetzer) deve re-poetizar (umdichten) para re-criaraquela obra (Umdichtung). O tradutor torna-se, pois, re-poetizador(Umdichter). O p r e fi xo a l e m o um exe r ce aqu i um pap e l d i fe r enc i ado rfundamental entre o poeta e o tradutor, entre a poesia e a traduo.Um papel que passa pela questo do sentido e da forma. Atravs, oumelhor, na obra de arte literria, sob uma forma prpria, o poeta ex-pressa e imprime um sentido. Na traduo, o tradutor se isenta dacriao deste sentido, j presente no original; sua tarefa no criar,mas re-criar a criao. Seu principal objeto no o sentido mas aform a. Se o po e ta t r aba lha na r e lao l ngua -sen t ido , o tr ad u tor t r aba-lha na re lao l ngua -l ngua . E a re -c r iao d o se n t ido no po ss ve lsem considerar a materialidade da forma na qual est impressa."Traduo uma forma". A reproduo da forma no significa ap u r a r e p r o d u o d a f o r m a s in tt ic a o u e s t i l s t ic a o u a l it e r a l id a d e d a spalavras. J vimos que esta geralmente apenas conduz incompre-e n s o d o s e n t i d o . A t r a d u o d e v e tr a z e r p a r a a f o r m a d e s u a p r p r i al n g u a o m o d o d e s ign i fi c a r d o o r ig in a l . N a r e -c r i a o d o m o d o s e s i -gnifi ca r do o r igina l na fo rm a d a l ngua da t r aduo, a t r adu o t r aba lhao desvelamento da linguagem do original; no confronto de duas

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    lnguas cria entre elas uma complementaridade que revela, muitasvezes, urh sentido antes despercebido na lngua do original. Sentidoque reflete a lngua pura.A t r aduz i bi li dade e s s enc i a l me n t e p r p r io de de t e r m i nada s ob ra s ,ou seja, um determinado significado, encoberto nos originais, se ex-p r i m e n a s u a t r a d u z ib il id a d e . Q u a n t o m a i s p l e n a d e fo r m a (formvoll)a obra entenda-se, quanto maior for sua poeticidade , maiorser sua traduzibilidade: a essncia no est no comunicvel, aindaque esteja impresso na forma, mas est no potico, naquilo que in-tudo, re-conhecido, mas mal dito, incomunicvel. E o potico spode ser traduzido no potico. A complementaridade das lnguas nalngua pura visa sempre a perfeio da linguagem, que se realiza noindizvel, no silncio. E aqui, lembrando Plato, podemos fazer umac o m p a r a o : a s s im c o m o p a r a P l a t o , o g ra u m a i s e l e va d o d e e v o lu ohumana o do conhecimento das Idias, que s se d por intuio,n u m a c o n t e m p l a o s il e n c i o sa , n o p o d e n d o se r e x p r e s so e m p a l a vr a s ,seno por aproximaes e analogias, tambm para Benjamin o fimltimo a contemplao da Idia, da essncia, revelada pela lnguada verdade, lngua pura, a qual jamais plenamente alcanada, masque pode ser intuda a partir da complementaridade de sentido pos-sibilitado na reproduo das formas, dos significantes das lnguasentre si, e que s pode ser expressa por aproximaes e analogias,pelo potico. A tarefa do tradutor provocar o amadurecimento, natraduo, da semente da lngua pura.A Misso do Tradutor

    A obra est sempreem situao proftica.

    Roland BarthesA traduo possui uma tarefa grandiosa, messinica, redentora; eladeve, em ltima anlise, expressar a realidade da "lngua pura" quese reflete nas lnguas do original e da traduo, da obra de arte e sua"reproduo".

    O tradutor possui um papel de profeta, ou melhor, uma missoproftica: reconduzir a linguagem bablica linguagem ednica,desve la r o verbo d iv ino o cu l to nas p a lavras hum ana s . O p rofe ta an t igo ,

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    que falava em nome da divindade, tem no tradutor um papel re-dimensionado, no qual rearticula a fala, ou o modo de significar doshom ens , de m ane i r a a r e - conh ece r nos s i gn i fi can t e s a l go d a l i nguagemp u r a d o s n o m e s , d o c o n he c i m e n t o q u e a d v in h a d a n o m e a o a d m i c a .O m o v im e n t o n o m a i s d e D e u s a o ho m e m a t ra v s d o p r o fe t a , m a sd o h o m e m a D e u s a t r a vs d o t r a d u t o r . O t ra d u t o r a q u e l e q u e l n a spalavras humanas a verdade divina. O modus operandi deste profetacon t ext ua l iza -s e num a r ea l idad e apo ca l p t i co -s o t e r io l g ica . O hom ematual, bablico, comunicmano, ps-queda, pode ter a esperana de,seno um retorno s origens, pelo menos um re-conhecimento dasco i s a s , e em lt im a an l is e , da ve r dade n o no m e. A t radu o en qua n t oe x e r c c io d e l e i tu r a d e u m a l i n g u a ge m s u p r a - s e n s v e l, im a te r i a l p a r tedo confronto de duas lnguas humanas, atentando para o modo doq u e r e r d ize r , p a r a o s e n t id o (n o o s ign i fi c a d o ) r e s gu a r d a d o p e lo s s i -gnificantes. E o que houver de revelao e for possvel ao tradutor-profe ta in tu i r, r econ hecer , se r tam bm anu nc iad o so b fo rm a ind iz ve l,misteriosa, potica. O tradutor no deve jamais se arvorar em juiz,julgando a obra de arte (Dichtung) o u o p o e t a (Dichter). S eu pap e l ,como o do profeta, de instrumento, de trans-positor, trans-formador,re-formador, re-poetizador (Umdichter) d a p o e s ia , d o m o d o d e s i gn i -ficar do original.Devido sua complexidade e ousadia, Die Aufgabe des ber-setzers um texto que, desde sua publicao, tem causado muitasd i sc u s se s e m e sm o l e it u r a s c o m p l e t a m e n t e d iv e rge n t e s . P a u l d e M a n ,po r exem pl o , a f ir m a qu e o " t ext o [de B en jam i n] d i z que im po s s ve lt radu z ir ", e s u s t en t a s ua t e s e apon t ando e con fr on t ando a l gum as t radu -es do prprio ensaio de Benjamin, Die Aufgab e des bersetzters,s ob r e t udo a d e H ar r y Z oh n pa r a o i ng l s e a de M aur i ce de G and i ll acpara o francs, nas quais h trechos traduzidos com sentidos total-m e n t e o p o s t o s e n t r e s i. P a r a d e M a n " q u a l q u e r t ra d u o s e m p r e i n -ferior em relao ao original, e o tradutor est, como tal, perdido lo-go partida". esta concepo (tradicional) do terico, porm, en-contramos em oposio um pensamento de Jorge Luis Borges, emAs Verses Homricas, sobre traduo, em que o autor diz que ar e c o m bin a o d e e l e m e n to s n o o br iga to r i a m e n te i n f e r io r a o o r igi -nal. A crena na inferioridade das tradues procede da experinciada repetio.

    2) Ia,

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    BIBLIOGRAFIA BSICA

    BENJAMIN, Walter. "Die Aufgabe des bersetzers", in Gesammelte Schriften.Band 1V-1. Suhrkamp Verlag, Frankfurt am Main, 1980."La Tarea del Traductor". In Ensayos Escogidos. Ed. Sur, BuenosAires, 1967. Trad. de H. A. Murena."A Tarefa do Tradutor", in Cadernos do Mestrado\Literatura. Ed.UERJ, Rio de Janeiro, 1994, 2a. ed. rev. e aum.A Doutrina das Semelhanas. In Obras Escolhidas Magia eTcnica, Arte e Poltica. Vol I. Ed. Brasiliense, So Paulo, 1993, 6a. ed. Trad. deSrgio Paulo Rouanet."Sobre la Facultad Mimtica". In Ensayos Escogidos. Ed. Sur,Buenos Aires, 1967. Trad. de H. A. Murena."Ober Sprache berhaupt und ber die Sprache des Menschen",in Gesammelte Schriften. Band 11-1. Suhrkamp Verlag, Frankfurt am Main, 1980."Sobre el Lenguage en General y sobre el Lenguage de losHombres". In Ensayos Escogidos. Ed. Sur, Buenos Aires, 1967. Trad. de H. A.Murena."Sobre a Linguagem em Geral e sobre a Linguagem Humana", inSobre A rte, Tcnica, Linguagem e Polt ica. Antropos, Lisboa, 1992. Trad. de MariaLuz Moita."Probleme der Sprachsoziologie", in Gesam melte Schriften. Band

    Suhrkamp Verlag, Frankfurt am Main, 1980."Problemas da Sociologia da Linguagem", in Sobre A rte, Tcnica,Linguagem e Poltica. Antropos, Lisboa, 1992. Trad. de Manuel Alberto.

    CAMPOS, Haroldo de. "O que mais importante: a escrita ou o escrito? Teoria da Linguagem em Walter Benjamin" in Dossi Walter Benjamin, RevistaUSP, no. 15, So Paulo, 1992.MAN, Paul de. "Concluses: A Tarefa do Tradutor de Walter Benjamin", in A

    Resistncia Teoria. Ed. 70, Lisboa, 1989. Trad. de Teresa Louro Prez.ROUANET, Srgio Paulo. dipo e o Anjo. Itinerrios Freudianos em WalterBenjamin. Ed. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1990, 2a. ed.

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    NOTAS

    BENJAMIN, Walter. "Ober Sprache berhaupt und ber die Sprache desMenschen", in Gesam melte Schriften. Band 11-1. Suhrkamp Verlag, Frankfurt amMain, 1980, pg. 151. As tradues para o portugus, quando no fazem refernciaao tradutor, so minhas.R O U A N E T , Sr gi o P a u l o . dipo e o A njo Itinerrios Freudianos em W alterBenjamin. Ed. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1990, 2a. ed., pg. 118-119.B E N JA M I N , W a l te r . A Doutrina das Semelhanas. In W alter Benjamin Obras Escolhidas Magia e Tcnica, Arte e Poltica. Vol. 1. Ed. Brasiliense, SoPaulo, 1993, 6a. ed., pg. 112. Trad. de Srgio Paulo Rouanet.MARR, Nikolaus. ber die Entstehung der Sprache (1926). ApudBENJAMIN, Walter. "Probleme der Sprachsoziologie", in Gesam melte Schriften.Band 11I. Suhrkamp Verlag, Frankfurt am Main, 1980.A relao entre a gnese da linguagem e o gesto das mos como primeira(expresso de) linguagem humana nos lembra a clebre pintura de Michelangelo, ACriao do Homem , n a q u a l o c o r p o d e A d o a n i ma d o , g a n ha u m a a l m a /e s p ri to ( al i n gu a g e m ?) a t r a v s d e s u a v e s e be l s s i mo s g e s to s d e m o s , d e t o q u e d e d e d o s e n t r e

    D e u s e A d o .MARR. op. cit., pg. 593.C f. M A N , P a u l d e . " Co n c l u s e s : A T a r e fa d o T r a d u t o r d e W a l t e r B e n ja m i n ",in A Resistncia Teoria. Ed. 70, Lisboa, 1989. Trad. de Teresa Louro Prez.BENJAMIN, Wal te r . "Die Aufgabe des berse tzers" , in Gesamm elte Schriften,Band IV-1. Suhrkam p Ver lag , Frankfur t am M ain , 1980, pg . 17. O s gr i fos so m eus .Idem, pg. 14.