a minha avo contou me uma historia

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Museu Municipal de Benavente :: Câmara Municipal de Benavente a minha avó contou-me uma história

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"A minha avó contou-me uma história" Publicação com diversas histórias criadas pelos alunos das escolas do ensino básico do concelho de Benavente Museu Municipal de Benavente Câmara Municipal de Benavente

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Page 1: A minha avo contou me uma historia

Museu Municipal de Benavente :: Câmara Municipal de Benavente

a minha avócontou-me uma história

Page 2: A minha avo contou me uma historia

contou-me uma história

Jogavam futebol com bolas feitas de roupas velhas, papéis e outras coisas. Era preciso cuidar dos i rmãos mais novos e da casa, enquanto o pai , desde muito cedo campinava os toiros pela lezíria e a mãe amanhava a terra ou semeava arroz. Eu fui quatro dias à escola mas depois tive de ir trabalhar para o campo. Devido às condições de vida, muitas famíl ias “migravam” para as chamadas zonas da borda d'água, nos campos de Vila Franca de Xira, Benavente e Salvaterra de Magos... Às vezes os animais que puxavam a grade de bicos espantavam-se e fugiam, fazendo a grade virar-se. Quando as nossas avós eram pequenas andavam descalças e começavam muito novas a trabalhar com as mães.Jogavam futebol com bolas feitas de roupas velhas, papéis e outras coisas. Era preciso cuidar dos i rmãos mais novos e da casa, enquanto o pai , desde muito cedo campinava os toiros pela lezíria e a mãe amanhava a terra ou semeava arroz.Depois de um longo dia de trabalho, algumas pessoas faziam as suas próprias hortas para obterem mais algum alimento.as raparigas iam à fonte buscar água com os cântaros à cabeça e as crianças brincavam livremente pelas ruas.Já estava a escurecer e a fazer frio quando os campinos regressaram à cocheira para desaparelhar, limpar e guardar os cavalos.Infelizmente, agora só sabem poluir os rios, deitar lixo para os rios e por causa disso, os peixes morrem. Antigamente, as pessoas tinham uma vida difícil. Trabalhavam no campo, na seara de arroz. Na Lezíria, de sol a sol, ao frio ou calor, os camponeses com calças de polaina, colete e chapéu e as camponesas com saias rodadas de chita garrida, de mangas arregaçadas e manguitos de flanela nos punhos

a minha avó

Page 3: A minha avo contou me uma historia

TítuloA minha avó contou-me uma história

CoordenaçãoMuseu Municipal de Benavente

Edição Câmara Municipal de Benavente/Museu Municipal de Benavente

Paginação e design gráficoSandra Figueiras

Histórias realizadas por alunos das Escolas Básicas 1º e 2º ciclos do Município de Benavente, ano lectivo 2004/2005:Escola Básica 1º Ciclo n.º 1 Benavente - 3º B; 3º C; 3º D; 4º A; 4º B; 4º E Escola Básica 1º Ciclo n.º 2 Benavente - 4º DEscola Básica 1º Ciclo n.º 1 Samora Correia - 3º e 4 I; 4º GEscola Básica 1º Ciclo n.º 2 Samora Correia - 3º e 4º M; 4º PEscola Básica 1º Ciclo Santo Estêvão - 2º, 3º e 4º anoEscola Básica 1º Ciclo Foros da Charneca - 1º, 2º e 4º anoEscola Básica 1º Ciclo Barrosa - 2º, 3º e 4º anoEscola Básica 1º Ciclo Porto Alto - 3º A; 3º D e 4º F; 4º EEscola Básica 2º e 3º Ciclos Prof. João Fernandes Pratas - 6º B

FICHA TÉCNICA

M M u n I c I p a l d e B e n a v e n t e u s e u

Page 4: A minha avo contou me uma historia

A minha avó contou-me uma história….

com meninos que brincavam na rua, com sementinhas de

arroz, com histórias contadas à luz da candeia.

Este foi o desafio apresentado a todas as turmas do 3º e 4º

anos do 1º ciclo e ainda ao 2º ciclo das Escolas Básicas do

Município de Benavente, propondo a construção de uma

história, de pequenas histórias de tema livre que

reflectissem a vivência tradicional desta região. Afinal

pretendíamos que os meninos e as meninas de hoje nos

revelassem as suas histórias sobre momentos, para eles

tão distantes, como a infância dos avós.

Com histórias de vida tão diversas e tão ricas para contar

preparámos esta edição que trazemos até vós.

Agradecemos a colaboração de todos os professores que

contribuíram para a realização deste projecto e,

naturalmente, a todos os alunos que se envolveram na

criação destas histórias.

Page 5: A minha avo contou me uma historia

O desaparecimento do Chico num dia de cheia

Como se vivia antigamente na Barrosa

A minha avó contou-me uma história...

Uma viagem ao passado

No tempo dos meus avós

Fantasias Samorenses

A grande cheia

Retalhos da vida

Um dia no campo

No rio há muitos peixes

As histórias que a avó Gracinda nos contou

A Barrosa de outros tempos

Os tempos que já lá vão

A colheita do arroz

No tempo dos nossos avós

Como era antigamente

No tempo dos nossos avós

Uma aventura no campo

A minha avó contou-me uma história...

Era uma vez...

A minha avó contou-me uma história

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ÍNDICE

Page 6: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolas de Samora Correia

E.B.1 Nº 2 de Samora Correia

Turma 4º P

Há muitos e muitos anos atrás, numa pequena vila ribatejana, Samora Correia, o dia despertou em tons cinzentos. No céu viam-se enormes nuvens escuras carregadas de água e nem sinal de sol.Em casa do ti Chico Lavadinho, os filhos António e Alzira tomavam o pequeno almoço: sopas de leite quando, de repente, um trovão ribombou nos céus, fazendo estremecer toda a casa.- Ui! Que medo! - Exclamou a Alzira.- Calma, rapariga! - Disse-lhe a mãe tentando acalmá-la. - Parece-me que vem aí uma enxurrada.Na rua, começam a cair grossos pingos de água. De repente batem à porta: eram os amigos Chico da mula, a irmã Joaquina e o cão Pirulito.- Ó ti Amélia, podemos ficar aqui? Os meus pais já foram para o campo tratar os bois... - pediu, aflita e encharcada, a Joaquina.- Claro que sim, minha filha!A chuva continuou a cair com força, nas horas seguintes.Subitamente, surge o ti Chico Lavadinho que, aflito, lhes dá a triste novidade: o rio Almansor transbordou e a água já chegou ao Calvário. - Ó meu Deus! Os meus pais estão no campo!- reagiu, preocupada a Joaquina.

O DESAPARECIMENTO DO CHICO NUM DIA

DE CHEIA

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- Se Deus quiser, eles hão-de estar bem... - respondeu-lhe o ti Chico Lavadinho. - Eu vou tentar saber alguma coisa. E saiu.Mas não saiu sozinho. Alguns minutos depois, sem que ninguém se apercebesse, o Chico sai também, só com uma ideia na cabeça: encontrar os pais, sãos e salvos. Dirige-se rapidamente para a margem do rio.Em casa, o António, a Joaquina e a Alzira dão-se conta da falta do Chico e alarmados avisam a ti Amélia. Entretanto, o ti Chico Lavadinho aparece com os pais do Chico e da Joaquina, os quais explicam que assim que começou a chover resolveram regressar imediatamente a casa.A ti Amélia conta-lhes do desaparecimento do Chico e todos decidem ir à sua procura.Na rua, os vizinhos, quando lhes contam o sucedido, juntam-se ao grupo para ajudar nas buscas. São também auxiliados pelos Guardas Republicanos que, entretanto, foram alertados.- Pirulito, vai à procura do Chico. Busca. - disse António ao cão.Pirulito desata a correr em direcção ao rio, seguido pelas crianças. Desaparece, surgindo, algum tempo depois, com o boné do Chico na boca. A Alzira pede ao cão que indique o local exacto onde encontrou o boné. Este leva-os a um ponto na margem do rio. Aflitas, as crianças gritam:- Chico! Chiiiico...- Schiu! - ordena o António. - Parece-me que ouvi alguém a gritar.Em silêncio, as crianças tentam ouvir. Até o cão ficou quieto. Mas só ouviam o som da corrente. De repente...- Socooooorro! Ajudem-me!Os três amigos correm ao longo da margem, seguidos pelo cão até que avistam o Chico empoleirado nos ramos de um salgueiro.- Fiquem aqui. - Ordenou o António. - Eu vou a casa do ti Zé Pescador pedir-lhe o barco emprestado. E partiu apressado. Algum tempo depois, viram-no aparecer acompanhado do ti Zé Pescador.

O DESAPARECIMENTO DO CHICO NUM DIADE CHEIA

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Aproximaram o barco do tronco do salgueiro e, lentamente, o Chico desceu do salgueiro, saltando para dentro do barco. Quando chegaram à margem, as raparigas correram e abraçaram o Chico.A Joaquina, no entanto, ralhou com o irmão, pregando-lhe um valente sermão pelo susto que lhes tinha causado.O Chico desculpou-se:- Quando ouvi o ti Chico a falar da cheia, só pensei em ir ajudar os meus pais. Corri até ao rio, mas a força da água era tanta que me empurrou. Tentei chegar à margem, mas não consegui. Então, procurei agarrar-me ao salgueiro. O resto da história já vocês sabem...- Pronto, meninos... - disse o ti Zé Pescador. - O que interessa é que estás bem...Felizes, voltaram à vila. À frente, o Pirulito corria e saltava contente por estar novamente junto do seu dono: o jovem Chico.Quanto à cheia, as águas começaram a descer no dia seguinte. Foi então altura de reparar os estragos, de procurar os animais, entre outras medidas.

Vitória, vitória... acabou-se a história.

O DESAPARECIMENTO DO CHICO NUM DIA

DE CHEIA

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a minha avó contou-me uma história...

Os habitantes da Barrosa antigamente, trabalhavam todos no campo, do nascer ao pôr do Sol.O campo era cultivado com alfaias puxadas por bois.Às segundas-feiras eram os dias em que as pessoas se reuniam para conversarem umas com as outras para ver se arranjavam trabalho.Antigamente poucos meninos iam à escola porque tinham que ajudar os pais no campo.Quando as nossas avós eram pequenas andavam descalças e começavam muito novas a trabalhar com as mães. Tinham pouca roupa para vestir e dividiam uma sardinha por quatro pessoas.As mulheres lavavam a roupa no rio com sabão azul e branco, havia muitos peixes no rio porque não havia poluição.As raparigas iam buscar agua à fonte com um cântaro porque não havia água canalizada.As pessoas não tinham casa de banho, por isso iam para o meio do mato fazer as suas necessidades e tomavam banho dentro de casa num alguidar, só tomavam banho de oito em oito dias.A noite era muito escura, não tinham electricidade, por isso iluminavam-se à luz do candeeiro a petróleo.Como dantes não havia televisão os homens iam para a taberna e as mulheres ficavam a costurar em casa à luz do candeeiro a petróleo.

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COMO SE VIVIA ANTIGAMENTE NA BARROSA

Agrupamento de Escolas Duarte LopesE.B.1 da Barrosa

Turma 4º A

Page 10: A minha avo contou me uma historia

As crianças antigamente não tinham muito com que brincar: os rapazes andavam aos ninhos e a roubar fruta (na brincadeira) também faziam trotinetas e carros de rolamentos com madeiras, e rolamentos velhos. Faziam jangadas com tábuas em cima de câmaras de ar velhas, as jangadas tinham um pequeno mastro e um lençol a fazer de vela. Jogavam futebol com bolas feitas de roupas velhas, papéis e outras coisas.As raparigas brincavam a fazer rodas umas com as outras, a saltar à corda, a jogar à “macaca” e a brincar com bonecas.As bonecas eram feitas de trapos costuradas pelas mães ou avós.Todas as crianças brincavam ao ar livre e em segurança porque não haviam os perigos que existem nos nossos dias.

COMO SE VIVIA ANTIGAMENTE

NA BARROSA

a minha avó contou-me uma história...

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a minha avó contou-me uma história...

Num dia de muito calor a avó Fortunata chamou os netos, Maria e Zé:- Venham para a sombra da laranjeira porque está muito calor.- Avó, podemos levar os game-boy? - perguntou o Zé.- Sim , mas tenho uma história para vos contar.- Boa avó! Queremos ouvir! - Disseram entusiasmados os dois meninos.Era uma vez, quando a avó era pequenina não havia game-boy, nem play-station, nem televisão e nem computador, mas nós brincávamos à mesma.- Como, avó? Se não tinham electricidade!... - perguntou baixinho a Maria.Depois da missa enquanto os adultos se sentavam a conversar nos bancos de pedra do Cruzeiro do Calvário, os meninos jogavam à bola no largo à frente do Cruzeiro. A bola era feita de trapos, esta bola era feita pelos meninos.- Avó, mas porque é que os meninos não compravam uma bola? - perguntou a Maria. - Porque naquela altura o dinheiro era muito pouco e as famílias eram numerosas, tinham muitos filhos. Nalguns casos, alguns meninos não iam à escola, não aprenderam a ler e a escrever, iam trabalhar para os campos ou iam servir para as casas dos senhores ricos.

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A MINHA AVÓ CONTOU-ME UMA HISTÓRIA

Agrupamento de Jardins e Escolas de BenaventeEscola E.B.1 Nº 1 de Benavente

Turma 3º C

Page 12: A minha avo contou me uma historia

- E a avó foi à escola ou foi trabalhar? - perguntou o Zé, muito incomodado por descobrir que nem todas as crianças, do tempo da avó, tinham ido à escola.- Eu fui quatro dias à escola mas depois tive de ir trabalhar para o campo. Não me arrependo, ajudei os meus pais e os meus sete irmãos. O meu trabalho era duro, eu tinha de me sentar em cima da grade de bicos, pois só assim é que se desfaziam os torrões das terras. Às vezes os animais que puxavam a grade de bicos espantavam-se e fugiam, fazendo a grade virar-se.- E depois avó, o que acontecia aos meninos? - perguntaram muito aflitos o Zé e a Maria.Alguns meninos magoaram-se a sério na grade de bicos, eu felizmente magoei-me só um pouco, ainda hoje tenho uma cicatriz no pé.- Mostra-nos a cicatriz avó - pediram os netos com lágrimas nos olhos.- Que grande avó! Devia ter doído muito!O Zé e a Maria levantaram-se e abraçaram com muita força a avó. Cobriram-lhe a face de beijinhos e disseram bem alto.- Gostamos muito de ti avó!- Vamos Maria, vamos fazer uma bola de trapos e vamos jogar pediu o Zé à irmã.

A MINHA AVÓ CONTOU-ME

UMA HISTÓRIA

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolasde Samora CorreiaE.B.1 Nº 1 de Samora Correia

Turma 4º G

Com a cabeça recostada no colo da minha avó-velhinha, ouvia histórias lindas que me faziam adormecer e sonhar...Ela contava-me que, quando era da minha idade não podia ir à escola todos os dias, como eu vou agora. Era preciso cuidar dos irmãos mais novos e da casa, enquanto o pai, desde muito cedo campinava os toiros pela lezíria e a mãe amanhava a terra ou semeava arroz.Eu gostava tanto de saber ler e escrever - dizia-me ela, acariciando os meus cabelos e continuava:- Ás vezes, sem que os pais soubessem, adormecia os meus irmãos, aconchegava-lhes a roupa para que não tivessem frio, pegava na minha sacola de trapo e, numa corrida louca, sem pensar se estava frio, chuva ou vento lá ia eu até à escola.A professora sabia a minha história e, sempre que eu batia à porta, ela sorria e mandava-me entrar.Estava lá pouco tempo mas lá ia ouvindo algumas explicações que tanto gostava e, depois tinha que voltar, rapidamente.As meninas da minha escola, eram minhas amigas e, quase todos os dias, iam ter comigo, levavam-me os trabalhos de casa para fazer, explicavam-me como se fazia e eu delirava quando a professora me elogiava ou as minhas colegas me traziam os trabalhos já corrigidos.A minha velha avó sabia tanta coisa, tinha tido uma vida tão preenchida, tinha tantas histórias reais para contar e eu gostava de as ouvir...

UMA VIAGEM AO PASSADO

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Agrupamento de Jardins e Escolas de BenaventeE.B.1 Nº 1 de Benavente

Turma 4º E

Olá, nós somos a turma do 4º E e frequentamos a escola EB1 de Benavente.O que vos vamos contar é o que os nossos avós nos contaram, ou seja, a história da vida deles e de outras pessoas da idade deles que nasceram e viveram na vila de Benavente.Não pensem que a vida deles era fácil ou sequer semelhante à nossa. Há muitos anos atrás, nem todas as crianças tinham o direito de frequentar a escola, apenas o faziam aquelas que tinham mais posses, até porque esta ficava longe de algumas aldeias e muitos acabavam por desistir porque tinham de andar muito a pé. As que a frequentavam faziam-no só até ao 4º ano, uma vez que as famílias eram muito numerosas e estas tinham que abandoná-la para ajudar os pais no campo e em casa.Devido às condições de vida, muitas famílias “migravam” para as chamadas zonas da borda d'água, nos campos de Vila Franca de Xira, Benavente e Salvaterra de Magos, vinham à pesca do sável e viviam a maior parte do tempo com a família no barco. O barco era a sua casa, o seu lar, aí se passavam os bons e os maus momentos.

NO TEMPO DOS MEUS AVÓS

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Page 16: A minha avo contou me uma historia

NO TEMPO DOS MEUS AVÓS

O trabalho no campo era muito duro, uma vez que tudo era feito manualmente pelo homem, lavravam-se os campos com arados puxados pelos bois e não havia qualquer tipo de mecanização.Em casa, o trabalho das mulheres também não era nada fácil, uma vez que não havia água canalizada e estas, por vezes, tinham de ir buscá-la com os cântaros a quilómetros de distância quer para a cozinha, quer para a higiene pessoal. A roupa era lavada no rio, até porque não existiam máquinas para o fazer, era também um dos poucos momentos que as mulheres tinham para conversar com as vizinhas.Como não havia carros para passear, televisão para ver, as famílias eram mais unidas e juntavam-se no pouco tempo que tinham para conversar à volta das lareiras.Um dos poucos divertimentos que existiam nas aldeias, eram os bailes organizados na Casa do Povo, onde os jovens aproveitavam para namoriscar às escondidas.Segundo os nossos avós foram tempos muito difíceis, que não se comparam com os de agora, no entanto muito mais proveitosos, onde o respeito e humildade eram conceitos que se sobrepunham a qualquer outros.

a minha avó contou-me uma história...

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Page 17: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

FANTASIASSAMORENSES

Era uma vez, quando o sol ainda não tinha nascido, já as pessoas iam a caminho dos campos para mais um longo e árduo dia de trabalho. Os nossos avós trabalhavam de sol a sol, em más condições, quase sem regalias e só descansavam aos Domingos. Não podiam sequer pensar em protestar ou desistir, pois era a única maneira de sustentarem a família. Apesar de todo este esforço, a alimentação era pobre e pouco variada. Normalmente, comiam sopa de feijão com hortaliças ou apenas pão seco. Só em dias festivos (por exemplo, Natal e Páscoa) podiam alimentar-se com carne de animais que matavam - galinha, perú, porco,...Depois de um longo dia de trabalho, algumas pessoas faziam as suas próprias hortas para obterem mais algum alimento. Certos homens ficavam na esquina à conversa e outros iam para a taberna, onde muitos bebiam até se embriagarem. Enquanto isso as mulheres iam directamente fazer toda a lida caseira: limpar e lavar a casa, cozinhar na lenha, fazer a roupa, cosê-la, lavá-la e passá-la com ferro a carvão (pois não havia electricidade), ir à fonte buscar água, enfim, uma imensidade de tarefas que hoje nos parecem muito difíceis e demasiado primitivas.As crianças acompanhavam os pais nos trabalhos do campo e ajudavam as mães na lida da casa. Outras trabalhavam mesmo, como profissão, para conseguir mais algum sustento

Agrupamento de Escolas de Samora CorreiaE.B. 2,3 de Samora Correia

Turma 6º B

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Page 18: A minha avo contou me uma historia

para a família. Algumas iam à escola para aprender a ler e a escrever, mas poucas acabavam a quarta classe. As nossas avós contaram-nos que as bonecas delas não eram Barbies nem Action Men, mas sim feitas por elas próprias ou com a ajuda das mães e avós, com trapos velhos e jornais que as pessoas ricas deitavam para o lixo. Também aproveitavam carrinhos das linhas para brincarem e poderem “ter sapatinhos de salto alto”. Os nossos avôs disseram-nos, com muito orgulho, que faziam brinquedos com restos de madeira, latas, ferros e carros com carrinhos de linhas. Também brincavam com bolas feitas de trapo e papel. Para seu divertimento, todos usavam ainda ervas e flores campestres, algumas das quais também gostavam de comer. Brincavam à vontade na rua, porque não havia perigos e existia muita solidariedade, ou seja, havia sempre uma avó que tomava conta da malta.Nessa altura em que não havia electricidade, se viam uma sombra alguns pensavam logo que era um fantasma ou um monstro! Mas era só uma mulher à conversa com a vizinha, um homem a deslocar-se da taberna para casa..., ou os jovens a brincarem, tentando assustar quem passava - e não é que conseguiam?!!!Quando não havia televisão, as pessoas conversavam bastante. À noite, nos meses de calor, os avós reuniam-se com os netos à porta de casa e quando estava frio junto à chaminé e contavam muitas anedotas, adivinhas e histórias, algumas tradicionais.A minha avó contou-me que era uma vez, numa noite muito escura apareceu o Shrek, o Gato das Botas, a Cinderela, o Homem Aranha, o Macaco de Rabo Cortado, os Sete Anões, o Dante, a Samara, a Branca de Neve, a Fiona, o Burro, o Kratos, a Sherazade e o Batman. Estavam todos reunidos a jogar às cartas, quando o Shrek deu um pum e três arrotos. O Homem-Aranha, que ia a subir uma árvore, assustou-se, caiu em cima da avozinha e partiu um braço e uma perna. E sabem o que é que aconteceu? A avózinha morreu, mas o Dante, com os seus poderes, ressuscitou-a (para termos os nossos pais e nós existirmos!).

FANTASIASSAMORENSES

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Page 19: A minha avo contou me uma historia

A avó tratou o Homem-Aranha com as mezinhas usadas na altura e ele ficou como novo. No meio de isto tudo, a avozinha apaixonou-se perdidamente pelo Shrek e ele pediu-a em casamento. Para padrinhos convidaram a Samara e o Dante. O Gato das Botas celebrou a cerimónia numa bela noite de luar. A Fiona, sozinha e cheia de ciúmes, esperava o seu eterno amado e a avó no hotel onde eles iam passar a lua-de-mel. Ao chegarem, mal viram os noivos, fugiram rapidamente para o Hawai de foguetão e foram feiosos e felizes para sempre.Quando a minha avozinha acabou de me contar esta história, ela não podia saber, mas eu já sonhava com o jogo para a minha consola relacionado com esta longa e fantástica história!...

FANTASIASSAMORENSES

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Agrupamento de Jardins e Escolas de Benavente

E.B.1 Nº 2 de Benavente

Turma 4º D

A GRANDE CHEIA

Era uma vez, quando não havia televisão, as casas não tinham casa de banho, as raparigas iam à fonte buscar água com os cântaros à cabeça e as crianças brincavam livremente pelas ruas, que num certo dia houve uma grande cheia.As pessoas ficaram em pânico e começaram a fugir para todos os lados, para cima das árvores e a correrem para os montes. Mas, infelizmente houve quem não conseguisse escapar às fortes águas e foram arrastadas para longe.O tempo foi passando e ficou noite muito escura, as pessoas ficaram ainda com mais medo e muito frio. As crianças começaram a chorar e todos ficaram com fome.Quando amanheceu apareceram barcos de pescadores que foram ajudar as pessoas que estavam presas nas árvores e nos montes. Levaram-nas para um local seguro, deram-lhes comida e trataram dos feridos.Com o tempo a água foi desaparecendo e as pessoas foram para as suas casas que estavam destruídas pela cheia. Todos se ajudaram uns aos outros e assim conseguiram novamente ter as suas casas para viver.

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Agrupamento de Jardins e Escolas de BenaventeE.B.1 Nº 1 de Benavente

Turma 4º B

RETALHOS DA VIDA...

Os nossos antepassados viveram em tempos antigos em Benavente.As nossas avós na nossa idade, não tinham televisão, não tinham jogos, só tinham uma boneca de trapos, e os meninos uma bola de trapo, mas alguns nem isso.Também iam à escola, tinham cinco disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia. Ao fim do terceiro e quarto ano de escolaridade faziam provas. Faziam uma prova oral e uma prova escrita, à frente de outros professores.Os nossos bisavôs trabalhavam de sol a sol, quase sem parar para conseguir ao fim da semana ter o seu pão e as nossas avós iam buscar água à fonte com um cântaro, para ter sempre água em casa e lavavam a roupa no rio, pois não havia canos em casa, nem electricidade.

Não havia televisão.

No inverno, as pessoas, como estava frio, acendiam a lareira e conversavam sobre os assuntos do dia, junto à mesma. Uns sobre o trabalho no campo, outros sobre a lida da casa e os miúdos sobre a escola.

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Page 22: A minha avo contou me uma historia

Durante o Inverno as noites eram quase todas iguais, frias e longas e cada uma mais escura que a outra.Quando chegava a Primavera, no rio, havia muitos peixes, apareciam as flores e as pessoas falavam mais, e tinham que fazer os próprios entretenimentos.Quando o Verão chegava as pessoas trabalhavam mais no campo, chegavam a casa cansados. De seguida os homens iam até às tabernas e as mulheres, muitas vezes, ainda agarravam na roupa e levavam-na para a margem do rio, porque não havia máquina, para a lavarem.As mulheres e as raparigas iam à fonte buscar água com um cântaro, essa água servia para os banhos, para as refeições e para os animais domésticos, porque naquela época não havia água canalizada.À noite havia muito calor, as crianças iam brincar para a rua, as mulheres aproveitavam para pôr a conversa em dia e os homens aproveitavam para jogar um joguinho às cartas.Quando chegava a uma determinada hora tinham que recolher, porque no outro dia, tinham que se levantar muito cedo.Eram assim os serões das pessoas!

A vida de hoje é mais agitada, as pessoas correm mais do que antigamente, não conversam tanto com os seus familiares. Hoje as crianças não brincam tanto como antigamente, a jogar à bola, a jogar à macaca, a jogar ao salto do eixo..., porque todos brincam mais com jogos virtuais.Os adultos estão mais facilitados a nível de toda a tecnologia: máquinas de lavar roupa e louça, fornos eléctricos... mas acabam por não ter tempo para as conversas saudáveis como antigamente.Chega-se à conclusão que antigamente, mesmo sem televisão e sem determinadas máquinas que vieram facilitar a vida quotidiana, as pessoas também eram felizes e comunicavam mais entre elas do que agora.As pessoas de agora, ocupam mais o seu tempo livre a ver televisão, a ler e a consultar a Internet... do que a ter uma conversa com os amigos, tal como antigamente.

RETALHOS DA VIDA...

a minha avó contou-me uma história...

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Page 23: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

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Page 24: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Jardins e Escolas de Benavente

E.B.1 Nº 1 de Benavente

Turma 3º B

Um grupo de meninos, quando saiu da escola, combinou ir visitar a Quinta Feliz, do senhor Candeias.Chegaram à quinta e dirigiram-se ao caseiro, o senhor António José, e pediram-lhe para ver os animais.Começaram a visita e o senhor António levou-os a ver: as galinhas, os patos, os perús, os porcos, uma avestruz muito engraçada, as ovelhas, as cabras, os coelhos e por fim foram ver os cavalos e os bois, que são os animais especiais na Quinta.Quando se estavam a aproximar da cocheira, para verem os cavalos, avistaram um senhor vestido com umas roupas diferentes, mas giras, montado a cavalo. Era um campino da casa Candeias, explicou-lhes o caseiro.O trabalho do campino é guardar os bois e as vacas, no campo.Ao chegarem à cocheira tinham uma surpresa à sua espera. A surpresa era montar a cavalo. Os senhores prepararam três cavalos com guias. Em cada cavalo iam dois meninos e quem segurava nas guias eram os campinos.

UM DIA NO CAMPO

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Page 25: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

Andaram a passo até aos curros, que é o local onde estão os bois.A paragem aqui foi mais demorada porque o senhor António esteve a explicar-lhes que aqueles bois tinham ganho algumas medalhas, na Festa da Amizade.Já estava a escurecer e a fazer frio quando os campinos regressaram à cocheira para desaparelhar, limpar e guardar os cavalos.Os meninos agradeceram a visita, despediram-se e foram para casa.

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UM DIA NO CAMPO

Page 26: A minha avo contou me uma historia

a minha avó contou-me uma história...

Era uma vez um rio onde havia muitos peixes, porque era um rio sem lixo, não era poluído, nem tinha esgotos domésticos.Os peixes eram felizes no rio, até festejavam e tudo!!O rio não tinha sujidade, não tinha botas velhas nem latas.Era um rio limpinho, azul, fresco e toda a gente que ia lá nadar não deitava lixo à água. Isto porque tinham grande admiração pelo rio.As pessoas, no pôr-do-sol punham-se a cantar:

Trá-lá-laQue sorteTemos nós por terEste rio lindo cá

Trá-lá-laNão há rioMais limpinhoDo que este que temos cá

E à noitinha dormiam ouvindo os grilos a cantar.Era o rio mais limpo da região.Infelizmente, agora só sabem poluir os rios, deitar lixo para os rios e por causa disso, os peixes morrem.Mas tudo será como era dantes, se não poluirmos o rio.É muito bom ver o rio limpinho.

Agrupamento de Escolas de Samora Correia

E.B.1 Nº 1 de Samora Correia

Turmas 3º e 4º I

NO RIO HÁ MUITOS PEIXES

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolas de Samora Correia E.B.1 Nº 2 de Samora Correia

Turmas 3º e 4º M

AS HISTÓRIAS QUE A AVÓ GRACINDA NOS CONTOU...

Numa linda manhã de Primavera, na escola do António, a professora falava com os meninos sobre as diferenças que existem entra a infância dos meninos de hoje e dos meninos de há 70 anos atrás.Enquanto isso, a avó Gracinda preparava o lanche para ir levar ao seu neto António. A avó dirigiu-se à escola e bateu à porta da sala para entregar o lanche ao seu neto. Quando a professora viu a avó ficou muito contente e pediu-lhe que lhes contasse algumas histórias da sua infância.Então, a avó, muito emocionada, começou a falar como se de repente tivesse voltado atrás no tempo.A avó Gracinda começou por dizer aos meninos que quando era criança não teve a sorte que os meninos de hoje em dia têm. Nunca pode ir à escola, por isso, nunca aprendeu a ler e a escrever. A escola dela foi trabalhar no campo a sachar milho e a cortar mato de Sol a Sol e debaixo de chuva sem ter agasalho e sapatos para calçar.Naquele tempo, só os meninos ricos tinham sapatos, os meninos pobres andavam descalços.Dona Gracinda contou aos meninos que o seu desejo de ter uns sapatos era tão grande que chegou a apanhar folhas de figueira para com elas fazer uns sapatos, depois andava muito devagarinho para que não se desmanchassem. Referiu ainda

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que teve os seus primeiros sapatos aos dezasseis anos e que estes eram de pano.A sua família era muito numerosa, por isso aos oito anos começou a trabalhar para ajudar os pais, assim como fizeram os seus sete irmãos mais velhos.Enquanto hoje, os meninos têm muitos brinquedos e de toda a variedade, no tempo da avó, os meninos tinham que fazer os seus próprios brinquedos utilizando trapos para fazer bonecas e bolas, arame e madeira para fazer carros e bicicletas.Hoje em dia, os meninos passam muitas horas frente à televisão e esquecem-se de conversar uns com os outros e quando conversam é sobre os programas que vêem. Antigamente não havia televisão então os meninos sentavam-se a conversar uns com os outros sobre o que se tinha passado no trabalho e sobre as brincadeiras que tinham durante a hora de almoço.A dado momento, a avó calou-se e olhou para os meninos que a escutavam com muita atenção. Depois, continuou a falar e disse aos meninos que eles têm muita sorte pois quando não gostam da comida podem escolher outra coisa para comer ou fazem “birra”, mas antigamente a comida era pouca e sem tempero e tinha de ser dividida por todos. Uma sardinha tinha que ser dividida por todos os membros da família e comiam todos da mesma saladeira. Ter um bocadinho de pão era motivo de alegria.Outra coisa que os meninos de hoje dão importância é à roupa de marca, mas há 70 anos atrás, segundo nos contara a avó Gracinda, os meninos apenas tinham uma ou duas peças de roupa e eram as mães que faziam.A roupa era lavada na fonte ou no ribeiro pois não havia água canalizada.A água para beber ia buscar-se à fonte em cântaros de barro.Há 70 anos atrás, a água das ribeiras era limpinha, não havia poluição pois não haviam fábricas nem casas de banho para deitarem os seus esgotos nos cursos de água e assim os rios e ribeiros tinham muitos peixes que se viam através das águas límpidas.

AS HISTÓRIAS QUEA AVÓ GRACINDA

NOS CONTOU...

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Tudo na natureza era alegre e puro, apesar da pobreza, as crianças tinham um sorriso feliz e davam importância às pequenas coisas da vida.De repente, a avó Gracinda olhou para o relógio que estava na parede e como se tivesse regressado da sua infância, disse:- Desculpem, mas tenho que ir fazer o almoço. Espero que vos tenha ajudado a compreender melhor o passado.A professora agradeceu à avó Gracinda, assim como os meninos que tinham escutado a avó com muita atenção, muito surpreendidos e emocionados.Um dos meninos pôs o dedo no ar e falou como se tivesse feito uma grande descoberta:- Que sorte nós temos em ser crianças de hoje. Podemos brincar, ver televisão; temos muita roupa, sapatos, brinquedos e não precisamos de trabalhar para isso e ainda vamos à Escola. Os meninos antigamente tinham que se esquecer que eram crianças, pois eram obrigados a trabalhar o que os levava a tornarem-se adultos e responsáveis muito cedo. Não perdiam tempo a fazer asneiras e a maltratar os colegas como, por vezes, nós fazemos. Pelo contrário, eram amigos, unidos e por isso eram felizes porque apesar da vida pobre que levavam sabiam o verdadeiro significado da palavra amizade.

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Agrupamento de Escolas de Duarte LopesE.B.1 da Barrosa

Turmas 2º e 3º ano

A BARROSA DE OUTROS TEMPOS

A Barrosa é uma aldeia rural do concelho de Benavente. Antigamente era uma localidade pacata, onde vivia pouca gente e a paisagem era verde. Existiam poucas casas e as ruas eram de terra batida.Não havia igreja mas havia barbeiro, sapateiro, taberna e uma mercearia.As pessoas trabalhavam na agricultura de sol a sol. Era um trabalho muito duro e que proporcionava às pessoas poucos rendimentos.Trabalhava-se no cultivo do arroz, do milho, do trigo, das batatas e de outros produtos hortícolas que eram a base da alimentação do povo.As famílias criavam galinhas e porcos, para comer e para vender. Comia-se pouca carne, às vezes só o galo que se criava para o Natal.Quando se fazia a matança do porco era uma festa: havia comida em abundância e convívio com a família que vinha ajudar.Apesar de a vida no campo ser dura, as pessoas cantavam enquanto trabalhavam, para esquecer o cansaço, o calor e o frio.À noite, como não havia televisão nem electricidade as pessoas deitavam-se “com as galinhas”. Os homens iam até à

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A BARROSA DEOUTROS TEMPOS

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taberna conversar e saber as notícias. As mulheres costuravam à luz do candeeiro a petróleo ou da lamparina. Quando o tempo começava a aquecer também se aproveitava o serão para ir para a eira descascar maçarocas. Os jovens cantavam, faziam algumas brincadeiras e namoriscavam.A luz da lua também servia para iluminar e debulha do arroz, onde se usava uma máquina com um motor a petróleo.No Vale da Asseiceira havia um moinho, com uma azenha movida pelas águas do ribeiro. Apesar de só trabalhar quando o ribeiro ia cheio, as pessoas levavam lá, com os burros e as carroças, o milho e o trigo para ser moído. Era com essa farinha que cada um cozia o seu pão.Como não havia água canalizada, nem casa de banho, as pessoas aqueciam a água na chaminé (onde se cozinhava e curava os enchidos) e lavavam-se nos alguidares. As crianças iam com as mães ao rio, lavar a roupa e divertiam-se com grandes banhos, enquanto esperavam que a roupa secasse.A escola era na Rua 1º de Maio e havia uma casa para a professora.Muitos meninos não iam à escola porque tinham de trabalhar para ajudar a família. Quem ia à escola levava só um caderno, a lousa e a caneta de aparo para molhar no tinteiro. No intervalo brincavam com uma bola feita de trapos, à cabra cega e ao lenço, cantavam e muitas outras coisas. Depois da escola, as crianças ajudavam as mães nas lides da casa e nos trabalhos do campo. A infância dos nossos avós foi diferente da nossa!...

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Há mais de cinquenta anos atrás, no tempo em que as mães davam à luz em casa com ajuda de uma parteira, viviam-se dias difíceis. Os casais tinham muitos filhos, que desde pequenos abandonavam a escola, onde rapazes e raparigas estavam em turmas separadas, e começavam a trabalhar no campo, para auxiliar no sustento da família.Na Lezíria, de sol a sol, ao frio ou calor, os camponeses com calças de polaina, colete e chapéu e as camponesas com saias rodadas de chita garrida, de mangas arregaçadas e manguitos de flanela nos punhos, preparavam a terra lavrando e estrumando; faziam as sementeiras de arroz, mondavam e faziam a sua colheita a corte de foices, que juntavam em molhos com baraços de espiga.Nos intervalos do serviço comiam pão de milho ou de trigo amassado e cozido em fornos de lenha, com azeitonas, chouriço cru, toucinho e só ao jantar se comiam alimentos cozinhados numa panela de ferro no lume de lenha.O arroz era levado para a eira onde o burro ou o malho o debulhavam. Com a pá, lançava-se ao vento para limpar o grão e, com forquilhas de madeira afastava-se a palha; com o conho retiravam-se do monte os restos de palha que se guardavam em palheiros para os dias de Inverno.

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OS TEMPOS QUE JÁ LÁ VÃO

Agrupamento de Jardins e Escolas de Benavente

E.B.1 Nº 1 de Benavente

Turma 4º A

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OS TEMPOS QUE JÁ LÁ VÃO

a minha avó contou-me uma história...

Os bois, as éguas, os burros e os cavalos puxavam as charruas, ajudavam nos trabalhos forçados e no transporte de produtos e alfaias agrícolas.Após a faina do campo, para ganhar a jorna por conta de um patrão ou capataz, alguns camponeses chegavam a casa cansados, sujos e esfomeados e ainda iam tratar do gado: coelhos, galinhas, ovelhas, porcos e vacas.As raparigas, de cântaro sobre uma rodilha na cabeça, iam à fonte buscar água e os rapazes aproveitavam esse momento para as namoriscar.Com a falta de casas de banho e água canalizada, toda a gente se lavava em alguidares com água e ia fazer as necessidades no fundo do quintal ou em terrenos baldios. As roupas do corpo e de cama muito remendadas eram esfregadas com sabão azul em cima de uma pedra e enxaguadas com água do rio.Em casa, ao anoitecer acendiam-se as candeias e lanternas.Havia tempo e espaço para assobiar, conversar, cantar no campo...“... Olha lá meu lindo bemTem cuidado no desprezoPois nesse vae-vemNunca amante terás preso...”ou ao serão, no namorico ou no bailarico; jogar ao botão, à cabra cega, ao cântaro, às cavalhadas... participar nas brincadeiras de rua, em corridas com carros feitos de latas de conserva e rolamentos, no lançamento do pião e no baloiço em cavalos de madeira..., sobretudo ao Domingo, dia que era considerado santo e em que não se trabalhava.Hoje tudo mudou: o cantar do galo é pouco ouvido e é um forte

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trrriiim do despertador que nos acorda; as candeias de azeite e as lanternas a petróleo deram lugar à luz eléctrica; o gás fez desaparecer a cozinha a lenha; a água canalizada permite usá-la quando e onde quisermos e... por vezes até desperdiçá-la; em vez de caminhos de terra batida pelas patas dos animais e pés descalços das crianças e adultos, temos estradas de alcatrão por onde circulamos a alguma velocidade em viaturas diversas; uma máquina agrícola substituiu o trabalho de umas trinta pessoas; construções de cimento tiraram lugar as casinhas de pedra e cal e...Nós crianças dos novos tempos, queremos fazer por guardar, das palavras ouvidas e escritas, as memórias das nossas avós... num tempo em que há facilidade/diversidade de meios de comunicação e em que o tempo não é pouco para se conversar... quando se quer.

OS TEMPOS QUE JÁ LÁ VÃO

a minha avó contou-me uma história...

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Antigamente, as pessoas tinham uma vida difícil. Trabalhavam no campo, na seara de arroz.Eram muitas as pessoas que sobreviviam deste trabalho.A colheita do arroz necessitava de bastante mão de obra. Primeiro faziam-se muros para se semear o arroz. Quando os muros estivessem altos, os homens e as mulheres semeavam o arroz.Mais tarde procediam à colheita do arroz. Depois de colhido, debulhavam-no.Após esta tarefa, faziam-se fardos de palha. A separação do arroz e da palha era feita por uma máquina de madeira.Depois de termos contado esta pequena história, podemos reflectir um pouco mais sobre o trabalho agrícola e sobre o esforço das pessoas.Desta forma, deixamos esta pergunta: “Porque é que não se valoriza mais as pessoas idosas que tanto nos ensinam?!”

Agrupamento de Escolas Duarte LopesE.B.1 de Santo Estêvão

Turmas 2º e 3º ano

A COLHEITADO ARROZ

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a minha avó contou-me uma história...

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolas Duarte LopesE.B.1 de Santo Estêvão

Turma 4º ano

No tempo dos nossos avós, poucos eram os que andavam de carro. Eles andavam a pé ou em carroças puxadas por burros ou cavalos. Faziam grandes caminhadas por caminhos difíceis.Poupavam o dinheiro, pois como ganhavam pouco, não podiam gastar muito.Alguns deles nem se quer foram à escola pois tinham que tomar conta dos rebanhos. Também não era costume deixarem os filhos avançar nos estudos porque estes tinham que começar a trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa.Naqueles tempos não haviam discotecas nem centros comerciais, eles juntavam-se em grupos e cantavam e dançavam aquilo a que hoje chamamos folclore.Aqui na nossa zona iam muito para a apanha do tomate.Antigamente não haviam bolas de futebol como as de hoje, faziam bolas de trapos, mas também se divertiam.As nossas avós não tinham máquinas de lavar a roupa, ela era

NO TEMPO DOS NOSSOS AVÓS

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lavada na ribeira ou nos lavadouros da aldeia, e para beber, iam encher os cântaros às fontes.Dizem que aqui em Santo Estevão há uma fonte que antigamente era vigiada por um urso e as pessoas tinham medo de ir lá durante a noite. Mas, hoje em dia dizem que passados uns anos foi lá alguém e levou o urso.E esta é a história de muitos dos nossos avós.

NO TEMPO DOS NOSSOS AVÓS

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolas Duarte Lopes E.B.1 dos Foros da Charneca

Turma A 1º e 4º ano

No tempo dos nossos avós, eles não iam à escola, para alguns era longe e para outros era impossível, pois trabalhavam para arranjarem dinheiro para comer.Os brinquedos deles eram feitos de materiais que se deitavam fora, como por exemplo, farrapos velhos, madeira, ferro ...Os meninos construíam piões, carros de madeira, fisgas, e aqueles que tinham um bocadinho mais de dinheiro brincavam com soldadinhos de chumbo.As meninas brincavam com bonecas de trapos, saltavam à corda, jogavam às escondidas, à apanhada...Eram tempos maus, não havia dinheiro para comprar brinquedos como há hoje!

COMO ERAANTIGAMENTE...

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolas Duarte Lopes

E.B.1 dos Foros da Charneca

Turma 2º ano

Há alguns anos atrás, na nossa aldeia, quando chegava o tempo de mondar o arroz, fazer as vindimas ou outros trabalhos, os nossos avós partiam para outros locais.Deslocavam-se, na maioria das vezes, a pé ou em carroças puxadas por cavalos.Dormiam em grandes barracões, sem nenhumas condições de higiene, em colchões feitos de palha (esteiras).Levavam comida para duas ou mais semanas a que chamavam farnel, dentro de uma giga. Os alimentos eram cozinhados no lume aceso no chão.Eram tempos muito difíceis...

NO TEMPO DOS NOSSOS AVÓS

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a minha avó contou-me uma história...

Era uma vez dois meninos que eram filhos de um campino. Eles chamavam-se Carlos e Helena. Gostavam muito de ir com o seu pai para o campo, quando não tinham Escola.Mas, um dia em que estava muito frio, porque era Janeiro, e os meninos estavam a brincar às escondidas, um boi fugiu da cerca. Os meninos viram-no ao longe. E ficaram muito aflitos. Para se esconderem subiram para cima de uma árvore.Entretanto, o pai dos meninos, que se chamava Joaquim, chegou ao sítio onde estavam a brincar e não os viu. Reparou então que a cerca estava partida. Ficou tão preocupado que não conseguia chamá-los. O senhor Joaquim ouviu um grito que lhe parecia a voz da Helena.Ele procurou por toda a parte e descobriu-os em cima da árvore. Mas quando ele chamou os filhos o Carlos avisou-o que o boi vinha a correr na sua direcção. O pai não teve outro remédio senão subir para cima da árvore. Ficaram os três a pensar como poderiam sair dali.Passado um bom bocado, começou a anoitecer e os meninos queixavam-se com frio e fome. O pai estava desesperado.

Agrupamento de Jardins e Escolas de Benavente

E.B.1 Nº1de Benaventedos

Turma 3º D

UMA AVENTURA NO CAMPO

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Em casa, a mãe, que se chamava Albertina, não sabia o motivo da sua demora, mas já estava preocupada. Decidiu pedir ajuda aos seus vizinhos. Contou-lhes o que se estava a passar e foram todos à sua procura.Quando chegaram ao campo, gritaram pelos seus nomes, estes ouviram e responderam-lhes:- Estamos aqui em cima da árvore.- Cuidado com o boi - exclamou o Carlos.

O senhor Joaquim, como era campino, explicou aos vizinhos como haviam de fazer para prender o boi.Depois de muito esforço, conseguiram prendê-lo outra vez na cerca.Então muito cansados, voltaram para casa.Nessa noite os meninos sonharam com o que tinha acontecido.No outro dia, quando regressaram à escola, contaram a sua aventura aos colegas e à professora. Eles nem queriam acreditar.Entretanto, nesse dia, o pai verificou se toda a cerca estava segura.Apesar de tudo, os meninos não ficaram com medo e continuaram a querer ir brincar para o campo.

UMA AVENTURA NO CAMPO

a minha avó contou-me uma história...

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a minha avó contou-me uma história...

Quando eu tinha seis anos, a minha avó Adélia, contou-me que antigamente não havia televisão e as pessoas passavam o tempo a conversar e a trabalhar.Eu fiquei um pouco confusa e perguntei à minha avó:- Como é que as pessoas conseguiam estar um dia inteiro sem uma televisão? Agora, eu e os meus colegas passamos a maior parte do tempo à frente de um televisor.E a minha avó respondeu:- Antigamente, as pessoas nem sabiam o significado da palavra “televisão”, e por isso, não sentiam necessidade. Tinham sempre algo para fazer. Por exemplo, eu e as minhas amigas quando saíamos da escola, conversávamos sobre as nossas notas escolares ou ainda sobre outros divertimentos, mas também tínhamos que fazer em casa. A minha mãe pedia-me para a ajudar a limpar a loiça, o chão e as mobílias e às vezes, ainda tinha que ir comprar o que fazia falta em casa (detergentes para lavar a loiça e a roupa, alimentos, etc.)Com toda esta explicação que a minha avó me deu, eu fiquei de boca aberta e sem saber o que dizer.Aprendi que devo dar mais valor ás coisas que tenho. Talvez um dia, o Homem poderá lembrar-se de elaborar um outro projecto que dê tanta popularidade como a televisão.

A MINHA AVÓ CONTOU-ME

UMA HISTÓRIA...

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Agrupamento de Escolas do Porto Alto

E.B.1 do Porto Alto

Turma 4º E

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a minha avó contou-me uma história...

Era uma vez, quando a minha avó era mais nova, trabalhava no campo desde manhã à noite. Com esse trabalho sustentava a casa, porque levava os produtos cultivados no carro de bois, para venderem na feira.Viviam com muitas dificuldades, porque naquele tempo as pessoas eram muito pobres.A avó Joaquina só teve uma boneca aos 10 anos, que era feita de trapos e barbas de milho. Ainda hoje com 92 anos a avó guarda a boneca com muito carinho e amor.Bem, com tudo isto um certo dia ao ir buscar a água no seu cântaro à fonte da aldeia, encontrou uma lavadeira que vinha com uma bacia de roupa à cabeça para lavar a roupa no rio que corria límpido e cristalino.A avó foi com a lavadeira ao pé do rio, mas tal foi o seu espanto quando viram um touro bravo que se tinha soltado da cerca.Mas por sorte, apareceu um campino no seu elegante cavalo branco. Tinha vestido o seu lindo traje e a lavadeira logo se apaixonou por ele.Mas tarde casaram e foram muito felizes.

Agrupamento de Escolas do Porto AltoE.B.1 do Porto Alto

Turmas 3º e 4º F

ERA UMA VEZ

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a minha avó contou-me uma história...

Agrupamento de Escolasdo Porto Alto

E.B.1 do Porto Alto

Turma 3º A

Era uma vez uma avó muito especial, não era uma avó qualquer, era a minha avó querida. Quando estávamos à lareira, ela contava as histórias de quando era menina como eu.“Era uma vez ...” assim começava as histórias.Era uma vez, uma menina que vivia com a família numa aldeia junto a um rio. Ela era a única menina da família e assim tinha que ajudar a mãe a tratar da casa e das roupas dos seus cinco irmãos.Todos os dias, punha o alguidar na cabeça e ia com a mãe ao rio lavar a roupa. Enquanto a mãe batia com a roupa nas pedras, ela ia ver os bois a pastar com os campinos a guardarem-nos. Quando chegavam a casa, tinham de fazer o almoço para toda a família.De tarde os irmãos tinham de ir buscar água ao rio para fazerem as limpezas da casa e a comida. O pai da minha avó, tinha um burro chamado Quinito. Ele era muito teimoso, mas ajudava a levar os fardos de palha que a minha avó e os irmãos não conseguiam levar na cabeça. Enquanto o seu pai ia montado no Quinito junto com a carga, a minha avó e os irmãos iam a andar atrás deles. Às vezes andavam muitos quilómetros descalços ou com os sapatos já muito gastos. Eram dias muito difíceis porque viviam todos com muitas dificuldades, mas a minha avó Bia dizia que todos viviam com o pouco que tinham e eram felizes.Há uma coisa de que a minha avó tem pena e de que nunca se esquece, é de nunca ter andado na escola e ter aprendido a ler e a escrever.

A MINHA AVÓCONTOU-ME

UMA HISTÓRIA...

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