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ANNA RAFAELLA DE PAIVA DANTAS FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA A LUTA DOS TRABALHADORES DAS SALINAS EM MOSSORÓ: (1920-1935) PROPOSTA DE ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

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Page 1: A LUTA DOS TRABALHADORES DAS SALINAS EM MOSSORÓ€¦ · A cidade de Natal e outras do interior do Estado, testemunharam a organização dessa revolta. Em Mossoró, os integrantes

ANNA RAFAELLA DE PAIVA DANTAS

FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA

A LUTA DOS

TRABALHADORES DAS

SALINAS EM MOSSORÓ:

(1920-1935)

PROPOSTA DE ENSINO DE

HISTÓRIA LOCAL NO ENSINO

MÉDIO INTEGRADO

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A LUTA DOS

TRABALHADORES DAS

SALINAS EM MOSSORÓ:

PROPOSTA DE ENSINO DE

HISTÓRIA LOCAL NO ENSINO

MÉDIO INTEGRADO

Produto educacional apresentado ao programa de Pós-Graduação

em Educação Profissional e Tecnológica – PROFEPT, na Linha de

pesquisa Gestão e Organização dos Espaços Pedagógicos em EPT,

área de atuação História e memória no contexto da EPT.

ANNA RAFAELLA DE PAIVA DANTAS

FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA

- 2019 -

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Ficha Catalográfica elaborada por Dayse Alves dos Santos CRB 15-528

D192l Dantas, Anna Rafaela de Paiva.

A luta dos trabalhadores das salinas em Mossoró : proposta de ensino

de história local no ensino médio integrado / Anna Rafaela de Paiva Dantas, Francisco das Chagas Silva Souza. – Mossoró, 2019.

36f. : il. color.

Produto educacional que faz parte da Dissertação As lutas dos operários das salinas em Mossoró-RN (1920 - 1935) : proposta de

ensino sobre história local no ensino médio integrado (Mestrado em

Educação Profissional e Tecnológica, PROFEPT) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2019.

1. Ensino de História. 2. História Local. 3. Educação Profissional e Tecnológica. I. Título. II. Souza, Francisco das Chagas Silva.

CDU: 37:94(813.2)

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SUMÁRIO

01- Apresentação .......................................................05

02- Mossoró: Terra do Sal. .........................................06

03- Mobilizações Operárias em Mossoró. ......................08

04- Ensino de História Local e a EPT:Possibilidades de

Diálogos.....................................................................11

05- Composição da Proposta de Ensino e Orientações Para o

(a) professor(a)...............................................................15

06- De professora para professor(a): considerações

finais...................................................................................... 27

07-Referências. ......................................................... 28

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APRESENTAÇÃO

Caro (a) professor (a),

O presente material didático é resultado de uma pesquisa de mestrado profissional

desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica –

PROFEPT, tendo como instituição associada o Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Estado do Rio Grande do Norte – IFRN campus Mossoró.

O objetivo deste instrumento didático consiste em contribuir para o desenvolvimento

de práticas contextualizadas e problematizadoras no ensino de História utilizando a História

local como ferramenta para a promoção de uma consciência histórica crítica sobre o mundo do

trabalho tendo como foco a organização da classe trabalhadora salineira mossoroense nas

primeiras décadas do século XX.

Com esse propósito, elaboramos uma proposta de ensino que foi estruturada por meio dos

passos mencionados pela Pedagogia Histórico-Crítica. Esse percurso metodológico é

apresentado por Gasparin (2005) na obra Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica, na

qual o autor expõe cinco etapas: Prática Social Inicial; Problematização; Instrumentalização;

Catarse; Prática Social Final. Além desse autor, nossa prática pedagógica teve como suporte

teórico os estudos no campo do ensino de História e da Educação Profissional e Tecnológica

com base em Bittencourt (2009, 2013), Caimi (2013) Schmidt (2007, 2013), Rüsen (2001),

Ciavatta (2012), Frigotto (2012), Ramos (2005, 2007), entre outros.

A aplicação da nossa proposta pedagógica ocorreu no Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN, campus Mossoró, com 15 alunos do 4º

ano do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Eletrotécnica.

Com uso de uma linguagem objetiva e acessível, buscamos disponibilizar esse material ,

por via digital, a fim de proporcionar aos professores de História na Educação Profissional e de

outras instituições de Educação Básica, inspirações didáticas que os auxiliem na elaboração

das aulas com temáticas voltadas para a História local. Por sabermos que cada professor possui

uma realidade educacional distinta e que nem sempre é possível o desenvolvimento de algumas

atividades, sugerimos que sejam realizadas adaptações de acordo as necessidades de cada

região, escola, nível de ensino, curso ou turma.

Assim, no percurso das atividades, expomos os objetivos, a metodologia utilizada e

algumas sugestões que possam auxiliar o professor no exercício pedagógico. Esperamos que

este material estimule o desenvolvimento de práticas exitosas que possam proporcionar aos

sujeitos uma aprendizagem dinâmica, reflexiva e que considere aspectos da História local.

Os autores

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Figura 1: Municípios da Costa Branca Potiguar.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Polo_Costa_Branca.

“Mossoró, Terra do sal”. É assim que o segundo maior município do Estado do Rio Grande do Norte é popularmente conhecido. Localizada na mesorregião do Oest Potiguar, a cidade possui seus arranjos produtivos com foco na fruticultura, na extração do sal e do petróleo, bem como no desenvolvimento comercial e de serviços.

O sal produzido em toda a região da Costa Branca é de grande relevância para a economia local e nacional, sendo vendido para vários estados do Brasil e para o exterior. Cerca de 95% de todo o sal produzido em território brasileiro vem das salinas norte-rio-grandenses, tendo como um dos principais produtores do Estado o município de Mossoró (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE, 2013).

Ao longo da trajetória histórica do sal brasileiro, o Rio Grande do Norte esteve presente em alguns registros de viajantes colonizadores ou de naturalistas que esboçavam manuscritos sobre os aspectos geográficos das regiões. Dentre essas informações, destacavam-se a presença de pequenas várzeas nos territórios próximos aos rios, nas quais eram perceptíveis a ocorrência natural de sal marinho (ANDRADE, 1995).

MOSSORÓ: TERRA DO SAL

O sal marinho é obtido através da evaporação da água do mar durante

o período de exposição ao sol e o vento, em tanques rasos, onde a solução

vai atingindo concentração cada vez maiores, até o ponto de solidificação.

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Cascudo (1955) explica que uma das mais antigas referências históricas sobre as evidências de sal

em terras potiguares está registrada no “Auto de repartição das terras”: “alude que Jerônimo de

Albuquerque dera aos filhos Antônio e Matias, em 20 de agosto de 1605, ‘umas salinas que estão

quarenta léguas daqui para a banda de norte, não a cultivaram nem se fez benfeitorias, nem a terra servia

para coisa alguma, mais que para o sal que por si cria’” (CASCUDO, 1955, p. 57).

Porém, no que diz respeito à economia mossoroense, esta não se desenvolveu, à priori, baseada

na exploração da atividade salineira. Na verdade, a cidade era, no século XIX, um empório comercial

e após sua inserção nas rotas cotidianas da Companhia Pernambucana de Navegação Costeira, houve

um aumento na circulação de pessoas e um crescimento da expansão urbana (FELIPE, 1982). O comércio mossoroense, que viu seu esplendor nos fins do século XIX e na primeira década do

século XX, nos anos de 1920, entretanto, conheceu seus momentos de declínio. De acordo com Ferreira (2000), muitos comerciantes migraram para outras regiões ou entraram em falência em virtude da falta de infraestrutura que viesse satisfazer os anseios pela rápida locomoção das mercadorias.

A progressiva decadência comercial mossoroense deu espaço para o crescimento da exploração salineira. As condições climáticas da região favoreciam a extração do produto e, a partir disso, os comerciantes mais tradicionais começaram seus investimentos. A mão de obra maciça e barata desempenhava as tarefas nas salinas em troca de baixíssimos rendimentos.

Figura 2: Pilhas de Sal.

Fonte: http://www.obaudemacau.com/?attachment_id=24057

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Durante os anos de 1920, o cenário de forte exclusão social das camadas mais simples da sociedade

mossoroense propiciará a formação de associações operárias. A primeira a ser criada foi a União de

Artistas, em 1919. Destacamos que “artistas”era um termo utilizado para representar os trabalhadores

de diversos tipos de ofícios, como artesãos, alfaiates, sapateiros, etc. (CUNHA, 2005).

Outra associação de trabalhadores, criada em 10 de abril de 1921, foi a “Liga Operária”, que teve

como seu idealizador Raimundo Reginaldo da Rocha. As discussões sobre a sua criação ocorreram na

Escola Paulo de Albuquerque, instituição destinada aos filhos dos trabalhadores tanto das salinas quanto

zona urbana.

A maior parte do contingente operário mossoroense era oriundo das salinas e com a Liga

Operária encontravam apoio para enfrentar as dificuldades no cotidiano do trabalho. Na labuta das

salinas, os operários eram obrigados a trabalhar cerca de doze horas por dia em condições desumanas,

a falta de proteção contra os efeitos do sol e do sal lhes traziam muitos problemas à saúde. (FERREIRA,

2000).

Figura 3: Pequenas pirâmides e trabalhadores com balaios levando o sal para o aterro.

Fonte: www.obaudemacau.com

A precariedade das condições de trabalho e a submissão à lógica do capital ocasionou a ida de

muitos trabalhadores à Liga. A participação desses operários nessas organizações fez com que ela

aglutinasse parte significativa da força de trabalho local. Além disso, a Liga possuía a participação de

algumas pessoas que procuravam dar uma direção mais revolucionária, haja vista a relevância que terá

o Partido Comunista Brasileiro mais tarde.

MOBILIZAÇÕES OPERÁRIAS EM MOSSORÓ

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Figura 4: Trabalhadores carregam as barcaças.

Fonte: www.obaudemacau.com

As mobilizações dos trabalhadores durante a década de 1930 estão diretamente ligadas à criação do

Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sua fundação no Brasil, em 1922, trouxe importantes contribuições

para a organização das classes operárias. Para os comunistas, as greves e a representação política da

classe trabalhadora consistiam em estratégias de luta. Entretanto, o ideário defendido pelo PCB era muito

criticado e incomodava os interesses da elite política, tanto é que entre 1922 e 1927, o partido foi colocado

na ilegalidade.

Já na formação do PCB, em Mossoró, temos o destaque para a família Reginaldo: “Impossível

reconstruir sua trajetória sem referências constantes à atuação dessa família numerosa, cujos membros na

sua quase totalidade dedicaram parte de suas vidas às causas da transformação social. [...] como,

Raimundo, Jonas e Lauro Reginaldo” (FERREIRA, 2000, p. 73). Em decorrência da experiência com a

Liga Operária, os Reginaldos passaram a trilhar o caminho dos ideais comunistas buscando instaurar a

célula do Partido em uma região com presença marcante de operários, “ conforme a época entre 3.000 a

5.000, ocupados principalmente nas salinas, cuja a atividade era toda manual” (FERREIRA, 2000, p. 76).

A classe operária mossoroense começou, aos poucos, a engajar-se no PCB. A Associação dos Trabalhadores na Extração do Sal, uma espécie de sindicato criada em 1931, teve orientação direta do Partido Comunista na sua organização. Os operários aderiram, de forma gradativa, às reuniões com os membros do partido, os quais abordavam a necessidade de união dos trabalhadores, algo que possibilitaria uma vida melhor e com menos injustiças sociais.

O sindicato ia consolidando seu trabalho gradativamente, mesmo na ilegalidade. No entanto, a perseguição era constante e obrigava os líderes a organizarem suas estratégias de luta na surdina. Para não serem presos, passaram a se reunir em ambientes escondidos, entre eles, no meio da vegetação da

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caatinga, daí o nome popular “Sindicato do Garrancho”. Apenas alguns integrantes da classe e os trabalhadores mais engajados no sindicato participaram das discussões que direcionaram as mobilizações grevistas da década de 1930. Sucessivas greves continuaram a ocorrer nos anos seguintes e a organização dos trabalhadores, através do Sindicato do Garrancho, ia se fortificando (FERREIRA, 2000).

O ano de 1935, trouxe um evento político de caráter nacional que influenciou diretamente às agitações operárias potiguares. Em novembro desse ano, os comunistas, liderados por Luís Carlos Prestes, que também era líder da Aliança Nacional Libertadora (ANL), tentaram promover uma revolução, fato que ficou conhecido como O Levante Comunista de 1935, cujo objetivo principal consistia na retirada do presidente Getúlio Vargas do poder e na instauração de um governo de caráter popular no Brasil.

Ferreira (2000) explica, que os grupos comunistas do Rio Grande do Norte, incentivados pela ANL, iniciaram um levante com o propósito de tomada do poder estadual. A cidade de Natal e outras do interior do Estado, testemunharam a organização dessa revolta. Em Mossoró, os integrantes do Sindicato do Garrancho, reuniram-se para discutir sobre a preparação de um movimento revolucionário, prestes a eclodir em todo o país, no qual o Partido, se vitorioso, chegaria ao poder.

Os combates entre os revoltosos e a polícia mossoroense passaram a se intensificar. Com o propósito de aumentar a retaliação, as autoridades políticas mossoroenses enviaram policiamento para os bairros operários para intimidar os familiares dos revoltosos. Entretanto, o movimento não conseguiu atingir seu principal objetivo. O Levante Comunista iniciado em Natal durou apenas alguns dias e chegou a ser fracassado. “Além da frustação pelo malogro do Levante, naquele momento eles tiveram a certeza de que os companheiros que haviam aderido à ‘guerrilha’ estavam condenados” (FERREIRA, 2000, p. 138).

Com o fracasso do Levante de 1935, o Governador Rafael Fernandes reassume o Governo do Estado e, juntamente com as elites locais, começam a articular a revanche contra os seus opositores. Esse momento foi propício para que os grandes proprietários chegassem a atuar violentamente contra as organizações sindicais. Com relação ao Sindicato das Salinas, chegaram a apreender todo o material existente, como mesa, cadeiras, máquinas de escrever, etc. e toda a diretoria do sindicato foi presa.

Figura 5: Presos políticos e comuns na Cadeia Municipal de Mossoró/RN, entre eles, Francisco Guilherme de Souza, integrante do Sindicato do Garrancho, setembro de 1936.

Fonte: Arquivo pessoal de Meine Siomara, 1936.

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As mudanças teórico-metodológicas ocorridas na historiografia com o advento dos Annales propuseram mais ênfase para a História das localidades. Dessa forma, na segunda metade do século XX, o conceito de fonte histórica ampliou suas perspectivas chegando a utilizar documentos literários, imagens e vestígios da cultura material. Tais registros foram importantes no desenvolvimento dos estudos relacionados à cultura, ao cotidiano e às tradições. Essas investigações permitiram a visibilidade de sujeitos históricos que até então eram marginalizados pela História tradicional.

No Brasil, as discussões relacionadas ao ensino e a História das localidades, passaram a ser evidenciadas de maneira mais problematizadora após o período do Regime Militar (1964-1985). De acordo com Schmidt (2007), diante do cenário político de redemocratização, os diálogos sobre a atuação do ensino de História focalizavam contribuir para a formação de alunos autônomos, partícipes e emancipados. Não cabia mais à sala de aula se restringir a um espaço de reprodução de conteúdo, mas que se tornasse um lugar na qual a troca de saberes entre os alunos e os professores pudesse favorecer a construção de novas reflexões sobre a vida prática.

Com base nesse contexto de mudanças, Schmidt (2007, p. 189) ainda expõe que a História local passou a ser utilizada “[...como um dos eixos temáticos dos conteúdos de todas as séries iniciais da escola fundamental e como perspectiva metodológica em todas as séries da escola básica.” O propósito dessa organização era contribuir para a construção da noção de pertencimento do aluno a um determinado grupo social e cultural e, além disso, valorizar a História local também como estudo do meio.

A possibilidade de estudar o meio social permite ao aluno compreender a própria realidade vivenciada. Caracteriza-se como um elo entre a identidade do sujeito e o espaço que ele vive elucidando sua historicidade, bem como a preservação dos traços culturais da comunidade.

Conforme Bittencourt (2009), os estudos referentes ao meio social assumem uma tarefa de propiciar vivências sociais com diferentes grupos e, ao mesmo tempo, estimula a questão da interdisciplinaridade nas propostas de ensino, pois, a interação com os estudos de outras áreas do saber promove uma leitura da sociedade partindo de diversas dimensões.

Schmidt e Cainelli (2009) reforçam que o trabalho com propostas de ensino que evidenciem a História local pode favorecer tanto a construção de indagações críticas com relação à vida prática quanto possibilita análises variadas dos discursos emitidos pelos grupos sociais, principalmente as vozes que foram silenciadas pela História oficial. De acordo com Caimi (2013) a memória:

[...] consiste no conjunto de recordações compartilhadas, de esquecimentos compactuados, apoiando-se em instrumentos de lembrança (monumentos, datas comemorativas, imagens, rituais, mitos etc.), que se constituem nos “combates” pelo controle hegemônico do passado e da memória coletiva. (CAIMI, 2013,

p. 29-30 grifos da autora)

É com esse propósito que buscamos mergulhar nos estudos referentes as mobilizações do operariado salineiro mossoroense, sobretudo pelo fato de que a memória desses sujeitos é algo silenciado

ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL E A EPT: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO.

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pela historiografia tradicional local. O enaltecimento da memória das personalidades políticas da cidade de Mossoró favorece a apropriação constante dessa memória por parte da população e acaba deixando a História dos trabalhadores à margem.

É notório identificar que na história das localidades a forte presença da memória oficial configura- se em um desafio para o ensino de História. Podemos perceber a atuação das ideologias propagadas pela classe dominante nos espaços de memória, nos nomes das ruas, praças, bairros e nas comemorações dos eventos históricos locais. Como no caso da cidade Mossoró, as figuras privilegidas são aquelas que faziam parte da classe política de determinada época, algo que favorece a apropriação constante dessa memória por parte dos mossoroenses.

Na verdade, essa memória é tão divulgada pelas elites que acaba por mascarar as lutas dos trabalhadores e a ideia de resistência que também fizeram parte da história dos grupos locais. Fonseca (2009, p. 119) explicita que boa parte dos currículos oficiais relacionados à história dos municípios retratam a ideia de origem e progresso dessas localidades associado sempre a personalidades elitistas. “Nesta perspectiva, o bairro, o município, o Estado ou a região têm um destino linear, evolutivo, pautado pela lógica dos vultos de heróis, figuras políticas, pertencentes às elites locais ou regionais, que ‘fizeram o progresso’ da região”.

A autora sinaliza que alguns materiais de História local (textos, guias, encartes) disponíveis para a utilização no ambiente escolar, são, muitas vezes, organizados pelas próprias prefeituras ou órgãos administrativos locais que possuem, de maneira explícita ou indireta, o propósito de difundir a imagem de famílias ou grupos detentores do poder político (FONSECA, 2009). Além de fortalecer o culto à personalidades políticas, esses materiais marginalizam a história das lutas sociais, da cultura e da diversidade das pessoas comuns que são sujeitos históricos e que contribuíram coletivamente com história do lugar do qual fazem parte.

O ensino sobre as localidades numa perspectiva de valorização dos feitos elitistas em detrimento de análises mais amplas reproduz os postulados do ensino tradicionalista e acrítico, geralmente voltado para a consagração de “nomes importantes” ou fatos políticos que marcaram a história da cidade, configura-se como uma formação educacional restrita que nega a possibilidade de questionamento e reflexão sobre os fatos históricos, impedindo que o educando consiga desenvolver uma consciência histórica crítica e emancipatória.

Seguindo este pressuposto, e visando superar esse caráter de manutenção da memória oficial como sendo a única a compor a historicidade local, faz-se necessário trazer para a sala de aula a história do município sob olhar das pessoas que foram excluídas pela história. É imprescindível que o educador compreenda que o meio social no qual o aluno está inserido traz inúmeras possibilidades a serem exploradas pela prática pedagógica. As memórias dos familiares, a compreensão sobre os diversos tipos de trabalho, as festividades, as lutas sociais, as relações de poder e outros que certamente apresentam indícios da realidade vivenciada pela comunidade.

Foi com base nessas reflexões que nosso trabalho buscou analisar o mundo do trabalho partindo da História dos trabalhadores do sal, não somente pelo fato de ser uma História silenciada, mas também

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por possibilitar ao educando estabelecer análises sobre o processo de formação da classe trabalhadora local, suas lutas sociais, as condições de trabalho, formas de resistência e as conquistas obtidas no decorrer do processo histórico.

Assim, além oportunizar ao aluno um estudo sobre sua comunidade, podemos perceber que a História local enriquece as práticas de ensino que visam o desenvolvimento do pensamento emancipatório, pois, dessa maneira, abre espaço para que o professor estabeleça pontes de diálogo sobre o trabalho em outra temporalidade e as questões vivenciadas na contemporaneidade.

Pensar sobre essa ponte entre o saber histórico sistematizado e as situações da vida prática do educando, nos remete às reflexões a respeito da consciência histórica. Rüsen entende que:

A consciência histórica não pode ser meramente equacionada como simples conhecimento do passado. A

consciência histórica dá estrutura ao conhecimento histórico como um meio de entender o tempo presente

e antecipar o futuro. Ela é uma combinação complexa que contém a apreensão do passado regulada pela

necessidade de entender o presente e de presumir o futuro. [...] a consciência histórica pode ser analisada

como um conjunto coerente de operações mentais que definem a peculiaridade do pensamento histórico e

a função que ele exerce na cultura humana. (RÜSEN, 2011, p.36-37).

Para Rüsen (2001), o papel da consciência histórica é favorecer uma orientação temporal de continuidade entre o passado, o presente e o futuro. Essa ideia de continuidade temporal evidencia a experiência do passado e torna-se importante para a vida presente e influencia na configuração do futuro.

Ressaltar o papel da consciência histórica para a formação do educando perpassa a caracterização do indivíduo enquanto ser histórico-crítico. Freire (2005) enfatiza que, mediante uma formação para a obtenção da consciência crítica da realidade, os alunos estariam deixando sua consciência ingênua e passando a compreender os desafios que envolvem a realidade vivenciada tanto de maneira individual como coletiva. A partir dessa tomada de consciência emancipatória seriam capazes de transformar sua própria vivência.

Diante disso, o ensino da História local nos faz pensar soobre as contribuições que a disciplina História pode favorecer para a promoção de uma concepção educativa que contemple a formação humana dos sujeitos. Assim, buscamos o entrelaçamento entre o ensino de História e os pressupostos defendidos pela Educação Profissional e Tecnológica.

Os fundamentos educacionais evidenciados pela EPT contemplam uma formação ampla que proporcione a leitura da realidade e o desenvolvimento da cidadania crítica através do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. Desse modo, ao analisarmos as Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2012), identificamos que o documento reforça que os cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio precisam seguir, em suas práticas pedagógicas, os conhecimentos e saberes necessários ao exercício profissional e da cidadania, baseando- se nos princípios científicos, históricos e socioculturais.

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Ciavatta (2012) apresenta a perspectiva do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional como uma forma de:

[...] superar a redução da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional, simplificado, escoimado

dos conhecimentos que estão na sua gênese científico-tecnológica e na sua apropriação histórico-social.

Como formação humana, o que se busca é garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o

direito a uma formação completa para a leitura do mundo e para a atuação como cidadão pertencente a um

país, integrado dignamente à sua sociedade política. Formação que, neste sentido, supõe a compreensão

das relações sociais subjacentes a todos os fenômenos. (CIAVATTA, 2008, p. 85).

Ramos (2008) analisa que o conceito referente à formação integrada possui três sentidos que necessitam de uma inter-relação para que haja a efetivação das práticas integradoras. Dessa forma, a autora menciona os seguintes pontos: concepção de formação humana no sentido omnilateral, indissociabilidade entre educação profissional e educação básica e a integração de conhecimentos gerais e específicos como totalidade curricular.

Sob a ótica da formação integral, o Projeto Político-Pedagógico do IFRN, publicado em 2012, traz expresso que a instituição busca oferecer uma educação laica, pública, gratuita e de qualidade. Sua organização curricular está ancorada nos eixos: ciência, trabalho, cultura e tecnologia que se entrelaçam com o propósito de promover uma formação humana que priorize o exercício da cidadania e a transformação da realidade vivenciada com base na equidade e justiça social.

Dentre as concepções que norteiam a implantação de uma educação integral e humanística, o PPP do IFRN menciona os seguintes princípios:

a) justiça social, com igualdade, cidadania, ética, emancipação e sustentabilidade ambiental;

b) gestão democrática, com transparência de todos os atos, obedecendo aos princípios da autonomia, da

descentralização e da participação coletiva nas instâncias deliberativas;

c) integração, em uma perspectiva interdisciplinar, tanto entre a educação profissional e a educação

básica quanto entre as diversas áreas profissionais;

d) verticalização do ensino e sua integração com a pesquisa e a extensão;

e) formação humana integral, com a produção, a socialização e a difusão do conhecimento científico,

técnico-tecnológico, artístico-cultural e desportivo;

f) inclusão social quanto às condições físicas, intelectuais, culturais e socioeconômicas dos sujeitos,

respeitando-se sempre a diversidade;

g) natureza pública, gratuita e laica da educação, sob a responsabilidade da União;

h) educação como direito social e subjetivo; e

i) democratização do acesso e garantia da permanência e da conclusão com sucesso, na perspectiva de

uma educação de qualidade socialmente referenciada.

(INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO

NORTE, 2012a, p. 26).

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O apreço pelos ideais de justiça social, equidade, ética e cidadania emancipatória nas concepções educativas do IFRN nos faz pensar em como a disciplina História se envolve com essas perspectivas. Quando o ensino de História é revestido por um viés crítico, o confronto de ideias e a contestação sobre as injustiças sociais possibilitam o desenvolvimento de uma educação baseada na contra-hegemonia. Ao apresentarmos as lutas por direitos e dignidade em outras temporalidades, como, por exemplo, a História dos trabalhadores mossoroenses, estamos provocando reflexões não apenas sobre o passado, mas principalmente sobre a realidade vivenciada na atualidade, marcada pela perda de direitos conquistados há quase um século.

As práticas pedagógicas que se preocupam em educar através da ética, dos valores de solidariedade e na compreensão crítica dos problemas sociais, trilham um caminho para construir a cidadania emancipatória dos educandos. A partir do momento que essa consciência é adquirida, os sujeitos podem desapropriar-se do espírito egocêntrico e competitivo tão presente na sociedade capitalista, além de se identificarem como partícipes do processo de transformação social.

Dessa maneira, o ensino da História local promove a dialogicidade entre o presente e o passado, submete à apreciação dos fatos sobre múltiplas dimensões e estimula o caráter contestador com relação à falta de equidade presente na sociedade. Nessa reflexão, faz-se necessário pensarmos que o lugar da História no Ensino Médio Integrado impulsiona a abordagem de uma perspectiva humanística que vislumbra contemplar a integralidade do indivíduo.

COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA DE ENSINO E ORIENTAÇÕES PARA O(A) PROFESSOR(A): UMA DIDÁTICA DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

NO ENSINO DE HISTÓRIA.

Por que escolhemos a Pedagogia Histórica-Crítica?

No desenvolvimento da nossa proposta de ensino utilizamos a Pedagogia Histórico-Crítica

por considerarmos que essa teoria pedagalinha-se com pressupostos teóricos da EPT ao defender

que a função social da escola deve estar relacionada ao princípio do trabalho educativo e com o

objetivo de superar a relação dicotômica entre teoria-prática, propondo uma nova forma de

organização curricular (SAVIANI, 2011).

Desse modo, apresentamos, a seguir, as atividades desenvolvidas no decorrer de 13 aulas,

dividas em 5 encontros.

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1º ENCONTRO (Aulas 1 e 2)

Prática Social Inicial

Sugerimos, nessa fase introdutória, que o(a) professor(a) busque dialogar com seus alunos sobre os conhecimentos que eles trazem com relação à temática da História local que foi escolhida para trabalhar em sala de aula. É importante estabelecer um elo com a realidade vivenciada, tornando, assim, a aprendizagem mais significativa.

Recursos utilizados: Exposição dialogada utilizando os seguintes materiais (multimídia,

quadro, lápis).

Tempo estimado: 2h/a de 50 minutos.

Objetivos:

- Discutir sobre a importância dos estudos referentes à História local; - Identificar os conhecimentos prévios dos educandos sobre o desenvolvimento da atividade salineira no Estado do Rio Grande do Norte;

- Introduzir os estudos referentes à história da produção de sal na cidade de Mossoró e região durante o período da República Velha;

- Analisar o cenário político, social e econômico do período destacado;

Principais assuntos mencionados: - Memória oficial X Memória das pessoas comuns: o que sabemos sobre a História da nossa cidade? ;

- Relevância econômica da atividade salineira para o Rio Grande do Norte;

- Mudanças políticas, sociais e econômicas no Brasil e no Rio Grande do Norte no início do XX; - Riqueza e exclusão social: a exploração das salinas mossoroenses no período da República Velha;

“O olhar do educador” Podemos observar uma boa interação dos alunos nessa fase de conhecimentos prévios. Um aluno chegou a relatar, por exemplo, que seu avô havia trabalhado por muitos anos nas salinas e que ele sempre reclamava no trabalho árduo que desenvolvia. Aproveitamos essa intervenção

COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA DE ENSINO E ORIENTAÇÕES

PARA O PROFESSOR

Uma das formas para motivar os alunos é conhecer sua prática social imediata a respeito do conteúdo curricular proposto. Como também ouvi-los sobre a prática social mediata, isto é, aquela prática que não depende diretamente dos indivíduos, e sim das relações sociais como um todo. Conhecer essas duas dimensões do conteúdo constitui uma forma de criar interesse por uma aprendizagem significativa do aluno e uma prática docente também significativa. (GASPARIN, 2005, p. 15-16)

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e problematizamos sobre as dificuldades dos trabalhadores também na contemporaneidade.

Sugestão para o(a) professor(a)!

Diante das discussões realizadas, é importante que o educador valorize a participação dos alunos e os convide a vivenciar experiências pedagógicas para além da sala de aula, uma boa sugestão é propor uma aula no museu da cidade.

2º ENCONTRO (Aula 3 e 4)

Visita ao Museu Municipal Lauro da Escóssia

Figura 6: Turma, pesquisadora e diretor do Museu Lauro da Escóssia.

Fonte: Autoria própria (2019).

A pretensão de realizar uma visita guiada ao Museu Municipal Lauro da Escóssia, deve-se ao aprendizado que pode ser desenvolvido nesse espaço de memória e pesquisa.

Por que visitar museus?

- Possibilita uma reflexão sobre a instituição enquanto um espaço de memória; - Apresenta uma oportunidade de reconhecer a relevância das fontes históricas para a construção das narrativas historiográficas.

- Promove o desenvolvimento do sentimento de empatia com relação aos sujeitos do passado.

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- Oferece a possibilidade de estudar sobre as rupturas e permanências ocorridas na vida cotidiana das localidades.

- Proporciona uma leitura crítica no que diz respeito ao acervo e as memórias que são evidenciadas.

Tempo estimado: 2h30min.

Objetivos: - Compreender a relevância dos espaços museológicos como locais que possuem indícios da memória coletiva de uma localidade;

- Discutir a sobre o conceito de patrimônio histórico e salientar a importância da sua preservação; - Reconhecer o museu como um espaço educativo que oportuniza a observação, o questionamento e a elaboração de novas interpretações sobre os fatos históricos.

Roteiro da visita:

- O Museu como um lugar de memória; - Explicação histórica sobre o prédio antes de tornar-se um museu;

- Conceito de Patrimônio Histórico;

Visita às alas temáticas: *Invasão do bando de Lampião a Mossoró e a exposição da cultura do cangaço;

* Fotografias de Mossoró: urbanização, trabalho, festividades, religiosidade, cotidiano;

*Observação e discussão sobre as fotografias que retratavam o trabalho nas salinas;

* Voto feminino de Celina de Guimarães Viana; o Motim das Mulheres (1875); Abolição da Escravatura (1883) e a Imprensa mossoroense.

*O acervo jornalístico como fonte de pesquisa: Jornal O Nordeste (indícios sobre a formação

das primeiras Ligas Operárias em Mossoró).

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Figura 7: Alunos na Ala das Fotografias.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 8: Alunos e pesquisadora no acervo dos jornais

Fonte: Autoria própria (2019).

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Sugestão para o(a) professor(a)!

O educador pode provocar, ao longo da visita, os seguintes questionamentos: Quais

personalidades são mais evidenciadas pela exposição? O acervo apresenta muitos indícios

da História das pessoas comuns? De que maneira os trabalhadores, as mulheres, as crianças

aparecem na exposição? Essas problematizações irão favorecer o olhar crítico sobre o acervo

e promover o diálogo interativo com os educandos.

“O olhar do educador”

Identificamos, ao longo da visita, o olhar questionador dos alunos. Alguns estavam visitando

aquele espaço pela primeira vez, apesar de muitos morarem em Mossoró ou em cidades

próximas. Mediante as problematizações que realizamos, a participação reflexiva era

constante, notamos também que a aula tornou-se dinâmica, descontraída e cheia de

aprendizado. Para finalizarmos, solicitamos um relatório a respeito da experiência vivenciada

no museu para que no próximo encontro pudéssemos discutir alguns pontos relacionados a

visita.

O aprendizado com objetos e obras expostas nos museus começa com um olhar ativo que, aliado à problematização proposta, ajuda a conhecer e reconhecer, recortar, caracterizar, interpretar, pensar... Nesse sentido, a visita ao museu pode ser organizada pragmaticamente pelo professor: pode-se considerá-lo um templo, um espaço de contemplação, ou a visita pode ser revestida de um aprofundamento pedagógico

ao entendê-lo como fórum, espaço da pergunta, dos debates, dos questionamentos.

(ABUD; SILVA; ALVES, 2013, p. 136)

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CONHEÇA MAIS:

Descubra o que é Patrimônio Público. Disponível em: <https://e-dou.com.br/2017/07/ descubra-o-que-e-patrimonio-publico/>.

MARANDINO, Martha et. al. A Educação em museus e os materiais educativos. Disponível em: <http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/ book/233>.

PESSOA, A.S.P. Museu na escola: a discussão patrimonial em sala de aula enquanto forma de cidadania. Disponível em: <http://www.encontro2016.ms.anpuh.org/resources/ anais/47/1479509987_ARQUIVO_TrabalhocompletoAmandaSenaPeresPessoa.pdf>.

3º ENCONTRO (Aulas 5, 6, 7)

Problematizações Iniciamos nossa discussão solicitando que os alunos relatassem um pouco da experiência da aula no museu e suas impressões sobre a visita de maneira geral. Após isso, levantamos algumas problemáticas para gerar o debate, a saber:

Quais os episódios da História mossoroense são mais evidenciados no museu?

A exposição do museu retrata algo sobre as lutas dos trabalhadores salineiros em Mossoró no início do século XX?

De que maneira a História do trabalhador é abordada pelo museu?

Recursos utilizados: Roda de conversa; Aula expositiva e dialogada utilizando os seguintes materiais (multimídia, quadro, lápis).

Tempo estimado: 3h/a de 50 minutos.

Roda de conversa

Para Paulo Freire (1999), a escola necessita trabalhar

criticamente a inteligibilidade das coisas e dos fatos. A roda

de conversa promove não apenas o diálogo horizontal entre

educadores e educandos, mas possibilita a formação do

pensamento autônomo e reflexivo.

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Diante disso, a comunicação torna-se uma ferramenta capaz de gerar a problematização da

realidade e a descoberta de visões múltiplas, algo que contribui para a construção coletiva do

saber.

Por que estudar a história do trabalhador?

- Apresenta o processo de formação da classe trabalhadora e das lutas sociais ao longo da trajetória histórica.

- Oferece uma reflexão sobre as disputas de poder dentro da sociedade e os conflitos entre as classes sociais.

- Possibilita analisar, sob a ótica do trabalhador, as condições de trabalho, as formas de resistência mediante à opressão e as conquistas obtidas no decorrer do processo histórico.

Objetivos:

- Trabalhar com os conceitos de oligarquia, violência de Estado, movimentos sociais e cidadania. - Compreender o processo de organização da classe trabalhadora mossoroense no início do século XX;

- Identificar os projetos ideológicos presentes na sociedade mossoroense durante a República Velha;

Aula expositiva: “O mundo do trabalho através das lutas dos salineiros mossoroenses (1920- 1935)”

Temática abordada através de múltiplas dimensões:

· Econômica: Por que o sal é tão importante para o Rio Grande do Norte? Quem lucra?

Quem perde?

· Histórica: Como era o trabalho nas salinas mossoroenses no período da República

Velha? Por que os trabalhadores começaram a se organizar enquanto classe?

· Conceitual/ Científica: Em que consistiu a Liga Operária e o Sindicato do Garrancho?

· Política/Filosófica: Havia alguma ideologia política que embasava a organização dos

trabalhadores mossoroenses no início do século XX?

· Legal: Existiam leis de proteção ao trabalhador no período da República Velha? Como

estão as leis trabalhistas no atual cenário brasileiro?

· Social: Todos possuem o direito de lutar por melhores condições de trabalho?

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O uso da fotografia em sala de aula

A utilização de algumas fotografias que retratavam o ambiente das salinas, proporcionou a

reflexão sobre a utilização da força humana nas etapas de extração e transporte do sal, além

possibilitar o diálogo sobre a precariedade do ambiente de trabalho, a falta de equipamentos

de proteção e os adoecimentos causados pela intensa exposição ao sol e ao sal.

Figura 9: Trabalhadores salineiros na extração do sal.

Fonte: Manuelito Benigno, acervo do Museu Municipal de Mossoró.

Figura 10: Período da extração manual do sal na década de 1930.

Fonte: Arquivo pessoal de Antônio do Vale.

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Figura 11: Trabalhadores salineiros transportando o sal.

Fonte: Manuelito, acervo do Museu Municipal de Mossoró.

Sugestão para o(a) professor(a)!

Trabalhar o conteúdo proposto utilizando múltiplas dimensões de caráter conceitual/ científico, social, histórico, econômico, político/filosófico, legal e ético, necessita de uma abordagem “sistemático-dialógica” que estabeleça pontes com o cotidiano vivenciado pelos sujeitos e que, simultaneamente, responda as perguntas mencionadas. Caracteriza-se, portanto, pelo “o exercício didático da relação sujeito-objeto pela ação do aluno e mediação do professor. É o momento da efetiva construção do novo conhecimento” (GASPARIN, 2005, p. 166).

· Proposta de atividade Propomos a realização de um seminário temático que a possibilitasse a abertura para a interdisciplinaridade sobre os seguintes temas: Sal: composição, extração e relevância para a economia potiguar; Organização do operariado salineiro mossoroense: da Liga Operária ao Sindicato do Garrancho; As lutas sindicais e o mundo do trabalho na contemporaneidade. As apresentações deverão ser desenvolvidas no próximo encontro, os alunos poderão pesquisar em livros da biblioteca, sites sugeridos e utilizar as fontes históricas, textos e outros materiais que foram disponibilizados.

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Catarse – Seminário Temático

4º ENCONTRO (Aulas 8, 9, 10, 11)

Catarse: Conforme Gasparin (2005), os momentos catárticos configuram-se no resultado dos estudos, pesquisas e produções desenvolvidas pelos educandos. A Catarse representa uma das partes mais significativas do processo de ensino-aprendizagem, pois, é nessa etapa que conseguimos identificar como o saber foi apropriado pelos alunos e, consequentemente, analisamos se houve mudanças críticas no que diz respeito a consciência histórica.

Dica para o(a) professor(a)!

A utilização dos seminários temáticos como instrumento de aprendizagem, promove a compreensão epistemológica dos conteúdos assim como favorece a apropriação e a criação de novos conhecimentos. Por ser uma atividade dinâmica, a utilização da pesquisa associada a criatividade, o planejamento das ações e as múltiplas análises do tema estudado, possibilita a formação do poder emancipatório dos sujeitos mediante o processo de aprendizagem.

Tempo estimado: 4h/a de 50 minutos.

Recursos utilizados: Multimídia, quadro, lápis.

Objetivos:

- Identificar a apreensão dos conteúdos estudados por parte dos educandos;

- Analisar a consciência histórica através dos discursos expostos ao longo das explanações; - Desenvolver a capacidade argumentativa dos sujeitos através da interação com os demais grupos;

- Favorecer a compreensão crítica e reflexiva sobre o mundo trabalho em diferentes

temporalidades e na contemporaneidade.

* Temáticas evidenciadas nas apresentações dos grupos:

- “Sal: composição, extração e relevância para a economia potiguar”; - “Organização do operariado salineiro mossoroense: da Liga Operária ao Sindicato do Garrancho”;

- “As lutas sindicais e o mundo do trabalho na contemporaneidade”.

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[...] Ali faltava de tudo: Segurança, alojamento, O transporte e a saúde Para todo atendimento, Principalmente, acidentes Que ocorriam frequentes Pra maior constrangimento. Ao lidar com o sal bruto Sem dar atenção total Era o homem acometido De cortes, a passar mal; Vindo a ter, se distraído, Algum tumor contraído Das impurezas do sal.

“O Sindicato do Garrancho e o Movimento Revolucionário em Mossoró”, por

Medeiros Braga.

Fonte: José Antônio, 2019.

Prática Social Final

5º ENCONTRO (Aulas 12, 13)

Nesse momento, os educandos apresentam práticas ou intenções com base no conteúdo

aprendido, capazes de promover uma transformação da sua realidade social possibilitando

análises e compreensões mais amplas e críticas da realidade, determinando uma nova forma

de refletir e julgar os fatos (GASPARIN, 2005).

Tempo estimado: 2h/a de 50 minutos. Objetivos: - Dialogar com os educandos sobre todo o processo referente ao desenvolvimento da proposta de ensino.

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- Identificar se houve alterações na consciência histórica dos sujeitos após o desenvolvimento da proposta.

Socialização, avaliação e reflexão

Finalizamos nossa proposta de ensino envolvendo os alunos em mais uma roda de

conversa a fim de socializarmos nossa experiência final acerca do desenvolvimento de todas

as atividades. Nesse momento, questionamentos o que eles tinham aprendido, a forma como

essa aprendizagem aconteceu e as mudanças no pensamento histórico tanto sobre a história

local e a história do trabalhador quanto sobre o trabalho e as lutas sociais/sindicais no século

XXI.

DE PROFESSORA PARA PROFESSOR(A):

Considerações Finais.

Como mensagem final, queremos expor que as reflexões mencionadas não se limitaram

ao desenvolvimento desta experiência, pelo contrário. Durante esse período de formação e

transformação pessoal/profissional, estivemos no exercício das nossas atividades docentes na

Educação Básica tanto na rede pública quanto na rede privada. Essa fase configurou-se como

árdua, as leituras teóricas eram realizadas em meio a planejamentos de aulas, elaboração/correção

de exames, entre outros aspectos que permeiam a rotina do professor. Porém, apesar de ter sido

um pouco conflituosa tornou-se fundamental para que pudéssemos ter um outro olhar sobre o

cotidiano da sala de aula, compreendemos a necessidade de ouvir mais os alunos, sair um pouco

da centralidade da aula expositiva e, assim, buscar promover diálogos a partir das experiências

de vida dos sujeitos, estabelecendo relações com o passado.

Sabemos, caro (a) colega, que pensar de forma crítica sobre nossas práticas educativas e

sair da zona de conforto não consiste numa tarefa fácil, porém, precisamos compreender que

nossa sala de aula pode ser um espaço pesquisa docente. A partir do instante que buscamos

compreender sobre outras teorias/metodologias de ensino e aprendizagem, as ações práticas

passam a ocorrer com mais segurança e seguem um caminho para uma educação mais inclusiva

e emancipada.

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