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Kelly da Rocha Martins A LINHA TÉNUE ENTRE O JORNALISMO E O ENTRETENIMENTO: O CASO DA INFORMAÇÃO DIÁRIA E DE FIM DE SEMANA DA SIC Relatório de Estágio de Mestrado em Comunicação e Jornalismo, orientado pela Doutora Maria Clara Almeida Santos, apresentado ao Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2016

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Kelly da Rocha Martins

A LINHA TÉNUE ENTRE O JORNALISMO E O ENTRETENIMENTO: O CASO DA INFORMAÇÃO DIÁRIA E DE FIM DE SEMANA DA SIC

Relatório de Estágio de Mestrado em Comunicação e Jornalismo, orientado pela Doutora Maria Clara Almeida Santos, apresentado ao Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

2016

Faculdade de Letras

A LINHA TÉNUE ENTRE O JORNALISMO E O ENTRETENIMENTO: O CASO DA INFORMAÇÃO DIÁRIA E DE FIM DE SEMANA DA SIC

Ficha Técnica:

Tipo de trabalho Relatório de estágio

Título A Linha Ténue entre o Jornalismo e o

Entretenimento: O Caso da Informação Diária e de

Fim de Semana da SIC

Autor/a Kelly da Rocha Martins

Orientador/a Maria Clara Almeida Santos

Júri Presidente: Doutora Maria João Silveirinha

Vogais:

1. Doutora Maria Clara Almeida Santos

2. Mestre Luís Gouveia Monteiro

Identificação do Curso 2º Ciclo em Comunicação e Jornalismo

Área científica Jornalismo

Data da defesa 4-10-2016

Classificação 18 valores

i

RESUMO

A predisposição da sociedade para certo tipo de questões mais complexas e que

carregam o peso da importância é menor no final de uma semana de trabalho, sendo maior a

propensão para assuntos leves, simples e interessantes. Por outro lado, as agendas oficiais

parecem estar em consonância com estes interesses, estando ativas durante a semana e

estagnadas durante o fim de semana. É objetivo primordial do presente relatório averiguar de

que forma a produção noticiosa é condicionada por estes dois polos. Este trabalho é o reflexo

de seis meses de experiência de estágio na redação de informação da SIC e SIC Notícias, e

das opiniões que aí se foram formando. Na passagem de uma equipa de informação de fim de

semana para outra de produção noticiosa diária, várias diferenças foram sentidas, e são essas o

âmago deste trabalho.

O relatório encontra-se dividido em três secções. Na primeira, é feito um

enquadramento teórico em torno da produção noticiosa e da construção de um alinhamento

informativo, de modo a fornecer as luzes pertinentes para guiar este trabalho. Na segunda,

revela-se a experiência de estágio, sobre a qual é feito um exercício de interpretação e

discussão. Por fim, na terceira secção, procede-se a uma análise empírica exploratória, a fim

de sustentar e complementar este trabalho de reflexão.

Palavras-chave: Jornalismo Televisivo, Informação de fim de semana, Hard news vs. soft

news, Jornalismo vs. entretenimento, SIC.

ii

ABSTRACT

The society's predisposition for certain types of complex and important issues is smaller

at the end of a work week. Therefore, there is a higher tendency to go for light, simple and

interesting subjects at the weekend. On the other hand, the official agendas appear to be in

line with these interests, working actively during the week and staying inactive during the

weekend. The main purpose of this report is to verify how the news production is conditioned

by these two poles. This work is a reflection of a six months' internship in SIC and SIC

Notícias's newsroom, and it is also a reflection about the formed opinions about it. Going

from a weekend information team to a daily news production team revealed several

differences. And these differences are the core of this work.

The report is divided into three sections. At first, it is made a theoretical framework

around the news production and an informative alignment construction: this will provide the

appropriate guidelines to lead this work. In the second section, it is revealed the internship

experience, whereupon it is made an interpretation and discussion exercise. Finally, there is

an exploratory empirical analysis in order to support and complement this reflection work.

Keywords: Television journalism, Weekend news, Hard news vs. soft news, Journalism vs.

entertainment, SIC.

iii

AGRADECIMENTOS

À minha mãe, por ser desde sempre o meu pilar e porto seguro. Ao meu pai de coração, por

ter estado ao lado dela a empurrarem-me para uma vida mais rica.

Ao meu pai, pela educação que me deu e o caráter que me incutiu.

Aos meus avós, pelo amparo incessante.

À minha tia Amélia e ao meu tio Agostinho, por terem sido o meu lar e segundos pais durante

este meio ano.

À minha tia Beatriz, pelo carinho.

À minha irmã, pelo amor incomparável e por ter suportado todas as vezes em que tive de

partir para tentar voltar alguém melhor.

À minha outra irmã, a Vânia, por seis anos de uma amizade verdadeira, pela partilha de

aventuras e pelo apoio incansável.

À Viviana, a amiga de sempre.

À minha professora orientadora, Doutora Clara Almeida Santos, pela disponibilidade,

prontidão e sabedoria.

Aos restantes professores de Licenciatura e Mestrado, pela minha formação académica e

pessoal.

À Faculdade de Letras e à Universidade de Coimbra, por seis anos de experiências ricas.

À SIC, por me ter aberto as portas para a última etapa deste percurso e por as ter mantido

abertas para esta nova fase que se segue.

Aos coordenadores das equipas por que passei, Ana Luísa Galvão, Maria João Ruela e André

Antunes, e aos restantes elementos que as compõem, por guiarem os meus primeiros passos

nesta aventura de ser jornalista.

Às minhas companheiras de estágio, pela alegria no trabalho.

A todos, um sincero obrigada. Cheguei aqui com o vosso apoio.

iv

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

SECÇÃO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................... 3

1. A notícia .............................................................................................................................. 3

2. O alinhamento noticioso ................................................................................................... 23

SECÇÃO II - EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO .................................................................... 29

1. A entidade acolhedora ...................................................................................................... 29

2. O estágio ........................................................................................................................... 34

2.1. Agenda ....................................................................................................................... 34

2.2. Fim de semana ............................................................................................................ 37

2.3. Primeiro Jornal ........................................................................................................... 40

SECÇÃO III - ANÁLISE EMPÍRICA EXPLORATÓRIA ............................................... 44

1. Metodologia ...................................................................................................................... 44

2. Apresentação e discussão dos dados ................................................................................. 47

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 66

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 68

ANEXOS .................................................................................................................................... I

ANEXO I - Peças realizadas durante o estágio na SIC .......................................................... I

ANEXO II - Peças realizadas na equipa de fim de semana da SIC ................................... IV

ANEXO IIa - "Festival do arroz em Lisboa" ........................................................................ IV

ANEXO IIb - "S. Barre em Portugal" .................................................................................... V

ANEXO IIc - "Novas crias do Zoo de Lisboa" ..................................................................... VI

ANEXO IId - "Fatos de Carnaval" ..................................................................................... VII

ANEXO IIe - "O Pequeno Ditador Cresceu" .................................................................... VIII

ANEXO IIf - "Comer gelados no inverno" ............................................................................ X

ANEXO IIg - "Gastronomia açoriana em Lisboa" ............................................................. XII

ANEXO IIh - "Tributo a Elvis Presley" ............................................................................ XIII

ANEXO IIi - "Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade" .................................. XV

ANEXO IIj - "Boxe solidário em Oeiras" ......................................................................... XVI

ANEXO IIk - "Atividades nas férias da Páscoa" ............................................................ XVIII

ANEXO III - Peças realizadas na equipa do Primeiro Jornal da SIC ............................ XX

v

ANEXO IIIa - "Meteorologia" ............................................................................................ XX

ANEXO IIIb - "Meteorologia" ........................................................................................... XX

ANEXO IIIc - "Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM" ........................ XXI

ANEXO IIId - "Vandalismo em Escola Secundária" ...................................................... XXII

ANEXO IIIe - "Doenças respiratórias" ............................................................................ XXII

ANEXO IIIf - "Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas" ........................................ XXIII

ANEXO IIIg - "Sobre-endividamento em Portugal" ...................................................... XXIV

ANEXO IIIh - "Romaria a cavalo na Moita" ................................................................... XXV

ANEXO IIIi - "Homicídio em Salvaterra de Magos" ..................................................... XXVI

ANEXO IIIj - "Bebé nasce 55 dias após morte da mãe" ............................................... XXVII

ANEXO IIIk - "Empregos em risco na Azambuja" ....................................................... XXVII

ANEXO IIIl - "Treinar como um astronauta" .............................................................. XXVIII

ANEXO IIIm - "«Hortas na escola, legumes no prato»" ................................................ XXIX

ANEXO IIIn - "Previsões do estado do tempo" .............................................................. XXX

ANEXO IIIo - "Unidade móvel de apoio ao emprego" .................................................. XXXI

ANEXO IIIp - "Obras no Eixo Central de Lisboa" ....................................................... XXXII

ANEXO IIIq - "Novas regras para uso de drones" ...................................................... XXXIII

ANEXO IIIr - "Meteorologia" ..................................................................................... XXXIV

ANEXO IIIs - "Centenária bate recorde mundial" ....................................................... XXXV

ANEXO IIIt - "Meteorologia" ...................................................................................... XXXV

ANEXO IIIu - "Ninho de falcões em varanda" ........................................................... XXXVI

ANEXO IV - Entrevistas a coordenadores da SIC .................................................... XXXVII

ANEXO IVa - Entrevista a Ana Luísa Galvão, coordenadora da agenda da SIC ...... XXXVII

ANEXO IVb - Entrevista a Maria João Ruela, coordenadora do fim de semana da SIC .... XL

ANEXO IVc - Entrevista a André Antunes, coordenador do Primeiro Jornal da SIC ..... XLII

ANEXO V - Alinhamentos do Primeiro Jornal (semana e fim de semana) da SIC ... XLIV

ANEXO Va - Alinhamento de sábado, 16 de janeiro de 2016 ....................................... XLIV

ANEXO Vb - Alinhamento de domingo, 17 de janeiro de 2016 ...................................... XLV

ANEXO Vc - Alinhamento de sábado, 30 de janeiro de 2016 ....................................... XLVI

ANEXO Vd - Alinhamento de domingo, 31 de janeiro de 2016 ................................... XLVII

ANEXO Ve - Alinhamento de sábado, 13 de fevereiro de 2016 .................................. XLVIII

ANEXO Vf - Alinhamento de domingo, 14 de fevereiro de 2016 ................................. XLIX

ANEXO Vg - Alinhamento de sábado, 27 de fevereiro de 2016........................................... L

vi

ANEXO Vh - Alinhamento de domingo, 28 de fevereiro de 2016 ...................................... LI

ANEXO Vi - Alinhamento de sábado, 12 de março de 2016 .............................................. LII

ANEXO Vj - Alinhamento de domingo, 13 de março de 2016 ......................................... LIII

ANEXO Vk - Alinhamento de segunda-feira, 28 de março de 2016 ................................ LIV

ANEXO Vl - Alinhamento de terça-feira, 29 de março de 2016......................................... LV

ANEXO Vm - Alinhamento de quarta-feira, 30 de março de 2016 .................................. LVI

ANEXO Vn - Alinhamento de quinta-feira, 31 de março de 2016 .................................. LVII

ANEXO Vo - Alinhamento de sexta-feira, 1 de abril de 2016 ........................................ LVIII

ANEXO Vp - Alinhamento de segunda-feira, 2 de maio de 2016 .................................... LIX

ANEXO Vq - Alinhamento de terça-feira, 3 de maio de 2016 ............................................ LX

ANEXO Vr - Alinhamento de quarta-feira, 4 de maio de 2016 ........................................ LXI

ANEXO Vs - Alinhamento de quinta-feira, 5 de maio de 2016 ....................................... LXII

ANEXO Vt - Alinhamento de sexta-feira, 6 de maio de 2016 ........................................ LXIII

vii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Aspetos intervenientes na classificação noticiosa .................................................... 18

Tabela 2. Distribuição por editoria das hard news e soft news do Primeiro Jornal .................. 56

Tabela 3. Distribuição por editoria das hard news e soft news de fim de semana ................... 63

viii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Presença de termos "coletivos" e de "auto-referência" nas notícias (1980 ‒ 2000) .. 16

Figura 2. Aumento de soft news (1980 ‒ 2000) ........................................................................ 16

Figura 3. Tempo médio de duração do jornal ........................................................................... 48

Figura 4. Número médio de notícias por alinhamento ............................................................. 48

Figura 5. Tempo médio de duração da notícia ......................................................................... 49

Figura 6. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal ......................................... 50

Figura 7. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Sociedade.......................... 52

Figura 8. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Economia .......................... 53

Figura 9. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Internacional ..................... 54

Figura 10. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Desporto ......................... 54

Figura 11. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Política ............................ 55

Figura 12. Percentagem de hard news e soft news no Primeiro Jornal .................................... 56

Figura 13. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana......................................... 58

Figura 14. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Sociedade ......................... 59

Figura 15. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Internacional..................... 59

Figura 16. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Desporto ........................... 60

Figura 17. Peso das presidenciais nas notícias de política de fim de semana .......................... 61

Figura 18. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Política ............................. 61

Figura 19. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Economia ......................... 62

Figura 20. Percentagem de hard news e soft news na informação de fim de Semana ............. 64

1

INTRODUÇÃO

A informação que irrompe pelas casas dos consumidores de notícias através dos seus

televisores é a mais variada, desde eventos políticos a provas desportivas, ou de julgamentos

mediáticos a conteúdos de lazer. A incomensurabilidade de assuntos reflete, a montante, a

matéria disponível para ser trabalhada pelo jornalista e, a jusante, aquilo que este considera

serem os interesses das audiências.

Tendo isto em conta, é possível conceber que, se, a montante, nos dois dias de descanso

semanal convencionados em grande parte do mundo, não se verifica ‒ pelo menos em grande

escala ‒ atividade política, judicial, parlamentar, escolar e até sindical e de protesto, fica

comprometido o trabalho do jornalista, por carência de matéria prima. É neste contexto de

escassez que sobrevêm nos jornais televisivos as notícias "em pasta", que, sendo

obrigatoriamente intemporais, não exigem difusão imediata. Na sua maioria, ao caráter da

intemporalidade está associado o valor do interesse. Uma distinção redutora, como a dado

momento é feita por Gaye Tuchman (1973), permite-nos uma ramificação em duas partes: por

um lado, as notícias interessantes e, como mencionámos, intemporais; por outro, as

importantes, que não permitem, salvo raras exceções, uma divulgação ulterior.

Os conteúdos noticiosos que integram a informação de fim de semana são igualmente

condicionados por fatores a jusante. Os noticiários espelham o tipo de público alvo e as

respetivas predisposições para determinado tipo de informação. No caso de sábado e

domingo, as audiências são distintas das que acompanham os noticiários análogos durante a

semana, e, findos os cinco dias de labor, aumenta a propensão para temas mais leves e

agradáveis. Acresce ainda o facto de, como sabemos, o fim de semana ser convencionalmente

tempo de descanso e lazer, o que desponta também nos públicos interesse em conhecer as

novas ofertas do mercado.

Porém, não é em nenhum destes dois pontos do continuum que o nosso trabalho incide,

mas sim no da produção noticiosa, aquele que pudemos acompanhar e experienciar no

decorrer do estágio curricular alvo deste relatório. Não obstante ‒ e precisamente por se tratar

de um continuum ‒, todos estes elementos se correlacionam e condicionam mutuamente. Por

esse motivo, não perdemos de vista os agentes a montante e a jusante ao observarmos, no

processo de produção jornalística, o papel do gatekeeper, tendo em consideração que as

notícias são o resultado da cultura profissional dos jornalistas, da organização do trabalho e

dos processos produtivos, como defendido pela teoria do newsmaking. Como tal, olhamos

2

para esses mecanismos de organização, em particular para os valores-notícia e a tipificação

dos enunciados jornalísticos, sendo a mais clássica a separação entre hard news e soft news.

Por fim, importa atentar também sobre, não apenas "«a estória», mas [o] complexo de

«estórias» que funcionam juntas para formar uma coisa a que chamamos «noticiário»"

(Carlson apud Gomes, 2012: 205) e de que modo este é estruturado por forma a captar e a

prender a atenção das audiências.

O estudo a que nos propomos é realizado a partir das vivências tidas no estágio que

motivou a elaboração do presente relatório e que decorreu na redação de informação principal

da SIC e SIC Notícias ao longo de um período de seis meses. A escolha de cada uma das três

equipas pelas quais passei, embora não propositada com vista ao desenvolvimento da presente

temática, revelou-se profícua para tal, sendo a experiência em cada equipa pertinente e

necessária para a construção do quadro conclusivo.

Em termos estruturais, uma primeira secção dá espaço aos contributos e ensinamentos

de teóricos e académicos sobre a construção noticiosa da parte ‒ a notícia ‒ e do todo ‒ o

alinhamento informativo. O fito é o de obtermos a luz da sabedoria e do conhecimento para

guiar o nosso percurso e fundamentar a nossa análise.

Numa segunda parte deste relatório, centramos o nosso olhar na experiência de estágio,

dando, antes de mais, a conhecer a empresa que nos acolheu, com destaque para a estação

televisiva que hoje é, resultado em grande parte das mudanças dos últimos meses provocadas

por uma reestruturação do grupo mediático e particularmente da empresa de televisão.

Ademais e sobretudo, olhamos para o trabalho realizado, do qual emergiram opiniões e

reflexões sobre a produção ‒ que se quer ‒ informativa. Aqui reside o cerne deste relatório.

Por último, é posto em marcha um trabalho de análise empírica a fim de confrontar e

alicerçar o exercício de reflexão e consequentes conclusões que emergiram no correr do meio

ano de estágio e agora manifestos nas páginas do presente documento.

3

SECÇÃO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. A notícia

As notícias são aquilo que os jornalistas definem como tal.

(Altheide apud Wolf, 2009 [1987]: 190)

Para um enquadramento teórico da questão que levantamos neste relatório ‒ se existem

diferenças de conteúdo entre os noticiários televisivos, no caso particular do Primeiro Jornal

da SIC, da semana e os do fim de semana ‒, urge a necessidade de convocar algumas teorias e

conceitos do Jornalismo. Desde logo, é preciso refletir sobre as teorias do gatekeeping e do

newsmaking, que olham para o papel do jornalista, enquanto agente que seleciona a

informação e constrói a realidade, inserido num quadro de condicionantes internas e externas.

No seguimento desta reflexão, torna-se importante um olhar sobre os critérios de

noticiabilidade e valores-notícia, e o papel que têm no trabalho do gatekeeper. Abordar a

questão das hard news e soft news é também relevante, no sentido em que importa perceber

com que (tipo de) notícias se compõem os alinhamentos, cujo processo de construção será

também alvo do nosso olhar.

Gatekeeping

Em meados do século XX, mais concretamente em 1947, um psicólogo alemão de seu

nome Kurt Lewin falava, pela primeira vez, em gatekeeping, num artigo em que analisava as

decisões domésticas quanto à aquisição de alimentos. Lewin procurou saber quais os

alimentos que chegavam à mesa das famílias, quem os escolhia e com base em que fatores. O

psicólogo concluiu que a triagem era realizada pela dona de casa, de acordo com os fatores

"oferta", "preços" e outros. A dona de casa era, desta forma, um "filtro", uma gatekeeper

("porteira", de acordo com a tradução comummente empregada), que decidia o que chegava à

mesa.

Anos mais tarde, em 1950, a metáfora do gatekeeper foi aplicada pela primeira vez aos

jornalistas, por David Manning White. O sociólogo procurou explicar o processo de seleção

4

noticiosa1, através da identificação dos gates (os "portões") que controlam a "entrada" dos

acontecimentos passíveis de serem notícia. Segundo esta teoria, o processo de produção

noticiosa é "concebido como uma série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por

diversos gates, isto é, «portões» que não são mais do que áreas de decisão em relação às quais

o jornalista, isto é o gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa notícia ou não" (Traquina,

2007: 77). O estudo de White incidiu sobre o trabalho de um jornalista norte-americano, "Mr.

Gates", que tinha a seu cargo a função de selecionar, de entre a grande quantidade de

informações que chegavam das agências de notícias à sua redação, aquelas que seriam

noticiadas. Cerca de nove em cada dez despachos das agências era eliminado. Com este

estudo pioneiro, o sociólogo concluiu que o processo de seleção da informação é pessoal e

subjetivo, dependente do quadro normativo, dos conhecimentos e experiências do próprio

gatekeeper. Conclui-se, assim, que a análise de White é microssociológica (Traquina, 2007:

78), na medida em que se trata de um estudo focado meramente no produtor da informação: o

jornalista. Daí que estudos seguintes tenham posto em causa as conclusões de White. Hirsch

(1977), por exemplo, realçou, à semelhança de White, o exercício da liberdade do jornalista,

mas situou-o "dentro de uma latitude limitada" (Traquina, 2007: 79) pelas normas

profissionais. Prova disso é que, entre os motivos pelos quais "Mr. Gates" descartava certos

despachos, destacavam-se as razões profissionais e organizacionais (nomeadamente, a falta de

espaço, a redundância, a falta de interesse jornalístico ou de qualidade na escrita). Desta

forma, "o [caráter] individual da [atividade] do gatekeeper é ultrapassado, acentuando-se, em

particular, a ideia da [seleção] como processo hierarquicamente ordenado e ligado a uma rede

complexa de feed-back" (Wolf, 2009 [1987]: 181). Foi nestes fatores exteriores ao jornalista

que incidiram os estudos seguintes. Contudo, "[o] mérito destes primeiros estudos foi o de

individualizarem onde, em que ponto do aparelho, a [ação] de filtro é exercida explícita e

institucionalmente" (Wolf, 2009 [1987]: 181).

Em 1956, Walter Gieber executou um estudo análogo ao de White, com base em

dezasseis jornais norte-americanos. Destacando-se da posição do sociólogo pioneiro, Gieber

concluiu que os fatores subjetivos pesam pouco na seleção noticiosa quando comparados com

a relevância dos aspetos organizacionais e, sobretudo, os transorganizacionais, ou seja,

institucionais. Já na década seguinte (em 1964), o autor foi mais longe e apontou os fatores

que mais intervêm na passagem dos acontecimentos "em bruto" pelos gates: o número de

1 Consideraremos, ao longo deste trabalho, a "notícia" como um enunciado jornalístico e não enquanto um género.

5

notícias disponíveis, o tamanho da história e a inevitável pressão temporal inerente à imprensa

(Sousa, 2008).

TambémWestley e MacLean (1957) consideraram o gatekeeping um fenómeno

essencialmente organizacional, pois é notícia aquilo que, no seio de uma organização

mediática, os jornalistas calculam que o público quer, de acordo com o feedback obtido ‒ em

televisão, por meio das audiências (Sousa, 2008: 17).

Newsmaking

É precisamente a importância da questão organizacional na produção de informação que

nos serve de ponte para a teoria do newsmaking. Teoria essa que pressupõe que as notícias são

o resultado da cultura profissional dos jornalistas, da organização do trabalho e dos processos

produtivos. No meio da "superabundância de acontecimentos" (Tuchman apud Wolf, 2009

[1987]: 188), torna-se necessária a organização do trabalho jornalístico, que Gaye Tuchman

considera mesmo um dever.

[...] os órgãos de informação, para produzirem notícias, devem cumprir três obrigações:

1. devem tornar possível o reconhecimento de um facto desconhecido (inclusive os que são [excecionais])

como acontecimento notável;

2. devem elaborar formas de relatar os acontecimentos que não tenham em conta a pretensão de cada

facto ocorrido a um tratamento idiossincrásico;

3. devem organizar, temporal e espacialmente, o trabalho de modo que os acontecimentos noticiáveis

possam afluir e ser trabalhados de uma forma planificada. Estas obrigações estão relacionadas entre si.

(Tuchman apud Wolf, 2009 [1987]: 188)

Em 1978, a socióloga Gaye Tuchman foi das primeiras teóricas a procurar provar que as

notícias são "construções da realidade", deitando por terra os estudos anteriores que as

consideravam "espelhos da realidade". As teorias construtivistas, emergidas nos anos 70 com

base em estudos etnográficos, defendem a impossibilidade de uma separação entre a realidade

e os media porque 1) as próprias notícias ajudam a construir a realidade, 2) a linguagem não é

neutra e, por isso, não pode ser mero veículo de transmissão dos acontecimentos, e 3) os

aspetos organizacionais do trabalho jornalístico, as limitações orçamentais e a

imprevisibilidade dos acontecimentos obrigam a uma estruturação da representação dos

mesmos (Traquina, 2007: 95). Deste modo, "a notícia, como todos os documentos públicos, é

uma realidade construída possuidora da sua própria validade interna" (Tuchman apud ibidem).

Tal construção é, no entanto, dependente, orientada ou constrangida pelas rotinas produtivas,

6

pela forma como são selecionados e capturados os assuntos passíveis de serem notícia, pela

relação dos jornalistas com as fontes, pelos mecanismos de "objetivização" dos enunciados

noticiosos, pelo fator tempo e a forma como condiciona a classificação das notícias e pelos

enquadramentos (mais conhecidos nos estudos de Comunicação como framing), ou seja, os

quadros contextuais que dão sentido às mensagens (Tuchman apud Sousa, 2008: 32).

Outros autores argumentaram também que o processo de produção noticiosa está sujeito

a constrangimentos organizacionais. Richard Hoggart (1976) foi um desses teóricos,

enumerando os fatores pressão temporal [a que também Philip Schlesinger (1988) se referiu,

ao afirmar que os jornalistas vivem sob uma "cultura do cronómetro" (cf. infra)],

disponibilidade de recursos e tecnologias, espaço geográfico que o medium é "obrigado" a

cobrir, valores-notícia e o fator ecossistema ideológico e cultural (Sousa, 2008: 35).

Também a natureza e a dimensão da audiência e do mercado são intervenientes na

produção jornalística. Shoemaker (1991) abordou o peso que os públicos e aquilo que

desejam ver (ou os jornalistas julgam que estes desejam ver) tem sobre o processo de fabrico

das notícias. Já Chomsky e Herman (1988) alertaram para a influência dos anunciantes e

outros financiadores dos media, em particular, na hora de selecionar o que é e o que não é

notícia. Daqui se compreende que os constrangimentos financeiros sejam outro aspeto a pesar

na "construção da realidade".

Como já mencionado, um outro autor que refletiu sobre o papel dos fatores extrínsecos

aos jornalistas na seleção e produção noticiosa foi Schlesinger. Ao estudar o caso das

televisões do Reino Unido (1988), constatou a importância do fator tempo e afirmou

inclusivamente que os jornalistas vivem sob uma "cultura do cronómetro". A questão

temporal interfere no mundo noticioso de diferentes formas: exclui à partida acontecimentos

que ocorrem fora do horário de trabalho dos jornalistas, salvo assuntos de extrema

importância; obriga os jornalistas a tratarem a informação de forma superficial e sem

contexto; leva os jornalistas a relatarem notícias em situações de incerteza, com poucos dados

e apresentando por vezes informação assente em especulações (daí o frequente recurso a

verbos conjugados no futuro do presente composto do indicativo como mecanismo de

salvaguarda); e coloca em vantagem as fontes cuja disponibilidade horária coincide com a dos

jornalistas (Sousa, 2008: 36).

Conclui-se, assim, que "existe uma vasta gama de [fatores] sociais internos e externos às

organizações noticiosas que são [suscetíveis] de influenciar e constranger o conteúdo e forma

das notícias independentemente das vontades pessoais" (Sousa, 2008: 37). Entre esses fatores,

encontram-se os valores-notícia.

7

Noticiabilidade e valores-notícia

Se, por um lado, ‒ como afirma Garbarino (apud Wolf, 2009 [1987]: 189) ‒ estamos

perante uma cultura profissional complexa ‒ desde logo devido à instabilidade, variabilidade e

imprevisibilidade dos acontecimentos ‒, por outro, existem convenções profissionais que

determinam o que é notícia, legitimam a produção jornalística e permitem aos profissionais

defenderem-se de críticas ao seu trabalho. Falamos, pois, dos critérios de noticiabilidade ou

valores-notícia.

Definida a noticiabilidade como o conjunto de elementos através dos quais o órgão informativo controla e

gere a quantidade e o tipo de acontecimentos, de entre os quais há que [selecionar] as notícias, podemos

definir os valores/notícia (news values) como uma componente da noticiabilidade.

(Wolf, 2009 [1987]: 195)

Os valores-notícia são, portanto, um quadro de referência que permite definir quais os

acontecimentos suficientemente relevantes, significativos e interessantes para passarem no

crivo do noticiável.

Várias são as vozes que se opõem às noções de "critérios de noticiabilidade" e "valores-

-notícia". Entre os motivos, está, por exemplo, a ideia de que a notícia é tão impossível de

predizer quanto o próprio acontecimento em si. Certo é que os critérios de noticiabilidade

continuam a ser uma matriz para o trabalho do jornalista. Também por esse motivo, diversos

autores têm-se debruçado sobre esta matéria, e, à semelhança do que temos vindo a fazer

nestas páginas destinadas a um enquadramento teórico, procuraremos apresentar várias

perspetivas, ainda que muitas vezes semelhantes.

O primeiro esforço para identificar sistemática e exaustivamente os valores-notícia foi

feito por Johan Galtung e Mari Holmboe Ruge, em 1965. Os autores centraram-se na teoria do

gatekeeping e analisaram os critérios que intervêm neste processo, introduzindo a ideia de que

os valores-notícia se sobrepõem à subjetividade do gatekeeper. Galtung e Ruge destacaram,

então, os seguintes critérios de noticiabilidade: a frequência, ou seja, o espaço de tempo

necessário para o acontecimento se desenrolar e adquirir significado, sendo que, quanto mais

a frequência do acontecimento se aproximar da do medium, maior a probabilidade de se tornar

notícia; a amplitude do evento, destacando-se o que é mais intenso ou afeta mais pessoas; a

clareza, na medida em que um acontecimento que não suscite dúvidas ou crie ambiguidade

possui maior probabilidade de ser noticiado; a significância, que tanto diz respeito à

relevância do assunto como à proximidade geográfica e cultural, resultando, de ambas as

8

formas, na questão do impacto; a consonância com as expectativas; o inesperado, como é o

caso das catástrofes naturais; a continuidade como notícia daquilo que antes já havia

adquirido noticiabilidade; a composição, isto é, a necessidade de manter o equilíbrio

informativo, alcançado através da diversidade de assuntos; a referência a nações de elite; a

referência a pessoas de elite; a personalização, no sentido em que histórias que apresentem

uma vertente pessoal são mais facilmente noticiadas, pois permitem uma identificação por

parte do público; a negatividade, ou seja, o predomínio da máxima "bad news is good news"

("as más notícias são notícias boas"2). Galtung e Ruge justificam o fascínio pela negatividade

com determinados fatores, que um olhar mais atento percebe que correspondem a outros

valores- -notícia identificados pelos autores, nomeadamente:

a) as notícias negativas satisfazem melhor o critério de frequência; b) são mais facilmente consensuais e

inequívocas, no sentido em que haverá acordo acerca da interpretação do acontecimento como negativo;

c) são mais consonantes com, pelo menos, algumas pré-imagens dominantes do nosso tempo; d) são mais

inesperadas do que as positivas, tanto no sentido de que os acontecimentos referidos são mais raros,

como no sentido de que são menos previsíveis.

(Traquina, 2007: 181-182, grifos da autora)

Já Mauro Wolf (2009 [1987]), partindo de vários outros estudos [como os de Golding e

Elliott (1979), Gans (1979) e Schlesinger (1978), entre outros], avança com uma proposta de

identificação de valores-notícia, que "arrumou" em cinco "gavetas": 1) critérios relativos ao

próprio conteúdo; 2) critérios relativos ao produto informativo; 3) critérios relativos ao

medium; 4) critérios relativos ao público; e 5) critérios relativos à concorrência.

1) Quanto aos critérios relativos ao conteúdo, o autor identifica dois: a importância e o

interesse. O primeiro critério assenta em quatro pilares: grau e nível hierárquico dos

intervenientes, impacto sobre a nação e o interesse nacional, quantidade de pessoas

envolvidas real ou potencialmente; e a significatividade da evolução do acontecimento. Já o

interesse decorre de uma avaliação mais subjetiva, estando "estreitamente ligado às imagens

que os jornalistas têm do público e também ao valor/notícia que Golding e Elliott definem

como «capacidade de entretenimento»" (Wolf, 2009 [1987]: 205). De acordo com Golding e

Elliott (Wolf, 2009 [1987]: 205), o interessante é por si só um valor-notícia, mas é também

uma ferramenta de trabalho dos jornalistas usada por forma a cativar e prender o recetor, seja

ele leitor, ouvinte, telespectador ou até internauta. Os autores defendem ainda que "não há

muita utilidade em fazer um tipo de jornalismo aprofundado e cuidadoso, se a audiência

2 Tradução livre da autora.

9

manifesta o seu aborrecimento mudando de canal". Gente comum em situações insólitas ou

figuras públicas surpreendidas na sua vida privada, histórias em que exista inversão de papéis

(como o clássico princípio de Amus Cummings d'"o homem que mordeu o cão"), histórias de

interesse humano, e de feitos excecionais ou heróicos são alguns exemplos apontados por

Gans de histórias que correspondem ao valor-notícia interesse.

2) O segundo conjunto de valores-notícia proposto por Mauro Wolf é o das

características relativas ao produto informativo. Em relação a estas, o autor convoca um

critério mencionado por Golding e Elliott: o da brevidade, que pode ser visto tanto como

característica do produto como critério de seleção noticiosa. Este valor-notícia é

particularmente importante no jornalismo televisivo, em que a informação é necessariamente

curta. Um outro valor é o da já referida máxima "bad news is good news", segundo a qual

constitui notícia aquilo que representa um desvio à normalidade: quanto maior for a

negatividade associada ao acontecimento, maior é a sua noticiabilidade. A atualidade é outro

valor de peso, sendo que "as notícias devem referir-se a acontecimentos o mais possível em

cima do momento da transmissão do noticiário" (Golding e Elliott apud Wolf, 2009 [1987]:

208). É, portanto, o caratér de urgência, decorrente da efemeridade do produto, que obriga,

por vezes, a deixar de parte o rigor, a contextualização e o esclarecimento. A qualidade da

história ‒ um outro valor-notícia ‒ é alicerçada, conforme Gans, na ação (a notícia é tanto

melhor quanto mais ação demonstrar), no ritmo (mecanismo utilizado quando a história em si

é desprovida de ação), na exaustividade (quanto maior o número de dados informativos e/ou

de pontos de vista, maior é a qualidade da história), na clareza da linguagem e na existência

de standards técnicos mínimos. Um último valor-notícia relativo ao produto informativo é o

de uma composição equilibrada. Este critério pressupõe que um acontecimento, ainda que seja

desprovido de qualquer outro valor-notícia, possa ser noticiado a fim de constituir-se como

elemento de equilíbrio num noticiário (preocupação a ter na construção dos alinhamentos, de

que falaremos mais à frente), bem como na cobertura mediática: geográfica, de classes sociais

ou até política (caso mais visível), evitando diferenças de cobertura entre o litoral e o interior

do país, entre classe alta e classe baixa ou entre partidos, por exemplo.

3) Já os critérios relativos ao órgão de comunicação (em particular, no caso da

televisão) são, segundo Wolf, os seguintes: uma boa imagem, que "fale por si", isto é, que seja

significativa, capaz de ilustrar o acontecimento. A proeminência da imagem no jornalismo

televisivo é traduzida no princípio "escrever para as imagens", que significa que o elemento

principal é a imagem e o texto deve adaptar-se a ela. Em casos como notícias sobre catástrofes

ou atos terroristas, por exemplo, é frequente ouvir-se a expressão "As imagens falam por si."

10

Trata-se de situações em que, compreensivelmente, faltam as palavras, e a imagem "toma as

rédeas" do enunciado jornalístico. Este valor está intrinsecamente relacionado, por um lado,

com a finalidade de entreter o público e lhe oferecer um produto interessante, e, por outro,

com o cuidado para não cair no sensacionalismo e não ultrapassar os limites da decência e do

bom gosto. A frequência é um outro valor assinalado por Wolf enquanto critério relativo ao

medium, e diz respeito ao tempo necessário para o acontecimento adquirir significado

(Galtung e Ruge apud Wolf, 2009 [1987]: 211). Por conseguinte, quanto menor for a duração

de ocorrência do acontecimento, maior é a probabilidade de se tornar notícia, dado que, no

âmbito televisivo, são privilegiados os episódios únicos, pontuais e finitos num curto espaço

de tempo. O formato ‒ último critério relativo ao órgão de comunicação mencionado por

Wolf ‒ implica, por sua vez, uma notícia composta por introdução, desenvolvimento e

conclusão, ou seja, uma estrutura narrativa.

4) Ao falarmos de valores-notícia assentes em critérios relativos à audiência, falamos

indiscutivelmente de "interesse público" e "interesse do público". Gans (apud Wolf, 2009

[1987]: 214) identifica, neste contexto, três tipos de notícias que possuem, no seu entender,

valor-notícia: as notícias que facilitam uma identificação por parte do recetor, as chamadas

"notícias-de-serviço" e as notícias ligeiras, interessantes e pouco pormenorizadas. Wolf

acrescenta ainda o valor da proteção, no sentido de evitar noticiar aquilo que possa provocar

choque ou ansiedade no público.

5) A concorrência é também (muito) determinante no processo produtivo da

informação. Partindo do olhar de Gans, a competição entre órgãos de comunicação resulta na

disputa por exclusivos, pela invenção de novas rubricas e por destaques. Wolf argumenta que

desta realidade dimana uma propensão para a fragmentação, para centrar a cobertura

informativa em personalidades de elite, preterindo, destarte, uma visão holística da realidade

social. Uma outra tendência concorrencial é a seleção de notícias a partir da expectativa de

que os media concorrentes as irão escolher também. Estas expectativas recíprocas e

consequente homogeneização da informação impedem a novidade e a diferença. Também

assim, a competição tem um papel na definição de parâmetros e modelos profissionais.

Mais recentemente, também Nelson Traquina (2002) se debruçou sobre os "óculos

particulares" com que os jornalistas veem o mundo, melhor dizendo, os valores-notícia. O

autor procurou sintetizar, complementar e organizar as propostas de Galtung e Ruge (1965) e

de Wolf (1987), aludindo também a outros académicos. Traquina "pegou", então, nos valores-

-notícia já definidos por outros teóricos e ordenou-os de acordo com a perspetiva de Wolf,

distinguindo-os entre 1) valores de seleção e 2) valores de construção, separação assim

11

reformulada por Nelson Traquina. Segundo Mauro Wolf (2009 [1987]: 196), "os

valores/notícia são critérios de relevância espalhados ao longo de todo o processo de

produção; isto é, não estão presentes apenas na [seleção] das notícias, participam também nas

operações posteriores". Seguindo esta linha de pensamento, Traquina organiza os valores-

-notícia numa sequência, desde o momento da seleção do acontecimento até à construção do

enunciado jornalístico.

1) Partindo dos valores-notícia de seleção, o académico estabelece uma divisão entre

dois grupos: os critérios substantivos, por um lado, e os critérios contextuais, por outro. Se os

primeiros dizem respeito aos aspetos pelos quais se avalia diretamente um acontecimento ‒

que podemos fazer corresponder aos critérios relativos ao conteúdo de que fala Wolf ‒, os

segundos prendem-se com o contexto da produção noticiosa ‒ são sobretudo os critérios

relativos ao produto, aos media e à concorrência, na linguagem de Wolf. Os critérios

substantivos são, então, a morte, pois "[onde] há morte, há jornalistas" (Traquina, 2007: 187);

a notoriedade das pessoas envolvidas [recordemos que, para Galtung e Ruge (Traquina, 2007:

188), "[quanto] mais o acontecimento disser respeito às pessoas de elite, mais provavelmente

será transformado em notícia"]; a proximidade, principalmente a geográfica e a cultural

[recuperemos a chamada "Lei de McLurg", que parte do exemplo de um desastre para

explicar a existência de uma relação direta entre o número de vítimas e a distância geográfica

na hora de avaliar a noticiabilidade de um acontecimento: "um europeu equivale a 28

chineses, 2 mineiros galeses equivalem a 100 paquistaneses" (Schlesinger apud Wolf, 2009

[1987]: 204)]; a relevância, que diz respeito à preocupação de informar o público sobre o que

é importante, que tem impacto na vida das pessoas; a novidade (mesmo quando se retoma um

assunto antigo, é necessário que haja algum elemento novo); o fator tempo, seja por noticiar o

atual ou a efeméride; o impacto do acontecimento no seio da comunidade jornalística; a

notabilidade, valor-notícia que traduz o fascínio pelo acontecimento em si e o desprezo pelas

problemáticas e pelo contexto. ‒ Traquina refere certos registos da notabilidade,

nomeadamente a quantidade (sobretudo das pessoas envolvidas), a inversão dos papéis (mais

facilmente é notícia a história d'"o homem que mordeu o cão" do que a de um cão que morda

um homem), o insólito, a falha, o excesso ou a escassez, e o descomunal ou o exíguo. ‒

Outros valores-notícia substantivos identificados por Traquina são o inesperado, aquilo que

irrompe da normalidade e surpreende; o conflito ou a controvérsia; e a infração, em outras

palavras, a transgressão das normas estabelecidas, que é tanto mais noticiável quanto mais

violência lhe estiver associada.

12

Quanto aos critérios contextuais (segundo grupo de valores-notícia de seleção), Nelson

Traquina menciona cinco: a disponibilidade do meio de comunicação para cobrir o

acontecimento; o equilíbrio, que concerne à quantidade de informações já difundidas sobre o

assunto em causa (e que pode também, segundo Wolf, referir-se à capacidade de um

acontecimento equilibrar o noticiário no seu todo); a visualidade, sendo que, em televisão, a

inexistência de imagens significa a inexistência de notícia; a concorrência (Traquina apela ao

conceito de pack journalism, cunhado por Timothy Crouse, para comentar este valor-notícia,

pois o termo descreve a tendência dos órgãos de comunicação para se seguirem uns aos

outros, o que resulta numa informação homogeneizada); e, por último, o dia noticioso, valor

facilmente percetível nas secções de agenda e planeamento das redações, já que um dia mais

preenchido de eventos impede o agendamento e consequente cobertura de certos

acontecimentos, que possivelmente seriam marcados se o dia informativo estivesse mais

"vazio", e vice-versa. Confere-se, assim, que os "acontecimentos estão em concorrência com

outros acontecimentos" (Molotch e Lester apud Traquina, 2007: 197-198) permanentemente.

2) Seguem-se os valores de construção da notícia, que servem de linhas orientadoras na

elaboração do produto final. Traquina indica seis valores-notícia: a simplificação, tendo em

vista que quanto menos ambígua e complexa for a informação, mais facilmente será notada e

compreendida pelo público, pelo que se impõe uma redação clara e percetível da informação,

particularmente no caso do jornalismo especializado, como o económico ou o científico; a

amplificação, quer isto dizer que a ação em si, o(s) interveniente(s) ou as (possíveis)

consequências, quando amplificados, obtêm maior destaque; a relevância, estando incumbido

o jornalista de demonstrar o significado que a notícia tem para o público. Traquina

exemplifica este princípio com a poluição do mar Báltico, que, à partida, parece em nada

afetar os públicos portugueses. Porém, se considerarmos (e o jornalista mencionar) que

grande parte do bacalhau consumido no território nacional é pescado neste mar, a notícia

passa a ter relevância para o público. São ainda valores-notícia de construção a

personalização, pois uma notícia personalizada, com enfoque na dimensão humana, permite

mais facilmente a compreensão e a identificação por parte da audiência; a dramatização, por

meio do sensacionalismo, do reforço da emotividade, dos aspetos críticos e conflituais; e a

consonância, na medida em que a notícia deve ser enquadrada num contexto já conhecido,

convocando histórias já familiares ao público. "Assim, as «novas» são «velhas»" (Traquina,

2007: 200).

Findo o percurso por vários olhares (embora concordantes), lançados em diferentes

tempos históricos, sobre os valores-notícia, importa agora salientar que estes não possuem

13

igual grau de importância e nem todos importam a cada notícia (Gans apud Wolf, 2009

[1987]: 215). Os valores-notícia são apenas gates pré-determinados que facilitam ‒ e não

anulam ‒ o trabalho do gatekeeper, pois "a «transformação» de um acontecimento em notícia

é o resultado de uma ponderação" (Wolf, 2009 [1987]: 215). "[Os] valores/notícia são

avaliados nas suas relações recíprocas, em ligação uns com os outros, por «conjuntos» de

[fatores] hierarquizados entre si e complementares, e não isoladamente ou individualmente"

(ibidem: 217).

Partilhando desta opinião, Ericson, Baranek e Chan (apud Traquina, 2007: 182)

consideram que os critérios de noticiabilidade são múltiplos e entrecruzados, e não consistem

numa obrigatoriedade mas servem, ao invés disso, de linhas guias (por vezes tão apreendidas

que inconscientes) para o jornalista executar o seu trabalho. Contudo, importa abrir a "malha"

e recordar que falamos de valores-notícia e de processos de seleção dentro de um determinado

contexto, que é o ocidental. Os valores-notícia são, pois, um código ideológico, um "mapa

cultural" do mundo social, conforme classificou o sociólogo jamaicano Stuart Hall. "As

definições de o que é notícia estão inseridas historicamente, e a definição da noticiabilidade

de um acontecimento ou de um assunto implica um esboço da compreensão contemporânea

do significado dos acontecimentos como regras do comportamento humano e institucional"

(Traquina, 2007: 203), tendo em conta um determinado contexto geográfico, histórico,

cultural e ideológico.

As categorias de notícias

[Como] podem os jornalistas rotinizar o tratamento de uma variedade de eventos inesperados a fim de

processar e apresentar relatos e explicações sobre eles? Pois, sem alguns métodos de rotina para lidar

com eventos inesperados, as organizações noticiosas, enquanto empresas racionais, iriam tropeçar e

cair.2

(Tuchman, 1973: 111)

É sobre tais métodos de rotina que Gaye Tuchman, em "Making News by Doing Work:

Routinizing the Unexpected" (1973), e outros autores se debruçam, assim como também nós o

faremos. Falamos, pois, da classificação ou tipificação das notícias, desenvolvida pelos

próprios jornalistas, como consectário natural da sua experiência profissional, com vista a

controlarem o seu trabalho.

14

A principal e clássica tipificação (e distinção) é a de hard news e soft news, embora

outras categorias possam ser também destacadas ‒ como o foram pela socióloga Gaye

Tuchman ‒, mas a essas voltaremos um pouco mais à frente.

Ainda que as origens dos termos "hard news" e "soft news" não possam ser assinaladas

com precisão, sabe-se que estes foram usados inicialmente pelos jornalistas (e não teóricos ou

académicos) norte-americanos, com o propósito de categorizar diferentes tipos de notícias. Os

conceitos emergiram, então, na gíria jornalística e paulatinamente passaram a integrar a

linguagem académica (Reinemann et al., 2012: 223). Wilbur Lang Schramm é indicado como

um dos primeiros teóricos a refletir, em 1949, sobre uma distinção entre diferentes tipos de

notícias, embora sem mencionar ainda as terminologias "hard news" e "soft news". Com um

trabalho de análise que partiu do ponto de vista dos públicos, Schramm defendeu que estes

selecionam os conteúdos noticiosos na expectativa de uma recompensa (Schramm, 1949:

260). Partindo deste pressuposto, o autor estabeleceu uma separação entre as notícias que

oferecem uma recompensa imediata (immediate reward news) e as que recompensam

tardiamente (delayed reward news). Distinção essa que em muito se assemelha à dicotomia

soft news/hard news, correspondendo respetivamente aos conceitos de Schramm. Senão, veja-

-se: o autor afirma que as immediate reward news são fundamentalmente notícias sobre crime,

corrupção, acidentes, desporto, lazer e outros interesses humanos; já as delayed reward news

estão associadas a matérias sobre política, economia, justiça, educação e saúde. Se as

primeiras permitem que o público desfrute delas sem qualquer tipo de perigo ou preocupação

envolvidos, já as últimas causam, segundo o teórico, incómodo e desagrado ao público,

acarretando até uma certa "ameaça". Schramm recorre inclusivamente ao criador da

psicanálise, Sigmund Freud, e aos seus conceitos de

"princípio de prazer" e "princípio de realidade", associados ao funcionamento mental,

fazendo-os corresponder às immediate reward news e às delayed reward news,

respetivamente. Quer o autor com isto dizer que as primeiras são prazerosas e as segundas

realistas.

Já no início do novo milénio, Thomas E. Patterson (2000) deu também o seu contributo

para o desenvolvimento destes estudos. Em Doing Well and Doing Good: How Soft News and

Critical Journalism Are Shrinking the News Audience and Weakening Democracy – And

What News Outlets Can Do About It, o autor dá a conhecer um estudo que levou a cabo

durante dois anos sobre os interesses e os hábitos de consumo dos norte-americanos, e que

incluiu uma análise de mais de cinco mil notícias. Nesta sua obra, Patterson define como soft

news as "notícias que são tipicamente mais sensacionais, mais centradas em personalidades,

15

com menos limitação temporal, mais exequíveis, e mais baseadas em incidentes do que outras

notícias. [...] [Têm-se] tornado mais pessoais e familiares na sua forma de apresentação, e

menos distantes e institucionais."2 (Patterson, 2000: 4) Por seu turno, as hard news são, para o

autor, "acontecimentos inesperados que envolvem líderes de topo, questões importantes, ou

ruturas significativas nas rotinas diárias, tais como um terramoto ou um desastre de avião"2

(ibidem: 3). Trata-se, portanto, de matérias relevantes e que alimentam a cidadania dos

públicos, fomentando neles a capacidade de compreenderem e discutirem os assuntos

públicos do mundo que os rodeia.

Na definição do que é considerado hard news ou, por outro lado, soft news, pesa,

conforme argumenta Patterson, o vocabulário, ou seja, o género de palavras usadas e a

frequência com que surgem nas notícias. De entre as categorias (ou conjuntos) de palavras

que servem de variável de análise no seu estudo, o autor destaca "Coletivos" e "Auto-

-referência", sendo que o primeiro grupo inclui palavras que remetem para tarefas de grupo

(palavras como "exército" ou "congresso"), grupos sociais (como "humanidade" ou

"multidão", por exemplo) ou entidades geográficas ("país" ou "república"). Termos estes que

o autor encontra presentes em maior número em hard news. Já o conjunto de palavras "Auto-

-referência" diz respeito, como a própria denominação indica, a quaisquer referências à

primeira pessoa, como "eu" ou "meu", palavras usadas maioritariamente em soft news. Na sua

análise, Patterson concluiu que, entre as décadas de 1980 e 2000, as palavras que se referem a

"coletivos" decaíram substancialmente, verificando-se, no reverso da medalha, um aumento

notável dos termos relativos à "auto-referência". Tais conclusões são observáveis no seguinte

gráfico apresentado pelo autor, e que aqui revelamos por se mostrar pertinente no âmbito

deste enquadramento teórico:

16

Figura 1. Presença de termos "coletivos" e de "auto-referência" nas notícias (1980 ‒ 2000)

Fonte: Patterson, 2000: 5

Outros dois grupos de palavras usados no estudo de Patterson foram "Interesse humano"

e "Complexidade". Enquanto o primeiro registou uma subida acentuada, o segundo conjunto

encontrava-se entre os menos recorrentes. Com isto, Patterson concluiu que as notícias

seguem cada vez mais pelo caminho da ligeireza, registando-se um aumento exponencial de

soft news, como podemos observar na Figura 2.

Figura 2. Aumento de soft news (1980 ‒ 2000)

Fonte: Patterson, 2000: 5

Patterson conclui, deste modo, que tem aumentado o número de soft news e

concomitantemente decrescido a quantidade de hard news. Graças à cada vez mais gritante

competição entre empresas jornalísticas, grande parte da informação tem entrado no domínio

17

do entretenimento, quer no que ao conteúdo em si diz respeito, quer quanto ao modo como é

produzida. As notícias baseiam-se, então, mais no interesse do público do que no interesse

público, ou seja, mais nos interesses humanos do que naquilo que o público deve e precisa

saber. De acordo com alguns críticos convocados por Patterson, falamos das "novas notícias"

(Kalb apud Patterson, 2000: 2). "O jornalismo centrado no mercado é uma descrição da

tendência. «Infotainment» é outra. «Soft news» […] é uma terceira."2 (Ibidem: 2-3)

Já Shoemaker e Cohen (2006) olham para o dualismo hard news/soft news a partir da

dimensão atualidade. Para os autores,

[as] hard news são acontecimentos urgentes, que têm de ser relatados imediatamente porque se tornam

obsoletos muito rápido. Estes itens são verdadeiramente «novos» (…). As soft news (…) são baseadas

normalmente em eventos intemporais. O jornalista ou a empresa mediática não está sob pressão para

publicar as notícias numa determinada data ou período – as soft news não precisam de ser «atuais».2

(Shoemaker e Cohen apud Reinemann et al., 2012: 224)

Mais recentemente, Curran et al. (2009) deram também o seu contributo nesta matéria,

considerando como hard news as notícias sobre política, administração pública, economia,

ciência e tecnologia. Por sua vez, assuntos sobre celebridades, temas de interesse humano,

desporto e entretenimento são considerados pelos autores soft news. Contudo, não sendo o

jornalismo uma ciência exata, temas há que não podem ser delimitados e "engavetados". É o

caso de notícias sobre crimes, que os autores individualizam por considerarem que estas

podem ser hard ou soft, conforme o ângulo de abordagem dado pelo jornalista. Querem os

autores com isto dizer que se a história de um crime for relatada visando o bem público,

destacando as causas e/ou as consequências desse crime, ou enveredando pela questão da

política penal, por exemplo, falamos numa hard news. Se, ao invés disso, a notícia se centrar

no crime em si, com detalhes do ato de violência, informações relativas às vítimas ou até ao

autor, falamos numa soft news (Curran et al., 2009: 2). Para estes autores, a definição de hard

news e soft news vai além do assunto veiculado pela notícia, e leva também em consideração

o enquadramento da mesma, que deve, segundo Reinemann et al. (2012: 225), ser feito a

pensar no bem público.

Recuemos agora no tempo e foquemos o nosso olhar no entendimento de Gaye

Tuchman (1973), uma das primeiras teóricas a usar os conceitos "hard news" e "soft news" em

âmbito académico. O motivo pelo qual o ponto de vista da socióloga surge na parte final desta

exposição é o facto de, às hard news e soft news, Tuchman acrescentar outras terminologias,

indicativas de outras categorias de notícias. Mas vamos por partes.

18

Por hard news, Tuchman compreende as notícias sobre eventos factuais, de interesse

jornalístico, suscetíveis de análise e interpretação, e com informações imprescindíveis para

formar cidadãos conscientes do mundo que habitam e informados. Por seu lado, "as soft news

dizem respeito a fraquezas humanas e à «textura da nossa vida humana»"2, afirma Tuchman

(1973: 114), recorrendo à expressão de Frank Luther Mott. Neste sentido, a socióloga defende

que as hard news consistem em assuntos importantes e as soft news em temas interessantes.

Todavia, a autora não tem uma perspetiva assim tão redutora desta distinção e, para ela,

outros fatores entram em linha de conta na significação do que é uma hard e uma soft news.

Falaremos deles um pouco mais à frente.

Como já mencionado, a autora adita a este binómio outras tipificações. Spot news,

developing news e continuing news são, de acordo com Gaye Tuchman, subcategorias das

hard news. Com base em Rue Bucher, a socióloga defende uma classificação noticiosa

assente não apenas no conteúdo mas também na forma como e no contexto em que este

decorre. Para uma melhor compreensão, vejamos o seguinte quadro, que dá conta dos pilares

sobre os quais assenta a tipificação de notícias, de acordo com Tuchman:

Tabela 1. Aspetos intervenientes na classificação noticiosa

Tipificação Como é

programado o

evento?

A sua divulgação

é urgente?

A tecnologia

afeta a perceção

do

acontecimento?

É possível prever

facilmente o

futuro do

acontecimento?

Soft news Intemporal Não Não Sim

Hard news Imprevisto e pré-

programado

Sim Por vezes Por vezes

Spot news Imprevisto Sim Não Não

Developing

news

Imprevisto Sim Sim Não

Continuing

news

Pré-programado Sim Não Sim

Tabela criada a partir da de Tuchman (1973: 117)

Distinguir tipos de notícias com base no que é importante e interessante é, como vemos,

algo bastante restritivo no entender de Tuchman. Na definição das hard news, importa, então,

o fator tempo e consequentemente o caratér de urgência. Isto na medida em que se exige deste

género de notícias rapidez na recolha da informação, tratamento e divulgação, pois as notícias

antigas ou ultrapassadas são "mera informação"2 (Park apud Tuchman, 1973: 118). No que

19

concerne às soft news, não é obrigatória a atualidade. Este género de notícias permite uma

recolha de informação, escrita e edição antecipadas à sua divulgação. Uma rotina jornalística

que exemplifica claramente esta opinião de Tuchman é o modo de funcionamento das equipas

do fim de semana das redações de televisão, equipas essas que trabalham as notícias ao longo

da semana para serem transmitidas no(s) noticiário(s) do fim de semana ou até ‒ quando, por

qualquer que seja o motivo, "caem" e ficam embargadas3 ‒ no fim de semana seguinte. Trata-

-se, portanto, de notícias intemporais (nonscheduled events-as-news, como menciona

Tuchman), ao passo que a maioria das hard news diz respeito a eventos pré-programados

(prescheduled events) ‒ como a agenda oficial do Presidente da República ou de um ministro

‒ ou imprevistos (unscheduled events) ‒ como um acidente ou um crime. Podemos, então,

inferir que a distinção entre hard news e soft news está diretamente relacionada com uma

rotina produtiva dos media, a de agenda e planeamento.

Passemos às subcategorias das hard news, as denominadas spot news, developing

news e continuing news. As primeiras, a que Nelson Traquina (2007: 205) chama de

"acontecimentos noticiosos localizados", são notícias não programadas, que surgem

subitamente e exigem processamento imediato. Falamos, por exemplo, de acidentes ou

desastres. Tal incapacidade de prever os acontecimentos é a prova de que, por mais

mecanismos a que o jornalista recorra para ter controlo sobre o seu trabalho, o futuro é uma

incógnita e reserva sempre aos media acontecimentos que afetam e podem alterar o normal

funcionamento da máquina informativa. Exige-se, por isso, ao órgão de comunicação uma

capacidade eficaz de alocação de recursos, a fim de dar resposta às imprevisíveis spot news.

As developing news ("acontecimentos noticiosos em desenvolvimento", nas palavras de

Traquina) são igualmente súbitas, ou seja, não programadas. A título de exemplo,

convoquemos o caso de um ataque terrorista. Quando tais acontecimentos ocorrem, as

primeiras informações obtidas e transmitidas são incertas, difusas e escassas. Com o correr do

tempo, vão surgindo novos dados, como a atualização do número de vítimas, informações

sobre a identidade e o paradeiro do(s) culpado(s) ou sobre o próprio ato; novas "peças" para

compor o "puzzle". "[Os] jornalistas não estiveram presentes para registar os «factos»

«fielmente». Os «factos» têm de ser reconstruídos"2 (Tuchman, 1973: 121). De acordo com

Gaye Tuchman, embora o acontecimento em si não se altere, a história desenvolve-se e

consequentemente o relato muda. A essas mudanças em curso os jornalistas chamam ‒ e

3 O embargo jornalístico diz respeito sobretudo a um direito da fonte de não ver divulgadas as informações que cede até ordem em contrário. O termo é empregue também, no seio das redações, às notícias cuja difusão fica suspensa até determinada data. É neste último sentido que o utilizamos.

20

Tuchman teoriza ‒ de developing news. Este tipo de notícias implica, pela sua importância e

urgência, uma reorganização de todo o jornal, se já alinhavado. Reorganização essa que é

mais morosa na imprensa escrita do que na rádio ou na televisão. A socióloga dá o exemplo

da morte de Martin Luther King, que obrigou o jornal local a refazer três vezes a sua capa e a

fazer muitas outras alterações nas restantes páginas, à medida que surgiam novos dados. Já a

televisão local antecipou a sua edição informativa em cinco minutos e colocou em destaque o

falecimento do ativista político norte-americano. Trabalho que exigiu menos esforço do que o

dispensado pela imprensa escrita, assegura Tuchman (1973: 122). Com isto quer a autora

provar que as developing news estão estreitamente relacionadas com a tecnologia que as

veiculam.

O grau com que os recursos devem ser realocados para responder a exigências práticas e a forma como a

realocação é efetuada dependem quer do evento que está a ser processado como do medium que o

processa. A tecnologia usada por determinado medium faz mais do que «meramente» influenciar as

formas como os recursos são realocados. Ela influencia a tipificação do evento ou como essa notícia é

percebida e classificada.2

(Tuchman, 1973: 123)

Por último, as continuing news ("acontecimentos noticiosos em continuação", conforme

traduz Traquina) são as que mais facilitam ao jornalista o controlo sobre o trabalho, pois na

sua maioria dizem respeito a acontecimentos pré-anunciados. Estas notícias são "séries de

estórias sobre o mesmo assunto, baseado em eventos que ocorrem ao longo de um período de

tempo"2 (Tuchman, 1973: 123). Poderíamos exemplificar este género de notícias com o

desenvolvimento ou o desfecho de um julgamento mediático. De entre as hard news, são as

continuing news que se submetem à rotina produtiva de agenda e planeamento.

Não obstante, por mais que os jornalistas procurem "engavetar" a informação e, assim,

controlar o seu trabalho, existe sempre a possibilidade de surgir uma história "[imbuída] de tal

dose de noticiabilidade que provoca uma [reação] excitada e um «tumulto» na [redação]"

(Traquina, 2007: 205). Essa é a chamada "what-a-story!" (Tuchman, 1973: 125) ou o "mega-

-acontecimento" (Traquina, 2007: 205). Traquina exemplifica com os ataques terroristas de 11

de setembro de 2001 às Torres Gémeas, a morte da princesa Diana ou os primeiros passos do

Homem na lua. Casos desses vivem-se da seguinte forma: "O editor-chefe arregaça as mangas

e escreve manchetes; o novato consegue a sua «grande peça» e é enviado para cobrir um

assunto importante; alguém grita «Parem as máquinas!»"2 (Tuchman, 1973: 126).

Como pudemos verificar, a classificação das notícias, como mecanismo para tentar

controlar o trabalho noticioso, vai além da clássica distinção entre hard news e soft news, e

21

vai mais além ainda de uma tipificação feita com base meramente no conteúdo informativo.

Cada uma das classes de notícias identificada pela socióloga está ancorada a uma questão

organizacional ou transorganizacional da atividade profissional dos jornalistas. Recordemos e

sintetizemos: as hard news e as soft news distinguem-se entre si pela possibilidade de

planeamento e agendamento (embora também pela urgência na divulgação); a cobertura de

spot news está diretamente dependente da capacidade de alocação de recursos do meio de

comunicação social; o tratamento das developing news varia conforme a tecnologia que as

veicula; e as continuing news são as que melhor garantem o controlo da informação, graças à

previsibilidade dos acontecimentos. Deste modo, as notícias são classificadas de acordo com

o que acontece mas também com a forma como acontece. Os jornalistas "constroem e

reconstroem a realidade social através da estipulação do contexto em que os fenómenos

sociais são percebidos e definidos"2 (Tuchman, 1973: 129).

Procurámos aqui apresentar vários e diferentes pontos de vista sobre a classificação de

notícias. Se, para uns, a tipificação noticiosa assenta num só critério ‒ como defendem Wilbur

Schramm e Shoemaker e Cohen ‒, para outros ‒ Patterson, Curran et al. e Tuchman ‒, há

vários fatores a serem considerados. Em "Hard and Soft News: A Review of

Concepts, Operationalizations and Key Findings", Carsten Reinemann et al. (2012: 225)

apontam cinco dimensões geralmente utilizadas: o assunto, ou seja, o evento em si; a

produção noticiosa; o ângulo de abordagem dado pelo jornalista; o estilo da notícia; e a

receção do enunciado jornalístico pelos públicos. Qualquer/Quaisquer que seja(m) a(s)

dimensão/dimensões escolhida(s), certo é que, ao falarmos de soft news, referimo-nos a

notícias de cariz mais interessante, menos urgentes e até intemporais, com conteúdo e escrita

de maior leveza, e que, por vezes, têm como finalidade entreter o público para assegurar as

audiências, o que nos conduz à nossa próxima reflexão, que incide sobre as notícias enquanto

enunciados de entretenimento.

Notícias ‒ jornalismo ou entretenimento?

Daya Kishan Thussu (2007) é um dos académicos que estuda a questão das Notícias

como Entretenimento, na sua obra assim intitulada4. Para o autor, os fatores comercial e

concorrencial conduzem à necessidade de produzir notícias que entretenham o público,

particularmente no caso da televisão, onde isto é feito "[utilizando] e [adaptando]

4 O nome original da obra de Thussu (2007) é News as Entertainment: The Rise of Global Infotainment.

22

características dos géneros do entretenimento e modos de conversação que privilegiam um

estilo comunicativo informal, com ênfase em personalidades, no estilo, nas capacidades de

storytelling e em espetáculos"2 (Thussu, 2007: 3). A esta tendência apelidou-se de

"infotainment", um neologismo criado na década de 80 e que visa qualificar uma espécie de

género misto entre informação (information, em inglês) e entretenimento (entertainment).

Uma década antes, já Bob Franklin (1997) mostrava preocupação com esta realidade. O

autor acusava uma viragem nas prioridades do jornalismo: "O entretenimento tem substituído

o fornecimento de informação; o interesse humano tem suplantado o interesse público [...]; o

trivial tem triunfado sobre o importante [...]. Os valores-notícia tradicionais têm sido minados

por novos valores; o «infotainment» é galopante"2 (Franklin apud Thussu, 2007: 5). Olhando

para tal descrição, é possível notar aspetos análogos aos que caracterizam as soft news. Na

verdade, "soft news", "tabloidização" e "infotainment" são conceitos que andam de mãos

dadas, e querer definir um deles pode obrigar a convocar os restantes. As seguintes

perspetivas sustentam esta ideia: Colin Sparks (apud Thussu, 2007: 5) considera a

tabloidização da informação, por um lado, o aumento de interesse em notícias sobre vidas

privadas quer de personalidades conhecidas quer de indivíduos anónimos, sobre escândalos,

desporto e entretenimento; e, por outro, o decréscimo de atenção dada à política, economia e

sociedade. A par disto, prospera a "pobreza linguística", uma vez que as notícias são cada vez

mais terreno fértil para a "trivialização do discurso público, um evangelismo do efémero, a

celebração do insignificante, e a marginalização do importante"2 (Tracey apud Thussu, 2007:

5). Douglas Kellner vai mais longe e defende uma tendência para a espetacularização de toda

a informação, "desde a economia à cultura e da vida diária à política e à guerra"2 (Kellner

apud Thussu, 2007: 8).

Opiniões partilhadas por Carl Bernstein (1992), um dos maiores nomes do jornalismo

de investigação, que fala numa "cultura idiota", lamentando o domínio da rapidez e da

quantidade sobre a qualidade, o contexto e a precisão. "A cobertura é distorcida pela

celebridade e a adoração de celebridades; pela redução da notícia à bisbilhotice, que é a forma

mais baixa das notícias; pelo sensacionalismo [...]; e por um discurso político e social que

estamos [...] a transformar num esgoto"2 (Bernstein, 1992: 22).

Mais à frente, na parte prática deste relatório, uma análise sobre a informação que é hoje

feita e veiculada, em particular no domínio da televisão, permitir-nos-á retirar as nossas

próprias conclusões e averiguar a veracidade das perspetivas que defendem a tabloidização da

informação e a tendência do jornalismo para o infotainment. É tempo agora de alargar o

23

campo de visão, deixar de olhar para a parte (a notícia) e passar a ver o produto noticioso

como um todo (o alinhamento jornalístico).

2. O alinhamento noticioso

Espera-se que os jornalistas não criem apenas «estórias», mas que as ordenem de um modo que dê

sentido à sua relação umas com as outras, no produto noticioso. No seu conjunto, este amplia cada

«estória», colocando-a em contexto quer na sua relação com outros itens quer na sua incompatibilidade

com todos os outros itens que se considera não deverem integrar o noticiário. Por causa deste sentido

que lhe é acrescentado, o produto jornalístico não é, em rigor, «a estória», mas um complexo de

«estórias» que funcionam juntas para formar uma coisa a que chamamos «noticiário».

(Carlson apud Gomes, 2012: 205)

Como podemos constatar com a asserção de Matt Carlson, o noticiário, através de uma

ordenação intencional de enunciados jornalísticos, gera sentido e faculta um retrato do país e

do mundo num determinado período temporal. "[O] jornal teletransmitido […] separa a

realidade em mosaicos-notícias, fragmenta o relato mediante diversos e múltiplos planos e

une umas partes da realidade com outras, para gerar um discurso coerente" (Cruz, 2008: 183).

Para que tal discurso – isto é, o jornal televisivo – seja, então, coerente, os "mosaicos-

-notícias" têm de ser necessariamente organizados de acordo com certos critérios. Também

neste ponto do continuum que é a produção jornalística intervêm os valores-notícia, de que

falámos anteriormente. Recordemos que Mauro Wolf (2009 [1987]) é defensor de que os

valores-notícia intervêm ao longo de todo o processo produtivo de informação: "não

sobrevêm apenas no momento da [seleção] mas um pouco durante todo o processo produtivo,

inclusive nas fases de feitura e de apresentação das notícias, quando são postos em destaque

precisamente os elementos de relevância que determinaram a newsworthiness no momento da

[seleção]" (Wolf, 2009 [1987]: 241). O jornalista Adelino Clemente Gomes acompanhou de

perto as rotinas produtivas das três estações televisivas generalistas em Portugal – RTP1, SIC

e TVI – e, da análise que levou a cabo sobre a construção dos alinhamentos noticiosos,

concluiu que a atualidade e a novidade são os valores-notícia que imperam, mais ainda nos

noticiários de fluxo contínuo ‒ como ocorre, por exemplo, no canal informativo SIC Notícias.

"[Enquanto] «interpretação da realidade social quotidiana», o imperativo da [atualidade]

continua a ser o argumento decisivo para [...] a esmagadora maioria da audiência continuar a

comparecer em tempo real nesse encontro diário com as notícias" (Gomes, 2012: 206).

24

Nesta sua análise, a metodologia em que Adelino Gomes apostou consistiu

fundamentalmente em entrevistas e num trabalho de observação. Como é prática deste tipo de

estudo, o jornalista registou em diário de bordo as informações que ia colhendo através de

observação. Num trecho dessas notas, Gomes dá a conhecer as primeiras notícias de um

alinhamento de horário nobre da RTP1 já definido ‒ pese embora os alinhamentos só estejam

totalmente decididos no final do jornal, pois estão em constante atualização até ao fim.

Salvaguardadas ainda e sempre eventuais notícias de última hora, o alinhamento «verdadeiro», neste

momento (faltam 55 minutos para o início do TJ5), vai ser o seguinte:

1) Novo coordenador da investigação do caso Maddie (exclusivo, tudo o indica, da RTP);

2) Ameaça da ETA no Algarve;

3) Nenhum ministro britânico em Lisboa [na cimeira de África], caso Mugabe venha;

4) [Fragata da Marinha Portuguesa] Vasco da Gama apreende droga [...].

(Gomes, 2012: 144)

O autor pôde concluir a existência de uma conexão, assente em valores-notícia, entre

todas estas "peças"6. Vejamos: o nome do novo cabeça de equipa da investigação do

desaparecimento de Madeleine McCann, a menina inglesa que desapareceu no Algarve em

2007, e as imagens da apreensão em alto-mar de 200 quilos de droga pela Marinha Portuguesa

possuem o valor-notícia da novidade; tanto o caso Maddie, como a ameaça de bomba da

organização terrorista ETA em Faro, bem como o anúncio da ausência de ministros britânicos

na cimeira de África, em Lisboa, mobilizariam as atenções e preocupações do público (o

último caso ‒ o menos óbvio ‒ pelas consequências políticas), logo, são temas dotados do

valor-notícia impacto; todas estas notícias possuem atualidade, por os acontecimentos terem

ocorrido nas doze horas que antecederam o jornal; e todas estas possuem, de uma forma ou de

outra, relação com Portugal, desde logo a nível geográfico, mas também político e social,

portanto, todas se caracterizam pelo valor-notícia da proximidade. Não obstante, outros

motivos estiveram envolvidos na escolha deste início de alinhamento: o fator "cacha" (isto é,

a divulgação de uma informação antes de todos os restantes órgãos de comunicação), que

sobreveio na reportagem que divulgou o nome do novo coordenador do caso Maddie. Esta

notícia foi a de abertura do jornal devido à garantia dada ao coordenador por uma fonte da

Polícia Judiciária de que mais nenhum meio de comunicação social detinha esta informação.

Também a quarta notícia ocupou lugar de tanto destaque no alinhamento porque a estação iria

divulgar as imagens em primeira mão, antes de qualquer órgão concorrente. Conclui-se, 5 "TJ" é a abreviatura dada a "Telejornal", o noticiário de horário nobre da RTP1. 6 Na gíria jornalística, uma "peça" significa um enunciado informativo, uma "notícia", no entendimento comum. É com este sentido que falaremos em "peça(s)" ao longo deste trabalho.

25

portanto, que, na definição deste início de alinhamento, foi colocado também em marcha o

valor-notícia da concorrência.

Na tentativa de "desconstruir o puzzle" para olhar as partes que compõem um

alinhamento noticioso ‒ embora disto resulte uma generalização, que é apenas representativa

da norma e não da totalidade do real ‒, começamos por dirigir o nosso olhar para o início, a

abertura. Exige-se de um noticiário um bom começo, que prenda o telespectador. Maria João

Ruela (2016), à data da realização do estágio jornalista coordenadora da informação de fim de

semana (em particular, do dia de domingo) da SIC, dizia, em entrevista realizada para o

âmbito do presente relatório, que "a regra tem sido abrir [os noticiários] com temas de

política/economia, seguir com sociedade, internacional, desporto e cultura" (vide anexo IVb).

Porém ‒ e como às regras estão quase sempre associadas exceções ‒, esta estrutura pode

variar de acordo com o peso da(s) informação/informações que marca(m) o dia. Exemplo

disso é o início de alinhamento relatado por Adelino Gomes (cf. supra), em que três das

quatro notícias que abriram o jornal em questão pertencem à editoria de sociedade e apenas

uma à de política. Também Ruela (2016) exemplifica: "Um atentado [no estrangeiro] ‒ tema

tratado [pela editoria de] internacional ‒ será sempre abertura no dia em que acontece" (vide

anexo IVb). Com uma opinião semelhante mas mais radical, o coordenador do Primeiro

Jornal7 da SIC, André Antunes (2016), descarta mesmo a possibilidade de hierarquizar, num

alinhamento, as informações através das editorias em que se inserem: "A importância das

notícias não está relacionada com a editoria mas com o valor da história. Hoje o grande tema

do jornal pode ser um atentado em Nice, amanhã as buscas na CGD8, depois a renovação de

Fernando Santos como selecionador nacional ou um grande incêndio no país" (vide anexo

IVc). A notícia de abertura é, portanto, em poucas palavras, "a notícia mais importante do dia"

(Gomes, 2012: 273). Alcides Vieira, diretor de informação da SIC aquando da entrevista dada

a Adelino Gomes (em 2010), explicava que "[uma] notícia de abertura deve ter o máximo

denominador comum de interesse público" (Vieira apud ibidem: 272). O então responsável

pela informação da SIC continuava: "Se relatar um assunto (seja desportivo, cultural,

económico ou político, nacional ou internacional) que interessa à grande maioria dos públicos

que, por norma, acompanham o nosso noticiário, deve abrir o jornal".

7 O Primeiro Jornal é o noticiário das 13 horas da SIC que é transmitido de segunda-feira a domingo. No âmbito do presente relatório, chamaremos de "Primeiro Jornal" apenas o noticiário da semana (de segunda a sexta-feira), de acordo com a distinção feita entre as equipas: a que assegura o jornal da hora de almoço durante a semana é a do Primeiro Jornal, e a responsável pelo sábado e domingo é a do fim de semana. 8 "CGD" é a sigla de "Caixa Geral de Depósitos".

26

Assim sendo, a construção de um alinhamento requer de certo modo uma avaliação

subjetiva por parte do coordenador do jornal, que não pode, no entanto, menosprezar a

necessidade de apresentar notícias importantes, variadas (para que abranja diferentes áreas e,

assim, diversos públicos) e que mantenham o espectador "agarrado" ao jornal até ao fim. Para

tal, são criados "picos de interesse", através de

uma certa dinâmica no alinhamento, [alternando] entre assuntos mais sérios e outros que possam dar

oportunidade ao espectador de relaxar. Por outro lado, é importante criar uma expectativa no espectador

de que ainda há mais coisas importantes e interessantes no jornal para serem vistas (vide anexo IVc).

(Antunes, 2016)

O desenrolar do jornal acontece com um encadeamento lógico, possibilitado por um fio

condutor, presente do princípio até ao fim da narrativa, que dura cerca de uma hora. As

notícias são agrupadas por editorias e/ou sobretudo por blocos temáticos. Estes blocos estão

também, por sua vez, conectados uns com os outros, compondo assim um alinhamento lógico

e coerente. Vejamos o exemplo do alinhamento do Primeiro Jornal da SIC de dia 29 de março

de 2016 (vide anexo Vl), um dos que constitui o nosso objeto de análise, que será feita mais à

frente neste relatório. O assunto que abre o jornal em causa é o sequestro de um avião da

companhia aérea EgyptAir por um homem que queria entregar uma carta à ex-companheira,

residente no Chipre, onde o piloto foi obrigado, sob ameaça, a aterrar o avião. Esta matéria

deu origem a um off, um posto de escuta9, uma notícia, uma entrevista em estúdio e um

talking head (ou "vivo") a abrirem o jornal. A esta questão, concernente à segurança

internacional, seguiu-se um outro assunto ainda dentro deste bloco temático: a atualização,

passada uma semana, de informações sobre os atentados em Bruxelas, ocorridos no dia 22

desse mês, que causaram a morte de pelo menos 35 pessoas e deixaram feridas cerca de 300.

Os ataques terroristas foram recordados com uma notícia e um falso direto. A estes dois

assuntos ‒ o sequestro do avião e os atentados ‒ pertencentes à editoria de internacional,

seguiram-se peças de desporto. À partida parece não haver qualquer relação entre ambas, não

fosse a notícia que se segue sobre a preocupação em torno da segurança durante o

Campeonato Europeu de Futebol de 2016, em França, que estava a poucos meses de ter início.

A primeira notícia do bloco de desporto estava deste modo enganchada às peças anteriores, e,

assim feita a passagem, seguiram-se as restantes notícias de desporto. Este é o início de um

9 O posto de escuta é uma ferramenta usada no jornalismo televisivo que consiste na permanência, ao longo do noticiário, de um jornalista, num outro ponto da redação, para complementar o trabalho do(s) pivô(s), fornecendo atualizações de uma notícia em particular, bem como reações e recortes de imprensa relativos à mesma. Este recurso é usado esporadicamente e em matérias de relevo informativo.

27

alinhamento, que permite perceber a que queria Carlson (apud Gomes, 2012: 205) referir-se

ao dizer que o produto noticioso (isto é, o jornal) é um conjunto de "estórias" ordenadas e

colocadas em contexto por forma a construir um sentido.

Por fim, "é hábito fechar [o jornal] com um [fait-divers] ‒ humor, cinema, destino, etc.",

explicita António Prata, da TVI (apud Gomes, 2012: 274).

Posto isto, surgem as interrogações sobre o papel da pirâmide invertida, um

"mandamento bíblico" da estruturação e construção noticiosa. A televisão, assim como a

rádio, herdou da imprensa escrita a "hierarquia da importância" (Gomes, 2012: 289). Todavia,

[a] simultaneidade entre a transmissão e a [receção] e a consequente impossibilidade prática, até

recentemente, de os ouvintes/telespectadores poderem reouvir/rever as mensagens recebidas impuseram

[...] uma rigidez formal que aconselhou os editores a suavizarem o primado da importância no

alinhamento noticioso.

(Gomes, 2012: 289)

Desta forma, o critério "hierarquia da importância" passou a competir com outros fatores,

como o do encadeamento temático. Retomando o exemplo do alinhamento informativo da

RTP1 dado por Adelino Gomes (cf. supra), o autor revela que a notícia sobre o alarme de

bomba da ETA no Algarve fez subir no alinhamento as restantes peças do domínio da justiça,

nomeadamente o "caso Sara, pedófilo de Nelas, apelo da Interpol, julgamento da Passerelle"

(Gomes, 2012: 146), notícias que não teriam tido provavelmente o mesmo destaque não fosse

a peça sobre a ameaça de bomba em Faro ou não fosse a importância do encadeamento

temático nos alinhamentos da informação televisiva. Depreende-se daqui que o princípio da

importância, que sustenta a técnica da pirâmide invertida, é agora mais maleável, pois "choca

cada vez mais com o rumo e a práxis das [redações], ou seja, com a própria evolução dos

[media] marcada pela massificação das novas tecnologias e pelas novas exigências que lhes

são impostas pela realidade social" (Vieira apud Gomes, 2012: 292). É por causa destas

novas exigências, corolário da evolução social e mediática, que António Belo e André Sendin

(2006: 4) asseveram que a base tradicional da estruturação da informação, a pirâmide

invertida, foi substituída por "estruturas que geram suspense e tentam manter as audiências ao

longo do jornal (anti-zapping)", os tais mecanismos para criar "picos de interesse" de que

falava André Antunes (cf. supra). Além da dinâmica no alinhamento, que o coordenador do

Primeiro Jornal revelou, outros recursos são usados ‒ todos servem ‒ para agarrar o público e

evitar perdê-lo para a concorrência: mecanismos relativos ao conteúdo e à feitura do produto

noticioso, como o contraste, a consonância e o ritmo, e mecanismos técnicos, como títulos de

28

abertura e promoções ao longo do jornal (os mais frequentes) ou postos de escuta e os

chamados "vidis"10.

Tudo isto é definido, numa primeira fase, nas reuniões editoriais da redação, em que se

congregam duas vezes ao dia editores, coordenadores e diretores, e também um elemento da

agenda, um da produção e outra da equipa de repórteres de imagem. Tais reuniões servem,

entre outras finalidades, para traçar os primeiros esboços dos alinhamentos noticiosos do dia

seguinte, na medida em que se discute o que é mais e o que é menos importante, e assim o

destaque a dar a cada tema ‒ se, por exemplo, determinado assunto exige um direto, se outro

merece ser destacado com duas ou três peças, ou se um outro não merece qualquer atenção e é

descartado. Delineados os primeiros esboços, é o coordenador do jornal que fica depois

incumbido de definir até ao último minuto o alinhamento.

Dizemos "até ao último minuto", pois, como é do conhecimento dos que estão mais ou

até menos familiarizados com a teoria e/ou a prática do jornalismo, este é um trabalho de

seleção, desde o princípio até ao fim, ou seja, desde a triagem dos acontecimentos para

eventual cobertura noticiosa até ao último minuto do jornal. Isto porque, pese embora seja

delineado antecipadamente, o alinhamento informativo sofre "mil e uma voltas" (Gomes,

2012: 140). À semelhança do que concluímos ao estudar a classificação de notícias ‒ que,

apesar da tentativa dos jornalistas de controlarem o seu trabalho, há sempre informações que

fogem a este controlo, pois a matéria-prima do trabalho dos jornalistas é incerta, imprevisível

e incontrolável ‒, também o alinhamento noticioso pode ser "descontrolado" por notícias de

última hora, por peças que "caem" por não terem ficado terminadas a tempo de integrarem o

jornal, ou por questões concorrenciais, fator, como temos vindo a ver, de peso no jornalismo,

em particular no televisivo.

10 Vidis são recursos técnicos em que jornalistas ‒ tendo como suporte imagens, gráficos ou páginas Web, por exemplo ‒ exploram determinado assunto em direto no jornal, complementando o trabalho do(s) pivô(s). Diferenciam-se dos postos de escuta no sentido em que os primeiros são mais frequentes e destinam-se à exploração de um tema, e os últimos mais esporádicos e de atualização de notícias de relevo.

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SECÇÃO II - EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

1. A entidade acolhedora

Grupo Impresa

Apresentar a Sociedade Independente de Comunicação ‒ comummente designada e

conhecida pelo acrónimo "SIC" ‒ obriga, antes de mais, a uma breve exposição sobre o grupo

de comunicação que esta empresa integra: o Grupo Impresa.

Numa resumida análise histórica, começamos por recuar a 1972. Sojornal/Expresso:

assim se denomina o primeiro passo dado na construção do Grupo Impresa. A 6 de janeiro de

1973, nas bancas de jornais portuguesas, comprava-se a primeira edição do semanário

Expresso. O responsável era Francisco Pinto Balsemão, então jornalista e posteriormente (no

ano 1974) um dos principais fundadores do atual PSD (Partido Social Democrata).

Em 1975, é criada a VASP, empresa distribuidora de publicações, com a finalidade de

distribuir o jornal semanário fundado por Pinto Balsemão com base nos "jornais ingleses,

[broadsheet], com notícia e opinião bem compartimentadas"11 (Balsemão apud Alves, 2013).

A VASP é hoje a empresa líder na distribuição de imprensa em Portugal, sendo detida em

partes iguais pelos grupos Cofina Media, Controlinveste Media e Impresa.

Treze anos mais tarde, em abril de 1988, surge a Controljornal, para ser a holding da

Impresa, agrupando as diversas participações detidas pelo grupo.

O salto para a inclusão de revistas no grupo e simultaneamente para o surgimento de

revistas de negócios em Portugal é dado em 1989, com o nascimento da Exame.

Dois anos passados, o capital social da Controljornal é aberto a investidores externos,

criando-se uma super holding. É desta forma que se ouve falar pela primeira vez no nome

"Impresa". E, em outubro de 1992, o país ouvia ‒ e via ‒ também pela primeira vez o nome

"SIC". Foi esta a data que assinalou o início das emissões da primeira estação televisiva

privada em Portugal.

No redondo ano 2000, a Impresa integra a Bolsa de Valores de Lisboa.

11 Disponível em http://expresso.sapo.pt/site_expresso_40_anos/entrevista-a-francisco-pinto-balsemao-fundador-do-expresso=f776322

30

Uma nova área de negócios surgiu em 2007 no grupo: a Impresa Digital, permitindo

potenciar a produção e distribuição de conteúdos das várias marcas do Grupo Impresa,

colocando-as no mundo digital.

Sete anos depois, mais um passo no sentido da digitalização: o primeiro elemento do

grupo ‒ o jornal Expresso ‒ lançou o jornal online Expresso Diário. O semanário passou a ser

também diário no mundo da web. Em menos de dois anos, o número de assinantes deste novo

formato supera os 17 mil.

A 6 de março de 2016, o Grupo Impresa sofre uma profunda reorganização, passando a

pasta da administração executiva a estar nas mãos de Francisco Pedro Balsemão, em

substituição de Pedro Norton. À data deste marco, decorria o estágio curricular alvo deste

relatório. Algumas consequentes mudanças na SIC, a entidade acolhedora, serão apontadas

um pouco mais à frente.

Vinte e nove marcas são hoje detidas pelo Grupo Impresa. Entre as variadas áreas estão

a Bloomgraphics, responsável pela produção e conceção gráfica; a GMTS (Global Media

Technology Solutions), prestadora de serviços técnicos; a Acting Out, especializada na

criação e produção de eventos; a InfoPortugal, empresa de conteúdos digitais e soluções

tecnológicas de geolocalização; o portal de fotografia Olhares; a instituição particular de

solidariedade social SIC Esperança; o departamento Novas Soluções de Media, direcionado

para a produção de content marketing; e a Gesco, que faz a gestão integrada de arquivos,

centros de documentação e informação.

No setor da imprensa escrita, o grupo de Francisco Pinto Balsemão detém catorze

publicações. Entre jornais e revistas, destacam-se o Expresso, o Courrier Internacional, o

Jornal de Letras, Artes e Ideias, a Exame, a Visão, a Caras e a Blitz.

Já na área da televisão, a Impresa é detentora do primeiro canal televisivo privado no

país, ao qual estão associados seis canais temáticos. Falamos da SIC.

SIC

Estávamos a 6 de outubro de 1992 quando nos televisores das casas portuguesas

arrancou a primeira emissão da SIC. O país contactava pela primeira vez com uma estação

televisiva privada, independente e comercial, encerrando-se, assim, o monopólio estatal no

mercado televisivo português, detido pela RTP (Rádio e Televisão de Portugal) durante 35

anos. No contexto da CEE, Portugal foi um dos últimos países a estender a televisão à

iniciativa privada, após um longo período de discussão sobre o assunto (Santos, 2002: 93).

31

Alguns [fatores] relevantes nesse período ‒ para além da televisão privada ‒ seriam o nascimento do

Público (1990) como jornal de referência, a privatização do Diário de Notícias (1991) e sua

transformação gráfica e editorial (1992), a privatização da Rádio Comercial e o aparecimento de uma

rádio dedicada às notícias (TSF). Grupos empresariais (Lusomundo, Sonae) associavam-se à

comunicação social, dentro da onda liberalizadora que percorreu o país governado por Cavaco Silva.

(Santos, 2002: 93-94)

Três anos após a sua criação, a SIC torna-se líder de audiências, com um share de

41,1%. O primeiro canal privado português liderou o mercado até 1998. "O sucesso deveu-se

à existência de uma grelha diversificada em informação, reportagem, documentário, infantis,

juvenis, séries, comédias, cinema e entretenimento geral" (Santos, 2002: 94). Porém, uma das

maiores apostas do canal foi a informação, tendo lhe sido dedicado o dobro do tempo

dispensado na concorrência, isto é, na RTP e na TVI, a segunda estação televisiva privada em

Portugal que acabaria por nascer cerca de cinco meses após a SIC. "O modelo CNN, de

reinventar as notícias, criar histórias a partir de elementos menos visíveis dos acontecimentos

e relevar os magazines de grande informação [...] esteve na base do jornalismo da SIC"

(Santos, 2002: 94-95).

A pouco tempo da comemoração dos seus vinte e quatro anos, à SIC estão hoje

associados seis canais temáticos: a SIC Internacional, que nasceu em 1997 com o objetivo de

chegar a toda a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo; a SIC Notícias, o primeiro

canal de informação em direto 24 horas. Foi criada há quinze anos e nos últimos dois registou

o maior share dos canais de informação. Em 2015, liderou com 1,9% de share e, em 2014,

com 1,7%.12 Da lista das estações televisivas detidas pelo Grupo Impresa, fazem ainda parte a

SIC Radical, que foi "para o ar" apenas três meses depois da SIC Notícias, em abril de 2001,

tratando-se de um canal direcionado para adolescentes e jovens adultos; a SIC Mulher,

lançada no Dia Internacional da Mulher do ano 2003, com conteúdos de beleza, moda,

decoração e culinária; o canal infanto-juvenil SIC K, que surgiu em 2009; e, quatro anos

depois, a SIC apresenta o seu último canal temático até à data: a SIC Caras, um canal de

entretenimento que resulta da parceria entre a SIC e a revista Caras, ambas do Grupo

Impresa.

Com a evolução das novas tecnologias e do infinito universo que é a internet, a SIC, à

semelhança dos restantes órgãos de comunicação e ‒ indo mais além ‒ à semelhança das

restantes empresas em Portugal, fez uso destas novas potencialidades, construindo uma nova

12 A RTP3 (antes designada RTP Informação) alcançou, em 2014, 1% de share e, em 2015, 0,9%. A TVI24 registou um share de 1,3% em 2014 e 1,6% em 2015. Informação disponível em http://www.dn.pt/media/interior/audiencias-2015-quem-ganhou-e-quem-perdeu-4961462.html

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via de acesso ao(s) público(s), cada vez mais desperto(s) para as novas realidades

tecnológicas. Falamos, pois, da criação da SIC Online, em 2001, um grande marco para a

empresa de comunicação. Passados dez anos, é criado um sítio internet autónomo para a SIC

Notícias, com um reforço na área de vídeo e o objetivo de "ser a grande marca de referência

da informação na rede em Portugal", conforme o comunicado da estação à altura dos factos

(apud Silveira, 2011).13 O sítio web da SIC Notícias é hoje gerido por uma equipa própria,

que assegura ainda o funcionamento de duas outras plataformas: a aplicação para smartphone

e tablet, e a SIC Notícias Interativa, disponível no serviço MEO. Em abril de 2015, a página

online do canal de informação da SIC apresenta uma nova iniciativa: as reportagens

interativas. "Somos o que comemos" foi a Grande Reportagem que estreou o projeto. Outras

novidades no setor online se seguiram, sobretudo com as mudanças na direção de informação

do canal já em 2016, sobre as quais falaremos um pouco mais à frente.

Na redação de informação da SIC e SIC Notícias, funcionam seis editorias: a de

sociedade, conduzida pela jornalista Isabel Horta; a de desporto, chefiada por Elisabete

Marques; internacional, cuja editora é Cândida Pinto; política, comandada por Pedro

Benevides14; economia, que tem como editor José Gomes Ferreira; e cultura, editorada por

Graça Costa Pereira.

Na coordenação da informação da SIC, André Antunes coordena o Primeiro Jornal,

Marta Brito dos Reis o Jornal da Noite e Luís Marçal os jornais do fim de semana15. Quanto à

SIC Notícias, a coordenação é rotativa, passando pelas mãos de dezenas de jornalistas. Porém,

Paula Santos assume a coordenação-geral do canal de informação da SIC.

No total, a direção de informação da SIC e SIC Notícias soma 262 funcionários, dos

quais 143 são jornalistas16.

Fora destes números estão as doze delegações regionais da estação: Aveiro, Bragança,

Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Vila Real, Viseu, Açores e Madeira. Já

em Matosinhos, existe uma segunda redação da SIC, de tamanho mais reduzido. Quanto a

13 Disponível em http://www.dn.pt/tv-e-media/media/interior/sic-noticias-ja-tem-pagina-na-internet-1844092. html 14 A equipa de política era coordenada por Anselmo Crespo aquando da realização do estágio e assim se manteve até setembro de 2016, passando, a partir daí, a ser liderada por Pedro Benevides. 15 Aquando do decorrer do estágio, a Informação de fim de semana era coordenada por Pedro Mourinho (encarregue do dia de sábado) e Maria João Ruela (domingo), passando, a partir de abril de 2016, a ser conduzida por Luís Marçal. 16 Não estão incluídos no número de jornalistas coordenadores, produtores, repórteres de imagem, editores de imagem e restantes elementos da SIC, que possuem também carteira profissional de jornalista e são considerados como tal. Dados de agosto de 2016, cedidos pelo departamento de Recursos Humanos da SIC.

33

delegações internacionais, a SIC está em Bruxelas, Telavive e no Brasil, trabalhando no resto

do mundo com freelancers.

No que à equipa diretiva diz respeito, a 6 de março de 2016, o Grupo Impresa ‒

incluindo a SIC ‒ sofre uma profunda reestruturação. Francisco Pedro Balsemão é nomeado

CEO (Chief Executive Officer) do grupo, substituindo Pedro Norton (cf. supra). Na direção de

informação da SIC e SIC Notícias, Ricardo Costa assume as funções de diretor geral,

acompanhado de José Gomes Ferreira como diretor adjunto, e Bernardo Ferrão e Pedro Cruz

como subdiretores.

Com tais mudanças na direção da estação, surgiram novos projetos e outros foram

reformulados, especialmente no domínio do online. A aposta nas redes sociais foi um dos

principais objetivos da equipa diretiva. Como tal, foi criada, no mês de abril, uma equipa

específica para a gestão das redes sociais de todos os meios de comunicação do grupo. A

equipa é composta por elementos da SIC e do Expresso. Até à data, as redes sociais da SIC

eram geridas pela mesma equipa de gestão do sítio web. Também a pensar nas redes sociais e

na internet, foi lançado, a 14 de junho, o SIC Notícias Prime, um jornal vídeo de apenas dois

minutos, em que são destacadas quatro notícias do dia. O noticiário vai para a web duas vezes

por dia, às 9 e às 13 horas, e é um projeto pioneiro em Portugal17. Uma outra iniciativa, criada

por tempo limitado, foi a de uma página de internet, lançada em conjunto pela SIC, a Visão e

o Expresso, dedicada exclusivamente a todas as notícias relativas ao Campeonato

Europeu de Futebol de 201618. Mais recentemente, a 18 de julho de 2016, a página web da

SIC Notícias foi renovada, apresentando, a partir desta data, um novo layout e maior

interatividade. Em concreto, entre diversas outras mudanças, os programas informativos

(como a Reportagem Especial ou os Perdidos e Achados) e assuntos em destaque (à data do

lançamento do sítio web, o Atentado em Nice, o Brexit e o fenómeno do Pokémon Go)

passaram a ter maior visibilidade na página; apostando na interatividade, através de

hiperligações, junto das principais notícias, passou a haver um conjunto de artigos

"relacionados" com o tema; e o internauta passou ainda a ter conhecimento do tempo há que

foi publicada determinada notícia.

Outras transformações foram feitas fora do mundo online, nomeadamente nos

noticiários da SIC Notícias, com grande destaque para a Edição da Noite, que foi totalmente

reformulada. A partir do dia 10 de maio, apresentou-se com um novo horário (das 21 às 23

horas) e dois pivôs (Sara Pinto e Pedro Mourinho), com um formato mais dinâmico, mais

17 Disponível em http://sicnoticias.sapo.pt/prime 18 Disponível em http://euro2016.sic.pt/

34

comentadores com menos tempo de antena cada, um novo layout, e recorrendo a novos

mecanismos para "prender" o público, como teasers de reportagens feitos pelos próprios

jornalistas autores das peças, com uma breve apresentação e/ou explicação, ou como os vidis.

2. O estágio

O estágio curricular de meio ano, alvo do presente relatório, pode ser dividido em três

momentos, correspondentes às três equipas por que passei: a agenda, que me acolheu entre o

mês de novembro de 2015 e o de janeiro de 2016; a equipa de informação de fim de semana,

em que me mantive entre janeiro e março de 2016, e onde pude dar os primeiros passos fora

da redação, em reportagem; e o Primeiro Jornal, onde terminei este percurso, integrando a

equipa em março de 2016 e saindo em maio do mesmo ano.

A estadia nestas equipas foi intercalada com três semanas de trabalho noturno, em que o

estagiário fica, por sua conta, incumbido de estar atento a eventuais acontecimentos ‒ em

Portugal ou no estrangeiro ‒ que ocorram durante a madrugada. Para isso, é dever do

estagiário verificar os feeds das agências nacional e internacionais, e fazer contactos

telefónicos rotineiros para as autoridades e forças de segurança nacionais.

Porém, é o trabalho diurno, integrado numa equipa e coordenado e supervisionado por

quem tem a experiência e o saber, que permite ao estagiário aprender na prática o que foi, ao

longo dos anos, assimilando na teoria, e evoluir na profissão que escolheu.

2.1. Agenda

Destacada na teoria do newsmaking ‒ que salienta, quanto à fase de recolha informativa,

a importância da programação e da planificação ‒, "[a] agenda de serviço, nas suas diferentes

formas e características organizativas, é constituída essencialmente pela lista diária dos

acontecimentos que sobrevirão e cuja noticiabilidade é, em grande parte, dada como certa"

(Wolf, 2009 [1987]: 237). Trata-se, resumidamente, d'"a espinha dorsal das necessidades da

produção de cada dia", conforme explica Schlesinger (Wolf, 2009 [1987]: 240).

É, antes de mais, na agenda que se põem à prova os dotes de gatekeeper e em marcha os

valores-notícia. Esta secção é, em grande parte, o primeiro estágio do processo de construção

noticiosa: é onde se recebe a maior parcela de informações e onde se executa uma primeira

triagem. As informações que chegam a esta equipa são as mais diversas e surgem de variadas

formas: desde a agenda oficial do Presidente da República via e-mail até à informação de um

35

acidente via chamada telefónica ou à denúncia de determinado caso pessoal através de carta.

Diária, semanal e mensalmente, a agência de notícias nacional, a Lusa, faz também chegar à

equipa de planeamento a agenda para o dia, semana ou mês seguinte, um documento com um

"apanhado" dos diversos eventos a acontecer num futuro próximo. Porém, é tarefa da equipa

de agenda e planeamento, não apenas aguardar que lhe cheguem as informações, mas também

procurá-las. Assim, é rotina desta equipa ler jornais em papel e online, procurar agendas

oficiais de relevo que não chegam à agenda da SIC ‒ como a da Procuradoria-Geral da

República, por exemplo ‒, entre outros. Todas as informações que aqui chegam, ou que o olho

apurado do jornalista (ou aspirante a jornalista) encontrou, passam pelas mãos da equipa, que

está incumbida de a analisar, triar e agendar. A coordenadora desta equipa da SIC, Ana Luísa

Galvão (2016), esclarece como é feita essa seleção:

Os critérios de seleção da informação da agenda são semelhantes aos critérios de seleção de notícias em

geral (interesse público, novidade, proximidade). O facto de trabalharmos num meio audiovisual pesa

nesse critério de seleção, pois é preciso ter em conta também o potencial do evento em termos de

imagem: a chegada de um navio da Marinha a um porto é obviamente mais interessante do que a

assinatura do protocolo para a compra desse mesmo navio (vide anexo IVa).

Apesar da subjetividade inerente e indiscutível no processo de seleção noticiosa, há assuntos

incontornáveis, como também menciona Ana Luísa Galvão:

Há elementos básicos que integram a agenda: iniciativas onde participe o Presidente da República, o

Primeiro Ministro, os ministros, líderes dos partidos com assento parlamentar [...], a Procuradora-Geral da

República, ou figuras de incontornável interesse público (desde Mário Soares, Eunice Muñoz, Ricardo

Araújo Pereira ou Cristiano Ronaldo, para dar uma ideia), ao que acrescem ainda eventos como greves

em setores relevantes para o país, julgamentos de casos mais mediáticos, datas relacionadas com

atividades escolares (início e fim do ano letivo, datas de exames, etc.) (vide anexo IVa).

As restantes questões ‒ que não são imperativas e obrigatórias ‒ carecem do olhar, da

subjetividade do gatekeeper.

Selecionada a informação (tarefa das jornalistas ‒ quatro ao todo ‒ que compõem a

equipa), passa-se a um processo de "engavetamento"19 (efetuado maioritariamente pelos

aspirantes a jornalistas, os estagiários ‒ dois ao todo). Queremos com isto dizer que a

informação é agendada na sua respetiva editoria ou categoria. São elas: "efemérides", espaço

para agendar e não deixar esquecer datas que se irão assinalar; "manifestações, greves e

19 Usaremos neste trabalho o neologismo "engavetamento" para nos referirmos ao processo de distribuição de notícias pelas editorias ou pelos grupos temáticos a que pertencem, como se de gavetas se tratassem, e não para nos referirmos ao seu uso comum, que serve para significar um acidente rodoviário em cadeia.

36

afins", onde se agenda todo o tipo de protestos e movimentos sindicais; "sociedade", a editoria

que mais diversidade de assuntos abarca, desde justiça a eventos gastronómicos, ou de saúde a

obras públicas; "política", que abrange as agendas do Estado, de partidos políticos e outros

eventos deste domínio, como os relacionados com a ONU (Organização das Nações Unidas),

por exemplo; "Parlamento", em que se marcam atividades da agenda parlamentar;

"economia", que engloba a apresentação de resultados de empresas, divulgação de indicadores

e relatórios, ou agendas de determinados ministros, como o da Economia, o das Finanças, o

da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, ou a do Mar, por exemplo; "desporto",

com grande enfoque para a modalidade do futebol; "internacional", de que são exemplos a

visita do Papa a um país estrangeiro ou o encontro de dois líderes mundiais fora do território

português; "cultura", que envolve sobretudo música, teatro, cinema e literatura; e "Porto", em

que se inserem quaisquer eventos a decorrer na Região Norte, desde política a desporto, por

serem temas tratados pela equipa que integra a redação da SIC em Matosinhos. Em

determinadas épocas, de acordo com determinados momentos mediáticos, podem existir ainda

outras "gavetas". Para exemplificar, aquando da minha passagem por esta equipa, decorriam

no país as campanhas eleitorais para eleger o novo Presidente da República, o que aconteceu

no dia 24 de janeiro de 2016. Por esse motivo, sob a editoria de "política", foi criada a

subcategoria "presidenciais", para responder à exigência imposta pela variedade e quantidade

de agendas oficiais dos candidatos ao cargo.

Percebemos, deste modo, que o planeamento e agendamento são nada mais do que uma

rotina de organização e controlo ‒ tanto quanto possível ‒ do trabalho jornalístico. Contudo, o

facto de um evento ser agendado não significa um "passaporte" para a sua cobertura, isto é,

não significa que se torne notícia. Em vez disso, o agendamento de eventos fornece a

coordenadores e editores um leque de possibilidades, sobre o qual fazem uma segunda

triagem. Maria João Ruela (2016) assumia que, das notícias de um alinhamento informativo

do fim de semana, apenas cerca de metade provém de eventos marcados em agenda (vide

anexo IVb). Já o coordenador do Primeiro Jornal da semana, André Antunes (2016), falava

em números ainda mais reduzidos: apenas 30 a 40% das peças que integram os alinhamentos

do Primeiro Jornal à semana corresponde a eventos "tirados" da agenda (vide anexo IVc). "A

triagem da informação na agenda tem uma «malha» necessariamente mais alargada quando

comparada com os conteúdos emitidos e exige um sentido de alerta não só ao que é notícia

mas ao que pode vir a ser", explicava Galvão (2016) (vide anexo IVa).

37

2.2. Fim de semana

O modo de funcionamento da equipa de fim de semana20 é bastante diferente da rotina

dos jornalistas que trabalham durante a semana, assim como também são desiguais os

próprios fluxos informativos, questão esta a que voltaremos mais adiante. Sob a orientação de

um(a) coordenador(a) ‒ durante o estágio, papel exercido por Maria João Ruela ‒, uma equipa

própria prepara, ao longo da semana, os noticiários do fim de semana. Além desta equipa

destacada especificamente para os jornais do fim de semana, a cobertura das notícias de

atualidade (em menor número, como veremos, do que à semana mas ainda assim existentes) é

assegurada também por um conjunto reduzido de jornalistas escalados para o efeito, embora o

grosso dos jornais seja trabalho da equipa de informação de fim de semana.

Este grupo ‒ o responsável pela informação de domingo e composto por cerca de meia

dúzia de elementos ‒ reunia-se à quarta-feira (início de semana de trabalho para esta equipa)

para discutir, à semelhança do que é feito nas reuniões editoriais (cf. supra), o(s) trabalho(s)

que cada elemento tinha ou iria passar a ter em mãos a fim de integrar(em) os noticiários

desse fim de semana. Nesta discussão e troca de ideias, a coordenadora propunha e atribuía

trabalhos, e recebia, ponderava e decidia sobre outras sugestões feitas pelos elementos do

grupo. O mesmo acontecia com os estagiários, considerados mais um elemento da equipa.

Assim eram ‒ e são ‒ as rotinas da equipa de informação de fim de semana: os elementos

reúnem-se no "início da semana" para discutir quais as reportagens em curso, a partir daí

trabalham nelas (saem em reportagem, escrevem e estruturam a peça, e editam-na) durante a

restante semana de trabalho, para serem, por fim, emitidas no fim de semana. Para o

estagiário, que está a começar a dar os primeiros passos no meio, esta rotina de trabalho

acarreta benefícios: a mais fácil gestão do tempo e também a consequente disponibilidade dos

membros da equipa para auxiliarem e ensinarem são mais-valias para o processo de

aprendizagem do estagiário.

Ao fim de semana, as exigências da atualidade permitem aos jornalistas escalados e aos

que compõem as equipas de sábado e domingo ‒ incluindo os estagiários ‒ sair em

reportagem, quando algo atual ‒ como um protesto de suinicultores ou determinada

conferência de imprensa, a título de exemplo ‒ o justifique. Para os membros da equipa de

informação de fim de semana, são estas notícias dotadas de atualidade ‒ mas também de

20 À data da realização do estágio, havia duas equipas de fim de semana na SIC: uma responsável pelo sábado e coordenada por Pedro Mourinho, e outra responsável pelo domingo e coordenada por Maria João Ruela. Foi esta última equipa que integrei durante o estágio e é sobre ela que falamos no presente relatório.

38

importância ‒ que permitem maior contacto com as chamadas hard news, já que as

reportagens trabalhadas durante a semana para posterior transmissão são sobretudo soft news

(recordemos a opinião de Gaye Tuchman, para quem o cerne da separação entre hard news e

soft news está no fator tempo, isto é, na urgência de umas e na intemporalidade de outras). Por

forma a exemplificar o tipo de peças e o modo de feitura das mesmas, realizadas no âmbito

desta equipa ‒ as trabalhadas ao longo da semana e que compõem o grosso dos alinhamentos

do fim de semana ‒, seguem algumas notas da primeira reportagem efetuada nesta equipa, em

janeiro de 2016 ‒ e, portanto, no estágio ‒, tal como foram registadas em diário de bordo,

instrumento utilizado ao longo do estágio como parte integrante do trabalho de preparação

para a elaboração deste relatório:

Depois da reunião no início da semana, em que a Maria João aceitou a minha proposta (uma peça sobre

um «festival do arroz» num restaurante em Lisboa, de que tomei conhecimento numa notícia da NiT21, e

que me pareceu encaixar bem no tipo de jornal em questão), comecei o trabalho de produção e telefonei

para o restaurante para saber se tinham interesse em realizar a reportagem e, se sim, para acertar

pormenores. Combinámos uma hora e o que ia ser feito: pedi ao chef que confecionasse dois ou três

pratos para termos «imagem».

O repórter de imagem ‒ o Humberto Candeias ‒ e eu deslocámo-nos ao restaurante, o chef confecionou os

pratos que entendeu que, além de nos darem «imagem», lhe dariam a melhor «imagem», e no final

entrevistei-o. Manda a regra do bom jornalismo que devemos entrevistar a outra parte ‒ neste caso, os

clientes. Não me esqueci do que aprendi nos manuais da faculdade mas não o pude fazer porque a

tentativa de compatibilizar horários resultou num encontro a meio da tarde, em que já não há pessoas a

almoçar e ainda não há quem queira jantar.

Já na redação, visionei as imagens e a entrevista que tinha, fiz a minha primeira seleção de «vivos» e

redigi o texto, sem esquecer o que aqui me ensinaram: em televisão, «escreve-se para as imagens».

Seguiu-se o ritual do estagiário: olhei em volta na redação e lá acabei por escolher um jornalista que me

corrigisse e «desse voz» à peça. Foi o Nuno Pereira.

Feito isto, fui editar [com o Rui Rocha]. Ensinaram-me que, como os editores de imagem não estiveram

no local e portanto desconhecem o material que existe, tenho de ver previamente as imagens que há para

auxiliar o editor. Foi o que fiz, até porque tinha de «escrever para as imagens».

A peça foi transmitida nesse fim de semana (vide anexo IIa).

Visto isto, consideramos que nada mais urge ser apresentado no que ao processo de

execução de uma reportagem diz respeito. Importa, sim, canalizar o nosso olhar para o tipo de

peça que aqui apresentámos e que corresponde à maior parte das reportagens realizadas pela

equipa de fim de semana. Vejamos as peças (excluindo offs e talking heads, por entendermos

21 "NiT" é o acrónimo de "New in Town", uma revista online portuguesa de lifestyle, cultura e lazer.

39

não serem representativos do trabalho da equipa, pois são maioritariamente feitos ao fim de

semana, corolário da imposição da atualidade e das hard news) realizadas durante a passagem

por esta equipa: 1) o "festival do arroz" num restaurante em Lisboa; 2) o surgimento de uma

nova modalidade de fitness, o S. Barre, em Portugal, mais concretamente numa cadeia de

ginásios; 3) as novas crias de órix-de-cimitarra do Jardim Zoológico de Lisboa; 4) os fatos de

Carnaval que seriam tendência em 2016; 5) o lançamento em Portugal do livro O Pequeno

Ditador Cresceu, do psicólogo espanhol Javier Urra; 6) uma ronda pelas novidades das

geladarias artesanais na capital do país; 7) um evento gastronómico centrado exclusivamente

na comida açoriana, a decorrer num restaurante em Lisboa; 8) um evento de tributo a Elvis

Presley; 9) uma notícia sobre a arte da falcoaria portuguesa, candidata a

Património Cultural Imaterial da Humanidade; 10) uma reportagem sobre uma escola de boxe

em Carnaxide com o projeto de criar um espaço de estudo para as crianças mais carenciadas e

com falta de acompanhamento; e 11) uma peça sobre a variedade de opções para ocupar as

crianças durante a pausa letiva da Páscoa (vide anexo II).

Fazendo corresponder cada uma destas reportagens à sua editoria, verificamos que sete

do total das onze peças pertencem à editoria de sociedade (nomeadamente, a do "Festival do

arroz em Lisboa", "Novas crias do Zoo de Lisboa", "Fatos de Carnaval", "Comer gelados no

inverno", "Gastronomia açoriana em Lisboa", "Falcoaria portuguesa a Património da

Humanidade" e "Atividades nas férias da Páscoa"), duas a cultura ("Tributo a Elvis Presley" e

"O Pequeno Ditador Cresceu", embora esta última possa também ser considerada peça de

sociedade graças ao assunto do livro, o comportamento infanto-juvenil) e outras duas a

desporto ("S. Barre em Portugal" e "Boxe solidário em Oeiras", que pode também ser

considerado tema de sociedade devido à vertente da solidariedade). Não é necessária uma

observação muito aprofundada para verificar a preponderância de notícias pertencentes à

editoria de sociedade e de outras que, não sendo desta editoria, apresentam traços em comum.

Todas elas poderiam ser classificadas soft news, tendo em conta o que aprendemos com os

contributos dos autores que se debruçaram sobre essa matéria. Esta realidade foi também

apontada por Adelino Gomes, que a justificou com "o abrandamento notório dos fluxos

informativos" ao fim de semana, resultando em produtos noticiosos com "um [caráter]

assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161).

Uma análise mais completa e detalhada será levada a cabo posteriormente neste

relatório, por forma a melhor avaliar estas palavras do autor e procurar concluir quais os

motivos que as fundamentam. Este é o espaço e o momento para olhar e interpretar o que por

mim foi feito no decorrer deste estágio.

40

Avançando, então, para essa interpretação, passamos a dar conta de algumas opiniões e

dificuldades que foram emergindo a par com o trabalho desenvolvido nesta equipa. Quando

um coordenador destaca um dos membros da sua equipa para o terreno, não está na posse do

"quadro" completo, algo que só o jornalista em campo tem. Por essa razão, é o próprio que

tem de fazer um trabalho de avaliação, tendo em conta os seus conhecimentos, experiências e

os critérios de noticiabilidade que tem para si como sendo as linhas guias de um jornalismo

correto. Reportagens houve ‒ as menos informativamente óbvias, claro está ‒ que exigiram de

mim essa ponderação, até porque realizar este tipo de peças (falamos de notícias que

divulgam um evento gastronómico num determinado espaço comercial ou o lançamento de

um livro, por exemplo) exige do jornalista (e mais ainda do estagiário) a clara noção de que

existe uma linha bastante ténue a separar o jornalismo da publicidade.

Na tentativa de ultrapassar esses obstáculos, recorre-se, por exemplo, a ângulos de

abordagem menos óbvios e fáceis: no caso concreto desta experiência, procurei fazê-lo ao dar

visibilidade a mais do que um espaço comercial [como aconteceu na reportagem sobre os

fatos de Carnaval mais procurados (vide anexo IId) ou na reportagem das novidades das

geladarias artesanais (vide anexo IIf)] ou ao "pegar" em casos pessoais para exemplificar e

complementar, conferindo à peça uma vertente mais humana e menos comercial [como foi

feito na reportagem sobre a publicação da nova obra de Javier Urra (vide anexo IIe)]. Todavia,

nem sempre é possível combater tais dificuldades e algumas peças têm mesmo de ser

abortadas, tal como ocorreu em mais do que uma situação durante a experiência nesta equipa.

Estes contratempos e necessidade de "dar a volta" para não "ficar presa em terreno pantanoso"

conduziram a uma reflexão sobre a quantidade de notícias que existe com "um pé" no

jornalismo e outro na publicidade. Apesar de a passagem pela informação de fim de semana

ter possibilitado a criação de reportagens mais desenvolvidas e aprofundadas e com uma

escrita criativa, e apesar de esta experiência se ter traduzido em tempo de grande

aprendizagem, a necessidade de conhecer outras facetas do jornalismo e de obter novos e

diferentes conhecimentos conduziu-me à última paragem deste meio ano de estágio: o

Primeiro Jornal.

2.3. Primeiro Jornal

Apesar de chegar à nova equipa com a expectativa de encontrar um tipo de jornalismo

diferente, com outros contornos, a ideia levada "na bagagem" de que a experiência na equipa

de fim de semana seria uma base, à qual bastaria adicionar um ritmo mais apressado, foi

41

deitada por terra no primeiro dia de ingresso nesta secção. Várias mudanças quanto ao

produto noticioso e ao processo produtivo se notaram na passagem entre equipas: o Primeiro

Jornal, além da maior rapidez já esperada ‒ exigida pelo espaço de tempo que o jornalista

possui para construir a(s) sua(s) peça(s), que é uma manhã ‒, congrega um bastante maior

número de notícias de atualidade e também assim mais hard news, além de estas não

permitirem a minúcia, o aprofundamento e o desenvolvimento que o fator tempo facilitava ‒ e

facilita ‒ às peças de fim de semana. Foi precisamente este conjunto de mudanças sentidas

que motivou a escolha do tema do presente relatório.

À semelhança do que fizemos anteriormente, damos a conhecer a rotina da equipa do

Primeiro Jornal, discrepante do dia a dia da equipa de fim de semana: além das decisões

tomadas na reunião editorial do dia anterior, o coordenador do jornal distribui, no início da

manhã, serviços pelos elementos da equipa que lidera. Atribuído um trabalho, o jornalista põe

em marcha a tarefa de produção ‒ quando necessária e se não for feita pelo produtor da equipa

‒, que consiste em fazer os respetivos contactos e acertar um horário e alguns detalhes. A isto,

segue-se a deslocação ao local, onde o jornalista e o repórter de imagem que o acompanha se

inteiram da situação e recolhem os testemunhos e as imagens. Chegados à redação, está

terminado o trabalho do repórter de imagem, mas continua o do jornalista, que dá início ao

processo de construção da notícia: escutam-se as entrevistas, selecionam-se os excertos mais

relevantes, veem-se, tanto quanto o prazo permitir, as imagens recolhidas, e redige-se o texto.

Isto feito, passa-se à edição da peça, realizada maioritariamente por editores de imagem mas

por vezes pelos próprios jornalistas, e tenta-se consumar a reportagem a tempo de "entrar" no

seu lugar no alinhamento ou pelo menos a tempo de integrar ainda o jornal. [Quando uma

peça não entra no momento definido, pode ser "arrastada" para um lugar (uns minutos) mais

abaixo no alinhamento, mas apenas e só se ficar enquadrada tematicamente (cf. supra). Caso

contrário, a notícia "cai" e só fica embargada para o noticiário seguinte se não for dotada de

atualidade.] Quando o noticiário da hora de almoço da semana tem início, a maior parte das

peças está ainda em construção, pelo que reafirmamos que um alinhamento só está totalmente

definido no último minuto (cf. supra).

Olhemos para o total de peças, offs e talking heads produzido ao longo do cerca de mês

e meio passado nesta secção. (Neste caso, os offs e talking heads são também alvo da nossa

observação, por serem representativos do trabalho feito nesta equipa. Isto porque estes

enunciados jornalísticos não são empregues a assuntos intemporais mas sim a temas atuais.

De uma saída em reportagem, pode resultar qualquer um destes três formatos, consoante o

grau de importância, a qualidade ou a quantidade do material que foi possível recolher.)

42

1) Notícia relativa ao estado do tempo, com aviso amarelo em 15 distritos do país devido à

previsão de queda de neve e vento forte; 2) peça de atualização da meteorologia; 3) talking

head de um morador lesado na sequência da explosão de uma máquina ATM, que pontuou

um direto da jornalista Ana Peneda Moreira; 4) notícia sobre atos de vandalismo numa escola

secundária em Odivelas; 5) divulgação de um estudo relativo a doenças respiratórias; 6)

abertura do aqueduto das águas livres de Lisboa a ciclistas; 7) divulgação de novos

indicadores sobre o sobre-endividamento em Portugal; 8) a tradicional romaria a cavalo na

Moita; 9) a descoberta de um corpo desaparecido havia quatro meses em Salvaterra de

Magos; 10) a história insólita de um bebé que nasceu 55 dias após a morte cerebral da

progenitora; 11) funcionários com os empregos em risco numa fábrica de peças para

automóveis na Azambuja; 12) o projeto "Missão X - Treina como um astronauta" da NASA e

da ESA, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento; 13) uma iniciativa que promove a

hortofruticultura em escolas primárias; 14) uma peça sobre a previsão de tempo quente, a

antecipar o verão; 15) a passagem de uma unidade móvel de apoio ao emprego pela capital do

país; 16) o início de um longo período de obras no chamado Eixo Central de Lisboa; 17) a

entrada em vigor de novas regras para o uso de drones; 18) uma notícia sobre a previsão de

chuva e vento forte, após dias de calor; 19) o caso de uma mulher centenária que bateu o

recorde mundial da centenária mais rápida, numa prova de corrida de 100 metros; 20) a

continuação da previsão de chuva no país; e 21) a história de um casal de falcões que

nidificou na floreira de um prédio na Amadora (vide anexo III).

Ao compararmos com o trabalho desenvolvido na secção de fim de semana, salta

imediatamente à vista o número de peças bastante maior realizado nesta última equipa, onde a

permanência foi ainda por cima de menor duração: cerca de um mês e meio a menos

relativamente ao tempo passado na informação de fim de semana. Isto acontece devido aos

distintos modos de funcionamento das duas equipas: enquanto na secção de fim de semana,

uma peça é resultado do trabalho de uma semana, no Primeiro Jornal, é reflexo de uma manhã

de trabalho. Na primeira equipa, cada elemento tem em mãos dois ou três serviços por

semana, e, na segunda, um ou dois por dia (por manhã, para sermos mais precisos).

Encaixando as reportagens realizadas nas suas respetivas editorias, 18 das 21 peças são

de sociedade, embora dez sejam por nós consideradas hard news e oito soft news; as restantes

três inserem-se na editoria de economia e são hard news. Verificamos também nesta equipa

um grande peso da editoria de sociedade no alinhamento, algo que iremos comprovar e

justificar na análise de conteúdo que faremos mais à frente. No entanto, as peças realizadas

nas duas secções divergem quanto à sua tipificação: as produzidas no Primeiro Jornal são

43

maioritariamente hard news, contrastadamente com o que ocorre com as feitas no fim de

semana, que concluímos serem todas soft news.

É ainda importante esclarecer que a informação diária, ao contrário das peças

produzidas atempadamente para posterior difusão, nem sempre exige saída em reportagem.

Grande parte da informação produzida nos media chega-lhes das agências de notícias.

As grandes agências de imprensa, supranacionais ou nacionais, constituem indubitavelmente a «fonte»

mais notável de materiais noticiáveis: «ignorar ou minimizar o valor da sua função [...] equivale a rejeitar

uma grande fatia do processo de mediação que separa as [redações] dos jornais (escritos ou

radiotelevisivos) do movimento do real».

(Wolf, 2009 [1987]: 231)

Por vezes, os jornalistas "pegam" nessa informação e vão explorá-la para o terreno. Outras

vezes, a notícia é feita única e exclusivamente a partir do feed por um jornalista que não saiu

do seu lugar frente a um computador. Vejamos as seguintes notas assentes em diário de bordo,

exemplificativas do que dizemos:

Dia 22 de abril de 2016.

Cheguei cedo à redação e comecei a ler os jornais online e os feeds das agências. Quando o André

chegou, apresentei-lhe duas propostas, de assuntos que tinha encontrado na AP22, e ele interessou-se por

uma: a história de um bebé na Polónia que nasceu 55 dias após a morte cerebral da mãe. O André

mandou-me avançar e disse-me para evitar usar entrevistas em polaco, porque, como é uma língua pouco

comum em Portugal, as pessoas poderiam perder o interesse. Assim fiz: não usei «vivos» e contei apenas

a história (vide anexo IIIj).

O tema era internacional mas poderia ter ocorrido em território português. Nos media, é

cada vez mais frequente a construção de notícias sem qualquer deslocação de recursos

(humanos e materiais), o que significa que esta relação entre os órgãos de comunicação e as

agências de notícias assenta em boa medida em questões económicas. Das 21 notícias

produzidas durante o curto espaço de tempo que durou a experiência de integrar a equipa do

Primeiro Jornal, oito não implicaram saída em reportagem, sendo que, destas, uma (a do

"sobre-endividamento em Portugal") incluiu uma entrevista efetuada na própria redação da

SIC, como forma de poupar custos temporais, permitindo poupar também os económicos.

22 "AP" é a sigla da agência de notícias internacional "Associated Press".

44

SECÇÃO III - ANÁLISE EMPÍRICA EXPLORATÓRIA

1. Metodologia

Na procura por conclusões o mais fidedignas e próximas da realidade possível,

procedeu-se a uma análise empírica exploratória, que, numa análise dos media ‒ como é o

caso desta ‒, possibilita uma observação metodologicamente fundamentada, com uma

descrição sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto. Apesar de a nossa análise incidir

sobre um reduzido período, como veremos de seguida, e consequentemente não ser possível

inferir conclusões generalizáveis, esta observação, sobre um espaço temporal selecionado de

forma aleatória, permite retirar dados pertinentes para o âmbito deste relatório que

inclusivamente se cruzam com as observações e interpretações efetuadas ao longo do estágio.

Antes de mais, é premente delimitar e definir o corpus de análise. Desde logo, foram

escolhidos alinhamentos de entre o intervalo de tempo relativo ao ingresso em cada uma das

equipas ‒ fim de semana e Primeiro Jornal ‒, por forma a a nossa análise dar expressão às

opiniões formadas durante o período de estágio. Começando pelo fim, pelo Primeiro Jornal

(equipa que me acolheu entre 23 de março e 6 de maio), os alinhamentos escolhidos

correspondem à segunda semana de ingresso na equipa (a que marcou o início de saídas em

reportagem nesta secção, já que a primeira semana do estagiário em cada equipa é sobretudo

de acompanhamento de jornalistas) e à última. Foram, assim, alvo do nosso olhar as semanas

de 28 de março a 1 de abril de 2016 e a de 2 de maio a dia 6 do mesmo mês (vide anexo V). A

partir desta seleção, que resultou na análise de dez dias e, portanto, de dez alinhamentos,

foram também selecionados dez dias da equipa do fim de semana. Uma vez que o critério de

seleção usado no primeiro caso (a segunda e a última semanas na equipa) não permitiria, no

caso dos noticiários de fim de semana, abarcar o mesmo número de dias (e, portanto, não

possibilitaria uma comparação fiel), e a fim de alcançar o máximo de tempo passado na

informação de fim de semana (cerca de três meses), foram selecionados os alinhamentos de

sábado e domingo com um salto temporal de uma semana entre cada fim de semana, ou seja,

"fim de semana sim, fim de semana não". Daqui resultou, então, a escolha dos seguintes

alinhamentos: o fim de semana de 16 e 17 de janeiro de 2016, sábado e domingo

respetivamente, 30 e 31 de janeiro, 13 e 14 de fevereiro, 27 e 28 de fevereiro, e 12 e 13 de

março (vide anexo V).

45

Da análise do conteúdo que compõe estes 20 alinhamentos, excluíram-se genéricos ‒ o

inicial e o final ‒, promoções e teasers, blocos de imagens que servem para "pintar" diretos ou

entrevistas, por exemplo, entrevistas com convidados em estúdio, diretos e falsos diretos,

vidis, espaços de comentário, rubricas e a meteorologia no final do jornal. Embora todos estes

componham o produto noticioso, excluímo-los desta observação por se considerar não serem

pertinentes para a nossa análise. Assim, foram estudados as peças, offs e talking heads.

Os dois grandes eixos deste trabalho de análise são o "tema" e o "tempo" de cada peça e

do jornal como um todo. Numa primeira fase, cada notícia foi encaixada na editoria a que

pertence, de entre as seis possíveis, conforme a divisão feita no seio da redação da SIC:

política, economia, sociedade, internacional, desporto e cultura. Uma vez que cada uma destas

editorias (umas mais do que outras) trata temas bastante distintos, foi feita uma subdivisão

temática (em umas editorias mais do que noutras, havendo mesmo uma sem qualquer

subdivisão por não ser justificável), que foi estruturada e readaptada a partir do trabalho de

Carla Cruz (2008: 216-217). Dentro da editoria de política, as peças foram distribuídas de

acordo com o seu conteúdo temático por "Estado" [que abrange quaisquer questões

concernentes a Governo, Presidência da República e Parlamento (uma vez que, aquando da

realização do estágio, decorriam as campanhas presidenciais, também eventuais notícias sobre

este assunto pertencem a esta subcategoria)], "partidos políticos" (que engloba quaisquer

ações ou tomadas de posição/opinião de forças partidárias) e "outro" (para todas as restantes

questões do domínio da política). Na editoria de economia foi feita uma subdivisão em

"banca/finanças" (que inclui obviamente notícias sobre o Orçamento do Estado e questões da

Zona Euro, a que Portugal pertence), "comércio/indústria", "sindicatos/greves/protestos" (ou

outras formas de luta relacionadas com questões laborais) e "outro". A editoria de sociedade é

a que mais variedade de assuntos abarca, resultando daí uma maior dificuldade em subdividi-

-la tematicamente de forma a construir uma metodologia de análise que permita alcançar

resultados fiéis. Por esse motivo, esta é a editoria com maior número de subcategorias:

"justiça/atos ilícitos" (que abrange quaisquer notícias sobre operações judiciais e outros

julgamentos, mas também outros atos ilícitos ou ilegais), "acidentes/catástrofes" (que diz

respeito também a estados meteorológicos extremos, dos quais decorrem prejuízos humanos

e/ou materiais), "educação/ciência" (em que se inserem também peças sobre tecnologia),

"saúde", "entretenimento" (que abrange reportagens sobre feiras, festas, eventos

gastronómicos, turismo ou certos faits-divers, por exemplo) e "outro" (que abarca todos os

restantes assuntos do domínio da editoria de sociedade, desde segurança a religião, ou de

ambiente a obras públicas). Internacional foi dividida em "terrorismo/justiça" (subcategoria

46

que envolve notícias relativas a atos de terrorismo ou a quaisquer outras ações puníveis legal e

moralmente), "acidentes/catástrofes", "política" (e eventuais movimentos daí decorrentes) e

"outro" (a que pertencem todos os outros assuntos, como os relacionados com personalidades

internacionais ou com religião, por exemplo). A editoria de desporto foi meramente

ramificada em "futebol" e "outro" (que concerne às restantes modalidades desportivas). Esta

fácil e simples divisão decorre da clara e inegável predominância do futebol sobre todas as

outras modalidades desportivas quer nos media como na sociedade portuguesa em geral. Por

último, a editoria de cultura pareceu-nos não exigir a necessidade de qualquer divisão, pelo

que peças sobre cinema, teatro, música, literatura e restantes expressões artísticas e culturais

foram todas colocadas no mesmo "saco".

Uma reflexão sobre o que foi estudado e discorrido na secção I, de enquadramento

teórico, deste trabalho, com respeito à distinção clássica entre hard news e soft news,

permitiu-nos também aplicar, na prática, estas definições e diferenciações ao objeto de

análise. Certo é que entramos num domínio de maior subjetividade, pelo que fundamentamos

a nossa observação nas perspetivas dos teóricos estudados, em particular cruzando os pontos

de vista de Gaye Tuchman (1973) ‒ que entende por hard news questões factuais, passíveis de

reflexão e, assim, importantes e que exigem divulgação imediata, e por soft news temas

interessantes, relativos a fraquezas humanas e, portanto, intemporais ‒, de Patterson (2000) ‒

que considera as hard news acontecimentos importantes e/ou com personalidades relevantes

ou ruturas significantes no dia a dia de uma sociedade, e as soft news temas mais facilmente

executáveis, centrados em pessoas e de divulgação mais maleável ‒ e de Curran et al. (2009)

‒ para quem são hard news as notícias sobre política, administração pública, economia,

ciência e tecnologia e soft news assuntos sobre celebridades, temas de interesse humano,

desporto e entretenimento ‒ (cf. supra).

Deste modo ‒ e generalizando ‒, na editoria de política, apenas foram considerados soft

news alguns faits-divers ou situações de somenos importância relacionadas com figuras

políticas. Todos os restantes assuntos foram considerados hard news, até pelo peso e

relevância que acarreta o mundo da política, à semelhança do que acontece com a economia.

Nesta última editoria, foram também considerados soft news casos residuais, de pouco ou

nenhum peso na economia e nas finanças do país. Tudo o resto entendemos serem hard news.

Na editoria de sociedade, considerámos como hard news questões de justiça, notícias sobre

acidentes ou catástrofes, questões de segurança nacional, obras públicas de relevância e com

condicionantes para a população, e assuntos de relevo no campo da saúde e da educação.

Como soft news, foram consideradas reportagens sobre feiras, festas, eventos gastronómicos,

47

turismo, certos faits-divers e peças de atualização do estado do tempo, quando não associadas

situações de alerta ou risco. Em temas de âmbito internacional, a política, o terrorismo, a

segurança, acidentes e catástrofes foram classificados como hard news. Por seu lado, peças

sobre figuras do chamado "mundo cor de rosa" ou sobre insólitos e curiosidades em território

internacional tipificámos como soft news. Em desporto, apenas resumos de jogos importantes,

eventos desportivos de relevo, como por exemplo o Campeonato Europeu de Futebol, e

questões polémicas em âmbito desportivo foram classificados como hard news. Os restantes

assuntos, como a antevisão de jogos ou o ambiente vivido entre adeptos, são, para nós, soft

news. Na cultura, somente eventos de sumo valor ou a perda de figuras da arte e da cultura

foram tipificados hard news. Outras questões foram encaradas como soft news.

Esta análise com enfoque no "tema" de cada peça dos 20 alinhamentos em estudo tem

por objetivo perceber quais os assuntos com maior predominância nos noticiários de segunda

a sexta-feira e os de maior destaque ao sábado e domingo. Paralelamente, pretendemos

concluir o peso que têm as chamadas "soft news" nos produtos noticiosos e a parcela que cabe

às hard news. Isto a fim de inferirmos a existência ou não de diferenças entre os alinhamentos

da semana e os do fim de semana.

Quanto ao vetor "tempo", foram analisados a parte e o todo. Queremos com isto dizer

que o nosso estudo recaiu também sobre o tempo de duração de cada peça, off e talking head

individualmente, sobre a duração total de cada noticiário e também sobre o número de

notícias que compõe cada alinhamento. Esta parte da análise visou igualmente compreender

se se verificam diferenças entre os noticiários da semana e os do fim de semana.

2. Apresentação e discussão dos dados

Eixo "tempo"

Iniciando a nossa análise pela vertente do estudo mais objetiva ‒ a questão do "tempo"

‒, da observação mais profunda dos 20 alinhamentos e mais exploratória das 551 peças que os

compõem, foi possível concluir, desde logo, a diferença de duração entre os jornais da semana

e os do fim de semana. Um cálculo dos dez alinhamentos analisados do Primeiro Jornal

resultou numa média de uma hora e 28 minutos (1h28m) de duração por noticiário. Por seu

turno, os jornais da hora de almoço transmitidos ao fim de semana na SIC duram, em média,

uma hora e três minutos (1h03m). Contas feitas, o resultado é o de uma discrepância de 25

minutos entre a duração do Primeiro Jornal da semana e o do fim de semana. Dos dez

noticiários de sábado e domingo em análise, metade (

de duração (vide anexos Vb, Vd, Vf, Vh e Vj).

Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa

alinhamento do Primeiro Jornal e, por outro

passo que os jornais de segunda a sexta

são compostos, em média, por 22 peças. Olhando para cada

-se que, dos dez alinhamentos do Primeiro Jornal,

27 notícias e o mais composto 39 notícias

jornal com menos peças possuía 16 notícias e o mais

Va).

Figura

Esta diferença de tamanho (traduzido no tempo de duração

que o compõem) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades

oficiais [...] [diminuírem], por

Primeiro Jornal

Fim de Semana

Primeiro Jornal

Fim de Semana

noticiários de sábado e domingo em análise, metade (cinco) não chegava mesmo a uma hora

Vb, Vd, Vf, Vh e Vj).

Figura 3. Tempo médio de duração do jornal

Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa

alinhamento do Primeiro Jornal e, por outro lado, um alinhamento de fim de

e segunda a sexta-feira têm, em média, 33 peças, os de fim de

são compostos, em média, por 22 peças. Olhando para cada noticiário em particular,

se que, dos dez alinhamentos do Primeiro Jornal, aquele com menor número de peças possuía

27 notícias e o mais composto 39 notícias (vide anexos Vl e Vp). Já ao fim de

jornal com menos peças possuía 16 notícias e o mais completo 31 notícias

Figura 4. Número médio de notícias por alinhamento

Esta diferença de tamanho (traduzido no tempo de duração do jornal e no número de peças

) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades

oficiais [...] [diminuírem], por hábito, drasticamente ao fim de semana, não

01:28:18

01:03:11

Primeiro Jornal

Fim de Semana

33

22

Primeiro Jornal

Fim de Semana

48

ava mesmo a uma hora

Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa um

lado, um alinhamento de fim de semana. Ao

m média, 33 peças, os de fim de semana

em particular, verifica-

com menor número de peças possuía

. Já ao fim de semana, o

31 notícias (vide anexos Vf e

e no número de peças

) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades

semana, não [haver] atividade

01:28:18

parlamentar, não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à

hotelaria ou a museus, por exemplo)" (Galvão, 2016) (

reflete no tipo de peças feito, como veremos.

Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de

cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52

segundos (1m52s). Valor este que pouco difere do tempo

semana: um minuto e 53 segundos (1m53s).

Figura

Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notíci

do Primeiro Jornal da semana e o do fim de

idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é

influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos

55 segundos (5m55s) ‒ a peça de maior duraç

oposto extremo, um talking head

menor duração de entre o total de peças analisadas

que se quereria o mais próximo possível da realidade.

Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez

que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça

do Primeiro Jornal, por um

apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais

onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média m

minutos do que ao fim de semana)

Primeiro Jornal

Fim de Semana

não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à

hotelaria ou a museus, por exemplo)" (Galvão, 2016) (vide anexo IVa), algo que também se

peças feito, como veremos.

Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de

cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52

Valor este que pouco difere do tempo médio que tem cada peça do fim

um minuto e 53 segundos (1m53s).

Figura 5. Tempo médio de duração da notícia

Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notíci

Jornal da semana e o do fim de semana têm um período de duração praticamente

idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é

influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos

‒ a peça de maior duração das 551 em análise (vide

talking head de 18 segundos (0m18s) ‒ o enunciado jornalístico de

menor duração de entre o total de peças analisadas (vide anexo Vs) ‒ influencia

se quereria o mais próximo possível da realidade.

Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez

que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça

nal, por um lado, e do noticiário de fim de semana, por outro (diferença de

apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais

onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média m

semana) (vide anexo V).

00:01:52

00:01:53

Primeiro Jornal

Fim de Semana

49

não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à

anexo IVa), algo que também se

Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de

cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52

médio que tem cada peça do fim de

Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notícias

semana têm um período de duração praticamente

idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é

influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos e

vide anexo Vs) ‒ ou, no

‒ o enunciado jornalístico de

‒ influenciam a média,

Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez

que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça

semana, por outro (diferença de

apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais

onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média mais 25

00:01:53

Eixo "tema"

Comecemos uma vez mais pelo Primeiro Jornal. No

uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,

permitiu comprovar o que já se aguardava tendo em conta

estágio e a análise introdutória,

relatório. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No

período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta

editoria. Seguem-se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto

(16%), política (5%) e cultura (1%).

Figura 6. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal

Uma mera análise que "engavetasse" as peças nas s

muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo

temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos

ilícitos", com um peso de 28%. Dam

tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu

o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (

anexos Vm a Vo). Com igual peso (20%) encontram

relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de

notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"

(Antunes, 2016) (vide anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,

quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a

título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de m

Política Economia

Comecemos uma vez mais pelo Primeiro Jornal. No que à questão temática diz respeito,

uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,

permitiu comprovar o que já se aguardava tendo em conta o que se experienciou durante o

a análise introdutória, feita sobre o trabalho realizado na secção II do presente

. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No

período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta

se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto

16%), política (5%) e cultura (1%).

. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal

Uma mera análise que "engavetasse" as peças nas suas editorias, seria, na nossa opinião,

muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo

temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos

ilícitos", com um peso de 28%. Damos como exemplo ‒ talvez menos óbvio ‒ o caso de um

tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu

o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (

Com igual peso (20%) encontram-se as notícias de "entretenimento" e as

relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de

notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"

anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,

quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a

título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de m

5%

18%

42%

18%

16%

1%

Economia Sociedade Internacional Desporto

50

que à questão temática diz respeito,

uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,

o que se experienciou durante o

feita sobre o trabalho realizado na secção II do presente

. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No

período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta

se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto

. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal

uas editorias, seria, na nossa opinião,

muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo

temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos

‒ talvez menos óbvio ‒ o caso de um

tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu

o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (vide

se as notícias de "entretenimento" e as

relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de

notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"

anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,

quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a

título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de março sobre o destaque

Cultura

51

dos vinhos alentejanos na escolha dos portugueses (vide anexo Vk) ou a de dia 31 do mesmo

mês sobre as férias dos estudantes finalistas do ensino secundário em Espanha (vide anexo

Vn). Um olhar mais atento nota que, no primeiro caso, a notícia surge na reta final do jornal, o

que permite compreender o que dizia António Prata, da TVI, a Adelino Gomes (2012: 274):

"é hábito fechar [o jornal] com um [fait-divers] ‒ humor, cinema, destino, etc." (cf. supra).

Contudo, no segundo caso, a peça encontra-se sensivelmente a meio do alinhamento, o que

comprova a necessidade de criar "picos de interesse" ao longo do jornal, com vista a prender o

telespectador. Tal como foi dito, a subcategoria "outro" possui também um peso de 20% no

total de peças de sociedade. O motivo de tal destaque é o facto de abranger uma enorme

variedade de assuntos (cf. supra), dos quais damos alguns exemplos: a notícia "Daesh

Portugal" de dia 1 de abril sobre um vídeo propagado pelo grupo terrorista em que ameaçava

Portugal, bem como a peça que se seguiu sobre um relatório que divulgava que, desde 2013,

estavam sob vigilância os portugueses e luso-descendentes na Síria ligados ao Daesh (vide

anexo Vo) consistem em temas de segurança nacional. Um exemplo bem diferente mas que

também se encaixa na subcategoria "outro" é o da notícia das obras públicas no chamado

"Eixo Central" de Lisboa, com grandes implicações para os que diariamente se deslocam para

o trabalho na capital do país (vide anexo Vq). Seguem-se, de entre as notícias de sociedade, as

peças sobre "saúde" (16%), de que é exemplo a do dia 3 de maio, sobre o uso de sedativos em

lares de idosos, ou a que se seguiu imediatamente, sobre a pílula do dia seguinte (vide anexo

Vq). Com o menor destaque (8%), encontram-se, por último, as reportagens sobre

"acidentes/catástrofes" e também as que incidem sobre temas de "educação/ciência". Exemplo

do primeiro tipo de peças é o caso de um acidente rodoviário em Moulins, França, que

vitimou mortalmente doze portugueses. A noticiabilidade do acidente era tal que o assunto

teve lugar em todos os alinhamentos da primeira semana em análise (vide anexos Vk a Vo).

Quanto à categoria temática "educação/ciência", falamos, por exemplo, do assunto que

dominou e inclusivamente abriu o jornal de 6 de maio: a questão ‒ que se tornou ‒ polémica

do financiamento das escolas privadas pelo Estado (vide anexo Vt).

Figura 7. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

À editoria de sociedade

de 61 peças. Destas, sobressaem as relativas à "banca/finanças",

total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que

envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,

referente ao facto de mais de uma centena de funcionários ter sid

não aceitar uma proposta de rescisão voluntária de contratos (

do Estado [como a notícia de 28 de março

anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o

de dia 2 de maio chamado "Reembolsos IRS 1ª fase" (

do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que

como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa

social de eletricidade (vide

formas de luta ocupam uma parcela de 16% do número total d

de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do

leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP

(vide anexos Vn e Vp). Das 61 notícias da editor

Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do

domínio económico.

Justiça/Atos ilícitos

Saúde

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -

À editoria de sociedade segue-se a de economia, com um peso de 18%, representativo

de 61 peças. Destas, sobressaem as relativas à "banca/finanças", que representam 67% do

total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que

envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,

referente ao facto de mais de uma centena de funcionários ter sido impedida de trabalhar por

não aceitar uma proposta de rescisão voluntária de contratos (vide anexo Vq)], o Orçamento

do Estado [como a notícia de 28 de março que anunciava a promulgação do Orçamento (

anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o

de dia 2 de maio chamado "Reembolsos IRS 1ª fase" (vide anexos Vo e Vp)]

do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que

como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa

vide anexo Vt). Notícias sobre "sindicatos/greves/protestos" ou outras

formas de luta ocupam uma parcela de 16% do número total de peças de economia. Trata

de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do

leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP

Das 61 notícias da editoria de economia nos alinhamentos do Primeiro

Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do

28%

8%

8%16%

20%

20%

Justiça/Atos ilícitos Acidentes/Catástrofes Educação/Ciência

Entretenimento Outro

52

Sociedade

com um peso de 18%, representativo

que representam 67% do

total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que

envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,

o impedida de trabalhar por

anexo Vq)], o Orçamento

que anunciava a promulgação do Orçamento (vide

anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o off

anexos Vo e Vp)]. A ocupar 17%

do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que envolve peças

como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa

anexo Vt). Notícias sobre "sindicatos/greves/protestos" ou outras

e peças de economia. Trata-se

de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do

leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP

ia de economia nos alinhamentos do Primeiro

Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do

Educação/Ciência

Figura 8. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18%

que integram os alinhamentos do Primeiro Jornal. Quanto a esta,

internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças d

editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece

imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de

rebelião contra o regime angolano

marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em

análise, em quatro dos dez noticiários (

subcategoria que tematiza 22% das peças de internacional. Entre estas

de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo

auto-proclamado Estado Islâmico, ou a de 2 de maio relativa a

Seattle, EUA, durante um protesto a decorrer no dia do t

Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e

legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de

internacional. A intitulada "Incêndio Canadá", de 4 de maio

é um exemplo (vide anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos

internacionais, pesa 14% nesta editoria.

superou um desafio de 24 horas destinado

exemplo (vide anexo Vo).

Banca/Finanças/OE

Sindicatos/Greves/Protestos

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -

Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18%

os alinhamentos do Primeiro Jornal. Quanto a esta, é a subcategoria "política"

internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças d

editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece

imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de

angolano, liderado por José Eduardo dos Santos. Este assu

marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em

análise, em quatro dos dez noticiários (vide anexos Vk, Vl, Vn e Vt). "Terrorismo/justiça" é a

subcategoria que tematiza 22% das peças de internacional. Entre estas,

de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo

proclamado Estado Islâmico, ou a de 2 de maio relativa a episódios de violência em

Seattle, EUA, durante um protesto a decorrer no dia do trabalhador (vide

Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e

legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de

internacional. A intitulada "Incêndio Canadá", de 4 de maio e atualizada nos dias posteriores,

anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos

internacionais, pesa 14% nesta editoria. O fait-divers "24 horas Navy", sobre uma criança que

superou um desafio de 24 horas destinado aos militares da Marinha norte

67%

17%

16%

0%

Banca/Finanças/OE Comércio/Indústria

Sindicatos/Greves/Protestos Outro

53

Economia

Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18% das notícias

é a subcategoria "política"

internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças desta

editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece

imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de

, liderado por José Eduardo dos Santos. Este assunto, que

marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em

"Terrorismo/justiça" é a

, estão, por exemplo, a

de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo

episódios de violência em

vide anexos Vl e Vp).

Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e

legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de

e atualizada nos dias posteriores,

anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos

"24 horas Navy", sobre uma criança que

aos militares da Marinha norte-americana, é um

Figura 9. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro

em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também

nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade

é assunto de 47 do total das 52 peças desta editoria, o que corr

restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o

reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram

visibilidade nos noticiários da hora de almoço durante a semana:

ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução

todo-o-terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5

de maio) e ténis ("João Sousa" de 6 de maio).

Figura 10. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

Terrorismo/Justiça

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Internacional

Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro

em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também

nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade

é assunto de 47 do total das 52 peças desta editoria, o que corresponde a 90%. Todas as

restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o

reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram

visibilidade nos noticiários da hora de almoço durante a semana: ginástica (peça "Chegada

ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução

terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5

de maio) e ténis ("João Sousa" de 6 de maio).

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -

22%

17%

47%

14%

Terrorismo/Justiça Acidentes/Catástrofes Política

90%

10%

Futebol Outro

54

Internacional

Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro Jornal: surge

em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também

nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade

esponde a 90%. Todas as

restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o

reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram

ginástica (peça "Chegada

ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução

terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5

- Desporto

Outro

Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de

notícias do Primeiro Jornal.

do "Estado" nas reportagens,

como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de

assuntos relativos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,

foram consideradas notícias alusivas ao "Estado"

Feriados", a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome

"AR - Plenário - Portagens" (

posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de

31 de março que revelou que o

Municipal do Porto nas próximas eleições

"outro", a pesar 6%, refere

num excerto de uma entrevista dada pelo ex

SIC e ao Expresso (vide anexo Vt).

Figura 11. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está

Sem qualquer subdivisão inerente, esta editoria ocupa

música, artes plásticas ou cinema, por exemplo.

Sob cada editoria, procurou

tipificação clássica feita pelos jornalistas

primeira, a de enquadramento teórico, deste relatório

resultados obtidos: das 140 notícias da editoria de sociedade,

news; em economia, 58 do total de 61 peças eram

Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de

notícias do Primeiro Jornal. Quanto a esta editoria, uma subdivisão permitiu averiguar o peso

do "Estado" nas reportagens, offs e talking heads de política: ocupa 75% do total. Falamos,

como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de

tivos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,

foram consideradas notícias alusivas ao "Estado" a de 28 de março intitulada "António Costa

a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome

Portagens" (vide anexos Vk, Vr e Vt), entre outras. Ações e tomadas de

posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de

31 de março que revelou que o PS vai apoiar a recandidatura de Rui Moreira à Câma

nas próximas eleições autárquicas, em 2017 (vide anexo Vn). A categoria

"outro", a pesar 6%, refere-se unicamente ao talking head de Durão Barroso, que consiste

num excerto de uma entrevista dada pelo ex-Presidente da Comissão Europei

anexo Vt).

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal

Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está

Sem qualquer subdivisão inerente, esta editoria ocupa 1% dos noticiários, com peças sobre

música, artes plásticas ou cinema, por exemplo.

Sob cada editoria, procurou-se ainda distinguir as peças entre hard news

tipificação clássica feita pelos jornalistas ‒, com base nos conhecimentos adquiridos na secção

de enquadramento teórico, deste relatório (cf. supra). Eis, então, a súmula dos

resultados obtidos: das 140 notícias da editoria de sociedade, 91 eram

; em economia, 58 do total de 61 peças eram hard news e apenas três considerámos

75%

19%

6%

Estado Forças partidárias Outro

55

Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de

Quanto a esta editoria, uma subdivisão permitiu averiguar o peso

de política: ocupa 75% do total. Falamos,

como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de

tivos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,

a de 28 de março intitulada "António Costa

a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome

anexos Vk, Vr e Vt), entre outras. Ações e tomadas de

posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de

vai apoiar a recandidatura de Rui Moreira à Câmara

anexo Vn). A categoria

de Durão Barroso, que consiste

Presidente da Comissão Europeia em exclusivo à

. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Política

Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está cultura.

1% dos noticiários, com peças sobre

hard news e soft news ‒ a

com base nos conhecimentos adquiridos na secção

Eis, então, a súmula dos

91 eram hard news e 49 soft

e apenas três considerámos

serem soft news; dos 59 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez

eram soft news, todos os outros eram

considerámos 24 hard news

apenas uma soft news, as restantes eram

entendidas como hard news

news compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,

72% e 28%, respetivamente.

Tabela 2. Distribuição por editoria das

Editoria

Sociedade

Economia

Internacional

Desporto

Política

Cultura

TOTAL

Figura 12. Percentagem de

É tempo agora de olhar com igual rigor

nossa análise ‒ para os dez alinhamentos e 218 peças em

semana. A separação das notícias por editoria é uma vez mais

notícias de sociedade nos noticiários (34%). Desta vez, segue

desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação

com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,

9 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez

, todos os outros eram hard news; de entre as 52 notícias de desporto,

hard news e 28 soft news; do total de notícias de política (16), identificámos

, as restantes eram hard news; e das cinco peças de cultura, duas foram

hard news e três como soft news. Feitas as contas, 239

compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,

72% e 28%, respetivamente.

. Distribuição por editoria das hard news e soft news do Primeiro Jornal

Hard news Soft news Total de peças

91 49

58 3

49 10

24 28

15 1

2 3

239 94

. Percentagem de hard news e soft news no Primeiro Jornal

É tempo agora de olhar com igual rigor ‒ adicionando uma componente

para os dez alinhamentos e 218 peças em análise na

A separação das notícias por editoria é uma vez mais refletora

notícias de sociedade nos noticiários (34%). Desta vez, segue-se internacional (21%),

desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação

com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,

72%

28%

Hard news Soft news

56

9 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez

ntre as 52 notícias de desporto,

; do total de notícias de política (16), identificámos

; e das cinco peças de cultura, duas foram

. Feitas as contas, 239 hard news e 94 soft

compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,

do Primeiro Jornal

Total de peças

140

61

59

52

16

5

333

no Primeiro Jornal

componente comparativa à

análise na informação de fim de

refletora da percentagem de

se internacional (21%),

desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação

com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,

57

leva-nos a perceber que, nos fins-de-semana analisados, houve menos notícias de economia

(em que se registou a maior queda), sociedade e desporto. Por outro lado, houve mais peças

de internacional, cultura e surpreendentemente de política. O considerável decréscimo de

notícias de economia acontece porque quer a banca, como o comércio e a indústria estão

maioritariamente encerrados ao fim de semana, e consequentemente estagnam também as

greves e manifestações, exceto no caso da hotelaria ou de espaços de lazer, como explicava

Ana Luísa Galvão (vide anexo IVa). No que à diminuição de preponderância da editoria de

sociedade diz respeito, tal verifica-se devido sobretudo à inexistência de atividade judicial e

escolar. Já a queda de desporto ao fim de semana foi muito pouco expressiva: em termos

percentuais, os valores revelaram-se praticamente idênticos (arredondando às unidades, quer à

semana quer ao fim de semana, esta editoria pesou 16% nos noticiários analisados) mas,

olhando o número de peças de cariz desportivo produzido, verificamos que durante a semana

os jornais transmitiram 52 notícias desta editoria e durante o fim de semana 35 notícias. Trata-

se, então, de uma queda parcamente significativa, porém existente e talvez justificável com o

facto de o período de alinhamentos de fim de semana analisado não corresponder a uma época

desportiva muito profícua ou, mais ainda, pelo facto de o período temporal dos alinhamentos

do Primeiro Jornal analisado se aproximar mais da data de início do Campeonato Europeu de

Futebol de 2016, a começar no mês de junho. Falando em subidas, internacional poderá ter

maior destaque ao fim de semana graças à carência de assuntos nacionais (agendas oficiais,

atividade política, bancária, comercial, industrial, judicial, escolar, etc.). O aumento de peças

de cultura não motiva grandes interrogações, já que a maior parte dos eventos artísticos e

culturais decorre durante o fim de semana. Por fim, o acréscimo de notícias de política nos

alinhamentos analisados da informação de fim de semana, quando comparados com os da

semana, poderia causar surpresa, não fosse o período temporal dos alinhamentos de fim de

semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para eleger, a 24 de janeiro,

o novo Presidente da República, o que "manchou" as agendas mediáticas no período pré e

pós-eleições. Por esse motivo ‒ não esperado aquando da seleção aleatória do corpus de

estudo ‒, sentiu-se a necessidade de a posteriori criar um novo parâmetro de análise, como

veremos mais à frente.

Figura 13. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana

Pela diversidade de assuntos

maior destaque nos noticiários, agora de fim

concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de

37% no total de peças de s

"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo

questões (8%) e, sem uma única peça (0%)

alinhamentos do Primeiro Jornal,

23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que

(semana ou fim de semana) mas cujo número é muito influenciado

sobre o "mau tempo" e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de

janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença

de 17 pontos percentuais) ‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar

ao longo do estágio ‒, reforçando a ideia que ficou da

161): ao fim de semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente

magazinesco"; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos

percentuais) de peças sobre "justiça/atos ilícitos",

judicial ao fim de semana.

Política Economia

. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana

Pela diversidade de assuntos que encerra, sociedade é uma vez mais a editoria com

e nos noticiários, agora de fim de semana. Uma subdivisão temática permite

concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de

37% no total de peças de sociedade. A estas, sucedem-se as notícias sobre

"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo

sem uma única peça (0%), "educação/ciência". Confrontando com os

alinhamentos do Primeiro Jornal, as diferenças mais substanciais são o aumento notório (de

23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que

semana) mas cujo número é muito influenciado pela quantidade de notícias

e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de

janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença

‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar

‒, reforçando a ideia que ficou da enunciação de Adelino Gomes (2012:

semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente

; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos

percentuais) de peças sobre "justiça/atos ilícitos", indubitavelmente por não exist

13%

12%

34%

21%

16%

4%

Economia Sociedade Internacional Desporto

58

. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana

que encerra, sociedade é uma vez mais a editoria com

semana. Uma subdivisão temática permite

concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de

se as notícias sobre

"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo de

Confrontando com os

s diferenças mais substanciais são o aumento notório (de

23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que não escolhe dia

pela quantidade de notícias

e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de

janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença

‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar

de Adelino Gomes (2012:

semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente

; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos

por não existir atividade

Cultura

Figura 14. Distribuição por tema das n

Internacional é, como vimos,

semana. Desta, sobressaem

"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos

internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de

internacional do Primeiro Jornal,

"política" internacional e a consequente subida (de 16

"acidentes/catástrofes". Tais movimentos explicam

políticos angolanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da

editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,

neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika

morte de um homem durante

Figura 15. Distribuição por tema das notícias de fim de semana

Justiça/Atos ilícitos

Saúde

Terrorismo/Justiça

. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Sociedade

, como vimos, a segunda editoria com maior prep

semana. Desta, sobressaem as notícias de "acidentes/catástrofes" (33%), em seguida as de

"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos

internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de

o Jornal, são a descida (de 20 pontos percentuais) de notícias sobre

e a consequente subida (de 16 pontos percentuais) da categoria

"acidentes/catástrofes". Tais movimentos explicam-se com a escassez do assunto "presos

golanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da

editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,

neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika

morte de um homem durante um ensaio clínico da farmacêutica Bial, em França.

. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Internacional

15%

31%

0%

9%

37%

8%

Justiça/Atos ilícitos Acidentes/Catástrofes Educação/Ciência

Entretenimento Outro

24%

33%

27%

16%

Terrorismo/Justiça Acidentes/Catástrofes Política

59

Sociedade

a segunda editoria com maior preponderância ao fim de

as notícias de "acidentes/catástrofes" (33%), em seguida as de

"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos

internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de

a descida (de 20 pontos percentuais) de notícias sobre

pontos percentuais) da categoria

se com a escassez do assunto "presos

golanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da

editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,

neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika e também para

da farmacêutica Bial, em França.

Internacional

Educação/Ciência

Outro

A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a

comparação com os dados obtidos da análise análoga feita

Jornal não convocam novidades. Os valores obtidos

observámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,

cabendo às restantes modalidades desportivas uma parcela de 9%.

Figura 16. Distribuição por tema das notícias de fim de semana

As notícias de política

aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um

momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o

período pré, durante e pós-eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr

trabalho, obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro

de análise das peças da editoria de política relativas ao período

fim de semana. Este novo indicador de análise é nada mais do que

e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa

mera subdivisão das peças de política em "pr

políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar

na Figura 17, este novo indicador permitiu

tiveram as campanhas e eleiç

e, por conseguinte, no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.

A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a

comparação com os dados obtidos da análise análoga feita dos alinhamentos do Primeiro

novidades. Os valores obtidos são bastante idênticos aos que

rvámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,

cabendo às restantes modalidades desportivas uma parcela de 9%.

. Distribuição por tema das notícias de fim de semana -

As notícias de política registaram, como já referido e observado, um significativo

aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um

momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o

eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr

obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro

de análise das peças da editoria de política relativas ao período de estudo dos alinhamentos de

semana. Este novo indicador de análise é nada mais do que resultado natural dos dados

e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa

mera subdivisão das peças de política em "presidenciais" e qualquer "outro" tipo de assuntos

políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar

na Figura 17, este novo indicador permitiu corroborar a perceção tida quanto ao

tiveram as campanhas e eleições presidenciais (46%) no número total de notícias de política

no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.

91%

9%

Futebol Outro

60

A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a

alinhamentos do Primeiro

são bastante idênticos aos que

rvámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,

Desporto

registaram, como já referido e observado, um significativo

aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um

momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o

eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr do nosso

obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro

estudo dos alinhamentos de

resultado natural dos dados

e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa

esidenciais" e qualquer "outro" tipo de assuntos

políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar

corroborar a perceção tida quanto ao peso que

no número total de notícias de política,

no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.

Figura 17. Peso das presidenciais nas

Estes novos dados obtidos

Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere

subcategoria temática "Estado", que se prende

Governo, ao Parlamento e à Presidência da República. Trata

é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da

política (4%).

Figura 18. Distribui

A diferença mais expressiva

economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto

nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas

12% do total das 218 peças em estudo. Subcategori

Peso das presidenciais nas notícias de política de fim de semana

Estes novos dados obtidos a posteriori vão inclusivamente ao encontro dos retirados

Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere

subcategoria temática "Estado", que se prende ‒ recordemos ‒ com assuntos rel

Governo, ao Parlamento e à Presidência da República. Trata-se de uma convincente fatia, que

é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da

. Distribuição por tema das notícias de fim de semana -

A diferença mais expressiva desta confrontação de dados está na queda da editoria de

economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto

nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas

12% do total das 218 peças em estudo. Subcategorizando, 74% das notícias de economia é

46%

54%

Presidenciais Outro

57%

39%

4%

Estado Forças partidárias Outro

61

de fim de semana

vão inclusivamente ao encontro dos retirados a priori.

Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere-se na

‒ recordemos ‒ com assuntos relativos ao

se de uma convincente fatia, que

é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da

- Política

na queda da editoria de

economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto

nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas

zando, 74% das notícias de economia é

referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses

individualmente (seja segunda

relacionadas com "sindicatos/greves

em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em

termos comparativos, os valores do Primeiro Jornal aproximam

presenciados nos jornais de f

percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de

17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do

mercado ao fim de semana.

Figura 19. Distribuição por tema das notícias de fim de semana

Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,

encontra-se a editoria de cultura. Embora não se registem

de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que

durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim

de semana sob análise. Este

relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante

o fim de semana, mas também com a maior propen

Um pouco mais à frente, discuti

Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem

Gaye Tuchman (1973), Patterson (2000) e Curran

contabilizar as hard news

considerámos 39 hard news

verificou no caso do Primeiro Jornal, em que as

Banca/Finanças/OE

Sindicatos/Greves/Protestos

referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses

individualmente (seja segunda-feira ou domingo); 26% corresponde à cobertura de matérias

relacionadas com "sindicatos/greves/protestos"; e, sem qualquer representação (0%)

em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em

termos comparativos, os valores do Primeiro Jornal aproximam-se bastante dos números

presenciados nos jornais de fim de semana. Porém, encontra-se a maior discrepância na

percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de

17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do

mercado ao fim de semana.

. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Economia

Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,

se a editoria de cultura. Embora não se registem desigualdades de relevo, nos jornais

de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que

durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim

de semana sob análise. Este ‒ diminuto mas ainda assim ‒ aumento está diretamente

relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante

o fim de semana, mas também com a maior propensão dos públicos para este tipo de temas.

, discutiremos esta questão com maior pormenor.

Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem

Gaye Tuchman (1973), Patterson (2000) e Curran et al. (2009), de forma a classificar e a

hard news e as soft news. Assim, do conjunto de 75 peças de sociedade,

hard news e 36 soft news, um peso praticamente idêntico, algo que não se

verificou no caso do Primeiro Jornal, em que as hard news

74%

0%

26%

0%

Banca/Finanças/OE Comércio/Indústria

Sindicatos/Greves/Protestos Outro

62

referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses

; 26% corresponde à cobertura de matérias

sem qualquer representação (0%), ficam

em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em

se bastante dos números

se a maior discrepância na

percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de

17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do

Economia

Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,

desigualdades de relevo, nos jornais

de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que

durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim

‒ aumento está diretamente

relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante

são dos públicos para este tipo de temas.

remos esta questão com maior pormenor.

Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem sobretudo

(2009), de forma a classificar e a

Assim, do conjunto de 75 peças de sociedade,

, um peso praticamente idêntico, algo que não se

hard news possuíam um peso

63

significativamente maior do que o das soft news. Podemos fazer acompanhar e correlacionar

este aumento de soft news com o crescimento de notícias de entretenimento. Da editoria de

internacional, identificaram-se 42 hard news e três soft news, números que não se afastam

muito dos do Primeiro Jornal. Em desporto, registámos treze hard news e 22 soft news, o que

também não motivou diferenças a assinalar. Correspondendo às expectativas e também aos

dados do Primeiro Jornal, quer política como economia apresentaram um número de hard

news bastante acima do número de soft news. Na primeira editoria, identificámos 24 hard

news e quatro soft news. Já na segunda, considerámos 25 hard news e duas soft news. Por

último, das oito peças da editoria de cultura patentes nos alinhamentos de fim de semana

analisados, uma foi por nós entendida como hard news e todas as outras classificámos como

soft news. Somados os valores obtidos da análise dos jornais de fim de semana, os noticiários

compuseram-se, no período analisado, por 144 hard news e 74 soft news, o que se traduz

numa percentagem de 66% e 34%, respetivamente.

Regista-se uma diferença de seis pontos percentuais, com a subida de soft news e

automática descida de hard news, quando confrontados os números obtidos nos alinhamentos

de fim de semana com os colhidos nos alinhamentos do Primeiro Jornal. Esta diferença é

evidente ainda que "perturbada" pelo peso exercido pelas notícias relativas às campanhas e

eleições presidenciais sobre os alinhamentos de informação de fim de semana em estudo.

Uma análise referente a um qualquer outro período temporal poderia ‒ pressupomos ‒ ter

resultado numa discrepância mais profunda.

Tabela 3. Distribuição por editoria das hard news e soft news de fim de semana

Editoria Hard news Soft news Total de peças

Sociedade 39 36 75

Internacional 42 3 45

Desporto 13 22 35

Política 24 4 28

Economia 25 2 27

Cultura 1 7 8

TOTAL 144 74 218

Figura 20. Percentagem de

Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante

este trabalho, é-nos agora permitido retirar ilações.

A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue,

evidente em determinadas circunstânc

noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os

difundidos nos jornais de segunda a sexta

Quando questionada sobre a e

primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de

semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu

afirmativamente (vide anexo

A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a

nível temporal ‒ durante a semana os jornais s

de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo

"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a

que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo

lugar, oito pontos percentuais abaixo de "justiça/atos ilícitos")

de soft news ‒ logo, inferior de

dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para

eleição do Presidente da República, logo, aum

de política e da quantidade de

Falamos, portanto, de

nos jornais televisivos de fim de semana. Estes compõem

. Percentagem de hard news e soft news na informação de fim de Semana

Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante

nos agora permitido retirar ilações.

A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue,

evidente em determinadas circunstâncias do que noutras. A distinção entre os conteúdos

noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os

difundidos nos jornais de segunda a sexta-feira, por outro, prestam-se bem a esta asserção.

Quando questionada sobre a existência de diferentes critérios no agendamento de eventos (o

primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de

semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu

anexo IVa).

A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a

‒ durante a semana os jornais são maiores ‒, como a nível temático. Os jornais

de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo

"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a

que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo

lugar, oito pontos percentuais abaixo de "justiça/atos ilícitos") e também um número superior

‒ logo, inferior de hard news ‒ do que durante a semana, mesmo sendo o período

dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para

eleição do Presidente da República, logo, aumentando consideravelmente o peso da editoria

de política e da quantidade de hard news nos noticiários em questão.

Falamos, portanto, de "um [caráter] assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161)

nos jornais televisivos de fim de semana. Estes compõem-se em grande número por notícias

66%

34%

Hard news Soft news

64

de fim de Semana

Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante

A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue, algo que é mais

. A distinção entre os conteúdos

noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os

se bem a esta asserção.

xistência de diferentes critérios no agendamento de eventos (o

primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de

semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu

A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a

‒, como a nível temático. Os jornais

de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo de

"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a

que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo

e também um número superior

‒ do que durante a semana, mesmo sendo o período

dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para

entando consideravelmente o peso da editoria

"um [caráter] assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161)

m grande número por notícias

65

sobre gastronomia, turismo, lazer, cultura e entretenimento, e registam um decréscimo de

assuntos relativos a economia, educação, justiça e política (que não nos foi possível

comprovar através da análise empírica por, como já mencionado, o período em análise ser

proveitoso para a mediatização da política, mas que arriscamos tomar como certo tendo em

conta os contributos dos autores estudados e dos coordenadores da SIC entrevistados).

Os motivos desta realidade noticiosa encontram-se a jusante e sobretudo a montante.

A jusante, falamos da maior disponibilidade e propensão dos públicos para este tipo de

informação, não só pela leveza e agradabilidade que lhe são inerentes, permitindo ao

espectador "relaxar" no final de uma semana de trabalho, como também pelo interesse em

atividades de lazer, próprio do período de fim de semana, a que os noticiários respondem com

"[a] inclusão de reportagens de natureza mais «leve», ligadas a temas que ocupam as famílias

ao fim de semana ‒ lazer, gastronomia, viagens", como mencionava a então coordenadora

desta secção, Maria João Ruela (2016) (vide anexo IVb). Em entrevista, Ana Luísa Galvão

(2016) mencionava também este aspeto, ao qual a experiência de décadas de casa lhe permitiu

acrescentar um outro: o da viragem no público alvo do Primeiro Jornal à semana e, por outro

lado, ao fim de semana:

Afinal, quem está em casa à hora do almoço? Durante a semana, são sobretudo reformados,

desempregados, domésticas e, em alguns pontos do país, pessoas que trabalham mas que podem ir

rapidamente almoçar a casa. Durante o fim de semana, a estes juntam-se ainda as crianças e a população

ativa. Uma mudança concentrada sobretudo nos centros urbanos, em públicos com níveis superiores de

literacia, mais poder de compra e acesso a mais atividades de lazer. É uma viragem no público alvo, no

perfil do telespectador a que os critérios editoriais (não evitando nem fugindo à notícia pura e dura) não

podem deixar de se adaptar, refletindo-se nos alinhamentos de uma forma marcante (vide anexo IVa).

Todavia, é a montante que se encontra o fator mais determinante. Falamos

nomeadamente da falta de "agenda". Se, durante o fim de semana, não existe ‒ pelo menos em

tão grande abundância ‒ agenda política, judicial, económica, escolar ou sindical, carece a

matéria noticiável. Diminui, portanto, o noticiário e mudam necessariamente os conteúdos.

66

CONCLUSÃO

[O] [fim de semana] representa para a [redação] uma quase folga [coletiva]. Permite-o o abrandamento

notório dos fluxos informativos [...]. As rotinas tornam-se diferentes[...]; e os espaços noticiosos

assumem [...] um [caráter] assumidamente magazinesco.

(Gomes, 2012: 161)

Definir a fronteira que separa o jornalismo do entretenimento parece ser uma tarefa cada

vez mais difícil, à medida que o mercado cresce e se impõem questões concorrenciais. A

"luta" pelas audiências expressa-se de variadas formas. O fenómeno do pack journalism é

uma delas, a procura por prender os públicos dando-lhes o que ‒ se julga que ‒ estes querem é

outra. É deste modo que os públicos determinam o processo noticioso. A jusante, é a

predisposição destes, ao final de semana, para notícias mais leves, interessantes e agradáveis,

e também o maior interesse por temas de lazer e entretenimento, que determinam os

conteúdos noticiosos que integram os alinhamentos televisivos. Da resposta dos media a estas

propensões e interesses, emerge um tipo de notícias diferente daquele que o ritmo e as

exigências do dia a dia refletem.

Contudo, e uma vez que o produto noticioso exige ser enquadrado num continuum,

também ‒ e sobretudo ‒ os agentes a montante pesam sobre o resultado informativo. Se, neste

ponto, falha a matéria-prima do jornalismo, então torna-se premente uma alternativa. É o caso

do período de fim de semana, em que estagnam as agendas e igualmente os eventos, do que

resulta uma abertura necessariamente maior da "malha" noticiosa, dando espaço a assuntos

que a incomensurabilidade e variedade de acontecimentos pautados pela urgência do dia a dia

não permitem durante a semana.

Desta conjugação de condições resulta, nos finais de semana, uma espécie de silly

season em menor escala, que leva os responsáveis editoriais a direcionar os produtos

noticiosos, tal como acontece em época de veraneio precisamente pelos mesmos motivos,

para temas mais interessantes e menos importantes, para mais soft news em detrimento das

hard news, e para notícias que se encontram algures na fronteira entre o jornalismo e o

entretenimento.

Chegamos aqui com a mesma perceção ‒ embora mais apurada e agora fundamentada ‒

que foi formada na experiência de estágio curricular realizado na SIC. Na passagem de uma

equipa de informação de fim de semana para uma outra de informação diária, o aliado

"tempo", que facilitava a elaboração de reportagens mais ponderadas, criativas mas também

67

de menor relevância e impacto na sociedade, virou "inimigo" e começou a exigir a presteza

inerente à informação diária, importante e impactante. Um olhar breve sobre as reportagens

realizadas em cada uma destas secções permitiu perceber as discrepâncias de que falamos. A

dado momento nesta fase de mudança, emergiram lembranças do trabalho feito na primeira

equipa que me acolheu, a de agenda e planeamento, e começou-se a construir sentidos, em

particular, sobre os critérios de noticiabilidade a pesarem no agendamento de eventos,

distintos conforme a matéria fosse relativa à semana ou, por outro lado, ao fim de semana. A

combinação destas três experiências ‒ embora não propositadamente planeada ‒ conduziu-nos

ao cerne da questão deste relatório, que foi sobretudo um exercício de reflexão.

A fim de confrontar e sustentar esta análise dotada de subjetividade, procurámos uma

vertente mais metodológica, empírica e fundada. Os resultados daí obtidos, embora

individualmente nem sempre tenham permitido corroborar as nossas opiniões (advindas da

experiência de estágio em conjunto com os ensinamentos dos académicos e os contributos dos

profissionais da SIC), por resultarem de um corpus de análise escolhido aleatoriamente, foram

grandemente condizentes com o esperado.

Os fins de semana são, tanto na vida como nos jornais televisivos, espaço propício ao

lazer, descanso e entretenimento. Já os assuntos que acarretam importância, densidade e

convocam a necessidade de ponderação e discussão ficam, assim como no quotidiano também

nas notícias, no domínio do dia a dia.

68

BIBLIOGRAFIA

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<http://carlbernstein.com/magazines_the_idiot_culture.pdf>.

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Realidade pela Informação Televisiva de Actualidade. Lisboa: Instituto Superior de

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Obtido em 2 de julho de 2016, de <https://pcl.stanford.edu/research/2009/curran-

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Obtido em 27 de julho de 2016, de <http://www.aejmc.org/home/wp-

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<http://mmc.twitbookclub.org/MMC910/Readings/Week%2007/Making%20News%

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Outros materiais consultados:

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Expresso. Obtido em 29 de junho de 2016, de

<http://expresso.sapo.pt/site_expresso_40_anos/entrevista-a-francisco-pinto-

balsemao-fundador-do-expresso=f776322>.

Costa, R. (2016, janeiro 2). Audiências 2015: quem ganhou e quem perdeu. Diário de

Notícias. Obtido em 29 de junho de 2016, de

<http://www.dn.pt/media/interior/audiencias-2015-quem-ganhou-e-quem-perdeu-

4961462.html>.

Euro 2016. SIC Notícias. Obtido em 29 de junho de 2016, de <http://euro2016.sic.pt/>.

SIC Notícias Prime. SIC Notícias. Obtido em 29 de junho de 2016, de

<http://sicnoticias.sapo.pt/prime>.

Silveira, A. (2011, maio 4). SIC Notícias já tem página na Internet. Diário de Notícias.

Obtido em 29 de junho de 2016, de <http://www.dn.pt/tv-e-media/media/interior/sic-

noticias-ja-tem-pagina-na-internet-1844092.html>.

ANEXOS

I

ANEXO I - Peças realizadas durante o estágio na SIC

Secção: Fim de semana (domingo)

Peça Data de emissão Captação de Imagem

Edição de Imagem

Correção e Voz

1. Festival do arroz em Lisboa

09-01-16 Humberto Candeias

Rui Rocha Nuno Pereira

2. S. Barre em Portugal

07-02-16 Paulo Cepa Andres Gutierrez Fernanda de Oliveira Ribeiro

3. Novas crias do Zoo de Lisboa

22-01-16 Pedro Cardoso Domingos Ferreira

Ana Paula Almeida

4. Fatos de Carnaval

31-01-16 Roger Nicolau Gonçalo Freitas Ana Margarida Póvoa

5. O Pequeno Ditador Cresceu

07-02-16 Rogério Esteves e Mário Cabrita

Ricardo Piano Catarina Marques

6. Comer gelados no inverno

14-02-16 Bernardo Bogarim e Rui Violante

Ana Rita Sena Ana Paula Almeida

7. Gastronomia açoriana em Lisboa

21-02-16 Bernardo Bogarim

Rui Félix Ana Geraldes

8. Tributo a Elvis Presley

06-03-16 Odacir Júnior Tiago Martins Hélder Santos

9. Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade

27-03-16 Diogo Sentieiro e Nuno Fróis

Gonçalo Freitas Paulo Varanda

10. Boxe solidário em Oeiras

10-04-16 Manuel Geraldo e Carlos Catarino

Andres Gutierrez Ana Luísa Galvão (Correção); Joaquim Franco (Voz)

11. Atividades nas férias da Páscoa

20-03-16 Manuel Geraldo, Pedro Carpinteiro e Fernando Almeida

Ricardo Tenreiro Elsa Gonçalves

II

Secção: Primeiro Jornal

Peça Data de emissão

Captação de Imagem

Edição de Imagem

Correção e Voz

1. Meteorologia 30-03-16 Paulo Cepa Marco Neiva Elsa Gonçalves 2. Meteorologia 31-03-16 Pedro Santos Rita Neves

(Correção); Hélder Correia (Voz)

3. Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM

01-04-16 Pedro Carpinteiro

4. Vandalismo em Escola Secundária

04-04-16 Pedro Cardoso Ana Rita Sena Paulo Varanda

5. Doenças respiratórias

05-04-16 Flávio Valente Liliana Carvalho (Correção); Raquel Loureiro (Voz)

6. Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas

18-04-16 Gonçalo Soares Dias da Silva Nuno Figueiredo

7. Sobre-endividamento em Portugal

19-04-16 Carlos Catarino Gonçalo Freitas

Nuno Figueiredo

8. Romaria a cavalo na Moita

20-04-16 Diogo Sentieiro Domingos Ferreira

Nuno Figueiredo

9. Homicídio em Salvaterra de Magos

21-04-16 Diogo Sentieiro Ricardo Tenreiro

Luís Garriapa

10. Bebé nasce 55 dias após morte da mãe

22-04-16 Ricardo Tenreiro

Rita Neves

11. Empregos em risco na Azambuja

26-04-16 Pedro Carpinteiro

Flávio Valente Nuno Figueiredo

12. Treinar como um astronauta

27-04-16 Gonçalo Soares Pedro Santos Elsa Gonçalves

13. "Hortas na escola, legumes no prato"

28-04-16 Gonçalo Soares Flávio Valente Manuela Vicêncio

III

14. Previsões do estado do tempo

29-04-16 Gonçalo Soares Gonçalo Freitas

Rita Neves

15. Unidade móvel de apoio ao emprego

02-05-16 Álvaro Oliveira Andres Gutierrez

Joaquim Franco

16. Obras no Eixo Central de Lisboa

03-05-16 João Lúcio Flávio Valente Paulo Garcia

17. Novas regras para uso de drones

04-05-16 Andres Gutierrez

Elsa Gonçalves

18. Meteorologia 05-05-16 Pedro Santos Liliana Carvalho

19. Centenária bate recorde mundial

05-05-16 Pedro Santos Liliana Carvalho

20. Meteorologia 06-05-16 Pedro Santos Hélder Santos

21. Ninho de falcões em varanda

06-05-16 Filipe Ferreira Pedro Santos Ana Geraldes

IV

ANEXO II - Peças realizadas na equipa de fim de semana da SIC

ANEXO IIa - "Festival do arroz em Lisboa"

Pivô:

Até ao fim do mês, decorre num restaurante de Lisboa o Festival do Arroz Português. Na

ementa, há dez pratos diferentes, mas todos confecionados com arroz.

Texto:

Já está com água na boca, não é? Não se preocupe, há mais quem esteja.

Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":

"Eu a falar fico logo com água na boca, que é a fome."

Aqui, com peixe, marisco ou carne, é o arroz que ajuda a aconchegar a barriga. A escolha é

variada.

Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":

"No festival, nós temos dez pratos: cinco de peixe, cinco de carne."

Ora, e que festival é este? O do arroz português, é claro.

Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":

"Para mim, a cozinha portuguesa começa sempre em azeite, cebola e alho. O de bacalhau

leva pimentos. Chamamos-lhe uma base portuguesa. São pimentos com alho e louro. E

meto pimento verde e pimento vermelho. Depois temos o de cabrito. Leva um bocadinho

de chouriço. Isto é uma base de chouriço já picadinho. E o dos enchidos, com morcela

também. Vamos refrescar com vinho branco todos eles."

Já cheira... e ainda faltam os ingredientes mais nobres.

Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":

"Nós já temos o cabrito que está estufado, e vamos adicionar, na calda, o cabrito já

estufado. Isto é uma morcela de sarrabulho. Portanto, o recheio é a mesma coisa que se

comer o arroz de sarrabulho em Ponte de Lima. É o recheio. Vocês depois vão notar.

Portanto, tem sangue e tem os mesmos ingredientes ‒ os cominhos, etc. ‒ que tem o

sarrabulho. Portanto, uma morcela cá dentro (na tagine), um bocadinho de presunto de

V

Chaves. Aqui no bacalhau vai entrar um bocadinho de grão... grão de bico. Já está cozido.

Agora é só mesmo para fazer a finalização. Mais ou menos uma tigelinha destas..."

Na tigela, está um produto nacional. É arroz carolino... bem português! E portuguesa é

também a receita. Não fossem estes pratos de arroz... uns malandros.

Arroz de costeleta em vinha d'alhos... ou arroz de bacalhau? Cabrito... ou marisco? A escolha

é difícil... até para o chefe.

Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":

"Opá, entre o arroz de pato e o arroz de cabidela, venha o Diabo e escolha... ou a cabidela

ou o arroz de pato. Não é fácil porque se me puserem os dois, eu como os dois."

O melhor mesmo é vir tirar a prova dos nove. Aliás, dos dez porque são dez os pratos que tem

à escolha neste festival.

ANEXO IIb - "S. Barre em Portugal"

Pivô:

Para quem gosta de estar a par das tendências do fitness, há uma nova modalidade que chega

agora a Portugal. Conjuga movimentos de ballet com pilates e yoga.

Texto:

Não, não é ballet... e também não é fitness... nem sequer yoga. É uma junção dos três e

chama-se S. Barre. O objetivo é conseguir a postura e a flexibilidade do ballet, e também o

corpo tonificado do fitness.

Vivo ‒ Andreia Sequeira, Instrutora de fitness:

"É uma modalidade muito feminina, é uma modalidade que apela muito à parte emocional

(das senhoras que sempre gostaram muito de ballet). E é uma modalidade ótima para

melhorar o equilíbrio, a flexibilidade, a parte da concentração (porque é uma aula que

exige, de facto, muita concentração pelos exercícios que são solicitados), e esse é o

principal benefício que traz, e a novidade."

Veio dos ginásios norte-americanos e está a conquistar as portuguesas. A modalidade promete

um corpo de bailarina e 300 calorias a menos por cada 45 minutos de exercício.

VI

Vivo ‒ Rute Garcia, Aluna:

"Eu gosto da modalidade pelo facto de ser nova (é um desafio novo), e pelo facto de

trabalhar as zonas críticas das mulheres, que são os glúteos, as pernas, o abdominal... É

essencialmente isso."

Vivo ‒ Lúcia Anderson, Aluna:

"Portanto, o primeiro dia é um bocadinho dorido, mas depois, até nas outras aulas (onde

também fazemos exercícios com pernas), nota-se que já é mais fácil. As pernas estão mais

fortes e os grupos musculares estão mais trabalhados.

Estou a gostar, estou a gostar. Espero que continue aqui mais tempo o S. Barre."

O tutu e as pontas são opcionais. A música, os elásticos e a barra indispensáveis.

ANEXO IIc - "Novas crias do Zoo de Lisboa"

Pivô:

Há dois novos habitantes no Jardim Zoológico de Lisboa: duas crias de órix-de-cimitarra, uma

espécie extinta na Natureza.

Texto:

Têm quatro e cinco meses, e começam agora a ser independentes da progenitora. Estas fêmeas

são as duas novas crias de órix-de-cimitarra do Zoo de Lisboa.

Vivo ‒ Diana Amaral, Tratadora de animais selvagens:

"Esta é uma espécie de antílope, originalmente vem do Norte de África ‒ zonas semi-

-desérticas. Estão perfeitamente adaptadas ao calor intenso, fisiologicamente. Têm esta

pelagem branca que reflete a luz solar. Podem pesar até 200 kg. Têm dois cornos ‒ tanto a

fêmea como o macho ‒ que podem atingir 1,20 m de comprimento."

Vêm de longe mas, por aqui, a vida corre-lhes bem. Alimentam-se... passeiam... e brincam.

Mas o objetivo final é de valor bem mais elevado.

Vivo ‒ Diana Amaral, Tratadora de animais selvagens:

"Esta espécie está extinta desde 2000 na Natureza, e é um orgulho para o Jardim Zoológico

o nascimento destas duas crias (mais uma do ano passado), porque assim cumprimos a

VII

missão de conservação e pensando sempre numa possível reintrodução desta espécie."

Para quem os quiser conhecer, já estão à vista dos visitantes.

ANEXO IId - "Fatos de Carnaval"

Pivô:

Frozen e Star Wars estão entre as máscaras preferidas das crianças para este Carnaval. Já os

adultos têm muito por onde escolher.

Texto:

Palhaço... princesa... super-herói... hippie... Todos os anos, a lista de possibilidades é extensa.

Em tempo de Carnaval, vê-se um pouco de tudo.

Vivo ‒ criança A:

"Vou-me mascarar de Jason, de um filme que se chama Sexta-feira 13."

Vivo ‒ criança B:

"De palhaço."

Vivo ‒ criança C:

"Eu queria de Mordecai e Rigby."

Vivo ‒ criança D:

"Quero ir vestida de hippie."

Vivo ‒ criança E:

"Cruzado, daqueles cavaleiros templários."

Vivo ‒ criança F:

"Eu queria vestir-me da Mal ou da Ivie dos Descendentes."

Há fatos para todos os gostos, e todos podem sair à rua porque, se é Carnaval, ninguém leva a

mal.

Quem faz do Carnaval um negócio diz que as crianças escolhem máscaras das suas

personagens favoritas. Já os adultos não seguem modas.

VIII

Vivo ‒ Nuno Santos, A Casa do Carnaval:

"Tudo. Nos adultos, não existe um tema específico. Nas crianças, já não. Para criança, este

ano, o que está a ter uma procura muito grande é o Star Wars e as princesas. O Frozen...

isso tem tido uma procura imensa."

Vivo ‒ Miguel Matias, Misterius:

"As crianças vão mais de acordo com a influência que levam da televisão e do cinema. Os

adultos são mais autodidatas."

Vivo ‒ criança G:

"Vou de Alice no País das Maravilhas.

Era esse que tu querias?

Sim.

É a tua princesa favorita?

Sim."

Vivo ‒ Ana Dias:

"Tenho o meu chapéuzinho, tenho os meus óculos, tenho a minha saia ‒ a minha mini-saia

brilhante. Tenho as minhas coisas para brincar. Pinto os olhos, a boca... pronto."

Mais ou menos originais, comprados ou reinventados, o certo é que os fatos de Carnaval

fazem, todos os anos, as delícias dos mais novos... e dos mais velhos também.

Vivo ‒ Ana Dias:

"Gosto muito do Carnaval. Sinceramente, gosto muito do Carnaval. Gosto de brincar."

Para brincar ao Carnaval, pouco falta. É já daqui a uma semana que a folia sai à rua.

ANEXO IIe - "O Pequeno Ditador Cresceu"

Pivô:

Um dos mais conceituados psicólogos infanto-juvenis esteve em Portugal para apresentar o

novo livro. Revela dados recentes sobre a violência de filhos contra pais e propõe modelos de

educação para evitar o problema.

IX

Texto:

Esta é uma casa cheia: o pai Luís, a mãe Isabel, e os filhos Davi, Madalena, Sara e Pedro. No

retrato da família Reinaldo, faltam ainda outros quatro filhos. São oito ao todo. Isabel e Luís

são pais há mais de 20 anos. Experiência, portanto, não lhes falta.

Vivo ‒ Luís Filipe Reinaldo:

"Temos que ser firmes, manter o controle, e ceder quando é preciso ceder mas não ceder

quando achamos que não devemos ceder."

Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:

"Eu acho que o principal não é dizer que «não». O principal é orientar. O «não» é um

último recurso. É claro que em várias alturas da vida, nós próprios já ouvimos que não, e

temos de os preparar para isso."

É precisamente de educação e comportamento que Javier fala no novo livro. O psicólogo foi o

primeiro provedor de menores em Espanha e tem-se debruçado sobre o problema da violência

de filhos contra pais.

Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:

"A agressão começa desde muito tenra idade, desde que são muito pequenos. Começa com

caprichos, começa com responder ao avô, e passa logo à agressão verbal, à agressão

emocional e às vezes (só às vezes) à agressão física."

Os números são preocupantes: em Portugal, quatro mil pais foram agredidos pelos filhos entre

2004 e 2012. Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

Para Javier, o problema está nas mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos.

Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:

"Já não são apenas os pais a educar. Educam os pais, educa a escola, educam os meios de

comunicação... e educa a rede."

Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:

"Agora temos de ter algumas atitudes de orientação, de controle: tentar que eles não

passem tanto tempo no computador, nos tablets ou nos telemóveis, que era uma

preocupação que nós não tínhamos com os primeiros, que só começaram a mexer no

computador com cinco ou seis anos."

A receita da educação inclui vários ingredientes. O segredo está em conjugá-los com conta,

peso e medida.

X

Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:

"Acho que, em primeiro (acho que isso é igual para todos os pais), o principal ingrediente é

o amor. O amor e depois o respeito uns pelos outros."

Mas não basta. Javier completa a receita.

Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:

"Perdoar; a compaixão, ser compassivo... com um animal, com uma planta, com uma

pessoa. Pondo limites. «É o meu aniversário. Convida todas as crianças da minha turma.»

«Não. Apenas seis.» «Mas eu quero todos os meus amigos.» «Não. Apenas seis.» A vida é

assim. Porque não há sítio, porque não podemos gastar mais e porque a vida implica

limitações."

Educar nem sempre é fácil mas, na hora de impôr regras, é preciso firmeza. Caso contrário,

alerta Javier, invertem-se os papéis.

Vivo ‒ Luís Filipe Reinaldo:

"Pois é... Não gostam mas não podemos ir na conversa."

ANEXO IIf - "Comer gelados no inverno"

Pivô:

Os gelados são um produto típico do verão, mas a oferta está a crescer mesmo nos dias mais

frios do inverno. As geladarias passaram a estar abertas o ano inteiro.

Texto:

Ao vermos alguém vestido à cientista, com luvas de látex, bata branca e óculos protetores, a

fazer aquilo que, à primeira vista, parece uma experiência, até poderíamos pensar que estamos

num laboratório químico... mas não. Na verdade, estamos num laboratório, sim, mas este é de

gelado. Aqui, prepara-se gelado de uma forma bem original.

Vivo ‒ Pedro Viana, Laboratório do Gelado Sub 196:

"O que é que torna isto único? É os clientes virem aqui, pedirem um gelado e o gelado ser

confecionado à sua frente. O preparado é colocado numa daquelas máquinas, eu ponho as

máquinas a trabalhar a velocidade baixa e pego num dos contentores (digamos, os dewars)

XI

de azoto líquido e despejo uma quantidade que vai congelar o preparado. Em estado

líquido, o azoto está a 196 graus negativos."

Um minuto depois, o resultado.

Do mais inovador que há, passamos para o mais tradicional. Aqui, o gelado é filho da tradição

romana, mas feito com produtos frescos portugueses.

Vivo ‒ Constanza Ventura, Nannarella:

"Nós começámos com a ideia de fazer um trabalho artesanal, de trabalhar com as pessoas

que aqui moram e de dar o melhor que nós podíamos trazer de Itália, os nossos

conhecimentos, usando os produtos daqui."

Como típica geladaria italiana que é, aqui não se encontram cadeiras onde sentar enquanto se

come um gelado. Há apenas uma cozinha... e um balcão.

Vivo ‒ Constanza Ventura, Nannarella:

"Um balcão, com gelado para levar, porque o gelado, normalmente, em Itália, é um

produto que se come na rua ou num jardim, enquanto passeamos."

Gelados caseiros, sem produtos industriais, sem corantes ou conservantes, preparados com

todo o carinho italiano, só podiam resultar, por exemplo, em gelado de nata com ginja, creme

de ovos ao vinho do porto, ou gianduia, uma mistura de creme de avelã e chocolate. Isto só

para abrir o apetite.

Vivo ‒ cliente:

"Incrível! É muito bom."

Uma terceira sugestão: bombocas de gelado de mascarpone com doce de frutos vermelhos e

bolacha.

Vivo ‒ Eduardo Santini, Santini:

"Fazemos a têmpera do chocolate. Neste caso, é derretê-lo com umas regras muito

específicas para que consiga adquirir a textura, o brilho que queremos. E, estando pronta a

têmpera, pegamos nos moldes e enchemos de chocolate. Depois vamos introduzir o doce

com a bolacha, e o gelado de mascarpone, e a seguir vamos fechar."

O desafio não foi fácil, mas a vontade de recriar um doce bem conhecido dos portugueses

falou mais alto.

XII

Vivo ‒ Eduardo Santini, Santini:

"Quisemos recriar uma coisa a que os portugueses estão habituados: uma bomboca, em

formato de bombom. É uma coisa que já temos vindo a tentar há dois anos. Não foi fácil

aliar o frio ao chocolate e criar daí um bombom. É algo que é difícil, mas conseguimo-lo

fazer."

Formas diferentes de produzir e comer gelado, um doce para refrescar dias quentes de verão e

para alegrar dias chuvosos de inverno, porque qualquer altura do ano é boa para os amantes de

gelado.

ANEXO IIg - "Gastronomia açoriana em Lisboa"

Pivô:

Até ao próximo domingo, há um restaurante em Lisboa que recebe chefes de cozinha da

Região Autónoma dos Açores. Durante uma semana, é possível experimentar produtos e

pratos típicos das nove ilhas do arquipélago sem sair do continente.

Texto:

A paisagem é lisboeta mas os aromas e sabores são tipicamente açorianos. Atravessaram o

Atlântico para, durante uma semana, trazer ao continente a cozinha dos Açores.

Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:

"Pus uns enchidos regionais. Temos a linguiça do Pico, a alheira de Santa Maria e a

morcela com ananás, que é incontornável não haver num prato. Depois temos os chicharros

com inhame e cebola de curtume, que é muito típica de qualquer tasca nos Açores (em São

Miguel, principalmente). Depois temos o arroz de lapas, com o boca negra e a açafroa, que

é muito típica de lá (o nosso açafrão, muito mais barato e mesmo muito saboroso), com

limão galego. A seguir, temos uma sobremesa de feijão, que era a sobremesa doce de pobre

(era só pôr açúcar, cozer o feijão e comer). Introduzimos o maracujá, que é muito típico de

lá, e brincamos um pouco com a sobremesa."

A receita é simples e faz parte de um roteiro gastronómico muito particular.

Vivo ‒ Maria João Bettencourt, Assistente de Direção Hotel Tivoli Lisboa:

"O «Portugal de Norte a Sul» é um projeto que iniciámos há cerca de dois anos. É uma

iniciativa que permite trazer algumas regiões do país para Lisboa. Fazemos uma semana

XIII

gastronómica principalmente para o público local de Lisboa poder experimentar uma

gastronomia diferente."

Depois do Porto, do Alentejo, do Algarve, Trás-os-Montes e Ribatejo, esta semana é da

Região Autónoma dos Açores.

Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:

"Recriamos conhecimentos que foram deixados: as velhotas que deixaram, os avós, os

tios... Isso é muito bonito. A pessoa que se sentar vai sentir o sabor da gastronomia

açoriana do nosso restaurante, e vai sentir inovação."

Inovar na forma de criar pratos novos com o que é característico das nove ilhas.

Vivo ‒ Miguel Silva, Chefe Restaurante Terraço, Hotel Tivoli Lisboa:

"Os Açores conseguiram trazer-nos ingredientes que no continente não usamos (pelo

menos muito), nomeadamente alguns lacticínios, alguns queijos, alguns produtos

agrícolas..."

Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:

"Tudo um pouco... um pouco de cada ilha, nós tentamos trazer para Lisboa. Sentir que isto

agora é a nossa casa, durante uma semana ou duas semanas. Então, temos um restaurante

diferente, um menu diferente, estamos nos Açores. Até temos vista para o mar... para o rio,

neste caso."

E com vista para o rio, até ao próximo domingo, descobrir os Açores em Lisboa.

ANEXO IIh - "Tributo a Elvis Presley"

Pivô:

Cento e cinquenta fãs portugueses de Elvis Presley juntaram-se para comemorar os 60 anos de

carreira do artista se fosse vivo. Com mais ou menos parecenças, quiseram lembrar o rei.

Texto:

Parece que regressámos aos anos 50 e a um dos espetáculos de Elvis Presley... mas não.

Vivo ‒ Célia Carvalho, Presidente do clube de fãs "Elvis 100%":

XIV

"Estamos a comemorar 60 anos de rock and roll, que é o mesmo que dizer que se Elvis

fosse vivo estaria a comemorar 60 anos de carreira como rei do rock and roll. Tudo

aconteceu em 1956. Foi quando ele teve o primeiro disco, que vendeu um milhão de

exemplares, foi quando ele se estreou no cinema, foi quando ele apareceu mais vezes na

televisão..."

Em 1956, há precisamente seis décadas, Elvis Presley tornava-se um fenómeno mundial e era

coroado o rei do rock and roll.

Vivo ‒ Célia Carvalho, Presidente do clube de fãs "Elvis 100%":

"Ninguém era igual a ele na altura, por isso é que foi uma revolução tão grande."

Revolucionou o mundo da música e entrou para a história da cultura do século XX, de tal

forma que ainda hoje é lembrado por várias gerações.

Vivo ‒ Eduarda Santos (jovem):

"Acho que a música nunca se deve esquecer. É sempre interessante, vai evoluindo, e acho

que temos de aprender a gostar um bocadinho de tudo."

Vivo ‒ Carlos Sales (idoso):

"Gosto muito. E há uma máxima que se costuma dizer: «Elvis não acrescentou dias à nossa

vida, mas acrescentou muita vida aos nossos dias.»"

Cerca de 150 fãs juntaram-se hoje em Torres Vedras para um tributo a um artista que mudou a

sociedade norte-americana e deixou uma marca um pouco por todo o mundo.

Vivo ‒ António Carlos Coimbra, Artista:

"Podemos dizer que tudo o que é música atualmente tem um bocadinho de Elvis, devido à

magia que o rei tinha, ao carisma que tinha, e que se mantém."

Vivo ‒ Francisco Peças, Artista:

"Quando me pedem para fazer um tributo a Elvis, eu tenho que incorporar a personagem,

mas Elvis (continuo a dizer) era Elvis. Nós fazemos lembrar e não deixamos morrer o rei

do rock and roll."

Para os fãs, a chama de Elvis não se apaga com o tempo.

XV

ANEXO IIi - "Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade"

Pivô:

A falcoaria portuguesa poderá vir a ser Património Imaterial da Humanidade. A resposta da

UNESCO deverá ser conhecida depois do verão.

Texto:

É quase tão antiga como o Homem e chegou aos céus da Península Ibérica com os visigodos e

os árabes. Sobrevoa agora Salvaterra de Magos, onde esta forma de caça tem raízes antigas.

Com as armas de fogo, a falcoaria quase desapareceu. Para que se mantenha viva, precisa de

ser reconhecida. Espera, por isso, um parecer positivo da UNESCO.

Vivo ‒ Rui Carvalho, Falcoeiro:

"A falcoaria é a arte de adestrar e caçar presas no seu estado selvagem com aves de rapina

‒ falcões, águias, açores… principalmente esses. O falcoeiro não é só uma pessoa que

gosta de caçar. Acima de tudo, é uma pessoa que gosta da Natureza. Muito sinceramente, a

caça acaba por ser relegada para segundo plano. É o prazer de ver duas espécies a

interagirem que faz com que nós vamos para o terreno caçar."

É uma forma de caça ecológica. Aqui não há armas, apenas aves selvagens a cumprirem o

papel que a natureza lhes atribuiu.

Vivo ‒ Carlos Crespo, Falcoeiro:

"Existem duas modalidades. São normalmente conhecidas por «alto-voo» e «baixo-voo».

Não tem tanto a ver com a altitude a que as aves voam, mas são estratégias de caça

diferentes. O baixo-voo é um lance de caça, em que a ave é largada da luva, fazendo uma

perseguição direta sobre a presa; por isso, uma espécie de um sprint para alcançar o

objetivo. Outra técnica de caça é conhecida por «alto-voo» ou «altanaria», em que se

utilizam aves como esta ‒ os falcões ‒ e que são treinados para sobrevoar o terreno de caça

e aguardar lá em cima em voo que a peça de caça seja levantada."

Mas, hoje em dia, não é só na caça que os falcões e restantes aves selvagens têm o papel

principal.

Vivo ‒ Rui Carvalho, Falcoeiro:

"A falcoaria cada vez mais, para além de uma prática de caça, começa a ser uma prática

muito existente nas nossas vidas a todos os níveis. Por exemplo ‒ não é considerado

XVI

falcoaria por não ser caça mas ‒ há atividades nos aeroportos, aterros sanitários,

aeródromos, em que existem falcoeiros com aves de rapina, que têm por base a falcoaria e

os ensinamentos da falcoaria, que desenvolvem atividades para o bem das populações. Não

só para o bem das populações, mas também para o bem do próprio ambiente em si."

Em 2010, a falcoaria foi reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da

Humanidade em onze nações. Portugal está entre os países que pediram a extensão deste

reconhecimento. Espera uma resposta em setembro.

ANEXO IIj - "Boxe solidário em Oeiras"

Pivô:

Em Carnaxide, no concelho de Oeiras, há uma escola de boxe que está a criar um projeto para

dar aos jovens da localidade um espaço onde possam estudar depois das aulas e ainda

aprender inglês e informática. Mas em contrapartida terão de praticar boxe.

Texto:

Por agora, é o que há: quatro mesas, seis cadeiras, um quadro, e muita vontade de fazer deste

espaço algo melhor. A escola de boxe António Ramalho não é uma escola igual às outras.

Vivo ‒ João Cordeiro, Aluno:

"Numa escola de boxe normalmente só se treina boxe."

Aqui há o sonho de treinar outras coisas.

Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:

"O projeto que vai aqui nascer é, além do boxe, uma sala de estudo onde os jovens vão ter

a possibilidade de saírem da escola e virem fazer os seus trabalhos escolares, serem

apoiados por professores; vai também ter uma parte de informática. Além de um projeto

que nós vamos ter aqui também, que é de inglês («aprende inglês treinando boxe»)."

Vivo ‒ Helena Lins, Voluntária:

"Fazer um pouco como se fosse uma aula de boxe mas em inglês. Para que as crianças se

habituem aos termos do boxe em inglês, aos materiais que usamos no ginásio em inglês. É

uma iniciação ao inglês de uma forma divertida."

No final há uma tarefa obrigatória.

XVII

Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:

"A seguir têm de treinar boxe. Só frequenta aquela escola quem, a seguir, for treinar boxe.

Não precisa de ser competidor."

Aos nove anos, Daniela Barbosa está decidida a fazer do boxe uma profissão. Antes de treinar

aqui (já lá vai um ano) tinha alguns problemas de relacionamento.

Vivo ‒ Susana Barbosa, Mãe de aluna:

"Passaram-se coisas na escola: a Daniela andava sempre a chorar muito, com uma

autoestima muito baixa com que ficou de repente. Coisas de crianças que pensamos que

não, mas afetam nestas idades."

Foi no desporto, em particular no boxe, que encontrou a solução.

Vivo ‒ Daniela Barbosa, Aluna:

"Agora, quando eu vim aqui para o boxe, eu acho que me senti mais confiante. Até porque

consigo descarregar a minha energia lá nos sacos, a bater nos sacos."

É precisamente a bater nos sacos que aqui se resolvem alguns problemas, chamando a atenção

das crianças para a prática do desporto e para a importância da educação.

Vivo ‒ Helena Lins, Voluntária:

"Também terem a noção que, para treinar, há que ter boas notas, porque isso também é

estimulado aqui. Não é «na escola faço uma coisa e aqui faço outra», não. Os valores que

há aqui são os valores que se devem ter na escola; e «se aqui te empenhas, na escola

também te empenhas»."

Mas não é só com boa vontade que se ergue um projeto assim. A Câmara de Oeiras cedeu-lhe

o espaço e paga as despesas mensais. Para ensinar e ajudar as crianças, há também

voluntários. Quanto ao pouco material, foi oferta da empresa de um ex-aluno. Para o que falta,

a escola pediu ajuda a outras instituições.

Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:

"Falta os computadores, mesas redondas, onde eles vão estar a estudar e a fazer trabalhos

em conjunto, ajudados pelos professores. E é isso que nos falta… as cadeiras, as secretárias

e todo o material de alguém que nos possa ajudar. Desde cadernos, livros de estudo… tudo

isso nós aceitamos."

XVIII

Este ano, a sala de estudo é o único projeto apresentado na área do desporto à Oeiras

Solidária. Uma plataforma que faz a ponte entre as empresas e as associações do concelho. Os

contactos estão a ser feitos e a expectativa é grande. Enquanto não é possível concretizar este

sonho, António Ramalho não baixa os braços e vai ajudando como pode.

Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:

"Eu neste momento tenho aqui talvez à volta de 15 crianças, e talvez tenha para aí cinco a

seis crianças a pagar. Quem puder pagar, nós só temos a agradecer. Quem não puder pagar,

também abrimos a porta, não pomos ninguém na rua. Não é esse o nosso objetivo."

O objetivo é outro e vai além do sucesso no boxe e na escola. Trata-se de ajudar crianças e

jovens a encontrar um rumo na vida.

ANEXO IIk - "Atividades nas férias da Páscoa"

Pivô:

As férias escolares da Páscoa começam já amanhã e, nesta altura, os pais ganham mais uma

preocupação: saber onde deixar as crianças. Para ajudar a decidir, a SIC dá-lhe algumas

sugestões.

Texto:

As férias da Páscoa começaram e com elas uma preocupação: saber onde deixar os mais

novos. As alternativas estão na ciência, junto dos animais ou num dia de aventura, e nós

damos algumas sugestões.

Quem quiser ser cientista por uns dias, pode optar pela Science 4 You.

Vivo ‒ Liliana Fonseca, Science 4 you:

"Cada dia tem um tema e nós tentamos, dentro de cada tema, fazer várias experiências.

Temos a cozinha molecular, que vai ser logo na segunda-feira; temos um dia só dedicado a

ovos; temos o dia da química…"

Química, mecânica, eletrónica e não só também se pode aprender no Pavilhão do

Conhecimento. Todos os dias um programa diferente mas todos ligados à exploração das

ciências.

XIX

Vivo ‒ Inês Oliveira, Pavilhão do Conhecimento:

"Aqui vão poder fazer, por exemplo, marionetes para explorar a mecânica, vão construir

ovos luminosos, vão construir pequenos robôs, como estes que eles estão a construir neste

momento para explorar o funcionamento dos circuitos."

Vivo ‒ criança:

"Tem um motor e uma pilha. Temos de colar o motor naquela coisinha branca e tem ali

fios. Nós temos de os pôr na ponta das pilhas e fazer com que funcione. E podem pôr uma

caneta, e depois vai pintando."

Uma outra sugestão: o Jardim Zoológico de Lisboa. Por estes dias, a escolha é variada (como

peddy-papers ou gincanas) e, claro, inclui o reino dos animais.

Vivo ‒ Antonieta Costa, Jardim Zoológico de Lisboa:

"Todos os dias são dias temáticos. Portanto, à segunda-feira é o dia dos mamíferos

terrestres, às terças é o dia dos mamíferos marinhos, às quartas os répteis, à quinta-feira é o

dia das aves, e por fim na sexta-feira é o dia da conservação, para que realmente

consolidem todas estas informações e saiam daqui verdadeiros exploradores da Natureza."

Para terminar as férias na natureza, no último fim-de-semana da pausa letiva a Academia de

Sobrevivência ensina a ser um sobrevivente.

Vivo ‒ criança:

"Nós temos aulas de primeiros socorros, aulas de krav maga, temos esta atividade aqui, que

é a construção de uma aldeia, em alguns fins-de-semana fazemos uns acampamentos e

caminhadas."

Vivo ‒ Nuno Avelar de Sousa, Academia de Sobrevivência:

"Basicamente faz com que os jovens consigam desenvolver uma determinada série de

competências, a que hoje em dia já não têm acesso, que eram aquelas competências que se

adquiriam quando brincávamos na rua."

Propostas até ao último dia de férias. Os pais podem pagar um dia, uma semana ou até as

duas, para que nas férias da Páscoa os filhos possam ter um programa diferente.

XX

ANEXO III - Peças realizadas na equipa do Primeiro Jornal da SIC

ANEXO IIIa - "Meteorologia"

Pivô:

As férias da Páscoa vão terminar com mau tempo. Prevê-se chuva e até neve pelo menos até

ao fim de semana. No país, há 15 distritos em aviso amarelo.

Texto:

A primavera vai continuar sem dar sinal. 15 dos 18 distritos do país estão sob aviso amarelo.

Norte e Centro devido à previsão de queda de neve acima dos 400 m, o litoral por causa do

vento forte.

Vivo ‒ Sandra Correia, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:

"Hoje vamos ter um agravamento do estado do tempo, devido à aproximação de uma

superfície frontal fria, que irá atravessar o território durante a tarde e noite. A partir da

tarde de hoje, irá haver uma precipitação mais intensa no Norte e Centro, e estende-se ao

Alto Alentejo, mas sendo mais fraca."

Para os próximos dias, o estado do tempo deverá manter-se.

Vivo ‒ Sandra Correia, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:

"Amanhã prevê-se uma melhoria do estado do tempo, mas com aguaceiros fracos. Sexta-

-feira já é um dia sem precipitação. No entanto, para o fim de semana, já se espera de novo

mais precipitação."

Neste início de primavera, não há que guardar os agasalhos. O bom tempo não vai chegar pelo

menos até ao fim de semana.

ANEXO IIIb - "Meteorologia"

Pivô:

Estamos na primavera mas há estradas cortadas por causa da neve. É o caso da nacional 321,

que liga os concelhos de Castro Daire e Cinfães, e dos acessos à Serra da Estrela.

XXI

Texto:

Depois de um dia de aviso amarelo em 15 distritos do país, mantém-se o manto branco em

algumas regiões. A forte queda de neve obrigou ao encerramento dos acessos à Serra da

Estrela. Também no distrito de Viseu, o trânsito foi cortado.

Vivo ‒ Carlos Cardoso, Proteção Civil de Cinfães:

"Temos a estrada nacional 321 que neste momento está cortada ao trânsito. Todas as

estradas municipais estão transitáveis. Com a intervenção dos Bombeiros de Cinfães,

fizemos a aplicação de sal gema e remoção de neve. Estamos a aguardar a chegada do

limpa-neves da Estradas de Portugal."

Ao final da manhã, com a melhoria das condições climatéricas, o trânsito regressou à

normalidade.

O frio veio em força, com as temperaturas a descerem em praticamente todo o país e

aguaceiros nalgumas regiões. Quatro barras marítimas do continente estão fechadas, outras

cinco estão condicionadas devido às previsões de agitação marítima, com ondas a poderem

chegar aos quatro metros no Norte do país.

Também no fim de semana os guarda-chuvas deverão sair à rua. Segundo o Instituto

Português do Mar e da Atmosfera, é esperada chuva em quase todo o país.

ANEXO IIIc - "Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM"

[Inserido a meio de um direto da jornalista Ana Peneda Moreira no local, como recurso informativo

complementar.]

Pivô:

A explosão provocou vários danos. No prédio em causa, há consequências graves até ao

terceiro andar. O primeiro piso foi o mais afetado.

Vivo ‒ Luís Almeida, Morador:

"É o chão, a sala, o quarto e a casa de banho... está tudo partido. O chão está todo levantado.

Era muito fumo e muito pó devido às coisas estragadas lá em casa."

XXII

ANEXO IIId - "Vandalismo em Escola Secundária"

Pivô:

Uma escola secundária foi vandalizada na madrugada de sábado, na Ramada, em Odivelas.

Os estragos são muitos e 1500 alunos não puderam, por isso, regressar hoje às aulas.

Texto:

Trinta e um vidros partidos, computadores e televisores danificados, pó de extintores pelo

chão e vários outros estragos impediram 1500 alunos da Escola Secundária da Ramada de

regressarem hoje às aulas, no primeiro dia do terceiro período.

Vivo ‒ Edgar Oleiro, Diretor Escola Secundária da Ramada:

"Partiram o bar, televisores, mobiliário, equipamento da cozinha... largos milhares de euros

de destruição que aqui foram feitos."

Os atos de vandalismo ocorreram na madrugada de sábado, por volta das duas da manhã. E

este episódio começa já a ser recorrente: é já a quarta vez no último mês e meio que a escola é

vandalizada.

Vivo ‒ Edgar Oleiro, Diretor Escola Secundária da Ramada:

"Ultimamente têm acontecido vários episódios de vandalismo, mas não roubam nada. São

já onze vezes desde abril do ano passado, quatro delas já no segundo período, num espaço

de tempo muito reduzido. Também roubaram as câmaras de exterior, de vigilância, e a

partir daí tem sido sucessivamente."

A única câmara de videovigilância que ainda funciona nesta escola captou imagens de dois

homens a entrarem. A direção suspeita que sejam alunos. A escola só deverá abrir amanhã.

ANEXO IIIe - "Doenças respiratórias"

Pivô:

As doenças respiratórias matam 47 pessoas por dia em Portugal. O estudo apresentado ontem

revela ainda que a pneumonia e o cancro são os casos mais problemáticos.

XXIII

Texto:

Quarenta e sete portugueses morrem todos os dias vítimas de doenças respiratórias. Os dados

foram revelados pelo último relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias.

De acordo com o documento, estas doenças são a terceira causa de morte em Portugal e a

quinta causa de internamento nos hospitais portugueses. Só em 2014 foram internados 70 mil

portugueses, um número que representa 12% do total de internamentos hospitalares.

A pneumonia e o cancro são os casos mais preocupantes. O relatório da Direção-Geral de

Saúde mostra que Portugal é o segundo país da Europa com a maior taxa de mortalidade por

pneumonia.

De acordo com o observatório, faltam profissionais de saúde e estão mal distribuídos. Em

Portugal, há um pneumologista por cada 25 mil habitantes. A maioria concentra-se na área

metropolitana de Lisboa, do Porto e na região Centro. A sul do Tejo é onde há o maior défice.

O presidente do observatório, Teles de Araújo, reforça ainda a necessidade de contratar mais

enfermeiros e aumentar o número de camas hospitalares, em especial nos cuidados

continuados e paliativos.

ANEXO IIIf - "Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas"

Pivô:

O Aqueduto das Águas Livres de Lisboa abre hoje as portas... apenas a ciclistas. A entrada é

gratuita e serve para assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.

Texto:

Em tempos, corria aqui a água que abastecia Lisboa. Hoje não se corre. Anda-se... de

bicicleta.

Vivo ‒ ciclista A:

"Já tinha feito a pé, de bicicleta nunca tinha feito."

No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, pode-se visitar gratuitamente o Aqueduto das

Águas Livres, em Lisboa, desde que venha também a bicicleta. Mas só hoje.

Vivo ‒ Mariana Castro Henriques, Museu da Água:

"Hoje achámos que era a ocasião perfeita. Juntámos o desporto ao património e abrimos

apenas a ciclistas."

XXIV

Ir de Monsanto a Campolide de bicicleta por um trajeto diferente e com uma paisagem...

Vivo ‒ ciclista A:

"Espetacular. Ainda por cima o dia está brutal."

Vivo ‒ ciclista B:

"Isto é um percurso único e uma maneira de andar de bicicleta de outra forma."

O aqueduto é hoje pista de ciclismo. Há cerca de um quilómetro para se percorrer.

ANEXO IIIg - "Sobre-endividamento em Portugal"

Pivô:

Continua a subir o número de famílias que não conseguem pagar o que devem ao banco. Nos

primeiros três meses do ano, a DECO recebeu mais de 7400 pedidos de ajuda. Este

incumprimento está a originar também uma subida do número de penhoras.

Texto:

Mais de 7400 portugueses pediram ajuda ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado, da

DECO. Números relativos aos primeiros três meses do ano. Já foram abertos 663 processos.

Diversos créditos que podiam ser negociados ou reestruturados.

Vivo ‒ Natália Nunes, DECO:

"São famílias compostas por três elementos. Os pais têm entre 35 e 45 anos, com um

menor a cargo. Têm o ensino secundário ou superior, com rendimentos em média de 1100€

líquidos/mês. São de meios urbanos: Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra. São famílias

multiendividadas. Têm um crédito habitação, dois créditos pessoais e dois cartões de

crédito."

Ainda assim, os números revelam que estão a diminuir os pedidos de crédito à banca. As

instituições estão mais rigorosas e as famílias mais conscientes.

O desemprego e a precariedade são as principais causas de sobre-endividamento, seguidas da

separação do casal, mas a grande surpresa são as penhoras: têm um peso de 14%, dos quais

4% são execuções fiscais.

XXV

Vivo ‒ Natália Nunes, DECO:

"Começámos a detetar que muitas das penhoras eram feitas pelo Fisco. Eram dívidas de

IRS, IMI, e que começavam a ter um peso significativo e que era uma verdadeira causa

para as famílias estarem em dificuldade."

Apesar dos números do desemprego estarem a baixar, a DECO alerta que quem está a voltar

ao mercado do trabalho regressa de forma precária, com rendimentos a rondar os 550 euros.

ANEXO IIIh - "Romaria a cavalo na Moita"

Pivô:

Começou hoje a tradicional Romaria a Cavalo, na Moita, na região de Setúbal. São 600

participantes numa viagem de quatro dias até Viana do Alentejo.

Texto:

Vieram de todo o país até à vila da Moita. E daqui partem para Viana do Alentejo. São cerca

de 300 romeiros a cavalo, aos quais se irão juntar outros tantos pelo caminho. Ou seja, a

viagem termina com 600 participantes. Todos juntos num dos maiores eventos equestres do

país: a Romaria a Cavalo.

Vivo ‒ Rui Garcia, Presidente CM Moita:

"Esta romaria é uma recriação atual de uma prática muito antiga em que os lavradores aqui

da terra levavam os seus animais à benção a Viana do Alentejo."

Hoje cumpre-se a tradição, quer seja por fé ou por puro convívio.

Vivo ‒ romeiro A:

Já vimos há dez/doze anos. Pelo gosto pelo cavalo, pelo espírito romeiro, por tudo.

Mas o caminho é longo... E pode ser duro.

Vivo ‒ romeiro B:

Este ano então é que vai ser. Está tudo cheio de lama, rios cheios... Vai ser difícil.

Vivo ‒ romeiro C:

Dois meses antes começo a preparar os animais, para eles aguentarem estes dias.

E quem é que se cansa primeiro? Os animais ou os senhores?

Isso tudo depende dos copos e do que aparecer pelo caminho.

XXVI

Romeiros, cavalos e todos os outros (imagem burro) estão preparados, a imagem de Nossa

Senhora da Boa Viagem está benzida. E a romaria parte agora. Pela frente, 150 quilómetros

de caminho até Viana do Alentejo. A chegada está prevista para sábado às 5 da tarde.

ANEXO IIIi - "Homicídio em Salvaterra de Magos"

Pivô:

Há um crime que está a provocar revolta, sobretudo pela brutalidade extrema. Um homem

matou a antiga namorada, desmembrou o corpo e enterrou-o num pinhal de Salvaterra de

Magos. Isto foi há quatro meses. O cadáver só foi descoberto ontem, e o homem confessou.

Texto:

O corpo já em decomposição foi desenterrado ontem pelas autoridades neste pinhal perto de

Salvaterra de Magos. A vítima era uma mulher de 32 anos, que terá sido assassinada pelo ex-

-companheiro há quatro meses. Logo nessa altura houve quem tivesse estranhado a cova.

Vivo ‒ testemunha:

"Vi um buraco aberto. Como o cão da vizinha tinha morrido, pensei que tivesse sido ela.

Mas depois fui eu a enterrar o cão. Mais tarde, vejo o buraco arrasado. Foi tudo muito bem

feito. Depois, foi quando eu me queixei às minhas vizinhas. Chamámos a Guarda. A

Guarda veio e escavámos um buraco bem fundo. Mas depois a Guarda como não

encontrou nada, desistiu."

O antigo companheiro da vítima confessou ontem às autoridades o seu envolvimento no

crime. O homem de 28 anos mantinha um relacionamento conflituoso com a ex-namorada.

Em janeiro, tê-la-á molestado até à morte e de seguida desmembrado o corpo e enterrado o

cadáver. Foi o próprio a indicar o local exato à Polícia Judiciária.

O homicida confesso será presente às autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação

das medidas de coação.

XXVII

ANEXO IIIj - "Bebé nasce 55 dias após morte da mãe"

Pivô:

Um caso invulgar e emocionante aconteceu na Polónia. Um bebé nasceu 55 dias depois da

morte cerebral da mãe. Os médicos mantiveram as máquinas ligadas até haver condições

mínimas para fazer o parto.

Texto:

À vigésima sexta semana de gestação e através de cesariana nasceu em janeiro na Polónia um

bebé, rapaz, com um quilo e uma batalha pela frente. Esteve nos Cuidados Intensivos do

Hospital de Wroclaw e passou três meses numa incubadora.

Um caso invulgar uma vez que a progenitora tinha falecido 55 dias antes. A mulher, de 41

anos, sofria de um tumor. Foi levada para a clínica em novembro, já em morte cerebral.

Os órgãos vitais foram mantidos em funcionamento para que o bebé nascesse... quase dois

meses depois.

Um caso de grande sucesso. Com três meses pesa agora 3 kg, está saudável e já foi com o pai

para casa.

ANEXO IIIk - "Empregos em risco na Azambuja"

Pivô:

Cento e oitenta trabalhadores de uma fábrica de peças para automóveis da Azambuja estão em

risco de perder o emprego. Para já foram enviados para casa. Esta manhã reuniram em

plenário mas saíram sem qualquer certeza sobre o futuro da empresa.

Texto:

São cerca de 180 trabalhadores parados... desde dia 7. Restam os serviços mínimos na área

administrativa. A Frauenthal Automotive, multinacional que fabrica molas para automóveis e

que em Portugal opera na Azambuja, suspendeu a produção e dispensou os trabalhadores...

sem dar qualquer justificação aos funcionários.

Vivo ‒ Fernando Pina, Funcionário/Sind. Indústrias Transformadoras Energia e Ambiente:

"No dia 1 de abril, foi entregue uma carta aos trabalhadores que, além de transações

financeiras, dizia que tudo se mantinha: os contratos mantinham-se, não havia nada que se

XXVIII

alterasse. E seis dias depois, os trabalhadores recebem uma carta de dispensa. Os

trabalhadores estão dispensados do trabalho, sem saber quando regressam."

Para discutir a situação, o plenário de trabalhadores contou com a presença do Secretário-

-Geral da CGTP.

Vivo ‒ Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP:

"O grande problema é que neste momento os trabalhadores querem saber qual é a situação

e ninguém lhes dá uma resposta. Não sabem se há uma reestruturação, não sabem se há

uma insolvência, não sabem o que vai acontecer no mês que vem."

Arménio Carlos deixa também nas mãos do Governo a decisão quanto ao futuro destes

trabalhadores.

Vivo ‒ Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP:

"É importante que o Governo procure acelerar o processo sobretudo para clarificar

rapidamente o que aqui está em causa."

A SIC tentou falar com a empresa mas não obteve qualquer resposta.

ANEXO IIIl - "Treinar como um astronauta"

Pivô:

Cento e setenta jovens andam com a cabeça no ar, mas desta vez isso não é mau. Foram ao

Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, experienciar a vida de um astronauta.

Texto:

Andar na lua não é para todos, mas 170 jovens de todo o país tiveram hoje a oportunidade de

experimentarem a vida de um astronauta.

Vivo ‒ Rosalia Vargas, Diretora Pavilhão do Conhecimento e presidente da agência Ciência Viva:

"Este projeto chama-se Missão X - Treina como um astronauta. Têm que fazer exercício

físico, perceber que o treino físico é muito importante para que os astronautas se sintam em

forma. E também ligar isso à alimentação, porque também é muito importante saber qual é

a melhor alimentação para os astronautas."

XXIX

Esta quarta-feira, o Pavilhão do Conhecimento transformou-se num campo de treino para

astronautas. Vieram de cinco escolas, da Guarda ao Algarve, onde trabalharam durante dois

meses no projeto que apela a uma alimentação saudável e à prática do exercício físico.

Vivo ‒ Inês Reis:

"Começámos por trabalhar a resistência, velocidade, trabalhámos outro tipo de esforços, e

também fizemos outras atividades: vimos uma apresentação sobre o estilo de vida do

astronauta. Os astronautas têm de fazer vários esforços. Antes de ir para o espaço, fazer

testes físicos, estar em boa forma. E têm de aprender a viver no espaço, porque é muito

diferente de viver aqui.

E são esses treinos que estão a fazer aqui hoje? Como se fossem daqui para a lua, a

seguir?

Sim, é isso."

O projeto, liderado pela NASA e pela Agência Espacial Europeia, decorre, ao todo, em 30

países.

ANEXO IIIm - "«Hortas na escola, legumes no prato»"

Pivô:

Há cada vez mais escolas com hortas cultivadas pelos próprios alunos. A ideia é alertar para a

importância de uma alimentação saudável e combater o desperdício.

Texto:

Mais do que fazer crescer alfaces, cebolas ou nabiças, esta escola dos Olivais quer dar uma

lição de vida: ir além das páginas dos livros para fazer crescer um novo alimento às novas

gerações.

Vivo ‒ professora:

"Estas são tiradas da horta."

Hortas na escola, legumes no prato. Assim se incentivam os mais novos para uma alimentação

saudável, para a redução do desperdício alimentar mas também para a importância da

produção nacional.

XXX

Vivo ‒ Nádia Reis, Missão Continente:

"No fundo, é dotar as escolas de uma horta pedagógica para crianças mexerem na terra e

perceberem como crescem legumes, e depois os alimentos serem consumidos nas próprias

escolas. Maioritariamente são consumidos aqui. Havendo excedentes, são doados a

instituições. Nada como comer aquilo que nós próprios cultivamos e nada como consumir

produtos nacionais."

Para alimentar a ideia, são as próprias crianças do primeiro ciclo mas também do jardim de

infância a meterem as mãos... à horta.

Vivo ‒ criança A:

"Eu plantei beringelas. Metemos as sementes e depois regámos."

Vivo ‒ criança B:

"Nós gostamos de mexer na terra e gostamos de plantar, e faz bem ao planeta."

Promovida pela Câmara de Lisboa, a iniciativa começou no início deste ano letivo em dez

escolas do concelho. Ao todo, são mais de duas mil crianças nesta experiência-piloto que quer

continuar a crescer e alimentar o resto do país.

ANEXO IIIn - "Previsões do estado do tempo"

Pivô:

O tempo vai aquecer... mas só até quarta-feira.

Texto:

O mês de maio começa já este domingo e, com ele, vem o bom tempo. Já a partir do fim de

semana, pode-se antecipar o verão, tirar as roupas mais leves do armário e, se possível, ir até à

praia. São esperadas temperaturas altas e muito sol.

Vivo ‒ Maria João Frade, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:

"Já a partir de amanhã e pelo menos até quarta, o cenário é de tempo seco, o céu vai-se

tornar gradualmente pouco nublado ou limpo e vai haver uma subida gradual dos valores

de temperatura máxima. Terça e quarta vamos chegar a temperaturas máximas sobre o

continente entre os 25º e os 30º C."

XXXI

Vivo ‒ transeunte:

"Finalmente começa a vir o bom tempo, o que também é ótimo para quem tem pequeninos.

O que nos permite sair um bocadinho de casa, porque tem estado um tempo muito chato,

muito aborrecido: chuva, frio… Finalmente a Primavera decidiu aparecer."

Bom tempo para desfrutar mas só até quarta-feira. Depois, prevê-se o regresso da chuva e

temperaturas mais baixas.

ANEXO IIIo - "Unidade móvel de apoio ao emprego"

Pivô:

Uma unidade móvel está a percorrer o país e a levar conselhos a desempregados e

empregadores. Ensina-se, por exemplo, a pesquisar trabalho, fazer um curriculum ou a atitude

certa numa entrevista de emprego.

Texto:

Está há seis meses na web e agora anda pelas ruas de todo o país. O objetivo é prestar apoio a

quem procura emprego e a quem quer recrutar trabalhadores. É um novo portal de emprego,

agora com uma unidade móvel a circular de Norte a Sul.

Vivo ‒ Sara Santiago, Promotora TrabalhoCerto.pt:

"Estamos a divulgar o TrabalhoCerto.pt, que é um novo portal da internet. Estamos

também a ajudar as pessoas a fazer o registo, e estamos também a dar algum

aconselhamento: como se comportar numa entrevista, como responder a um anúncio, como

deve efetuar o seu curriculum."

Desde o seu lançamento, em outubro, o portal já publicou mais de 20 mil oportunidades de

emprego. Uma plataforma gratuita que promove o contacto entre candidatos e recrutadores.

Vivo ‒ António Luís, Candidato:

"Estou à procura de emprego. Sou treinador de rugby, mas infelizmente não chega para

pagar as contas. Já estou farto de procurar nos mesmos sites, nos mesmos portais… e nada.

Tudo o que seja novo, é bem-vindo."

XXXII

Vivo ‒ Nuno Santos, Recrutador de Recursos Humanos:

"A minha função como recrutador de Recursos Humanos é encontrar pessoas que estejam à

procura de emprego, e então aproveitei a oportunidade de estar aqui esta unidade e vim

registar-me para procurar pessoas através deste portal."

A unidade móvel passou já por diversas localidades da região Norte. Está até quarta-feira em

Lisboa e, depois, segue para o concelho de Oeiras.

ANEXO IIIp - "Obras no Eixo Central de Lisboa"

Pivô:

Começaram esta manhã as obras no chamado Eixo Central de Lisboa. A intervenção deverá

durar nove meses. Os problemas no trânsito já se fazem sentir.

Texto:

Nos próximos nove meses, será este o cenário em algumas das principais vias de tráfego da

cidade de Lisboa. Começaram esta terça-feira e já se fazem sentir as obras de requalificação

do chamado "Eixo Central", que liga o Campo Grande às Amoreiras.

Vivo ‒ condutor A:

"O trânsito hoje está caótico. Tenho uma escritura para fazer e estou aqui. Se pudesse

virava o carro aqui.

Há quanto tempo está aqui presa?

Estou aqui presa há mais de uma hora e meia."

Vivo ‒ condutor B:

"Estou há 40 minutos aqui presa."

Vivo ‒ condutor C:

"Meia hora a 40 minutos, sem dúvida."

A obra tem início esta terça-feira nas avenidas da República e Fontes Pereira de Melo, onde

estão encerradas duas das seis vias, uma em cada sentido. Isto para que Lisboa se torne uma

cidade mais verde e virada para os peões.

XXXIII

Vivo ‒ Fernando Medina, Presidente CM Lisboa:

"É o alargamento das vias dos passeios ao longo da Avenida da República, ciclovias, uma

nova grande praça no Saldanha, desenhada para o público e não para os automóveis, e uma

Fontes Pereira de Melo mais humanizada, com passeios mais largos e ciclovias."

A empreitada começou esta terça-feira nas extremidades. Ao longo dos próximos meses, vai

seguindo em direção à Praça do Saldanha, onde serão concluídas as obras.

Mas, com elas, surgem outras preocupações. A Câmara garante a sinalização de percursos

alternativos em vários pontos da cidade. Quanto à redução do número de lugares de

estacionamento, que tanto tem sido contestada, o Presidente da Câmara garante que ao todo se

perdem apenas cerca de 60 lugares.

Vivo ‒ Fernando Medina, Presidente CM Lisboa:

"Há um conjunto vasto de parques de estacionamento nas imediações para quem vem

trabalhar para Lisboa, e fizemos um acordo para avenças de 24 horas custarem 25 euros

por mês."

A obra, avaliada em cerca de sete milhões de euros, deverá estar concluída em fevereiro do

próximo ano.

ANEXO IIIq - "Novas regras para uso de drones"

Pivô:

O uso de drones vai passar a ter novas regras. São proibidos à noite e em locais de

concentração de pessoas.

Texto:

Para quem costuma utilizar Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente, mais conhecidos

por "drones"... vêm aí novas regras.

Os aparelhos poderão ser operados apenas de dia e até 120 metros de altura, e o operador não

pode desviar o olhar do equipamento.

No caso das aeronaves brinquedo, definidas como "qualquer objeto que possa voar

prolongadamente, sem motor de combustão e com peso até 1 kg", podem voar apenas até os

30 metros.

XXXIV

Voos noturnos e acima dos valores definidos... só com autorização da Autoridade da Aviação

Civil. Sobrevoar concentrações de pessoas, zonas de sinistro e num círculo de um quilómetro

à volta dos heliportos para emergência médica... é proibido. Bem como voar sobre instalações

de órgãos de soberania, serviços de segurança, ou estabelecimentos prisionais... Exceto

quando autorizado pelas respetivas entidades.

Para fotografia ou filmagem aérea, só com a autorização da Autoridade Aeronáutica Nacional.

Para quem violar as regras, as multas previstas variam entre os 250 euros e os 250 mil euros.

A proposta de regulamento, da Autoridade Nacional da Aviação Civil, está em discussão

pública... até dia 23.

ANEXO IIIr - "Meteorologia"

Pivô:

Muita chuva, possibilidade de trovoada e vento forte são as previsões para este fim de

semana. O mau tempo vai prolongar-se durante a próxima semana.

Texto:

Depois da bonança... a tempestade. A chuva e as temperaturas mais baixas vieram para ficar

pelo menos até à próxima semana.

Por isso, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou esta quinta-feira sob aviso

amarelo quatro distritos a sul do país: Faro, Évora, Setúbal e Beja.

De Norte a Sul, as temperaturas máximas vão descer entre 7 a 10º C, a chuva não vai dar

tréguas, com a possibilidade de ocorrência de trovoadas e vento forte.

Este é o cenário para os próximos dias, e no fim de semana vai piorar. Na segunda-feira, a

chuva mantém-se mas com menos intensidade. As melhorias só são esperadas no final da

próxima semana.

XXXV

ANEXO IIIs - "Centenária bate recorde mundial"

Pivô:

Uma americana de 100 anos tornou-se na atleta centenária mais rápida do mundo. É uma lição

de vida de uma mulher que começou a correr depois dos 60 anos, para tentar ultrapassar a dor

de perder dois filhos.

Texto:

A menos de um mês de completar 101 anos, bateu um recorde mundial. Ida Keeling correu,

no passado sábado, uma prova de 100 metros, para atletas com mais de 80 anos.

Ficou em último lugar, mas ainda assim alcançou o recorde da centenária mais rápida. Fez o

percurso num minuto e 17 segundos.

No final da prova, ainda antes de recuperar o fôlego, deu uma lição aos mais velhos... e não

só.

Vivo ‒ Ida Keeling (entrevista NBC Sports):

Ida, está cansada?

Sim.

Não imagino porquê. Com 100 anos...

Vou fazer 101 daqui a umas semanas.

Parabéns por ter completado a prova. O que quer mostrar às pessoas sobre o que é

possível na sua idade?

Amem-se. Façam o que têm a fazer e não o que querem fazer. Comam pela nutrição e não

pelo sabor. E façam exercício, pelo menos uma vez ao dia.

A norte-americana começou a correr aos 67 anos. Foi uma forma de superar a dor de ter

perdido dois filhos. Hoje, aos 100, não lhe falta energia.

ANEXO IIIt - "Meteorologia"

Pivô:

Os próximos dias vão ser de chuva e vento. As autoridades recomendam cuidados adicionais.

XXXVI

Texto:

O fim-de-semana está à porta mas não traz boas notícias. Este sábado, todos os distritos do

país e também o arquipélago da Madeira vão estar sob aviso amarelo. O alerta foi dado pelo

Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que pede cuidados redobrados em certas

situações. Passeios ou outras atividades ao ar livre vão ter de esperar mais uns dias.

Entre as nove da manhã e as nove da noite do dia de sábado, o país pode esperar muita chuva,

possibilidade de trovoada e vento forte que pode chegar aos 100 quilómetros por hora.

Para domingo, esperam-se algumas melhorias. Ainda assim, a chuva vai manter-se mas mais

moderada em todo o país.

ANEXO IIIu - "Ninho de falcões em varanda"

Pivô:

Num apartamento nos arredores de Lisboa, há uma família com vizinhos fora do comum. Um

casal de falcões-peneireiro fez ninho na varanda e tem agora seis crias.

Texto:

Maria olha pela janela não para ver as vistas mas para espreitar o que há de novo na

vizinhança. Zuzu e Margarida aumentaram a família e são seis as novas crias de falcão-

-peneireiro.

Vivo ‒ Maria Cotter:

"Mudámos algumas rotinas mas é giro acompanhar este crescimento."

Escolheram a floreira da família Cotter, às portas de Lisboa, para morar... há já três anos.

Vivo ‒ Pedro Cotter:

"Durante o ano inteiro, vão visitando a floreira. De manhã, vêm até aqui. É um território

que é deles, do casal. Depois, a partir de abril, eles vão andando mais tempo por aqui.

Durante o mês de abril, temos aqui os ovos e depois, durante o mês de maio, nascem e vão

crescendo. Depois, em junho, vão embora."

Para quem os quiser ver, há duas outras janelas viradas para a casa da família de falcões: a

página do facebook, que conta com mais de 21 mil gostos, e o canal do youtube, em direto das

9 da manhã às 9 da noite.

XXXVII

ANEXO IV - Entrevistas a coordenadores da SIC

ANEXO IVa - Entrevista a Ana Luísa Galvão, coordenadora da agenda da SIC

De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram

a agenda?

Os critérios de seleção da informação da agenda são semelhantes aos critérios de

seleção de notícias em geral (interesse público, novidade, proximidade). O facto de

trabalharmos num meio audiovisual pesa nesse critério de seleção, pois é preciso ter em conta

também o potencial do evento em termos de imagem: a chegada de um navio da Marinha a

um porto é obviamente mais interessante do que a assinatura do protocolo para a compra

desse mesmo navio. Agora, este trabalho de seleção de temas assenta essencialmente em

acontecimentos previstos (com dias, semanas e até meses de antecedência) e, por vezes,

sucede que determinado evento possa ter uma relevância agora que justifique o seu

agendamento mas, na altura em que efetivamente se realiza, perca toda a relevância

jornalística, ou vice-versa, o que depende de uma série de fatores decorrentes da atualidade

noticiosa. Por exemplo: um congresso de geólogos pode passar completamente despercebido

ou então ser fundamental, caso tenha ocorrido uma tragédia dessa natureza; o descerramento

de uma placa toponímica por um governante ou autarca pode ser irrelevante a nível nacional,

mas se alguma das individualidades presentes vier entretanto a ser acusada de algum crime, é

fundamental estar presente. Por esta razão, a triagem da informação na agenda tem uma

"malha" necessariamente mais alargada quando comparada com os conteúdos emitidos e

exige um sentido de alerta não só ao que é notícia mas ao que pode vir a ser, tendo em conta a

atualidade.

São agendados conteúdos tendo em vista particularmente o fim de semana? Se sim, que

tipo de conteúdos são esses?

Sim. Centramos o fim de semana em informação e acontecimentos com um caráter mais

lúdico, por um lado, e mais intemporal, por outro. São conteúdos que têm também em conta o

que o público/telespectadores procura. Normalmente, está mais disponível para notícias sobre

lazer (cinema, feiras, exposições, gastronomia, desporto...), assim como está mais aberto a

reportagens alargadas sobre os mais variados temas (saúde, imobiliário...). A informação

sobre o tempo, o trânsito nas autoestradas, por exemplo, ganha importância dada a mobilidade

XXXVIII

das pessoas durante o fim de semana, assim como há maior recetividade a temas relacionados

com a atualidade mas que não são obrigatoriamente notícia nesse dia: o custo dos manuais

escolares, leque de trabalhos para jovens no verão, etc. É claro que tudo isto cai por terra

quando se sobrepõe alguma situação particularmente grave e intensa, como fogos, acidentes,

criminalidade, golpes de Estado (no caso de acontecimentos imprevistos), ou eleições

legislativas ou presidenciais, cerimónias comemorativas, provas desportivas decisivas, etc.

Existem diferenças na agenda entre os dias de semana e os de fim de semana?

Há elementos básicos que integram a agenda: iniciativas onde participe o Presidente da

República, o Primeiro Ministro, os ministros, líderes dos partidos com assento parlamentar,

secretários-gerais das centrais sindicais, presidentes das confederações patronais, presidente

do Tribunal Constitucional ou do Supremo Tribunal de Justiça, a Procuradora-Geral da

República, ou figuras de incontornável interesse público (desde Mário Soares, Eunice Muñoz,

Ricardo Araújo Pereira ou Cristiano Ronaldo, para dar uma ideia), ao que acrescem ainda

eventos como greves em setores relevantes para o país, julgamentos de casos mais mediáticos,

datas relacionadas com atividades escolares (início e fim do ano letivo, datas de exames, etc.).

Não quer isto dizer que se faça sempre reportagem mas são informações que constam

necessariamente da agenda. Agora, as agendas das entidades oficiais referidas anteriormente

diminuem, por hábito, drasticamente ao fim de semana, não há atividade parlamentar, não há

aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à hotelaria ou a museus, por

exemplo). A lista, longe de ser exaustiva, dá uma ideia do que se fala quando refiro a

diminuição de assuntos a agendar ao fim de semana. Há, por norma, muito menos serviços

agendados ao fim de semana.

Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do

Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?

Sim. Além das diferenças decorrentes dos conteúdos de agenda "disponíveis" ao fim de

semana e durante a semana, no caso particular do Primeiro Jornal (mais até do que no Jornal

da Noite), há uma realidade que obriga ainda a diferentes opções editoriais determinadas

pelos públicos. Afinal, quem está em casa à hora do almoço? Durante a semana, são

sobretudo reformados, desempregados, domésticas e, em alguns pontos do país, pessoas que

trabalham mas que podem ir rapidamente almoçar a casa. Durante o fim de semana, a estes

juntam-se ainda as crianças e a população ativa. Uma mudança concentrada sobretudo nos

XXXIX

centros urbanos, em públicos com níveis superiores de literacia, mais poder de compra e

acesso a mais atividades de lazer. É uma viragem no público alvo, no perfil do telespectador a

que os critérios editoriais (não evitando nem fugindo à notícia pura e dura) não podem deixar

de se adaptar, refletindo-se nos alinhamentos de uma forma marcante. Mesmo que não mude

nem o pivô nem o coordenador, muda o telespectador e isso basta.

XL

ANEXO IVb - Entrevista a Maria João Ruela, coordenadora do fim de semana da SIC

De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram

o alinhamento do Primeiro Jornal ao fim de semana?

O critério é sempre ditado, por um lado, pela agenda do dia e, por outro, pelos acontecimentos

que entretanto surgem, sendo certo que há uma seleção dos assuntos sobre os quais fazemos

reportagens entre todos os que estão agendados. Por norma, um jornal deve sempre

acompanhar a atividade política do Presidente da República, Parlamento, Governo e parceiros

sociais. Há ainda temas de natureza social (justiça, segurança, migrações, saúde, educação...)

que fazem parte do alinhamento diário por incorporarem as maiores preocupações da opinião

pública. Os temas económicos ‒ banca, por exemplo ‒ e os temas internacionais ‒ atentados

terroristas ‒ ganharam uma importância crescente nos últimos anos. Depois, há obviamente

temas que são incluídos por resultarem de investigações próprias da redação.

Em média, num alinhamento de fim de semana, qual é a percentagem de conteúdos pré-

-agendados pela equipa de planeamento e a percentagem de conteúdos escolhidos pelo

coordenador do jornal?

Talvez 50/50.

Num alinhamento informativo, qual é a ordem das editorias que o integram? Essa

ordem é variável?

Não há uma ordem fixa mas diria que a regra tem sido abrir com temas de política/economia,

seguir com sociedade, internacional, desporto e cultura. Essa ordem varia todos os dias

consoante a atualidade e a importância de um acontecimento. Um atentado ‒ tema tratado

pelo internacional ‒ será sempre abertura no dia em que acontece.

No alinhamento de um jornal, há necessidade de criar "picos de interesse"? Se sim, de

que forma isso é feito?

Sim, para preencher por exemplo os tempos dos intervalos dos jornais da concorrência. É

feito com investigação própria, que dá origem a reportagens exclusivas.

Em média, ao fim de semana, qual a duração de uma peça e do jornal no seu todo?

Em média, uma peça tem cerca de dois minutos e o jornal cerca de uma hora e dez minutos.

XLI

Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do

Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?

Sim. A duração dos jornais é a primeira, em regra mais longos à semana do que ao fim de

semana, e a falta de "agenda" ao fim de semana que obriga à inclusão de reportagens de

natureza mais "leve", ligadas a temas que ocupam as famílias ao fim de semana ‒ lazer,

gastronomia, viagens.

XLII

ANEXO IVc - Entrevista a André Antunes, coordenador do Primeiro Jornal da SIC

De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram

o alinhamento do Primeiro Jornal durante a semana?

Seleciono os conteúdos com base em vários critérios. Por um lado, pela importância dos

assuntos, pela relevância na atualidade. É o caso de assuntos políticos ou económicos, que são

importantes para a vida geral do país. O mesmo se aplica a um assunto internacional mas que

na verdade nos pode dizer respeito a todos. E depois há as notícias ou as reportagens que

podem não ter toda esta importância mas ter grande "interesse do público".

Em média, num alinhamento de semana, qual é a percentagem de conteúdos pré-

-agendados pela equipa de planeamento e a percentagem de conteúdos escolhidos pelo

coordenador do jornal?

Cerca de 30 a 40%.

Num alinhamento informativo, qual é a ordem das editorias que o integram? Essa

ordem é variável?

Não há uma ordem estabelecida, varia todos os dias. A importância das notícias não está

relacionada com a editoria mas com o valor da história. Hoje o grande tema do jornal pode ser

um atentado em Nice, amanhã as buscas na CGD, depois a renovação de Fernando Santos

como selecionador nacional ou um grande incêndio no país.

No alinhamento de um jornal, há necessidade de criar "picos de interesse"? Se sim, de

que forma isso é feito?

Sim. Os jornais de televisão, nos dias de hoje, são bastante longos. Dessa forma, é preciso que

haja uma certa dinâmica no alinhamento, entre assuntos mais sérios e outros que possam dar

oportunidade ao espectador de relaxar. Por outro lado, é importante criar uma expectativa no

espectador de que ainda há mais coisas importantes e interessantes no jornal para serem

vistas. Esse efeito é muitas vezes criado através de promoções curtas ao longo dos jornais.

Em média, durante a semana, qual a duração de uma peça e do jornal no seu todo?

O jornal tem cerca de uma hora e meia (1:28:00) e as peças têm em média um minuto e meio

a dois minutos.

XLIII

Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do

Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?

Sim, sobretudo devido à duração dos jornais.

XLIV

ANEXO V - Alinhamentos do Primeiro Jornal (semana e fim de semana) da SIC

ANEXO Va - Alinhamento de sábado, 16 de janeiro de 2016

XLV

ANEXO Vb - Alinhamento de domingo, 17 de janeiro de 2016

XLVI

ANEXO Vc - Alinhamento de sábado, 30 de janeiro de 2016

XLVII

ANEXO Vd - Alinhamento de domingo, 31 de janeiro de 2016

XLVIII

ANEXO Ve - Alinhamento de sábado, 13 de fevereiro de 2016

XLIX

ANEXO Vf - Alinhamento de domingo, 14 de fevereiro de 2016

L

ANEXO Vg - Alinhamento de sábado, 27 de fevereiro de 2016

LI

ANEXO Vh - Alinhamento de domingo, 28 de fevereiro de 2016

LII

ANEXO Vi - Alinhamento de sábado, 12 de março de 2016

LIII

ANEXO Vj - Alinhamento de domingo, 13 de março de 2016

LIV

ANEXO Vk - Alinhamento de segunda-feira, 28 de março de 2016

LV

ANEXO Vl - Alinhamento de terça-feira, 29 de março de 2016

LVI

ANEXO Vm - Alinhamento de quarta-feira, 30 de março de 2016

LVII

ANEXO Vn - Alinhamento de quinta-feira, 31 de março de 2016

LVIII

ANEXO Vo - Alinhamento de sexta-feira, 1 de abril de 2016

LIX

ANEXO Vp - Alinhamento de segunda-feira, 2 de maio de 2016

LX

ANEXO Vq - Alinhamento de terça-feira, 3 de maio de 2016

LXI

ANEXO Vr - Alinhamento de quarta-feira, 4 de maio de 2016

LXII

ANEXO Vs - Alinhamento de quinta-feira, 5 de maio de 2016

LXIII

ANEXO Vt - Alinhamento de sexta-feira, 6 de maio de 2016