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Kelly da Rocha Martins
A LINHA TÉNUE ENTRE O JORNALISMO E O ENTRETENIMENTO: O CASO DA INFORMAÇÃO DIÁRIA E DE FIM DE SEMANA DA SIC
Relatório de Estágio de Mestrado em Comunicação e Jornalismo, orientado pela Doutora Maria Clara Almeida Santos, apresentado ao Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
2016
Faculdade de Letras
A LINHA TÉNUE ENTRE O JORNALISMO E O ENTRETENIMENTO: O CASO DA INFORMAÇÃO DIÁRIA E DE FIM DE SEMANA DA SIC
Ficha Técnica:
Tipo de trabalho Relatório de estágio
Título A Linha Ténue entre o Jornalismo e o
Entretenimento: O Caso da Informação Diária e de
Fim de Semana da SIC
Autor/a Kelly da Rocha Martins
Orientador/a Maria Clara Almeida Santos
Júri Presidente: Doutora Maria João Silveirinha
Vogais:
1. Doutora Maria Clara Almeida Santos
2. Mestre Luís Gouveia Monteiro
Identificação do Curso 2º Ciclo em Comunicação e Jornalismo
Área científica Jornalismo
Data da defesa 4-10-2016
Classificação 18 valores
i
RESUMO
A predisposição da sociedade para certo tipo de questões mais complexas e que
carregam o peso da importância é menor no final de uma semana de trabalho, sendo maior a
propensão para assuntos leves, simples e interessantes. Por outro lado, as agendas oficiais
parecem estar em consonância com estes interesses, estando ativas durante a semana e
estagnadas durante o fim de semana. É objetivo primordial do presente relatório averiguar de
que forma a produção noticiosa é condicionada por estes dois polos. Este trabalho é o reflexo
de seis meses de experiência de estágio na redação de informação da SIC e SIC Notícias, e
das opiniões que aí se foram formando. Na passagem de uma equipa de informação de fim de
semana para outra de produção noticiosa diária, várias diferenças foram sentidas, e são essas o
âmago deste trabalho.
O relatório encontra-se dividido em três secções. Na primeira, é feito um
enquadramento teórico em torno da produção noticiosa e da construção de um alinhamento
informativo, de modo a fornecer as luzes pertinentes para guiar este trabalho. Na segunda,
revela-se a experiência de estágio, sobre a qual é feito um exercício de interpretação e
discussão. Por fim, na terceira secção, procede-se a uma análise empírica exploratória, a fim
de sustentar e complementar este trabalho de reflexão.
Palavras-chave: Jornalismo Televisivo, Informação de fim de semana, Hard news vs. soft
news, Jornalismo vs. entretenimento, SIC.
ii
ABSTRACT
The society's predisposition for certain types of complex and important issues is smaller
at the end of a work week. Therefore, there is a higher tendency to go for light, simple and
interesting subjects at the weekend. On the other hand, the official agendas appear to be in
line with these interests, working actively during the week and staying inactive during the
weekend. The main purpose of this report is to verify how the news production is conditioned
by these two poles. This work is a reflection of a six months' internship in SIC and SIC
Notícias's newsroom, and it is also a reflection about the formed opinions about it. Going
from a weekend information team to a daily news production team revealed several
differences. And these differences are the core of this work.
The report is divided into three sections. At first, it is made a theoretical framework
around the news production and an informative alignment construction: this will provide the
appropriate guidelines to lead this work. In the second section, it is revealed the internship
experience, whereupon it is made an interpretation and discussion exercise. Finally, there is
an exploratory empirical analysis in order to support and complement this reflection work.
Keywords: Television journalism, Weekend news, Hard news vs. soft news, Journalism vs.
entertainment, SIC.
iii
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, por ser desde sempre o meu pilar e porto seguro. Ao meu pai de coração, por
ter estado ao lado dela a empurrarem-me para uma vida mais rica.
Ao meu pai, pela educação que me deu e o caráter que me incutiu.
Aos meus avós, pelo amparo incessante.
À minha tia Amélia e ao meu tio Agostinho, por terem sido o meu lar e segundos pais durante
este meio ano.
À minha tia Beatriz, pelo carinho.
À minha irmã, pelo amor incomparável e por ter suportado todas as vezes em que tive de
partir para tentar voltar alguém melhor.
À minha outra irmã, a Vânia, por seis anos de uma amizade verdadeira, pela partilha de
aventuras e pelo apoio incansável.
À Viviana, a amiga de sempre.
À minha professora orientadora, Doutora Clara Almeida Santos, pela disponibilidade,
prontidão e sabedoria.
Aos restantes professores de Licenciatura e Mestrado, pela minha formação académica e
pessoal.
À Faculdade de Letras e à Universidade de Coimbra, por seis anos de experiências ricas.
À SIC, por me ter aberto as portas para a última etapa deste percurso e por as ter mantido
abertas para esta nova fase que se segue.
Aos coordenadores das equipas por que passei, Ana Luísa Galvão, Maria João Ruela e André
Antunes, e aos restantes elementos que as compõem, por guiarem os meus primeiros passos
nesta aventura de ser jornalista.
Às minhas companheiras de estágio, pela alegria no trabalho.
A todos, um sincero obrigada. Cheguei aqui com o vosso apoio.
iv
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
SECÇÃO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................... 3
1. A notícia .............................................................................................................................. 3
2. O alinhamento noticioso ................................................................................................... 23
SECÇÃO II - EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO .................................................................... 29
1. A entidade acolhedora ...................................................................................................... 29
2. O estágio ........................................................................................................................... 34
2.1. Agenda ....................................................................................................................... 34
2.2. Fim de semana ............................................................................................................ 37
2.3. Primeiro Jornal ........................................................................................................... 40
SECÇÃO III - ANÁLISE EMPÍRICA EXPLORATÓRIA ............................................... 44
1. Metodologia ...................................................................................................................... 44
2. Apresentação e discussão dos dados ................................................................................. 47
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 66
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 68
ANEXOS .................................................................................................................................... I
ANEXO I - Peças realizadas durante o estágio na SIC .......................................................... I
ANEXO II - Peças realizadas na equipa de fim de semana da SIC ................................... IV
ANEXO IIa - "Festival do arroz em Lisboa" ........................................................................ IV
ANEXO IIb - "S. Barre em Portugal" .................................................................................... V
ANEXO IIc - "Novas crias do Zoo de Lisboa" ..................................................................... VI
ANEXO IId - "Fatos de Carnaval" ..................................................................................... VII
ANEXO IIe - "O Pequeno Ditador Cresceu" .................................................................... VIII
ANEXO IIf - "Comer gelados no inverno" ............................................................................ X
ANEXO IIg - "Gastronomia açoriana em Lisboa" ............................................................. XII
ANEXO IIh - "Tributo a Elvis Presley" ............................................................................ XIII
ANEXO IIi - "Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade" .................................. XV
ANEXO IIj - "Boxe solidário em Oeiras" ......................................................................... XVI
ANEXO IIk - "Atividades nas férias da Páscoa" ............................................................ XVIII
ANEXO III - Peças realizadas na equipa do Primeiro Jornal da SIC ............................ XX
v
ANEXO IIIa - "Meteorologia" ............................................................................................ XX
ANEXO IIIb - "Meteorologia" ........................................................................................... XX
ANEXO IIIc - "Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM" ........................ XXI
ANEXO IIId - "Vandalismo em Escola Secundária" ...................................................... XXII
ANEXO IIIe - "Doenças respiratórias" ............................................................................ XXII
ANEXO IIIf - "Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas" ........................................ XXIII
ANEXO IIIg - "Sobre-endividamento em Portugal" ...................................................... XXIV
ANEXO IIIh - "Romaria a cavalo na Moita" ................................................................... XXV
ANEXO IIIi - "Homicídio em Salvaterra de Magos" ..................................................... XXVI
ANEXO IIIj - "Bebé nasce 55 dias após morte da mãe" ............................................... XXVII
ANEXO IIIk - "Empregos em risco na Azambuja" ....................................................... XXVII
ANEXO IIIl - "Treinar como um astronauta" .............................................................. XXVIII
ANEXO IIIm - "«Hortas na escola, legumes no prato»" ................................................ XXIX
ANEXO IIIn - "Previsões do estado do tempo" .............................................................. XXX
ANEXO IIIo - "Unidade móvel de apoio ao emprego" .................................................. XXXI
ANEXO IIIp - "Obras no Eixo Central de Lisboa" ....................................................... XXXII
ANEXO IIIq - "Novas regras para uso de drones" ...................................................... XXXIII
ANEXO IIIr - "Meteorologia" ..................................................................................... XXXIV
ANEXO IIIs - "Centenária bate recorde mundial" ....................................................... XXXV
ANEXO IIIt - "Meteorologia" ...................................................................................... XXXV
ANEXO IIIu - "Ninho de falcões em varanda" ........................................................... XXXVI
ANEXO IV - Entrevistas a coordenadores da SIC .................................................... XXXVII
ANEXO IVa - Entrevista a Ana Luísa Galvão, coordenadora da agenda da SIC ...... XXXVII
ANEXO IVb - Entrevista a Maria João Ruela, coordenadora do fim de semana da SIC .... XL
ANEXO IVc - Entrevista a André Antunes, coordenador do Primeiro Jornal da SIC ..... XLII
ANEXO V - Alinhamentos do Primeiro Jornal (semana e fim de semana) da SIC ... XLIV
ANEXO Va - Alinhamento de sábado, 16 de janeiro de 2016 ....................................... XLIV
ANEXO Vb - Alinhamento de domingo, 17 de janeiro de 2016 ...................................... XLV
ANEXO Vc - Alinhamento de sábado, 30 de janeiro de 2016 ....................................... XLVI
ANEXO Vd - Alinhamento de domingo, 31 de janeiro de 2016 ................................... XLVII
ANEXO Ve - Alinhamento de sábado, 13 de fevereiro de 2016 .................................. XLVIII
ANEXO Vf - Alinhamento de domingo, 14 de fevereiro de 2016 ................................. XLIX
ANEXO Vg - Alinhamento de sábado, 27 de fevereiro de 2016........................................... L
vi
ANEXO Vh - Alinhamento de domingo, 28 de fevereiro de 2016 ...................................... LI
ANEXO Vi - Alinhamento de sábado, 12 de março de 2016 .............................................. LII
ANEXO Vj - Alinhamento de domingo, 13 de março de 2016 ......................................... LIII
ANEXO Vk - Alinhamento de segunda-feira, 28 de março de 2016 ................................ LIV
ANEXO Vl - Alinhamento de terça-feira, 29 de março de 2016......................................... LV
ANEXO Vm - Alinhamento de quarta-feira, 30 de março de 2016 .................................. LVI
ANEXO Vn - Alinhamento de quinta-feira, 31 de março de 2016 .................................. LVII
ANEXO Vo - Alinhamento de sexta-feira, 1 de abril de 2016 ........................................ LVIII
ANEXO Vp - Alinhamento de segunda-feira, 2 de maio de 2016 .................................... LIX
ANEXO Vq - Alinhamento de terça-feira, 3 de maio de 2016 ............................................ LX
ANEXO Vr - Alinhamento de quarta-feira, 4 de maio de 2016 ........................................ LXI
ANEXO Vs - Alinhamento de quinta-feira, 5 de maio de 2016 ....................................... LXII
ANEXO Vt - Alinhamento de sexta-feira, 6 de maio de 2016 ........................................ LXIII
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Aspetos intervenientes na classificação noticiosa .................................................... 18
Tabela 2. Distribuição por editoria das hard news e soft news do Primeiro Jornal .................. 56
Tabela 3. Distribuição por editoria das hard news e soft news de fim de semana ................... 63
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Presença de termos "coletivos" e de "auto-referência" nas notícias (1980 ‒ 2000) .. 16
Figura 2. Aumento de soft news (1980 ‒ 2000) ........................................................................ 16
Figura 3. Tempo médio de duração do jornal ........................................................................... 48
Figura 4. Número médio de notícias por alinhamento ............................................................. 48
Figura 5. Tempo médio de duração da notícia ......................................................................... 49
Figura 6. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal ......................................... 50
Figura 7. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Sociedade.......................... 52
Figura 8. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Economia .......................... 53
Figura 9. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Internacional ..................... 54
Figura 10. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Desporto ......................... 54
Figura 11. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Política ............................ 55
Figura 12. Percentagem de hard news e soft news no Primeiro Jornal .................................... 56
Figura 13. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana......................................... 58
Figura 14. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Sociedade ......................... 59
Figura 15. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Internacional..................... 59
Figura 16. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Desporto ........................... 60
Figura 17. Peso das presidenciais nas notícias de política de fim de semana .......................... 61
Figura 18. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Política ............................. 61
Figura 19. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Economia ......................... 62
Figura 20. Percentagem de hard news e soft news na informação de fim de Semana ............. 64
1
INTRODUÇÃO
A informação que irrompe pelas casas dos consumidores de notícias através dos seus
televisores é a mais variada, desde eventos políticos a provas desportivas, ou de julgamentos
mediáticos a conteúdos de lazer. A incomensurabilidade de assuntos reflete, a montante, a
matéria disponível para ser trabalhada pelo jornalista e, a jusante, aquilo que este considera
serem os interesses das audiências.
Tendo isto em conta, é possível conceber que, se, a montante, nos dois dias de descanso
semanal convencionados em grande parte do mundo, não se verifica ‒ pelo menos em grande
escala ‒ atividade política, judicial, parlamentar, escolar e até sindical e de protesto, fica
comprometido o trabalho do jornalista, por carência de matéria prima. É neste contexto de
escassez que sobrevêm nos jornais televisivos as notícias "em pasta", que, sendo
obrigatoriamente intemporais, não exigem difusão imediata. Na sua maioria, ao caráter da
intemporalidade está associado o valor do interesse. Uma distinção redutora, como a dado
momento é feita por Gaye Tuchman (1973), permite-nos uma ramificação em duas partes: por
um lado, as notícias interessantes e, como mencionámos, intemporais; por outro, as
importantes, que não permitem, salvo raras exceções, uma divulgação ulterior.
Os conteúdos noticiosos que integram a informação de fim de semana são igualmente
condicionados por fatores a jusante. Os noticiários espelham o tipo de público alvo e as
respetivas predisposições para determinado tipo de informação. No caso de sábado e
domingo, as audiências são distintas das que acompanham os noticiários análogos durante a
semana, e, findos os cinco dias de labor, aumenta a propensão para temas mais leves e
agradáveis. Acresce ainda o facto de, como sabemos, o fim de semana ser convencionalmente
tempo de descanso e lazer, o que desponta também nos públicos interesse em conhecer as
novas ofertas do mercado.
Porém, não é em nenhum destes dois pontos do continuum que o nosso trabalho incide,
mas sim no da produção noticiosa, aquele que pudemos acompanhar e experienciar no
decorrer do estágio curricular alvo deste relatório. Não obstante ‒ e precisamente por se tratar
de um continuum ‒, todos estes elementos se correlacionam e condicionam mutuamente. Por
esse motivo, não perdemos de vista os agentes a montante e a jusante ao observarmos, no
processo de produção jornalística, o papel do gatekeeper, tendo em consideração que as
notícias são o resultado da cultura profissional dos jornalistas, da organização do trabalho e
dos processos produtivos, como defendido pela teoria do newsmaking. Como tal, olhamos
2
para esses mecanismos de organização, em particular para os valores-notícia e a tipificação
dos enunciados jornalísticos, sendo a mais clássica a separação entre hard news e soft news.
Por fim, importa atentar também sobre, não apenas "«a estória», mas [o] complexo de
«estórias» que funcionam juntas para formar uma coisa a que chamamos «noticiário»"
(Carlson apud Gomes, 2012: 205) e de que modo este é estruturado por forma a captar e a
prender a atenção das audiências.
O estudo a que nos propomos é realizado a partir das vivências tidas no estágio que
motivou a elaboração do presente relatório e que decorreu na redação de informação principal
da SIC e SIC Notícias ao longo de um período de seis meses. A escolha de cada uma das três
equipas pelas quais passei, embora não propositada com vista ao desenvolvimento da presente
temática, revelou-se profícua para tal, sendo a experiência em cada equipa pertinente e
necessária para a construção do quadro conclusivo.
Em termos estruturais, uma primeira secção dá espaço aos contributos e ensinamentos
de teóricos e académicos sobre a construção noticiosa da parte ‒ a notícia ‒ e do todo ‒ o
alinhamento informativo. O fito é o de obtermos a luz da sabedoria e do conhecimento para
guiar o nosso percurso e fundamentar a nossa análise.
Numa segunda parte deste relatório, centramos o nosso olhar na experiência de estágio,
dando, antes de mais, a conhecer a empresa que nos acolheu, com destaque para a estação
televisiva que hoje é, resultado em grande parte das mudanças dos últimos meses provocadas
por uma reestruturação do grupo mediático e particularmente da empresa de televisão.
Ademais e sobretudo, olhamos para o trabalho realizado, do qual emergiram opiniões e
reflexões sobre a produção ‒ que se quer ‒ informativa. Aqui reside o cerne deste relatório.
Por último, é posto em marcha um trabalho de análise empírica a fim de confrontar e
alicerçar o exercício de reflexão e consequentes conclusões que emergiram no correr do meio
ano de estágio e agora manifestos nas páginas do presente documento.
3
SECÇÃO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. A notícia
As notícias são aquilo que os jornalistas definem como tal.
(Altheide apud Wolf, 2009 [1987]: 190)
Para um enquadramento teórico da questão que levantamos neste relatório ‒ se existem
diferenças de conteúdo entre os noticiários televisivos, no caso particular do Primeiro Jornal
da SIC, da semana e os do fim de semana ‒, urge a necessidade de convocar algumas teorias e
conceitos do Jornalismo. Desde logo, é preciso refletir sobre as teorias do gatekeeping e do
newsmaking, que olham para o papel do jornalista, enquanto agente que seleciona a
informação e constrói a realidade, inserido num quadro de condicionantes internas e externas.
No seguimento desta reflexão, torna-se importante um olhar sobre os critérios de
noticiabilidade e valores-notícia, e o papel que têm no trabalho do gatekeeper. Abordar a
questão das hard news e soft news é também relevante, no sentido em que importa perceber
com que (tipo de) notícias se compõem os alinhamentos, cujo processo de construção será
também alvo do nosso olhar.
Gatekeeping
Em meados do século XX, mais concretamente em 1947, um psicólogo alemão de seu
nome Kurt Lewin falava, pela primeira vez, em gatekeeping, num artigo em que analisava as
decisões domésticas quanto à aquisição de alimentos. Lewin procurou saber quais os
alimentos que chegavam à mesa das famílias, quem os escolhia e com base em que fatores. O
psicólogo concluiu que a triagem era realizada pela dona de casa, de acordo com os fatores
"oferta", "preços" e outros. A dona de casa era, desta forma, um "filtro", uma gatekeeper
("porteira", de acordo com a tradução comummente empregada), que decidia o que chegava à
mesa.
Anos mais tarde, em 1950, a metáfora do gatekeeper foi aplicada pela primeira vez aos
jornalistas, por David Manning White. O sociólogo procurou explicar o processo de seleção
4
noticiosa1, através da identificação dos gates (os "portões") que controlam a "entrada" dos
acontecimentos passíveis de serem notícia. Segundo esta teoria, o processo de produção
noticiosa é "concebido como uma série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por
diversos gates, isto é, «portões» que não são mais do que áreas de decisão em relação às quais
o jornalista, isto é o gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa notícia ou não" (Traquina,
2007: 77). O estudo de White incidiu sobre o trabalho de um jornalista norte-americano, "Mr.
Gates", que tinha a seu cargo a função de selecionar, de entre a grande quantidade de
informações que chegavam das agências de notícias à sua redação, aquelas que seriam
noticiadas. Cerca de nove em cada dez despachos das agências era eliminado. Com este
estudo pioneiro, o sociólogo concluiu que o processo de seleção da informação é pessoal e
subjetivo, dependente do quadro normativo, dos conhecimentos e experiências do próprio
gatekeeper. Conclui-se, assim, que a análise de White é microssociológica (Traquina, 2007:
78), na medida em que se trata de um estudo focado meramente no produtor da informação: o
jornalista. Daí que estudos seguintes tenham posto em causa as conclusões de White. Hirsch
(1977), por exemplo, realçou, à semelhança de White, o exercício da liberdade do jornalista,
mas situou-o "dentro de uma latitude limitada" (Traquina, 2007: 79) pelas normas
profissionais. Prova disso é que, entre os motivos pelos quais "Mr. Gates" descartava certos
despachos, destacavam-se as razões profissionais e organizacionais (nomeadamente, a falta de
espaço, a redundância, a falta de interesse jornalístico ou de qualidade na escrita). Desta
forma, "o [caráter] individual da [atividade] do gatekeeper é ultrapassado, acentuando-se, em
particular, a ideia da [seleção] como processo hierarquicamente ordenado e ligado a uma rede
complexa de feed-back" (Wolf, 2009 [1987]: 181). Foi nestes fatores exteriores ao jornalista
que incidiram os estudos seguintes. Contudo, "[o] mérito destes primeiros estudos foi o de
individualizarem onde, em que ponto do aparelho, a [ação] de filtro é exercida explícita e
institucionalmente" (Wolf, 2009 [1987]: 181).
Em 1956, Walter Gieber executou um estudo análogo ao de White, com base em
dezasseis jornais norte-americanos. Destacando-se da posição do sociólogo pioneiro, Gieber
concluiu que os fatores subjetivos pesam pouco na seleção noticiosa quando comparados com
a relevância dos aspetos organizacionais e, sobretudo, os transorganizacionais, ou seja,
institucionais. Já na década seguinte (em 1964), o autor foi mais longe e apontou os fatores
que mais intervêm na passagem dos acontecimentos "em bruto" pelos gates: o número de
1 Consideraremos, ao longo deste trabalho, a "notícia" como um enunciado jornalístico e não enquanto um género.
5
notícias disponíveis, o tamanho da história e a inevitável pressão temporal inerente à imprensa
(Sousa, 2008).
TambémWestley e MacLean (1957) consideraram o gatekeeping um fenómeno
essencialmente organizacional, pois é notícia aquilo que, no seio de uma organização
mediática, os jornalistas calculam que o público quer, de acordo com o feedback obtido ‒ em
televisão, por meio das audiências (Sousa, 2008: 17).
Newsmaking
É precisamente a importância da questão organizacional na produção de informação que
nos serve de ponte para a teoria do newsmaking. Teoria essa que pressupõe que as notícias são
o resultado da cultura profissional dos jornalistas, da organização do trabalho e dos processos
produtivos. No meio da "superabundância de acontecimentos" (Tuchman apud Wolf, 2009
[1987]: 188), torna-se necessária a organização do trabalho jornalístico, que Gaye Tuchman
considera mesmo um dever.
[...] os órgãos de informação, para produzirem notícias, devem cumprir três obrigações:
1. devem tornar possível o reconhecimento de um facto desconhecido (inclusive os que são [excecionais])
como acontecimento notável;
2. devem elaborar formas de relatar os acontecimentos que não tenham em conta a pretensão de cada
facto ocorrido a um tratamento idiossincrásico;
3. devem organizar, temporal e espacialmente, o trabalho de modo que os acontecimentos noticiáveis
possam afluir e ser trabalhados de uma forma planificada. Estas obrigações estão relacionadas entre si.
(Tuchman apud Wolf, 2009 [1987]: 188)
Em 1978, a socióloga Gaye Tuchman foi das primeiras teóricas a procurar provar que as
notícias são "construções da realidade", deitando por terra os estudos anteriores que as
consideravam "espelhos da realidade". As teorias construtivistas, emergidas nos anos 70 com
base em estudos etnográficos, defendem a impossibilidade de uma separação entre a realidade
e os media porque 1) as próprias notícias ajudam a construir a realidade, 2) a linguagem não é
neutra e, por isso, não pode ser mero veículo de transmissão dos acontecimentos, e 3) os
aspetos organizacionais do trabalho jornalístico, as limitações orçamentais e a
imprevisibilidade dos acontecimentos obrigam a uma estruturação da representação dos
mesmos (Traquina, 2007: 95). Deste modo, "a notícia, como todos os documentos públicos, é
uma realidade construída possuidora da sua própria validade interna" (Tuchman apud ibidem).
Tal construção é, no entanto, dependente, orientada ou constrangida pelas rotinas produtivas,
6
pela forma como são selecionados e capturados os assuntos passíveis de serem notícia, pela
relação dos jornalistas com as fontes, pelos mecanismos de "objetivização" dos enunciados
noticiosos, pelo fator tempo e a forma como condiciona a classificação das notícias e pelos
enquadramentos (mais conhecidos nos estudos de Comunicação como framing), ou seja, os
quadros contextuais que dão sentido às mensagens (Tuchman apud Sousa, 2008: 32).
Outros autores argumentaram também que o processo de produção noticiosa está sujeito
a constrangimentos organizacionais. Richard Hoggart (1976) foi um desses teóricos,
enumerando os fatores pressão temporal [a que também Philip Schlesinger (1988) se referiu,
ao afirmar que os jornalistas vivem sob uma "cultura do cronómetro" (cf. infra)],
disponibilidade de recursos e tecnologias, espaço geográfico que o medium é "obrigado" a
cobrir, valores-notícia e o fator ecossistema ideológico e cultural (Sousa, 2008: 35).
Também a natureza e a dimensão da audiência e do mercado são intervenientes na
produção jornalística. Shoemaker (1991) abordou o peso que os públicos e aquilo que
desejam ver (ou os jornalistas julgam que estes desejam ver) tem sobre o processo de fabrico
das notícias. Já Chomsky e Herman (1988) alertaram para a influência dos anunciantes e
outros financiadores dos media, em particular, na hora de selecionar o que é e o que não é
notícia. Daqui se compreende que os constrangimentos financeiros sejam outro aspeto a pesar
na "construção da realidade".
Como já mencionado, um outro autor que refletiu sobre o papel dos fatores extrínsecos
aos jornalistas na seleção e produção noticiosa foi Schlesinger. Ao estudar o caso das
televisões do Reino Unido (1988), constatou a importância do fator tempo e afirmou
inclusivamente que os jornalistas vivem sob uma "cultura do cronómetro". A questão
temporal interfere no mundo noticioso de diferentes formas: exclui à partida acontecimentos
que ocorrem fora do horário de trabalho dos jornalistas, salvo assuntos de extrema
importância; obriga os jornalistas a tratarem a informação de forma superficial e sem
contexto; leva os jornalistas a relatarem notícias em situações de incerteza, com poucos dados
e apresentando por vezes informação assente em especulações (daí o frequente recurso a
verbos conjugados no futuro do presente composto do indicativo como mecanismo de
salvaguarda); e coloca em vantagem as fontes cuja disponibilidade horária coincide com a dos
jornalistas (Sousa, 2008: 36).
Conclui-se, assim, que "existe uma vasta gama de [fatores] sociais internos e externos às
organizações noticiosas que são [suscetíveis] de influenciar e constranger o conteúdo e forma
das notícias independentemente das vontades pessoais" (Sousa, 2008: 37). Entre esses fatores,
encontram-se os valores-notícia.
7
Noticiabilidade e valores-notícia
Se, por um lado, ‒ como afirma Garbarino (apud Wolf, 2009 [1987]: 189) ‒ estamos
perante uma cultura profissional complexa ‒ desde logo devido à instabilidade, variabilidade e
imprevisibilidade dos acontecimentos ‒, por outro, existem convenções profissionais que
determinam o que é notícia, legitimam a produção jornalística e permitem aos profissionais
defenderem-se de críticas ao seu trabalho. Falamos, pois, dos critérios de noticiabilidade ou
valores-notícia.
Definida a noticiabilidade como o conjunto de elementos através dos quais o órgão informativo controla e
gere a quantidade e o tipo de acontecimentos, de entre os quais há que [selecionar] as notícias, podemos
definir os valores/notícia (news values) como uma componente da noticiabilidade.
(Wolf, 2009 [1987]: 195)
Os valores-notícia são, portanto, um quadro de referência que permite definir quais os
acontecimentos suficientemente relevantes, significativos e interessantes para passarem no
crivo do noticiável.
Várias são as vozes que se opõem às noções de "critérios de noticiabilidade" e "valores-
-notícia". Entre os motivos, está, por exemplo, a ideia de que a notícia é tão impossível de
predizer quanto o próprio acontecimento em si. Certo é que os critérios de noticiabilidade
continuam a ser uma matriz para o trabalho do jornalista. Também por esse motivo, diversos
autores têm-se debruçado sobre esta matéria, e, à semelhança do que temos vindo a fazer
nestas páginas destinadas a um enquadramento teórico, procuraremos apresentar várias
perspetivas, ainda que muitas vezes semelhantes.
O primeiro esforço para identificar sistemática e exaustivamente os valores-notícia foi
feito por Johan Galtung e Mari Holmboe Ruge, em 1965. Os autores centraram-se na teoria do
gatekeeping e analisaram os critérios que intervêm neste processo, introduzindo a ideia de que
os valores-notícia se sobrepõem à subjetividade do gatekeeper. Galtung e Ruge destacaram,
então, os seguintes critérios de noticiabilidade: a frequência, ou seja, o espaço de tempo
necessário para o acontecimento se desenrolar e adquirir significado, sendo que, quanto mais
a frequência do acontecimento se aproximar da do medium, maior a probabilidade de se tornar
notícia; a amplitude do evento, destacando-se o que é mais intenso ou afeta mais pessoas; a
clareza, na medida em que um acontecimento que não suscite dúvidas ou crie ambiguidade
possui maior probabilidade de ser noticiado; a significância, que tanto diz respeito à
relevância do assunto como à proximidade geográfica e cultural, resultando, de ambas as
8
formas, na questão do impacto; a consonância com as expectativas; o inesperado, como é o
caso das catástrofes naturais; a continuidade como notícia daquilo que antes já havia
adquirido noticiabilidade; a composição, isto é, a necessidade de manter o equilíbrio
informativo, alcançado através da diversidade de assuntos; a referência a nações de elite; a
referência a pessoas de elite; a personalização, no sentido em que histórias que apresentem
uma vertente pessoal são mais facilmente noticiadas, pois permitem uma identificação por
parte do público; a negatividade, ou seja, o predomínio da máxima "bad news is good news"
("as más notícias são notícias boas"2). Galtung e Ruge justificam o fascínio pela negatividade
com determinados fatores, que um olhar mais atento percebe que correspondem a outros
valores- -notícia identificados pelos autores, nomeadamente:
a) as notícias negativas satisfazem melhor o critério de frequência; b) são mais facilmente consensuais e
inequívocas, no sentido em que haverá acordo acerca da interpretação do acontecimento como negativo;
c) são mais consonantes com, pelo menos, algumas pré-imagens dominantes do nosso tempo; d) são mais
inesperadas do que as positivas, tanto no sentido de que os acontecimentos referidos são mais raros,
como no sentido de que são menos previsíveis.
(Traquina, 2007: 181-182, grifos da autora)
Já Mauro Wolf (2009 [1987]), partindo de vários outros estudos [como os de Golding e
Elliott (1979), Gans (1979) e Schlesinger (1978), entre outros], avança com uma proposta de
identificação de valores-notícia, que "arrumou" em cinco "gavetas": 1) critérios relativos ao
próprio conteúdo; 2) critérios relativos ao produto informativo; 3) critérios relativos ao
medium; 4) critérios relativos ao público; e 5) critérios relativos à concorrência.
1) Quanto aos critérios relativos ao conteúdo, o autor identifica dois: a importância e o
interesse. O primeiro critério assenta em quatro pilares: grau e nível hierárquico dos
intervenientes, impacto sobre a nação e o interesse nacional, quantidade de pessoas
envolvidas real ou potencialmente; e a significatividade da evolução do acontecimento. Já o
interesse decorre de uma avaliação mais subjetiva, estando "estreitamente ligado às imagens
que os jornalistas têm do público e também ao valor/notícia que Golding e Elliott definem
como «capacidade de entretenimento»" (Wolf, 2009 [1987]: 205). De acordo com Golding e
Elliott (Wolf, 2009 [1987]: 205), o interessante é por si só um valor-notícia, mas é também
uma ferramenta de trabalho dos jornalistas usada por forma a cativar e prender o recetor, seja
ele leitor, ouvinte, telespectador ou até internauta. Os autores defendem ainda que "não há
muita utilidade em fazer um tipo de jornalismo aprofundado e cuidadoso, se a audiência
2 Tradução livre da autora.
9
manifesta o seu aborrecimento mudando de canal". Gente comum em situações insólitas ou
figuras públicas surpreendidas na sua vida privada, histórias em que exista inversão de papéis
(como o clássico princípio de Amus Cummings d'"o homem que mordeu o cão"), histórias de
interesse humano, e de feitos excecionais ou heróicos são alguns exemplos apontados por
Gans de histórias que correspondem ao valor-notícia interesse.
2) O segundo conjunto de valores-notícia proposto por Mauro Wolf é o das
características relativas ao produto informativo. Em relação a estas, o autor convoca um
critério mencionado por Golding e Elliott: o da brevidade, que pode ser visto tanto como
característica do produto como critério de seleção noticiosa. Este valor-notícia é
particularmente importante no jornalismo televisivo, em que a informação é necessariamente
curta. Um outro valor é o da já referida máxima "bad news is good news", segundo a qual
constitui notícia aquilo que representa um desvio à normalidade: quanto maior for a
negatividade associada ao acontecimento, maior é a sua noticiabilidade. A atualidade é outro
valor de peso, sendo que "as notícias devem referir-se a acontecimentos o mais possível em
cima do momento da transmissão do noticiário" (Golding e Elliott apud Wolf, 2009 [1987]:
208). É, portanto, o caratér de urgência, decorrente da efemeridade do produto, que obriga,
por vezes, a deixar de parte o rigor, a contextualização e o esclarecimento. A qualidade da
história ‒ um outro valor-notícia ‒ é alicerçada, conforme Gans, na ação (a notícia é tanto
melhor quanto mais ação demonstrar), no ritmo (mecanismo utilizado quando a história em si
é desprovida de ação), na exaustividade (quanto maior o número de dados informativos e/ou
de pontos de vista, maior é a qualidade da história), na clareza da linguagem e na existência
de standards técnicos mínimos. Um último valor-notícia relativo ao produto informativo é o
de uma composição equilibrada. Este critério pressupõe que um acontecimento, ainda que seja
desprovido de qualquer outro valor-notícia, possa ser noticiado a fim de constituir-se como
elemento de equilíbrio num noticiário (preocupação a ter na construção dos alinhamentos, de
que falaremos mais à frente), bem como na cobertura mediática: geográfica, de classes sociais
ou até política (caso mais visível), evitando diferenças de cobertura entre o litoral e o interior
do país, entre classe alta e classe baixa ou entre partidos, por exemplo.
3) Já os critérios relativos ao órgão de comunicação (em particular, no caso da
televisão) são, segundo Wolf, os seguintes: uma boa imagem, que "fale por si", isto é, que seja
significativa, capaz de ilustrar o acontecimento. A proeminência da imagem no jornalismo
televisivo é traduzida no princípio "escrever para as imagens", que significa que o elemento
principal é a imagem e o texto deve adaptar-se a ela. Em casos como notícias sobre catástrofes
ou atos terroristas, por exemplo, é frequente ouvir-se a expressão "As imagens falam por si."
10
Trata-se de situações em que, compreensivelmente, faltam as palavras, e a imagem "toma as
rédeas" do enunciado jornalístico. Este valor está intrinsecamente relacionado, por um lado,
com a finalidade de entreter o público e lhe oferecer um produto interessante, e, por outro,
com o cuidado para não cair no sensacionalismo e não ultrapassar os limites da decência e do
bom gosto. A frequência é um outro valor assinalado por Wolf enquanto critério relativo ao
medium, e diz respeito ao tempo necessário para o acontecimento adquirir significado
(Galtung e Ruge apud Wolf, 2009 [1987]: 211). Por conseguinte, quanto menor for a duração
de ocorrência do acontecimento, maior é a probabilidade de se tornar notícia, dado que, no
âmbito televisivo, são privilegiados os episódios únicos, pontuais e finitos num curto espaço
de tempo. O formato ‒ último critério relativo ao órgão de comunicação mencionado por
Wolf ‒ implica, por sua vez, uma notícia composta por introdução, desenvolvimento e
conclusão, ou seja, uma estrutura narrativa.
4) Ao falarmos de valores-notícia assentes em critérios relativos à audiência, falamos
indiscutivelmente de "interesse público" e "interesse do público". Gans (apud Wolf, 2009
[1987]: 214) identifica, neste contexto, três tipos de notícias que possuem, no seu entender,
valor-notícia: as notícias que facilitam uma identificação por parte do recetor, as chamadas
"notícias-de-serviço" e as notícias ligeiras, interessantes e pouco pormenorizadas. Wolf
acrescenta ainda o valor da proteção, no sentido de evitar noticiar aquilo que possa provocar
choque ou ansiedade no público.
5) A concorrência é também (muito) determinante no processo produtivo da
informação. Partindo do olhar de Gans, a competição entre órgãos de comunicação resulta na
disputa por exclusivos, pela invenção de novas rubricas e por destaques. Wolf argumenta que
desta realidade dimana uma propensão para a fragmentação, para centrar a cobertura
informativa em personalidades de elite, preterindo, destarte, uma visão holística da realidade
social. Uma outra tendência concorrencial é a seleção de notícias a partir da expectativa de
que os media concorrentes as irão escolher também. Estas expectativas recíprocas e
consequente homogeneização da informação impedem a novidade e a diferença. Também
assim, a competição tem um papel na definição de parâmetros e modelos profissionais.
Mais recentemente, também Nelson Traquina (2002) se debruçou sobre os "óculos
particulares" com que os jornalistas veem o mundo, melhor dizendo, os valores-notícia. O
autor procurou sintetizar, complementar e organizar as propostas de Galtung e Ruge (1965) e
de Wolf (1987), aludindo também a outros académicos. Traquina "pegou", então, nos valores-
-notícia já definidos por outros teóricos e ordenou-os de acordo com a perspetiva de Wolf,
distinguindo-os entre 1) valores de seleção e 2) valores de construção, separação assim
11
reformulada por Nelson Traquina. Segundo Mauro Wolf (2009 [1987]: 196), "os
valores/notícia são critérios de relevância espalhados ao longo de todo o processo de
produção; isto é, não estão presentes apenas na [seleção] das notícias, participam também nas
operações posteriores". Seguindo esta linha de pensamento, Traquina organiza os valores-
-notícia numa sequência, desde o momento da seleção do acontecimento até à construção do
enunciado jornalístico.
1) Partindo dos valores-notícia de seleção, o académico estabelece uma divisão entre
dois grupos: os critérios substantivos, por um lado, e os critérios contextuais, por outro. Se os
primeiros dizem respeito aos aspetos pelos quais se avalia diretamente um acontecimento ‒
que podemos fazer corresponder aos critérios relativos ao conteúdo de que fala Wolf ‒, os
segundos prendem-se com o contexto da produção noticiosa ‒ são sobretudo os critérios
relativos ao produto, aos media e à concorrência, na linguagem de Wolf. Os critérios
substantivos são, então, a morte, pois "[onde] há morte, há jornalistas" (Traquina, 2007: 187);
a notoriedade das pessoas envolvidas [recordemos que, para Galtung e Ruge (Traquina, 2007:
188), "[quanto] mais o acontecimento disser respeito às pessoas de elite, mais provavelmente
será transformado em notícia"]; a proximidade, principalmente a geográfica e a cultural
[recuperemos a chamada "Lei de McLurg", que parte do exemplo de um desastre para
explicar a existência de uma relação direta entre o número de vítimas e a distância geográfica
na hora de avaliar a noticiabilidade de um acontecimento: "um europeu equivale a 28
chineses, 2 mineiros galeses equivalem a 100 paquistaneses" (Schlesinger apud Wolf, 2009
[1987]: 204)]; a relevância, que diz respeito à preocupação de informar o público sobre o que
é importante, que tem impacto na vida das pessoas; a novidade (mesmo quando se retoma um
assunto antigo, é necessário que haja algum elemento novo); o fator tempo, seja por noticiar o
atual ou a efeméride; o impacto do acontecimento no seio da comunidade jornalística; a
notabilidade, valor-notícia que traduz o fascínio pelo acontecimento em si e o desprezo pelas
problemáticas e pelo contexto. ‒ Traquina refere certos registos da notabilidade,
nomeadamente a quantidade (sobretudo das pessoas envolvidas), a inversão dos papéis (mais
facilmente é notícia a história d'"o homem que mordeu o cão" do que a de um cão que morda
um homem), o insólito, a falha, o excesso ou a escassez, e o descomunal ou o exíguo. ‒
Outros valores-notícia substantivos identificados por Traquina são o inesperado, aquilo que
irrompe da normalidade e surpreende; o conflito ou a controvérsia; e a infração, em outras
palavras, a transgressão das normas estabelecidas, que é tanto mais noticiável quanto mais
violência lhe estiver associada.
12
Quanto aos critérios contextuais (segundo grupo de valores-notícia de seleção), Nelson
Traquina menciona cinco: a disponibilidade do meio de comunicação para cobrir o
acontecimento; o equilíbrio, que concerne à quantidade de informações já difundidas sobre o
assunto em causa (e que pode também, segundo Wolf, referir-se à capacidade de um
acontecimento equilibrar o noticiário no seu todo); a visualidade, sendo que, em televisão, a
inexistência de imagens significa a inexistência de notícia; a concorrência (Traquina apela ao
conceito de pack journalism, cunhado por Timothy Crouse, para comentar este valor-notícia,
pois o termo descreve a tendência dos órgãos de comunicação para se seguirem uns aos
outros, o que resulta numa informação homogeneizada); e, por último, o dia noticioso, valor
facilmente percetível nas secções de agenda e planeamento das redações, já que um dia mais
preenchido de eventos impede o agendamento e consequente cobertura de certos
acontecimentos, que possivelmente seriam marcados se o dia informativo estivesse mais
"vazio", e vice-versa. Confere-se, assim, que os "acontecimentos estão em concorrência com
outros acontecimentos" (Molotch e Lester apud Traquina, 2007: 197-198) permanentemente.
2) Seguem-se os valores de construção da notícia, que servem de linhas orientadoras na
elaboração do produto final. Traquina indica seis valores-notícia: a simplificação, tendo em
vista que quanto menos ambígua e complexa for a informação, mais facilmente será notada e
compreendida pelo público, pelo que se impõe uma redação clara e percetível da informação,
particularmente no caso do jornalismo especializado, como o económico ou o científico; a
amplificação, quer isto dizer que a ação em si, o(s) interveniente(s) ou as (possíveis)
consequências, quando amplificados, obtêm maior destaque; a relevância, estando incumbido
o jornalista de demonstrar o significado que a notícia tem para o público. Traquina
exemplifica este princípio com a poluição do mar Báltico, que, à partida, parece em nada
afetar os públicos portugueses. Porém, se considerarmos (e o jornalista mencionar) que
grande parte do bacalhau consumido no território nacional é pescado neste mar, a notícia
passa a ter relevância para o público. São ainda valores-notícia de construção a
personalização, pois uma notícia personalizada, com enfoque na dimensão humana, permite
mais facilmente a compreensão e a identificação por parte da audiência; a dramatização, por
meio do sensacionalismo, do reforço da emotividade, dos aspetos críticos e conflituais; e a
consonância, na medida em que a notícia deve ser enquadrada num contexto já conhecido,
convocando histórias já familiares ao público. "Assim, as «novas» são «velhas»" (Traquina,
2007: 200).
Findo o percurso por vários olhares (embora concordantes), lançados em diferentes
tempos históricos, sobre os valores-notícia, importa agora salientar que estes não possuem
13
igual grau de importância e nem todos importam a cada notícia (Gans apud Wolf, 2009
[1987]: 215). Os valores-notícia são apenas gates pré-determinados que facilitam ‒ e não
anulam ‒ o trabalho do gatekeeper, pois "a «transformação» de um acontecimento em notícia
é o resultado de uma ponderação" (Wolf, 2009 [1987]: 215). "[Os] valores/notícia são
avaliados nas suas relações recíprocas, em ligação uns com os outros, por «conjuntos» de
[fatores] hierarquizados entre si e complementares, e não isoladamente ou individualmente"
(ibidem: 217).
Partilhando desta opinião, Ericson, Baranek e Chan (apud Traquina, 2007: 182)
consideram que os critérios de noticiabilidade são múltiplos e entrecruzados, e não consistem
numa obrigatoriedade mas servem, ao invés disso, de linhas guias (por vezes tão apreendidas
que inconscientes) para o jornalista executar o seu trabalho. Contudo, importa abrir a "malha"
e recordar que falamos de valores-notícia e de processos de seleção dentro de um determinado
contexto, que é o ocidental. Os valores-notícia são, pois, um código ideológico, um "mapa
cultural" do mundo social, conforme classificou o sociólogo jamaicano Stuart Hall. "As
definições de o que é notícia estão inseridas historicamente, e a definição da noticiabilidade
de um acontecimento ou de um assunto implica um esboço da compreensão contemporânea
do significado dos acontecimentos como regras do comportamento humano e institucional"
(Traquina, 2007: 203), tendo em conta um determinado contexto geográfico, histórico,
cultural e ideológico.
As categorias de notícias
[Como] podem os jornalistas rotinizar o tratamento de uma variedade de eventos inesperados a fim de
processar e apresentar relatos e explicações sobre eles? Pois, sem alguns métodos de rotina para lidar
com eventos inesperados, as organizações noticiosas, enquanto empresas racionais, iriam tropeçar e
cair.2
(Tuchman, 1973: 111)
É sobre tais métodos de rotina que Gaye Tuchman, em "Making News by Doing Work:
Routinizing the Unexpected" (1973), e outros autores se debruçam, assim como também nós o
faremos. Falamos, pois, da classificação ou tipificação das notícias, desenvolvida pelos
próprios jornalistas, como consectário natural da sua experiência profissional, com vista a
controlarem o seu trabalho.
14
A principal e clássica tipificação (e distinção) é a de hard news e soft news, embora
outras categorias possam ser também destacadas ‒ como o foram pela socióloga Gaye
Tuchman ‒, mas a essas voltaremos um pouco mais à frente.
Ainda que as origens dos termos "hard news" e "soft news" não possam ser assinaladas
com precisão, sabe-se que estes foram usados inicialmente pelos jornalistas (e não teóricos ou
académicos) norte-americanos, com o propósito de categorizar diferentes tipos de notícias. Os
conceitos emergiram, então, na gíria jornalística e paulatinamente passaram a integrar a
linguagem académica (Reinemann et al., 2012: 223). Wilbur Lang Schramm é indicado como
um dos primeiros teóricos a refletir, em 1949, sobre uma distinção entre diferentes tipos de
notícias, embora sem mencionar ainda as terminologias "hard news" e "soft news". Com um
trabalho de análise que partiu do ponto de vista dos públicos, Schramm defendeu que estes
selecionam os conteúdos noticiosos na expectativa de uma recompensa (Schramm, 1949:
260). Partindo deste pressuposto, o autor estabeleceu uma separação entre as notícias que
oferecem uma recompensa imediata (immediate reward news) e as que recompensam
tardiamente (delayed reward news). Distinção essa que em muito se assemelha à dicotomia
soft news/hard news, correspondendo respetivamente aos conceitos de Schramm. Senão, veja-
-se: o autor afirma que as immediate reward news são fundamentalmente notícias sobre crime,
corrupção, acidentes, desporto, lazer e outros interesses humanos; já as delayed reward news
estão associadas a matérias sobre política, economia, justiça, educação e saúde. Se as
primeiras permitem que o público desfrute delas sem qualquer tipo de perigo ou preocupação
envolvidos, já as últimas causam, segundo o teórico, incómodo e desagrado ao público,
acarretando até uma certa "ameaça". Schramm recorre inclusivamente ao criador da
psicanálise, Sigmund Freud, e aos seus conceitos de
"princípio de prazer" e "princípio de realidade", associados ao funcionamento mental,
fazendo-os corresponder às immediate reward news e às delayed reward news,
respetivamente. Quer o autor com isto dizer que as primeiras são prazerosas e as segundas
realistas.
Já no início do novo milénio, Thomas E. Patterson (2000) deu também o seu contributo
para o desenvolvimento destes estudos. Em Doing Well and Doing Good: How Soft News and
Critical Journalism Are Shrinking the News Audience and Weakening Democracy – And
What News Outlets Can Do About It, o autor dá a conhecer um estudo que levou a cabo
durante dois anos sobre os interesses e os hábitos de consumo dos norte-americanos, e que
incluiu uma análise de mais de cinco mil notícias. Nesta sua obra, Patterson define como soft
news as "notícias que são tipicamente mais sensacionais, mais centradas em personalidades,
15
com menos limitação temporal, mais exequíveis, e mais baseadas em incidentes do que outras
notícias. [...] [Têm-se] tornado mais pessoais e familiares na sua forma de apresentação, e
menos distantes e institucionais."2 (Patterson, 2000: 4) Por seu turno, as hard news são, para o
autor, "acontecimentos inesperados que envolvem líderes de topo, questões importantes, ou
ruturas significativas nas rotinas diárias, tais como um terramoto ou um desastre de avião"2
(ibidem: 3). Trata-se, portanto, de matérias relevantes e que alimentam a cidadania dos
públicos, fomentando neles a capacidade de compreenderem e discutirem os assuntos
públicos do mundo que os rodeia.
Na definição do que é considerado hard news ou, por outro lado, soft news, pesa,
conforme argumenta Patterson, o vocabulário, ou seja, o género de palavras usadas e a
frequência com que surgem nas notícias. De entre as categorias (ou conjuntos) de palavras
que servem de variável de análise no seu estudo, o autor destaca "Coletivos" e "Auto-
-referência", sendo que o primeiro grupo inclui palavras que remetem para tarefas de grupo
(palavras como "exército" ou "congresso"), grupos sociais (como "humanidade" ou
"multidão", por exemplo) ou entidades geográficas ("país" ou "república"). Termos estes que
o autor encontra presentes em maior número em hard news. Já o conjunto de palavras "Auto-
-referência" diz respeito, como a própria denominação indica, a quaisquer referências à
primeira pessoa, como "eu" ou "meu", palavras usadas maioritariamente em soft news. Na sua
análise, Patterson concluiu que, entre as décadas de 1980 e 2000, as palavras que se referem a
"coletivos" decaíram substancialmente, verificando-se, no reverso da medalha, um aumento
notável dos termos relativos à "auto-referência". Tais conclusões são observáveis no seguinte
gráfico apresentado pelo autor, e que aqui revelamos por se mostrar pertinente no âmbito
deste enquadramento teórico:
16
Figura 1. Presença de termos "coletivos" e de "auto-referência" nas notícias (1980 ‒ 2000)
Fonte: Patterson, 2000: 5
Outros dois grupos de palavras usados no estudo de Patterson foram "Interesse humano"
e "Complexidade". Enquanto o primeiro registou uma subida acentuada, o segundo conjunto
encontrava-se entre os menos recorrentes. Com isto, Patterson concluiu que as notícias
seguem cada vez mais pelo caminho da ligeireza, registando-se um aumento exponencial de
soft news, como podemos observar na Figura 2.
Figura 2. Aumento de soft news (1980 ‒ 2000)
Fonte: Patterson, 2000: 5
Patterson conclui, deste modo, que tem aumentado o número de soft news e
concomitantemente decrescido a quantidade de hard news. Graças à cada vez mais gritante
competição entre empresas jornalísticas, grande parte da informação tem entrado no domínio
17
do entretenimento, quer no que ao conteúdo em si diz respeito, quer quanto ao modo como é
produzida. As notícias baseiam-se, então, mais no interesse do público do que no interesse
público, ou seja, mais nos interesses humanos do que naquilo que o público deve e precisa
saber. De acordo com alguns críticos convocados por Patterson, falamos das "novas notícias"
(Kalb apud Patterson, 2000: 2). "O jornalismo centrado no mercado é uma descrição da
tendência. «Infotainment» é outra. «Soft news» […] é uma terceira."2 (Ibidem: 2-3)
Já Shoemaker e Cohen (2006) olham para o dualismo hard news/soft news a partir da
dimensão atualidade. Para os autores,
[as] hard news são acontecimentos urgentes, que têm de ser relatados imediatamente porque se tornam
obsoletos muito rápido. Estes itens são verdadeiramente «novos» (…). As soft news (…) são baseadas
normalmente em eventos intemporais. O jornalista ou a empresa mediática não está sob pressão para
publicar as notícias numa determinada data ou período – as soft news não precisam de ser «atuais».2
(Shoemaker e Cohen apud Reinemann et al., 2012: 224)
Mais recentemente, Curran et al. (2009) deram também o seu contributo nesta matéria,
considerando como hard news as notícias sobre política, administração pública, economia,
ciência e tecnologia. Por sua vez, assuntos sobre celebridades, temas de interesse humano,
desporto e entretenimento são considerados pelos autores soft news. Contudo, não sendo o
jornalismo uma ciência exata, temas há que não podem ser delimitados e "engavetados". É o
caso de notícias sobre crimes, que os autores individualizam por considerarem que estas
podem ser hard ou soft, conforme o ângulo de abordagem dado pelo jornalista. Querem os
autores com isto dizer que se a história de um crime for relatada visando o bem público,
destacando as causas e/ou as consequências desse crime, ou enveredando pela questão da
política penal, por exemplo, falamos numa hard news. Se, ao invés disso, a notícia se centrar
no crime em si, com detalhes do ato de violência, informações relativas às vítimas ou até ao
autor, falamos numa soft news (Curran et al., 2009: 2). Para estes autores, a definição de hard
news e soft news vai além do assunto veiculado pela notícia, e leva também em consideração
o enquadramento da mesma, que deve, segundo Reinemann et al. (2012: 225), ser feito a
pensar no bem público.
Recuemos agora no tempo e foquemos o nosso olhar no entendimento de Gaye
Tuchman (1973), uma das primeiras teóricas a usar os conceitos "hard news" e "soft news" em
âmbito académico. O motivo pelo qual o ponto de vista da socióloga surge na parte final desta
exposição é o facto de, às hard news e soft news, Tuchman acrescentar outras terminologias,
indicativas de outras categorias de notícias. Mas vamos por partes.
18
Por hard news, Tuchman compreende as notícias sobre eventos factuais, de interesse
jornalístico, suscetíveis de análise e interpretação, e com informações imprescindíveis para
formar cidadãos conscientes do mundo que habitam e informados. Por seu lado, "as soft news
dizem respeito a fraquezas humanas e à «textura da nossa vida humana»"2, afirma Tuchman
(1973: 114), recorrendo à expressão de Frank Luther Mott. Neste sentido, a socióloga defende
que as hard news consistem em assuntos importantes e as soft news em temas interessantes.
Todavia, a autora não tem uma perspetiva assim tão redutora desta distinção e, para ela,
outros fatores entram em linha de conta na significação do que é uma hard e uma soft news.
Falaremos deles um pouco mais à frente.
Como já mencionado, a autora adita a este binómio outras tipificações. Spot news,
developing news e continuing news são, de acordo com Gaye Tuchman, subcategorias das
hard news. Com base em Rue Bucher, a socióloga defende uma classificação noticiosa
assente não apenas no conteúdo mas também na forma como e no contexto em que este
decorre. Para uma melhor compreensão, vejamos o seguinte quadro, que dá conta dos pilares
sobre os quais assenta a tipificação de notícias, de acordo com Tuchman:
Tabela 1. Aspetos intervenientes na classificação noticiosa
Tipificação Como é
programado o
evento?
A sua divulgação
é urgente?
A tecnologia
afeta a perceção
do
acontecimento?
É possível prever
facilmente o
futuro do
acontecimento?
Soft news Intemporal Não Não Sim
Hard news Imprevisto e pré-
programado
Sim Por vezes Por vezes
Spot news Imprevisto Sim Não Não
Developing
news
Imprevisto Sim Sim Não
Continuing
news
Pré-programado Sim Não Sim
Tabela criada a partir da de Tuchman (1973: 117)
Distinguir tipos de notícias com base no que é importante e interessante é, como vemos,
algo bastante restritivo no entender de Tuchman. Na definição das hard news, importa, então,
o fator tempo e consequentemente o caratér de urgência. Isto na medida em que se exige deste
género de notícias rapidez na recolha da informação, tratamento e divulgação, pois as notícias
antigas ou ultrapassadas são "mera informação"2 (Park apud Tuchman, 1973: 118). No que
19
concerne às soft news, não é obrigatória a atualidade. Este género de notícias permite uma
recolha de informação, escrita e edição antecipadas à sua divulgação. Uma rotina jornalística
que exemplifica claramente esta opinião de Tuchman é o modo de funcionamento das equipas
do fim de semana das redações de televisão, equipas essas que trabalham as notícias ao longo
da semana para serem transmitidas no(s) noticiário(s) do fim de semana ou até ‒ quando, por
qualquer que seja o motivo, "caem" e ficam embargadas3 ‒ no fim de semana seguinte. Trata-
-se, portanto, de notícias intemporais (nonscheduled events-as-news, como menciona
Tuchman), ao passo que a maioria das hard news diz respeito a eventos pré-programados
(prescheduled events) ‒ como a agenda oficial do Presidente da República ou de um ministro
‒ ou imprevistos (unscheduled events) ‒ como um acidente ou um crime. Podemos, então,
inferir que a distinção entre hard news e soft news está diretamente relacionada com uma
rotina produtiva dos media, a de agenda e planeamento.
Passemos às subcategorias das hard news, as denominadas spot news, developing
news e continuing news. As primeiras, a que Nelson Traquina (2007: 205) chama de
"acontecimentos noticiosos localizados", são notícias não programadas, que surgem
subitamente e exigem processamento imediato. Falamos, por exemplo, de acidentes ou
desastres. Tal incapacidade de prever os acontecimentos é a prova de que, por mais
mecanismos a que o jornalista recorra para ter controlo sobre o seu trabalho, o futuro é uma
incógnita e reserva sempre aos media acontecimentos que afetam e podem alterar o normal
funcionamento da máquina informativa. Exige-se, por isso, ao órgão de comunicação uma
capacidade eficaz de alocação de recursos, a fim de dar resposta às imprevisíveis spot news.
As developing news ("acontecimentos noticiosos em desenvolvimento", nas palavras de
Traquina) são igualmente súbitas, ou seja, não programadas. A título de exemplo,
convoquemos o caso de um ataque terrorista. Quando tais acontecimentos ocorrem, as
primeiras informações obtidas e transmitidas são incertas, difusas e escassas. Com o correr do
tempo, vão surgindo novos dados, como a atualização do número de vítimas, informações
sobre a identidade e o paradeiro do(s) culpado(s) ou sobre o próprio ato; novas "peças" para
compor o "puzzle". "[Os] jornalistas não estiveram presentes para registar os «factos»
«fielmente». Os «factos» têm de ser reconstruídos"2 (Tuchman, 1973: 121). De acordo com
Gaye Tuchman, embora o acontecimento em si não se altere, a história desenvolve-se e
consequentemente o relato muda. A essas mudanças em curso os jornalistas chamam ‒ e
3 O embargo jornalístico diz respeito sobretudo a um direito da fonte de não ver divulgadas as informações que cede até ordem em contrário. O termo é empregue também, no seio das redações, às notícias cuja difusão fica suspensa até determinada data. É neste último sentido que o utilizamos.
20
Tuchman teoriza ‒ de developing news. Este tipo de notícias implica, pela sua importância e
urgência, uma reorganização de todo o jornal, se já alinhavado. Reorganização essa que é
mais morosa na imprensa escrita do que na rádio ou na televisão. A socióloga dá o exemplo
da morte de Martin Luther King, que obrigou o jornal local a refazer três vezes a sua capa e a
fazer muitas outras alterações nas restantes páginas, à medida que surgiam novos dados. Já a
televisão local antecipou a sua edição informativa em cinco minutos e colocou em destaque o
falecimento do ativista político norte-americano. Trabalho que exigiu menos esforço do que o
dispensado pela imprensa escrita, assegura Tuchman (1973: 122). Com isto quer a autora
provar que as developing news estão estreitamente relacionadas com a tecnologia que as
veiculam.
O grau com que os recursos devem ser realocados para responder a exigências práticas e a forma como a
realocação é efetuada dependem quer do evento que está a ser processado como do medium que o
processa. A tecnologia usada por determinado medium faz mais do que «meramente» influenciar as
formas como os recursos são realocados. Ela influencia a tipificação do evento ou como essa notícia é
percebida e classificada.2
(Tuchman, 1973: 123)
Por último, as continuing news ("acontecimentos noticiosos em continuação", conforme
traduz Traquina) são as que mais facilitam ao jornalista o controlo sobre o trabalho, pois na
sua maioria dizem respeito a acontecimentos pré-anunciados. Estas notícias são "séries de
estórias sobre o mesmo assunto, baseado em eventos que ocorrem ao longo de um período de
tempo"2 (Tuchman, 1973: 123). Poderíamos exemplificar este género de notícias com o
desenvolvimento ou o desfecho de um julgamento mediático. De entre as hard news, são as
continuing news que se submetem à rotina produtiva de agenda e planeamento.
Não obstante, por mais que os jornalistas procurem "engavetar" a informação e, assim,
controlar o seu trabalho, existe sempre a possibilidade de surgir uma história "[imbuída] de tal
dose de noticiabilidade que provoca uma [reação] excitada e um «tumulto» na [redação]"
(Traquina, 2007: 205). Essa é a chamada "what-a-story!" (Tuchman, 1973: 125) ou o "mega-
-acontecimento" (Traquina, 2007: 205). Traquina exemplifica com os ataques terroristas de 11
de setembro de 2001 às Torres Gémeas, a morte da princesa Diana ou os primeiros passos do
Homem na lua. Casos desses vivem-se da seguinte forma: "O editor-chefe arregaça as mangas
e escreve manchetes; o novato consegue a sua «grande peça» e é enviado para cobrir um
assunto importante; alguém grita «Parem as máquinas!»"2 (Tuchman, 1973: 126).
Como pudemos verificar, a classificação das notícias, como mecanismo para tentar
controlar o trabalho noticioso, vai além da clássica distinção entre hard news e soft news, e
21
vai mais além ainda de uma tipificação feita com base meramente no conteúdo informativo.
Cada uma das classes de notícias identificada pela socióloga está ancorada a uma questão
organizacional ou transorganizacional da atividade profissional dos jornalistas. Recordemos e
sintetizemos: as hard news e as soft news distinguem-se entre si pela possibilidade de
planeamento e agendamento (embora também pela urgência na divulgação); a cobertura de
spot news está diretamente dependente da capacidade de alocação de recursos do meio de
comunicação social; o tratamento das developing news varia conforme a tecnologia que as
veicula; e as continuing news são as que melhor garantem o controlo da informação, graças à
previsibilidade dos acontecimentos. Deste modo, as notícias são classificadas de acordo com
o que acontece mas também com a forma como acontece. Os jornalistas "constroem e
reconstroem a realidade social através da estipulação do contexto em que os fenómenos
sociais são percebidos e definidos"2 (Tuchman, 1973: 129).
Procurámos aqui apresentar vários e diferentes pontos de vista sobre a classificação de
notícias. Se, para uns, a tipificação noticiosa assenta num só critério ‒ como defendem Wilbur
Schramm e Shoemaker e Cohen ‒, para outros ‒ Patterson, Curran et al. e Tuchman ‒, há
vários fatores a serem considerados. Em "Hard and Soft News: A Review of
Concepts, Operationalizations and Key Findings", Carsten Reinemann et al. (2012: 225)
apontam cinco dimensões geralmente utilizadas: o assunto, ou seja, o evento em si; a
produção noticiosa; o ângulo de abordagem dado pelo jornalista; o estilo da notícia; e a
receção do enunciado jornalístico pelos públicos. Qualquer/Quaisquer que seja(m) a(s)
dimensão/dimensões escolhida(s), certo é que, ao falarmos de soft news, referimo-nos a
notícias de cariz mais interessante, menos urgentes e até intemporais, com conteúdo e escrita
de maior leveza, e que, por vezes, têm como finalidade entreter o público para assegurar as
audiências, o que nos conduz à nossa próxima reflexão, que incide sobre as notícias enquanto
enunciados de entretenimento.
Notícias ‒ jornalismo ou entretenimento?
Daya Kishan Thussu (2007) é um dos académicos que estuda a questão das Notícias
como Entretenimento, na sua obra assim intitulada4. Para o autor, os fatores comercial e
concorrencial conduzem à necessidade de produzir notícias que entretenham o público,
particularmente no caso da televisão, onde isto é feito "[utilizando] e [adaptando]
4 O nome original da obra de Thussu (2007) é News as Entertainment: The Rise of Global Infotainment.
22
características dos géneros do entretenimento e modos de conversação que privilegiam um
estilo comunicativo informal, com ênfase em personalidades, no estilo, nas capacidades de
storytelling e em espetáculos"2 (Thussu, 2007: 3). A esta tendência apelidou-se de
"infotainment", um neologismo criado na década de 80 e que visa qualificar uma espécie de
género misto entre informação (information, em inglês) e entretenimento (entertainment).
Uma década antes, já Bob Franklin (1997) mostrava preocupação com esta realidade. O
autor acusava uma viragem nas prioridades do jornalismo: "O entretenimento tem substituído
o fornecimento de informação; o interesse humano tem suplantado o interesse público [...]; o
trivial tem triunfado sobre o importante [...]. Os valores-notícia tradicionais têm sido minados
por novos valores; o «infotainment» é galopante"2 (Franklin apud Thussu, 2007: 5). Olhando
para tal descrição, é possível notar aspetos análogos aos que caracterizam as soft news. Na
verdade, "soft news", "tabloidização" e "infotainment" são conceitos que andam de mãos
dadas, e querer definir um deles pode obrigar a convocar os restantes. As seguintes
perspetivas sustentam esta ideia: Colin Sparks (apud Thussu, 2007: 5) considera a
tabloidização da informação, por um lado, o aumento de interesse em notícias sobre vidas
privadas quer de personalidades conhecidas quer de indivíduos anónimos, sobre escândalos,
desporto e entretenimento; e, por outro, o decréscimo de atenção dada à política, economia e
sociedade. A par disto, prospera a "pobreza linguística", uma vez que as notícias são cada vez
mais terreno fértil para a "trivialização do discurso público, um evangelismo do efémero, a
celebração do insignificante, e a marginalização do importante"2 (Tracey apud Thussu, 2007:
5). Douglas Kellner vai mais longe e defende uma tendência para a espetacularização de toda
a informação, "desde a economia à cultura e da vida diária à política e à guerra"2 (Kellner
apud Thussu, 2007: 8).
Opiniões partilhadas por Carl Bernstein (1992), um dos maiores nomes do jornalismo
de investigação, que fala numa "cultura idiota", lamentando o domínio da rapidez e da
quantidade sobre a qualidade, o contexto e a precisão. "A cobertura é distorcida pela
celebridade e a adoração de celebridades; pela redução da notícia à bisbilhotice, que é a forma
mais baixa das notícias; pelo sensacionalismo [...]; e por um discurso político e social que
estamos [...] a transformar num esgoto"2 (Bernstein, 1992: 22).
Mais à frente, na parte prática deste relatório, uma análise sobre a informação que é hoje
feita e veiculada, em particular no domínio da televisão, permitir-nos-á retirar as nossas
próprias conclusões e averiguar a veracidade das perspetivas que defendem a tabloidização da
informação e a tendência do jornalismo para o infotainment. É tempo agora de alargar o
23
campo de visão, deixar de olhar para a parte (a notícia) e passar a ver o produto noticioso
como um todo (o alinhamento jornalístico).
2. O alinhamento noticioso
Espera-se que os jornalistas não criem apenas «estórias», mas que as ordenem de um modo que dê
sentido à sua relação umas com as outras, no produto noticioso. No seu conjunto, este amplia cada
«estória», colocando-a em contexto quer na sua relação com outros itens quer na sua incompatibilidade
com todos os outros itens que se considera não deverem integrar o noticiário. Por causa deste sentido
que lhe é acrescentado, o produto jornalístico não é, em rigor, «a estória», mas um complexo de
«estórias» que funcionam juntas para formar uma coisa a que chamamos «noticiário».
(Carlson apud Gomes, 2012: 205)
Como podemos constatar com a asserção de Matt Carlson, o noticiário, através de uma
ordenação intencional de enunciados jornalísticos, gera sentido e faculta um retrato do país e
do mundo num determinado período temporal. "[O] jornal teletransmitido […] separa a
realidade em mosaicos-notícias, fragmenta o relato mediante diversos e múltiplos planos e
une umas partes da realidade com outras, para gerar um discurso coerente" (Cruz, 2008: 183).
Para que tal discurso – isto é, o jornal televisivo – seja, então, coerente, os "mosaicos-
-notícias" têm de ser necessariamente organizados de acordo com certos critérios. Também
neste ponto do continuum que é a produção jornalística intervêm os valores-notícia, de que
falámos anteriormente. Recordemos que Mauro Wolf (2009 [1987]) é defensor de que os
valores-notícia intervêm ao longo de todo o processo produtivo de informação: "não
sobrevêm apenas no momento da [seleção] mas um pouco durante todo o processo produtivo,
inclusive nas fases de feitura e de apresentação das notícias, quando são postos em destaque
precisamente os elementos de relevância que determinaram a newsworthiness no momento da
[seleção]" (Wolf, 2009 [1987]: 241). O jornalista Adelino Clemente Gomes acompanhou de
perto as rotinas produtivas das três estações televisivas generalistas em Portugal – RTP1, SIC
e TVI – e, da análise que levou a cabo sobre a construção dos alinhamentos noticiosos,
concluiu que a atualidade e a novidade são os valores-notícia que imperam, mais ainda nos
noticiários de fluxo contínuo ‒ como ocorre, por exemplo, no canal informativo SIC Notícias.
"[Enquanto] «interpretação da realidade social quotidiana», o imperativo da [atualidade]
continua a ser o argumento decisivo para [...] a esmagadora maioria da audiência continuar a
comparecer em tempo real nesse encontro diário com as notícias" (Gomes, 2012: 206).
24
Nesta sua análise, a metodologia em que Adelino Gomes apostou consistiu
fundamentalmente em entrevistas e num trabalho de observação. Como é prática deste tipo de
estudo, o jornalista registou em diário de bordo as informações que ia colhendo através de
observação. Num trecho dessas notas, Gomes dá a conhecer as primeiras notícias de um
alinhamento de horário nobre da RTP1 já definido ‒ pese embora os alinhamentos só estejam
totalmente decididos no final do jornal, pois estão em constante atualização até ao fim.
Salvaguardadas ainda e sempre eventuais notícias de última hora, o alinhamento «verdadeiro», neste
momento (faltam 55 minutos para o início do TJ5), vai ser o seguinte:
1) Novo coordenador da investigação do caso Maddie (exclusivo, tudo o indica, da RTP);
2) Ameaça da ETA no Algarve;
3) Nenhum ministro britânico em Lisboa [na cimeira de África], caso Mugabe venha;
4) [Fragata da Marinha Portuguesa] Vasco da Gama apreende droga [...].
(Gomes, 2012: 144)
O autor pôde concluir a existência de uma conexão, assente em valores-notícia, entre
todas estas "peças"6. Vejamos: o nome do novo cabeça de equipa da investigação do
desaparecimento de Madeleine McCann, a menina inglesa que desapareceu no Algarve em
2007, e as imagens da apreensão em alto-mar de 200 quilos de droga pela Marinha Portuguesa
possuem o valor-notícia da novidade; tanto o caso Maddie, como a ameaça de bomba da
organização terrorista ETA em Faro, bem como o anúncio da ausência de ministros britânicos
na cimeira de África, em Lisboa, mobilizariam as atenções e preocupações do público (o
último caso ‒ o menos óbvio ‒ pelas consequências políticas), logo, são temas dotados do
valor-notícia impacto; todas estas notícias possuem atualidade, por os acontecimentos terem
ocorrido nas doze horas que antecederam o jornal; e todas estas possuem, de uma forma ou de
outra, relação com Portugal, desde logo a nível geográfico, mas também político e social,
portanto, todas se caracterizam pelo valor-notícia da proximidade. Não obstante, outros
motivos estiveram envolvidos na escolha deste início de alinhamento: o fator "cacha" (isto é,
a divulgação de uma informação antes de todos os restantes órgãos de comunicação), que
sobreveio na reportagem que divulgou o nome do novo coordenador do caso Maddie. Esta
notícia foi a de abertura do jornal devido à garantia dada ao coordenador por uma fonte da
Polícia Judiciária de que mais nenhum meio de comunicação social detinha esta informação.
Também a quarta notícia ocupou lugar de tanto destaque no alinhamento porque a estação iria
divulgar as imagens em primeira mão, antes de qualquer órgão concorrente. Conclui-se, 5 "TJ" é a abreviatura dada a "Telejornal", o noticiário de horário nobre da RTP1. 6 Na gíria jornalística, uma "peça" significa um enunciado informativo, uma "notícia", no entendimento comum. É com este sentido que falaremos em "peça(s)" ao longo deste trabalho.
25
portanto, que, na definição deste início de alinhamento, foi colocado também em marcha o
valor-notícia da concorrência.
Na tentativa de "desconstruir o puzzle" para olhar as partes que compõem um
alinhamento noticioso ‒ embora disto resulte uma generalização, que é apenas representativa
da norma e não da totalidade do real ‒, começamos por dirigir o nosso olhar para o início, a
abertura. Exige-se de um noticiário um bom começo, que prenda o telespectador. Maria João
Ruela (2016), à data da realização do estágio jornalista coordenadora da informação de fim de
semana (em particular, do dia de domingo) da SIC, dizia, em entrevista realizada para o
âmbito do presente relatório, que "a regra tem sido abrir [os noticiários] com temas de
política/economia, seguir com sociedade, internacional, desporto e cultura" (vide anexo IVb).
Porém ‒ e como às regras estão quase sempre associadas exceções ‒, esta estrutura pode
variar de acordo com o peso da(s) informação/informações que marca(m) o dia. Exemplo
disso é o início de alinhamento relatado por Adelino Gomes (cf. supra), em que três das
quatro notícias que abriram o jornal em questão pertencem à editoria de sociedade e apenas
uma à de política. Também Ruela (2016) exemplifica: "Um atentado [no estrangeiro] ‒ tema
tratado [pela editoria de] internacional ‒ será sempre abertura no dia em que acontece" (vide
anexo IVb). Com uma opinião semelhante mas mais radical, o coordenador do Primeiro
Jornal7 da SIC, André Antunes (2016), descarta mesmo a possibilidade de hierarquizar, num
alinhamento, as informações através das editorias em que se inserem: "A importância das
notícias não está relacionada com a editoria mas com o valor da história. Hoje o grande tema
do jornal pode ser um atentado em Nice, amanhã as buscas na CGD8, depois a renovação de
Fernando Santos como selecionador nacional ou um grande incêndio no país" (vide anexo
IVc). A notícia de abertura é, portanto, em poucas palavras, "a notícia mais importante do dia"
(Gomes, 2012: 273). Alcides Vieira, diretor de informação da SIC aquando da entrevista dada
a Adelino Gomes (em 2010), explicava que "[uma] notícia de abertura deve ter o máximo
denominador comum de interesse público" (Vieira apud ibidem: 272). O então responsável
pela informação da SIC continuava: "Se relatar um assunto (seja desportivo, cultural,
económico ou político, nacional ou internacional) que interessa à grande maioria dos públicos
que, por norma, acompanham o nosso noticiário, deve abrir o jornal".
7 O Primeiro Jornal é o noticiário das 13 horas da SIC que é transmitido de segunda-feira a domingo. No âmbito do presente relatório, chamaremos de "Primeiro Jornal" apenas o noticiário da semana (de segunda a sexta-feira), de acordo com a distinção feita entre as equipas: a que assegura o jornal da hora de almoço durante a semana é a do Primeiro Jornal, e a responsável pelo sábado e domingo é a do fim de semana. 8 "CGD" é a sigla de "Caixa Geral de Depósitos".
26
Assim sendo, a construção de um alinhamento requer de certo modo uma avaliação
subjetiva por parte do coordenador do jornal, que não pode, no entanto, menosprezar a
necessidade de apresentar notícias importantes, variadas (para que abranja diferentes áreas e,
assim, diversos públicos) e que mantenham o espectador "agarrado" ao jornal até ao fim. Para
tal, são criados "picos de interesse", através de
uma certa dinâmica no alinhamento, [alternando] entre assuntos mais sérios e outros que possam dar
oportunidade ao espectador de relaxar. Por outro lado, é importante criar uma expectativa no espectador
de que ainda há mais coisas importantes e interessantes no jornal para serem vistas (vide anexo IVc).
(Antunes, 2016)
O desenrolar do jornal acontece com um encadeamento lógico, possibilitado por um fio
condutor, presente do princípio até ao fim da narrativa, que dura cerca de uma hora. As
notícias são agrupadas por editorias e/ou sobretudo por blocos temáticos. Estes blocos estão
também, por sua vez, conectados uns com os outros, compondo assim um alinhamento lógico
e coerente. Vejamos o exemplo do alinhamento do Primeiro Jornal da SIC de dia 29 de março
de 2016 (vide anexo Vl), um dos que constitui o nosso objeto de análise, que será feita mais à
frente neste relatório. O assunto que abre o jornal em causa é o sequestro de um avião da
companhia aérea EgyptAir por um homem que queria entregar uma carta à ex-companheira,
residente no Chipre, onde o piloto foi obrigado, sob ameaça, a aterrar o avião. Esta matéria
deu origem a um off, um posto de escuta9, uma notícia, uma entrevista em estúdio e um
talking head (ou "vivo") a abrirem o jornal. A esta questão, concernente à segurança
internacional, seguiu-se um outro assunto ainda dentro deste bloco temático: a atualização,
passada uma semana, de informações sobre os atentados em Bruxelas, ocorridos no dia 22
desse mês, que causaram a morte de pelo menos 35 pessoas e deixaram feridas cerca de 300.
Os ataques terroristas foram recordados com uma notícia e um falso direto. A estes dois
assuntos ‒ o sequestro do avião e os atentados ‒ pertencentes à editoria de internacional,
seguiram-se peças de desporto. À partida parece não haver qualquer relação entre ambas, não
fosse a notícia que se segue sobre a preocupação em torno da segurança durante o
Campeonato Europeu de Futebol de 2016, em França, que estava a poucos meses de ter início.
A primeira notícia do bloco de desporto estava deste modo enganchada às peças anteriores, e,
assim feita a passagem, seguiram-se as restantes notícias de desporto. Este é o início de um
9 O posto de escuta é uma ferramenta usada no jornalismo televisivo que consiste na permanência, ao longo do noticiário, de um jornalista, num outro ponto da redação, para complementar o trabalho do(s) pivô(s), fornecendo atualizações de uma notícia em particular, bem como reações e recortes de imprensa relativos à mesma. Este recurso é usado esporadicamente e em matérias de relevo informativo.
27
alinhamento, que permite perceber a que queria Carlson (apud Gomes, 2012: 205) referir-se
ao dizer que o produto noticioso (isto é, o jornal) é um conjunto de "estórias" ordenadas e
colocadas em contexto por forma a construir um sentido.
Por fim, "é hábito fechar [o jornal] com um [fait-divers] ‒ humor, cinema, destino, etc.",
explicita António Prata, da TVI (apud Gomes, 2012: 274).
Posto isto, surgem as interrogações sobre o papel da pirâmide invertida, um
"mandamento bíblico" da estruturação e construção noticiosa. A televisão, assim como a
rádio, herdou da imprensa escrita a "hierarquia da importância" (Gomes, 2012: 289). Todavia,
[a] simultaneidade entre a transmissão e a [receção] e a consequente impossibilidade prática, até
recentemente, de os ouvintes/telespectadores poderem reouvir/rever as mensagens recebidas impuseram
[...] uma rigidez formal que aconselhou os editores a suavizarem o primado da importância no
alinhamento noticioso.
(Gomes, 2012: 289)
Desta forma, o critério "hierarquia da importância" passou a competir com outros fatores,
como o do encadeamento temático. Retomando o exemplo do alinhamento informativo da
RTP1 dado por Adelino Gomes (cf. supra), o autor revela que a notícia sobre o alarme de
bomba da ETA no Algarve fez subir no alinhamento as restantes peças do domínio da justiça,
nomeadamente o "caso Sara, pedófilo de Nelas, apelo da Interpol, julgamento da Passerelle"
(Gomes, 2012: 146), notícias que não teriam tido provavelmente o mesmo destaque não fosse
a peça sobre a ameaça de bomba em Faro ou não fosse a importância do encadeamento
temático nos alinhamentos da informação televisiva. Depreende-se daqui que o princípio da
importância, que sustenta a técnica da pirâmide invertida, é agora mais maleável, pois "choca
cada vez mais com o rumo e a práxis das [redações], ou seja, com a própria evolução dos
[media] marcada pela massificação das novas tecnologias e pelas novas exigências que lhes
são impostas pela realidade social" (Vieira apud Gomes, 2012: 292). É por causa destas
novas exigências, corolário da evolução social e mediática, que António Belo e André Sendin
(2006: 4) asseveram que a base tradicional da estruturação da informação, a pirâmide
invertida, foi substituída por "estruturas que geram suspense e tentam manter as audiências ao
longo do jornal (anti-zapping)", os tais mecanismos para criar "picos de interesse" de que
falava André Antunes (cf. supra). Além da dinâmica no alinhamento, que o coordenador do
Primeiro Jornal revelou, outros recursos são usados ‒ todos servem ‒ para agarrar o público e
evitar perdê-lo para a concorrência: mecanismos relativos ao conteúdo e à feitura do produto
noticioso, como o contraste, a consonância e o ritmo, e mecanismos técnicos, como títulos de
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abertura e promoções ao longo do jornal (os mais frequentes) ou postos de escuta e os
chamados "vidis"10.
Tudo isto é definido, numa primeira fase, nas reuniões editoriais da redação, em que se
congregam duas vezes ao dia editores, coordenadores e diretores, e também um elemento da
agenda, um da produção e outra da equipa de repórteres de imagem. Tais reuniões servem,
entre outras finalidades, para traçar os primeiros esboços dos alinhamentos noticiosos do dia
seguinte, na medida em que se discute o que é mais e o que é menos importante, e assim o
destaque a dar a cada tema ‒ se, por exemplo, determinado assunto exige um direto, se outro
merece ser destacado com duas ou três peças, ou se um outro não merece qualquer atenção e é
descartado. Delineados os primeiros esboços, é o coordenador do jornal que fica depois
incumbido de definir até ao último minuto o alinhamento.
Dizemos "até ao último minuto", pois, como é do conhecimento dos que estão mais ou
até menos familiarizados com a teoria e/ou a prática do jornalismo, este é um trabalho de
seleção, desde o princípio até ao fim, ou seja, desde a triagem dos acontecimentos para
eventual cobertura noticiosa até ao último minuto do jornal. Isto porque, pese embora seja
delineado antecipadamente, o alinhamento informativo sofre "mil e uma voltas" (Gomes,
2012: 140). À semelhança do que concluímos ao estudar a classificação de notícias ‒ que,
apesar da tentativa dos jornalistas de controlarem o seu trabalho, há sempre informações que
fogem a este controlo, pois a matéria-prima do trabalho dos jornalistas é incerta, imprevisível
e incontrolável ‒, também o alinhamento noticioso pode ser "descontrolado" por notícias de
última hora, por peças que "caem" por não terem ficado terminadas a tempo de integrarem o
jornal, ou por questões concorrenciais, fator, como temos vindo a ver, de peso no jornalismo,
em particular no televisivo.
10 Vidis são recursos técnicos em que jornalistas ‒ tendo como suporte imagens, gráficos ou páginas Web, por exemplo ‒ exploram determinado assunto em direto no jornal, complementando o trabalho do(s) pivô(s). Diferenciam-se dos postos de escuta no sentido em que os primeiros são mais frequentes e destinam-se à exploração de um tema, e os últimos mais esporádicos e de atualização de notícias de relevo.
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SECÇÃO II - EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
1. A entidade acolhedora
Grupo Impresa
Apresentar a Sociedade Independente de Comunicação ‒ comummente designada e
conhecida pelo acrónimo "SIC" ‒ obriga, antes de mais, a uma breve exposição sobre o grupo
de comunicação que esta empresa integra: o Grupo Impresa.
Numa resumida análise histórica, começamos por recuar a 1972. Sojornal/Expresso:
assim se denomina o primeiro passo dado na construção do Grupo Impresa. A 6 de janeiro de
1973, nas bancas de jornais portuguesas, comprava-se a primeira edição do semanário
Expresso. O responsável era Francisco Pinto Balsemão, então jornalista e posteriormente (no
ano 1974) um dos principais fundadores do atual PSD (Partido Social Democrata).
Em 1975, é criada a VASP, empresa distribuidora de publicações, com a finalidade de
distribuir o jornal semanário fundado por Pinto Balsemão com base nos "jornais ingleses,
[broadsheet], com notícia e opinião bem compartimentadas"11 (Balsemão apud Alves, 2013).
A VASP é hoje a empresa líder na distribuição de imprensa em Portugal, sendo detida em
partes iguais pelos grupos Cofina Media, Controlinveste Media e Impresa.
Treze anos mais tarde, em abril de 1988, surge a Controljornal, para ser a holding da
Impresa, agrupando as diversas participações detidas pelo grupo.
O salto para a inclusão de revistas no grupo e simultaneamente para o surgimento de
revistas de negócios em Portugal é dado em 1989, com o nascimento da Exame.
Dois anos passados, o capital social da Controljornal é aberto a investidores externos,
criando-se uma super holding. É desta forma que se ouve falar pela primeira vez no nome
"Impresa". E, em outubro de 1992, o país ouvia ‒ e via ‒ também pela primeira vez o nome
"SIC". Foi esta a data que assinalou o início das emissões da primeira estação televisiva
privada em Portugal.
No redondo ano 2000, a Impresa integra a Bolsa de Valores de Lisboa.
11 Disponível em http://expresso.sapo.pt/site_expresso_40_anos/entrevista-a-francisco-pinto-balsemao-fundador-do-expresso=f776322
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Uma nova área de negócios surgiu em 2007 no grupo: a Impresa Digital, permitindo
potenciar a produção e distribuição de conteúdos das várias marcas do Grupo Impresa,
colocando-as no mundo digital.
Sete anos depois, mais um passo no sentido da digitalização: o primeiro elemento do
grupo ‒ o jornal Expresso ‒ lançou o jornal online Expresso Diário. O semanário passou a ser
também diário no mundo da web. Em menos de dois anos, o número de assinantes deste novo
formato supera os 17 mil.
A 6 de março de 2016, o Grupo Impresa sofre uma profunda reorganização, passando a
pasta da administração executiva a estar nas mãos de Francisco Pedro Balsemão, em
substituição de Pedro Norton. À data deste marco, decorria o estágio curricular alvo deste
relatório. Algumas consequentes mudanças na SIC, a entidade acolhedora, serão apontadas
um pouco mais à frente.
Vinte e nove marcas são hoje detidas pelo Grupo Impresa. Entre as variadas áreas estão
a Bloomgraphics, responsável pela produção e conceção gráfica; a GMTS (Global Media
Technology Solutions), prestadora de serviços técnicos; a Acting Out, especializada na
criação e produção de eventos; a InfoPortugal, empresa de conteúdos digitais e soluções
tecnológicas de geolocalização; o portal de fotografia Olhares; a instituição particular de
solidariedade social SIC Esperança; o departamento Novas Soluções de Media, direcionado
para a produção de content marketing; e a Gesco, que faz a gestão integrada de arquivos,
centros de documentação e informação.
No setor da imprensa escrita, o grupo de Francisco Pinto Balsemão detém catorze
publicações. Entre jornais e revistas, destacam-se o Expresso, o Courrier Internacional, o
Jornal de Letras, Artes e Ideias, a Exame, a Visão, a Caras e a Blitz.
Já na área da televisão, a Impresa é detentora do primeiro canal televisivo privado no
país, ao qual estão associados seis canais temáticos. Falamos da SIC.
SIC
Estávamos a 6 de outubro de 1992 quando nos televisores das casas portuguesas
arrancou a primeira emissão da SIC. O país contactava pela primeira vez com uma estação
televisiva privada, independente e comercial, encerrando-se, assim, o monopólio estatal no
mercado televisivo português, detido pela RTP (Rádio e Televisão de Portugal) durante 35
anos. No contexto da CEE, Portugal foi um dos últimos países a estender a televisão à
iniciativa privada, após um longo período de discussão sobre o assunto (Santos, 2002: 93).
31
Alguns [fatores] relevantes nesse período ‒ para além da televisão privada ‒ seriam o nascimento do
Público (1990) como jornal de referência, a privatização do Diário de Notícias (1991) e sua
transformação gráfica e editorial (1992), a privatização da Rádio Comercial e o aparecimento de uma
rádio dedicada às notícias (TSF). Grupos empresariais (Lusomundo, Sonae) associavam-se à
comunicação social, dentro da onda liberalizadora que percorreu o país governado por Cavaco Silva.
(Santos, 2002: 93-94)
Três anos após a sua criação, a SIC torna-se líder de audiências, com um share de
41,1%. O primeiro canal privado português liderou o mercado até 1998. "O sucesso deveu-se
à existência de uma grelha diversificada em informação, reportagem, documentário, infantis,
juvenis, séries, comédias, cinema e entretenimento geral" (Santos, 2002: 94). Porém, uma das
maiores apostas do canal foi a informação, tendo lhe sido dedicado o dobro do tempo
dispensado na concorrência, isto é, na RTP e na TVI, a segunda estação televisiva privada em
Portugal que acabaria por nascer cerca de cinco meses após a SIC. "O modelo CNN, de
reinventar as notícias, criar histórias a partir de elementos menos visíveis dos acontecimentos
e relevar os magazines de grande informação [...] esteve na base do jornalismo da SIC"
(Santos, 2002: 94-95).
A pouco tempo da comemoração dos seus vinte e quatro anos, à SIC estão hoje
associados seis canais temáticos: a SIC Internacional, que nasceu em 1997 com o objetivo de
chegar a toda a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo; a SIC Notícias, o primeiro
canal de informação em direto 24 horas. Foi criada há quinze anos e nos últimos dois registou
o maior share dos canais de informação. Em 2015, liderou com 1,9% de share e, em 2014,
com 1,7%.12 Da lista das estações televisivas detidas pelo Grupo Impresa, fazem ainda parte a
SIC Radical, que foi "para o ar" apenas três meses depois da SIC Notícias, em abril de 2001,
tratando-se de um canal direcionado para adolescentes e jovens adultos; a SIC Mulher,
lançada no Dia Internacional da Mulher do ano 2003, com conteúdos de beleza, moda,
decoração e culinária; o canal infanto-juvenil SIC K, que surgiu em 2009; e, quatro anos
depois, a SIC apresenta o seu último canal temático até à data: a SIC Caras, um canal de
entretenimento que resulta da parceria entre a SIC e a revista Caras, ambas do Grupo
Impresa.
Com a evolução das novas tecnologias e do infinito universo que é a internet, a SIC, à
semelhança dos restantes órgãos de comunicação e ‒ indo mais além ‒ à semelhança das
restantes empresas em Portugal, fez uso destas novas potencialidades, construindo uma nova
12 A RTP3 (antes designada RTP Informação) alcançou, em 2014, 1% de share e, em 2015, 0,9%. A TVI24 registou um share de 1,3% em 2014 e 1,6% em 2015. Informação disponível em http://www.dn.pt/media/interior/audiencias-2015-quem-ganhou-e-quem-perdeu-4961462.html
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via de acesso ao(s) público(s), cada vez mais desperto(s) para as novas realidades
tecnológicas. Falamos, pois, da criação da SIC Online, em 2001, um grande marco para a
empresa de comunicação. Passados dez anos, é criado um sítio internet autónomo para a SIC
Notícias, com um reforço na área de vídeo e o objetivo de "ser a grande marca de referência
da informação na rede em Portugal", conforme o comunicado da estação à altura dos factos
(apud Silveira, 2011).13 O sítio web da SIC Notícias é hoje gerido por uma equipa própria,
que assegura ainda o funcionamento de duas outras plataformas: a aplicação para smartphone
e tablet, e a SIC Notícias Interativa, disponível no serviço MEO. Em abril de 2015, a página
online do canal de informação da SIC apresenta uma nova iniciativa: as reportagens
interativas. "Somos o que comemos" foi a Grande Reportagem que estreou o projeto. Outras
novidades no setor online se seguiram, sobretudo com as mudanças na direção de informação
do canal já em 2016, sobre as quais falaremos um pouco mais à frente.
Na redação de informação da SIC e SIC Notícias, funcionam seis editorias: a de
sociedade, conduzida pela jornalista Isabel Horta; a de desporto, chefiada por Elisabete
Marques; internacional, cuja editora é Cândida Pinto; política, comandada por Pedro
Benevides14; economia, que tem como editor José Gomes Ferreira; e cultura, editorada por
Graça Costa Pereira.
Na coordenação da informação da SIC, André Antunes coordena o Primeiro Jornal,
Marta Brito dos Reis o Jornal da Noite e Luís Marçal os jornais do fim de semana15. Quanto à
SIC Notícias, a coordenação é rotativa, passando pelas mãos de dezenas de jornalistas. Porém,
Paula Santos assume a coordenação-geral do canal de informação da SIC.
No total, a direção de informação da SIC e SIC Notícias soma 262 funcionários, dos
quais 143 são jornalistas16.
Fora destes números estão as doze delegações regionais da estação: Aveiro, Bragança,
Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Vila Real, Viseu, Açores e Madeira. Já
em Matosinhos, existe uma segunda redação da SIC, de tamanho mais reduzido. Quanto a
13 Disponível em http://www.dn.pt/tv-e-media/media/interior/sic-noticias-ja-tem-pagina-na-internet-1844092. html 14 A equipa de política era coordenada por Anselmo Crespo aquando da realização do estágio e assim se manteve até setembro de 2016, passando, a partir daí, a ser liderada por Pedro Benevides. 15 Aquando do decorrer do estágio, a Informação de fim de semana era coordenada por Pedro Mourinho (encarregue do dia de sábado) e Maria João Ruela (domingo), passando, a partir de abril de 2016, a ser conduzida por Luís Marçal. 16 Não estão incluídos no número de jornalistas coordenadores, produtores, repórteres de imagem, editores de imagem e restantes elementos da SIC, que possuem também carteira profissional de jornalista e são considerados como tal. Dados de agosto de 2016, cedidos pelo departamento de Recursos Humanos da SIC.
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delegações internacionais, a SIC está em Bruxelas, Telavive e no Brasil, trabalhando no resto
do mundo com freelancers.
No que à equipa diretiva diz respeito, a 6 de março de 2016, o Grupo Impresa ‒
incluindo a SIC ‒ sofre uma profunda reestruturação. Francisco Pedro Balsemão é nomeado
CEO (Chief Executive Officer) do grupo, substituindo Pedro Norton (cf. supra). Na direção de
informação da SIC e SIC Notícias, Ricardo Costa assume as funções de diretor geral,
acompanhado de José Gomes Ferreira como diretor adjunto, e Bernardo Ferrão e Pedro Cruz
como subdiretores.
Com tais mudanças na direção da estação, surgiram novos projetos e outros foram
reformulados, especialmente no domínio do online. A aposta nas redes sociais foi um dos
principais objetivos da equipa diretiva. Como tal, foi criada, no mês de abril, uma equipa
específica para a gestão das redes sociais de todos os meios de comunicação do grupo. A
equipa é composta por elementos da SIC e do Expresso. Até à data, as redes sociais da SIC
eram geridas pela mesma equipa de gestão do sítio web. Também a pensar nas redes sociais e
na internet, foi lançado, a 14 de junho, o SIC Notícias Prime, um jornal vídeo de apenas dois
minutos, em que são destacadas quatro notícias do dia. O noticiário vai para a web duas vezes
por dia, às 9 e às 13 horas, e é um projeto pioneiro em Portugal17. Uma outra iniciativa, criada
por tempo limitado, foi a de uma página de internet, lançada em conjunto pela SIC, a Visão e
o Expresso, dedicada exclusivamente a todas as notícias relativas ao Campeonato
Europeu de Futebol de 201618. Mais recentemente, a 18 de julho de 2016, a página web da
SIC Notícias foi renovada, apresentando, a partir desta data, um novo layout e maior
interatividade. Em concreto, entre diversas outras mudanças, os programas informativos
(como a Reportagem Especial ou os Perdidos e Achados) e assuntos em destaque (à data do
lançamento do sítio web, o Atentado em Nice, o Brexit e o fenómeno do Pokémon Go)
passaram a ter maior visibilidade na página; apostando na interatividade, através de
hiperligações, junto das principais notícias, passou a haver um conjunto de artigos
"relacionados" com o tema; e o internauta passou ainda a ter conhecimento do tempo há que
foi publicada determinada notícia.
Outras transformações foram feitas fora do mundo online, nomeadamente nos
noticiários da SIC Notícias, com grande destaque para a Edição da Noite, que foi totalmente
reformulada. A partir do dia 10 de maio, apresentou-se com um novo horário (das 21 às 23
horas) e dois pivôs (Sara Pinto e Pedro Mourinho), com um formato mais dinâmico, mais
17 Disponível em http://sicnoticias.sapo.pt/prime 18 Disponível em http://euro2016.sic.pt/
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comentadores com menos tempo de antena cada, um novo layout, e recorrendo a novos
mecanismos para "prender" o público, como teasers de reportagens feitos pelos próprios
jornalistas autores das peças, com uma breve apresentação e/ou explicação, ou como os vidis.
2. O estágio
O estágio curricular de meio ano, alvo do presente relatório, pode ser dividido em três
momentos, correspondentes às três equipas por que passei: a agenda, que me acolheu entre o
mês de novembro de 2015 e o de janeiro de 2016; a equipa de informação de fim de semana,
em que me mantive entre janeiro e março de 2016, e onde pude dar os primeiros passos fora
da redação, em reportagem; e o Primeiro Jornal, onde terminei este percurso, integrando a
equipa em março de 2016 e saindo em maio do mesmo ano.
A estadia nestas equipas foi intercalada com três semanas de trabalho noturno, em que o
estagiário fica, por sua conta, incumbido de estar atento a eventuais acontecimentos ‒ em
Portugal ou no estrangeiro ‒ que ocorram durante a madrugada. Para isso, é dever do
estagiário verificar os feeds das agências nacional e internacionais, e fazer contactos
telefónicos rotineiros para as autoridades e forças de segurança nacionais.
Porém, é o trabalho diurno, integrado numa equipa e coordenado e supervisionado por
quem tem a experiência e o saber, que permite ao estagiário aprender na prática o que foi, ao
longo dos anos, assimilando na teoria, e evoluir na profissão que escolheu.
2.1. Agenda
Destacada na teoria do newsmaking ‒ que salienta, quanto à fase de recolha informativa,
a importância da programação e da planificação ‒, "[a] agenda de serviço, nas suas diferentes
formas e características organizativas, é constituída essencialmente pela lista diária dos
acontecimentos que sobrevirão e cuja noticiabilidade é, em grande parte, dada como certa"
(Wolf, 2009 [1987]: 237). Trata-se, resumidamente, d'"a espinha dorsal das necessidades da
produção de cada dia", conforme explica Schlesinger (Wolf, 2009 [1987]: 240).
É, antes de mais, na agenda que se põem à prova os dotes de gatekeeper e em marcha os
valores-notícia. Esta secção é, em grande parte, o primeiro estágio do processo de construção
noticiosa: é onde se recebe a maior parcela de informações e onde se executa uma primeira
triagem. As informações que chegam a esta equipa são as mais diversas e surgem de variadas
formas: desde a agenda oficial do Presidente da República via e-mail até à informação de um
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acidente via chamada telefónica ou à denúncia de determinado caso pessoal através de carta.
Diária, semanal e mensalmente, a agência de notícias nacional, a Lusa, faz também chegar à
equipa de planeamento a agenda para o dia, semana ou mês seguinte, um documento com um
"apanhado" dos diversos eventos a acontecer num futuro próximo. Porém, é tarefa da equipa
de agenda e planeamento, não apenas aguardar que lhe cheguem as informações, mas também
procurá-las. Assim, é rotina desta equipa ler jornais em papel e online, procurar agendas
oficiais de relevo que não chegam à agenda da SIC ‒ como a da Procuradoria-Geral da
República, por exemplo ‒, entre outros. Todas as informações que aqui chegam, ou que o olho
apurado do jornalista (ou aspirante a jornalista) encontrou, passam pelas mãos da equipa, que
está incumbida de a analisar, triar e agendar. A coordenadora desta equipa da SIC, Ana Luísa
Galvão (2016), esclarece como é feita essa seleção:
Os critérios de seleção da informação da agenda são semelhantes aos critérios de seleção de notícias em
geral (interesse público, novidade, proximidade). O facto de trabalharmos num meio audiovisual pesa
nesse critério de seleção, pois é preciso ter em conta também o potencial do evento em termos de
imagem: a chegada de um navio da Marinha a um porto é obviamente mais interessante do que a
assinatura do protocolo para a compra desse mesmo navio (vide anexo IVa).
Apesar da subjetividade inerente e indiscutível no processo de seleção noticiosa, há assuntos
incontornáveis, como também menciona Ana Luísa Galvão:
Há elementos básicos que integram a agenda: iniciativas onde participe o Presidente da República, o
Primeiro Ministro, os ministros, líderes dos partidos com assento parlamentar [...], a Procuradora-Geral da
República, ou figuras de incontornável interesse público (desde Mário Soares, Eunice Muñoz, Ricardo
Araújo Pereira ou Cristiano Ronaldo, para dar uma ideia), ao que acrescem ainda eventos como greves
em setores relevantes para o país, julgamentos de casos mais mediáticos, datas relacionadas com
atividades escolares (início e fim do ano letivo, datas de exames, etc.) (vide anexo IVa).
As restantes questões ‒ que não são imperativas e obrigatórias ‒ carecem do olhar, da
subjetividade do gatekeeper.
Selecionada a informação (tarefa das jornalistas ‒ quatro ao todo ‒ que compõem a
equipa), passa-se a um processo de "engavetamento"19 (efetuado maioritariamente pelos
aspirantes a jornalistas, os estagiários ‒ dois ao todo). Queremos com isto dizer que a
informação é agendada na sua respetiva editoria ou categoria. São elas: "efemérides", espaço
para agendar e não deixar esquecer datas que se irão assinalar; "manifestações, greves e
19 Usaremos neste trabalho o neologismo "engavetamento" para nos referirmos ao processo de distribuição de notícias pelas editorias ou pelos grupos temáticos a que pertencem, como se de gavetas se tratassem, e não para nos referirmos ao seu uso comum, que serve para significar um acidente rodoviário em cadeia.
36
afins", onde se agenda todo o tipo de protestos e movimentos sindicais; "sociedade", a editoria
que mais diversidade de assuntos abarca, desde justiça a eventos gastronómicos, ou de saúde a
obras públicas; "política", que abrange as agendas do Estado, de partidos políticos e outros
eventos deste domínio, como os relacionados com a ONU (Organização das Nações Unidas),
por exemplo; "Parlamento", em que se marcam atividades da agenda parlamentar;
"economia", que engloba a apresentação de resultados de empresas, divulgação de indicadores
e relatórios, ou agendas de determinados ministros, como o da Economia, o das Finanças, o
da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, ou a do Mar, por exemplo; "desporto",
com grande enfoque para a modalidade do futebol; "internacional", de que são exemplos a
visita do Papa a um país estrangeiro ou o encontro de dois líderes mundiais fora do território
português; "cultura", que envolve sobretudo música, teatro, cinema e literatura; e "Porto", em
que se inserem quaisquer eventos a decorrer na Região Norte, desde política a desporto, por
serem temas tratados pela equipa que integra a redação da SIC em Matosinhos. Em
determinadas épocas, de acordo com determinados momentos mediáticos, podem existir ainda
outras "gavetas". Para exemplificar, aquando da minha passagem por esta equipa, decorriam
no país as campanhas eleitorais para eleger o novo Presidente da República, o que aconteceu
no dia 24 de janeiro de 2016. Por esse motivo, sob a editoria de "política", foi criada a
subcategoria "presidenciais", para responder à exigência imposta pela variedade e quantidade
de agendas oficiais dos candidatos ao cargo.
Percebemos, deste modo, que o planeamento e agendamento são nada mais do que uma
rotina de organização e controlo ‒ tanto quanto possível ‒ do trabalho jornalístico. Contudo, o
facto de um evento ser agendado não significa um "passaporte" para a sua cobertura, isto é,
não significa que se torne notícia. Em vez disso, o agendamento de eventos fornece a
coordenadores e editores um leque de possibilidades, sobre o qual fazem uma segunda
triagem. Maria João Ruela (2016) assumia que, das notícias de um alinhamento informativo
do fim de semana, apenas cerca de metade provém de eventos marcados em agenda (vide
anexo IVb). Já o coordenador do Primeiro Jornal da semana, André Antunes (2016), falava
em números ainda mais reduzidos: apenas 30 a 40% das peças que integram os alinhamentos
do Primeiro Jornal à semana corresponde a eventos "tirados" da agenda (vide anexo IVc). "A
triagem da informação na agenda tem uma «malha» necessariamente mais alargada quando
comparada com os conteúdos emitidos e exige um sentido de alerta não só ao que é notícia
mas ao que pode vir a ser", explicava Galvão (2016) (vide anexo IVa).
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2.2. Fim de semana
O modo de funcionamento da equipa de fim de semana20 é bastante diferente da rotina
dos jornalistas que trabalham durante a semana, assim como também são desiguais os
próprios fluxos informativos, questão esta a que voltaremos mais adiante. Sob a orientação de
um(a) coordenador(a) ‒ durante o estágio, papel exercido por Maria João Ruela ‒, uma equipa
própria prepara, ao longo da semana, os noticiários do fim de semana. Além desta equipa
destacada especificamente para os jornais do fim de semana, a cobertura das notícias de
atualidade (em menor número, como veremos, do que à semana mas ainda assim existentes) é
assegurada também por um conjunto reduzido de jornalistas escalados para o efeito, embora o
grosso dos jornais seja trabalho da equipa de informação de fim de semana.
Este grupo ‒ o responsável pela informação de domingo e composto por cerca de meia
dúzia de elementos ‒ reunia-se à quarta-feira (início de semana de trabalho para esta equipa)
para discutir, à semelhança do que é feito nas reuniões editoriais (cf. supra), o(s) trabalho(s)
que cada elemento tinha ou iria passar a ter em mãos a fim de integrar(em) os noticiários
desse fim de semana. Nesta discussão e troca de ideias, a coordenadora propunha e atribuía
trabalhos, e recebia, ponderava e decidia sobre outras sugestões feitas pelos elementos do
grupo. O mesmo acontecia com os estagiários, considerados mais um elemento da equipa.
Assim eram ‒ e são ‒ as rotinas da equipa de informação de fim de semana: os elementos
reúnem-se no "início da semana" para discutir quais as reportagens em curso, a partir daí
trabalham nelas (saem em reportagem, escrevem e estruturam a peça, e editam-na) durante a
restante semana de trabalho, para serem, por fim, emitidas no fim de semana. Para o
estagiário, que está a começar a dar os primeiros passos no meio, esta rotina de trabalho
acarreta benefícios: a mais fácil gestão do tempo e também a consequente disponibilidade dos
membros da equipa para auxiliarem e ensinarem são mais-valias para o processo de
aprendizagem do estagiário.
Ao fim de semana, as exigências da atualidade permitem aos jornalistas escalados e aos
que compõem as equipas de sábado e domingo ‒ incluindo os estagiários ‒ sair em
reportagem, quando algo atual ‒ como um protesto de suinicultores ou determinada
conferência de imprensa, a título de exemplo ‒ o justifique. Para os membros da equipa de
informação de fim de semana, são estas notícias dotadas de atualidade ‒ mas também de
20 À data da realização do estágio, havia duas equipas de fim de semana na SIC: uma responsável pelo sábado e coordenada por Pedro Mourinho, e outra responsável pelo domingo e coordenada por Maria João Ruela. Foi esta última equipa que integrei durante o estágio e é sobre ela que falamos no presente relatório.
38
importância ‒ que permitem maior contacto com as chamadas hard news, já que as
reportagens trabalhadas durante a semana para posterior transmissão são sobretudo soft news
(recordemos a opinião de Gaye Tuchman, para quem o cerne da separação entre hard news e
soft news está no fator tempo, isto é, na urgência de umas e na intemporalidade de outras). Por
forma a exemplificar o tipo de peças e o modo de feitura das mesmas, realizadas no âmbito
desta equipa ‒ as trabalhadas ao longo da semana e que compõem o grosso dos alinhamentos
do fim de semana ‒, seguem algumas notas da primeira reportagem efetuada nesta equipa, em
janeiro de 2016 ‒ e, portanto, no estágio ‒, tal como foram registadas em diário de bordo,
instrumento utilizado ao longo do estágio como parte integrante do trabalho de preparação
para a elaboração deste relatório:
Depois da reunião no início da semana, em que a Maria João aceitou a minha proposta (uma peça sobre
um «festival do arroz» num restaurante em Lisboa, de que tomei conhecimento numa notícia da NiT21, e
que me pareceu encaixar bem no tipo de jornal em questão), comecei o trabalho de produção e telefonei
para o restaurante para saber se tinham interesse em realizar a reportagem e, se sim, para acertar
pormenores. Combinámos uma hora e o que ia ser feito: pedi ao chef que confecionasse dois ou três
pratos para termos «imagem».
O repórter de imagem ‒ o Humberto Candeias ‒ e eu deslocámo-nos ao restaurante, o chef confecionou os
pratos que entendeu que, além de nos darem «imagem», lhe dariam a melhor «imagem», e no final
entrevistei-o. Manda a regra do bom jornalismo que devemos entrevistar a outra parte ‒ neste caso, os
clientes. Não me esqueci do que aprendi nos manuais da faculdade mas não o pude fazer porque a
tentativa de compatibilizar horários resultou num encontro a meio da tarde, em que já não há pessoas a
almoçar e ainda não há quem queira jantar.
Já na redação, visionei as imagens e a entrevista que tinha, fiz a minha primeira seleção de «vivos» e
redigi o texto, sem esquecer o que aqui me ensinaram: em televisão, «escreve-se para as imagens».
Seguiu-se o ritual do estagiário: olhei em volta na redação e lá acabei por escolher um jornalista que me
corrigisse e «desse voz» à peça. Foi o Nuno Pereira.
Feito isto, fui editar [com o Rui Rocha]. Ensinaram-me que, como os editores de imagem não estiveram
no local e portanto desconhecem o material que existe, tenho de ver previamente as imagens que há para
auxiliar o editor. Foi o que fiz, até porque tinha de «escrever para as imagens».
A peça foi transmitida nesse fim de semana (vide anexo IIa).
Visto isto, consideramos que nada mais urge ser apresentado no que ao processo de
execução de uma reportagem diz respeito. Importa, sim, canalizar o nosso olhar para o tipo de
peça que aqui apresentámos e que corresponde à maior parte das reportagens realizadas pela
equipa de fim de semana. Vejamos as peças (excluindo offs e talking heads, por entendermos
21 "NiT" é o acrónimo de "New in Town", uma revista online portuguesa de lifestyle, cultura e lazer.
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não serem representativos do trabalho da equipa, pois são maioritariamente feitos ao fim de
semana, corolário da imposição da atualidade e das hard news) realizadas durante a passagem
por esta equipa: 1) o "festival do arroz" num restaurante em Lisboa; 2) o surgimento de uma
nova modalidade de fitness, o S. Barre, em Portugal, mais concretamente numa cadeia de
ginásios; 3) as novas crias de órix-de-cimitarra do Jardim Zoológico de Lisboa; 4) os fatos de
Carnaval que seriam tendência em 2016; 5) o lançamento em Portugal do livro O Pequeno
Ditador Cresceu, do psicólogo espanhol Javier Urra; 6) uma ronda pelas novidades das
geladarias artesanais na capital do país; 7) um evento gastronómico centrado exclusivamente
na comida açoriana, a decorrer num restaurante em Lisboa; 8) um evento de tributo a Elvis
Presley; 9) uma notícia sobre a arte da falcoaria portuguesa, candidata a
Património Cultural Imaterial da Humanidade; 10) uma reportagem sobre uma escola de boxe
em Carnaxide com o projeto de criar um espaço de estudo para as crianças mais carenciadas e
com falta de acompanhamento; e 11) uma peça sobre a variedade de opções para ocupar as
crianças durante a pausa letiva da Páscoa (vide anexo II).
Fazendo corresponder cada uma destas reportagens à sua editoria, verificamos que sete
do total das onze peças pertencem à editoria de sociedade (nomeadamente, a do "Festival do
arroz em Lisboa", "Novas crias do Zoo de Lisboa", "Fatos de Carnaval", "Comer gelados no
inverno", "Gastronomia açoriana em Lisboa", "Falcoaria portuguesa a Património da
Humanidade" e "Atividades nas férias da Páscoa"), duas a cultura ("Tributo a Elvis Presley" e
"O Pequeno Ditador Cresceu", embora esta última possa também ser considerada peça de
sociedade graças ao assunto do livro, o comportamento infanto-juvenil) e outras duas a
desporto ("S. Barre em Portugal" e "Boxe solidário em Oeiras", que pode também ser
considerado tema de sociedade devido à vertente da solidariedade). Não é necessária uma
observação muito aprofundada para verificar a preponderância de notícias pertencentes à
editoria de sociedade e de outras que, não sendo desta editoria, apresentam traços em comum.
Todas elas poderiam ser classificadas soft news, tendo em conta o que aprendemos com os
contributos dos autores que se debruçaram sobre essa matéria. Esta realidade foi também
apontada por Adelino Gomes, que a justificou com "o abrandamento notório dos fluxos
informativos" ao fim de semana, resultando em produtos noticiosos com "um [caráter]
assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161).
Uma análise mais completa e detalhada será levada a cabo posteriormente neste
relatório, por forma a melhor avaliar estas palavras do autor e procurar concluir quais os
motivos que as fundamentam. Este é o espaço e o momento para olhar e interpretar o que por
mim foi feito no decorrer deste estágio.
40
Avançando, então, para essa interpretação, passamos a dar conta de algumas opiniões e
dificuldades que foram emergindo a par com o trabalho desenvolvido nesta equipa. Quando
um coordenador destaca um dos membros da sua equipa para o terreno, não está na posse do
"quadro" completo, algo que só o jornalista em campo tem. Por essa razão, é o próprio que
tem de fazer um trabalho de avaliação, tendo em conta os seus conhecimentos, experiências e
os critérios de noticiabilidade que tem para si como sendo as linhas guias de um jornalismo
correto. Reportagens houve ‒ as menos informativamente óbvias, claro está ‒ que exigiram de
mim essa ponderação, até porque realizar este tipo de peças (falamos de notícias que
divulgam um evento gastronómico num determinado espaço comercial ou o lançamento de
um livro, por exemplo) exige do jornalista (e mais ainda do estagiário) a clara noção de que
existe uma linha bastante ténue a separar o jornalismo da publicidade.
Na tentativa de ultrapassar esses obstáculos, recorre-se, por exemplo, a ângulos de
abordagem menos óbvios e fáceis: no caso concreto desta experiência, procurei fazê-lo ao dar
visibilidade a mais do que um espaço comercial [como aconteceu na reportagem sobre os
fatos de Carnaval mais procurados (vide anexo IId) ou na reportagem das novidades das
geladarias artesanais (vide anexo IIf)] ou ao "pegar" em casos pessoais para exemplificar e
complementar, conferindo à peça uma vertente mais humana e menos comercial [como foi
feito na reportagem sobre a publicação da nova obra de Javier Urra (vide anexo IIe)]. Todavia,
nem sempre é possível combater tais dificuldades e algumas peças têm mesmo de ser
abortadas, tal como ocorreu em mais do que uma situação durante a experiência nesta equipa.
Estes contratempos e necessidade de "dar a volta" para não "ficar presa em terreno pantanoso"
conduziram a uma reflexão sobre a quantidade de notícias que existe com "um pé" no
jornalismo e outro na publicidade. Apesar de a passagem pela informação de fim de semana
ter possibilitado a criação de reportagens mais desenvolvidas e aprofundadas e com uma
escrita criativa, e apesar de esta experiência se ter traduzido em tempo de grande
aprendizagem, a necessidade de conhecer outras facetas do jornalismo e de obter novos e
diferentes conhecimentos conduziu-me à última paragem deste meio ano de estágio: o
Primeiro Jornal.
2.3. Primeiro Jornal
Apesar de chegar à nova equipa com a expectativa de encontrar um tipo de jornalismo
diferente, com outros contornos, a ideia levada "na bagagem" de que a experiência na equipa
de fim de semana seria uma base, à qual bastaria adicionar um ritmo mais apressado, foi
41
deitada por terra no primeiro dia de ingresso nesta secção. Várias mudanças quanto ao
produto noticioso e ao processo produtivo se notaram na passagem entre equipas: o Primeiro
Jornal, além da maior rapidez já esperada ‒ exigida pelo espaço de tempo que o jornalista
possui para construir a(s) sua(s) peça(s), que é uma manhã ‒, congrega um bastante maior
número de notícias de atualidade e também assim mais hard news, além de estas não
permitirem a minúcia, o aprofundamento e o desenvolvimento que o fator tempo facilitava ‒ e
facilita ‒ às peças de fim de semana. Foi precisamente este conjunto de mudanças sentidas
que motivou a escolha do tema do presente relatório.
À semelhança do que fizemos anteriormente, damos a conhecer a rotina da equipa do
Primeiro Jornal, discrepante do dia a dia da equipa de fim de semana: além das decisões
tomadas na reunião editorial do dia anterior, o coordenador do jornal distribui, no início da
manhã, serviços pelos elementos da equipa que lidera. Atribuído um trabalho, o jornalista põe
em marcha a tarefa de produção ‒ quando necessária e se não for feita pelo produtor da equipa
‒, que consiste em fazer os respetivos contactos e acertar um horário e alguns detalhes. A isto,
segue-se a deslocação ao local, onde o jornalista e o repórter de imagem que o acompanha se
inteiram da situação e recolhem os testemunhos e as imagens. Chegados à redação, está
terminado o trabalho do repórter de imagem, mas continua o do jornalista, que dá início ao
processo de construção da notícia: escutam-se as entrevistas, selecionam-se os excertos mais
relevantes, veem-se, tanto quanto o prazo permitir, as imagens recolhidas, e redige-se o texto.
Isto feito, passa-se à edição da peça, realizada maioritariamente por editores de imagem mas
por vezes pelos próprios jornalistas, e tenta-se consumar a reportagem a tempo de "entrar" no
seu lugar no alinhamento ou pelo menos a tempo de integrar ainda o jornal. [Quando uma
peça não entra no momento definido, pode ser "arrastada" para um lugar (uns minutos) mais
abaixo no alinhamento, mas apenas e só se ficar enquadrada tematicamente (cf. supra). Caso
contrário, a notícia "cai" e só fica embargada para o noticiário seguinte se não for dotada de
atualidade.] Quando o noticiário da hora de almoço da semana tem início, a maior parte das
peças está ainda em construção, pelo que reafirmamos que um alinhamento só está totalmente
definido no último minuto (cf. supra).
Olhemos para o total de peças, offs e talking heads produzido ao longo do cerca de mês
e meio passado nesta secção. (Neste caso, os offs e talking heads são também alvo da nossa
observação, por serem representativos do trabalho feito nesta equipa. Isto porque estes
enunciados jornalísticos não são empregues a assuntos intemporais mas sim a temas atuais.
De uma saída em reportagem, pode resultar qualquer um destes três formatos, consoante o
grau de importância, a qualidade ou a quantidade do material que foi possível recolher.)
42
1) Notícia relativa ao estado do tempo, com aviso amarelo em 15 distritos do país devido à
previsão de queda de neve e vento forte; 2) peça de atualização da meteorologia; 3) talking
head de um morador lesado na sequência da explosão de uma máquina ATM, que pontuou
um direto da jornalista Ana Peneda Moreira; 4) notícia sobre atos de vandalismo numa escola
secundária em Odivelas; 5) divulgação de um estudo relativo a doenças respiratórias; 6)
abertura do aqueduto das águas livres de Lisboa a ciclistas; 7) divulgação de novos
indicadores sobre o sobre-endividamento em Portugal; 8) a tradicional romaria a cavalo na
Moita; 9) a descoberta de um corpo desaparecido havia quatro meses em Salvaterra de
Magos; 10) a história insólita de um bebé que nasceu 55 dias após a morte cerebral da
progenitora; 11) funcionários com os empregos em risco numa fábrica de peças para
automóveis na Azambuja; 12) o projeto "Missão X - Treina como um astronauta" da NASA e
da ESA, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento; 13) uma iniciativa que promove a
hortofruticultura em escolas primárias; 14) uma peça sobre a previsão de tempo quente, a
antecipar o verão; 15) a passagem de uma unidade móvel de apoio ao emprego pela capital do
país; 16) o início de um longo período de obras no chamado Eixo Central de Lisboa; 17) a
entrada em vigor de novas regras para o uso de drones; 18) uma notícia sobre a previsão de
chuva e vento forte, após dias de calor; 19) o caso de uma mulher centenária que bateu o
recorde mundial da centenária mais rápida, numa prova de corrida de 100 metros; 20) a
continuação da previsão de chuva no país; e 21) a história de um casal de falcões que
nidificou na floreira de um prédio na Amadora (vide anexo III).
Ao compararmos com o trabalho desenvolvido na secção de fim de semana, salta
imediatamente à vista o número de peças bastante maior realizado nesta última equipa, onde a
permanência foi ainda por cima de menor duração: cerca de um mês e meio a menos
relativamente ao tempo passado na informação de fim de semana. Isto acontece devido aos
distintos modos de funcionamento das duas equipas: enquanto na secção de fim de semana,
uma peça é resultado do trabalho de uma semana, no Primeiro Jornal, é reflexo de uma manhã
de trabalho. Na primeira equipa, cada elemento tem em mãos dois ou três serviços por
semana, e, na segunda, um ou dois por dia (por manhã, para sermos mais precisos).
Encaixando as reportagens realizadas nas suas respetivas editorias, 18 das 21 peças são
de sociedade, embora dez sejam por nós consideradas hard news e oito soft news; as restantes
três inserem-se na editoria de economia e são hard news. Verificamos também nesta equipa
um grande peso da editoria de sociedade no alinhamento, algo que iremos comprovar e
justificar na análise de conteúdo que faremos mais à frente. No entanto, as peças realizadas
nas duas secções divergem quanto à sua tipificação: as produzidas no Primeiro Jornal são
43
maioritariamente hard news, contrastadamente com o que ocorre com as feitas no fim de
semana, que concluímos serem todas soft news.
É ainda importante esclarecer que a informação diária, ao contrário das peças
produzidas atempadamente para posterior difusão, nem sempre exige saída em reportagem.
Grande parte da informação produzida nos media chega-lhes das agências de notícias.
As grandes agências de imprensa, supranacionais ou nacionais, constituem indubitavelmente a «fonte»
mais notável de materiais noticiáveis: «ignorar ou minimizar o valor da sua função [...] equivale a rejeitar
uma grande fatia do processo de mediação que separa as [redações] dos jornais (escritos ou
radiotelevisivos) do movimento do real».
(Wolf, 2009 [1987]: 231)
Por vezes, os jornalistas "pegam" nessa informação e vão explorá-la para o terreno. Outras
vezes, a notícia é feita única e exclusivamente a partir do feed por um jornalista que não saiu
do seu lugar frente a um computador. Vejamos as seguintes notas assentes em diário de bordo,
exemplificativas do que dizemos:
Dia 22 de abril de 2016.
Cheguei cedo à redação e comecei a ler os jornais online e os feeds das agências. Quando o André
chegou, apresentei-lhe duas propostas, de assuntos que tinha encontrado na AP22, e ele interessou-se por
uma: a história de um bebé na Polónia que nasceu 55 dias após a morte cerebral da mãe. O André
mandou-me avançar e disse-me para evitar usar entrevistas em polaco, porque, como é uma língua pouco
comum em Portugal, as pessoas poderiam perder o interesse. Assim fiz: não usei «vivos» e contei apenas
a história (vide anexo IIIj).
O tema era internacional mas poderia ter ocorrido em território português. Nos media, é
cada vez mais frequente a construção de notícias sem qualquer deslocação de recursos
(humanos e materiais), o que significa que esta relação entre os órgãos de comunicação e as
agências de notícias assenta em boa medida em questões económicas. Das 21 notícias
produzidas durante o curto espaço de tempo que durou a experiência de integrar a equipa do
Primeiro Jornal, oito não implicaram saída em reportagem, sendo que, destas, uma (a do
"sobre-endividamento em Portugal") incluiu uma entrevista efetuada na própria redação da
SIC, como forma de poupar custos temporais, permitindo poupar também os económicos.
22 "AP" é a sigla da agência de notícias internacional "Associated Press".
44
SECÇÃO III - ANÁLISE EMPÍRICA EXPLORATÓRIA
1. Metodologia
Na procura por conclusões o mais fidedignas e próximas da realidade possível,
procedeu-se a uma análise empírica exploratória, que, numa análise dos media ‒ como é o
caso desta ‒, possibilita uma observação metodologicamente fundamentada, com uma
descrição sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto. Apesar de a nossa análise incidir
sobre um reduzido período, como veremos de seguida, e consequentemente não ser possível
inferir conclusões generalizáveis, esta observação, sobre um espaço temporal selecionado de
forma aleatória, permite retirar dados pertinentes para o âmbito deste relatório que
inclusivamente se cruzam com as observações e interpretações efetuadas ao longo do estágio.
Antes de mais, é premente delimitar e definir o corpus de análise. Desde logo, foram
escolhidos alinhamentos de entre o intervalo de tempo relativo ao ingresso em cada uma das
equipas ‒ fim de semana e Primeiro Jornal ‒, por forma a a nossa análise dar expressão às
opiniões formadas durante o período de estágio. Começando pelo fim, pelo Primeiro Jornal
(equipa que me acolheu entre 23 de março e 6 de maio), os alinhamentos escolhidos
correspondem à segunda semana de ingresso na equipa (a que marcou o início de saídas em
reportagem nesta secção, já que a primeira semana do estagiário em cada equipa é sobretudo
de acompanhamento de jornalistas) e à última. Foram, assim, alvo do nosso olhar as semanas
de 28 de março a 1 de abril de 2016 e a de 2 de maio a dia 6 do mesmo mês (vide anexo V). A
partir desta seleção, que resultou na análise de dez dias e, portanto, de dez alinhamentos,
foram também selecionados dez dias da equipa do fim de semana. Uma vez que o critério de
seleção usado no primeiro caso (a segunda e a última semanas na equipa) não permitiria, no
caso dos noticiários de fim de semana, abarcar o mesmo número de dias (e, portanto, não
possibilitaria uma comparação fiel), e a fim de alcançar o máximo de tempo passado na
informação de fim de semana (cerca de três meses), foram selecionados os alinhamentos de
sábado e domingo com um salto temporal de uma semana entre cada fim de semana, ou seja,
"fim de semana sim, fim de semana não". Daqui resultou, então, a escolha dos seguintes
alinhamentos: o fim de semana de 16 e 17 de janeiro de 2016, sábado e domingo
respetivamente, 30 e 31 de janeiro, 13 e 14 de fevereiro, 27 e 28 de fevereiro, e 12 e 13 de
março (vide anexo V).
45
Da análise do conteúdo que compõe estes 20 alinhamentos, excluíram-se genéricos ‒ o
inicial e o final ‒, promoções e teasers, blocos de imagens que servem para "pintar" diretos ou
entrevistas, por exemplo, entrevistas com convidados em estúdio, diretos e falsos diretos,
vidis, espaços de comentário, rubricas e a meteorologia no final do jornal. Embora todos estes
componham o produto noticioso, excluímo-los desta observação por se considerar não serem
pertinentes para a nossa análise. Assim, foram estudados as peças, offs e talking heads.
Os dois grandes eixos deste trabalho de análise são o "tema" e o "tempo" de cada peça e
do jornal como um todo. Numa primeira fase, cada notícia foi encaixada na editoria a que
pertence, de entre as seis possíveis, conforme a divisão feita no seio da redação da SIC:
política, economia, sociedade, internacional, desporto e cultura. Uma vez que cada uma destas
editorias (umas mais do que outras) trata temas bastante distintos, foi feita uma subdivisão
temática (em umas editorias mais do que noutras, havendo mesmo uma sem qualquer
subdivisão por não ser justificável), que foi estruturada e readaptada a partir do trabalho de
Carla Cruz (2008: 216-217). Dentro da editoria de política, as peças foram distribuídas de
acordo com o seu conteúdo temático por "Estado" [que abrange quaisquer questões
concernentes a Governo, Presidência da República e Parlamento (uma vez que, aquando da
realização do estágio, decorriam as campanhas presidenciais, também eventuais notícias sobre
este assunto pertencem a esta subcategoria)], "partidos políticos" (que engloba quaisquer
ações ou tomadas de posição/opinião de forças partidárias) e "outro" (para todas as restantes
questões do domínio da política). Na editoria de economia foi feita uma subdivisão em
"banca/finanças" (que inclui obviamente notícias sobre o Orçamento do Estado e questões da
Zona Euro, a que Portugal pertence), "comércio/indústria", "sindicatos/greves/protestos" (ou
outras formas de luta relacionadas com questões laborais) e "outro". A editoria de sociedade é
a que mais variedade de assuntos abarca, resultando daí uma maior dificuldade em subdividi-
-la tematicamente de forma a construir uma metodologia de análise que permita alcançar
resultados fiéis. Por esse motivo, esta é a editoria com maior número de subcategorias:
"justiça/atos ilícitos" (que abrange quaisquer notícias sobre operações judiciais e outros
julgamentos, mas também outros atos ilícitos ou ilegais), "acidentes/catástrofes" (que diz
respeito também a estados meteorológicos extremos, dos quais decorrem prejuízos humanos
e/ou materiais), "educação/ciência" (em que se inserem também peças sobre tecnologia),
"saúde", "entretenimento" (que abrange reportagens sobre feiras, festas, eventos
gastronómicos, turismo ou certos faits-divers, por exemplo) e "outro" (que abarca todos os
restantes assuntos do domínio da editoria de sociedade, desde segurança a religião, ou de
ambiente a obras públicas). Internacional foi dividida em "terrorismo/justiça" (subcategoria
46
que envolve notícias relativas a atos de terrorismo ou a quaisquer outras ações puníveis legal e
moralmente), "acidentes/catástrofes", "política" (e eventuais movimentos daí decorrentes) e
"outro" (a que pertencem todos os outros assuntos, como os relacionados com personalidades
internacionais ou com religião, por exemplo). A editoria de desporto foi meramente
ramificada em "futebol" e "outro" (que concerne às restantes modalidades desportivas). Esta
fácil e simples divisão decorre da clara e inegável predominância do futebol sobre todas as
outras modalidades desportivas quer nos media como na sociedade portuguesa em geral. Por
último, a editoria de cultura pareceu-nos não exigir a necessidade de qualquer divisão, pelo
que peças sobre cinema, teatro, música, literatura e restantes expressões artísticas e culturais
foram todas colocadas no mesmo "saco".
Uma reflexão sobre o que foi estudado e discorrido na secção I, de enquadramento
teórico, deste trabalho, com respeito à distinção clássica entre hard news e soft news,
permitiu-nos também aplicar, na prática, estas definições e diferenciações ao objeto de
análise. Certo é que entramos num domínio de maior subjetividade, pelo que fundamentamos
a nossa observação nas perspetivas dos teóricos estudados, em particular cruzando os pontos
de vista de Gaye Tuchman (1973) ‒ que entende por hard news questões factuais, passíveis de
reflexão e, assim, importantes e que exigem divulgação imediata, e por soft news temas
interessantes, relativos a fraquezas humanas e, portanto, intemporais ‒, de Patterson (2000) ‒
que considera as hard news acontecimentos importantes e/ou com personalidades relevantes
ou ruturas significantes no dia a dia de uma sociedade, e as soft news temas mais facilmente
executáveis, centrados em pessoas e de divulgação mais maleável ‒ e de Curran et al. (2009)
‒ para quem são hard news as notícias sobre política, administração pública, economia,
ciência e tecnologia e soft news assuntos sobre celebridades, temas de interesse humano,
desporto e entretenimento ‒ (cf. supra).
Deste modo ‒ e generalizando ‒, na editoria de política, apenas foram considerados soft
news alguns faits-divers ou situações de somenos importância relacionadas com figuras
políticas. Todos os restantes assuntos foram considerados hard news, até pelo peso e
relevância que acarreta o mundo da política, à semelhança do que acontece com a economia.
Nesta última editoria, foram também considerados soft news casos residuais, de pouco ou
nenhum peso na economia e nas finanças do país. Tudo o resto entendemos serem hard news.
Na editoria de sociedade, considerámos como hard news questões de justiça, notícias sobre
acidentes ou catástrofes, questões de segurança nacional, obras públicas de relevância e com
condicionantes para a população, e assuntos de relevo no campo da saúde e da educação.
Como soft news, foram consideradas reportagens sobre feiras, festas, eventos gastronómicos,
47
turismo, certos faits-divers e peças de atualização do estado do tempo, quando não associadas
situações de alerta ou risco. Em temas de âmbito internacional, a política, o terrorismo, a
segurança, acidentes e catástrofes foram classificados como hard news. Por seu lado, peças
sobre figuras do chamado "mundo cor de rosa" ou sobre insólitos e curiosidades em território
internacional tipificámos como soft news. Em desporto, apenas resumos de jogos importantes,
eventos desportivos de relevo, como por exemplo o Campeonato Europeu de Futebol, e
questões polémicas em âmbito desportivo foram classificados como hard news. Os restantes
assuntos, como a antevisão de jogos ou o ambiente vivido entre adeptos, são, para nós, soft
news. Na cultura, somente eventos de sumo valor ou a perda de figuras da arte e da cultura
foram tipificados hard news. Outras questões foram encaradas como soft news.
Esta análise com enfoque no "tema" de cada peça dos 20 alinhamentos em estudo tem
por objetivo perceber quais os assuntos com maior predominância nos noticiários de segunda
a sexta-feira e os de maior destaque ao sábado e domingo. Paralelamente, pretendemos
concluir o peso que têm as chamadas "soft news" nos produtos noticiosos e a parcela que cabe
às hard news. Isto a fim de inferirmos a existência ou não de diferenças entre os alinhamentos
da semana e os do fim de semana.
Quanto ao vetor "tempo", foram analisados a parte e o todo. Queremos com isto dizer
que o nosso estudo recaiu também sobre o tempo de duração de cada peça, off e talking head
individualmente, sobre a duração total de cada noticiário e também sobre o número de
notícias que compõe cada alinhamento. Esta parte da análise visou igualmente compreender
se se verificam diferenças entre os noticiários da semana e os do fim de semana.
2. Apresentação e discussão dos dados
Eixo "tempo"
Iniciando a nossa análise pela vertente do estudo mais objetiva ‒ a questão do "tempo"
‒, da observação mais profunda dos 20 alinhamentos e mais exploratória das 551 peças que os
compõem, foi possível concluir, desde logo, a diferença de duração entre os jornais da semana
e os do fim de semana. Um cálculo dos dez alinhamentos analisados do Primeiro Jornal
resultou numa média de uma hora e 28 minutos (1h28m) de duração por noticiário. Por seu
turno, os jornais da hora de almoço transmitidos ao fim de semana na SIC duram, em média,
uma hora e três minutos (1h03m). Contas feitas, o resultado é o de uma discrepância de 25
minutos entre a duração do Primeiro Jornal da semana e o do fim de semana. Dos dez
noticiários de sábado e domingo em análise, metade (
de duração (vide anexos Vb, Vd, Vf, Vh e Vj).
Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa
alinhamento do Primeiro Jornal e, por outro
passo que os jornais de segunda a sexta
são compostos, em média, por 22 peças. Olhando para cada
-se que, dos dez alinhamentos do Primeiro Jornal,
27 notícias e o mais composto 39 notícias
jornal com menos peças possuía 16 notícias e o mais
Va).
Figura
Esta diferença de tamanho (traduzido no tempo de duração
que o compõem) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades
oficiais [...] [diminuírem], por
Primeiro Jornal
Fim de Semana
Primeiro Jornal
Fim de Semana
noticiários de sábado e domingo em análise, metade (cinco) não chegava mesmo a uma hora
Vb, Vd, Vf, Vh e Vj).
Figura 3. Tempo médio de duração do jornal
Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa
alinhamento do Primeiro Jornal e, por outro lado, um alinhamento de fim de
e segunda a sexta-feira têm, em média, 33 peças, os de fim de
são compostos, em média, por 22 peças. Olhando para cada noticiário em particular,
se que, dos dez alinhamentos do Primeiro Jornal, aquele com menor número de peças possuía
27 notícias e o mais composto 39 notícias (vide anexos Vl e Vp). Já ao fim de
jornal com menos peças possuía 16 notícias e o mais completo 31 notícias
Figura 4. Número médio de notícias por alinhamento
Esta diferença de tamanho (traduzido no tempo de duração do jornal e no número de peças
) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades
oficiais [...] [diminuírem], por hábito, drasticamente ao fim de semana, não
01:28:18
01:03:11
Primeiro Jornal
Fim de Semana
33
22
Primeiro Jornal
Fim de Semana
48
ava mesmo a uma hora
Com isto se compreende a diferença existente entre o número de peças que completa um
lado, um alinhamento de fim de semana. Ao
m média, 33 peças, os de fim de semana
em particular, verifica-
com menor número de peças possuía
. Já ao fim de semana, o
31 notícias (vide anexos Vf e
e no número de peças
) entre os jornais resulta sobretudo do facto de "as agendas das entidades
semana, não [haver] atividade
01:28:18
parlamentar, não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à
hotelaria ou a museus, por exemplo)" (Galvão, 2016) (
reflete no tipo de peças feito, como veremos.
Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de
cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52
segundos (1m52s). Valor este que pouco difere do tempo
semana: um minuto e 53 segundos (1m53s).
Figura
Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notíci
do Primeiro Jornal da semana e o do fim de
idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é
influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos
55 segundos (5m55s) ‒ a peça de maior duraç
oposto extremo, um talking head
menor duração de entre o total de peças analisadas
que se quereria o mais próximo possível da realidade.
Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez
que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça
do Primeiro Jornal, por um
apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais
onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média m
minutos do que ao fim de semana)
Primeiro Jornal
Fim de Semana
não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à
hotelaria ou a museus, por exemplo)" (Galvão, 2016) (vide anexo IVa), algo que também se
peças feito, como veremos.
Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de
cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52
Valor este que pouco difere do tempo médio que tem cada peça do fim
um minuto e 53 segundos (1m53s).
Figura 5. Tempo médio de duração da notícia
Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notíci
Jornal da semana e o do fim de semana têm um período de duração praticamente
idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é
influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos
‒ a peça de maior duração das 551 em análise (vide
talking head de 18 segundos (0m18s) ‒ o enunciado jornalístico de
menor duração de entre o total de peças analisadas (vide anexo Vs) ‒ influencia
se quereria o mais próximo possível da realidade.
Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez
que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça
nal, por um lado, e do noticiário de fim de semana, por outro (diferença de
apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais
onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média m
semana) (vide anexo V).
00:01:52
00:01:53
Primeiro Jornal
Fim de Semana
49
não [haver] aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à
anexo IVa), algo que também se
Analisado o todo, olhamos agora a parte, em concreto o tempo médio de duração de
cada notícia. Durante a semana, cada peça do Primeiro Jornal tem em média um minuto e 52
médio que tem cada peça do fim de
Quanto a este aspeto, concluímos que não existem diferenças a relevar. Em média, as notícias
semana têm um período de duração praticamente
idêntico. Não obstante, importa refletir que uma média, enquanto cálculo matemático, é
influenciada pelos valores extremos a calcular. Por exemplo, uma notícia com cinco minutos e
vide anexo Vs) ‒ ou, no
‒ o enunciado jornalístico de
‒ influenciam a média,
Sintetizemos, então, os principais resultados obtidos quanto ao fator "tempo": uma vez
que não se verifica uma discrepância de destaque quanto ao tempo de duração de cada peça
semana, por outro (diferença de
apenas um segundo), o facto de existirem mais notícias durante a semana (em média mais
onze peças) resulta num jornal de maior duração (à semana o jornal dura em média mais 25
00:01:53
Eixo "tema"
Comecemos uma vez mais pelo Primeiro Jornal. No
uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,
permitiu comprovar o que já se aguardava tendo em conta
estágio e a análise introdutória,
relatório. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No
período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta
editoria. Seguem-se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto
(16%), política (5%) e cultura (1%).
Figura 6. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal
Uma mera análise que "engavetasse" as peças nas s
muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo
temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos
ilícitos", com um peso de 28%. Dam
tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu
o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (
anexos Vm a Vo). Com igual peso (20%) encontram
relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de
notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"
(Antunes, 2016) (vide anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,
quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a
título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de m
Política Economia
Comecemos uma vez mais pelo Primeiro Jornal. No que à questão temática diz respeito,
uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,
permitiu comprovar o que já se aguardava tendo em conta o que se experienciou durante o
a análise introdutória, feita sobre o trabalho realizado na secção II do presente
. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No
período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta
se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto
16%), política (5%) e cultura (1%).
. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal
Uma mera análise que "engavetasse" as peças nas suas editorias, seria, na nossa opinião,
muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo
temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos
ilícitos", com um peso de 28%. Damos como exemplo ‒ talvez menos óbvio ‒ o caso de um
tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu
o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (
Com igual peso (20%) encontram-se as notícias de "entretenimento" e as
relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de
notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"
anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,
quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a
título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de m
5%
18%
42%
18%
16%
1%
Economia Sociedade Internacional Desporto
50
que à questão temática diz respeito,
uma primeira fase da análise, que incidiu na distribuição de peças pelas respetivas editorias,
o que se experienciou durante o
feita sobre o trabalho realizado na secção II do presente
. Falamos do peso que têm as notícias de sociedade no total de um alinhamento. No
período analisado, quase metade (42%) dos noticiários se compunha de peças inseridas nesta
se, com igual peso (18%) as secções de economia e internacional, desporto
. Distribuição por editoria das notícias do Primeiro Jornal
uas editorias, seria, na nossa opinião,
muito redutora, pelo que, como já mencionámos, partimos para uma distribuição por grupo
temático. No âmbito da editoria de sociedade, a temática mais recorrente é a da "justiça/atos
‒ talvez menos óbvio ‒ o caso de um
tiroteio no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, que causou cinco feridos. Assunto este que abriu
o Primeiro Jornal do dia 30 de março e que voltou a ter destaque nos dias seguintes (vide
se as notícias de "entretenimento" e as
relativas a "outro" tipo de assuntos. Quanto às primeiras, esta é, em grande parte, a parcela de
notícias que, no caso do Primeiro Jornal, dá a "oportunidade ao espectador de relaxar"
anexo IVc), como referia em entrevista o coordenador deste noticiário,
quando questionado sobre a necessidade de criar "picos de interesse" no jornal. Falamos, a
título de exemplo, de notícias como a que foi transmitida no dia 28 de março sobre o destaque
Cultura
51
dos vinhos alentejanos na escolha dos portugueses (vide anexo Vk) ou a de dia 31 do mesmo
mês sobre as férias dos estudantes finalistas do ensino secundário em Espanha (vide anexo
Vn). Um olhar mais atento nota que, no primeiro caso, a notícia surge na reta final do jornal, o
que permite compreender o que dizia António Prata, da TVI, a Adelino Gomes (2012: 274):
"é hábito fechar [o jornal] com um [fait-divers] ‒ humor, cinema, destino, etc." (cf. supra).
Contudo, no segundo caso, a peça encontra-se sensivelmente a meio do alinhamento, o que
comprova a necessidade de criar "picos de interesse" ao longo do jornal, com vista a prender o
telespectador. Tal como foi dito, a subcategoria "outro" possui também um peso de 20% no
total de peças de sociedade. O motivo de tal destaque é o facto de abranger uma enorme
variedade de assuntos (cf. supra), dos quais damos alguns exemplos: a notícia "Daesh
Portugal" de dia 1 de abril sobre um vídeo propagado pelo grupo terrorista em que ameaçava
Portugal, bem como a peça que se seguiu sobre um relatório que divulgava que, desde 2013,
estavam sob vigilância os portugueses e luso-descendentes na Síria ligados ao Daesh (vide
anexo Vo) consistem em temas de segurança nacional. Um exemplo bem diferente mas que
também se encaixa na subcategoria "outro" é o da notícia das obras públicas no chamado
"Eixo Central" de Lisboa, com grandes implicações para os que diariamente se deslocam para
o trabalho na capital do país (vide anexo Vq). Seguem-se, de entre as notícias de sociedade, as
peças sobre "saúde" (16%), de que é exemplo a do dia 3 de maio, sobre o uso de sedativos em
lares de idosos, ou a que se seguiu imediatamente, sobre a pílula do dia seguinte (vide anexo
Vq). Com o menor destaque (8%), encontram-se, por último, as reportagens sobre
"acidentes/catástrofes" e também as que incidem sobre temas de "educação/ciência". Exemplo
do primeiro tipo de peças é o caso de um acidente rodoviário em Moulins, França, que
vitimou mortalmente doze portugueses. A noticiabilidade do acidente era tal que o assunto
teve lugar em todos os alinhamentos da primeira semana em análise (vide anexos Vk a Vo).
Quanto à categoria temática "educação/ciência", falamos, por exemplo, do assunto que
dominou e inclusivamente abriu o jornal de 6 de maio: a questão ‒ que se tornou ‒ polémica
do financiamento das escolas privadas pelo Estado (vide anexo Vt).
Figura 7. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
À editoria de sociedade
de 61 peças. Destas, sobressaem as relativas à "banca/finanças",
total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que
envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,
referente ao facto de mais de uma centena de funcionários ter sid
não aceitar uma proposta de rescisão voluntária de contratos (
do Estado [como a notícia de 28 de março
anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o
de dia 2 de maio chamado "Reembolsos IRS 1ª fase" (
do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que
como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa
social de eletricidade (vide
formas de luta ocupam uma parcela de 16% do número total d
de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do
leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP
(vide anexos Vn e Vp). Das 61 notícias da editor
Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do
domínio económico.
Justiça/Atos ilícitos
Saúde
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -
À editoria de sociedade segue-se a de economia, com um peso de 18%, representativo
de 61 peças. Destas, sobressaem as relativas à "banca/finanças", que representam 67% do
total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que
envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,
referente ao facto de mais de uma centena de funcionários ter sido impedida de trabalhar por
não aceitar uma proposta de rescisão voluntária de contratos (vide anexo Vq)], o Orçamento
do Estado [como a notícia de 28 de março que anunciava a promulgação do Orçamento (
anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o
de dia 2 de maio chamado "Reembolsos IRS 1ª fase" (vide anexos Vo e Vp)]
do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que
como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa
vide anexo Vt). Notícias sobre "sindicatos/greves/protestos" ou outras
formas de luta ocupam uma parcela de 16% do número total de peças de economia. Trata
de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do
leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP
Das 61 notícias da editoria de economia nos alinhamentos do Primeiro
Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do
28%
8%
8%16%
20%
20%
Justiça/Atos ilícitos Acidentes/Catástrofes Educação/Ciência
Entretenimento Outro
52
Sociedade
com um peso de 18%, representativo
que representam 67% do
total de notícias de cariz económico. Falamos de peças respeitantes a conteúdos que
envolvem, por exemplo, bancos [como a peça "Novo Banco Trabalhadores" de 3 de maio,
o impedida de trabalhar por
anexo Vq)], o Orçamento
que anunciava a promulgação do Orçamento (vide
anexo Vk)] ou finanças [como a peça de dia 1 de abril intitulada "Arranque Impostos" ou o off
anexos Vo e Vp)]. A ocupar 17%
do total de notícias de economia está a categoria "comércio/indústria", que envolve peças
como a de dia 6 de maio, chamada "EDP Investimentos" e que se refere ao custo da tarifa
anexo Vt). Notícias sobre "sindicatos/greves/protestos" ou outras
e peças de economia. Trata-se
de reportagens como a de 31 de março sobre uma manifestação de trabalhadores do setor do
leite ou a de 2 de maio sobre o anúncio de uma semana de luta pela central sindical CGTP
ia de economia nos alinhamentos do Primeiro
Jornal, não se identificaram quaisquer notícias relativas a "outro" género de questões do
Educação/Ciência
Figura 8. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18%
que integram os alinhamentos do Primeiro Jornal. Quanto a esta,
internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças d
editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece
imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de
rebelião contra o regime angolano
marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em
análise, em quatro dos dez noticiários (
subcategoria que tematiza 22% das peças de internacional. Entre estas
de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo
auto-proclamado Estado Islâmico, ou a de 2 de maio relativa a
Seattle, EUA, durante um protesto a decorrer no dia do t
Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e
legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de
internacional. A intitulada "Incêndio Canadá", de 4 de maio
é um exemplo (vide anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos
internacionais, pesa 14% nesta editoria.
superou um desafio de 24 horas destinado
exemplo (vide anexo Vo).
Banca/Finanças/OE
Sindicatos/Greves/Protestos
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -
Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18%
os alinhamentos do Primeiro Jornal. Quanto a esta, é a subcategoria "política"
internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças d
editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece
imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de
angolano, liderado por José Eduardo dos Santos. Este assu
marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em
análise, em quatro dos dez noticiários (vide anexos Vk, Vl, Vn e Vt). "Terrorismo/justiça" é a
subcategoria que tematiza 22% das peças de internacional. Entre estas,
de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo
proclamado Estado Islâmico, ou a de 2 de maio relativa a episódios de violência em
Seattle, EUA, durante um protesto a decorrer no dia do trabalhador (vide
Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e
legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de
internacional. A intitulada "Incêndio Canadá", de 4 de maio e atualizada nos dias posteriores,
anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos
internacionais, pesa 14% nesta editoria. O fait-divers "24 horas Navy", sobre uma criança que
superou um desafio de 24 horas destinado aos militares da Marinha norte
67%
17%
16%
0%
Banca/Finanças/OE Comércio/Indústria
Sindicatos/Greves/Protestos Outro
53
Economia
Tal como a editoria de economia, também a de internacional ocupa 18% das notícias
é a subcategoria "política"
internacional que domina, correspondendo a quase metade (47%) do número de peças desta
editoria. Um exemplo é o caso do grupo de ativistas angolanos, do qual se reconhece
imediatamente o nome de Luaty Beirão, que foi preso por alegadamente planear atos de
, liderado por José Eduardo dos Santos. Este assunto, que
marcou as agendas mediáticas em 2015 e 2016, foi abordado, no período de tempo em
"Terrorismo/justiça" é a
, estão, por exemplo, a
de 29 de março que assinala a passagem de uma semana desde os atentados em Bruxelas pelo
episódios de violência em
vide anexos Vl e Vp).
Esta última foi encaixada nesta subcategoria por dizer respeito a atos puníveis moral, social e
legalmente. Notícias de "acidentes/catástrofes" preenchem 17% do total de peças de
e atualizada nos dias posteriores,
anexos Vr a Vt). A categoria "outro", que abarca variados assuntos
"24 horas Navy", sobre uma criança que
aos militares da Marinha norte-americana, é um
Figura 9. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro
em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também
nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade
é assunto de 47 do total das 52 peças desta editoria, o que corr
restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o
reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram
visibilidade nos noticiários da hora de almoço durante a semana:
ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução
todo-o-terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5
de maio) e ténis ("João Sousa" de 6 de maio).
Figura 10. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
Terrorismo/Justiça
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Internacional
Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro
em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também
nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade
é assunto de 47 do total das 52 peças desta editoria, o que corresponde a 90%. Todas as
restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o
reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram
visibilidade nos noticiários da hora de almoço durante a semana: ginástica (peça "Chegada
ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução
terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5
de maio) e ténis ("João Sousa" de 6 de maio).
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal -
22%
17%
47%
14%
Terrorismo/Justiça Acidentes/Catástrofes Política
90%
10%
Futebol Outro
54
Internacional
Desporto é a quarta editoria representada nos alinhamentos do Primeiro Jornal: surge
em 16% do total das 333 peças dos noticiários da semana. Tal como era esperado, também
nesta análise empírica podemos comprovar que "o futebol é o desporto rei". Esta modalidade
esponde a 90%. Todas as
restantes modalidades foram condensadas em apenas 10% das reportagens. Tal como o
reduzido número nos permite, damos a conhecer as cinco outras modalidades que tiveram
ginástica (peça "Chegada
ginastas" de 31 de março), hóquei em patins ("Hóquei Taça CERS" de 2 de maio), condução
terreno ("Off Road Marrocos fim" de 2 de maio), corrida ("Corredora Centenária" de 5
- Desporto
Outro
Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de
notícias do Primeiro Jornal.
do "Estado" nas reportagens,
como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de
assuntos relativos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,
foram consideradas notícias alusivas ao "Estado"
Feriados", a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome
"AR - Plenário - Portagens" (
posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de
31 de março que revelou que o
Municipal do Porto nas próximas eleições
"outro", a pesar 6%, refere
num excerto de uma entrevista dada pelo ex
SIC e ao Expresso (vide anexo Vt).
Figura 11. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está
Sem qualquer subdivisão inerente, esta editoria ocupa
música, artes plásticas ou cinema, por exemplo.
Sob cada editoria, procurou
tipificação clássica feita pelos jornalistas
primeira, a de enquadramento teórico, deste relatório
resultados obtidos: das 140 notícias da editoria de sociedade,
news; em economia, 58 do total de 61 peças eram
Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de
notícias do Primeiro Jornal. Quanto a esta editoria, uma subdivisão permitiu averiguar o peso
do "Estado" nas reportagens, offs e talking heads de política: ocupa 75% do total. Falamos,
como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de
tivos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,
foram consideradas notícias alusivas ao "Estado" a de 28 de março intitulada "António Costa
a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome
Portagens" (vide anexos Vk, Vr e Vt), entre outras. Ações e tomadas de
posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de
31 de março que revelou que o PS vai apoiar a recandidatura de Rui Moreira à Câma
nas próximas eleições autárquicas, em 2017 (vide anexo Vn). A categoria
"outro", a pesar 6%, refere-se unicamente ao talking head de Durão Barroso, que consiste
num excerto de uma entrevista dada pelo ex-Presidente da Comissão Europei
anexo Vt).
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal
Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está
Sem qualquer subdivisão inerente, esta editoria ocupa 1% dos noticiários, com peças sobre
música, artes plásticas ou cinema, por exemplo.
Sob cada editoria, procurou-se ainda distinguir as peças entre hard news
tipificação clássica feita pelos jornalistas ‒, com base nos conhecimentos adquiridos na secção
de enquadramento teórico, deste relatório (cf. supra). Eis, então, a súmula dos
resultados obtidos: das 140 notícias da editoria de sociedade, 91 eram
; em economia, 58 do total de 61 peças eram hard news e apenas três considerámos
75%
19%
6%
Estado Forças partidárias Outro
55
Surpreendentemente, a política ocupou, nas semanas analisadas, apenas 5% do total de
Quanto a esta editoria, uma subdivisão permitiu averiguar o peso
de política: ocupa 75% do total. Falamos,
como mencionado na parte dedicada à explanação da metodologia usada nesta análise, de
tivos ao Governo, à Presidência da República e ao Parlamento. Em concreto,
a de 28 de março intitulada "António Costa
a de 4 de maio chamada "Marcelo em Moçambique" e a de 6 de maio com o nome
anexos Vk, Vr e Vt), entre outras. Ações e tomadas de
posição de "partidos políticos" estão expressas em 19% das peças, como aconteceu com a de
vai apoiar a recandidatura de Rui Moreira à Câmara
anexo Vn). A categoria
de Durão Barroso, que consiste
Presidente da Comissão Europeia em exclusivo à
. Distribuição por tema das notícias do Primeiro Jornal - Política
Por último, com o menor destaque nos alinhamentos do Primeiro Jornal, está cultura.
1% dos noticiários, com peças sobre
hard news e soft news ‒ a
com base nos conhecimentos adquiridos na secção
Eis, então, a súmula dos
91 eram hard news e 49 soft
e apenas três considerámos
serem soft news; dos 59 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez
eram soft news, todos os outros eram
considerámos 24 hard news
apenas uma soft news, as restantes eram
entendidas como hard news
news compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,
72% e 28%, respetivamente.
Tabela 2. Distribuição por editoria das
Editoria
Sociedade
Economia
Internacional
Desporto
Política
Cultura
TOTAL
Figura 12. Percentagem de
É tempo agora de olhar com igual rigor
nossa análise ‒ para os dez alinhamentos e 218 peças em
semana. A separação das notícias por editoria é uma vez mais
notícias de sociedade nos noticiários (34%). Desta vez, segue
desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação
com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,
9 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez
, todos os outros eram hard news; de entre as 52 notícias de desporto,
hard news e 28 soft news; do total de notícias de política (16), identificámos
, as restantes eram hard news; e das cinco peças de cultura, duas foram
hard news e três como soft news. Feitas as contas, 239
compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,
72% e 28%, respetivamente.
. Distribuição por editoria das hard news e soft news do Primeiro Jornal
Hard news Soft news Total de peças
91 49
58 3
49 10
24 28
15 1
2 3
239 94
. Percentagem de hard news e soft news no Primeiro Jornal
É tempo agora de olhar com igual rigor ‒ adicionando uma componente
para os dez alinhamentos e 218 peças em análise na
A separação das notícias por editoria é uma vez mais refletora
notícias de sociedade nos noticiários (34%). Desta vez, segue-se internacional (21%),
desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação
com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,
72%
28%
Hard news Soft news
56
9 enunciados jornalísticos sobre assuntos internacionais, apenas dez
ntre as 52 notícias de desporto,
; do total de notícias de política (16), identificámos
; e das cinco peças de cultura, duas foram
. Feitas as contas, 239 hard news e 94 soft
compuseram os alinhamentos do Primeiro Jornal durante o período analisado, ou seja,
do Primeiro Jornal
Total de peças
140
61
59
52
16
5
333
no Primeiro Jornal
componente comparativa à
análise na informação de fim de
refletora da percentagem de
se internacional (21%),
desporto (16%), política (13%), economia (12%) e, por fim, cultura (4%). Uma comparação
com o que concluímos na análise dos alinhamentos do Primeiro Jornal transmitido à semana,
57
leva-nos a perceber que, nos fins-de-semana analisados, houve menos notícias de economia
(em que se registou a maior queda), sociedade e desporto. Por outro lado, houve mais peças
de internacional, cultura e surpreendentemente de política. O considerável decréscimo de
notícias de economia acontece porque quer a banca, como o comércio e a indústria estão
maioritariamente encerrados ao fim de semana, e consequentemente estagnam também as
greves e manifestações, exceto no caso da hotelaria ou de espaços de lazer, como explicava
Ana Luísa Galvão (vide anexo IVa). No que à diminuição de preponderância da editoria de
sociedade diz respeito, tal verifica-se devido sobretudo à inexistência de atividade judicial e
escolar. Já a queda de desporto ao fim de semana foi muito pouco expressiva: em termos
percentuais, os valores revelaram-se praticamente idênticos (arredondando às unidades, quer à
semana quer ao fim de semana, esta editoria pesou 16% nos noticiários analisados) mas,
olhando o número de peças de cariz desportivo produzido, verificamos que durante a semana
os jornais transmitiram 52 notícias desta editoria e durante o fim de semana 35 notícias. Trata-
se, então, de uma queda parcamente significativa, porém existente e talvez justificável com o
facto de o período de alinhamentos de fim de semana analisado não corresponder a uma época
desportiva muito profícua ou, mais ainda, pelo facto de o período temporal dos alinhamentos
do Primeiro Jornal analisado se aproximar mais da data de início do Campeonato Europeu de
Futebol de 2016, a começar no mês de junho. Falando em subidas, internacional poderá ter
maior destaque ao fim de semana graças à carência de assuntos nacionais (agendas oficiais,
atividade política, bancária, comercial, industrial, judicial, escolar, etc.). O aumento de peças
de cultura não motiva grandes interrogações, já que a maior parte dos eventos artísticos e
culturais decorre durante o fim de semana. Por fim, o acréscimo de notícias de política nos
alinhamentos analisados da informação de fim de semana, quando comparados com os da
semana, poderia causar surpresa, não fosse o período temporal dos alinhamentos de fim de
semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para eleger, a 24 de janeiro,
o novo Presidente da República, o que "manchou" as agendas mediáticas no período pré e
pós-eleições. Por esse motivo ‒ não esperado aquando da seleção aleatória do corpus de
estudo ‒, sentiu-se a necessidade de a posteriori criar um novo parâmetro de análise, como
veremos mais à frente.
Figura 13. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana
Pela diversidade de assuntos
maior destaque nos noticiários, agora de fim
concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de
37% no total de peças de s
"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo
questões (8%) e, sem uma única peça (0%)
alinhamentos do Primeiro Jornal,
23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que
(semana ou fim de semana) mas cujo número é muito influenciado
sobre o "mau tempo" e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de
janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença
de 17 pontos percentuais) ‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar
ao longo do estágio ‒, reforçando a ideia que ficou da
161): ao fim de semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente
magazinesco"; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos
percentuais) de peças sobre "justiça/atos ilícitos",
judicial ao fim de semana.
Política Economia
. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana
Pela diversidade de assuntos que encerra, sociedade é uma vez mais a editoria com
e nos noticiários, agora de fim de semana. Uma subdivisão temática permite
concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de
37% no total de peças de sociedade. A estas, sucedem-se as notícias sobre
"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo
sem uma única peça (0%), "educação/ciência". Confrontando com os
alinhamentos do Primeiro Jornal, as diferenças mais substanciais são o aumento notório (de
23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que
semana) mas cujo número é muito influenciado pela quantidade de notícias
e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de
janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença
‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar
‒, reforçando a ideia que ficou da enunciação de Adelino Gomes (2012:
semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente
; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos
percentuais) de peças sobre "justiça/atos ilícitos", indubitavelmente por não exist
13%
12%
34%
21%
16%
4%
Economia Sociedade Internacional Desporto
58
. Distribuição por editoria das notícias de fim de semana
que encerra, sociedade é uma vez mais a editoria com
semana. Uma subdivisão temática permite
concluir que, desta vez, são as notícias de "entretenimento" que lideram, com um peso de
se as notícias sobre
"acidentes/catástrofes" (31%), "justiça/atos ilícitos" (15%), "saúde" (9%), "outro" tipo de
Confrontando com os
s diferenças mais substanciais são o aumento notório (de
23 pontos percentuais) de peças sobre "acidentes/catástrofes", algo que não escolhe dia
pela quantidade de notícias
e estragos daí decorrentes, próprios da época em análise (meses de
janeiro, fevereiro e março); o maior número de notícias de "entretenimento" (uma diferença
‒ como era já previsto tendo em conta o que se pôde experienciar
de Adelino Gomes (2012:
semana, "os espaços noticiosos assumem [...] um [caráter] assumidamente
; e, por último, uma das maiores diferenças é a redução (de 13 pontos
por não existir atividade
Cultura
Figura 14. Distribuição por tema das n
Internacional é, como vimos,
semana. Desta, sobressaem
"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos
internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de
internacional do Primeiro Jornal,
"política" internacional e a consequente subida (de 16
"acidentes/catástrofes". Tais movimentos explicam
políticos angolanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da
editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,
neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika
morte de um homem durante
Figura 15. Distribuição por tema das notícias de fim de semana
Justiça/Atos ilícitos
Saúde
Terrorismo/Justiça
. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Sociedade
, como vimos, a segunda editoria com maior prep
semana. Desta, sobressaem as notícias de "acidentes/catástrofes" (33%), em seguida as de
"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos
internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de
o Jornal, são a descida (de 20 pontos percentuais) de notícias sobre
e a consequente subida (de 16 pontos percentuais) da categoria
"acidentes/catástrofes". Tais movimentos explicam-se com a escassez do assunto "presos
golanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da
editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,
neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika
morte de um homem durante um ensaio clínico da farmacêutica Bial, em França.
. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Internacional
15%
31%
0%
9%
37%
8%
Justiça/Atos ilícitos Acidentes/Catástrofes Educação/Ciência
Entretenimento Outro
24%
33%
27%
16%
Terrorismo/Justiça Acidentes/Catástrofes Política
59
Sociedade
a segunda editoria com maior preponderância ao fim de
as notícias de "acidentes/catástrofes" (33%), em seguida as de
"política" (27%), "terrorismo/justiça" (24%) e qualquer "outro" tipo de assuntos
internacionais (16%). As maiores dissemelhanças a apontar, comparativamente às peças de
a descida (de 20 pontos percentuais) de notícias sobre
pontos percentuais) da categoria
se com a escassez do assunto "presos
golanos" nos noticiários agora em análise, tema que dominou as notícias da
editoria de internacional no período estudado do Primeiro Jornal; e com o virar das atenções,
neste espaço temporal que analisamos, para a pandemia mundial do vírus zika e também para
da farmacêutica Bial, em França.
Internacional
Educação/Ciência
Outro
A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a
comparação com os dados obtidos da análise análoga feita
Jornal não convocam novidades. Os valores obtidos
observámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,
cabendo às restantes modalidades desportivas uma parcela de 9%.
Figura 16. Distribuição por tema das notícias de fim de semana
As notícias de política
aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um
momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o
período pré, durante e pós-eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr
trabalho, obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro
de análise das peças da editoria de política relativas ao período
fim de semana. Este novo indicador de análise é nada mais do que
e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa
mera subdivisão das peças de política em "pr
políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar
na Figura 17, este novo indicador permitiu
tiveram as campanhas e eleiç
e, por conseguinte, no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.
A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a
comparação com os dados obtidos da análise análoga feita dos alinhamentos do Primeiro
novidades. Os valores obtidos são bastante idênticos aos que
rvámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,
cabendo às restantes modalidades desportivas uma parcela de 9%.
. Distribuição por tema das notícias de fim de semana -
As notícias de política registaram, como já referido e observado, um significativo
aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um
momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o
eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr
obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro
de análise das peças da editoria de política relativas ao período de estudo dos alinhamentos de
semana. Este novo indicador de análise é nada mais do que resultado natural dos dados
e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa
mera subdivisão das peças de política em "presidenciais" e qualquer "outro" tipo de assuntos
políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar
na Figura 17, este novo indicador permitiu corroborar a perceção tida quanto ao
tiveram as campanhas e eleições presidenciais (46%) no número total de notícias de política
no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.
91%
9%
Futebol Outro
60
A subdivisão da editoria de desporto em "futebol" e "outro" tipo de modalidades, e a
alinhamentos do Primeiro
são bastante idênticos aos que
rvámos anteriormente, com o "futebol" a ser matéria de 91% das notícias desta editoria,
Desporto
registaram, como já referido e observado, um significativo
aumento de oito pontos percentuais, motivado por o período em análise corresponder a um
momento bastante proveitoso para a mediatização da política nacional, nomeadamente o
eleições presidenciais. Esta realidade, verificada no correr do nosso
obrigou a aditar à metodologia anteriormente pensada e definida um outro parâmetro
estudo dos alinhamentos de
resultado natural dos dados
e respetivos contextos com que fomos confrontados ao longo deste estudo, e consiste numa
esidenciais" e qualquer "outro" tipo de assuntos
políticos que não relativos às campanhas e eleições então em curso. Como podemos observar
corroborar a perceção tida quanto ao peso que
no número total de notícias de política,
no destaque da editoria nos alinhamentos de fim de semana.
Figura 17. Peso das presidenciais nas
Estes novos dados obtidos
Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere
subcategoria temática "Estado", que se prende
Governo, ao Parlamento e à Presidência da República. Trata
é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da
política (4%).
Figura 18. Distribui
A diferença mais expressiva
economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto
nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas
12% do total das 218 peças em estudo. Subcategori
Peso das presidenciais nas notícias de política de fim de semana
Estes novos dados obtidos a posteriori vão inclusivamente ao encontro dos retirados
Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere
subcategoria temática "Estado", que se prende ‒ recordemos ‒ com assuntos rel
Governo, ao Parlamento e à Presidência da República. Trata-se de uma convincente fatia, que
é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da
. Distribuição por tema das notícias de fim de semana -
A diferença mais expressiva desta confrontação de dados está na queda da editoria de
economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto
nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas
12% do total das 218 peças em estudo. Subcategorizando, 74% das notícias de economia é
46%
54%
Presidenciais Outro
57%
39%
4%
Estado Forças partidárias Outro
61
de fim de semana
vão inclusivamente ao encontro dos retirados a priori.
Vejamos: 57% das notícias de política nos alinhamentos de fim de semana insere-se na
‒ recordemos ‒ com assuntos relativos ao
se de uma convincente fatia, que
é seguida das peças sobre "partidos políticos" (39%) e "outro" tipo de assuntos do domínio da
- Política
na queda da editoria de
economia do segundo lugar com maior peso nos noticiários do Primeiro Jornal para o quinto
nos do fim de semana. Nos alinhamentos agora em vista, esta editoria está presente em apenas
zando, 74% das notícias de economia é
referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses
individualmente (seja segunda
relacionadas com "sindicatos/greves
em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em
termos comparativos, os valores do Primeiro Jornal aproximam
presenciados nos jornais de f
percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de
17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do
mercado ao fim de semana.
Figura 19. Distribuição por tema das notícias de fim de semana
Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,
encontra-se a editoria de cultura. Embora não se registem
de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que
durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim
de semana sob análise. Este
relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante
o fim de semana, mas também com a maior propen
Um pouco mais à frente, discuti
Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem
Gaye Tuchman (1973), Patterson (2000) e Curran
contabilizar as hard news
considerámos 39 hard news
verificou no caso do Primeiro Jornal, em que as
Banca/Finanças/OE
Sindicatos/Greves/Protestos
referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses
individualmente (seja segunda-feira ou domingo); 26% corresponde à cobertura de matérias
relacionadas com "sindicatos/greves/protestos"; e, sem qualquer representação (0%)
em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em
termos comparativos, os valores do Primeiro Jornal aproximam-se bastante dos números
presenciados nos jornais de fim de semana. Porém, encontra-se a maior discrepância na
percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de
17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do
mercado ao fim de semana.
. Distribuição por tema das notícias de fim de semana - Economia
Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,
se a editoria de cultura. Embora não se registem desigualdades de relevo, nos jornais
de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que
durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim
de semana sob análise. Este ‒ diminuto mas ainda assim ‒ aumento está diretamente
relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante
o fim de semana, mas também com a maior propensão dos públicos para este tipo de temas.
, discutiremos esta questão com maior pormenor.
Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem
Gaye Tuchman (1973), Patterson (2000) e Curran et al. (2009), de forma a classificar e a
hard news e as soft news. Assim, do conjunto de 75 peças de sociedade,
hard news e 36 soft news, um peso praticamente idêntico, algo que não se
verificou no caso do Primeiro Jornal, em que as hard news
74%
0%
26%
0%
Banca/Finanças/OE Comércio/Indústria
Sindicatos/Greves/Protestos Outro
62
referente à "banca/finanças", questões centrais na vida do país no seu todo e dos portugueses
; 26% corresponde à cobertura de matérias
sem qualquer representação (0%), ficam
em último as categorias "comércio/indústria" e qualquer "outro" conteúdo económico. Em
se bastante dos números
se a maior discrepância na
percentagem de peças sobre "comércio/indústria", que, nos primeiros alinhamentos, era de
17% e, nos presentes, de 0%, o que se justifica com o encerramento da maior parte do
Economia
Em último lugar, à semelhança do que aconteceu nos alinhamentos do Primeiro Jornal,
desigualdades de relevo, nos jornais
de fim de semana, cultura tem uma expressão superior (em 3 pontos percentuais) do que
durante a semana, representando 4% do total das 218 notícias transmitidas nos jornais de fim
‒ aumento está diretamente
relacionado com o facto de os eventos artísticos e culturais decorrerem na sua maioria durante
são dos públicos para este tipo de temas.
remos esta questão com maior pormenor.
Para concluir esta análise, lançamos novamente o olhar sobre o que defendem sobretudo
(2009), de forma a classificar e a
Assim, do conjunto de 75 peças de sociedade,
, um peso praticamente idêntico, algo que não se
hard news possuíam um peso
63
significativamente maior do que o das soft news. Podemos fazer acompanhar e correlacionar
este aumento de soft news com o crescimento de notícias de entretenimento. Da editoria de
internacional, identificaram-se 42 hard news e três soft news, números que não se afastam
muito dos do Primeiro Jornal. Em desporto, registámos treze hard news e 22 soft news, o que
também não motivou diferenças a assinalar. Correspondendo às expectativas e também aos
dados do Primeiro Jornal, quer política como economia apresentaram um número de hard
news bastante acima do número de soft news. Na primeira editoria, identificámos 24 hard
news e quatro soft news. Já na segunda, considerámos 25 hard news e duas soft news. Por
último, das oito peças da editoria de cultura patentes nos alinhamentos de fim de semana
analisados, uma foi por nós entendida como hard news e todas as outras classificámos como
soft news. Somados os valores obtidos da análise dos jornais de fim de semana, os noticiários
compuseram-se, no período analisado, por 144 hard news e 74 soft news, o que se traduz
numa percentagem de 66% e 34%, respetivamente.
Regista-se uma diferença de seis pontos percentuais, com a subida de soft news e
automática descida de hard news, quando confrontados os números obtidos nos alinhamentos
de fim de semana com os colhidos nos alinhamentos do Primeiro Jornal. Esta diferença é
evidente ainda que "perturbada" pelo peso exercido pelas notícias relativas às campanhas e
eleições presidenciais sobre os alinhamentos de informação de fim de semana em estudo.
Uma análise referente a um qualquer outro período temporal poderia ‒ pressupomos ‒ ter
resultado numa discrepância mais profunda.
Tabela 3. Distribuição por editoria das hard news e soft news de fim de semana
Editoria Hard news Soft news Total de peças
Sociedade 39 36 75
Internacional 42 3 45
Desporto 13 22 35
Política 24 4 28
Economia 25 2 27
Cultura 1 7 8
TOTAL 144 74 218
Figura 20. Percentagem de
Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante
este trabalho, é-nos agora permitido retirar ilações.
A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue,
evidente em determinadas circunstânc
noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os
difundidos nos jornais de segunda a sexta
Quando questionada sobre a e
primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de
semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu
afirmativamente (vide anexo
A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a
nível temporal ‒ durante a semana os jornais s
de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo
"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a
que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo
lugar, oito pontos percentuais abaixo de "justiça/atos ilícitos")
de soft news ‒ logo, inferior de
dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para
eleição do Presidente da República, logo, aum
de política e da quantidade de
Falamos, portanto, de
nos jornais televisivos de fim de semana. Estes compõem
. Percentagem de hard news e soft news na informação de fim de Semana
Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante
nos agora permitido retirar ilações.
A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue,
evidente em determinadas circunstâncias do que noutras. A distinção entre os conteúdos
noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os
difundidos nos jornais de segunda a sexta-feira, por outro, prestam-se bem a esta asserção.
Quando questionada sobre a existência de diferentes critérios no agendamento de eventos (o
primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de
semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu
anexo IVa).
A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a
‒ durante a semana os jornais são maiores ‒, como a nível temático. Os jornais
de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo
"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a
que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo
lugar, oito pontos percentuais abaixo de "justiça/atos ilícitos") e também um número superior
‒ logo, inferior de hard news ‒ do que durante a semana, mesmo sendo o período
dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para
eleição do Presidente da República, logo, aumentando consideravelmente o peso da editoria
de política e da quantidade de hard news nos noticiários em questão.
Falamos, portanto, de "um [caráter] assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161)
nos jornais televisivos de fim de semana. Estes compõem-se em grande número por notícias
66%
34%
Hard news Soft news
64
de fim de Semana
Aqui chegados, e colocando "na mesa todas as cartas" que fomos recolhendo durante
A fronteira entre o jornalismo e o entretenimento é bastante ténue, algo que é mais
. A distinção entre os conteúdos
noticiosos veiculados nos jornais televisivos de sábado e domingo, por um lado, e os
se bem a esta asserção.
xistência de diferentes critérios no agendamento de eventos (o
primeiro estágio da produção noticiosa), conforme estes ocorram à semana ou ao fim de
semana, a coordenadora desta secção da SIC, Ana Luísa Galvão (2016), respondeu
A análise empírica por nós conduzida permitiu evidenciar tais divergências, tanto a
‒, como a nível temático. Os jornais
de fim de semana registaram um maior número de notícias tematizadas como sendo de
"entretenimento" (esta foi, de entre as seis subcategorias da editoria de sociedade possíveis, a
que apresentou maior percentagem; por outro lado, nos jornais da semana, ficou em segundo
e também um número superior
‒ do que durante a semana, mesmo sendo o período
dos jornais de fim de semana em análise correspondente à época de campanha eleitoral para
entando consideravelmente o peso da editoria
"um [caráter] assumidamente magazinesco" (Gomes, 2012: 161)
m grande número por notícias
65
sobre gastronomia, turismo, lazer, cultura e entretenimento, e registam um decréscimo de
assuntos relativos a economia, educação, justiça e política (que não nos foi possível
comprovar através da análise empírica por, como já mencionado, o período em análise ser
proveitoso para a mediatização da política, mas que arriscamos tomar como certo tendo em
conta os contributos dos autores estudados e dos coordenadores da SIC entrevistados).
Os motivos desta realidade noticiosa encontram-se a jusante e sobretudo a montante.
A jusante, falamos da maior disponibilidade e propensão dos públicos para este tipo de
informação, não só pela leveza e agradabilidade que lhe são inerentes, permitindo ao
espectador "relaxar" no final de uma semana de trabalho, como também pelo interesse em
atividades de lazer, próprio do período de fim de semana, a que os noticiários respondem com
"[a] inclusão de reportagens de natureza mais «leve», ligadas a temas que ocupam as famílias
ao fim de semana ‒ lazer, gastronomia, viagens", como mencionava a então coordenadora
desta secção, Maria João Ruela (2016) (vide anexo IVb). Em entrevista, Ana Luísa Galvão
(2016) mencionava também este aspeto, ao qual a experiência de décadas de casa lhe permitiu
acrescentar um outro: o da viragem no público alvo do Primeiro Jornal à semana e, por outro
lado, ao fim de semana:
Afinal, quem está em casa à hora do almoço? Durante a semana, são sobretudo reformados,
desempregados, domésticas e, em alguns pontos do país, pessoas que trabalham mas que podem ir
rapidamente almoçar a casa. Durante o fim de semana, a estes juntam-se ainda as crianças e a população
ativa. Uma mudança concentrada sobretudo nos centros urbanos, em públicos com níveis superiores de
literacia, mais poder de compra e acesso a mais atividades de lazer. É uma viragem no público alvo, no
perfil do telespectador a que os critérios editoriais (não evitando nem fugindo à notícia pura e dura) não
podem deixar de se adaptar, refletindo-se nos alinhamentos de uma forma marcante (vide anexo IVa).
Todavia, é a montante que se encontra o fator mais determinante. Falamos
nomeadamente da falta de "agenda". Se, durante o fim de semana, não existe ‒ pelo menos em
tão grande abundância ‒ agenda política, judicial, económica, escolar ou sindical, carece a
matéria noticiável. Diminui, portanto, o noticiário e mudam necessariamente os conteúdos.
66
CONCLUSÃO
[O] [fim de semana] representa para a [redação] uma quase folga [coletiva]. Permite-o o abrandamento
notório dos fluxos informativos [...]. As rotinas tornam-se diferentes[...]; e os espaços noticiosos
assumem [...] um [caráter] assumidamente magazinesco.
(Gomes, 2012: 161)
Definir a fronteira que separa o jornalismo do entretenimento parece ser uma tarefa cada
vez mais difícil, à medida que o mercado cresce e se impõem questões concorrenciais. A
"luta" pelas audiências expressa-se de variadas formas. O fenómeno do pack journalism é
uma delas, a procura por prender os públicos dando-lhes o que ‒ se julga que ‒ estes querem é
outra. É deste modo que os públicos determinam o processo noticioso. A jusante, é a
predisposição destes, ao final de semana, para notícias mais leves, interessantes e agradáveis,
e também o maior interesse por temas de lazer e entretenimento, que determinam os
conteúdos noticiosos que integram os alinhamentos televisivos. Da resposta dos media a estas
propensões e interesses, emerge um tipo de notícias diferente daquele que o ritmo e as
exigências do dia a dia refletem.
Contudo, e uma vez que o produto noticioso exige ser enquadrado num continuum,
também ‒ e sobretudo ‒ os agentes a montante pesam sobre o resultado informativo. Se, neste
ponto, falha a matéria-prima do jornalismo, então torna-se premente uma alternativa. É o caso
do período de fim de semana, em que estagnam as agendas e igualmente os eventos, do que
resulta uma abertura necessariamente maior da "malha" noticiosa, dando espaço a assuntos
que a incomensurabilidade e variedade de acontecimentos pautados pela urgência do dia a dia
não permitem durante a semana.
Desta conjugação de condições resulta, nos finais de semana, uma espécie de silly
season em menor escala, que leva os responsáveis editoriais a direcionar os produtos
noticiosos, tal como acontece em época de veraneio precisamente pelos mesmos motivos,
para temas mais interessantes e menos importantes, para mais soft news em detrimento das
hard news, e para notícias que se encontram algures na fronteira entre o jornalismo e o
entretenimento.
Chegamos aqui com a mesma perceção ‒ embora mais apurada e agora fundamentada ‒
que foi formada na experiência de estágio curricular realizado na SIC. Na passagem de uma
equipa de informação de fim de semana para uma outra de informação diária, o aliado
"tempo", que facilitava a elaboração de reportagens mais ponderadas, criativas mas também
67
de menor relevância e impacto na sociedade, virou "inimigo" e começou a exigir a presteza
inerente à informação diária, importante e impactante. Um olhar breve sobre as reportagens
realizadas em cada uma destas secções permitiu perceber as discrepâncias de que falamos. A
dado momento nesta fase de mudança, emergiram lembranças do trabalho feito na primeira
equipa que me acolheu, a de agenda e planeamento, e começou-se a construir sentidos, em
particular, sobre os critérios de noticiabilidade a pesarem no agendamento de eventos,
distintos conforme a matéria fosse relativa à semana ou, por outro lado, ao fim de semana. A
combinação destas três experiências ‒ embora não propositadamente planeada ‒ conduziu-nos
ao cerne da questão deste relatório, que foi sobretudo um exercício de reflexão.
A fim de confrontar e sustentar esta análise dotada de subjetividade, procurámos uma
vertente mais metodológica, empírica e fundada. Os resultados daí obtidos, embora
individualmente nem sempre tenham permitido corroborar as nossas opiniões (advindas da
experiência de estágio em conjunto com os ensinamentos dos académicos e os contributos dos
profissionais da SIC), por resultarem de um corpus de análise escolhido aleatoriamente, foram
grandemente condizentes com o esperado.
Os fins de semana são, tanto na vida como nos jornais televisivos, espaço propício ao
lazer, descanso e entretenimento. Já os assuntos que acarretam importância, densidade e
convocam a necessidade de ponderação e discussão ficam, assim como no quotidiano também
nas notícias, no domínio do dia a dia.
68
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Expresso. Obtido em 29 de junho de 2016, de
<http://expresso.sapo.pt/site_expresso_40_anos/entrevista-a-francisco-pinto-
balsemao-fundador-do-expresso=f776322>.
Costa, R. (2016, janeiro 2). Audiências 2015: quem ganhou e quem perdeu. Diário de
Notícias. Obtido em 29 de junho de 2016, de
<http://www.dn.pt/media/interior/audiencias-2015-quem-ganhou-e-quem-perdeu-
4961462.html>.
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SIC Notícias Prime. SIC Notícias. Obtido em 29 de junho de 2016, de
<http://sicnoticias.sapo.pt/prime>.
Silveira, A. (2011, maio 4). SIC Notícias já tem página na Internet. Diário de Notícias.
Obtido em 29 de junho de 2016, de <http://www.dn.pt/tv-e-media/media/interior/sic-
noticias-ja-tem-pagina-na-internet-1844092.html>.
I
ANEXO I - Peças realizadas durante o estágio na SIC
Secção: Fim de semana (domingo)
Peça Data de emissão Captação de Imagem
Edição de Imagem
Correção e Voz
1. Festival do arroz em Lisboa
09-01-16 Humberto Candeias
Rui Rocha Nuno Pereira
2. S. Barre em Portugal
07-02-16 Paulo Cepa Andres Gutierrez Fernanda de Oliveira Ribeiro
3. Novas crias do Zoo de Lisboa
22-01-16 Pedro Cardoso Domingos Ferreira
Ana Paula Almeida
4. Fatos de Carnaval
31-01-16 Roger Nicolau Gonçalo Freitas Ana Margarida Póvoa
5. O Pequeno Ditador Cresceu
07-02-16 Rogério Esteves e Mário Cabrita
Ricardo Piano Catarina Marques
6. Comer gelados no inverno
14-02-16 Bernardo Bogarim e Rui Violante
Ana Rita Sena Ana Paula Almeida
7. Gastronomia açoriana em Lisboa
21-02-16 Bernardo Bogarim
Rui Félix Ana Geraldes
8. Tributo a Elvis Presley
06-03-16 Odacir Júnior Tiago Martins Hélder Santos
9. Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade
27-03-16 Diogo Sentieiro e Nuno Fróis
Gonçalo Freitas Paulo Varanda
10. Boxe solidário em Oeiras
10-04-16 Manuel Geraldo e Carlos Catarino
Andres Gutierrez Ana Luísa Galvão (Correção); Joaquim Franco (Voz)
11. Atividades nas férias da Páscoa
20-03-16 Manuel Geraldo, Pedro Carpinteiro e Fernando Almeida
Ricardo Tenreiro Elsa Gonçalves
II
Secção: Primeiro Jornal
Peça Data de emissão
Captação de Imagem
Edição de Imagem
Correção e Voz
1. Meteorologia 30-03-16 Paulo Cepa Marco Neiva Elsa Gonçalves 2. Meteorologia 31-03-16 Pedro Santos Rita Neves
(Correção); Hélder Correia (Voz)
3. Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM
01-04-16 Pedro Carpinteiro
4. Vandalismo em Escola Secundária
04-04-16 Pedro Cardoso Ana Rita Sena Paulo Varanda
5. Doenças respiratórias
05-04-16 Flávio Valente Liliana Carvalho (Correção); Raquel Loureiro (Voz)
6. Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas
18-04-16 Gonçalo Soares Dias da Silva Nuno Figueiredo
7. Sobre-endividamento em Portugal
19-04-16 Carlos Catarino Gonçalo Freitas
Nuno Figueiredo
8. Romaria a cavalo na Moita
20-04-16 Diogo Sentieiro Domingos Ferreira
Nuno Figueiredo
9. Homicídio em Salvaterra de Magos
21-04-16 Diogo Sentieiro Ricardo Tenreiro
Luís Garriapa
10. Bebé nasce 55 dias após morte da mãe
22-04-16 Ricardo Tenreiro
Rita Neves
11. Empregos em risco na Azambuja
26-04-16 Pedro Carpinteiro
Flávio Valente Nuno Figueiredo
12. Treinar como um astronauta
27-04-16 Gonçalo Soares Pedro Santos Elsa Gonçalves
13. "Hortas na escola, legumes no prato"
28-04-16 Gonçalo Soares Flávio Valente Manuela Vicêncio
III
14. Previsões do estado do tempo
29-04-16 Gonçalo Soares Gonçalo Freitas
Rita Neves
15. Unidade móvel de apoio ao emprego
02-05-16 Álvaro Oliveira Andres Gutierrez
Joaquim Franco
16. Obras no Eixo Central de Lisboa
03-05-16 João Lúcio Flávio Valente Paulo Garcia
17. Novas regras para uso de drones
04-05-16 Andres Gutierrez
Elsa Gonçalves
18. Meteorologia 05-05-16 Pedro Santos Liliana Carvalho
19. Centenária bate recorde mundial
05-05-16 Pedro Santos Liliana Carvalho
20. Meteorologia 06-05-16 Pedro Santos Hélder Santos
21. Ninho de falcões em varanda
06-05-16 Filipe Ferreira Pedro Santos Ana Geraldes
IV
ANEXO II - Peças realizadas na equipa de fim de semana da SIC
ANEXO IIa - "Festival do arroz em Lisboa"
Pivô:
Até ao fim do mês, decorre num restaurante de Lisboa o Festival do Arroz Português. Na
ementa, há dez pratos diferentes, mas todos confecionados com arroz.
Texto:
Já está com água na boca, não é? Não se preocupe, há mais quem esteja.
Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":
"Eu a falar fico logo com água na boca, que é a fome."
Aqui, com peixe, marisco ou carne, é o arroz que ajuda a aconchegar a barriga. A escolha é
variada.
Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":
"No festival, nós temos dez pratos: cinco de peixe, cinco de carne."
Ora, e que festival é este? O do arroz português, é claro.
Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":
"Para mim, a cozinha portuguesa começa sempre em azeite, cebola e alho. O de bacalhau
leva pimentos. Chamamos-lhe uma base portuguesa. São pimentos com alho e louro. E
meto pimento verde e pimento vermelho. Depois temos o de cabrito. Leva um bocadinho
de chouriço. Isto é uma base de chouriço já picadinho. E o dos enchidos, com morcela
também. Vamos refrescar com vinho branco todos eles."
Já cheira... e ainda faltam os ingredientes mais nobres.
Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":
"Nós já temos o cabrito que está estufado, e vamos adicionar, na calda, o cabrito já
estufado. Isto é uma morcela de sarrabulho. Portanto, o recheio é a mesma coisa que se
comer o arroz de sarrabulho em Ponte de Lima. É o recheio. Vocês depois vão notar.
Portanto, tem sangue e tem os mesmos ingredientes ‒ os cominhos, etc. ‒ que tem o
sarrabulho. Portanto, uma morcela cá dentro (na tagine), um bocadinho de presunto de
V
Chaves. Aqui no bacalhau vai entrar um bocadinho de grão... grão de bico. Já está cozido.
Agora é só mesmo para fazer a finalização. Mais ou menos uma tigelinha destas..."
Na tigela, está um produto nacional. É arroz carolino... bem português! E portuguesa é
também a receita. Não fossem estes pratos de arroz... uns malandros.
Arroz de costeleta em vinha d'alhos... ou arroz de bacalhau? Cabrito... ou marisco? A escolha
é difícil... até para o chefe.
Vivo ‒ José Cordeiro, Chefe do Restaurante "Chefe Cordeiro":
"Opá, entre o arroz de pato e o arroz de cabidela, venha o Diabo e escolha... ou a cabidela
ou o arroz de pato. Não é fácil porque se me puserem os dois, eu como os dois."
O melhor mesmo é vir tirar a prova dos nove. Aliás, dos dez porque são dez os pratos que tem
à escolha neste festival.
ANEXO IIb - "S. Barre em Portugal"
Pivô:
Para quem gosta de estar a par das tendências do fitness, há uma nova modalidade que chega
agora a Portugal. Conjuga movimentos de ballet com pilates e yoga.
Texto:
Não, não é ballet... e também não é fitness... nem sequer yoga. É uma junção dos três e
chama-se S. Barre. O objetivo é conseguir a postura e a flexibilidade do ballet, e também o
corpo tonificado do fitness.
Vivo ‒ Andreia Sequeira, Instrutora de fitness:
"É uma modalidade muito feminina, é uma modalidade que apela muito à parte emocional
(das senhoras que sempre gostaram muito de ballet). E é uma modalidade ótima para
melhorar o equilíbrio, a flexibilidade, a parte da concentração (porque é uma aula que
exige, de facto, muita concentração pelos exercícios que são solicitados), e esse é o
principal benefício que traz, e a novidade."
Veio dos ginásios norte-americanos e está a conquistar as portuguesas. A modalidade promete
um corpo de bailarina e 300 calorias a menos por cada 45 minutos de exercício.
VI
Vivo ‒ Rute Garcia, Aluna:
"Eu gosto da modalidade pelo facto de ser nova (é um desafio novo), e pelo facto de
trabalhar as zonas críticas das mulheres, que são os glúteos, as pernas, o abdominal... É
essencialmente isso."
Vivo ‒ Lúcia Anderson, Aluna:
"Portanto, o primeiro dia é um bocadinho dorido, mas depois, até nas outras aulas (onde
também fazemos exercícios com pernas), nota-se que já é mais fácil. As pernas estão mais
fortes e os grupos musculares estão mais trabalhados.
Estou a gostar, estou a gostar. Espero que continue aqui mais tempo o S. Barre."
O tutu e as pontas são opcionais. A música, os elásticos e a barra indispensáveis.
ANEXO IIc - "Novas crias do Zoo de Lisboa"
Pivô:
Há dois novos habitantes no Jardim Zoológico de Lisboa: duas crias de órix-de-cimitarra, uma
espécie extinta na Natureza.
Texto:
Têm quatro e cinco meses, e começam agora a ser independentes da progenitora. Estas fêmeas
são as duas novas crias de órix-de-cimitarra do Zoo de Lisboa.
Vivo ‒ Diana Amaral, Tratadora de animais selvagens:
"Esta é uma espécie de antílope, originalmente vem do Norte de África ‒ zonas semi-
-desérticas. Estão perfeitamente adaptadas ao calor intenso, fisiologicamente. Têm esta
pelagem branca que reflete a luz solar. Podem pesar até 200 kg. Têm dois cornos ‒ tanto a
fêmea como o macho ‒ que podem atingir 1,20 m de comprimento."
Vêm de longe mas, por aqui, a vida corre-lhes bem. Alimentam-se... passeiam... e brincam.
Mas o objetivo final é de valor bem mais elevado.
Vivo ‒ Diana Amaral, Tratadora de animais selvagens:
"Esta espécie está extinta desde 2000 na Natureza, e é um orgulho para o Jardim Zoológico
o nascimento destas duas crias (mais uma do ano passado), porque assim cumprimos a
VII
missão de conservação e pensando sempre numa possível reintrodução desta espécie."
Para quem os quiser conhecer, já estão à vista dos visitantes.
ANEXO IId - "Fatos de Carnaval"
Pivô:
Frozen e Star Wars estão entre as máscaras preferidas das crianças para este Carnaval. Já os
adultos têm muito por onde escolher.
Texto:
Palhaço... princesa... super-herói... hippie... Todos os anos, a lista de possibilidades é extensa.
Em tempo de Carnaval, vê-se um pouco de tudo.
Vivo ‒ criança A:
"Vou-me mascarar de Jason, de um filme que se chama Sexta-feira 13."
Vivo ‒ criança B:
"De palhaço."
Vivo ‒ criança C:
"Eu queria de Mordecai e Rigby."
Vivo ‒ criança D:
"Quero ir vestida de hippie."
Vivo ‒ criança E:
"Cruzado, daqueles cavaleiros templários."
Vivo ‒ criança F:
"Eu queria vestir-me da Mal ou da Ivie dos Descendentes."
Há fatos para todos os gostos, e todos podem sair à rua porque, se é Carnaval, ninguém leva a
mal.
Quem faz do Carnaval um negócio diz que as crianças escolhem máscaras das suas
personagens favoritas. Já os adultos não seguem modas.
VIII
Vivo ‒ Nuno Santos, A Casa do Carnaval:
"Tudo. Nos adultos, não existe um tema específico. Nas crianças, já não. Para criança, este
ano, o que está a ter uma procura muito grande é o Star Wars e as princesas. O Frozen...
isso tem tido uma procura imensa."
Vivo ‒ Miguel Matias, Misterius:
"As crianças vão mais de acordo com a influência que levam da televisão e do cinema. Os
adultos são mais autodidatas."
Vivo ‒ criança G:
"Vou de Alice no País das Maravilhas.
Era esse que tu querias?
Sim.
É a tua princesa favorita?
Sim."
Vivo ‒ Ana Dias:
"Tenho o meu chapéuzinho, tenho os meus óculos, tenho a minha saia ‒ a minha mini-saia
brilhante. Tenho as minhas coisas para brincar. Pinto os olhos, a boca... pronto."
Mais ou menos originais, comprados ou reinventados, o certo é que os fatos de Carnaval
fazem, todos os anos, as delícias dos mais novos... e dos mais velhos também.
Vivo ‒ Ana Dias:
"Gosto muito do Carnaval. Sinceramente, gosto muito do Carnaval. Gosto de brincar."
Para brincar ao Carnaval, pouco falta. É já daqui a uma semana que a folia sai à rua.
ANEXO IIe - "O Pequeno Ditador Cresceu"
Pivô:
Um dos mais conceituados psicólogos infanto-juvenis esteve em Portugal para apresentar o
novo livro. Revela dados recentes sobre a violência de filhos contra pais e propõe modelos de
educação para evitar o problema.
IX
Texto:
Esta é uma casa cheia: o pai Luís, a mãe Isabel, e os filhos Davi, Madalena, Sara e Pedro. No
retrato da família Reinaldo, faltam ainda outros quatro filhos. São oito ao todo. Isabel e Luís
são pais há mais de 20 anos. Experiência, portanto, não lhes falta.
Vivo ‒ Luís Filipe Reinaldo:
"Temos que ser firmes, manter o controle, e ceder quando é preciso ceder mas não ceder
quando achamos que não devemos ceder."
Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:
"Eu acho que o principal não é dizer que «não». O principal é orientar. O «não» é um
último recurso. É claro que em várias alturas da vida, nós próprios já ouvimos que não, e
temos de os preparar para isso."
É precisamente de educação e comportamento que Javier fala no novo livro. O psicólogo foi o
primeiro provedor de menores em Espanha e tem-se debruçado sobre o problema da violência
de filhos contra pais.
Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:
"A agressão começa desde muito tenra idade, desde que são muito pequenos. Começa com
caprichos, começa com responder ao avô, e passa logo à agressão verbal, à agressão
emocional e às vezes (só às vezes) à agressão física."
Os números são preocupantes: em Portugal, quatro mil pais foram agredidos pelos filhos entre
2004 e 2012. Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Para Javier, o problema está nas mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos.
Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:
"Já não são apenas os pais a educar. Educam os pais, educa a escola, educam os meios de
comunicação... e educa a rede."
Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:
"Agora temos de ter algumas atitudes de orientação, de controle: tentar que eles não
passem tanto tempo no computador, nos tablets ou nos telemóveis, que era uma
preocupação que nós não tínhamos com os primeiros, que só começaram a mexer no
computador com cinco ou seis anos."
A receita da educação inclui vários ingredientes. O segredo está em conjugá-los com conta,
peso e medida.
X
Vivo ‒ Isabel Rute Reinaldo:
"Acho que, em primeiro (acho que isso é igual para todos os pais), o principal ingrediente é
o amor. O amor e depois o respeito uns pelos outros."
Mas não basta. Javier completa a receita.
Vivo ‒ Javier Urra, Autor do livro O pequeno ditador cresceu:
"Perdoar; a compaixão, ser compassivo... com um animal, com uma planta, com uma
pessoa. Pondo limites. «É o meu aniversário. Convida todas as crianças da minha turma.»
«Não. Apenas seis.» «Mas eu quero todos os meus amigos.» «Não. Apenas seis.» A vida é
assim. Porque não há sítio, porque não podemos gastar mais e porque a vida implica
limitações."
Educar nem sempre é fácil mas, na hora de impôr regras, é preciso firmeza. Caso contrário,
alerta Javier, invertem-se os papéis.
Vivo ‒ Luís Filipe Reinaldo:
"Pois é... Não gostam mas não podemos ir na conversa."
ANEXO IIf - "Comer gelados no inverno"
Pivô:
Os gelados são um produto típico do verão, mas a oferta está a crescer mesmo nos dias mais
frios do inverno. As geladarias passaram a estar abertas o ano inteiro.
Texto:
Ao vermos alguém vestido à cientista, com luvas de látex, bata branca e óculos protetores, a
fazer aquilo que, à primeira vista, parece uma experiência, até poderíamos pensar que estamos
num laboratório químico... mas não. Na verdade, estamos num laboratório, sim, mas este é de
gelado. Aqui, prepara-se gelado de uma forma bem original.
Vivo ‒ Pedro Viana, Laboratório do Gelado Sub 196:
"O que é que torna isto único? É os clientes virem aqui, pedirem um gelado e o gelado ser
confecionado à sua frente. O preparado é colocado numa daquelas máquinas, eu ponho as
máquinas a trabalhar a velocidade baixa e pego num dos contentores (digamos, os dewars)
XI
de azoto líquido e despejo uma quantidade que vai congelar o preparado. Em estado
líquido, o azoto está a 196 graus negativos."
Um minuto depois, o resultado.
Do mais inovador que há, passamos para o mais tradicional. Aqui, o gelado é filho da tradição
romana, mas feito com produtos frescos portugueses.
Vivo ‒ Constanza Ventura, Nannarella:
"Nós começámos com a ideia de fazer um trabalho artesanal, de trabalhar com as pessoas
que aqui moram e de dar o melhor que nós podíamos trazer de Itália, os nossos
conhecimentos, usando os produtos daqui."
Como típica geladaria italiana que é, aqui não se encontram cadeiras onde sentar enquanto se
come um gelado. Há apenas uma cozinha... e um balcão.
Vivo ‒ Constanza Ventura, Nannarella:
"Um balcão, com gelado para levar, porque o gelado, normalmente, em Itália, é um
produto que se come na rua ou num jardim, enquanto passeamos."
Gelados caseiros, sem produtos industriais, sem corantes ou conservantes, preparados com
todo o carinho italiano, só podiam resultar, por exemplo, em gelado de nata com ginja, creme
de ovos ao vinho do porto, ou gianduia, uma mistura de creme de avelã e chocolate. Isto só
para abrir o apetite.
Vivo ‒ cliente:
"Incrível! É muito bom."
Uma terceira sugestão: bombocas de gelado de mascarpone com doce de frutos vermelhos e
bolacha.
Vivo ‒ Eduardo Santini, Santini:
"Fazemos a têmpera do chocolate. Neste caso, é derretê-lo com umas regras muito
específicas para que consiga adquirir a textura, o brilho que queremos. E, estando pronta a
têmpera, pegamos nos moldes e enchemos de chocolate. Depois vamos introduzir o doce
com a bolacha, e o gelado de mascarpone, e a seguir vamos fechar."
O desafio não foi fácil, mas a vontade de recriar um doce bem conhecido dos portugueses
falou mais alto.
XII
Vivo ‒ Eduardo Santini, Santini:
"Quisemos recriar uma coisa a que os portugueses estão habituados: uma bomboca, em
formato de bombom. É uma coisa que já temos vindo a tentar há dois anos. Não foi fácil
aliar o frio ao chocolate e criar daí um bombom. É algo que é difícil, mas conseguimo-lo
fazer."
Formas diferentes de produzir e comer gelado, um doce para refrescar dias quentes de verão e
para alegrar dias chuvosos de inverno, porque qualquer altura do ano é boa para os amantes de
gelado.
ANEXO IIg - "Gastronomia açoriana em Lisboa"
Pivô:
Até ao próximo domingo, há um restaurante em Lisboa que recebe chefes de cozinha da
Região Autónoma dos Açores. Durante uma semana, é possível experimentar produtos e
pratos típicos das nove ilhas do arquipélago sem sair do continente.
Texto:
A paisagem é lisboeta mas os aromas e sabores são tipicamente açorianos. Atravessaram o
Atlântico para, durante uma semana, trazer ao continente a cozinha dos Açores.
Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:
"Pus uns enchidos regionais. Temos a linguiça do Pico, a alheira de Santa Maria e a
morcela com ananás, que é incontornável não haver num prato. Depois temos os chicharros
com inhame e cebola de curtume, que é muito típica de qualquer tasca nos Açores (em São
Miguel, principalmente). Depois temos o arroz de lapas, com o boca negra e a açafroa, que
é muito típica de lá (o nosso açafrão, muito mais barato e mesmo muito saboroso), com
limão galego. A seguir, temos uma sobremesa de feijão, que era a sobremesa doce de pobre
(era só pôr açúcar, cozer o feijão e comer). Introduzimos o maracujá, que é muito típico de
lá, e brincamos um pouco com a sobremesa."
A receita é simples e faz parte de um roteiro gastronómico muito particular.
Vivo ‒ Maria João Bettencourt, Assistente de Direção Hotel Tivoli Lisboa:
"O «Portugal de Norte a Sul» é um projeto que iniciámos há cerca de dois anos. É uma
iniciativa que permite trazer algumas regiões do país para Lisboa. Fazemos uma semana
XIII
gastronómica principalmente para o público local de Lisboa poder experimentar uma
gastronomia diferente."
Depois do Porto, do Alentejo, do Algarve, Trás-os-Montes e Ribatejo, esta semana é da
Região Autónoma dos Açores.
Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:
"Recriamos conhecimentos que foram deixados: as velhotas que deixaram, os avós, os
tios... Isso é muito bonito. A pessoa que se sentar vai sentir o sabor da gastronomia
açoriana do nosso restaurante, e vai sentir inovação."
Inovar na forma de criar pratos novos com o que é característico das nove ilhas.
Vivo ‒ Miguel Silva, Chefe Restaurante Terraço, Hotel Tivoli Lisboa:
"Os Açores conseguiram trazer-nos ingredientes que no continente não usamos (pelo
menos muito), nomeadamente alguns lacticínios, alguns queijos, alguns produtos
agrícolas..."
Vivo ‒ Cláudio Pontes, Chef Restaurante Anfiteatro:
"Tudo um pouco... um pouco de cada ilha, nós tentamos trazer para Lisboa. Sentir que isto
agora é a nossa casa, durante uma semana ou duas semanas. Então, temos um restaurante
diferente, um menu diferente, estamos nos Açores. Até temos vista para o mar... para o rio,
neste caso."
E com vista para o rio, até ao próximo domingo, descobrir os Açores em Lisboa.
ANEXO IIh - "Tributo a Elvis Presley"
Pivô:
Cento e cinquenta fãs portugueses de Elvis Presley juntaram-se para comemorar os 60 anos de
carreira do artista se fosse vivo. Com mais ou menos parecenças, quiseram lembrar o rei.
Texto:
Parece que regressámos aos anos 50 e a um dos espetáculos de Elvis Presley... mas não.
Vivo ‒ Célia Carvalho, Presidente do clube de fãs "Elvis 100%":
XIV
"Estamos a comemorar 60 anos de rock and roll, que é o mesmo que dizer que se Elvis
fosse vivo estaria a comemorar 60 anos de carreira como rei do rock and roll. Tudo
aconteceu em 1956. Foi quando ele teve o primeiro disco, que vendeu um milhão de
exemplares, foi quando ele se estreou no cinema, foi quando ele apareceu mais vezes na
televisão..."
Em 1956, há precisamente seis décadas, Elvis Presley tornava-se um fenómeno mundial e era
coroado o rei do rock and roll.
Vivo ‒ Célia Carvalho, Presidente do clube de fãs "Elvis 100%":
"Ninguém era igual a ele na altura, por isso é que foi uma revolução tão grande."
Revolucionou o mundo da música e entrou para a história da cultura do século XX, de tal
forma que ainda hoje é lembrado por várias gerações.
Vivo ‒ Eduarda Santos (jovem):
"Acho que a música nunca se deve esquecer. É sempre interessante, vai evoluindo, e acho
que temos de aprender a gostar um bocadinho de tudo."
Vivo ‒ Carlos Sales (idoso):
"Gosto muito. E há uma máxima que se costuma dizer: «Elvis não acrescentou dias à nossa
vida, mas acrescentou muita vida aos nossos dias.»"
Cerca de 150 fãs juntaram-se hoje em Torres Vedras para um tributo a um artista que mudou a
sociedade norte-americana e deixou uma marca um pouco por todo o mundo.
Vivo ‒ António Carlos Coimbra, Artista:
"Podemos dizer que tudo o que é música atualmente tem um bocadinho de Elvis, devido à
magia que o rei tinha, ao carisma que tinha, e que se mantém."
Vivo ‒ Francisco Peças, Artista:
"Quando me pedem para fazer um tributo a Elvis, eu tenho que incorporar a personagem,
mas Elvis (continuo a dizer) era Elvis. Nós fazemos lembrar e não deixamos morrer o rei
do rock and roll."
Para os fãs, a chama de Elvis não se apaga com o tempo.
XV
ANEXO IIi - "Falcoaria portuguesa a Património da Humanidade"
Pivô:
A falcoaria portuguesa poderá vir a ser Património Imaterial da Humanidade. A resposta da
UNESCO deverá ser conhecida depois do verão.
Texto:
É quase tão antiga como o Homem e chegou aos céus da Península Ibérica com os visigodos e
os árabes. Sobrevoa agora Salvaterra de Magos, onde esta forma de caça tem raízes antigas.
Com as armas de fogo, a falcoaria quase desapareceu. Para que se mantenha viva, precisa de
ser reconhecida. Espera, por isso, um parecer positivo da UNESCO.
Vivo ‒ Rui Carvalho, Falcoeiro:
"A falcoaria é a arte de adestrar e caçar presas no seu estado selvagem com aves de rapina
‒ falcões, águias, açores… principalmente esses. O falcoeiro não é só uma pessoa que
gosta de caçar. Acima de tudo, é uma pessoa que gosta da Natureza. Muito sinceramente, a
caça acaba por ser relegada para segundo plano. É o prazer de ver duas espécies a
interagirem que faz com que nós vamos para o terreno caçar."
É uma forma de caça ecológica. Aqui não há armas, apenas aves selvagens a cumprirem o
papel que a natureza lhes atribuiu.
Vivo ‒ Carlos Crespo, Falcoeiro:
"Existem duas modalidades. São normalmente conhecidas por «alto-voo» e «baixo-voo».
Não tem tanto a ver com a altitude a que as aves voam, mas são estratégias de caça
diferentes. O baixo-voo é um lance de caça, em que a ave é largada da luva, fazendo uma
perseguição direta sobre a presa; por isso, uma espécie de um sprint para alcançar o
objetivo. Outra técnica de caça é conhecida por «alto-voo» ou «altanaria», em que se
utilizam aves como esta ‒ os falcões ‒ e que são treinados para sobrevoar o terreno de caça
e aguardar lá em cima em voo que a peça de caça seja levantada."
Mas, hoje em dia, não é só na caça que os falcões e restantes aves selvagens têm o papel
principal.
Vivo ‒ Rui Carvalho, Falcoeiro:
"A falcoaria cada vez mais, para além de uma prática de caça, começa a ser uma prática
muito existente nas nossas vidas a todos os níveis. Por exemplo ‒ não é considerado
XVI
falcoaria por não ser caça mas ‒ há atividades nos aeroportos, aterros sanitários,
aeródromos, em que existem falcoeiros com aves de rapina, que têm por base a falcoaria e
os ensinamentos da falcoaria, que desenvolvem atividades para o bem das populações. Não
só para o bem das populações, mas também para o bem do próprio ambiente em si."
Em 2010, a falcoaria foi reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da
Humanidade em onze nações. Portugal está entre os países que pediram a extensão deste
reconhecimento. Espera uma resposta em setembro.
ANEXO IIj - "Boxe solidário em Oeiras"
Pivô:
Em Carnaxide, no concelho de Oeiras, há uma escola de boxe que está a criar um projeto para
dar aos jovens da localidade um espaço onde possam estudar depois das aulas e ainda
aprender inglês e informática. Mas em contrapartida terão de praticar boxe.
Texto:
Por agora, é o que há: quatro mesas, seis cadeiras, um quadro, e muita vontade de fazer deste
espaço algo melhor. A escola de boxe António Ramalho não é uma escola igual às outras.
Vivo ‒ João Cordeiro, Aluno:
"Numa escola de boxe normalmente só se treina boxe."
Aqui há o sonho de treinar outras coisas.
Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:
"O projeto que vai aqui nascer é, além do boxe, uma sala de estudo onde os jovens vão ter
a possibilidade de saírem da escola e virem fazer os seus trabalhos escolares, serem
apoiados por professores; vai também ter uma parte de informática. Além de um projeto
que nós vamos ter aqui também, que é de inglês («aprende inglês treinando boxe»)."
Vivo ‒ Helena Lins, Voluntária:
"Fazer um pouco como se fosse uma aula de boxe mas em inglês. Para que as crianças se
habituem aos termos do boxe em inglês, aos materiais que usamos no ginásio em inglês. É
uma iniciação ao inglês de uma forma divertida."
No final há uma tarefa obrigatória.
XVII
Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:
"A seguir têm de treinar boxe. Só frequenta aquela escola quem, a seguir, for treinar boxe.
Não precisa de ser competidor."
Aos nove anos, Daniela Barbosa está decidida a fazer do boxe uma profissão. Antes de treinar
aqui (já lá vai um ano) tinha alguns problemas de relacionamento.
Vivo ‒ Susana Barbosa, Mãe de aluna:
"Passaram-se coisas na escola: a Daniela andava sempre a chorar muito, com uma
autoestima muito baixa com que ficou de repente. Coisas de crianças que pensamos que
não, mas afetam nestas idades."
Foi no desporto, em particular no boxe, que encontrou a solução.
Vivo ‒ Daniela Barbosa, Aluna:
"Agora, quando eu vim aqui para o boxe, eu acho que me senti mais confiante. Até porque
consigo descarregar a minha energia lá nos sacos, a bater nos sacos."
É precisamente a bater nos sacos que aqui se resolvem alguns problemas, chamando a atenção
das crianças para a prática do desporto e para a importância da educação.
Vivo ‒ Helena Lins, Voluntária:
"Também terem a noção que, para treinar, há que ter boas notas, porque isso também é
estimulado aqui. Não é «na escola faço uma coisa e aqui faço outra», não. Os valores que
há aqui são os valores que se devem ter na escola; e «se aqui te empenhas, na escola
também te empenhas»."
Mas não é só com boa vontade que se ergue um projeto assim. A Câmara de Oeiras cedeu-lhe
o espaço e paga as despesas mensais. Para ensinar e ajudar as crianças, há também
voluntários. Quanto ao pouco material, foi oferta da empresa de um ex-aluno. Para o que falta,
a escola pediu ajuda a outras instituições.
Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:
"Falta os computadores, mesas redondas, onde eles vão estar a estudar e a fazer trabalhos
em conjunto, ajudados pelos professores. E é isso que nos falta… as cadeiras, as secretárias
e todo o material de alguém que nos possa ajudar. Desde cadernos, livros de estudo… tudo
isso nós aceitamos."
XVIII
Este ano, a sala de estudo é o único projeto apresentado na área do desporto à Oeiras
Solidária. Uma plataforma que faz a ponte entre as empresas e as associações do concelho. Os
contactos estão a ser feitos e a expectativa é grande. Enquanto não é possível concretizar este
sonho, António Ramalho não baixa os braços e vai ajudando como pode.
Vivo ‒ António Ramalho, Proprietário da escola:
"Eu neste momento tenho aqui talvez à volta de 15 crianças, e talvez tenha para aí cinco a
seis crianças a pagar. Quem puder pagar, nós só temos a agradecer. Quem não puder pagar,
também abrimos a porta, não pomos ninguém na rua. Não é esse o nosso objetivo."
O objetivo é outro e vai além do sucesso no boxe e na escola. Trata-se de ajudar crianças e
jovens a encontrar um rumo na vida.
ANEXO IIk - "Atividades nas férias da Páscoa"
Pivô:
As férias escolares da Páscoa começam já amanhã e, nesta altura, os pais ganham mais uma
preocupação: saber onde deixar as crianças. Para ajudar a decidir, a SIC dá-lhe algumas
sugestões.
Texto:
As férias da Páscoa começaram e com elas uma preocupação: saber onde deixar os mais
novos. As alternativas estão na ciência, junto dos animais ou num dia de aventura, e nós
damos algumas sugestões.
Quem quiser ser cientista por uns dias, pode optar pela Science 4 You.
Vivo ‒ Liliana Fonseca, Science 4 you:
"Cada dia tem um tema e nós tentamos, dentro de cada tema, fazer várias experiências.
Temos a cozinha molecular, que vai ser logo na segunda-feira; temos um dia só dedicado a
ovos; temos o dia da química…"
Química, mecânica, eletrónica e não só também se pode aprender no Pavilhão do
Conhecimento. Todos os dias um programa diferente mas todos ligados à exploração das
ciências.
XIX
Vivo ‒ Inês Oliveira, Pavilhão do Conhecimento:
"Aqui vão poder fazer, por exemplo, marionetes para explorar a mecânica, vão construir
ovos luminosos, vão construir pequenos robôs, como estes que eles estão a construir neste
momento para explorar o funcionamento dos circuitos."
Vivo ‒ criança:
"Tem um motor e uma pilha. Temos de colar o motor naquela coisinha branca e tem ali
fios. Nós temos de os pôr na ponta das pilhas e fazer com que funcione. E podem pôr uma
caneta, e depois vai pintando."
Uma outra sugestão: o Jardim Zoológico de Lisboa. Por estes dias, a escolha é variada (como
peddy-papers ou gincanas) e, claro, inclui o reino dos animais.
Vivo ‒ Antonieta Costa, Jardim Zoológico de Lisboa:
"Todos os dias são dias temáticos. Portanto, à segunda-feira é o dia dos mamíferos
terrestres, às terças é o dia dos mamíferos marinhos, às quartas os répteis, à quinta-feira é o
dia das aves, e por fim na sexta-feira é o dia da conservação, para que realmente
consolidem todas estas informações e saiam daqui verdadeiros exploradores da Natureza."
Para terminar as férias na natureza, no último fim-de-semana da pausa letiva a Academia de
Sobrevivência ensina a ser um sobrevivente.
Vivo ‒ criança:
"Nós temos aulas de primeiros socorros, aulas de krav maga, temos esta atividade aqui, que
é a construção de uma aldeia, em alguns fins-de-semana fazemos uns acampamentos e
caminhadas."
Vivo ‒ Nuno Avelar de Sousa, Academia de Sobrevivência:
"Basicamente faz com que os jovens consigam desenvolver uma determinada série de
competências, a que hoje em dia já não têm acesso, que eram aquelas competências que se
adquiriam quando brincávamos na rua."
Propostas até ao último dia de férias. Os pais podem pagar um dia, uma semana ou até as
duas, para que nas férias da Páscoa os filhos possam ter um programa diferente.
XX
ANEXO III - Peças realizadas na equipa do Primeiro Jornal da SIC
ANEXO IIIa - "Meteorologia"
Pivô:
As férias da Páscoa vão terminar com mau tempo. Prevê-se chuva e até neve pelo menos até
ao fim de semana. No país, há 15 distritos em aviso amarelo.
Texto:
A primavera vai continuar sem dar sinal. 15 dos 18 distritos do país estão sob aviso amarelo.
Norte e Centro devido à previsão de queda de neve acima dos 400 m, o litoral por causa do
vento forte.
Vivo ‒ Sandra Correia, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:
"Hoje vamos ter um agravamento do estado do tempo, devido à aproximação de uma
superfície frontal fria, que irá atravessar o território durante a tarde e noite. A partir da
tarde de hoje, irá haver uma precipitação mais intensa no Norte e Centro, e estende-se ao
Alto Alentejo, mas sendo mais fraca."
Para os próximos dias, o estado do tempo deverá manter-se.
Vivo ‒ Sandra Correia, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:
"Amanhã prevê-se uma melhoria do estado do tempo, mas com aguaceiros fracos. Sexta-
-feira já é um dia sem precipitação. No entanto, para o fim de semana, já se espera de novo
mais precipitação."
Neste início de primavera, não há que guardar os agasalhos. O bom tempo não vai chegar pelo
menos até ao fim de semana.
ANEXO IIIb - "Meteorologia"
Pivô:
Estamos na primavera mas há estradas cortadas por causa da neve. É o caso da nacional 321,
que liga os concelhos de Castro Daire e Cinfães, e dos acessos à Serra da Estrela.
XXI
Texto:
Depois de um dia de aviso amarelo em 15 distritos do país, mantém-se o manto branco em
algumas regiões. A forte queda de neve obrigou ao encerramento dos acessos à Serra da
Estrela. Também no distrito de Viseu, o trânsito foi cortado.
Vivo ‒ Carlos Cardoso, Proteção Civil de Cinfães:
"Temos a estrada nacional 321 que neste momento está cortada ao trânsito. Todas as
estradas municipais estão transitáveis. Com a intervenção dos Bombeiros de Cinfães,
fizemos a aplicação de sal gema e remoção de neve. Estamos a aguardar a chegada do
limpa-neves da Estradas de Portugal."
Ao final da manhã, com a melhoria das condições climatéricas, o trânsito regressou à
normalidade.
O frio veio em força, com as temperaturas a descerem em praticamente todo o país e
aguaceiros nalgumas regiões. Quatro barras marítimas do continente estão fechadas, outras
cinco estão condicionadas devido às previsões de agitação marítima, com ondas a poderem
chegar aos quatro metros no Norte do país.
Também no fim de semana os guarda-chuvas deverão sair à rua. Segundo o Instituto
Português do Mar e da Atmosfera, é esperada chuva em quase todo o país.
ANEXO IIIc - "Talking Head Morador lesado explosão máquina ATM"
[Inserido a meio de um direto da jornalista Ana Peneda Moreira no local, como recurso informativo
complementar.]
Pivô:
A explosão provocou vários danos. No prédio em causa, há consequências graves até ao
terceiro andar. O primeiro piso foi o mais afetado.
Vivo ‒ Luís Almeida, Morador:
"É o chão, a sala, o quarto e a casa de banho... está tudo partido. O chão está todo levantado.
Era muito fumo e muito pó devido às coisas estragadas lá em casa."
XXII
ANEXO IIId - "Vandalismo em Escola Secundária"
Pivô:
Uma escola secundária foi vandalizada na madrugada de sábado, na Ramada, em Odivelas.
Os estragos são muitos e 1500 alunos não puderam, por isso, regressar hoje às aulas.
Texto:
Trinta e um vidros partidos, computadores e televisores danificados, pó de extintores pelo
chão e vários outros estragos impediram 1500 alunos da Escola Secundária da Ramada de
regressarem hoje às aulas, no primeiro dia do terceiro período.
Vivo ‒ Edgar Oleiro, Diretor Escola Secundária da Ramada:
"Partiram o bar, televisores, mobiliário, equipamento da cozinha... largos milhares de euros
de destruição que aqui foram feitos."
Os atos de vandalismo ocorreram na madrugada de sábado, por volta das duas da manhã. E
este episódio começa já a ser recorrente: é já a quarta vez no último mês e meio que a escola é
vandalizada.
Vivo ‒ Edgar Oleiro, Diretor Escola Secundária da Ramada:
"Ultimamente têm acontecido vários episódios de vandalismo, mas não roubam nada. São
já onze vezes desde abril do ano passado, quatro delas já no segundo período, num espaço
de tempo muito reduzido. Também roubaram as câmaras de exterior, de vigilância, e a
partir daí tem sido sucessivamente."
A única câmara de videovigilância que ainda funciona nesta escola captou imagens de dois
homens a entrarem. A direção suspeita que sejam alunos. A escola só deverá abrir amanhã.
ANEXO IIIe - "Doenças respiratórias"
Pivô:
As doenças respiratórias matam 47 pessoas por dia em Portugal. O estudo apresentado ontem
revela ainda que a pneumonia e o cancro são os casos mais problemáticos.
XXIII
Texto:
Quarenta e sete portugueses morrem todos os dias vítimas de doenças respiratórias. Os dados
foram revelados pelo último relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias.
De acordo com o documento, estas doenças são a terceira causa de morte em Portugal e a
quinta causa de internamento nos hospitais portugueses. Só em 2014 foram internados 70 mil
portugueses, um número que representa 12% do total de internamentos hospitalares.
A pneumonia e o cancro são os casos mais preocupantes. O relatório da Direção-Geral de
Saúde mostra que Portugal é o segundo país da Europa com a maior taxa de mortalidade por
pneumonia.
De acordo com o observatório, faltam profissionais de saúde e estão mal distribuídos. Em
Portugal, há um pneumologista por cada 25 mil habitantes. A maioria concentra-se na área
metropolitana de Lisboa, do Porto e na região Centro. A sul do Tejo é onde há o maior défice.
O presidente do observatório, Teles de Araújo, reforça ainda a necessidade de contratar mais
enfermeiros e aumentar o número de camas hospitalares, em especial nos cuidados
continuados e paliativos.
ANEXO IIIf - "Aqueduto das águas livres aberto a ciclistas"
Pivô:
O Aqueduto das Águas Livres de Lisboa abre hoje as portas... apenas a ciclistas. A entrada é
gratuita e serve para assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.
Texto:
Em tempos, corria aqui a água que abastecia Lisboa. Hoje não se corre. Anda-se... de
bicicleta.
Vivo ‒ ciclista A:
"Já tinha feito a pé, de bicicleta nunca tinha feito."
No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, pode-se visitar gratuitamente o Aqueduto das
Águas Livres, em Lisboa, desde que venha também a bicicleta. Mas só hoje.
Vivo ‒ Mariana Castro Henriques, Museu da Água:
"Hoje achámos que era a ocasião perfeita. Juntámos o desporto ao património e abrimos
apenas a ciclistas."
XXIV
Ir de Monsanto a Campolide de bicicleta por um trajeto diferente e com uma paisagem...
Vivo ‒ ciclista A:
"Espetacular. Ainda por cima o dia está brutal."
Vivo ‒ ciclista B:
"Isto é um percurso único e uma maneira de andar de bicicleta de outra forma."
O aqueduto é hoje pista de ciclismo. Há cerca de um quilómetro para se percorrer.
ANEXO IIIg - "Sobre-endividamento em Portugal"
Pivô:
Continua a subir o número de famílias que não conseguem pagar o que devem ao banco. Nos
primeiros três meses do ano, a DECO recebeu mais de 7400 pedidos de ajuda. Este
incumprimento está a originar também uma subida do número de penhoras.
Texto:
Mais de 7400 portugueses pediram ajuda ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado, da
DECO. Números relativos aos primeiros três meses do ano. Já foram abertos 663 processos.
Diversos créditos que podiam ser negociados ou reestruturados.
Vivo ‒ Natália Nunes, DECO:
"São famílias compostas por três elementos. Os pais têm entre 35 e 45 anos, com um
menor a cargo. Têm o ensino secundário ou superior, com rendimentos em média de 1100€
líquidos/mês. São de meios urbanos: Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra. São famílias
multiendividadas. Têm um crédito habitação, dois créditos pessoais e dois cartões de
crédito."
Ainda assim, os números revelam que estão a diminuir os pedidos de crédito à banca. As
instituições estão mais rigorosas e as famílias mais conscientes.
O desemprego e a precariedade são as principais causas de sobre-endividamento, seguidas da
separação do casal, mas a grande surpresa são as penhoras: têm um peso de 14%, dos quais
4% são execuções fiscais.
XXV
Vivo ‒ Natália Nunes, DECO:
"Começámos a detetar que muitas das penhoras eram feitas pelo Fisco. Eram dívidas de
IRS, IMI, e que começavam a ter um peso significativo e que era uma verdadeira causa
para as famílias estarem em dificuldade."
Apesar dos números do desemprego estarem a baixar, a DECO alerta que quem está a voltar
ao mercado do trabalho regressa de forma precária, com rendimentos a rondar os 550 euros.
ANEXO IIIh - "Romaria a cavalo na Moita"
Pivô:
Começou hoje a tradicional Romaria a Cavalo, na Moita, na região de Setúbal. São 600
participantes numa viagem de quatro dias até Viana do Alentejo.
Texto:
Vieram de todo o país até à vila da Moita. E daqui partem para Viana do Alentejo. São cerca
de 300 romeiros a cavalo, aos quais se irão juntar outros tantos pelo caminho. Ou seja, a
viagem termina com 600 participantes. Todos juntos num dos maiores eventos equestres do
país: a Romaria a Cavalo.
Vivo ‒ Rui Garcia, Presidente CM Moita:
"Esta romaria é uma recriação atual de uma prática muito antiga em que os lavradores aqui
da terra levavam os seus animais à benção a Viana do Alentejo."
Hoje cumpre-se a tradição, quer seja por fé ou por puro convívio.
Vivo ‒ romeiro A:
Já vimos há dez/doze anos. Pelo gosto pelo cavalo, pelo espírito romeiro, por tudo.
Mas o caminho é longo... E pode ser duro.
Vivo ‒ romeiro B:
Este ano então é que vai ser. Está tudo cheio de lama, rios cheios... Vai ser difícil.
Vivo ‒ romeiro C:
Dois meses antes começo a preparar os animais, para eles aguentarem estes dias.
E quem é que se cansa primeiro? Os animais ou os senhores?
Isso tudo depende dos copos e do que aparecer pelo caminho.
XXVI
Romeiros, cavalos e todos os outros (imagem burro) estão preparados, a imagem de Nossa
Senhora da Boa Viagem está benzida. E a romaria parte agora. Pela frente, 150 quilómetros
de caminho até Viana do Alentejo. A chegada está prevista para sábado às 5 da tarde.
ANEXO IIIi - "Homicídio em Salvaterra de Magos"
Pivô:
Há um crime que está a provocar revolta, sobretudo pela brutalidade extrema. Um homem
matou a antiga namorada, desmembrou o corpo e enterrou-o num pinhal de Salvaterra de
Magos. Isto foi há quatro meses. O cadáver só foi descoberto ontem, e o homem confessou.
Texto:
O corpo já em decomposição foi desenterrado ontem pelas autoridades neste pinhal perto de
Salvaterra de Magos. A vítima era uma mulher de 32 anos, que terá sido assassinada pelo ex-
-companheiro há quatro meses. Logo nessa altura houve quem tivesse estranhado a cova.
Vivo ‒ testemunha:
"Vi um buraco aberto. Como o cão da vizinha tinha morrido, pensei que tivesse sido ela.
Mas depois fui eu a enterrar o cão. Mais tarde, vejo o buraco arrasado. Foi tudo muito bem
feito. Depois, foi quando eu me queixei às minhas vizinhas. Chamámos a Guarda. A
Guarda veio e escavámos um buraco bem fundo. Mas depois a Guarda como não
encontrou nada, desistiu."
O antigo companheiro da vítima confessou ontem às autoridades o seu envolvimento no
crime. O homem de 28 anos mantinha um relacionamento conflituoso com a ex-namorada.
Em janeiro, tê-la-á molestado até à morte e de seguida desmembrado o corpo e enterrado o
cadáver. Foi o próprio a indicar o local exato à Polícia Judiciária.
O homicida confesso será presente às autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação
das medidas de coação.
XXVII
ANEXO IIIj - "Bebé nasce 55 dias após morte da mãe"
Pivô:
Um caso invulgar e emocionante aconteceu na Polónia. Um bebé nasceu 55 dias depois da
morte cerebral da mãe. Os médicos mantiveram as máquinas ligadas até haver condições
mínimas para fazer o parto.
Texto:
À vigésima sexta semana de gestação e através de cesariana nasceu em janeiro na Polónia um
bebé, rapaz, com um quilo e uma batalha pela frente. Esteve nos Cuidados Intensivos do
Hospital de Wroclaw e passou três meses numa incubadora.
Um caso invulgar uma vez que a progenitora tinha falecido 55 dias antes. A mulher, de 41
anos, sofria de um tumor. Foi levada para a clínica em novembro, já em morte cerebral.
Os órgãos vitais foram mantidos em funcionamento para que o bebé nascesse... quase dois
meses depois.
Um caso de grande sucesso. Com três meses pesa agora 3 kg, está saudável e já foi com o pai
para casa.
ANEXO IIIk - "Empregos em risco na Azambuja"
Pivô:
Cento e oitenta trabalhadores de uma fábrica de peças para automóveis da Azambuja estão em
risco de perder o emprego. Para já foram enviados para casa. Esta manhã reuniram em
plenário mas saíram sem qualquer certeza sobre o futuro da empresa.
Texto:
São cerca de 180 trabalhadores parados... desde dia 7. Restam os serviços mínimos na área
administrativa. A Frauenthal Automotive, multinacional que fabrica molas para automóveis e
que em Portugal opera na Azambuja, suspendeu a produção e dispensou os trabalhadores...
sem dar qualquer justificação aos funcionários.
Vivo ‒ Fernando Pina, Funcionário/Sind. Indústrias Transformadoras Energia e Ambiente:
"No dia 1 de abril, foi entregue uma carta aos trabalhadores que, além de transações
financeiras, dizia que tudo se mantinha: os contratos mantinham-se, não havia nada que se
XXVIII
alterasse. E seis dias depois, os trabalhadores recebem uma carta de dispensa. Os
trabalhadores estão dispensados do trabalho, sem saber quando regressam."
Para discutir a situação, o plenário de trabalhadores contou com a presença do Secretário-
-Geral da CGTP.
Vivo ‒ Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP:
"O grande problema é que neste momento os trabalhadores querem saber qual é a situação
e ninguém lhes dá uma resposta. Não sabem se há uma reestruturação, não sabem se há
uma insolvência, não sabem o que vai acontecer no mês que vem."
Arménio Carlos deixa também nas mãos do Governo a decisão quanto ao futuro destes
trabalhadores.
Vivo ‒ Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP:
"É importante que o Governo procure acelerar o processo sobretudo para clarificar
rapidamente o que aqui está em causa."
A SIC tentou falar com a empresa mas não obteve qualquer resposta.
ANEXO IIIl - "Treinar como um astronauta"
Pivô:
Cento e setenta jovens andam com a cabeça no ar, mas desta vez isso não é mau. Foram ao
Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, experienciar a vida de um astronauta.
Texto:
Andar na lua não é para todos, mas 170 jovens de todo o país tiveram hoje a oportunidade de
experimentarem a vida de um astronauta.
Vivo ‒ Rosalia Vargas, Diretora Pavilhão do Conhecimento e presidente da agência Ciência Viva:
"Este projeto chama-se Missão X - Treina como um astronauta. Têm que fazer exercício
físico, perceber que o treino físico é muito importante para que os astronautas se sintam em
forma. E também ligar isso à alimentação, porque também é muito importante saber qual é
a melhor alimentação para os astronautas."
XXIX
Esta quarta-feira, o Pavilhão do Conhecimento transformou-se num campo de treino para
astronautas. Vieram de cinco escolas, da Guarda ao Algarve, onde trabalharam durante dois
meses no projeto que apela a uma alimentação saudável e à prática do exercício físico.
Vivo ‒ Inês Reis:
"Começámos por trabalhar a resistência, velocidade, trabalhámos outro tipo de esforços, e
também fizemos outras atividades: vimos uma apresentação sobre o estilo de vida do
astronauta. Os astronautas têm de fazer vários esforços. Antes de ir para o espaço, fazer
testes físicos, estar em boa forma. E têm de aprender a viver no espaço, porque é muito
diferente de viver aqui.
E são esses treinos que estão a fazer aqui hoje? Como se fossem daqui para a lua, a
seguir?
Sim, é isso."
O projeto, liderado pela NASA e pela Agência Espacial Europeia, decorre, ao todo, em 30
países.
ANEXO IIIm - "«Hortas na escola, legumes no prato»"
Pivô:
Há cada vez mais escolas com hortas cultivadas pelos próprios alunos. A ideia é alertar para a
importância de uma alimentação saudável e combater o desperdício.
Texto:
Mais do que fazer crescer alfaces, cebolas ou nabiças, esta escola dos Olivais quer dar uma
lição de vida: ir além das páginas dos livros para fazer crescer um novo alimento às novas
gerações.
Vivo ‒ professora:
"Estas são tiradas da horta."
Hortas na escola, legumes no prato. Assim se incentivam os mais novos para uma alimentação
saudável, para a redução do desperdício alimentar mas também para a importância da
produção nacional.
XXX
Vivo ‒ Nádia Reis, Missão Continente:
"No fundo, é dotar as escolas de uma horta pedagógica para crianças mexerem na terra e
perceberem como crescem legumes, e depois os alimentos serem consumidos nas próprias
escolas. Maioritariamente são consumidos aqui. Havendo excedentes, são doados a
instituições. Nada como comer aquilo que nós próprios cultivamos e nada como consumir
produtos nacionais."
Para alimentar a ideia, são as próprias crianças do primeiro ciclo mas também do jardim de
infância a meterem as mãos... à horta.
Vivo ‒ criança A:
"Eu plantei beringelas. Metemos as sementes e depois regámos."
Vivo ‒ criança B:
"Nós gostamos de mexer na terra e gostamos de plantar, e faz bem ao planeta."
Promovida pela Câmara de Lisboa, a iniciativa começou no início deste ano letivo em dez
escolas do concelho. Ao todo, são mais de duas mil crianças nesta experiência-piloto que quer
continuar a crescer e alimentar o resto do país.
ANEXO IIIn - "Previsões do estado do tempo"
Pivô:
O tempo vai aquecer... mas só até quarta-feira.
Texto:
O mês de maio começa já este domingo e, com ele, vem o bom tempo. Já a partir do fim de
semana, pode-se antecipar o verão, tirar as roupas mais leves do armário e, se possível, ir até à
praia. São esperadas temperaturas altas e muito sol.
Vivo ‒ Maria João Frade, Instituto Português do Mar e da Atmosfera:
"Já a partir de amanhã e pelo menos até quarta, o cenário é de tempo seco, o céu vai-se
tornar gradualmente pouco nublado ou limpo e vai haver uma subida gradual dos valores
de temperatura máxima. Terça e quarta vamos chegar a temperaturas máximas sobre o
continente entre os 25º e os 30º C."
XXXI
Vivo ‒ transeunte:
"Finalmente começa a vir o bom tempo, o que também é ótimo para quem tem pequeninos.
O que nos permite sair um bocadinho de casa, porque tem estado um tempo muito chato,
muito aborrecido: chuva, frio… Finalmente a Primavera decidiu aparecer."
Bom tempo para desfrutar mas só até quarta-feira. Depois, prevê-se o regresso da chuva e
temperaturas mais baixas.
ANEXO IIIo - "Unidade móvel de apoio ao emprego"
Pivô:
Uma unidade móvel está a percorrer o país e a levar conselhos a desempregados e
empregadores. Ensina-se, por exemplo, a pesquisar trabalho, fazer um curriculum ou a atitude
certa numa entrevista de emprego.
Texto:
Está há seis meses na web e agora anda pelas ruas de todo o país. O objetivo é prestar apoio a
quem procura emprego e a quem quer recrutar trabalhadores. É um novo portal de emprego,
agora com uma unidade móvel a circular de Norte a Sul.
Vivo ‒ Sara Santiago, Promotora TrabalhoCerto.pt:
"Estamos a divulgar o TrabalhoCerto.pt, que é um novo portal da internet. Estamos
também a ajudar as pessoas a fazer o registo, e estamos também a dar algum
aconselhamento: como se comportar numa entrevista, como responder a um anúncio, como
deve efetuar o seu curriculum."
Desde o seu lançamento, em outubro, o portal já publicou mais de 20 mil oportunidades de
emprego. Uma plataforma gratuita que promove o contacto entre candidatos e recrutadores.
Vivo ‒ António Luís, Candidato:
"Estou à procura de emprego. Sou treinador de rugby, mas infelizmente não chega para
pagar as contas. Já estou farto de procurar nos mesmos sites, nos mesmos portais… e nada.
Tudo o que seja novo, é bem-vindo."
XXXII
Vivo ‒ Nuno Santos, Recrutador de Recursos Humanos:
"A minha função como recrutador de Recursos Humanos é encontrar pessoas que estejam à
procura de emprego, e então aproveitei a oportunidade de estar aqui esta unidade e vim
registar-me para procurar pessoas através deste portal."
A unidade móvel passou já por diversas localidades da região Norte. Está até quarta-feira em
Lisboa e, depois, segue para o concelho de Oeiras.
ANEXO IIIp - "Obras no Eixo Central de Lisboa"
Pivô:
Começaram esta manhã as obras no chamado Eixo Central de Lisboa. A intervenção deverá
durar nove meses. Os problemas no trânsito já se fazem sentir.
Texto:
Nos próximos nove meses, será este o cenário em algumas das principais vias de tráfego da
cidade de Lisboa. Começaram esta terça-feira e já se fazem sentir as obras de requalificação
do chamado "Eixo Central", que liga o Campo Grande às Amoreiras.
Vivo ‒ condutor A:
"O trânsito hoje está caótico. Tenho uma escritura para fazer e estou aqui. Se pudesse
virava o carro aqui.
Há quanto tempo está aqui presa?
Estou aqui presa há mais de uma hora e meia."
Vivo ‒ condutor B:
"Estou há 40 minutos aqui presa."
Vivo ‒ condutor C:
"Meia hora a 40 minutos, sem dúvida."
A obra tem início esta terça-feira nas avenidas da República e Fontes Pereira de Melo, onde
estão encerradas duas das seis vias, uma em cada sentido. Isto para que Lisboa se torne uma
cidade mais verde e virada para os peões.
XXXIII
Vivo ‒ Fernando Medina, Presidente CM Lisboa:
"É o alargamento das vias dos passeios ao longo da Avenida da República, ciclovias, uma
nova grande praça no Saldanha, desenhada para o público e não para os automóveis, e uma
Fontes Pereira de Melo mais humanizada, com passeios mais largos e ciclovias."
A empreitada começou esta terça-feira nas extremidades. Ao longo dos próximos meses, vai
seguindo em direção à Praça do Saldanha, onde serão concluídas as obras.
Mas, com elas, surgem outras preocupações. A Câmara garante a sinalização de percursos
alternativos em vários pontos da cidade. Quanto à redução do número de lugares de
estacionamento, que tanto tem sido contestada, o Presidente da Câmara garante que ao todo se
perdem apenas cerca de 60 lugares.
Vivo ‒ Fernando Medina, Presidente CM Lisboa:
"Há um conjunto vasto de parques de estacionamento nas imediações para quem vem
trabalhar para Lisboa, e fizemos um acordo para avenças de 24 horas custarem 25 euros
por mês."
A obra, avaliada em cerca de sete milhões de euros, deverá estar concluída em fevereiro do
próximo ano.
ANEXO IIIq - "Novas regras para uso de drones"
Pivô:
O uso de drones vai passar a ter novas regras. São proibidos à noite e em locais de
concentração de pessoas.
Texto:
Para quem costuma utilizar Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente, mais conhecidos
por "drones"... vêm aí novas regras.
Os aparelhos poderão ser operados apenas de dia e até 120 metros de altura, e o operador não
pode desviar o olhar do equipamento.
No caso das aeronaves brinquedo, definidas como "qualquer objeto que possa voar
prolongadamente, sem motor de combustão e com peso até 1 kg", podem voar apenas até os
30 metros.
XXXIV
Voos noturnos e acima dos valores definidos... só com autorização da Autoridade da Aviação
Civil. Sobrevoar concentrações de pessoas, zonas de sinistro e num círculo de um quilómetro
à volta dos heliportos para emergência médica... é proibido. Bem como voar sobre instalações
de órgãos de soberania, serviços de segurança, ou estabelecimentos prisionais... Exceto
quando autorizado pelas respetivas entidades.
Para fotografia ou filmagem aérea, só com a autorização da Autoridade Aeronáutica Nacional.
Para quem violar as regras, as multas previstas variam entre os 250 euros e os 250 mil euros.
A proposta de regulamento, da Autoridade Nacional da Aviação Civil, está em discussão
pública... até dia 23.
ANEXO IIIr - "Meteorologia"
Pivô:
Muita chuva, possibilidade de trovoada e vento forte são as previsões para este fim de
semana. O mau tempo vai prolongar-se durante a próxima semana.
Texto:
Depois da bonança... a tempestade. A chuva e as temperaturas mais baixas vieram para ficar
pelo menos até à próxima semana.
Por isso, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou esta quinta-feira sob aviso
amarelo quatro distritos a sul do país: Faro, Évora, Setúbal e Beja.
De Norte a Sul, as temperaturas máximas vão descer entre 7 a 10º C, a chuva não vai dar
tréguas, com a possibilidade de ocorrência de trovoadas e vento forte.
Este é o cenário para os próximos dias, e no fim de semana vai piorar. Na segunda-feira, a
chuva mantém-se mas com menos intensidade. As melhorias só são esperadas no final da
próxima semana.
XXXV
ANEXO IIIs - "Centenária bate recorde mundial"
Pivô:
Uma americana de 100 anos tornou-se na atleta centenária mais rápida do mundo. É uma lição
de vida de uma mulher que começou a correr depois dos 60 anos, para tentar ultrapassar a dor
de perder dois filhos.
Texto:
A menos de um mês de completar 101 anos, bateu um recorde mundial. Ida Keeling correu,
no passado sábado, uma prova de 100 metros, para atletas com mais de 80 anos.
Ficou em último lugar, mas ainda assim alcançou o recorde da centenária mais rápida. Fez o
percurso num minuto e 17 segundos.
No final da prova, ainda antes de recuperar o fôlego, deu uma lição aos mais velhos... e não
só.
Vivo ‒ Ida Keeling (entrevista NBC Sports):
Ida, está cansada?
Sim.
Não imagino porquê. Com 100 anos...
Vou fazer 101 daqui a umas semanas.
Parabéns por ter completado a prova. O que quer mostrar às pessoas sobre o que é
possível na sua idade?
Amem-se. Façam o que têm a fazer e não o que querem fazer. Comam pela nutrição e não
pelo sabor. E façam exercício, pelo menos uma vez ao dia.
A norte-americana começou a correr aos 67 anos. Foi uma forma de superar a dor de ter
perdido dois filhos. Hoje, aos 100, não lhe falta energia.
ANEXO IIIt - "Meteorologia"
Pivô:
Os próximos dias vão ser de chuva e vento. As autoridades recomendam cuidados adicionais.
XXXVI
Texto:
O fim-de-semana está à porta mas não traz boas notícias. Este sábado, todos os distritos do
país e também o arquipélago da Madeira vão estar sob aviso amarelo. O alerta foi dado pelo
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que pede cuidados redobrados em certas
situações. Passeios ou outras atividades ao ar livre vão ter de esperar mais uns dias.
Entre as nove da manhã e as nove da noite do dia de sábado, o país pode esperar muita chuva,
possibilidade de trovoada e vento forte que pode chegar aos 100 quilómetros por hora.
Para domingo, esperam-se algumas melhorias. Ainda assim, a chuva vai manter-se mas mais
moderada em todo o país.
ANEXO IIIu - "Ninho de falcões em varanda"
Pivô:
Num apartamento nos arredores de Lisboa, há uma família com vizinhos fora do comum. Um
casal de falcões-peneireiro fez ninho na varanda e tem agora seis crias.
Texto:
Maria olha pela janela não para ver as vistas mas para espreitar o que há de novo na
vizinhança. Zuzu e Margarida aumentaram a família e são seis as novas crias de falcão-
-peneireiro.
Vivo ‒ Maria Cotter:
"Mudámos algumas rotinas mas é giro acompanhar este crescimento."
Escolheram a floreira da família Cotter, às portas de Lisboa, para morar... há já três anos.
Vivo ‒ Pedro Cotter:
"Durante o ano inteiro, vão visitando a floreira. De manhã, vêm até aqui. É um território
que é deles, do casal. Depois, a partir de abril, eles vão andando mais tempo por aqui.
Durante o mês de abril, temos aqui os ovos e depois, durante o mês de maio, nascem e vão
crescendo. Depois, em junho, vão embora."
Para quem os quiser ver, há duas outras janelas viradas para a casa da família de falcões: a
página do facebook, que conta com mais de 21 mil gostos, e o canal do youtube, em direto das
9 da manhã às 9 da noite.
XXXVII
ANEXO IV - Entrevistas a coordenadores da SIC
ANEXO IVa - Entrevista a Ana Luísa Galvão, coordenadora da agenda da SIC
De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram
a agenda?
Os critérios de seleção da informação da agenda são semelhantes aos critérios de
seleção de notícias em geral (interesse público, novidade, proximidade). O facto de
trabalharmos num meio audiovisual pesa nesse critério de seleção, pois é preciso ter em conta
também o potencial do evento em termos de imagem: a chegada de um navio da Marinha a
um porto é obviamente mais interessante do que a assinatura do protocolo para a compra
desse mesmo navio. Agora, este trabalho de seleção de temas assenta essencialmente em
acontecimentos previstos (com dias, semanas e até meses de antecedência) e, por vezes,
sucede que determinado evento possa ter uma relevância agora que justifique o seu
agendamento mas, na altura em que efetivamente se realiza, perca toda a relevância
jornalística, ou vice-versa, o que depende de uma série de fatores decorrentes da atualidade
noticiosa. Por exemplo: um congresso de geólogos pode passar completamente despercebido
ou então ser fundamental, caso tenha ocorrido uma tragédia dessa natureza; o descerramento
de uma placa toponímica por um governante ou autarca pode ser irrelevante a nível nacional,
mas se alguma das individualidades presentes vier entretanto a ser acusada de algum crime, é
fundamental estar presente. Por esta razão, a triagem da informação na agenda tem uma
"malha" necessariamente mais alargada quando comparada com os conteúdos emitidos e
exige um sentido de alerta não só ao que é notícia mas ao que pode vir a ser, tendo em conta a
atualidade.
São agendados conteúdos tendo em vista particularmente o fim de semana? Se sim, que
tipo de conteúdos são esses?
Sim. Centramos o fim de semana em informação e acontecimentos com um caráter mais
lúdico, por um lado, e mais intemporal, por outro. São conteúdos que têm também em conta o
que o público/telespectadores procura. Normalmente, está mais disponível para notícias sobre
lazer (cinema, feiras, exposições, gastronomia, desporto...), assim como está mais aberto a
reportagens alargadas sobre os mais variados temas (saúde, imobiliário...). A informação
sobre o tempo, o trânsito nas autoestradas, por exemplo, ganha importância dada a mobilidade
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das pessoas durante o fim de semana, assim como há maior recetividade a temas relacionados
com a atualidade mas que não são obrigatoriamente notícia nesse dia: o custo dos manuais
escolares, leque de trabalhos para jovens no verão, etc. É claro que tudo isto cai por terra
quando se sobrepõe alguma situação particularmente grave e intensa, como fogos, acidentes,
criminalidade, golpes de Estado (no caso de acontecimentos imprevistos), ou eleições
legislativas ou presidenciais, cerimónias comemorativas, provas desportivas decisivas, etc.
Existem diferenças na agenda entre os dias de semana e os de fim de semana?
Há elementos básicos que integram a agenda: iniciativas onde participe o Presidente da
República, o Primeiro Ministro, os ministros, líderes dos partidos com assento parlamentar,
secretários-gerais das centrais sindicais, presidentes das confederações patronais, presidente
do Tribunal Constitucional ou do Supremo Tribunal de Justiça, a Procuradora-Geral da
República, ou figuras de incontornável interesse público (desde Mário Soares, Eunice Muñoz,
Ricardo Araújo Pereira ou Cristiano Ronaldo, para dar uma ideia), ao que acrescem ainda
eventos como greves em setores relevantes para o país, julgamentos de casos mais mediáticos,
datas relacionadas com atividades escolares (início e fim do ano letivo, datas de exames, etc.).
Não quer isto dizer que se faça sempre reportagem mas são informações que constam
necessariamente da agenda. Agora, as agendas das entidades oficiais referidas anteriormente
diminuem, por hábito, drasticamente ao fim de semana, não há atividade parlamentar, não há
aulas, julgamentos e mesmo greves (exceto em casos ligados à hotelaria ou a museus, por
exemplo). A lista, longe de ser exaustiva, dá uma ideia do que se fala quando refiro a
diminuição de assuntos a agendar ao fim de semana. Há, por norma, muito menos serviços
agendados ao fim de semana.
Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do
Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?
Sim. Além das diferenças decorrentes dos conteúdos de agenda "disponíveis" ao fim de
semana e durante a semana, no caso particular do Primeiro Jornal (mais até do que no Jornal
da Noite), há uma realidade que obriga ainda a diferentes opções editoriais determinadas
pelos públicos. Afinal, quem está em casa à hora do almoço? Durante a semana, são
sobretudo reformados, desempregados, domésticas e, em alguns pontos do país, pessoas que
trabalham mas que podem ir rapidamente almoçar a casa. Durante o fim de semana, a estes
juntam-se ainda as crianças e a população ativa. Uma mudança concentrada sobretudo nos
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centros urbanos, em públicos com níveis superiores de literacia, mais poder de compra e
acesso a mais atividades de lazer. É uma viragem no público alvo, no perfil do telespectador a
que os critérios editoriais (não evitando nem fugindo à notícia pura e dura) não podem deixar
de se adaptar, refletindo-se nos alinhamentos de uma forma marcante. Mesmo que não mude
nem o pivô nem o coordenador, muda o telespectador e isso basta.
XL
ANEXO IVb - Entrevista a Maria João Ruela, coordenadora do fim de semana da SIC
De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram
o alinhamento do Primeiro Jornal ao fim de semana?
O critério é sempre ditado, por um lado, pela agenda do dia e, por outro, pelos acontecimentos
que entretanto surgem, sendo certo que há uma seleção dos assuntos sobre os quais fazemos
reportagens entre todos os que estão agendados. Por norma, um jornal deve sempre
acompanhar a atividade política do Presidente da República, Parlamento, Governo e parceiros
sociais. Há ainda temas de natureza social (justiça, segurança, migrações, saúde, educação...)
que fazem parte do alinhamento diário por incorporarem as maiores preocupações da opinião
pública. Os temas económicos ‒ banca, por exemplo ‒ e os temas internacionais ‒ atentados
terroristas ‒ ganharam uma importância crescente nos últimos anos. Depois, há obviamente
temas que são incluídos por resultarem de investigações próprias da redação.
Em média, num alinhamento de fim de semana, qual é a percentagem de conteúdos pré-
-agendados pela equipa de planeamento e a percentagem de conteúdos escolhidos pelo
coordenador do jornal?
Talvez 50/50.
Num alinhamento informativo, qual é a ordem das editorias que o integram? Essa
ordem é variável?
Não há uma ordem fixa mas diria que a regra tem sido abrir com temas de política/economia,
seguir com sociedade, internacional, desporto e cultura. Essa ordem varia todos os dias
consoante a atualidade e a importância de um acontecimento. Um atentado ‒ tema tratado
pelo internacional ‒ será sempre abertura no dia em que acontece.
No alinhamento de um jornal, há necessidade de criar "picos de interesse"? Se sim, de
que forma isso é feito?
Sim, para preencher por exemplo os tempos dos intervalos dos jornais da concorrência. É
feito com investigação própria, que dá origem a reportagens exclusivas.
Em média, ao fim de semana, qual a duração de uma peça e do jornal no seu todo?
Em média, uma peça tem cerca de dois minutos e o jornal cerca de uma hora e dez minutos.
XLI
Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do
Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?
Sim. A duração dos jornais é a primeira, em regra mais longos à semana do que ao fim de
semana, e a falta de "agenda" ao fim de semana que obriga à inclusão de reportagens de
natureza mais "leve", ligadas a temas que ocupam as famílias ao fim de semana ‒ lazer,
gastronomia, viagens.
XLII
ANEXO IVc - Entrevista a André Antunes, coordenador do Primeiro Jornal da SIC
De que forma/Com base em que critérios seleciona os conteúdos noticiosos que integram
o alinhamento do Primeiro Jornal durante a semana?
Seleciono os conteúdos com base em vários critérios. Por um lado, pela importância dos
assuntos, pela relevância na atualidade. É o caso de assuntos políticos ou económicos, que são
importantes para a vida geral do país. O mesmo se aplica a um assunto internacional mas que
na verdade nos pode dizer respeito a todos. E depois há as notícias ou as reportagens que
podem não ter toda esta importância mas ter grande "interesse do público".
Em média, num alinhamento de semana, qual é a percentagem de conteúdos pré-
-agendados pela equipa de planeamento e a percentagem de conteúdos escolhidos pelo
coordenador do jornal?
Cerca de 30 a 40%.
Num alinhamento informativo, qual é a ordem das editorias que o integram? Essa
ordem é variável?
Não há uma ordem estabelecida, varia todos os dias. A importância das notícias não está
relacionada com a editoria mas com o valor da história. Hoje o grande tema do jornal pode ser
um atentado em Nice, amanhã as buscas na CGD, depois a renovação de Fernando Santos
como selecionador nacional ou um grande incêndio no país.
No alinhamento de um jornal, há necessidade de criar "picos de interesse"? Se sim, de
que forma isso é feito?
Sim. Os jornais de televisão, nos dias de hoje, são bastante longos. Dessa forma, é preciso que
haja uma certa dinâmica no alinhamento, entre assuntos mais sérios e outros que possam dar
oportunidade ao espectador de relaxar. Por outro lado, é importante criar uma expectativa no
espectador de que ainda há mais coisas importantes e interessantes no jornal para serem
vistas. Esse efeito é muitas vezes criado através de promoções curtas ao longo dos jornais.
Em média, durante a semana, qual a duração de uma peça e do jornal no seu todo?
O jornal tem cerca de uma hora e meia (1:28:00) e as peças têm em média um minuto e meio
a dois minutos.
XLIII
Considera que existem diferenças nos conteúdos que integram os alinhamentos do
Primeiro Jornal durante a semana, por um lado, e durante o fim de semana, por outro?
Sim, sobretudo devido à duração dos jornais.
XLIV
ANEXO V - Alinhamentos do Primeiro Jornal (semana e fim de semana) da SIC
ANEXO Va - Alinhamento de sábado, 16 de janeiro de 2016