a levitacao

184
WWW.AUTORESESPIRITASCLASSICOS.COM LIVRO ALBERT DE ROCHAS A LEVITAÇÃO PREFÁCIO DO TRADUTOR PREFÁCIO DO AUTOR CAPITULO I CASOS PASSADOS NO ORIENTE CAPITULO II CASOS TIRADOS DA HISTÓRIA PROFANA D0 OCIDENTE CAPITULO III CASOS TIRADOS DOS HAGIÓGRAFOS CAPÍTULO IV CASOS CONTEMPORÂNEOS DO OCIDENTE CAPITULO V TEORIAS PROPOSTAS E FENÔMENOS ANÁLOGOS

Upload: anselmo-heib

Post on 15-Jun-2015

482 views

Category:

Documents


11 download

DESCRIPTION

estudo doutrinário

TRANSCRIPT

Page 1: A levitacao

WWW.AUTORESESPIRITASCLASSICOS.COM

LIVRO

ALBERT DE ROCHAS

A LEVITAÇÃO

PREFÁCIO DO TRADUTOR

PREFÁCIO DO AUTOR

CAPITULO ICASOS PASSADOS NO ORIENTE

CAPITULO IICASOS TIRADOS DA HISTÓRIA PROFANA D0

OCIDENTE

CAPITULO IIICASOS TIRADOS DOS HAGIÓGRAFOS

CAPÍTULO IVCASOS CONTEMPORÂNEOS DO OCIDENTE

CAPITULO VTEORIAS PROPOSTAS E FENÔMENOS ANÁLOGOS

Page 2: A levitacao

ADENDO

OS LIMITES DA FÍSICA

A FÍSICA DA MAGIA

GRAVITAÇÃO E LEVITAÇÃO

A LEVITAÇÃO

OS EFLÚVIOS ÓDICOS

Prefácio do tradutor

Page 3: A levitacao

Entre os homens eminentes que buscam, pelo método ex -perimental, aprofundar o estudo das causas dos fenômenospsíquicos, encontra-se o ilustre Rochas d'Aiglun (Eugène -Au-guste-Albert, Conde de) pertencente a uma antiga famí lia quepossuiu o feudo d'Aiglun, perto de Digne, desde o meado doséculo XV até a época da Revolução em 1789.

Depois de ter feito brilhantes estudos literários no Liceude Grenoble, começou a estudar o Direito para entrar na ma -gistratura, como seu pai e seu avo; porém, não sendo o estudodas leis suficiente para a sua atividade intelectual, ele passou aestudar outras ciências. Em 1836 obteve o prêmio de honra dematemáticas especiais e, no ano seguinte, foi recebido naEscola Politécnica de Paris. Em 186 1 entrou para o Exércitona qualidade de tenente de engenheiros, promo vido a capitãopor merecimento em 1864, tomou parte na guerra de 1870 -71,e foi nomeado comandante de batalhão em 1880. A fim deentregar-se com maior liberdade aos trabalhos cien tíficos aque era afeiçoado, deixou prematuramente em 1889 o serviçomilitar ativo, e entrou para a Escola Politécnica na qualidadede diretor civil (1), passando para a reserva com o posto detenente-coronel.

Os trabalhos militares e científicos do Coronel de Rochassão consideráveis; conhecendo a fundo tudo o que tem sidoescrito sobre as ciências psíquicas, experimentadorconsumado, contribuiu em larga escala para fazer classificar omagnetismo entre as ciências puramente físicas. Estudou apolaridade, contribuiu para a classificação atual das fases dosonambulismo, observou metodicamente os fenômenosespíritas, descobriu a exteriorização da sensibilidade que nãoera suspeitada e mostrou o mecanismo do desdobramentofísico. (2)

Membro de várias sociedades sábias, oficial da Legião deHonra, da Instrução Pública, de São Salvador (Grécia), e das

Page 4: A levitacao

Ordens de São Maurício e São Lázaro (Itália); comendadordas Ordens da Sant'Ana (Rússia), do Mérito Militar(Espanha), de Medjidié (Turquia), de Nicham (Túnis), doDragão Verde (Anam), o Coronel de Rochas é um dos sábiosa quem o Espiritualismo e o Magnetismo contemporâneo maisdevem.

O presente volume, conquanto se subordine ao título geralda sua obra A Levitação, compreende não só alguns outrospequenos trabalhos do mesmo autor (Os Limites da Física, AFísica da Magia, e parte da sua introdução ao livro OsEflúvios Ódicos), mas ainda o trabalho do Sr. Dr. Carl du Prelsobre Gravitação e Levitação, tendo o Sr. de Rochaspermitido e recomendado especialmente essa compilação, emcarta que se dignou dirigir-nos.

A levitação é o erguimento espontâneo dum corpo no es -paço. De todos os fenômenos psíquicos não há certamentenenhum que pareça mais em contradição com o que sechamam leis da Natureza, e, entretanto nenhum outro sepresta menos à fraude. Desde tempos imemoriais temconstatado fenômenos de levitação em todos os países; ashistórias religiosas de todos os países assinalam numerososcasos de levitação de seus Santos, e hoje, às pessoas quegozam dessa faculdade, chamam-se médiuns. Em apoiodessas linhas mencionaremos o que nos diz Apollonius deTyana: Vi, diz ele, esses brâmanes da Índia que habitam sobrea terra e que aqui não habitam que têm uma cidadela semmuralhas e que nada possuem, e , entretanto possuem tudo.Deve-se compreender por essas pa lavras: que habitam sobre aterra e que aqui não habitam, o fenômeno de levitação. Aciência dos brâmanes lhe foi perfeitamente ministrada logoque estes conheceram o fim da sua visita. Assim que e lechegou à sua presença, o chefe lhe disse: Os outros homensnecessitam perguntar aos estranhos quem eles são, donde vêm

Page 5: A levitacao

e o que desejam. Nós, pelo contrário, como primeira prova danossa ciência, já sabemos tudo isso; julgai -o por vós mesmo.O clarividente contou então a Apollonius os principaisacontecimentos da sua vida, falou -lhe da sua família, de seupai, de sua mãe, do que ele tinha feito, etc., etc. Apollonius,cheio de admiração, suplicou então aos brâma nes que oiniciassem nessa ciência tão pro funda, tão sobre-humana, oque lhe foi concedido. Depois de ter completado seus anos deprovas, voltou à Europa, onde sua clarividência e as curas quefez maravilharam a todo o mundo.

Eis agora uma tentativa de explicação dos fenômenos delevitação, segundo o Sr. Ernest Bosc, autor de diversas obrasde ciência oculta: Sabe-se que a Terra é um imenso ímã;diversos sábios o tem dito, entre outros, Paracelso. A Terraestá portanto carregada duma eletricidade que denominaremoseletricidade positiva, gerada incessantemente no seu interiorou centro, que é um centro de movimento. Tudo o que vivesobre a superfície da Terra: animais, plantas, minerais, enfim,todos os corpos orgânicos, estão saturados de eletricidadenegativa, isto é, eles se carregam espontaneame nte,constantemente e duma maneira automática, por assim dizer,de eletricidade negativa, isto é, da qualidade contrária à daTerra. O peso ou a força de gravidade não é mais que oresultado da atração terrestre; sem esta, não haveria peso, e opeso é proporcional à atração, isto é, se esta for duas, trás ouquatro vezes mais forte, o peso da Terra será duas, trás ouquatro vezes maior. Portanto, se o homem chegasse a venceressa força atrativa, não haveria razão que o obstasse a seelevar ao ar, como o peixe o faz na água.

Por outro lado, sabemos que o nosso organismo físicopode ser vivamente influenciado pela ação duma vontadeenérgica; esta ação da vontade pode , pois transformar o estadode eletricidade negativa do homem em eletricidade positiva;

Page 6: A levitacao

então, sendo a Terra e o homem de eletricidade isônomas, serepelem; desaparecendo a lei de gravidade, é fácil ao homemelevar-se no ar enquanto durar a força repulsiva (3). O grau delevitação varia, pois, de acordo com a intensidade, a capaci -dade e a carga elétrica positiva que ele pode condensar no seucorpo. Desde que um homem pode à vontade armazenar noseu corpo certa porção de eletricidade positiva, fácil lhe émudar de peso; executa esse ato tão naturalmente como o darespiração.

Ainda que essa explicação dada pelo Sr. Ernest Boscpossa também aplicar-se à levitação de objetos e móveis, poisque neste caso é igualmente necessário o concurso dum mé -dium ou pessoa que forneça a necessária eletricidade positiva,parece-nos, entretanto que ela poderá ficar mais completa esatisfatória se dissermos que, na maioria dos casos, éindispensável à ação de Espíritos ou almas que saibaminverter a polaridade do corpo humano. Compreende -se queuma simples prece, certo estado dalma, uma mudança deatmosfera ou de meio, a expectativa duma sessão ou umdesejo manifestado por tais ou tais vibrações no ambientefluídico ou astral, tenham em alguns médiuns a propriedadede inverter a polaridade de seu perispírito ou corpo fluídico,de modo que o corpo físico sofra igual ação. É mesmo naturalque isto se opere automaticamente, sem o médium sabercomo, não obstante haver ai somente uma ação sua, mas cujasconseqüências sobre o mecanismo da Natureza ele nãoapreende completamente.

Agora, já que nos referimos ao astral, per mita-nos o leitorque entremos a esse respeito em algumas explicações, vistoque não as dá aqui o Sr. de Rochas e elas são necessárias paraa boa compreensão dos fenômenos por ele relatados.

O astral é, segundo Stanislas de Guaít a, o suporte hiper-físico do mundo sensível; o virtual indefinido de que os seres

Page 7: A levitacao

corporais são, no plano inferior, as manifestações objetivas.Não nos deve surpreender se chamarem alma cósmica a essaluz secreta que banha todos os mundos. Pode -se aindalegitimamente chamar-lhe esperma expansivo da vida ereceptáculo imantado da morte: pois tudo nasce dessa luz(pela materialização ou passagem de potência em ato), e tudodeve ser nela reintegrado (pelo movimento inverso, ou retornodo objetivo concreto ao subjetivo potencial).

Como a eletricidade, o calor, a claridade, o som, etc. (seusdiversos modos de atividade fluídica), ela é ao mesmo temposubstância e força. Os que só vêem nela o movimento laboramem grave erro: como imaginar um movimento efetivo, na faltade alguma coisa que seja movida? O nada não vibra.Conceber uma agitação qualquer ou alguma outra qualidadeno vácuo absoluto é manifestamente absurdo. E reduzir a luzastral ao abstrato do movimento, é fazer dela um ser de razão,o que é o mesmo que negar sua existência, embora latente.Deve-se portanto defini-la: uma substancia que manifesta umaforça; ou, se prefere, uma força que aciona uma substância: asduas são inseparáveis. Como substância, nós o dissemos, a luzastral deve ser considerada o substrato de toda a matéria; opotencial de toda realização física; a homogeneidade, raiz detoda diferenciação. É a expressão temporal de Adamah -, esseelemento primordial donde, segundo Moisés, foi tirado o serdo universal Adão: ou, para nos servirmos da linguagemesotérica, essa terra de que o Altíssimo fez o primeiro homem.Como força, o Astral nos aparecerá como virtuado peloinfluxo e refluxo dessa essência viva a que chamaremos, deacordo com Moisés, Nepheseh-ha-chaiah, o sopro da vida.Para motivar esse fluxo e refluxo da alma vivente, basta pintá -la puxada, por assim dizer, entre dois ímãs: em cima, RoúachElohim, sopro vivificador da substância coletiva, homogênea,edenal; embaixo, Nahash, agente suscitador das existências

Page 8: A levitacao

individuais, particulares, materializadas. É o princípio dadivisibilidade em face do princípio da integração; é oparcelamento do Eu nascente ou a nascer, que se opõe àunidade do Seu eterno.

Dessa oposição resulta um duplo dinamismo de forçashostis, que convém ser ambas es tudadas na sua própria natu-reza e na lei do seu mútuo mecanismo. Voltando então aNahash, compreenderemos mais facilmente o mistério dofluido luminoso de mesmo nome, com o contraste das suascorrentes opostas e seu ponto central de equilíbrio.

A luz astral é, enfim, a substância universal animada, mo-vida em dois sentidos inversos e complementares, pelo efeitoduma polaridade dupla, do pólo integração ao pólo dissolução,e vice-versa. Ela sofre com efeito duas ações contrárias: opoder de expansão fecundo, a luminosa Jónah, efetiva das ge -rações e dispensados da vida, por um lado; e pelo outro, opoder de constrição destrutor das formas, o tenebroso Hereb,agente principal da morte, e por isso da reintegração (retornodos indivíduos à coletividade; da maté ria diferençada e transi-tória, à substância una permanente e não diferençada).

Segundo outros autores, podemos também dizer que oastral é o laço físico, embora parcialmente imaterial, que ligao mundo material ou físico ao mundo invisível ou espiritual.

O fluido astral, condensado em corpo astral, é uma dasgrandes forças da Natureza. É muito abundante, e de todos oscorpos emana esse fluido sob a for ma de aura ou eflúviosódicos. O fluido astral que permite a materialização doscorpos de seres mortos ou vivos; produz então o duplohumano. A força que o põe em movimento e que lhe éinerente, chama-se magnetismo; Allan Kardec chamou a issoprincípio vital. No infinito, essa substância única é o éter (4).Nos astros que ele imanta, torna -se luz astral. Nos seresorganizados, luz ou fluido magnético. No homem, forma o

Page 9: A levitacao

corpo astral ou mediador plástico. A vontade dos seresinteligentes atua diretamente sobre esse fluido e, por seuintermédio, sobre toda a natureza submetida às modificaçõesda inteligência. Esse fluido luminoso é o espelho comum detodos os pensamentos e de todas as formas; conserva asimagens de tudo o que existiu; os reflexos dos mundospassados e, por analogia, os esboços dos mundos futuros.

Mesmer viu nessa matéria elementar uma substância in di-ferente ao movimento como ao repouso. Submetida ao movi -mento, ela é volátil, caída no repouso é fixa; mas ele nãocompreendeu que o movimento é inerente à substânciaprimordial; que esse movimento resulta não da suaindiferença, mas da sua aptidão com binada a um movimento ea um repouso equilibrados um pelo outro; que o repousoabsoluto não está em parte alguma da matéria universalmenteviva, mas que o fixo atrai o volátil para fixá -lo, no entanto queo volátil atua sobre o fixo para volatilizá -lo. Que o pretendidorepouso das partículas aparentemente fixadas não é mais queuma luta formidável e uma tensão maior das suas forçasfluídicas que se imobilizam, neutralizando -se. É assim que,segundo Hermes, o que está em cima é análogo ao que estáembaixo, a mesma força que dilata o vapor, condensa eendurece o gelo; tudo obedece às leis da vida inerente àsubstância primitiva; esta substância atrai, repele, coagula -se edissolve-se com uma constante harmonia; é dupla ouandrógina; abraça-se e fecunda-se; luta, triunfa, destrói,renova-se, mas nunca se abandona à inércia, porque a inérciaseria a sua morte.

Essa matéria universal é chamada ao movimento pela suadupla imantação e procura fatalmente o equilíbrio. A regulari -dade e a variedade do seu movimento resultam das combi-nações diversas do equilíbrio. Um ponto equilibrado de todosos lados fica imóvel porque é dotado de movimento. O fluido

Page 10: A levitacao

é uma matéria em grande movimento e sempre agitada pelavariação dos equilíbrios. O sólido é a mesma matéria em pe -queno movimento ou em repouso aparente, porque é mais oumenos solidamente equilibrada. Não há corpo sólido que nãopossa imediatamente ser pulverizado, esvair -se em fumo e tor-nar-se invisível, se o equilíbrio das moléculas cessarem derepente. Não há corpo fluido que não possa no mesmoinstante tornar-se mais duro que o diamante, se puderemequilibrar imediatamente suas moléculas constitutivas. Dirigiros ímãs é portanto destruir ou criar as formas, é produzir emaparência ou aniquilar os corpos, é exercer a onipotência daNatureza.

Nosso mediador plástico (perispírito ou corpo astral) é umimã que atrai ou repele a luz astral sob a pressão da vontade. Eum corpo luminoso que reproduz com a maior facilidade asformas correspondentes às idéias; é o espelh o da imaginação.Este corpo nutre-se da luz astral, exatamente como o corpoorgânico se nutre dos produtos da terra. Durante o sono, ab -sorve a luz astral por imersão, e, durante a vigília, por umaespécie de respiração mais ou menos lenta.

Para resumir, diremos que o corpo astral é o duplo perfeitodo nosso corpo físico; contribui para moldar este no ato donascimento e é amoldado conforme o progresso que o Espíritotiver operado na vida. Após a morte, subsistem ainda,possuindo mesmo todas as sensações, t odos os apetites docorpo físico, de acordo com a depuração do Espírito.

O corpo astral durante a vida do homem está nele e foradele; esta faculdade é que fez dizer que o corpo astral eradotado da quarta dimensão. (5)

E por uma forte concentração da vont ade que o homempode projetar fora de si o seu corpo astral, pelo menos emparte, pois que, se o projetasse inteiramente, seria isso amorte.

Page 11: A levitacao

O homem pode, portanto aparecer fluidicamente (emcorpo astral) a uma grande distância do seu corpo físico. Podemesmo materializar-se, isto é, aparecer com o corpo físico e,nestas condições, ele possui até certo ponto todas aspropriedades do corpo terrestre.

Muitas pessoas que em vida nunca projetaram seu corpoastral, projetam-no dum modo inconsciente no ato da morte;das, as aparições de finados aos seus parentes ou amigos, apa -rições freqüentemente relatadas nas obras espíritas.

Um bom magnetizador tem o poder de exteriorizar ocorpo astral do seu sonanbulismo. O hipnotizado torna-sedesde então uma coisa do magn etizador, que o faz agir àvontade; pode mesmo, traçando um círculo no chão, encerrarai o carpo astral do sonâmbulo. Enfim, picando esse corpocom um alfinete, maltratando-o, etc., pode fazer experimentarao sonâmbulo as mesmas sensações, as mesmas dores, emuma palavra, os mesmos efeitos, como se tivesse operadodiretamente no sonâmbulo.

O corpo astral é a própria vida do homem; é ele que servede bálsamo às nossas feridas, às nossas cicatrizes, a toda es -pécie de feridas que o homem possa ter. É o melh or reconsti-tuinte das nossas forças físicas; reconstitui e refaz qualquerparte do nosso organismo prejudicada por uma moléstiaqualquer. Toda ação boa ou má fica inscrita no astral; mas ocorpo astral serve igualmente de receptáculo aos micróbiosmorais, os quais se propagam por seu intermédio, e, sendoigualmente o registrador do bem, ele nota todas as idéias sãsque produzem o bem da Humanidade. Por aí se vê quantoprogrediria a Humanidade, se todos os seres dum ciclo, sendoprofundamente morais, só f izessem boas ações.

Enfim, apresentando ao nosso público a narração de va -riados fenômenos que se operou com o concurso desse me-

Page 12: A levitacao

diador plástico, estimaremos que ela possa induzir aproveitosos estudos de psicologia.

PITRIS

Prefácio do autor

O fenômeno da ascensão dos corpos humanos ou dalevitação, para empregarmos o termo hoje consagrado, pareceum dos mais extraordinários en tre os que são devidos à forçapsíquica que a nossa geração procura definir. Poucos todaviahá cuja realidade tenha sido demonstrada por um número maisimponente de testemunhos.

Esses testemunhos agrupei-os aqui, em quatro capítulosdiferentes, para não ferir muito as susceti bilidades que semanifestaram a alguns anos, quando tratei deste assunto numartigo da Revue Scientifique, cingindo à reprodução dos fatospor ordem de datas.

De um lado, censuraram-me pela falta de respeito àreligião, visto confundir os milagres dos santos com asnarrativas mais ou menos falsas da história pro fana. Do outro,argüiram por ter tomado a sério os absurdos relatados peloshagiógrafos.

Não me é possível discutir o valor das obras onde colhiesses fatos, pelo menos quanto aos que são antigos. Cada quallhes atribuirá o valor que quiser.

Este livro é uma simples compilação destinada a for necer,àqueles a quem o assunto interessar uma coleção dedocumentos que, apesar de incompleta, evitará investigaçõeslongas e fastidiosas,

ALBERT DE ROCHAS

Page 13: A levitacao

CAPITULO ICASOS PASSADOS NO ORIENTE

Filóstrato (6), falando dos sábios da índia, diz: Damis viu -os elevarem-se ao ar, na altura de dois côvados, não paracausarem admiração (pois que eles se abstêm destapretensão), mas porque, em sua opinião, tudo o que fazem emhonra do Sol, a alguma distância da Terra, é mais digno destedeus.

A propriedade de ficar-se suspenso no ar era um doacaracteres distintivos dos deuses e dos heróis ascetas. Naencantadora História de Nala, traduzida por Emílio Burnouf, abela Damayanti, pretendida em casamento por três deuses aomesmo tempo em que pelo rei Nala, acha-se subitamente empresença de quatro Nalas indiscerníveis. Muito embaraçada,ela conjura os deuses a que tomem outra vez a sua formadivina, e é então que Damayanti os vê com os seus atributos esem tocarem no solo.

Na introdução á História do Budismo Indiano (7)encontra-se a seguinte narrativa:

Então Bhagavat entrou em tal meditaçã o que, apenas o seuespírito ai entregou a isso, ele desapareceu do lugar ondeestava sentado e, arremessando-se ao ar do lado do Ocidente,aí apareceu em quatro atitudes, isto é, ando u, ficou em pé,sentou-se e deitou-se. Alcançou depois a região da luz... Oque ele fizera no Ocidente, operou igualmente no Seil.Repetiu-o em seguida nos quatro pontos do espaço, e quando,com estes quatro milagres, fez testemunhar o seu podersobrenatural, voltou a sentar-se no seu lugar.

Page 14: A levitacao

As anedotas deste gênero são assaz numerosas nos livrossagrados da índia, mas apresentam -se geralmente sob umaforma mística, que daria origem a equívocos sobre overdadeiro caráter do fenômeno, se fatos con temporâneos nãoviessem determinar-lhe com precisão a natureza.

O Sr. Luís Jacolliot refere o seguinte, de que foitestemunha (8): O protagonista era um faquir chamadoCovindassamy, que vinha de Frivanderam, perto do CaboComarim, no extremo sul do Indostão, e es tava somente depassagem em Benarés. Fora encarregado de trazer para ali osrestos fúnebres de um rico malabar, e habi tavaprovisoriamente à margem do Ganges, em lugar poucodistante da casa alugada pelo Sr. Jacolliot. Havia vinte diasque se entregava ao jejum e à oração, quando se produziram,entre outras cenas prodigiosas, as duas seguintes, que copiotextualmente da obra do magistrado francês:

Tendo ele pegado numa bengala de pau -ferro que eutrouxera de Ceilão, apoiou a mão no castão e, com os olhosfixos no solo, puseram-se a pronunciar conjurações mágicas eoutras momices com que se esquecera de mimo sear-me nosdias precedentes.

Com uma das mãos apoiada na bengala, o faquir elevou -segradualmente cerca de dois pés acima do solo, com as pernascruzadas à moda oriental, e ficou numa posição assazsemelhante à desses budas de bronze que todos osexcursionistas trazem do Extremo Oriente. Procurei, durantemais de vinte minutos, compreen der como podiaCovindassamy derrogar assim as leis or dinárias doequilíbrio... Não o pude conseguir; apenas a palma da sua mãodireita estava em contacto com a bengala. Nenhum outroapoio aparente havia para o seu corpo. (9)

Page 15: A levitacao

Cumpre notar que a cena se passava no terraço su perior dacasa do Sr. Jacolliot, e que o faquir estava quase inteiramentenu. Da mesma maneira sucedeu com este outro fenômeno

No momento em que ele me deixava para ir almoçar edormir a sesta durante algumas horas, o que era para ele damais urgente necessidade, pois havia vinte e quatro horas quenada comera nem descanso algum tivera, o faquir parou novão da porta que dava do terraço para a escada de saída, e,cruzando os braços no peito, ele vou-se ou pareceu elevar-sepouco a pouco, sem apoio aparente, a uma altura de cerca devinte e cinco ou trinta centímetros. Um ponto que, durante arápida produção do fenômeno, eu marcara com segurança, fezque eu fixasse a distância exata. Por detrás do faquir acha va-se uma tapeçaria de seda que servia de reposteiro, com ascores vermelha ouro e branca, em tiras iguais. Notei que ospés do faquir estavam subindo e ao ver começar a ascensão,eu pegara no meu cronômetro. A produção completa dofenômeno, desde o momento em que o encantador começou aelevar-se até a ocasião em que de novo tocou no solo, nãodurou mais de oito a dez minutos. Ficou cinco minutos poucomais ou menos imóvel na sua elevação.

Hoje, que reflito nesta cena estranha, não posso explicá -lade um modo diverso daquele pelo qual tenho interpretadotodos os fenômenos que a minha razão já se recu sava aadmitir isto é, por qualquer outra causa que não seja um sonomagnético, sono que me deixava lúcido, permitindo -me aomesmo tempo ver pelo pensamento do faquir tudo quanto lheaprouvesse.

No momento em que Covindassamy me dava a sau daçãoda partida, perguntei-lhe se lhe seria possível reproduzir àvontade este último fenômeno. O faquir, res pondeu-me ele emtom enfático, poderia elevar-se até às nuvens. - Como o obtémesse poder? - perguntei eu. - É necessário que esteja em

Page 16: A levitacao

constante oração contemplativa, e que um Espírito superiordesça do céu - foi a sua resposta.

Eis agora dois fatos igualmente contemporâneos, re feridospor indígenas. Foi publicada, em 1880, no Theosophy , revistafilosófica que se edita em Medras. O primeiro é narrado porJosé Ootamram Doolabhram, diretor da Escola de Astronomiade Baroda.

No ano de Samrut 1912 (1856), diz o sábio hindu, euestava ocupado em fazer investigações sobre a antiga químicae andava a procura de um mestre competente que pudessefornecer-me as informações de que eu precisava. Depois demuitas indagações, achei num templo de Mahader, na cidadede Brooch, situada nas margens do rio Narboda, um sangasi(asceta) que praticava a ioga (êxtase), e fiquei sendo um dosseus discípulos. Era um homem de cerca de trinta e cincoanos, estatura um pouco acima da mediana, exterior muitobelo, com uma expressão inteligente e faces de uma tez róseaparticular, que nunca vi em rosto algum. Tinha a cabeçarapada, e usava o vestuário cor de açafrão dos sangasis.Nascera no Pendjah. Era conhecido pelo nome deNarazananaud. Como todos os homens da sua casta, ele era dedifícil acesso e não quis aceitar -me como discípulo nempermitiu que eu entrasse em relações familiares com ele semse ter certificado, por um interrogatório minucioso, da sin-ceridade das minhas intenções e da minha capacidade para oestudo da ioga. Omito particularidades e me con tentarei emdizer que acabei por alcançar o que desejava. Narazananaudaceitou-me como discípulo. Recebi a sua bênção, e servi -o pordois anos.

Durante esse tempo, aprendi praticamente muitas coisasque só conhecia em teoria pela leitura dos nossos shastlras(tratados de Teologia) sagrados. Iniciei -me em muitossegredos da Natureza e pude convencer -me, com provas

Page 17: A levitacao

numerosas, do poder que o homem tem de dominar-lhe asforças, pois o meu mestre praticava, entre ou tras coisas, opranayama ou suspensão do fôlego. (10)

Não pretendo explicar, na linguagem da ciência oci dental,os efeitos produzidos no corpo humano por esse ramo do yogvidia (união mística da alma com Deus ); mas, o que possodizer é que, enquanto o sangasi estava absorvido e emcontemplaçâo, cumprindo o seu pranaya ma, sentado napostura prescrita do padmazan (11), o seu corpo foi elevadoacima do solo a uma altura de quatro pés, e ficou suspenso noar durante quatro ou cinco minutos, ao mesmo tempo em queeu podia passar a mão por baixo dele, certificando -me assimde que a levitação era um fato bem real.

A segunda narrativa faz parte de um artigo assi nado BubuKhrisna:

Há cerca de trinta anos, quando eu era um rapa zinho dedez anos, em Benarés, vi um parente meu, cha madoAmarchand Maitreyer, que era conhecido na cidade pelaprática do yoga dharma (lei de união em Deus). Essevenerável velho podia elevar o corpo à altura d e um pé e meioacima do solo, e ficar suspenso assim mais de um quarto dehora. Os seus dois netos e eu, que tínhamos quase a mesmaidade, perguntamos-lhe, com infantil curiosidade, o segredodesse fenômeno. Recordo-me muito bem de que ele nos disseque, pelo kumbha yoga (12), o corpo humano se torna maisleve que o ar ambiente e pode flutuar acima do solo. Estaexplicação pareceu-nos suficiente. (13)

Comunicaram-me a narrativa seguinte, assinada Ba vadjéeD. Natts, e datada de novembro de 1885:

Há dez anos viajava eu com um biragi (asceta), quandochegamos perto do ashrma (loja) de uma confra riazinha demísticos no Sul da Índia. Pedi ao meu com panheiro que meesperasse na aldeia próxima, acrescen tando que tinha alguma

Page 18: A levitacao

coisa para fazer na loja, porém ele fez questão deacompanhar-me a fim de tomar conhecimento com osocultistas. A loja é cercada por duas colinas. No fundo do valehá um bosquezinho, e mais além um rio. Pelo outro lado háum subterrâneo que conduz a um templo muito conhecido sobo nome de Hanman e situado no alto da colina. Eu não sabia oque fazer do meu companheiro. Passamos a noite no bosque -zinho, decididos a entrarmos no dia seguinte no vale. Logoque nos estendemos para dormir, cerca das 8 horas da noite, omeu companheiro recebeu psiquicamente um aviso para quedeixasse desde logo o lugar. Ele acre ditou que isso fosse umefeito da sua imaginação e, como tinha vontade forte, resolveuficar, acontecesse o que acontecesse. No fim de algunsminutos sentiu-se agarrado por enorme e vigorosa mão. Emmeio minuto foi transportado para fora do bosque, até àmargem oposta do rio, e atirado, sem sentidos, no chão.Atravessei o rio e, depois de tê-lo magnetizado por algumtempo, ele voltou a si. Não sofria; sentia-se, porém, muitofraco. Disse-me que só perdera os sentidos no momento emque foi atirado ao chão, e que sentira perfeitamente a mãoenorme do elemental (14). Quis então tentar a entrada no valepelo outro lado. Dirigimo-nos para a colina onde estavaedificado o templo. Aí, deparou -se-nos a entrada dosubterrâneo que conduzia à loja. Então ouvimos uma voz fortee clara que induzia o meu companheiro a não persistir no seuprojeto. Dizia-lhe que as duas primeiras tentativas seriamperdoadas, porém que uma terceira po deria custar-lhe a razão.Entretanto, como homem reso luto, não deu atenção à voz doAsarivi vak (voz do mundo sem forma). Mal tinha formuladoessa resolução em seu espírito, tornou -se inconsciente e foitransportado a alguma distância para baixo até um lugar dedescanso onde tínhamos parado ao subirmos. Uma vez ali,voltou a si.

Page 19: A levitacao

As pessoas que estavam nesse lugar não podiamcompreender como ele para ali voltara tão depressa. Nomomento em que fora arrebatado, pus -me a descer a colina egastei uma hora para ir ter com ele.

Quando cheguei, os assistentes afirmaram que o meuamigo estava ali havia uma hora, e lamentavam sua sorte. Elecompreendeu então o seu erro e consentiu em esperar pormim. Sem entrar em outras minuciosidades, direi que durantetodo o tempo essa loja foi guarda da por dois poderososelementais, que vedavam a passagem a quem desejasse aípenetrar sem o seu consentimento.

Algum tempo depois dessa aventura, eu e um amigo(graduado da Universidade) relacionamo -nos com um iogue.Passávamos quase todo o nosso tempo em aprendizagem juntodele. O iogue tinha o costume de levan tar-se às três horas damanhã e dirigir-se para o rio que ficava próximo de sua casa,voltando somente à tarde. O meu amigo, impulsionado porviva curiosidade, propôs um dia que nos levantássemos a ntesdo iogue, e fôssemos esperá-lo nas proximidades do rio paravermos o que ele fazia. Cedi, não sem alguma repugnância.Nessa tarde, quando fomos a sua casa, o iogue sorriu e disse -nos - Quereis saber o que eu faço próximo do rio. Pois bem!Não precisais de vos tornar espiões. Irei buscar-vos de manhãcedo e iremos juntos.

Assim o fez. Todos três, trepados em pedras que estavamno rio, lavamos as nossas roupas, segundo a moda hindu,antes de nos banharmos. Depois de o meu amigo e eu nostermos banhado e feito o nosso sandhzavandana (cerimônia),procuramos com a vista o iogue. Foi impossível encontrá -lo.Eram perto de quatro horas da manhã e a Lua brilhava ainda.Chamamo-lo, porém isso foi igualmente em vão.

Acreditamos então que ele houvesse sido arrast ado pelacorrente e se afogasse, quando vimos aparecer, na superfície

Page 20: A levitacao

da água, a sombra da bela forma do místico com os seus trajesamarelos. Levantamos os olhos, e avistamo -lo em pessoadeitado a todo o comprimento como se dormisse numa camade ar a 30 pés por cima das nossas cabeças. Ao romper do dia,vimo-lo descer com lentidão, até cair suavemente na água.Banhou-se então, e voltou para casa conosco.

Desde esse dia, vimos o iogue todas as manhãs, sus pensoe flutuando na água durante quase duas horas e meia. Estaexperiência se repetiu durante um mês. O iogue chamava -seRamagiri Swamy.

Eis como o mesmo autor explica o fenômeno da le vitaçãoA levitação no ar, postergando a lei da gravitação

afirmada pela ciência moderna, é unicamente explicável pelateoria da atração e da repulsão universal. Se os mé diuns sãolevantados, é porque, temporariamente, são tor nados positivosem relação ao magnetismo da Terra, a que se convencionouchamar positivo. Em cada organis mo humano há, como noresto da Natureza, os dois magnetismos, o positivo e onegativo. O que chamamos vida, não é mais que o resultadoda ação e da reação constante dessas forças positivas enegativas. A cessação ou o equilíbrio dessas forças é a morte.Esta observação, todavia, não se aplica aos Togues. Osocultistas podem à vontade produzir esse equilíbrio em suanatureza física sem morrerem, fato este que se dá com osfaquires da índia, pois podem ficar enterrados durantequarenta dias.

Se fôssemos de natureza inteiramente negativa, es taríamosenraizados como árvores. Se fôssemos comple tamentepositivos, não poderíamos estacionar um só momento nochão, e seríamos sempre repelidos da sua superfície, porque asforças positivas se repelem. Quando, por nossa vontade,saltamos momentaneamente, torna mo-nos positivos; quandoficamos ou nos sentamos no chão, tornamo -nos inteiramente

Page 21: A levitacao

negativos em relação a Terra. Como a nossa força de vontadenão é desenvolvida e, por conseguinte, não é tão forte como ade um ocultista, não podemos ser levantados; e, se nos conser-vamos em pé ou ficamos demasiado tempo sentados,sobrevém o cansaço e somos obrigados a mudar de posição.

CAPITULO IICASOS TIRADOS DA HISTÓRIA PROFANA DO

OCIDENTE

Se do Oriente passar ao Ocidente, encontraremoscentenares de exemplos da levitação.

As Constituições Apostólicas (1. VI), Arnóbio (Tratadocontra os Gentios, 1. II) e Sulpício Severo (História Sacra, 1.II, cap. XXVIII) referiram a des ventura de Simão, o Mago,que, depois de se ter elevado aos ares à vista de Nero e dopovo reunido, foi precipitado e quebrou a perna.

Vi, diz noutro lugar Sulpício Severo (Dial. 3, ca pítulo VI),um possesso elevado ao ar, com os braços estendidos ante aaproximação das relíquias de São Mar tinho.

Durante a cerimônia de iniciação de Juliano, o Apóstata,nos mistérios de Diana em Éfeso, o iniciador, o filósofoMáximo, elevou-se ais ares com o iniciado. (Lamey, Vida deJuliano, o Apóstata.).

São Paulino, na Vida de São Félix de Nola, atesta ter vistoum possesso caminhar contra a abóbada de uma igreja, com acabeça para baixo, sem que a sua roupa se desarranjasse.

Page 22: A levitacao

Jâmblico cita, entre os prodígios operados por certoshomens, o transporte para lugares inacessíveis e por cima dosrios.

Nisto também quero indicar -te por que sinais sereconhecem aqueles que são verdadeiramente possuídos pelosdeuses. . .Aqui tens um dos principais: Muitos deles não sãoqueimados pelo fogo, porque o fogo não lhes pode tocar, emuitos, se os queima, não o percebem, por que então nãovivem da vida animal. Outros, atra vessados por pontas deferro, não as sentem. Outros recebem machadadas nas costasou golpeiam os braços com punhais, sem que o sintam.

Suas ações não têm caráter algum humano. O transportedivino os faz passar por lugares inacessíveis; eles se atiram aofogo, andam no fogo, atravessa os rios, como a sacerdotisaKastabaliana. . .

Há numerosas formas da possessão divina. . . Nessesdiferentes casos, os sinais que apresentam os inspi rados sãodiversos; algumas vezes parece que o corpo cresce, incha ou élevado a uma grande altura nos ares... (15).

Cristina de Pisan, na sua História de Carlos V, falando deGuilhermina da Rochella, diz que ela era mu lher muito amigada solidão e contemplação, pois pessoas fidedignas lheafirmaram tê-la visto em contemplação, suspensa a mais dedois pés de altura.

Encontra-se no Místico, por Gorres.O bispo de Pamplona, Fr. de Sandoval, na sua História de

Carlos V, conta o fato seguinte ocorrido por ocasião de umprocesso de feiticeiras que foi apre sentado ao Conselho doEstado de Navarra. Querendo conven cer-se, por seus própriosolhos, da verdade dos fatos de que eram acusadas asfeiticeiras, prometeu o seu perdão a uma, se ela quisesseexercer na sua presença, as artes mágicas. A feiticeira aceito ua proposta, e só pediu que lhe restituíssem a caixa de

Page 23: A levitacao

ungüento que lhe tinham ti rado. Subiu a uma torre com ocomissário e muitas outras pessoas; depois, tendo-se posto emuma janela, esfregou com o ungüento a palma da mão, os rins,as articulações dos cotovelos, o antebraço, as espáduas e olado esquerdo. Gritou depois com voz forte: Estás aí? E todosos assistentes ouviram no ar uma voz que respondeu: Sim,estou. A feiticeira pôs-se então a descer da torre, servindo-sedos pés e das mãos como um esqu ilo. Quando chegou quaseao meio da torre, tomou o vôo e os assis tentes seguiram-nacom a vista até que ela desaparecesse no horizonte. Estavamtodos estupefatos, e o comissário mandou anunciarpublicamente que aquele que entregasse de novo essa mulherteria como recompensa, uma grossa quantia. Pastores, que aencontraram, trouxeram-na passados dois dias. Perguntou-lheo comissário por que não voara ela para mais longe, a fim deescapar aos que a buscavam. Respondeu que o seu senhor nãoquisera levá-la mais do que a três léguas de distância,deixando-a no campo onde a tinham encontrado os pastores.

Calmeil (De la Folie, tomo I, pág. 244) narra à aventura dodoutor Forralba, sábio afamado que, em 1519, pretendeu tervindo da Espanha a Roma através da atmos fera, a cavalo numpau, e que, em 1525, anunciara aos habitantes de Valladolid osaque de Roma no dia seguinte àquele em que o fato serealizara, dizendo que acabava de presenciá -lo do alto dosares.

Um respeitável missionário do fim do último século,chamado Delacour, numa carta endereçada ao Sr. Vins low,refere um fato de que foi testemunha ocular e que Calmeil citaigualmente no seu livro De la Folie (tomo II, pág. 419). Trata -se de um indígena, jovem de dezoito a dezenove anos, ao qualjulgavam possesso do demônio e que lhe haviam trazido paraque o curasse.

Page 24: A levitacao

Resolvi, num exorcismo, diz ele, ordenar ao demônio queo transportasse ao teto da igreja com os pés para cima e acabeça para baixo. Desde logo o seu corpo inteiriçou -se, comose todos os membros o houvessem tolhido, ele foi arrastadodo meio da igreja até uma coluna, e aí, com os pés juntos, comas costas arrimadas à coluna, sem o auxílio das mãos, foitransportado, num abrir e fechar de olhos, ao teto como umpeso que fosse atraído de cima com ve locidade, sem parecerque da parte do mancebo houvesse ação. Suspenso do teto,com a cabeça para baixo, fiz que o demônio confessasse comoera meu propósito, a falsidade da religião pagã. Manti ve-omais de meia hora no ar e, não tendo tido perseve rançabastante para mantê-lo aí por mais tempo, tal susto eu tinha doque estava vendo, ordenei-lhe que o pusesse a meus pés, semfazer-lhe mal... Imediatamente o jovem me foi atirado comouma trouxa de roupa suja, sem que ficasse molestado.

Outro missionário diz-nos (16)Vi um índio, a quem fui batizar, ser subitamente

transportado, do caminho que o conduzia à igreja, para outrolugar. Este padre, que habitava perto de Cantão, acrescentaque esses fatos não eram raros nos países idólatras, e que elenão fora a única pessoa que os havia observado.

Lê-se nas Mémoires, de Fléchier, sobre os grandes dias deClermont (pág. 69), a anedota seguinte:

Quando chegamos, encontramos no albergue o Sr. In -tendente, que voltava de Aurillac e tivera muita dificul dadepara se livrar da neve. Mandara prender um pre sidente daeleição de Brioude, acusado de vários crimes e maisparticularmente de magia. Um dos seus criados afirmara queele lhe dera sortilégios que o faziam al gumas vezes levantardo chão, quando ia para a igreja, à vista de toda a gente.

Page 25: A levitacao

Um sábio beneditino, D. La Faste, que foi testemu nhaocular dos prodígios operados pelos convulsionários de San -Médard, diz, falando da senhorita Thénevet

Ela se elevava de tempos a tempos a sete ou oito pés dealtura, e até ao teto. Ao elevar-se, suspendia, até à altura detrês pés, duas pessoas que puxavam por ela com todas asforças. Os físicos verão nisto simplesmente a Natureza?

Eis um fato ainda mais prodigioso: Enquanto a senhoritaThévenet se elevava com a cabeça para cima, a s saias e acamisa dobravam-se-lhe, como por si mesmas, sobre a suacabeça. Operou a Natureza alguma vez tais efeitos ou podeoperá-los? (17)

Conheci, há alguns anos, em Ardèche, uma estigma tizadaa quem ordinariamente chamavam santa Coux. Era sujeita afreqüentes arroubos, com relação aos quais a Sra. D... dignou-se dar-me as particularidades seguintes.

Com profunda admiração, eu a vi ficar com os olhos fixos,mas animados, elevar-se pouco a pouco acima da cadeira emque estava sentada, estender os braço s para diante, tendo ocorpo inclinado nessa mesma dire ção, e permanecer assimsuspensa, com a perna direita dobrada por baixo dela, tocandoa outra no chão apenas com o dedo do pé. Foi nesta posição,impossível a qualquer pessoa em estado natural, que e usempre vi a senhora Vitória, nos seus arroubos extáticos,quando eu tinha a felicidade de visitá -la muito regularmente,duas vezes por semana. Na ocasião dessas visitas, ela tinhadois ou três êxtases, que duravam de dez a vinte e cincominutos. Eu a vi nesse estado mais de mil vezes, sobre tudodurante os primeiros anos das nossas relações. (18)

O Sr. Brown-Séquard conta que, em 1851, foi teste munhade um caso de êxtase numa donzela que, todos os domingos,às oito horas da manhã, subiam para a beira arredondada e lisado seu leito e aí ficava em linha ver tical na ponta dos pés, até

Page 26: A levitacao

às oito horas da noite, em atitude de quem ora, com a cabeçadeitada para trás.

Chardel diz (19) ter ouvido, há alguns anos, em Paris,numa reunião mística, uma sonâmbula de catorze anosdeclararem, no meio de um salão, que o céu estava aberto aosseus olhos, e anunciar que, chegada a Páscoa, o fervor dassuas orações elevá-la-ia e sustentá-la-ia no ar, entre o soalho eo teto. Facilmente se conjetura, acrescenta ele, que o mi lagrenão se realizou; mas pouco faltou para que a donzela, cuja fépassava assim por uma decepção, enlouquecesse.

O Sr. de Mirville vai mais longe e afirma (20) terem visto,num sono magnético muito profundo, os sonâmbulos voare mem volta dos lustres do salão.

Eis enfim outros fatos que encontro em diversos livros,sem indicação suficiente de origens, porém que eu cito paramostrar que o fenômeno se reproduziu nas cir cunstâncias maisdiversas.

São Paulino atesta ter visto, com s eus olhos, um possessocaminhar de cabeça para baixo contra a abóbada de umaigreja.

Moller refere que, em 1620, dois sacerdotes protes tantesestavam junto de uma mulher doente deitada no seu leito,quando a viram pular, elevar -se até uma altura de 7 a 8 pés, eficar no ar até que eles a obrigaram a voltar para o leito Horstconta um fato semelhante na sua Deuteroscopia.

O Ritual dos Exorcismos classifica também, entre ossinais que são necessários constatar para estabelecer apossessão, a suspensão aérea do corpo do possesso, duranteum tempo considerável.

O Sr. Leopoldo Delisle estudou (21) recentemente ummanuscrito da biblioteca do Vaticano, escrito em 1428 por umfrancês adido à Corte Pontifical. Esse ma nuscrito é umacrônica que tem por título Brev iarium historiale, e que termina

Page 27: A levitacao

por algumas particularidades sobre Joana d'Arc, que entãovivia e estava combatendo os ingleses. Se ela está, diz ocronista, isenta de superstições e de sacrilégios, é o que seráfácil reconhecer por três característicos que obstam a que seconfundam os milagres praticados pelos bons com os dosmaus. Os primeiros opera-se em nome de Deus e têm sempreuma verdadeira utilidade, ao passo que os outros se re solvemem males ou futilidades, como quando se voa nos ares ou seprovoca o entorpecimento dos membros hu manos.

No ano de 1612, em Beauvais, uma velha mendigaDionísia Lacaille, foi tratada como possessa e exorcizada pelopadre Pot, religioso jacobino. De repente, ela ele vou-se ao ar,dando berros horríveis. Eclesiásticos e devotos, receando quea criatura agitada viesse a descobrir-se, seguravam-lhe os péspor caridade. (Garinet - Histoire de la Magie en France, pág.191.).

No ano de 1491, um convento inteiro de donzelas, emCambrai, é vítima dos Espíritos malignos, que as atormentamdurante quatro anos. Elas correm pelo cam po, atiram-se ao ar,trepam nos telhados e nos troncos das árvores, como gatos.Algumas predisseram o futuro. (Del Rio - Disquisitionesmagica e; Delancre - Da Incredulidade e Descrença. ).

Cahneil, no seu tratado De la Folie (tomo I, pág. 255), citaum convento em Uvertat, no Condado de Hoorn, onde, nomeado do século XVI, depois de u ma quaresma em quehaviam sido submetidas a um jejum austero, as freiras caíramem crises convulsivas. Algumas, sentindo dificuldade em seequilibrarem nas articulações, caminhavam de joelhos,arrastando as pernas. Outras se entretinham em trepar ao cimodas árvores, donde desciam com os pés para o ar e a cabeçapara baixo. . . Por instantes, saltavam para o ar e tornav am acair com força no chão. Sentiam-se arrastadas para fora doleito e escorregavam sobre o soalho, como se as puxassem

Page 28: A levitacao

pelas pernas. Quase todas tinham, na planta dos pés, umasensação de queimadura ou cócegas, que muitas vezes se achamencionada na descrição das crises análogas.

Terminarei este capítulo com uma citação da obrapublicada recentemente pelo célebre naturalista Sr. AlfredRussell Wallace, intitulada: Les Miracles et le ModerneSpiritualisme.

Lord Orrery e o Sr. Valentim Greatrak informaram a mbosao Dr. Henrique More e ao Sr. Glanvil que, na casa de LordConvay, em Sagley, Irlanda, um despen seiro deste cavalheiro,na sua presença e em pleno dia, elevou -se ao ar e flutuou naatmosfera, em todo o quarto, por cima das suas cabeças. Isto érelatado por Glanvil no seu Sadducismus Triumphatus. O Sr.Madden, na sua Biografia de Savonarola, depois de tercontado deste monge um caso semelhante, observa que taisfenômenos têm sido assinalados numerosas vezes, e que aevidência, na qual se baseiam as na rrativas que são feitas,merece tanto crédito quanto pode merecer um testemunhohumano. Enfim, nenhum de nós ignora que se podemencontrar, em Londres, pelo menos cinqüenta pessoas deelevado caráter que certificarão terem cons tatado a mesmacoisa a respeito do Sr. Home. (Páginas16e17.)

CAPITULO IIICASOS TIRADOS DOS HAGIÓGRAFOS

No capítulo XXXII do tomo II da Mística Divina, o abadeRibot, professor de teologia moral no grande seminário de

Page 29: A levitacao

Orleães, refere um grande número de casos de levitaçãoatribuídos a santos. Prefiro cif ra-lo textualmente, limitando-me a suprimir os textos originais em latim, pelo autor, naparte inferior das páginas. (22)

Os seres corporais são ligados entre si, como os elos deuma longa cadeia, por ações e reações que se pr olongam e serepercutem até nos últimos confins do mundo físico. Em cadaponto do espaço material inscrevem-se a resultante das açõesrecíprocas que exercem, umas sobre as outras, as partes que ocompõem.

Essa lei primordial da matéria, que põe os seus ele mentosconstitutivos em relação de dependência, de li gação ou, comose exprimem os filósofos escolásticos, de continuidade, tem onome de atração quando considerada sob o ponto de vistageral. Aplicada, porém, à razão, com a massa terrestre dosobjetos que a cercam, é o que chamamos a gravidade. Todosos corpos estão submetidos à atração imperiosa que os impelepara o centro da Terra, até que o equilíbrio se estabeleça entrea ação e a resistência. Os próprios corpos vivos a ela estãosujeitos. Todavia, a vida orgânica é uma espécie de luta ereação contra essa escravização da matéria pela matéria; e,quanto mais poderoso e livre é o princípio da vida, tanto maiso corpo que ele anima e governa parece esquivar -se àsservidões exteriores. Uma alma valorosa comunica aosmembros e aos órgãos alguma coisa da presteza e da agilidadedo espírito.

Na vida mística, essa espiritualização é muitas vezeslevada até ao milagre. Deixando de lado os fenômenosordinários que resultam da simples influência da alma sobre ocorpo, como um andar fácil, ligeiro, precipitado, movimentosvivos e rápidos, sob o impulso de um trans porte interior, fatos,aliás, cujo caráter maravilhoso assinala, falando do êxtase e dajubilação -, queremos, presentemente, mencionar apenas as

Page 30: A levitacao

derrogações da lei física de gravidade que a ação vital nãobasta para explicar.

Produzem-se principalmente no êxtase e em grausdiversos. Poucos extáticos há que não tenham sido vis tos, umaou outra vez, em seus arroubos, elevados acima do solo,suspensos no ar sem apoio, flutuando às vezes, e balançando -se à menor aragem.

Em arroubo, escreve de si mesma Santa Teresa, o meucorpo tornava-se tão leve, perdendo de tal modo 0 peso quealgumas vezes eu deixava de sentir os pés to carem no chão(23). Quando Maria de Agreda ficava em êxtase, seu corpoelevava-se igualmente, como se fora imponderável, e umsopro, mesmo de longe, o fazia oscilar e mover como umaleve pena. Poder-se-iam citar exemplos aos centos. Conta-se,em particular, que diversos santos padres, en tre outro SãoPedro de Alcântara, São Filipe de Néri, São Francisco Xavier,São José de Cupertino e São Paulo da Cruz, tinham no altaresses êxtases aéreos.

Às vezes não é uma simples elevação acima do solo, massim uma verdadeira ascensão aos ares. Domin gos de Jesus-Maria, religioso carmelita, tão célebre pelos seus êxtases,elevava-se a ponto de seus irmãos mal poderem, estendendoos braços, tocar-lhe na planta dos pés. São Pedro de Alcântarachegava algumas vezes, em seus transportes, até ao teto docoro. Num dia da Ascensão, enquanto salmodiava no jardimentre duas das suas companheiras, a bem-aventurada Inês deBoêmia, em súbito arroubo, elevou -se aos ares na presençadelas até que não tardaram a perdê -la de vista, e só tornou aaparecer no fim de uma hora, com o rosto radiante de graça ede alegria. Diversas vezes, durante as suas orações contem -plativas, Santa Coleta desaparecia inteiramente no espaço, àvista das suas irmãs.

Page 31: A levitacao

Certos êxtases imprimem ao corpo um movimento rá pidoe impetuoso que, com justeza, se qualificou de vôo. São Pedrode Alcântara, ouvindo cantar no jardim do con vento, por umfrade que se exercitavam no ofício, as primeiras palavras doEvangelho segundo São João: In principio erat Verbum, foisubitamente arrebatado, dando ao corpo, por uma espécie deinstinto irresistível, a forma de uma bola; sem tocar no chão,arrojou-se, atravessou com incrível celeridade, sem que malalgum lhe acontecesse, três portas muito baixas queconduziam à igreja e veio parar defronte do altar -mor, ondeseus irmãos, que corriam ao seu encalço, o foram encontrarabismado no êxtase. Acontecia muitas vezes que ele seajoelhasse ao pé das árvores e aí, em êxtase, se elevasse, coma ligeireza de pássaro, até aos ramos mais altos. O bem -aven-turado Filipino, também da Ordem de São Francisco,permanecia suspenso nos ares, por cima dos grandes car -valhos, como uma águia que paira em liberdade.

Esses prodígios superabundam na vida do bem -aventuradoJosé de Cupertino. Viam-no voar até às abóbadas da igreja,sobre as bordas do púlpito, ao longo das pa redes donde pendiao crucifixo ou alguma imagem pie dosa, em direção à estátuada Santa Virgem e dos Santos, pairar sobre o altar e por cimado tabernáculo, arremessar-se ao alto dos ares, agarrar -se ebalançar-se nos menores ramos com a ligeireza de umpássaro, enfim, transpor de um pulo grandes distâncias. Umapalavra, um olhar, o menor incidente que tivesse ligação coma piedade, produziam-lhe esses transportes. Quiséramosdescrever algumas dessas cenas que o m undo tacharia deestranhas e ridículas, e que achamos admi ráveis, vistoatestarem o maravilhoso poder das almas santas sobre o corpoe a Natureza e, melhor ainda, sobre o coração de Deus, que asliberta a seu gosto das servidões vulgares; mas essasdescrições prolongadas não entram no nosso programa.

Page 32: A levitacao

A agilidade sobrenatural manifesta -se também fora doêxtase e sob as formas múltiplas que acabamos de descrever.Margarida do Santíssimo Sacramento passava quaseinstantaneamente de um ponto a outro. Encontra vam-na nocoro, na enfermaria, na sala dos exercícios, mesmo sem que asportas estivessem abertas, e, várias vezes, suas irmãs a viramlevantada acima do solo, como se o seu corpo tivesse perdidoo peso. Um dia em que ela ia colher uvas para uma doente,avistaram-na elevando-se sem esforço até à altura das uvas,despegá-las, e tornar a descer. Ana-Catarina Emmerich contade si própria que, desempenhando as funções de sacristã, tre -pava e demorava-se em pé nas janelas, sobre as cornijas, sobreornatos em relevo, fazendo toda a limpeza em lugareshumanamente inacessíveis, sem medo nem inquietação,acostumada como estava, desde a infância, a ser assistida peloseu bom anjo, e sentindo-se, além disso, levada e sustentadano ar por uma invisível virtude.

Não somente a agilidade e a simples ascensão seencontram fora do êxtase, mas também o vôo no que ele temde mais maravilhoso. Santa Cristina, cognomi nada aAdmirável, oferece-nos um notável exemplo. Não temos quediscutir aqui o caráter histórico das excentri cidades atribuídasa essa santa, que os próprios bolan distas qualificam deparadoxal. Para nós, é suficiente que esses doutos autorestenham aceitado as narrativas que lhe dizem respeito,declarando-as, pelo menos na parte que citamos dignas decrédito e consideração.

Omitir tais narrativas por temor do escândalo que aincredulidade pode provocar, seria ceder a um respeitohumano que há muito tempo nos deveria ter detido, e que nosparece tão contrário à piedade como à Ciência. Eis, emalgumas palavras, o resumo dessa singular existência.

Page 33: A levitacao

Cristina nasceu em San-Frond, na província de Liège, pelomeado do século XII órfã em pouco tempo, ela ficou comduas irmãs mais velhas e ocupava -se em guardar os rebanhosnos campos. Ativados, porém, pela contemplação, o s ardoresda sua alma tornaram-se tão intensos que o corpo não pôderesistir. Ela caiu doente e morreu. No dia seguinte, levaram osseus despojos à igreja para a cerimônia dos funerais. Naocasião do Agnus Dei da missa que se celebrava por ela, vira-na de repente mexer-se, levantar-se no esquife e voar, comoum pássaro, até à abóbada do templo. Os assistentes fugiramespantados, à exceção da irmã mais velha, que ficou imóvel,mas não sem terror, até ao fim da missa. Atendendo à ordemdo sacerdote, Cristina desceu ilesa e voltou para casa, ondetomou a refeição com as suas irmãs. Contou depois aosamigos, que vieram para in terrogá-la, que, logo depois da suamorte, os anjos a tinham sucessivamente transportado aopurgatório, ao inferno, ao paraíso. Aí, fora -lhe dada à escolhade ficar para sempre neste lugar ou de voltar a Terra para,com os seus sofrimentos, trabalhar no resgate das almas dopurgatório, o que ela aceitara sem hesitação.

Pelo purgatório tinha ela que passar, pois que desde entãocomeça para essa virgem admirável a vida mais estranha. Apresença e o contacto dos homens são -lhe insuportáveis. Paraevitá-los, ela foge para os desertos, voa para cima das árvores,para o alto das torres, para as empenas das igrejas, para todosos pontos elevados. Julgam-na possessa, perseguem-na,apanham-na com muita dificuldade, e prendem -na comcadeias de ferro. Ela, porém, se solta e continua as suascorrida aéreas, indo de uma para outra árvore, como faria umpássaro. A fome, todavia, aperta -a. Invoca então o Senhor e,contra todas as leis da Natureza, os seios destilam -lhe um leiteabundante com que ela se alimenta durante nove semanas. Caisegunda vez nas mãos dos que a per seguiam, mas escapa-lhes

Page 34: A levitacao

novamente, e vai a Liège pedir a um sacerdote a divinaEucaristia. Munida desse alimento celeste, sai da cidade,levada pelo Espírito com a rapidez de um turbilhão, atravessao Meusa, ligeira como um fantasma, e torna a começar a suavida errante, longe das moradas humanas, nos cimos dasárvores e das torres, muitas vezes sobre as estacas quecercavam as sebes, nos ramos mais delgados, onde pousava ese balançava como um pardal.

Envergonhados dessas aparentes extravagâncias, que opúblico atribuía a uma legião de demônios, as suas irmãs e osseus amigos pagaram a um malvado, homem de muita força,para que a agarrasse. Tendo-se esse homem posto ao seuencalço e não conseguindo agar rá-la, pôde, contudoaproximar-se bastante para quebrar-lhe, com uma pancada declava, o osso de uma perna, e foi nesse estado que a trouxe àsirmãs.

Por compaixão, elas mandaram levá -la num carro a ummédico de Liège, recomendando-lhe ao mesmo tempo em quea curasse e prendesse bem. Este a encerrou numa adega quetinha por única abertura a entrada, atou -a com segurança auma coluna, e tornou a fechar a porta, depois de ter aplicadoao membro fraturado as ligaduras convenientes. Logo que elese retirou, Cristina atirou fora o aparelho, tendo como indignorecorrer a outro médico que não fosse o Senhor Jesus. A suaesperança não foi iludida. Uma noite, o Espírito de Deus veioderramar-se sobre ela, quebrou suas cadeias, curou -a de suafratura, e ela, livre, corria e pulava de alegria no seu cárcere,louvando e bendizendo Aquele por quem re solvera viver emorrer.

Não tardou que, sentindo-se o seu espírito angustiadoentre essas paredes, ela conseguisse, com a ajuda de umagrande pedra, abrir uma saída e, veloz como uma seta,arremessando-a para fora, reconquistar a sua liberdade.

Page 35: A levitacao

Apanhada terceira vez, apertaram-na de tal forma a umbanco de pau, que as cadeias em breve penetra ram-lhe nascarnes. Acabrunhada de sofrimentos, aos quais veio juntar -seo tormento da fome, recorreu de novo ao Senhor, e viu entãocorrer de seus peitos, assim como já referimos, um óleolímpido com o qual molhou o pão e untou as chagas.Enternecidas com esse espe táculo, as irmãs, até entãodesumanas por incredulidade, tiraram -lhe as cadeias epermitiram-lhe que seguisse, em toda a liberdade, o Espíritoque a animava. Continuou, com efeito, as suas santas loucurasdurante longos anos, porque decorreram quarenta e dois anosentre a sua ressurreição e a sua morte, que se efetuou no anode 1224.

Esse poder ascensional produz -se algumas vezes com talenergia que nenhum obstáculo é capaz de contê-lo. O queacabamos de narrar a respeito de Cristina, a Admirável,bastaria como prova, mas não é este o único exemplo.Assinalemos também S. José de Cuper tino, no qual pareciamreunir-se todas as maravilhas da vida extática. Num dia daImaculada Conceição, ele convidou o padre guardião à

repetir com ele: Pulchra Maria! (Maria é bela!) E logoque repetiu estas palavras, o santo, entrando em êxtase, passao braço em volta da cintura do seu superior e leva -o consigopara os ares, repetindo juntos: Pulchra Maria! Pulchra Maria!

Outra vez, trazem-lhe um cavalheiro, em estado dedemência, para que obtenha de Deus a sua cura. O santomanda-o ajoelhar e, pondo-lhe a mão na cabeça, diz-lhe: Sr.Baltazar, não tenha receio. Recomendo -o a Deus e à suasantíssima Mãe. . . No mesmo instante, dá o grito quehabitualmente anuncia o êxtase: Ah. Agarra o homem peloscabelos, eleva-se com ele ao espaço, onde o conservasuspenso por algum tempo, e, quando os seus pés de novopousaram no chão, o doente estava curado.

Page 36: A levitacao

A ascensão aérea não é a única form a da agilidadesobrenatural; produz-se também no andar sobre as águas. Osprimeiros exemplos são oferecidos pelo Evan gelho. Sabe-seque o Salvador caminhou sobre as ondas como na terra firme,e permitiu ao príncipe dos apóstolos que avançasse para elesobre as vagas agitadas. O prodígio reproduziu-se mais de milvezes no mar, nos lagos, nos rios e nos ribeiros, para atestarque Deus compraz-se em libertar os seus santos da escravidãonatural.

O Breviário romano assinala, entre os mais brilhan tesmilagres atribuídos a S. Raimundo de Penaforte, a suatravessia da ilha Maiorca a Barcelona, isto é, uma extensão decento e sessenta milhas marítimas, que ele e o seucompanheiro transpuseram em seis horas, sem outrabarquinha senão a sua capa.

S. Jacinto, não encontrando barqueiro para atraves sar oVístula, armou-se com o sinal da cruz e entrou resolutamenteno rio, cujas águas se tornaram firmes debaixo dos seus pés.Os seus companheiros, porém, menos confiantes, nãoousavam segui-lo. Volta então a eles e, estendendo a capasobre as águas, os faz subir para cima e os conduz assim até àoutra margem, diante de numerosa multidão. A Igrejaimortalizou esse milagre, consignando -o na bula decanonização e na legenda do Breviário.

Em outra conjuntura, o mesmo santo renova esse prodígiode um modo mais prodigioso ainda. Os tártaros acabavam detomar de escalada a cidade de Kiev e en tregavam já tudo àpilhagem, quando avisaram o santo, que estava no altar, deque não havia um instante a perder se quisesse salvar -se coma comunidade. Ele submeteu-se a esse aviso e, sem deixar asvestes sagradas, toma em suas mãos o santo cibório e dispõe -se a sair. Chegado quase ao meio da igreja, ouviu uma vozforte e queixosa que saía de uma estátua da Virgem, de ala -

Page 37: A levitacao

bastro, pesando de oitocentas a novecentas libras: - Meu filhoJacinto, diz ela, abandonar-me-ás às profanações dos tártaros?Leva-me contigo. - Gloriosa Virgem, respondeu o devotoservo, essa imagem é tão pesada! Como poderei carregá -la? -Pega nela, meu filho; torná-la-ás leve. O santo, tendo numadas mãos a Santa Eucaristia, pega com a outra na estátua, quese tornara tão leve como uma cana; e, carregando com esseduplo tesouro, passam são e salvo com os seus, através dosbárbaros que já invadiam o mosteiro, e chega às margens doDnieper. Aí ele faz do capote uma barca para seus irmãos, eatravessa a pé enxuto o rio em toda a sua largura, imprimindonas águas as suas pegadas.

Teríamos muitos outros fatos semelhantes a contar, porqueabundam nas vidas dos santos; mas devemos encerrar essasnarrativas para procurarmos à interpretação... (Tomo II, págs.588-600.)

A independência, em relação aos elementos exterio res,manifesta-se também pela resistência às ações que elesexercem.

É, em alguns casos, uma imobilidade que t orna vãs todasas impulsões e todos os esforços. Um dia em que o bem -aventurado Gil, dos frades pregadores, permanecia suspensono ar pelo êxtase, o seu companheiro e as pes soas da casaonde estavam tentaram fazer descer o seu corpo para o chão;porém nem mesmo conseguiram mudá-lo de posição.

Santa Luzia, a mártir de Siracusa, ameaçada com oslupanares, tornou-se tão imóvel que nem os algozes quetinham ordem de levá-la, nem várias juntas de bois, às quais aamarraram com cordas, puderam fazê -la mover. (Tomo II,págs. 601-602.)

S. Pascoal Railão manifestou algumas vezes a suapresença ou, antes, a sua virtude por meio de percussões(percussiones) nas imagens que o representam; mas é

Page 38: A levitacao

principalmente nos relicários, que contêm as suas relí quias,que esses ruídos extraordinários se fazem ouvir, ora suaves eharmoniosos, ora mais acentuados, ora re tumbantes como umestourar de bomba. (Tomo II, página 229.)

O abade Ribet diz, noutro lugar (II, 547), que Santa Otaera, duas vezes por dia, levantada e sustentada por anjos,enquanto orava.

Além dos santos mencionados por esse escritor comotendo tido levitações, os bolandistas atribuem o mesmomilagre às personagens seguintes, classificadas por ordem dedata, desde o século IX até o começo do XVIII: André Salus,escravo cita (tomo VIII, pág. 16 ); Luca de Sotherium, mongegrego (II 85); Estevão I, rei da Hungria (I 541); Ladislau I, reida Hungria (V, 318); S. Domingos (I, 405, 573); Ludgard,freira belga (III, 238); Humiliana, de Florença (IV, 396) ; Juta,da Prússia, eremita (VII, 606) ; S. Boa ventura (III, 827) ; SãoTomás de Aquino (I, 670) ; Ambrósio Santedônio, sacer doteitaliano (III, 192, 681) ; Pedro Armengal, sace rdote espanhol

(I,334) SantoAlberto, sacerdote siciliano (II, 326) ;Margarida, princesa da Hungria (II, 904) ; Roberto deSolenthum, sacerdote italiano (III, 503) ; Inês deMontepoliciano, abadessa italiana (II, 794) ; Bartolo de Vado,eremita italiano (II, 1.007) ; Isabel, princesa da Hungria (II,126) ; Catarina Columbina, abadessa espa nhola (VII, 532) ; S.Vicente-Ferrer (I, 497) ; Coleta de Ghont, abadessa flamenga(I, 559, 576) ; Jeremias de Panormo, monge siciliano (I, 297) ;Santo Antônio, arcebispo de Florença (I, 335) ; S. Franciscode Paula (I, 117) ; Osana de Mântua, freira italia na (III, 703,705) ; Bartolomeu de Anghiera, frade italiano (II, 665) ; Co -lumba de Rieti, freira italiana (V, 332, 334, 360) ; SantoInácio de Loiola (VII, 432) ; Salvador de Horta, fradeespanhol (II, 679, 680) ; S. Luís Bertrand, missionário es -panhol (V, 407, 483) ; João da Cruz, sacerdote espanhol (VII,

Page 39: A levitacao

239) ; J. B. Piscator, professor romano (IV, 976) ; Boa venturade Potenza, frade italiano (XII, 154, 157 -9).

Pode-se acrescentar a esses nomes os de alguns outrossantos ou bem-aventurados, tirados de biografias particulares.

André-Huberto Fournet, sacerdote francês, fundador daOrdem das Filhas da Cruz, 1752 -1854. (O. R. P. Rigaud -Vida do bom padre André-Huberto Fournet, pág. 496. )

Cláudio Dhière, diretor do grande seminário de Gre noble,1757-1820. (A.-M. de Franclieu - Vida do Sr. Cláudio Dhière,págs. 293-4.)

O bem-aventurado Cura d'Ars, 1786-1859. (O abadeAlfredo Monnin - Vida do Sr. João-Batista-Maria Vianney,pág. 159.)

Encontrar-se-ão também casos de levitações, efetua daspor religiosos ou religiosas de menor notoriedade, nas obrasdo Dr. Calmet e nas cartas de Nicolina.

Eis ainda alguns outros fatos:Na segunda parte do primeiro século da nossa era, o

diácono Filipe era arrebatado por um Espírito ao voltar deGaza, onde fora batizar Candóc ia, rainha da Etiópia.

Amélineau (Os Monges Egípcios, publicação do MuseuGuimet) conta que, tendo os pagãos de Antinoë acusadoSchnoudi de haver quebrado os ídolos, este foi soerguido,pelos anjos do Senhor, até uma altura donde podia aindafazer-se ouvir. Ficou assim suspenso por cima do tribunal dogovernador durante bastante tempo ; depois, desceu pouco apouco. A multidão levou-o em triunfo.

Em 1555, isto é, no reinado de Carlos V, Tomás,arcebispo de Valença, esteve suspenso no ar em êxtase, quedurou doze horas. Este fenômeno foi constatado não só peloshabitantes do seu palácio e do seu clero, mas também porgrande número de cidadãos. Ao voltar a si, tinha ainda na mãoo breviário que estava lendo quando o êxtase começara, e

Page 40: A levitacao

contentou-se em dizer que não sabia em que ponto ficara daleitura. (Bolland., V, 332, 334, 360. )

O bem-aventurado Pedro Clavet, apóstolo dos negros,passou uma noite ajoelhado no ar e com um crucifixo nasmãos.

Existem vários quadros e gravuras representando casos delevitação. O mais conhecido é O Milagre de S. Diogo, porMurilo (catalogado no Museu do Louvre sob o número 550bis). Outro quadro, que se acha numa igreja de Viterbo,mostra um sacerdote elevando-se aos ares no momento emque consagra a hóstia.

CAPÍTULO IVCASOS CONTEMPORÂNEOS DO OCIDENTE

A - Observações do magnetizandr LafontaineLafontaine, em suas excursões através da Europa, teve

ocasião de observar, entre os crisíacos que lhe tra ziam paraserem curados pelo magnetismo, alguns fenô menos quepodem relacionar-se com aqueles que acabamos demencionar.

Assim, conta ele (24) que uma donzela de família nobre,na Inglaterra, apresentava todos os sintomas da grande histeriadescrita depois por Charcot, e essa agi lidade extraordináriaque mais raras vezes tem sido constatada. Quando chegou acasa dela, encontrou-a estendida sem movimento num leito,sem respiração aparente. A vida parecia tê -la abandonada. Oseu rosto, de palidez baça, estava coberto de suor frio. Derepente, esse cadáver animou-se.

Page 41: A levitacao

Com um pulo, a donzela foi ao meio do aposento,arregalados e fixos os olhos, gesticulando com os bra ços,elevando-se na ponta dos dedos dos pés e correndo,semivestida, pelo quarto; atirou -se ao chão, reboleou-se emconvulsões horríveis, chocando o corpo em todas as partes,dando gritos e batendo nas pessoas que procura vam retê-lapara evitarem que ela se ferisse. Depois, endireitando -se derepente e pronunciando palavras entre meadas de sonsinarticulados, caminhou direita e firm e, saltou a alturasextraordinárias. Em seguida, torcendo-se em atitudesimpossíveis, pôs a cabeça entre os joelhos, levantou ao ar umadas pernas, e girou sobre a outra com rapidez espantosa,conservando ao mesmo tempo a cabeça perto do soalho.

Umas vezes endireitava-se, soltando gritos de terror comose visse um espetáculo horrível; outras abraçava com amorfantasmas; depois, rolava exausta pelo tapete.

Em seguida, pulava de novo e corria para um e outro ladodo aposento, pondo os pés sobre os móveis, sobre os copos, asxícaras, o globo da pêndula, sobre esses frágeis nadas queguarnecem as prateleiras, e isso sem quebrar, sem deitar coisaalguma ao chão. Depois, sentavam-se no tapete, conversandocom um ser imaginário, cujas respostas imaginárias elaescutava. As convulsões apresentavam-se outra vez. . . Logodepois, os seus olhos exprimiam indizível arroubamento; elacaía de joelhos; os seus lábios murmuravam palavrasmelífluas como uma oração.

Estava em êxtase. A inspiração apossou-se dela; recitouversos; compôs poesias; anunciou fato s, sucessos que haviamde suceder; elevou-se ao ar como para voar; depois,finalmente, tornou a cair em completa prostração, inerte, semmovimento, sem respiração perceptível. Es tava terminada acrise, que durara duas horas.

Page 42: A levitacao

Depois desses terríveis abalos , a donzela caía num sonomuito longo, durando algumas vezes dois dias, nos quais nãotomava alimento algum. Lafontaine diz que empreendeu acura dessa donzela e que, magnetizando-há durante trêsmeses, fez desaparecer as crises, que lhe haviam durado de sdeos 14 até os 18 anos.

Em 1858, visitou a aldeia de Morzina, em Chablais, ondese declarara uma epidemia de convulsionarias entre asdonzelas de 11 a 20 anos. (Das 23 pessoas atacadas, apenasuma era rapaz, com 13 anos de idade. ).

As possessas puseram-se a correr pelos bosques, a subir àsárvores com extraordinária agilidade, e a balan çar-se na partemais alta dos grandes pinheiros; porém, se a crise cessaenquanto estavam em cima, nada era mais singular que o seuembaraço para descerem. Além disso, ess as meninas não serecordavam, ao despertarem, do que se passara durante acrise.

Uma delas, Vitória Vuillet, com dezesseis anos de idade,de um rosto simpático e gênio muito afável, era a maisexaltada. Não só corriam os campos durante horas inteirassem ficar cansada, falando e gesticulando sem pre, ou subia aocimo das mais altas árvores e descia com extrema rapidez,mas também, quando estava no cimo dos mais altos pinheiros,atirava-se de um para outro, como faria um esquilo ou ummacaco. . .

Recorreram a Lafontaine para que tratasse dela, elevaram-na para a sua casa, em Genebra.

Vimo-la pela primeira vez em nossa casa a 3 de abril de1858. Estava em crise. Falava com voz cava e sepulcral, ela,que tinha a voz suave e clara.

Dizia frases como esta: Sou um demônio do inferno dondesaí para atormentar Vitória até acabar por levá-la comigo.Ouvis o tinir das cadeias? Ouvis o fogo a crepitar e os gritos

Page 43: A levitacao

dos condenados que estão a arder? Isto alegra o coração e dáprazer. Depois, saltava a uma altura pasmosa , dava gritosroucos, retorcia o corpo a ponto de tocar com a cabeça noscalcanhares. Em seguida, reboleava-se pelo chão. Num puloela ficava de pé, girava com velocidade espantosa e paravainstantaneamente. Fazia depois grandes gestos, articulava sonsincompreensíveis, e saltava sobre os braços de uma ca deira;pulando de repente, achava-se suspensa no espaldar dessemóvel, em posição indescritível.

Em seguida, corria por cima de todos os móveis, pondoum pé no encosto de uma poltrona, o outro no espald ar deuma cadeira; depois, atirava-se para cima de outros móveis,dando assim, sem perder o equilíbrio, volta ao nosso gabinetee à nossa sala de visitas, falando sempre. Entretanto, depois determos observado bem essa crise, quando pusemos uma dasmãos na cabeça da donzela e a outra no seu estômago, todoesse maravilhoso desapareceu logo, e apenas ficou à nossafrente uma doente que tinha estertores e se torcia emconvulsões que fizemos cessar quase instantaneamente.Depois de os termos magnetizado com grandes passes durantetrinta minutos, e desembaraçado, Vitória sentiu -se muito bem.

Lafontaine acrescenta que, após quinze dias de mag -netização, Vitória achou-se inteiramente curada das suascrises e das dores de cabeça ou do estômago. Essa cura foidefinitiva, como lhe certificou um tio da donzela que a levarae que com ela residia em Genebra.

Eis outro caso referido pelo mesmo autor (tomo II, pág.96)

Uma doente minha, a Sra. de A..., que eu sonambulizaradurante o seu tratamento, proporcionou-me ensejo para fazervárias observações curiosas. Um dia em que, mais doente, elaficara no leito e tinha junto de si uma das suas parentas,cheguei para magnetizá-la.

Page 44: A levitacao

Adormeci-a prontamente, depois localizei a minha açãosobre o seu estômago e as suas pernas. Fiquei silenciosoenquanto a magnetizava como sempre faço nos casos graves,o que deu motivo a que a jovem Laura, aborrecendo -se,passasse para a sala de visitas, cujas portas estavam abertas.Depois de ter lançado um olhar distraído pelos álbunsespalhados por cima de uma mesa, ela aproximou -se do piano,abriu-o, preludiou alguns acordes, e ficou algum tempo numaespécie de abstração.

Às primeiras notas dos acordes, a minha doente ex -perimentara, por todo o corpo, um ligeiro frêmito que, poucoa pouco, se acalmara durante o tempo da pausa; porém,quando a jovem Laura principiou a tocar um tre cho muitopatético, que ia direito à alma, minha doente pareceu sair doestado de entorpecimento em que a imer gira o sono.

Animou-se-lhe o rosto, sentou-se no leito e, continuando amúsica com o mesmo ritmo, achou -se, num pulo, em pé edireita, por cima do leito, com os olhos arrega lados e fixos.Seus pés deslizaram depois até à beira do leito, sem havermovimento algum dos músculos.

Aí, os pés passaram com suavidade para fora do leito e,vagarosamente, desceram ao mesmo tempo, sem ponto algumde apoio, até ao tapete, como se tivessem estado sobre umdesses alçapões de que se servem nos teatros para fazeremdescer as divindades do meio das nuve ns. Todo o corpoparecia sustentado no ar por um fio invisível. Seus membrosestavam inteiriçados.

Eu olhava com profunda estupefação, sem com preendercoisa alguma, mas os meus olhos estavam bem abertos. Aminha inteligência e a minha razão velavam e estavam no seuposto. Não me podia enganar. Os pés e as pernas estavam nus.A própria Sra. de A... Estava apenas coberta com uma camisae uma mantilha leve.

Page 45: A levitacao

Entretanto, tendo descido até ao tapete, os seus péscontinuaram a escorregar junto, sem o menor movimento, sema menor contração. Ela parecia uma estátua colocada numaprancha à qual estivessem puxando e que resvalasse semnenhum solavanco, como se houvesse sido posta num trilho.

Eu, admirado, a seguia com os meus braços em vol ta doseu corpo, mas sem lhe tocar, a fim de poder sustê -la, sesobreviesse um acidente.

A Sra. de A... Chegou assim até às portas abertas da salade visitas. A jovem Laura, ao vê -la aparecer, pálida, toda debranco, com os cabelos em desordem caindo-lhe pelasespáduas, com os olhos fixos, baços e sem vida, como umfantasma, soltou um grito de pavor e dei xou de tocar.Imediatamente alquebrou-se o corpo da Sra. de A . . . Nãopude retê-la. Movimentos convulsivos produziram-se nos seusmembros; depois, ficou hirta, fria, o rosto lívido como amorte; era um cadáver.

A meu pedido, Laura, toda trêmula, tocou algumas notasque pareciam ser percebidas pela doente e que, continuando, afizeram voltar à vida. Não tardou que a música operasse o seuefeito. A Sra. de A... Levantou-se, deitando a cabeça para trás,abrindo os olhos que se tinham fechado. Estendendo os braçospara um ser invisível, caiu de joelhos. A sua cabeça bateu notapete com humildade; depois, com movimentos da maissuave volúpia, contornou o corpo em atitudes cuja graça nãose pode exprimir. Nunca vi nada tão belo nem tão gracioso.Parecia que tudo o que há de imortal em nós agia e serevelava em suas atitudes.

Passado certo tempo, atraí de novo a Sra. de A..., quedeslizou para trás, sempre em êxtase. Fiz cessar a músicaquando ela estava perto do leito e, com um mo vimentobrusco, deitei-a ao comprido. Então, seu corpo tornou -se empouco tempo tão frio e tão hirto como um verdadeiro cadáver.

Page 46: A levitacao

Todo o movimento, toda a respira ção desapareceu. O pulso,como o coração, não mais se fazia sentir. Parecia que suaalma se escapara e não me ficara senão o corpo da doente. Erapara aterrar e para fazer-me perder a cabeça, sobretudo ao vera dor e o desespero de Laura, que acusava a si própria de tê-lamatado e perdia os sentidos num desmaio que durou umahora.

Mandei que os criados a levantassem e conduzissem paraoutro quarto, e fiquei só com a d oente, que não dava nenhumsinal de vida.

A força de insuflações quentes sobre o coração, oestômago e o cérebro, fiz que ela voltasse gradualmente àvida. Isto durou meia hora. Fiz -lhe depois passes em todo ocorpo, desde a cabeça até os pés, durante duas horas,mantendo um sono benéfico e restaurador. No fim dessetempo, arquejante, exausto, mas triunfante e con tente comigomesmo, acordei a doente e desembaracei -a inteiramente.

Então, tive a felicidade de ouvir a Sra. de A... Dizer quejamais se sentira bem como nesse momento. Além disso, aparalisia das pernas, de que essa senhora padecia, recebera umabalo que, produzindo-lhe tão grande melhora no mesmo diaela pôde dar, completamente acor dada, duas voltas peloquarto, mal amparada, resultado este tanto mais maravilhosoquanto havia dois meses que ela não podia sustentar -se naspernas. Depois do que sucedera, a melhora aumentou de talmodo que, três semanas depois, a Sra. de A . . . Estavacompletamente curada.

B - Caso do Dr. Cyriax

Page 47: A levitacao

O Dr. Cyriax, de Berlim, conta, numa brochura pu blicadahá alguns anos com o título Como me tornei espírita, umaaventura que lhe sucedeu em Baltimore, onde ele habitava em1853.

Achavam-se uma tarde reunidas no vasto atelier do pintorLanning umas cem pessoas para ouvirem um dis curso da Sra.French em estado de transe, quando, de repente, ela foilevantada do estrado, em cima do qual se achava, e levadapara o fundo da sala, cuja volta deu completamente, pairandoa uma altura de cerca de dois pés acima do soalho. Estefenômeno, constatado pelos meus olhos, como era no mesmomomento por uma centena de senhoras e cavalheiros, causou -me calafrios. Via diante de mim, na plenitude do meuconhecimento, uma pessoa que, sem fazer movimento algum,com os braços cruzados e os olhos fechados, pairava por cimado soalho, era transportada por entre duas filas de bancos,cada uma com cinqüenta pessoas aproximadamente, voltavadepois da mesma maneira do fundo da sala até ao es trado, eprosseguia o seu discurso como se nada se tivesse passado deextraordinário! Via todas as outras pessoas constatarem estefenômeno e ficarem tão aturdidas como eu. Os meus sentidosnão me haviam, portanto, enganado. O que eu vira passara-se,pois em toda a realidade!

Qual era então a força que fora posta em ação? Seria umaforça natural, cega, capaz de realizar resulta dos tão admiráveissem ir de encontro a algum obstáculo? Estando esta hipóteseem oposição com a experiência, fui obrigado, após sér ioexame, a chegar à conclusão de que, nestas circunstâncias,parecendo suprimidas as leis da gravidade, ou encontrandopelo menos resistência, era -me necessário admitir aintervenção de uma vontade inteli gente, e que, emconseqüência de esta vontade dar prova de inteligência, nãopodia emanar senão de uma personalidade, de um indivíduo.

Page 48: A levitacao

Querer achar a explicação na manifestação inconsciente deum cérebro não era admissível nesta circunstância.

Este fenômeno impressionara -me de tal maneira que nãodormi toda a noite. Achava-me constantemente em frente doque vira, e procurava em vão explicá -lo pelas leis naturaisconhecidas.

C - As levitações do médium Home

Estas levitações foram constatadas por grande nú mero detestemunhas e notadamente pelo Sr. Cro okes, que dá a esterespeito às particularidades seguintes nas suas Investigaçõessobre o Espiritismo.

Estes fatos produziram-se quatro vezes em minhapresença, na obscuridade. As condições de verificação, emque se realizaram, foram inteiramente satisfató rias, tantoquanto se pode julgar; mas a verificação, pelos olhos, desemelhante fato é tão necessária para destruir as nossas idéiaspreconcebidas sobre o que é e não é na turalmente possível,que me limitarei a mencionar aqui unicamente os casos emque as deduções da razão foram confirmadas pelo sentido davista.

Houve uma ocasião em que vi uma cadeira, na qual estavasentada uma senhora, elevar-se a algumas polegadas do chão.Noutra ocasião, em que a mesma senhora se elevou cerca detrês polegadas, ficando suspensa durante dez segundos maisou menos, e em seguida desceu vagarosamente, ela ajoelhou -se para afastar toda a suspeita de que a elevação fosseproduzida por si em cima da cadeira, de tal maneira que lhevíamos os pés. Duas crianças também se elevaram do solocom as suas cadeiras, em duas ocasiões diferentes, em pleno

Page 49: A levitacao

dia e nas condições mais satisfatórias para mim, porque euestava de joelhos e não perdiam de vista os pés da cadeira, no-tando bem que ninguém podia tocar -lhe.

Os casos mais surpreendentes de levitação, dos quais fuitestemunha, deram-se com o Sr. Home. Em três circunstânciasdiferentes, eu o vi elevar-se completamente acima do soalhodo aposento. Na primeira, es tava sentado numaespreguiçadeira; na segunda, estava de joelhos em cima dacadeira; na terceira, estava em pé.

Em cada uma dessas ocasiões, tive todo o vagar possívelpara observar o fato no momento em que se produziu.

Há pelo menos cem casos bem constatados da ele vação doSr. Home, os quais se produziram na presença de muitaspessoas diferentes, tendo eu ouvido da própria boca de trêstestemunhas, o Conde de Dunraven, Lord Lindsay e o CapitãoC. Wynne, a narrativa dos mais surpreendentes fatos destegênero, acompanhada das menores particularidades do que sepassou. Rejeitar a evidência destas manifestações equivale arejeitar todo 0 testemunho humano, seja qual for; porque nãohá fato, na História sagrada ou na História profana, que estejaapoiado por provas mais imponentes.

A acumulação dos testemunhos que estabelecem arealidade das elevações do Sr. Home, é enorme. Seria muitopara desejar que alguém, cujo testemunho fosse reconhecidocomo concludente pelo mundo científico (se porventura existeuma pessoa cujo testemunho em favor de semelhantesfenômenos possa ser admitido), quisesse estudarpacientemente esta espécie de fatos. Muitas tes temunhasoculares dessas elevações vivem ainda, e cer tamente nãorecusariam dar o seu testemunho.

Os melhores casos de levitação do Sr. Home de ram-se naminha casa. Numa ocasião, el e colocou-se na parte maisvisível da sala e, passado um minuto, disse que se sentia

Page 50: A levitacao

levantar. Vi-o elevar-se vagarosamente, num movimentocontínuo e oblíquo, e ficar, durante al guns segundos, cerca deseis polegadas acima do solo; em seguida, desceu lent amente.Nenhum dos assistentes saíra do seu lugar. O poder de seelevar quase nunca se tem comunicado às pessoas próximasdo médium; entretanto, uma vez minha mulher foi levantadacom a cadeira em que estava sentada.

Crookes escreveu ao Sr. Home a 12 de a bril de 1871:Podeis, sem constrangimento, citar -me como um dos

vossos mais firmes testemunhos. Meia dúzia de sessões nogênero das de ontem à noite, com alguns homens de ciênciabem qualificados, bastariam para fazer admitir cientificamenteessas verdades, que então se tornariam tão incontestáveiscomo os fatos da eletricidade.

A narrativa circunstanciada da levitação que se rea lizou a16 de dezembro de 1868, em Londres, numa sessão obscura,em presença de Lord Lindsay, Lord Adare e do CapitãoWynne, foi redigida por Lord Lindsay para a SociedadeDialética, nos termos seguintes:

Honre, que estava em transe havia algum tempo, depois deter passeado pelo quarto, dirigiu -se para a sala vizinha. Nessemomento, veio assustar-me uma comunicação. Ouvi uma vozmurmurar-me ao ouvido: Ele vai sair por uma janela e entrarpela outra. Completamente aturdido com o pensamento deuma experiência tão perigosa, dei parte aos meus amigos doque acabava de ouvir, e não era sem ansiedade que espe -rávamos a sua volta. Percebemos então que se levantava avidraça da janela do outro quarto, e quase imediata mentevimos Honre flutuar no ar, por fora da nossa ja nela. A Luadava em cheio no quarto e, como eu estava com as costasvoltadas para a luz, o peitoril da janela projetava so mbra naparede que me ficava fronteira. Vi então os pés de Honresuspensos por cima, a uma dis tância de cerca de seis

Page 51: A levitacao

polegadas. Depois de ter ficado nesta posição durante algunssegundos, levantou a vidraça, resvalou para o quarto com ospés para frente e veio sentar-se. Lord Adare passou então parao outro aposento e, notando que a vidraça da janela, pela qualele acabava de sair, estava erguida, tão -somente até dezoitopolegadas de altura, exprimiu a sua surpresa de que Honretivesse podido passar por essa abertura. O médium, sempreem transe, respondeu: Vou mostrar-vos.

Voltando então as costas para a janela, inclinou -se paratrás e foi projetado para fora com a cabeça para frente, ocorpo inteiramente rígido; depois, voltou para o seu lugar. Ajanela estava a setenta polegadas do chão. A distância entre asduas janelas era de sete pés e seis polegadas, e cada uma tinhaapenas um peitoril de doze polegadas que servia para recebervasos.

Acrescentarei ainda alguns testemunhos recentemen tepublicados

Honre foi levantado da cadeira, e peguei -lhe nos pésenquanto ele flutuava por cima das nossas cabeças. (Car ta doConde Tolstoi à sua mulher, 17 de junho de 1866. ).

Depois, o próprio 5r. Honre anunciou que se sentialevantado. O seu corpo toma a posição hori zontal e étransportado, com os braços cruzados sobre o peito, até aomeio da sala. Depois de ter aí ficado quatro ou cinco minutos,é reconduzido ao seu lugar, transportado da mesma maneira.(Ata redigida pelo Dr. Karpovitch, acerca de uma sessãorealizada em São Petersburgo, na casa da Baronesa Taoubi,em presença do General Phi losophoff e da PrincesaHavanschky.).

Na mesma noite, tendo-se Honre sentado ao piano,começou a tocar. Como houvesse convidado para que nosaproximássemos, fui colocar -me junto dele. Eu tinha uma dasminhas mãos na sua cadeira e a outra no piano. Enquanto

Page 52: A levitacao

tocava, a cadeira e o piano se elevaram a uma altura de trêspolegadas; depois, voltaram para o seu lugar. (Atestado deLord Crawford, depois Lord Lind say, em 1869. ).

Um célebre médico inglês, o Dr. Hawksley, que tra tavaem 1862 a primeira mulher de Honre, refere que um diaHonre fez, na sua presença, subir consigo um visitante, quedesejava ver algum fenômeno, numa forte e pesada mesa quese elevou imediatamente, com a sua car ga, a oito polegadaspelo menos de altura. O Doutor Hawksley abaixou-se epassou facilmente a mão entre as pernas da mesa e o tapete;depois, terminado esse exame, a mesa desceu e o visitanteabandonou-a.

Eis como o próprio Dunglas Home descreve as suasimpressões (25):

Durante essas elevações ou levitações, nada sinto departicular em mim, exceto a sensação do costume, cuja causaatribuo a uma grande abundância de eletricidade nos meuspés. Não sinto mão alguma que me sustenha, e, desde a minhaprimeira ascensão citada mais adiante (26), deixei de terreceio, posto que, se eu tivesse caído de certos tetos, a cujaaltura fora elevado, não teria podido evitar ferimentos graves.

Sou em geral levantado perpendicularmente, hirtos osbraços e erguidos por cima da cabeça, como se quisesseagarrar o ser invisível que me levanta suavemente do solo.Quando chego ao teto, os pés são levados até ao nível dacabeça e acho-me como que numa posição de descanso.Tenho ficado muitas vezes assim suspenso du rante quatro oucinco minutos. Encontrar-se-á exemplo disso numa ata desessões que se realizaram em 1857, num castelo perto deBordéus. Uma só vez a minha ascensão se fez em pleno dia.Era na América. Fui levantado num aposento em Londres,Rua Sloane, no qual brilhavam quatro bicos de gás e empresença de cinco cavalheiros que estão prontos a testemunhar

Page 53: A levitacao

o que viram, sem se contar grande número de testemunhosque posso publicar depois. Em algumas ocasiões, tendodiminuído a rigidez dos meus braços, fiz com um lápis letra s esinais no teto, que pela maior parte ainda existem em Londres.

Home atribuía às levitações e a maior parte dos outrosfenômenos que produzia, a seres inteligentes e invisíveis quese apoderavam da sua força nervosa para se manifestarem. Talera também a opinião do Dr. Hawksley, que assim se exprimianum relatório pedido por uma sociedade sábia de Londres.

Consentido em fazer este relatório, reservei a liber dade deexprimir a minha opinião sobre a causa desses fenômenos.Não é a que tem curso geralmente. Depois de um exame sério,cheguei à conclusão de que essas manifestações eramproduzidas por um Espírito inteli gente, que se apoderava docorpo do meu amigo e podia deixá -lo para operar a distânciacertos atos, por exemplo, tocar um instrumento, levant ar eprojetar objetos materiais, ler no pensamento ou respondercom inteligência por meio de percussões às perguntas que lheeram feitas.

Os casos de possessão, de que falam as Escrituras, dãolugar a crer que esses fenômenos são idênticos aos que sepassavam no tempo do Cristo. Essas possessões, segundo oEvangelho, não constituíam punição nem prova deculpabilidade dos que eram suas vítimas. Cumpria antes vernelas uma provação ou um infortúnio que deve ter a sua razãode ser, porém que até agora tem fic ado totalmenteincompreensível para nós. Quanto ao que diz respeito ao Sr.Home, ainda que eu seja levado a crer que ele estavapossesso, deixa-me o que conheci da sua vida e das suasqualidades, absolutamente convencido da sua veracidade, dasua honestidade, da sua benevolência e da nobreza do seucaráter. (Gardy - Le Médium D. D. Home, pág. 142.)

Page 54: A levitacao

D - As levitações do Sr. Stainton Moles

O Sr. Stainton Moses (27) descreveu igualmente asimpressões que sentiu na primeira das levitações de que foiobjeto, no decurso das sessões efetuadas com alguns amigos.

Um dia (30 de junho de 1870) senti que a minha cadeira seafastava da mesa e virava-se no canto onde eu estava sentado,de modo que fiquei com as costas voltadas para o círculo e afrente para o ângulo da parede. Em seguida, a cadeira foilevantada do chão até uma altura que, segundo o que pudejulgar, havia de ser de 30 a 40 centímetros. Os meus péstocavam no plinto, que podia ter 30 centímetros de altura. Acadeira ficou suspensa alguns instantes e então senti que a dei-xava e continuava a subir com um movimento muito suave evagaroso. Não tive nenhum receio e não senti mal -estar. Tinhaperfeita consciência do que se passava e descrevia a marchado fenômeno aos que estavam sen tados à mesa. O movimentoera muito regular e pareceu-nos bastante duradouro antes deter finalizado.

Eu estava bem perto da parede, tão perto que pude comum lápis, solidamente preso ao meu peito, marcar o cantooposto no papel da parede. Este sinal, tendo sido mais tardemedido, achava-se a pouco mais de 1,80m do soalho e,segundo a minha posição, a minha cabeça devia esta r noângulo do quarto, a perto da distância do teto. Estou l onge depensar que estivesse por qualquer forma adormecida . O meuespírito estava com toda a sua pe rspicácia, e eu tinha completapercepção desse curioso fenômeno. Não senti no corponenhuma pressão; tinha a sensação de estar num ascensor e dever os objetos passar longe de mim. Recordo-me somente deuma leve dificuldade de respirar, com uma sensação de enchi-

Page 55: A levitacao

mento no peito e de ser mais leve que a atmosfera. Fuidescido com muita suavidade e colocado na cadeira quevoltara à posição anterior. As medições foram feitasimediatamente, e registradas as marcas que eu fizera com olápis. A minha voz, disseram-me, ressoava como se viesse doângulo do teto.

Esta experiência foi repetida nove vezes com maior oumenor êxito.

E - Observações do Sr. Donald Mac-Nab

O Sr. Donald Mac-Nab, engenheiro de artes e ma -nufaturas, tão notável pela inteireza do seu coraç ão como pelaelevação de seu espírito, e que a morte roubou pre -maturamente à Ciência, fez uma série de experiências comdois amigos seus, o Sr. F..., compositor de música, e o Sr. C...,escultor, várias obras dos quais foram admi tidas no Salão dosCampos Elísios.

O Sr. Mac-Nab publicou, em 1888, o resultado dessasexperiências no Lotus Rouge, dirigido então pelo se nhorGaboriau. Eis o que se refere às levitações:

O médium Sr. F... São freqüentes vezes levantadas ao ardurante as sessões; mas isto sucede, à maior parte das vezes,com um amigo meu, o Sr. C..., que é também médium. Umavez disse-nos este que era levantado com a sua cadeira.Ouvíamos, com efeito, o som da sua voz que mudava delugar. Note-se que ele tinha sapatos grossos e não se ouvia omenor barulho de passos. Finalmente, tendo acendido a luz,achou-se sentado na sua cadeira e esta em cima do leito. Umaoutra vez, tendo inconsideradamente acendido a luz, enquantoera levitado sobre o mocho do piano, caiu tão pesadamente

Page 56: A levitacao

que o pé do móvel se quebrou. Três engenheiros, os Srs.Labro, F... E M... Foram testemunhas destes fatos.

Parecia-me necessário ter provas mais palpável destalevitação, e eis o que imaginei: Estendi no chão um pedaçoquadrado de pano muito pouco resistente, que se chamaandrinópolis, espécie de tecido de cor verme lha; no meio,pusemos uma cadeira e fizemos sentar nela o Sr. C... Outromédium, o Sr. F..., não estava aí. Cada um pegou numa pontado pano e, como éramos cinco, duas pessoas seguraram numaponta. Apaguei a luz, e quase imediatamente sentimos acadeira levantar-se, ficar algum tempo no ar, e descer depoisdevagar. O pano nem mesmo estava retesado, e ao menoresforço ter-se-ia rasgado. Esta experiência enchia o Sr. C... deterror. As pessoas presentes eram os Srs. R ... e C..., duassenhoras e eu.

Não creio que se possa objetar alguma coisa a estaexperiência de levitação do médium, constatada por meio deum pano estendido por baixo da cadeira. Ele estava jácolocado na sua cadeira quando apagamos a luz. A elevaçãoefetuou-se quase imediatamente. Éramos cinco em volta dele,e era-lhe impossível descer e tornar depois a subir sem que opercebêssemos.

A levitação não é uma força necessariamente ver tical,como muitas pessoas crêem. Damos como exemplo o fatoseguinte produzido na presença do Sr. de Rochas e que euobservo em quase todas as sessões:

O Sr. C... Estava sentado ao meu lado, junto da janela, naobscuridade. De repente, foi levantado e colo cado ao pé dopiano com a sua cadeira, muito perto do Sr. Gaborisu (28).Isto se passou de um modo tão rápido que ouvimos quasesimultaneamente o barulho que fez a cadeira ao levantar -se eao pousar no chão. Durante o transporte ela descrevera umângulo de 180°, porque o Sr. C... Tinha as costas voltadas para

Page 57: A levitacao

o piano, ao passo que um instante antes elas estavam viradaspara a janela.

Numa sessão, o Sr. Montorgueil e, noutra, o Sr. de Rochaspassaram a mão por baixo dos pés do médium, durante aascensão, e puderam certificar -se de que ele não empregavanenhum dos processos ordinários da gi nástica.

F - Observações do Sr. B..., antigo professor da EscolaPolitécnica.

No decurso do ano de 1887, um amigo meu, antigoprofessor da Escola, Politécnica, que ocupa posição cien tíficaelevada, descobriu, por acaso, que um membro da sua famíliaapresentava faculdades mediúnicas. Estu dou-lhe as diversasmanifestações e eis o que me escre veu a respeito dosfenômenos de levitação

Estes fenômenos devem ser tidos na conta dos maisinteressantes de todos os que testemunhamos. Mesas pe sadas,a uma simples aposição da mão do médium, levan tavam-secom os quatro pés numa altura assaz conside rável, edificilmente eram retidas ao chão, apesar dos nossos esforçosreunidos.

Uma noite estávamos sentados no quarto do médium,então às escuras, em volta de uma mesinha colo cada em frentedo calorífero. Em cima do soalho, num dos ângulos docalorífero, estavam dois obuses vazios. Um tinha o calibre de16 centímetros e o peso de 30 quilogramas; o outro, menor,pesava 12 quilos.

Depois de uma série de pancadas violentas, ouçocrepitações que se produzem por baixo da mesa, análogas à8das faíscas de uma máquina elétrica, e, olhando para a

Page 58: A levitacao

esquerda, vejo o mais grosso dos dois obuses cercado de umvivo clarão. Senti que ele se elevava roçando -me pela perna, evi-o pousar devagarzinho em cima da mesa. O outro obus, omenor, seguindo o mesmo caminho, veio quase logo colocar -se ao pé do primeiro.

Uns instantes depois, ouvem o médium exclamar: Sintoque me elevo. Trepado numa cadeira, sigo a sua ascensão atéao teto, ao longo do qual se acha deitado, e a minha mão pôdepercorrer-lhe o corpo em todo o seu comprimento, da cabeçaaté aos pés.

Desce lentamente, tomando de novo a posição ver tical, ecoloca-se em pé por cima da mesa, onde o acha mos, depoisde termos aumentado à luz do gás, com os pés exatamentepostos no espaço estreito que separa os dois obuses.

Essa tríplice ascensão, apesar do esforço conside rável quefaz supor, efetuou-se sem nenhum barulho, e o médium, pormais estranha que seja a sua situação, não parece surpreendidonem assustado.

O peso do médium podia ser avaliado, na época dasnossas experiências, em 60 quilogramas. Supondo de 80centímetros a altura da mesa, e de 3 metros a do teto, otrabalho efetuado pela força oculta para produzir as trêsascensões sucessivas não foi menor de (30+12) 0,8 + 60 X 3 =214 quilogrâmetros.

Em outras duas sessões distintas, o médium foi igualmentelevantado e deitado de encontro ao teto do seu quarto, semexperimentar a sensação de qualquer im pulso exterior e sempoder compreender os motivos de sua ascensão.

G - Levitações de Eusápia Paladino

Page 59: A levitacao

Eusápia Paladino é uma mulher de Nápoles, com quarentaanos de idade, cujas propriedades mediúnicas foram estud adaspor grande número de sábios, em Ná poles, Roma, Milão,Varsóvia, Cambridge e França. Os diferentes relatórios,redigidos logo depois das experiên cias, foram por mimreunidos no livro L'Extériorisation de la Motricité, publicadopela Livraria Chamuel, de Paris, em 1885.

(1°) Levitações em Nápoles, no ano de 1883. - Ocavalheiro Chiaia remeteu ao Congresso Espírita de 1889 arelação de experiências que acabava de fazer em Ná poles comEusápia, na presença do Professor Dr. Manuel OteroAcevedo, de Madrid, e do Sr. Tassi, de Perúgia. A médiumestava em transe, e o gás fora baixado a seu pedido.

No fim de alguns instantes, durante os quais só se ouvia oranger habitual dos dentes da médium em le targia, Eusápia,em vez de conversar, como sempre, em muito mau vasconçonapolitano, começou a falar em puro italiano, pedindo àspessoas sentadas ao seu lado que lhe segurassem nas mãos enos pés. Depois, sem ouvirmos qualquer atrito nem o menormovimento rápido da sua pessoa, ou mesmo a mais rápidaondulação da mesa em volta da qual nos achávamos os Srs.Otero e Tassi, os mais próximos da médium, foram osprimeiros a perceber uma ascensão inesperada. Sentiram queseus braços se levantavam muito devagar, e, não querendo porforma alguma largar as mãos da médium, teve que acompa-nhá-la na sua ascensão.

Este caso esplêndido de levitação é tanto mais digno deatenção quanto se realizou sob a mais rigorosa vigi lância, ecom tal celeridade que eles pareciam levantar uma pena. Oque surpreendeu sobretudo esses senhores, foi sentirem osdois pés da médium postos em cima da pequena superfície damesa (0,80m por 0,60m), já em parte coberta pelas mãos de

Page 60: A levitacao

quatro assistentes, sem que nenhuma destas mãos fossetocada, estando elas na mais completa escuridão.

Ainda que aturdidos por um fato tão extraordinário e tãoimprevisto, um de nós perguntou a John (29) se lhe seriapossível levantar um pouco a médium acima da mesa, a pésjuntos, de modo que nos permitisse cons tatar melhor aelevação. Em seguida, sem discutir a pergunta exig ente emaliciosa, Eusápia foi levantada de 10 a 15 centímetros acimada mesa. Cada um de nós pôde livremente passar a mão porbaixo dos pés da feiticeira, suspensa no ar'.

Ao contar-vos isto, não sei qual é o sentimento mais forteem mim: se a satisfação de tiver obtido um fenômeno tãomagnífico, tão maravilhoso, ou se a sus peita penosa de serconsiderado como visionário, mesmo pelos meus mais íntimosamigos. Felizmente éramos qua tro, compreendido nestenúmero o Dr. Acevedo, sempre desconfiado, e doissemicrentes, muito dispostos a aceitar a evidência dos fatos.

Quando a nossa feiticeira quis descer da mesa sem o nossoauxílio, com uma destreza não menos ma ravilhosa que aempregada para subir, tivemos outros motivos de admiração.Achamos à médium estendida, com a cabeça e a partesuperior das costas apoiadas à borda da mesa, com o resto docorpo horizontal e direito como uma barra, sem nenhum outroapoio na parte inferior, ao passo que o vestido estava aderenteàs pernas, como se estivesse atado ou cosid o em volta de si.Ainda que produzido na escuridão, este fato importante foi(inútil é repeti-lo) observado escrupulosamente com o maiorcuidado por todos, e de maneira a torná -lo mais evidente doque se fosse realizado em pleno dia.

Contudo, tive ocasião de ser testemunha de uma coisamais extraordinária ainda. Uma noite, vi a médium, com ocorpo hirto no mais completo estado de catalepsia, conservar-se na posição horizontal, tendo somente a ca beça encostada à

Page 61: A levitacao

borda da mesa, durante cinco minutos, á luz d o gás, napresença dos professores de Cintüs, Dr. Capuano, o bemconhecido escritor, Frederico Ver dinois e outras personagens.

2°) Levitações em Milão, no ano de 1892. - O relatóriooficial das experiências de Milão, redigido pelo Sr. Aksakof,Conselheiro de Estado do Imperador da Rússia, é assinadopelos Srs. Giovanni Schiaparelli, dire tor do ObservatórioAstronômico de Milão; Carl du Prel, doutor em Filosofia, deMunique; Angelo Brofferio, pro fessor de Filosofia; GiuseppeGerosa, professor de Física na Escola Superior de Agriculturade Portici; Ermacara, doutor em Física; Charles Richet,professor na Faculdade de Medicina de Paris; CésarLombroso, professor na Faculdade de Medicina de Turim.

Constata, com a levitação, outros dois fenômenos que lhesão conexos.

Variação da pressão exercida por todo o corpo da médiumsentada na balança. - A experiência apresentava muitointeresse, mas também muitas dificuldades; porque secompreende que todo o movimento, voluntário ou não, damédium sobre a prancha da balança pode causar oscilaçõesdesta prancha e, por conseqüência, da alavanca. Para que aexperiência fosse concludente, era mister que a alavanca, umavez na sua nova posição, aí ficasse al guns segundos paramedir a deslocação do peso. Fez -se o ensaio com estaesperança. A médium foi colocada na balança, sentada numacadeira, e achou-se um peso de 62 quilogramas.

Depois de algumas oscilações, produziu -se um abai-xamento muito pronunciado da alavanca durante segun dos, oque permitiu ao Sr. Gerosa, colocado perto da alavanca,avaliar o peso imediatamente. Era de 52 qui logramas, o queindicava uma diminuição de pressão equivalente a 10 quilos.

Ao desejo expresso por nós de obtermos o fenômenoinverso, a extremidade da alavanca não tardou a ele var-se,

Page 62: A levitacao

indicando então um aumento de 10 quilos. Esta experiênciafoi repetida várias vezes, e em cinco sessões diferentes. Umavez não deu resultado; mas, em outra ocasião, um aparelhoregistrador permitiu obter duas curvas do fenômeno.Tentamos reproduzir semelhantes d epressões, e não pudemosconsegui-las senão ficando completamente em pé na pranchae carregando então, quer de um lado, quer do outro, perto daborda, com movimentos bastante amplos, os quais nuncaobservaram na médium, nem a sua posição na cadeira teriapermitido. Todavia, reconhecendo que não se podia de clarar aexperiência absolutamente satisfatória, nós a completamoscom a que vai ser descrita mais adiante. Nesta experiência dabalança, alguns notaram que o êxito dependia provavelmentedo contacto do vestido da médium com o soalho, em cima doqual estava diretamente colocada a balança.

Foi isto verificado por um observador especialmenteproposto para esse efeito na noite de 9 de outubro. Es tando amédium na balança, a pessoa que estava encar regada de vigiaros seus pés, não tardou a ver a orla inferior do seu vestidoalongar-se até pender para baixo da prancha. Enquanto aiopuseram a esta operação, que, com certeza, não eraproduzida pelos pés da médium, a levitação não se efetuou;mas, desde que deixaram que a parte inferior do vestido deEusápia viesse a tocar no soalho, viu -se produzir umalevitação repetida e evidente, que foi indicada por uma grandecurva no quadrante registrador das variações de peso.

Em outra ocasião, tentamos obter a levitação da médiumcolocando-a em cima de uma tábua larga de desenho, e estaem cima da prancha da balança. Impe dindo a tábua o contactodo vestido com o soalho, a experiência não surtiu efeito.

Finalmente, na noite de 12 de outubro, preparou -se outrabalança, com uma prancha bem isolada do soalho e distantedeste cerca de 30 centímetros. Como se vi giava

Page 63: A levitacao

cuidadosamente para impedir todo o contacto for tuito entre aprancha e o soalho, mesmo pela orla do vestido de Eusápia, aexperiência falhou. Não obstante, nesta s condiçõesacreditamos obter, em 18 de outubro, alguns resultados; mas aexperiência não foi bem evidente.

Chegamos à conclusão de que nenhuma levitação nos deuresultado quando a médium estava perfeitamente isolada dosoalho.

Movimento de alavanca da ba lança de contrapeso. - Estaexperiência foi feita pela primeira vez na sessão de 21 desetembro.

Depois de ter-se constatado a influência que o corpo damédium exercia na balança, enquanto estava sentada em cimadela, era interessante ver se esta experiênc ia podia surtir efeitoà distância. Para isso, a balança foi colocada por detrás dascostas da médium sentada à mesa, de tal modo que a pranchaficasse a 10 centímetros da sua cadeira.

Em primeiro lugar, a orla do seu vestido foi posta emcontacto com a prancha: a alavanca começou a mo ver-se.Então o Sr. Paroffério pôs-se no chão e segurou a orla com amão. Constatou que não estava de modo algum repuxada,depois volveu ao seu lugar. Continuan do os movimentos combastante força, o Sr. Aksakof pôs -se no chão por trás damédium, isolou completamente da orla do vestido a prancha,dobrou aquela por baixo da cadeira e certificou -se, com amão, de que estava bem livre o espaço entre a prancha e acadeira, do que imediatamente nos deu conhecimento.Enquanto ele ficava nessa posição, a alavanca continuava amover-se e a bater de encontro à barra de espera, o que todosvimos e ouvimos.

Foi feita a mesma experiência uma segunda vez, na sessãode 26 de setembro, em presença do Profes sor Richet. Quando,depois de algum tempo de demora, o movimento da alavanca

Page 64: A levitacao

se produziu à vista de todos, batendo de encontro à espera, oSr. Richet deixou logo o seu lugar junto da médium ecertificou-se, passando a mão no ar e pelo chão, entre amédium e a prancha, de que esse espaço estava livre de toda acomunicação, de todo o manejo ou artifício.

Elevação da médium para cima da mesa. - Colocamosentre os fatos mais importantes e significativos, esta elevaçãoque se efetuou duas vezes, em 23 de se tembro e 3 de outubro.A médium, que estava sentada numa extremidade da mesa,fazendo ouvir grandes gemidos, foi levantada com a suacadeira e colocada com ela em cima da mesa, sentada namesma posição, tendo sempre as mãos seguras eacompanhadas pelas das pessoas que lhe estavam próximas .

Na noite de 28 de setembro, a médium, enquanto os Srs.Richet e Lombroso lhe seguravam as duas mãos, queixou -sede mãos que a agarravam por baixo dos bra ços; depois, numestado de transe, disse com uma voz mudada, que lhe é usualnesse estado: Agora trago a minha médium para cima damesa. No fim de dois ou três segundos, a cadeira, com amédium sentada nela, foi, não atirada, mas levantada deimproviso e depositada em cima da mesa, estando os Srs.Richet e Lombroso certos de em nada terem auxiliado essaascensão com os seus próprios esforços. Depois de ter falado,sempre em estado de transe, a médium anunciou a sua descidae, tendo-se o Sr. Finzi substituído ao Sr. Lombroso, foi àmédium depositada no chão com a mesma segurança eprecisão, ao passo que os Srs. Richet e Finzi acompanhavam,sem os auxiliarem em nada, os movimentos das mãos e docorpo e interrogavam-se a cada instante acerca da posição dasmãos.

Além disso, durante a descida, ambos sentiram uma mãoque, por várias vezes, os tocava levement e na cabeça. Nanoite de 3 de outubro, renovou-se o mesmo fenômeno em

Page 65: A levitacao

circunstâncias bastante análogas, estando ao lado da médiumos Srs. Carl du Prel e Finzi.

3°) Levitações em Varsóvia, nos anos de 1893 e 1894. -Eusápia foi a Varsóvia no fim do ano de 1 893 e ficou ládurante o mês de janeiro de 1894. Aí foi examinada pormuitas pessoas, e suscitaram-se a seu respeito polêmicasmuito animadas.

Houve vários casos de levitação, que foram mal des critosno relatório dado pela Revue de 1'Hypnotisme. Eis um c asobem comprovado

Uma vez, conta o Sr. Matazewski, fui testemunha daelevação da médium ao ar, no meio do quarto, sem nenhumapoio. Estava então em transe e elevava-se gradual, vagarosae levemente (em postura ereta), tornando a cair assimvagarosa e levemente no soalho. Isto fazia à mesma impressãoque se alguém levantasse e abaixasse a médium. Eusápia ficoubastante tempo suspensa no ar, para que livremente se lhepudesse passar a mão por baixo dos pés com o fim deconstatar que ela não tocava de modo algum no soalho. Aelevação foi de algumas polegadas. O fato repetiu -se quatrovezes.

O Sr. Ochorowicz falou assim dessas levitações naIlustração, de Varsóvia:

Um outro fato dos mais surpreendentes e raros (obtidoassim no Congresso de Milão) foi à levitação completa daprópria pessoa da médium, a qual, sempre agar rada pelasmãos e pelos pés, foi levantada do chão e levada com a suacadeira, em estado de catalepsia, para cima da mesa.

Levantarei a minha médium ao ar, disse Eusápia emfrancês bastante correto (língua que ela não conhece no seuestado normal); e, na realidade, foi levantada. Tal foi, pelomenos, a minha impressão durante alguns segundos. Passandoa mão por baixo das suas botinas, pude constatar que entre

Page 66: A levitacao

estas e a mesa havia uma dis tância de quatro a cincopolegadas.

Ainda outra vez a médium foi bruscamente levan tada dochão. Estava em pé, e o Sr. Ochorowicz teve tempo de passara mão entre os pés de Eusápia e o soalho. Terminada alevitação, a médium, sempre em es tado semiconsciente,caminhou para a mesa e, firmando as mãos em cima, tentousimular muito grosseiramente ou talvez provocar uma novaelevação. Uma particularidade bastante digna de nota, diz oSr. de Siemiradzki que a testemunhou, é a dos movimentosautomáticos análogos, porém, muito fáceis de ser distinguidosdos verdadeiros fenômenos, aos quais, em muitos casos, sedevem atribuir à fraude aparente de que às vezes acusaramEusápia.

4°) Levitação em Agnelas. - No mês de setembro de 1895,Eusápia esteve em França na minha casa de campo, situadaem Agnelas, perto de Voiron (Isère), a fim de ser estudada aípor uma Comissão composta dos Srs. Sabatier, deão daFaculdade de Ciências de Montpellier; Coronel de Rochas,diretor da Escola Politécnica; Conde A rnaldo de Gramont,doutor em Ciências Físicas; Dr. Dariex, doutor em Medicina,diretor da revista Annales des Sciences Psychiques; Maxwell,substituto do Procurador Geral em Limoges; Barão deWatteville, licenciado em Ciências Físicas e em Direito.

Houve uma levitação na sessão de 27 de setembro. A atapublicada pela Comissão descreve assim o fenô meno

10 h. 50'. - Os Srs. de Gramont, Sabatier, Coronel deRochas são sucessivamente tocados na cabeça, no ombro, nascostas, no braço. Nesse momento, o Sr. Dariex, cansado,deixa a sessão.

O Sr. Maxwell cede o seu lugar, à esquerda de Eusápia, aoSr. de Rochas. O Sr. de Gramont, deixando a verificação daspernas de Eusápia, passa à direita, substituindo o Sr. Sabatier.

Page 67: A levitacao

O Sr. de Rochas segura a mão esquerda de Eusápia e o Sr. deGramont a mão direita.

Eusápia pede que afastem a mesa da janela e a levem parao meio da sala. As mãos são examinadas, como fica dito. Ospés de Eusápia descansam o direito em cima do pé esquerdodo Sr. de Gramont, o esquerdo, em cima do pé direito do Sr.de Rochas.

Eusápia diz por várias vezes Apare, apare, isto é, Elevar,elevar, a fim de indicar que vai fazer esforço para erguer -se.Faz repetir aos Srs. de Gramont e Coronel de Rochas, que lheseguram as mãos, o movimento de acompanhar mãos no ar,mas sem operar tração ou resistência notável. No fim dealguns minutos e numa escuridão quase completa, que permitecom grande custo distinguir os perfis, pareceu ao Sr. deGramont, que segurava a mão direita de Eusápia, que esta,sem se firmar nas mãos dos observadores que seguemsimplesmente as suas, nem nos pés dos mesmos observadoresem cima dos quais descansavam os seus, era levantada,sentada, com um movimento contínuo bastante rápido, nãopor um pulo ou salto, mas antes por uma ascensão. A ca deiraeleva-se com ela, e os pés de Eusápia chegam quase à alturada mesa. Os observadores levantam -se ao mesmo tempo paraseguirem o movimento. A partir desse mo mento, ela escapadas mãos dos dois observadores. O Sr. Sabatier, colocado àdireita do Sr. de Gramont, procura perceber pelo tato, naescuridão, se Eusápia, enquanto se eleva, coloca um joelho emcima da mesa para lhe servir de alavanca; mas nada pôdeconstatar claramente. Os Srs. de Gramont e Coronel deRochas afirmam que Eusápia foi levantada com a sua cadeiraà altura pouco inferior à da mesa, sem operar pressão neles esem se firmar em suas mãos ou nos seus pés.

A surpresa traz ao exame uma confusão e um re laxamentonotáveis. Constata-se somente que Eusápia está em pé, com a

Page 68: A levitacao

sua cadeira em cima da mesa. Ela tenta elevar -se aindaverticalmente. O Sr. Sabatier passa rapidamente a mão porbaixo da planta dos pés de Eusápia, e constata que oscalcanhares estão levantados acima da mesa, porém queEusápia se apóia nos dedos dos pés, como fazemos quandonos erguemos na ponta dos pés.

Eusápia então se enfraquece. As pessoas próximas delarecebem-na nos braços e fazem-na sentar no chão. Devemosacrescentar que uma das pessoas que se achavam próxima s àmesa, desmaiou quase completamente, não de emoção, masde fraqueza, dizendo que sentira esvair -se de forças sob ainfluência dos esforços de Eusápia.

H - Experiências em Roma no ano de 1893

O Sr. Palazzi (de Nápoles) publicou, em dezembro de1893, a narrativa de uma sessão, à qual acabava de assistir emRoma, na casa de um pintor, o Sr. Francesco Alegiani, napresença do Sr. Henrique de Siemiradzki, do Dr. NicolaSantângelo, médico de Venosa, dos pro fessores Ferri e Lorgi,da Universidade de Roma, do Sr. Hoffmann, diretor da revistaLux, do Sr. Giorli e de alguns outros homens ou senhoras, aotodo umas vinte pessoas, entre as quais três médiuns, o Sr.Palmiani, engenheiro, e dois jovens estudantes, os Srs. ArturoRuggieri e Alberto Fontana. Este ú ltimo era o médium maispoderoso.

Catorze pessoas formaram a cadeia em volta da mesailuminada por uma lanterna vermelha.

O Sr. Fontana estava num dos ângulos. O Sr. Giorlisegurava-lhe a mão direita, e o Dr. Santângelo, que se achava,

Page 69: A levitacao

por causa do ângulo da mesa, na borda perpendicular à queocupavam os outros dois, segurava -lhe a mão esquerda.

Ouviram-se em primeiro lugar estalidos na mesa; esta selevantou parcialmente, e depois se ergueu intei ramente a trintacentímetros do solo.

Então, satisfazendo ao pedido da mesa, feito por meio depancadas, estabeleceu-se completa escuridão. Momentosdepois, de repente e sem que nada o tivesse feito prever, astrês pessoas acima indicadas foram erguidas ao mesmo tempoe levadas para cima da mesa, os Srs. Fontana, em pé,Santângelo, de joelhos. Esta diferença de posição poderiaachar a sua explicação no esforço que a força agente nãopudera desenvolver inteiramente sobre Santângelo, o qual nãose achava na mesma linha que o Sr. Fontana. Tivera quedeixar o doutor ajoelhado sem conseguir pô-lo em pé.

Seja de que modo for, é necessário uma força muitopoderosa para levantar, de uma só vez e ao mesmo tempo, trêspessoas das quais duas, os Srs. Giorli e Santângelo, são muitopesadas.

Este fenômeno foi devidamente consta tado por váriaspessoas, entre outras a Sra. Ferri e o Sr. Siemi radzki. Duranteesse tempo, o médium era levantado acima da mesa,fenômeno constatado e verificado p ela maior parte dosassistentes não somente pelos que se achavam junto domédium, mas também pela Sra. Ferri, o Sr. Siemiradzki e pormim, que estávamos do lado oposto da mesa. Passamoscompletamente por várias vezes a mão por baixo dos pés domédium, entre os seus pés e a mesa. Estava levantado cerca dedez centímetros.

Como a escuridão comple ta podia deixar supor que osdois pés por baixo dos quais se passava a mão, não eram os domédium, porém que um pertencia ao médium e o outro ao Sr.Giorli em pé ao lado dele, trouxeram a luz vermelha, fizeram

Page 70: A levitacao

descer os dois verificadores, e pe diram à força agente, que sedizia um Espírito chamado Oscar, que reproduzisse ofenômeno no médium, que fi cara só em cima da mesa esempre seguro da direita e da esquerda pelos verificadores, oque foi aceito.

Feita de novo a escuridão, o médium foi levantado acimada mesa. Verificou-se então, muito claramente, que ele foralevantado ainda a maior altura do que da pri meira vez, pois amaior parte dos assistentes puderam passar a mão por baixodos seus pés, não mais espalmada como precedentemente,porém direita e atravessada.

Tendo-se constatado bem a levitação, o médium desceuaté à mesa.

Pedimos então ao mesmo Espírito que o descesse de cimada mesa, coisa que foi logo feita. O médium, enquanto eradescido devagarzinho, não cessava de gritar que, por piedade,não lhe largassem as mãos.

Poucos instantes depois de o médium estar sentado na suacadeira, foi, de repente, atirado ao comprido, por baixo damesa, com tal violência que arrastou consigo o Sr. Giorli equase fez cair o Dr. Santângelo. O médium e o Sr. Giorlivieram bater com os pés nos nossos, e nós estávamos naextremidade oposta da mesa.

Dissemos ao Sr. Giorli que levantasse o Sr. Fon tana; mas,depois de alguns esforços, disse -nos ele que, devido ao Sr.Fontana estar muito pesado, não o con seguira mover.

Várias outras pessoas tentaram também, poréminutilmente, levantar o médium.

O Sr. Giorli ficava sempre estendido ao lado do médium.Fizemo-lo retirar dali e pôr-se em pé, com o receio de que elecontribuísse para tornar pesado o Sr. Fontana. Este, em seuespanto eterno, recomendava aos Srs. Giorli e Santângelo quenão largassem suas mãos. O Sr. Siemiradzki, homem alto e

Page 71: A levitacao

robusto, quis então levantar o médium, mas não tardou adeclarar que o Sr. Fontana estava pregado no chão e que nãoconseguia movê-lo.

A Sra. Ferri quis também tentar a prova, mas che gou aomesmo resultado negativo. Ferri, que estava sen tado ao meulado, exclamava cheio de surpresa: E não obstante, minhamulher é mais forte que um homem. Pedimos finalmente aoEspírito Oscar que levantasse o médium. Num abrir e fecharde olhos, foi este reposto na sua cadeira.

O Sr. Dr. Santângelo confirmou os fatos de levita ção,obtidos nas sessões de 8 e 15 de dezembro de 1893, numacarta da qual destaco o seguinte:

Em completa escuridão, tanto na primei ra como nasegunda sessão, verificamos a levitação do médium Rug gieri,o qual se elevou quase à altura de um metro acima do nível damesa, do que eu próprio me certifiquei e fiz constatar, naprimeira sessão, pela Sra. Possidoni, que estava à minhaesquerda, e na segunda sessão pela Sra. Ferri, que nos honraracom a sua presença.

No decurso da sessão, o médium, depois de ter sidoelevado ao ar, foi com força tirado de debaixo da mesa eobrigado a ficar imóvel, deitado de costas. Eu, a Sra. Ferri, oSr. e a Sra. Siemiradzki esforçávamo-nos para movê-lo pelomenos um centímetro. Tudo foi inútil; ele parecia de chumboe fortemente preso ao chão.

Há mais ainda. Na segunda sessão produziu -se um fatoque me impressionou muito e impressiona -me ainda todas asvezes que o relato.

Quando o médium Sr. Ruggieri começava a elevar -se, euo estava segurando fortemente com a mão; mas, vendo -mepuxado com força até perder pé, agarrei -me ao seu braço eassim fui elevado ao ar com o meu compa nheiro, que estavado outro lado do médium. Éramos todos três elevados ao ar

Page 72: A levitacao

até uma altura de, pelo menos, três metros acima do soalho,pois que eu tocava distintamente, com os pés, no lustre quependia do centro do teto.

Na rápida descida, acesa a luz, achei -me ajoelhado emcima da mesa, quase em perigo de quebrar o pescoço, semque, todavia, nada de desagradável me tivesse su cedido.

Sim, em Roma, eu próprio, sem asas, voei no ar, e istoposso atestar à face de Deus e dos homens; mas, antes demim, os três médiuns Cecechini, Ruggieri e Boella foramtambém levantados no espaço até tocarem no teto... E era beloouvir a voz deles vir de tão alto, anunciando o fenômeno.(Vede Lux, VI ano, fase. 12°. ).

Eis fatos e fatos importantes, incríveis, sim; mas, todavia,dignos de todas as considerações possíveis e imagináveis. Quevantagens tirarão deles a Química, a Fí sica, a Fisiologia, aPsicologia, a Antropologia, a Ética, a Moral, a Política, aReligião, etc.?

Por que não são estudados?... São coisas incom -preensíveis.

O Sr. Falcomer, professor no Real Instituto Técnico deAlexandria, falou-me dessa sessão numa carta com a data de10 de novembro de 1895:

Na casa do meu amigo Hoffmann, em Roma, um médiumelevou-se ao ponto de tocar com a cabeça no teto da sala.Enquanto se elevava, ele era segur o por duas pessoas, umapela mão direita, outra pela mão esquerda. O meu amigo, ocavalheiro Santângelo, médico cirurgião, e um outro, erguidospelos braços, elevaram-se ao mesmo tempo em que ele.

Na mesma carta, o Sr. Falcomer assinala outra levi taçãoque acabava de se realizar em Florença, e cujo re sultado foitão desastroso que ele me pediu para não publicar os nomesdas vítimas.

Page 73: A levitacao

Um médico, redator de uma revista de hipnotismo, vieraassistir à sessão, trazendo consigo o seu parente Sr. X..., tãoincrédulo como ele. O Sr. X... Desafiou, em termos bastantegrosseiros, a força desconhecida a que produzisse algumacoisa diante dele. O Espírito não tardou a responder com umargumento irresistível. Levantou até ao teto da sala aquele queo desafiara e deixou-o cair tão pesadamente que lhe quebrou obraço.

Espero fazer entrar a convicção no cérebro dos lei tores,por um processo menos brutal.

J - Casos diversos

Dois casos foram recentemente observados em Gre noble eafirmados pelo cura de uma das suas par óquias, por umprofessor da Faculdade e por um engenheiro, an tigo aluno daEscola Politécnica, que os testemunharam.

O primeiro refere-se a uma extática recolhida numconvento dos arredores. Essa mulher ficava deitada nomomento das suas crises. Algumas vezes, o corpo tornava-se-lhe rígido e, se a pegavam pelo cotovelo, podia ser levantadacomo uma pena, tão leve parecia.

O segundo caso é o de um menino que, durante al gunsanos, apresentou fenômenos muito análogos aos que foramdescritos sob o nome de agilidade sobrenatural, no capítuloIII, isto é, trepava sem esforço ao longo das paredes. A mãeestava muito inquieta com essas mani festações anormais.Consultou em vão os médicos. Um dia, o menino caiu numacrise de sonambulismo e indicou certa tisana qu e devia bebero que foi feito, e ele se curou.

Page 74: A levitacao

Na sessão de 3 de fevereiro de 1897 da Sociedade dasCiências Psíquicas, o padre Bulliot citou um caso de levitaçãoque ouviu contar monsenhor Hulst. A tia do prelado, umasanta religiosa, mãe do burgomestre, morta em 1863, eraelevada acima do chão por várias vezes e à vista de todas asfreiras da sua comunidade, nota damente quando na suapresença se falava do amor de Deus.

Um dia, a piedosa madre, tendo sido atada ao seugenuflexório, arrastou-o consigo. O genuflexório caiu e deuma altura tal para se quebrar em pedaços, que foramconservados. Monsenhor Hulst interrogou separadamentevárias religiosas que testemunharam esses fatos.

Conheço, em Bordéus, uma honrada mulher, a se nhoraAgullana, que me contou te r sido, quando jovem, perseguidana sua aldeia, onde passava por feiticeira, por que algumasvezes se elevava de repente ao ar, durante um instante, semque soubesse donde isso provinha.

A levitação foi algumas vezes obtida por atraçãomagnética.

Um dos casos, observado pelo Sr. Borguignon, nego cianteem ftouen, foi descrito por ele numa carta endere çada ao Dr.Charpignon, a 3 de junho de 1840. Tendo notado, diz ele, queos seus membros (os do paciente que ele magnetizava)seguiam, quando eu desejava, to dos os meus movimentos,lembrei-me de atraí-los. Tendo colhido bom resultado emdiferentes ensaios, coloquei minha mão a duas ou trêspolegadas acima do epigástrio, e todo o corpo se elevou,ficando suspenso... Acrescentarei que tendo tido; há seissemanas, a pessoa que eu magnetizo um resfriamento dopeito, deixou, para não cansá-la, de elevá-la horizontalmente.Coloco então a mão por cima da sua cabeça, e faço -a elevarde maneira que eu consiga passar várias vezes a mão ou umabengala por baixo dos seus pés.

Page 75: A levitacao

O Sr. Borguignon afirma que, de dez experiências, tirouresultado em oito, porém que não pôde reproduzi -las comnenhum outro paciente.

O Sr. Phéron, de Montauban, diz ele ainda, com quemestou ligado e que se tem ocupado em magnetizar segundo osmeus conselhos, asseverou-me ter obtido ao mesmo resultadonuma sonâmbula. Não vi isso, mas sei que ele é homemincapaz de alterar a verdade. (30)

O Journal du Magnétisme, de Ricard, consigna, no seunúmero de novembro de 1840, um fato análogo. O Sr.Schmidt, médico em Viena (ÁUSTRIA), veio fixar-se naRússia com sua filha, que ele casou depois com o Sr. Pourrat(de Grenoble). Em Kiev, a Sra. Pourrat, que era valetudinária,foi magnetizada por seu pai. O efeito foi tão poderoso que,depois de feitos alguns passes, a doente, com grandeadmiração dos assistentes, foi levantada do leito no qualestava estendida ao comprido, de maneira que podia passar -sea mão entre o leito e o corpo, sem tocar em coisa alguma.

O Dr. Kerner refere igualmente, na sua obra Voyants dePrévorst, que, tendo constatado que os seus dedos atraíam osda Sra. Hauffe, estendeu as mãos por cima dela e levantou -ado chão. Sua mulher obteve o mesmo resultado.

Enfim, farei observar que a levitação de uma pessoa vivapode ser considerada como um cas o particular da levitação deum objeto pesado qualquer, de que dei tão numerososexemplos no meu livro Extériorisation de la Motricité, e cujarealidade acabamos ainda de constatar em duas séries desessões efetuadas de 15 de setembro a 15 de outubro de 18 95com Eusápia Paladino, em Paris e em Choisy -Yvrac, perto deBordéus.

Em Paris, uma pesada mesa elevou -se bruscamentedebaixo das mãos dos experimentadores até à altura das suasbarbas, ficou nessa posição durante algum tempo, apesar dos

Page 76: A levitacao

esforços empregados para a fazerem descer, e depois caiu comestrondo.

Um desses experimentadores, o Sr. Sully -Prud'-homme,da Academia Francesa, viu um mocho de arquiteto, muitopesado, avançar sozinho para si. Roçou -me, diz ele, o ladoesquerdo, elevou-se à altura da mesa, e veio pousar em cima.

Em Choisy-Yvrac, enquanto segurávamos e víamos asduas mãos de Eusápia postas em cima da mesa, uma cadeira,colocada por trás dela, elevou-se sozinha, passou por cima dasua cabeça, por cima da mesa, e veio apre sentar-se, no ar, àmão de um de nós que ia ao seu encontro.

*

Certamente, qualquer pessoa que, abrindo ao acaso estelivro, lesse isoladamente um dos fatos que citamos nãohesitaria em classificá-lo como absurdo; mas está aí à históriadas ciências para nos recordar que cada geração viu derrocar-se, diante dos fatos novos pacientemente recolhidos eobservados, a maior parte do acervo dos co nhecimentos deque, entretanto, a geração precedente se julgava bem segura.Considerai a biblioteca de um físico, de um químico, de umfisiologista do último século. Que resta hoje? Temos o direitode nos considerarem mais privilegiados que os nossosantepassados, sobretudo quando pensamos nas dificuldades detoda sorte que se têm oposto e se opõem ainda ao estudo dosfenômenos de que aqui se trata?

CAPITULO VTEORIAS PROPOSTAS E FENÔMENOS ANÁLOGOS

A - As teorias

Page 77: A levitacao

Viu-se, nos capítulos precedentes, quão diversas eram ascircunstâncias nas quais se produzia a levitação, e al gumasdas explicações que foram dadas.

O Abade Ribet e alguns místicos são levados a atri buir amaior parte dos casos à preponderância que o espírito tomasobre o corpo.

Os ocultistas exprimem quase à mesma opinião, dizendoque o corpo astral, desprendendo -se, arrasta o corpo carnal, efazem notar que é a este desprendimento do corpo astral,operado em outras condições, que são de vidos os sonhos tãofreqüentes em que se imagina ser subtraído à ação dagravidade e ter a faculdade de se lançar através dos ares.

Home, Eusápia e a grande maioria dos católicos vê emnisso a ação de entidades inteligentes e invisíveis ( elementaresanjos ou demônios).

Certos sábios orientais, finalmente, explicam o fato porcorrentes elétricas.

Tal é também a explicação proposta pelo Sr. Fu gairon,doutor em Ciências e Medicina, que admite a realidade dosfatos, no seu livro intitulado Ensaios sobre os fenômenoselétricos dos seres vivos.

Eis o que ele diz (págs. 133 e seguintes)São conhecidos os movimentos devidos ao fluxo da

eletricidade pelas pontas, fluxo que é posto em evidênci a noscursos de Física, por meio do torniquete. Se fixarmos oinstrumento sobre o condutor de uma máquina elétrica, vemo -lo girar em sentido contrário ao fluxo da eletrici dade. Explica-se esse movimento pela repulsão que se exerce entre o areletrizado e a própria ponta, repulsão que expele o ar de uma

Page 78: A levitacao

parte, e de outra faz retrogradar a ponta. A rotação dá -setambém no azeite, líquido mal condutor, mas não na água.

Por conseguinte, não seria possível que um pacienteperelectrógeno, bem dotado, em pé, na p onta dos pés, sobreum soalho ou ladrilho mal condutor, e produzindo um fluxomuito intenso de fluido elétrico pelos dedos dos pés, seelevasse acima do solo? Não poderia também produzir -se oefeito se o paciente, em êxtase, deixasse escapar o seu fluidoao mesmo tempo pelos dedos dos pés e pelos joelhosdobrados?

Sabe-se que o corpo dos animais é diamagnético, e que aTerra é um ímã. Ora, da mesma maneira que os corpospesados se afastam da superfície da Terra, quando pesammenos, em volume igual, do que o meio ambiente, da mesmamaneira um ímã repele o corpo que é menos magnético doque o meio no qual está mergulhado. Tal vez que esteprincípio, devido a Becquerel, represente também um papel nalevitação. (31)

Parece isto tanto mais provável quanto se viu, nas citaçõesprecedentes, produzir-se a levitação como uma espécie deprolongamento da agilidade supernatural, isto é, dadiminuição de peso dos pacientes (32), e experiên cias feitasno fim do século XVIII pareceriam provar que a eletricidadediminuía o peso dos corpos.

Eis, com efeito, o que diz Steiglehner, professor de Físicaem Ingolstadt, numa memória publicada no ano de 1785, emHaia, com o título Analogia da Eletricidade e do Magnetismo.

- Mandei fazer dois vasos cilíndricos de latão. Dei -lhes,por meio de uma boa balança, igual peso e en chi-os com igualquantidade de água. O diâmetro de cada vaso era de 31 linhas.Tirei um dos vasos da balança e eletrizei-o com a água quecontinha. Pus outro à parte, mas deixei -o no mesmo quartopara não expô-lo a outra temperatura. Depois de ter eletrizado

Page 79: A levitacao

o vaso e a água que ele continha, durante uma hora, tornei apôr os dois vasos na mesma balança, e o que fora eletrizadopesava 12 grãos menos. Houvera, pois, uma evaporaçãoequivalente à mesma quantidade.

- Coloquei um pássaro na concha de uma balança, eeletrizei-o durante duas horas ou mais. Achei que diminuíacada vez mais de peso, de modo que, por último, estavamalguns grãos mais leves, porém não posso ainda determinar onúmero exato, porque é difer ente segundo o estado damáquina e do ar.

Achei, no intervalo de tempo que acabo de enun ciar,algumas vezes 8 grãos, outras vezes 12. O Senhor AbadeNollet achou quase a mesma coisa. Segundo as suas ex -periências (Memórias da Academia Real das Ciências, em1747, pág. 238; em 1748, pág. 178), um gato perdeu entre 66e 70 grãos, um pombo entre 15 e 20, mas ele trizou durante 5ou 6 horas.

Certos magnetizadores pretendem que se pode tornar umobjeto pesado ou leve, magnetizando -o.

Afirmamos, diz o Sr. de Mirville (Des Esprits, pág. 300),que, a um simples sinal que nós mesmos trans mitíamos a ummagnetizador, o seu sonâmbulo, carregado aos nossospróprios ombros, tornava-se à nossa vontade infinitamentemais leve ou esmagava-nos com todo o seu peso. Afirmamosainda que, a um simples sinal nosso ao magnetizador,colocado na outra extremidade do quar to, esse sonâmbulo,cujos olhos estavam hermeticamente cerrados, deixava -serapidamente arrastar... Ou então, obedecendo à nossa novaintenção, ficava de repente tão pregado ao soalho que,curvado horizontalmente e não se sustendo já senão naextremidade da ponta dos pés, eram baldados todos os nossosesforços (e éramos quatro) para o fazermos avançar uma única

Page 80: A levitacao

linha. Podíeis atrelar-lhe seis cavalos, dizia-nos omagnetizador, que não o fareis mover daí. . .

Allan Kardec refere, em O Livro dos Médiuns, que váriasvezes vimos pessoas fracas e delicadas levantarem com doisdedos, sem esforço e como uma pena, um homem forte erobusto com o móvel em que ele estava sentado. Estafaculdade é, de resto, intermitente nos pacientes talvez, nistoum fenômeno de outra ordem que se pode aproximar daexperiência seguinte, referida pelo célebre físico DavidBrewster, membro da Sociedade Real de Londres, numa dassuas Cartas a Walter Scott sobre a Magia natural.

A pessoa mais pesada da sociedade deita -se em cima deduas cadeiras, de tal modo que a parte inferior das coxasassenta numa e os ombros na outra. Quatro pessoas, uma emcada pé e em cada ombro, procuram levantá-la, e constatamlogo que a coisa é muito difícil. Quando todas cinco volveramàs suas posições primitivas, a pessoa deitada dá dois sinaisbatendo duas vezes com as mãos uma na outra. Ao primeirosinal, ela e as outras aspiram com força. L ogo que os pulmõesestão cheios de ar, dá o segundo sinal para a elevação, que sefaz sem a menor dificuldade, como se a pessoa levantadafosse tão leve como uma pena.

Tive várias ocasiões de observar que, quando uma daspessoas que levantavam não aspirava ao mesmo tempo emque as outras, a parte do corpo que ela se esforçava porlevantar, ficava abaixo das outras.

Muitas pessoas fizeram sucessivamente o papel decarregador ou de carregado. Todas ficaram convencidas deque, pelo processo que acabo de descre ver, ou o peso do fardodiminuía ou a força dos carregadores aumentava.

Em Veneza, foi à mesma experiência repetida emcondições ainda mais admiráveis. O homem mais pesado dasociedade foi elevado e carregado na extremidade dos dedos

Page 81: A levitacao

mínimos de seis pessoas. O Major H... Declara que aexperiência falha quando a pessoa a elevar está deitada emcima de uma tábua e o esforço das outras pessoas se exercesobre a tábua. Considera como essencial que os carregadoresachem-se em contacto imediato com o corpo human o a elevar.Não tive ocasião de verificar este fato pessoalmente.

E muito provável que o fenômeno seja complexo (33) enem sempre devido às mesmas causas. Por isso, não é seminteresse, numa questão ainda tão obscura, recordar aquioutros fatos que têm com ele alguma semelhança e sãoevidentemente causados pela eletricidade.

B - Fenômenos de repulsão produzidos pelas correntesalternativas

(Ext. Da obra Physlque Populaire, Desbeaux, págs. 56 eseguintes.)

O Professor Elihu Thomson, de Lynn (Estado deMassachusetts), observou em 1884, no Instituto de Was -hington, que um eletroímã, excitado por uma correntealternativa e periódica, repelia um magneto, um disco decobre, um tubo, etc., convenientemente colocados no seucampo.

Essas experiências intrigaram muito os visitantes daExposição de 1889, pouco habituados, na maior parte, aosfenômenos de ação à distância, isto é, exercendo-se semintermediário visível. O aquecimento intenso dos objetosrepelidos era igualmente para eles uma causa de admi ração.

O eletroímã empregado não era diferente dos quedescrevemos. Estava colocado verticalmente sobre um su -porte. O seu núcleo era formado por um grosso feixe de fios

Page 82: A levitacao

de ferro, isolados uns dos outros. O fio de cobre enrolado aoredor deste núcleo era muito compri do. As suas extremidadesterminavam nos dois limites do supor te, ligados por outraparte às extremidades do circuito exterior que conduzia acorrente de um poderoso dínamo de efeitos alternativos. Umtubo de cartão, enfiado no ele tro, escondia-lhe o fio.

Estando assim preparadas as coisas, se abandona a simesmo um anel que cerca o eletro, ele é violentamentelançado ao ar.

C - Transporte, pelo raio, de objetos inanimados.(Ext. Da obra Le Tonerre, de F. Arago, paginas 124 e

seguintes.)

Uma propriedade do raio bem digna de ser estudada éaquela em virtude da qual o meteoro transporta algu mas vezesao longe massas de grande peso. Vou citar alguns exemplosdesses transportes.

Na noite de 14 para 15 de abril de 1718, um raio fez saltaro telhado e as paredes da igreja de Gouesnon, perto de Brest,como teria feito à dinamite. Pedras foram lançadas em todasas direções, até à distância de 51 metros.

O raio que caiu no castelo de Clermont -en-Beauvaisis fezum buraco de 65 centímetros de largura e de 60 deprofundidade numa parede, cuja construção, segundo atradição geral, remontava ao tempo de César, e que, em todosos casos, era tão dura que a picareta a muito custo lhe entrava.Os estilhaços, provenientes desse bu raco, achavam-seespalhados em diversas direções, a mais de 16 metros dedistância.

Page 83: A levitacao

Durante a noite de 21 para 22 de junho, o raio quebrouuma árvore na floresta de Nemours. Os dois fragmentos dotronco tinham, um 5 e o outro 7 metros de comprimento.Quatro homens não teriam levantado o primeiro; entretanto, oraio atirou-o a 15 metros de distância. O segundo estava a 5metros do primeiro lugar, mas numa direção oposta aoprimeiro fragmento. O seu peso excedia o que só oito homensconseguiriam remover.

Em janeiro de 1762, o raio caiu no campanár io da igrejade Breag, no Cornosilles. A torrezinha (pináculo) de alvenariado sudoeste foi feita em cem pedaços e to talmente demolida.

Uma pedra, que pesava quintal e meio, fora atirada decima do telhado da igreja, na direção do sul, à dis tância de 55metros (sessenta jardas).

Achou-se outra pedra a 394 metros (400 jardas) da torre,mas esta para o norte. Uma terceira estava ao sudoeste.

Em Funzie, em Feltar (Escócia), pelo meado do úl timoséculo, uma rocha de micaxisto, com 32 metros decomprimento, 3 metros de largura, e tendo, em algumaspartes, 1,20m de espessura, foi arrancada num instante por umraio, e quebrada em três grandes fragmentos, fora ospequenos. Dos fragmentos maiores, um com 7,90m decomprimento, 3 metros de largura e 1,20m de espessu ra, forasimplesmente virado. O segundo com 8,50m de comprimento,2,10m de largura e 1,50m de espessura, lançado por cima deum cômodo, foram cair na distância de 45 metros. Um outrofragmento, com cerca de 12 metros de comprimento, foiprojetado na mesma direção com maior força ainda, e perdeu -se no mar. (Extraído, pelo Sr. Hilbert, dos Manuscritos, doRev. Jorge Low, citado pelo Sr. Lyell, no 1° volume da suaobra Príncipes de Géologie. ).

Em 6 de agosto de 1809, em Swinton, distante cerca de 8quilômetros de Manchester, o raio produziu, numa parte da

Page 84: A levitacao

casa do Sr. Chadwick, efeitos mecânicos notá veis, que vamosdescrever sem nos ocuparmos, neste mo mento, com a suaexplicação.

Uma casinha feita de tijolos, que servia para arma zenarcarvão de pedra, e terminada, na parte superior, por umacisterna, estava encostada à habitação do se nhor Chadwick.As paredes tinham 0,90m de grossura e 3,30m de altura. Osseus alicerces desciam a 30 cen tímetros aproximadamenteabaixo do solo.

Em 6 de agosto, às duas horas d a tarde, em seguida adescargas repetidas de um trovão afastado e que pa reciaaproximar-se, ouviu-se uma explosão formidável. Foiimediatamente seguida de torrentes de chuva. Du rante algunsminutos, um vapor sulfúreo rodeou a casa.

A parede exterior da casinha, com a carvoeira e a cisternaforam arrancadas dos alicerces e levantadas em massa. Aexplosão levou-as verticalmente e sem derrubá-las, a algumadistância do seu primitivo lugar. Uma das suas extremidadesdeslocara-se 2,70m, a outra 1,20m. A pare de assim levantadae transportada compunha-se, sem contar a argamassa, de7.000 tijolos e podia pesar 26.000 quilos aproximadamente.

Na ocasião do fenômeno, a carvoeira continha umatonelada de carvão e a cisterna uma certa quantidade de água.(Mem. de Manchester, tomo II, 2° série. ).

O Sr. Liais relata que, durante a tempestade desa bada emCherburgo na noite de 11 para 12 de julho de 1852, o raio caiuno mastro de mezena do navio O Pa triota, que se achava noporto. O mastro fulminado foi fendido num comprimento de26 metros, entre a ponta e o cesto da gávea. Váriosfragmentos foram lançados a grande distância. A força deprojeção foi tal que um pedaço de 2 metros de comprimento,medindo 20 centímetros em esquadria na extremid ade maisgrossa, e terminando em ponta na outra extremidade, veio, a

Page 85: A levitacao

cerca de 80 metros de distância, arrombar o tabique de car -valho da serralharia, tabique de 3 centímetros de gros sura.Esse estilhaço entrou pela parte mais grossa, e entranhou -sequase até ao meio do tabique. Deteve -o um nó.

D - Transporte, pelo raio, de pessoas vivas.(Ext. Da obra do Dr. F. Sestier: La Faudre, Paris, 1866,

tomo II, pág. 87.)

O raio, que transmite ao longe os corpos inertes, exercetambém sobre o homem e os animais os efeitos de translação.

No momento em que o navio A Felicidade foi fulminadoperto de Bona, o imediato viu passar na sua frente o grumete,arrebatado com a rapidez do relâm pago, da popa à proa donavio, onde caiu.

Em 8 de julho de 1839, às três horas d a manhã, o raio caiunum carvalho perto de Boiremont, nos arre dores de Friel(Sena-et-Oise) e feriu dois operários cavouqueiros refugiadosdebaixo dessa árvore. O mais novo, Atanásio Pion, com 22anos de idade, foi morto no mesmo lugar. Apresentava sinai sde queimadura desde o ombro direito até o pé do mesmo lado;as suas vestes de algodão caíam em fios. O pai, fulminado namesma ocasião, apresentava também sinais do raio, desde afronte e o ombro esquerdo até o pé esquerdo, cujo sapato tinhaum furo. No mesmo instante, foi levantado e transportado a 23metros de distância, para uma moita de castanhei ros, donde oretiraram semimorto. Esse infeliz operário ficou aleijado.

Algumas vezes, os fulminados são levantados perpen -dicularmente, e caem depois no mes mo lugar. Os doutoresRaymond e Fallibart citam vários exemplos. O Dr. Giraultrefere outro exemplo.

Page 86: A levitacao

Um caso mais comum é aquele em que as pessoas sãolevantadas, lançadas ou transportadas a distâncias variáveis.

Fort-Liceti refere que, tendo caído o raio durante 0 ofíciodivino numa igreja de Carpentras, um menino foi arrebatadodos braços de sua mãe e projetado a três passos de distância.

Um fato semelhante foi relatado pelo Dr. Frencalye. Outrofoi observado na igreja de São Martinho, em Dijon.

Um empregado de um posto de telegrafia elétrica re cebeutão violenta comoção que foi arrebatado da sua cadeira elançado com força, através de uma janela, a um jardimvizinho.

Três homens achavam-se num celeiro onde penetrou oraio. Um foi impelido para frente e atirado ao chão, ondeficou como morto. Os outros dois foram lançados em direçõesopostas, um contra a parede, o outro contra um tabique detábuas (Lathrop).

A distância do transporte é às vezes bastante gran de (34).Um lenhador, fulminado pelo raio, foi lançado a umadistância de 20 pés (cester).

Howard, Lathrop, Buissart, Huberto, Lozeran e Beyercitam casos análogos.

O seguinte, referido por Sage, é assaz interessante.Em 23 de junho de 1773, perto de Chantilly, o cirurgião

Brillonet foi surpreendido por uma tempestade, acompanhadade saraiva e de ventos impetuosos. Desceu do cavalo eprocurou abrigo debaixo de uma árvore, onde já se refugiaraum cultivador. A fim de oporem maior resistência ao vento,estreitaram-se um contra o outro, abraçando a árvor e; mas oraio, caindo sobre eles, separou-os. O cultivador foi atirado a6 pés da árvore para o oriente, e o cavalo para o ocidentedentro de um fosso que estava à mesma distância. Brillonetfoi levantado e transportado a 25 passos na direção do fosso,

Page 87: A levitacao

descrevendo uma parábola. Barqueiros avistaram -no de longe,no ar, como um vulto negro.

Da mesma forma que não explicamos a levitação, nãopodemos explicar atualmente os efeitos do raio, assim comomuitos outros que se aproximam dos fenô menos observadosnas sessões mediúnicas, como as bolas de fogo e as projeçõesde caracteres ou de desenhos. Sejam quais forem às relaçõesque possam esses fatos ter entre si, eles devem ser estudadosdo mesmo modo pelos homens da Física..

Não é hoje só o ilustre William Thom son, atual LordKelvin, quem, como em 1871, no seu discurso de inauguraçãodas sessões, em Edimburgo, da Associação Britânica para oAdiantamento das Ciências, pode pro ferir estas nobrespalavras:

A Ciência é obrigada, pela eterna lei da honra, aencarar sem temor qualquer problema que lhe puder serfrancamente apresentado.

OS LIMITES DA FÍSICAMemória apresentada em 1898 ao Congresso Espiritua lista

de Londres, pelo Coronel de Rochas.

Não me é possível, disse Arago, no seu livro sobre Bailly,aprovar o mistério em que se envolvem os ho mens de ciênciaque têm assistido às experiências do sonambulismo. - Adúvida é uma prova de modéstia e raramente prejudica osprogressos da Ciência. - Não podemos, porém, dizer o mesmoda incredulidade.

Page 88: A levitacao

Somente nas matemáticas puras é permitido o em prego dapalavra impossível. A prudência é um dever, principalmentequando se estuda o organismo humano.

Apesar das sábias palavras desse homem de gênio, amaioria dos cientistas que se escondem em gaiolas de vidro,persiste em manifestar uma desdenhosa hostili dade contratudo àquilo que, direta ou indiretamente, se refere aosfenômenos psíquicos.

Citemos como exemplo, as seguintes linhas tiradas dojornal Le Temps, de 12 de agosto de 1893, assina das pelo Sr.Pouchet, professor no Museu de Paris.

Querem demonstrar que um cérebro pode, por umaespécie de gravitação, atuar, a distância, sobre outro cérebro,como um ímã, o Sol sobre os planetas, e a Terra sobre oscorpos que estão em sua superfície; buscam descobrir umainfluência, uma vibração nervosa propa gando-se sem umcondutor material; e o que mais causa pasmo é ver que todosaqueles que mais ou menos acre ditam nessas coisas, queescapam ao exame dos nossos sentidos, apesar de ignorantes,suspeitam da importância, do interesse e da novidade nelascontidos, e da revolução que produzirão no seio da saciedadede amanhã!

Fazei-o, boa gente! Demonstrai-nos isso, e vossos nomesserão na imortalidade colocados acima do de Newton; e euvos garanto que os Berthelots e os Pas teurs se dobrarãosubmissos diante de vós.

Certamente não aspiramos subir a tais alturas, masestamos convencidos da importância do que investigamos;portanto, consolamo-nos dos golpes que sobre nós descarregao Sr. Pouchet, primeiro porque temos cer teza da realidade dosfatos que observamos, e em se gundo lugar por vermoshomens da estatura do Professor Lodge e do Dr. Ochorowicz,

Page 89: A levitacao

classificados conosco como simples ignorantes, estudando aquestão e buscando resolver o problema físico -fisiológico.

Em aditamento às numerosas observações em que sebasearam esses homens eminentes, eu quero chamar a vossaatenção para um caso assaz característico, pro vavelmentepouco conhecido na Ingla terra. O caso de um menino de seteanos de idade, observado em 1894 pelo Dr. Quintar. Essepequeno, em seu estado normal, responde a qualquerpergunta, resolve sem a mínima dificuldade qualquerproblema, contanto que sua mãe esteja nas condições de fazê -lo. Ele lê instantaneamente os pensamentos de sua mãe, semhesitação alguma, mesmo com os olhos cerrados ou voltadospara outro ponto; basta, porém, colocar -se um simples biomboentre os dois, para que cesse a comunicação. Estamos noslimites da Medicina, e a explicação desse fenômeno não émais nem menos certa que a da telegrafia sem fios.

Não é para admirar que aqueles que consumiram suamocidade no estudo das teorias estabelecidas por seuspredecessores, e que agora buscavam a seu turno passariasadiante, só com repugnância aceitem inova ções que nosforçam a uma penosa revisão da sua educação. Sempre se deuisso; e o meu chorado amigo, Eugênio Nus, dedicou seu livro- Chores de Autre Monde - aos venerados, enobrecidos,coroados, condecorados e reputados sábios que rejeitaram ateoria da rotação da Terra, dos meteoritos, do galv anismo, dacirculação do sangue, da inoculação da vacina, a teoriaondulatória da luz, o pára-raios, o daguerreotipo, o propulsor,o barco a vapor, a via férrea, o gás de ilumina ção, ahomeopatia, o magnetismo, etc.

O mesmo dirá o futuro dos que hoje es tão vivos eprocedem como aqueles. Esses sábios, contudo, servem paraalguma coisa; passaram à condição de pedra -milheira;representam o passado do progresso.

Page 90: A levitacao

Se somente devêssemos aceitar os fatos conformes com asteorias hoje admitidas, teríamos de reje itar quase todas asdescobertas feitas em nossos dias no domínio da eletricidade.

Nas ciências, diz o Prof. Hopkinson, quanto maior for onúmero de fatos que conhecermos, melhor perce beremos acontinuidade da cadeia que os liga, fazen do-nos ver o mesmofenômeno manifestado de modos diferentes. Não se dá istocom o magnetismo. Quanto maior é o número de fatosobservados, maior é o das par ticularidades excepcionais queos distinguem, e menor o das probabilidades de existir entreeles um laço que os reúne todos.

A atmosfera elétrica nos oferece constantemente fe -nômenos cuja chave não possui, e que reaproximam tanto dosque observamos nas manifestações da força psíquica, quetemos toda a razão de perguntar se não procedem da mesmacausa.

Vós todos tendes ciência dos globos de fogo, maiores oumenores, que se têm apresentado junto aos médiuns,parecendo, às vezes, guiados por uma força inteligente.Muitos encolherão os ombros ouvindo falar disso, entre tantodirei que nas obras clássicas estão relatados mui tos fenômenosexatamente análogos e tão inexplicáveis como estes. Voucitar-vos alguns o primeiro se deu perto de Ginepreto, nãolonge de Pavia, em 29 de agosto de 1791, por ocasião deviolento temporal. Ele foi descrito em uma carta do Abad eSpallanzini Barletti (Opusc. Volume XIV, pág. 296. )

Um bando de patos pousou a uns cento e cinqüenta passosde uma herdade; um menino de doze anos e outro menorsaíram da casa correndo para fazê -los retirar, ficando nocampo a vê-los um homem de cerca de cinqüenta anos e umamenina de nove ou dez anos. De repente, apareceu no campo,a três ou quatro pés distante da menina, uma bola de fogo, dagrandeza de duas mãos fechadas, que, deslizando cobre o

Page 91: A levitacao

solo, veio colocar-se entre os pés descalços da criança,introduziu-se por baixo do seu saiote, transformando -o demodo a assemelhar-se a um guarda-sol, foi até o meio de seucorpete e, sempre conservando sua forma esférica, ati rou-seno ar onde detonou com estrondo. Esses detalhes não foramfornecidos pela paciente, pois caiu logo sem sentidos, maspelo homem e o menino menciona do que, interrogadosseparadamente, deram idênticas res postas. Perguntei-lhes, dizSpallanzini, se naquele momento não tinham visto umachama, uma luz brilhante descer, cair da nuvem e precipitar -secobre a menina; e eles sempre me responderam que não, quetinham visto a bola subir e não descer.

No corpo da menina, que placidamente tornou a si, haviauma mancha muito superficial, estendendo -se do joelhodireito ao meio do tórax entre os seios; sua camisa estavadespedaçada nos lugares correspondentes e mostrava traços dequeimadura que desapareceram com uma lavagem. Umaabertura de duas linhas de diâmetro fora encontrada nocorpete de que usam as mulheres desse país. O Dr. Dagno,médico do lugar, visitando a paciente algumas horas depois doacidente, encontrou ainda a mancha mencionada, muitasmarcas superficiais, enegrecidas e dispostas, em ziguezagues,e indícios da divisão da corrente. O campo, no local doacidente, não apresentava vestígios da passagem de ummeteorito.

O Sr. Babinet comunicou à Academia Francesa deCiências, em 5 de julho de 1852, o caso seguinte, numa nota:

Tem por fim esta nota apresentar, à apreciação daAcademia, um dos casos de aparição de globos lumino sos,que ela me incumbiu de colecionar, há já alguns anos. Nocaso a que me refiro, a bola danificou, não ao entrar, mas aosair, se o posso dizer, uma casa situada na Rua Saint-Jacques,nos arredores de Val-de-Grasse. Em resumo, conto-vos a

Page 92: A levitacao

história de um operário em cujo ap osento a bola-raio desceu edepois subiu.

Pouco depois de ouvir o estrondo de um forte tro vão, esseoperário, alfaiate de profissão, sentado junto à sua mesa equando justamente acabava de jantar, viu o biombo de papel,que escondia a chaminé, cair como i mpelido por forte soprode vento, ao tempo em que uma bola de fogo, com asdimensões da cabeça de uma criança, saía mansamente dachaminé e percorria o aposento a pequena distância do sololadrilhado.

Segundo o alfaiate, a bola assemelhava -se a um gato demediana grandeza, curvado em forma de bola e movendo -sesem tocar o solo com os pés. A bola de fogo era muitobrilhante e luminosa, mas não aquecia nem queimava nãoexperimentando o homem sensação alguma de calor. Ela seaproximou de seus pés, roçou-lhe pelas pernas, como essesanimaizinhos costumam fazer, mas o homem podia mover aspernas, acautelando-se para evitar o contacto do fogo.

Depois de permanecer algum tempo junto aos pés dohomem assentado, que olhava atentamente, inclinan do-se paraela, fez diversas excursões em diferentes di reções, sem,contudo abandonar o aposento, e elevou -se verticalmente até àaltura da cabeça do homem que, para evitar que ela lhetocasse a face e ficar em posição de melhor observar,recostou-se e fez a cadeira inclinar-se para trás. Levantando-se depois até à altura de nove decímetros do solo, ela afastou -se um pouco e dirigiu-se obliquamente para um buraco quehavia na chaminé, cerca de um metro acima da mesa desta.

Esse buraco tinha sido feito para se acomodar nele umcano de estufa, de que o operário se utilizava no inverno; paranos servirmos das expressões do próprio homem, porém, oraio não podia ver esse buraco que o papel cobria.

Page 93: A levitacao

Ela afastou o papel sem estragá -lo, entrou na chaminé e,chegando, calculando-se o tempo pela velocidade com queoperava ao topo colocado a sessenta pés acima do solo,produziu uma terrível explosão que destruiu par te da estruturada chaminé, arremessando-lhe os restos no chão. Os tetos devárias casinhas foram então derru bados, sem haver, contudo,felizmente, perda de vidas.

O domicílio do alfaiate era no terceiro andar, a menos dametade da altura do prédio.

Os outros andares não foram visitados pelo raio, cujomovimento foi sempre lento e descontínuo. Sua luz não eradeslumbrante, e o calor que difundia era pouco sensível.

Ela não mostrava tendência alguma para os corpos bonscondutores, nem buscava seguir a corrente do ar.

O Cosmos de 30 de outubro de 1897 narra um casoperfeitamente análogo

A Sra. B..., achando-se em um lugar vizinho de Bourbon,na sala de um andar térreo, cuja porta estava aberta, viu, porocasião de uma tempestade, uma bola de fogo entrar pelaporta, correr lentamente pelo solo, aproximar -se e, rodeandocomo um gato que amima seu dono, s egundo ela se exprime,dirigiu-se para a chaminé e por ela desapareceu.

Tudo isso se deu em pleno dia.Será mais difícil admitir-se os golpezinhos e os mo-

vimentos de mesas que a dança do prato, de que falou o Sr.André na sessão de 2 de novembro de 1885, da Academia deCiências?

Em 13 de junho de 1885, às 8 horas da noite, achava -seele à mesa em uma sala que fazia parte da torre de um farol,situada a noroeste da mesma, quando viu repentinamente umafita vaporosa de alguns metros de comprimento, destacar -seda linha superior da parede fronteira, sombreando-a, aomesmo tempo em que, junto a seus pés, ai ouvia um ruído

Page 94: A levitacao

forte, sem eco ou prolongamento, mas de extrema violência.O som era semelhante ao que produziria um corpo sólidochocando a face inferior da superfície da mesa que, c omgrande surpresa sua não se moveu, bem como tudo que estavasobre ela.

Depois, o seu prato começou a girar como um pião,rodando muitas vezes sem ruído que demonstrasse haveratrito, o que prova que então o prato estava afastado da mesa,ainda que por uma distância inapreciável para nós. Depois,mesa e prato ficaram intactos.

Esses fenômenos, que ainda não foram perfeitamen teexplorados, são, muitas vezes, produzidos em uma atmosferainteiramente calma, sem produzir ruído algum, e podendopersistir por muitos dias.

A levitação do corpo humano não é mais inexplicá vel queo transporte de massas pesadas pela eletrici dade e mesmo decorpos humanos vivos, sem que rece bam estes danos algum.

Em 6 de agosto de 1809, conta o Sr. Funvielle, na sua obraÉclairs et Tonnerre, às 2 horas da tarde ouviu -se umaexplosão medonha na morada do Sr. Chad wick, nos subúrbiosde Manchester.

A parede da frente de uma pequena olaria, cuja es pessuraera de 14 polegadas, na altura de 11 pés e com 6 polegadas deprofundidade, foi arrancada e transportada do seu lugar, semdesviar-se da vertical. No exame que se procedeu,verificaram-se que uma das extremidades se havia deslocado9 pés, girando ao redor da outra, cuja deslocação foi somentede 4. A massa assim movida pesava 25 ton eladas.

O Sr. Monteil, secretário da Associação Arqueoló gica deMorbihan, cita, entre os efeitos de uma trovoada ocorrida emVanes a 5 de dezembro de 1876, às 10 horas e meia da noite,o despedaçamento de um muro, a pro jeção a grandesdistâncias de várias peças de madeira e, finalmente, o

Page 95: A levitacao

transporte de um inválido paralítico do seu leito no solo desua câmara, a uma distância de 13 pés, apesar de estar essacâmara a 270 metros do ponto ferido pelo raio.

Daguin também fala de pessoas transportadas a dis tânciasde 20 e 30 metros.

O despimento de certas pessoas produzido pelo re lâmpagoe transporte de suas roupas a distâncias consi deráveis sãofatos freqüentemente observados, como o da remoção doscabelos de todas as partes do corpo, o des pedaçamento dalíngua ou de outros músculos.

No geral, podemos dizer que o raio parece dar pre ferênciaa certas individualidades, e que as mulheres e certas árvoresgozam de certa imunidade.

Há muitos que têm recuperado o uso de membrosparalisados pelo choque que recebe m na, passagem do raio, eoutros que, ao contrário, têm ficado paralíticos pela mesmaação.

Muitos dos mortos pelo raio conservam as atitudes em quese achavam quando foram feridos.

Quanto aos fenômenos da projeção de sinais ou da escritaque se produzem nas sessões dos médiuns de efeitos físicos, edos quais eu mesmo fui testemunha nas de Eusápia Paladino,não haverá inteira semelhança entre eles e os da produção, nocorpo das pessoas feridas pelo raio, das imagens dos objetosque as rodeiam?

Para não ir além dos limites marcados a este tra balho,mencionarei somente os fenômenos da eletrici dade animal.Nem mesmo falarei das propriedades da torpila e de outrospeixes; nem das línguas de fogo e auréolas que, às vezes, têmsido vistas rodeando certos indivíduos; da atração e repulsãoproduzidas entre os objetos, sejam substâncias inertes, sejamcorpos magnéticos. Aí chegamos pela segunda vez aos limitesda Física clássica.

Page 96: A levitacao

Que podemos dizer das plantas luminosas, das plan tas quedigerem, se movem e atuam sobre a agulha imantada?

São coisas de muito mais difícil explicação que a fa -culdade de os sonâmbulos verem através dos corpos opacos.Parecia que os raios X desarmariam os incré dulos neste ponto;não foi assim, porque a maioria da queles que têm sidofossilizados pelas doutrinas materialistas da ciência oficial doúltimo meio século, não se contenta como faziam seuspredecessores, com a negação de certos fatos, por não seconformarem com as suas teorias; eles olham cheios de terrorpara tudo o que tenda provar a existência, no homem, doelemento espiritual destinado a sobreviver ao corpo.

E essa a conclusão a que chegaram aos mais diversospaíses, em todos os períodos, os homens mais dis tintos porsua inteligência, e mesmo também por seu caráter, não searreceando de proclamar sua crença, cor rendo o risco doridículo e mesmo das perseguições. Depois de inúteisexcursões em vários sentidos, os fatos nos fizeram retrocederaté encontrarmos a concepção do corpo fluídico, concepçãotão velha quanto o mundo.

Peço permissão para apresentar -vos o que consta emminhas notas sobre recentes experiências feitas porindividualidades que bem conheceis.

Como postulado, estabeleço que haja no homem um corpoe um espírito.

e fato de observação, diz Boirac, que cada um de nós aiapresenta a si mesmo sob duplo aspecto. De um lado, se meconsidero pelo exterior, vejo em mim uma massa material,ocupando espaço, móbil e pesada, um objeto semelhanteàqueles que me cercam composto dos meamos elementos esujeito às mesmas leis químicas e físicas; de outro lado, se meconsidero no íntimo, permi tam-me falar assim, vejo um serque pensa e sente, uma individualidade que se conhece,

Page 97: A levitacao

conhecendo os outros, uma espécie de centro invisível eimaterial, ao redor do qual se desdobra ili mitada perspectivado universo no espaço e no tempo; espectador e juiz de todasas coisas, que só existem para ele, achando -se nos limites desuas relações.

Do espírito não podemos formar uma concepção; tudo oque conhecemos dele, é que dele procedem aos fenômenos davontade, do pensamento e da sensação.

Quanto ao corpo, não temos necessidade de defini -lo: neledistinguimos duas coisas: a matéria animal (osso, carne,sangue, etc.) e um agente invisível que transmite ao espírito assensações da carne, e está às ordens daquele.

Intimamente ligado com o organismo que limita du rante avida, ele, na maioria dos casos, se conserva nos limites dasuperfície do corpo e somente os transpõe pelos eflúvios, maisou menos intensos, segundo os indi víduos, que se desprendempelos órgãos dos sentidos e outras partes proeminentes doorganismo, como as extremidades dos dedos.

Pelo menos, é o que afirmam todos aqueles que, pordeterminados processos, se têm achado no estado de mo -mentânea hiperestesia visual, e o que admit em os velhosmagnetizadores. Contudo, o ponto em que se dá cada umadessas manifestações, pode ser deslocado no corpo sob ainfluência da vontade, podendo a atenção aumen tar a nossasensibilidade em certas direções, quando ela mais ou menos seanula nas outras. Nós só vemos, ouvimos e sentimos, quandoolhamos, escutamos, cheiramos ou apalpamos.

Com certas pessoas, chamadas sensitivas, a aderên cia dofluido nervoso ao organismo carnal é fraca, ha vendo algumasem que ele pode ser deslocado com muita faci lidade,produzindo os fenômenos conhecidos da hi perestesia ecompleta insensibilidade, ambos devidos à auto -sugestão, istoé, à ação do pensamento do sensitivo sobre o seu próprio

Page 98: A levitacao

fluido, ou à sugestão de uma pessoa estranha que pelopensamento esteja intimamente ligada com aquele, sobre omesmo fluido.

Alguns sensitivos, de sensibilidade ainda mais apu rada,podem projetar seu fluido nervoso, em certas con dições, forado corpo, produzindo os fenômenos que temos estudado como nome de exteriorização da sensibilidade.

Facilmente se concebe que uma ação mecânica exer cidasobre esses eflúvios, fora do corpo, pode propagá -los etambém fazê-los voltar ao cérebro.

A exteriorização da motricidade é mais difícil decompreender-se, e eu, para satisfazer o meu de sejo de vo-laexplicar, só o posso fazer recorrendo a um símile.

Suponhamos que, por um meio qualquer, impedimos queo agente nervoso possa ir até à mão; esta ficará morta, comouma matéria inerte, como um objeto de ma deira, e só poderátornar à vida por um ato da nossa vontade, quando a essamatéria inerte fizermos voltar à porção de fluido precisa paraanimá-la.

Admitamos agora que um indivíduo possa projetar emuma peça de linho esse mesmo fluido, em quantidadesuficiente para carregá-lo na mesma proporção; não será, porcerto, um absurdo acreditar -se que, por um mecanismo tãodesconhecido como as atrações e repul sões da eletricidade, apeça de linho venha a mostrar -se como se fosse umprolongamento do corpo do indivíduo.

Assim se poderiam explicar os m ovimentos das mesascolocadas sob os dedos dos que são chamados médiuns e, emgeral, todos os movimentos, com contacto, de objetos leves,produzidos por muitos sensitivos sem apreciável esforçomuscular. Esses movimentos foram minuciosamenteestudados pelo Barão de Reichenbach, que os descreveu em

Page 99: A levitacao

cinco comunicações feitas em 1856 à Academia de Ciênciasde Viena.

Ficamos sabendo que a produção desses movimentosexige sempre uma força superior à do médium, pelo fato de acadeia humana aí formada pôr à dispos ição dele uma parte daforça dos assistentes.

Deixando, porém, de parte a formação das cadeias demãos, vamos à conclusão.

O agente nervoso se difunde ao longo dos sensó rios ounervos motores por todos os pontos do corpo; podendo nósdizer que, em seu todo, ele apresenta a mesma forma deste,ocupando a mesma porção do espaço, e deve ser chamadoduplo fluídico do homem, sem sairmos do domínio da ciênciapositiva.

Numerosas experiências, infelizmente todas somentedependentes do testemunho dos sensitivos, f azem saber queesse duplo fluídico pode reformar -se fora do corpo, seguindouma suficiente exteriorização do influxo ner voso, do mesmomodo que um cristal se transforma em uma solução, quandoesta é suficientemente concentrada.

O duplo fluídico, assim exteriorizado, continua a serdirigido pelo Espírito, e obedece -lhe com a maior facilidade,quanto menos o embarace sua aderência ao corpo; de modoque o sensitivo pode movê-lo e acumulá-lo de matéria aoponto em que deseje torná-lo perceptível aos nossos sentidosassim que Eusápia forma as mãos que são vistas e tocadaspelos espectadores.

Outras experiências, menos numerosas, motivo pelo qualas aceitamos com mais alguma reserva, tendem a provar que amatéria fluídica exteriorizada pode ser modelada sob ainfluência da vontade, tão bem como o gesso sob a mão doescultor.

Page 100: A levitacao

Podemos supor que Eusápia, em conseqüência de suasrelações com vários médiuns espíritas, concebeu em suaimaginação uma figura de feições bem característi cas, e quedê à sua linguagem a entonação da dessa personagem, JohnKing, como também dê a figura dele seu corpo fluídico, queela nos faz sentir como dotado de uma larga mão de homem, eimprima-lhe, à distância, como no gesso, a figura de umacabeça de homem.

Se nada, porém, nos prova qu e John tenha existidotambém nada nos prova que ele não exista.

Além disso, não estamos seqüestrados no mundo; hápessoas a quem conheço pessoalmente e em quem depo sito amaior confiança, que narram fatos que só podem serexplicados por meio de possessão temporária do corpofluídico exteriorizado por uma entidade inteligen te de origemdesconhecida. Tais são as materializações de corpos humanosinteiros, observadas pelo Sr. Wi lliam Crookes com a Sra.Florence Cook, pelo Sr. James Tissot com Eglinton, e pel o Sr.Aksakof com a Sra. E. d'Espérance. (35)

Esses fenômenos extraordinários, cujo simples enun ciadobasta para exasperar os que se julgam cientistas por teremestudado mais ou menos rigorosamente al guns ramos daárvore da Ciência, para nós não são mai s que um ampliamentodos que tem observado, e a respeito dos quais hoje a dúvidanão é mais possível.

De fato, obtemos um primeiro desprendimento do corpofluídico na exteriorização da sensibilidade com a forma decamadas concêntricas ao corpo do indivídu o; a naturezamaterial do eflúvio é demonstrada pelo fato de ele dissolver -se em certas substâncias, como a água e a gordura; mas, comoacontece com o cheiro, à diminuição do peso do corpoemissor é tão pequena que os nossos instrumentos não podemapreciá-la.

Page 101: A levitacao

O segundo grau ou fase do fenômeno se apresenta nacondensação do eflúvio para formar um duplo sensi tivo, masainda não visível aos olhos ordinários.

Na terceira, e mesmo na quarta fase, dá -se alguma coisasemelhante a um transporte galvanoplástico d e matéria docorpo físico do médium para ir ocupar no duplo o lugarcorrespondente. Em grande número de vezes, a balança tematestado haver o médium então perdido uma parte do seupeso, sendo este encontrado no corpo materializado.

Um caso muito singular, único até o presente, é o da Sra.E. d'Espérance, com que o transporte foi tão intenso que urnaparte de seu corpo carnal ficou invisí vel. Em lugar da partedesaparecida só ficou a correspondente do corpo fluídico,podendo os espectadores cor rer-lhe as mãos ao longo docorpo, sem que ela nessa parte sentisse a impressão do tato.Esse fenômeno, levado ao limite, nos conduzirá até odesaparecimento completo do corpo do médium e suaaparição em outro lugar, como vemos relatados tantos fatosnas vidas dos santos.

Na materialização de um corpo completo, esse corpo équase sempre animado por uma inteligência diversa da domédium.

Qual a natureza dessas inteligências? Em que fase damaterialização intervêm elas para dirigir a matéria físicaexteriorizada?

São questões do mais subido interesse, que ainda nãopuderam ser respondidas por meus colaboradores nem pormim.

O que tenho dito mostra que o estudo dos fenômenospsíquicos depende de três ciências distintas.

Aos homens da Física compete definir a natureza d a forçafísica, pelas ações mútuas que se dão entre ela e as outras

Page 102: A levitacao

simples forças da Natureza: o som, o calor, a luz e aeletricidade.

A Fisiologia tem de examinar as ações e reações dessaforça nos corpos vivos.

E finalmente entramos no domínio do Espiri tismo, quandobuscamos conhecer como a força psíquica pode ser impelidaao trabalho por entidades inteligentes in visíveis.

Sabemos, porém, que todos os fenômenos naturais seligam por insensíveis transições.

Natura non facit saltum; por isso iremos encontrar, entreessas três grandes províncias, mal definidas fron teiras onde ascausas serão complexas. É essa uma das maiores dificuldadesdessa classe de estudos, mas não terá a força para deter -nos opasso; e eu não posso concluir este trabalho de um modomelhor do que citando a animadora sentença do vosso ilustrecompatriota, o Professor Lodge.

A barreira que separa o mundo espiritual e o ma terial irá,como muitas outras, caindo gradualmente, e entãochegaremos a mais alta percepção da unidade da Natureza. Aspossibilidades no Universo são tão infi nitas como a suaextensão.

O que já sabemos é nada, comparado ao que nos restasaber. Se nos contentarmos com o meio mundo jáconquistado, pisaremos as mais altas aspirações da Ciência.

A FÍSICA DA MAGIA

Comunicação feita ao Congresso Internacional da His -tória das Ciências em 1900 pelo Coronel de Rochas

Senhores:

Page 103: A levitacao

O assunto que tenho a honra de abordar diante de vós, jáfoi tratado várias vezes perante assembléias de sábios.

Foi primeiramente discutido, há dois mil anos, nos cursosda célebre escola de Alexandria, então centro in telectual domundo inteiro.

Os gregos que acompanharam Alexandre, o Grande, aoEgito, fizeram-se aí iniciar vantajosamente nas ciên ciassecretas, então mais de trinta vezes secula res; empregaram seugrande gênio em explicar, por leis naturais, os prodígios queos padres operavam nos seus templos para chocar o espíritodas massas, e cujo conhecimento, vindo do Oriente, constituíaa ciência dos magos, ou a magia.

Ora eram estátuas ou pedestais que pareciam caminharsozinhos, graças a rodas ocultas postas em movi mento, querpelo escoamento convenientemente calculado duma certaquantidade de areia caindo dum recipiente superior numrecipiente inferior, quer pela ação duma mola.

Ora eram portas que se abriam espontaneamente, imagensde deuses, de deusas, de animais que davam gritos ouespalhavam libações, sob a ação de líquidos deslocados pormeio de sifões ou de ar comprimido.

O engenheiro Héron reuniu suas instruções numa série depequenos tratados, dos quais dois somente - os Autômatos eos Pneumatômatos - chegaram até nós. (36)

Um outro sábio alexandrino, o célebre Euclides, tam bémnos deixou tratados de óptica e de catóptrica; porém, discípulodo divino Platão que não queria que a Ciência se abaixasse àsaplicações usuais, ele limitou-se a expor as propriedadesgeométricas dos raios luminosos, e a dar as leis daperspectiva, da refração e da reflexão.

Quinze séculos mais tarde, a tomada de Constanti noplapor Maomet II fez afluir à terra hospitaleira da Itália os restos

Page 104: A levitacao

da civilização grega que tinham esca pado ao ferro e ao fogodos turcos. Muitos refugiados bizantinos acharam meios devida na cópia e venda dos manuscritos que trouxeram consigoe que até então eram quase desconheci dos no Ocidente. Viu-se quase logo em todas as cidades, na França, na Itália, naAlemanha, os sábios rivalizarem em esforços para associarseu nome ao de um antigo, traduzindo suas obras em latim,língua universal das escolas nessa época.

Desse número foi Jean de Gène que, muito jovem ainda(ele não tinha 30 anos), ocupava a cadeira de matemáticas noColégio de França, recentemente criado; esse curso, que foiinterrompido no fim de dois anos pela sua morte, tratavaexclusivamente da óptica e da catóp trica de Euclides, e odiscurso de abertura, pronunciado em 1556, foi consagrado amostrar como essas ciências podiam servir para explicar fatosreputados prodigiosos (37). Eis uma citação consagrada aosfantasmas

Não quero negar a presença e a evocação dos gênios, dosmanes, das sombras, pois que as histórias pro fanas e assagradas escrituras nos oferecem numerosos exemplos.

Sabemos pelos historiadores que evo cou a sombra dePausânias, ao quais os lacedemônicos tinham deixado morrerde fome no templo de Minerva, e que os convidou aapaziguarem os manes. Sabemos também, por Lucano, queErictone, pitonisa tessaliana, evocou uma sombra, à qualencarregara de anunciar a derrota de Farsália a Sexto Pompeu.O historiador Pausânias, nas suas Beóticas, relata ter visto emPioneu, na Mísia, perto do rio Caïcus, a sombra de Pion,fundador da cidade, sair do seu túmulo no momento em quelhe ofereciam um sacrifício. A história sagrada nos diz que osmanes de Samuel deixaram o túmulo ante a voz da pitonisa, afim de que para o futuro não se pudesse du vidar dapossibilidade de evocar as sombras. (38)

Page 105: A levitacao

Admitindo como incontestável que os manes e os gêniostêm têm sido evocados por pitonisas e forçados a apa recer,digo ao mesmo tempo que, graças à ciência ex traordinária decertas pessoas muito hábeis, tem havido grande número deaparições que os ignorantes atribuem exclusivamente ademônios. As pessoas esclarecidas so mente as atribuem ahomens versados na óptica, e não se deixam seduzir pelaspromessas dos mágicos que se prontificam a fazer aparecer àsombra dum morto. Para operarem esse prodígio, estes seservem dum espelho consagrado por certas fórmulas, com asquais pretendem evocar os manes. Tudo isso me é suspeito, ecreio bem que no fundo deve aí haver algum artifíc io. A parteda óptica denominada catóptrica nos ensina que se fazemespelhos que, em vez de reterem na sua superfície a imagemque lhes é apresentada, a reenviam à atmosfera.

Vitelion deu a composição desses espelhos e, se aprouvera Deus, falaremos a esse respeito quando tratarmos dacatóptrica. Que importa que certos explora dores abusem, comesse espelho, da boa-fé das pessoas, ao ponto de crer -se que sevêem as almas dos mortos evocados do túmulo, no entantoque apenas se vê no ar a imagem duma criança ou dumaestátua que se tem o cuidado de conservar oculta? É certo(embora pareça inacreditável) que, se colocardes um espelhode forma cilíndrica numa câmara fechada por todos os lados, eque se tiverdes fora desta câmara um manequim, uma estátuaou qualquer outro objeto disposto de tal ma neira que algunsdos raios por ele projetados possam passar através de umaligeira brecha na janela ou na porta da câmara e ir tocar noespelho, a imagem desse objeto, que está fora da câmara, évista dentro da própria câmara, suspensa no ar. Por pouco quea imagem refletida pelo espelho seja deformada, ela apareceráterrível, excitando o assombro e o horror!

Page 106: A levitacao

O espelho é suspenso por um fio muito fino. Os mágicosimpõem um jejum como preparo às cerimônias que convém aessas espécies de mistérios; o ignorante timorato, que osconsulta e que está longe de duvidar da impostura sacrílega,obedece docilmente.

Quando o momento é chegado, os pretendidos má gicosprocedem aos seus exorcismos e às suas conjura ções de modoa darem à cerimônia, graças a esses acessórios, um carátermais assombroso e divino. A pes soa que consulta, estácolocada no lugar aonde chega o raio refletido, e ela vê, nãodentro do espelho, mas no ar, o espectro ligeiramente agitado,pois o espelho que está suspenso é ele próprio agitado. Cheiade horror, vê no ar uma imagem vaporosa e lívida, que parececaminhar para ela. Tomada de terror, não cuida em des cobriro artifício, mas antes em fugir, e a pitonisa a deixa partir.Então, como se houvesse sido arr ancada ao abismo doinferno, essa pessoa diz a todo mundo que viu os manes e asalmas virem do inferno.

Quem não seria enganado pela ilusão que produz todoesse aparato?

Quem resistiria a esses artifícios? Ninguém certa menteescapa ao prestígio das pitoni sas, desde que não conheça aóptica, pois que ela, elucidando bastante a este respeito,demonstra que a maior parte dos manes não tem nenhumacausa física, visto ser puro artifício imaginado pela impostura.A óptica ensina a tirar isso a limpo, a desmascar ar, a deixar delado os terrores fúteis. Com efeito, que pode temer aquele aquem a óptica ensina que é fácil construir um espelho pormeio do qual se vêem imagens dançantes; que compreendeque se pode colocar o espelho de tal maneira que se observe oque se passa na rua ou na casa dos vizinhos; que sabe que secolocando dum certo modo e olhando um espelho côncavo,apenas se vêem os olhos; que sabe igualmente que se pode,

Page 107: A levitacao

com espelhos planos, construir um espelho tal que, ao lançar -se a vista nesse espelho, vê-se a imagem voar? Na verdade,aquele a quem se tiver ensinado tudo isso, não reconheceráfacilmente a causa dos prestígios das feiticeiras da Tessália?Não saberá distinguir a verdadeira física entre a falsidade e aimpostura?

No século XVII, as descobertas a respeito do magnetismoe da eletricidade provocaram tentativas análo gas, porém soboutra forma: em vez de procurar -se explicar os prodígiosantigos, buscava-se produzir novos milagres. Numerosassociedades se constituíram para atenderem às despe sas dasexperiências e da construção dos aparelhos; a mais antigatinha o nome de Academia dos Segredos, e foi fundada emNápoles, no ano 1600, sob os auspícios do Cardeal d'Este,protetor de Porta, cujo primeiro livro sobre a Magia Naturalteve tal êxito que as primitivas edições, usadas pelos dedosdos leitores, não mais podem ser encontradas. Foi nessa épocaque também se começou a utilizar o vapor dágua.

Vê-se que as investigações dos sábios penderam pri meirosobre duas forças - a força e a elasticidade - que se acham portoda parte na Natureza, e que se pôde utilizar da maneira maissimples; depois abordaram a luz, cujos efeitos já são maissutis; e, somente muito mais tarde, é que se fixaram sobre ocalor e a eletricidade, cuja produção necessita i ntervenção daindústria humana.

Foi somente no meado do século XVIII que Mesmerchamou a atenção das academias para uma força, cujas leisainda muito mais dificilmente podiam ser determi nadas, poisque ela se manifesta dum modo suficiente mente aparente, eapenas em certos organismos humanos é suscetível de serinfluenciada pela vontade.

Mesmer, que era médico e conhecia, pelas tradições decertas sociedades secretas, o poder dos seus efeitos tanto para

Page 108: A levitacao

o bem como para o mal, impôs aos seus adeptos o juram entoseguinte:

Convencido da existência dum princípio incriado, Deus,de que o homem, dotado duma alma imortal tem o poder deagir sobre o seu semelhante em virtude das leis prescritas poresse Ser todo-poderoso, prometo e garanto, sob minha palavrade honra, que somente empregarei o poder e os meios deexercer o magnetismo animal que me vão ser confiados com oúnico fim de ser útil e aliviar a humanidade sofredora.Repelindo para longe de mim qualquer interesse de amor -próprio e curiosidade banal, promet o somente me deixar levarpelo desejo de fazer bem ao indivíduo que me conceda a suaconfiança, e ser para sempre fiel ao sigilo imposto, assimcomo unido pelo coração e pela vontade à sociedadebenfeitora que me recebe no seu seio.

Durante muito tempo, os magnetizadores fiéis ao seujuramento, só tiveram em vista as curas e ocuparam -se poucodas teorias; entretanto, acumulando-se as observações napresença duma multidão de fenômenos, de que era impossívelnão reconhecer a semelhança com os mi lagres dos santos e osprestígios atribuídos ao demônio, desde então seexperimentou e foi-se conduzido a admitir a hipótese, jáformulada por Mesmer segundo os ocul tistas da épocamedieval, dum agente especial, que se chamousucessivamente: espírito universal, fluido magnético, ou forçapsíquica e esse agente que hoje se procura definir no estudodas ações recíprocas que se exercem entre ele e as forçasnaturais já conhecidas. Desde então algumas das suaspropriedades perfeitamente estabelecidas permitiram fa zerpassar certo número de fenômenos, do domínio da magia aoda ciência positiva assim que se explica a fascinação pela açãoda força psíquica sobre os nervos especiais dos nossos sen -tidos, que ela faz vibrar de modo a dar, sob a influência do

Page 109: A levitacao

pensamento, a ilusão da realidade; a base da bruxaria repousasobre o armazenamento, em certas substân cias, daquela força,ou antes duma matéria extremamente sutil que lhe é ligada ; acondensação dessa matéria dá lugar às aparições. Osmovimentos à distância, observados nas casas mal-assombradas, são quase sempre de vidos a uma reproduçãoanormal dessa força psíquica em algumas pessoasdenominadas médiuns.

Enfim, os raios Roentgen e a telegrafia sem fios não maispermitem negar a priori a vista das sonâmbu las através doscorpos opacos e a telepatia.

Quando, há alguns meses, o vosso Comitê de orga nizaçãose dignou, a pedido meu, inscrever no seu pro grama estaquestão: Quais são entre as descobertas modernas as quepodem explicar certos fatos reputados prodígios naAntigüidade? Eu esperava vê-la tratada por um filósofo muitoconhecido na Alemanha, o Barão Carl du Prel. Sua morteinesperada privou-nos dessa colaboração, mas a sua últimaobra intitulada: Die Magie als Naturwissenschaft e publicadaem Iena, no ano 1899, deixou-nos um estudo magistral sobreo assunto.

Aí envio o leitor que se interessar por essas ques tões, e melimitarei a assinalar aqui uma idéia ousada sobre a qual o Sr.du Prel não deixa de insistir nos dois volumes de suas sábiasinvestigações, a fim de salientar-lhe o lado prático.

Partindo desta observação de que os mecanismosartificiais são quase sempre imitações inconscientes deorganismos naturais, e que, por exemplo, a câmara escura éapenas a cópia dos olhos, ele pensa que as concordâncias jáassinaladas não passam de casos particulares duma regrageral, aplicando-se também aos processos psíquicos, e salientao mútuo auxílio que podem prestar: o psiquis ta, que põe emvidência e analisa as faculdades da alma, mais ou menos

Page 110: A levitacao

veladas na maior parte dos homens; o fisiologista, quedescreve os nossos diversos órgãos cor porais; e o tecnicista,que se propõe a preencher uns e outros por instrumentos.

Se, duma parte, o tecnicista tivesse atendido à cons tituiçãode sistema nervoso que faz comunicar o cé rebro com aperiferia do nosso corpo, e à relação exclusiva que seestabelece entre o magnetizador com o magnetizado, ele teriapodido conceber mais cedo a idéia dos fios tele gráficos, dosressonadores, e das comunicações múltiplas. Doutra parte, otecnicista, pela invenção dos electroscó pios e dosespectroscópios, permite ao psiquista conceber que nossaalma, por um aperfeiçoamento progressivo das suasfaculdades, chegará a perceber vibrações às quais éatualmente insensível, e pode guiar no caminho a se guir paraatingir-se esse desiderato.

Dum modo geral, é lógico e conforme a experiênciasupor-se que tudo o que se produz sob uma forma sen sívelnum indivíduo, produz-se ou pode produzir-se sob uma formaatenuada em todos os indivíduos semelhan tes - que o que seproduz naturalmente num indivíduo, pode ser produzidotambém em todos os indivíduos seme lhantes (39) -, e, enfim,que psiquistas, fisiologistas e tecnicistas poderão encontrarnos trabalhos dos outras analogias diretas para os seuspróprios trabalhos.

Suponhamos, diz o Sr. du Prel, que um tecnicista sejaversado na magia, na feitiçaria e na história dos santos - quetenha observado os sonâmbulos de todas as espécies, naturaise artificiais -, experimentado com os médiuns - e que tenha aconvicção de que todos os fenômenos mágicos são fatosincontestáveis, graças à convicção não menos forte de quetoda a magia não passa de ciência natural desconhecida -, eele se achará diante de uma abundância inesgotável deproblemas. Suponhamos, por exemplo, que a levitação ou

Page 111: A levitacao

erguimento acima do solo contra as leis de gravidade produz -se pelos faquires indianos - que ela está provada comdocumentos, por José de Cupertino e uma multidão de outrossantos - e que ela foi freqüente nos possessos da épocamedieval. Suponhamos enfim que ele próprio tenha teste -munhado o que foi visto por cerca de doze sábios ingleses: omédium Home erguido ao ar na mesma sala, saindo por umajanela e entrando por outra, depois de ter flutuado cerca devinte e quatro pés por cima da calçada da rua.

Esse tecnicista não estaria mais próximo que New ton dasolução do problema da gravitação? Ele saberia o que Newtondesconhecia; isto é, que o peso é uma propriedade variáveldas coisas. Mas, conhecer essa va riabilidade não é fazê-lanascer; ela existiu antes e depois dessa descoberta, cujoresultado é explicar o passado e guiar no futuro.

Num congresso que tem por objeto a história das ciências,eu não poderia terminar melhor esta comunica ção, certamentemuito superficial, senão citando as reflexões profundamentejustas, inspiradas ao meu ilustre amigo pelo próprio assuntoque acabo de abordar.

O lado brilhante da história da civilização é, diz o Sr. duPrel, a história das ciências. Quando se refle te nas operações,muitas vezes maravilhosas, do pensamento produtor dasdescobertas que têm mudado a face do mundo, quando seconsidera a soma de saber conden sado e classificado noslivros de estudo, fica-se induzido a ter uma alta idéia dahumanidade.

Mas a história das ciências tem também um lado muitotriste. Mostra-nos que o número dos espíritos ver dadeiramentesuperiores tem sido sempre muito restrito, que eles tiveramsempre de lutar com grandes dificulda des para fazerem aceitaras suas descobertas, e, enfim, que os representantes cie ntíficosdas idéias então reinantes, jamais deixaram de denunciar,

Page 112: A levitacao

como se afastando da Ciência, tudo o que não estava deacordo com eles. Eis uma história que ainda não foi escrita, eque contribuiria bastante para aniquilar o orgulho dos homens.

A história das ciências não deve apenas registrar o triunfodas idéias novas: deve também expor as lutas que lhesprecederam, e as resistências dos representan tes das novasidéias... Descobre-se uma verdade nova? Ela sai semelhante auma revelação, do cérebro dum homem; porém, ele tem diantede si milhões de contemporâneos, com os seus prejuízos. Opoder da verdade é indubitavelmente grande; porém, quantomais se afasta das idéias reinantes, menos a humanidade estápreparada para recebê-la e mais difícil é abri r-se-lhe ocaminho.

Assim sucederá enquanto a história das ciências não nostiver ensinado que as verdades novas, por isso mesmo que têmuma importância capital, não podem ser plausí veis e simparadoxais; que a generalidade duma opinião não é de modoalgum a prova da sua verdade; enfim, que o progresso implicauma mudança nas opiniões, mu dança preparada porindivíduos isolados, e que pouco a pouco se estende graças àsminorias.

Nunca devemos esquecer que todas as maiorias pro cedemdas minorias iniciais, e que, por conseguinte, nenhumaopinião deve ser rejeitada somente por causa do fraco númerodos seus representantes; mas, ao contrário, deve serexaminada sem preconceito algum, pois o pa radoxo éprecursor de todas as verdades novas. Por outro lado, odesenvolvimento regular das ciências somente se faz com acondição de deixar aí um elemento conserva dor. Cumpre,portanto que as verdades novas sejam a princípio consideradassomente como simples hipóteses ; quanto mais importanteforem, tanto mais longo se rá o seu tempo de provas, queninguém pode impedir. Aqueles que as descobrem são apenas

Page 113: A levitacao

os campeões, aos quais os adeptos sucedem pouco a pouco,pois claro é que aqueles que se adiantaram cem anos aos seuscontemporâneos, deverá esperar cem anos para sercompreendido por todos.

ALBERT DE ROCHAS

GRAVITAÇÃO E LEVITAÇÃO ( 40 )PELO DR. CARL DU PRET.

O enigma da gravitação

A linguagem humana não é o resultado do raciocíniocientífico, mas nasceu antes de qualquer ciência. É essa acausa dos termos pelos quais são designados os fenômenosnaturais: não se conformarem com a doutrina científica, massim com a idéia que deles fazia o homem pré -histórico. Esteapreciava sempre as coisas da Natu reza o seu modo, esupunha sempre a vida onde via movimento. Graça s àassociação dessas duas idéias, for maram-se os verbosreflexíveis. Ainda hoje, o movi mento e a vida estãoassociados na linguagem; assim, quando o vento agita asfolhas de uma árvore, dizemos que elas se movem. Onaturalista deveria, em rigor, protest ar contra semelhantesexpressões, que realmente designam o fenômeno como nós ovemos, mas não como o compreendemos. A Ciência é, pois,constantemente obrigada a servir -se da linguagem daignorância, filha das concepções pré -históricas do Universo.O que prova de um modo muito natural que essas concepçõesainda têm em nós profundas raízes, é o prazer que nos causa apoesia. O poeta lírico, que dá a vida à natureza inanima da,

Page 114: A levitacao

lisonjeia essas concepções primitivas, que dormitam no fundodo nosso ser e foram recebidas pela hereditariedade. Essasconcepções têm o cunho da subjetividade; ora, o poeta nãofala a linguagem da ciência, não pre cisa a marcha objetiva dosfenômenos, mas exprime-os, como nós os sentimos; por isso,e em virtude do princípio da menor ação, aceitamosplenamente e com vivo prazer às descrições poéticas. É pelograto sentimento que em nós desperta que se baseia o nossogosto pela poesia.

Nossa linguagem encerra ainda grande número des seselementos paleontológicos, muitos traços dessa inte rpretaçãosubjetiva dos fenômenos naturais, e isso se dá, não só nonosso senso íntimo, como em todos os nossos sentidos. Daíresulta uma grande confusão nas discussões científicas.Quando apanhamos uma pedra, parece -nos que uma espéciede atividade emana dessa pedra, que ela exerce um esforçopara se aproximar do sol, pesando sobre a nossa mão. É essesentimento que exprimimos quando dizemos que a pedra épesada, julgando assim designar a própria natureza da pedra.Esse sentimento tem-se generalizado a tal ponto, que cada umde nós se crê razoavelmente autorizado a dizer: Todos oscorpos são pesados. Eis ainda aí uma expressão contra a qualo naturalista deveria protestar; porque, considerado em simesmo, um corpo não é pesado senão quando se acha navizinhança de outro corpo que o atrai. A nossa lin guagem,porém, transforma o fato da atração passiva em umapropriedade da pedra, coloca na própria pedra a causa do pesoque reside fora dela. Atraindo a Terra a pedra que temos namão, abstraímo-nos da atração que a pedra também exercesobre a Terra para maior simplicidade, enfim a pedra pareceser pesada.

Isso, porém, é uma simples aparência, que facilmente seriademonstrada, se pudéssemos suprimir a Terra. Então, somente

Page 115: A levitacao

a verdadeira natureza da pedra apare ceria, e esta seapresentaria sem peso. Se recolocásse mos a Terra naproximidade da pedra, seu estado na tural se modificaria denovo, e teríamos o que chamamos peso. Em resumo, a palavrapeso indica uma relação entre dois corpos e não a natureza deum deles; é a constatação de uma ação exercida sobre a pedra,mas não o enunciado de uma causa residindo nela. Não é napedra que devemos buscar a causa do peso, mas fora dela; e seessa causa vier a ser suprimida, a pedra deixa de ser pesada. Éservindo-se dessa mesma linguagem da ignorância que osastrônomos dizem que a Terra pesa milhões de quilos. Sepudéssemos suprimir o Sol (e todas as estrelas fixas), o pesoda Terra seria nulo. Se fizermos desaparecer o corpo atraente,o outro naturalmente não é mais atraído; porque é unicamentena atração que consiste o peso. Em uma palavra, a gravi taçãonão caracteriza de modo algum o estado efetivo e invariáveldos corpos.

Mas, dirão, essas considerações são bastante esté reis, pois,em razão da impossibilidade em q ue estamos de subtrair-nos àatração terrena, não podemos encon trar corpos sem peso, parasujeitá-los a exame. Não é justa essa reflexão. Certamente,não podemos suprimir a Terra, mas talvez a sua força deatração possa ser anulada pelo concurso de força s capazes detransformar, em dadas condições, a gravitação em levitação.Conhecemos uma força desse gênero oposta à gravitação: é omagnetismo mineral. Muitas observações, feitas no domíniodo ocultismo, referem-se precisamente à levitação, fenômenoque deve seu nome ao fato de ver -se diminuído ou abolido opeso natural dos corpos. Milhares de testemunhas asseveramter visto mesas ficarem suspensas no ar, tendo -se apenas asmãos aplicadas sobre elas, ou mesmo conservadas a certadistância. Há cinqüenta anos que os espíritas afirmam o fato; eseus adversários, em vez de o examinarem, respondem sim -

Page 116: A levitacao

plesmente que a levitação é impossível, porque é co ntrária àlei da gravitação a repetição contínua da cena caracterizadapor uma antiga resposta de oráculo: Entraram um sábio e umlouco; o sábio examinou antes de julgar, o louco julgou antesde examinar.

A alusão ao ímã basta para provar que, em certascircunstâncias, a levitação é possível; resta saber se ela não sepode apresentar ainda em outras condições. D esde que éconstatada uma exceção à lei da gravitação, outras aparecemcomo possíveis. Podem existir na natureza ou tras forçascapazes de vencer a da atração terrena. Uma primeira razãopara não se opor a essa suposição o pro pósito de não recebê-la, é que nós mesmos não sabemos em que consiste agravitação. Verificamos os efeitos, mas o modo da ação físicanos escapa. Todos os físicos sabem que o processo da atraçãoé ainda um enigma. As teorias mais variadas foramimaginadas para dar-se a explicação física da gravitação (41),e como o problema fica sempre sem solução, a Ciência terámaior motivo para examinar os fenômenos de levitação; éevidente, com efeito, que o conhecimento das condições sobas quais a gravitação se acha anulada, não pode deixar deesclarecer o próprio fenômeno da gravitação. Não menosevidente é, segundo o que precede que a levitação não podeser compreendida senão à luz de nossas noções sobre agravitação; é, pois, pelo estudo desta, que devemos começar.Newton, o primeiro, deu a de monstração rigorosa dagravitação, já suspeitada na Antigüidade. Eis o enunciado dalei por ele estabelecida: Todos os corpos se atraem na razãodireta do produto de suas massas, e na inversa do quadrado desuas distâncias. Foi esta a primeira lei terrena a que se atribuiuum valor universal; ela é real, tanto para a pedra lançada pelogaroto, como para o cometa que chega das pro fundezas doespaço. Tal é o fundamento sobre o qual se pôde estabelecer a

Page 117: A levitacao

ciência moderna da astrofísica, ciência que parte desteprincípio: todas as leis terrenas, a lei do calor, da luz, daeletricidade, etc., têm um valor universal. Newton bem sabiaque só descobrira a lei da gravitação e não a sua causa. Elepróprio confessou desconhecer a natureza da gravitação, edisse: Não consegui ainda deduzir dos fenômenos observadosa razão dessa propriedade da gravitação; não estabeleçohipóteses. (Aypotheses non Pingo) (42). Em uma carta aBentley, diz ele: A gravitação deve ser ocasionada por algumimpulso, agindo de um modo contínuo e de acordo com certasleis; meus leitores que julguem se tratam de um impulsomaterial ou imaterial. O problema a resolver não se apresentasob o nome de gravitação, e sim sob o de atração. Eis o quediz Newton em sua carta a Bentley: inconcebível que amatéria bruta e inanimada possa agir sobre a matéria àdistância, sem um intermediário material. Para explicar essaação à distância, podemos, segundo as regras da lógica, enun -ciar, sob duas formas diferentes, a proposição de Newton, edizer: concebível que a matéria animada possa agir à distânciaou então concebível que a matéria inanimada possa agir àdistância por um intermediário. A primeira fórmula renuncia auma solução científica, e supõe a matéria animada como fezprimeiro Maupertuis e recentement e Zôllner. A segundafórmula fica no quadro das ciências naturais, e implica umaconcepção que já se encontra em Newton. Este supunha oespaço por toda parte ocupado por uma matéria: o éter,veículo dos fenômenos, como o calor, a luz, a gravitação, aeletricidade, etc. Antes mesmo da publicação da su a obra, eleescrevia a Boyle no éter que busco a causa da gra vitação.Assim como a lei da gravitação não pôde ser descoberta senãopela generalização de uma lei terrena, assim também sópodemos descobrir a causa da gravitação dando valor cósmicoa uma força terrena agindo à distância. A Ciência astronômica

Page 118: A levitacao

somente se torna uma possibilidade humana, pressupondo auniversalidade das leis terrenas, porque somente elas sãoacessíveis a uma verificação experimenta l.

Existe uma força terrena agindo à distância, que nosparece apropriada à explicação da gravitação : é a eletricidade.Em uma memória sobre as forças que regem a constituiçãoíntima dos corpos, publicada em 1836 e reproduzida porZôllner (43), Mossoti já declara que a gravitação pode serconsiderada como uma conseqüência dos princípios queregem as leis da força elétrica. Fa raday queria determinarexperimentalmente as relações que podiam existir entre agravitação e a eletricidade. Ele partia da premissa seguinte: seessas relações existem, a gravitação deve encerrar algumacoisa que corresponda à natureza dual ou antitética das forçaseletromagnéticas. Ele bem havia reconhecido que, no caso deexistir semelhante qualidade, não haveria expressões bastan tefortes para traduzir a importância dessas rela ções (44). Comefeito, seria esse um fato de extraordi nária importância,porque então o peso ou a gravitação se nos apresentaria comouma força modificável em cer tas condições, e suademonstração teria para a Ciência um valor maior quequalquer outra descoberta. As expe riências de Faraday nãoderam, é certo, resultado posi tivo, mas esse físico nãoconservou, por isso, menos firme a sua convicção daexistência dessa relação. Foi pena que ele não tivesseprocurado descobrir essas relações onde elas realmenteexistem, isto é, nos fenômenos de levita ção do ocultismo. Em1872 Tisserand, por seu lado, fez à Academia das Ciên ciasuma comunicação sobre o movimento dos planetas ao redordo Sol, segundo a lei ele trodinâmica de Weber (45). E leprovou que os movimentos dos planetas se explicam tantopela lei de Weber, como pela de Newton, e que esta últimanão é mais que um caso particular da procedente.

Page 119: A levitacao

Recentemente ainda, Zôllner voltou a essa idéia: A lei deWeber, disse ele, tende a apresentar -se ao espírito humanocomo uma lei geral da natureza, regendo tanto os movimentosdos astros como os dos elementos materiais. Os movimentosdos corpos celestes se explicam, nos limites da nossa ob -servação, tanto pela lei estabelecida por Weber para aeletricidade, como pela de Newton. Como, porém, esta não émais que um caso particular da lei de Weber, seria preciso,conforme as regras de uma indução racional, substituir estaúltima à lei de Newton para o estudo das ações recíprocasentre partículas materiais em repouso ou em movimento. (46)

Portanto, se o peso ou a gravitação é um fenômenoelétrico, deve ser modificável e polarizável pelas influên ciasmagnéticas elétricas o que demonstra o ímã agindo em sentidoinverso do peso. Este depende da densidade, da coesão daspartículas, não sendo a coesão mais que eletricidade presa.

A hipótese que faz da atração do Sol sobre os pla netas umfenômeno elétrico, ganharia em verossimilhança, ai a atraçãoque Newton atribui à Lua, e cujo efeito se manifesta nasmarés, pudesse ser imitada eletrica mente; ora, seaproximarmos de um líquido um pau de âmbar tornadoelétrico pelo atrito, vemos formar -se na superfície desselíquido uma intumescência. Essa hipó tese ganharia ainda maisverossimilhança, se pudesse pôr em evidência, no nossosistema solar, o fato da repulsão elétrica; é precisamente ocaso da cauda dos cometas. O núcleo dos cometas, em suaqualidade de massa fluida semeada de pequenas gotas, ésubmetido à ação da gravitação e obedece à lei de Kepler. Acauda, isto é, os vapores formados à custa do núcleo, agem deum modo diferente. Esses vapores não são atraídos pelo Sol,mas repelidos por ele segundo o prolongamento da linha retaque liga o Sol ao núcleo e que se chama rai o vector. Todolíquido em via de pulverização se eletriza, como é sabido;

Page 120: A levitacao

portanto, estamos autorizados a supor que os vaporesdesenvolvidos à custa do núcleo cometário, sob a influên ciado calor solar, são igualmente eletrizados. Como aseletricidades do mesmo nome se repelem, poder -se-ia pensarque a cauda dos cometas sofre a sua repulsão sim plesmentepelo fato de estar carregada de uma eletrici dade da mesmanatureza que a do Sol. Mas, quando os cometas se aproximamdo Sol, na época do periélio, o pro cesso de ebulição quecomeçou na superfície do cometa, deve cada vez mais avançarem profundidade, e pode acontecer que novas substânciasquímicas tomem parte nela, e que o sinal da eletricidade, deque os vapores são carregados, venha a mudar; isto é, q ue osvapores adquiram uma eletricidade de natureza contrária à doSol. Nessas condições, e em razão da universali dade supostadas leis da natureza, pode-se formar uma cauda de cometadirigida para o Sol, isto é, atraída por ele como o próprionúcleo por esse raciocínio que Zôllner explicava a aparênciado cometa em 1823, que apresenta va duas caudas: umadirigida para o Sol, e a outra em sentido oposto, formandoentre si um ângulo de 160°. (47 ).

O exame desse fenômeno cósmico nos permite supor quea gravitação é idêntica à atração elétrica, mas que, pelamudança de sinal da eletricidade, a gravitação pode sermudada em levitação e reciprocamente. Resulta daí, para aciência, a possibilidade de modificar ou abolir o peso emcondições submetidas a leis. Se a Ciência conseguissedeterminar essas condições e fizer delas uma aplicação técnicaaos mistérios da natureza, a vida hu mana se acharia maisprofundamente modificada do que foi por todas as descobertasefetuadas até hoje. Se a hipótese de Faraday, atribu indo àgravitação o caráter antitético da eletricidade, for verificada, énós a aplicarmos, os fenômenos de levitação, tão numerososao ocultismo, perderão a sua aparência paradoxal.

Page 121: A levitacao

O levantamento, pelo ímã, de um pedaço de ferrocolocado sobre uma mesa, sua subtração à ação do peso, é umfenômeno natural e não pode ser compreendido senãoadmitindo-se que a gravitação possua uma natu reza antitética.As caudas dos cometas, que se dirigem ora para o Sol e oraem sentido oposto, fornecem a prova de que a g ravitaçãopode, em condições dadas, de confor midade com leisuniversais, transformar-se em levitação e reciprocamente.

A ciência da natureza, utilizando -se do princípio daevolução que tomou emprestado à filosofia, comete sem pre oerro de desconhecer seu próprio poder evolutivo.

Desde que surge uma nova idéia, apressam -se em consi-derá-la como definitiva, criando assim um obstáculo a todoprogresso ulterior. Hoje, apoiando -se na lei da gravitação éque se nega e declara impossíveis os fenômenos ocultista s delevitação, sem refletir que, se existem im possibilidadesmatemáticas e lógicas, tudo na física re pousa sobre aobservação e a experimentação. Neste último domínio só teriao direito de formular a priori a palavra impossível àquele quepossuísse a ciência absoluta. Não foi esse o procedimento deNewton. Jamais foi feita uma descoberta aplicando -se umaporção tão enorme de Universo, como a da gravitaçãouniversal, de Newton. Uma lei em ação, mesmo sobre os maisínfimos globos do espaço, foi transport ada à Via-láctea e àsmais longínquas nebulosas, cuja luz gasta milhõe s de anospara chegar até nós que Newton nunca teve a idéia de impor àpotência evolutiva da Ciência, esses limites que as mais dasvezes não passam de manifestações do orgulho do sábio quefez uma descoberta e não admite que se vá além. Em seu leitode morte, ele dizia: Não sei o que de mim pensará aposteridade; comparo-me mesmo a uma criança que,brincando numa praia, achou, para sua grande alegria, umseixo mais polido ou uma concha mais elegante que as outras,

Page 122: A levitacao

enquanto diante dela se estende, a perder de vista e aindainexplorado, o oceano imenso da verdade (48). Esse oceanoimenso e inexplorado ainda se estende diante de nós, e asgrandes descobertas dos séculos futuros somente se rãopossíveis se tivermos a modéstia de considerarmos as maioresdescobertas do passado e do presente como seixos polidos oubelas conchas.

Enquanto a ciência da natureza ficar fiel ao pre juízo, queela cultiva com tanto cuidado, de ver no peso uma forçainvariável, não poderá mesmo conceber a sim ples idéia deinvestigar as leis cuja ação possa contrariar a gravitação, econtinuará a afirmar a impossibilidade.

A Natureza, dizia ele, envolveram em um véu e em trevastão espessas as vias e os meios de que s e serve para imprimira todos os corpos sua tendência a cair sobre a Terra, que,apesar de todo esforço e sagacidade, não se pôde aindadescobrir o menor traço. Foi isso que levou os filósofos abuscarem a causa desse fenômeno maravilhoso nos próprioscorpos, numa propriedade que lhes seria essencial, em virtudeda qual eles tenderiam para o centro da Terra, como sesentissem a necessidade imperiosa de, como uma parte, unir -se ao todo. Isso não se chama descobrir causas, mas criá -laspouco claras e incompreensíveis a qualquer pessoa. (50)

Os corpos são pesados tal é a fórmula enunciada nalinguagem da ignorância, que se prende ao fato mais imediato,à sensação do peso que nos fazem experimentar os corpos.Colocamos nos corpos uma atividade, ainda que, em suatendência a caírem, eles não obedeçam senão passivamente àatração terrena. Se o peso fosse inse parável da matéria, seriainvariável, o que não se dá; porque, se o homem fortransportado para a Lua, não possuirá mais que o sexto do seupeso (50), se o for para o Sol, terá um peso enorme. O peso,de causa exterior e variável, não é , pois inseparável da

Page 123: A levitacao

concepção da matéria. Desde então, cai toda objeção contra apossibilidade da levitação, e cada dia poderá fazer conhecerum novo processo a empregar -se para subtrair um corpomaterial à atração terrena, pela ação de uma força agindo emsentido contrário.

Ora, a levitação não é somente possível: ela é umarealidade. Milhares de pessoas verificam -na, e entre elas seacham investigadores sérios que a submet eram à investigaçãocientífica. Portanto, a Ciência tem o dever de explorar odomínio do ocultismo que apresenta essa força da levitação.Mas, no dia em que ela se firmar na idéia de que, apesar deconhecermos a lei da gravitação, a causa desta é ainda umgrande enigma, se libertará desse prejuízo e desaparecerá essegrande obstáculo ao progresso. Se a Ciência não se deixassecegar e não permanecesse sistematicamente afastada dodomínio onde poderia explorar à vontade os tão numerososfenômenos da levitação, teria dado grande passo para asolução de um dos problemas de maior importância para aHumanidade.

Babinet disse: Aquele que, contra toda possibili dade,conseguisse elevar ao ar, e aí conservar, em sus pensão, umamesa ou qualquer outro corpo em rep ouso, poderia lisonjear-se de ter feito a mais importante de todas as descobertas doséculo. Newton tornou-se imortal pela sua descoberta dagravitação universal; aquele que soubesse subtrair um corpo àgravitação, sem meio mecânico, teria ainda feito mai s (49).Babinet tinha razão para atribuir grande valor a tal descoberta;mas errou acrescentando que o fato era impossível. Ele tam -bém confunde a lei e a causa da gravitação. Mesmo que nãotivéssemos a menor idéia dessa causa, seria eminen tementeilógico afirmar a impossibilidade da levita ção. Mas, se agravitação entra nas leis fundamentais da ele tricidade, a

Page 124: A levitacao

levitação se torna logo uma das suas mais positivaspossibilidades.

As leis são imutáveis, mas as causas podem variar, e suavariabilidade fica estabelecida com a descoberta das forçasque permitem modificá-las. O que faz que um sábio, comoBabinet, tenha essa idéia tão fixa sobre o peso, é ele, semmuito refletir, considerá-lo como um atributo inseparável damatéria. Entretanto há duzentos anos já que Huyghens nospunha em guarda contra semelhantes errosem atividade, de estudá-la em suas manifestações e, variandoas condições experimentais, procurar estabelecer a lei dofenômeno.

Sou partidário de uma estreita aliança entre a física e oocultismo, e isso no interesse de ambos. Se todos os ocultistasfossem excelentes físicos, não veríamos acumu lar-se há tantasdezenas de anos fatos e materiais rela tivos à levitação, semalguma tentativa séria de explica ção. Eu não terianecessidade, ainda que tendo estudado a física, de deter -menisto, abandonando o resto aos fí sicos. Se, pelo contrário,todos os físicos fossem exce lentes ocultistas, em vez dasdiscussões estéreis onde uns afirmam os fatos e outros lhesnegam a possibilidade, veríamos surgir d iscussões fecundassobre as causas dos fenômenos. Os físicos não tardariam entãoa reconhecer que o ocultismo é suscetível de fornecer -lhesnova orientação, e que em particular o estudo da levitaçãofornece a solução de um problema que excede em importânc iaa todos os outros.

A LEVITAÇÃO

Page 125: A levitacao

Sendo dado um fenômeno à primeira vista inexpli cável, osábio o encarará de um modo diferente, segundo a opiniãoelevada que forma de si ou da natureza. Um rejeitará tudo oque não puder entrar no seu si stema, e, ai esbarrar com umdesses fatos, além de fazer todo o possível para evitar corrigirseu sistema, tratará o fato com soberano desprezo; outro oadmitirá como um intruso que a importuna, mas sem ousarafastá-lo; só o verdadeiro investigador se esforçará por ob terfenômenos que possam fornecer -lhe a ocasião de reformar oseu sistema. Para pôr em relevo essas diferentes disposiçõesde espírito, eis algumas passagens de autores diversos.

A Academia de Medicina de Paris: Desprezemos os fatosque são raros, insólitos e maravilhosos, como a renovação dosmovimentos convulsivos pela direção do dedo ou de umcondutor através de uma porta, um muro... Acreditamos nãodever fixar a nossa atenção, sobre casos raros, insólitos eextraordinários, que parecem con trariar todas as leis da física.(51)

Wirchow: Ninguém se alegra com a aparição de um novofenômeno; pelo contrário, a sua constatação é, muitas vezes,penosa. (52)

Herschel: Seus olhos (os do observador) devem sempreestar abertos para não deixarem escapar qual quer fenômenoque contrarie as teorias reinantes; porque, todo fenômenodesse gênero, marca o começo de uma nova teoria. (53)

Os casos de levitação multiplicam-se cada vez mais nestesúltimos tempos; apesar disso, sua realidade não é aceita porcausa dessa disposição de espírito, de todas a mais freqüente eprejudicial a qualquer progresso, e tão perfeitamentecaracterizada no trecho acima citado do Relatório daAcademia de Paris. Não os examinam rejeitam -nos comoimpossíveis.

Page 126: A levitacao

Entretanto, se, para se entregarem ao exame que se impõetomarem por ponto de partida o único verdadeiro, agravitação, verificarão logo que a levitação, isto é, asuspensão do peso de um corpo terreno, se produziránecessariamente no caso de se poder suprimir a Terra, ou poroutra, subtrair o corpo ao seu centro de atração. Não sendoisso realizável, é preciso, para explicar a levi tação, procurarver se existe alguma força oposta à gra vitação e capaz devencê-la. A questão assim apresentada tem a sua respostaclara e evidente. A própria natureza nos oferece exemplos deforças desse gênero. O calor dilata os corpos, isto é, sob ainfluência do calor, a coesão ou força de atração que se exerceentre os átomos, é diminuída ou abolida. O exemplo do ímã éainda mais frisante; o ímã que suport a um pedaço de ferro,triunfa do peso deste. Se, entre dois poderosos ímãs,colocarmos um tubo de vidro, no qual se introduza uma bolade ferro, esta fica livremente em suspensão no tubo. O magne -tismo, neste fenômeno de atração, como nos fenômenos derepulsão que ele produz, é pois um antagonista do peso.

Ora, há cem anos Mesmer descobriu uma nova força, cujafonte se acha no organismo humano e a que ele chamoumagnetismo animal, por causa das analogias que encontrouentre ela e o magnetismo mineral, por e xemplo: nosfenômenos de atração e da ação produzida pelos passesdiretos e inversos. Essas analogias permitem supor que omagnetismo animal é suscetível, por seu lado, de contrariar aação do peso, isto é, de produzir a levi tação. Entendamo-nosbem: há levitação não somente no caso em que um corpo selevanta verticalmente, em sentido contrário ao peso, masainda naqueles em que os movimentos se operam em umsentido qualquer, contanto que previamente a ação do pesoseja vencida; não é mesmo necessário que haja movimento,como prova um fato narrado por Ginelin: a moeda que, apesar

Page 127: A levitacao

da lei de gravitação, ficou aderente à fronte de um indivíduoque sofria de dores na cabeça. (54)

Há cem anos, Petetin fez experiências em catalép ticos.Quando ele colocava a sua mão por cima da doscataleptizados, na distância de uma polegada, a mão destes seerguia e todo o braço seguia o movimento lento de recuo dooperador (55). Foi, porém, Reichenbach quem criou a físicado magnetismo, e o primeiro que fez experiências seguida s.Encontra-se, diz ele, no estudo dos eflúvios ódicos, modosparticulares de atração e repulsão, que se traduzem pelareunião e separação dos seus pólos. Se fizermos que umsensitivo estenda a sua mão esquerda horizontalmente, tendo apalma virada para baixo, e apresentarmos a esta as pontas dosdedos da nossa mão direita, de baixo para cima, a mão esten -dida parece tornar-se pesada, com tendência a abaixar -se,como se fosse atraída para o solo. Se, ao contrário, apre -sentarmos à palma as pontas dos dedos da nossa mãoesquerda, as sensações do sensitivo serão inversas: sua mãoparece ficar mais leve, com uma tendência para ele var-se,como se fosse atraída para cima. - Este fenômeno é delicado epouco acentuado, mas suficientemente claro, e se verifica emtodos os sensitivos, contanto que a sua sensibilidade não sejamuito fraca. Se, em vez de operar -se sobre a mão esquerda dosensitivo, operar-se sobre a direita, as sensações serão asmesmas, mas em sentido oposto... Os membros do mesmonome (isonômios) se repelem fracamente, os de nomescontrários (heteronômios) se atraem da mesma maneira; emum dos casos, o peso natural da mão parece aumentado, nooutro parece diminuído (56). Reichenbach mostrou que essaatração e essa repulsão podem ser obtidas por mei o de pólosódicos inanimados; assim, os pólos dos cristais e dos ímãsproduzem os mesmos efeitos que as pontas dos dedos (57).Ele empreendeu experiências análogas com outras fontes od, a

Page 128: A levitacao

luz solar, as plantas e os corpos amor fos (58). O que há demais notável, é o antagonismo que se manifestou nasexperiências de Reichenbach, entre o magnetismo animal e omagnetismo mineral: Dei ao Sr. Leopolder, professor demecânica em Viena, atualmente na Universidade de Lemberg,uma pequena barra imantada, que ele co nservou em equilíbriona ponta do seu índex direito; essa barra tinha cinco polegadasde comprimento, e 1/16 da polegada quadrada de seção; elamovia-se também para dentro (isto é, a sua extremidade maispróxima do meio do corpo se dirigia para este), seja sobre odedo da mão esquerda, seja sobre o da direita. Aqui seapresenta um interesse ainda maior para a indagação quefazemos. A barra imantada operava, em toda circunstância,uma rotação para dentro, qualquer que fosse a posição dooperador em relação ao horizonte. Assentamo-lo com a facevoltada para o Sul, tendo, em equilíbrio, sobre o índex direito,a barra conservada no plano do paralelo terreno, com o pólonorte do ímã dirigido para o Ocidente; nessa posição, o pólonorte negativo deve tender para o Norte, a força magnéticaatraindo-o necessariamente para o pólo norte terreno, desdeque ela tenha uma intensidade suficiente para vencer o atritoda barra sobre o seu ponto de apoio, isto é, sobre a ponta dodedo. Produzindo-se então o fato, a força de rotação (ódica)pondo em movimento a barra pela sua preponderância sobre aresistência do atrito, seu pólo norte deveria, segundo oraciocínio supra, girar para o pólo norte da Terr a e o que elenão faz; ao contrário, gira para o Sul, em oposição direta àatração polar natural; quanto ao seu pólo sul, ele se dirigeagitado, para o corpo do seu suporte vivo, isto é, para o pólonorte da Terra.

Portanto, o ímã estava longe de obedecer à atraçãomagnética, vencido pela força de rotação (atração ou repulsãoódicas) e, apesar da sua natureza íntima, era violentamente

Page 129: A levitacao

constrangido a mover-se no sentido inverso da suapolarização. A força que estudávamos aí é , portanto tãoconsiderável tão característica e independente, a força (ódica)de rotação naquelas circunstâncias é tão superior à força(magnética.) de rotação, que não hesita mos em aceitar a lutacom o magnetismo, que se lhe opõe diretamente e é vencidona luta por ela... O resultado foi idêntico em todas asorientações, e o foi ainda todas as vezes que re petimos aexperiência com muitos outros sensitivos e outras barras. (59)

Portanto, houve identidade de resultados numa série deexperiências muito variadas. Os sensitivos fracos nãoconseguiam provocar os movimentos. Mais de um tinha seusdias e, mesmo, horas em que periodicamente obtinham essasrotações (60). Eis como Reichenbach resu me: Descobrimosuma força desconhecida, que se revela nos sensitivos, massomente neles, parecendo faltar completamente que o nãosou... Ela cresce pela reunião de muitos s ensitivos, e emanamais abundante nos que são dotados de maior sensibilidade.Pode-se, por meio de obstáculos ódicos, aumentarem-lhe aimportância a ponto de produzir mal -estar, desfalecimentos econvulsões. Suas manifestações exteriores são enfraquecidaspor tudo o que restringe a expansão do od, como, porexemplo, pela oposição de pólos heteronômios... Esses efeitos(de inibição) não são contínuos, mas compõem -se de uma su-cessão de botes. (61)

Como as experiências feitas em objetos inanimadosapresentam uma força mais demonstrativa para nós, com -preendidos mesmo os doutores, vou passar a ensaios cujanarração me forçará a tocar no domínio do Espiritismo. Nãose assuste o leitor, não lhe falarei dos Espíritos, mas de umaforça emanada do médium, e , portanto de um assunto que aantropologia tem desprezado. No fe nômeno das mesas

Page 130: A levitacao

girantes todos os assistentes contri buem para a produção dessaforça.

Esse fenômeno, observado na câmara escura deReichenbach, é acompanhado da produção de luz (62). Aparte superior da mesa torna-se luminosa, e desde então estacomeça a oscilar, a deslocar-se e a elevar-se; aqui igualmenteo magnetismo animal aparece como uma força motora, opostaao peso. Examinemos de mais perto algumas dasmanifestações dessa força.. No decurso de certa sessão,colocou numa balança uma grande mesa de sala de jantar,pesando 121 libras. Ao simples desejo expresso, esse pesodescia a 100, depois a 80 e 60 libras, ou se elevava a 130, emesmo a 144 libras. A mudança de peso se operava nointervalo de 3 a 8 segundos (63). O Professor Boutlerowexperimentou igualmente essa força, que ora se combina como peso e ora lhe resiste. Repele a expressão mudança de pesopor lhe parecer inexata: Nenhum de nós, diz ele, jamaispensou em verdadeira mudança de peso. Para nós não setratava ali de outra coisa a não ser de uma mudança nasindicações da balança, determinada por uma força agindo emconcorrência com o peso. Essa força age: ora no mesmosentido que o peso e a ele se junta, e ora em sentido contrário;e então o marcador da balança indica uma diminuiçãoaparente de peso. Quanto à origem dessa força, Boutlerowadmite, com Crookes, que ela é forne cida pela matériaponderável do corpo do médium, não havendo mais que otransporte da força vital de um corpo material para outro. Osmovimentos aparentemente espontâneos dos corpos seexplicariam do mesmo modo; o contacto do médium com osobjetos não seria sempre necessário. Eis o que diz Boutlerowa propósito de uma experiência com Home: Momentosdepois, Home tomou uma campainha posta sobre a mesa, econservou-a a certa distância da beira desse móvel, um pouco

Page 131: A levitacao

mais baixo que o plano superior. A campainha e a mão deHome estavam bem iluminadas pela luz de uma vela. No fimde alguns segundos, Home deixou a campain ha, e esta seconservou livremente suspensa no ar (64). Boutlerowobservou fatos análogos na presença de outras pessoas do seuconhecimento, que não eram médiuns de profissão.

Se agora notarmos que o peso aparente de um corpo podeachar-se modificado sem adição nem subtração de matéria,resulta, uma vez ainda, que o peso de um corpo não dependeda quantidade de matéria que ele contém, mas do seuconteúdo de od, e que, de conformidade com a sua polaridade,o peso aparente se acha modificado pela subtração o u adiçãode od. Aqui surge uma questão embaraçante, cujo exameabandono aos físicos. O modo por que se comportam ascaudas dos cometas, pareceu impor-nos a obrigação deidentificar a gravitação com a atração elétrica, e a levitaçãocom a repulsão elétrica. No movimento das mesas e outrosfatos dessa espécie, vemos os mesmos resultados produzirem -se pela influência do od, agindo como força motora. Ora, Rei -chenbach mostrou que, na natureza, o od e a eletricidadeoferecem entre si relações estreitas, apesar da independênciada sua atividade (65). Restaria saber de qual dessas duasforças dependem os fenômenos, mas hoje o problema apenaspode ser formulado. A única coisa pro vada é que, pelasubtração ou adição de od, o peso dos corpos se achamodificado, como se a quantidade de matéria neles contida seachasse diminuída ou aumentada; que, além disso, a força querege essas modificações deve ser polarizada, pois ela ésuscetível de produzir um e outro fenômeno. Não se podetratar aqui senão de uma modificaçã o da polaridade ódica.Seja como for, essa força é suscetível de produzir efeitosconsideráveis. Wallace diz: Vi, na presença do célebremédium Daniel Home, variar de 30 a 40 libras o peso de uma

Page 132: A levitacao

grande mesa, peso que previamente se havia determinado empleno dia, para afastar qualquer causa de erro (66).

Será bom citar também as experiências de Crookes, feitascom grande precisão, porque as modificações se produ ziamante um simples desejo do operador.

1 Experiência: Torna-se leve. A mesa se levantou, e abalança não acusou mais que um peso de meia libra, se tanto.

2 Experiência: Torna-se pesada. Foi precisa uma força de20 libras para erguer a mesa por um dos seus lados; achando -se todas as mãos colocadas à beira da mesa, com os polegaresvisíveis.

3 Experiência: Pergunto se a força que reage é capaz delevantar a mesa bem horizontalmente, quando eu busque atrai-la por meio do cordão da balança. Desde logo a mesa deixoutotalmente o solo, ficando perfeita mente horizontal, e abalança acusou uma força de 2 4 libras. Durante essaexperiência as mãos de Home estavam colocadas sobre amesa, ao passo que as dos assistentes se achavam à beira damesma, como na experiência precedente.

4 Experiência: Torna-se pesada. Todas as mãos estão àbeira da mesa; desta vez foi preciso empregar uma força de 43libras para destacar a mesa do solo.

5 Experiência: Torna-se pesada. Desta vez, o Sr. B...Tomou uma luz e iluminou a parte interior da mesa paracertificar-se de que o aumento do peso não era produzidopelos pés dos assistentes ou por algum artifício. Durante essetempo, examinei a balança e veri fiquei que era preciso umpeso de 27 libras para erguer a mesa. Home, A. R. Wallace eas duas damas tinham as mãos colocadas à beira da mesa, eB... Afirmou que ninguém tocava o móvel de modo que o seupeso fosse aumentado. . .

Perguntei então se me era permitido pesar a mesa, semHome nela tocar. - Sim... Foi à resposta.

Page 133: A levitacao

I - experiência: Prendi à mesa a balança de mola, e pedique ela se tornasse pesada; tentei então lev antá-la e, paraconsegui-lo, foi preciso uma força de 25 li bras. Durante essetempo, Home esteve sentado em sua cadeira, recostado noespaldar, com as mãos longe da mesa e com os pés tocando osdas pessoas próximas.

2 - Experiência: Torna-se pesada. Sr. H... Tomou entãouma luz, esclareceu a parte inferior da mesa para se certificarde que ninguém a tocava, enquanto eu fazia a mesmaverificação na parte superior. As mãos e os pés de Homeconservavam-se na mesma posição que na ex periênciaprecedente, o indicador da balança acusou um peso de 25libras. (67)

Assim, do mesmo modo que um ímã pode tornarmagnético um pedaço de ferro (produzindo a chamada in -dução magnética), e que um corpo carregado de eletrici dadepode influenciar outro, existe também no corpo humano umaforça capaz de transportar-se para objetos variados. O númerode corpos que podem sofrer a ação do magnetismo animalparece mesmo ser muito considerável. Slade tocou com aextremidade do dedo o espaldar de uma cadeira, e ela,levantando-se a uma altura de três pés, ficou flutuandodurante alguns segundos, e depois caiu (68). Zôllner e Wilh.Weber viram a agulha imantada desviar -se pelos eflúvios dasmãos de Slade. Züllner propôs tentar a imantação de umaagulha não magnética. Escolheram uma agulha de fazer pontode malha e verificaram, por meio da bússola, que ela nãoestava imantada, pois atraía igualmente os dois pólos daagulha magnética. Slade colocou essa agulha sobre um pratoque deixou em baixo da mesa, como fazia habi tualmente coma lousa para obter a escrita direta; no fim de quatro minutos,colocou o prato com a agulha sobre a mesa e verificou queessa agulha estava imantada apenas numa das suas

Page 134: A levitacao

extremidades, mas tão poderosamente que atraía e prendia alimagem de ferro e pequenas agulhas de coser, e que, por ela,se podia facilmente fazer a agulha da bússola efetuar rotaçõescompletas. O pólo obtido era o austral; ela repelia o póloaustral da bússola e atraía o boreal (69). Verificaram tambémque, por influência do médium, as c orrentes molecularespodiam ser desviadas, fenômeno sobre o qual repousaprecisamente a magnetização dos corpos segundo a teoria deWeber e de Ampare. Muitas vezes notaram-se que as tesourase as agulhas de que se serviam as so nâmbulas para os seustrabalhos de costura, etc., eram magnéticas, e é provavelmenteà mesma influência que se deve atribuir o fato de os relógiosde algibeira de certas pessoas nunca marcharem comregularidade, apesar de todos os consertos que sofram. Foiprovavelmente também uma ação magnética que exerceu oprofeta Eliseu no seguinte fato contado na Bíblia: O profetatinha ido com seus companheiros às praias do Jordão paracortar a madeira destinada à construção de uma choupana; umdeles deixou cair na água o seu machado e amargam ente selamentava por essa perda. Eliseu fez que lhe indi casse o lugaronde o machado havia caído; em seguida, mergulhando naágua um toro de pau, que cortou, este voltou à superfícietrazendo o machado. (70)

Nas sessões espíritas se verifica que a força de levitação,como força motora, emana do médium (71) e tam bém dosassistentes. De um modo geral, o médium não se distingue dasoutras pessoas senão pela maior faci lidade de escoamento doseflúvios ódicos que ele possui. Nessas sessões faz -se muitaquestão para que a cadeia formada pelas mãos não se rompa;pois, do contrário, haveria a interrupção do fenômeno e,portanto, sério perigo, se nesse momento se estivesseproduzindo uma levitação. Assim, por exemplo, se objetosflutuarem no ar, eles cairão, desde que a cadeia se rompa; e

Page 135: A levitacao

isso bem prova que a força da levitação é tirada dosassistentes. No decurso de uma sessão às escuras, em Viena,eu ouvia - pois que não podia ver - como subia e flutuava noar uma pesada caixa de música, que eu só podia carrega rservindo-me dos meus dois braços; se tivéssemos rompido acadeia, sem dúvida alguma ela teria caído, como sucedeu comuma guitarra em certa sessão em Auteuil, que, passeandoacima do círculo, caiu sobre a cabeça de um dos assistentes,arranhando-lhe a testa, quando este, querendo segurá -la,largou a mão do seu vizinho (72). Em sessões desse gênerotêm-se visto muitas vezes obje tos inanimados, mesas,cadeiras, etc., aproximarem-se em linha reta do médium, eoutras vezes também se afasta rem dele. Quando na MísticaCristã se conta que imagens, contempladas piedosamente porcertos fiéis, se aproximavam deles, talvez haja razão paracrer-se na realidade do fenômeno; aí os contempladores eramagentes mediúnicos inconscientes.

Nessa ordem de fenômenos trata -se, antes de tudo, de umaforça contida no médium, suscetível de exte riorizar-se e deagir como força motora. Reichenbach já havia demonstradoque os eflúvios ódicos constituem uma força motora (73), e deRochas consagrou a esse problema um livro (74), onde provaque os eflúvios ódicos dos médiuns devem ser consideradoscomo o substrato de uma força motora. O magnetismo animalage à distância, como o magnetismo mineral; é como este,polarizado, e pode igualmente reforçar ou contrariar a ação dopeso. É ainda uma analogia entre essas duas espé cies demagnetismo. A ação à distância, como qualquer outrofenômeno de magia, não procede, pois, do homem material,mas do homem ódico, e como não é possível figurar esteúltimo senão segundo o esquema do primeiro, podemos dizerque a ação a distância procede do corpo astral. Vendo -se amesma força exercer nas sessões es píritas, trata-se, pois de

Page 136: A levitacao

saber se podem explicar os fenômenos pela simples ação domédium, ou se é preciso recorrer a inteligências estranhas - aEspíritos - ou, afinal, se forças idênticas dessa dupla origem secombinam para a produção dos fenômenos.

Antecipando investigações ulteriores, podemos dizer queo corpo astral exteriorizado não constitui somente o suportede uma força motora, porém que é também o portador daforça vital, da força formativa, da sensibi lidade e daconsciência. Ele pode existir independente mente do corpomaterial e estar dele separado, o que equivale a afirmar a suaimortalidade, como ficará provado experimentalmente nasinvestigações encetadas pelo Sr. de Rochas. Portanto, as açõesproduzidas pelo corpo astral durante a vida terrestre dohomem, nos sonâmbulos e médiuns, devem ser idênticas às docorpo astral definitivamente exteriorizado pela m orte. Osfenômenos observados nas sessões espíritas podem apresentaruma dupla origem: os médiuns e os Espíritos, e inúmerasobservações têm provado que os Espíritos operam por meiode forças que se fundem com as do médium num todo bemhomogêneo. O mesmo processo se aplica ao fenômeno dalevitação.

Portanto, temos as melhores razões, quando se trata defatos dependentes do od, para instruir -nos com aqueles quetêm consciência de se achar em relação com ele. Em primeirolugar, devemos dirigir-nos aos sonâmbulos; os médiuns nosserão de menor utilidade, porque, por ocasião da produção dosfenômenos, ou eles se acham em transe e, portanto, semconsciência, ou acordados, mas sem a consciência ódica.Limitemo-nos, pois aos sonâmbulos. Um dos mais notáveis, eque era ao mesmo tempo médium, a vidente de Prevorst,apresentou, acerca do fenômeno de levitação, consideraçõesdignas de estudo. Ela designa a força ódica ou magnética sobo nome de espírito nervoso, e dizem ser este uma energia

Page 137: A levitacao

muito mais imponderável e poderosa que a eletricidade, ogalvanismo e o magnetismo mineral. Ela atribuiu, antes deReichenbach e Rochas, ao espírito nervoso, a faculdade desuprimir o peso dos corpos. Nos homens mergulhados em umestado magnético profundo, esse espírito nervoso faci lmentese destacaria dos nervos e da alma, podendo por seuintermédio agir à distância e manifestar-se, por pancadas. (75)

O Dr. Klein fala de uma sonâmbula que lhe pedia o seurelógio e o colocava sobre a fronte, onde ele ficava aderenteapesar dos mais variados movimentos que ela fazia com acabeça (76). Jacolliot viu um faquir que, servindo -se de umapena de pavão como condutor, abai xava a concha de umabalança, quando na outra concha existia um peso de 80 quilos.O faquir tocava com a ponta dos dedos a borda de um vasocheio de água, e esse vaso podia -se mover em todos ossentidos, sem que a água se movesse. Muitas vezes o vaso seelevou a sete ou oito polegadas acima do solo. O mesmohindu pediu um lápis, que colocou sobre a água e, estendendoa mão por cima, o lápis se deslocava em todas as direções. Eletocou delicadamente no lápis, que flutuava na água, e estemergulhou até ao fundo do vaso. Sobre uma pequena mesaque Jacolliot podia levantar com dois dedos, o faquir colocoua sua mão durante um quarto de hora; após isso, Jacolliot nãopôde levantá-la, e, como ele empregasse toda a sua força, atábua superior se desprendeu. Alguns minutos depois, a forçacomunicada à mesa se dissipava, e ele readquiriu a suamobilidade. Quando ia partir, o faquir notou um molho depenas dos mais notáveis pássaros da índia: tomou uma porçãodessas penas, e atirou-as ao ar o mais alto que pôde. Elascaíram lentamente, mas, ao chegarem à proximi dade da mãodo faquir, colocada por baixo, tornaram a elevar -se até aotoldo do terraço e ali ficaram pregadas. Depois da partida dofaquir elas desceram (77). Crookes imaginou aparelhos

Page 138: A levitacao

permitindo suprimir toda a comunica ção mecânica direta, daforça emitida pelo médium Home ao instrumento registradordas variações de peso (78). Ele viu uma cadeira elevarem-se,com uma senhora, muitas polegadas acima do soalho, ficarassim suspensa durante cerca de dez segundos, e depoisdescer lentamente. (79)

Todas essas faculdades aumento de peso e levitação, nãopodem ser próprias do corpo material do médium, mas sim doseu corpo astral que, de natureza ódica e polarizada como é,pode agir sobre o conteúdo ódico íntimo dos objetos. Como,depois da morte, o corpo astral subsiste, é claro que osEspíritos devem ser dotados das mesmas faculdades. A esserespeito é bom notar que a vidente de Prevorst atribuía afaculdade de suprimir o peso, não somente ao seu espíritonervoso, mas também aos Espíritos. Ela afirmou muitas vezesque os Espíritos têm o poder de subtrair o peso aos objetos(80), e esse fato me parece experimentalmente provado portodos os fenômenos espíritas, nos quais o peso se achaaumentado ou diminuído segundo o desejo expresso dooperador, como nas supracitadas experiências de Crookes.

Numa experiência do Dr. Hallole com o médium Home,havia sobre a mesa um copo com água, duas velas, um lápis ealgumas folhas de papel. Tendo-se a mesa elevada com umainclinação de trinta graus, todos os objetos que se achavamsobre ela conservaram as suas posições, como se estivessem aícolados. Pediram depois aos Espíritos que levantassem a mesacom a mesma inclinação, e destacassem dela o lápis,conservando-se o resto em posição fixa. O lápis caiu no chão,e os outros objetos conservaram sua fixidez. Tornaram acolocar o lápis sobre a mesa e ped iram a mesma experiência,mas desta vez para se conservar tudo, exceto 0 copo; o copoescorregou e foi recebido à beira da mesa por um dosassistentes. Em outra sessão, a mesa er gueu-se sob um ângulo

Page 139: A levitacao

de 42°; sobre ela achavam-se um jarro de flores, livros epequenos objetos de ornamento. Tudo se conservou imóvel,como se os objetos estivessem presos aos seus lugares (81).Numa experiência feita pelo príncipe Luís Napoleão com omédium Home, um candelabro guarnecido de velas acesaspassou da posição vertical à horizontal, onde ficou flutuandolivremente, continuando as chamas a brilhar em sentidohorizontal (82). A teoria espírita se impõe ainda mais no fenô -meno de transportes, quando objetos colocados a uma grandedistância são trazidos a pedido, como , por exemplo, na sessãoem casa de Napoleão, onde objetos, que se achavam no quintoou sexto salão, foram trazidos ao primeiro. Os fatos dessegênero são inumeráveis; e se, nessas experiências,empregassem aparelhos registrado res, verificariam que ofenômeno de transporte repousa na levitação. É o que seobserva nas numerosas histórias das casas mal -assombradas,onde os objetos mais estranhos servem de projeteis. Todasessas histórias afirmam que não ficaram feridas as pessoasatingidas por esses projeteis. Glanvil relata a história de umacasa mal-assombrada, na cidade de Londres, onde uma pessoafoi atingida na cabeça por um sapato que lhe jogaram, mas tãodocemente que ela nada sofreu (83). Em outra casa, emMulldorf, uma pessoa foi atingida por um marte lo, outra poruma telha, mas todos os projeteis eram tão leves que nãoocasionava mal algum e, ao caírem, pareciam privados depeso (84). Em Munchof, os objetos mais variados, tudo o quepodia servir de projeteis, foram lançados contra as janelas;porém os mais pesados, apesar da velocidade de que vinhamanimados, ficaram fixos às vidraças, e outros, apenas astocaram, caíram ao chão. Pessoas atingidas por grandes pedrasnão sofreram, com grande espanto seu, senão ligeiroschoques, apesar da enorme veloci dade com que as pedraseram lançadas; e, apenas produzido o contacto, os projeteis

Page 140: A levitacao

recaíam verticalmente. Sendo um homem atingido por umacolher pesando três quartos de libra, apenas experimentou umleve toque (85). O advogado Joller conta que, muitas ve zes,pedras eram atiradas à sua casa e iam de encontro a um ououtro dos seus filhos, que somente sentiam um leve choque(86). No convento endemoninhado de Maulbronn, os objetosmais diversos eram arremessados; mas, logo que transpunhama janela, em vez de caírem de pronto, desciam lentamente aosolo, como que flutuando. Em outra casa, eram atiradas pedrasque faziam tanto dano como se fossem simples esponjas (87).Daumer teve a singular idéia de atribuir, em tal caso, apreservação à ação de misteriosos Es píritos protetores; masessa asserção não combina com a confissão por ele mesmofeita de se darem, às vezes, ferimentos (88), e convém buscarsubstituí-la por uma explicação científica, aliás, fácil deadivinhar-se, visto tratar-se de uma força polarizada. Sabemosque a eletricidade neutra de um corpo, decomposta porinfluência, pode ser polarizada de tal modo que a eletricidadepositiva se escoe e a negativa fique no corpo, oureciprocamente. Se tocarmos em um condutor, enquanto eleestá submetido à influência, determinamos um escoamento deeletricidade, tornada livre, sempre do mesmo nome que acarga do corpo influenciante, ao passo que a de nomecontrário fica no condutor.

Em uma comunicação ao Congresso Internacional dasCiências Psíquicas em Chicago , 1893, o Professor Couesapresentou, como possíveis, três hipóteses para explicar

o movimento das mesas e outros fenômenos análogos: 1$)A teoria mecânica, conhecida sob o nome de teoria das açõesmusculares inconscientes, da qual diz: Ela é o refúgio nat uralde todos os físicos e fisiologistas que foram forçados a admitiro fato da mesa girante, porém que, pouco ou nada conhecendodo psiquismo, acham-se logo sem recursos, visto não terem

Page 141: A levitacao

outro meio de esconder a sua ignorância (89). 2°) A teoriatelecinética, segundo a qual objetos inanimados são movidos,em direção contrária ao efeito habitual do peso, por uma forçacomunicada a esses objetos, a distância, por pessoas vivas.(3°) A teoria espírita, aquela que admite que inteligên ciasdesencarnadas imprimam aos objetos o mesmo movimentoque nós mesmos lhe poderíamos comunicar. - Nada tenho adizer sobre a primeira hipótese, que disseca o problema parafacilitar-se a explicação. Ora, tem-se verificado mil vezes quealguns objetos se movem sem contacto; l ogo, essa hipótese,mesmo que fosse exata, não explicaria senão uma pequenaparte dos fenômenos. Desde o momento que se faz da ciênciaum leito de Procusto, sobre o qual colocam o problema, aexplicação torna-se fácil. Quanto às duas outras teorias, oprofessor Coues errou em separá -las. Quando os Espíritosmovem objetos, o processo não é idêntico ao que empre -gamos. Seria necessário um corpo com a mesma densi dade(materialidade) que o nosso, e isso só é possível nasmaterializações completas; os Espírito s operam ne-cessariamente de modo totalmente diverso, e a única hipóteseque pode ser aplicada ao caso é a segunda, a telecinética. Atelecinesia, ou ação motora a distância, não pode emanar docorpo material dos vivos, mas so mente do seu corpo astral.Ora, o nosso corpo sobrevive à morte terrestre com todas assuas faculdades; os Espíritos são providos desse corpo astral,logo, o modo operatório é o telecinético, tanto entre osencarnados dotados dessas faculdades extraordinárias, comoentre os Espíritos. Seria fácil provar, de cem maneiradiferentes, que as forças chamadas anormais, que o homempode desenvolver, graças ao seu corpo astral, são as forçasnormais dos Espíritos.

Uma mão invisível ou fluídica não pode imprimir me -canicamente um movimento a qualquer objeto e, acontecendo

Page 142: A levitacao

mesmo que essa mão fluídica segure o objeto, isso não serámais que o efeito de uma associação de idéias, de umareminiscência humana provocada pela materialização, ouainda porque esse contacto facilita a levitação. A únicaclassificação exata dos diferentes modos de movimento,abstração feita do movimento me cânico produzido pelohomem normal, é, pois a seguinte 1°) O movimento produzidopelas contrações musculares inconscientes. Mas não éprecisamente por este modo que se p roduzem os movimentosda mesa, que são devidos ao od agindo como força motora,como provam os fenômenos luminosos ligados à suaprodução. 2°) A telecinesia, fenômeno devido ao corpo astrale que se efetua sem contacto. É de natureza anímica, quandoemana dos vivos; de natureza espírita, quando emana dedesencarnados.

A constatação do fato da levitação não data de ontem; jáde há muitas dezenas de anos tem ela sido objeto deexperiências, às vezes muito rigorosas. Nossos adversáriosnão têm senão um argumento a opor-nos a levitação éimpossível, por ser contrária à lei da gra vitação. Esta respostaprova desde logo a ignorância de fatos realmente verificados.Além disso, é tão pouco o que sabemos da natureza dagravitação, que já é um motivo para não deverm os servir-nosdela com o intuito de combater a levitação. Não é exato queos corpos sejam pesados. Só o fato de a gravitação diminuirna razão inversa do quadrado das distâncias, deverá impedir -nos de fazer do peso 'um dos atributos da matéria. Os corposnão são pesados senão relativamente aos centros de atra çãoque se podem apresentar, e estes existem em muito grandenúmero no Universo, para que erremos em crer que agravitação deva entrar na concepção da matéria. Vemos que aeletricidade e o od podem con trariar a gravitação; e sendoambos forças dotadas de dualidade (po laridade), não é

Page 143: A levitacao

absurdo considerar a gravitação como a expressão unilateralde uma força polarizada, como da atração elétrica ou ódica,suscetível todavia de transfor mar-se em repulsão, emlevitação, se a carga do corpo influenciado mudar de sinal (talé o caso das caudas dos cometas) ou se a eletricidade neutradesse corpo for decomposta. Logo, a gravitação e a levitaçãonão se contradizem uma à outra mais que os dois pólos de umímã.

CARL DII PREZ

OS EFLÚVIOS ÓDICOSO emprego da baqueta em busca das fontes e veios

metálicosParte da Introdução do Senhor Coronel de Rochas à obrado Sr. Barão de Reichenbach: Lee Effluves Odiques .

Em fins do século XV vê-se aparecer o uso da baquetagiratória nas mãos de certas pessoas, para desco brir no solo osveios metálicos; no meado do século XVII empregam -na paraa procura das águas, e alguns anos depois ela se tornainteiramente célebre, graças a um campônio delfinês, JacquesAymar, que oficialmente serviu-se dela para descobrir o autordum assassínio cometido em Lião no ano 1692.

Depois desse acontecimento, que teve ruidoso eco,numerosas obras foram publicadas para estudar os fatos,detalhar os processos e apresentar as suas explicações .

Page 144: A levitacao

O Abade de Vallemont, como o Abade de Lagarde, e osDrs. Chauvin e Garnier, que igualmente estudaram a questão,atribuem os efeitos da baqueta aos corpús culos que,desprendendo-se de todos os corpos, agem, seja diretamentesobre a baqueta, seja indiretamente sobre o corpo do operador,e, graças aos turbilhões postos em voga nessa época porDescartes, determinam o movimento da baqueta dum modoanálogo àquele pelo qual o ímã atua sobre o ferro; mas esseseflúvios atuam diferentemente sobre os diversos ind ivíduos.Os bons operadores, dotados duma sensação especial, chegama reconhecer a natureza dos diferentes eflúvios, quando jáuma vez os tenham percebido e conhecido; por isso podemseguir como o cão, a pista dum criminoso, uma vez que atenham descoberto num ponto.

O padre Lebrun conclui de diversos exemplos que cita quea causa que faz girar a baqueta se acomoda aos desejos dohomem e que ela segue suas intenções.

Não faltaram as experiências, umas sem o menor êxito,outras coroadas dele às vezes por pro cessos diversos; ora eranecessário ter na mão um objeto da mesma natureza queaquele que se buscava, para obter -se o movimento da baqueta;ora a baqueta apontava para todos os lados, menos para olugar onde se achava um metal determinado ou uma correntedágua, se tivesse na mão esse metal ou um pano molhado.

No fim do século seguinte, tal Sr. Bleton, delfinês, possuiuem grau elevado o poder de descobrir fontes, por meio dabaqueta. Um médico distinto, o Dr. Thouvenel, tendo ouvidofalar dele, pediu-lhe que viesse a Lorena e submeteu -o anumerosas provas cujos resultados publicaram com o títulode: Memória física. E medical mostrando relações evidentesentre os fenômenos da baqueta adivinhatória, o magnetismo ea eletricidade, Paris, 1781.

Page 145: A levitacao

Thouvenel julga que das águas subterrâneas e dosminerais escondidos na terra, se desprendem eflúvios que,penetrando no corpo do mágico pelos pés, olhos e pul mões,passam para o sangue, atuam sobre o sistema nervoso eproduzem uma comoção no peito. Daí os mo vimentosinconscientes que determinam à rotação da baqueta; daítambém o aumento das pulsações, com febre, suores, síncopee perda considerável de forças.

Após essa publicação, Bleton veio a Paris, onde foiexaminado por diversos membros da Academia, notada mentepor Lalande, que lhe armaram ciladas em que ele caiu; fatoque se tem visto e deve reproduzir -se sempre que as sensaçõesdelicadas dos sensitivos forem subme tidas a influênciasperturbadoras, mesmo simplesmente morais.

Depois da Revolução, o Dr. Thouvenel emigrou para aItália, aonde conduziu outro mágico, Pennet, também delfinês;ele o fez experimentar por diversos sábios, como.

Spallanzane, o padre Barletti, professor de física experi -mental em Pavia; Charles Amoretti, diretor da BibliotecaAmbosiana de Milão (90), e Fortis. Este último publicou oresultado de suas experiências na Memória para servir aHistória Natural e principalmente a Orictografia da Itália edos países adjacentes, 1802.

Pennet conseguiu achar depósitos metálicos e umaqueduto subterrâneo, mas foi mal sucedido em certo nú merode experiências; o que prova somente a instabili dade dessasfaculdades especiais visto não se poder estabelecer umacomparação entre o número dos êxitos e o dos insucessos,quando se trata de achar um objeto colo cado em lugardeterminado e extremamente restrito em relação ao espaço emque se faz a experiência.

Alguns anos depois, em 1806, um sábio alemão, Ritter,que tinha visto como operava Pennet, encontrou essa mesma

Page 146: A levitacao

faculdade de hidroscópio num jovem cam pônio chamadoCampetti. Ritter conduziu-o a Munique, onde ele foiigualmente experimentado por Schelling e Francisco Baader.

O Conde de Tristan publicou em 1826 um livro sob otítulo: Estudo de alguns eflúvios terrestres, onde cons tata arealidade do movimento inconsciente da baqueta sobre ascorrentes dágua e na vizinhança dos metais, ex pondo commuita boa-fé e franqueza as numerosas experiências quetentou para estabelecer uma teoria, infeliz mente um tantoconfusa. Limitar-me-ei a algumas das suas conclusões:

A Terra emite eflúvios de natureza elétrica que di ferem naquantidade e qualidade, conforme os lugares, as estações e ashoras; esses eflúvios penetram nos corpos de certas pessoasque possuem uma condutibilidade es pecial, e aí se polarizam,passando o fluido positivo ou boreal para a metade direita, e onegativo ou austral para a metade esquerda. As meias de sedase opõem ao movimento da baqueta, impedindo que o fluidopenetre no corpo do sensitivo; da mesma maneira, o movi -mento é detido pelas fitas de seda que cerquem os punhos dabaqueta, interrompendo assim a corrente. Se o fluido positivovencer o negativo, a baqueta, partindo do plano horizontal, seeleva; ela se abaixa no caso con trário. O fluido que sedesprende do solo, por cima duma corr ente dágua, é devido aoatrito da água contra as paredes do canal.

Experiências feitas no século XIX com o pêndulo einstrumentos análogos

As experiências feitas com a baqueta giratória indu ziramFortis, Amoretti, Volta Ritter, Schelling e Baader a seocuparem de outro fenômeno inteiramente análogo: o de umpêndulo seguro na mão e que toma movimentos diversos,conforme a natureza das substancia sobre as quais estásuspenso. Os resultados obtidos pelo Sr. Ritter forampublicados, em janeiro de 1807, pelo Mo rgenblatt, de

Page 147: A levitacao

Tubingue. Aí se encontram indicações um tanto claras sobre apolaridade do corpo humano, dos ovos, das fru tas, dos metais,etc. Ritter emite a opinião de que a baqueta adivinhatória éapenas um duplo pêndulo que, para ser posto em movimento,só precisa duma força superior àquela que produz osmovimentos do pêndulo simples. Eis o que ele diz

Toma-se um cubo de pirite, de enxofre nativo, ou ummetal qualquer. A grandeza e a forma desse metal sãoindiferentes (pode-se, por exemplo, empregar um anel deouro). Prende-se isso a um fio cujo comprimento seja de três aseis decímetros; aperta-se o fio entre os dedos, suspendendo -operpendicularmente e impedindo todo o movimentomecânico; convém que se molhe um pouco o fio.

Nestas condições, coloca-se o pêndulo por cima dum vasocheio dágua ou dum metal qualquer; escolhe-se, por exemplo,uma moeda, uma placa de zinco ou de cobre; o pêndulo fazinsensivelmente oscilações elípticas, que se forma em círculoe tornam-se cada vez mais regulares. Sobre o pólo norte doímã, o movimento se efetua da esquerda para a direita; e sobreo pólo sul, da direita para a esquerda. Por cima do cobre ou daprata, dá-se o mesmo que sobre o pólo sul; por cima do zincoou da água, acontece o mesmo que sobre o pólo norte.

Deve-se proceder sempre do mesmo modo, isto é,aproximar o pêndulo do objeto, seja por cima, seja por um doslados; porque, modificando-se a aplicação, modifica-setambém o resultado; o movimento que se fazia da esquerdapara a direita, se fará da direita para a esquerda, e vice-versa.Não é também indiferente que a operação se faça com a mãodireita ou à esquerda; porque em alguns indivíduos há taldiferença entre o lado direito e o esquerdo que ele produz umadiversidade de pólo.

Toda a suposição de erro nesta s provas é fácil de destruir,porque o pêndulo oscila sem o menor movimento mecânico; a

Page 148: A levitacao

regularidade dos movimentos acabará por convencer -vosdisto.

Podeis multiplicar as experiências ou mesmo dar aopêndulo um impulso mecânico oposto ao seu movimento; elenão deixará de retomar a primitiva direção, quando cessar aforça mecânica.

Se suspender-se o pêndulo por cima duma laranja, dumabatata, etc., do lado do talo, o movimento se efetua comosobre o pólo sul do ímã; se voltar -se o fruto para o ladooposto, o movimento também muda; a mesma diferença depolaridade se apresenta nos cabeços dum ovo fresco aindamais notável nas diversas partes do corpo humano. Por cimada cabeça o pêndulo faz o mesmo movimento que sobre ozinco; por cima da planta dos pés, o mesm o que sobre ocobre; por cima da testa, dos olhos ou do queixo o mesmo quesobre o pólo norte; por cima do nariz ou da boca, o mesmoque sobre o pólo sul. Experiências análogas podem ser feitassobre todas as partes do corpo. O movimento que se dá napalma da mão é inverso do que se opera na sua parte externa.O pêndulo move-se por cima de cada ponta de dedo; mas oquarto dedo (o anular) provoca um movimento inverso; possuiigualmente a faculdade de deter o pêndulo ou dar -lhe outradireção, quando o colocamos sozinho na extremidade da mesadas experiências.

Em 1808, Gerboin, professor na Escola Médica deEstrasburgo, publicou seus Estudos experimentais sobre umnovo meio de ação elétrica, volume de 356 páginas em quedescreve 253 experiências com um pêndul o formado por umabola fixa na extremidade duma linha, cuja parte superior ésimplesmente presa entre o polegar e o índex. Essa obra édigna de ser consultada, porém tor na-se difícil analisar acomplexidade de suas conclusões. Em 1812, tendo Deleuzeexposto as pesquisas de Fortis, Amoretti e Ritter a Chasreul,

Page 149: A levitacao

este falou sobre o assunto a Ersteat, então em Paris. Ambosconstataram então os movimentos do pêndulo; mas, apesar doconceito que lhes merecia a opinião de Ritter, reservaram oseu parecer acerca da causa do movimento. Alguns anosdepois (1833), Chevreul, que continuara a fazer expe riênciasdo fenômeno, publicou na Revue des Deux -Mondes, sob aforma de carta dirigida a Ampare, as seguintes conclusões:

Pensar que um pêndulo seguro pela mão do ex pe-rimentador pode mover-se e se move, sem que se tenhaconsciência de que o órgão lhe dá um impulso, eis o pri meirofato.

Ver esse pêndulo oscilar, e esse movimento tornar -se maisextenso pela influência da vista sobre o órgão mus cular,sempre sem se ter consciência disso, eis o segundo fato.

Chevreul explica esses dois fatos pela simples supo siçãode que a possibilidade dum movimento provoca mo vimentosmusculares inconscientes para produzi -lo, e que a vista dummovimento provoca, por imitação, movimen tos da mesmanatureza. Em apoio desta última propo sição, ele fez notar que.

1°) Quando a atenção está inteiramente fixa sobre umpássaro que voa, sobre uma pedra que fende o ar ou sobre aágua que corre, o corpo do espectador se dirige dum modomais ou menos acentuado para a linha do movimento.

2°) Quando um jogador de bola ou bilhar segue com avista o objeto a que deu movimento, inclina seu corpo nadireção que deseja dar ao objeto, como se lhe fosse aindapossível dirigi-lo para o ponto que quis fazer atingir. Chevreulaplicou essa mesma explicação às mesas guantes, numa obraque publicou em 1854, porém, não podendo explicar osmovimentos sem contacto, não pode mais ser invocada para ageneralidade dos fatos.

Mas, nessa época em que os movimentos sem c ontactopareciam tão absurdos que nem mesmo eram dis cutidos, todos

Page 150: A levitacao

os esforços daqueles que atribuíam os mo vimentos do pênduloa uma ação exercida sobre a matéria do mesmo por um agentefluídico especial emitido pelo operador, deviam tendersomente a dispor as condições da experiência de modo aanular o efeito dos movimentos inconscientes em contactocom o pêndulo. Foi o que fez, primeiro que todos, o Sr. J. deBriche, secretário-geral da Prefeitura de Loiret, por meio dumaparelho muito simples, que lhe dava um ponto de suspensãofixo. Esse aparelho compunha-se dum escabelo pequeno decarvalho, com cerca de trinta centímetros de altura, formadoduma travessa de vinte a vinte e cinco milímetros deespessura, e de treze a catorze centímetros de largura sob retrinta e seis centímetros de comprimento, fixo sobre uma mesasólida, a fim de lhe dar toda a estabilidade necessária e servirde apoio à mão do operador. A extremidade dum fio de seda,cânhamo, linho, algodão ou lã, de 21 a 22 centímetros decomprimento, ele pendia um anel, uma pequena bola ou umcilindrozinho de metal (ouro, prata, cobre ou chumbo ); fixavaesse fio no meio da parte horizontal do escabelo com umapequena pelota de cera, que o tornava aderente à madeira;nesta posição, o pêndulo, apresen tado a uma substânciaqualquer, fazia espontaneamente, pelo contacto da mão com ofio, movimentos rotatórios ou de oscilação; quando oapresentava o outro objeto capaz de produzir movimento di -verso, não era necessário deter o primeiro movimento, o qual,continuando os dedos aplicados sobre o fió, se mo dificavamesmo insensivelmente para passar aquele (às vezesinteiramente contrário) que devia ser produzido pelo novoobjeto.

Afinal, o Sr. Briche reconheceu que o pêndulo, ao simplescontacto do dedo e sem impulso algum sensível comunicadopela mão, faz todas as oscilações que lhe impõe a vontade do

Page 151: A levitacao

operador. (91) Iguais experiências foram empreendidas no ano1851, em Brighton (Inglaterra), pelo S r. Rutter. (92)

Numa conferência feita no Instituto Literário e Científicoda Brighton, sobre certas questões de fisiologia hu mana, é queo Sr. Rutter apresentou ao público, para apoiar suasdemonstrações, um aparelho de sua invenção denominadomagnetoscópio.

Esse instrumento era uma mesinha de acaju bem seco eenvernizado, composta de uma coluna, um suporte e umdisco. O disco sustentava-se por um eixo que se introduzia nointerior do suporte e era seguro por um parafuso. Esseaparelho mantinha-se estável sobre uma mesa perfeitamentehorizontal, colocada numa sala onde não houvesse vibraçõesdo soalho. Uma haste de cobre atravessa uma bola de cobre ese encaixa numa cavidade praticada no centro da coluna; ahaste vai adelgaçando-se para a sua extremidade fendida emforma de pinça, que se pode fechar ou abrir à vont ade pormeio dum anel corrediço. (93)

Em vez de chumbo, o magnetoscópio era armado dumpedaço de lacre em forma de pião, preso às pontas da pinçapor meio dum fio de seda extremamente fino.

Sobre o disco era colocada uma manga de vidro, comcerca de 4,5 polegadas de diâmetro, ficando o centro de suabase imediatamente por baixo e distante do pião cerca dumapolegada inglesa. Na base em que assentava essa manga,estava colocado o diagrama da rosa -dos-ventos.

O pêndulo, a fim de ser protegido contra as corren tesatmosféricas da sala e contra a respiração dos assis tentes oudo operador, ficara encerrado na manga de vidro, cuja alturaera de 12 polegadas.

As condições para se usar o instrumento eram as se -guintes: colocar-se ao lado do aparelho, tomar entre o polegare o índex da mão direita a bola de cobre que sobremonta a

Page 152: A levitacao

coluna, sem apertar muito os dedos; dobrar contra a palma damão os dedos não empregados, e fixar os olhos no pêndulo.Como se vê, Rutter queria evitar as objeções e pretendia,isolando assim o pêndulo, demonstrar experimentalmente aexistência de correntes ou irradiações magnéticas emanandonão só do organismo humano, mas também de todos os corposda Natureza.

Apesar das precauções que havia tomado na cons trução doseu aparelho, suas teorias e seus processos experimentaisforam violentamente atacados; numerosas polêmicas, cujotraço se encontra no jornal científico da época, o HomaepaticTimes, reproduziram mais ou menos as mesmas objeções qu ejá haviam sido feitas por Che vreul, apoiando-se sobre aimperfeição de certos detalhes da construção.

Foi então que o Sr. Dr. Léger, médico francês resi denteem Londres e partidário das teorias de Rutter, procuraraminvalidar essas objeções, construindo um novo aparelho quelhe pareceu dever afastar toda a suspeita de impulso muscularvoluntário ou inconsciente. Colocou o pêndulo numacampânula de vidro, sobre a qual havia uma armadura decobre terminada por uma bola; depois, inspirando -se numadas experiências em que Rutter pro vava que as substânciasanimais mortas como os ossos, o marfim e a barbatana, nãotêm a menor influência ativa sobre o pêndulo, fez partir dabola de cobre duas hastes do mesmo comprimento colocadasem direções opostas, uma de cobre como a armadura, e aoutra de osso, marfim ou espinho de porco, cada qualsustentando um fio de seda da mesma extensão e um pião delacre com a mesma forma e igual peso. Assim, o instrumentocomportava três pêndulos: um central, colocado sob a cam -pânula e diretamente acionado; o outro no extremo da haste decobre e que, indiretamente acionado, tomava o nome derepetidor (pois recebia a mesma ação que o pêndulo central) ;

Page 153: A levitacao

e finalmente, o terceiro na ponta da haste de matéria orgânicaque, em virtude das propriedades especiais dessa substância,não transmitia a corrente e, conservando-se na inércia maiscompleta, tomava o nome de testemunha. Era evidente que,num aparelho assim construído, o menor impulso mecânico, amais leve ação muscular, consciente ou inconsciente, devia, seviesse a produzir-se, abalar os três pêndulos; todos três, pelaprópria natureza do seu modo de suspensão, que era idêntico eduma mobilidade extrema, deviam simultanea menteresponder à mesma ação mecânica; e é fácil com preender quea imobilidade absoluta do pêndulo teste munha, durante otrabalho dos dois outros (pêndulo central e pêndulo repetidor)deviam ser o sinal comprovativo da realidade do fenômeno,isto é, da passagem da corrente emitida duma fonte qualquer;vindo sensibilizar o aparelho de demonstração. Tal era e m seuconjunto o aparelho com que o Dr. Léger repetiu as expe -riências de Rutter e pôde, variando -as ao infinito, demonstrarnão só que cada corpo da Natureza, mineral, vegetal ouanimal, é dotado de propriedades irradiantes especiais, mastambém que a vontade do homem é uma força efetiva,suscetível de influenciar, pelo irradiamento, a matéria inerte.

Das experiências publicadas pelo Dr. Léger, em Lon dres,resulta com efeito que, pela influência só duma vontade firmee seguida, e sem o auxílio de alguma força mecânica (poisbasta um simples e leve contacto do dedo com a armadura), opêndulo entra em movimento na direção exigida sobre todasas linhas do diagrama, isto é, descreve à vontade rotaçõesnormais ou inversas e oscila nos rumos : N. S. - E. O. - N. E. eS. O. - N. O. e S. E. -, etc.

Desse fato, porém, não se deve concluir que a von tade sejasempre a causa única dos movimentos do pên dulo e,conseguintemente, que o instrumento não pode dar umaindicação diversa da que o operador deseja; todas as

Page 154: A levitacao

substâncias com que o operador se põe em relação, tocando -ascom a mão esquerda, modificam dum modo especial osmovimentos de rotação ou oscilação do pêndulo; e isto não éuma ilusão, porque não é necessá rio que o operador saiba comantecedência em que substância vai fazer a experiência, paraque o fenômeno se realize. A substância sujeita à experiênciapode mesmo ser encerrada numa caixa de papelão ou numtubo de vidro. Esse processo, sem conhecer -se previamente onome da substância e, por conseguinte, o resultado que eladeve dar, é a maior garantia da sinceridade da ope ração, e aomesmo tempo dá uma perfeita segurança da neutralidade dooperador. O que convém saber é que o operador podesubstituir a ação de sua vontade à que resulta do irradiamentoespecial do corpo do operador, ou deixar o campo livre àmanifestação desse irradiamento, reduzindo sua potênciavolitiva pessoal a um estado de neutralidade passiva. São, dizo Dr. Léger, variantes muito delicadas a que nem todos osexperimentadores ligaram importância, e são à ignorânciadessa condição indispensável ao manejo dum aparelho tãodelicado que é devida à verdadeira causa das irregularidadesou variações descritas nos relatórios das experiências, va -riações que puderam fazer duvidar da autentic idade dofenômeno.

Assim, apesar das numerosas experiências feitas pelo Dr.Léger com um aparelho cuja precisão, como cons trução,pouca margem deixava às objeções, a idéia fez poucoprogresso. Não foi, entretanto, abandonada, e isso é a melhorprova do seu valor; nem por um só instante deixou de ser oobjeto de estudos perseverantes e curio sos. O químico LouisLucas foi quem, em 1834, se es forçou primeiramente porfixar• as relações que ligam os seres vivos às forças livresambientes; serviu-se alternadamente de agulhas não imantadasde ferro batido e de um galvanômetro especial a que chamou

Page 155: A levitacao

biômetro ou balança, da vida (94 ); suas conclusões são asmesmas que as dos experimentadores do pêndulo e podem serassim resumidas.

1) Cada corpo é dotado dum poder irradiante especial.2) Esse irradiamento é traduzido e ritmado fiel mente pela

agulha do biômetro, não só quando em con tacto, mas tambémà distância.

3) A influência da vontade no fenômeno da trans missão éconsiderável.

4) Os seres vivos se diferenciam entre si pelo grau deintensidade da influência que cada um deles exerce sobre oinstrumento.

5) A ação dos corpos mortos é nula.6) Os vegetais e os minerais, como os corpos or gânicos

vivos, têm influências irradiantes, porém menores.7) Essas influências irradiantes são polarizadas.8) O caráter desse movimento irradiante e ser continuo e

em relação constante com o foco de aceso o que permiteestabelecer hierarquia progressiva na emissão radiante detodos os corpos da natureza, mineral, vegetal e anima l.

Em 1885 Doutor Durant constatou (95) em todos oscorpos a existência duma força que segundo a natureza destescorpos e suscetível de determinar a distancia e apesar dainterposição de matérias densas e compactas os efeitosespeciais sobre a economia viv a, efeitos cujo caráter eintensidade podem ser exatamente determinados por meio deprocessos mecânicos. Deu a essa força irradiante cujaspropriedades variam em razão da qualidade ou do arranjomolecular.

Servindo do aparelho Dr. Leger que ele vira em Lon dres alonga serie de resultado concordante obtidos pelo Dr. Durandde Grãos.

Page 156: A levitacao

1 – Existe um novo principio da física que se desprendeincontestavelmente do conjunto de resultados particularesobtidos mais ou menos obtidos na França, Áustria (96) eInglaterra e por homens cujos estudos tendiam para este fimsem que houvesse combinação entre eles.

2 – A influencia exercida por uma substancia sobre opendulo e sempre a mesma em natureza e amplidão e qualquerque seja a quantidade dessas substancia dessa substanciaassim a experiência prova que simples glóbuloshomeopáticos, de dinamizações elevadas (a 30°, porexemplo), produzem sobre o pêndulo um efeito idêntico ao damesma substância, em massa, que esses glóbulos representam.

3 - Nas experiências pouco importa, para o resultado final,que a substância esteja descoberta na mão, ou colocada, quernuma caixa de papelão, quer num tubo de vidrohermeticamente fechado, o que indica que certo isolamentoentre o experimentador e a substância não diminuisensivelmente o efeito obtido pelo contacto direto.

Vinte anos depois, o Conde de Puyfontaine demons trou,por meio dum aparelho de sensibilidade extrema, apossibilidade para a maioria dos homens, de produzir adistância movimentos, sob a influência da vontade.

Eis como a Enciclopédia Popular de Pierre Conil,publicada em Paris no ano 1880, relata as experiências do Dr.de Puyfontaine, sob o título Magnetismo.

Há, no ato magnético, emissão dum fluido dotado dequalidades especiais, em virtude do meio que o origina, eapresentando em sua essência eterna uma analogia pro -nunciada com os fluidos elétricos e electromagnético.

O homem cuja vontade põe em jogo o mecanismo dessaação assemelha-se a uma pilha e, como ela, produz correntepartindo dele para voltarem a ele, depois de atravessaremcondutores especiais e seres animados.

Page 157: A levitacao

Esta verdade física foi demonstrada, desde 1876, porexperiências efetuadas na presença de várias pessoas, nãodeixando pairar dúvida sobre a exatidão dum fato até entãocontestado.

O Conde de Puyfontaine fez construir pelo Dr. Rhum korfum galvanômetro de fio de prata, cuja sensibili dade é a maiorpossível. Esse fio de prata tem uma ex tensão de 80quilômetros. O aparelho, posto em comuni cação com a maisfraca fonte elétrica, fornece todas as indicações conhecidas,quando se introduz no circuito um regulador, um interruptor eum comutador. Suprime-se depois a fonte elétrica, do mesmomodo que os instrumentos acessórios, e agarra-se com asmãos os electródios.

O repouso, as deslocações da agulha para a direita ou paraa esquerda, ou o seu estacionamento num grau designado,revelam a ausência ou a passagem do fluido humano, seureforçamento ou enfraquecimento, à vontade da pessoa quesubstituiu a fonte elétrica.

Pode-se igualmente colocar os electródios em reci pientesisolantes ou isolados, contendo água pura, e obter as mesmasindicações operando com os dedos mergulha dos na água emfrente dos electródios.

Resulta destas experiências que o homem possui em siuma fonte fluídica; as correntes, que daí tira, podem serprojetadas fora dele, e é em sua vontade que se acham oexcitador, o comutador, o regulador e o inter ruptor dessafaculdade, que se prende à própria vida e cujo princípio resideem causas de ordem superior.

Em 1881, o Dr. Baréty, de Nice, apresentou à Socie dadede Biologia uma memória com o título: Des propriétésphysiques d'une force particulière du corps humann, forceneurique rayonnante, connue vulgairement sous le nom demagnétisme animal. Mais tarde, em 1 889, publicou uma obra

Page 158: A levitacao

volumosa sobre o magnetismo animal (97), em que procuroupôr de acordo os braidistas com os mes meristas, apresentandoa força nêurica como uma força essencialmente física análogaàs que é conhecida som, calor, luz e eletricidade.

Na revisão do magnetismo que se procede há tantos anos,ficamos, diz ele, no período analítico; mas talvez nãoestejamos muito longe do dia em que todos os fenô menos,grupados no mesmo feixe por um grande trabalho de síntese,aparecerão aos olhos do públic o com a sua brilhante eindestrutível simplicidade.

O Dr. Baréty cita, aprovando-as, as experiências feitas porum colega seu, o Dr. Plamat, a fim de dar uma prova visívelda ação irradiante da força nêurica sobre os objetosinanimados.

O aparelho do Dr. Plamat consiste numa agulha de açoextremamente fina, de três ou quatro centímetros decomprimento, na qual está enrolado um fio de latão muitofino, cujas extremidades se prolongam cinco cen tímetros alémda agulha e terminam por duas pequenas asas. É dep ois presopelo meio a uma tira de papel go mado de um a doiscentímetros de largura, cuja parte livre, talhada em ânguloagudo, é munida dum fio de seda para suspender o aparelho aum globo de vidro cobrindo um semicírculo graduado deambos os lados até 90 graus, com a linha mediana no zero.Assim, ao abrigo de toda a corrente de ar e da açãoinstantânea de calórico, a agulha livre conduz (ainda que nãoimantada), com extrema lentidão, toda a equipagem para omeridiano magnético do lugar; sofrendo franca mente a açãocoercitiva do globo, ela oferece a vantagem de desem penhar opapel de mola em relação às ações espontâneas ouprovocadas, às quais pode ser submetida. Essas ações,consideradas como correntes eletromagnéticas dos corpos,não se exercem sensivelmente, através do vidro de campânula,

Page 159: A levitacao

senão para os animais; ao passo que, tratando-se de metais,madeiras, cristais, etc., só se obtém efeito apresentando -osdiretamente às pequenas asas da agulha. Essas influências setraduzem pela atração ou repulsã o. Apresentando um ouvários dedos por fora do globo na frente duma asa da agulha,e seguindo muito lentamente o contorno do anteparo de vidro,pode-se fazer que a agulha descreva um ângulo de 90 graus. Aprodução dessa força não é exclusiva do sistema ner voso, poisé também observada nos minerais, e o aparelho do Dr. Plamatparece próprio para medir o grau de ten são da sua emissãoirradiante.

O Dr. Baraduc também procurou estabelecer um modo demedição exata dessa emissão; para isso serviu-se domagnômetro do abade Fortin, cuja construção complicada nãodá talvez ao experimentador a mesma certeza sobre averdadeira causa do fenômeno, mas per mite constatar a açãodas correntes.

Foi assim que o Dr. Baraduc chegou à conclusão de que ocorpo humano é influenciado pelo meio que o envolve, eexerce sobre os corpos vizinhos uma ação pro porcional aograu da sua própria energia (98). Esse corpo tendeconstantemente a colocar-se em relação harmônica com oestado vibratório ambiente; daí, as influências recíprocas queexistem dum modo permanente entre o organismo e todos oscorpos da Natureza, e a possibilidade, com um aparelhosuficientemente sensível, de constatar as variações dessasemissões irradiantes. É neste ponto que o aparelho do abadeFortin constitui segundo o Dr. Baraduc, um processo debiometria suscetível de dar uma medida suficiente da tensãonuma pessoa sã ou enferma. Constatou que a fórmulabiométrica assim obtida estava em relação com a energia dapulsação arterial e da força muscular dada pel o dinamômetro.

Page 160: A levitacao

O Sr. Thore, de Dax, publicou em 1887, no Bulletin de laSocieté Scientifique de Borda, as experiências que fez, pormeio dum novo aparelho, sobre a emissão irra diante dumanova força.

Esse aparelho compõe-se dum cilindro de marfim com 24milímetros de comprimento e 5 de diâmetro, suspenso por umsimples fio de seda, de tal maneira que seu eixo fica bem noprolongamento do fio de suspensão, que se fixa pela outraextremidade num suporte que tem uma juntura permitindolevantar ou abaixar o ci lindro sem imprimir-lhe abalosbruscos; em uma palavra, é um pe queno pêndulo que secoloca ao ar livre, no centro duma mesa bem fixa posta nomeio dum compartimento cujas aberturas se acham todasfechadas para evitar tanto quanto possível os movimentos daatmosfera.

Obtida a estabilidade do cilindro suspenso, se lhe foraproximado outro cilindro também de marfim e dispostoverticalmente, ver-se-á produzir no primeiro cilindro ummovimento acelerado de rotação, que parece não ter outrolimite senão o esforço contrário desenvolvido pela torsão dofio. Essa rotação se efetua sempre no mesmo sentido que a dasagulhas dum relógio, quando o segundo cilindro está colocadoà esquerda do primeiro em relação ao obser vador fazendo faceao aparelho, e em sentido contrário quando o segundo cilindroestá colocado à direita.

A natureza das substâncias dos dois cilindros é sem efeitosobre a produção do movimento, do mesmo modo que a suaquantidade; o sentido da rotação está intima mente ligado àposição do observador em relação ao aparelho, o que pareceindicar que a origem dessa força está no próprio observador.O autor conclui que é inútil procurar a causa desses singularesmovimentos nas forças físicas conhecidas, pois deve ser uma

Page 161: A levitacao

propriedade inerente ao organismo humano e talvez umapropriedade geral da matéria viva.

Há alguns anos tive ocasião de conhecer em Turene umvenerável sacerdote, o abade Guinebault, cuja sensi bilidadenervosa era tal que ele teve de renunciar ao serviço paroquial.As tempestades afetavam-no dum modo terrível (99); elegozava da propriedade de encontrar as correntes dágua comuma baqueta de ponta de ferro, indicando exatamente a suaprofundidade; além disso, podia indicar com os olhosvendados a direção do pólo magnético (100). Tendo -lhe ditoum capitão de navio que os chineses se serviam do pêndulopara descobrir as fontes, ele fez experiências que deram oseguinte resultado.

a) - Movimento do pêndulo sob a ação dos cursos dáguasubterrâneos.

Se eu conservar na minha mão direita um anel d e ferro,cobre ou ouro, suspenso por um fio de cânhamo ou de linho, evoltar a minha face no sentido duma cor rente dáguasubterrânea, isto é, olhando para a vazante, meu pêndulo põe -se logo a oscilar em linha reta no sen tido da corrente, e asoscilações não tardam a atingir de 76 a 80 centímetros deamplitude, se o fio for assaz longo; depois, no fim de três ouquatro minutos, o pêndulo começa a descrever elipsesalongadas, em seguida círculos concêntricos, e acaba poroscilar num plano perpendicular à corrente.

Mas esse movimento não é definitivo, porque o pên dulorepassa depois pelo movimento elíptico e pelo movi mentocircular, para voltar ao movimento plano no sen tido dacorrente, e assim indefinidamente, sem nunca variar.

Dois jovens professores do pequeno seminário de Tours, aprincípio incrédulos, acabaram por experimen tar esses efeitos.

Page 162: A levitacao

Coisa estranha! Cada vez que levanto o pé direito,deixando só o esquerdo em contacto com o chão, não seproduz espécie alguma de movimento, qualquer que seja otempo da experiência. Se eu trouxer uma luva de seda na mãodireita, ou simplesmente um lenço de seda no lado direito dopescoço, todo o movimento se detém subitamente.

Enfim, se eu tiver o pêndulo na mão esquerda, nunca ofenômeno se dará. Se, em vez de colocar-me a princípio nosentido da corrente, voltar à face para o lado oposto, isto é,olhando para o ímã, o pêndulo põe -se logo em movimento;mas, em vez de balançar-se no sentido da corrente, oscila aprincípio perpendicularmente e passa, do mesmo mod o que nocaso procedente, por movimentos elípticos e circulares, paraoscilar no sentido da corrente, e assim seguidamente.

Vê-se que o movimento do pêndulo, admitindo que eleseja determinado pela presença do curso da água, é dirigidopela posição do corpo.

b) - Movimento do pêndulo por influência do mag netismoterrestre.

Quando, tendo na mão o pêndulo, volto minha face para olado norte, o pêndulo se move no plano do meri dianomagnético, dirigindo-se primeiro para o norte; depois, porém,de algumas oscilações nesse plano, ele se inclina um poucopara a esquerda, descreve sucessiva mente elipses e círculos, eacaba por se mover num plano perpendicular ao meridianomagnético.

Se, em vez de voltar à face para o norte, o fizer para o sul,o pêndulo, em vez de oscilar a princípio no plano domeridiano, entra logo em movimento no plano perpendicular.A ação da corrente magnética é muito mais fraca que a dascorrentes dágua.

c) - Ação da vontade

Page 163: A levitacao

Quando o pêndulo está bem lançado na direção domeridiano magnético, por exemplo, se eu, por uma von tadeíntima muito firme, lhe ordenar que se detenha, ele o fazquase instantaneamente e conserva -se imóvel enquanto semantiver a minha vontade proibitiva.

Ainda mais, se uma pessoa estranha tomar -me a mão equiser mentalmente que o pêndulo se dirija num sentido queela não me indica, o pêndulo se detém logo e toma pouco apouco a direção mentalmente indicada.

Devo acrescentar que, sob a ação de certas influên cias,provavelmente atmosféricas, perco às vezes toda a infl uênciasobre o pêndulo e fico muitos dias sem poder pô -lo emmovimento pelo processo usual empregado, ape sar dumavontade enérgica e da persistência do ensaio. Terminarei esteestudo pela exposição ainda inédita das pesquisas do Sr. A.Bué, a quem devo grande parte das informações precedentes eque, como fteichenbach, estudou a questão com umaperseverança e um método inteiramente excepcionais.

Considerando as objeções feitas contra os primeirosprocessos de experimentação, que deixavam , com efeito, umcampo vasto à crítica, o Sr. Bué aplicou -se a rodear suasexperiências de todas as garantias suficientes; va riando paraisso, tanto quanto possível, os seus meios de verificação, eleestudou ao mesmo tempo nos corpos vivos organizados e noscorpos inorgânicos, não só o modo de transmissão dessa forçamisteriosa tão diversamente apreciada, mas ainda suastransformações e sua influência.

Em fins de maio de 1886, o Sr. Bué apresentou ao Sr.Chevreul o resultado de suas pesquisas sobre as pro priedadesmagnetóides dos corpos e sobre a influência irradiante dascorrentes nervosas.

Page 164: A levitacao

O Sr. Chevreul transmitiu, no mês de agosto do mesmoano, essa comunicação à Academia das Ciências.

A objeção feita contra a sensibilização do pêndulo pelacorrente emanante da rede nervosa do operador, foi mais oumenos à mesma que a que já tinha sido formu lada cinqüentaanos antes, na Revue des Deux-Mondes. Os músculos, diziam,sendo os órgãos auxiliares da vontade obedecem às ordensdesta com uma precisão e uma prontidão tais que osmovimentos que resultam são muitas vezes espontâneos evoluntários.

A atenção e a antecipação têm uma influência tãopoderosa sobre o sistema nervoso inteiro que certos fe -nômenos subjetivos se apresentam muitas vezes de modo asimular os efeitos produzidos por causas exteriores ouobjetivas; assim, o ouvido atento e ansioso percebe sons nosilêncio mais profundo, o olhar atento, que espia fe brilmente,vê objetos imaginários; a atenção, fixada sobre uma partedeterminada do corpo, produz sensações par ticulares; enfim,um movimento antecipado pode perfei tamente, pela mesmarazão, ser inconscientemente prepa rado pelos músculosencarregados da produção desse mo vimento. Não havia, pois,mais que um passo para se tirar daí a conclusão de que omovimento impresso ao pêndulo conservado entre os doisdedos do experimentador era apenas resultado dum impulsomuscular inconsciente, gerado pela concentração da atençãoantecipada do operador; e é sobre este ponto que a crítica seapoiava para negar a existência de correntes emanando doscorpos e irradiando ao redor deles, na produção do fenômeno.

O Sr. Bué que, por uma longa prática no estudo domagnetismo humano, verificara muitas vezes a troca dessascorrentes (101), não só entre dois organismos em contacto,mas ainda entre organismos colocados a dis tâncias mais ou

Page 165: A levitacao

menos consideráveis um do outro, tinha bastantes motivospara crer na generalização do fenômeno.

Resolveu, portanto assentar sua convicção em expe -riências feitas em condições rigorosas; e foi com est e intuitoque reconstituiu em 1886, por meio de documen tos colhidosna Biblioteca Real de Londres, o aparelho do Dr. Léger, cujasdisposições especiais apresentam, por causa do pêndulotestemunha, garantias suficientes para que não se possa maisfazer intervir na crítica a antecipação ou a tendência aomovimento. Com esse aparelho renovou todas as experiênciasdos seus antecessores, imaginaram mesmo outras, e, para darao fenômeno uma consagração mais firme, confrontou asexperiências do pêndulo com as que foram simultaneamenteempreendidas em indivíduos sensitivos pelos Srs. Dècle eChazarain, que então estudavam as leis da polaridade. Aconcordância dos resultados obtidos por esses dois modos éextremamente curiosa.

Os Srs. Dècle e Chazarain experimen taram sucessi-vamente em seus sensitivos a influência das correntespolarizadas do organismo humano, dos ímãs, da eletrici dade,das cores e substâncias vegetais, enfim de todos os produtosquímicos, sais, bases ácidas, álcalis, metais e metalóides. OSr. Bué, sem ter indicação alguma dos efeitos assim obtidospor esses senhores, verificava a seu turno cada experiênciapelo seu aparelho.

Para se compreender os pontos de comparação por meiodos quais se podem admitir a identidade dos fenôme nos, épreciso saber-se que o pêndulo faz seis movimen tosabsolutamente distintos, cujo traço é indicado no dia grama dabase do aparelho (102):

1°) Por um círculo dando duas rotações circularesantagonistas: a) Rotação normal, movimento circular dadireita para a esquerda no sentido do movimento das agulhas

Page 166: A levitacao

dum relógio; b) Rotação inversa, movimento cir cular daesquerda para a direita em sentido inverso do movimento dasagulhas.

2°) Por duas outras linhas cortando -se em ângulo reto, emoposição normal; c) Movimento de os cilação N. S. d)Movimento de oscilação E. O.

3°) Por duas outras linhas cortando -se igualmente emângulo reto, em oposição normal; e) Movimento de oscilaçãoN. E. - S. O.; f) Movimento de oscilação N. O. - S. E.

Os operadores admitiam como resultad o duma polaridadepositiva (+) os movimentos seguintes (103) Rotação normal(R. N.); oscilações N. S. e N. E. - S. O. Por este fato, os trêsoutros movimentos do pêndulo: Rotação inversa (R. L) eoscilações E. O. e N. O. - S. E. se tornavam necessariamentenegativos (-), pois são opostos aos primeiros.

Isso estabelecido, eis o quadro sumário dos resulta dosobtidos ao mesmo tempo pelos Srs. Dècle e Chazarain com ossensitivos e pelo Sr. Bué com o pêndulo .

Polaridade humana

Mão direita: (R. N.), (+)Mão esquerda: (R. L), (-).Lado do polegar nas duas mãos: (R. I.), (-).Lado do dedo mínimo nas duas mãos: (R. N.), (+).

Polaridade do ímã (104)

Planta, lado da raiz ou terra: (R.. L), ( -).Planta, lado da flor ou folha: (R. N. ), (+).Fruto, lado do pé: (R. L), (-).Fruto, lado da coroa: (R. N.).Fatias horizontais duma haste, dum legume ou fruto.

Page 167: A levitacao

Face posterior (lado da terra): (R. L), ( -).Face anterior (lado do céu): (R. N.), (+).(As flores, reduzidas a pó, dão indistintamente As raízes,

reduzidas a pó, dão indistintamente), (-). (105)

Polaridade das substâncias químicas e dos minerais

a) Ouro, cobre, enxofre, magnésio, antimônio, arsênico,mercúrio dão: ( R. N. ).

Prata e bismuto: (R. L), (-).Ferro e manganês: Oscilação N. S.(+)Aço e platina: Oscilação E. O., (-).b) Os ácidos dão (+); os álcalis e os carbonatos dão ( -).c) Quanto mais uma substância se compuser de ele mentos

diversos, tanto menos veloz e claramente ela de termina omovimento do pêndulo; os carbonatos custam mais asensibilizar o pêndulo que seus metais e dão amplitudesmenores.

Influência da forma

O Sr. Bué constatou que a forma dos corpos exerce sobreo modo de manifestação do fenômeno uma influên ciapreponderante, e que toda disposição no alongamentomodifica a natureza da corrente, de modo a substituir aomovimento específico dado pela substância o movimentopolarizado do ímã; assim, se tomarmos o pó duma subs tânciaqualquer, mineral ou vegetal, e o encerrarmos num cartucholongo de 12 a 15 centímetros, esse cartucho, em vez desensibilizar o pêndulo pela influência irradiante especial àsubstância do seu conteúdo, se comporta em relação aoaparelho absolutamente como a barra do ímã, isto é, dá R. N.(+) numa das extremidades, e R.I. (-) na outra, qualquer que

Page 168: A levitacao

seja a sua composição, acusando assim claramente apolaridade dupla do ímã. Uma régua, um charuto, uma vela,um lápis, uma caneta, um tubo de vidro, enfim todos oscorpos cilíndricos ou alongados atuam do mesmo modo.Donde o Sr. Bué, apoiando-se em outras experiênciassimilares, chegou à conclusão de que a forma dos corpos e asua disposição em barra influem poderosamente sobre ascorrentes; e tirou daí deduções novas aplicáveis à fisiologia dosistema nervoso e às correntes no organismo humano. (107)

Influência da Massa

Segundo o Sr. Bué, os efeitos obtidos com o pêndulo nãoestão, como se poderia crer e como o afirmaram muitosexperimentadores, na razão direta da massa dos corpos. Comoos Srs. Durand de Gros e Léger, o Sr. Bué, experimentandosobre dinamizações homeopática s, verificou que aspreparações vegetais ou minerais da trigésima acusaram nopêndulo um movimento da mesma natureza e tão claramentepronunciado como o fornecido pela pró pria substância. Istoinduz a crer que as correntes não estão em potênciaproporcional à massa dos corpos (108) e, demonstrando que omilionésimo do grau duma substân cia pode produzir o mesmoefeito que um grama da mesma espécie, se recomeceimplicitamente nas dinamizações medicinais uma virtude quelhes foi negada e que ainda. hoje é m ais ou menos contestada.

Influência da vontade

As mais curiosas constatações que o Sr. Bué tirou de suasexperiências, são sem dúvida as que ele fez acerca dainfluência da vontade na manifestação do fenômeno.

Page 169: A levitacao

A princípio, diz o Sr. Bué, nada parece mais fácil queservir-se do aparelho; fazer mover o pêndulo, pondo um dedosobre o disco da armadura; é uma coisa em si tão simples quetodos estão dispostos a crer que o ins trumento produziráimediatamente, em suas mãos, o resultado esperado; é isso,entretanto um erro profundo, porque talvez não exista outroinstrumento mais difícil de manejar e que reclame maiorcuidado. O principal inconveniente, próprio de todos osprincipiantes, provém de quererem eles fazer logo asexperiências mais diversas e complica das, sem sepreocuparem com as condições nu merosas e delicadas quedevem observar para se produzir o fenômeno com exatidão.Alguns, recusando mesmo escutar qualquer explicação, sãomal sucedidos e naturalmente se apressam em concluir quenão devem dar crédito às descobertas anunciadas. Cumpria -lhes, entretanto pensar que, mesmo as pessoas que têm grandehábito de experiências científicas, nem sempre triunfam naprimeira prova; só chegam aos seus fins depois de muitastentativas e quando adquirem certa pr ática. Não seriacontrário à razão esperar-se logo pleno êxito?

Haverá um instrumento, um utensílio qualquer, do qual sepossa fazer uso conveniente, sem se ter previa mente estudadoo seu manejo?

Por que não admitir uma aprendizagem, quando se tratadum instrumento tão delicado? Além das condi ções materiaise de meio, em que é indispensável nos colocarmos paraexperimentar convenientemente com o pêndulo, o pontoessencial é sabermos mentalmente dispor da nossa vontade, demodo a irradiá-la sobre o instrumento e comunicar-lhe certaspropriedades que ele só adquire com o tempo. Um pêndulo étanto mais sensível quanto maior é o seu tempo de serviço;todos os experimentadores o têm verificado, e nissoconcordam.

Page 170: A levitacao

Esse estado particular da força nervosa, cuja influência étão notável sobre o instrumento, é o que se obtém com maiordificuldade, não podendo bem com preendê-lo aqueles que nãotêm hábito algum de magnetizar. É, entretanto esse estado quedá ao aparelho suas qualidades especiais de condutibilidade ,condição essencial da experiência. Não devemos daí inferirque a vontade seja a causa única dos movimentos do pêndulo,e que o instrumento não possa dar outra indicação que nãoseja a da vontade do operador. A experiência com substânciasencerradas em caixas de papelão e tubos de vidro, sem seconhecer previamente quais elas são e o movimento quedevem produzir, basta para demonstrar a neutralidade davontade nessa circunstância. É essa a melhor prova que sepode dar à sinceridade da operação, pois o oper ador não podeintervir de modo efetivo na produção do fenô meno, e étambém o melhor modo de se adquirir pessoal mente asegurança de que o instrumento está sendo bem utilizado.Mas, se nessa categoria de experiências é exi gido pela próprianatureza da operação o estado de neutralidade nervosa quereduz a zero o poder volitivo do experimentador e deixa ocampo livre à ação irradiante da substância, não é menosverdade que o experimentador retoma, quando lhe apraz, olivre exercício da sua vontade. Então, ele pode a caprichoinverter todas as polaridades obtidas; basta-lhe para isso sairda neutralidade e formular mentalmente com energia aexpressão da sua vontade; o pêndulo então, em vez deobedecer às irradiações especiais da substância, só respondeao pensamento mentalmente expresso pelo operador.

Foi por uma circunstância fortuita que o Sr. Bué descobriuessa influência sutil da vontade. Experimentava com produtosquímicos encerrados em caixas de pa pelão, com o nome dasubstância escrito no interior da tampa. Certa ocasião julgouter tomado uma caixa com carbonato de bismuto, cujo

Page 171: A levitacao

movimento negativo lhe era conhecido (oscil. N. O. - S. E.), e,com efeito, obteve essa oscilação; mas, ao examinar,constatou com grande surpresa que se enganara, poisexperimentara o ácido oxálico, que dá precisamente aoscilação positiva (N. E. - S. O.). A predisposição mental emque ele se achava durante a operação, bastara para determinara ação do pêndulo no sentido do seu pensamento.

Uma série de experiências nas mesm as condições de-monstrou-lhe que a influência preponderante de todapredisposição mental, substituindo a atividade volitiva docérebro à influência irradiante do objetivo, vem infalivel mentemodificar a natureza do resultado. É , pois provável que asdivergências notadas pelos resultados obtidos pelo maiornúmero daqueles que manejaram o pêndulo (diver gências cujoefeito lamentável é comprometer a unidade do fenômeno),não sejam devidas a outras causas; e, por isso, o melhor meiode não se sofrer, mesmo in voluntariamente, essaspredisposições mentais que vêm mais ou menos perturbar ofenômeno, é experimentar, sem conhecer previamente anatureza da substância, ou pelo menos o modo por que eladeve influenciar o pêndulo.

A influência da vontade mal exercida pode, pois, serperturbadora, e apresenta um inconveniente grave contra oqual sempre se deve estar alerta. Mas essa constata ção nosfixa um ponto interessante : é que não só o organismo humanopossui a faculdade de unipolizar suas polaridades de detalhe eagir diretamente em certas condições de estado e gradaçãosobre a matéria inerte, mas ainda que essa ação se opere peloimpulso irradiante da vontade, que absorve então todas aspolarizações inferiores à sua.

FIM

Page 172: A levitacao

NOTAS DE RODAPE

(1) Exonerou-se desse cargo em 1902.(2) Vede suas principais obras: L'Extériorisation de la

Seneibilité; L'Extérlorisation de la Motricité, Les EffluvesOdiques, Les Sentlnaents, la Musique et le Geste.

(3) O corpo humano é polarizado, e as leis físicas de mag -netismo humano repousam sobre essa polaridade. Essas leissão análogas às que regem a ação dos ímãs e da eletricidade:

l - Os pólos do mesmo nome (isonomos) se repelem, exci -tam, adormecem; os pólos de nomes contrários (heterônomos)se atraem calmam, despertam.

2 - As ações se produzem na razão inversa do quadradodas distâncias.

Por toda parte na Natureza observamos duas forçasantagônicas, ou antes, duas modalidades diferentes dumamesma força. O equilíbrio que nos seres vivos entretém a vidae a saúde parece estar sob sua dependência. Com efeito,vemos por toda parte a vida lutar contra a morte, o princípioplástico, organizador e conservador da vida, fazer todos osesforços para resistir a esse principio não menos evidente quedesagrega, desorganiza e destrói. Esses dois princípios é quemantém o mundo Tísico e o mundo moral em equilíbrio. Emfilosofia pura, é a doutrina do finito e do infinito; em religião,é o dualismo pelo bom e pelo mau, ou Deus e o diabo; emeconomia social, Prudhomme chamou-lhe lei das antinomias;em mecânica, as duas forças geradoras do movimento circularsão a força centrífuga e a força centrípeta. A toda força énecessário uma resistência para ponto de apoio. Sem sombranão apreciaríamos a luz; e se o prazer não tivesse a dor porponto de comparação, ser-nos-ia impossível não só defini -la,

Page 173: A levitacao

mas ainda fazer dela uma idéia. A afirmação motiva -se danegação, e o forte só triunfa do fraco. Nas manifestações dosagentes físicos, essa dualidade, essa mo dalidade, é, sobretudoevidente na eletricidade, o ímã e o magnetismo terrestre.Constituem a polaridade a qual estão mais ou menossubmetidos todos os corpos da Natureza. - (Pitris.)

(4) Esta palavra tem aqui acepção diferente do liquido vo -látil do mesmo nome.

(5 Vede Física). Transcendental, por Zollner.(6) Vida de Apolônio de Tyana, livro III, capitulo XV.(7) E. Burnonf, 1884, tomo I, pág. 183. Vejam -se também

páginas 250, 312 e seguintes.(8) Voyage au pays des ialdrs enchanteurs, pág. 61.(9) O Sr. Jacolliot diz (pág. 27) que já vira fazer i sso

mesmo a outros encantadores, e o Magaein Pittoresque deu aeste respeito, se não me engano, uma descrição. RobertHoudin imitou-o, mas com a ajuda de couraças e de hastes deaço ocultas por baixo das roupas, ao passo que o faquir estavanu. A maior parte dos truques dos prestidigitadores são, deresto, inspirados por fenômenos reais reproduzidos emcondições essencialmente diferentes.

(10) O pranayama (de prava, respiração) é um exercícioreligioso que consiste em tapar com o polegar uma venta erespirar pela outra.

Encontra-se no Onpnekhat, livro do ocultismo indiano,citado por Eliphas Lévy em sua Histoire de la Magie, pág. 71:

Para nos tornarmos um deus, é necessário reter a respira -ção, isto é, atrai-la por tanto tempo quanto se puder, e encher -nos dela completamente. Em segundo lugar, reté -la por tantotempo quanto se puder, e pronunciar quarenta vezes nesteestado o nome divino de AUM. Em terceiro lugar, expirar portanto tempo quanto pior possível, enviando mentalmente osopro através dos céus, para unir-se ao éter universal.

Page 174: A levitacao

Neste exercício, é necessário Picar -se como cego, surdo eimóvel como um pedaço de pau. E necessário ficar -secolocado sobre os cotovelos e os joelhos, com o rosto voltadopara o norte. Com um dedo fecha -se um buraco do nariz; pelooutro buraco atraí-se o ar, e, depois, deve-se fechá-lo com umdedo, pensando que Deus é o criador, que está em todos osanimais, na formiga do mesmo modo que no elefante, Deve -seficar engolfado nestes pensamentos.

Primeiro diz-se AUM 17 vezes, e, durante cada aspiração,é necessário dizer AUM 80 vezes, fazendo -se isto tantas vezesquantas for possível.

Procedei assim durante trás meses, sem temor, sempreguiça, comendo e dormindo pouco. No quarto mês vereisos devas; no quinto, tereis adquirido todas as qualidades dosdevas; no sexto, estareis salvo.

(11) O padmazan (literalmente sentado sobre o lodão) é apostura de um religioso na meditação, sentado com as pernascruzadas. Ela simboliza Brama sentado sobre o lodão.

(12) O kumbha é também um ex ercício religioso que con-siste em tapar o nariz e a boca para reter o hálito.

(13) Conforme a experiência de Brevster, referida no ca -pitulo IV.

(14) Segundo as teorias dos teósofos da Índia, oselementares são os gênios ou demônios que as nossas antigastradições designavam pelos nomes de gnomas, silfos, andinasou salamandras, conforme a sua na terra, no ar, na água ou nofogo. São de uma essência inteiramente diversa da nossa. Osiniciados (mahatmas) podem chegar, graças a processos queconservam secretos e a que chamam em sânscritoYalastambha, a repelir os elementais, e a impedi -los de teremdomínio sobre eles durante certo tempo assim que oBustambha ou arte de repelir os elementais da terra permite acertos iogues enterrarem-se impunemente durante a lguns

Page 175: A levitacao

meses. Do mesmo modo, pelo Vaju stambha (arte de repeliros elementais da água), ou tros iogues se colocam emcondições de flutuar na água, sem nenhuma roupa, dia e noite,durante quatro ou cinco semanas. Outros, ainda, se entregamao Agnistambha, que lhes permite afrontar os ataques do fogo,etc.

Acima dos elementais estão os Dhyan chohans, Espíritossuperiores que presidem aos movimentos dos mundos entreeles que estaria o Espírito da Terra, em que acreditava ogrande Kepler.

Vê que os hindus seguem as tradições dos filósofosneoplatonicos, os quais, tendo constatado o desenvolvimentoprogressivo da vida, do grão de areia ao cristal, do cristal àplanta, da planta ao animal, não podiam admitir que elaparasse bruscamente no homem e que houvesse um a lacunana criação entre o homem e Deus. Foram levados assim apersonificarem as forças da Natureza e, como não sabemosmais do que eles o que são essas forças, ficaríamos muitoembaraçados para contradizê-los.

Abaixo dos elementais, os hindus colocam os elementares(Pisachas-schells), Espíritos melhores ou piores e pouco inte -ligentes, que habitam a atmosfera da Terra. Destes é que seservem os nigromantes (Doug-pas) para pregarem as suas máspeças, e é a esses que se atribuí a maior parte dos fenômenosdo Espiritismo. Os elementais parecem ter primitivamentepersonificado as paixões humanas.

(15) Le Livre des Mystères.(16) Cartas edif. Tomo VII, pág. 303.(17) Cartas Teológicas, Avinhão, 1739, tomo II, pág.

1.310.(18) Essa mulher e a filha que dormia com ela, pretendiam

que ela era muitas vezes, de noite, transportada, quer para otelhado das casas vizinhas, quer para a torrente de Ouvèze

Page 176: A levitacao

donde a mesma força invisível a reconduzia toda molhadapara o seu leito.

(19) Essais de Psychologie Physiologi que, 1844, pág. 293.(20) Des Espirits, 1858, pág. 301.(21) Comunicação feita à Academia das Insc, e Belas -Le-

tras em 23 de outubro de 1885.(22) No Antigo Testamento (Daniel, XIV, 35), encontra -se

a história de Habacuc, que foi transportado pelos ares, do paísde Judéia às terras da Caldéia. Eliseu elevou -se também aosares.

(23) Eis a continuação desse fato interessante da vida deSanta Teresa, escrita por ela própria (capítulo XX):

Enquanto o corpo está em arroubo, fica como morto emuitas vezes em absoluta impotência de operar. Conserva aatitude em que foi surpreendido. Por isso, fica em pé ousentado, com as mãos abertas ou fechadas, numa palavra, noestado em que o arroubo o encontrou.

Quase nunca se pode resistir ao arroubo. Às vezes eupodia opor alguma resistência; mas como isso era de algumasorte lutar contra um forte gigante, eu ficava moída e exausta.Outras vezes, tornavam-se vãos todos os meus esforços. Aminha alma era arrebatada, e a minha cabeça seguia quasesempre o movimento sem que eu pudesse retê-la. Algumasvezes mesmo, o meu corpo era arrebatado de tal sorte quedeixava de tocar no chão. Quando eu queria resistir, sentiadebaixo dos pés uma pressão admirável que me levantava.

(24) Mémoires d'un Magnétiseur, t. I, pág. 284.(25) Revelações acerca da minha vida sobrenatural, Paris,

1864, págs. 52-53.(26) Realizou-se na América, país de Dunglas Home, na

obscuridade, na noite de 8 de agosto de 1852 (Home tinhaentão 19 anos), em que se haviam produzido movimentos demesas e outras manifestações espíritas.

Page 177: A levitacao

Uma das testemunhas relata -o assim: De repente, comgrande surpresa da assembléia, o Sr. Home foi elevado ao ar!Eu tinha então a sua mão na minha e senti, assim como outros,os seus pés suspensos a doze polegadas do solo. Estremeciadesde a cabeça até os pés, em luta evidentemente comemoções contrárias de alegria e de temor, que lhe abafavam avoz. Duas vezes ainda, os seus pés deixaram o chão. Naúltima, chegou até ao alto teto do aposento, onde a sua mão ea sua cabeça foram bater brandamente.

(27) O Sr. William Stainton Moses, nascido no Condadode Lincoln em 5 de novembro de 1839 e falecido em 5 desetembro de 1892, era um sacerdote que professou naUniversidade de Cambridge. Fora estudar durante seis mesesTeologia num mosteiro do Monte Athos. Desde 1870, foiobjeto de fenômenos extraordinários. Um resumo destes, feitopelo Sr. Myers, membro da Sociedade de InvestigaçõesPsíquicas de Londres, acaba de ser publicado nos Annales desSciencies Psychíque. O Sr. Myers foi durante 17 a nos seuamigo íntimo e dá o mais brilhante testemunho da suahonradez. O Sr. Stainton publicou a maior parte dos seuslivros sob o pseudônimo de Oxon, que significa membro daUniversidade de Oxford.

(28) O Sr. Gaboriau disse a este respeito numa nota:Tendo o Sr. Mac-Nab acendido bruscamente a luz comosempre, vi que o médium estava muito esbofado e a suar,como se acabasse de alçar um fardo. Gastou algum tempopara descansar. Tanto quanto me recordo, ele devia terpassado por cima da mesa para vir cair ao meu lado, em cimada minha cadeira. Recordo-me perfeitamente do ar comovidoe assustado do Sr, C..., e estou persuadido de que ele haviapassado por cima da mesa com a cadeira, porquanto, sendomuito pequeno o quarto em que estávamos nós o ocupavaquase completamente com a mesa e as cadeiras dispostas em

Page 178: A levitacao

volta. Ele não teria podido passar por detrás de nós, sem seroçar conosco, principalmente na obscuridade.

(29) John é o nome de uma individualidade enigmática einvisível da qual Eusápia pretende estar po ssuída quando emtranse.

(30) Charpinon - Physiologie du Magnétisme, pág. 74.(31) Diz Alfred Erny, na sua excelente obra O Psiquismo

Experimental: Segundo os iogues, da índia, a levitaçãodepende da diferença entre as polaridades elétricas oumagnéticas, e o corpo humano tem uma polaridade diferenteda Terra, de sorte que elas se podem anular em certos casos.Isto quer dizer que, se a Terra e o corpo chegam ao mesmoestado de polaridade, o corpo fica em estado de elevar -se naatmosfera.

(32) Sabe-se que outrora se pretendia reconhecer as feiti -ceiras mergulhando-as na água. Eram condenadas, no caso desobrenadarem, isto é, se apresentassem uma leveza especificamaior que o comum dos mortais.

(33) Numa das últimas sessões que se efetuaram comEusápia, em Choisy-Yvrac, perto de Bordéus, na casa do Sr.Maxwell, eu achava-me sentado ã direita do médium cujasmãos estavam seguras. Senti uma mão que se introduzia nomeu sovaco direito e, obedecendo a esta indicação, pus -meem pé. Imediatamente, a minha cadeira s ubiu ao longo dasminhas costas e veio colocar-se de tal maneira que fiquei coma cabeça entre os quatro pés. Eusapía disse ter queridolevantar-me com a minha cadeira e levar -me para cima damesa, porém que eu me levantara sem lhe dar tempo.

(34) têm visto crianças de peito, arrebatadas dos braçosdas mães, transportadas e depositadas, sem lesões, a muitospassos de distância, tendo sido as mães mortas ou feridas pelometeoro. (Id., t. I, pág. 212.)

Page 179: A levitacao

(35) Lede à obra de Aksakof: Um Caco deDesmaterialização, e a da Senhora d'Espérance: No País dasSombras.

(36) Traduzi do grego para o francês os dois tratados dePneumato de Aéron e Fílon, que foram publicados em 1882pela Livraria Masson sob o titulo: La Science des Philosapheset 1'art des thaumaturges dana 1'antiquité.

(37) A tradução latina da óptica e da catóptrica de Eucli -des foi publicada pela primeira vez com o discurso de Jean deGène servindo de prefácio, em 1557, em Paris, pela LivrariaAndré Wechel.

(38) Sombras significa Espíritos ou almas dos mo rtos. Amédium inglesa Senhora E, d'Espérance deu também essenome a uma obra sua: No Pais das Sombras.

(39) Fabre - La Musique des Couleurs, Paris, 1900, pá gina31.

(40) Artigo publicado no Zukunft, números de 16 de abrile 7 de maio de 1898.

(41) Ieenkrahe - Das Rcethsel der Sehwerlcraft(42) Newton - Principio, III.(43) Erkloernng der universellen Gravitntion ans den sta -

tischen. Wirleungen der Eleletrieitbt, - et Wíssenechaítl. Abh-andl., I, 417-459.

(44) Fsraday - Rech. Expérim sur electricité. Traduçãoalemã, III.

(45) Qampbes: andus, 30 de setembro de 1872. (46)Zollner - Natur der Kometen, 70, 127, 128.

(47) Zollner - Wissensch Abhemdl, II, 2, 638-640.(48) Brewaber - Life of Newton, 338.(49) Hevue des Deux-Mondes, 1854, 530.(50) Huyghens - Díss. de causa gravítatis.(51) Rapport des Commíseaires de la Soc. Royale de Med.

pour faixe 1'examen du magnetisme animal, pag. 21.

Page 180: A levitacao

(52) Wirchow - Ueber Wunder, 23.(53) Herachel - Einleitung in das Studium der Naturwis -

senschalt, 104.(54) Idem(55) Idem(56) Reichenbach - Wer ist sensitiv, wer nicht?(57) Der sensitiva Mensch, 1, 4 447 -456.(58) Ires afilavas odiques, trad. franc., 104 -106.(59) Les atilavas odiques, trad. franc., 118 -111.(60) Idem, 118.(61) Idem, 123-133.(62) Reichenbach - Der sensítive Mensch, 1, 121-126.(63) Owen - Das streítlge Land, 1, 109. - Veja-se a tra-

dução portuguesa desta obra: Região em Litígio, à venda naFederação espírita Brasileira.

(64) Psych. Studíen, 1874, 24-25.(65) Relchenbach - Díe Dynamide.(66) Sphlnx, X, 265.(67) Crookes - Anfreichn. uber Sitzungen mit Home.

(Trad. alemã) 10-12. Na obra de Delanne: O FenômenoEspírita acham-se relatadas as experiências de Crookes. -(Nota do Tradutor.).

(68) Annales des ciences Paychiques, IV, 1 96.(69) Zollner - Wissenschaft Abhandhungen, II, 1, 340.(70) 2. Reis, 6, 4.(71) De Rochas - L'Extériorisation de la Motricité.(73) Reichenbach - Die odische Loch und sinige Bowe -

gungserschenungen(74) De Rochas - L'Extériorisation de la Motricité(75) Xerner - Die somnambulen Tisch, 21. - Die Seherin

von Prevorst, 158.(76) Archiv. f. thier Díagnetismus, V, 1, 149.

Page 181: A levitacao

(77) Jacolliot - Le Spiritisme dans le Monde, 245, 281,282, 285, 295.

(78) Crookes - Recherches sur le Spiritualisme.(79) Peychlsche Studien, 1874, 108.(80) Herner - Blaetter aus Prevorst, I, 119.(81) Home - Révélations sur ma vie surnaturelle, 44, 222.(82) Hellenbach - Verurtheile der Menschheit, III, 265.(83) Glanvil - Sadduscismus triumphatus, II, 220.(84) Gcerres - Die christtiche Mystile, V, 145.(85) Gcerres - Die christtiche Mystile, V, 145.(86) Daumer - Das Gesteirreich, II, 253. Cf. Joller -

Darsteltellung selle terleleter mysticher.(87) Daumer - Idem, 256-259.(88) Daumer - Idem, 267, 268.(89) Sphinx, XVIII, 251-260; Annales des Sciences

Psychiques, 1893-94.(90) Amoretti encontrou em sua casa diversas pessoas ca -

pazes de fazerem girar a baqueta, entre as quais um pequenoservo, de dez anos, Vicente Anfossi, com quem fez grande nú -mero de experiências. Certas substânc ias faziam experimentara Anfossi uma sensação de calor na sola dos pés; outrasproduziam-lhe uma sensação de frio. No primeiro caso abaqueta girava para dentro, no segundo para fora.

(91) J. de Briche - Le pendule ou índication et examend'un phénomène physiologique dépendant de la volonté, 1838.

(92) J. O. N. Rutter - Recherches sur les courants et lespropríétés magnétoïdes des corps, 1851.

(93) Na edição francesa da obra de Reíchenbach, sobre oseflúvios ódicos, encontra-se o desenho deste aparelho, bemcomo dos outros aqui citados.

(91) J. de Briche -- Le pendule ou índication et examend'un phénomène physiologique dépendant de la volonté, 1838.

Page 182: A levitacao

(92) J. O. N. Rutter - Recherches sur les courants et lespropríétés magnétoïdes des corps, 1851.

(93) Na edição francesa da obra de Reíchenbach, sobre oseflúvios ódicos, encontra-se o desenho deste aparelho, bemcomo dos outros aqui citados.

(91) J. de Briche - Le pendule ou índication et examend'un phénomène physiologique dépendant de la volonté, 1838.(92) J. O. N. Rutter - Recherches sur les courants et lespropríétés magnétoïdes des corps, 1851.

(93) Na edição francesa da obra de Reíchenbach, sobre oseflúvios ódicos, encontra-se o desenho deste aparelho, bemcomo dos outros aqui citados.

(94) Touis Lucas - La médecíne nouvelle basée sur desprincipes de physique et de chimie transcendentales, Paris,1862.

(95) Philips - Electro-dynamísme vital oü les relatíonsphysiologiques de 1'esprit et de la matière, Paris, 1885.

(96) Reichenbach acabava de publicar suas experiências.(97) Baréty - Le Magnétisme animal étudié sous le nom de

force neurique rayonnante et circulante dans ses propriétésphysiques, physíologiques et thérapeutiques, Paris, 1887.

(98) Ilureduc - La Force vitale, notre cores v1La1 fluídi -que, su formule biomélriquc, Paris, 1893.

(99) Em fevereiro, 1893, foi extremamente abalado pelagrande perturbação que inverteu os pólos dos instrumentosmagnéticos do mundo inteiro e da qual só teve conhecimentopelo seu próprio estado.

(1oo) O mesmo possui essa faculdade na minha infância,quando fixava a atenção sobre as minhas sensações, só ficavatranqüilo quando me voltava para o norte.

(101) Lede à obra do Sr. A. Bué sob o título: MagnetismoCurativo

Page 183: A levitacao

(102) Na página XXXVIII da obra de Reichenbach, LesEffluves Odiques, acha-se desenhado esse aparelho. - (N. doT.)

(103) A polaridade positiva é assinalada por (+), e a ne -gativa por (-).

(104) O Sr. Bué, julgando obter efeitos mais pronunciadossobre o péndulo, com o emprego dum imã mais poderoso queaquele de que habitualmente se servia, viu com espanto que,em vez do resultado esperado, a transmissão da correnteperturbara a sensibilidade do aparelho, a ponto de impedirnesse dia a continuação das experiências. O pendulo,imobilizado sem dúvida por uma influencia muito persistente,tinha de repente perdido essa sensitividade natural que atéentão permitira traduzir as mais delicadas impressões; nãorecuperou essa sensitividade senão no dia seguinte, apóslongo repouso do aparelho.

(105) Se misturar-se em quantidades iguais o pó da flor eo pó da raiz duma mesma planta, obtém -se sobre o pendulo 0movimento que produziria a tintura -mãe extraída da planta in-teira, como se a reconstituição do indivíduo vegetal tivessesido feita por essa mistura. O movimen to cessa então de serpolarizado, para se tornar específico à substância.

(106) Devemos aqui assinalar uma pequena divergênciaentre as experiências sobre os sensitivos dos Srs. Dècle etChazarain e as que foram feitas sobre o pendulo pelo Sr. Bué:enquanto as primeiras determinam positiva a polaridade daprata, alumínio, chumbo, cobalto e platina, e negativa a doenxofre, as que foram feitas sobre o pendulo estabelecem ocontrário. Donde provém tal divergência? E difícil explicar.Essa é a única diferença que existe nas numerosasconstatações feitas de acordo pelos experimentadores. Asexperiências feitas pelos Srs. Durand de Gros e Léger dão

Page 184: A levitacao

razão ao Sr. Bué, caracterizando a polaridade dessassubstâncias no sentido que ele de termina.

(107) Vede na referida obra de Bué: MagnetismoCurativo, a parte que trata da Biologia e Higiene.

(108) Por essa mesma razão, na nota do nosso prefácio, sódissemos que as ações se produzem na razão inversa do qua -drado das distancias.