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A LEI DE RESPONSABILIDADE

FISCAL (LRF) E A

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

NO BRASIL

Senador Jarbas Vasconcelos PMDB-PE

CRA-SP/GEAP

3 de setembro de 2008

Projeto de Lei Complementar nº 132/2007

Esta proposta governamental

modifica o parágrafo 3º do Artigo

23 da Lei Fiscal, eliminando a

aplicação das restrições

institucionais ao Poder Executivo

quando algum órgão do

Legislativo ou do Judiciário se

encontrar acima do limite para a

despesa com pessoal.

Projeto de Lei Complementar nº 132/2007

Uma outra mudança proposta

pelo Governo Federal dispensa as

exigências da Lei de

Responsabilidade Fiscal quanto

às condições e limites para

endividamento e à vedação para

financiamento e rolagem de

dívidas de um Governo para

outro.

Controle das finanças públicas

Fui Prefeito da cidade do Recife

por duas vezes e Governador do

Estado de Pernambuco também

em dois períodos. Essa

experiência como gestor me faz

ver com desconfiança qualquer

tentativa de afrouxar o controle

sobre as finanças públicas.

O Plano Real e a LRF

A conquista da estabilidade da

economia do Brasil foi obtida a

partir de dois pilares: o Plano

Real e a Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF). Sem essas duas

vertentes, o País não teria

alcançado a posição de destaque

que ocupa hoje em dia.

Sócios da ciranda financeira

Com o fim da inflação, os

governantes perceberam que não

mais poderiam ser sócios da

ciranda financeira e da correção

monetária. A Lei de

Responsabilidade Fiscal abriu as

portas para que Estados e

Municípios deixassem de ser um

obstáculo à estabilidade

econômica.

O caso de Pernambuco

Assumi o primeiro mandato de

governador de Pernambuco em 1º

de janeiro de 1999, ciente dessa

realidade. A renegociação da

dívida de Pernambuco tinha sido

feita pelo meu antecessor.

Inclusive, foi um dos últimos

Estados a fazer esse acordo, em

condições muito razoáveis

propostas pelo Governo Federal.

O caso de Pernambuco

Durante o meu segundo mandato,

entre 2003 e 2006, fui convidado

para reuniões em Brasília por outros

governadores, que queriam abrir uma

porta para uma nova renegociação

da dívida. Sempre resisti à

reabertura dessa discussão. A

verdade é que não me sentia em

condições de renegociar uma dívida

que tinha um prazo de pagamento de

30 anos, com juros de 6% ao ano –

com juros privilegiados.

Evolução da poupança corrente

-120 -10

3352

284

335

441

742

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ milhões

Pernambuco: equilíbrio das contas públicas

Evolução da despesa com pessoal (% RCL)

64,21

59,24

55,32

57,5658,53

65,72

70,21

70,86

50

55

60

65

70

75

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Limite Prudencial % RCL

Pernambuco: equilíbrio das contas públicas

A consolidação da LRF

Em vez de estar querendo reduzir as

exigências da LRF, o Governo deveria

estar consolidando as suas

determinações, tornando os gastos

públicos mais transparentes e com

um maior controle por parte da

sociedade. Esta mudança deveria

começar pelo próprio Orçamento

Geral da União, uma peça de ficção

que é hoje instrumento de negociatas

políticas entre os poderes Executivo

e Legislativo.

O OGU impositivo

As chamadas emendas

parlamentares deveriam, na minha

opinião, ser extintas, e o OGU

deveria ser impositivo. Só dessa

forma podemos impedir que o

Governo faça o que quer com os

recursos orçamentários.

Uma Proposta de Emenda

Constitucional com este objetivo já

se encontra em tramitação na

Câmara dos Deputados.

O papel das instituições representativas

Trata-se de uma PEC do Senador

Antônio Carlos Magalhães, aprovada

pelo Senado Federal em agosto do

ano passado. Infelizmente, o Governo

Federal recorreu a artimanhas para

impedir sua aprovação também na

Câmara, pelo menos por enquanto.

É importante que instituições

representativas como os Conselhos

Regionais de Administração estejam

atentas a questões como essas.

O fim das emendas individuais

Outra proposta fundamental para

melhorar a aplicação e a

transparência dos gastos públicos é

o fim das emendas individuais ao

Orçamento Geral da União. O atual

modelo cria um verdadeiro balcão de

negócios entre o Congresso Nacional

e o Governo Federal.

A Reforma Política

Gostaria de concluir esta minha fala

abordando a Reforma Institucional

que continuo achando que é a mais

importante para o País: a Reforma

Política. Muitos dos Senhores e das

Senhoras podem achar que esta

Reforma não tem nada a ver com a

Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas

tem sim.

A Reforma Política

O atual sistema vem contribuindo e

muito para a mediocrização do

exercício da política. Precisamos

acabar com as coligações

proporcionais, nas quais você vota

num candidato e elege outro. É

também inevitável aprovar o

financiamento público das campanhas.

Só assim teremos condições de

dificultar o abuso do poder econômico

e tornar transparentes os gastos dos

candidatos nas eleições.

A Reforma Política

A Reforma Política é a “mãe” de todas

as reformas. Sem ela, a relação entre

os Poderes Executivo e Legislativo

continuará sendo uma relação de

submissão. O Congresso Nacional, que

abriu mão da sua obrigação de legislar

ao aceitar a avalanche de medidas

provisórias, agora assiste também ao

Supremo Tribunal Federal ser obrigado

a se posicionar por causa de omissões

do Legislativo.

A Economia e a Política

A Reforma Política, na minha opinião,

fará pelo exercício da política o que

a Lei de Responsabilidade Fiscal fez

pela boa gestão pública: colocará o

Brasil num novo patamar de

desenvolvimento. Fico preocupado

em ver que a Economia vai bem e a

Política vai mal. Já vimos esse filme

antes e não gostamos do final.

MUITO

OBRIGADO!

Senador Jarbas Vasconcelos PMDB-PE