a integracao de pessoas ou coisas

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A INTEGRAÇÃO DE PESSOAS OU COISAS? No decorrer de um contrato de consultoria para uma mineradora eu me deparei com uma situação bastante comum na área de engenharia em geral. O engenheiro estava me explicando a importância da integração entre a mina, o transporte do minério e o navio que o receberá. Eu entendi, mas questionei o significado que ele estava dando para a palavra Integração. Como era de se esperar, como acontece na maioria dos casos, ele queria se referir à integração do processo “mina-transporte-porto”, ou seja, a integração de coisas. E acrescentou que era tudo racionalmente planejado para que as “coisas” funcionassem com a maior eficiência. Depois de 30 anos trabalhando na área da Integração Humana não consegui me conter e disse para ele que ele estava fazendo apenas uma parte do que deveria para otimizar o processo. Que ele, como a maioria dos que trabalham com processos, dá importância às “coisas” e se esquecem do “homem”, que participa em todas as fases do processo. Acrescentei que achava indispensável usar métodos racionais, em qualquer processo, seja na área de engenharia ou em qualquer outra área do conhecimento, mas que estava faltando levar em consideração as emoções envolvidas durante as relações interpessoais no decurso do processo. E que elas sempre se constituem em fator básico de sucesso ou de insucesso. E que, por isso, o fator humano deve ser uma preocupação constante não só na otimização de cada área do processo (mina, transporte, porto) como também, e principalmente, na Integração das pessoas entre estas três áreas. Mas como a área das relações interpessoais era uma disciplina que ele e seus colegas não dominavam, ele me convidou para fazer um

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A INTEGRAÇÃO DE PESSOAS OU COISAS?

No decorrer de um contrato de consultoria para uma mineradora eu me deparei com uma situação bastante comum na área de engenharia em geral. O engenheiro estava me explicando a importância da integração entre a mina, o transporte do minério e o navio que o receberá. Eu entendi, mas questionei o significado que ele estava dando para a palavra Integração. Como era de se esperar, como acontece na maioria dos casos, ele queria se referir à integração do processo “mina-transporte-porto”, ou seja, a integração de coisas. E acrescentou que era tudo racionalmente planejado para que as “coisas” funcionassem com a maior eficiência.

Depois de 30 anos trabalhando na área da Integração Humana não consegui me conter e disse para ele que ele estava fazendo apenas uma parte do que deveria para otimizar o processo. Que ele, como a maioria dos que trabalham com processos, dá importância às “coisas” e se esquecem do “homem”, que participa em todas as fases do processo. Acrescentei que achava indispensável usar métodos racionais, em qualquer processo, seja na área de engenharia ou em qualquer outra área do conhecimento, mas que estava faltando levar em consideração as emoções envolvidas durante as relações interpessoais no decurso do processo. E que elas sempre se constituem em fator básico de sucesso ou de insucesso. E que, por isso, o fator humano deve ser uma preocupação constante não só na otimização de cada área do processo (mina, transporte, porto) como também, e principalmente, na Integração das pessoas entre estas três áreas.

Mas como a área das relações interpessoais era uma disciplina que ele e seus colegas não dominavam, ele me convidou para fazer um

workshop envolvendo representantes das três áreas. Para que os fundamentos das emoções envolvidas nas relações interpessoais fossem entendidos tive que apresentar um ciclo de palestras.

Seis meses depois nos encontramos e ele me declarou que realmente a diferença foi muito grande entre o antes e o depois. Acrescentar à capacidade racional existente na equipe a capacidade emocional, que estava latente, mas precisava ser desenvolvida, resultou na otimização buscada. Agora ele tinha a integração das “coisas” e a otimização humana.

Ele estava satisfeito também porque pessoalmente ele passou por um grande aprendizado. A otimização humana, obtida por esta dicotomia, razão x emoção, trouxe a ele a analogia com da conhecida história da “caixa” e das “bolhas” (“Box and bubbles”). O método racional que ele usou estava centrado em objetivos e metas, estava usando só a “caixa”; agora usando o poder das emoções produtivas ele estava também usando as “bolhas”: os valores, os princípios, a ética das relações, o diálogo, o respeito à opinião do próximo, etc.

Mas o ganho foi mais além, ele e seus colegas aprenderam e estão aplicando os ensinamentos recebidos em todas as outras áreas da empresa.

Um segredo que eu não disse a ele foi o fato de que eu fiquei mais feliz do que ele, pois transmiti meu conhecimento, que é uma das metas com as quais qualquer consultor/professor quer atingir.

José Affonso