a influÊncia da comunicaÇÃo em um grupo inserido em ambiente multicultural
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O presente trabalho aborda a influência da Comunicação num pequeno grupo inserido em ambiente multicultural. a realização deste estudo visa compreender mais do que o literal aparenta. Para tanto, foi realizado: (1) contextualização geográfico-cultural do ambiente do Grupo; (2) pesquisa bibliográfica sobre o tema da Comunicação; (3) aplicação de pesquisa de campo e (4) análise e discussão dos resultados obtidos. Somente com a compreensão do relevante papel exercido pela Comunicação, será possível conceder-lhe a tratativa adequada, visando a saúde e o desenvolvimento sustentável dos grupos em contextos multiculturais.TRANSCRIPT
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A INFLUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO EM UM PEQUENO GRUPO INSERIDO EM AMBIENTE MULTICULTURAL
ESTUDO DE CASO DO PARQUE TECNOLÓGICO BINACIONAL – PARQUE TECNOLOGICO MISIONES - POSADAS – ARGENTINA E TECNÓPOLE DE PATO
BRANCO
1Lis Andréia Eckert Calgaro2Luiz Antonio Rolim de Moura
3Meriete Mendes Pantoja Cardoso
RESUMO
O presente trabalho aborda a influência da Comunicação num pequeno grupo
inserido em ambiente multicultural. a realização deste estudo visa compreender
mais do que o literal aparenta. Para tanto, foi realizado: (1) contextualização
geográfico-cultural do ambiente do Grupo; (2) pesquisa bibliográfica sobre o tema
da Comunicação; (3) aplicação de pesquisa de campo e (4) análise e discussão dos
resultados obtidos. Somente com a compreensão do relevante papel exercido pela
Comunicação, será possível conceder-lhe a tratativa adequada, visando a saúde e o
desenvolvimento sustentável dos grupos em contextos multiculturais. Os resultados
encontrados indicam que comunicação desempenhou papel relevante na história do
grupo pesquisado e sinalizam a necessidade de mais contatos presenciais entre os
membros.
Palavras-chave: Comunicação. Grupo. Multiculturais
1 Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial (UFPR), graduada em Odontologia (UFPR), curso em Análise Transacional (AT101), facilitadora credenciada na metodologia Empretec (UNCTAD/Nações Unidas), curso de formação em Eneagrama Aplicado.
2 Mestre em Engenharia de Produção (UFSC). Administrador de Empresas (UNIOESTE PR). Consultor Sênior em Cooperação Internacional, especialista em projetos para integração produtiva na América Latina, docente a nível superior em graduação e pós graduação em Administração, Turismo e Engenharia Ambiental.
3 MBA em Gestão Empresarial (FGV), Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos (UFRRJ) e graduada em Psicologia (UFPA).
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ABSTRACT
This paper discusses the influence of communication in a small group entered into a
multicultural environment. this study aims to understand more than the literal
appears. This research was conducted: (1) geographic and cultural context of the
environment of the Group, (2) literature on the subject of Communication, (3)
implementation of field research and (4) analysis and discussion of results. Only by
understanding the significant role played by communication, it will be impossible to
grant the dealings appropriate, aimed at health and sustainable development groups
in multicultural contexts. The results indicate that communication has played
important role in the history of the group researched and signal the need for more
face contacts between members.
Keywords: Communication. Group. Multicultural
1. INTRODUÇÃO
A comunicação desempenha um papel vital de integração, socialização, troca mútua
e desenvolvimento entre as pessoas, independentemente da atividade na qual elas
estejam envolvidas.
Com o avanço da tecnologia e do processo de globalização, a comunicação teve
seu leque de opções ampliado, porém, nem por isso, comunicar-se passou a ser
algo simples e fácil de acontecer.
Vislumbra-se o desenvolvimento de um panorama desafiador para o século XXI. A
internacionalização das fronteiras e a hipercompetitividade da era da informação
atingiram uma magnitude até então nunca vista, criando ambientes ousados e
complexos, plenos tanto de ameaças quanto de oportunidades.
O grupo estudado é formado por brasileiros e argentinos, unidos no projeto de
constituição de um Parque Tecnológico Binacional multicampi e multipaís.
Daí a importância de estudarmos qual o papel da comunicação, tendo em vista a
pluralidade de variáveis que envolvem o mesmo, tais como: língua, cultura, meios
de comunicação, distância geográfica etc.
2. APRESENTAÇÃO DO CASE
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A proposta do Parque Tecnológico Pato Branco Posadas remonta ao ano de 2002.
Quando em período de implantação, o Parque Tecnológico de Missiones (PTMI)
necessitava em seu processo de justificativas e planejamento de implantação, de
apoio técnico e enlaces de base tecnológica com outras instituições. Esta referência
se fazia importante não só para a justificativa de captação de investimentos e
posicionamento político, mas também para que fosse definido o eixo de
desenvolvimento e implantação do mesmo.
A proximidade com o Brasil e laços de amizade entre os dirigentes da Universidade
Nacional de Missiones (UNAM) com sede em Posadas (Missiones), para com
dirigentes do Parque Tecnológico de Pato Branco, fez com que este diálogo e
processo de apoio fosse natural e de bom encaminhamento.
Assim, o nascer do PTMI teve como importante ator o Parque de Pato Branco, não
apenas por ceder em aliança estratégica seu acervo tecnológico e possibilidades de
apoio, mas também como um condutor para o eixo do PTMI de já nascer com uma
vocação de integração com a América do Sul.
No decorrer do tempo, porém, alterações nos comitês diretivos de ambos os
parques, no caso de Missiones pela entrada de um novo grupo político na gestão da
UNAM e no de Pato Branco pela influência do panorama de gestão política local,
junto a prefeitura, fez com que os grupos gestores de afastassem, sem perder
porém, o contato e a expectativa de voltar a ter o projeto do enlace binacional como
uma realidade.
Em 2009 um novo ator entra no processo, o SEBRAE PR, através da Regional
Sudoeste, que dentro do projeto de melhoria do ambiente regional e da
competitividade institucional e tecnológica, viu a relação estruturada dos dois
parques, como um ativo importante para o sistema regional de informações e
desenvolvimento que estava sendo operacionalizado.
Estes novos atores, junto com um renovado grupo de dirigentes que traziam em seu
núcleo membros da primeira fase do relacionamento entre os parques, fez com que
fosse possível não só a retomada da proposta da aliança binacional, bem como seu
avanço, no inicio dos esforços para a implementação da governança de um conjunto
de atividades e marcos institucionais que implemente o conceito de um Parque
Tecnológico Binacional e multicampi.
Para um entendimento melhor, vide a Figura 01:
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Fig.01: Evolução do PTMI no período de 2002 à 2009.Fonte: CALGARO, CARDOSO e MOURA (2011)
3. METODOLOGIA
Para fins de metodologia aplicada a pesquisa, foram utilizados os seguintes materiais
e métodos:
3.1 Materiais e Métodos
O instrumento para avaliação e pesquisa foi realizado através de questionário aplicado
de forma remota e com entrevista pessoal, com amostra não probabilística, intencional
(escolhida para a amostra que representem o “bom julgamento” da população/
universo), definida por acessibilidade no universo do total de pessoas envolvidas.
Do universo total pretendido de 16 participantes do grupo alvo, foi obtido acesso a 12,
sendo esta a limitação mais significativa da pesquisa.
A pesquisa foi aplicada e categorizada de acordo com os seguintes aspectos: a)
Forma da comunicação, com seis questões (Resultados no Anexo 01); b) Percepção
quanto a comunicação, com doze questões (Anexo 02) e c) Checagem dos aspectos
culturais, com dez questões (Anexo 03).
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Os sujeitos da pesquisa foram os participantes das ultimas três reuniões presenciais
do grupo componente da governança em constituição do Parque Tecnologico
Binacional.
Assim, foram entregues 20 formulários, dez instrumentos a pesquisador argentino/
consultor do projeto para aplicação em Posadas e outros dez para consultor brasileiro,
pertencente ao projeto, sendo que 12 desses formulários foram retornados para
análise, 08 advindos da Argentina e 04 do Brasil.
Para aferir o grau de percepção e checagem dos aspectos culturais foi utilizada a
escala de Osgood de Diferenciador Semântico (Osgood, Suci & Tannenbaum, 1957),
que objetiva medir o significado de um objeto para um indivíduo.
Os sujeitos da pesquisa devem diferenciar no conjunto de escalas bipolares de
adjetivos antonimos com sete graus de intensidade, uma série de conceitos saídos de
um campo semântico, sendo que a direção do julgamento pode ser positiva ou
negativa, indo de -3 a +3.
4. HISTÓRICO GEOGRÁFICO-CULTURALO município de Foz do Iguaçu está situado no extremo oeste do Estado do Paraná e
é o 7° mais populoso, com 256 mil habitantes, de acordo com o último censo de
2010.
Junto com Argentina e Paraguai o Brasil compõe, nesta região, a chamada Tríplice
Fronteira e isso contribui sobremaneira para a variedade de grupos distintos que se
mesclam nesta área. A base da economia da região é o turismo e a geração de
energia.
No cerne desta integração, Foz do Iguaçu é considerada uma das cidades mais
multiculturais do Brasil, onde mais de 72 grupos étnicos estão presentes na
população, provenientes de diversas partes do mundo.
A cidade de Pato Branco, localizada no sudoeste do Estado do Paraná, abriga o
primeira parte do subgrupo do Grupo Formador do Parque Tecnológico Binacional
(PTB). Destaca-se na microrregião como um centro de serviços com ênfase na
saúde e educação. Este aspecto foi determinante para decisão de criar o pólo
tecnológico neste local.
A outra cidade que abriga o segundo subgrupo do Grupo Formador do PTB é
Posadas, capital da província de Missiones na Argentina.
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Esta pluralidade de povos, culturas, etnias e idiomas contribui para fazer desta
fronteira o cenário ideal para o estudo da comunicação em pequenos grupos
multiculturais.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Como referencial teórico, serão abordados nos tópicos relativos a comunicação, a
dimensão da transmissão da informação, feedback e coesão, já na questão da
cultura, a sua definição e a questão do choque cultural.
5.1 Comunicação
“A comunicação pode ser entendida como um processo social presente em todas as
sociedades, permeando suas ações, reflexões, estruturas e dimensões. É a
transferência de informação e significado de uma pessoa para outra, podendo ser
considerada como o ponto que liga as pessoas para que compartilhem sentimentos
e conhecimentos” (SCHIFEL et al, 2006).
De acordo com Watzlawick et al (2007, p45) é impossível um indivíduo não
comunicar. Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de
mensagem. Influenciam outros seres e estes não podem não responder a essas
comunicações e, assim, também estão comunicando.
5.2 A Transmissão da informação
Segundo a definição de Zimerman (2000, p. 168) o processo de comunicação
constitui-se a partir dos seguintes elementos: o emissor (fonte de sinais ou
mensagens), a mensagem (conteúdo daquilo que deve ser emitido), o canal (quem
recebe a mensagem enviada ao canal e a transforma em algo compreensível) e o
receptor (separa a fonte do destino que podem estar próximos ou distantes.
Conforme Schifel et al, (2006), a comunicação verbal consiste na troca de
informações realizada entre duas ou mais pessoas através das palavras ou da
escrita, para estabelecer um contato com os demais, podendo, assim, expressar
seus pensamentos e sentimentos. Existem muitas diferenças na habilidade de cada
indivíduo no uso da linguagem falada, que estão relacionadas, principalmente, com
o grau de inteligência, educação, treino e classe social.
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5.3 Feedback
Segundo Watzlawick et al (2007, p. 27), os sistemas interpessoais (grupos de
estranho, pares conjugais, famílias, relações psicoterapêuticas, ou até
internacionais) podem ser encarados como circuitos de retroalimentação , dado que
o comportamento de cada pessoa afeta e é afetado pelo comportamento de cada
uma das outras pessoas. A admissão num tal sistema pode ser ampliada e redundar
em mudança, onde a informação atua como medida para ampliar o desvio em
relação à tendência já existente (retroalimentação positiva) ou pode ser neutralizada
para manter a estabilidade das relações (retroalimentação negativa).
“Compreensão, aceitação da relação e retorno da informação estão ligados: o
retorno da informação será tanto mais natural e rico quanto mais a relação entre os
interlocutores for aceita e analisada em toda sua realidade.” (AMADO E
GUITTET,1982, p. 62).
5.4 Coesão
Para Davis (1973) a coesão é uma das características do grupo em que as forças
que atuam nos participantes para que estes permaneçam no grupo são maiores do
que as forças totais que os levariam a sair dele. Sendo assim, os grupos onde há
coesão possuem como característica marcante a interação entre seus membros
e/ou desejo de associação mútua. Já nos grupos onde há pouca coesão existe uma
tendência a sua dissolução. Essa conceituação o autor sugere que a coesão é uma
questão de grau e acentua a natureza dinâmica da relação entre os participantes do
grupo.
Davis (1973) propõe uma discussão sobre os efeitos da coesão na produção de um
grupo. Ele afirma que quanto mais coeso estiver um grupo, maior a probabilidade
deste conseguir realizar bem as suas tarefas, ainda que o motivo para isso seja
apenas a motivação geral.
Outra vantagem existente em grupos coesos, apontada por Davis, diz respeito à
disposição dos seus membros para interagirem.
5.5 Definições de Cultura
“A palavra cultura tem origem na antropologia social de forma geral traduz, num
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sentido bastante amplo, as vivências de qualquer grupo humano especifico que seja
transmitida de geração para geração”. (HOFSTEDE, 1991).
A cultura é uma programação mental, ou seja, o “software da mente” produzido no
ambiente social em que a pessoa cresce e adquire suas experiências. Ele considera
que essa programação coletiva da mente é o que distingue os membros de um
grupo ou categoria de pessoas de outros
5.6 Choque Cultural
Diz respeito a sentimentos ou estados de emoções que os indivíduos sentem,
sempre que têm contato com uma cultura diferente daquela que está habituado.
“Os sentimentos e estados de emoções mais comumente experimentados são:
desorientado, fora de controle, deprimido, agressivo, ressentido, superior, ganhador,
inferior, excluído, isolado, só, inseguro, frustrado, curioso, ansioso, eufórico,
desiludido, desapontado, com saudades, aborrecido, desapontado, medo e
defensivo” (HOFSTEDE, 1991).
O choque cultural propriamente dito ocorre quando o indivíduo tem com contato com
a nova cultura, tal como ela é de fato, passado o primeiro momento de
encantamento. Nesta fase, tudo aquilo que era muito encantador deixa de ser e a
pessoa de depara com os problemas reais mais simples.
Uma outra fase, chamada aculturação, refere-se ao período em no qual ocorre a
adaptação e a pessoa passa então a aceitar os valores e normas da nova cultura
como seus próprios. Finalmente, na fase seguinte ocorre a estabilidade mental, na
qual a nova cultura já está sedimentada o suficiente na mente do indivíduo.
Estas informações são importantes, pois contribuirão sobremaneira para a
compreensão de comportamentos brasileiros e argentinos.
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS
De acordo com o resultado apresentado, o grupo estudado decidiu adotar como
norma o uso do espanhol na comunicação. Esta escolha, em 75% dos brasileiros e
86% dos argentinos, foi justificada por ambos pelos itens facilidade e afinidade. Com
isso, é possível inferir que culturalmente foi mais fácil a adoção do espanhol por
parte dos brasileiros do que o inverso.
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O meio de comunicação mais utilizado foi o e-mail (74%), seguido pelo telefone
(13%) e reuniões presenciais (13%). O uso do e-mail sugere um processo de
comunicação estruturado por trazer elementos de histórico, registro e feedback
mesmo quando em comunicações informais.
Para Schifel et al, (2006), a comunicação verbal e escrita ocorre de forma direta
entre o emissor e o receptor, porém, uma mensagem pode sofrer diferentes
distorções por ser recebida por diferentes pessoas ao mesmo tempo, sendo que
estas podem entender de formas distintas.
As reuniões presenciais ocorreram em ambos os países, conforme disponibilidade
de agendas, na ordem de uma em cada sede, de forma seqüencial. Este formato de
relacionamento demonstra uma tentativa de manter um processo de
compartilhamento de espaços e de aproximação pelo esforço mútuo nos
deslocamentos.
Entretanto, estes encontros presenciais não ocorreram de forma freqüente. Isto gera
a hipótese de que o processo de comunicação caminhou para dificuldades pela
pouca utilização de contatos pessoais, sendo predominantes os de meio eletrônico.
Rogers apud Amado e Guittet (1982, p.125) afirma que é por este lado mais íntimo
que os seres estão mais próximos, tanto de sua experiência pessoal quanto da dos
outros, que poderiam comunicar-se entre si da maneira mais autêntica.
Para os autores Amado e Guittet (1982, p.60) a relação que une o emissor ao
receptor é aqui fundamental e compreender esta relação é um dos fatores decisivos
para o êxito ou fracasso do processo de comunicação. A observação e a escuta do
outro se tornam essenciais quando se entende que a comunicação não se reduz a
um processo de influência, onde se opera a prática de mecanismos de defesa.
A forma escrita foi a mais utilizada em ambos os subgrupos. O pouco uso de
encontros presenciais e comunicação pessoal pode ter propiciado ruídos de
comunicação. Uma evidência é que 86% do subgrupo argentino frequentemente
mostra seus sentimentos e utiliza gestos muito expressivos, 71% procura o contato
corporal de outros e 57% toca os outros descontraidamente. A freqüência com que
os grupos se comunicavam mostrou-se insuficiente para 57% dos argentinos, sendo
que para os brasileiros, conforme manifestado pela maioria, não foi um dado
dificultador.
Esses dados também podem justificar o fato de o subgrupo argentino ter
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considerado a comunicação difícil, talvez com maior necessidade de relações
interpessoais. Isso também sugere que os argentinos possuem maior grau de
coesão de grupo, refletida na sua disposição para interagir.
Sob o ponto de vista de Amado e Guittet (1982, p.62), o conjunto dessas
observações relativas à informação e à transmissão evidencia que as percepções
dos diversos participantes de uma situação e suas relações interpessoais
constituem elementos importantes para a compreensão dos fenômenos de
comunicação.
Por unanimidade, os brasileiros se vêem como parte de um grupo enquanto que
apenas 87% dos argentinos tem a mesma percepção. Há, nos brasileiros,
predominância da sensação de pertencimento de grupo.
O subgrupo argentino coloca que a falta de objetivos claros (14%) e a freqüência de
comunicação (57%) foram os maiores dificultadores. É possível supor que pode ter
havido um choque cultural por parte dos argentinos em relação ao modo de
funcionamento dos brasileiros, visto as citações tidas como dificultadores de
comunicação.
Para 50% dos brasileiros e 28% dos argentinos a comunicação do grupo não
ocorreu de forma clara e objetiva, portanto não atendeu plenamente às expectativas
dos subgrupos.
Ainda de acordo com Amado e Guittet (1982, p.62), para que ocorra clareza na
comunicação o emissor deve ter consciência de que, talvez, sua mensagem não
tenha a forma mais adequada e pertinente possível e, assim, buscar o feedback
para checar o entendimento da mensagem.
O processo de feedback atendeu parcialmente às expectativas do grupo, pois 43%
do subgrupo argentino e 50% do subgrupo brasileiro relataram que o feedback não
foi claro e elucidativo. Apesar de a maioria do subgrupo brasileiro ter relatado
facilidade na comunicação, 25% deste grupo e 14% dos argentinos respondeu que
não obtiveram respostas satisfatórias aos seus questionamentos e ou colocações
nos processos de comunicação.
Se o próprio receptor não explicitar seu sentimento e sua idéias Amado e Guittet
(1982, p.62) afirmam que se torna necessário provocar o retorno da informação e
indagar a compreensão da mensagem. O feedback requer um esforço de
esclarecimento e supõe, por parte do emissor, uma relativa confiança em sua
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capacidade de estabelecer uma relação com outrem.
Para os autores acima citados, Amado e Guittet (1982, p.62), o retorno da
informação eleva a confiança do emissor, pois diminui as incertezas da recepção da
mensagem e facilita o ajustamento através de um melhor conhecimento do receptor
(motivações, nível de conhecimento, linguagem, estereótipos e valores). Tudo isso,
permite uma modulação progressiva da mensagem em função das características
do interlocutor. Essa eficácia crescente reforça as motivações de cada um, pois há
compreensão e aceitação da situação de comunicação.
7. CONSIDERAÇÕES FINAISO processo de comunicação foi um dos elos que permitiu aos dois subgrupos
manterem as bases da aliança inicial, porém, este processo pode ser melhorado em
vistas de aumentar a coesão do grupo.
Os atores envolvidos mantiveram durante os anos de afastamento, contato
suficiente para a manutenção do elo mestre da aliança entre os parques. No
entanto, atualmente o grupo demanda aumento da freqüência deste contato,
sobretudo presencial.
A utilização do espanhol como principal idioma foi um facilitador no processo de
comunicação e manutenção do grupo. Ainda que os argentinos demandassem
maior necessidade de relações interpessoais, o fato de os brasileiros falarem muito
mais o espanhol do que eles o português, sugere que havia um interesse recíproco
de interação comunicacional, por duas vias distintas, mantendo interesse em
cooperar e executar trabalhos conjuntos.
Outro fator que favoreceu a comunicação foi a escolha do e-mail como principal
meio de comunicação, pois trata-se de uma forma simples, barata, rápida e que
abrange todos os membros do grupo ao mesmo tempo. Alem disso, o e-mail permite
que cada um acesse essas informações de acordo com a disponibilidade individual
e que as informações sejam armazenadas, formando uma base de dados.
Como sugestões de melhoria do processo de comunicação, propomos aumentar a
freqüência de encontros presenciais para estreitar as relações interpessoais do
grupo e aprimorar a pratica do feedback visando maior eficácia da troca de
informações, o que reforça as motivações de cada um, pois há compreensão e
aceitação da situação de comunicação.
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Foi possível perceber que realmente a comunicação desempenhou papel
fundamental para o grupo estudado. Entretanto, as questões não se fecham em
definitivo e o presente trabalho poderá servir como base para futuros estudos nesta
área e de similares, para a compreensão do funcionamento dos grupos.
8. REFERÊNCIAS
AMADO, Gilles; GUITTET, André. A dinâmica da comunicação nos grupos. 2ª
edição. Zahar Editores: Rio de Janeiro, 1982.
DAVIS, James H. Produção do Grupo. São Paulo, EDUSP, 1973
HOFSTEDE,Geert. Culturas e Organizações. Lisboa: Ed. Silabo, 1997.
OSGOOD, CE, SUCI, TANNENBAUM, CJ e, PH. A medida do significado. Urbana,
IL: Imprensa da Universidade de Ilinois. Caule, DE, NOAZIN e S., 1957.
SCHIFEL, Cibele F. Comunicação verbal e não-verbal na dinâmica dos grupos.
Cardernos SBDG 81. Pg. 01- 10 , Porto Alegre, 2006.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.
9. LEITURAS RECOMENDADAS
COUTINHO, Jesus. Conheça um pouco da história de Foz do Iguaçu .
Disposnível em: <http://www.clickfozdoiguacu.com.br/foz-iguacu-noticias> Acesso
em: 05 de Janeiro de 2011.
GONÇALVES, Octávio. Formação e mudanças de atitudes. Disponível em:
<http://psicologiaefilosofia.no.sapo.pt/docs-ps6.html > 2003. Acesso em 08 de Março
de 2011.
JACKSON, Don D.; BEAVIN, Janet Helmick e WATZLAWICK, Paul. Pragmática da
Comunicação Humana. São Paulo: Cultrix, 2007. Não vi este autor citado no
artigo.
Parque Tecnológico de Pato Branco. Disponível em:
<http://www.pbtec.org.br/default.aspx> Acesso em 08 mar 2011.
TEIXEIRA, Gilberto. Conheça o que são escalas de medida. Disponível em:
<http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=21&texto=1304> 2005.
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Acesso em 08 de Março 2011.
MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J. A árvore do conhecimento – As
bases biológicas da compreensão humana. 8ª Ed. São Paulo: Palas Athenas,
2010.
MILLS, Theodore M. Sociologia dos pequenos grupos. São Paulo: Livraria
Pioneira Editora, 1967.
ANEXOSAnexo 01Gráfico do resultado da avaliação da forma de comunicação.
14
Anexo 02Gráfico da percepção quanto à comunicação.
15
Anexo 03Gráfico do resultado da checagem cultural.
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