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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A LEI 11.232/2005 KATHLEEN ZAGO APPI Itajaí (SC), novembro de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPSCURSO DE DIREITO

A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A LEI 11.232/2005

KATHLEEN ZAGO APPI

Itajaí (SC), novembro de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPSCURSO DE DIREITO

A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A LEI 11.232/2005

KATHLEEN ZAGO APPI

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Direito.

Orientador: Professora MSc. Marta Elizabeth Deligdisch

Itajaí (SC), novembro de 2008.

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III

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo imenso privilégio concedido a

mim ao permitir-me a conclusão deste curso;

Ao meu irmão “Jô” pelos ensinamentos na

área jurídica, pelo ombro amigo e pelas

nossas brincadeiras (Todo o meu carinho!);

Aos meus avós, “Vô Ago”, “Vó Ucy” e “Vó

Edy” pela imensa contribuição na minha

formação como pessoa, sempre me

estimulando e me impulsionando na busca

de meus objetivos (Como é grande o meu

amor por vocês!);

Ao meu avô, “Vô Appi” (in memorian),

símbolo de lealdade (Saudades!) e à minha

bisavó, “Bisa Olinda” (in memorian), por estar

presente em todos os passos da minha vida

(Ich liebe dich!);

Aos meus padrinhos, “Dinda Mônica” e “Tio

Adésio” e aos meus irmãos de coração “Lê”

e “Mauri”, por serem minha segunda família

(Amo vocês!)

À minha orientadora, Marta, pelo incentivo,

simpatia e dedicação, cuja orientação e

supervisão permitiram-me a elaboração

deste trabalho. Obrigada por ser professora

de verdade!;

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IV

Aos meus amigos da faculdade, a “turminha

do murinho”, pelo aconchego nas horas

difíceis, pelo carinho e pelas risadas (Nunca

me esquecerei de vocês!);

Às minhas amigas-irmãs “Gabi”e “Lú” por

sempre acreditarem no meu potencial, por

serem AMIGAS DE VERDADE! (Valeu!).

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V

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Deisi e

Jorge, pelo amor, dedicação e exemplos de

vida repassados a mim, sem os quais eu

jamais teria alcançado este degrau em

minha vida (Todo meu amor e gratidão!).

A vocês, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade, não bastaria um obrigado. A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que os trilhasse sem medo e cheia de esperanças, não bastaria um muito obrigado. A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, eu pudesse realizar os meus. Pela longa espera e compreensão durante minhas longas viagens, não bastaria um muitíssimo obrigado. A vocês, meus pais por natureza, por opção e amor, não bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que me acontece agora, quando procuro arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais seria traduzida por palavras! Amo vocês!

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VI

O Direito pode criar um perfeito sistema de justiça; mas se este sistema

há de ser aplicado, em última instância, por homens, o direito valerá o que esses

homens valham.Couture

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VII

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a

Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a

Banca Examinadora e a Orientadora de toda e qualquer responsabilidade

acerca do mesmo.

Itajaí (SC), novembro de 2008.

Kathleen Zago AppiGraduanda

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VIII

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Kathleen Zago

Appi, sob o título A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS

A LEI 11.232/2005 foi submetida em 17 de novembro de 2008 à banca

examinadora composta pelos seguintes professores: MSc. Marta Elizabeth

Deligdisch (Presidente e Orientadora) e MSc. Aparecida Correa da Silva, e

aprovada com a nota ____ (__________).

Itajaí (SC), novembro de 2008

Professor MSc. Marta Elizabeth DeligdischOrientadora e Presidente da Banca

Professor MSc. Antônio Augusto LapaCoordenação da Monografia

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IX

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPC Código de Processo Civil Brasileiro

CC Código Civil Brasileiro

CF Constituição da República Federativa do Brasil

CP Código Penal Brasileiro

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X

ROL DE CATEGORIAS

Por opção metodológica, a autora listará as categorias

no curso do trabalho, na medida em que se apresentarem necessárias

para sua compreensão.

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SUMÁRIO

RESUMO ..........................................................................................XIII

INTRODUÇÃO .................................................................................. 14

CAPÍTULO 1...................................................................................... 18TEORIA GERAL DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

1.1 Histórico do processo de execução ..........................................................181.1.1 O surgimento e evolução do direito processual civil no âmbito nacional...............................................................................................................201.2 Espécies de execuções .............................................................................231.2.1 Cumprimento de sentença relativa a obrigação de fazer e não fazer ..............................................................................................................................241.2.2 Cumprimento de sentença relativa a obrigação de entrega de coisa ..............................................................................................................................251.2.3 Cumprimento de sentença relativa a obrigação de pagar quantia certa .................................................................................................................271.3 Espécies de títulos executivos previstos do Código de Processo Civil ..291.3.1 Títulos executivos judiciais........................................................................29

CAPÍTULO 2...................................................................................... 46DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

2.1 Das formas de execuções previstas no Código de Processo Civil e do Procedimento de cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa.......................................................................................................462.2 Do pagamento voluntário e da multa legal .............................................472.3 Do requerimento de cumprimento.............................................................492.4 Da penhora de bens ....................................................................................522.4.1 Ordem preferencial da penhora .............................................................542.5. Providências preliminares à satisfação do credor ..................................562.5.1 A intimação do executado e de terceiros .............................................562.5.2 Depósito dos bens penhorados ...............................................................572.5.3 Avaliação dos bens penhorados ............................................................612.5.4 Alienação antecipada dos bens.............................................................63

CAPÍTULO 3...................................................................................... 66DA DEFESA DO DEVEDOR NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

3.1 Da impugnação ao cumprimento de sentença.......................................663.1.1 Do efeito suspensivo concedido ou não à impugnação .....................69

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XII

3.1.2 Requisitos para a admissibilidade da impugnação .............................723.1.3 Fundamentos da impugnação do executado.......................................753.1.4 Processamento da impugnação do executado ...................................833.1.5 Dos recursos cabíveis da decisão que julga a impugnação...............85

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 87

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS................................................ 90

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XIII

RESUMO

A presente monografia tem por objeto analisar a impugnação ao

cumprimento de sentença após o advento da Lei 11.232/2005 que alterou

alguns dispositivos do Código de Processo Civil, pretendendo, dessa

forma, estabelecer desde a maneira de apresentação desta

impugnação, até os recursos cabíveis da decisão de julgamento da

mesma. Ressalta-se que também foram matéria de estudo do presente

trabalho monográfico a teoria geral do processo de execução com o

surgimento e evolução do direito processual civil no âmbito nacional, as

espécies de execuções previstas no Código de Processo Civil, as espécies

de títulos executivos constantes no mesmo diploma processual e o

procedimento de cumprimento de sentença de obrigação de pagar

quantia certa. O estudo foi dividido em três capítulos e o método

adotado, tanto para o tratamento dos dados como para o relato da

pesquisa, foi o dedutivo.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico tem por objeto1 o

estudo da impugnação ao cumprimento de sentença após a

promulgação da Lei 11.232/2005 que alterou alguns termos do Código de

Processo Civil, trazendo inovações no que tange às execuções.

Necessário ressaltar que, além de ser requisito

imprescindível à conclusão do curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, o presente relato monográfico tem o intuito de

colaborar para o aprendizado acerca de determinado assunto, bem

como focar nas modificações oriundas da Lei acima mencionada, haja

vista que o processo de execução se trata de um cotidiano no mundo

jurídico, utilizado diariamente pelos operadores do direito.

Levando em consideração que a Lei que alterou os

dispositivos do Código de Processo Civil foi promulgada no ano de 2005, é

notório que a execução ao cumprimento de sentença trata-se de um

tema da atualidade e sua abordagem é fruto do interesse pessoal da que

subscreve esta em analisar, no assunto específico, as alterações advindas

com a reforma processual.

O objetivo institucional da presente Monografia é a

obtenção do título de bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do

Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, campus de Itajaí/SC.

O objetivo geral da pesquisa consiste em compreender

o funcionamento do cumprimento de sentença que condena a pagar

1 Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 170-181.

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15

quantia determinada e a maneira pela qual pode ser impugnada pelo

devedor.

Para tanto, fixaram-se os seguintes objetivos

específicos: a) compreensão dos fundamentos do processo no âmbito

cível nacional e das espécies de execuções, analisando-se os títulos

executivos judiciais; b) identificação dos requisitos do cumprimento de

sentença e dos atos executivos que neste se realizam; c) verificação do

meio de oposição ao cumprimento, por parte do devedor e seus

requisitos.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na

Fase de Investigação foi utilizado o Método Dedutivo, sendo que nas

diversas fases da Pesquisa foram acionadas as Técnicas2 do Referente3, da

Categoria4, do Conceito Operacional5 e da Pesquisa Bibliográfica em

conjunto com as técnicas propostas por Colzani6, dividindo-se o relatório

final em três capítulos.

Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi

formulado o seguinte questionamento: quais as inovações introduzidas

pela Lei 11.232/2005, para o cumprimento de sentença e sua

impugnação?

2 “Técnica é um conjunto diferenciado de informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”. [Pasold, 2001, p. 88].

3 Referente “é a explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitando o seu alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63].

4 Categoria “é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia”. [Pasold, 2001, p. 37].

5 Conceito Operacional é a “definição para uma palavra e/ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos”. [Pasold, 2001, p. 51].

6 COLZANI, Valdir Francisco. Guia para elaboração do trabalho científico.

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16

No afã de responder ao problema em epígrafe, foram

suscitadas as seguintes hipóteses:

a) a mudança empreendida pelo novo ordenamento

é de mera nomenclatura, cindindo a fase de execução no mesmo feito,

sem divergir, quanto ao conteúdo, das bases do processo de execução;

b) o trâmite da impugnação de cumprimento diverge

diametralmente dos normativos até então conhecidos, para a discussão,

em embargos à execução de título judicial.

Para uma melhor abordagem das questões que

norteiam a impugnação ao cumprimento de sentença, o trabalho foi

dividido em três capítulos.

No Capítulo 1, tratar-se-á da teoria geral do processo

de execução, com seu histórico, surgimento em âmbito nacional, espécies

de execuções previstas no CPC e as espécies de títulos executivos

previstos no mesmo diploma legal.

No Capítulo 2, tratar-se-á do cumprimento de

sentença, abordando-se as formas de execução previstas no CPC, bem

como o procedimento de cumprimento de sentença de obrigação de

pagar quantia certa.

No Capítulo 3, far-se-á um estudo sobre a impugnação

ao cumprimento de sentença propriamente dita, com seus requisitos,

fundamentos, processamento, concessão ou não do efeito suspensivo,

bem como os recursos cabíveis da decisão que julga a impugnação.

Os acordos semânticos que procuram resguardar a

linha lógica do relatório da pesquisa e respectivas categorias, por opção

metodológica, foram apresentados no corpo da pesquisa.

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A estrutura metodológica e as técnicas aplicadas

nesta monografia estão em conformidade com o padrão normativo da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e com as regras

apresentadas no Caderno de Ensino: formação continuada, Ano 2,

número 4; assim como nas obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da pesquisa

jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito e Valdir

Francisco Colzani, Guia para redação do trabalho científico.

O presente relatório da pesquisa se encerra com as

considerações finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, estabelecendo-se breve síntese de cada capítulo e

demonstração sobre as hipóteses básicas da pesquisa, verificando se as

mesmas restaram ou não confirmadas.

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CAPÍTULO 1

TEORIA GERAL DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

1.1 HISTÓRICO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

A origem do processo de execução, alega Fiuza7,

remonta à Lei das XII Tábuas, em que a satisfação da prestação devida

era efetuada através da responsabilidade pessoal e física do devedor,

quando este não possuía bens que bastassem para o cumprimento de sua

obrigação.

Tal condenação consistia em conduzir o devedor à

presença do magistrado, a fim de requerer o direito de levá-lo para casa

a aprisioná-lo por sessenta dias. Preso, o devedor deveria ser

encaminhado ao magistrado por três vezes para que alguém aparecesse

em socorro do mesmo. Não aparecendo ninguém, o credor era

constituído no direito de vender o aprisionado ou fazer dele um escravo8.

Afirma Greco Filho9 que aludida venda deveria ser feita

fora dos limites da cidade e, chegando a tal situação, o devedor perdia a

condição de cidadão, de membro da família e sua condição de

liberdade, transformando-se de pessoa, em coisa.

Lembra Fiuza10 que existindo um credor, este possuía o

direito de matar o devedor e, havendo mais de um, estes podiam retalhar

7 FIUZA, César. Direito Processual na História. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p. 41.8 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.42.9 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. v.3.17.ed. São Paulo: Saraiva, 2005,p.9.10 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.42.

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19

o corpo do devedor em tantos pedaços quantos fossem os débitos,

aduzindo que existe controvérsia se tais normas não seriam apenas no

sentido figurado.

Com o surgimento da Lex Poetelia Papiria, em meados

de 312 a.C., a execução começou a perder seu caráter pessoal. Segundo

dita Lei, igualmente como ocorria na Lei das XII Tábuas, o credor requeria

ao magistrado o direito de levar o devedor preso até obter a satisfação

do crédito. As inovações ficaram por conta da proibição da pena capital,

dos ferros e grilhões, bem como da possibilidade do preso se livrar do

aprisionamento, jurando possuir bens suficientes para quitação da dívida.11

Mencionada Lei, segundo Greco Filho12, trazia a

proibição do devedor efetuar sua própria defesa, haja vista que esta

deveria ser feita por um representante indicado apresentado por aquele.

Condenado, o devedor possuía o prazo de trinta dias para saldar a dívida.

Não o fazendo, o magistrado, a requerimento do credor, liberava a

execução pessoal.

Tal restrição à defesa só foi extinta com o advento da

Lex Vallia, no Século II a.C. que permitia ao devedor sua própria defesa,

sem a interferência de um vindex13.

Após, com a interferência do Direito Público Romano

que adotava um procedimento executivo de caráter patrimonial, o

magistrado, também chamado de pretor, adotava semelhante

procedimento.

Neste, o credor apresentava-se ao magistrado

requerendo-lhe a posse dos bens do devedor também chamado de

postulatio. Feito isto, ou seja, ocorrida a imissão na posse, o caminho era

11 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.42.12 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro, 2005, p.10.13 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.43.

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20

aberto aos demais credores que deveriam ser cientificados do fato

através de uma proclamação pública14.

Após dita etapa, o processo era paralisado pelo tempo

determinado pelo pretor. Durante mencionado período, o devedor podia

recuperar seu patrimônio e satisfazer o direito dos credores. Caso não o

fizesse, só podia defender-se se prestada a devida caução.15

Por fim, somente no fim do Alto Império16, apareceu a

possibilidade da execução específica in natura, quando se tratasse de

obrigação de dar ou restituir coisa certa. No Direito Anterior, o único

objeto da execução era a condenação que necessariamente deveria ser

pecuniária.

1.1.1. O surgimento e evolução do Direito Processual Civil no âmbito

nacional

O direito brasileiro está ligado ao Direito Português, que

sucede a tempos mais antigos. Quando ao conteúdo, “o direito brasileiro,

através do direito português, sofreu influências do direito romano, do

direito germânico e do direito canônico”. 17

A colonização do Brasil se deu durante as Ordenações

Afonsinas, editadas em 1448 e vigentes entre 1500 e 1514. Receberam essa

denominação devido à compilação encerrada no reinado de Afonso V.

14 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.43.15 FIUZA, César. Direito Processual na História, 2002, p.44.16 Alto Império – Compreende-se o período de 27 a.C.a 235 d.C., cujo período esteve em vigoro regime político do principado. (NADAI, Elza. NEVES, Joana. História de Roma – da monarquia à República. Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br/roma.htm. Acessado em: 10 out. 2008).17 GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito. 37. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 329.

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21

Lembra Franco18 que “as Ordenações Afonsinas não

foram uma verdadeira codificação do direito e sim uma compilação

coordenada [...]”. Gusmão19 completa ainda que “compunham-se de

cinco livros, compreendendo direito penal, direito civil, direito comercial,

organizações judiciárias, competências, relações da Igreja com o Estado,

processo civil e comercial”.

Tendo em vista à quantidade de leis que surgiram após

as Ordenações Afonsinas, foram promulgadas as Ordenações Manuelinas

que vigoraram de 1514 a 1603.20

Receberam essa intitulação por terem sido

desenvolvidas no reinado de D. Manuel I. Segundo Franco21, “atendiam

mais ao interesse da realeza do que ao das outras instituições,

fortalecendo o poder absoluto do Rei” e afirma que as mesmas alteravam

“a ordem dos títulos, artigos e parágrafos”.

Após, com vigência de 1603 a 1916, foram

promulgadas as Ordenações Filipinas, no reinado do rei espanhol Felipe II.

Neste período, Portugal estava sob reinado espanhol. Mencionadas

ordenações trouxeram algumas leis que não tinham sido tratadas nas

anteriores e modificações em matérias processuais. 22

18 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 19 GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito, 2006, p. 331.20 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 21 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 22 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em:

Page 22: A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A …siaibib01.univali.br/pdf/Kathleen Zago Appi.pdf · intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63]. 4

22

Tendo em vista que as três ordenações não atendiam

às necessidades sociais, jurídicas e econômicas da colônia, “foi

promulgada a Lei da Boa Razão [...], que estabeleceu regras para

interpretação da legislação e que mandou aplicar, no caso de lacuna, o

direito romano [...]”.23

Com a decretação de várias leis destinadas a atender

às necessidades sociais, políticas e econômicas do Brasil por D. João VI é

que começou a surgir um direito brasileiro. Portugal tentou impor-se,

porém, não teve êxito, haja vista que em 7 de setembro de 1822 houve a

declaração da independência e em 1824 foi outorgada a primeira

constituição do Brasil.

No que concerne às leis processuais civis, as

Ordenações tiveram vigência até 1850 (Decreto nº. 737), com o

surgimento do processo civil em matéria comercial e, em 1876, a

Consolidação das Leis do Processo Civil passou a ter força de lei. 24

A necessidade de desenvolvimento de um código

processual civil levou à formação de uma comissão e então “foi

apresentado um trabalho por Pedro Batista Martins, advogado, que foi

revisto pelo então Ministro da Justiça Francisco Campos, por Guilherme

Estellita e por Abgar Renault, que se transformou no Código de Processo

Civil de 1939”. 25

http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 23 GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito, 2006, p. 332.24 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 25 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008.

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23

Por conseqüência das modificações e surgimento de

leis esparsas, clamou-se por uma reforma do Código de Processo Civil de

1939, ensejando na aprovação e promulgação da Lei 5.969/73, a qual o

dividiu em cinco livros e 1.220 artigos.26

Esta reforma não foi a primeira, o Código de Processo

Civil sofreu alterações no decorrer dos anos, buscando o melhoramento

das relações jurídicas e a simplificação das normas. Uma destas alterações

é o objeto de estudo do presente trabalho.

1.2. ESPÉCIES DE EXECUÇÕES

No atual direito processual cível, a depender do título

executivo (judicial ou extrajudicial) e da espécie de obrigação (pagar,

fazer ou entregar), é possível classificar as espécies de Execuções, a saber.

O título executivo judicial ou extrajudicial deve conter

obrigação certa, líquida e exigível. Neste sentido é a disposição do art. 586

do CPC: “A execução pra cobrança de crédito fundar-se-á sempre em

um título de obrigação certa, líquida e exigível”.

Comumente, mencionadas características estavam

ligadas ao título executivo, porém, conforme denota-se das novas

redações dos arts. 580 e 586 são atributos da obrigação a ser executada.27

Assis28 afirma que a obrigação “é certa quando não

há dúvida de sua existência; líquida quando inexiste suspeita concernente

26 FRANCO, Loren Dutra. Processo Civil – origem e evolução histórica. Revista Eletrônica de Direito Dr. Romeu Vianna. Disponível em: http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art.2002.pdf>. Acessado em: 10/10/2008. 27 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.119.28 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 149.

Page 24: A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A …siaibib01.univali.br/pdf/Kathleen Zago Appi.pdf · intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63]. 4

24

ao seu objeto; e exigível quando não se levantam objeções sobre sua

atualidade”.

Marinoni e Arenhardt29 aduzem que a exigibilidade

“liga-se ao poder, inerente à prestação devida, de se lhe exigir o

cumprimento. Trata-se de elemento extraprocessual, mas também

assimilado pelo processo, pois sem ele não há o que fazer cumprir”. Já, a

certeza “refere-se à existência da prestação que se quer ver realizada”. E,

por fim, a liquidez, “diz respeito à extensão e à determinação do objeto

da prestação”.

1.2.1. Cumprimento da Sentença Relativa às Obrigações de Fazer e Não

Fazer

Segundo Theodoro Júnior30 a obrigação é o dever que

o devedor possui em realizar algo em favor do credor.

Afirma Assis31 que as obrigações podem ser positivas,

quando o devedor deve executar, em favor do credor, um fato ou uma

atividade; e, negativas, quando o compromisso deve ser omissivo.

Corrobora com esse entendimento Theodoro Júnior ao

afirmar que:

As obrigações de não fazer são tipicamente negativas, já

que por seu intermédio o devedor obriga-se a uma

abstenção, devendo manter-se numa situação omissiva (um

non facere). É pela inércia que se cumpre a prestação

devida. Se fizer o que se obrigou a não-fazer, a obrigação

estará irremediavelmente inadimplida. 32

29 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.120.30 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 32.31 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 520.32 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007. p. 32.

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25

Lembra Assis33 que as obrigações podem ser fungíveis

ou infungíveis. Dizem-se fungíveis quando o credor tolera que terceiro

satisfaça a dívida, reproduza o comportamento objeto do fazer. Já nas

obrigações infungíveis, em razão das aptidões e qualidades do obrigado,

estas somente podem ser satisfeitas pelo devedor, face ao caráter

personalíssimo.

Mencionadas modalidades de execuções estão

previstas nos artigos 632 e seguintes do CPC. Aludido Diploma Legal

autoriza a conversão das obrigações de fazer ou não-fazer em perdas e

danos, caso o devedor não as efetue no prazo fixado para seu

cumprimento.

1.2.2. Cumprimento da Sentença Relativa à Obrigação de Entrega de

Coisa

De acordo com Rangel34 a execução para entrega de

coisa certa tem o fito de entregar a coisa àquele que possui o direito

sobre a mesma.

Tal obrigação, segundo Theodoro Júnior35, é de

modalidade positiva, diversamente do que ocorre nas obrigações de fazer

ou não fazer, que podem ser positivas ou negativas. Nesta, a prestação

“consiste na entrega ao credor de um bem corpóreo, seja para transferir-

lhe a propriedade, seja para ceder-lhe a posse, seja para restituí-la.”36

Marinoni e Arenhardt37 recordam que a sentença

declaratória de entrega da coisa reconhece somente em parte a tutela

33 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 521.34 DINAMARCO, Cândido Rangel. Insituições de Direito Processual Civil. v.4. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. p. 407.35 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.36 THEODORO JÚNIOR Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.37 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.203.

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26

do direito material, tendo em vista que há necessidade da propositura da

execução para integral cumprimento daquela sentença.

Necessariamente, segundo Theodoro Júnior38, a

execução será específica, ou seja, “o devedor haverá de ser condenado

a realizar em favor do credor, a transferência da posse exatamente da

coisa devida”.39

Corrobora com esse entendimento Rangel ao dizer

que: “a coisa a entregar será certa, ou seja, individualizada em

determinado corpo físico distinto de qualquer outro [...]”40

Existe a possibilidade de conversão em perdas e

danos, porém esta só será deferida pelo juiz quando comprovadamente

ocorrerem duas situações: a) o credor requerer, quando o direito material

permitir-lhe tal opção; ou b) quando a execução específica tornar-se

impossível pelo desvio, perda ou perecimento da coisa, por exemplo, de

modo que o devedor não possa restituí-la. 41

O credor poderá, diante da impossibilidade de

entrega da coisa específica, requerer a conversão em perdas e danos. Tal

“tutela substitutiva” poderá ser requerida em duas fases: a) na petição

inicial; ou b) em petição avulsa, se a comprovação da não existência da

coisa ocorrer durante a fase de cumprimento de sentença,

transformando-se em incidente da execução. 42

Segundos os arts. 621 e seguintes do CPC que

abordam o procedimento para dita modalidade de execução, o devedor

será citado para satisfazer a obrigação ou apresentar embargos.

38 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.39 THEODORO JÚNIOR.Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.40 DINAMARCO, Cândido Rangel. Insituições de Direito Processual Civil, 2004, p. 407.41 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.42 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46

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27

Caso opte pela entrega da coisa, será lavrado o

respectivo termo a fim de que se proceda à extinção da execução, salvo

necessidade de prosseguimento para o pagamento de frutos ou

ressarcimento de prejuízos. Em caso de embargos, o devedor deverá

tornar seguro o juízo, entregando a coisa ou depositando-a. Na segunda

hipótese, o exeqüente não poderá levantar a coisa sem o prévio

julgamento dos embargos.

Com a inércia do devedor, será expedido, em favor do

credor, mandado de imissão na posse, caso a coisa seja imóvel, ou

mandado de busca e apreensão, se móvel.

Necessário registrar que nesta modalidade de

execução, como na de obrigação de fazer ou não fazer, há possibilidade

de perdas e danos, além do direito do credor a receber o valor da coisa,

quando esta não for entregue, se deteriorou, não foi encontrada ou não

foi reclamada do poder de terceiro adquirente43.

1.2.3. Cumprimento da Sentença Relativa à Obrigação por Quantia

Certa

A obrigação pecuniária “consiste na prestação em

moeda, um algarismo cuja função instrumental é a medida de valores:

assume certo padrão que permite comparar, no tempo e no espaço, o

valor dos bens da vida”.44

Tal débito, segundo menciona Theodoro Júnior45, pode

advir de obrigação contraída em dinheiro, como nos casos de mútuo,

compra e venda, relação ao preço da coisa, locação, prestação de

serviço, entre outros, ou do resultado da troca de uma obrigação de outra

natureza por equivalente econômico, no caso de indenização por

43 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 46.44 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 571.45 THEDORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 52

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28

descumprimento de obrigação de entregar coisa, prestação de fato,

reparação de ato ilícito, em meio a outros identificáveis nas relações

jurídicas.

Nesse sentido aduz Assis46:

[...] desta sugestiva característica, somada à frustração

eventual dos meios executórios, quer de sub-rogação

(p.ex., o objeto da prestação se deteriorou, consoante

prevê o art. 627, caput), quer de coerção (p.ex., o

executado recolheu à prisão e deixou de pagar alimentos,

contingência antevista no art. 733, §2º), resulta o caráter

subsidiário da prestação em moeda, tornando a

expropriação, destarte, a técnica executiva por excelência

do processo executivo.

Lembram Marinoni e Arenhardt47 que após o advento

da sentença condenatória, sem o adimplemento pelo devedor, o autor

poderá requerer a execução do valor da condenação, bem como o

acréscimo da multa de dez por cento, indicando bens à penhora e

requerendo a imediata expedição de mandado de penhora e avaliação

(art. 475-J do CPC).

E relata Theodoro Júnior:

O montante da condenação será acrescido de multa de

10% sempre que o devedor não proceder ao pagamento

voluntário nos quinze dias subseqüentes à sentença que

fixou o valor da dívida [...].48

Necessário ressaltar que a penhora e os atos

expropriatórios destinados à satisfação do credor são meras técnicas

46 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 571/572.47 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.234.48 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 53.

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29

executivas que auxiliam à viabilização da tutela pecuniária, podendo,

portanto, existir tutela pecuniária, sem a submissão desta à execução por

expropriação.49

Dita execução está disposta nos arts. 646 e seguintes

do CPC, trazendo que o objeto de aludida modalidade é “expropriar bens

do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor”.

Para tanto, o devedor será citado para, em 3 (três)

dias, efetuar o pagamento da dívida. Não o efetuando, o oficial de

justiça, munido da segunda via do mandado, procederá, de imediato, à

penhora e avaliação dos bens, lavrando o respectivo auto e intimando o

executado.

Não encontrando o devedor, o oficial de justiça

arrestará tantos bens quantos bastem para o pagamento da dívida,

ficando a cargo do exeqüente efetuar o requerimento da citação por

edital. Findo o prazo desta citação, o arresto converter-se-á em penhora.

1.3. ESPÉCIES DE TÍTULOS EXECUTIVOS PREVISTOS NO CPC

1.3.1. Títulos Executivos Judiciais

A sentença civil nacional condenatória representa o

principal dos títulos executivos judiciais, não por ter uma estreita ligação

com o processo de execução, mas pela sua larga utilização na atividade

forense.50

Deve-se considerar, genericamente, que os títulos

executivos judiciais são aqueles oriundos de um processo, ainda que

49 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.234.50 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 403.

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30

existam exceções, conforme aduzem Marinoni e Arenhart51: “A

caracterização de um título como judicial não exige que a sua formação

ocorra no seio do Poder Judiciário. Há documentos tipificados como títulos

judiciais gerados fora da estrutura da função jurisdicional do Estado, como

é o caso da sentença arbitral”.

Para o Código de Processo Civil, de acordo como seu

artigo 475-N, títulos executivos judiciais são os seguintes: a sentença

proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de

fazer, entregar coisa ou pagar quantia, a sentença penal condenatória

transitada em julgado, a sentença homologatória de conciliação ou

transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo, a sentença

arbitral, o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado

judicialmente, a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal

de Justiça e o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação

ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou

universal.

Tratar-se-á de cada espécie na seqüência.

a) Sentença condenatória proferida no processo civil

As sentenças no processo civil podem ser declaratórias,

constitutivas e/ou condenatórias. São declaratórias quando o objetivo é

unicamente a declaração de existência ou inexistência de uma relação

jurídica. Constitutivas são aquelas que criam uma situação jurídica nova

para as partes. Ambas exaurem a prestação jurisdicional possível.52

O terceiro tipo de sentenças, aquelas chamadas de

condenatórias são as que permitem ao vencedor intentar contra o

51 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução. v.3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 403.52 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. 2. 41 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 72.

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31

vencido as medidas próprias da execução forçada, conforme Theodoro

Júnior53:

[...] a sentença condenatória, além de definir a vontade

concreta da lei diante do litígio, contém um comando

diverso da sentença de mera apreciação. Esse comando

especial e diferente consiste nisso: em determinar que se

realize e torne efetiva uma certa sanção. Contém a

sentença de condenação, portanto, a vontade do Estado,

traduzida pelo juiz, de que a sanção nela especificada seja

aplicada e executada [...].

Para a possibilidade de execução não se devem

considerar somente aquelas advindas de um processo de conhecimento.

Os provimentos de condenação relativos a encargos processuais

(honorários advocatícios, custas) estão mencionados no corpo da parte

dispositiva da maioria das sentenças, constitutivas ou declaratórias.

Existem algumas, que não se enquadram em títulos executivos. Assim, aduz

Theodoro Júnior54:

As sentenças declaratórias ou constitutivas que não

configuram título executivo são, na verdade, aquelas que

se limitam a declarar ou constituir uma situação jurídica

sem acertar prestação a ser cumprida por um dos litigantes

em favor do outro. São, pois, as sentenças puramente

declaratórias ou puramente constitutivas.

Existem, ainda, as chamadas sentenças mistas, aquelas

em que na mesma decisão há a anulação de um negócio jurídico e a

condenação do vencido a fim de que restitua um bem ao vencedor.

Neste caso, o provimento constitutivo não reclama execução. A

53 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73.54 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73.

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32

condenação do vencido a devolver o bem ao vencedor é tipicamente

de condenação e poderá ensejar execução forçada55 56.

Necessário registrar que existem títulos executivos

judiciais que não são originários de um processo de jurisdição contenciosa.

Pode existir uma sentença condenatória em jurisdição voluntária, veja-se:

Também em alguns casos de jurisdição voluntária, como na

separação consensual, pode-se ensejar a execução

forçada, quando, por exemplo, um dos cônjuges se recuse

a cumprir o acordo da partilha do patrimônio do casal, ou

deixei de pagar a pensão alimentícia convencionada. 57

Em conformidade com o artigo 162, parágrafo primeiro

do Código de Processo Civil sentença é o provimento decisório que

“implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269” do CPC. Assim,

há de se reconhecer que a força executiva de uma sentença está

presente quando o julgado reconhece alguma prestação a ser cumprida

pela parte vencida, tanto nas sentenças definitivas58, como nas

terminativas 59.

55 Execução Forçada – aquela que pode ser promovida por credor a quem a lei lhe confere título executivo [...]. A execução forçada compreende o poder jurisdicional do Estado, já que o credor recorre ao Judiciário para exigir que o devedor cumpra a obrigação que advém de sentença transitada em julgado ou de título executivo extrajudicial a que a lei confere efeitos executivos”. (GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 6.ed. São Paulo: Rideel, 2004, p. 303).56 THEODORO JÚNIOR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 7357 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73.58 “Sentença – Decisão do juiz sobre causa controvertida submetida pelas partes ao seu juízo. A sentença pode ser: [...] definitiva ou de mérito, a que acolhe ou rejeita o pedido, que absolve ou condena, sem pôr fim ao feito; [...] terminativa, que encerra o processo sem decidir a lide, sem conhecer o mérito da causa;[...]”. (GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico, 2004, p. 482)59 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73

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33

Corrobora com esse entendimento Theodoro Júnior60:

“Dessa maneira, é de se reconhecer a força executiva, no todo ou em

parte, que pode ser detectada tanto em sentenças definitivas [...] como

em sentenças terminativas [...]”.

A atual redação do artigo 475-N, do CPC, adotou

como condenação uma dupla declaração. Primeiramente o juiz declara

o direito discutido no processo e, na seqüência, impõe ao vencido a

sanção estabelecida para o ato ilícito cometido.

Neste sentido, Assis61 afirma:

Existirá condenação, por conseguinte, e convenientemente

acompanhada do efeito executivo, matriz da ação

executória, tanto em ações que se subordinam ao

processo de conhecimento, sejam elas de rito comum –

p.ex. a prestação de contas (art. 918) e o monitório (art.

1.1.02) – quanto ao processo cautelar, quando ele,

renegando a condição da efetiva cautelaridade, adquire

o cunho de tutela satisfativa.

Com exceção da tutela satisfativa62, não se pode

executar sentença cautelar, haja vista que esta visa única e

exclusivamente assegurar a eficácia do processo principal, não

constituindo-se em título executivo judicial.63

60 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73.61 ASSIS, Araken de. Manual da Execução. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 157.62 Tutela satisfativa: “provimento antecipatório da sentença de procedência; e sendo antecipatório, será necessariamente satisfativo do direito provável do autor”. (MARINS, Victor A. A. Bonfim. Tutela Cautelar. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2000. p. 63)63 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 158.

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34

Necessário ressaltar que a sentença só adquire força

executiva caso haja expressamente a condenação, quer no capítulo

principal, quer no capítulo acessório, da sucumbência64.65

No dizer de Assis66:

Omitida a condenação em honorários advocatícios, por

exemplo, e não corrigida a omissão através de recurso

próprio, desaparece a possibilidade do vencido executar o

provimento. No que toca ao capítulo principal, convém

acentuar que tal condenação se subordina à formulação

do pedido expresso.

Com relação à execução contra a Fazenda Pública,

lembra Miranda que “a sentença condenatória passada contra a

Fazenda Pública é, excepcionalmente, desprovida de força executiva.”67

Tal restrição dirige-se somente às condenações a

pagamento por quantia certa, haja vista que se trata de execução

imprópria (aquela que não tem força de agressão contra o patrimônio do

devedor). Nas restantes (obrigação de entrega de coisa, de fazer e não

fazer), a Fazenda Pública não possui imunidade executiva. 68

b) Sentença penal condenatória transitada em julgado

No Código de Processo Civil de 1939 havia uma

discussão acerca da eficácia executiva da sentença penal em âmbito

64 “Nenhuma sentença assumirá força executiva sem disposição inequívoca de condenação do vencido. Omitida a condenação em honorários advocatícios, por exemplo, e não corrigida a omissão através do recurso próprio, desaparece a possibilidade de o vencido executar o provimento.” (ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 158)65 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 15866 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 158.67 MIRANDA, Pontes de apud THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 73.68 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 74.

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35

civil, na reparação de dano ex delicto. Para Libman, por exemplo, em

contrariedade com doutrinadores nacionais, a sentença penal

condenatória tinha efeito meramente declaratório para o juízo cível,

autorizando, apenas, o ingresso da ação para ressarcimento do dano no

juízo cível. Para o doutrinador, somente após a condenação civil poderia

haver a execução.69

Com o advento do Código de Processo Civil de 1973,

proclamando expressamente a força executiva civil da condenação

criminal, houve a harmonização com a norma de direito material contida

no Código Penal, dispondo, o Código Penal de 1984, em seu art. 91, nº I,

que o efeito da condenação é “tornar certa a obrigação de indenizar o

dano causado pelo crime”.

Tal harmonia é tão evidente que para que a sentença

penal condenatória tenha efeitos civis, não é necessária a declaração no

bojo da mesma, conforme entendimento de Marinoni e Arenhart70:

Constitui efeito secundário da condenação criminal, o de

impor a reparação do dano causado pelo crime (art. 91,I,

do CP). Este efeito independe de declaração explícita na

sentença penal condenatória, decorrendo da própria lei

(efeito anexo da sentença). Todavia, tal efeito apensar

decorre da sentença penal transitada em julgado, não

existindo se ainda pende recurso (ainda que sem efeito

suspensivo) contra a condenação.

Corrobora com esse entendimento, Assis71: “Tratando-

se de efeito anexo à sentença penal condenatória, decorre o mesmo,

automaticamente da própria Lei. É irrelevante o fato de o juiz indicá-lo ou

69 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007,p. 7870 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 404.71 ASSIS, Araken de. Manual da Execução. 2007. p. 162

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36

não no provimento, o que não aumenta nem diminui o direito do credor

em promover a execução”.

Em princípio, apenas a sentença penal condenatória

gera efeito de impor a reparação do dano causado pelo crime, haja vista

que possui em seu bojo todos os elementos necessários para reconhecer o

direito à indenização.

Mesmo não possuindo caráter executório, a sentença

criminal que aplica medida de segurança72 é revestida dos requisitos

necessários para comprovação do direito à indenização, possibilitando a

execução na esfera cível.73

Neste sentido, Marinoni e Arenhart74 completam:

[...] em seu bojo há o reconhecimento do fato ilícito e a

indicação de sua autoria, estando presentes os requisitos

necessários para caracterizar o direito à indenização (art.

935 do CC). Por isto, também ela, embora não constitua

propriamente uma sentença penal condenatória, é título

executivo e autoriza execução na esfera cível,

dispensando a propositura de ação ressarcitória.

A respeito da indenização, Theodoro Júnior75 aduz:

“Essa reparação tanto pode consistir em restituição do bem de que a

vítima foi privada em conseqüência do delito como no ressarcimento de

um valor equivalente aos prejuízos suportados”.

72 “Medida de Segurança – Medida de caráter preventivo, que pode substituir a pena, que o juiz, na sentença condenatória ou na absolutória, impõe ao réu em face de sua periculosidade. As medidas de segurança são: internação em hospital de custódia e tratamento psiquátrico, ou, na falta deste, em outro estabelecimento adequado; sujeição a tratamento ambulatorial”. (GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico, 2004, p. 396).73 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 404.74 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 404.75 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 78

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37

A legislação pátria adota como sistema concernente à

responsabilidade civil frente à responsabilidade penal, o da autonomia,

porém relativa e não absoluta, uma vez que a responsabilidade civil pode

existir sem a responsabilidade penal, esta, entretanto, sempre implicará a

primeira.76

Por outro lado, a eficácia civil da responsabilidade

penal só atinge a pessoa do condenado na justiça criminal, não

alcançando os co-responsáveis. Contra estes, a vítima do delito necessita

obter sentença condenatória cível para servir de título executivo.77

Necessita efetuar o mesmo procedimento aquele que

quiser responsabilizar um terceiro que não foi condenado na esfera

criminal, conforme Marinoni e Arenhart78:

[...] a sentença penal condenatória não se presta como

título contra terceiro que não foi condenado na esfera

criminal, ainda que este seja responsável pelo dano. Exige-

se que ele seja acionado no âmbito civil. Entende-se que o

art. 64 do CPP, ao estender o dever de ressarcir ao

responsável civil, afigura-se incompatível com a garantia

do devido processo legal, já que este responsável não teve

o direito de se defender. Ou seja, apenas o condenado

pode ser sujeito passivo de execução fundada em

sentença penal condenatória, não se estendendo a

eficácia executiva do título ao responsável.

Acerca dos requisitos para a execução civil da

sentença penal condenatória, Theodoro Júnior79 arrola:

76 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 7977 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 7978 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 405.79 THEODORO JÚNIOR, Theodoro Junior. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 79

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38

a) a sentença criminal deve ser definitiva, de maneira que

as sentenças de pronúncia, que mandam o réu a

julgamento final perante o júri, nenhuma conseqüência

têm no tocante à execução civil; b) a condenação

criminal há de ter passado em julgado, de maneira que

não lhe cabe, na espécie execução provisória; c)a vítima

deve, preliminarmente, promover a liquidação do quantum

da indenização a que tem direito, observando-se no

procedimento preparatório da execução (arts. 475-A a 475-

H do Código de Processo Civil), as normas e critérios

específicos traçados pelo [...] Código Civil para liquidação

das obrigações resultantes de atos ilícitos e que constam

de seus arts. 944 a 954.

O Código Penal, em seu artigo 63, estabelece os

legitimados para a propositura da execução civil da sentença penal

condenatória, quais sejam: o ofendido, seu representante legal ou seus

herdeiros.

Caso o credor seja desprovido de recursos financeiros,

a legitimidade poderá ser estendida ao Ministério Público, que, com o

pedido do interessado, e como substituto processual, promoverá a

execução em nome próprio, mas na tutela de interesse de terceiro (art. 68

do Código de Processo Penal e art. 566, nº II, do Código de Processo Civil).

Com as inovações trazidas pelas Leis 11.690/08 e

11.719/08, o juiz criminal, ao proferir sentença condenatória, deverá fixar

valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração,

considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387 do CPP), porém,

tal previsão legal não impede que a vítima mova ação civil indenizatória.

c) Sentença homologatória de conciliação ou de transação

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39

É atribuído efeito executivo às sentenças

homologatórias de conciliação ou transação. Trata-se de negócios

jurídicos que põem fim a processos pendentes no Poder Judiciário.

Lê-se em Theodoro Júnior:

[...] trata-se de composição extrajudicial da lide,

prevalecendo a vontade das partes. A intervenção do juiz

é apenas para chancelar acordo de vontades dos

interessados (transação e conciliação), limitando-se à

fiscalização dos aspectos formais do negócio jurídico (o

acordo ou transação é, segundo a lei civil, um contrato). 80

O acordo, por sua vez, não precisa limitar-se ao objeto

do processo findante, podendo envolver questões que não integram o

bojo dos autos. Neste sentido, doutrinam Marinoni e Arenhart: “[...] o

acordo judicial obtido poderá versar sobre o thema decidendum da

causa, mas também sobre outras matérias, não discutidas no processo

mas de interesse das partes.” 81

Indispensável, para que se tenha o efeito executório,

que a sentença verse sobre o dever de uma das partes à prestação de

um bem. Caso contrário, não passa de uma simples homologação, não

ensejando direito à execução.

Corrobora com esse entendimento Assis:

As sentenças homologatórias de transação e conciliação,

[...] ensejam execução quando nelas uma das partes

houver de prestar algum bem. Este elemento condenatório

é que autoriza a execução forçada. Restringida a

composição da lide a declarar quem possui razão, ou a

dissolver negócio jurídico, no qual se prescindem recíprocas

80 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 78.81 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 78.

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40

restituições, não há nada para prestar e, aí, não surge o

efeito executivo gerador da correspondente ação

executória. 82

Neste mesmo sentido, Theodoro Júnior:

Para se falar em título executivo, [nos casos mencionados],

é indispensável que o ato homologado contenha, ainda

que implicitamente, a imposição de uma prestação a uma

ou a ambas as partes, ad instar do que se passa com a

sentença condenatória. Pois só diante de condenação é

que se pode falar em execução. Se a transação ou a

conciliação limitaram-se a simples efeitos declaratórios ou

constitutivos (reconhecimento de validade de documento,

inexistência de relação jurídica, resolução de contrato

etc.), terão, por si só, exaurido a prestação que do órgão

judicial se poderia reclamar, sem nada restar para a

execução. 83

Havendo, entretanto, prestações recíprocas, existe

legitimidade para ambas partes promoverem a execução.

Tocante à forma de execução, esta será determinada

pela natureza das prestações convencionadas ou estipuladas no ato

homologado, dirigindo-se à execução por quantia certa, para entrega de

coisa, ou de obrigação de fazer ou não fazer.

d) Sentença estrangeira homologada

De acordo com o artigo 105, I, “i” da Constituição da

República Federativa do Brasil, com a redação dada pela Emenda nº 45

de 08.12.04, a sentença (judicial ou arbitral) proferida no estrangeiro só

têm validade no Brasil, se homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.

82 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 164/165.83 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 80.

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41

Theodoro Júnior afirma: “A eficácia dos julgados de tribunais estrangeiros

só se inicia no Brasil após a respectiva homologação pelo Superior Tribunal

de Justiça”. 84

Entende também Assis:

No Brasil, adota-se o juízo da delibação, quer dizer, é

concedida eficácia à sentença estrangeira após o exame

extrínseco de sua harmonia com o ordenamento pátrio. Tal

procedimento compete ao STJ (art. 105, I, i, da CRFB/1988),

após a EC 45/2004. e está regulado, presentemente, por

disposições regimentais. 85

Ainda sobre a eficácia da sentença estrangeira no

Brasil, aduzem Marinoni e Arenhardt86: “[...] quando admissível, a sentença

estrangeira pode ser reconhecida e ter eficácia no Estado brasileiro,

desde que se submeta a procedimento de homologação perante o

Superior Tribunal de Justiça”.

Após a homologação pelo STJ, “assume a condição

de título executivo judicial (art. 475-N, VI do CC)” 87 e “tramitará perante a

Justiça Federal (art. 13 da Resolução 9/2005 do STJ), determinando-se a

competência com base nos critérios regulares, postos no CPC e em leis

especiais”. 88

e) Formal ou Certidão de Partilha

84 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 81.85 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 165. A respeito do procedimento para homologação veja-se o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.86 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 40887 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 165.88 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 408

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42

Formal de partilha “é a carta de sentença extraída dos

autos de inventário, com as formalidades legais, para título e conservação

do direito do interessado, a favor de quem ela foi passada”. 89

Segundo Guimarães90 o formal de partilha é o “título

que se extrai dos autos do inventário, atestando o término da partilha de

bens e discriminando e especificando os que couberam a cada herdeiro,

investido na qualidade de senhor do quinhão”, enquando menciona que

a certidão de partilha é “o título que substitui o formal de partilha quando

o quinhão não excede a importância de cinco vezes o salário mínimo

vigente na sede do juízo [...]”.

Segundo Marinoni e Arenhardt91:

O inventário – procedimento consistente na arrecadação

de bens de pessoa falecida e de partilha entre os seus

sucessores – culmina com a sentença homologatória da

partilha dos bens. Essa sentença é, posteriormente,

representada pelo formal ou pela certidão de partilha (art.

1027 do CPC), a ser entregue aos herdeiros para possível

transferência de domínio dos bens.

Sobre a eficácia executiva, relata Assis92:

Toda vez que a partilha contiver obrigação de prestar

(p.ex. quando algum herdeiro retorna quantia certa a

outro, a fim de equalizar os quinhões), cabível a ação

executória fundada neste título. Em conformidade ao hoje

estabelecido no art. 475-N, VIII, o efeito executivo da

partilha vincula inventariante, co-herdeiros e seus

sucessores a título universal e singular, excluindo, da regra,

89 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 81.90 GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico, 2004, p. 154 e 318.91 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 40892ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 166.

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43

a partilha efetivada em outros processos, como a

separação judicial.

f) Sentença Arbitral

Antes da Lei nº 9.307/96, a exeqüibilidade da sentença

arbitral dependia de homologação do Poder Judiciário. Hodiernamente

este título não depende de ser levado ao crivo do Poder Judiciário para

obter força executiva.

De acordo se manifesta Theodoro Júnior93: “[...] tem-se

na espécie, um título executivo judicial, equiparável plenamente à

sentença dos órgãos judiciários, sem depender de qualquer ato

homologatório do Poder Judiciário”.

No mesmo sentido, Assis94:

Não há duvida, até pela inclusão de semelhante título no

catálogo do art. 475-N, que o legislador pretendeu realizar

uma equiparação absoluta entre a autêntica sentença,

proveniente do órgão judiciário, e a “sentença arbitral”.

Necessário registrar que as sentenças arbitrais ilíquidas

não possuem força executiva, não podendo, portanto, ensejar uma ação

de execução. Ao vencedor, primeiramente, caberá propor liquidação

para poder executar este título.

Assim, aduz Assis: “[...] a sentença arbitral ilíquida se

ostenta inexeqüível [...], cabendo ao vencedor propor outra ação perante

o órgão judiciário competente, para constituir o quantum debeatur [...].”95

g) Acordo Extrajudicial Homologado

93 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 80.94 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 167.95 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 167/168.

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44

É arrolado também como título executivo judicial, o

acordo extrajudicial devidamente homologado judicialmente.

Nos dizeres de Marinoni e Arenhardt:

[...] o acordo não é celebrado no curso de uma ação

judicial, mas sim fora do processo. Há a realização de

acordo extrajudicial sobre certo litígio, que posteriormente

é levado ao Poder Judiciário apenas para que lhe seja

conferida eficácia semelhante à da sentença

condenatória. 96

Segundo Assis, o legislador objetivou promover a

autocomposição, “mediante a agregação ao negócio entre particulares

da eficácia inerente à sentença judiciária”. 97

Para a homologação cabe ao juiz somente verificar a

presença dos requisitos indispensáveis e formais de um acordo

(capacidade dos sujeitos, disponibilidade do objeto e satisfação de

eventual forma exigida). Presentes estes requisitos, o juiz deverá homologar

o acordo, concedendo ao título força executiva. 98

Neste sentido, Theodoro Júnior afirma: “De maneira

alguma se admite [...] que o juiz se recuse a homologar a transação, sob

pretexto de inexistir processo em curso entre as partes”. 99

Tocante à competência, esta é regulada pelas regras

comuns. Tendo em vista que “somente o acordo (ou parte dele) que

reflete dever de prestar constitui título executivo e se sujeita à execução

[...]100” , a competência “incumbirá ao juízo do lugar onde a obrigação

96 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 407.97 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 168.98 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 407.99 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 81.100 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 407.

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45

deve ser satisfeita, vez que aí se processará a futura execução (art. 100, IV,

d, c/c art. 576)”101 do CPC.

Segundo Marinoni e Arenhardt 102 os títulos executivos

extrajudiciais estão relacionados no artigo 585 do CPC, porém, há de

ressaltar que aludido rol não é exaustivo, encontrando-se outros títulos

executivos extrajudiciais em leis estravagantes, como é o caso do “ termo

de ajustamento de conduta elaborado pelos legitimados para as ações

coletivas [...], o contrato escrito de honorários advocatícios [...], a cédula

de crédito rural [...] e a cédula de crédito industrial [...]”. 103

Lembram Marinoni e Arenhardt104, ainda, que os títulos

extrajudiciais produzidos no estrangeiro, também possuem força executiva

no Brasil, independentemente de homologação pelo Poder Judiciário

brasileiro, porém, devem satisfazer os requisitos de formação exigidos pela

lei de seu país e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da

obrigação.

Ditos títulos executivos extrajudiciais não são objeto

deste trabalho, pois busca-se o estudo do cumprimento de sentença e

não da ação autônoma de execução de título extrajudicial. Por tal

motivo, abordar-se-á o procedimento de cumprimento. Eis a temática do

próximo capítulo.

101 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 168.102 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 426/427.103 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 426/427.104 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 427.

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46

CAPÍTULO 2

DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

2.1 Das formas de execução presentes no Código de Processo Civil e do

Procedimento de Cumprimento de Sentença de Obrigação de Pagar

Quantia Certa.

Dispõe o Código de Processo Civil atual, duas formas

de cumprimento de sentença. Primeiramente, alude que as obrigações

de fazer e de entrega de coisa terão seu procedimento forçado através

dos arts. 461 e 461-A do CPC. Já as obrigações por quantia certa, terão

seu cumprimento regido pelos arts. 475-J e seguintes do mesmo diploma

processual.105

Em sua doutrina, Theodoro Júnior106 sustenta o intuito do

legislador em efetivar tal distinção:

O que a lei pretendeu esclarecer foi que o cumprimento de

sentença, às vezes é imediato, sumário, sem outras

diligências que não sejam as de imediata colocação do

bem devido à efetiva disposição do credor; e que, em

outras, se torna mister um procedimento executivo mais

demorado e complexo para se alcançar o bem da vida a

ser proporcionado ao credor.

O procedimento do cumprimento de sentença de

obrigação de pagar quantia certa é expropriatório, tendo em vista que

expropria os bens do devedor, transformando-os em dinheiro a fim de

105 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 52.106 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 52.

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47

repassar e satisfazer o crédito do exeqüente, credor. Neste sentido, alude

o art. 646 do CPC ao dispor que: “a execução por quantia certa tem por

objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor”.

Considerando a temática abordada neste trabalho,

doravante o estudo se restringirá ao cumprimento de sentença que

condena a pagar quantia determinada.

2.2. Do pagamento voluntário e da multa legal

Certo da exigibilidade do título executivo judicial,

cumpre ao devedor efetuar o imediato pagamento da dívida, não se

justificando que permaneça inerte, desobedecendo à ordem jurídica.107

Acerca do valor do pagamento e da forma de

quitação, afirmam Marinoni e Arenhardt:

O pagamento pode ser efetuado diretamente ao credor

ou no processo, depositando-se a importância devida. No

último caso, é natural que no valor do pagamento sejam

incluídos encargos outros, gerados pelo próprio processo, a

exemplo dos honorários advocatícios e das custas

processuais.108

E relata Assis:

Nada impede quer pague diretamente ao credor e,

juntando o recibo, o juiz encerre o processo. Depositada a

quantia devida em juízo, porque os ânimos não permitiram

o contato das partes, ou por qualquer outro motivo, o

vitorioso poderá levantá-la incontinenti, a teor do art. 709,

I.109

107 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 235.108 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 235.109 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 193.

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48

O art. 475-J do CPC estabeleceu o prazo de quinze

dias a fim de que o devedor efetue o pagamento voluntário de sua

dívida.110 Mencionado prazo não deve ser considerado como regra

absoluta, haja vista que havendo transação homologada judicialmente

que estipule prazo diverso, sendo ele maior ou menor, não mais se

cogitará da aplicação do lapso temporal de quinze dias, devendo tal

prazo ser utilizado como regra subsidiária, aplicável na ausência de outro

prazo específico, descrito no título111.

O diploma processual civil não dispõe a partir de

quando se tem o início do prazo para o pagamento voluntário. Por tal

motivo, o prazo poderia ter início com diversos atos processuais, entre eles:

a) a partir do trânsito em julgado da sentença; b) a partir do momento em

que a decisão se tornou eficaz (ainda que provisória); c) após o trânsito

em julgado da sentença ou do momento em que a decisão se tornou

eficaz, com requerimento do credor; d) da intimação pessoal do devedor,

ou e) da intimação do advogado do executado112

Levando-se em consideração que o procedimento

adotado pela Lei 11.382/2006 veio para reduzir o tempo do processo e

evitar percalços na localização do devedor, mencionado prazo tem se

contado a partir do momento que a sentença condenatória passa a

produzir efeitos113-114.

Corrobora com esse entendimento Assis ao dizer que:

[...] o prazo flui da data em que a condenação se tornar

exigível. Logo, se aplicará tanto na execução definitiva,

quanto na provisória. É o que se extrai da locução

110 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 193.111 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 235.112 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 236.113 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 237.114 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 193.

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49

“condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada

em liquidação”115.

Permanecendo o devedor inerte no prazo de quinze

dias ou naquele fixado no título, o montante da condenação será

acrescido de multa de 10% (dez por cento)116. Havendo pagamento

parcial no prazo disposto no art. 475-J, caput, do CPC, aludida multa

incidirá sobre o saldo remanescente (art. 475-J, §4º do CPC)117.

Neste sentido, afirma Assis: “[...] ultrapassado o prazo

de 15 dias, ao do valor da condenação se acrescerá, automaticamente,

a multa de 10%” 118.

Necessário ressaltar que a multa legal não está na

dependência de requerimento do credor. O devedor, por sua vez, para

evitar a multa, deve tomar a iniciativa de cumprir a condenação no prazo

legal, fluindo este a partir do momento da exigibilidade da sentença

condenatória119, compreendida, como seu trânsito em julgado.

2.3. Do Requerimento de cumprimento

Diferentemente da execução fundada em título

extrajudicial, que possui seu início com o ajuizamento da petição inicial,

aquela fundada em título judicial se inicia com a provocação do credor

(aquele qualificado no título como tal ou outro ao que a lei confira igual

115 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 193.116 O Superior Tribunal de Justiça já unificou a jurisprudência no sentido de que transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida seja intimada para cumpri-la. Cabe ao vencido, espontaneamente, cumprir a obrigação, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%. Neste sentido, veja-se: Recurso Especial nº. 954859/RS, rel. Ministro Humberto Gomes de Barros, j. em 16/08/2007.117 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 52.118 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 193.119 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 52.

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50

prerrogativa), o qual possuindo uma sentença condenatória imponível,

manifesta ao juízo seu desejo de executá-la. 120

Acerca da necessidade do requerimento para a

instauração do processo executório, Marinoni e Arenhardt apontam:

[...] o início da execução depende de impulso do credor,

não se realizando ex officio. [...] havendo a formação do

título executivo, aguardará o Judiciário a manifestação de

interesse do credor para dar início ao cumprimento de

sentença. No caso de execução que se processa em face

de processo antes instaurado, o pedido de execução é

feito através de um mero requerimento, elaborado sem

maiores formalidades. Bastará à peça processual a

indicação da vontade do credor em ver iniciada a

execução, somada à apresentação do quantum debeatur

O único requisito imposto pela lei para este requerimento é

o de fazer acompanhar a petição com a memória de

cálculo elaborada pelo credor, o que, aliás, só pode

acontecer nos casos em que a apuração do valor da

execução dependa de simples cálculo aritmético. 121

Corrobora com esse entendimento Wambier :

[...] depende de requerimento do credor para iniciar-se,

embora tal requerimento não implique a instauração de

um novo processo. Há uma nova demanda, de execução,

ainda que dentro do processo em curso. 122

É através deste requerimento para cumprimento de

sentença que o credor, instruindo-o com a competente memória de

120 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006,p.150.121 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.246.122 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.240.

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cálculo, prepara a atividade executiva, através da qual o devedor

realizará o pagamento e o Judiciário procederá, quando na falta deste

ato, à penhora dos bens a expropriar123

Lembram ainda, Marinoni e Arenhardt, que o cálculo

feito pelo exeqüente não deve estar limitado ao valor da dívida, podendo

conter, no montante, as prestações acessórias ligadas à prestação, tais

como juros legais e de correção monetária, bem como aquelas ligadas

ao processo, a exemplo das custas e dos honorários judiciais.124

Acerca da necessidade de apresentação do cálculo

aritmético no requerimento, aduz Wambier:

[...] se o valor da condenação depende de cálculo

aritmético para sua determinação, caberá ao credor fazer

com que seu requerimento de execução seja

acompanhado do demonstrativo detalhado do

cálculo.[...].

Excetuando-se as execuções fundadas em títulos

executivos extrajudiciais e aquelas embasadas nos títulos judiciais dispostos

no art. 475-N, incisos II, IV e VI do CPC, quais sejam, a sentença penal

condenatória transitada em julgado, a sentença arbitral e a sentença

estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, em que há a

necessidade de citação para cumprimento da obrigação, nos demais

casos a citação não ocorre, pois recebido o requerimento formulado pelo

exeqüente, instruído com a memória de cálculo, o juiz expedirá, desde

logo, o mandado de penhora e avaliação.125

Necessário ressaltar que decorridos seis meses da

eficácia da sentença condenatória sem requerimento do credor para o

123 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 55.124 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.247.125 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 579.

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seu cumprimento, os autos serão arquivados sem prejuízo do credor que

poderá, a qualquer tempo, promover o desarquivamento do feito e

requerer o início do cumprimento forçado da condenação (art. 475-J, §5º

do CPC)126.

2.4. Da Penhora de Bens

Recebido o requerimento de cumprimento de

sentença pelo exeqüente, cumpre ao juiz determinar a imediata

expedição de mandado de penhora e avaliação dos bens sujeitos à

execução, conforme determinação do art. 475-J do CPC127.

Acerca do significado de penhora, elucidam Marinoni

e Arenhardt:

[...] é um procedimento de segregação dos bens que

efetivamente se sujeitarão à execução, respondendo pela

dívida inadimplida. [...] Por meio da penhora, são

individualizados os bens que responderão pela dívida

objeto da execução. [...] a penhora é o ato processual

pelo qual determinados bens do devedor (ou de terceiro

responsável) sujeitam-se diretamente à execução.

Corrobora com esse entendimento Assis, ao dizer que:

“penhora é o ato executivo que afeta determinado bem à execução,

permitindo sua ulterior expropriação, e torna os atos de disposição do seu

proprietário ineficazes em face do processo” 128.

Dentre as inovações trazidas pela Lei 11.280/2006, que

alterou algumas disposições do CPC, está a ausência de oportunidade de

126 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 55.127 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.251.128 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 592.

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nomeação de bens pelo devedor129. Tal faculdade fica a critério do

credor que, para facilitar a penhora, poderá indicar em seu requerimento

os bens a serem penhorados130. Porém, é necessário lembrar que tal

nomeação pelo credor “não exclui o direito do devedor de obter a

substituição da penhora quando configurada alguma das hipóteses do

art. 656” 131 ou 668 do mesmo diploma processual.

Neste sentido, Wambier completa:

[...] isso não significa que o devedor esteja impedido de se

manifestar sobre a legitimidade da penhora realizada. Ele

pode apontar, por exemplo, excesso de penhora ou que

ela foi realizada em desrespeito à ordem legal

estabelecida no art. 655, o qual é aplicável ao

cumprimento por força do art. 475-R.132

Aludem Marinoni e Arenhardt que não tendo o credor

localizado os bens passíveis de penhora em nome do executado, o juiz

tem a faculdade de requisitar informações à Receita Federal ou ao Banco

Central, até mesmo para realização da penhora on line sobre o dinheiro

depositado em instituição financeira (mediante requerimento conforme

enuncia o art. 655-A do CPC)133.

Além disso, o juiz pode requisitar ao devedor que

indique os bens sujeitos à execução, sob pena de cometer ato atentatório

à dignidade da justiça, conforme dispõe o art. 600, IV do CPC: “[...]

considera-se ato atentatório à dignidade da justiça o ato do executado

que: [...] IV – intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e

129 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.243.130 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 55.131 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 55.132 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.243.133 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.263.

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onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos

valores”134.

Localizados os bens, o oficial de justiça procederá a

sua penhora, lavrando o respectivo auto e avaliação135.

2.4.1. Ordem preferencial da penhora

No direito processual civil preferencialmente listam-se

onze classes de bens a serem penhorados. O art. 655 do CPC estipula, no

âmbito do executado, a ordem pela qual o oficial de justiça fará a

penhora dos bens136.

Primeiramente, existindo dinheiro ou aplicação em

instituição financeira, se fará a penhora em espécie. Tal inovação foi

trazida pela Lei 11.280/2006, tendo em vista que autorizou através da

redação do art. 655-A do CPC, a quebra do sigilo bancário137.

Necessário ressaltar que a regra estampada em

aludido dispositivo não é obrigatória, uma vez que sua inobservância não

é causa de nulidade da penhora138.

Neste sentido, aduzem Marinoni e Arenhardt:

[...] sempre se sustentou que a ordem de bens estabelecida

na lei não é absoluta. [...] poderá o juiz deixar de aplicar a

ordem prevista no art. 655 ao verificar que outra é a

situação do mercado ou que os princípios do resultado e

do menor sacrifício impõem outra condição de

134 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.263.135 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.263.136 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 603.137 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 603.138 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 603.

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preferência. [...] a regra do art. 655 é um “parâmetro

indicativo” e não uma cláusula rígida e inafastável.139

Caso o devedor não tenha dinheiro ou aplicação em

instituição financeira, será observada a ordem o art. 655 do CPC, tendo

em vista que mencionado dispositivo se inspira no “critério de simplicidade

na eventual e futura conversão do bem”140. Assim, dispõe em ordem

decrescente os objetos de penhora: a) o dinheiro; b) veículos de via

terrestre; c) bens móveis em geral; d)bens imóveis; e) navios e aeronaves;

f) ações e quotas em sociedades empresárias; g) percentual do

faturamento de empresa devedora; h)pedras e metais preciosos; i)títulos

da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em

mercado; j) títulos e valores mobiliários com cotação em mercado e; k)

outros direitos.

Necessário ressaltar que na alteração do diploma

processual civil houve a exclusão dos semoventes como objeto de

penhora. Desta forma, se conclui que o credor não possa penhorá-los de

saída. 141

A penhora será realizada na localização dos bens a

serem penhorados, no lugar da situação da coisa. Estando os bens em

comarca diversa daquela em que tramita a execução, a penhora realizar-

se-á por carta precatória. 142

A fim de evitar a expedição da deprecata, o

Exeqüente possui a faculdade de requerer ao juízo em que tramita a

execução, o envio dos autos à comarca de localização dos bens, que

139 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.265.140 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 603.141 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 604.142 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.274.

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será o competente para as atividades da execução e atos decisórios que

possam decorrer de eventual impugnação, embargos de terceiro, etc.143

Quando o bem sujeito à constrição se tratar de bem

imóvel, não haverá a necessidade de expedição de carta precatória à

comarca onde se localiza, haja vista que mencionada penhora poderá

ser efetuada no processo, por termo, mediante a simples exibição da

certidão da matrícula do imóvel, de acordo com o art. 659, § 5º do

CPC.144

A penhora assim realizada somente gera efeitos entre

as partes do processo, não atingindo terceiros de boa-fé. Para atingi-los, o

exeqüente deverá providenciar o registro da penhora na matrícula do

imóvel, “a fim de dar conhecimento ao público da existência da

constrição, fazendo surgir a presunção absoluta de conhecimento por

terceiros e inibindo qualquer possível alegação de boa-fé”. 145

2.5. Providências preliminares à satisfação do credor

Realizada a penhora, algumas providências devem ser

tomadas antes de se prosseguir com os atos necessários à satisfação do

crédito.

2.5.1. A intimação do executado e de terceiros

A primeira e mais importante providência após a

realização da penhora se trata da intimação do executado a fim de que,

querendo, impugne o cumprimento no prazo de quinze dias (art. 475-J,

§1º, do CPC).

143 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.274.144 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.274.145 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.275.

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Conforme dispõe o art. 475-J §1º do CPC, a intimação

deverá ser efetivada, primeiramente, na pessoa do advogado do

executado, dependendo de representação nos autos. Não existindo

procurador constituído, a intimação da penhora realizar-se-á

pessoalmente na figura do Executado ou de quem o represente. 146

Lembram Marinoni e Arenhardt que recaindo a

penhora em bem imóvel de pessoa casada ou que viva em união estável,

a intimação do cônjuge ou convivente do executado será imprescindível

a fim de que estes possam defender seus interesses. No mesmo sentido, é

necessária a intimação da penhora aos co-proprietários do bem

penhorado, haja vista que possuem o direito de preservar sua parcela do

bem por não responder pelas dívidas outro cônjuge ou companheiro147.

Neste sentido, aduz Assis:

O cônjuge do executado deverá ser intimado, em

decorrência de sua condição de litisconsorte necessário,

quando a penhora recair em imóvel, salvo no regime de

separação total, no qual tal litisconsórcio não precisa ser

formado.148

Além destes, a intimação deve alcançar: “i) os

credores com garantia real, ii) os credores pignoratícios, iii) o senhorio do

bem, ou, ainda, iv) o usufrutuário devem ser intimados da penhora que

recaia sobre o bem gravado com tais ônus (art. 615, II, e 698 do CPC).” 149

2.5.2. Depósito dos bens penhorados

146 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.245.147 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.278.148 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 743.149 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.278.

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A penhora se trata de ato executivo por excelência,

materializando-se com o desapossamento da coisa e a destituição do

executado da posse150.

Wambier afirma que o depósito “é ato integrante da

penhora, pelo qual se incumbe alguém da guarda e conservação dos

bens penhorados, transferindo-lhe a posse (mediata ou imediata) de tais

bens”. 151

Antes das inovações trazidas com a Lei 11.382/2006, a

escolha do depositário recaía, primeiramente, na pessoa do executado,

somente no caso de discordância do exeqüente é que se confiavam os

bens penhorados a outro depositário. 152

Atualmente, com a reforma do Código de Processo

Civil, não há mais preferência que os bens fiquem depositados com o

executado. Segundo o art. 666, §1º do CPC, o executado poderá ser

nomeado como depositário, em duas hipóteses excepcionais: a) quando

houver anuência expressa do exeqüente, de modo que não é a

impugnação que afasta o executado de ser nomeado como depositário,

mas a liberdade do credor em permitir; ou, b) nos casos de difícil remoção

do bem. 153

Caso o credor discorde, deve fundamentar e

motivamente impugnar a designação do devedor como depositário,

demonstrando entre outras questões que há risco concreto de prejuízo se

a nomeação não recair em outra pessoa. 154

150 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 621.151 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.181.152 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 342.153 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 342154 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.181.

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Tendo o juiz acolhido a impugnação feita pelo credor

mediante decisão fundamentada passível de agravo de instrumento,

ficarão como depositários: a) o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal,

banco estadual ou, na falta destes, banco particular, quando a penhora

recair sobre dinheiro, pedras e metais preciosos ou papéis de crédito; b) o

depositário judicial, se forem móveis ou imóveis urbanos os bens

penhorados; c) um particular, quando se tratar de outras espécies.155

Lembra Theodoro Júnior que em se tratando o objeto

de depósito bancário ou de aplicação financeira, não se deve deslocar o

numerário para outra instituição de crédito. A penhora será realizada

mediante bloqueio junto ao Banco Central, com notificação à instituição

competente, a qual responderá como depositária judicial da soma

penhorada. 156

Registra-se que se a nomeação de depositário recair

na pessoa do próprio executado, este exercerá duas funções no processo,

figurando como executado e como auxiliar do juízo.157

Tendo o depósito da coisa recaído sobre pessoa

estranha às partes da execução, esta possui o direito à remuneração por

seu trabalho, que deverá ser arbitrada pelo juiz, levando em consideração

o tempo do serviço, a situação dos bens e as dificuldades de sua

execução. 158

Destaca-se que o encargo de depositário não é

obrigatório para o particular, podendo recusá-lo se não se sentir apto a

cumpri-lo ou o entender inconveniente. 159

155 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.182.156 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 343.157 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 343.158 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.279.159 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.279.

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Aceito o encargo, o depositário responde pelos

prejuízos causados à coisa, desde que ocorram por dolo ou culpa. Assim

sucedendo, o depositário terá direito apenas a ser reembolsado pelas

despesas que teve no exercício do encargo, perdendo o direito à

remuneração. 160

Concernente ao depositário, incumbe-lhe a guarda e

conservação do bem penhorado, empregando, para tanto, o maior dos

zelos, a diligência de um bom pai de família. 161

Neste sentido, alude Theodoro Júnior:

A função do depositário é guardar e conservar ditos bens,

evitando extravios e deteriorações, enquanto se aguarda o

ato expropriatório final (a arrematação ou outra forma legal

de alienação), agindo sempre em nome e à ordem do

juiz.162

Quando lhe for ordenado, o depositário deverá

apresentar a coisa em juízo. Em caso negativo, quando não ocorrer

mencionada entrega, será considerado depositário infiel, sujeitando-se à

prisão civil, de até um ano (art. 902, §1º do CPC). 163

Acerca da dispensabilidade da ação judicial de

depósito para sujeitar o depositário infiel à prisão civil, aduz Theodoro

Júnior: “[...] consta de disposição expressa do Código Processual Civil [art.

666, §3º] a autorização ao juiz para decretar a prisão civil do depositário

judicial infiel, sem depender da existência a ação especial de

depósito.”164

160 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.279.161 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 624.162 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 344.163 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.279.164 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 346.

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Necessário ressaltar que aludida prisão civil não

poderá ser decretada antes de se oferecer ao depositário infiel o direito

ao contraditório e à ampla defesa, a fim de que este preste

esclarecimentos acerca do desaparecimento dos objetos penhorados.165

Tal garantia não lhe pode ser negada, sob pena de ofensa aos incisos LIV

e LV do art. 5º da Carta Magna. 166

2.5.3. Avaliação dos bens penhorados

Antes do mecanismo da expropriação chegar à

alienação do bem penhorado, faz-se necessário estipular seu valor no

mercado. Mencionado expediente denomina-se avaliação. 167

Acerca do objetivo da avaliação, aduz Theodoro

Júnior:

Tem ela a finalidade de tornar conhecido a todos os

interessados o valor aproximado dos bens a serem utilizados

como fonte dos meios com que o juízo promoverá a

satisfação do crédito do exeqüente. 168

De acordo com o sistema genérico do Código de

Processo Civil, a avaliação dos bens penhorados é atribuída a um perito

nomeado pelo juiz.169 Com o advento da Lei 11.280/2006, em regra, a

avaliação não é feita por perito ou avaliador, mas pelo próprio oficial de

165 Em virtude do §3º, do art. 5º da CRFB, incluído pela Emenda Constitucional 45 de 2004, discute-se no STF a possibilidade de não se admitir, sob o ponto de vista constitucional, a prisão do infiel depositário. Até o momento, o STF tem colhido votos desfavoráveis à prisão e, de tal entendimento, advém jurisprudência do STJ e dos Tribunais dos Estados. Neste sentido, veja se: Recurso Extraordinário nº. 46634-3, rel. Cezar Peluso em trâmite no STF. 166 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 346.167 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 690.168 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 348.169 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 349.

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62

justiça. Somente quando este não puder realiza-la, por necessitar de

conhecimentos especializados, será nomeado perito ou avaliador. 170

Corroboram com esse entendimento Marinoni e

Arenhardt:

[...] pode haver casos em que apenas um especialista é

apto a atribuir valor ao bem, como acontece, por

exemplo, em relação a obras de arte. Diante da

necessidade do concurso de conhecimentos

especializados, admite-se que o oficial de justiça fique

incumbido apenas da penhora e o juiz nomeie como

avaliador alguém reconhecido na área. 171

A avaliação, feita pelo oficial de justiça, pelo

avaliador ou perito nomeado pelo juiz, sempre constará de laudo

contendo os requisitos enumerados no art. 681 do CPC, quais sejam: a) a

descrição dos bens, com os seus característicos e a indicação do estado

em que se encontram; e, b) o valor dos bens. 172

Recaindo a penhora sobre bens imóveis suscetíveis de

cômoda divisão, o avaliador, tendo em vista que a execução deve ser

realizada pela forma menos gravosa para o executado (art. 620 do CPC),

deverá avaliá-los por partes, sugerindo os possíveis desmembramentos. 173

No tocante à dispensa de avaliação, esta ocorrerá

quando o executado, ao efetuar a substituição do bem penhorado, ou

em atendimento ao disposto no art. 600, inciso IV, do CPC, atribuir valor

ao bem dado em penhora e não houver impugnação pelo exeqüente; ou

170 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.187.171 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.280.172 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 350.173 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 351.

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63

quando a penhora recair sobre títulos ou mercadorias que tenham

cotação na bolsa, comprovada por certidão ou publicação oficial. 174

Em regra, a avaliação judicial é feita somente uma vez,

porém, conforme disposição do art. 683 do CPC, admite-se reavaliação

quando: a) qualquer das partes argüirem, fundamentadamente, a

ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; b) se verificar,

posteriormente, a majoração ou diminuição no valor do bem; ou, c)

houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668,

parágrafo único, inciso IV do CPC). 175

Mencionada argüição pode partir de qualquer das

partes integrantes do processo, porém, não basta o inconformismo. O

requerimento de nova avaliação que deverá ser protocolado logo que o

laudo ou estimativa for juntada aos autos, deverá ser baseado em prova

pré-constituída ou em argumentação, que evidencie, de plano, o erro ou

dolo da avaliação já efetivada. 176

Em razão do procedimento adotado no cumprimento

de sentença, pelo qual – como se verá – a impugnação do executado

não tem o efeito automático de suspensão do feito, o valor de avaliação

ganhou relevância.

Ocorre que, transcorrido o prazo para defesa do

devedor, sem que esta se efetive ou, caso apresentada, sem que receba

efeito suspensivo (art. 475-L, do CPC), poderá o credor, desde já requerer

a expropriação dos bens penhorados, seja por adjudicação, venda a

título particular ou hasta pública (art. 647 do CPC).

2.5.4. Alienação antecipada dos bens

174 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 351.175 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.281.176 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 352.

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Finalizada a fase de penhora e avaliação dos bens, o

processo segue para a fase de alienação, podendo ser suspenso antes da

mesma por ocorrência de diversos acontecimentos. 177

O legislador, no art. 670 do CPC, preveu a alienação

antecipada dos bens, “autorizando a venda do bem penhorado não

obstante a suspensão da execução”. 178

Mencionada antecipação será autorizada ex officio

pelo juiz, mediante requerimento das partes ou por provocação do

depositário, quando se tratar de bens “de fácil deterioração, que

estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a sua guarda”. 179

Acerca da alienação antecipada dos bens, discorre

Assis:

Configura situação de emergência, porque os bens

penhorados se expõem a rápida deterioração ou

depreciação (art. 670, I), ou porque as condições sazonais

do mercado indicam manifesta vantagem (art. 670, II). [...] o

deferimento da medida visa, fundamentalmente, evitar mal

de difícil reparação ulterior (a deterioração ou perda do

bem, a diminuição do preço). 180

Aludem Marinoni e Arenhardt que em se tratando de

requerimento formulado por uma das partes do processo, o juiz, antes de

decidir, deverá ouvir a parte contrária, conforme determinação do art.

670, parágrafo único do CPC, sob pena de infringir o princípio do

177 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.282.178 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.282.179 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 344.180 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 663.

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65

contraditório, estampado na Constituição da República Federativa do

Brasil. 181

O procedimento da alienação antecipada dos bens

obedece ao regime de leilão. Existindo acordo entre as partes,

mencionado trâmite poderá ser feito sob a forma de venda por iniciativa

particular. 182

Lembra Wambier183 que o dinheiro obtido com a

alienação dos bens penhorados não será entregue ao credor, mas

depositado em juízo. Haverá, portanto, uma substituição na penhora do

bem depositado, e a partir de então, recairá sobre o dinheiro obtido com

a alienação.

A intimação da penhora, no cumprimento de

sentença que condena ao pagamento de quantia certa, é indispensável

para deflagrar a possibilidade de defesa, ou impugnação do devedor.

Esta será objeto de estudo no derradeiro capítulo.

181 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.283182 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 344.183 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006, p.189.

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66

CAPÍTULO 3

DA DEFESA DO DEVEDOR NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

3.1 DA IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Com o advento da Lei 11.232/2005, que vigorou a partir

de 23.06.2006, existem duas vias de resistência à execução.

A primeira se trata dos chamados embargos à

execução, medida oponível à execução fundada em título extrajudicial.

A segunda, por sua vez, da impugnação ao cumprimento de sentença,

manejável nos quinze dias subseqüentes à penhora, também utilizada

para as sentenças oriundas de obrigação de fazer ou de entrega de coisa

(art. 461 e 461-A do CPC)184.

Necessário registrar que aquela não será tema do

presente trabalho monográfico, tendo em vista que este fará menção

somente à forma de resistência à execução fundada no cumprimento de

sentença.

No regime anterior à Lei 11.232/2005, a defesa do

executado se concretizava através de um processo de conhecimento,

autônoma e incidente sobre o processo de execução, em que o

executado tornava-se requerente – embargante - e o exeqüente, o

requerido - embargado185.

Após, com o advento de mencionado Diploma Legal,

a impugnação não enseja um novo processo, mas constitui incidente

184 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 427.185 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.288

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processual, no processo em que tramita o cumprimento de sentença,

tendo em vista que este também se tornou simplesmente uma fase

processual. 186

Acerca do novo procedimento, afirmam Marinoni e

Arenhardt187:

[...] se a ação é o direito à tutela jurisdicional do direito

material, o direito de ação certamente não é atendido

pela sentença condenatória. A ação não se exaure com o

trânsito em julgado da sentença condenatória,

necessitando da fase executiva para dar ao autor a tutela

que lhe foi prometida pelo direito material. Ou seja, a ação,

após a prolação da sentença que condena a pagar

quantia, continua a ser exercida, dando origem a uma

simples fase executiva.

No mesmo sentido, enfatiza Renault188:

A impugnação, ao contrário do que ocorria com os

embargos do devedor, não tem natureza de ação

autônoma, constituindo mero incidente do processo. Pode

ser oferecida mediante simples petição, dispensadas as

formalidades das petições iniciais, nomeadamente a

qualificação das partes e o valor da causa.

Desta forma, levando em consideração que o

cumprimento de sentença é mera fase processual, há a dispensabilidade

de nova citação do requerido, uma vez que o mesmo já foi citado na fase

186 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. v.2.8.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.p.314.187 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.289.188 RENAULT, Sérgio Rabello Tamm (Coord); BOTTINI, Pierpaolo Cruz. A nova execução de sentença: comentários à lei 11.232/05. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 140.

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do processo de conhecimento189, exigindo-se somente a intimação do

executado por intermédio de seu advogado ou pessoalmente, conforme

determina o art. 475-J, §1º do CPC:

Do auto de penhora e de avaliação será de imediato

intimado o executado, na pessoa de seu advogado (art.

236 e 237), ou, na falta deste o seu representante legal, ou

pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo

oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

A desnecessidade de ajuizamento de novo processo

para exercício do contraditório pelo devedor, não significa dizer que toda

e qualquer impugnação não será autuada em apenso. 190

Conforme disposição do art. 475-M, §2º do CPC, nos

casos de indeferimento do efeito suspensivo requerido na impugnação,

esta será autuada em apenso (documentada em apartado), mas isso não

quer dizer que no apenso tramita processo diferente daquele constante

dos autos principais.191

Afirma Bueno192:

[...] a impugnação será instruída e decidida nos próprios

autos se a ela for atribuído efeito suspensivo [...]. Caso

contrário, isto é, caso a impugnação não tenha o condão

de suspender a prática dos atos executivos, ela será

instruída e decidida em autos apartados.

189 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.285.190 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 140.191 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 141.192 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 151.

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69

O objetivo da lei ao fazer tal distinção é somente com

a documentação dos atos processuais, na medida em que eles sejam

praticados. 193

3.1.1. Do efeito suspensivo concedido ou não à impugnação

Lembram Marinoni e Arenhardt194 que no regime

anterior, recebidos os embargos do executado, o processo de execução

era suspenso, conforme art. 739, §1º, já revogado: “os embargos serão

sempre recebidos com efeito suspensivo”.

Com o sistema instituído pelas Leis 11.232/2005 e

11.382/2006 eliminou-se a regra da suspensão da execução pela mera

apresentação da impugnação pelo executado, objetivando o

prosseguimento da execução. 195

Neste sentido, aduz Theodoro Júnior196:

Antes da Lei 11.382, de 06.12.2006, bastava que os

embargos fossem recebidos para processamento para que

a execução ficasse, automaticamente, suspensa.

Atualmente a regra básica é que os embargos do

executado não terão efeito suspensivo.

No mesmo sentido, afirma Bueno197:

[...] a impugnação de que trata o art. 475-M,

diferentemente dos embargos à execução fundada em

título extrajudicial, não tem, em regra, efeito suspensivo. O 193 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 152.194 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.299.195 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.299.196 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 523.197 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 142.

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recebimento da impugnação não tem, por si só, o condão

de suspender quaisquer atos executivos [...].

Embora a apresentação da impugnação não

suspenda o trâmite do processo de execução, a norma instituída no art.

475-M do CPC atribuiu o poder ao juiz de suspender a execução quando

“relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja

manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil

ou incerta reparação”. 198

Corrobora com esse entendimento Bueno199:

É possível [...] que o juízo atribua efeito suspensivo à

impugnação, isto é, que determine a paralisação da

prática dos atos executivos quando o devedor (executado)

provar que sua impugnação apresenta fundamentos

relevantes e que o prosseguimento da execução poderá

causar a ele, grave dano de difícil ou incerta reparação.

Lembram Marinoni e Arenhardt que não basta a

simples alegação do magistrado acerca da existência de relevantes

fundamentos da impugnação e a manifesta possibilidade de dano. É

necessária uma análise prudente e rigorosa, bem como a motivação

deste para obstaculizar o prosseguimento da execução. 200

Deferido o pedido suspensivo sem a devida

fundamentação pelo magistrado, cabe ao exeqüente interpor agravo de

instrumento, com requerimento de efeito suspensivo (art. 527, III, do

CPC).201

198 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.299.199 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 143.200 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.300.201 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.300.

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71

Bueno202 confirma tal compreensão:

[...] da decisão cabe agravo de instrumento, dada a

patente ocorrência de urgência subjacente ao

pronunciamento de revisão da decisão [...]. Como a

decisão envolverá, necessariamente, a análise da

ocorrência ou ausência do periculum in mora a que faz

referência o caput do art. 475-M sua revisão deve se dar

imediatamente.

Além da demonstração de que o prosseguimento da

execução possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta

reparação, cabe a este a prévia garantia do juízo, através da penhora,

do depósito ou por caução idônea (art. 739-A, §1º do CPC). 203

Ainda que conferido efeito suspensivo à impugnação,

é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, mediante

pagamento de caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz nos

próprios autos (art. 475-M, §1º, do CPC). O juiz, por sua vez, não está

obrigado a deferir o prosseguimento da execução, mas deverá justificar o

indeferimento baseando-se na irreparabilidade do prejuízo que possa vir a

ser sofrido pelo executado. 204

Lembram Marinoni e Arenhardt que, oferecida a

impugnação somente por um dos executados e as razões de irresignação

alcançarem somente ele, a execução prosseguirá quanto aos demais,

não podendo o juiz suspender o trâmite da execução em relação a todos.

202 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 144.203 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.302.204 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.302.

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No caso em que o motivo da impugnação alcançar todos os executados,

poderá ser concedido efeito suspensivo a toda a execução. 205

Indeferido o efeito suspensivo à impugnação o

processo de execução prosseguirá com a expropriação dos bens,

conforme disposição do art. 647 do CPC.

3.1.2. Requisitos para a admissibilidade da impugnação

Acerca dos requisitos objetivos para a propositura da

impugnação ao cumprimento de sentença, deve-se ressaltar que muitos

deles são os mesmos para a protocolização dos embargos à execução de

títulos extrajudiciais, com algumas ressalvas a seguir demonstradas.

A impugnação ao cumprimento de sentença só será

recebida se for tempestiva (art. 739, I, do CPC), porém, diferentemente

dos embargos, o prazo para sua oposição é de quinze dias, cujo prazo é

contado de acordo com o modo que foi procedida a intimação à

penhora, como segue: a) caso a intimação à penhora tenha sido

efetivada na pessoa do advogado do executado, mediante publicação

no órgão oficial da imprensa, o prazo será contado a partir da data de

mencionada publicação (art. 475-J, §1º c/c arts. 236 e 237 do CPC); b)

será contado o prazo para a impugnação a partir da juntada do

mandado aos autos, se a intimação à penhora tenha sido efetivada por

oficial de justiça na pessoa do advogado do executado, de seu

representante legal ou da própria parte (art. 241, II do CPC); c) no caso de

intimação pelo correio, o prazo será contado a partir da data da juntada

do aviso de recebimento aos autos (art. 241, I do CPC); e, d) no caso de

carta precatória, o prazo será contado a partir da data da juntada, no

juízo deprecante da comunicação de cumprimento da intimação que

205 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.304.

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tenha sido enviada pelo juiz deprecado – ainda que a precatória não

tenha restado devolvida (§ 2º do art. 738 e art. 475-R, do CPC). 206

Decorrido o prazo de quinze dias para a apresentação

da impugnação por parte do executado e permanecendo este inerte,

não significa deduzir que a partir de então o executado não terá mais

direito a qualquer defesa. Este poderá fazê-la desde que se trate de tema

do qual o juiz possa conhecer de ofício, em qualquer tempo ou grau de

jurisdição (art. 303 do CPC). Poderá também defender-se por meio de

embargos à arrematação, à alienação ou à adjudicação207. 208

Neste sentido, destaca Assis209:

Decorrido o prazo do art. 475-J, §1º, sem oferecimento da

impugnação, o(s) executado(s) decairá(ão) do direito de

impugnar a execução. Também perde(m) o direito de

paralisar a execução[...]. Não há preclusão das objeções e

das exceções[...].

Ainda, há diferença de requisitos objetivos entre a

impugnação e os embargos à execução, quanto à necessidade ou não

da segurança de juízo para a apresentação da defesa. Naquela, a

segurança do juízo é obrigatória, “penhoram-se os bens do devedor e

depois ele é intimado para impugnar” . 210 211

206 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006.p.315.207 Embargos à arrematação, à alienação ou à adjudicação: “Nestes embargos, poderá o executado deduzir qualquer causa de nulidade da execução ou causa extintiva da obrigação, desde que seja superveniente à penhora (art. 746 do CPC).[...] é uma extensão dos embargos à execução”. *( MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.458).208 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.287.209 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1182.210 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006.p.316.211 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.291.

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74

O direito de impugnação pelo executado está

condicionado à penhora e intimação do mesmo, haja vista que “o

requisito para o cabimento da impugnação é [...] que esteja formalizada

a penhora no momento em que ela é ajuizada”. 212

Neste sentido, enfatizam Marinoni e Arenhardt213:

[...] a intimação para o oferecimento de impugnação

somente pode ocorrer depois de efetuada a penhora e

avaliação dos bens. [...] para que possa iniciar-se o prazo

para o executado deduzir impugnação, é necessário que

tenha havido, além da penhora a avaliação dos bens

penhorados.

Corrobora com esse entendimento Assis214 ao dizer

que:

[...] a prévia realização da penhora, ou a segurança do

juízo, constitui pressuposto processual objetivo da

impugnação. O art. 475-J, §1º, somente cogita da

intimação do executado após a penhora. É flagrante a

subsistência da ratio dessa peculiar exigência imposta à

impugnação. Antes de qualquer controvérsia, talvez

complexa e demorada, urge assegurar ao exeqüente a

utilidade da execução.

Relata Wambier215 que, no caso de ajuizamento

precipitado da impugnação (feito antes da realização da penhora), a

212 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. v.2.8.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.p.287.213 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.286.214 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1184.215 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, 2006.p.316.

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mesma não é indeferida, porém, há uma postergação do seu

processamento, até que o juízo esteja plenamente garantido.

No que concerne às partes legítimas “o CPC não diz

quem é autorizado a apresentar a impugnação. Limita-se a afirmar que o

executado deverá ser intimado para, querendo, fazê-lo”. 216

Como ocorre com os embargos do executado no

processo de execução de título extrajudicial, no cumprimento de

sentença também é lícito ao cônjuge do executado apresentar

impugnação ainda que não seja parte no processo, tendo em vista que

poderá vir a sofrer os efeitos concretos da execução, respondendo seus

bens pela dívida do cônjuge (art. 592, IV, CPC).217

Além deste, o terceiro que teve seus bens penhorados

na execução (sujeitos à responsabilidade patrimonial) também tem a

possibilidade de apresentar a impugnação, haja vista “que é o terceiro

quem vai responder pela dívida com seu patrimônio” (art. 592, III, do

CPC).218

No que tange à competência, é notório que a

apresentação da impugnação deva ser feita no juízo do cumprimento.

Mencionado juízo não abrange somente aquele que proferiu a sentença,

como também aquele em que se encontram os bens sujeitos à

expropriação, conforme faculta o art. 475-P, parágrafo único do CPC. 219

Desta forma, a impugnação deverá ser apresentada “no juízo da

execução, seja ele qual for, a teor do art. 475-P”. 220

3.1.3. Fundamentos da Impugnação do Executado

216 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.291.217 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.291.218 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.291.219 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.291.220 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1183.

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76

As matérias argüíveis por meio de impugnação estão

definidas no art. 475-L do CPC. Segundo disposição de mencionado

artigo, “a impugnação somente poderá versar sobre: I - falta ou nulidade

da citação, se o processo correu à revelia; II – inexigibilidade do título; III –

penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V –

excesso de execução; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou

extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,

transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença”.

Há de se notar que mencionado rol não traz a

possibilidade de argüição de incompetência, suspeição ou impedimento,

aplicando-se o regime comum das exceções. Além disso, não constam as

nulidades da execução, porém, podem ser alegadas por qualquer outro

meio, incluindo a impugnação. 221

Focar-se-ão as hipóteses, na seqüência.

a) Falta ou nulidade de citação, se o processo correu à revelia.

Segundo a norma estampada no art. 214 do CPC,

para a formação e desenvolvimento válido da relação processual, “é

indispensável a citação inicial do réu”. Sua falta ou nulidade contamina o

processo, bem como a sentença dele oriunda, deixando de fazer coisa

julgada e não se revestindo da indiscutibilidade prevista no art. 467 do

CPC.222

Neste sentido, discorrem Marinoni e Arenhardt223:

[...] a coisa julgada formada sobre sentença sana qualquer

defeito processual que pudesse haver na fase de

conhecimento. Tem-se aqui uma das raras exceções a tal

efeito. Trata-se da chamada querela nullitatis insanabilis [...] 221 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1179.222 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 58.223 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.293

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que considera inexistente o processo em que não ocorre a

citação, ou em que esta não se faz prevista em lei.

Caso a falta de citação ou sua nulidade não tenha

sido suprida pelo comparecimento espontâneo do réu (art. 214, §1º do

CPC), tal irregularidade se trata da primeira matéria a ser argüida em sede

de impugnação. 224

Lembram os mesmos autores225 que para mencionado

defeito ser reconhecido não há a necessidade da proposição de ação

rescisória. Levando em consideração que não se trata de sentença nula,

mas, inexistente, a ação rescisória é incabível. O vício pode ser alegado

através da impugnação ou por meio de ação de que trata o art. 486 do

CPC, qual seja, ação declaratória de inexistência de ato processual. 226

b) Inexigibilidade de título.

Adotado como termo genérico, a inexigibilidade do

título fundamenta qualquer alegação que nega força executiva ao título

apresentado227, não podendo se “manejar validamente a ação executiva

sem que esteja em mora o devedor, isto é, sem que seja exigível a

dívida”.228

Em sede de título executivo judicial, há inexigibilidade

de título na pendência de recurso com efeito suspensivo229 ou quando o

prazo previsto para cumprimento voluntário da obrigação contida no

título, ainda não transcorreu. 230

224 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.293.225 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.293.226 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.293.227 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.294.228 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 59.229 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 59.230 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.294.

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O art. 475-L, §1º do CPC, conhecida pela doutrina

como relativização da coisa julgada, apresenta situação particular

quanto à inexigibilidade do título, ao dispor que: “para efeito do disposto

no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título

judicial fundado em lei ou atos normativos declarados inconstitucionais

pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou

interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal

como incompatíveis com a Constituição Federal”.

Desta forma, tendo sido caracterizada a obrigação

constante do título como inexigível, sua argüição em matéria de

impugnação é a medida legal que se impõe.

c) Penhora incorreta ou avaliação errônea.

Conforme disposição dos artigos 648 e 649 do CPC, a

penhora deverá recair sobre bens penhoráveis, excluindo-se aqueles “que

a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis”, bem como não exceder ao

montante da dívida, penhorando-se “tantos bens quantos bastem para o

pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários

advocatícios”.

Tendo a penhora ultrapassado as regras dispostas na

legislação, configura-se como penhora incorreta, podendo ser matéria

argüível na impugnação.231

O erro na avaliação deve ser visto em sua acepção

larga, ou seja, “como incongruência entre o valor real do bem penhorado

e aquele atribuído na avaliação”. 232

Neste sentido, aduz Theodoro Júnior233:

231 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.296.232 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.296.

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[...] o executado tem legítimo interesse em reclamar da

avaliação incorreta, que afinal pode acarretar uma

expropriação exagerada e desnecessária na hasta pública,

ou até causar-lhe uma perda indevida em caso de

adjudicação do bem penhorado pelo exeqüente. Se esta

legalmente se faz pelo preço da avaliação (art. 685-A), e se

a estimativa não espelha a realidade, fatalmente se terá um

locupletamento ilícito do credor à custa do injusto prejuízo

do devedor.

Mencionada impugnação à avaliação remonta ao

direito português, quando os vícios da avaliação ensejavam os

embargos234, conforme explicava Souza235:

[...] se os peritos o não eram relativamente às coisas que

faziam os objetos de suas avaliações, ou se o eram, mas

nelas extravaganciaram em injustiças, não se regulando

pelas normas... a providência das leis contra os louvados

não privou de outros remédios aos executados contra os

arbitramentos iníquos.

d) Ilegitimidade das partes.

Outra matéria possível de ser alegada na impugnação

se trata da legitimidade ad causam. Necessário mencionar que uma vez

apreciada na fase de conhecimento, não é possível reabrir nova

discussão acerca de condição da ação na fase de execução. 236

Neste sentido, manifestam Marinoni e Arenhardt237:

233 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 61.234 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1180.235 SOUZA, Manuel de Almeida de apud ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1180.236 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.296/297.237 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.297.

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[...] a impugnação permite apenas que se aponte defeito

nos pólos da fase executiva – sempre a partir do que restou

cristalizado na sentença condenatória -, ou porque quem

requer a execução não poderia fazê-lo, ou porque o

executado não responde pela dívida exigida.

O legislador dispôs tal prerrogativa visando fatos

supervenientes à sentença, capazes de afetar a titularidade do crédito,

por força de sucessão, cessão, sub-rogação, por exemplo. 238

Em sede de impugnação o executado pode alegar a

ilegitimidade ativa (do exeqüente) ou passiva, discutindo sua própria

identificação como executado ou responsável pela obrigação. 239

e) Excesso de execução.

De acordo com o art. 743 do CPC, há excesso de

execução: “I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título; II –

quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III – quando

se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença; IV –

quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe correspondem exige o

adimplemento da do devedor; V – se o credor não provar que a

condição se realizou”.

A alegação pelo executado de que o credor pleiteia

quantia superior ao título, ocorre frequentemente na execução

expropriativa, possibilitando ao devedor “repelir excessos do credor

quanto ao principal e acessórios – juros moratórios e compensatórios,

cumulação indevida de correção monetária e comissão de permanência,

que é proibida pela Súmula 30 do STJ”. 240

238 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 60.239 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1180.240 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 2007, p. 1092.

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A declinação do valor que o executado entende

correto, bem como a respectiva memória de cálculo demonstrando o

erro do exeqüente, são requisitos indispensáveis à impugnação ao

cumprimento de sentença baseado no excesso de execução, sob pena

do executado ter como rejeitada liminarmente sua impugnação (art. 475-

J, §2º do CPC). 241

Neste sentido, aduz Theodoro Júnior:

Para que o devedor seja ouvido, quando sua impugnação

acuse excesso de execução, é indispensável que a

afirmação de estar o credor a exigir quantia superior à

resultante da condenação seja acompanhada de

declaração imediata de qual o valor que entende correto

[...]. À falta de semelhante explicitação, - que há de ser feita

quando cabível, por meio de memória de cálculo

formulada com os mesmos dados que se exigem do credor

quando requer a abertura do procedimento de

cumprimento forçado da sentença (art. 614, III) -, sujeitar-se-

á o devedor à rejeição liminar de sua impugnação [...].

O erro na liquidação da sentença por artigos242 ou

arbitramento243 também pode ser argüido na impugnação por excesso de

execução, devendo, o executado, apresentar suas razões de

241 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.297.242 Liquidação de sentença por artigos: “A liquidação por artigos deve ser feita quando, para a determinação do valor da condeção, houver a necessidade de se alegar e provar fato novo [...]” (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.131).243 Liquidação de sentença por arbitramento: “A liquidação de sentença por arbitramento se dá mediante a atividade de perito judicial, objetivando ficar o valor de certo bem ou de determinada prestação. Esta forma de liquidação é utilizada, conforme preceitua o art. 475-C, em duas situações: i) quando sentença ou convenção das partes impuser o seu uso; ou ii) quando a natureza do objeto da liquidação assim o exigir” (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.130)

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irresignação, bem como o erro cometido na liquidação, através de prova

capaz de convencer o magistrado. 244

Alegando, o executado, que o cumprimento recaiu

sobre coisa diversa daquela declarada na sentença, mencionada

diversidade diz respeito à quantidade ou qualidade das coisas devidas

nas obrigações de dar coisas certas ou incertas (art. 461-A do CPC). A

procedência da impugnação pode levar à anulação de toda a

execução ou apenas à redução para a quantidade compatível com a

sentença. 245

Sendo a execução processada de modo diferente

daquela requisitada na sentença pelo magistrado, o executado possui a

faculdade de argüir tal fato na sua impugnação. Dita prerrogativa

decorre da necessidade de as sentenças serem executadas fielmente,

sem ampliação ou restrição do que nelas estiver disposto. 246

Acerca da impugnação quanto à contraprestação

não cumprida pelo credor, dispõe o art. 582 do CPC: “Em todos os casos

em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua obrigação,

exigir implemento do outro, não se processará a execução[...]”. Desta

forma, é necessário registrar que o credor se torna carente do

cumprimento quando não cumpre a contraprestação a que está

subordinado. 247

Tal exceção, chamada também de non adimpleti

contractus, estagna o direito do requerente, “tornando prematura a

244 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p.297/298.245 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 60.246 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 60.247 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 60.

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execução intentada sem cumprimento ou oferecimento da prestação do

credor [...]”. 248

Assim, decidindo a sentença acerca de relação

jurídica que possui eficácia condicionada à ocorrência de um

determinado evento, o credor necessita provar a realização deste. Não

provado, “será carecedor de ação [...], cabendo ao devedor a

impugnação de excesso de execução para ilidir a pretensão

executiva”.249

f) Qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação.

Impossibilitado de reabrir discussão sobre o conteúdo

da sentença, o executado possui o direito de argüir fatos posteriores à

condenação, que impeçam a execução. 250 Segundo o art. 475-L, IV do

CPC, são causas impeditivas, modificativas ou extintivas da obrigação:

“pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição”.

É necessário que tais causas tenham ocorrido após a

prolação da sentença condenatória, tendo em vista que, do contrário,

haverá a preclusão da possibilidade de invocá-las por incompatibilidade

com a sentença que as excluiu. 251

Para Marinoni e Arenhardt252 as causas impeditivas ou

modificativas “não conduzirão necessariamente à extinção da execução.

O acolhimento de tais alegações poderá resultar na paralisação da

execução (em relação às causas impeditivas) ou na alteração do seu

conteúdo (no caso de matérias modificativas)”.

3.1.4. Processamento da impugnação do executado

248 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 61.249 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 61.250 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 61.251 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 298.252 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 298.

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Conforme já tratado, por não se tratar de um novo

processo, não existem requisitos formais para a peça de impugnação.

Idêntico ao que ocorre com as demais contestações, a impugnação

deve ser uma peça escrita, em que o impugnante manifesta suas razões

de irresignação, seu requerimento, as provas que pretende produzir no

curso do processo e, no caso de fundamentá-la no excesso de execução,

deve instruí-la com a respectiva memória de cálculo, bem como indicar o

valor que o executado entende correto. 253

Recebida a impugnação, o juiz poderá: a) rejeitá-la

liminarmente (no caso de apresentação da impugnação por quem não

possui autorização, pelo conteúdo da mesma não se inserir em uma das

hipóteses previstas no art. 475-L do CPC ou se for extemporânea); b) ouvir

o exeqüente sobre a impugnação, conferindo-lhe efeito suspensivo; ou, c)

ouvir o exeqüente sobre a impugnação, sem outorgar-lhe efeito

suspensivo. 254

Não sendo a impugnação rejeitada liminarmente, o

exeqüente deverá ser intimado para, no prazo de 15 dias, respeitando-se

o princípio da isonomia, manifestar-se acerca da impugnação oferecida

pelo executado. 255

Necessário registrar que não há, no diploma processual

civil, norma específica para o processamento da impugnação. Diante

desta inércia, utiliza-se, por analogia e determinação do artigo 475-P, o

trâmite dos embargos à execução, previsto no art. 740 do CPC. 256

253 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 305.254 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 305.255 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, 2007, p. 305.256 ATAÍDE, Vanessa de Paula. Cumprindo a sentença de acordo com a Lei nº 11.232/2005. Disponível em: http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/189126/>. Acessado em: 31/10/2008.

Page 85: A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA APÓS A …siaibib01.univali.br/pdf/Kathleen Zago Appi.pdf · intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63]. 4

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Neste sentido, afirma Ataíde257: “Como não há regra

específica, o procedimento a ser observado para a impugnação é, por

analogia, o mesmo dos embargos à execução, conforme art. 740, CPC”.

Assim, de acordo com o art. 740 do CPC, após a

intimação do sujeito passivo (o exeqüente), haverá o julgamento

antecipado do pedido (art. 330 do CPC) ou, caso necessário, o juiz

designará audiência de instrução e julgamento, proferindo sentença no

prazo de dez dias. 258

Necessário mencionar que o juiz dispensará a fase de

saneamento e de instrução do processo, julgando-o antecipadamente,

quando a impugnação: a) versar somente sobre matéria de direito; ou, b)

versando sobre matéria de direito e de fato, a prova for exclusivamente

documental (art. 740 c/c art. 330 do CPC). 259

3.1.5. Dos recursos cabíveis da decisão que julga a impugnação

Em regra, da decisão que julgar a impugnação cabe

agravo de instrumento, de acordo com a disposição do artigo 475-M, §3º,

primeira parte, do CPC. Nos casos em que a decisão acarrete a extinção

da execução, o recurso cabível será o de apelação (art. 475-M, §3º, parte

final, do CPC). 260

Ocorrerá a extinção da execução nos casos descritos

no art. 794 do CPC, quais sejam: a) quando o devedor satisfizer a

obrigação, ou; b) quando o devedor obtiver, através de transação ou por

qualquer outro meio, a remissão total da dívida. 257 ATAÍDE, Vanessa de Paula. Cumprindo a sentença de acordo com a Lei nº 11.232/2005. Disponível em: http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/189126/>. Acessado em: 31/10/2008. 258 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 440.259 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 2007, p. 441.260 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 154.

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Além destes, tendo o magistrado acolhido totalmente

a impugnação apresentada pelo executado, também haverá a extinção

do feito e o cabimento do recurso de apelação. 261 Acolhida

parcialmente, o recurso cabível “é de agravo de instrumento porque,

tendo presente a parte rejeitada, os atos executivos serão retomados”. 262

Desta forma, tem-se por concluído o presente trabalho

monográfico, cujas hipóteses serão novamente levantadas nas

considerações finais, mencionando se as mesmas foram confirmadas ou

não.

261 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 155.262 BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 155.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo investigar, à

luz da legislação e da doutrina, a impugnação ao cumprimento se

sentença após o advento da Lei 11.232/2005.

O interesse pelo tema deu-se em razão de sua

importância, larga utilização pelos operadores do direito, bem como por

tratar-se de assunto novo, com alterações datadas do ano de 2005.

Para seu desenvolvimento lógico o trabalho foi

dividido em três capítulos. No primeiro, viu-se a teoria geral do processo de

execução, bem como o surgimento do mesmo no Brasil, as espécies de

execuções e títulos executivos previstos no diploma processual brasileiro.

No segundo capítulo, pesquisou-se acerca do

cumprimento de sentença e formas de execuções dispostas no CPC.

Verificou-se ainda o procedimento de cumprimento de sentença na

obrigação de pagar quantia certa.

No terceiro e último capítulo, intensificou-se a pesquisa

sobre a impugnação ao cumprimento de sentença, seus requisitos,

processamento da mesma, concessão de efeito suspensivo ou não, além

dos recursos cabíveis da decisão que julga mencionada oposição à

execução.

Como principal resultado da pesquisa, ressalta-se a

modificação trazida pela Lei 11.232/2005 quanto à não suspensão da

execução pela simples apresentação da impugnação ao cumprimento

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de sentença. Hodiernamente, conforme disposição do art. 475-M, caput,

do CPC, o magistrado só confere efeito suspensivo à impugnação,

quando relevantes os fundamentos do executado e quando o mesmo

comprovar, cabalmente, que o prosseguimento da execução seja

manifestamente suscetível de causar-lhe grave dano de difícil ou incerta

reparação.

No entanto, não basta a mera menção de concessão

de efeito suspensivo pelo magistrado, haja vista que o mesmo deve

motivar a sua decisão, sob pena de tê-la recorrida através de recurso de

agravo de instrumento interposto pelo exeqüente.

Por fim, retomam-se as hipóteses levantadas e que

impulsionaram a presente pesquisa:

a) a mudança empreendida pelo novo ordenamento

é de mera nomenclatura, cindindo a fase de execução no mesmo feito,

sem divergir, quanto ao conteúdo, das bases do processo de execução;

b) o trâmite da impugnação de cumprimento diverge

diametralmente dos normativos até então conhecidos, para a discussão,

em embargos à execução de título judicial.

Concernente à primeira hipótese, restou refutada, pois

verificou-se que as inovações legislativas, além de cindirem a execução

no mesmo processo, tornando-a uma fase do feito em que fora prolatada

a decisão exeqüenda, teve o intuito de impor celeridade ao trâmite

processual, de modo a dispensar nova citação ou intimação pessoal do

devedor; exigindo a prévia penhora para a posterior impugnação e

contemplando a regra de não interrupção do feito pela simples oposição

do devedor, de modo a viabilizar a rápida expropriação de bens, nos

moldes do artigo 647 do CPC.

A segunda hipótese restou parcialmente confirmada,

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pois a pesquisa demonstrou que a exigência de prévia segurança do juízo

para viabilização da impugnação repete a norma anteriormente utilizada,

bem como que a matéria suscitada em impugnação é semelhante à que

podia ser utilizada antes da reforma, nos então embargos à execução

fundada em título judicial. Entretanto, diverge a nova sistemática da

anterior em razão de que a simples apresentação de impugnação não

acarreta a suspensão do feito, que somente em caso de

excepcionalidade, prevista legislativamente, poderá ser autorizada pelo

julgador.

Resta, assim, concluída a pesquisa sem que se lance

pá de cal no tema que, certamente, haverá de incentivar tantos outros

trabalhos que visem a descortinar as dúvidas do dia-a-dia do

processualista civil.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

ASSIS, Araken de. Manual da Execução. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 157.

BRASIL. Código de Processo Civil, promulgada em 11 de janeiro de 1973 –obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do código de processo civil – comentários sistemáticos às leis 11.187 de 19-10-2005, e 11.232, de 22-12-2005. 1. v. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 143.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Insituições de Direito Processual Civil. v.4. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. p. 407.

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