a importância do fazer profissional do serviço social no
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO
A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe
multiprofissional.
NATAL
2014
JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO
A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe
multiprofissional.
Monografia apresentada como exigência para obtenção do grau de Bacharelado em Serviço Social da Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte.
Orientador: Esp. Josivania Estelita
NATAL 2014
JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO
A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe
multiprofissional.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção de título de Graduação do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovado em ______/_______/______.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ Profª. Esp. Josivania Estelita Orientadora – UFRN/DESSO
_____________________________________________________ Luciana Medeiros
Assistente Social do Hospital Memorial
_______________________________________________________ Profª. Dra. Edla Hoffman Membro – UFRN/DESSO
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pois com algum propósito me fez mudar a
opção do curso no ultimo dia de inscrição, eu nem imaginava o que me esperava.
Durante todo o curso e me perguntava: “o que estou fazendo aqui?” e hoje eu sei
exatamente o porquê. Nenhum aprendizado é em vão, e o curso de serviço social me
ensinou valores que eu jamais aprenderia em qualquer outro momento. Obrigada meu
Deus!
À minha mãe, pois sempre me ensinou que é preciso ter garra e acreditar no
nosso potencial, que sempre disse que eu não podia desistir, que eu tinha que seguir em
frente. Pois é mãe, eu segui! Obrigada pelas noites em claro, pelo dinheiro investido nos
estudos, pelas broncas quando eu tinha preguiça e principalmente por duvidar que
concluir uma graduação seria algo tão árduo, pois foi graças a sua duvida que eu reuni
forças para chegar até o fim.
Ao meu pai, meu herói, meu espelho, talvez sem você eu estivesse sem rumo.
Essa monografia é mais sua do que minha e o diploma também. Muitas vezes eu pensei
em desistir, achei que não ia conseguir, mas eu lembrei de você e de toda a confiança
depositada em mim. Cada noite em claro, cada momento de estresse, foi pensar em
você, no orgulho que você sente da sua única filha que renovou as minhas forças.
Desde a infância você foi o meu motivador, mesmo longe, sempre fiz tudo pensando em
você, e com a monografia não foi diferente, cada linha me aproximava do fim, do
momento de dizer: “Eu consegui!” e de ver em seus olhos a alegria e o sentimento de
dever cumprido com a minha vitória.
Ao trio que junto a mim formavam um quarteto fantástico: Gleyca, Lizete e Naiara,
vocês eram a alegria das minhas tardes de sono. Espero que, mesmo cada uma
seguindo o seu caminho, os laços não sejam perdidos. Eu precisava dessa graduação
para conhecer vocês
Gleikinha, desde a fila do cadastramento que a gente não desgruda, durante
esses quatro anos você foi minha amiga, companheira de festa, psicóloga, dupla nos
trabalhos e estudos dirigidos da vida, companhia no ônibus, entre muitos outros
momentos, partilhamos alegrias, desilusões amorosas, angustias, tristezas, e muitos,
muitos biscoitos pra enganar a fome nos dias que só voltávamos pra casa no fim da
noite. Lógico que nem tudo foi flores, momentos de estresse foram vários, mas amigo é
assim mesmo, briga, chora, mas na verdade a gente se ama. Obrigada minha amiga, e
que venham nossas próximas conquistas!
Naiarinha, acho que a gente passou mais tempo brigando do que qualquer outra
coisa, mas saiba que você faz parte da minha história. Aprendi muito com esse seu jeito
bipolar de ser, e você é uma das poucas pessoas da turma que eu admiro muito. Com
certeza você será uma excelente assistente social.
Liz, sei que te estressei muito nesses quatro anos, por isso estou aqui
agradecendo todos os puxões de orelha que você me deu, eles me moldaram e muito.
Seu comprometimento, sua dedicação e sua responsabilidade são qualidades que eu
procuro me espelhar. Te admiro muito! Certamente você terá uma trajetória profissional
de muito sucesso.
Luana Gomes e Lucina de Medeiros, minhas orientadoras de campo, aprendi muito
com vocês. Durante um ano de estágio vocês me mostraram o amor pela profissão.
Desde já agradeço de todo o coração pela receptividade, pelo carinho, pelos
ensinamentos e pela paciência.
Aos meus sujeitos de pesquisa, pela disponibilidade para participar da entrevista,
bem como de todo o meu processo de formação. Sem Vocês nada disso seria possível!
Por fim, agradeço ao amor da minha vida, Erick, sem você nada teria acontecido.
Você foi meu ombro, todas as vezes que batia uma angustia, um medo, era você quem
estava do meu lado para enxugar minhas lágrimas. Para todos eu me mostrava forte,
mas você sempre conheceu meus momentos de fraqueza. Meu amor, muito obrigada
pelas palavras de carinho, por nessa reta final ter redobrado a paciência comigo, e
principalmente por ter mandado eu parar de reclamar, levantar a cabeça e terminar o tcc
com força e determinação. Você sempre diz que eu nasci pra ser assistente social, acho
que você tá certo! Sempre que eu pensar em parar vou lembrar dos momentos em que
você me disse que eu sou a melhor assistente social que você conheceu, talvez você
conheça poucas (risos), mas suas palavras me motivam. Obrigado por tudo! Pela
compreensão, pela companhia, pela paciência e principalmente pelo amor sem medidas!
Jéssica Alexandre de Araújo.
“Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está
disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário,
abstém-te de o ajudar.”
Sócrates
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso possui como objetivo compreender como a
equipe multiprofissional do Hospital Memorial enxerga o Serviço Social dentro da
instituição e como o assistente social compreende o seu papel junto à equipe. Tal desejo
surgiu ainda durante as disciplinas de estágio curricular obrigatório I e II, do curso de
Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que foram realizadas
dentro do Hospital Memorial nos semestres 2013.1 e 2013.2. Durante este período de
estágio foi observado que a equipe não conhecia muito bem as atribuições do assistente
social na saúde e para compreender melhor tal situação, surgiu a vontade de pesquisar
acerca da visão que a equipe multiprofissional possui acerca do serviço social. Para
atingir o objetivo geral foram aplicados dois modelos de entrevista, um com a equipe
multiprofissional, afim de saber qual imagem ela tem da atuação do assistente social na
instituição, a segunda entrevista foi aplicada apenas com as assistentes sociais, para
saber como elas veem a profissão dentro da instituição. A partir da coleta de dados foi
possível perceber que o assistente social na equipe é visto como um profissional capaz
de resolver de tudo e que trabalha na parte técnica-administrativa, o que vai de encontro
aos parâmetros da atuação do assistente social na saúde (2009). No entanto, nossa
análise não culpabiliza o assistente social da instituição, visto que, ele é vitima de uma
rotina corrida do hospital, esta rotina o sobrecarrega de atividades urgentes, o deixando
sem tempo para exercer suas atribuições. Trata-se de uma conjuntura neoliberal que se
interpõe ao cotidiano.
Palavras-chave: Saúde, Equipe Multiprofissional, Serviço Social, Profissão, Parâmetros.
ABSTRACT This Course Conclusion Work has aimed at understanding how the multidisciplinary team
Memoria Hospital sees the Social Service within the institution and how the social worker
understands his role with the team. This desire arose during the curriculum subjects I and
I, the course of Social Service of the Federal University of Rio Grande do Norte , which
were performed within the Memorial Hospital in 2013.1 and 2013.2. During this internship
period it was noted that the staff did not know very well the tasks of the social worker in
health and to better understand this situation, emerged the desire to research about the
vision that the multidisciplinary team has about the social service. To achieve the overall
goal of interview two models were applied, one with a multidisciplinary team in order to
draw a profile of this team and know what image she has of the role of social worker in
the institution, the second interview was applied only to social workers, to trace a
professional profile and to find out how they see the profession within the institution.
From the data collection was possible to see that the social worker on the team is seen
as a professional able to solve everything and working on technical-administrative part,
which meets the parameters of the role of social worker in health (2009 ). However, our
analysis does not blames the social worker of the institution, since he is the victim of a
accelerated hospital routine, this routine overloading the urgent activities, leaving no time
to perform their duties. This is a neoliberal scenario that stands to daily.
Keywords: Health, Multidisciplinary Team, Social Services, Professional, Parameters.
LISTA DE SIGLAS
ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva
CAP’s – Caixas de Aposentadoria e Pensão
CEAS – Centro de Estudos e Ação Social
CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
CONASS – Conselho Nacional dos Secretários de Saúde
CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária
DPVAT – Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via
Terrestre
DST’s – Doenças Sexualmente transmissíveis
ECA – Estatuto da Criança e Adolescente
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
IAP’s – Institutos de Aposentadorias e pensões
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
ITEP – Instituto Técnico e Científico da Polícia
SAMDU – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência
SUS - Sistema Único de Saúde
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UTI – Unidade de Tratamento Intensivo
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10
2 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE................................................................................. 12
2.1 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL...................................................................... 12
2.2 SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL MEMORIAL.................................................. 25
3 UM OLHAR SOBRE A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO HOSPITAL
MEMORIAL................................................................................................................ 32
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE PESQUISA............................................. 32
3.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO
HOSPITAL MEMORIAL, BEM COMO SUA IMPORTANCIA, NA OPTICA DA
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL................................................................................
35
3.3 COMO O ASSISTENTE SOCIAL COMPREENDE O SEU PAPEL DENTRO
DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL......................................................................... 44
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 51
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 53
APÊNDICES............................................................................................................... 55
10
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve como objetivo investigar a importância do fazer
profissional do Serviço Social junto à equipe multiprofissional do Hospital Memorial.
A Clínica Ortopédica e Traumatológica de Natal LTDA (nome fantasia Hospital
Memorial) localiza-se na Avenida Juvenal Lamartine Nº. 979, no bairro do Tirol, em
Natal/RN, é uma instituição médica de caráter privado, conveniado ao Sistema
Único de Saúde (SUS) no qual está destinado 80% dos seus leitos e aos mais
diversos planos de saúde, atendimento particular e Seguro de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT, que é um seguro
que indeniza vítimas de acidentes causados por veículos que têm motor próprio
(automotores) e circulam por terra ou por asfalto (vias terrestres).
O hospital atua na área da Ortopedia/ traumatologia/ clinica médica e
neurologia atendendo usuários com fratura com indicação cirúrgica que em sua
maioria são pacientes do sexo masculino com a idade media entre 18 e 45 anos de
idade, vítimas de acidentes automobilísticos, onde vários apresentam um
diagnostico de fratura do fêmur, a qual necessita a realização de cirurgias. O Serviço
Social já estava inserido na equipe multiprofissional desde a fundação do hospital,
contando com uma sala exclusiva para atendimento garantindo a privacidade e o
sigilo profissional, além de realizar outras atividades como, visitas diárias às
enfermarias, dar orientações acerca Previdência, Documentações, Autorizações de
Exames, encaminhamentos interno e/ou externo dentre outras atividades.
Assim, esta pesquisa teve como objetivos específicos a construção de um perfil
sócio-econômico e de trajetória profissional das assistentes Sociais e dos
profissionais da equipe multidisciplinar; em seguida analisamos de que forma a
equipe multiprofissional enxerga o fazer profissional do assistente social no Hospital
Memorial; E de que forma o Serviço Social reconhece a importância de sua atuação
junto à equipe. Para isso foi necessário conhecer o perfil da equipe multiprofissional
do Hospital Memorial, que é o universo da pesquisa contando com a participação de
104 profissionais( 73 técnicos de enfermagem, 15 enfermeiros e 16 médicos) foi
necessária uma amostragem não probabilística, tal amostragem representa o perfil
da equipe, a pesquisa é quanti-qualitativa pois associamos os dados do perfil com as
respostas obtidas nos questionários, tando da equipe quanto do serviço social. No
11
caso desta pesquisa a amostra de 6 profissionais (1 profissional da enfermagem
nível superior, 1 profissional da enfermagem de nível médio, 2 profissionais da
medicina, 2 assistentes sociais).
A pesquisa está dividida em três capítulos. O primeiro aborda o Serviço Social
e Saúde e está subdividido e dois itens, um trata da trajetória da saúde no Brasil e o
outro caracteriza o serviço social no memorial. O segundo capitulo é a respeito da
equipe multiprofissional no hospital memorial, também subdivido em dois itens, o
primeiro trata da caracterização do espaço de pesquisa, o segundo discute o perfil
profissional da equipe multiprofissional. E por fim o terceiro capitulo que vem debater
a atuação do serviço social na equipe multiprofissional, debatendo primeiro sobre a
importância do serviço social na equipe e em segundo debatendo como o assistente
social compreende seu papel dentro da equipe.
12
2 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE
O presente capítulo tem como objetivo traçar a trajetória histórica da saúde
pública no Brasil, possibilitando um breve resumo acerca dos principais
acontecimentos históricos no âmbito da saúde até o surgimento do Sistema único de
Saúde (SUS) e situar o Serviço Social dentro deste contexto histórico, uma vez que
a área da saúde é uma das maiores empregadoras do Serviço Social. Para tratar da
história da saúde, pautamos a nossa análise em documentos oficiais da Fundação
Nacional de Saúde, do conselho federal de serviço social, na lei n°8.080/1990, no
relatório final da 8° conferência (1986), no Conselho Nacional de Secretários da
saúde,no decreto n°46.349/1959 e em autores como Iamamoto; Carvalho (2011),
Bravo (2009),Salvador (2010), Bravo;Matos (2004).
2.1 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL
Historicamente, com base em leituras de Bravo (2009) o Estado Brasileiro
tem depositado pouca atenção a política de saúde. No momento da
colonização, as ações voltadas para a saúde foram de cunho focalizado e
imediatista, e, basicamente centrou-se nas mãos da sociedade civil, a exemplo
dos curandeiros e boticários.
Somente com a chegada da família real no país, em 1808, que indicam-
se as primeiras medidas para atender a saúde da população, com bases em
informações coletadas no site da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, em
1808 aconteceu a criação da primeira organização nacional de saúde pública
no Brasil, dando origem ao cargo de Provedor-Mor de Saúde da corte e do
Estado do Brasil, no dia 27 de fevereiro, ao que no futuro se tornaria o Serviço
de Saúde dos Portos, com delegados nos estados, ainda em 1808 houve
também a criação do alvará sobre regimentos e jurisdição do Físico-Mor e
Cirurgião-Mor e seus delegados (Alvará de 23/11/1808).
De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2007) as
ações de saúde visavam apenas os interesses econômicos do país, ou seja,
13
que só favorecia os grandes proprietários, não existia modelo sanitário no
país, desta forma as cidades brasileiras estavam entregues as epidemias
como; a varíola, a malária e a febre amarela, gerando sérias consequências
para saúde coletiva.
Em 30 de agosto de 1828, de acordo com a cronologia da saúde pública
encontrada no site da FUNASA foi promulgada a lei de Municipalização dos
Serviços de Saúde, criando Juntas Municipais e delegando a estas juntas as
funções que eram exercidas anteriormente pelo Físico-Mor, Cirurgião-Mor e
seus Delegados. Ainda em 1828 ocorreu a criação da Inspeção de Saúde
Pública do Porto do Rio de Janeiro, subordinada ao Senado da Câmara, sendo
em 1833, duplicado o número dos integrantes.
Quatro anos depois, em 1837 foi constituída a imunização compulsória
das crianças contra a varíola, dando origem futuramente, em 1846, ao Instituto
Vacínico do Império a partir do decreto Decreto nº 464, de 17/8/1846. Com o
crescimento da população nos centros urbanos os surtos de epidemias só
aumentavam, tornando a situação da saúde publica cada vez mais grave,
sendo assim criado o Decreto nº 533, de 25/4/1850, o qual autorizava o
governo investir recursos em medidas que impedissem o alastramento das
epidemias, em socorro aos doentes e necessitados, e ainda em 1850 veio o
decreto n° 598, de 14 de setembro de 1950 que concedia ao Ministério do
Império um crédito extraordinário de duzentos contos para ser exclusivamente
gastado em trabalhos para melhorar o estado sanitário da capital e de outras
províncias do império.
Até o ano de 1850, ainda com bases em leituras acerca da saúde pública
no portal eletrônico da FUNASA, as atividades de Saúde Pública limitavam-se
a delegar as atribuições sanitárias às Juntas Municipais; controlar os navios, a
Saúde dos Portos e as Autoridades Vacinadoras contra a varíola. Porém a
tuberculose havia encontrado novas condições de circulação, atingindo
especialmente os jovens nas idades mais produtivas e passando a ser uma das
principais causas de morte.
Em 1851 foi criada a Junta Central de Higiene Pública, que era
subordinada ao Ministério do Império, neste mesmo ano foram criados vários
decretos, o primeiro foi, no dia 8 de Janeiro, de n°752 que abriu ao Ministério
do Império um crédito extraordinário para despesas com providências
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sanitárias visando o combate à febre amarela e a sua prevenção. Em seguida,
dia 18 de Junho, veio o decreto n°798 que executou o regulamento do registro
dos nascimentos e óbitos. No dia 26 de Setembro, veio o decreto de n°826,
que novamente abria um crédito extraordinário, desta vez para as despesas
com a epidemia de bexigas, na província do Pará especialmente. Com o
decreto de n° 835, dia 3 de outubro, houve outra abertura de crédito, esta era
para as despesas da junta de higiene pública. Apenas 27 anos depois, em
1978, da criação da junta de higiene pública foi passou a ser um procedimento
obrigatório a desinfecção terminal dos casos de morte por doenças
contagiosas, a critério da autoridade sanitária, tal desinfecção ocorreu com
base em um decreto criado no em 6 de setembro de 1878, de n° 7.027,
tratando da desinfecção de casas e estabelecimentos públicos ou particulares.
Diante desse quadro de epidemias e das consequências que elas
trouxeram para economia do café, o Estado Brasileiro inicia as medidas
campanhistas, quando Oswaldo Cruz foi nomeado diretor do Departamento
Federal de Saúde Pública, pondo em prática a proposta de erradicação das
epidemias, realizando o combate ao mosquito vetor da febre-amarela,
instituindo a vacinação anti-varíola, que se tornou obrigatória com a lei Federal
nº 1261, de 31 de outubro de 1904, e a febre amarela foi erradicada na cidade
do Rio de Janeiro, fortalecendo a saúde coletiva. Na gestão de Oswaldo Cruz
foi criada a Diretoria Geral de Saúde Pública, o laboratório bacteriológico,
serviço de engenharia sanitária, e de profilaxia da febre amarela e o Instituto
Soroterápico Federal, que foi transformado no Instituto Oswaldo Cruz, tal
modelo campanhista criado por Oswaldo Cruz se caracterizava por medidas de
caráter fiscal e policial. (BRASIL, 2007)
Em 1920, o modelo campanhista foi reestruturado por Carlos Chagas, que
sucedeu Oswaldo Cruz, tal reestruturação aconteceu com a introdução da
educação sanitária e da propaganda nas ações de profilaxia e de vigilância.
Também foram criados órgãos especializados contra a tuberculose, lepra e
DST’s (doenças sexualmente transmissíveis), além de expandir as obras de
saneamento básico que se caracterizavam como um sanitarismo campanhista,
visto que predominava como atividade econômica a monocultura cafeeira e o
saneamento acontecia como uma medida para melhorar os caminhos por onde
circulavam as mercadorias e controlar as doenças que prejudicavam a
15
exportação, ou seja, não se pensava na saúde coletiva, e sim na exportação e
no crescimento econômico. (BRASIL, 2007)
O controle de epidemias durante o modelo campanhista, além de agir na
área urbana, também se destacava na área rural, já que a agricultura era a
atividade econômica mais forte no Brasil. O órgão que fiscalizava e combatia
as epidemias era a SUCAM1, em seguida foi incorporada à Fundação Nacional
de Saúde2. (BRASIL, 2007)
Com a efervescência da produção capitalista no Brasil dando ênfase ao
comércio exterior deu início ao processo de industrialização do Brasil. Junto ao
avanço da industrialização veio o crescimento da urbanização e a chegada de
imigrantes europeus, como foi citado anteriormente, e um ano após a abolição da
escravidão veio Proclamação da República em 1889, colocando o controle político
nas mãos dos grandes proprietários, representando apenas os interesses dos
latifundiários, trazendo para a nossa cultura política o coronelismo e o voto de
cabresto. (BRAVO, 2007)
Segundo Pochmann (2004) apud Salvador (2010) o Brasil foi o ultimo a abolir a
escravidão, além deste atraso, a transição de trabalho escravo para trabalho
assalariado foi completamente conservadora, desta forma a população negra não
estava sendo inserida no trabalho assalariado e ficando sempre à margem da
sociedade. A Situação do imigrante não chegava a ser tão precária quanto a do
negro que naquele momento era um desempregado, pois o imigrante possuía
salário, entretanto nesta época ainda não havia direitos trabalhistas, porém como
alguns imigrantes tinha vindo da Europa em momento de lutas operarias, originando
duas greves, uma em 1917 e outra em 1919, tais greves deram início a uma
mobilização operária no dia 24 de janeiro de 1923 aprovando no Congresso
Nacional a Lei Eloy Chaves, que com base em MALLOY (1976) apud SALVADOR
1 A Sucam é resultado da fusão do Departamenteo Nacional de Edemias Rurais-DENERu com as capanhas de
Erradicação da Variola (CEV) e de Erradicação da Malária (CEM), transformando a Sucam no maior órgão de
penetração rural no país e presente em todods os Estados brasileiros (http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-
funasa/sucam/ / acessado em 02/05/2013)
2 FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, é um orgão executivo do Ministério da Saúde e é responsável por
promover a inclusão social através das ações de saneamento para a prevenção de doenças, além disso a
FUNASA também é responsável por formular e implementar ações de promoção e proteção à saúde ,
relacionadas com ações estabelecidas pelo Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental
(http://www.funasa.gov.br/site/conheca-a-funasa/competencia/ - acessado em 02/05/2013)
16
(2010) a lei é uma herança de uma abordagem mais ampla da questão social, na
qual a partir de 1920 promoveu maneiras de articular as políticas sociais e
trabalhistas definidas pela elite, estabelecendo a base para criar um sistema geral de
previdência social.
Foi a partir da Lei Eloy Chaves que se instituíram as Caixas de Aposentadoria
e Pensão (CAP’s) com base no site da Previdência Social, antes de falar um pouco
mais sobre as CAP’s faremos uma breve retrospectiva para entender rapidamente
como viemos parar em 1923 com a Lei Eloy Chaves.
Baseado no histórico de 1888 a 1933 do site oficial da Previdência Social foi
partir de 1888 começaram a surgir vários decretos, o primeiro no dia 23 de março do
mesmo ano, decreto n°9.912-A que regulava o direito à aposentadoria dos
empregados dos Correios, estabelecendo como requisitos para acessar a
aposentadoria 30 anos de serviço e idade mínima de 60 anos. Ainda em 1888 no dia
24 de novembro foi criada a Lei n° 3.397 que criava uma caixa de socorros em cada
uma das estradas de ferro do império. No ano seguinte surgiu o Fundo de Pensões
do Pessoal das Oficinas de Imprensa Nacional, por meio do Decreto n° 10.269, de
20 de julho de 1889. O ano de 1890 nos trouxe dois decretos, o primeiro em 26 de
fevereiro, de n° 221 definia a aposentadoria para os empregados da Estrada de
Ferro Central do Brasil, sendo ampliado quase cinco meses depois, no dia 12 de
julho, beneficiando todos os ferroviários, o segundo de n° 942-A, criado em 31 de
outubro, dando origem ao Montepio Obrigatório dos Empregados do Ministério da
Fazenda.
Outra categoria a ser beneficiada com aposentadoria, desta vez por morte
(pensão) ou invalidez, são os operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, a
partir de 29 de novembro de 1892 com a Lei n° 217. A partir de 1911 surgiram
modestamente as primeiras caixas de pensões, a primeira foi dos Operários da Casa
da Moeda, em 1912, mais precisamente no dia 17 de abril, por meio do Decreto
n°9.517 foi criada a Caixa de Pensões e Empréstimos para os funcionários das
Capatazias da Alfândega do Rio de Janeiro e em 1919 com a Lei n° 3.724 tornou-se
obrigatório o seguro contra acidentes de trabalho para operários de qualquer sexo
que trabalhassem em construções, reparações e demolições de qualquer natureza,
como de prédios, pontes, estradas de ferro e de rodagem, linhas de trens, elétricos,
redes de esgotos, de iluminação, telegráficas e telefônicas, bem como na
conservação de todas essas construções; de transporte de carga e descarga; nos
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estabelecimentos industriais e nos trabalhos agrícolas em que se empreguem
motores.
A Lei Eloy Chaves foi o ponto de partida para a criação do sistema
previdenciário. A primeira CAP criada foi a dos ferroviários setor este que
desempenhava um papel de extrema importância para a economia brasileira, já que
toda a carga era transportada pelas ferrovias, uma vez que a economia era
profundamente dependente do café, representando 80% da exportação brasileira é
necessário ressaltar que a infraestrutura do país estava voltada para as ferrovias e
portos, por isso o beneficio se estendeu para os marítimos e portuários a partir do
decreto n°5.109/26, sendo as CAPs organizações privadas financiadas através das
contribuições das empresas, empregados e cobranças de tributos que eram
repassadas à administração das Caixas. (SALVADOR, 2010)
As CAP's possuíam administração própria para os seus fundos, formada por
um conselho composto por três representantes: a empresa, e dois empregados. A
empresa assumia a presidência da comissão e os dois representantes que eram
funcionários eram eleitos de três em três anos. As próprias empresas recolhiam
mensalmente as contribuições das três fontes de receita, e depositar diretamente na
conta bancária da sua CAP e os fundos promoviam serviços médicos em caso de
doença do empregado ou de pessoas da família que residam com ele; acesso à
medicamentos; aposentadoria; assistência médica em acidentes de trabalho e
pensão para herdeiros em caso de morte. (SALVADOR, 2010)
Em 1930, com base em informações históricas fornecidas no portal eletrônico
da FUNASA, foi um período marcado pela expansão da indústria originando a
divisão de classes em burguesia industrial, classe média e operariado de maneira
mais intensa na região sul e sudeste, visto que as transformações socio-economicas
foram mais intensas, o crescimento destes grupos sociais acirrou uma disputa por
poder com as grandes oligarquias existentes dando início à Revolução de 30. Esse
período foi marcado também pelo tenentismo, este movimento teve início em 1921 a
partir de reivindicações da classe média urbana que lutava contra o modelo eleitoral
vigente, tinha como bandeira o voto secreto e reformas sociais econômicas, o
movimento tenentista tinha como proposta a ascenção dos militares, pregando que
os civis não tinham competencia para governar o país.
Entre o período de 1921 e 1930, ainda com base nos dados da FUNASA, o
tenentismo organizou várias revoltas objetivando a tomada do poder das mãos das
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grandes oligarquias. Para estabelecer uma hegemonia e defender interesses
comuns houve um acordo entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido
Republicano Mineiro (PRM) no qual os dois estados indicavam um nome ao Governo
federal elegendo o Presidente da República, tal acordo já existia desde o mandato
do presidente Campos Sales(1898-1902) e ficou conhecido como república do café-
com-leite. Apenas em 1930 com o rompimento da aliança entre São Paulo e Minas,
devido a falta de consenso em relação ao nome a ser indicado à Presidencia da
República, possibilitando a formação de um grupo político de oposição, a Aliança
Liberal formada por Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, foi a partir desta nova
eleição que aconteceu a revolução que colocou Getulio Vargas no poder.
Getúlio chegou ao poder após o golpe de Estado que depôs o presidente
Washington Luiz, diante de uma guerra civil as forças armadas transferiu o poder
para Getúlio, que governou o Brasil de 1930 a 1945. Na gestão de Getúlio ocorreram
inúmeras mudanças na composição do Estado, em 1933, foram eleitos os
representantes da Assembléia Constituinte, um marco para a história visto que pela
primeira vez aconteceu uma eleição com voto feminino, em julho de 1934 tal
constituição foi promulgada dando início à alguns avanços nos direitos sociais, visto
que, foi ampliado o princípio da igualdade perante a lei, independente de cor, sexo,
idade ou classe social; deu-se início ao voto secreto e obrigatório para todos os
maiores de 18 anos; foi criada da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral; houve a
nacionalização das riquezas de solo e fontes d´água; a proibição do trabalho infantil;
a criação da jornada de trabalho de oito horas diárias, do descanso semanal
remunerado, das férias de 30 dias e da indenização para o trabalhador demitido e a
regulamentação os sindicatos.
Entretanto a constituição de 1934 durou somente 3 anos (1934-1937) e logo
em seguida foi instalando o Estado Novo, sob a hipótese de que tal constituição
trazia problemas para a segurança nacional, dando início a um período de grandes
perseguições políticas e que também foi um marco para o Serviço social, uma vez
que este momento da história é de novas lutas pelos direitos sociais que segundo
Iamamoto (2011) tal período se caracterizava pelo discurso de proteção ao
trabalhador para manutenção da harmonia social, incentivando o trabalho e aumento
da produção, mantendo o controle do movimento operário e uma das medidas de
contenção dos movimentos operários foi a Lei dos Dois Terços, instituindo que no
mínimo dois terços dos operários de cada empresa fossem brasileiros, tal lei não
19
objetivava empregar preferencialmente o brasileiro e sim controlar o movimento
operário, visto que os estrangeiros traziam noticias sobre o avanço do movimento
operário na Europa incentivando os trabalhadores brasileiros à irem a luta.
As ações do Estado traziam uma lógica paternalista para a população assim
como também difundia uma nova ideologia do “Estado acima das classes”, que se
conforme leituras realizadas no livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil
(Iamamoto, 2011), esta ideologia apresenta o trabalho como uma virtude universal
do homem que gera riqueza e desenvolvimento para a sociedade, é difundida a ideia
de que cada trabalhador é um patrão em potencial, para a ideologia capitalista é um
meio de libertar-se da exploração e as pessoas que trabalha estão unidas entre si,
dessa forma é possível restringir a mobilização das classes exploradas.
Em 1939 regulamentou-se a justiça do trabalho e em 1943 foi homologada a
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), tais informações foram coletadas do
portal do guia trabalhista, que explica sobre as leis, direitos e deveres do trabalhador
e do empregador explica que a CLT surgiu, no dia 1° de maio de 1943 por meio do
Decreto-Lei n° 5.452, regulamentando as relações individuais e coletivas de
trabalho, protegendo o trabalhador, regulamentando as relações trabalhistas tanto
urbanas quanto rurais, ou seja unificando a legislação trabalhista no brasileira
protegendo os trabalhadores.
Em 30 de dezembro de 1949 foi criado, pelo Decreto n° 27.664, o Serviço de
Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), no qual o objetivo era
prestar assistência médica de urgência, em ambulatórios e hospitais, bem como no
domicílio ou local de trabalho, aos segurados ativos e inativos, seus dependentes e
aos pensionistas. O SAMDU era mantido pelos institutos de Aposentadoria e
Pensões dos Industriários, Comerciários, Bancários, Marítimos e Empregados em
Transportes e Cargos e as Caixas ainda de Aposentadoria remanescentes, que é a
CAP’s dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos. Subordinado ao
Ministério do Trabalho, Industria e Comercio. (SENADO FEDERAL, 1959.)
Em 1961 o clima político no Brasil era bastante hostil, na presidência estava
João Goulart (vice-presidente que assumiu após a renuncia de Jânio Quadros) era
um momento no qual se temia uma virada socialista no Brasil, visto que de 1961 a
1964 havia grande efervescência das organizações sociais, as organizações
estudantis, populares e de trabalhadores ganhavam cada vez mais espaço e
gerando preocupações à classe dominante, que pregava a harmonia social. É no dia
20
19 de março de 1964, que os conservadores organizam uma manifestação a fim de
derrubar o governo, alimentando a população como medo do comunismo acontece a
Marcha da Família com Deus pela Liberdade, reunindo milhares de pessoas pelas
ruas de São Paulo, aumentando ainda mais a crise política, dessa forma no dia 31
de março do mesmo ano, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas.
(BRAVO, 2007)
Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. O
militares tomam o poder no deia 9 de abril de 1964 e é decretado o Ato Institucional
Número 1 (AI-1). Este ato cassa os mandatos políticos de opositores ao regime
militar e tira a estabilidade de funcionários públicos. No mesmo ano vários países da
América latina também aderiram à ditadura. Tal movimento se caracterizou pela forte
opressão, afastando alunos e professores da universidades como maneira de
conter as manifestações e qualquer forma de organização política, esta ação foi uma
estratégia da ditadura militar par obter a chamada “harmonia social” reduzindo os
direitos trabalhistas e impedindo qualquer tipo de organização e participação política.
O Regime Militar durou de 1964 a 1985 uma época marcada pela falta de
democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e
repressão aos que eram contra o regime militar. (SALVADOR, 2010)
Castelo Branco (1964-1967) é o primeiro presidente da Ditadura Militar, a
princípio possuía um discurso que defendia a democracia, mas posteriormente
mostrou-se autoritário, estabelecendo eleições indiretas para presidente. Em seu
governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de
dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora
Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada,
o segundo representava os militares. (BRAVO,2007)
Em 1966, durante o mandato de Castelo Branco, segundo Bravo (2009) a
relação saúde e Previdência permite ao setor da saúde assumir características
capitalistas, isso ocorreu com unificação da Previdência Social aos Institutos de
Aposentadorias e Pensões - IAP’s em 1966 existindo neste período ênfase na
prática médica curativa, individual, assistencialista e especializada, e articulação do
Estado com os interesses do capital internacional, via indústrias farmacêuticas e de
equipamento hospitalar. Dessa maneira o governo busca se fortalecer e ganhar
21
apoio da população através do sistema previdenciário, uma vez que os IAP’s3 só
acontecia nas categorias profissionais mais organizadas e o resto das categorias
ficavam em desvantagem.
Neste contexto foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) em
2 de janeiro de 1967 se unindo com os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões,
o Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência (SAMDU) e a
Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. Assim todo
trabalhador urbano com carteira assinada se torna contribuinte, gerando um grande
número de contribuições, visto que a década de 1970 também teve um grande
avanço econômico com o avanço do capitalismo. Com a união destes sistemas
houve a inclusão de benefícios como a assistência médica, apesar de que alguns
IAP’s já possuíam assistência médica própria. (BRAVO, 2009)
Em seguida tivemos o governo Costa e Silva (1967-1969), eleito indiretamente
pelo senado, como havia sido determinado no mandato de Castelo Branco. O regime
militar só crescia no Brasil, mesmo diante de muitas manifestações populares. Foi no
governo do general Arthur Costa e Silva que surgiu a UNE – União Nacional dos
Estudantes. Ainda em 1967 a UNE organiza a Passeata dos Cem Mil, outro protesto
marcante no ano de 67 é a greve dos operários de Contagem (Minas Gerais) e
Osasco (São Paulo), a partir destas manifestações se inicia uma guerra nos centros
urbanos, formada por militantes de esquerda, e para tentar conter as manifestações
e manter o poder centralizado nas mãos dos militares é decretado o Ato Institucional
Número 5 (AI-5) aposentando juízes, cassando mandatos, extinguindo a garantia de
habeas-corpus. (BRAVO, 2007)
Em 1968 Costa e Silva adoece e é substituído pela Junta Militar que só escolhe
outro Presidente em 1969, assim se inicia o governo do general Emílio Garrastazu
Medici (1969-1914), este período ficou popularmente conhecido como “anos de
chumbo” devido a repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura
é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e
outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos,
músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou até mesmo
3 “ Para Boschetti (2006, p.24): ‘ os IAPs permitiram ao governo acumular fundos de capitalização
fundamentais para a política de substituição de importações e estimulação da indústria” (SALVADOR, 2010,
p.147)
22
exilados do país. (BRAVO, 2007)
Segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde - CONASS (2007),
mesmo com toda a repressão e problemas político o número de contribuintes só
aumenta e o sistema de assistência médica ficou lotado necessitando da
intervenção do governo militar, já que, era necessário determinar aonde investir
recursos para ampliar o atendimento e dar conta da demanda de beneficiários, a
solução encontrada pelo governo foi direcionar para a iniciativa privada,
estabelecendo convênios e contratos com médicos e hospitais, efetuando
pagamento pelos serviços permitindo a capitalização aumentando o consumo de
medicamentos e de equipamentos hospitalares, priorizando a medicina curativa e
ignorando a saúde coletiva, dessa forma as endemias e epidemias voltavam a ter
destaque nos indicadores de saúde.
Os problemas de saúde pública se tornavam cada vez mais graves, pois os
trabalhadores que não possuíam carteira assinada não eram atendidos, havia
desvios de verbas para realizar obras do governo federal, não existia repasse de
recursos da união para a previdência e foi tentando minimizar esta problemática que
surgiu o sistema Médico-Industrial que posteriormente se transformou no INAMPS –
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, no ano de 1978 e em
1981 ficou ligado ao CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde
Previdenciária, com o objetivo de conter custos e combater os desvios do governo,
propondo um modelo médico-assistencial que começa a ser inserido com o aumento
da produtividade do sistema, melhorando a qualidade da atenção dando origem a
um sistema de auditoria médico-assistencial, o que não foi fácil, pois a Federação
Brasileira de Hospitais via no CONASP uma forte oposição, pois para a Federação o
CONASP significava a perda da hegemonia no sistema de saúde. (CONASS, 2007)
É a partir de 1974, com o Governo de Ernesto Geisel (1974-1979) que o Brasil
começa a caminhar para democracia. Geisel dá início a uma abertura política, dando
espaço à oposição, um marco do governo Geisel é o fim do AI-5 e a restauração do
habeas-corpus, devolvendo a democracia ao país.(BRAVO 2007)
Bravo (2009) afirma que nos anos 80, surgiram novas discussões sobre a
condição de vida da população e a saúde assumiu uma dimensão política estando
diretamente relacionada com a democracia, e nesta nova luta estão inseridos os
profissionais da saúde, que defendiam o fortalecimento do setor público; o
movimento, que ampliou o debate sobre a saúde e a democracia; os partidos
23
políticos de oposição, que discutiam no Congresso sobre a política do setor e os
movimentos urbanos.
Em março de 1986, aconteceu em Brasília a 8° Conferencia Nacional de
Saúde, acontecimento que marcou a saúde no Brasil e teve como temática: “A
saúde como direito inerente a personalidade e à cidadania; reformulação do sistema
nacional de saúde e o financiamento setorial”. Os debates estabelecidos na 8°
Conferência possuíram uma dimensão muito maior do que todos os debates
anteriores, pois na 8° conferencia além da participação dos fóruns específicos
(Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO, Centro Brasileiro de Estudos
de Saúde - CEBES, medicina preventiva, saúde pública) houve também a
participação de entidades que representavam moradores, sindicatos, partidos
políticos, associações de profissionais e parlamento, não trazendo apenas a
proposta do sistema único, mas também a Reforma Sanitária. (BRAVO, 2009.)
A 8° conferência buscou fortalecer o setor público universalizando o
atendimento, reduzindo a presença do setor privado na saúde, descentralizando a
política de saúde e a execução dos serviços, trazendo melhorias das condições de
saúde da população originando posteriormente (1988) o Sistema Único de Saúde
que é uma estratégia da reforma sanitária, voltado para a população, resgatando o
compromisso do Estado com o bem-estar social, compromisso este que se perdeu
desde as medidas Campanhistas quando a saúde já possuía um caráter curativo e
não preventivo. (BRAVO, 2009.)
Com a promulgação da constituição de 1988 teremos a definição do Sistema
único de saúde (SUS), mas apenas em 19 de setembro de 1990 através da Lei
8.080 que o SUS é definido como um modelo operacional pois apesar do SUS ter
sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi regulamentado em 19 de
setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta lei define o modelo operacional do
SUS, a partir daí já se pode perceber que o SUS está voltado para todos os
cidadãos independente da classe social, o SUS é constitucional.
A Lei 8.080 define, em seu artigo segundo, a saúde como um direito
fundamental do ser humano, caracterizando como dever do Estado promover as
condições indispensáveis para a promoção da saúde, devendo o Estado reformular
as políticas econômicas e sociais afim de reduzir o risco de doenças e de seus
agravos, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de
promoção, proteção e recuperação da saúde. O parágrafo terceiro, da mesma lei,
24
estabelece a alimentação, moradia, saneamento básico, transporte, meio ambiente,
trabalho, renda, educação e lazer como fatores determinantes e condicionantes para
os níveis de saúde da população, ou seja, os fatores acima sitados podem influir
direta ou indiretamente na saúde da população, sendo necessário abordar o tema
saúde a partir da coletividade e do bem estar físico, mental e social.
Conforme (BRASIL, 2011.) As políticas públicas de saúde funcionam de acordo
com a Constituição Federal de 1988, segundo os princípios que regem o SUS,
universalidade, equidade e integralidade. A eqüidade diz respeito ao acesso às
ações e serviços e pelas diretrizes de descentralização da gestão, a integralidade
funciona no atendimento, na participação da comunidade e na organização de um
Sistema Único De Saúde no território nacional, tal sistema é universal e de acordo
com a Constituição Federal de 1988 é dever do Estado garantir a saúde a toda a
população.
O sistema de saúde é administrado democraticamente e com a participação da
sociedade organizada por isso a sua descentralização, tal descentralização é o
processo de transferência de responsabilidades e prerrogativas de gestão para os
estados e Municípios, definindo atribuições comuns e competências específicas à
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. O financiamento dos
recursos se dá com a participação de recursos do orçamento de seguridade social4,
da União, dos Estados e Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios, na qual
prevê mudanças significativas nas relações de poder político e na distribuição de
responsabilidades entre o Estado e a sociedade, e entre os distintos níveis de
governo – nacional estadual e municipal, cabendo aos gestores setoriais papel
fundamental na concretização dos princípios e diretrizes da reforma sanitária
brasileira.(BRASIL, 2011.)
A seguridade social na Constituição brasileira de 1988 é um conjunto integrado de ações do Estado e da sociedade voltadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, incluindo também a proteção ao trabalhador desempregado, via seguro-desemprego. Pela lei, o financiamento da seguridade social compreende, além das contribuições previdenciárias, também
4 A expressão “segurança social’ é aqui usada para designar a garantia de um rendimento que substitua os
salários, quando se interrompem estes pelo desemprego, por doença ou acidente, que assegure a aposentadoria na velhice, que socorra os que perderam o sustento em virtude da morte de outrem e que atenda a certas despesas extraordinárias, tais como as decorrentes do nascimento, da morte e do casamento. Antes de tudo, segurança social significa segurança de um rendimento mínimo; mas esse rendimento deve vir associado a providências capazes de fazer cessar, tão cedo quanto possível, a interrupção dos salários. (SALVADOR, 2010, p.16, apud, BEVERIDGE, 1943, p.189.)
25
recursos orçamentários destinados a este fim e organizados em um único orçamento. (SALVADOR, 2010, p. 164)
De acordo com a Coletânea de Leis Serviço Social (2005) o SUS realiza ações
de promoção proteção e recuperação da saúde, além disso o SUS também organiza
o funcionamento destes serviços, tais serviços são financiados através dos impostos
e contribuições sociais pagos pela população, compondo assim os recursos
Federais, Estaduais e Municipais.
No que diz respeito às competências de cada esfera, o SUS define que a
esfera federal, é responsável pelas formulações de políticas nacionais,
planejamento, normalização, avaliação e o controle a nível nacional; a esfera
estadual é responsável pela formulação da política estadual de saúde, e a
coordenação e o planejamento do sistema a nível de estado; ao município, cabe a
formulação da política municipal de saúde, a provisão das ações e serviços de
saúde. (BRASIL, 2011.)
Falar de saúde é ir além da ausência de doença, segundo a VIII Conferência
Nacional de Saúde, que aconteceu em 1986, a saúde é o resultado das condições
de alimentação, trabalho, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.
Entretanto, a proposta de saúde construida na década de 80, com bases na luta
sanitarista está sendo deconstruida e se vinculando com o mercado (modelo
privatista) que investe em uma política de saúde curativa, reduzindo os
investimentos na rede básica de saúde e ampliando os investimentos na média e
alta complexidade, além de incentivar convenios com hospitais particulares
destinando parte dos seus leitos para os pacientes do SUS, como é o caso do
Hospital Memorial, e que iremos trabalhar no decorrer deste trabalho.
2.2 SERVIÇO SOCIAL E SEU DIÁLOGO NA SAÚDE
O Serviço Social surgiu entre as décadas de 1920 a 1945 no Brasil, com
influência europeia e com apenas algumas escolas voltadas para a saúde, devido
algumas demandas do setor. Sendo também, segundo Iamamoto (2011),o momento
em que as escolas de Serviço Social se multiplicam na Europa, devido aos grandes
movimentos operários de 1917 a 1921, dando visibilidade à questão social e a
26
necessidade de buscar soluções para resolver ou diminuí-las. Iamamoto (2011) em
seu livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, relata que as primeiras
instituições assistenciais surgem neste momento, sendo a primeira no Rio de
Janeiro, em 1920, a Associação das Senhoras Brasileiras, aproximadamente três
anos depois, em 1923, surge em São Paulo a Liga das Senhoras Católicas, estas
instituições possuíam em suas obras o nome de famílias da burguesia paulista e
carioca, e algumas vezes a militância feminista. Segundo Iamamoto (2011) tais
instituições surgiram dentro de um contesto de atender e minimizar as sequelas do
desenvolvimento capitalista, este período também se caracterizou pela inclusão da
mulher á força de trabalho urbana, sendo não apenas características das famílias
operárias, mas atingindo também uma parcela da burguesia.
É a partir do Movimento Laico que os movimentos embrionários vão se
multiplicar e dar forma ao apostolado social, sendo neste momento elemento
humano e a base organizacional que possibilitarão o surgimento do Serviço Social, a
partir da misturas das antigas obras sociais e dos novos apostolados sociais, em
especial os que interviam junto ao proletariado. (IAMAMOTO, 2011)
Em 1932 surge o CEAS – Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo,
considerado uma manifestação original do Serviço Social no Brasil, dando maior
apoio às iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes
paulistas, o CEAS possui como objetivo promover a formação de seus membros
com bases na doutrina social da igreja, com fundamentos formação doutrinária e no
conhecimento aprofundado dos problemas sociais, segundo Iamamoto (2011).
É a partir de 1945 devido ao término da 2° Guerra Mundial e a mudança da
influência europeia para a influência norte-americana que a saúde passa a ser o
setor que mais absorve assistentes sociais, e a ação do profissional nesta área se
intensifica cada vez mais a partir do surgimento do novo conceito de saúde, criado
em 1948, que focaliza os aspectos biopsicossociais dando ênfase ao trabalho em
equipe multidisciplinar, ampliando a abordagem na saúde e trabalhando não apenas
a forma curativa, mas também preventiva e educativa. (BRAVO, 2004)
Foi a partir 1980, que o debate teórico no Serviço Social se ampliou na área da
saúde incorporando fundamentos do maxismo e com o fortalecimento da reforma
sanitária que já vinha se estruturando desde a década de 70 e teve como divisor de
águas a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, em Brasília e em
seguida a Constituição Federal de 1988. A década de 80 é de fato uma década de
27
extrema importância para o Serviço Social visto que os profissionais desta época se
inserem no processo de renovação da profissão, sendo possível observar uma
postura crítica dos trabalhos em saúde apresentados nos Congressos Brasileiros de
Assistentes Sociais de 1985 e 1989; a apresentação de alguns trabalhos nos
Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva. (BRAVO, 2004)
Porém é na metade dos anos 90 que o projeto da Reforma Sanitária se
consolida e a partir daí fica mai nítido a existencia dois projetos em disputa o projeto
sanitarista e o projeto privatista. Enquanto, o projeto da reforma sanitária exige como
demandas que o assistente social: busca de democratização do acesso as unidades
e aos serviços de saúde, atendimento humanizado, estratégias de interação da
instituição de saúde com a realidade, interdisciplinaridade, ênfase nas abordagens
grupais, acesso democrático às informações e estímulo a participação cidadã; o
projeto privatista exige que o assistente social realize: seleção sócio-econômica dos
usuários, atuação psico-social através de aconselhamento, ação fiscalizatória aos
usuários dos planos de saúde, assistencialismo através da ideologia do favor e
predomínio de práticas individuais. (BRAVO, 2004)
É Importante destacar que o reconhecimento do Serviço Social na área da
saúde foi legitimada a partir da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº
218, do dia 6 de março de 1997, reconhecendo a categoria de assistentes sociais
como profissionais de saúde e, posteriormente, à Resolução CFESS nº 383, de 29
de março de 1999.
Na área da saúde o Serviço social também é norteado pelos deveres e direitos
existentes no código de ética do Serviço Social e na lei que regulamenta a profissão,
o que deve ser respeitado não apenas pelos profissionais da área, mas também
pelas instituições empregadoras. O assistente social atua nas diferentes políticas
sociais e age no reconhecimento da questão social como seu objeto de estudo e de
trabalho, por isso o assistente social necessita de uma formação crítica,
proporcionando melhor leitura da realidade, identificando as condições de vida da
sociedade civil e o papel do Estado, dessa maneira trabalha lutando e fortalecendo a
organização dos trabalhadores em defesa dos seus direitos e também na construção
coletiva em conjunto com os sujeitos envolvidos gerando estratégias políticas para
modificar a realidade e garantir a ampliação dos direitos.(CFESS, 2010.)
O serviço social, com base em Iamamoto (2011), no cenário atual ele tem
como desafio redescobrir alternativas e possibilidade para a sua atuação
28
profissional, traçando propostas que enfrentem a questão social. Apontar
possibilidades de enfrentamento da questão social é uma tarefa que localiza o
serviço social na dinâmica das relações entre Estado e sociedade civil, movendo o
profissional para junto da população assistida.
Na saúde, orientado pelos Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais
para a Política de Saúde, o profissional atua em quatro grandes eixos: a)
atendimento direto aos usuários; b) mobilização, participação e controle social; c)
investigação, planejamento e gestão; d) assessoria, qualificação e formação
profissional (CFESS, 2010, p.41). Tais eixos não existem individualmente, eles só
funcionam quando estão interligados, toda a explicação acerca dos eixos é baseada
nos Parâmetros para atuação do assistente social na área da saúde.
No que se refere ao atendimento aos usuários, concretiza-se nos diversos
espaços de atuação, desde a atenção básica, até a média e alta complexidade, na
rede de serviços, pública e/ou privada. Predominam as ações socioassistenciais,
interdisciplinares e sócioeducativas, de atendimento direto e articuladas entre si.
As ações sócio-educativas se caracterizam como a principal demanda do
serviço social, visto que a partir da implementação do SUS nos anos 1990, começa
a originar novas formas de organização do trabalho na área da saúde, cabendo ao
assistente social potencializar a orientação social visando à ampliação do acesso
aos direitos sociais, tanto do indivíduo quanto da coletividade.
Dentro das ações socioeducativas temos as ações de articulação com a equipe
de saúde,que defende a interdisciplinaridade como um caminho a ser trilhado no
trabalho na saúde. Tal interdisciplinaridade irá aproximar a equipe possibilitando que
os profissionais tomem conhecimento das atividades que são próprias do serviço
social, evitando que os assistentes sociais realizem atividades que não suas e
viabilizando um reconhecimento dos profissionais da equipe acerca da atuação do
assistente social.
As ações voltadas para a mobilização e participação social de usuários,
familiares, trabalhadores de saúde e movimentos sociais em espaços democráticos
de controle social e na luta pela garantia do direito à saúde buscam contribuir na
organização dos usuários, sujeitos políticos, a fim de reivindicar seu lugar na
agenda pública da saúde e nos espaços que visam democratizá-la. A ouvidoria no
SUS é um canal criado para comunicação dos usuários com a rede, possibilitando a
articulação o cidadão e a gestão dos serviços de saúde, com a finalidade de
29
aperfeiçoar os serviços prestados. A ouvidoria recebe denuncias, elogios e
sugestões, afim de encaminha-los para os órgãos competentes. Além da ouvidoria,
ainda no aspecto de mobilização e participação social, temos os movimentos sócias
que visam fortalecer os fóruns e os conselhos, a partir de discussões acerca da
política de saúde e das alternativas que podem ser tratadas para a garantia de
direitos, porém esta mobilização social não acontece apenas pela vontade do
assistente social, pois quando se trata de acesso aos direitos existe sempre uma
correlação de forças.
O terceiro eixo relaciona-se ao conjunto de ações voltadas para o
fortalecimento da gestão democrática e participativa capaz de produzir, em equipe e
intersetorialmente, a gestão em favor dos usuários e trabalhadores de saúde, na
garantia dos direitos sociais. Implica também no planejamento dos processos de
trabalho, nas novas formas de organizar as práticas de saúde.a participação do
assistente social nos espaços de planejamento e gestão tem como norte o projeto
ético-político profissional, que prevê as seguintes ações:
• elaborar planos e projetos de ação profissional para o Serviço Social com a participação dos assistentes sociais da equipe; • contribuir na elaboração do planejamento estratégico das instituições de saúde procurando garantir a participação dos usuários e demais trabalhadores da saúde inclusive no que se refere à deliberação das políticas; • participar da gestão das unidades de saúde de forma horizontal, procurando garantir a inserção dos diversos segmentos na gestão; • elaborar o perfil e as demandas da população usuária através de documentação técnica e investigação; • identificar as manifestações da questão social que chegam aos diversos espaços do Serviço Social por meio de estudos e sistema de registros; • realizar a avaliação do plano de ação por meio da análise das ações realizadas pelo Serviço Social e pela instituição (em equipe) e os resultados alcançados; • participar nas Comissões e Comitês temáticos existentes nas instituições, a saber: ética, saúde do trabalhador, mortalidade materno-infantil, DST/AIDS, humanização, violência contra a mulher, criança e adolescente, idoso, entre outras, respeitando as diretrizes do projeto profissional do Serviço Social; • realizar estudos e investigações com relação aos determinantes sociais da saúde; • identificar e estabelecer prioridades entre as demandas e contribuir para a reorganização dos recursos institucionais por meio da realização de pesquisas sobre a relação entre os recursos institucionais necessários e disponíveis, perfil dos usuários e demandas (reais e potenciais); • participar de estudos relativos ao perfil epidemiológico e condições sanitárias no nível local, regional e estadual;
30
• realizar investigação de determinados segmentos de usuários (população de rua, idosos, pessoas com deficiências, entre outros), objetivando a definição dos recursos necessários, identificação e mobilização dos recursos existentes e planejamento de rotinas e ações necessárias; • fortalecer o potencial político dos espaços de controle social por meio de estudos em relação aos mesmos a fim de subsidiá-los com relação às questões enfrentadas pelos conselhos na atualidade; • participar de investigações que estabeleçam relações entre as condições de trabalho e o favorecimento de determinadas patologias, visando oferecer elementos para a análise da relação saúde e trabalho; • realizar estudos da política de saúde local, regional, estadual e nacional; • fornecer subsídios para a reformulação da política de saúde local, regional, estadual e nacional, a partir das investigações realizadas; • criar estratégias e rotinas de ação, como por exemplo fluxogramas e protocolos, que visem a organização do trabalho, a democratização do acesso e a garantia dos direitos sociais; • integrar a equipe de auditoria, controle e avaliação, visando a melhoria da qualidade dos serviços prestados, tendo como referência os projetos da reforma sanitária e o ético político profissional; • sensibilizar os gestores da saúde para a relevância do trabalho do assistente social nas ações de planejamento, gestão e investigação.
(CFESS, 2010, p 38) O último eixo envolve as atividades de assessoria, qualificação e formação
profissional visando o aprimoramento profissional, tendo como objetivo a melhoria da
qualidade dos serviços prestados aos usuários. Traz a necessidade da educação
permanente dos trabalhadores de saúde, da gestão, dos conselheiros de saúde,
líderes comunitários, estudantes da área da saúde e residentes, campos de estágio,
e outros. Ressalta o trabalho interdisciplinar, ao encontro das ações da promoção,
prevenção e recuperação da saúde, em oposição ao trabalho fragmentado e
centrado em um único saber. As principais ações deste eixo, com base no
documento CFESS (2010), são:
fortalecer o controle democrático por meio da assessoria aos conselhos de saúde, em todos os níveis; • formular estratégias coletivas para a política de saúde da instituição como para outras esferas por meio da organização e coordenação de seminários e outros eventos; • criar campos de estágio e supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social e estabelecer articulação com as unidades acadêmicas; • participar ativamente dos programas de residência, desenvolvendo ações de preceptoria, coordenação, assessoria ou tutoria, contribuindo para qualificação profissional da equipe de saúde e dos assistentes sociais, em particular; • participar de cursos, congressos, seminários, encontros de pesquisas, objetivando apresentar estudos, investigações e
31
realizadas e troca de informações entre os diversos trabalhadores da saúde; • participar e motivar os assistentes sociais e demais trabalhadores da saúde para a implantação / implementação da NOB RH / SUS, nas esferas municipal, estadual e nacional; • qualificar o trabalho do assistente social e/ou dos demais profissionais da equipe de saúde por meio de assessoria e/ou educação continuada; • elaborar plano de educação permanente para os profissionais de Serviço Social bem como participar, em conjunto com os demais trabalhadores da saúde, da proposta de qualificação profissional a ser promovida pela instituição; • criar fóruns de reflexão sobre o trabalho profissional do Serviço Social bem como espaços para debater a ação dos demais profissionais de saúde da unidade; • assessorar entidades e movimentos sociais, na perspectiva do fortalecimento das lutas em defesa da saúde pública e de qualidade. (p.40)
Nesse sentido, o serviço social também se insere no âmbito hospitalar –
instituições privadas, onde tem a possibilidade de desenvolver um trabalho em
equipe, junto a outras categorias profissionais na área da saúde, como veremos no
próximo capitulo.
32
3 UM OLHAR SOBRE A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO HOSPITAL MEMORIAL
Neste capitulo iremos falar um pouco sobre a equipe multiprofissional do
Hospital Memorial, dividindo o assunto em dois subtítulos: o primeiro trata sobre a
caracterização institucional, situando o leitor acerca do funcionamento da instituição
e de suas características, uma vez que, tais informações foram adquiridas a partir da
vivencia na instituição durante o estágio Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN, pois tive a oportunidade de presenciar a atuação da assistente social
junto à equipe multiprofissional de maneira geral e foram momentos que agregaram
grande conhecimento.
O segundo e o terceiro subtítulo são pautados nas entrevistas realizadas na
instituição, com os profissionais da equipe e com as assistentes sociais. O segundo
ressalta a importância do serviço social na equipe multiprofissional, bem como sua
importância na optica da equipe multiprofissional. No terceiro podemos ter uma
análise mais completa de como o assistente social compreende o seu papel dentro
da equipe multiprofissional.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE PESQUISA
A Clínica Ortopédica e Traumatológica de Natal LTDA, nome fantasia Hospital
Memorial, localizado na Avenida Juvenal Lamartine Nº. 979, no bairro do Tirol,
Contato: (84) 3133-4200, é uma instituição médica de caráter privado, é conveniado
nos mais diversos planos de saúde, atendimento particular, Seguro de Danos
Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT como
também é conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) ao qual está destinado
80% dos seus leitos, resultando em um hospital privado conveniado ao SUS, ou
seja, seus funcionários trabalham de acordo com a politica de saúde, porém seu
empregador é uma empresa privada.
A instituição atende média e alta complexidade e para entender o que significa
esse nível de complexidade é bom entender primeiramente o que significa atenção
33
primária. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2011) a
atenção primária é o primeiro nível da atenção à saúde no SUS, na atenção primária
não é necessário alta tecnologia, são procedimentos menos complexos, porém
capazes de atender a maioria dos problemas de saúde que são comuns na
comunidade, ou seja, a atenção primária é considerada uma base orientadora do
sistema de saúde, sendo preferencialmente a porta de entrada para ter acesso aos
demais serviços de saúde do SUS.
Ainda segundo o CONASS (2011) entende-se por média complexidade ações
que atendem os principais problemas de saúde da população, o qual a
complexidade demande de profissionais especializados e de recursos tecnológicos
para auxiliar no diagnóstico e no tratamento e a alta complexidade demanda de uma
tecnologia ainda maior e alto custo do que a média complexidade, ou seja, é um
conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto
custo, com objetivo de proporcionar à população acesso a serviços qualificados, tais
serviços se integram com os demais níveis de atenção à saúde, de acordo com o
SUS de A a Z (2004) apud CONASS (2007), são atividades de alta complexidade:
assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos
procedimentos de diálise);
• assistência ao paciente oncológico; • cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; • procedimentos da cardiologia intervencionista; • procedimentos endovasculares extracardíacos; • laboratório de eletrofisiologia; • assistência em tráumato-ortopedia; • procedimentos de neurocirurgia; • assistência em otologia; • cirurgia de implante coclear; • cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; • cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; • procedimentos em fissuras lábio-palatais; • reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; • procedimentos para a avaliação e o tratamento dos transtornos respiratórios do sono; • assistência aos pacientes portadores de queimaduras; • assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); • cirurgia reprodutiva; • genética clínica;
34
• terapia nutricional; • distrofia muscular progressiva; • osteogênese imperfecta; • fibrose cística e reprodução assistida.
O hospital atua na área da Ortopedia/ traumatologia e clinica médica neurologia
atendendo usuários com fratura com indicação cirúrgica, em sua maioria são
pacientes do sexo masculino com a idade media entre 18 e 45 anos de idade,
vítimas de acidentes automobilísticos, onde vários apresentam um diagnostico de
fratura do fêmur, na qual necessita da realização de cirurgias.
Conforme informações produzidas na instituição a Clínica Ortopédica e
Traumatológica de Natal LTDA tem como missão, contribuir para a qualidade de vida
do cidadão e da comunidade, observando, em nível de excelência ações de saúde,
voltadas a prevenção e assistência, nas áreas de trauma, saúde do trabalhador,
criança e idoso.
As ações de acolhimento e humanização tecem uma rede de confiança e
solidariedade entre as pessoas, além da integração das equipes de profissionais e
entre esses os usuários, o acolhimento reorganiza o processo de trabalho
melhorando o serviço de saúde devido o processo de escuta, que identifica os riscos
e as vulnerabilidades, é essa articulação na rede que permite um resultado melhor e
um bem-estar ao usuário. Por isso a instituição considera importante receber o
usuário como sujeito ativo no processo de produção da saúde.
O hospital é um prédio de sete andares, que abrange média e alta
complexidade, dispõe de 63 leitos entre enfermarias e apartamentos bem equipados
e estruturados, dispõe de UTI Adulta, de uma enfermaria com alas para adultos e
alas pediátricas, e tem em suas especialidades; Clínica cirúrgica
(ortopediatria/traumatologia e neurologia) e Clínica médica.
O Pronto Socorro está capacitado e equipado para atender casos de urgência
e emergência com plantão de 24 horas, oferecendo serviços em Ortopedia. Dentre
os serviços oferecidos, no hospital destacamos: Cirurgia da Mão, Cirurgia do
Aparelho Digestivo, Cirurgia Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Cirurgia
Torácica, Clínica Médica, Coloproctologia, Infectologia, Neurocirurgia, Neurologia,
Ortopedia e Traumatologia, Pediatria, Pneumologia, Urologia.
Muitos dos usuários que chegam à instituição residem no interior do Estado,
são demanda espontânea, através do seguro DPVAT ou após terem procurado o
hospital estadual Walfredo Gurgel ou outros hospitais regionais e serem
35
encaminhados para o Memorial. Os pacientes jovens e do sexo masculino em sua
maioria são vitimas de acidentes automobilísticos, com faixa etária dos 18 aos 45
anos, já os idosos são maioria do sexo feminino, com faixa etária dos 50 aos 80
anos e vítimas de acidentes domésticos e/ou quedas. É importante destacar que as
quedas são também a mesma causa da entrada da maioria das crianças no hospital.
Todo paciente que chega ao hospital é registrado no programa interno,
SMART, onde são colocados seus dados pessoais, telefone para contato do
paciente e dos familiares responsáveis, dados do médico responsável pelo
tratamento, convênio utilizado, data da internação, procedimento médico realizado,
leito no qual o paciente será internado. Além dessas informações, o sistema também
é utilizado para marcar cirurgias eletivas, ter acesso à agenda dos médicos que
atendem na instituição. para organizar o financeiro realizando orçamentos e
faturamento dos convênios, e para a manutenção dos suprimentos solicitando os
materiais do estoque através do sistema.
Como podemos perceber o Hospital Memorial é uma instituição privada
conveniada ao SUS, e este convenio acontece com base na Lei 8.080/90, no artigo
4° parágrafo segundo, que diz que “iniciativa privada poderá participar do Sistema
Único de Saúde - SUS, em caráter complementar”, porém este caráter
complementar abrange 80% dos leitos do hospital o que faz com que a equipe
multiprofissional possua características bem significativas, já que é uma instituição
privada que funciona, na maioria dos atendimentos, com base nos princípios do
SUS, este contexto também diferencia no exercício profissional do assistente social,
que ao mesmo tempo que trabalha com base nos princípios do SUS, seu trabalho é
regido pelas normas da empresa que a emprega, ou seja, uma empresa privada. É
devido a este contexto no qual se enquadra a instituição, que realizamos uma
entrevista pra traçar o perfil da equipe multiprofissional. Tal perfil começará a ser
descrito a partir do próximo item.
3.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL MEMORIAL, BEM COMO A SUA IMPORTÂNCIA, NA OPTICA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL.
Toda a explicação a seguir a cerca do Hospital Memorial e do Serviço Social
na unidade foi baseada em Araújo (2013). Foi reconhecendo a importância do
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Serviço Social na área da saúde que o assistente social foi inserido no Hospital
Memorial desde sua fundação, na perspectiva de contribuir com a equipe de saúde
que integra a instituição. O trabalho é desenvolvido por duas assistentes sociais que
trabalham de segunda à sexta-feira respeitando as 30 horas semanais e dispõem de
uma sala para atender os usuários. São realizadas visitas diárias às enfermarias,
além do trabalho de orientações acerca Previdência, Documentações, Autorizações
de Exames, encaminhamentos interno ou externo dentre outros,como já trabalhamos
anteriormente.
Os usuários do Serviço Social são pessoas de ambos os sexos, que varia
entre adultos, crianças, adolescentes necessitando de informações quanto aos seus
direitos.
Deve-se ressaltar que existe uma maior incidência de pacientes idosos,
vítimas de queda, apresentando maior índice de fratura de fêmur, uma vez que
dispõem de pouca coordenação motora. Quanto aos jovens, em sua maioria
sofreram acidentes automobilísticos, com maior incidência em motocicleta, ou foram
vítimas de algum tipo de violência, em brigas ou com armas de fogo. Portanto, são
estes usuários do Serviço Social, que são assistidos na instituição através de Planos
de Saúde, particulares ou do Sistema Único de Saúde - SUS, com o qual o hospital
mantém convênio.
Com relação às atividade desempenhadas pelo Assistente Social destacamos
as mais frequentes de acordo com as informações coletadas na instituição:
Esclarecimento dos direitos garantidos pelo SUS; Orientação social às família e
preparação do pacientes em relação a alta hospitalar; Autorização de termo para
amputação de membros; Visita às enfermarias, apartamentos, Pronto Socorro e UTI;
Viabilização de exames fora do hospital; Informações de normas e condutas do
hospital; Aquisição de ambulância Pública e privada para remoção do paciente, seja
para casa ou para outra unidade de saúde; Fornecimento de autorizações diversas
(visitas extras, liberação de algum equipamento como por exemplo ventiladores, ou
colchões de ar.); Declaração para acompanhantes; Liberação de alimentos para
acompanhantes que estão amparados pelo ECA (Estatuto da Criança e
Adolescente), Estatuto do Idoso e outras situações especiais, pacientes psiquiátrico,
portador de necessidades especiais.
A atuação do assistente social junto aos acompanhantes do Hospital Memorial
é no sentido de esclarecê-los quanto às normas, rotinas da instituição e orientação
37
dos direitos dos pacientes e deveres destes para com o hospital. O Assistente Social
participa da equipe multidisciplinar no momento da comunicação do óbito do
paciente junto à família, orientando-os sobre o sepultamento, documentação
necessária para retirada do atestado de óbito junto ao cartório responsável e quando
o óbito é encaminhado ao ITEP (Instituto Técnico e Científico de Polícia).
Quando necessário, o assistente social prepara relatório social para o
Ministério Público em defesa da saúde do idoso, da criança e adolescente. Os
desafios enfrentados por este profissional são justamente no que diz respeito à
burocratização dos convênios, dentre eles o SUS, por ser a demanda maior do que a
oferta (poucos leitos e muitos pacientes), além da relação entre funcionários x
pacientes, no que diz respeito aos direitos dos usuários.
A intervenção da assistente social está ligada a uma atuação emergencial,
uma vez que as demandas da instituição necessitam de uma resposta imediata,
porém com enfoque voltado para um despertar de uma consciência no que se refere
ao direito do paciente enquanto cidadão, a assistência enfocada no âmbito da
instituição hospitalar deixar claro uma conduta voltada para a assistência do direito,
mesmo sabendo das dificuldades encontradas no cotidiano devido às expressões da
questão social e do conjunto de desigualdades existentes na sociedade capitalista.
Nesse modo de produção, tem se acentuando a prática curativa na área da saúde,
pois não é interessante para uma sociedade capitalista investir em promoção e
prevenção, se o mercado farmacêutico e suas práticas curativas são muito mais
interessantes.
No que diz respeito à relação do assistente social com os outros profissionais
que compõem a equipe de saúde do hospital foi possível notar alguns problemas
relacionados ao dialogo do serviço social com a equipe gerando alguns problemas
que modificam a maneira como a equipe enxerga a atuação dos profissionais na
instituição.
Com base em Pinho (2006), quando falamos em trabalho em equipe existem
várias definições, porém, existem pontos universais que baseiam a formação de uma
equipe, esses pontos são: desempenho coletivo, responsabilidade coletiva, tomada
de decisões coletiva, uso de habilidades e conhecimentos completares, porém,
Pinho (2006) resalta que em equipes de saúde é possível identificar a existência de
situações específicas ao setor, seriam essas especificidades: “dominância de um
discurso particular, resultando na exclusão de outro e falta de confiança
38
interprofissional resultante de relações de poder entre as profissões.” (PINHO, 2006,
p.4), essas especificidades da equipe de saúde podem ser percebidas ao longo
deste item, ao analisar as respostas da equipe multiprofissional.
O trabalho em equipe multiprofissional, segundo Peduzzi (2001):
O trabalho em equipe ocorre no contexto das situações objetivas de trabalho, tal como encontradas na atualidade, nas quais se mantêm relações hierárquicas entre médicos e não-médicos e diferentes graus de subordinação, ao lado da flexibilidade da divisão de trabalho e da autonomia técnica com interdependência. (p.6)
Ou seja, Peduzzi (2001) considera a possibilidade de uma equipe que seja
integrada, mesmo nas diversas situações entre diferentes profissionais, visto que,
como já foi dito anteriormente, a equipe multiprofissional é caracterizada pela
relação recíproca entre as diversas intervenções e interações entre os profissionais
de diferentes áreas, estabelecendo uma mediação afim de articular as ações, porém
opiniões e discurso divergentes podem comprometer a integração da equipe,
entretanto isso não acontece no Hospital Memorial, como veremos a seguir, a
equipe compartilha de opiniões semelhantes.
A partir das entrevistas centralizamos nossa análise em quatro pontos: O
lugar do serviço social na instituição, o que não é atribuição do assistente social, a
importância do assistente social na equipe e por fim, a falta que o serviço social faria
dentro da equipe.
O primeiro ponto teve respostas bem parecidas, quando foi perguntado sobre
o lugar que o serviço social ocupa na instituição, na óptica do entrevistado, as
respostas apontavam um lugar de importância, de destaque, deixando transparecer
uma imagem positiva. Como podemos perceber nas seguintes respostas:
Ocupa um lugar importante na organização. (Profissional da equipe 4) Ocupa um lugar de destaque, que resolve os problemas da assistência social.( Profissional da equipe 2) Auxiliar a equipe no tocante à parte administrativa e em relação aos familiares, ajudando em problemas relacionados a legislação e resguardando os direitos dos pacientes dentro da instituição hospitalar. (P Profissional da equipe 1)
Porém teve uma resposta que fugiu do padrão das respostas coletadas, nesta
fala o profissional não deu uma posição de tanto destaque:
Ocupa um lugar “mediano”, ele poderia ser melhor, mas não é muito atuante, pois as profissionais deixam muito a desejar. Por não ter assistente social no fim de semana as enfermeiras que tem que ligar
39
para o interior, dar orientação das normas hospitalares aos acompanhantes e aos pacientes. Se não existisse essa deficiência o serviço social seria mais “importante”, pois hoje há uma grande deficiência na atuação do serviço social, pela falta de profissionais no fim de semana e pela falta de “boa vontade” das Assistentes Sociais fazerem a visita, elas nunca passam em todos os leitos e a enfermagem sente essa carência. O serviço social deixa muito a desejar. As Assistentes sociais também não dialogam com a equipe, não pedem opinião, não há diálogo entre a equipe e o serviço social em nenhuma das partes o que deixa os profissionais mais distantes. (Profissional da equipe 3)
A partir da resposta deste primeiro ponto e durante toda a entrevista foi
possível perceber que as queixas em relação à execução do trabalho das
assistentes sociais eram voltadas para tarefas que não são atribuições da profissão,
alguns consideram a profissão importante e com um lugar de destaque ou de
importância, outro imagina que a profissão deixaria de ser um lugar mediano se
executasse melhor os seus afazeres, mas ambos associam o serviço social à
atividades que não são de sua competência. Um exemplo claro é a resposta do
profissional de medicina 2, ao ser perguntando sobre o que não é atribuição do
Serviço Social e ele respondeu: “Não existe, tudo o Serviço Social pode resolver.”.
Ou seja, a profissão adquiriu a característica de quem resolve tudo, é nítido
que a equipe não tem conhecimento de que no artigo 2°do código de ética que
regulamenta a profissão do serviço social, no qual afirma que o assistente social
possui ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar
serviços profissionais imcompatíveis com suas atribuições, cargos ou funções, ou
seja, a equipe não conhece a profissão do serviço social, não possui conhecimento
de suas atribuições e competências, muito menos que existe uma lei que
regulamenta a profissão, sendo assim o assistente social possui a característica de
um profissional que faz tudo, um resolvedor de problemas da instituição.
Podemos relacionar a maneira como os profissionais da equipe percebem o
assistente social, com a sua formação, pois eles possuem uma visão do serviço
social como caridade, seria a moça que está disposta a resolver tudo, logo, quando
o profissional se nega a fazer algo que não é a sua atribuição ele é visto de forma
negativa, como foi falado anteriormente pelo profissional 3, que caracterizou o
assistente social como um profissional que não é atuante e que sua ausência nos
fins de semana sobrecarrega a equipe de enfermagem.
Ou seja, o assistente social é útil e importante quando facilita o trabalho da
equipe de enfermagem fazendo de tudo um pouco, e os demais profissionais
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declararam que com exceção da parte médica, curativa, o assistente social está apto
a tudo, como podemos ver a seguir:
A parte médica (clínica, diagnóstico) não é vista como função do serviço social, pois o Assistente social não possui capacitação propedêutica e terapêutica para tal. (Profissional da equipe 1) Se meter na parte da enfermagem, determinar procedimentos, pois elas não tem competência tomar tal decisão. (Profissional da equipe 3) Se meter na área da saúde, nas coisas que competem a enfermagem e não à assistente social. Por exemplo: se meter no procedimento do técnico de enfermagem com o paciente, isso compete a enfermeira, pois é cada um com sua atribuição. (Profissional da equipe 4)
Também é bem perceptível que a equipe atribui ao assistente social tarefas
que qualquer um da equipe poderia realizar. Tal desconhecimento acerca das
atribuições do assistente social é uma evidencia de que a equipe não dialoga acerca
de sua atribuições, uma vez que no caso do serviço social, os princípios
fundamentais do código de ética versam sobre:
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; Código de Ética Princípios Fundamentais; VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero; IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as; X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à
41
população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física. (BRASIL, 1993, p 24)
Se houvesse um conhecimento sobre este trecho do código de ética, teríamos
repostas bem diferentes em todas as questões, mesmo sabendo que este trecho
apresenta apenas o básico sobre o exercício do assistente social, já possibilitaria um
conhecimento sobre a profissão. Infelizmente o não conhecimento sobre o serviço
social impede a equipe de perceber a real importância do serviço social na área da
saúde, atribuímos isso não apenas a falta de diálogo nas equipes, mas como foi
possível analisar, temos na equipe profissionais a partir formados na década de
1950, ou seja, eles ainda possuem uma visão do serviço social caritativo, de
benevolência, temos apenas o profissional 4.
No terceiro ponto só se intensifica a importância da execução de tarefas
como: marcação de consultas, comunicado da alta hospitalar, solicitar ambulância,
exames e demais atividades que já foram citadas anteriormente, sendo possível
identificar tais necessidades na resposta do último ponto. As falas do terceiro ponto
reconheciam que o serviço social é o profissional correto e competente para
resguardar o direito dos pacientes e familiares, bem como alguns encaminhamentos
e informações ( previdência, auxilio doença por exemplo) o assistente social possui
maior conhecimento, como é possível identificar nas respostas dos profissionais de
medicina 1 e 2:
Como havia citado na primeira pergunta: auxiliar a equipe no tocante à parte administrativa e em relação aos familiares, ajudando em problemas relacionados a legislação e resguardando os direitos dos pacientes dentro da instituição hospitalar, pois muitas vezes o paciente e seus familiares são alheios dos direitos como pacientes e cidadãos, principalmente o direito à autonomia, direito dos idosos, crianças, deficientes, pois as vezes a instituição não está preparada e o Serviço Social entraria para resguardar estas diretrizes. (Profissional da equipe 1) É de fundamental importância. Ela resolve os problemas dos pacientes e dos familiares. (Profissional da equipe 2)
É possível perceber que a importância do serviço social se dá apenas na parte
assistencial, não há conhecimento acerca das atribuições e competências do serviço
social na saúde em nenhum momento da entrevista foi falado por algum entrevistado
sobre o assistente social ser um profissional capacitado para executar ações sócio
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educativas, que inclusive seriam muito importantes, visto que o assistente social tem
competência para trabalhar desenvolvendo as seguintes atividades:
• sensibilizar os usuários, sobre direitos sociais, princípios e diretrizes do SUS, rotinas institucionais, promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de grupos socioeducativos; • democratizar as informações da rede de atendimento e direitos sociais por meio de ações de mobilização na comunidade; • realizar debates e oficinas na área geográfica de abrangência da instituição; • realizar atividades socioeducativas nas campanhas preventivas; • democratizar as rotinas e o funcionamento da unidade por meio de ações coletivas de orientação; • socializar informações e potencializar as ações socioeducativas desenvolvendo atividades nas salas de espera; • elaborar e/ou divulgar materiais socioeducativos como folhetos, cartilhas, vídeos, cartazes e outros que facilitem o conhecimento e o acesso dos usuários aos serviços oferecidos pelas unidades de saúde e aos direitos sociais em geral; • mobilizar e incentivar os usuários e suas famílias para participar no controle democrático dos serviços prestados; • realizar atividades de grupos com os usuários e suas famílias, abordando temas de interesse dos mesmos. (CFESS, 2009.)
Em momento nenhum foi ouvido alguma reclamação da equipe pelo serviço
social da instituição não realizar as atividades acima, as reclamações não existem
pelo simples fato de que não há conhecimento de que a assistente social possa
realizar atividades sócio educativas e não existe este tipo de atividade na instituição,
o que mais se aproxima é a distribuição do folheto explicativo do HEMONORTE
sobre a doação de sangue, este folheto as assistentes sociais passam nos leitos
distribuindo e informando sobre a necessidade da doação de sangue.
É pela falta de conhecimento que os profissionais avaliaram a importância do
serviço social apenas como o agente que resolve os problemas e deixou uma
observação de que se o serviço social funcionasse e tivesse diálogo com a equipe
sua atuação teria maior importância, como já haviamos notado na fala do
profissional 3, o qual considerava a atuação do assistente social importante quanto
“funcionava”, entretanto este “funcionar” está ligado a atribuições que não são dele,
podemos perceber também na seguinte fala:
Na hierarquia, tem coisas que o técnico não pode se meter. O assistente social está acima da enfermagem pois é ele quem liga pra ambulância, entra em contato com outros hospitais e resolve as coisas que a enfermagem não pode resolver. (Profissional da equipe 4)
A observação feita pelo profissional 3, mesmo sabendo que ele ver a atuação
da profissão apenas com a função de resolver problemas acerca de ambulância, alta
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hospitalar, entre outros, é importante lembrar que o bom diálogo da equipe facilitaria
para as assistentes sociais trabalharem sobre suas competências e atribuições junto
aos profissionais da instituição, tal diálogo também poderia modificar a
caracterização da equipe passando de multiprofissional para interdisciplinar além de
viabilizar uma percepção melhor acerca do serviço social, visto que, as criticas
acerca da atuação das assistentes sociais estavam pautadas em atividades que não
eram atribuições privativas do serviço social.
Por fim, o último ponto se referia a falta que o assistente social faria na
instituição. Todos concordaram que o assistente social faria falta, entretanto os
motivos foram diferentes, como podemos observar a seguir:
Com certeza! Por exemplo: chega um paciente com três acompanhantes de uma vez, imagine se não existisse assistente social? Como a equipe de enfermagem iria controlar? Ficaria um tumulto de gente no quarto atrapalhando o trabalho da equipe. O assistente social realiza o trabalho de controlar, ele controla e orienta, sem ele a equipe de enfermagem ficaria sobrecarregada. (Profissional da equipe 4) Faria. Pois muitas coisas que elas resolvem perderíamos perder muito tempo resolvendo, marcando exame, ligando para o interior, entrando em contato com a família. De segunda a sexta funciona bem, elas resolvem, mas nos fins de semana a equipe sente falta e acaba ficando mais sobrecarregada.( Profissional da equipe 3)
É possível perceber que os profissionais 3 e 4 não possuem nenhuma visão
acerca do acesso aos direitos que o assistente social pode viabilizar, diferente das
falas dos profissionais 1 e 2, como podemos observar a seguir:
Faria. No tratamento do paciente, da família, acerca do que ele tem direito, do que o Estado dá direito e o que não dá, são questões que o Serviço Social tem que está envolvido, pois ele tem mais conhecimento. (Profissional da equipe 2) Bastante! Faria falta em muitas coisas, como no acesso aos direitos pois a própria equipa multidisciplinar pode não conhecer e o serviço social ajuda muito neste sentido, já que a equipe de saúde fica muito focada no tratamento do paciente no que se refere a parte clinica e o serviço social auxilia a equipe nesta parte. (Profissional da equipe 1)
Analisando o conjunto de todas as respostas é possível perceber que a
imagem que os profissionais da equipe multiprofissional tem do serviço social na
instituição é bem parecida, porém os profissionais da medicina veem a assistente
social viabilizador de direitos, mesmo ainda associando ao profissional que resolve
tudo da assistência, já a equipe de enfermagem vê o serviço social como facilitador
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do trabalho deles, pois quando o serviço social não atua é a enfermagem que tem
que resolver o que de segunda a sexta é delegado à assistente social.
Durante este item foi discutido sobre a imagem do assistente social sob a
óptica da equipe multiprofissional, e durante todo o texto foram elencados problemas
acerca da atuação e da imagem que o assistente social tem na instituição. No
próximo item veremos como o assistente social se ver dentro da equipe, quais as
suas dificuldades e o porquê da equipe não conhecer o que realmente é o trabalho
de um assistente social dentro de um hospital.
3.3 COMO O ASSISTENTE SOCIAL COMPREENDE O SEU PAPEL DENTRO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Para entender como as assistentes sociais do Hospital Memorial
compreendem o seu papel dentro da equipe multiprofissional foram elaboradas cinco
questões, que deram origem a cinco pontos de análise, são eles: a importância do
assistente social na equipe, que não é atribuição do assistente social e ele realiza
no hospital, as mediações necessárias para garantir autonomia, como o profissional
imagina a opinião da equipe acerca do seu trabalho e de que maneira se dividem as
competências gerais dentro da instituição.
Para iniciarmos a nossa reflexão, sabemos que São deveres do assistente
social nas relações com os usuários, de acordo com o Capítulo I, Artigo 5º do
Código de Ética (1993):
a) Contribuir para viabilização da participação efetiva da população usuária nas decisões institucionais;
b) Garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e conseqüências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos usuários, mesmos sendo contrários aos valores e às crenças dos profissionais resguardados os princípios deste código;
c) Democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos usuários;
45
d) Devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses;
e) Informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro audiovisual e pesquisas, referente a elas e a forma de sistematização dos dados obtidos;
f) Fornecer a população usuária, quando solicitado, informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo serviço social e as suas conclusões resguardando sigilo profissional;
g) Contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os usuários no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados;
h) Esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional.
Porém o Hospital Memorial é um hospital de média e alta complexidade,
como já foi dito em capítulos anteriores, que possui 80% dos seu leitos destinados
ao SUS desafogando o Hospital Estadual Walfredo Gurgel. A rotina do hospital é
bastante acelerada, visto que eles necessitam liberar os leitos pois há uma grande
demanda de usuários de todo o Rio Grande do Norte. O fato da rotina ser acelerada
já faz com que os profissionais trabalhem apenas no que lhe compete, sem muitos
diálogos com a equipe, pois eles necessitam resolver de maneira rápida e eficiente
para que os usuários sejam tratados e novos usuários tenham acesso rápido ao
tratamento.
A falta de diálogo com a equipe foi um dos problemas apresentados pelos
profissionais acerca da relação com o serviço social, esta falta de diálogo está
relacionada ao caráter de urgência no qual os problemas tem que ser resolvidos e o
assistente social está incluído nessa urgência na resolução das demandas.
O artigo 5° do código de ética citado acima norteia muito bem a relação do
assistente social com os usuários. No nosso lócus de pesquisa, o problema começa
quando tudo que não é clinico é posto para o assistente social resolver, sendo
assim, falta tempo para trabalhar esclarecendo aos usuários objetivo do serviço
social, assim como todos os outros tópicos do artigo 5°.
Quando ao segundo ponto da nossa reflexão sobre o serviço social, o que
não é atribuição do assistente social e ele realiza no hospital, obtemos as seguintes
respostas:
Várias coisas. Chamar ambulância, chamar a família para comunicar o óbito, tudo que acontece mandam vir para a sala serviço social,
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declaração de comparecimento e de acompanhamento, em fim tudo o assistente social se não resolve tenta. (assistente social 1) As informações da alta hospitalar, e todo hospital que eu conheço e tenho colegas assistentes sociais que trabalham na saúde relatam que o assistente social que informa da alta, solicita ambulância, telefona para a família, é bem característico os hospitais delegarem isso como atribuição do serviço social, e aqui não é diferente. A questão do encaminhamento de materiais para biopsia, não é nossa atribuição mas eu tenho aceitado por ver a importância de ter alguém responsável que organize este material, envie para o laboratório e entre em contato com a família, então eu acabo me responsabilizando como uma maneira de garantir que será bem feito. (assistente social 2)
O assistente social passa mais tempo resolvendo o que não é atribuição e o
que deveria ser feito é deixado pra depois, visto que, as demandas das declarações,
alta hospitalar, encaminhamento para a biopsia, contato com ambulâncias da cidade
e do interior do estado, são demandas urgentes e que na hora da emergência.
A maneira do assistente social ganhar tempo para realizar suas atribuições se
resolveria de uma maneira rápida, se sentasse equipe e assistente social e
debatessem com bases nos parâmetros para a atuação de assistentes sociais na
saúde seria fácil perceber que não é atribuição do assistente social qualquer ação
que possua caráter técnico-administrativo ou que demande formação específica,
este ultimo foi encontrado na fala de alguns profissionais no item anterior, ou seja,
não é atribuição do assistente social, com base nos parâmetros para atuação do
assistente social na saúde:
marcação de consultas e exames bem como solicitação de autorização para tais procedimentos aos setores competentes;
solicitação e regulação de ambulância para remoção e alta;
identificação de vagas em outras unidades nas situações de necessidade de transferência hospitalar;
pesagem e medição de crianças e gestantes;
convocação do responsável para informar sobre alta e óbito;
comunicação de óbitos;
emissão de declaração de comparecimento na unidade quando o atendimento for realizado por quaisquer outros profissionais que não o Assistente Social;
montagem de processo e preenchimento de formulários para viabilização de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), medicação de alto custo e fornecimento de equipamentos (órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção) bem como a dispensação destes. (CFESS, 2010, p. 27)
É possível perceber que a equipe considera o trabalho do assistente social
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importante, porém não para a atividade correta, como foi possível perceber no trecho
dos parâmetros citados acima, tudo o que o assistente social faz de importante
dentro da instituição, na óptica da equipe, na verdade não é sua atribuição e
infelizmente as assistentes sociais sabem disso, é possível perceber na resposta do
quarto ponto de análise, que questiona como você acha que a equipe enxerga a sua
importância dentro da instituição, obtivemos as seguintes respostas:
Eu acho que enxergam como a pessoa que está pra resolver a questão das altas dos pacientes, mas acho que nos enxergam como pessoas pró ativas que estão para fazer mediações e resolver problemas. (assistente social 2)
Quando paciente entra e quando vai embora, eles veem como um agente facilitador da entrada e da saída do paciente. Infelizmente a equipe desconhece as atribuições do serviço social e eu pretendo trabalhar com isso a partir dos próximos estágios que eu orientar, pois infelizmente a rotina acelerada do hospital impossibilita dialogar com a equipe a cerca das competências do serviço social, e as intervenções que os estagiários realizam sempre são bem aceitas pelos profissionais, essa será minha estratégia futura para tentar dar maior visibilidade às competências do serviço social. (assistente social 1)
O que não podemos fazer é apenas culpabilizar o assistente social por não
esclarecer para a equipe o que é e o que não é sua atribuição. Devemos lembrar
que o Hospital Memorial é um hospital particular cujo 80% dos leitos estão
destinados ao SUS, ou seja, a assistente social trabalha com base no SUS, porém
ela obedece às ordens do seu empregador, isto precariza o trabalho, pois ela não
precisa se articular apenas com a equipe, visto que as ordens vêm de cima, logo o
empregador também necessita compreender a dimensão do serviço social dentro da
instituição.
Neste tensionamento de estar inserido em uma empresa privada podemos
analisar com base em Amaral e Cesar (2009) que existem limites postos ao
assistente social na esfera privada, e este limite está nas sua condições objetivas
de trabalho, porém ao mesmo tempo que existem limites existe também
possibilidades de intervenção, através da compreensão da realidade, elaborando
alternativas para serem implementadas junto ao seu empregador. É este diálogo que
se faz necessário para que seja adquirida a autonomia profissional e o assistente
social possa executar suas atribuições.
Porém foi identificado nas falas das assistentes sociais uma certa contradição,
quando foi perguntado quais tipos de mediações eram necessárias realizar para
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garantir a autonomia e a primeira resposta foi: “Não há correlação de forças, o
profissional é respeitado e consegue exercer seu trabalho, possui uma posição de
respeito da parte da equipe.” (assistente social 1), podemos perceber que mesmo
sendo consciente de que realiza atividades que não são atribuições da sua
profissão, como a mesma respondeu no terceiro ponto, não há uma tentativa de
modificar a situação e por isso não embate acerca da autonomia profissional.
A resposta da assistente social 2, apesar de também afirmar que não há
problemas quanto a autonomia, é possível perceber que ela cita alguns problemas
que foram resolvidos:
Não há problema de autonomia, todos respeitam o trabalho do serviço social, isso nunca foi expressamente dito, mas posso sentir o respeito dos profissionais. Quando há mediações é acerca de coisas que eu não devo fazer, por exemplo, quando cheguei aqui na instituição era muito comum o serviço social comunicar o óbito e eu tive que conversar para não fazer, as 30h semanais também foi uma conquista adquirida. (assistente social 2)
Ou seja, ela já teve que se posicionar sobre algo que não era sua atribuição e
sobre um direito seu que o empregador deveria viabilizar e o que ela pretendia foi
alcançado, então provavelmente o serviço social no hospital memorial esteja tão
ocupado com atividades que não são suas que não tenha tempo para dialogar com
equipe e empregador sobre o suas competências e as da equipe. Por isso que foi
perguntado sobre de que maneira são divididas as competências gerais, comuns a
todos, na instituição, e a resposta caminha para tudo que já discutimos até aqui:
Fica com o serviço social, mas algumas coisas as enfermeiras falam, depende, geralmente a gente que fala, é de todo mundo mas o serviço social acaba fazendo. (assistente social 2) As atividades que qualquer um pode executar, como ligar para a ambulância, avisar sobre a doação de sangue por exemplo, são delegadas ao serviço social. Equipe médica desconhece que isso é uma atividade de que todos podem realizar e o serviço social fica tão atarefado que não tem tempo de esclarecer o que é ou não competência do serviço social. (assistente social 1)
Novamente temos o assistente social realizando o que não é sua atribuição,
tanto pelo fato de que a equipe desconhece quanto pelo fato de que não são
informados. O assistente social tem conhecimento do que é atribuição de cada
profissional da instituição, desde o porteiro até o médico, porém os demais
profissionais possuem um conhecimento superficial sobre o serviço social, voltado
para o assistencialismo e a caridade, o profissional que pode resolver de tudo um
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pouco porque ele é pró ativo e está sempre pronto para ajudar, é assim que o
assistente social é visto na instituição.
O que reforça a ideia que tiramos a partir da análise das respostas sobre o
assistente social na óptica da equipe multiprofissional é a resposta das assistentes
sociais no primeiro ponto de análise, que tratava-se da importância so assistente
social para a instituição, a assistente social 1 respondeu: “Ele é um agente
dinamizador, ele complementa varias coisas na saúde.” Tais coisas na área da
saúde não são contempladas na prática da instituição assim como a segunda
resposta reforça a ideia de que as profissionais são agentes resolvedores de
problemas:
Vem como um meio de interligar o paciente e seus familiares ao restante da equipe multiprofissional, pois muitas vezes a rotina corrida do hospital distancia a relação da equipe com cada paciente e cada familiar que está acompanhando. Além de orientar e auxiliar em todo o processo de internamento e dar os encaminhamentos necessários. Aqui no hospital eu percebo que somos vistas como a pessoa que resolve os problemas, devido ao problema sempre vir para nossas mãos e serem solucionados somos vistos como um funcionário proativo, que soluciona tudo, e esta imagem está bem empreguinada na concepção de todos do hospital. (assistente social 2)
O assistente social pode trabalhar em conjunto com a equipe, usuário e família
deste porém a atividade dele se restringe a alguns encaminhamentos e orientações
sobre o internamento, no fim a própria assistente social reconhece como o serviço
social é visto na instituição, como foi possível analisar anteriormente, é visto como o
soluciona dor de problemas.
Acredito ser um desafio não apenas para as assistentes sociais do Hospital
Memorial, mas para todas(os) que estão inseridas na saúde em hospitais, conquistar
seu espaço na instituição e desenvolver atividades coerentes a sua formação
profissional, pois o assistente social tem muito a contribuir na área da saúde, como
já vimos anteriormente nos parâmetros da atuação do assistente social na saúde, o
assistente social tem muito o que contribuir no atendimento direto aos usuários, em
ações socioassistenciais, ações de articulação com a equipe de saúde, ações
socioeducativas, mobilização, participação e controle social, investigação,
planejamento e gestão e acessória, qualificação e formação profissional, ou seja,
longe das atividades burocráticas e administrativas, que são delegadas ao
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assistente social em diversas instituições na área da saúde, temos um leque de
possibilidades de atuação e intervenção tanto na relação com o usuário quanto em
relação à equipe, tem muito o que contribuir e muito o que agregar.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da pesquisa foi possível compreender um pouco mais sobre a
atuação do assistente social na saúde, junto com esse aprendizado foram
alcançados também os objetivos da pesquisa, que eram, identificar o perfil
profissional dos assistentes sociais e da equipe, o posicionamento da equipe quanto
a atuação do assistente social na instituição e como o assistente social via a sua
inserção na unidade.
Não diferente das inúmeras instituições de saúde, no Hospital Memorial o
serviço social exerce inúmeras atividades meramente burocráticas que ocupam todo
o tempo do profissional impedindo que ele realize atividades próprias da sua
formação.
A partir das análises de todas as repostas coletadas da equipe, foi possível
identificar que o assistente social é um profissional reconhecido e respeitado dentro
da instituição, porém este reconhecimento não está associado as atribuições do
assistente social, e sim ao que a equipe e a própria instituição acha que é tarefa do
serviço social. Nos pontos em que o assistente social é visto como um profissional
“mediano”, “que deixa a desejar”, “que poderia ser melhor” ou “mais atuante” são
pontos em que o assistente social não está cumprindo com o que de fato não lhe
compete, ou seja, podemos concluir que essa visão negativa não desmerece o
trabalho do assistente social, visto que, na verdade ele resolve de tudo faltando
tempo para executar atividades inerentes a sua profissão.
Quanto a maneira como as assistentes sociais se enxergam na instituição,
podemos perceber que existe a possibilidade de se trabalhar junto à equipe, porém,
novamente vem a tona a rotina acelerada da instituição, por isso elas planejam
contar com a ajuda de seus estagiários (da disciplina de estágio curricular obrigatório
do curso de serviço social) para intervir junto a equipe, viabilizando um diálogo com
todos os profissionais a cerca das competências e atribuições do serviço social.
Acredito que se implementado uma intervenção junto à equipe ela será bem
aceita, analisando a partir do ponto de que os profissionais desconhecem a função
de um assistente social inserido no âmbito da saúde, proporcionar este
conhecimento será uma forma de estabelecer laços aproximando o assistente social
da equipe multiprofissional.
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Não podemos negar que embates iram existir, pois em qualquer espaço
sempre há correlação de forças, disputa pelo poder, até porquê não será
interessante para a equipe de enfermagem que o serviço social deixe de fazer o
sérvio burocrático, visto que, quando as assistentes sociais não estão a equipe de
enfermagem se sente sobrecarregada em ter que ligar para ambulância e designar
inúmeras tarefas que são postas para o serviço social.
Porém, da mesma maneira que os profissionais da saúde têm seus espaços
garantidos e os mesmos frizaram que apenas não é competência do assistente
social o que é atribuição privativa de cada um deles, o assistente social também
merece ter seu trabalho reconhecido, não basta apenas o reconhecimento das 30
horas de trabalho, é necessário que o fazer profissional não perparse por funções de
técnico administrativo da instituição.
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da-saude-publica/ acessado 05/05/2014.
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APÊNDICE
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FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
PERFIL PROFISSIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL – MÉDICO,
ENFERMEIRO, TÉCNICO DE ENFERMAGEM E NUTRICIONISTA.
VISÃO DO SERVIÇO SOCIAL PELA EQUIPE
1- Pra você, que lugar o Serviço social ocupa na instituição?
2- No seu ponto de vista o que não é atribuição do serviço social?
3- Na sua opinião, qual a importância do Serviço Social na equipe?
4- Se não existisse assistente social na equipe, faria falta? Em quê?
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FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
PERFIL PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
VISÃO DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DE SUA IMPORTÂNCIA PARA A
INSTITUIÇÃO E A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
1- Qual a importância do assistente social na equipe multiprofissional?
2- O que não é atribuição do assistente social e ele realiza no hospital?
3- Que mediações você realiza para efetivar sua autonomia profissional?
4- Como você acha que a equipe enxerga a sua importância dentro da
instituição? Porque?
5- De que maneira são divididas as competências gerais, comuns a todos, na
instituição?