a importância do fazer profissional do serviço social no

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe multiprofissional. NATAL 2014

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Page 1: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO

A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe

multiprofissional.

NATAL

2014

Page 2: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO

A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe

multiprofissional.

Monografia apresentada como exigência para obtenção do grau de Bacharelado em Serviço Social da Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte.

Orientador: Esp. Josivania Estelita

NATAL 2014

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JÉSSICA ALEXANDRE DE ARAÚJO

A importância do fazer profissional do Serviço Social no Hospital Memorial em Natal/RN, na ótica dos profissionais da equipe

multiprofissional.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção de título de Graduação do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Aprovado em ______/_______/______.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Profª. Esp. Josivania Estelita Orientadora – UFRN/DESSO

_____________________________________________________ Luciana Medeiros

Assistente Social do Hospital Memorial

_______________________________________________________ Profª. Dra. Edla Hoffman Membro – UFRN/DESSO

Page 4: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pois com algum propósito me fez mudar a

opção do curso no ultimo dia de inscrição, eu nem imaginava o que me esperava.

Durante todo o curso e me perguntava: “o que estou fazendo aqui?” e hoje eu sei

exatamente o porquê. Nenhum aprendizado é em vão, e o curso de serviço social me

ensinou valores que eu jamais aprenderia em qualquer outro momento. Obrigada meu

Deus!

À minha mãe, pois sempre me ensinou que é preciso ter garra e acreditar no

nosso potencial, que sempre disse que eu não podia desistir, que eu tinha que seguir em

frente. Pois é mãe, eu segui! Obrigada pelas noites em claro, pelo dinheiro investido nos

estudos, pelas broncas quando eu tinha preguiça e principalmente por duvidar que

concluir uma graduação seria algo tão árduo, pois foi graças a sua duvida que eu reuni

forças para chegar até o fim.

Ao meu pai, meu herói, meu espelho, talvez sem você eu estivesse sem rumo.

Essa monografia é mais sua do que minha e o diploma também. Muitas vezes eu pensei

em desistir, achei que não ia conseguir, mas eu lembrei de você e de toda a confiança

depositada em mim. Cada noite em claro, cada momento de estresse, foi pensar em

você, no orgulho que você sente da sua única filha que renovou as minhas forças.

Desde a infância você foi o meu motivador, mesmo longe, sempre fiz tudo pensando em

você, e com a monografia não foi diferente, cada linha me aproximava do fim, do

momento de dizer: “Eu consegui!” e de ver em seus olhos a alegria e o sentimento de

dever cumprido com a minha vitória.

Ao trio que junto a mim formavam um quarteto fantástico: Gleyca, Lizete e Naiara,

vocês eram a alegria das minhas tardes de sono. Espero que, mesmo cada uma

seguindo o seu caminho, os laços não sejam perdidos. Eu precisava dessa graduação

para conhecer vocês

Gleikinha, desde a fila do cadastramento que a gente não desgruda, durante

esses quatro anos você foi minha amiga, companheira de festa, psicóloga, dupla nos

trabalhos e estudos dirigidos da vida, companhia no ônibus, entre muitos outros

momentos, partilhamos alegrias, desilusões amorosas, angustias, tristezas, e muitos,

muitos biscoitos pra enganar a fome nos dias que só voltávamos pra casa no fim da

noite. Lógico que nem tudo foi flores, momentos de estresse foram vários, mas amigo é

assim mesmo, briga, chora, mas na verdade a gente se ama. Obrigada minha amiga, e

Page 5: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

que venham nossas próximas conquistas!

Naiarinha, acho que a gente passou mais tempo brigando do que qualquer outra

coisa, mas saiba que você faz parte da minha história. Aprendi muito com esse seu jeito

bipolar de ser, e você é uma das poucas pessoas da turma que eu admiro muito. Com

certeza você será uma excelente assistente social.

Liz, sei que te estressei muito nesses quatro anos, por isso estou aqui

agradecendo todos os puxões de orelha que você me deu, eles me moldaram e muito.

Seu comprometimento, sua dedicação e sua responsabilidade são qualidades que eu

procuro me espelhar. Te admiro muito! Certamente você terá uma trajetória profissional

de muito sucesso.

Luana Gomes e Lucina de Medeiros, minhas orientadoras de campo, aprendi muito

com vocês. Durante um ano de estágio vocês me mostraram o amor pela profissão.

Desde já agradeço de todo o coração pela receptividade, pelo carinho, pelos

ensinamentos e pela paciência.

Aos meus sujeitos de pesquisa, pela disponibilidade para participar da entrevista,

bem como de todo o meu processo de formação. Sem Vocês nada disso seria possível!

Por fim, agradeço ao amor da minha vida, Erick, sem você nada teria acontecido.

Você foi meu ombro, todas as vezes que batia uma angustia, um medo, era você quem

estava do meu lado para enxugar minhas lágrimas. Para todos eu me mostrava forte,

mas você sempre conheceu meus momentos de fraqueza. Meu amor, muito obrigada

pelas palavras de carinho, por nessa reta final ter redobrado a paciência comigo, e

principalmente por ter mandado eu parar de reclamar, levantar a cabeça e terminar o tcc

com força e determinação. Você sempre diz que eu nasci pra ser assistente social, acho

que você tá certo! Sempre que eu pensar em parar vou lembrar dos momentos em que

você me disse que eu sou a melhor assistente social que você conheceu, talvez você

conheça poucas (risos), mas suas palavras me motivam. Obrigado por tudo! Pela

compreensão, pela companhia, pela paciência e principalmente pelo amor sem medidas!

Jéssica Alexandre de Araújo.

Page 6: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

“Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está

disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário,

abstém-te de o ajudar.”

Sócrates

Page 7: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso possui como objetivo compreender como a

equipe multiprofissional do Hospital Memorial enxerga o Serviço Social dentro da

instituição e como o assistente social compreende o seu papel junto à equipe. Tal desejo

surgiu ainda durante as disciplinas de estágio curricular obrigatório I e II, do curso de

Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que foram realizadas

dentro do Hospital Memorial nos semestres 2013.1 e 2013.2. Durante este período de

estágio foi observado que a equipe não conhecia muito bem as atribuições do assistente

social na saúde e para compreender melhor tal situação, surgiu a vontade de pesquisar

acerca da visão que a equipe multiprofissional possui acerca do serviço social. Para

atingir o objetivo geral foram aplicados dois modelos de entrevista, um com a equipe

multiprofissional, afim de saber qual imagem ela tem da atuação do assistente social na

instituição, a segunda entrevista foi aplicada apenas com as assistentes sociais, para

saber como elas veem a profissão dentro da instituição. A partir da coleta de dados foi

possível perceber que o assistente social na equipe é visto como um profissional capaz

de resolver de tudo e que trabalha na parte técnica-administrativa, o que vai de encontro

aos parâmetros da atuação do assistente social na saúde (2009). No entanto, nossa

análise não culpabiliza o assistente social da instituição, visto que, ele é vitima de uma

rotina corrida do hospital, esta rotina o sobrecarrega de atividades urgentes, o deixando

sem tempo para exercer suas atribuições. Trata-se de uma conjuntura neoliberal que se

interpõe ao cotidiano.

Palavras-chave: Saúde, Equipe Multiprofissional, Serviço Social, Profissão, Parâmetros.

Page 8: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

ABSTRACT This Course Conclusion Work has aimed at understanding how the multidisciplinary team

Memoria Hospital sees the Social Service within the institution and how the social worker

understands his role with the team. This desire arose during the curriculum subjects I and

I, the course of Social Service of the Federal University of Rio Grande do Norte , which

were performed within the Memorial Hospital in 2013.1 and 2013.2. During this internship

period it was noted that the staff did not know very well the tasks of the social worker in

health and to better understand this situation, emerged the desire to research about the

vision that the multidisciplinary team has about the social service. To achieve the overall

goal of interview two models were applied, one with a multidisciplinary team in order to

draw a profile of this team and know what image she has of the role of social worker in

the institution, the second interview was applied only to social workers, to trace a

professional profile and to find out how they see the profession within the institution.

From the data collection was possible to see that the social worker on the team is seen

as a professional able to solve everything and working on technical-administrative part,

which meets the parameters of the role of social worker in health (2009 ). However, our

analysis does not blames the social worker of the institution, since he is the victim of a

accelerated hospital routine, this routine overloading the urgent activities, leaving no time

to perform their duties. This is a neoliberal scenario that stands to daily.

Keywords: Health, Multidisciplinary Team, Social Services, Professional, Parameters.

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LISTA DE SIGLAS

ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva

CAP’s – Caixas de Aposentadoria e Pensão

CEAS – Centro de Estudos e Ação Social

CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CONASS – Conselho Nacional dos Secretários de Saúde

CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária

DPVAT – Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via

Terrestre

DST’s – Doenças Sexualmente transmissíveis

ECA – Estatuto da Criança e Adolescente

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

IAP’s – Institutos de Aposentadorias e pensões

INPS - Instituto Nacional de Previdência Social

ITEP – Instituto Técnico e Científico da Polícia

SAMDU – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência

SUS - Sistema Único de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTI – Unidade de Tratamento Intensivo

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10

2 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE................................................................................. 12

2.1 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL...................................................................... 12

2.2 SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL MEMORIAL.................................................. 25

3 UM OLHAR SOBRE A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO HOSPITAL

MEMORIAL................................................................................................................ 32

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE PESQUISA............................................. 32

3.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO

HOSPITAL MEMORIAL, BEM COMO SUA IMPORTANCIA, NA OPTICA DA

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL................................................................................

35

3.3 COMO O ASSISTENTE SOCIAL COMPREENDE O SEU PAPEL DENTRO

DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL......................................................................... 44

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 51

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 53

APÊNDICES............................................................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve como objetivo investigar a importância do fazer

profissional do Serviço Social junto à equipe multiprofissional do Hospital Memorial.

A Clínica Ortopédica e Traumatológica de Natal LTDA (nome fantasia Hospital

Memorial) localiza-se na Avenida Juvenal Lamartine Nº. 979, no bairro do Tirol, em

Natal/RN, é uma instituição médica de caráter privado, conveniado ao Sistema

Único de Saúde (SUS) no qual está destinado 80% dos seus leitos e aos mais

diversos planos de saúde, atendimento particular e Seguro de Danos Pessoais

Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT, que é um seguro

que indeniza vítimas de acidentes causados por veículos que têm motor próprio

(automotores) e circulam por terra ou por asfalto (vias terrestres).

O hospital atua na área da Ortopedia/ traumatologia/ clinica médica e

neurologia atendendo usuários com fratura com indicação cirúrgica que em sua

maioria são pacientes do sexo masculino com a idade media entre 18 e 45 anos de

idade, vítimas de acidentes automobilísticos, onde vários apresentam um

diagnostico de fratura do fêmur, a qual necessita a realização de cirurgias. O Serviço

Social já estava inserido na equipe multiprofissional desde a fundação do hospital,

contando com uma sala exclusiva para atendimento garantindo a privacidade e o

sigilo profissional, além de realizar outras atividades como, visitas diárias às

enfermarias, dar orientações acerca Previdência, Documentações, Autorizações de

Exames, encaminhamentos interno e/ou externo dentre outras atividades.

Assim, esta pesquisa teve como objetivos específicos a construção de um perfil

sócio-econômico e de trajetória profissional das assistentes Sociais e dos

profissionais da equipe multidisciplinar; em seguida analisamos de que forma a

equipe multiprofissional enxerga o fazer profissional do assistente social no Hospital

Memorial; E de que forma o Serviço Social reconhece a importância de sua atuação

junto à equipe. Para isso foi necessário conhecer o perfil da equipe multiprofissional

do Hospital Memorial, que é o universo da pesquisa contando com a participação de

104 profissionais( 73 técnicos de enfermagem, 15 enfermeiros e 16 médicos) foi

necessária uma amostragem não probabilística, tal amostragem representa o perfil

da equipe, a pesquisa é quanti-qualitativa pois associamos os dados do perfil com as

respostas obtidas nos questionários, tando da equipe quanto do serviço social. No

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caso desta pesquisa a amostra de 6 profissionais (1 profissional da enfermagem

nível superior, 1 profissional da enfermagem de nível médio, 2 profissionais da

medicina, 2 assistentes sociais).

A pesquisa está dividida em três capítulos. O primeiro aborda o Serviço Social

e Saúde e está subdividido e dois itens, um trata da trajetória da saúde no Brasil e o

outro caracteriza o serviço social no memorial. O segundo capitulo é a respeito da

equipe multiprofissional no hospital memorial, também subdivido em dois itens, o

primeiro trata da caracterização do espaço de pesquisa, o segundo discute o perfil

profissional da equipe multiprofissional. E por fim o terceiro capitulo que vem debater

a atuação do serviço social na equipe multiprofissional, debatendo primeiro sobre a

importância do serviço social na equipe e em segundo debatendo como o assistente

social compreende seu papel dentro da equipe.

Page 13: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

12

2 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE

O presente capítulo tem como objetivo traçar a trajetória histórica da saúde

pública no Brasil, possibilitando um breve resumo acerca dos principais

acontecimentos históricos no âmbito da saúde até o surgimento do Sistema único de

Saúde (SUS) e situar o Serviço Social dentro deste contexto histórico, uma vez que

a área da saúde é uma das maiores empregadoras do Serviço Social. Para tratar da

história da saúde, pautamos a nossa análise em documentos oficiais da Fundação

Nacional de Saúde, do conselho federal de serviço social, na lei n°8.080/1990, no

relatório final da 8° conferência (1986), no Conselho Nacional de Secretários da

saúde,no decreto n°46.349/1959 e em autores como Iamamoto; Carvalho (2011),

Bravo (2009),Salvador (2010), Bravo;Matos (2004).

2.1 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL

Historicamente, com base em leituras de Bravo (2009) o Estado Brasileiro

tem depositado pouca atenção a política de saúde. No momento da

colonização, as ações voltadas para a saúde foram de cunho focalizado e

imediatista, e, basicamente centrou-se nas mãos da sociedade civil, a exemplo

dos curandeiros e boticários.

Somente com a chegada da família real no país, em 1808, que indicam-

se as primeiras medidas para atender a saúde da população, com bases em

informações coletadas no site da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, em

1808 aconteceu a criação da primeira organização nacional de saúde pública

no Brasil, dando origem ao cargo de Provedor-Mor de Saúde da corte e do

Estado do Brasil, no dia 27 de fevereiro, ao que no futuro se tornaria o Serviço

de Saúde dos Portos, com delegados nos estados, ainda em 1808 houve

também a criação do alvará sobre regimentos e jurisdição do Físico-Mor e

Cirurgião-Mor e seus delegados (Alvará de 23/11/1808).

De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2007) as

ações de saúde visavam apenas os interesses econômicos do país, ou seja,

Page 14: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

13

que só favorecia os grandes proprietários, não existia modelo sanitário no

país, desta forma as cidades brasileiras estavam entregues as epidemias

como; a varíola, a malária e a febre amarela, gerando sérias consequências

para saúde coletiva.

Em 30 de agosto de 1828, de acordo com a cronologia da saúde pública

encontrada no site da FUNASA foi promulgada a lei de Municipalização dos

Serviços de Saúde, criando Juntas Municipais e delegando a estas juntas as

funções que eram exercidas anteriormente pelo Físico-Mor, Cirurgião-Mor e

seus Delegados. Ainda em 1828 ocorreu a criação da Inspeção de Saúde

Pública do Porto do Rio de Janeiro, subordinada ao Senado da Câmara, sendo

em 1833, duplicado o número dos integrantes.

Quatro anos depois, em 1837 foi constituída a imunização compulsória

das crianças contra a varíola, dando origem futuramente, em 1846, ao Instituto

Vacínico do Império a partir do decreto Decreto nº 464, de 17/8/1846. Com o

crescimento da população nos centros urbanos os surtos de epidemias só

aumentavam, tornando a situação da saúde publica cada vez mais grave,

sendo assim criado o Decreto nº 533, de 25/4/1850, o qual autorizava o

governo investir recursos em medidas que impedissem o alastramento das

epidemias, em socorro aos doentes e necessitados, e ainda em 1850 veio o

decreto n° 598, de 14 de setembro de 1950 que concedia ao Ministério do

Império um crédito extraordinário de duzentos contos para ser exclusivamente

gastado em trabalhos para melhorar o estado sanitário da capital e de outras

províncias do império.

Até o ano de 1850, ainda com bases em leituras acerca da saúde pública

no portal eletrônico da FUNASA, as atividades de Saúde Pública limitavam-se

a delegar as atribuições sanitárias às Juntas Municipais; controlar os navios, a

Saúde dos Portos e as Autoridades Vacinadoras contra a varíola. Porém a

tuberculose havia encontrado novas condições de circulação, atingindo

especialmente os jovens nas idades mais produtivas e passando a ser uma das

principais causas de morte.

Em 1851 foi criada a Junta Central de Higiene Pública, que era

subordinada ao Ministério do Império, neste mesmo ano foram criados vários

decretos, o primeiro foi, no dia 8 de Janeiro, de n°752 que abriu ao Ministério

do Império um crédito extraordinário para despesas com providências

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sanitárias visando o combate à febre amarela e a sua prevenção. Em seguida,

dia 18 de Junho, veio o decreto n°798 que executou o regulamento do registro

dos nascimentos e óbitos. No dia 26 de Setembro, veio o decreto de n°826,

que novamente abria um crédito extraordinário, desta vez para as despesas

com a epidemia de bexigas, na província do Pará especialmente. Com o

decreto de n° 835, dia 3 de outubro, houve outra abertura de crédito, esta era

para as despesas da junta de higiene pública. Apenas 27 anos depois, em

1978, da criação da junta de higiene pública foi passou a ser um procedimento

obrigatório a desinfecção terminal dos casos de morte por doenças

contagiosas, a critério da autoridade sanitária, tal desinfecção ocorreu com

base em um decreto criado no em 6 de setembro de 1878, de n° 7.027,

tratando da desinfecção de casas e estabelecimentos públicos ou particulares.

Diante desse quadro de epidemias e das consequências que elas

trouxeram para economia do café, o Estado Brasileiro inicia as medidas

campanhistas, quando Oswaldo Cruz foi nomeado diretor do Departamento

Federal de Saúde Pública, pondo em prática a proposta de erradicação das

epidemias, realizando o combate ao mosquito vetor da febre-amarela,

instituindo a vacinação anti-varíola, que se tornou obrigatória com a lei Federal

nº 1261, de 31 de outubro de 1904, e a febre amarela foi erradicada na cidade

do Rio de Janeiro, fortalecendo a saúde coletiva. Na gestão de Oswaldo Cruz

foi criada a Diretoria Geral de Saúde Pública, o laboratório bacteriológico,

serviço de engenharia sanitária, e de profilaxia da febre amarela e o Instituto

Soroterápico Federal, que foi transformado no Instituto Oswaldo Cruz, tal

modelo campanhista criado por Oswaldo Cruz se caracterizava por medidas de

caráter fiscal e policial. (BRASIL, 2007)

Em 1920, o modelo campanhista foi reestruturado por Carlos Chagas, que

sucedeu Oswaldo Cruz, tal reestruturação aconteceu com a introdução da

educação sanitária e da propaganda nas ações de profilaxia e de vigilância.

Também foram criados órgãos especializados contra a tuberculose, lepra e

DST’s (doenças sexualmente transmissíveis), além de expandir as obras de

saneamento básico que se caracterizavam como um sanitarismo campanhista,

visto que predominava como atividade econômica a monocultura cafeeira e o

saneamento acontecia como uma medida para melhorar os caminhos por onde

circulavam as mercadorias e controlar as doenças que prejudicavam a

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exportação, ou seja, não se pensava na saúde coletiva, e sim na exportação e

no crescimento econômico. (BRASIL, 2007)

O controle de epidemias durante o modelo campanhista, além de agir na

área urbana, também se destacava na área rural, já que a agricultura era a

atividade econômica mais forte no Brasil. O órgão que fiscalizava e combatia

as epidemias era a SUCAM1, em seguida foi incorporada à Fundação Nacional

de Saúde2. (BRASIL, 2007)

Com a efervescência da produção capitalista no Brasil dando ênfase ao

comércio exterior deu início ao processo de industrialização do Brasil. Junto ao

avanço da industrialização veio o crescimento da urbanização e a chegada de

imigrantes europeus, como foi citado anteriormente, e um ano após a abolição da

escravidão veio Proclamação da República em 1889, colocando o controle político

nas mãos dos grandes proprietários, representando apenas os interesses dos

latifundiários, trazendo para a nossa cultura política o coronelismo e o voto de

cabresto. (BRAVO, 2007)

Segundo Pochmann (2004) apud Salvador (2010) o Brasil foi o ultimo a abolir a

escravidão, além deste atraso, a transição de trabalho escravo para trabalho

assalariado foi completamente conservadora, desta forma a população negra não

estava sendo inserida no trabalho assalariado e ficando sempre à margem da

sociedade. A Situação do imigrante não chegava a ser tão precária quanto a do

negro que naquele momento era um desempregado, pois o imigrante possuía

salário, entretanto nesta época ainda não havia direitos trabalhistas, porém como

alguns imigrantes tinha vindo da Europa em momento de lutas operarias, originando

duas greves, uma em 1917 e outra em 1919, tais greves deram início a uma

mobilização operária no dia 24 de janeiro de 1923 aprovando no Congresso

Nacional a Lei Eloy Chaves, que com base em MALLOY (1976) apud SALVADOR

1 A Sucam é resultado da fusão do Departamenteo Nacional de Edemias Rurais-DENERu com as capanhas de

Erradicação da Variola (CEV) e de Erradicação da Malária (CEM), transformando a Sucam no maior órgão de

penetração rural no país e presente em todods os Estados brasileiros (http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-

funasa/sucam/ / acessado em 02/05/2013)

2 FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, é um orgão executivo do Ministério da Saúde e é responsável por

promover a inclusão social através das ações de saneamento para a prevenção de doenças, além disso a

FUNASA também é responsável por formular e implementar ações de promoção e proteção à saúde ,

relacionadas com ações estabelecidas pelo Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

(http://www.funasa.gov.br/site/conheca-a-funasa/competencia/ - acessado em 02/05/2013)

Page 17: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

16

(2010) a lei é uma herança de uma abordagem mais ampla da questão social, na

qual a partir de 1920 promoveu maneiras de articular as políticas sociais e

trabalhistas definidas pela elite, estabelecendo a base para criar um sistema geral de

previdência social.

Foi a partir da Lei Eloy Chaves que se instituíram as Caixas de Aposentadoria

e Pensão (CAP’s) com base no site da Previdência Social, antes de falar um pouco

mais sobre as CAP’s faremos uma breve retrospectiva para entender rapidamente

como viemos parar em 1923 com a Lei Eloy Chaves.

Baseado no histórico de 1888 a 1933 do site oficial da Previdência Social foi

partir de 1888 começaram a surgir vários decretos, o primeiro no dia 23 de março do

mesmo ano, decreto n°9.912-A que regulava o direito à aposentadoria dos

empregados dos Correios, estabelecendo como requisitos para acessar a

aposentadoria 30 anos de serviço e idade mínima de 60 anos. Ainda em 1888 no dia

24 de novembro foi criada a Lei n° 3.397 que criava uma caixa de socorros em cada

uma das estradas de ferro do império. No ano seguinte surgiu o Fundo de Pensões

do Pessoal das Oficinas de Imprensa Nacional, por meio do Decreto n° 10.269, de

20 de julho de 1889. O ano de 1890 nos trouxe dois decretos, o primeiro em 26 de

fevereiro, de n° 221 definia a aposentadoria para os empregados da Estrada de

Ferro Central do Brasil, sendo ampliado quase cinco meses depois, no dia 12 de

julho, beneficiando todos os ferroviários, o segundo de n° 942-A, criado em 31 de

outubro, dando origem ao Montepio Obrigatório dos Empregados do Ministério da

Fazenda.

Outra categoria a ser beneficiada com aposentadoria, desta vez por morte

(pensão) ou invalidez, são os operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, a

partir de 29 de novembro de 1892 com a Lei n° 217. A partir de 1911 surgiram

modestamente as primeiras caixas de pensões, a primeira foi dos Operários da Casa

da Moeda, em 1912, mais precisamente no dia 17 de abril, por meio do Decreto

n°9.517 foi criada a Caixa de Pensões e Empréstimos para os funcionários das

Capatazias da Alfândega do Rio de Janeiro e em 1919 com a Lei n° 3.724 tornou-se

obrigatório o seguro contra acidentes de trabalho para operários de qualquer sexo

que trabalhassem em construções, reparações e demolições de qualquer natureza,

como de prédios, pontes, estradas de ferro e de rodagem, linhas de trens, elétricos,

redes de esgotos, de iluminação, telegráficas e telefônicas, bem como na

conservação de todas essas construções; de transporte de carga e descarga; nos

Page 18: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

17

estabelecimentos industriais e nos trabalhos agrícolas em que se empreguem

motores.

A Lei Eloy Chaves foi o ponto de partida para a criação do sistema

previdenciário. A primeira CAP criada foi a dos ferroviários setor este que

desempenhava um papel de extrema importância para a economia brasileira, já que

toda a carga era transportada pelas ferrovias, uma vez que a economia era

profundamente dependente do café, representando 80% da exportação brasileira é

necessário ressaltar que a infraestrutura do país estava voltada para as ferrovias e

portos, por isso o beneficio se estendeu para os marítimos e portuários a partir do

decreto n°5.109/26, sendo as CAPs organizações privadas financiadas através das

contribuições das empresas, empregados e cobranças de tributos que eram

repassadas à administração das Caixas. (SALVADOR, 2010)

As CAP's possuíam administração própria para os seus fundos, formada por

um conselho composto por três representantes: a empresa, e dois empregados. A

empresa assumia a presidência da comissão e os dois representantes que eram

funcionários eram eleitos de três em três anos. As próprias empresas recolhiam

mensalmente as contribuições das três fontes de receita, e depositar diretamente na

conta bancária da sua CAP e os fundos promoviam serviços médicos em caso de

doença do empregado ou de pessoas da família que residam com ele; acesso à

medicamentos; aposentadoria; assistência médica em acidentes de trabalho e

pensão para herdeiros em caso de morte. (SALVADOR, 2010)

Em 1930, com base em informações históricas fornecidas no portal eletrônico

da FUNASA, foi um período marcado pela expansão da indústria originando a

divisão de classes em burguesia industrial, classe média e operariado de maneira

mais intensa na região sul e sudeste, visto que as transformações socio-economicas

foram mais intensas, o crescimento destes grupos sociais acirrou uma disputa por

poder com as grandes oligarquias existentes dando início à Revolução de 30. Esse

período foi marcado também pelo tenentismo, este movimento teve início em 1921 a

partir de reivindicações da classe média urbana que lutava contra o modelo eleitoral

vigente, tinha como bandeira o voto secreto e reformas sociais econômicas, o

movimento tenentista tinha como proposta a ascenção dos militares, pregando que

os civis não tinham competencia para governar o país.

Entre o período de 1921 e 1930, ainda com base nos dados da FUNASA, o

tenentismo organizou várias revoltas objetivando a tomada do poder das mãos das

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18

grandes oligarquias. Para estabelecer uma hegemonia e defender interesses

comuns houve um acordo entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido

Republicano Mineiro (PRM) no qual os dois estados indicavam um nome ao Governo

federal elegendo o Presidente da República, tal acordo já existia desde o mandato

do presidente Campos Sales(1898-1902) e ficou conhecido como república do café-

com-leite. Apenas em 1930 com o rompimento da aliança entre São Paulo e Minas,

devido a falta de consenso em relação ao nome a ser indicado à Presidencia da

República, possibilitando a formação de um grupo político de oposição, a Aliança

Liberal formada por Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, foi a partir desta nova

eleição que aconteceu a revolução que colocou Getulio Vargas no poder.

Getúlio chegou ao poder após o golpe de Estado que depôs o presidente

Washington Luiz, diante de uma guerra civil as forças armadas transferiu o poder

para Getúlio, que governou o Brasil de 1930 a 1945. Na gestão de Getúlio ocorreram

inúmeras mudanças na composição do Estado, em 1933, foram eleitos os

representantes da Assembléia Constituinte, um marco para a história visto que pela

primeira vez aconteceu uma eleição com voto feminino, em julho de 1934 tal

constituição foi promulgada dando início à alguns avanços nos direitos sociais, visto

que, foi ampliado o princípio da igualdade perante a lei, independente de cor, sexo,

idade ou classe social; deu-se início ao voto secreto e obrigatório para todos os

maiores de 18 anos; foi criada da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral; houve a

nacionalização das riquezas de solo e fontes d´água; a proibição do trabalho infantil;

a criação da jornada de trabalho de oito horas diárias, do descanso semanal

remunerado, das férias de 30 dias e da indenização para o trabalhador demitido e a

regulamentação os sindicatos.

Entretanto a constituição de 1934 durou somente 3 anos (1934-1937) e logo

em seguida foi instalando o Estado Novo, sob a hipótese de que tal constituição

trazia problemas para a segurança nacional, dando início a um período de grandes

perseguições políticas e que também foi um marco para o Serviço social, uma vez

que este momento da história é de novas lutas pelos direitos sociais que segundo

Iamamoto (2011) tal período se caracterizava pelo discurso de proteção ao

trabalhador para manutenção da harmonia social, incentivando o trabalho e aumento

da produção, mantendo o controle do movimento operário e uma das medidas de

contenção dos movimentos operários foi a Lei dos Dois Terços, instituindo que no

mínimo dois terços dos operários de cada empresa fossem brasileiros, tal lei não

Page 20: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

19

objetivava empregar preferencialmente o brasileiro e sim controlar o movimento

operário, visto que os estrangeiros traziam noticias sobre o avanço do movimento

operário na Europa incentivando os trabalhadores brasileiros à irem a luta.

As ações do Estado traziam uma lógica paternalista para a população assim

como também difundia uma nova ideologia do “Estado acima das classes”, que se

conforme leituras realizadas no livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil

(Iamamoto, 2011), esta ideologia apresenta o trabalho como uma virtude universal

do homem que gera riqueza e desenvolvimento para a sociedade, é difundida a ideia

de que cada trabalhador é um patrão em potencial, para a ideologia capitalista é um

meio de libertar-se da exploração e as pessoas que trabalha estão unidas entre si,

dessa forma é possível restringir a mobilização das classes exploradas.

Em 1939 regulamentou-se a justiça do trabalho e em 1943 foi homologada a

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), tais informações foram coletadas do

portal do guia trabalhista, que explica sobre as leis, direitos e deveres do trabalhador

e do empregador explica que a CLT surgiu, no dia 1° de maio de 1943 por meio do

Decreto-Lei n° 5.452, regulamentando as relações individuais e coletivas de

trabalho, protegendo o trabalhador, regulamentando as relações trabalhistas tanto

urbanas quanto rurais, ou seja unificando a legislação trabalhista no brasileira

protegendo os trabalhadores.

Em 30 de dezembro de 1949 foi criado, pelo Decreto n° 27.664, o Serviço de

Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), no qual o objetivo era

prestar assistência médica de urgência, em ambulatórios e hospitais, bem como no

domicílio ou local de trabalho, aos segurados ativos e inativos, seus dependentes e

aos pensionistas. O SAMDU era mantido pelos institutos de Aposentadoria e

Pensões dos Industriários, Comerciários, Bancários, Marítimos e Empregados em

Transportes e Cargos e as Caixas ainda de Aposentadoria remanescentes, que é a

CAP’s dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos. Subordinado ao

Ministério do Trabalho, Industria e Comercio. (SENADO FEDERAL, 1959.)

Em 1961 o clima político no Brasil era bastante hostil, na presidência estava

João Goulart (vice-presidente que assumiu após a renuncia de Jânio Quadros) era

um momento no qual se temia uma virada socialista no Brasil, visto que de 1961 a

1964 havia grande efervescência das organizações sociais, as organizações

estudantis, populares e de trabalhadores ganhavam cada vez mais espaço e

gerando preocupações à classe dominante, que pregava a harmonia social. É no dia

Page 21: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

20

19 de março de 1964, que os conservadores organizam uma manifestação a fim de

derrubar o governo, alimentando a população como medo do comunismo acontece a

Marcha da Família com Deus pela Liberdade, reunindo milhares de pessoas pelas

ruas de São Paulo, aumentando ainda mais a crise política, dessa forma no dia 31

de março do mesmo ano, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas.

(BRAVO, 2007)

Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. O

militares tomam o poder no deia 9 de abril de 1964 e é decretado o Ato Institucional

Número 1 (AI-1). Este ato cassa os mandatos políticos de opositores ao regime

militar e tira a estabilidade de funcionários públicos. No mesmo ano vários países da

América latina também aderiram à ditadura. Tal movimento se caracterizou pela forte

opressão, afastando alunos e professores da universidades como maneira de

conter as manifestações e qualquer forma de organização política, esta ação foi uma

estratégia da ditadura militar par obter a chamada “harmonia social” reduzindo os

direitos trabalhistas e impedindo qualquer tipo de organização e participação política.

O Regime Militar durou de 1964 a 1985 uma época marcada pela falta de

democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e

repressão aos que eram contra o regime militar. (SALVADOR, 2010)

Castelo Branco (1964-1967) é o primeiro presidente da Ditadura Militar, a

princípio possuía um discurso que defendia a democracia, mas posteriormente

mostrou-se autoritário, estabelecendo eleições indiretas para presidente. Em seu

governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de

dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora

Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada,

o segundo representava os militares. (BRAVO,2007)

Em 1966, durante o mandato de Castelo Branco, segundo Bravo (2009) a

relação saúde e Previdência permite ao setor da saúde assumir características

capitalistas, isso ocorreu com unificação da Previdência Social aos Institutos de

Aposentadorias e Pensões - IAP’s em 1966 existindo neste período ênfase na

prática médica curativa, individual, assistencialista e especializada, e articulação do

Estado com os interesses do capital internacional, via indústrias farmacêuticas e de

equipamento hospitalar. Dessa maneira o governo busca se fortalecer e ganhar

Page 22: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

21

apoio da população através do sistema previdenciário, uma vez que os IAP’s3 só

acontecia nas categorias profissionais mais organizadas e o resto das categorias

ficavam em desvantagem.

Neste contexto foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) em

2 de janeiro de 1967 se unindo com os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões,

o Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência (SAMDU) e a

Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. Assim todo

trabalhador urbano com carteira assinada se torna contribuinte, gerando um grande

número de contribuições, visto que a década de 1970 também teve um grande

avanço econômico com o avanço do capitalismo. Com a união destes sistemas

houve a inclusão de benefícios como a assistência médica, apesar de que alguns

IAP’s já possuíam assistência médica própria. (BRAVO, 2009)

Em seguida tivemos o governo Costa e Silva (1967-1969), eleito indiretamente

pelo senado, como havia sido determinado no mandato de Castelo Branco. O regime

militar só crescia no Brasil, mesmo diante de muitas manifestações populares. Foi no

governo do general Arthur Costa e Silva que surgiu a UNE – União Nacional dos

Estudantes. Ainda em 1967 a UNE organiza a Passeata dos Cem Mil, outro protesto

marcante no ano de 67 é a greve dos operários de Contagem (Minas Gerais) e

Osasco (São Paulo), a partir destas manifestações se inicia uma guerra nos centros

urbanos, formada por militantes de esquerda, e para tentar conter as manifestações

e manter o poder centralizado nas mãos dos militares é decretado o Ato Institucional

Número 5 (AI-5) aposentando juízes, cassando mandatos, extinguindo a garantia de

habeas-corpus. (BRAVO, 2007)

Em 1968 Costa e Silva adoece e é substituído pela Junta Militar que só escolhe

outro Presidente em 1969, assim se inicia o governo do general Emílio Garrastazu

Medici (1969-1914), este período ficou popularmente conhecido como “anos de

chumbo” devido a repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura

é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e

outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos,

músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou até mesmo

3 “ Para Boschetti (2006, p.24): ‘ os IAPs permitiram ao governo acumular fundos de capitalização

fundamentais para a política de substituição de importações e estimulação da indústria” (SALVADOR, 2010,

p.147)

Page 23: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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exilados do país. (BRAVO, 2007)

Segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde - CONASS (2007),

mesmo com toda a repressão e problemas político o número de contribuintes só

aumenta e o sistema de assistência médica ficou lotado necessitando da

intervenção do governo militar, já que, era necessário determinar aonde investir

recursos para ampliar o atendimento e dar conta da demanda de beneficiários, a

solução encontrada pelo governo foi direcionar para a iniciativa privada,

estabelecendo convênios e contratos com médicos e hospitais, efetuando

pagamento pelos serviços permitindo a capitalização aumentando o consumo de

medicamentos e de equipamentos hospitalares, priorizando a medicina curativa e

ignorando a saúde coletiva, dessa forma as endemias e epidemias voltavam a ter

destaque nos indicadores de saúde.

Os problemas de saúde pública se tornavam cada vez mais graves, pois os

trabalhadores que não possuíam carteira assinada não eram atendidos, havia

desvios de verbas para realizar obras do governo federal, não existia repasse de

recursos da união para a previdência e foi tentando minimizar esta problemática que

surgiu o sistema Médico-Industrial que posteriormente se transformou no INAMPS –

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, no ano de 1978 e em

1981 ficou ligado ao CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde

Previdenciária, com o objetivo de conter custos e combater os desvios do governo,

propondo um modelo médico-assistencial que começa a ser inserido com o aumento

da produtividade do sistema, melhorando a qualidade da atenção dando origem a

um sistema de auditoria médico-assistencial, o que não foi fácil, pois a Federação

Brasileira de Hospitais via no CONASP uma forte oposição, pois para a Federação o

CONASP significava a perda da hegemonia no sistema de saúde. (CONASS, 2007)

É a partir de 1974, com o Governo de Ernesto Geisel (1974-1979) que o Brasil

começa a caminhar para democracia. Geisel dá início a uma abertura política, dando

espaço à oposição, um marco do governo Geisel é o fim do AI-5 e a restauração do

habeas-corpus, devolvendo a democracia ao país.(BRAVO 2007)

Bravo (2009) afirma que nos anos 80, surgiram novas discussões sobre a

condição de vida da população e a saúde assumiu uma dimensão política estando

diretamente relacionada com a democracia, e nesta nova luta estão inseridos os

profissionais da saúde, que defendiam o fortalecimento do setor público; o

movimento, que ampliou o debate sobre a saúde e a democracia; os partidos

Page 24: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

23

políticos de oposição, que discutiam no Congresso sobre a política do setor e os

movimentos urbanos.

Em março de 1986, aconteceu em Brasília a 8° Conferencia Nacional de

Saúde, acontecimento que marcou a saúde no Brasil e teve como temática: “A

saúde como direito inerente a personalidade e à cidadania; reformulação do sistema

nacional de saúde e o financiamento setorial”. Os debates estabelecidos na 8°

Conferência possuíram uma dimensão muito maior do que todos os debates

anteriores, pois na 8° conferencia além da participação dos fóruns específicos

(Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO, Centro Brasileiro de Estudos

de Saúde - CEBES, medicina preventiva, saúde pública) houve também a

participação de entidades que representavam moradores, sindicatos, partidos

políticos, associações de profissionais e parlamento, não trazendo apenas a

proposta do sistema único, mas também a Reforma Sanitária. (BRAVO, 2009.)

A 8° conferência buscou fortalecer o setor público universalizando o

atendimento, reduzindo a presença do setor privado na saúde, descentralizando a

política de saúde e a execução dos serviços, trazendo melhorias das condições de

saúde da população originando posteriormente (1988) o Sistema Único de Saúde

que é uma estratégia da reforma sanitária, voltado para a população, resgatando o

compromisso do Estado com o bem-estar social, compromisso este que se perdeu

desde as medidas Campanhistas quando a saúde já possuía um caráter curativo e

não preventivo. (BRAVO, 2009.)

Com a promulgação da constituição de 1988 teremos a definição do Sistema

único de saúde (SUS), mas apenas em 19 de setembro de 1990 através da Lei

8.080 que o SUS é definido como um modelo operacional pois apesar do SUS ter

sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi regulamentado em 19 de

setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta lei define o modelo operacional do

SUS, a partir daí já se pode perceber que o SUS está voltado para todos os

cidadãos independente da classe social, o SUS é constitucional.

A Lei 8.080 define, em seu artigo segundo, a saúde como um direito

fundamental do ser humano, caracterizando como dever do Estado promover as

condições indispensáveis para a promoção da saúde, devendo o Estado reformular

as políticas econômicas e sociais afim de reduzir o risco de doenças e de seus

agravos, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de

promoção, proteção e recuperação da saúde. O parágrafo terceiro, da mesma lei,

Page 25: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

24

estabelece a alimentação, moradia, saneamento básico, transporte, meio ambiente,

trabalho, renda, educação e lazer como fatores determinantes e condicionantes para

os níveis de saúde da população, ou seja, os fatores acima sitados podem influir

direta ou indiretamente na saúde da população, sendo necessário abordar o tema

saúde a partir da coletividade e do bem estar físico, mental e social.

Conforme (BRASIL, 2011.) As políticas públicas de saúde funcionam de acordo

com a Constituição Federal de 1988, segundo os princípios que regem o SUS,

universalidade, equidade e integralidade. A eqüidade diz respeito ao acesso às

ações e serviços e pelas diretrizes de descentralização da gestão, a integralidade

funciona no atendimento, na participação da comunidade e na organização de um

Sistema Único De Saúde no território nacional, tal sistema é universal e de acordo

com a Constituição Federal de 1988 é dever do Estado garantir a saúde a toda a

população.

O sistema de saúde é administrado democraticamente e com a participação da

sociedade organizada por isso a sua descentralização, tal descentralização é o

processo de transferência de responsabilidades e prerrogativas de gestão para os

estados e Municípios, definindo atribuições comuns e competências específicas à

União, aos estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. O financiamento dos

recursos se dá com a participação de recursos do orçamento de seguridade social4,

da União, dos Estados e Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios, na qual

prevê mudanças significativas nas relações de poder político e na distribuição de

responsabilidades entre o Estado e a sociedade, e entre os distintos níveis de

governo – nacional estadual e municipal, cabendo aos gestores setoriais papel

fundamental na concretização dos princípios e diretrizes da reforma sanitária

brasileira.(BRASIL, 2011.)

A seguridade social na Constituição brasileira de 1988 é um conjunto integrado de ações do Estado e da sociedade voltadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, incluindo também a proteção ao trabalhador desempregado, via seguro-desemprego. Pela lei, o financiamento da seguridade social compreende, além das contribuições previdenciárias, também

4 A expressão “segurança social’ é aqui usada para designar a garantia de um rendimento que substitua os

salários, quando se interrompem estes pelo desemprego, por doença ou acidente, que assegure a aposentadoria na velhice, que socorra os que perderam o sustento em virtude da morte de outrem e que atenda a certas despesas extraordinárias, tais como as decorrentes do nascimento, da morte e do casamento. Antes de tudo, segurança social significa segurança de um rendimento mínimo; mas esse rendimento deve vir associado a providências capazes de fazer cessar, tão cedo quanto possível, a interrupção dos salários. (SALVADOR, 2010, p.16, apud, BEVERIDGE, 1943, p.189.)

Page 26: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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recursos orçamentários destinados a este fim e organizados em um único orçamento. (SALVADOR, 2010, p. 164)

De acordo com a Coletânea de Leis Serviço Social (2005) o SUS realiza ações

de promoção proteção e recuperação da saúde, além disso o SUS também organiza

o funcionamento destes serviços, tais serviços são financiados através dos impostos

e contribuições sociais pagos pela população, compondo assim os recursos

Federais, Estaduais e Municipais.

No que diz respeito às competências de cada esfera, o SUS define que a

esfera federal, é responsável pelas formulações de políticas nacionais,

planejamento, normalização, avaliação e o controle a nível nacional; a esfera

estadual é responsável pela formulação da política estadual de saúde, e a

coordenação e o planejamento do sistema a nível de estado; ao município, cabe a

formulação da política municipal de saúde, a provisão das ações e serviços de

saúde. (BRASIL, 2011.)

Falar de saúde é ir além da ausência de doença, segundo a VIII Conferência

Nacional de Saúde, que aconteceu em 1986, a saúde é o resultado das condições

de alimentação, trabalho, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte,

emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.

Entretanto, a proposta de saúde construida na década de 80, com bases na luta

sanitarista está sendo deconstruida e se vinculando com o mercado (modelo

privatista) que investe em uma política de saúde curativa, reduzindo os

investimentos na rede básica de saúde e ampliando os investimentos na média e

alta complexidade, além de incentivar convenios com hospitais particulares

destinando parte dos seus leitos para os pacientes do SUS, como é o caso do

Hospital Memorial, e que iremos trabalhar no decorrer deste trabalho.

2.2 SERVIÇO SOCIAL E SEU DIÁLOGO NA SAÚDE

O Serviço Social surgiu entre as décadas de 1920 a 1945 no Brasil, com

influência europeia e com apenas algumas escolas voltadas para a saúde, devido

algumas demandas do setor. Sendo também, segundo Iamamoto (2011),o momento

em que as escolas de Serviço Social se multiplicam na Europa, devido aos grandes

movimentos operários de 1917 a 1921, dando visibilidade à questão social e a

Page 27: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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necessidade de buscar soluções para resolver ou diminuí-las. Iamamoto (2011) em

seu livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, relata que as primeiras

instituições assistenciais surgem neste momento, sendo a primeira no Rio de

Janeiro, em 1920, a Associação das Senhoras Brasileiras, aproximadamente três

anos depois, em 1923, surge em São Paulo a Liga das Senhoras Católicas, estas

instituições possuíam em suas obras o nome de famílias da burguesia paulista e

carioca, e algumas vezes a militância feminista. Segundo Iamamoto (2011) tais

instituições surgiram dentro de um contesto de atender e minimizar as sequelas do

desenvolvimento capitalista, este período também se caracterizou pela inclusão da

mulher á força de trabalho urbana, sendo não apenas características das famílias

operárias, mas atingindo também uma parcela da burguesia.

É a partir do Movimento Laico que os movimentos embrionários vão se

multiplicar e dar forma ao apostolado social, sendo neste momento elemento

humano e a base organizacional que possibilitarão o surgimento do Serviço Social, a

partir da misturas das antigas obras sociais e dos novos apostolados sociais, em

especial os que interviam junto ao proletariado. (IAMAMOTO, 2011)

Em 1932 surge o CEAS – Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo,

considerado uma manifestação original do Serviço Social no Brasil, dando maior

apoio às iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes

paulistas, o CEAS possui como objetivo promover a formação de seus membros

com bases na doutrina social da igreja, com fundamentos formação doutrinária e no

conhecimento aprofundado dos problemas sociais, segundo Iamamoto (2011).

É a partir de 1945 devido ao término da 2° Guerra Mundial e a mudança da

influência europeia para a influência norte-americana que a saúde passa a ser o

setor que mais absorve assistentes sociais, e a ação do profissional nesta área se

intensifica cada vez mais a partir do surgimento do novo conceito de saúde, criado

em 1948, que focaliza os aspectos biopsicossociais dando ênfase ao trabalho em

equipe multidisciplinar, ampliando a abordagem na saúde e trabalhando não apenas

a forma curativa, mas também preventiva e educativa. (BRAVO, 2004)

Foi a partir 1980, que o debate teórico no Serviço Social se ampliou na área da

saúde incorporando fundamentos do maxismo e com o fortalecimento da reforma

sanitária que já vinha se estruturando desde a década de 70 e teve como divisor de

águas a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, em Brasília e em

seguida a Constituição Federal de 1988. A década de 80 é de fato uma década de

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extrema importância para o Serviço Social visto que os profissionais desta época se

inserem no processo de renovação da profissão, sendo possível observar uma

postura crítica dos trabalhos em saúde apresentados nos Congressos Brasileiros de

Assistentes Sociais de 1985 e 1989; a apresentação de alguns trabalhos nos

Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva. (BRAVO, 2004)

Porém é na metade dos anos 90 que o projeto da Reforma Sanitária se

consolida e a partir daí fica mai nítido a existencia dois projetos em disputa o projeto

sanitarista e o projeto privatista. Enquanto, o projeto da reforma sanitária exige como

demandas que o assistente social: busca de democratização do acesso as unidades

e aos serviços de saúde, atendimento humanizado, estratégias de interação da

instituição de saúde com a realidade, interdisciplinaridade, ênfase nas abordagens

grupais, acesso democrático às informações e estímulo a participação cidadã; o

projeto privatista exige que o assistente social realize: seleção sócio-econômica dos

usuários, atuação psico-social através de aconselhamento, ação fiscalizatória aos

usuários dos planos de saúde, assistencialismo através da ideologia do favor e

predomínio de práticas individuais. (BRAVO, 2004)

É Importante destacar que o reconhecimento do Serviço Social na área da

saúde foi legitimada a partir da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº

218, do dia 6 de março de 1997, reconhecendo a categoria de assistentes sociais

como profissionais de saúde e, posteriormente, à Resolução CFESS nº 383, de 29

de março de 1999.

Na área da saúde o Serviço social também é norteado pelos deveres e direitos

existentes no código de ética do Serviço Social e na lei que regulamenta a profissão,

o que deve ser respeitado não apenas pelos profissionais da área, mas também

pelas instituições empregadoras. O assistente social atua nas diferentes políticas

sociais e age no reconhecimento da questão social como seu objeto de estudo e de

trabalho, por isso o assistente social necessita de uma formação crítica,

proporcionando melhor leitura da realidade, identificando as condições de vida da

sociedade civil e o papel do Estado, dessa maneira trabalha lutando e fortalecendo a

organização dos trabalhadores em defesa dos seus direitos e também na construção

coletiva em conjunto com os sujeitos envolvidos gerando estratégias políticas para

modificar a realidade e garantir a ampliação dos direitos.(CFESS, 2010.)

O serviço social, com base em Iamamoto (2011), no cenário atual ele tem

como desafio redescobrir alternativas e possibilidade para a sua atuação

Page 29: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

28

profissional, traçando propostas que enfrentem a questão social. Apontar

possibilidades de enfrentamento da questão social é uma tarefa que localiza o

serviço social na dinâmica das relações entre Estado e sociedade civil, movendo o

profissional para junto da população assistida.

Na saúde, orientado pelos Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais

para a Política de Saúde, o profissional atua em quatro grandes eixos: a)

atendimento direto aos usuários; b) mobilização, participação e controle social; c)

investigação, planejamento e gestão; d) assessoria, qualificação e formação

profissional (CFESS, 2010, p.41). Tais eixos não existem individualmente, eles só

funcionam quando estão interligados, toda a explicação acerca dos eixos é baseada

nos Parâmetros para atuação do assistente social na área da saúde.

No que se refere ao atendimento aos usuários, concretiza-se nos diversos

espaços de atuação, desde a atenção básica, até a média e alta complexidade, na

rede de serviços, pública e/ou privada. Predominam as ações socioassistenciais,

interdisciplinares e sócioeducativas, de atendimento direto e articuladas entre si.

As ações sócio-educativas se caracterizam como a principal demanda do

serviço social, visto que a partir da implementação do SUS nos anos 1990, começa

a originar novas formas de organização do trabalho na área da saúde, cabendo ao

assistente social potencializar a orientação social visando à ampliação do acesso

aos direitos sociais, tanto do indivíduo quanto da coletividade.

Dentro das ações socioeducativas temos as ações de articulação com a equipe

de saúde,que defende a interdisciplinaridade como um caminho a ser trilhado no

trabalho na saúde. Tal interdisciplinaridade irá aproximar a equipe possibilitando que

os profissionais tomem conhecimento das atividades que são próprias do serviço

social, evitando que os assistentes sociais realizem atividades que não suas e

viabilizando um reconhecimento dos profissionais da equipe acerca da atuação do

assistente social.

As ações voltadas para a mobilização e participação social de usuários,

familiares, trabalhadores de saúde e movimentos sociais em espaços democráticos

de controle social e na luta pela garantia do direito à saúde buscam contribuir na

organização dos usuários, sujeitos políticos, a fim de reivindicar seu lugar na

agenda pública da saúde e nos espaços que visam democratizá-la. A ouvidoria no

SUS é um canal criado para comunicação dos usuários com a rede, possibilitando a

articulação o cidadão e a gestão dos serviços de saúde, com a finalidade de

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29

aperfeiçoar os serviços prestados. A ouvidoria recebe denuncias, elogios e

sugestões, afim de encaminha-los para os órgãos competentes. Além da ouvidoria,

ainda no aspecto de mobilização e participação social, temos os movimentos sócias

que visam fortalecer os fóruns e os conselhos, a partir de discussões acerca da

política de saúde e das alternativas que podem ser tratadas para a garantia de

direitos, porém esta mobilização social não acontece apenas pela vontade do

assistente social, pois quando se trata de acesso aos direitos existe sempre uma

correlação de forças.

O terceiro eixo relaciona-se ao conjunto de ações voltadas para o

fortalecimento da gestão democrática e participativa capaz de produzir, em equipe e

intersetorialmente, a gestão em favor dos usuários e trabalhadores de saúde, na

garantia dos direitos sociais. Implica também no planejamento dos processos de

trabalho, nas novas formas de organizar as práticas de saúde.a participação do

assistente social nos espaços de planejamento e gestão tem como norte o projeto

ético-político profissional, que prevê as seguintes ações:

• elaborar planos e projetos de ação profissional para o Serviço Social com a participação dos assistentes sociais da equipe; • contribuir na elaboração do planejamento estratégico das instituições de saúde procurando garantir a participação dos usuários e demais trabalhadores da saúde inclusive no que se refere à deliberação das políticas; • participar da gestão das unidades de saúde de forma horizontal, procurando garantir a inserção dos diversos segmentos na gestão; • elaborar o perfil e as demandas da população usuária através de documentação técnica e investigação; • identificar as manifestações da questão social que chegam aos diversos espaços do Serviço Social por meio de estudos e sistema de registros; • realizar a avaliação do plano de ação por meio da análise das ações realizadas pelo Serviço Social e pela instituição (em equipe) e os resultados alcançados; • participar nas Comissões e Comitês temáticos existentes nas instituições, a saber: ética, saúde do trabalhador, mortalidade materno-infantil, DST/AIDS, humanização, violência contra a mulher, criança e adolescente, idoso, entre outras, respeitando as diretrizes do projeto profissional do Serviço Social; • realizar estudos e investigações com relação aos determinantes sociais da saúde; • identificar e estabelecer prioridades entre as demandas e contribuir para a reorganização dos recursos institucionais por meio da realização de pesquisas sobre a relação entre os recursos institucionais necessários e disponíveis, perfil dos usuários e demandas (reais e potenciais); • participar de estudos relativos ao perfil epidemiológico e condições sanitárias no nível local, regional e estadual;

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• realizar investigação de determinados segmentos de usuários (população de rua, idosos, pessoas com deficiências, entre outros), objetivando a definição dos recursos necessários, identificação e mobilização dos recursos existentes e planejamento de rotinas e ações necessárias; • fortalecer o potencial político dos espaços de controle social por meio de estudos em relação aos mesmos a fim de subsidiá-los com relação às questões enfrentadas pelos conselhos na atualidade; • participar de investigações que estabeleçam relações entre as condições de trabalho e o favorecimento de determinadas patologias, visando oferecer elementos para a análise da relação saúde e trabalho; • realizar estudos da política de saúde local, regional, estadual e nacional; • fornecer subsídios para a reformulação da política de saúde local, regional, estadual e nacional, a partir das investigações realizadas; • criar estratégias e rotinas de ação, como por exemplo fluxogramas e protocolos, que visem a organização do trabalho, a democratização do acesso e a garantia dos direitos sociais; • integrar a equipe de auditoria, controle e avaliação, visando a melhoria da qualidade dos serviços prestados, tendo como referência os projetos da reforma sanitária e o ético político profissional; • sensibilizar os gestores da saúde para a relevância do trabalho do assistente social nas ações de planejamento, gestão e investigação.

(CFESS, 2010, p 38) O último eixo envolve as atividades de assessoria, qualificação e formação

profissional visando o aprimoramento profissional, tendo como objetivo a melhoria da

qualidade dos serviços prestados aos usuários. Traz a necessidade da educação

permanente dos trabalhadores de saúde, da gestão, dos conselheiros de saúde,

líderes comunitários, estudantes da área da saúde e residentes, campos de estágio,

e outros. Ressalta o trabalho interdisciplinar, ao encontro das ações da promoção,

prevenção e recuperação da saúde, em oposição ao trabalho fragmentado e

centrado em um único saber. As principais ações deste eixo, com base no

documento CFESS (2010), são:

fortalecer o controle democrático por meio da assessoria aos conselhos de saúde, em todos os níveis; • formular estratégias coletivas para a política de saúde da instituição como para outras esferas por meio da organização e coordenação de seminários e outros eventos; • criar campos de estágio e supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social e estabelecer articulação com as unidades acadêmicas; • participar ativamente dos programas de residência, desenvolvendo ações de preceptoria, coordenação, assessoria ou tutoria, contribuindo para qualificação profissional da equipe de saúde e dos assistentes sociais, em particular; • participar de cursos, congressos, seminários, encontros de pesquisas, objetivando apresentar estudos, investigações e

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31

realizadas e troca de informações entre os diversos trabalhadores da saúde; • participar e motivar os assistentes sociais e demais trabalhadores da saúde para a implantação / implementação da NOB RH / SUS, nas esferas municipal, estadual e nacional; • qualificar o trabalho do assistente social e/ou dos demais profissionais da equipe de saúde por meio de assessoria e/ou educação continuada; • elaborar plano de educação permanente para os profissionais de Serviço Social bem como participar, em conjunto com os demais trabalhadores da saúde, da proposta de qualificação profissional a ser promovida pela instituição; • criar fóruns de reflexão sobre o trabalho profissional do Serviço Social bem como espaços para debater a ação dos demais profissionais de saúde da unidade; • assessorar entidades e movimentos sociais, na perspectiva do fortalecimento das lutas em defesa da saúde pública e de qualidade. (p.40)

Nesse sentido, o serviço social também se insere no âmbito hospitalar –

instituições privadas, onde tem a possibilidade de desenvolver um trabalho em

equipe, junto a outras categorias profissionais na área da saúde, como veremos no

próximo capitulo.

Page 33: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

32

3 UM OLHAR SOBRE A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO HOSPITAL MEMORIAL

Neste capitulo iremos falar um pouco sobre a equipe multiprofissional do

Hospital Memorial, dividindo o assunto em dois subtítulos: o primeiro trata sobre a

caracterização institucional, situando o leitor acerca do funcionamento da instituição

e de suas características, uma vez que, tais informações foram adquiridas a partir da

vivencia na instituição durante o estágio Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN, pois tive a oportunidade de presenciar a atuação da assistente social

junto à equipe multiprofissional de maneira geral e foram momentos que agregaram

grande conhecimento.

O segundo e o terceiro subtítulo são pautados nas entrevistas realizadas na

instituição, com os profissionais da equipe e com as assistentes sociais. O segundo

ressalta a importância do serviço social na equipe multiprofissional, bem como sua

importância na optica da equipe multiprofissional. No terceiro podemos ter uma

análise mais completa de como o assistente social compreende o seu papel dentro

da equipe multiprofissional.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE PESQUISA

A Clínica Ortopédica e Traumatológica de Natal LTDA, nome fantasia Hospital

Memorial, localizado na Avenida Juvenal Lamartine Nº. 979, no bairro do Tirol,

Contato: (84) 3133-4200, é uma instituição médica de caráter privado, é conveniado

nos mais diversos planos de saúde, atendimento particular, Seguro de Danos

Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT como

também é conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) ao qual está destinado

80% dos seus leitos, resultando em um hospital privado conveniado ao SUS, ou

seja, seus funcionários trabalham de acordo com a politica de saúde, porém seu

empregador é uma empresa privada.

A instituição atende média e alta complexidade e para entender o que significa

esse nível de complexidade é bom entender primeiramente o que significa atenção

Page 34: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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primária. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2011) a

atenção primária é o primeiro nível da atenção à saúde no SUS, na atenção primária

não é necessário alta tecnologia, são procedimentos menos complexos, porém

capazes de atender a maioria dos problemas de saúde que são comuns na

comunidade, ou seja, a atenção primária é considerada uma base orientadora do

sistema de saúde, sendo preferencialmente a porta de entrada para ter acesso aos

demais serviços de saúde do SUS.

Ainda segundo o CONASS (2011) entende-se por média complexidade ações

que atendem os principais problemas de saúde da população, o qual a

complexidade demande de profissionais especializados e de recursos tecnológicos

para auxiliar no diagnóstico e no tratamento e a alta complexidade demanda de uma

tecnologia ainda maior e alto custo do que a média complexidade, ou seja, é um

conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto

custo, com objetivo de proporcionar à população acesso a serviços qualificados, tais

serviços se integram com os demais níveis de atenção à saúde, de acordo com o

SUS de A a Z (2004) apud CONASS (2007), são atividades de alta complexidade:

assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos

procedimentos de diálise);

• assistência ao paciente oncológico; • cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; • procedimentos da cardiologia intervencionista; • procedimentos endovasculares extracardíacos; • laboratório de eletrofisiologia; • assistência em tráumato-ortopedia; • procedimentos de neurocirurgia; • assistência em otologia; • cirurgia de implante coclear; • cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; • cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; • procedimentos em fissuras lábio-palatais; • reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; • procedimentos para a avaliação e o tratamento dos transtornos respiratórios do sono; • assistência aos pacientes portadores de queimaduras; • assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); • cirurgia reprodutiva; • genética clínica;

Page 35: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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• terapia nutricional; • distrofia muscular progressiva; • osteogênese imperfecta; • fibrose cística e reprodução assistida.

O hospital atua na área da Ortopedia/ traumatologia e clinica médica neurologia

atendendo usuários com fratura com indicação cirúrgica, em sua maioria são

pacientes do sexo masculino com a idade media entre 18 e 45 anos de idade,

vítimas de acidentes automobilísticos, onde vários apresentam um diagnostico de

fratura do fêmur, na qual necessita da realização de cirurgias.

Conforme informações produzidas na instituição a Clínica Ortopédica e

Traumatológica de Natal LTDA tem como missão, contribuir para a qualidade de vida

do cidadão e da comunidade, observando, em nível de excelência ações de saúde,

voltadas a prevenção e assistência, nas áreas de trauma, saúde do trabalhador,

criança e idoso.

As ações de acolhimento e humanização tecem uma rede de confiança e

solidariedade entre as pessoas, além da integração das equipes de profissionais e

entre esses os usuários, o acolhimento reorganiza o processo de trabalho

melhorando o serviço de saúde devido o processo de escuta, que identifica os riscos

e as vulnerabilidades, é essa articulação na rede que permite um resultado melhor e

um bem-estar ao usuário. Por isso a instituição considera importante receber o

usuário como sujeito ativo no processo de produção da saúde.

O hospital é um prédio de sete andares, que abrange média e alta

complexidade, dispõe de 63 leitos entre enfermarias e apartamentos bem equipados

e estruturados, dispõe de UTI Adulta, de uma enfermaria com alas para adultos e

alas pediátricas, e tem em suas especialidades; Clínica cirúrgica

(ortopediatria/traumatologia e neurologia) e Clínica médica.

O Pronto Socorro está capacitado e equipado para atender casos de urgência

e emergência com plantão de 24 horas, oferecendo serviços em Ortopedia. Dentre

os serviços oferecidos, no hospital destacamos: Cirurgia da Mão, Cirurgia do

Aparelho Digestivo, Cirurgia Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Cirurgia

Torácica, Clínica Médica, Coloproctologia, Infectologia, Neurocirurgia, Neurologia,

Ortopedia e Traumatologia, Pediatria, Pneumologia, Urologia.

Muitos dos usuários que chegam à instituição residem no interior do Estado,

são demanda espontânea, através do seguro DPVAT ou após terem procurado o

hospital estadual Walfredo Gurgel ou outros hospitais regionais e serem

Page 36: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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encaminhados para o Memorial. Os pacientes jovens e do sexo masculino em sua

maioria são vitimas de acidentes automobilísticos, com faixa etária dos 18 aos 45

anos, já os idosos são maioria do sexo feminino, com faixa etária dos 50 aos 80

anos e vítimas de acidentes domésticos e/ou quedas. É importante destacar que as

quedas são também a mesma causa da entrada da maioria das crianças no hospital.

Todo paciente que chega ao hospital é registrado no programa interno,

SMART, onde são colocados seus dados pessoais, telefone para contato do

paciente e dos familiares responsáveis, dados do médico responsável pelo

tratamento, convênio utilizado, data da internação, procedimento médico realizado,

leito no qual o paciente será internado. Além dessas informações, o sistema também

é utilizado para marcar cirurgias eletivas, ter acesso à agenda dos médicos que

atendem na instituição. para organizar o financeiro realizando orçamentos e

faturamento dos convênios, e para a manutenção dos suprimentos solicitando os

materiais do estoque através do sistema.

Como podemos perceber o Hospital Memorial é uma instituição privada

conveniada ao SUS, e este convenio acontece com base na Lei 8.080/90, no artigo

4° parágrafo segundo, que diz que “iniciativa privada poderá participar do Sistema

Único de Saúde - SUS, em caráter complementar”, porém este caráter

complementar abrange 80% dos leitos do hospital o que faz com que a equipe

multiprofissional possua características bem significativas, já que é uma instituição

privada que funciona, na maioria dos atendimentos, com base nos princípios do

SUS, este contexto também diferencia no exercício profissional do assistente social,

que ao mesmo tempo que trabalha com base nos princípios do SUS, seu trabalho é

regido pelas normas da empresa que a emprega, ou seja, uma empresa privada. É

devido a este contexto no qual se enquadra a instituição, que realizamos uma

entrevista pra traçar o perfil da equipe multiprofissional. Tal perfil começará a ser

descrito a partir do próximo item.

3.2 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL MEMORIAL, BEM COMO A SUA IMPORTÂNCIA, NA OPTICA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL.

Toda a explicação a seguir a cerca do Hospital Memorial e do Serviço Social

na unidade foi baseada em Araújo (2013). Foi reconhecendo a importância do

Page 37: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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Serviço Social na área da saúde que o assistente social foi inserido no Hospital

Memorial desde sua fundação, na perspectiva de contribuir com a equipe de saúde

que integra a instituição. O trabalho é desenvolvido por duas assistentes sociais que

trabalham de segunda à sexta-feira respeitando as 30 horas semanais e dispõem de

uma sala para atender os usuários. São realizadas visitas diárias às enfermarias,

além do trabalho de orientações acerca Previdência, Documentações, Autorizações

de Exames, encaminhamentos interno ou externo dentre outros,como já trabalhamos

anteriormente.

Os usuários do Serviço Social são pessoas de ambos os sexos, que varia

entre adultos, crianças, adolescentes necessitando de informações quanto aos seus

direitos.

Deve-se ressaltar que existe uma maior incidência de pacientes idosos,

vítimas de queda, apresentando maior índice de fratura de fêmur, uma vez que

dispõem de pouca coordenação motora. Quanto aos jovens, em sua maioria

sofreram acidentes automobilísticos, com maior incidência em motocicleta, ou foram

vítimas de algum tipo de violência, em brigas ou com armas de fogo. Portanto, são

estes usuários do Serviço Social, que são assistidos na instituição através de Planos

de Saúde, particulares ou do Sistema Único de Saúde - SUS, com o qual o hospital

mantém convênio.

Com relação às atividade desempenhadas pelo Assistente Social destacamos

as mais frequentes de acordo com as informações coletadas na instituição:

Esclarecimento dos direitos garantidos pelo SUS; Orientação social às família e

preparação do pacientes em relação a alta hospitalar; Autorização de termo para

amputação de membros; Visita às enfermarias, apartamentos, Pronto Socorro e UTI;

Viabilização de exames fora do hospital; Informações de normas e condutas do

hospital; Aquisição de ambulância Pública e privada para remoção do paciente, seja

para casa ou para outra unidade de saúde; Fornecimento de autorizações diversas

(visitas extras, liberação de algum equipamento como por exemplo ventiladores, ou

colchões de ar.); Declaração para acompanhantes; Liberação de alimentos para

acompanhantes que estão amparados pelo ECA (Estatuto da Criança e

Adolescente), Estatuto do Idoso e outras situações especiais, pacientes psiquiátrico,

portador de necessidades especiais.

A atuação do assistente social junto aos acompanhantes do Hospital Memorial

é no sentido de esclarecê-los quanto às normas, rotinas da instituição e orientação

Page 38: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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dos direitos dos pacientes e deveres destes para com o hospital. O Assistente Social

participa da equipe multidisciplinar no momento da comunicação do óbito do

paciente junto à família, orientando-os sobre o sepultamento, documentação

necessária para retirada do atestado de óbito junto ao cartório responsável e quando

o óbito é encaminhado ao ITEP (Instituto Técnico e Científico de Polícia).

Quando necessário, o assistente social prepara relatório social para o

Ministério Público em defesa da saúde do idoso, da criança e adolescente. Os

desafios enfrentados por este profissional são justamente no que diz respeito à

burocratização dos convênios, dentre eles o SUS, por ser a demanda maior do que a

oferta (poucos leitos e muitos pacientes), além da relação entre funcionários x

pacientes, no que diz respeito aos direitos dos usuários.

A intervenção da assistente social está ligada a uma atuação emergencial,

uma vez que as demandas da instituição necessitam de uma resposta imediata,

porém com enfoque voltado para um despertar de uma consciência no que se refere

ao direito do paciente enquanto cidadão, a assistência enfocada no âmbito da

instituição hospitalar deixar claro uma conduta voltada para a assistência do direito,

mesmo sabendo das dificuldades encontradas no cotidiano devido às expressões da

questão social e do conjunto de desigualdades existentes na sociedade capitalista.

Nesse modo de produção, tem se acentuando a prática curativa na área da saúde,

pois não é interessante para uma sociedade capitalista investir em promoção e

prevenção, se o mercado farmacêutico e suas práticas curativas são muito mais

interessantes.

No que diz respeito à relação do assistente social com os outros profissionais

que compõem a equipe de saúde do hospital foi possível notar alguns problemas

relacionados ao dialogo do serviço social com a equipe gerando alguns problemas

que modificam a maneira como a equipe enxerga a atuação dos profissionais na

instituição.

Com base em Pinho (2006), quando falamos em trabalho em equipe existem

várias definições, porém, existem pontos universais que baseiam a formação de uma

equipe, esses pontos são: desempenho coletivo, responsabilidade coletiva, tomada

de decisões coletiva, uso de habilidades e conhecimentos completares, porém,

Pinho (2006) resalta que em equipes de saúde é possível identificar a existência de

situações específicas ao setor, seriam essas especificidades: “dominância de um

discurso particular, resultando na exclusão de outro e falta de confiança

Page 39: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

38

interprofissional resultante de relações de poder entre as profissões.” (PINHO, 2006,

p.4), essas especificidades da equipe de saúde podem ser percebidas ao longo

deste item, ao analisar as respostas da equipe multiprofissional.

O trabalho em equipe multiprofissional, segundo Peduzzi (2001):

O trabalho em equipe ocorre no contexto das situações objetivas de trabalho, tal como encontradas na atualidade, nas quais se mantêm relações hierárquicas entre médicos e não-médicos e diferentes graus de subordinação, ao lado da flexibilidade da divisão de trabalho e da autonomia técnica com interdependência. (p.6)

Ou seja, Peduzzi (2001) considera a possibilidade de uma equipe que seja

integrada, mesmo nas diversas situações entre diferentes profissionais, visto que,

como já foi dito anteriormente, a equipe multiprofissional é caracterizada pela

relação recíproca entre as diversas intervenções e interações entre os profissionais

de diferentes áreas, estabelecendo uma mediação afim de articular as ações, porém

opiniões e discurso divergentes podem comprometer a integração da equipe,

entretanto isso não acontece no Hospital Memorial, como veremos a seguir, a

equipe compartilha de opiniões semelhantes.

A partir das entrevistas centralizamos nossa análise em quatro pontos: O

lugar do serviço social na instituição, o que não é atribuição do assistente social, a

importância do assistente social na equipe e por fim, a falta que o serviço social faria

dentro da equipe.

O primeiro ponto teve respostas bem parecidas, quando foi perguntado sobre

o lugar que o serviço social ocupa na instituição, na óptica do entrevistado, as

respostas apontavam um lugar de importância, de destaque, deixando transparecer

uma imagem positiva. Como podemos perceber nas seguintes respostas:

Ocupa um lugar importante na organização. (Profissional da equipe 4) Ocupa um lugar de destaque, que resolve os problemas da assistência social.( Profissional da equipe 2) Auxiliar a equipe no tocante à parte administrativa e em relação aos familiares, ajudando em problemas relacionados a legislação e resguardando os direitos dos pacientes dentro da instituição hospitalar. (P Profissional da equipe 1)

Porém teve uma resposta que fugiu do padrão das respostas coletadas, nesta

fala o profissional não deu uma posição de tanto destaque:

Ocupa um lugar “mediano”, ele poderia ser melhor, mas não é muito atuante, pois as profissionais deixam muito a desejar. Por não ter assistente social no fim de semana as enfermeiras que tem que ligar

Page 40: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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para o interior, dar orientação das normas hospitalares aos acompanhantes e aos pacientes. Se não existisse essa deficiência o serviço social seria mais “importante”, pois hoje há uma grande deficiência na atuação do serviço social, pela falta de profissionais no fim de semana e pela falta de “boa vontade” das Assistentes Sociais fazerem a visita, elas nunca passam em todos os leitos e a enfermagem sente essa carência. O serviço social deixa muito a desejar. As Assistentes sociais também não dialogam com a equipe, não pedem opinião, não há diálogo entre a equipe e o serviço social em nenhuma das partes o que deixa os profissionais mais distantes. (Profissional da equipe 3)

A partir da resposta deste primeiro ponto e durante toda a entrevista foi

possível perceber que as queixas em relação à execução do trabalho das

assistentes sociais eram voltadas para tarefas que não são atribuições da profissão,

alguns consideram a profissão importante e com um lugar de destaque ou de

importância, outro imagina que a profissão deixaria de ser um lugar mediano se

executasse melhor os seus afazeres, mas ambos associam o serviço social à

atividades que não são de sua competência. Um exemplo claro é a resposta do

profissional de medicina 2, ao ser perguntando sobre o que não é atribuição do

Serviço Social e ele respondeu: “Não existe, tudo o Serviço Social pode resolver.”.

Ou seja, a profissão adquiriu a característica de quem resolve tudo, é nítido

que a equipe não tem conhecimento de que no artigo 2°do código de ética que

regulamenta a profissão do serviço social, no qual afirma que o assistente social

possui ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar

serviços profissionais imcompatíveis com suas atribuições, cargos ou funções, ou

seja, a equipe não conhece a profissão do serviço social, não possui conhecimento

de suas atribuições e competências, muito menos que existe uma lei que

regulamenta a profissão, sendo assim o assistente social possui a característica de

um profissional que faz tudo, um resolvedor de problemas da instituição.

Podemos relacionar a maneira como os profissionais da equipe percebem o

assistente social, com a sua formação, pois eles possuem uma visão do serviço

social como caridade, seria a moça que está disposta a resolver tudo, logo, quando

o profissional se nega a fazer algo que não é a sua atribuição ele é visto de forma

negativa, como foi falado anteriormente pelo profissional 3, que caracterizou o

assistente social como um profissional que não é atuante e que sua ausência nos

fins de semana sobrecarrega a equipe de enfermagem.

Ou seja, o assistente social é útil e importante quando facilita o trabalho da

equipe de enfermagem fazendo de tudo um pouco, e os demais profissionais

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declararam que com exceção da parte médica, curativa, o assistente social está apto

a tudo, como podemos ver a seguir:

A parte médica (clínica, diagnóstico) não é vista como função do serviço social, pois o Assistente social não possui capacitação propedêutica e terapêutica para tal. (Profissional da equipe 1) Se meter na parte da enfermagem, determinar procedimentos, pois elas não tem competência tomar tal decisão. (Profissional da equipe 3) Se meter na área da saúde, nas coisas que competem a enfermagem e não à assistente social. Por exemplo: se meter no procedimento do técnico de enfermagem com o paciente, isso compete a enfermeira, pois é cada um com sua atribuição. (Profissional da equipe 4)

Também é bem perceptível que a equipe atribui ao assistente social tarefas

que qualquer um da equipe poderia realizar. Tal desconhecimento acerca das

atribuições do assistente social é uma evidencia de que a equipe não dialoga acerca

de sua atribuições, uma vez que no caso do serviço social, os princípios

fundamentais do código de ética versam sobre:

I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; Código de Ética Princípios Fundamentais; VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero; IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as; X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à

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população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física. (BRASIL, 1993, p 24)

Se houvesse um conhecimento sobre este trecho do código de ética, teríamos

repostas bem diferentes em todas as questões, mesmo sabendo que este trecho

apresenta apenas o básico sobre o exercício do assistente social, já possibilitaria um

conhecimento sobre a profissão. Infelizmente o não conhecimento sobre o serviço

social impede a equipe de perceber a real importância do serviço social na área da

saúde, atribuímos isso não apenas a falta de diálogo nas equipes, mas como foi

possível analisar, temos na equipe profissionais a partir formados na década de

1950, ou seja, eles ainda possuem uma visão do serviço social caritativo, de

benevolência, temos apenas o profissional 4.

No terceiro ponto só se intensifica a importância da execução de tarefas

como: marcação de consultas, comunicado da alta hospitalar, solicitar ambulância,

exames e demais atividades que já foram citadas anteriormente, sendo possível

identificar tais necessidades na resposta do último ponto. As falas do terceiro ponto

reconheciam que o serviço social é o profissional correto e competente para

resguardar o direito dos pacientes e familiares, bem como alguns encaminhamentos

e informações ( previdência, auxilio doença por exemplo) o assistente social possui

maior conhecimento, como é possível identificar nas respostas dos profissionais de

medicina 1 e 2:

Como havia citado na primeira pergunta: auxiliar a equipe no tocante à parte administrativa e em relação aos familiares, ajudando em problemas relacionados a legislação e resguardando os direitos dos pacientes dentro da instituição hospitalar, pois muitas vezes o paciente e seus familiares são alheios dos direitos como pacientes e cidadãos, principalmente o direito à autonomia, direito dos idosos, crianças, deficientes, pois as vezes a instituição não está preparada e o Serviço Social entraria para resguardar estas diretrizes. (Profissional da equipe 1) É de fundamental importância. Ela resolve os problemas dos pacientes e dos familiares. (Profissional da equipe 2)

É possível perceber que a importância do serviço social se dá apenas na parte

assistencial, não há conhecimento acerca das atribuições e competências do serviço

social na saúde em nenhum momento da entrevista foi falado por algum entrevistado

sobre o assistente social ser um profissional capacitado para executar ações sócio

Page 43: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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educativas, que inclusive seriam muito importantes, visto que o assistente social tem

competência para trabalhar desenvolvendo as seguintes atividades:

• sensibilizar os usuários, sobre direitos sociais, princípios e diretrizes do SUS, rotinas institucionais, promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de grupos socioeducativos; • democratizar as informações da rede de atendimento e direitos sociais por meio de ações de mobilização na comunidade; • realizar debates e oficinas na área geográfica de abrangência da instituição; • realizar atividades socioeducativas nas campanhas preventivas; • democratizar as rotinas e o funcionamento da unidade por meio de ações coletivas de orientação; • socializar informações e potencializar as ações socioeducativas desenvolvendo atividades nas salas de espera; • elaborar e/ou divulgar materiais socioeducativos como folhetos, cartilhas, vídeos, cartazes e outros que facilitem o conhecimento e o acesso dos usuários aos serviços oferecidos pelas unidades de saúde e aos direitos sociais em geral; • mobilizar e incentivar os usuários e suas famílias para participar no controle democrático dos serviços prestados; • realizar atividades de grupos com os usuários e suas famílias, abordando temas de interesse dos mesmos. (CFESS, 2009.)

Em momento nenhum foi ouvido alguma reclamação da equipe pelo serviço

social da instituição não realizar as atividades acima, as reclamações não existem

pelo simples fato de que não há conhecimento de que a assistente social possa

realizar atividades sócio educativas e não existe este tipo de atividade na instituição,

o que mais se aproxima é a distribuição do folheto explicativo do HEMONORTE

sobre a doação de sangue, este folheto as assistentes sociais passam nos leitos

distribuindo e informando sobre a necessidade da doação de sangue.

É pela falta de conhecimento que os profissionais avaliaram a importância do

serviço social apenas como o agente que resolve os problemas e deixou uma

observação de que se o serviço social funcionasse e tivesse diálogo com a equipe

sua atuação teria maior importância, como já haviamos notado na fala do

profissional 3, o qual considerava a atuação do assistente social importante quanto

“funcionava”, entretanto este “funcionar” está ligado a atribuições que não são dele,

podemos perceber também na seguinte fala:

Na hierarquia, tem coisas que o técnico não pode se meter. O assistente social está acima da enfermagem pois é ele quem liga pra ambulância, entra em contato com outros hospitais e resolve as coisas que a enfermagem não pode resolver. (Profissional da equipe 4)

A observação feita pelo profissional 3, mesmo sabendo que ele ver a atuação

da profissão apenas com a função de resolver problemas acerca de ambulância, alta

Page 44: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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hospitalar, entre outros, é importante lembrar que o bom diálogo da equipe facilitaria

para as assistentes sociais trabalharem sobre suas competências e atribuições junto

aos profissionais da instituição, tal diálogo também poderia modificar a

caracterização da equipe passando de multiprofissional para interdisciplinar além de

viabilizar uma percepção melhor acerca do serviço social, visto que, as criticas

acerca da atuação das assistentes sociais estavam pautadas em atividades que não

eram atribuições privativas do serviço social.

Por fim, o último ponto se referia a falta que o assistente social faria na

instituição. Todos concordaram que o assistente social faria falta, entretanto os

motivos foram diferentes, como podemos observar a seguir:

Com certeza! Por exemplo: chega um paciente com três acompanhantes de uma vez, imagine se não existisse assistente social? Como a equipe de enfermagem iria controlar? Ficaria um tumulto de gente no quarto atrapalhando o trabalho da equipe. O assistente social realiza o trabalho de controlar, ele controla e orienta, sem ele a equipe de enfermagem ficaria sobrecarregada. (Profissional da equipe 4) Faria. Pois muitas coisas que elas resolvem perderíamos perder muito tempo resolvendo, marcando exame, ligando para o interior, entrando em contato com a família. De segunda a sexta funciona bem, elas resolvem, mas nos fins de semana a equipe sente falta e acaba ficando mais sobrecarregada.( Profissional da equipe 3)

É possível perceber que os profissionais 3 e 4 não possuem nenhuma visão

acerca do acesso aos direitos que o assistente social pode viabilizar, diferente das

falas dos profissionais 1 e 2, como podemos observar a seguir:

Faria. No tratamento do paciente, da família, acerca do que ele tem direito, do que o Estado dá direito e o que não dá, são questões que o Serviço Social tem que está envolvido, pois ele tem mais conhecimento. (Profissional da equipe 2) Bastante! Faria falta em muitas coisas, como no acesso aos direitos pois a própria equipa multidisciplinar pode não conhecer e o serviço social ajuda muito neste sentido, já que a equipe de saúde fica muito focada no tratamento do paciente no que se refere a parte clinica e o serviço social auxilia a equipe nesta parte. (Profissional da equipe 1)

Analisando o conjunto de todas as respostas é possível perceber que a

imagem que os profissionais da equipe multiprofissional tem do serviço social na

instituição é bem parecida, porém os profissionais da medicina veem a assistente

social viabilizador de direitos, mesmo ainda associando ao profissional que resolve

tudo da assistência, já a equipe de enfermagem vê o serviço social como facilitador

Page 45: A importância do fazer profissional do Serviço Social no

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do trabalho deles, pois quando o serviço social não atua é a enfermagem que tem

que resolver o que de segunda a sexta é delegado à assistente social.

Durante este item foi discutido sobre a imagem do assistente social sob a

óptica da equipe multiprofissional, e durante todo o texto foram elencados problemas

acerca da atuação e da imagem que o assistente social tem na instituição. No

próximo item veremos como o assistente social se ver dentro da equipe, quais as

suas dificuldades e o porquê da equipe não conhecer o que realmente é o trabalho

de um assistente social dentro de um hospital.

3.3 COMO O ASSISTENTE SOCIAL COMPREENDE O SEU PAPEL DENTRO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

Para entender como as assistentes sociais do Hospital Memorial

compreendem o seu papel dentro da equipe multiprofissional foram elaboradas cinco

questões, que deram origem a cinco pontos de análise, são eles: a importância do

assistente social na equipe, que não é atribuição do assistente social e ele realiza

no hospital, as mediações necessárias para garantir autonomia, como o profissional

imagina a opinião da equipe acerca do seu trabalho e de que maneira se dividem as

competências gerais dentro da instituição.

Para iniciarmos a nossa reflexão, sabemos que São deveres do assistente

social nas relações com os usuários, de acordo com o Capítulo I, Artigo 5º do

Código de Ética (1993):

a) Contribuir para viabilização da participação efetiva da população usuária nas decisões institucionais;

b) Garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e conseqüências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos usuários, mesmos sendo contrários aos valores e às crenças dos profissionais resguardados os princípios deste código;

c) Democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos usuários;

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d) Devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses;

e) Informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro audiovisual e pesquisas, referente a elas e a forma de sistematização dos dados obtidos;

f) Fornecer a população usuária, quando solicitado, informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo serviço social e as suas conclusões resguardando sigilo profissional;

g) Contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os usuários no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados;

h) Esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional.

Porém o Hospital Memorial é um hospital de média e alta complexidade,

como já foi dito em capítulos anteriores, que possui 80% dos seu leitos destinados

ao SUS desafogando o Hospital Estadual Walfredo Gurgel. A rotina do hospital é

bastante acelerada, visto que eles necessitam liberar os leitos pois há uma grande

demanda de usuários de todo o Rio Grande do Norte. O fato da rotina ser acelerada

já faz com que os profissionais trabalhem apenas no que lhe compete, sem muitos

diálogos com a equipe, pois eles necessitam resolver de maneira rápida e eficiente

para que os usuários sejam tratados e novos usuários tenham acesso rápido ao

tratamento.

A falta de diálogo com a equipe foi um dos problemas apresentados pelos

profissionais acerca da relação com o serviço social, esta falta de diálogo está

relacionada ao caráter de urgência no qual os problemas tem que ser resolvidos e o

assistente social está incluído nessa urgência na resolução das demandas.

O artigo 5° do código de ética citado acima norteia muito bem a relação do

assistente social com os usuários. No nosso lócus de pesquisa, o problema começa

quando tudo que não é clinico é posto para o assistente social resolver, sendo

assim, falta tempo para trabalhar esclarecendo aos usuários objetivo do serviço

social, assim como todos os outros tópicos do artigo 5°.

Quando ao segundo ponto da nossa reflexão sobre o serviço social, o que

não é atribuição do assistente social e ele realiza no hospital, obtemos as seguintes

respostas:

Várias coisas. Chamar ambulância, chamar a família para comunicar o óbito, tudo que acontece mandam vir para a sala serviço social,

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declaração de comparecimento e de acompanhamento, em fim tudo o assistente social se não resolve tenta. (assistente social 1) As informações da alta hospitalar, e todo hospital que eu conheço e tenho colegas assistentes sociais que trabalham na saúde relatam que o assistente social que informa da alta, solicita ambulância, telefona para a família, é bem característico os hospitais delegarem isso como atribuição do serviço social, e aqui não é diferente. A questão do encaminhamento de materiais para biopsia, não é nossa atribuição mas eu tenho aceitado por ver a importância de ter alguém responsável que organize este material, envie para o laboratório e entre em contato com a família, então eu acabo me responsabilizando como uma maneira de garantir que será bem feito. (assistente social 2)

O assistente social passa mais tempo resolvendo o que não é atribuição e o

que deveria ser feito é deixado pra depois, visto que, as demandas das declarações,

alta hospitalar, encaminhamento para a biopsia, contato com ambulâncias da cidade

e do interior do estado, são demandas urgentes e que na hora da emergência.

A maneira do assistente social ganhar tempo para realizar suas atribuições se

resolveria de uma maneira rápida, se sentasse equipe e assistente social e

debatessem com bases nos parâmetros para a atuação de assistentes sociais na

saúde seria fácil perceber que não é atribuição do assistente social qualquer ação

que possua caráter técnico-administrativo ou que demande formação específica,

este ultimo foi encontrado na fala de alguns profissionais no item anterior, ou seja,

não é atribuição do assistente social, com base nos parâmetros para atuação do

assistente social na saúde:

marcação de consultas e exames bem como solicitação de autorização para tais procedimentos aos setores competentes;

solicitação e regulação de ambulância para remoção e alta;

identificação de vagas em outras unidades nas situações de necessidade de transferência hospitalar;

pesagem e medição de crianças e gestantes;

convocação do responsável para informar sobre alta e óbito;

comunicação de óbitos;

emissão de declaração de comparecimento na unidade quando o atendimento for realizado por quaisquer outros profissionais que não o Assistente Social;

montagem de processo e preenchimento de formulários para viabilização de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), medicação de alto custo e fornecimento de equipamentos (órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção) bem como a dispensação destes. (CFESS, 2010, p. 27)

É possível perceber que a equipe considera o trabalho do assistente social

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importante, porém não para a atividade correta, como foi possível perceber no trecho

dos parâmetros citados acima, tudo o que o assistente social faz de importante

dentro da instituição, na óptica da equipe, na verdade não é sua atribuição e

infelizmente as assistentes sociais sabem disso, é possível perceber na resposta do

quarto ponto de análise, que questiona como você acha que a equipe enxerga a sua

importância dentro da instituição, obtivemos as seguintes respostas:

Eu acho que enxergam como a pessoa que está pra resolver a questão das altas dos pacientes, mas acho que nos enxergam como pessoas pró ativas que estão para fazer mediações e resolver problemas. (assistente social 2)

Quando paciente entra e quando vai embora, eles veem como um agente facilitador da entrada e da saída do paciente. Infelizmente a equipe desconhece as atribuições do serviço social e eu pretendo trabalhar com isso a partir dos próximos estágios que eu orientar, pois infelizmente a rotina acelerada do hospital impossibilita dialogar com a equipe a cerca das competências do serviço social, e as intervenções que os estagiários realizam sempre são bem aceitas pelos profissionais, essa será minha estratégia futura para tentar dar maior visibilidade às competências do serviço social. (assistente social 1)

O que não podemos fazer é apenas culpabilizar o assistente social por não

esclarecer para a equipe o que é e o que não é sua atribuição. Devemos lembrar

que o Hospital Memorial é um hospital particular cujo 80% dos leitos estão

destinados ao SUS, ou seja, a assistente social trabalha com base no SUS, porém

ela obedece às ordens do seu empregador, isto precariza o trabalho, pois ela não

precisa se articular apenas com a equipe, visto que as ordens vêm de cima, logo o

empregador também necessita compreender a dimensão do serviço social dentro da

instituição.

Neste tensionamento de estar inserido em uma empresa privada podemos

analisar com base em Amaral e Cesar (2009) que existem limites postos ao

assistente social na esfera privada, e este limite está nas sua condições objetivas

de trabalho, porém ao mesmo tempo que existem limites existe também

possibilidades de intervenção, através da compreensão da realidade, elaborando

alternativas para serem implementadas junto ao seu empregador. É este diálogo que

se faz necessário para que seja adquirida a autonomia profissional e o assistente

social possa executar suas atribuições.

Porém foi identificado nas falas das assistentes sociais uma certa contradição,

quando foi perguntado quais tipos de mediações eram necessárias realizar para

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garantir a autonomia e a primeira resposta foi: “Não há correlação de forças, o

profissional é respeitado e consegue exercer seu trabalho, possui uma posição de

respeito da parte da equipe.” (assistente social 1), podemos perceber que mesmo

sendo consciente de que realiza atividades que não são atribuições da sua

profissão, como a mesma respondeu no terceiro ponto, não há uma tentativa de

modificar a situação e por isso não embate acerca da autonomia profissional.

A resposta da assistente social 2, apesar de também afirmar que não há

problemas quanto a autonomia, é possível perceber que ela cita alguns problemas

que foram resolvidos:

Não há problema de autonomia, todos respeitam o trabalho do serviço social, isso nunca foi expressamente dito, mas posso sentir o respeito dos profissionais. Quando há mediações é acerca de coisas que eu não devo fazer, por exemplo, quando cheguei aqui na instituição era muito comum o serviço social comunicar o óbito e eu tive que conversar para não fazer, as 30h semanais também foi uma conquista adquirida. (assistente social 2)

Ou seja, ela já teve que se posicionar sobre algo que não era sua atribuição e

sobre um direito seu que o empregador deveria viabilizar e o que ela pretendia foi

alcançado, então provavelmente o serviço social no hospital memorial esteja tão

ocupado com atividades que não são suas que não tenha tempo para dialogar com

equipe e empregador sobre o suas competências e as da equipe. Por isso que foi

perguntado sobre de que maneira são divididas as competências gerais, comuns a

todos, na instituição, e a resposta caminha para tudo que já discutimos até aqui:

Fica com o serviço social, mas algumas coisas as enfermeiras falam, depende, geralmente a gente que fala, é de todo mundo mas o serviço social acaba fazendo. (assistente social 2) As atividades que qualquer um pode executar, como ligar para a ambulância, avisar sobre a doação de sangue por exemplo, são delegadas ao serviço social. Equipe médica desconhece que isso é uma atividade de que todos podem realizar e o serviço social fica tão atarefado que não tem tempo de esclarecer o que é ou não competência do serviço social. (assistente social 1)

Novamente temos o assistente social realizando o que não é sua atribuição,

tanto pelo fato de que a equipe desconhece quanto pelo fato de que não são

informados. O assistente social tem conhecimento do que é atribuição de cada

profissional da instituição, desde o porteiro até o médico, porém os demais

profissionais possuem um conhecimento superficial sobre o serviço social, voltado

para o assistencialismo e a caridade, o profissional que pode resolver de tudo um

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pouco porque ele é pró ativo e está sempre pronto para ajudar, é assim que o

assistente social é visto na instituição.

O que reforça a ideia que tiramos a partir da análise das respostas sobre o

assistente social na óptica da equipe multiprofissional é a resposta das assistentes

sociais no primeiro ponto de análise, que tratava-se da importância so assistente

social para a instituição, a assistente social 1 respondeu: “Ele é um agente

dinamizador, ele complementa varias coisas na saúde.” Tais coisas na área da

saúde não são contempladas na prática da instituição assim como a segunda

resposta reforça a ideia de que as profissionais são agentes resolvedores de

problemas:

Vem como um meio de interligar o paciente e seus familiares ao restante da equipe multiprofissional, pois muitas vezes a rotina corrida do hospital distancia a relação da equipe com cada paciente e cada familiar que está acompanhando. Além de orientar e auxiliar em todo o processo de internamento e dar os encaminhamentos necessários. Aqui no hospital eu percebo que somos vistas como a pessoa que resolve os problemas, devido ao problema sempre vir para nossas mãos e serem solucionados somos vistos como um funcionário proativo, que soluciona tudo, e esta imagem está bem empreguinada na concepção de todos do hospital. (assistente social 2)

O assistente social pode trabalhar em conjunto com a equipe, usuário e família

deste porém a atividade dele se restringe a alguns encaminhamentos e orientações

sobre o internamento, no fim a própria assistente social reconhece como o serviço

social é visto na instituição, como foi possível analisar anteriormente, é visto como o

soluciona dor de problemas.

Acredito ser um desafio não apenas para as assistentes sociais do Hospital

Memorial, mas para todas(os) que estão inseridas na saúde em hospitais, conquistar

seu espaço na instituição e desenvolver atividades coerentes a sua formação

profissional, pois o assistente social tem muito a contribuir na área da saúde, como

já vimos anteriormente nos parâmetros da atuação do assistente social na saúde, o

assistente social tem muito o que contribuir no atendimento direto aos usuários, em

ações socioassistenciais, ações de articulação com a equipe de saúde, ações

socioeducativas, mobilização, participação e controle social, investigação,

planejamento e gestão e acessória, qualificação e formação profissional, ou seja,

longe das atividades burocráticas e administrativas, que são delegadas ao

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assistente social em diversas instituições na área da saúde, temos um leque de

possibilidades de atuação e intervenção tanto na relação com o usuário quanto em

relação à equipe, tem muito o que contribuir e muito o que agregar.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da pesquisa foi possível compreender um pouco mais sobre a

atuação do assistente social na saúde, junto com esse aprendizado foram

alcançados também os objetivos da pesquisa, que eram, identificar o perfil

profissional dos assistentes sociais e da equipe, o posicionamento da equipe quanto

a atuação do assistente social na instituição e como o assistente social via a sua

inserção na unidade.

Não diferente das inúmeras instituições de saúde, no Hospital Memorial o

serviço social exerce inúmeras atividades meramente burocráticas que ocupam todo

o tempo do profissional impedindo que ele realize atividades próprias da sua

formação.

A partir das análises de todas as repostas coletadas da equipe, foi possível

identificar que o assistente social é um profissional reconhecido e respeitado dentro

da instituição, porém este reconhecimento não está associado as atribuições do

assistente social, e sim ao que a equipe e a própria instituição acha que é tarefa do

serviço social. Nos pontos em que o assistente social é visto como um profissional

“mediano”, “que deixa a desejar”, “que poderia ser melhor” ou “mais atuante” são

pontos em que o assistente social não está cumprindo com o que de fato não lhe

compete, ou seja, podemos concluir que essa visão negativa não desmerece o

trabalho do assistente social, visto que, na verdade ele resolve de tudo faltando

tempo para executar atividades inerentes a sua profissão.

Quanto a maneira como as assistentes sociais se enxergam na instituição,

podemos perceber que existe a possibilidade de se trabalhar junto à equipe, porém,

novamente vem a tona a rotina acelerada da instituição, por isso elas planejam

contar com a ajuda de seus estagiários (da disciplina de estágio curricular obrigatório

do curso de serviço social) para intervir junto a equipe, viabilizando um diálogo com

todos os profissionais a cerca das competências e atribuições do serviço social.

Acredito que se implementado uma intervenção junto à equipe ela será bem

aceita, analisando a partir do ponto de que os profissionais desconhecem a função

de um assistente social inserido no âmbito da saúde, proporcionar este

conhecimento será uma forma de estabelecer laços aproximando o assistente social

da equipe multiprofissional.

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Não podemos negar que embates iram existir, pois em qualquer espaço

sempre há correlação de forças, disputa pelo poder, até porquê não será

interessante para a equipe de enfermagem que o serviço social deixe de fazer o

sérvio burocrático, visto que, quando as assistentes sociais não estão a equipe de

enfermagem se sente sobrecarregada em ter que ligar para ambulância e designar

inúmeras tarefas que são postas para o serviço social.

Porém, da mesma maneira que os profissionais da saúde têm seus espaços

garantidos e os mesmos frizaram que apenas não é competência do assistente

social o que é atribuição privativa de cada um deles, o assistente social também

merece ter seu trabalho reconhecido, não basta apenas o reconhecimento das 30

horas de trabalho, é necessário que o fazer profissional não perparse por funções de

técnico administrativo da instituição.

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APÊNDICE

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FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

PERFIL PROFISSIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL – MÉDICO,

ENFERMEIRO, TÉCNICO DE ENFERMAGEM E NUTRICIONISTA.

VISÃO DO SERVIÇO SOCIAL PELA EQUIPE

1- Pra você, que lugar o Serviço social ocupa na instituição?

2- No seu ponto de vista o que não é atribuição do serviço social?

3- Na sua opinião, qual a importância do Serviço Social na equipe?

4- Se não existisse assistente social na equipe, faria falta? Em quê?

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FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

PERFIL PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL

VISÃO DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DE SUA IMPORTÂNCIA PARA A

INSTITUIÇÃO E A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

1- Qual a importância do assistente social na equipe multiprofissional?

2- O que não é atribuição do assistente social e ele realiza no hospital?

3- Que mediações você realiza para efetivar sua autonomia profissional?

4- Como você acha que a equipe enxerga a sua importância dentro da

instituição? Porque?

5- De que maneira são divididas as competências gerais, comuns a todos, na

instituição?