a importância da orientação profissional no · pdf file3 do saber. outro...

22
1 A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO PROCESSO DA ESCOLHA PARA O MERCADO DE TRABALHO Aline Hofmann Rodrigues 1 Alessandra Rodrigues Jacoby 2 RESUMO O presente artigo teve como objetivo fazer um levantamento bibliográfico das produções dos últimos quinze anos com a intenção de apresentar como o constructo da Orientação Profissional tem influenciado no processo da escolha no mercado de trabalho. Para tanto, foram realizadas consultas a bases de dados que reúnem publicações nacionais. Entre os resultados gerais, considerando as pesquisas nacionais, verificou-se que a maioria dos estudos empregou o método de pesquisa com estudos teóricos, onde foram encontrados oito artigos, em detrimento de sete estudos quantitativos e seis qualitativos. Também foram relacionadas dez dissertações de mestrado e duas teses de doutorado. Ainda é necessário que novas pesquisas sejam realizadas. E, pelo fato da Orientação Profissional ser bastante relevante, é importante que se faça avaliações das produções científicas com o intuito de orientar novas pesquisas, produções e intervenções desse ramo. Pois a área da Orientação Profissional, apesar de estar expandindo cada vez mais, precisa estar bastante articulada e coerente dentre as suas propostas e interesses. Palavras Chave: Orientação Profissional, Escolha Profissional, Orientação Educacional ABSTRACT This article aims to review the literature of the productions of the last fifteen years with the intention of presenting how the construct of vocational guidance has influenced the process of choice in the labor market. Therefore, consultations were held to databases that gather national publications. Among the results general, considering the national research, it was found that most studies employed the method of theoretical research, where they found eight articles, rather than seven quantitative and qualitative six. Were also related ten dissertations and two PhD theses. It is still necessary that further research be conducted. And because of the Vocational Guidance be quite relevant, it is important to make assessments of the scientific production in order to guide 1 Psicóloga, Acadêmica do Curso de Pós Graduação em Avaliação Psicologica da FACCAT. Endereço Postal: Rua Borbonite, 150, Canela-RS. Email: [email protected] 2 Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, Especialista em Recursos Humanos, professora do curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT. [email protected].

Upload: hoangnguyet

Post on 07-Feb-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO PROCESSO DA

ESCOLHA PARA O MERCADO DE TRABALHO

Aline Hofmann Rodrigues 1

Alessandra Rodrigues Jacoby 2

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo fazer um levantamento bibliográfico das produções dos últimos quinze anos com a intenção de apresentar como o constructo da Orientação Profissional tem influenciado no processo da escolha no mercado de trabalho. Para tanto, foram realizadas consultas a bases de dados que reúnem publicações nacionais. Entre os resultados gerais, considerando as pesquisas nacionais, verificou-se que a maioria dos estudos empregou o método de pesquisa com estudos teóricos, onde foram encontrados oito artigos, em detrimento de sete estudos quantitativos e seis qualitativos. Também foram relacionadas dez dissertações de mestrado e duas teses de doutorado. Ainda é necessário que novas pesquisas sejam realizadas. E, pelo fato da Orientação Profissional ser bastante relevante, é importante que se faça avaliações das produções científicas com o intuito de orientar novas pesquisas, produções e intervenções desse ramo. Pois a área da Orientação Profissional, apesar de estar expandindo cada vez mais, precisa estar bastante articulada e coerente dentre as suas propostas e interesses. Palavras Chave: Orientação Profissional, Escolha Profissional, Orientação Educacional ABSTRACT This article aims to review the literature of the productions of the last fifteen years with the intention of presenting how the construct of vocational guidance has influenced the process of choice in the labor market. Therefore, consultations were held to databases that gather national publications. Among the results general, considering the national research, it was found that most studies employed the method of theoretical research, where they found eight articles, rather than seven quantitative and qualitative six. Were also related ten dissertations and two PhD theses. It is still necessary that further research be conducted. And because of the Vocational Guidance be quite relevant, it is important to make assessments of the scientific production in order to guide

1 Psicóloga, Acadêmica do Curso de Pós Graduação em Avaliação Psicologica da FACCAT. Endereço Postal: Rua Borbonite, 150, Canela-RS. Email: [email protected] 2 Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, Especialista em Recursos Humanos, professora do curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT. [email protected].

2

further research, production and intervention of this branch. Because the area of Professional Counseling, despite being increasingly expanding, need to be very articulate and coherent among its proposals and interests.

Keywords: Career Guidance, Professional Choice, Educational Guidance

INTRODUÇÃO

A escolha de uma profissão nem sempre foi algo que preocupasse a

humanidade. Nossos ancestrais se organizavam com o objetivo de manter a

sobrevivência da espécie. Como o trabalho realizado era praticamente os

mesmos para todos, não havia a necessidade de organizarem-se em

hierarquias (OLIVEIRA, 2009). As atividades que eram realizadas naquela

época estavam baseadas na caça, na pesca e no plantio dos alimentos

(KRAWULSKI, 1998). Com o tempo o trabalho foi mudando de configuração e

começou a ser passado de geração para geração, quem definia a futura vida

profissional era a família de origem de cada cidadão. O trabalho era pouco

valorizado perante a sociedade e era visto como algo árduo, as atividades não

dependiam das escolhas e sim de sua origem social (OLIVEIRA, 2006).

No período da Terceira Revolução Industrial, época em que a produção

e o consumo eram realizados em grandes escalas gerando um trabalho

repetido e cansativo, surge a orientação profissional com o objetivo de

aumentar a laboriosidade crescente, garantindo cada vez mais a produção em

massa, buscando ajustar as habilidades e competências dos trabalhadores em

determinadas funções. Neste momento inicial era descartada a satisfação e a

auto realização das pessoas (LASSANCE E SPARTA, 2003).

Para Lassance e Sparta (2003), alguns movimentos históricos desde o

início do século XV contribuíram para que a visão do trabalho fosse vista como

algo que dignificasse o homem. O trabalho era visto como algo que gerava

certa estabilidade ao homem, uma segurança que era possível planejar o seu

futuro em longo prazo através do emprego (VALORE E VIARO, 2007).

Foi somente na segunda metade do século XX que a Orientação

Profissional começou tomar outros rumos. Coma influência da Carl Rogers, o

foco foi mais na decisão do orientando, não sendo mais o orientador o detentor

3

do saber. Outro aspecto que colaborou para a evolução desse processo foi as

Teorias Evolutivas que abordavam a escolha profissional como algo que faz

parte do desenvolvimento e das vivências do sujeito. Resultando então nas

escolhas de acordo com a gratificação e realização de cada pessoa, sentindo-

se satisfeitos com os resultados (LASSANCE E SPARTA, 2003).

Frank Parsons é considerado como o fundador da orientação

profissional. No início do século XX foi o pioneiro na integração teórica e

técnica com o intuito de facilitar para que as pessoas escolhessem suas

profissões. Ele também visava uma melhora na sociedade, através de um

projeto político, propôs mudanças para o desenvolvimento social focando a

atenção em grupos desfavorecidos como imigrantes, mulheres e pessoas de

baixa renda. Seu trabalho era realizado em duas etapas: a primeira era um

questionário para autoanálise com 116 questões e a segunda etapa era

agendado uma entrevista individual onde eram discutidos os resultados.

Dependendo dos resultados alguns testes poderiam ser aplicados (SANTOS,

2012).

Conforme Abade (2005), no Brasil a Orientação Profissional sofreu forte

influência europeia, norte-americana e latino-americana, sendo que as práticas

mais relevantes são as psicométricas, a clínica e a psicossocial. O ISOP

(Instituto de Seleção e Orientação Profissional) foi criado no Brasil em 1947. O

objetivo era através dos estudos científicos orientarem principalmente a classe

média alta. Esse instituto formou os primeiros especialistas da área da

psicologia em orientação profissional (ABADE, 2005).

Diante do exposto presente artigo tem como objetivo fazer um

levantamento bibliográfico das produções dos últimos quinze anos com a

intenção de apresentar como o constructo da Orientação Profissional tem

influenciado no processo da escolha no mercado de trabalho.

MÉTODO

O primeiro passo da pesquisa foi o da escolha das bases de dados

nacional que oferecessem resultados consistentes e atualizados no campo da

Psicologia. Para tanto, foram consultados outros artigos teóricos e conferidas

informações disponíveis na internet sobre o método e os indexadores de

4

diferentes fontes de busca científica. Tendo como objetivo fazer um levantamento

bibliográfico das produções dos últimos quinze anos com a intenção de apresentar

como o constructo da Orientação Profissional tem influenciado no processo da escolha

no mercado de trabalho. Por fim, foram eleitas as Bases de Dados em Psicologia

(BVS–Psi) para a pesquisa e, o portal de periódicos da CAPES e o Scielo. O

critério de escolha destas bases ocorreu por serem consideradas as mais

abrangentes entre as disponíveis até o momento e por agregarem fontes

consistentes de dados científicos.

Os descritores utilizados nesta pesquisa foram: orientação profissional,

orientação vocacional, interesse profissional, teste vocacional e escolha

profissional, assim também foram automaticamente relacionados os mesmos

termos no plural.

Diante dos resultados obtidos inicialmente, que reuniram um grande

número de referências às quais não apresentavam uma relação entre os

termos pesquisados, percebeu-se a necessidade de selecionar o material

através da análise dos títulos e, em alguns casos, também dos resumos. Esta

análise foi feita através da leitura de todos os títulos e a seleção daqueles que,

inicialmente, pareciam ter relação com o assunto pesquisado. Todos os artigos

que continham a expressão completa no título foram selecionados. Em

seguida, caso ainda restasse dúvida quanto à pertinência dos artigos, os

resumos eram lidos e eliminados aqueles que não atendiam ao objetivo deste

estudo.

Para todos os casos, somente foram considerados os artigos que

permitiram o acesso aos textos completos, portanto foram eliminadas todas as

referências relacionadas que não puderam ser acessadas através da própria

base, ou diretamente no periódico. Explica-se que assim que os artigos eram

considerados relacionados com o tema e selecionados, a busca pela

localização do texto completo era realizada no próprio periódico onde fora

publicado.

Resultados e Discussão

Para apresentação e discussão dos resultados, as referências

encontradas foram separadas em artigos teóricos (Tabela 1) e empíricos,

5

sendo que os empíricos foram, posteriormente, classificados em quantitativos e

qualitativos, conforme as Tabelas 2 e 3. Uma última tabela apresenta as

dissertações e teses encontradas na pesquisa (Tabela 4).

Os artigos foram considerados teóricos quando se tratava de revisões da

literatura ou pesquisas bibliográficas. Quanto aos artigos empíricos, estes

deveriam apresentar uma pesquisa aplicada de natureza quantitativa ou

qualitativa. Os estudos qualitativos são aqueles que utilizam como métodos,

por exemplo: estudos de caso, análise de documentos, pesquisa de campo.

Como instrumentos de coleta de dados, geralmente, utilizam as entrevistas

semi-dirigidas, os grupos focais ou a observação (Günther, 2006). Já os

estudos quantitativos trazem relações de causa-efeito, tratam os dados

estatisticamente e utilizam um grande número de sujeitos na coleta dos dados

(TURATO, 2005).

De todos estes resultados, somente trinta e três artigos foram

considerados relacionados ao tema pesquisado. Destes, oito são teóricos, seis

são empíricos qualitativos, sete são quantitativos, dez dissertações de

mestrado e duas teses de doutorado.

6

Conforme tabela 01 se pode observar que os artigos teóricos nacionais

encontrados na literatura sobre OP datam entre (1998-2008). Não foram

localizados na literatura pesquisada estudos com os temas relacionados que

fossem de anos posteriores.

Tabela 01 – Artigos teóricos nacionais

Nº Autores Título Ano Fonte

1 ABADE Orientação profissional no Brasil: uma revisão da produção científica

2005 Revista Brasileira de Orientação Profissional

2 ALMEIDA et al Adolescência, família e escolhas: Implicações na orientação profissional.

2008 Psicologia Clínica

3 ANDRADE et al O processo de orientação vocacional frente ao século XXI: perspectivas e desafios.

2002 Disponível em: <http:pepsic.bvsalud.org/scielo.phd?pid=S1414-98932002000300008&script=sci_arttext>

4 KRAWULSKI A orientação profissional e o significado do trabalho

1998 Revista Brasileira de Orientação Profissional

5

SARRIERA Uma perspectiva da orientação profissional para o novo milênio

1999 Revista Brasileira de Orientação Profissional

6

SILVA et al A Orientação Profissional no contexto da Educação e Trabalho

2004 Revista Brasileira de Orientação Profissional

7 SPARTA O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil.

2003 Revista Brasileira de Orientação Profissional

8 SPARTA et al Modelos e instrumentos de avaliação em orientação profissional: Perspectiva histórica e situação no Brasil

2006 Revista Brasileira de Orientação Profissional

A tabela 02 é de artigos empíricos quantitativos sobre OP a qual é

composta de artigos que datam entre o ano de 2003 e o ano de 2012. Desta

forma, observa-se que a partir de 2003 o foco nas pesquisas quantitativas

publicadas aumentou.

7

Tabela 02 – Artigos empíricos quantitativos

Nº Autores Título Ano Fonte

1 ALMEIDA et al Avaliação de um serviço de orientação profissional: a perspectiva de ex-usuários.

2006 Revista Brasileira de Orientação Profissional

2 NEIVA et al Um estudo sobre a maturidade para a escolha profissional de alunos do ensino médio.

2005 Revista Brasileira de Orientação Profissional

3 RIBEIRO Demandas em orientação profissional: um estudo exploratório em escolas públicas

2003.

Revista Brasileira de Orientação Profissional

4 SILVA et al Interesses em adolescentes que procuram orientação profissional.

2012 Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org.scielo.phd?pid=S1676-73142003000200002&script=sci_arttext>.

5 SPARTA et al Exploração vocacional e informação profissional percebida em estudantes carentes

2012 Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org.scielo.phd?pid=S1413-03942005000200008&script=sci_artext>.

6 TEIXEIRA et al Produção científica em orientação profissional: Uma análise da revista brasileira de orientação profissional

2007 Revista Brasileira de Orientação Profissional

7 VALORE et al Profissão e sociedade no projeto de vida de adolescentes em orientação profissional

2007 Revista Brasileira de Orientação Profissional

A tabela 03 mostra os artigos empíricos qualitativos sobre OP que foram

publicados entre o ano de 2001 e o ano de 2009, o que demostra que a partir

de 2009 não foram publicados artigos relacionados a pesquisas qualitativas

sobre Orientação Profissional.

Tabela 03 – Artigos empíricos qualitativos

Nº Autores Título Ano Fonte

1 COSTA Orientação profissional: um outro olhar 2007 Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642007000400005>

2 LASSANCE et al A orientação profissional e as transformações no mundo do trabalho

2003 Disponível em: <http://pepsic.bvsalvd.org/scielo.phd?pid=S1679-33902003000100003&script=sci_arttext>.

3 NORONHA et al Orientação profissional e vocacional: análise da produção científica

2006 Psico-USF

4 NORONHA et al Análise de teses e dissertações em 2006 Revista Brasileira de

8

orientação profissional Orientação Profissional

5

SILVA et al A orientação profissional como rito preliminar de passagem: sua importância clínica

2001 Psicol. estud

6 SOUZA et al Oficina de Orientação Profissional em uma Escola Pública: Uma Abordagem Psicossocial

2009 Psicologia Ciência e Profissão

As teses e dissertações de Mestrado sobre OP (2000-2012) mostram que nos

últimos dois anos as pesquisas nessa área aumentaram as publicações,

conforme a tabela 04.

Tabela 04 – Teses e dissertações sobre Orientação Profissional

Nº Autores Título Ano Fonte

1 CARAN

Riscos psicossociais e assédio moral no contexto acadêmico.

2007 Dissertação. Universidade de São Paulo

2 ESBROGEO A avaliação da orientação profissional em um grupo: o papel da informação no desenvolvimento da maturidade para a escolha da carreira.

2008 Dissertação. Universidade São Paulo

3 GONZAGA Relação entre vocação, escolha profissional e nível de stress.

2011 Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC

4 OLIVEIRA Os sentidos da escolha da profissão, por jovens de baixa renda: um estudo em psicologia sócio-histórico.

2009 Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

5 OLIVEIRA Os significados do trabalho para a juventude – um estudo sócio-histórico com adolescentes ricos

2011 Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

6 OLIVEIRA De quem é o vestibular? A mãe frente à diferenciação do filho.

2000 Dissertação. Universidade Católica de Pernambuco

7 OLIVEIRA Uma escolha profissional equivocada como geradora de crise no jovem universitário: um estudo fenomenológico

2006 Dissertação. Universidade Federal de Minas Gerais

8 SPARTA A exploração e a indecisão vocacionais em adolescentes no contexto educacional brasileiro

2003 Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

9 VERIGUINE Autoconhecimento e informação profissional: implicações para o processo de planejar a carreira de jovens universitários

2008 Dissertação. Universidade Federal de Santa Catarina

10 VILELA Significado do trabalho e uma escolha acadêmico-profissional: um estudo com universitários primeiranistas

2003 Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Norte

11 MANFREDINI Características sociodemográficas e de personalidade de adolescentes em processo de orientação profissional: a técnica de Zulliger como instrumento de análise.

2012 Tese. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

12 SANTOS Gênero em processo de Orientação Profissional.

2012 Tese. Universidade de São Paulo

9

Conforme tabelas apresentadas pode-se observar que de 1998 a 2002

foram encontrados apenas um artigo publicado sobre o tema pesquisado por

ano. No ano de 2003 houve um aumento para cinco artigos encontrados nas

pesquisas. No entanto, no ano seguinte, em 2004 já diminuiu novamente para

um artigo e em 2005 foram dois artigos encontrados. Já em 2006 outra vez

deparou-se com cinco artigos. Na sequencia, em 2007, 2008 e 2009, foram

diminuindo gradativamente um artigo por ano. Onde no ano de 2010 não foi

localizado nenhum artigo publicado relacionado ao tema pesquisado.

No ano de 2011 apenas dois artigos foram achados e no ano seguinte

esse número aumentou para quatro, sendo estes duas teses de doutorado.

Esses dados mostram que não houve uma crescente constante nas

publicações nos últimos quinze anos. De 1998 a 2013 as publicações

oscilaram. Os anos que mais tiveram publicações foram 2003 e 2006.

A Orientação Profissional ainda carece de pesquisas atualizadas,

expandindo conhecimento incluindo a dados relacionados às desigualdades

entre as classes sociais, orientação sexual, raça, dentre outros.

Como a orientação pode ser vista

O mercado de trabalho exige crescentes conhecimentos aprofundados

em determinadas áreas que anteriormente não eram tão visadas, deixando de

lado algumas outras, sendo assim o trabalhador precisa estar em constante

aprimoramento de sua mão de obra para não ficar desempregado (ANDRADE,

MEIRA E VASCONCELOS, 2002). Hoje a Orientação Profissional não fica mais

apenas limitada a questões escola-trabalho, pois enfoca várias questões

internas de cada pessoa, estando relacionada ao interesses pessoais e com a

personalidade das pessoas (SANTOS, 2012).

De acordo com Sarriera (1999), os avanços tecnológicos estão bastante

acelerados, gerando muito desemprego, com isso as pessoas precisam buscar

cada vez mais atualizações para o mercado que as esperam, pois quanto mais

capacitadas e preparadas estiverem, mais chances terão de se inserirem no

campo do trabalho. Almeida e Silva (2006) acrescentam ainda que tais

10

mudanças possuem características relevantes no processo da carreira

profissional. Esbrógeo (2008) aponta que é preciso ficar atento, pois o

complexo mundo das profissões e o processo da globalização da economia, da

cultura e da política ocasionam uma constante metamorfose afetando toda a

população, principalmente os adolescentes que neste período estão em busca

da inserção no mercado de trabalho. Tais tecnologias trazem muitas vezes

informações que não tem um fundamento ético e verdadeiro, por isso é

importante que o jovem busque sempre informações de cunho verídico e

fundamentado.

Na década de 80, a orientação profissional era associada à escolha de

um nível superior, no entanto, no decorrer dos anos esse tema foi aumentando

suas proporções, podendo hoje ser desenvolvido em diversas áreas, como por

exemplo: egressos de trabalhos, estudantes de nível superior que desejam

trocar de curso, orientação de carreira, portadores de deficiências, população

socioeconomicamente desfavorecida (RIBEIRO, 2003). Costa (2007) ainda

acrescenta que a orientação profissional não pode ser restrita e diretiva para

um nível superior, mas todos os níveis sociais devem ter acesso a este serviço

pois o propósito da orientação é a inclusão e não a exclusão das pessoas.

A escolha profissional pode gerar muita ansiedade, sendo importante o

auxilio de um profissional capacitado, pois optar por uma carreira profissional é

um processo complexo (SILVA, NOCE E ANDRADE, 2003). No entanto não

pode ser vista como uma “resposta mágica”, algo que resolva tudo relacionado

às profissões (COSTA, 2007).

As atividades profissionais podem ser consideradas uma das ocupações

mais relevantes na vida das pessoas (NORONHA E AMBIEL, 2006). E além

das atividades que uma profissão envolve, muitos outros critérios estão

presentes nas tomadas de decisões dos jovens, dentre elas estão: o local, a

rotina do trabalho, os colegas, o salário, reconhecimento, plano de carreira,

promoção e participação nos lucros (NEIVA, 2007).

Silva e Soares (2001) sugerem que o objetivo da Orientação Profissional

não é apenas a escolha de uma profissão e sim um processo de

amadurecimento de cada indivíduo, reconhecendo mais suas vontades,

buscando suas escolhas com responsabilidade e conhecimento, no entanto,

esse processo de intervenção não pode ser caracterizado como um processo

11

terapêutico. A maior contribuição que a orientação profissional pode

proporcionar é o autoconhecimento e o aprendizado de cada um (ALMEIDA E

SILVA, 2006).

A quem se destina

Silva, Lassance e Soares (2004) salientam que é muito importante

proporcionar Orientação Profissional aos jovens brasileiros, e o delineamento

que cada um busca pode ser por meio das escolas ou não. Há várias formas

de buscar capacitações, podendo ser oferecidas por órgãos públicos ou

privados, o tempo de duração também é variável de acordo com cada proposta

oferecida. Muitas vezes esses serviços são oferecidos com o intuito de buscar

uma melhor colocação dos profissionais no mercado de trabalho. É importante

expor aos jovens que eles precisam se preparar para um mundo que exige

diversas habilidades das pessoas, que é preciso buscar um equilíbrio entre a

vida profissional e pessoal e que o aprendizado é continuo (SILVA, NOCE E

ANDRADE, 2003).

No entanto, ainda há falta de informações consistentes para facilitar os

jovens para suas escolhas profissionais, principalmente para os alunos de

escolas públicas. Sendo que tais informações devem proporcionar uma melhor

estruturação para os projetos de vida de cada jovem, não sendo necessário

que essas orientações sejam restritas às profissões que exijam nível superior

(RIBEIRO, 2003).

Neiva, Silva, Miranda e Esteves (2005) relatam que em um estudo

realizado em Curitiba-PR com 950 alunos do ensino médio, usando o

instrumento de avaliação o EMEP (Escala de Maturidade Profissional)

apresentou uma diferença significativa nos resultados obtidos em relação ao

sexo dos participantes e do tipo da instituição. As meninas demonstraram ter

mais maturidade do que os meninos, em relação às instituições de ensino. As

escolas particulares também tiveram vantagem sob as públicas no que diz

respeito à maturidade profissional. Não havendo diferenças apresentadas em

função do turno em que os alunos estudavam.

Vilela (2003), ainda acrescenta que muitos alunos que ingressam em um

estudo de nível superior pela primeira vez fazem poucas reflexões sobre a

12

futura vida profissional. Os estudantes têm chegado cada vez mais jovens nos

cursos superiores e frequentemente imaturos.

É na adolescência que os jovens começam a buscar suas identificações

através dos seus grupos, dessa forma conseguem elaborar melhor suas

questões pessoais. Podendo ser aproveitado esses grupos para desenvolver a

orientação profissional (SILVA E SOARES, 2001). No período da adolescência

os jovens estão definindo sua identidade, planejando o futuro e traçando alguns

projetos (SILVA, NOCE E ANDRADE, 2003). Eles precisam resignificar muitos

projetos de vida, pois estão crescendo e precisam deixar para trás algumas

questões que traziam segurança enquanto crianças (Oliveira, 2000).

No entanto, Sparta, Bargagi e Andrade (2005) afirmam que o processo

da escolha profissional não ocorre apenas no período da adolescência, e sim

por um período de vida muito maior. Também há uma necessidade de ampliar

cada vez mais a Orientação Profissional para várias vias, proporcionando esse

trabalho além dos estudantes os demais trabalhadores e os desempregados

(SILVA, LASSANCE E SOARES, 2004).

O trabalho é visto além da forma de sustento também como realização

pessoal, no entanto, estão condicionadas as evoluções sociais. Sendo assim, é

imprescindível que os profissionais estejam em constantes atualizações e

aperfeiçoamentos (KRAWULSKI, 1998).

Para Sparta (2003), na adolescência, o jovem tende a refletir sobre suas

questões pessoais e profissionais. A exploração vocacional é caracterizada

quando ele busca nesse processo muitas informações sobre as diversificadas

profissões. Já a indecisão vocacional é considerada quando o jovem precisa

fazer algumas escolhas, isso gera muitas dúvidas, nesse momento ele tem

alguns ganhos e perdas. Essas incertezas que os alunos apresentam nesse

período não estão relacionadas às infraestruturas dos cursos, nem ao corpo

docente ou qualquer coisa do gênero (OLIVEIRA, 2006).

Silva, Lassance e Soares (2004), afirmam que nos últimos tempos a

demanda pelo interesse por parte dos adultos tem aumentado o que pode estar

relacionado à instabilidade profissional. Segundo Oliveira (2006), a cada

semestre observa-se um aumento dos alunos que buscam apoio a

profissionais, até mesmo nas suas instituições, com o intuito de buscar

orientações sobre seus cursos, pois não estão satisfeitos com a escolha

13

profissional. A maioria dos jovens inicia na universidade sem ter conhecimentos

no currículo do curso que pretendem cursar. Facilmente abandonam ou trocam

de curso com o objetivo da satisfação profissional.

Por outro lado, Sparta (2003), observa que os alunos que já realizam

alguma atividade trabalhista se diferem dos demais, pois tem uma visão mais

negativa em relação à realidade profissional, o que pode estar relacionado com

a falta de informação do meio ao qual estão inseridos. Para os adolescentes de

classe médio-alta é comum que eles busquem profissões relacionadas são

modelo de seus pais, as quais são profissões satisfatórias e correspondem a

suas expectativas. Dessa forma obtêm o sustento, bens e realizações

pessoais.

No entanto, é preciso que se aprofundem questões pessoais com esses

jovens, ressignificando seu papel enquanto profissional (OLIVEIRA, 2006).

Pois, segundo Veriguine (2008), as crianças da classe social médio-alta são

incentivadas a estudar e apresentar bom desempenho para que assim possam

garantir um futuro profissional melhor, com boa remuneração e

reconhecimento.

Já os jovens de famílias de baixa renda tendem a se inserirem no

mercado de trabalho em média de seus quatorzes anos, porém, quanto mais

jovens ingressarem menores são seus direitos trabalhistas. São difíceis

aqueles que trabalham como aprendizes e tem seus direitos preservados e

garantidos. Mas, conforme a idade vai aumentando os direitos passam a ser

mais acatados (OLIVEIRA, 2009).

Por isso é de extrema importância a Orientação Profissional de forma

que possui instrumentos da área da psicologia que auxiliam o sujeito a

reconhecer melhor suas potencialidades, proporcionando uma escolha mais

segura, madura, respeitando as habilidades de cada pessoa. Nesse processo

podem ser utilizados alguns materiais, técnicas, bem como alguns testes de

uso exclusivo do psicólogo, pois o teste quando bem aplicado fornece

informações bastante relevantes com características objetivas, éticas e

qualificadas (NORONHA E AMBIEL, 2006). Tais instrumentos são

considerados bastante eficazes (SILVA, NOCE E ANDRADE, 2003).

A aplicação dos testes psicológicos facilita o entendimento do psicólogo

no processo de orientação profissional, visto que, esse processo é de suma

14

importância na vida dos jovens, pois uma escolha adequada é o que

praticamente todos almejam (MANFREDINI, 2012). Andrade, Meira e

Vasconcelos (2002), afirmam que esse processo deve ser realizado com muita

qualidade, ética e profissionalismo do psicólogo, caso isso não ocorra fica

inadequado e desqualificado o trabalho, resultando em conclusões inválidas.

Portanto, o orientador profissional deve ter um conhecimento bastante

consolidado nessa área de atuação e uma visão ampla da psicologia,

reconhecendo também suas questões pessoais, sua própria identidade.

Como poderia ser a orientação profissional

Nem sempre os conteúdos estudados em sala de aula são parâmetros

para a realidade encontrada fora da mesma, ficando cada vez mais evidente a

importância de uma boa Orientação Profissional para os jovens do nosso país

(SARRIERA, 1999). Almeida e Silva (2006) enfatizam que um bom recurso a

ser utilizado são as orientações em grupo, de forma que há uma troca de

experiência, compartilham sentimentos, proporcionando um espaço de

conversa também sobre as potencialidades de cada indivíduo.

Nessa fase, muitas vezes o jovem não está preparado para resolver

questões simples da sua vida, desconhecendo até mesmo questões pessoais,

dificultando suas escolhas (SILVA E SOARES, 2001). Principalmente nesta

nova sociedade pós-industrial que se mostra instável, com muitas incertezas no

aspecto trabalhista (LASSANCE E SPARTA, 2003).

O que tem apresentado um aumento constante são os empregos

temporários, como profissionais liberais, onde os profissionais podem executar

seus serviços para várias empresas. Mas para isso é fundamental que esse

profissional esteja em constante aperfeiçoamento (VERIGUINE, 2008).

Sparta, Bardagi e Teixeira (2006), citam dois modelos de Orientação

Profissional. Um é o Modelo de Avaliação Psicológica Centrada no Resultado,

o qual busca traçar o perfil de acordo com as aptidões, a inteligência, o

interesse e a personalidade de cada orientando com o objetivo da escolha de

uma profissão mais adequada conforme as características de cada sujeito em

15

avaliação. Para tal, são utilizados vários testes psicológicos para auxiliar na

avaliação.

Já o outro é o Modelo de Avaliação Psicológica Centrada no Processo,

parte do princípio que não é necessário fazer o uso de testes psicológicos, pois

o foco maior é no planejamento de cada indivíduo através da aprendizagem

das suas escolhas. As decisões profissionais podem estar relacionadas tanto

nas questões internas quanto nas externas. O propósito não é só definir uma

profissão, e sim um maior autoconhecimento do orientando (SPARTA,

BARDAGI E TEIXEIRA, 2006).

Almeida e Pinho (2003) sugerem que é importante que a influência da

família possa ser trabalhada durante esse processo de escolha, pois o jovem

pode reconhecer essas influências e elaborá-las de uma forma consciente e

coerente com seus projetos pessoais, traçando metas profissionais. Muitas

vezes os pais criam expectativas pessoais em cima de seus filhos e isso

também deve ser retratado para ficar bem sucedido.

Além disso, Souza, Menandro, Bertollo e Rolke, (2009) consideram ser

fundamental que seja dialogado nos encontros com os adolescentes temas

relacionados ao convívio social, tanto escolar quanto profissional, tratando das

informações das profissões e o que os levam às suas escolhas, tendo em vista

que estes aspectos aparecem frequentemente nas discussões das

intervenções em grupos. Quando os alunos por algum motivo abandonam o

curso superior acabam gerando um custo social, independente que seja para

seus pais, para ele mesmo, para órgãos públicos ou particulares. Se houver

uma escolha mais consciente pode-se minimizar esse problema social

(VILELA, 2003).

É importante que o profissional também esteja qualificado e seguro em

suas atividades, dominando as técnicas, testes ou escalas ao qual está

propondo a avaliar, estando em primeiro lugar investigar os interesses do

cliente (SILVA, NOCE E ANDRADE, 2003). Além disso, é fundamental também

que o orientador esteja atento para as mudanças que estão ocorrendo no

mercado de trabalho, buscando sempre o comprometimento e a ética no seu

propósito (LASSANCE E SPARTA, 2003).

Ribeiro (2003) aborda que esse processo deve ser realizado de uma

forma continuada, proporcionando um melhor desenvolvimento profissional,

16

independente da faixa etária que as pessoas se encontram. Essas

necessidades, de acordo com Andrade, Meira e Vasconcelos, (2002) devem

estar em consonância com as mudanças que ocorrem economicamente,

culturalmente e socialmente, percorrendo de uma forma consciente e madura.

E para que haja um melhor ensino para esses alunos que estão buscando um

futuro promissor, é importante também que os professores estejam em sintonia

entre eles mesmos, os demais docentes e com a instituição de ensino

(CARAN, 2007).

Ribeiro (2003) acrescenta que a Orientação Profissional deve ser focada

também em traçar estratégias para que os jovens tenham recursos suficientes

para ingressarem no mercado de trabalho nos mais diversos ramos de

atividades, independente do grau de instrução. Pois o papel do orientador é

auxiliar no processo das escolhas, facilitando o acesso do sujeito aos seus

projetos pessoais. O que vem ao encontro das afirmações de Costa (2007),

que refere que e escolha profissional deve estar interligada com o

conhecimento que o sujeito possui e da realidade do mercado de trabalho.

Como afirmam Andrade, Meira e Vasconcelos (2002) se a Orientação

Profissional ficar restrita apenas aos cursos superiores e ao mercado de

trabalho pode ocorrer do sujeito não alcançar resultados satisfatórios.Pois o

trabalho não deve ser considerado como algo árduo, rotineiro, desgastante ou

cansativo e repetitivo (KRAWULSKI, 1998).

Considerações Finais

A família possui um papel fundamental na escolha profissional dos

jovens, no entanto, se isso não ocorrer de uma forma compreensiva e bem

elaborada pode ser prejudicial, pois pode gerar influencias sem resultados

eficazes, essas influências podem ser tanto implícitas quanto explícitas,

gerando um desconforto e inseguranças na sua decisão (ALMEIDA; PINHO,’’

2008). Muitas vezes, frente à separação dos filhos perante o vestibular as

mães ficam ansiosas, pois ainda consideram os filhos dependentes e imaturos,

demonstram uma relação simbiótica, interferem na escolha profissional dos

filhos e atribuem a conquista do vestibular a elas mesmas. Tais influências

17

podem interferir negativamente no planejamento da vida do jovem (OLIVEIRA,

2000).

Mesmo que muitas vezes o trabalho seja visto de forma ambivalente, ora

como punitivo, ora dignifica, cada profissão exerce um papel diferenciado

dentro da sociedade, independente da forma que tenha sido feita essa escolha,

pois o trabalho é fundamental para a nossa civilização, dessa forma o

trabalhador busca cada vez mais se qualificar, se profissionalizar (SILVA E

SOARES, 2001).

Segundo Andrade, Meira e Vasconcelos (2002), para que o jovem não

se sinta cada vez mais confuso é importante que ele busque orientações

precisas, pois se esse trabalho não for realizado corretamente pode abrir

margens para informações sem fundamentos verdadeiros, causando mais

dificuldades e incertezas ainda. E, pelo fato do jovem se sentir pressionado na

fase que antecede os vestibulares pode ocorrer distorções cognitivas, seja pelo

medo de fracassar ou por uma escolha mal elaborada (GONZAGA, 2011).

Para Almeida e Pinho (2008), uma Orientação Profissional bem sucedida

é necessário que esse processo seja bem aprofundado, proporcionando ao

jovem um momento de reflexão, propícia para investigar o que muitas vezes

pode estar por trás dessas escolhas, não deixando de lado as questões

familiares.

É importante que haja uma visão holística com intuito de rever as mais

diversificadas questões possíveis. Andrade, Meira e Vasconcelos (2002)

afirmam que é de extrema importância que os profissionais não se limitem a

apenas utilizar testes psicológicos, e sim confrontar os resultados com outras

técnicas, caso isso não seja feito pode desqualificar todo o trabalho

desenvolvido.

Almeida e Pinho (2008) sugerem que além de todas as questões que

podem ser abordadas com os jovens nesse período de orientação é possível e

importante que se faça um trabalho também com os pais, uma vez que os

familiares muitas vezes acabam ficando ansiosos e inseguros na expectativa

de que seus filhos sejam bem sucedidos profissionalmente. Esse trabalho

poderia ser realizado em grupos de discussões e reflexões, com o objetivo de

amenizar a ansiedade e orientar sobre esse processo que ocorre com os

adolescentes.

18

A escolha profissional é um fator muito importante na vida das pessoas,

uma vez que passamos a maior parte da vida trabalhando, acarretando um

peso importante na vida do ser humano. Dessa forma a escolha deve ser

realizada também de acordo com o mercado de trabalho. Tendo em vista as

formas que o trabalho ocorre na sociedade. Aspectos esses que o jovem deve

ser informado de uma forma precisa, realista, objetiva, consciente e clara. No

entanto, algumas mudanças de interesses e possibilidades podem ocorrer

durante a vida. Sendo assim, a Orientação Profissional, auxilia o jovem a

compreender e decidir suas opções profissionais (ANDRADE, MEIRA E

VASCONCELOS, 2002).

Veriguine (2008) afirma que atualmente a Orientação Profissional possui

um enfoque interdisciplinar e busca uma melhor compreensão do homem com

o trabalho, sua inserção e satisfação profissional. Santos (2012) refere que

apesar de vários movimentos e da expansão do mercado de trabalho, ainda

carecem alguns estudos que investigue as questões relacionadas a algumas

desigualdades entre as classes sociais, a orientação sexual e a raça, pois

ainda há muitas diferenças em relação à faixa salarial, ocupação de alguns

cargos, reconhecimento profissional, dentre outros.

Conforme Oliveira (2009), ainda há poucas pesquisas com a população

menos favorecidas que pretendem cursar um nível superior, mas existem

alguns dados que apontam que é difícil para esses jovens darem continuidade

aos estudos, pois muitas vezes precisam custear os estudos. Seus esforços,

suas dificuldades e limitações são maiores. E, pelo fato da Orientação

Profissional ser bastante relevante, é importante que se faça avaliações das

produções científicas com o intuito de orientar novas pesquisas, produções e

intervenções desse ramo (NORONHA, ANDRADE, MIGUEL, NASCIMENTO,

NUNES, PACANARO, FERRUZZI, SARTORI, TAKAHASHI, COZZA, 2006).

Pois a área da Orientação Profissional precisa estar bastante articulada e

coerente dentre as suas propostas e interesses (TEIXEIRA, LASSANCE,

SILVA E BARDAGI, 2007).

REFERÊNCIAS:

19

ABADE, Flávia Lemos. Orientação profissional no Brasil: uma revisão da produção científica. 2005. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.6 n.1 São Paulo jun. 2005.

ALMEIDA, Fabiana Hilário de; SILVA, Lucy Leal Melo. Avaliação de um serviço de orientação profissional: a perspectiva de ex-usuários. 2006. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.7n.2 São Paulo dez. 2006.

ALMEIDA, Maria Elisa G. Guahybade; PINHO, Luís Ventura de. Adolescência, família e escolhas: Implicações na orientação profissional. 2008. Psicologia Clínica. Rio de Janeiro, vol.20, n. 2, p.173-174.

ANDRADE, Josemberg M. de; MEIRA, GirleneR. de Jesus Maja; VASCONCELOS, Zandre B. de. 2002. O processo de orientação vocacional frente ao século XXI: perspectivas e desafios. Disponível em: <http:pepsic.bvsalud.org/scielo.phd?pid=S1414-98932002000300008&script=sci_arttext> . Acesso em: 19 out. 2012.

CARAN, Vânia Cláudia Spoti. Riscos psicossociais e assédio moral no contexto acadêmico. Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.

COSTA, Janaína Moutinho. Orientação profissional: um outro olhar. 2007. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642007000400005>. Acesso em: 12 mar. 2012.

ESBROGEO, Marystella Carvalho. A avaliação da orientação profissional em um grupo: o papel da informação no desenvolvimento da maturidade para a escolha da carreira. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.

GONZAGA, Luiz Ricardo Vieira. Relação entre vocação, escolha profissional e nível de stress. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC, Campinas, 2011.

KRAWULSKI, Edite. A orientação profissional e o significado do trabalho. 1998. Revista ABOP v.2 n.1 Porto Alegre, 1998.

LASSANCE, Maria Célia; SPARTA, Monica. A orientação profissional e as transformações no mundo do trabalho. 2003. Disponível em: <http://pepsic.bvsalvd.org/scielo.phd?pid=S1679-33902003000100003&script=sci_arttext>.Acesso em: 12 mar.2012.

20

MANFREDINI, Vanessa. Características sociodemográficas e de personalidade de adolescentes em processo de orientação profissional: a técnica de Zulliger como instrumento de análise. 2012. Tese (Doutorado). Faculdade de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2012.

NEIVA, Kathia Maria Costa. Processos de escolha e orientação profissional. Vetor: São Paulo, 2007.

NEIVA, Kathia Maria Costa; SILVA, Marita Bertassoni; MIRANDA, Vera Regina; ESTEVES, Cristiano. Um estudo sobre a maturidade para a escolha profissional de alunos do ensino médio.2005. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.6 n.1 São Paulo dez. 2005.

NORONHA, Ana Paula Porto; AMBIEL, Rodolfo Augusto Matteo. Orientação profissional e vocacional: análise da produção científica. 2006. Psico-USF, v. 11, n. 1, p. 75-84, jan/jun.

NORONHA, Ana Paula Porto; ANDRADE, Regina Gioconda de; MIGUEL, Fabiano Koich; NASCIMENTO, Monalisa Muniz; NUNES, Maiana Farias Oliveira; PACANARO, Sílvia Verônica; FERRUZZI, Aletéia Henklain Ferruzi; SARTORI, Fernanda Argentini; TAKAHASHI, LuisTorahiko; COZZA, Heitor Francisco Pinto. Análise de teses e dissertações em orientação profissional.2006. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.7 n.2 São Paulo. 2006.

OLIVEIRA, Alessandro dos Santos.Os sentidos da escolha da profissão, por jovens de baixa renda: um estudo em psicologia sócio-histórico. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009.

OLIVEIRA, Liara Rodrigues de. Os significados do trabalho para a juventude – um estudo sócio-histórico com adolescentes ricos. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2011.

OLIVEIRA, Inalda Maria Dubeux Andrade de. De quem é o vestibular? A mãe frente à diferenciação do filho. Dissertação (Mestrado). Departamento de Psicologia, Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2000.

OLIVEIRA, Maria Helena Duarte de. Uma escolha profissional equivocada como geradora de crise no jovem universitário: um estudo fenomenológico. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais – FAFICH, Belo Horizonte, 2006.

21

RIBEIRO, Marcelo Afonso. Demandas em orientação profissional: um estudo exploratório em escolas públicas. 2003. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.4 n.1-2 São Paulo dez. 2003.

SANTOS, Alexandre dos. Gênero em processo de Orientação Profissional. Tese (Doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SARRIERA, Jorge Castellá. Uma perspectiva da orientação profissional para o novo milênio. 1999. Revista ABOP v.3, n.1. Porto Alegre.

SILVA, André Luiz Picolli da; SOARES, Dulce Helena Penna. A orientação profissional como rito preliminar de passagem: sua importância clínica. 2001. Psicologia e Estudos. v.6 n.2 Maringá July/á July/Dec. 2001

SILVA, Lucy Leal Melo; LASSANCE, Maria Célia; SOARES, Dulce Helena Penna. A Orientação Profissional no contexto da Educação e Trabalho. 2004. Revista Brasileira de Orientação Profissional. pp 31-52.

SILVA, Lucy Leal Melo; NOCE Mariana Araújo; ANDRADE, Patrícia Pasqua. 2003.Interesses em adolescentes que procuram orientação profissional. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org.scielo.phd?pid=S1676-73142003000200002&script=sci_arttext>. Acesso em: 09 jun. 2012.

SOUZA, Luiz Gustavo Silva; MENANDRO, Maria Cristina Smith; BERTOLLO, Milena; ROLKE, Rafaela Kerckhoff. Oficina de Orientação Profissional em uma Escola Pública: Uma Abordagem Psicossocial.2009. Psicologia Ciência e Profissão. N.2. pp 416-429.

SPARTA, Mônica. A exploração e a indecisão vocacionais em adolescentes no contexto educacional brasileiro. Dissertação (Mestrado). Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.

SPARTA, Mônica. O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil. 2003. Revista Brasileira de Orientação Profissional. pp 1-11.

SPARTA, Mônica; BARGAGI, Marúcia P.; ANDRADE, Ana Maria Jung de Andrade. Exploração vocacional e informação profissional percebida em estudantes carentes. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org.scielo.phd?pid=S1413-03942005000200008&script=sci_artext>. Acesso em: 19 out. 2012.

22

SPARTA, Mônica; BARDAGI, MarúciaPatta; TEIXEIRA, Marco Antônio P. Modelos e instrumentos de avaliação em orientação profissional: Perspectiva histórica e situação no Brasil. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.7 n.2 São Paulo dez. 2006

TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira; LASSANCE, Maria Célia Pacheco; SILVA, Bárbara Maria Barbosa; BARDAGI, MarúciaPatta. Produção científica em orientação profissional: Uma análise da revista brasileira de orientação profissional. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.8 n.2 São Paulo dez. 2007.

VALORE, Luciana Albanese; VIARO, ReneeVolpato. Profissão e sociedade no projeto de vida de adolescentes em orientação profissional. 2007. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.8 n.2 São Paulo dez. 2007.

VERIGUINE, Nádia Rocha. Autoconhecimento e informação profissional: implicações para o processo de planejar a carreira de jovens universitários.Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina– UFSC, Florianópolis, 2008.

VILELA, Elson da Cunha. Significado do trabalho e uma escolha acadêmico-profissional: um estudo com universitários primeiranistas. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.