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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF NERO PARREIRA DE JESUS
A importância da matriz de sincronização no planejamento e execução das operações: utilização desta ferramenta no Brasil e em exércitos de outros
países.
Rio de Janeiro
2018
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF NERO PARREIRA DE JESUS
A importância da matriz de sincronização no planejamento e execução das operações: utilização desta ferramenta no Brasil e em exércitos de outros
países.
Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de especialização em Ciências Militares.
ORIENTADOR: Cap Inf Roderik Yamashita
Rio de Janeiro
2018
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMiI
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
Cap Inf NERO PARREIRA DE JESUS
A importância da matriz de sincronização no planejamento e execução das operações: utilização desta ferramenta no Brasil e em exércitos de
outros países
Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, pós-graduação universitária lato sensu.
APROVADO EM ol<ó / CIàvt / 1 ~ CONCEITO: -------- ------ BANCA EXAMINADORA
Men ão Atribuída
ALEXANDER FER DA ILVA - Ten Cel Cmt Curso e Pr ide da Comissão
~( V~cu- / RODERIK Y Ar(ÃSHITA - Cap
10 Membro e Orientador
'- ,~b~ THIAGO ~RNANDES FLOR - Cap
20 Membro
NERO PARREIRA DE JESUS - Cap ALUNO
A IMPORTÂNCIA DO EMPREGO DA MATRIZ DE SINCRONIZAÇÃO NO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DAS OPERAÇÕES: UTILIZAÇÃO DESTA
FERRAMENTA NO BRASIL E EM EXÉRCITOS DE OUTROS PAlsES
Nero Parreira de Jesus' Roderik Yarnashlta-
RESUMO O presente estudo tem por objetivo examinar as evidências disponíveis na literatura sobre como se dá o emprego da matriz de sincronização no planejamento e execução das operações pelo Exército Brasileiro e por exércitos de outros países, bem como explicar, por meio dos conteúdos revisados, a importância da confecção da matriz de sincronização em operações militares. Esta ferramenta, apesar de sua importância, muitas vezes não é utilizada com a frequência adequada nos corpos de tropa, assim, a pesquisa visou identificar a matriz de sincronização como indispensável na preparação e execução dessas operações. A matriz de sincronização é uma ferramenta utilizada para sincronizar as diversas funções de combate e as ações do inimigo no tempo e no espaço de batalha, tornando mais simples a identificação das fases de uma operação bem como de possíveis erros de planejamento. As soluções desses problemas podem ser inseridas diretamente na matriz durante o ensaio em terreno reduzido, permitindo que todos os envolvidos tenham conhecimento do que foi modificado e tenham o perfeito entendimento do que será executado. A complexidade das operações militares e a simplicidade e objetividade da matriz de sincronização tornam essa ferramenta a mais adequada a ser empregado pelos estados maiores das unidades em operações.
Palavras-chave: Matriz de sincronização. Exame de situação. Linhas de ação. Funções de combate. Planejamento das operações. Tomadas de decisão.
ABSTRACT The purpose of this paper is to verify what is available in current literature regarding the application of the synchronization matrix, for operations planning and execution by Brazilian and other countries armies, as well as explains, through the revised contents, the importance of elaborate and apply the synchronization matrix in military operations. Despite its importance, this tool is not applied as often as it should be in troop corps, which is why this study aimed to present the synchronization matrix as indispensable while planning and executing these operations. This tool is used to synchronize warfighting functions and the enemy actions in battle's time and space, making it easier to identify the operation phases, as well as to perform error-control. The solutions of the problems can be inserted directly into the matrix during the operation test, allowing everyone involved to be aware of what has been modified and to have the perfect understanding of what will be executed. The complexity of military operation and the simplicity and objectivity of the synchronization matrix make this tool the most appropriate to be applied by the planners in operations.
Keywords: Synchronization matrix. Situation examination. Courses of actions. Warfighting functions. Operation planning. Decision making.
• Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2008 . •• Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2005. Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (AMAN) em 2013.
1
1 INTRODUÇÃO
Durante o planejamento de operações e exercícios militares o comandante
tático se depara com diversos problemas como a falta de sincronização entre as
diversas ações no campo de batalha e a dificuldade de fazer com que todos
compreendam a sequência das ações. Dúvidas de como seria a melhor forma de
sincronizar essas ações nas diversas funções de combate bem como o que fazer para
que todos tenham pleno conhecimento de quando e o que deve ser feito nas diversas fases de uma operação, são recorrentes para qualquer planejador de operações militares.
A preparação de uma operação militar inclui o processo de planejamento por parte dos comandantes e de ensaios por parte das frações que vão ser empregadas.
Portanto, uma boa preparação é crucial para o cumprimento da missão e requer
ferramentas adequadas não só para o planejamento do que será feito, mas também
para repassar para todos os níveis de forma mais clara e objetiva possível como será feito.
A função de combate movimento e manobra caracteriza-se por colocar o
inimigo em desvantagem através do deslocamento e da disposição de forças no
terreno, configurando um dos elementos do poder de combate terrestre inserido na
execução de operações militares. Sem ela, tais operações consumiriam mais recursos pessoais e materiais (BRASIL, 2015).
As funções de combate são um conjunto de atividades, tarefas e sistemas inter
relacionados, portanto, elas são todas integradas entre si e não é possível planejar de
forma eficiente e eficaz essas atividades e tarefas de forma individualizada, sendo
necessário que se leve em consideração todas elas no mesmo tempo e espaço do campo de batalha.
A profundidade do espaço de batalha, a sincronização e a integração das atividades que levam ao andamento das operações devem ser levadas em
consideração pela função de combate movimento e manobra, para que o estado final desejado seja alcançado (BRASIL, 2015).
Medidas de coordenação e sincronização são necessárias para o planejamento
do movimento das unidades operativas, pessoas e meios em uma operação. Informações como a localização, o estado e a identificação das unidades operativas, o pessoal e material em movimento devem ser obtidas através do controle do
2
1.1 PROBLEMA
movimento, de forma centralizada ou descentralizada, por parte dos responsáveis
pela operação (BRASIL, 2015). A matriz de sincronização é uma ferramenta utilizada antes, durante e após o
combate na observação e no ensaio de todas as linhas de ação. Não é um documento
padronizado e se adapta à forma de trabalho do Estado Maior e às especificidades do
tipo de missão a ser cumprida. Além disso, não substitui o calco de operações e as
ordens, apenas suplementando os mesmos (BRASIL, 2003). A matriz de sincronização pode ser a resposta para solucionar grande parte
dos problemas e dúvidas dos comandantes de fração e das próprias frações durante o planejamento e a execução de operações. Ela vai permitir a escolha da melhor linha
de ação e também o correto ensaio por parte das frações.
Um bom plano de sincronização é de extrema importância para a condução das
operações, especialmente no que se refere à função de combate movimento e manobra. Para tanto, a confecção de uma matriz de sincronização tem por objetivo
facilitar não só o planejamento, como também a própria execução da operação por
meio de uma melhor compreensão dos meios utilizados em cada fase da operação.
Observa-se que a matriz de sincronização não é utilizada com a frequência
desejável no âmbito das unidades do Exército Brasileiro. Muitos militares até mesmo
nunca ouviram falar desta ferramenta, sendo mais comumente utilizada e conhecida por unidades blindadas ou mecanizadas. Militares da arma de cavalaria têm mais
intimidade com ela já que o emprego de blindados requer ampla sincronização entre
as funções de combate para otimizar sua operação.
No sentido de orientar para uma maior adoção da matriz de sincronização, bem como do seu ensaio, por parte das unidades do Exército Brasileiro em operações e exercícios, foi formulado o seguinte problema:
Como é utilizada e qual a real importância do emprego desta ferramenta no
planejamento e execução das operações pelo Exército Brasileiro e por exércitos de outros países?
1.2 OBJETIVOS
Por meio do estudo de manuais doutrinários que tratam sobre o emprego da matriz de sincronização no Exército Brasileiro e por exércitos de outros países, bem
como da coleta de informações sobre a experiência de alguns militares brasileiros, o
3
presente artigo pretende identificar esta ferramenta como indispensável na
preparação e execução de operações militares.
Para viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados os
objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitiram o encadeamento lógico do
raciocínio descritivo apresentado neste estudo:
a) apontar as bases conceituais das funções de combate à luz da Doutrina Militar
Terrestre;
b) recordar a importância da integração e sincronização entre as funções de
combate em operações;
c) examinar as evidências disponíveis na literatura sobre como se dá o emprego
da matriz de sincronização no planejamento e execução das operações pelo Exército Brasileiro e por exércitos de outros países;
d) explicar, por meio dos conteúdos revisados, a importância da confecção da
matriz de sincronização em operações militares.
1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUiÇÕES
Durante a elaboração de uma ordem de operações, o subcomandante tem,
entre outras atribuições, a missão de coordenar a confecção da matriz de
sincronização para as linhas de ação estabelecidas por parte do Estado Maior (EM)
da unidade e aprovadas pelo comandante (BRASIL, 2003).
Um esquema de manobra é montado para cada linha de ação (L Aç) inimiga
por ocasião da operação, sendo que para cada linha de ação é interessante que seja
confeccionada uma matriz de sincronização, isso se o tempo permitir (BRASIL, 2016).
Na matriz as funções de combate são sincronizadas no tempo e no espaço de
batalha, permitindo que a manobra direcione todas as ações e evitando um
descompasso entre essas funções no atingimento do estado final desejado.
Por ocasião do planejamento, a função de combate movimento e manobra nas
operações determina a sequência das ações e estabelece se as mesmas serão
simultâneas ou se serão sucessivas, tudo com o objetivo de alcançar o estado final desejado (BRASIL, 2015).
Possíveis falhas no planejamento e na execução das operações e até mesmo no entendimento do faseamento das mesmas podem ser mitigadas ou eliminadas com
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a confecção de uma matriz de sincronização e com seu ensaio pelo escalão
subordinado. Esta ferramenta permite uma visualização rápida da manobra sem
substituir a ordem de operações.
O ensaio da unidade é composto pelas ações estritamente essenciais e pela
execução da matriz de sincronização em um caixão de areia, em terreno reduzido, ou
até mesmo na carta. O tempo utilizado para este ensaio está dentro dos 2/3 do tempo
disponível de planejamento que é destinado para as atividades das frações
subordinadas (BRASIL, 2016).
A matriz de sincronização é tão importante que é empregada por diversas
forças armadas de outros países, logicamente possuindo especificidades que devem ser contempladas dentro da realidade de cada um deles. Ainda assim, cabe reflexão
sobre o importante ganho que se teria se fosse empregada em todas as operações e
exercícios de guerra por parte do Exército Brasileiro.
O trabalho pretende não só analisar a importância desta ferramenta, mas
também verificar se a mesma é plenamente utilizada pelos planejadores de nível unidade da força terrestre, reafirmando assim o quanto o seu estudo e prática são
importantes nos diversos estabelecimentos de ensino.
2 METODOLOGIA
O delineamento desta pesquisa contemplou leitura analítica das fontes,
questionários, entrevistas, argumentação e discussão de resultados. Quanto à
natureza, o presente estudo propõe uma pesquisa do tipo aplicada, já que pretende apresentar conhecimentos sobre uma ferramenta que tem aplicação prática sobre o desenvolvimento do planejamento e da execução de uma operação, a matriz de sincronização. Além disso aborda o problema sugerido de forma quantitativa, já que a
referência numérica dos questionários e entrevistas tem grande relevância para
quantificar a grande importância da matriz de sincronização para o desenvolvimento
do planejamento e execução das operações.
Trata-se de estudo bibliográfico, desenvolvido de acordo com os métodos e
procedimentos da pesquisa bibliográfica, de manuais e outros produtos doutrinários do Exército Brasileiro e de outros países. Foi empregada a modalidade exploratória,
já que por meio de questionários aos especialistas no assunto, buscou materializar o
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conhecimento sobre a utilização desta ferramenta e identificar diferentes formas de
emprego da matriz de sincronização. Tal ferramenta, apesar de importante para os
planejadores de nível unidade em operações, é pouco utilizada, o que faz com que
esta pesquisa seja do tipo aplicada e de relevância operacional.
2.1 REVISÃO DE LITERATURA
Iniciamos o delineamento da pesquisa com a definição de termos e conceitos,
a fim de viabilizar a solução do problema de pesquisa, sendo baseada em uma revisão de literatura no período dos anos de 2000 a 2018. Essa delimitação baseou-se na necessidade de material de pesquisa atualizado e em sinergia com a moderna
doutrina militar terrestre a qual se encontra em constante evolução. Tal limite foi determinado procurando incluir produtos doutrinários do Exército
Brasileiro e de forças armadas de outros países. O objetivo não foi incluir análises
sobre uma operação específica ocorrida durante este período, mas sim coletar dados
e documentos de operações ou exercícios cuja preparação ocorreu com a utilização desta ferramenta. Alguns manuais de campanha do EB foram reeditados ao longo do
tempo a fim de serem atualizados e contemplarem novas doutrinas e conhecimentos
desenvolvidos no Brasil e em outros países. Assim, para que o estudo pudesse
contemplar aquilo que há de mais atual e válido na força terrestre, as edições referenciadas estão todas dentro do período citado.
Quanto ao tipo de operação militar, a revisão de literatura limitou-se a exercícios
e documentos relacionados a operações de guerra com enfoque em tropas de infantaria e cavalaria.
Foram utilizadas as palavras-chave matriz de sincronização, exame de situação, linhas de ação, funções de combate, planejamento das operações e tomadas de decisão, juntamente com seus correlatos em inglês. Foram realizadas
buscas no site "google", biblioteca de monografias da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e instruções do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires
(CIBld), sendo selecionados apenas os documentos em português e inglês, haja vista este pesquisador ser habilitado somente neste idioma estrangeiro. O sistema de
busca foi complementado pela coleta manual de documentos operacionais de
exercícios militares, bem como de manuais de campanha do EB, do Exército Português e dos EUA, que fazem referência ao tema e com publicação entre os anos 2000 e 2018.
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a. Critério de inclusão: - Documentos operacionais, manuais ou estudos em português ou inglês,
relacionados ao planejamento de operações dentro do exame de situação do estado
maior de um batalhão de infantaria; e
- estudos qualitativos sobre o emprego da matriz de sincronização.
b. Critério de exclusão: - Documentos que abordam estritamente operações de não-guerra e operações
não convencionais; e - documentos cujo foco seja relacionado estritamente a funções de combate
diversas da função de combate movimento e manobra.
2.2 COLETA DE DADOS
Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o delineamento da pesquisa contemplou a coleta de dados por meio de entrevista e
questionário.
2.2.1 Entrevistas
Com a finalidade de ampliar o conhecimento teórico e identificar experiências
relevantes, foram realizadas entrevistas exploratórias com os seguintes militares, em
ordem cronológica de execução: Nome Justificativa
- instrutor do Curso de Infantaria da EsAO Roderik Yamashita - Cap EB - realizou o curso de manobra para capitães de
carreira do exército americano - instrutor do Curso de Infantaria da EsAO
Fábio dos Santos Moreira - Cap EB - instrutor da AMAN - realizou o curso de manobra para capitães de carreira do exército americano - instrutor do Curso de Infantaria da EsAO
Ivan Moacyr Weiss - Cap EB - instrutor da EsSA - realizou o curso de comandante de unidade blindada na Alemanha .. QUADRO 1 - Quadro de MIlitares entrevistados
Fonte: O autor
2.2.2 Questionários
O estudo foi limitado particularmente aos capitães da arma de infantaria,
oriundos da Academia Militar das Agulhas Negras, devido à sua formação mais completa e especialização para o comando, sendo a população formada por aqueles que já cursaram ou estão cursando o curso de aperfeiçoamento de oficiais. Tendo
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como objetivo selecionar um grupo que neste momento de sua carreira tem travado
maior contato com o exame de situação e consequentemente com a matriz de
sincronização, a amostragem foi constituída somente por oficiais que estão sendo
aperfeiçoados neste momento, os quais têm estudado diversos temas e problemas
militares em sala de aula.
Apesar de a matriz de sincronização, inserida no exame de situação, ser uma
ferramenta constante em diversos de nossos manuais, durante a formação na AMAN
o conteúdo programático não vislumbra o aprofundamento deste assunto, de forma
que os oficiais provenientes da Academia voltam a estudar a referida matriz de
maneira mais enfática durante seu aperfeiçoamento. Além disso, tais oficias
participaram de diversos exercícios militares dos corpos de tropa nos quais foi ou não
verificado o emprego desta ferramenta durante o planejamento e a execução, tendo
condições a partir de agora, de forma mais esclarecida, de verificar a sua eficácia.
A amostra selecionada é composta por oficiais com experiência em diversos
tipos de tropas de infantaria, sendo capazes de referenciar tal vivência, de acordo com
as características de emprego de cada tropa, para comprovarem ou não a importância
da matriz de sincronização no planejamento de operações e exercícios de guerra.
Dessa forma, a população a ser estudada foi estimada em 800 militares. A fim
de atingir uma maior confiabilidade das induções realizadas, buscou-se atingir uma
amostra significativa, utilizando como parâmetros o nível de confiança igual a 90% e
erro amostral de 10%. Nesse sentido, a amostra dimensionada como ideal (nideal) foi
de 63.
Assim foram distribuídos questionários para todos os 150 militares de infantaria que estão cursando o curso de aperfeiçoamento neste momento, buscando alcançar
100% da amostra ideal prevista (nideal=63). A sistemática de distribuição dos questionários ocorreu de forma direta (pessoalmente) ou indireta (aplicativo de mensagens e e-mail).
Foi realizado um pré-teste com 10 capitães-alunos da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), que atendiam aos pré-requisitos para integrar a
amostra proposta no estudo, com a finalidade de identificar possíveis falhas no
instrumento de coleta de dados. Ao final do pré-teste, não foram observados erros que justificassem alterações no questionário e, portanto, seguiram-se os demais de forma idêntica.
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3 RESUL lADOS E DISCUSSÃO
Os elementos do poder de combate terrestre são os principais representantes
do poder de combate do exército empregados tanto em situação de guerra como em
situação de não guerra. Dentre esses elementos do poder de combate constam as
funções de combate, que em seu total são 06 (seis), e se constituem em atividades,
tarefas e sistemas inter-relacionados (BRASIL, 2014b).
Conforme a imagem a seguir, as funções de combate são: comando e controle, movimento e manobra, inteligência, fogos, logística e proteção.
FIGURA 1 - Elementos do poder de combate terrestre Fonte: BRASIL, 2014b, p.5-9
Devido às suas características e por se tratarem de ações que devem ser integradas e sincronizadas durante o combate, haverá um melhor aproveitamento se
as funções de combate não forem trabalhadas de forma estanque. Devemos pensar
em todas elas de forma sincronizada, já que qualquer alteração em uma delas pode gerar mudanças no planejamento de outras.
O emprego das forças em consonância com a intenção do comandante é o que
dita como será feita a sincronização do emprego das forças, mas para isso o
comandante e seu estado maior devem integrar as funções de combate durante todo o processo de planejamento das operações (BRASIL, 2014a).
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Para se obter o máximo de Poder Relativo de Combate (PRC) em um local e
momento decisivo as operações militares devem ser arranjadas de forma
sincronizada. É por meio desta sincronização de ações que são buscadas a
simultaneidade de impactos sobre o inimigo. Desta forma, até mesmo forças inferiores
poderão se sobrepor às forças mais poderosas.
A sincronização é a mais significativa consequência da adoção do tempo como
fator de decisão. Dessa forma, por ocasião do planejamento da operação, ao se analisar as linhas de ação opostas, é fundamental sincronizar as ações nas diversas funções de combate (comando e controle, movimento e manobra, inteligência, fogos, logística e proteção) a partir da hora e local em que se deseja um determinado efeito,
calculando os prazos e as providências a serem tomadas antes desse efeito desejado
(BRASIL, 2017).
Para que as ações sejam sincronizadas deve-se levar em consideração os
seguintes fatores: o estudo dos efeitos das' nossas ações sobre o inimigo e das
consequências que elas produzirão, podendo assim aproveitar as fragilidades do mesmo; o estudo de como as ações do inimigo poderão influir sobre nossas tropas; o
planejamento da operação para obter a sincronização dos efeitos; a adoção de procedimentos e técnicas para orientar a execução das atividades no local e momento corretos, sempre em sintonia com a intenção do comandante; a emissão das ordens
fragmentárias no momento oportuno; o eficiente comando e controle; e as tarefas
relacionadas à cooperação civil-militar (BRASIL, 2017).
Portanto, por meio da sincronização pode-se evitar a superposição de esforços,
facilitando que o planejamento possa contemplar todas as possibilidades do inimigo e, fazendo frente a elas, aumentar o poder de combate e evitar seu desperdício, além de reduzir as chances ou ocorrências de fratricídio.
A matriz de sincronização é composta por uma coluna vertical constituída pelas
ações do inimigo, por todos os sistemas de combate, pelos meios disponíveis e ações
de dissimulação e simulação previstas para a operação e por uma linha, constituída
pelo tempo ou pelo faseamento da operação, É feita uma interação destas duas
entradas, reagindo-se cada sistema com o faseamento da operação/tempo,
considerando-se a interferência do inimigo, do terreno, das condições climáticas, e de outros dados que poderão interferir no cumprimento da missão.
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A matriz de sincronização é uma ferramenta utilizada por diversas forças
armadas do mundo com o intuito justamente de demonstrar de forma mais simples
em um documento a integração das funções de combate. Em uma tabela simples e
objetiva não só os planejadores como também todos aqueles que estão incluídos em
alguma função de combate podem observar a integração entre as mesmas e realizar
possíveis ajustes para que a sincronização ocorra corretamente.
Hora/Evento H-24 horas H-I hora H+24
Ação do Inimigo ou Monitoração dos Defesas da Zona de Emprego da Reserva
Adversário movimentos Segurança
População Evacuação ordenada de
áreas contínuas
Pontos de decisão Condução do ataque aéreo
do OBJ Irene
Medidas de controle
rTCB Movimento na Rota lrish Transposição da LP Conquista OBJ Irene
Movimento na Rota Transposição da LP Conquista OBJ Rose
::: rTCB Longstreet oC:)
<:::. :: ~ PLF com 01° TCB I\; 3°TCB s ~ .S •• ~ BdaAv Ataque à Res Ini no OBJ
Irene
Rec e Vig
Reserva
Inteligência
Fogos Fogos de preparação início
emH-5
<:::. Engenharia '<::I ~ <:::.
~ PPE
11
~ DAAe 'I::: '" ~ ~ ct BNQR
Sustentação
Comando da Missão PCP com 01° TCB
Suporte aéreo próximo
Guerra Eletrônica
Comando 1ni e controle Não Leta!
de tráfego
Transmissão da rendição e
folhetos
Nação anfitriã
Interagênica
ONGs Início do suporte de alívio
a refugiados
Nota: A Primeira coluna é apenas representativa e pode ser modificada para encaixar as necessidades de
formação
DAAe Defesa Antiaérea LD Linha de Partida
BdaAv Brigada de A viação ONG Organização não
governamental
TCB Time de combate da 08J Objetivo
Brigada
BNQR Bilógica, Nuclear, PPE Posto da Polícia do
Química e Radiológica Exército
PCP Posto de Comando Rec e Vig Reconhecimento e
Principal Vigilância
PLF Passagem para a linha de
frente
FIGURA 2 - Exemplo de matriz de sincronização Fonte: USA, 2011,4-31, tradução nossa
('.l ,.-<
TEMPO H-2 H -1:30 H -1 H -30 H H + 0:30 H + 1 H + 1:30 H+2 H + 2:30 RegMec.we BAU.1ec abre CAIMec 1~ esc CM.1ec 1° eu: abctda PeIAlJ.'ec 1° - CAtMec 1~ esc aimIna o -CAlt.lecem l·esc~ - CAd.1ec em 1° CAl1tecem In deo.t>à emcxAllas em colunas abadalf LF VERDE e abre em escabadaa ataque BAtl.!ec em 2" ~culrrina o 2" esc do frente da
Acção In de BAlI\'ec de CAl!.lec VERDE e abre cd\r1as de Pel OAZRiFEBA - Re~ da CAlMec 2" esc aborda a OAZR ataque BAtl.!ec em 2" OAZR em CCÂt1as de - Baa'loearrento ÔD -In~' -Rençoda escclbnnao
•• '-8Km 4-6Km Pei BA1Mec em 2" esc CM.!ec 2" esc ~ POJDP 3 5 1
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Pode-se observar, por meio das entrevistas realizadas com especialistas, que
uso desta ferramenta é comum em outras forças armadas, como é o caso do exército
norte-americano. Sendo que no exército alemão ela é constantemente empregada
desde o nível pelotão até o nível brigada, mostrando a desenvoltura dos militares
destes dois países para lidar com a mesma e a importância dada a essa ferramenta
durante as operações.
Brasil (2007, p. 2-20) afirma sobre a matriz de sincronização que: "este
documento não é padronizado, podendo ser adaptado ao sistema de trabalho do estado-maior (EM) ou da operação a ser conduzida". Tal afirmação coaduna com o fato de todos os entrevistados afirmarem que esta ferramenta pode ser utilizada em
todo tipo de operação. Um exemplo disso seria uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), na qual a princípio não são observadas todas as funções de
combate em sua plenitude, como é o caso de fogos, no entanto, a ferramenta oferece
uma flexibilidade grande para se adaptar a esse tipo de situação.
Todos os entrevistados acreditam que exista uma relação direta entre a
utilização da matriz de sincronização durante o planejamento e ensaio de operações
e o correto entendimento da missão por parte dos comandantes de fração
subordinados. Tal resultado é compreensível, visto que quando esta ferramenta não
é utilizada os comandantes possivelmente terão que destinar mais tempo para
repassar as ordens, a fim de evitar erros de sincronização provocados pela falta de
entendimento das tarefas e ações a serem executadas.
Já no questionário distribuído, 72,5% da amostra considera que a utilização da
matriz de sincronização pode ajudar muito os planejadores de operações e exercícios de guerra nível unidade a ajustarem suas linhas de ação adotadas, sanando assim possíveis erros e deficiências. 21,7% consideram que ela será crucial para o
cumprimento da missão, enquanto ninguém considerou que a mesma não iria ajudar em nada.
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• Será crucat para o cumpnmento da
• Não irá ajudar em nada • Pode ajudar pouco • Pode ajudar mUI o
missão
• ão sei
GRÁFICO 1 - Opinião da amostra sobre se o emprego da matriz de sincronização pode ajudar os planejadores de operações e exercícios de guerra nível unidade a ajustarem suas linhas de ação adotadas, de forma a sanar possíveis erros e deficiências diante das possibilidades do inimigo
Fonte: O autor
o ensaio se constitui em um treinamento na qual o comandante, seu EM e a tropa praticam a sequência das ações que deverá ocorrer durante a operação. Ele permite que a sincronização das ações em horários e locais críticos para o
cumprimento da missão seja testada, consolidando assim uma imagem mental da sequência de ações mais importantes da operação, contribuindo para melhorar a
coordenação e o mútuo entendimento entre os comandantes subordinados, de apoio
e de unidades. O tempo disponível ditará o nível de detalhamento do ensaio, podendo este ser suprimido caso não haja tempo suficiente (BRASIL, 2014a).
A matriz de sincronização pode ser ensaiada por meio de um terreno reduzido
ou até mesmo pela carta. Isso aumenta ainda mais os seus benefícios, como a
facilidade de visualização da ação, a facilidade para coordenação, a facilidade para ajustes, a compreensão das ações das forças amigas no contexto da operação como um todo, a facilidade na apresentação de L Aç adotada ao escalão superior, e facilidade de integração das diversas funções de combate.
• ão Irá ajudar em nada • Pode ajudar pouco
Pode ajudar mu o • Será cruciat para o cumpnrnento da
missão
• Não sei
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GRÁFICO 2 - Opinião da amostra sobre se o ensaio da matriz de sincronização pela unidade em terreno reduzido ou carta pode ajudar a alcançar uma melhor compreensão das ações das forças amigas e forças inimigas em um exercício ou operação militar
Fonte: O autor
Constatou-se que 81 % da amostra submetida ao questionário considera que o ensaio da matriz de sincronização pela unidade em terreno reduzido ou carta pode
ajudar muito a alcançar uma melhor compreensão das ações das forças amigas e forças inimigas em um exercício ou operação militar. Ainda: 11,6% consideram que este ensaio será crucial para o cumprimento da missão, enquanto que somente 7,2%
acreditam que esta atividade ajudaria pouco. Outras respostas obtiveram resultados
irrelevantes.
Este resultado mostra que é importantíssimo que seja realizado um ensaio da matriz de sincronização para se obter uma melhor efetividade no emprego da mesma.
Como foi observado por alguns entrevistados, este ensaio esbarra apenas em
possíveis limitações de tempo, espaço ou até mesmo da disponibilidade de pessoal
envolvido na operação para participar desta atividade.
Já para 62,3% da amostra o tempo disponível para a confecção e ensaio da matriz de sincronização é uma limitação para o pleno emprego desta ferramenta.
37,7% consideraram a dificuldade para detalhar as ações a serem desencadeadas no
espaço e no tempo, 18,8% destacaram a dificuldade de compreensão das informações constantes na mesma, 10,1 % acreditam não haver limitações e 8,7%
consideraram a falta de disponibilidade de pessoal para participar do ensaio como
uma limitação.
Dificuldade para detalhar as ações a serem desencadeadas no espaço e no tempo
43 (62.3%) Tempo disponível para confecção e ensaio
Falta de disponibilidade de pessoal para participar do ensaio
Dificuldade de compreensão das informações constantes na Matriz de Sincronização
Não há limitações
o 10 30 40 50 20
GRÁFICO 3 - Opinião da amostra quanto às limitações para o pleno emprego da matriz de sincronização
Fonte: O autor
FIGURA 4 - Ensaio da matriz de sincronização para uma operação de investimento à localidade realizado por cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras
Fonte: Curso de Infantaria da AMAN
16
17
FIGURA 5 - Ensaio da matriz de sincronização Fonte: Curso de Cavalaria da EsAO
FIGURA 6 - Discussão da matriz de sincronização durante intercâmbio da ECEME nos EUA, 2013 Fonte: EB Dispon ível em: http://www.defesanet.com.br/br usa/noticia/12398/ECEM E-participa-de-Programa-de I ntercam bio-nos-EUAI Acesso em: 02 ago. 2018
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FIGURA 7 - Ensaio da matriz de sincronização Fonte: Curso de Infantaria da EsAO
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FIGURA 8 - Ensaio da matriz de sincronização Fonte: Curso de Infantaria da EsAO
FIGURA 9 - Ensaio da matriz de sincronização Fonte: Curso de Infantaria da EsAO
Apesar de sua importância a maioria da amostra submetida ao questionário (44,9%) conhecia a matriz de sincronização mas nunca empregou ou observou seu
emprego durante operações ou exercícios no corpo de tropa, 29% somente observou
ela sendo empregada e 26,1% utilizou esta ferramenta desde o período de formação
na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
• ão • Sim. mas nunca ernpreçue: ou
observei seu emprego durante operações ou exercioos o corpo d SIm, mas somen e pude observar seu emprego duran e operações ou e erc'oos no corpo de tropa
• SIm, e pude eu mesmo mzar es a ferramenta durante operações ou exerC:CIOS no corpo de tropa
GRÁFICO 4 - Conhecimento da amostra sobre a matriz de sincronização Fonte: O autor
20
21
o 5 10 15
Destaca-se que 95,7% da amostra e todos os especialistas entrevistados
acreditam que esta ferramenta deveria ser utilizada com mais frequência durante o
planejamento de operações e exercícios no nível unidade .
• sim • Não • ão sei
GRÁFICO 5 - Opinião da amostra sobre se a matriz de sincronização deveria ser empregada com mais frequência durante o planejamento de operações e exercícios no nível unidade
Fonte: O autor
Um dado importante sobre esta ferramenta pelas unidades do Exército
Brasileiro é que 34,1 % da amostra empregou ou pôde observar o emprego da mesma
no Comando Militar da Amazônia, 26,8% no Comando Militar do Leste, 26,8% no Comando Militar do Sul, 12,2% no Comando Militar do Nordeste, 12,2% no Comando
Militar do Norte, 12,2% no Comando Militar do Sudeste, 7,3% no Comando Militar do
Planalto e 0% no Comando Militar do Oeste. A maioria da amostra que respondeu a este questionamento teve contato com a matriz de sincronização no Comando Militar
da Amazônia e não no Comando Militar do Sul onde está localizada a maior parte dos meios blindados do exército.
Comando Mil ar da Amazônia 14 (34,1 "')
Comando Mil ar do Leste 11 (268 S)
Comando Militar do ordeste 5 (12 2%)
Comando mtar do orte 5 (12 2°' )
Comando MIlitar do Oeste 0(0%)
Comando Mil ar do Planalto 3 (7 3°')
Comando ~" ar do Sul -11 (268%)
Comando Mil ar do Sudeste 5 (12 2%)
GRÁFICO 6 - Comandos militares de área onde a amostra pôde empregar ou observar o emprego da matriz de sincronização para o planejamento e execução de operações
Fonte: O autor
22
.Slm
• Nào ào sei
Uma forma de tornar o emprego da matriz de sincronização mais frequente nos
exercícios e operações no corpo de tropa seria aprofundando o estudo da mesma nas
escolas de formação do exército. Como foi destacado por todos os entrevistados este
estudo deveria ocorrer na AMAN e na EsSA, sendo que um deles acredita até mesmo
que deveria ser um documento obrigatório para todas as operações militares
desenvolvidas no âmbito destas escolas.
1,4%
GRÁFICO 7 - Opinião da amostra sobre a necessidade do estudo aprofundado da matriz de sincronização nas escolas de formação e aperfeiçoamento do exército
Fonte: O autor
A grande maioria da amostra (92,8%) considera que a matriz de sincronização
deve ser estudada com profundidade nas escolas de formação e aperfeiçoamento do
Exército Brasileiro. Isso certamente poderia provocar um aumento considerável na
frequência de emprego da mesma nas operações, haja vista que 71 % consideraram
insuficientes as instruções que tiveram durante sua formação na AMAN, 21,7%
disseram que tais instruções nem foram ministradas e apenas 7,2% acreditam que
estas instruções foram satisfatórias.
• Murto sausta ónas • sanstatônas
tnsuücrentes • ào foram rnmrs racas
GRÁFICO 8 - Opinião da amostra sobre as instruções que tiveram durante sua formação na AMAN Fonte: O autor
- 23
Para se realizar um ensaio eficiente da matriz de sincronização ou até mesmo
confeccionar a mesma, os escalões participantes de uma operação devem conhecer
esta ferramenta em diversos níveis de profundidade.
TABELA 1 - Opinião da amostra so re os escalões que devem con ecer a matriz e smcroruzaçao Níveis de Cmt Cmt Cmt Cmt Integrantes CmtU
conhecimento Esq GC Pel SU de EM
Frequência (fi) / % de n
Conhecer e saber confeccionar uma 6 8% 19 27% 29 42% 39 56% 40 58% 39 56% matriz de sincron ização
Somente conhecer ou saber 17 24% 15 22% 7 10% 3 4% 2 3% 2 3% como funciona
b h . d
Fonte: O autor
o resultado acima exposto apresenta claramente a preocupação da amostra a respeito do conhecimento que os escalões de comando em uma unidade devem ter
sobre a matriz de sincronização, considerando que conhecer e saber confeccionar a
mesma é mais necessário aos escalões mais altos. Até mesmo a capacidade de interpretar essa ferramenta e saber como funciona produzirá efeitos no entendimento
da manobra pelos escalões mais baixos.
Questionamentos sobre a melhor forma de se empregar a matriz de sincronização foram levantados, tendo como principal maneira apontada pela amostra
(66,7%) o ensaio da mesma em terreno reduzido. Têm-se que 10,1 % preferem o
emprego por meio de um amplo detalhamento das ações a serem desencadeadas
minuto a minuto da operação, constando o mais completamente possível as condutas ou técnicas de ação imediata (TAl) que podem ser adotadas. E 8,7% consideraram
dividir cada fase da operação de forma a adicionar não só as ações realizadas, como
também as reações e contrarreações. Outras respostas apresentaram resultado irrelevante.
GRÁFICO 9 - Opinião da amostra sobre a melhor forma de se empregar uma matriz de sincronização Fonte: O autor
Quanto às questões de estudo e objetivos propostos no início deste trabalho,
conclui-se que a presente investigação atendeu ao pretendido, ampliando a compreensão sobre o emprego da matriz de sincronização no planejamento e
execução de operações militares.
A revisão de literatura possibilitou concluir que esta ferramenta é constante em
nossos manuais e não possui uma forma padronizada de confecção, possibilitando o
seu emprego para qualquer tipo de operação. Além disso, ela é empregada por diversos exércitos no mundo, recebendo grande importância pelos níveis envolvidos no planejamento de operações militares.
Dessa forma, entende-se que é necessário e muito importante a sua confecção
juntamente com a ordem de operações, não podendo substituir a mesma, mas
complementando-a e possibilitando melhor entendimento e sincronização das ações a serem desencadeadas pelas forças amigas.
Além disso, o seu ensaio ficou caracterizado como a melhor forma de se empregar esta ferramenta, sem, no entanto, abrir mão da sua confecção, aumentando
assim as suas possibilidades e reduzindo as suas limitações, como a dificuldade para
se detalhar todas as ações em um único documento.
A compilação de dados permitiu identificar o quanto esta ferramenta pode
auxiliar no planejamento e na compreensão das ações pelos escalões subordinados,
bem como a pouca utilização da mesma nos corpos de tropa, sendo possível destacar o comando militar da amazônica como o que mais faz uso dela.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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• Por meio de um amplo detalhamento das ações a serem desencadeadas minuto a minuto da operação, constando assim, o mais completamente possível, as condutas ou TAl que podem ser adotadas
• Por meio de um ensaio da matriz de sincronização em terreno reduzido, com participação de todos os oficiais e sargentos envolvidos na operação
Sendo empregada para repassar as ordens a todos os escalões envolvidos substituindo assim, a ordem de operação
• Acrescentando uma coluna à frente de cada fase da operação onde poderiam ser adicionadas as condutas e TAl
• Acrescentando uma coluna à frente de cada fase da operação com mediadas de coordenação e controle adicionais como LSAA, LCAF, LCA, LAT, LET, etc
• Dividindo cada fase da operação de forma a adicionar não só as ações realizadas, como também as reações e contrarreações
e rnmn f"~t~ p c;:Mic;:f~tnrin
o desenvolvimento de temas que incentivem a formulação da matriz de
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sincronização nas escolas de formação e aperfeiçoamento é o caminho mais
adequado para se implementar esta ferramenta com mais frequência nos
planejamentos da tropa, permitindo assim que todos os escalões envolvidos em uma
operação passem a ter mais contato com ela e compreendam melhor a sua
importância.
Nos menores escalões, como o comando de esquadras, é desejável que os
militares pelo menos conheçam esta ferramenta, podendo assim entender a sua aplicação e entender as informações contidas nela. Já os escalões de pelotão, companhia, estado maior de unidade e comando de unidade devem não só conhecer a sua aplicação, mas estarem em condições de confeccionar uma matriz de sincronização e apresentá-Ia a seus superiores e subordinados a fim de um melhor
entendimento das ações a serem desencadeadas em uma missão.
Recomenda-se, assim, que a matriz de sincronização seja documento operacional obrigatório, quando da disponibilidade de tempo e pessoal, juntamente
com a ordem de operações, possibilitando o seu ajustamento antes, durante e após o cumprimento da missão. Esse ajustamento anterior à missão ocorreria durante os
ensaios, quando aquelas funções de combate que não estiverem bem sincronizadas possam provocar novas considerações e readequação do planejamento.
Conclui-se que a matriz de sincronização é uma ferramenta de grande
importância que facilita a sincronização da manobra e a possibilidade de verificar
possíveis conflitos no planejamento nos diversos escalões. Constata-se que apesar de sua relevância é pouco empregada no Exército Brasileiro, devido ao
desconhecimento desta ferramenta e a pouca prática com a mesma. Para aprimorar seu uso de forma correta seria conveniente incentivar sua aplicação nas escolas de
formação, realizando exercícios e resolvendo problemas militares por meio do seu emprego.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Exército. EB70-MC-10.223: Operações. 5. Ed. Brasília, DF, 2017.
BRASIL. Exército. EB60-ME-12.401: O Trabalho de Estado-Maior. 1. Ed. Brasília, DF, 2016.
BRASIL. Exército. C 7-20: Batalhões de Infantaria. 3. Ed. Brasília, DF, 2007.
BRASIL. Exército. EB20-MC-10.203: Movimento e Manobra. 1. Ed. Brasília, DF, 2015.
BRASIL. Exército. EB20-MC-10.211: Processos de Planejamento e Condução das Operações Terrestres. 1. Ed. Brasília, DF, 2014a.
BRASIL. Exército. EB20-MF-10.102: Doutrina Militar Terrestre. 1. Ed. Brasllia, DF, 2014b.
PORTUGAL. Exército. PDE 5-00: Planeamento Táctico e Tomada de Decisão. Lisboa, 2007.
USA. Army. ATTP 5-0.1: Commander and Staff Officer Guide. Washington, De, 2011.