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A IMPORTÂCIA DO PLANEJAMENTO E DA AVALIAÇÃO NA

RELAÇÃO COTIDIANA DO ENSINO APRENDIZAGEM

Autor: CLEIDE MARIA CASTELLUCCI LIMA1

Orientador: TEREZINHA OLIVEIRA2

[...] é possível errar de muitos modos, mas só há um modo de acertar. Por isso, o primeiro é fácil e o segundo difícil; fácil errar a mira, difícil atingir o alvo. Pelas mesmas razões, o excesso e a falta são características do vício, e a mediania da justiça. “(ARISTÓTELES, v. II, L II, c. 6)”.

RESUMO

O projeto que desenvolvemos intitulado “A relação ensino aprendizagem na abordagem da Teoria Vygotskyana histórico-cultural” apresentou reflexões sobre a importância do Planejamento e da Avaliação na relação cotidiana do Ensino-aprendizagem. A questão que norteou nosso objeto pedagógico foi o vinculo que buscamos estabelecer entre o fracasso escolar – a repetência, a indisciplina, o grande número de alunos aprovados por Conselho de classe – e a formação continuada de professores, pedagogos e funcionários da Escola Estadual Cecília Meireles - Ensino Fundamental do município de Colorado – Paraná. Essa reflexão permitiu-nos considerar como essencial á compreensão do Planejamento e da Avaliação a formação teórica do professor. Após aprofundamento teórico sobre a Proposta Pedagógica propomos a reorganização dos planejamentos vinculando, sempre, o papel do professor como mediador, pois isto é de suma importância para o desenvolvimento do aluno no processo de transmissão do conhecimento sistematizado e produzido historicamente pela humanidade.

PALAVRAS-CHAVES: Ensino-Aprendizagem; Planejamento; Avaliação.

1 Professora PDE, pós-graduada em pedagogia pela Universidade de Presidente Prudente, atua na Escola Estadual Cecília Meireles na cidade de Colorado-PR.

2 Professora Doutora do Departamento de Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá.

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INTRODUÇÃO

A escola deve ser em tese, o espaço para as pessoas se realizarem por meio

do ensino e aprendizagem, adquirindo conhecimentos que os tornarão cidadãos

capazes de analisar, argumentar e fundamentar ideias e, principalmente, modificar

situações opressoras que existem na sociedade.

No entanto, estamos vivendo um momento crítico na escola pública no qual

questionamos o porquê de não conseguirmos atingir os objetivos propostos no

Projeto Político Pedagógico. Dentre eles, a dificuldade em fazer com que o coletivo

da escola internalize o conhecimento científico necessário para a efetivação da

aprendizagem dos alunos.

Duas das causas possíveis, a nosso ver, pode ser o esvaziamento do

conteúdo, bem como um planejamento de ensino no qual estejam desarticulados

entre objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação, aliados à formação dos

profissionais da educação ofertados pelas universidades no Brasil.

Cada vez mais percebemos que a mediação pedagógica é uma das

alternativas para amenizar os problemas e efetivar o ensino-aprendizagem de

qualidade nas escolas públicas. Masetto apresenta a seguinte concepção de

mediação pedagógica:

Por mediação pedagógica entendemos a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. É a forma de se apresentar e tratar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las, debatê-las com seus colegas, com o professor e com outras pessoas (interaprendizagem), até chegar a produzir um conhecimento que seja significativo para ele, conhecimento que incorpore ao seu mundo intelectual e vivencial, e mesmo a interferir nela (MASETTO apud GASPARIN, 2000, p.144-145).

A afirmação do autor pode ser observada quando do encerramento, por

exemplo, do ano letivo com o levantamento dos dados estatísticos, no qual se

explicita que o número de alunos aprovados, por ter atingido a nota mínima exigida

por lei, é inferior aos aprovados pelo Conselho de Classe. Além deste quadro,

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destacamos que o número de alunos reprovados, evadidos e aprovados pelo

Conselho de Classe representa mais da metade dos alunos.

Em face desta realidade acima consideramos importante o discurso de

Oliveira na aula ministrada no PDE 2010 na turma de Pedagogia na UEM, na qual

de acordo com ela, a finalidade primeira da escola, em geral, não consegue ser

firmada, que é a apropriação do conhecimento como produção intelectiva. Isso

ocorreria porque não tem sido produzido o conhecimento com a profundidade

necessária uma vez que a escola delega o saber a fatores periféricos à escola.

Ainda segundo Oliveira, Aristóteles afirma que o homem é um animal político, só

vivendo no coletivo, mas ao buscar a individualidade parece não perceber que seus

atos, por menores que sejam, interferem no coletivo.

O ser humano cria hábitos, de acordo com as exigências que lhe são feitas,

na vida coletiva, assim tudo o mais, deverá ser adquirido pelo convívio social.

Observamos que Vigotski, afirma existir zona de aproximação entre o aprendiz e o

objeto a ser apreendido e aprendido, desta forma, resgata a importância da escola,

do papel do professor (agente indispensável do processo de ensino- aprendizagem)

e a importância do objeto (a ser apreendido e aprendido) fazer parte do cotidiano, ou

ser útil nesse cotidiano, tendo sentido para o educando, o estudo de tais conteúdos.

É preciso então compreender como os educandos, gradativamente,

apreendem e elaboram os conceitos científicos a partir dos cotidianos. Para

compreender esta questão, em sua complexidade, nos pautaremos na concepção

pedagogia histórico-cultural.

A tarefa docente consiste em trabalhar o conteúdo científico e contrastá-lo com o cotidiano, afim de que os alunos, ao executarem inicialmente a mesma ação do professor através das operações mentais de analisar, comparar, explicar, generalizar, etc., apropriem-se dos conteúdos científicos e neles incorporem os anteriores, transformando-os também em científicos, constituindo uma nova síntese mais elaborada.A construção dos conceitos científicos vai, aos poucos, formando-se a partir da identificação mais precisa das características específicas e da explicitação mais consistente das dimensões sociais deste conceito, levantadas na fase da problematização, bem como por meio de comparações com outros conceitos que estejam sendo estudados. (GASPARIN, 2009, p. 56).

O professor deve ter o domínio dos conhecimentos científicos para poder

fazer a vinculação destes com o conhecimento informal do educando e é a interação

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aluno-professor que vai provocar a apropriação dos conceitos científicos que depois

retornarão ao cotidiano dos alunos.

A função da escola se cumpre quando possibilita ao aluno o acesso ao

conhecimento científico, e isto se torna real quando há participação de todos os

envolvidos na escola. Porém a atuação do professor, como mediador do

conhecimento, é que vai dar sentido ao processo de ensino e aprendizagem, pela

elaboração do seu plano docente que deve nortear sua ação, por meio da seleção

dos conteúdos, dos materiais didáticos que vai usar, da metodologia e dos critérios

de avaliação.

Para Oliveira, é necessário que a escola se reavalie constantemente, que ela

se volte para si própria, avaliando o quanto a seu fazer pedagógico reverte-se em

emancipação cidadã com respeito a seu aprendiz, ou seja, o quanto realmente, a

escola tem contribuído para emancipação do seu aluno, o quanto do conhecimento

científico foi ensinado e aprendido.

A educação tem uma relação bastante estreita com a construção da

autonomia das pessoas e sociedade. Todavia, a nosso ver é necessário acontecer

mudanças de hábitos nos professores e alunos principalmente no que tange a ética

moral e profissional. Essa percepção do problema foi compreendida a partir da

formulação de Aristóteles acerca da natureza da virtude. Segundo ele, ”Sendo, pois,

de duas espécies a virtude, intelectual e moral, a primeira, por via de regra, gera-se,

e cresce graças ao ensino, por isso requer experiência e tempo; enquanto a virtude

moral é adquirida em resultado do hábito” (ARISTOTELES, L.II, c.I,§ 20).

Sob este aspecto, Oliveira insiste que família e escola são espaços

diferentes, são instituições que possuem papéis que se completam, mas que uma

não pode intervir no papel da outra. À escola cabe continuar o que na família foi

iniciado, a formação moral e ética que será complementada com a aquisição do

conhecimento (conteúdo) formal, científico, acumulado historicamente.

Diante desses fatos é necessário que o professor, além do conhecimento

específico de sua disciplina, se aproprie de diferentes abordagens pedagógicas,

sempre analisando o momento histórico em que se vive aplicando-as no processo

de ensino e aprendizagem como também definir as ações pedagógicas que visam

conduzir a educação como uma transformação social por meio da apropriação da

cultura produzida pelos homens.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Considerando que todo processo de ensino e aprendizagem precisa ser

planejado, com qualidade e intencionalidade e a avaliação desse processo deve ter

como foco o individual e o coletivo faz-se necessário que os professores entendam e

utilizem o planejamento. Este entendimento do planejamento é, a nosso ver, a

articulação entre os objetivos a serem atingidos, conteúdos abordados e as

atividades a serem realizadas, de forma a utilizar a avaliação para reorganizar a

aprendizagem do aluno, avaliando o seu próprio planejamento e suas estratégias de

aprendizagem.

Mediante o exposto é necessário proporcionar aos professores acesso a

conhecimentos teóricos sobre planejamento e avaliação para a efetivação do

ensino-aprendizagem.

A avaliação é um meio de diagnosticar a realidade dos alunos para que se

possa realizar uma ação pedagógica, segundo as necessidades dos discentes.

Portanto, a avaliação não deve ter como objetivo quantificar o conhecimento por

meio de provas ou testes para atribuir notas ou conceitos, mas para ajudar o aluno a

conhecer-se melhor e verificar se houve apropriação do conhecimento.

Conceitos sobre Planejamento, Avaliação e Ensino-aprendizagem.

Segundo SAVIANI (1987, p. 23), [...] “a palavra reflexão vem do verbo latino

“reflectire” que significa voltar atrás”. É, pois um (re) pensar, é o ato de retomar,

reconsiderar os dados disponíveis, revisar, replanejar. É examinar, prestar atenção,

analisar com cuidado.

Entretanto, não é qualquer reflexão que se pretende, mas, algo articulado e

crítico. Ainda segundo SAVIANI (1987, p. 24), para que a reflexão seja considerada

filosófica, ela tem de preencher três requisitos básicos:

• ser radical - o que significa buscar a raiz do problema;

• ser rigorosa - na medida em que faz uso do método científico;

• ser de conjunto - pois exige visão da totalidade na qual o fenômeno aparece

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Luckesi (1992, p.117) conceitua o planejamento como [...] "a atividade

intencional pela qual se projeta fins e se estabelecem meios para atingi-los. É uma

ação ideologicamente comprometida que não possui caráter de neutralidade. Por

isso o planejamento será um ato ao mesmo tempo político-social, científico e

técnico”.

Fusari (1989, p.10) por seu turno, apresenta uma distinção entre plano e

planejamento. Para ele planejamento é o processo que envolve a atuação concreta

dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas

ações e situações, o tempo todo, em permanente interação entre os educadores e

entre os próprios educandos. Planejamento e plano se complementam e se

interpenetram no processo da prática docente.

Segundo Menegola e Sant’Anna:

Planejar processo educativo é planejar o indefinido, porque educação não é o processo, cujos resultados podem ser totalmente pré-definidos, determinados ou pré-escolhidos, como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente mecânica e impensável. Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem não impondo-lhe diretrizes que o alheiem. Permitindo, com isso, que a educação, ajude o homem a ser criador de sua história (MENEGOLA e SANT’ ANNA, 2001, P. 25).

Analisando esta afirmação, os autores especificam que, por meio do

planejamento, podemos educar em nossas escolas, pessoas que sejam capazes de

escrever suas próprias histórias. Segundo Vasconcellos:

O planejamento enquanto construção-transformação de representações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo. (VASCONCELLOS, 2000, p. 79).

Por fim, planejar dentro desta concepção é integrar o individuo à sociedade.

Com efeito, a ausência de um processo de planejamento do ensino nas

escolas, aliada às demais dificuldades, têm levado a uma contínua improvisação

pedagógica nas aulas, prejudicando a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho

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escolar como um todo. Outro fator importante que não podemos perder de vista é o

fato de que o planejamento e a avaliação são atividades inseparáveis, nas quais

devem ser definidos, os objetivos, conteúdos, metodologia de ensino, os critérios e

as formas de avaliar.

LUCKESI (1984) salienta que o critério para a avaliação deve ser utilizado

como exigência de qualidade e não como forma de autoritarismo. Neste contexto, a

decisão do nível de aprendizagem a ser obtido pelo aluno dependerá do olhar do

professor no momento em que exercita a correção.

Para que o trabalho escolar possa constituir-se em uma ação mediadora entre

o conhecimento que o estudante possui e os conhecimentos teóricos elaborados

historicamente, faz-se necessário uma adequada organização do ensino,

consequentemente, uma avaliação da aprendizagem que possa expressar se a

escola está cumprindo sua principal função – possibilitar a apropriação dos

conhecimentos teóricos aos escolares.

A ação de avaliação permite determinar se está assimilado (e em que medida) ou não o procedimento geral de solução da tarefa de estudo dada, se o resultado das ações de estudo corresponde (e em que medida) ou não a seu objetivo final. [...] É justamente a avaliação que “informa” aos escolares se teve resultado ou não a tarefa de estudo dada (DAVIDOV, apud MORAES, 1988, p.184)

Conceitos sobre Educação e Ensino-aprendizagem pela lente dos autores

clássicos.

Sendo, pois, de duas espécies a virtude intelectual e moral, a primeira, por via de regra, gera-se, e cresce graças ao ensino, por isso requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito. (ARISTÓTELES, 1987, L.II, c.I,§ 20).

Partindo da citação de Aristóteles podemos compreender que para ele a

educação é para as virtudes e, consequentemente, a formação de caráter. Para o

autor, a concepção da natureza humana forma um conjunto de potencialidades as

quais precisam ser desenvolvidas por meio do processo educativo. Portanto, a

virtude é uma disposição de caráter na qual é determinada por um principio racional

próprio do homem dotado de sabedoria e prática.

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Segundo Aristóteles, a virtude moral é obtida por meio do hábito adquirido a

partir das relações sociais em que se vive, por isso nenhuma das virtudes morais

surge em nós por natureza, por conseguinte, o caráter da pessoa nasce em

decorrência das ações que são praticadas em relação aos demais indivíduos.

Assim, durante nossa caminhada podemos nos tornar pessoas boas ou ruins,

isto dependerá das virtudes que desenvolvemos por meio dos nossos hábitos, atos,

temperança, como também agir buscando o meio termo sempre como mediador das

nossas paixões, o autor quer dizer que não devemos ser radical nas nossas

tomadas de decisões, mas sim procurar ser coerente e ponderar nossas ações.

Podemos, então, concluir que podemos mudar nossos hábitos e por meio

deles sermos pessoas melhores ou piores de acordo como desenvolvemos nossas

ações, e enquanto profissionais da educação influenciar na virtude intelectual dos

nossos alunos, pois esta se desenvolve por meio da educação escolar ao longo das

nossas vidas, incorporando o conceito de aprendizagem como também os conceitos

de disciplina e obediência.

.

Um breve comentário sobre os manuscritos de Amós Comenius da sua mais

importante obra: Didactica Magna

Essa obra atribuiu à educação categorias que somente vieram a ser

pensadas séculos depois, como o diálogo entre professor e aluno. Uma educação

que se dava por meio do diálogo, conseguiu ver na escola o que muitos ainda não

viram, ou seja, que a escola deve despertar nas pessoas o prazer pelo estudo, pelo

conhecimento, pela vida. Levando-os a felicidade

Outra categoria que consigo extrair de seu pensamento é a universalidade do

saber historicamente construído pela humanidade. Isso aliado à ideia de que todos

devem ter acesso a este saber, seja, pobre, rico, prostituta, louco, criança, jovens ou

adultos. Comenius partia do pressuposto de que a educação é a salvação comum

do gênero humano, seja ela qual for.

Na visão de Comenius o livro didático deve partir de alguns princípios: partir

de princípios simples para complexos; deveria ser escrito em uma linguagem familiar

e comum; deveria ser elaborado em forma de diálogo. Após análise dos métodos

didáticos presentes nas escolas de sua época, Comenius considerou-os violentos,

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obscuros, confusos, duros e intricados, tornando a escola ineficiente e local de

tortura para a mente das crianças, castigando-as com coisas inúteis.

Comenius propõe que, também nas salas, deveriam ser pintadas, nas

paredes, resumos ou ilustrações de textos com os quais os sentidos, a memória e o

intelecto dos alunos poderiam se exercitar. A escola, por sua vez, deve ser um lugar

tranquilo, bonito, bem iluminado, limpo, ornado por pinturas, retratos de homens

ilustres, mapas, recordações históricas ou emblema. (grifo nosso)

A pedagogia em Kant abordava a ideia de uma educação que promovesse na

pessoa todas as condições de chegar à maturidade e desenvolver sua humanidade.

Os primeiros exemplos de disciplina e instrução são os pais, mas esta educação é

limitada uma vez que as crianças precisam de outros exemplos.

Assim, afirmava que:

Com a educação presente, o homem não atinge plenamente a finalidade da sua existência. Na verdade, quanta diversidade no modo de viver ocorre entre os homens! Entre eles não pode acontecer uma uniformidade devida, a não ser na medida em que ajam segundo os mesmos princípios, e seria necessário que estes princípios se tornassem como que uma outra natureza para eles. Podemos trabalhar num esboço de uma educação mais conveniente aos pósteros, os quais poderão pô-las em prática pouco a pouco (KANT, 1996, p. 17-18).

Kant dividia a pedagogia em física e prática. A educação física está

relacionada aos cuidados com a vida corporal. Já a educação prática ou moral era

aquela que dizia respeito à construção ou constituição do ser humano para que ele

pudesse viver como ser livre num contexto de sociedade.

Além disto, considerava a educação como privada e pública:

(...) em geral, a educação pública parece mais vantajosa que a doméstica, não somente em relação à habilidade, mas também com respeito ao verdadeiro caráter do cidadão. A educação doméstica, além de engendrar defeitos do âmbito familiar, os propaga. (Kant, 1996, p.33)

Para Kant, a disciplina é fundamental para a educação. O ser humano

necessita formar uma idéia acerca da conduta, ética, comportamento. Para isto

necessita que outros o auxiliem nesta formação.

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(...) disciplina é o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da humanidade, através das suas inclinações animais [...] Mas, a disciplina é puramente negativa, porque é o tratamento através do qual se tira do homem a sua selvageria; a instrução, pelo contrário, é a parte positiva da educação. (Kant 1996, p.12)

É importante destacar que na perspectiva de Kant a educação tem como

finalidade o cuidado com a vida da criança, mas também com o desenvolvimento e

formação de bons costumes e hábitos. Depois vem o período em que a disciplina

exige a atenção dos pais e educadores em termos de orientação para que haja

aprendizado a fim de se controlar os impulsos e a pessoa se diferenciar dos animais.

Além da disciplina, a pedagogia deve se dedicar à instrução ou formação moral da

pessoa, condição fundamental para uma vida em família e em sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que a apropriação do aprofundamento teórico sobre

Planejamento, Ensino-Aprendizagem e Avaliação, como também o estudo realizado

sobre os pensamentos dos autores clássicos são fundamentais para que o professor

disponha de instrumentos teóricos práticos para o desenvolvimento de sua ação

pedagógica.

Os docentes compreenderam que é fundamental elaborar e utilizar o

planejamento, articulando-o entre os objetivos a serem atingidos, conteúdos

abordados e as atividades a serem realizadas, de forma a utilizar a avaliação para

reorganizar a aprendizagem do aluno avaliando o seu próprio planejamento e suas

estratégias de aprendizagem.

Outro ponto importante foi o entendimento pelos professores, pedagogos, e

funcionários da necessidade imediata das mudanças de hábitos no dia a dia do

nosso trabalho como: a solidariedade, a bondade, a ética, a obediência à hierarquia

e, principalmente a disciplina, pois uma geração educa a outra e os exemplos devem

ser dados pelos trabalhadores da instituição.

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REFERÊNCIAS

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ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1991.

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ENGELS, F. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. SP: Escala. 2009.

FERREIRA, F.W. Planejamento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

FUSARI, J.C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo:

KANT, I. Sobre a Pedagogia. Piracicaba: Editora Unimep, 1999.

LDB/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional de Nº9. 394/96.

LUCKESI. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposições. São Paulo: Editora Cortez, 2002.

LUCKESI. Elementos para uma didática no contexto de uma pedagogia para a transformação. In: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, Simpósios. São Paulo: Loyola, 1984.

MASETTO, M.T. Mediação pedagógica e o uso da Tecnologia. Campinas: Papiras, 2000.

MENEGOLLA e SANT’ANA, Martins I. Porque Planejar? Como Planejar?

MORAES, Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem: (material sob forma de xerox)

NEVES. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. Pelotas: UFPel ,2005. (Dissertação de Mestrado).

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OLIVEIRA, T. A Filosofia Medieval: uma proposta cristã de reflexão. Maringá: EDUEM, 2005.

PARANÁ. SEED. Orientações Curriculares para o Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em Nível Médio e Profissional Curitiba, 2008. (doc.)

VASCONCELOS. Construção da disciplina consciente e interativa na sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1994.

VYGOTSKY. L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.