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RESUMO: Com a advento de novas tecnologias de informação e comunicação foi necessário rever nossa modalidade de ensino, trazendo novas perspectivas para a educação a distância, levando escolas, universidades, organizações empresariais, grupos de profissionais de educação e centros de ensino à se dedicarem ao desenvolvimento de cursos a distância com todo o suporte em ambientes digitais de aprendizagem acessados via internet. Este artigo faz menção à história da Educação à Distancia – EaD, conceito do professor tutor e como objetivo, é proposto as funções do tutor no apoio aos alunos. Podendo ser classificado como orientador acadêmico ou facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação de aprendizagem dos alunos à distancia. ABSTRACT: With the advent of new information technologies and communication was necessary to revise our method of teaching, bringing new perspectives for distance education, leading schools, universities, business organizations, professional groups for education and learning centers to engage in the development of distance learning courses with the support of digital learning environments accessed via the internet. This article mentions the history of Distance Education - Distance Learning, the concept of the tutor and the objective is proposed functions of the tutor in student supporting. Can be classified as academic advisor or facilitator, which aims to academic advising, pedagogical monitoring and evaluation of student learning at a distance. A IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DO TUTOR NA EAD Publicação Anhanguera Educacional Ltda. Coordenação Instuto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Correspondência Sistema Anhaguera de Revistas Eletrônicas - SARE [email protected] v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17 Caroline Moreira de Moraes Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE PALAVRAS-CHAVE: educação à distância; tutor; mediação KEYWORDS: distance education, tutor; mediation Argo Original Recebido em: 23/02/2012 Avaliado em: 15/08/2012 Publicado em: 17/04/2014

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Page 1: A IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DO TUTOR NA EAD · cursos por correspondências, Universidades Abertas e novas mídias (televisão, rádios, fitas de áudio, fax, telefone) e a terceira

RESUMO: Com a advento de novas tecnologias de informação e comunicação foi necessário rever nossa modalidade de ensino, trazendo novas perspectivas para a educação a distância, levando escolas, universidades, organizações empresariais, grupos de profissionais de educação e centros de ensino à se dedicarem ao desenvolvimento de cursos a distância com todo o suporte em ambientes digitais de aprendizagem acessados via internet. Este artigo faz menção à história da Educação à Distancia – EaD, conceito do professor tutor e como objetivo, é proposto as funções do tutor no apoio aos alunos. Podendo ser classificado como orientador acadêmico ou facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação de aprendizagem dos alunos à distancia.

ABSTRACT: With the advent of new information technologies and communication was necessary to revise our method of teaching, bringing new perspectives for distance education, leading schools, universities, business organizations, professional groups for education and learning centers to engage in the development of distance learning courses with the support of digital learning environments accessed via the internet. This article mentions the history of Distance Education - Distance Learning, the concept of the tutor and the objective is proposed functions of the tutor in student supporting. Can be classified as academic advisor or facilitator, which aims to academic advising, pedagogical monitoring and evaluation of student learning at a distance.

A IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DO TUTOR NA EAD

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17

Caroline Moreira de Moraes – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: educação à distância; tutor; mediação

KEYWORDS: distance education, tutor; mediation

Artigo OriginalRecebido em: 23/02/2012Avaliado em: 15/08/2012Publicado em: 17/04/2014

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10 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

O filósofo alemão Immanuel Kant, no século XVIII, nos iluminou com uma afirmação que até hoje se faz pertinente: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar”.

O tutor tem a função de educador e é um dos responsáveis pela formação dos estudantes, seu papel é de orientador, de promover a realização de atividades, apoiar em sua resolução, oferecer novas fontes de informações e favorecer sua compreensão (Machado & Machado, 2004). Também como função, o tutor tem o papel de gestor da comunicação, cabendo a ele desenvolver estratégias para se aproximar do estudante, retirá-lo do silencio virtual, conduzindo-o a contextuar o conhecimento.

A postura do tutor deve ser dirigida para o trabalho em parceria com o aluno, orientando-o para o diálogo autônomo, o trabalho em projetos e a aprendizagem por pesquisa. Para isso, ele precisa converter-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho. Ele deixa de ser transmissor de informações e passa a ocupar o lugar de agenciador de comunicação, de uma comunicação fundamentada na interação (SILVA, 2000).

Para Forgrad (2001) ao tutor caberá criar “ambientes de aprendizagem, que oportunizem o desenvolvimento da criatividade, da intuição, da investigação, da resolução de problemas e do desenvolvimento do senso crítico”.

Complementando, Moran, Masetto e Behrens (2007) apresentam tais atribuições:

dialogar permanente com o que acontece no momento; trocar experiências; debater dúvidas, questões ou problemas; apresentar perguntas orientadoras; orientar nas carências e dificuldades técnicas ou de conhecimento quando o aprendiz não consegue encaminhá-los sozinho; garantir a dinâmica dos processos de aprendizagem; propor situações-problema e desafios; desencadear e incentivar reflexões; criar intercâmbio entre aprendizagem e a sociedade onde nos encontramos nos mais diferentes aspectos; colaborar para estabelecer conexões entre o conhecimento adquirido e novos conceitos.

2. COMO SURGIU A EAD

A história da EAD no Brasil inicia-se em 1891, onde o Jornal do Brasil iniciou suas atividades

com o registro de anúncio oferecendo profissionalização por correspondência para datilógrafo.

Devido à pouca importância que se atribuía à EaD e às dificuldades enfrentadas com

o uso dos correios, o ensino por correspondência recebeu pouco incentivo por parte das

autoridades educacionais e dos órgãos governamentais. Entre 1923 e 1939 oferecia cursos

profissionalizantes através de Rádio, fundou-se a Radio Sociedade do Rio de Janeiro, onde os

alunos tinham prévio acesso a folhetos e esquemas de aulas, e em 1939 iniciou-se novamente o

uso dos correios. Em 1941 é fundado a IUB – Instituto Universal Brasileiro, dedicado à formação

profissional de nível elementar e médio, seguindo o sucesso da IUB outras instituições foram

fundadas nas décadas de 40 e 50.

A Importância e Funções do Tutor na EAD

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Em 1976 foi o início do marco da EAD, pois foi criado o Sistema Nacional de

Telecomunicação, que realizava experiências com rádio e televisão. O que deu início, em

1977, ao famoso Telecurso, educação à distância supletiva de 1º e 2º graus, utilizando livros,

vídeos e TV. Em 1991 foi fundado o Jornal da Educação – Edição do Professor que é um

programa de aperfeiçoamento à professores e educação continuada de alunos do magistério,

já utilizando as diversas mídias como telefone, fax, internet, TV, material impresso e há a

mediação de um orientador. Hoje o programa atinge mais de 250 mil docentes em todo o

país. Em 2007 o Sistema Escola Técnica do Brasil são cursos ministrados por instituições

públicas e voltado para a educação profissional e tecnológica à distancia, organizado em

colaboração entre União, estados, DF e municípios tendo como objetivo estruturar centenas

de pólos para milhares de alunos.

Como resumo da história da EAD podemos dizer que foi dividida em 3 gerações:

cursos por correspondências, Universidades Abertas e novas mídias (televisão, rádios, fitas

de áudio, fax, telefone) e a terceira e atual geração a EAD on line. Nesta terceira geração

é ofertado além de cursos de aperfeiçoamento profissional, cursos de graduação, pós

graduação e em 2011 (em fase de teste) há os primeiros cursos de mestrado (stricto sensu)

ofertados pela UAB – Universidade Aberta do Brasil.

3. CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA - EAD

Independente da modalidade utilizada, educação ou ensino, são utilizados como sinônimos,

porém é preciso distingui-los apesar de seus significados se assemelharem.

Para Moran (2002) “na expressão ‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do

professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra “educação” que é mais

abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada. “

A Educação a Distancia – EaD vem crescendo com intensidade desde a década de 90,

juntamente com o desenvolvimento da tecnologia e da telecomunicação. Esta modalidade

prevê um menor contato físico entre colegas e professores, porém virtualmente um contato

muito amplo entre os mesmos, o que implica buscar práticas e métodos pedagógicos adequados

a essa modalidade de ensino, proporcionando ao aluno condições e autonomia na construção

do conhecimento.

José Manuel Moran define como

... um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporariamente. Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações. (MORAN, n/d)

Em uma formulação adaptada de Maia e Mattar (2007) a ”EaD é uma modalidade de

educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que

utiliza diversas tecnologias de educação”.

Caroline Moreira de Moraes

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12 Anuário da produção acadêmica docente

4. CONCEITO DE TUTOR

Os elementos fundamentais na modalidade de Educação a Distancia são: aluno, material

didático e professor tutor. E qual o conceito de professor tutor? Nos termos jurídicos

a etimologia da palavra traz implícito o termo tutela, proteção, defesa de um menor ou

pessoa necessitada. Apropriada pelo sistema de Educação a Distância, (SÁ, 1998), o tutor

passou a ser visto como um orientador da aprendizagem do aluno solitário e isolado que,

freqüentemente, necessita do docente ou de um orientador para indicar o que mais lhe

convém em cada circunstância. Podendo ser classificado como orientador acadêmico ou

facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação de

aprendizagem dos alunos a distancia.

A tutoria deve ser vista como um atendimento à educação individualizada e cooperativa,

centrada numa abordagem pedagógica voltada no ato de aprender, permitindo aos alunos

alcançar seus objetivos acadêmicos da forma mais autônoma possível.

Nota-se que o sistema tutorial é cada vez mais indispensável no desenvolvimento das

aulas e do conhecimento.

Para Poonwassie (2001) os tutores

... consistentemente solidários, genuínos, abertos e respeitantes, geralmente desenvolvem um relacionamento mais aberto e de maior confiança com os alunos, e facilitam aos estudantes a oportunidade de desenvolverem relacionamentos mais abertos e de confiança uns com os outros; o resultado é normalmente um clima de colaboração e de permuta no processo de aprendizagem.

A aprendizagem pode

transpor a distância temporal ou espacial” fazendo recursos às tecnologias “unidirecionais” (uma-uma, um-em-muitos), como o livro, o telefone ou à tecnologia digital que é “multidirecional” (todos-todos), etc, eliminando a distância ou construindo interações diferentes daquelas presenciais. Mas, muito mais do que recorrendo à mediação tecnológica, é a relação humana, o encontro com o(s) outro(s) que possibilita ambiência de aprendizagem. Aprendizagem e educação são processos “presenciais”, exigem o encontro, a troca, a cooperação, que podem ocorrer mesmo os sujeitos estando “a distância”. “Presencialidade” pode significar, também, “estar juntos virtualmente”. O espaço físico está dando lugar ao ciberespaço ou à construção de “redes de aprendizagem”, onde professores e alunos aprendem juntos, interagem e cooperam entre si (PRETI, 2002).

5. FUNÇÕES DOS TUTORES NO APOIO AOS ALUNOS

A comunicação entre docente e discente exige do professor tutor novas concepções acerca do

saber envolvendo diálogos constantes e novos esquemas mentais. Pensar em novas formas

de educação exige que quebremos os paradigmas ainda existentes e que possibilitemos o re-

significado de educação em face às necessidades do mundo atual, tarefa que exige mudança

importante no papel do professor e formação específica neste sentido.

A Importância e Funções do Tutor na EAD

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Para Rodriguez (1997), é necessário rever as dimensões: educativa, tecnológica

e comunicativa, em relação ao papel e ao protagonismo que assumem os professores

implicados na organização do trabalho pedagógico. É preciso fazer entender de que as

multimídias não transformam o trabalho docente, elas apenas expressam os novos cenários

da sociedade contemporânea e permitem um armazenamento enorme de informação, por

meio de novas linguagens.

Existe uma lamentável confusão entre o emprego das tecnologias da informação e da comunicação, como um conjunto de ferramentas da educação a distancia, e a pratica da educação a distancia em si. O acesso à informação não é equivalente ao acesso ao conhecimento e às oportunidades de educação. Devemos abordar as novas formas de comunicação como oportunidades estimulantes para o uso da linguagem com a finalidade de pensar conjuntamente e como novos meios de montagem de andaimes dos processos de construção do conhecimento dos estudantes no uso da linguagem como instrumento do pensamento (MERCER; ESTEPA, 2001, p.33).

Iniciar e manter contato é muito importante no desenvolvimento dos alunos,

assegurando-os de um ambiente de aprendizagem segura, dando-lhes liberdade para

questionamentos pedagógicos, facilitando a aprendizagem e explorando novos horizontes

nos estudos. Muitos alunos ainda não adeptos totalmente da modalidade EaD, aguardam

o contato do tutor para iniciarem seus estudos e trabalhos, portanto, é importante o tutor

primeiramente superar qualquer relutância do discente em iniciar o contato dizendo-

lhes que sempre estará a disposição para responder-lhes questões que queiram colocar. É

importante esclarecer ao aluno que o contato não é um evento esporádico, mas sim, um

processo contínuo.

Além de haver contato, é necessário o tutor incentivá-los a desenvolverem suas

capacidades de aprendizagem, independência e auto-encaminhamento nos estudos,

permitir-los lidar com as dificuldades de conteúdo e obstáculos, procurar maneiras de

facilitar a aprendizagem do aluno tornando-a mais proveitosa, associando as experiências

profissionais com a teoria aplicada.

O tutor também deve se atentar em reconhecer diferenciais entre os estudantes, ter

consciência de que se tratam de seres humanos com necessidades, anseios, dificuldades em

aprender, portanto deve o tutor, adaptar estratégias de facilitação, de forma a atender as

necessidades individuais de cada um. E colaborar sem paternalismo para que os discentes

encontrem as soluções para suas dificuldades acadêmicas sem se tornar evasivo ou

incoerente.

Também como função, o tutor deve ter a humildade em assumir que não tem todas as

respostas e se propor a buscar daquilo que não sabe, assim como respeitar a individualidade

de cada discente e não dispor de suas fraquezas, erros ou precipitações para que não os

desmotivem do curso.

Para criar uma cultura de auto-aperfeiçoamento, é necessário valorizar os alunos mais

esforçados.

Caroline Moreira de Moraes

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14 Anuário da produção acadêmica docente

Estar disposto sempre a aprender, seja com os colegas, com os próprios discentes ou

outros participantes de processos educacionais, e sempre compartilhar coletivamente suas

experiências e melhores aprendizados.

Evidentemente, para alguns alunos inserir-se no mundo tecnológico, no âmbito da

EaD, não seja tão fácil quanto é para o demais, portanto, cabe também ao tutor auxiliar este

aluno que, no cotidiano de um curso superior EaD ainda não possua ferramentas para que

possa fazer as articulações necessárias para o processo de construção do conhecimento.

Para Gutierrez & Prieto (1994) o tutor deve:

- Possuir clara concepção de aprendizagem;

- Estabelecer relações empáticas com os seus interlocutores;

- sentir o alternativo;

- partilhar sentidos;

- construir uma forte instancia de personalização, embora à distancia;

- facilitar a constrição do conhecimento.

Para exercer o seu papel, o tutor deve, portanto, possuir um perfil profissional com certo

número de capacidades, habilidades e competências inerentes à função, ter conhecimentos

específicos relacionados aos conteúdos dos cursos, ter conhecimentos pedagógicos em EaD,

ou seja, conhecimentos específicos sobre a proposta pedagógica do curso, ter conhecimentos

técnicos, que são conhecimentos específicos do ambiente virtual, sendo importante ressaltar

que não deverá o tutor apenas reproduzir o modelo de ensino presencial tradicional, pois

por ser possível reunir alunos de regiões, culturas e realidades diferentes, exige do tutor

a utilização de um contexto pedagógico renovado, inovador e criativo, que garantirão o

sucesso da aprendizagem.

Na visão de Satlher (2008), dentre as perguntas que o tutor deve ter em mente para

realizar bem seu trabalho estão:

- Como valorizar adequadamente as discussões e participações propostas para que se fortaleça o ambiente adequado à aprendizagem?

- As discussões e tarefas propostas colaboram com o atingimento dos objetivos de aprendizagem propostos? São suficientes para tanto ou devem ser complementadas?

- Quanto tempo em média é necessário para que os alunos cumpram com as atividades propostas?

- Como criar meios sistemáticos para evitar o plágio e garantir a reflexão necessária por parte dos discentes?

De forma sucinta, abaixo é exposto as competências profissionais e pessoais do tutor:

- Primeiramente gostar do que faz como tutor;

- Gostar de enfrentar os desafios impostos pelos estudantes;

- Ter ética profissional e agir dentro das normas estabelecidas pela instituição;

A Importância e Funções do Tutor na EAD

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- Ter motivação;

- Ter consciência da importância do seu papel como agente de mudanças;

- Ter comprometimento e dedicação com colegas, alunos, correções...

- Ter facilidade de comunicação e relacionamento, tanto pessoal quanto virtual;

- Ser educado e respeitável na comunicação escrita e verbal;

- Conseguir se colocar no lugar do estudante;

- Antecipar-se dos problemas e dificuldades;

- Ter bom domínio da linguagem escrita, sem uso de gírias, de palavras ofensivas ou

de baixo calão;

- Utilizar linguagem profissional de um curso superior;

- Ser crítico construtivo, criativo, dinâmico, responsável;

- Ser e agir de maneira paciente com alunos;

- Estar atento aos movimentos da turma, tendo capacidade de conduzir debates, motivá-los

a buscar conhecimentos, incentivar os participantes a apresentarem suas contribuições e dúvidas;

- Interagir com os participantes utilizando as ferramentas disponíveis no ambiente

educacional;

- Conhecer a realidade e possíveis dificuldades dos participantes;

- Desenvolver meios de comunicação para evitar que os alunos não se sintam sozinhos

e desmotivados;

- Criar presença e visibilidade como tutor;

- Criar um planejamento de tutoria para cada nova turma;

- Possuir domínio do conteúdo do qual exerce a tutoria;

- Conhecer e indicar alternativas de estudos aos alunos, como exemplo, indicação de

obras literárias;

- Como tutor, buscar capacitações de aperfeiçoamentos técnicos e educacional;

- Oferecer aos discentes o seu máximo em ensino de qualidade.

O ensino à distância envolve muitas variáveis:

- Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.

- Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente.

- Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.

- Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los.

- Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas.

- Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal. (MORAN, n/d)

Caroline Moreira de Moraes

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16 Anuário da produção acadêmica docente

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todas as transformações das sociedades e tecnologias, fica inevitável não haver

transformações também na educação, ficando para trás o modelo tradicional inadequado de

ensino para o surgimento da nova era da educação, da era em que alunos de vários lugares

se comunicam em tempo real, trocando experiências através de fóruns e chats on-line. Tendo

como suporte e orientador um bom educador que através de seu entusiasmo e curiosidade,

saiba dialogar, motivar e instigar os alunos a enriquecerem seus conhecimentos.

Deve o tutor, portanto, estar inserido neste cenário como referência e motor de mudança

e inovação para os discentes. A mudança na forma de ensinar e aprender, estabelece novas

relações intermediadas pela tecnologia EaD, podendo desencadear ações interativas de

aproximação social ou de diminuição de lacunas entre os indivíduos.

É fundamental destacar a importância que a instituição educacional assume no papel

de transformação da sociedade. Pois é o espaço do ensinar, do aprender, do pensar, de

refletir na prática social.

Dentro deste contexto, o papel da tutoria é transcender suas atividades didático-

pedagógicas, direcionando o aluno a ter uma vida profissional repleta a partir do

conhecimento adquirido.

REFERÊNCIAS

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GUTIERREZ, F., & PRIETO, D.. A Mediação Pedagógica: Educação a Distancia Alternativa. Campinas: Papirus, 1994.

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MACHADO, L.D. e MACHADO, E.C. O papel da tutoria em ambientes de EaD. In: Anais do XI Congresso Internacional de EaD. Salvador, 2004.

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A Importância e Funções do Tutor na EAD

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17v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17

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Caroline Moreira de Moraes

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RESUMO: Este artigo teve como objetivo analisar o papel polivalente do professor tutor que atua na EAD frente aos novos paradigmas do contexto educacional atual. Para tal verificação, foram analisadas diferentes concepções teóricas e em especial a dissertação de Furquim (2010). Assim, foi possível compreender a importância do trabalho desse profissional na formação e motivação dos acadêmicos que optam pela EAD, visto que a presença ativa do professor tutor nos ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa é algo indispensável. Constatamos similaridades nas falas dos autores no tocante a necessidade dos tutores de EAD associarem competências diferenciadas como teoria, didática e técnica no exercício de suas funções. Verificamos também que esse profissional ainda está construindo uma identidade própria e conquistando seu espaço como docente, para que, de fato a comunidade acadêmico/científica compreenda e valorize a relevância do papel polivalente do professor tutor para a consolidação da qualidade na EAD.

ABSTRACT: This article aims to analyze the multi-functional role of the teacher mentor who acts in front of EAD to new paradigms of the current educational context. To check this, we analyzed different theoretical concepts and in particular the dissertation Furquim (2010). Thus it was possible to understand the importance of this professional training and motivation of students who opt for distance education, since the active presence of the tutor in virtual environments for collaborative learning is indispensable. We found similarities in the speeches of the authors regarding the need for tutors of ODL associate different skills such as theory, technique and teaching in the exercise of their functions. We also note that these professionals are still building their own identity and conquering its space as a teacher, so that in fact the academic / scientific understands and appreciates the important role of comprehensive tutor for the consolidation of quality in distance education.

O PAPEL POLIVALENTE DO PROFESSOR TUTOR DE EAD FRENTE AOS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim – Universidade Anhanguera - Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Papel polivalente, Professor Tutor, EaD, Novos paradigmas.

KEYWORDS: Multi-functional role, Teacher mentor, EaD, New paradigms.

Artigo OriginalRecebido em: 23/02/2012Avaliado em: 07/08/2012Publicado em: 17/04/2014

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20 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

O processo pedagógico nas instituições públicas e privadas que oferecem cursos na

modalidade a distância no cenário educacional atual é mediado pelos mais modernos recursos

tecnológicos. São muitas as ferramentas que contribuem para a interação e dinamicidade

do processo ensino-aprendizagem e isso obviamente exigiu uma reestruturação geral nos

projetos pedagógicos dessas instituições, bem como mudanças bastante significativas no

tocante ao papel dos diversos profissionais que integram as equipes de trabalho de EAD.

Faria (2002), em sua tese de doutorado, a EAD representa a democratização, pelo

acesso facilitado à educação, tempo e local virtual, para os que trabalham ou moram longe

das escolas/universidades, pois o aluno pode escolher o horário e o local que melhor lhe

aprouver para realizar os estudos. Essa flexibilidade espacial e temporal não prejudica a

realização de outras atividades pessoais e profissionais, permitindo que cada aluno estude

e realize as atividades educativas segundo seu próprio ritmo. Em geral, a EAD dispensa

a impressão de textos, propicia igualdade de oportunidades, facilita o acesso às aulas e

aos conteúdos pedagógicos, evita ausências do trabalho, flexibiliza o tempo disponível e

consegue levar o ensino a regiões pouco acessíveis abrangendo um universo de acadêmicos

que provavelmente não chegaria a cursar o nível superior.

O contexto socioeconômico e o mercado de trabalho estão mudando, exigindo uma reconceitualização das propostas pedagógicas existentes. Na sociedade da informação, o conhecimento se tornou uma força econômica muito grande. As redes de informação e de comunicação vêm se expandindo rapidamente e o profissional, que quiser manter seu espaço, precisa de constante atualização para acompanhar o mercado de trabalho. A facilidade de atualização de conhecimentos, em tempo real, é uma importante vantagem a ser considerada. (FARIA, 2002, p.40)

No contexto em que a sociedade tem a informação como base, podemos constatar que

a evolução tecnológica tem influenciado a cultura educacional no Brasil. As instituições

que implantaram cursos na modalidade à distância têm utilizado ambientes virtuais de

aprendizagem colaborativa através da Internet, teleaulas em tempo real (via satélite),

recursos multimídias, fóruns interativos e outras ferramentas colaborativas.

Entretanto, é possível notar claramente que a utilização das TIC² não supõe a

substituição do professor, mas sim um “repensar” de suas atribuições e do seu papel

mediante as novas demandas educacionais e ao acelerado desenvolvimento tecnológico

onde o conhecimento teórico e a prática pedagógica precisam emergencialmente se

unir ao uso de diferentes estratégias técnicas para realmente propiciar a aprendizagem

significativa na EAD.

²Tecnologias da Informação e da Comunicação

O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

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As instituições que se propuseram a oferecer cursos na modalidade a distância tiveram

que superar desafios quase que imediatos e se adequar rapidamente a grandes reestruturações;

visto que ao invés de salas de aula convencionais os novos modelos propõem ambientes

virtuais de aprendizagem coletiva, onde os alunos podem desenvolver seus potenciais

em espaços interativos e dinâmicos. A flexibilidade da educação a distância viabiliza as

interações assíncronas onde as discussões sobre diferentes temas ajudam a desenvolver o

senso crítico dos estudantes que integram os grupos nos fóruns ou ferramentas semelhantes.

Essa significativa contribuição de chegar a todos e em qualquer lugar é um compromisso

da EAD com a sua universalização, pois uso de modernos recursos tecnológicos permite

superar a própria distância e também o tempo.

Apesar de terem ocorrido muitas transformações e reestruturações nos últimos anos

com relação a EAD e aos profissionais que atuam nessa modalidade de ensino, ainda hoje

quando paramos para refletir sobre o papel do professor tutor nos cursos de EAD nos

deparamos com questões muito polêmicas.

Quais seriam então os diferentes papéis exercidos pelo professor tutor de EAD frente

aos novos paradigmas educacionais? As instituições consideram o tutor como um professor

universitário como os demais integrantes do seu quadro docente? O tutor seria apenas

um motivador para os alunos? Ou seria ele um orientador que atua também como um

mediador de conflitos entre grupos virtuais? Estas e outras questões nortearam este estudo

que teve como foco compreender as reais atribuições cabíveis a esse “teletrabalhador” e

também reconhecer uma identidade própria para esse novo profissional que atua de modo

polivalente na EAD.

A maior parte das instituições públicas e privadas que oferecem cursos a distância

demonstra manter o foco na aprendizagem significativa e conjunta construída através da

realização de diferentes atividades visando facilitar a construção do saber dentro de um

processo mais personalizado de ensino. Este processo implica em repensar sua aplicabilidade,

conhecimentos para utilizar novos recursos e habilidades relacionadas ao tratamento da

educação. O acesso aos diferentes recursos tecnológicos e em especial, aos sistemas que

utilizam como apoio central as salas de aula virtuais, pode propiciar aos alunos novas

formas de construir o conhecimento de modo muito mais prazeroso e dinâmico. Assim,

pensamos que, o uso adequado e ético dessas ferramentas pode promover a construção

de uma efetiva autonomia, mudanças na percepção de mundo, aquisição de novos valores

e principalmente a conscientização sobre as novas formas de atuação social, acadêmica e

profissional no cenário atual.

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

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22 Anuário da produção acadêmica docente

2. OS NOVOS PARADIGMAS

Nos últimos tempos o cenário educacional passou por inúmeras e significativas

transformações e, para compreendê-las precisamos refletir um pouco sobre a dicotomia

existente entre os paradigmas tradicionais (conservadores) e os paradigmas emergentes

(modernos). Através da leitura analítica de vários autores que tem contribuído com

suas pesquisas sobre as “mudanças dos paradigmas” vimos que em todas as áreas do

conhecimento ocorreu um choque entre o paradigma conservador e o paradigma emergente

e isso tem se constituído em um núcleo de grandes debates. Esses debates ocasionaram

rupturas conceituais significativas que levaram a comunidade acadêmica a uma nova visão

de mundo.

Para compreender melhor essas rupturas paradigmáticas, primeiramente achamos

importante pesquisar o conceito do termo “paradigma” no âmbito acadêmico e então nos

deparamos com uma interessante concepção do filósofo e historiador KUHN que define a

palavra paradigma da seguinte maneira: realizações científicas, universalmente reconhecidas

que, durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares aos praticantes de

uma ciência (KUHN apud OLIVEIRA 2003, p.23). Kuhn se refere a um “paradigma” como

um conjunto de crenças, valores e técnicas de uma mesma comunidade científica, ou seja,

na visão de Kuhn a ciência sofre uma grande transformação quando paradigma científico

é “destituído”, mas um paradigma ou um conjunto de paradigmas deve, sempre, ser

substituído por outro, conforme for julgado inadequado e insatisfatório.

Continuando nossa pesquisa, nos deparamos com MORAES (1998, p.58), que declara

que: “(...) o grande problema da Educação está no modelo da ciência, que prevalece num

certo momento histórico, nas teorias de aprendizagem que o fundamentam e que influenciam

a prática pedagógica”. Assim, podemos entender que a ciência influencia a educação de

modo realmente paradigmático, porém a educação simultaneamente determina o “modelo”

de ciência existente nos diferentes contextos históricos.

Já Morin (1996) sustenta que a definição de paradigma envolve a noção de “relação

dominadora” que determina o rumo das demais teorias.

(...) comporta um certo número de relações lógicas, bem precisas entre conceitos; noções básicas que governam todo discurso; (...) relações que podem ser de conjunção, de disjunção, de inclusão, etc., o que não contradiz a idéia de que, uma vez constituídas as redes sejam mais importantes. (MORIN, 1996, p.287)

Na interpretação deste autor, esse tipo de relação dominadora possibilita ao paradigma

controlar todos os discursos privilegiando algumas relações e menosprezando outras sem

jamais deixar de controlar sua lógica.

Após analisar o conceito de “paradigma” vamos refletir um pouco sobre essa crise

entre o “Paradigma Conservador (tradicional) X Paradigma Emergente (inovador)”.

O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

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Segundo Santos (1991), foi a partir da revolução científica do século XVI (onde houve

uma ruptura com o pensamento aristotélico-medieval) que se constituiu o modelo de

racionalidade que presidia a Ciência Moderna e este modelo foi desenvolvido pelas ciências

naturais (Física, Biologia, Química e suas derivadas) até o século XVIII.

Somente no século XIX esse modelo de racionalidade passou também a abranger às

Ciências Humanas (Sociologia, Antropologia, História, Psicologia, etc). Para o paradigma

dominante ou conservador “quantificar” era sinônimo de conhecer, ou seja, a matemática era

o principal instrumento do método científico que, de acordo com Santos (1991) tinha como

base a observação, a descrição e a sistematização das informações da Natureza, mediada

pelo crivo da razão e da lógica, usando como instrumento a matemática, pois quantificar se

tornou sinônimo de conhecer. O modelo de conhecimento científico das Ciências Naturais

(ou Exatas) era o único modelo válido de conhecimento.

A crise dos paradigmas na verdade enquadra a EAD (Educação a Distância) como

uma modalidade que se encaixa perfeitamente no paradigma emergente, visto que essa

modalidade faz uso da tecnologia moderna mediada por tutores capacitados e polivalentes

para que os acadêmicos de diferentes níveis e cursos sejam orientados adequadamente para

que possam utilizar de modo efetivo ferramentas dinâmicas e interativas que auxiliarão na

construção colaborativa do aprendizado significativo.

De acordo com nossos estudos, notamos que a EAD (na grande maioria das instituições),

se coloca contra a reprodução mecânica do conhecimento, pois o desenvolvimento das

tecnologias da informação e da comunicação tem favorecido essas transformações no cenário

educacional e com isso o processo ensino-aprendizagem tem se tornado mais participativo,

mediante o uso de ferramentas tecnológicas inovadoras com ferramentas cada vez mais

interativas.

Todas essas transformações nos levam a refletir sobre a importância da mediação

pedagógica do tutor (capacitado e polivalente) nesse novo contexto, visto que é notória

a necessidade emergencial do exercício de uma pedagogia adequada aos novos recursos

tecnológicos e ao novo perfil do aluno que opta pela Educação a distância, ou seja, é

indispensável que o tutor exerça uma prática pedagógica que busque a inserção dos

estudantes em uma nova realidade cultural e tecnológica, na qual o conhecimento não pode

ser visto como algo fragmentado construído individualmente.

Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante, tornando real o conceito de educação permanente. (MORAN, 2009, p.66)

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

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24 Anuário da produção acadêmica docente

Destarte, vimos que para Moran a presença física síncrona de professores e alunos não é

uma necessidade diária para a construção efetiva do conhecimento, pois na concepção deste

autor é bastante viável e interessante a construção da aprendizagem colaborativa através de

um intercâmbio constante entre os envolvidos no processo. De acordo com os outros autores

estudados neste trabalho não há dúvidas com relação a notável relevância e complexidade

do papel do tutor como orientador nos programas de EAD e isso demonstra a necessidade

de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas, por ser

esperado que o tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição na qual

ele esteja inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade,

exerça a mediação pedagógica adequada ao processo educativo.

O estudo aqui proposto analisou a opinião dos autores sobre as atribuições do tutor de

EAD visando compreender a relevância e complexidade dessa nova função dentro do atual

cenário educacional brasileiro. A nova realidade educacional demonstra que as instituições

que se preocupam com a qualidade da educação a distância oferecida têm como objetivo

principal compor uma equipe de mediadores pedagógicos (tutores) competentes que

busquem desenvolver nos alunos a capacidade de investigação interpretativa, qualitativa,

descritiva e subjetiva, com valores explícitos, fundamentados na realidade, para favorecer a

descoberta e a exploração do conhecimento.

Estamos vivendo a era da simultaneidade de desafios bastante complexos na educação

e em meio a esta complexidade multidimensional se consolidou a Educação a Distância

onde o tutor ocupa um papel de extrema relevância e complexidade.

3. O PROFESSOR TUTOR E SEU PAPEL POLIVALENTE NA EAD

Muitos autores que pesquisam as interfaces da EAD afirmam que devemos utilizar o termo

“Educação a distância” ao invés do termo “Ensino a Distância”, pois o primeiro propõe

colocar o aluno como agente central do processo, ou seja, de agente passivo o estudante

passa a ocupar o papel de protagonista.

Após muitas pesquisas e uma profunda análise sobre a nossa prática cotidiana na EAD

pudemos constatar que, o estudante busca constantemente o indispensável apoio do professor

tutor através das diferentes ferramentas tecnológicas a que tem acesso e que este profissional

pode e deve levar os estudantes a interagir, argumentar, questionar, investigar e formular

novos conceitos com base nos estudos realizados durante a disciplina. Assim, vimos que o

professor tutor enquanto mediador pedagógico ocupa um papel de extrema relevância na

EAD, pois é visto como alguém que, ao executar seu papel com empenho e comprometimento

mesmo a distância consegue “se fazer presente” estimulando, instruindo e auxiliando os

acadêmicos em suas diferentes necessidades pertinentes a cada etapa do processo.

O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

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Uma prática competente que dê conta dos desafios da sociedade moderna exige a inter-relação e a instrumentalização da tecnologia inovadora, tendo como instrumentos a rede de informações como suporte à prática docente, porém inovadora no sentido de interconexão entre os sujeitos produtores de seus conhecimentos. (BEHRENS, 1998, p.61)

Para a autora acima a inserção das tecnologias pode potencializar a ação pedagógica

do tutor e auxiliar muito na produção do conhecimento, porém a mesma enfatiza que a

tecnologia não pode ser encarada como “salvadora” da prática pedagógica, visto que

somente a disponibilização de ferramentas não garante uma boa qualidade na educação.

Essa mediação pedagógica de qualidade realizada pelo professor tutor surge como

algo extremamente necessário para propiciar credibilidade aos cursos e especialmente à

própria Instituição que oferece cursos de EAD, visto que o processo de ensino aprendizagem

a distância requer um espaço interativo confiável, onde a responsabilidade, autonomia e

disciplina sejam itens recíprocos essenciais para a construção de uma identidade positiva

que atraiam outros estudantes fazendo com que ocorra a expansão de contratações de

novos professores tutores por conta do aumento de alunos matriculados que acreditem na

qualidade da EAD.

O programa da Universidade Aberta do Brasil (UAB), por exemplo, foi criado em

2005 permitindo o acesso ao ensino superior público e gratuito em grandes universidades

do nosso país. O surgimento desse programa cuja mantenedora é a renomada CAPES³

polemizou ainda mais as discussões sobre a questão da garantia da qualidade dos cursos

oferecidos a distância, porém esse descrédito pareceu decorrer especialmente da questão

cultural pelo o fato de que a própria sociedade ainda manifesta algum preconceito com

relação a EAD muitas vezes por falta de conhecimento acerca da dinâmica das ferramentas

tecnológicas associadas as estratégias pedagógicas utilizadas nesta modalidade de ensino.

Por conta da rápida expansão da Educação a Distância inicialmente as funções

polivalentes dos professores tutores passaram a ocorrer através de recursos tecnológicos de

última geração e com isso o processo ensino-aprendizagem sofreu grandes transformações

que exigiram reestruturações imediatas nas instituições e uma busca emergencial por

profissionais capacitados que pudessem associar seus conhecimentos teóricos e técnicos

para atender a uma grande demanda de alunos. Foi possível constatar claramente que estes

novos profissionais aqui chamados “Professores tutores de EAD” precisam ter um perfil

diferenciado, pois tiveram primeiramente que deixar para trás o paradigma tradicional

para acreditar que poderiam atuar em ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa

utilizando diferentes ferramentas para que os alunos de fato “apreendessem” os conteúdos

com qualidade.

³ Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

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26 Anuário da produção acadêmica docente

[...] o tutor poderia ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a desistência, o desalento, o desencanto pelo saber. Talvez aquele que possibilita a construção coletiva e percorre uma trajetória metodológica desobediente, transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com seus alunos novos saberes, novos olhares sobre o real. (LEAL, 2004, p.2)

Acreditamos que a autora coloca a função do tutor numa perspectiva de construção

de saberes que se articulam no espaço virtual, ocupando uma função que ultrapassa a visão

puramente técnica, transcende a exarcebação da especialidade adquirindo competência

para instrumentalizar a tecnologia. Contudo, enfatiza também que a função do professor

tutor requer uma prática dialógica diferenciada, uma conversação didática criativa capaz

de fomentar o pensamento, a liberdade do pensamento, a fluência de ideias, o confronto de

posições epistemológicas. Em geral, durante todo o processo de ensino, ao menos na maior

parte das instituições que oferecem cursos a distância, a orientação e a mediação ocorrem de

modo assíncrono através de recursos tecnológicos que variam de acordo com cada modelo.

Essa mediação assíncrona exige um profissional capaz de “aprender a aprender”

com competência para fazer da Educação a Distância um espaço de virtualidade criativa,

reflexiva e formativa. “Trabalhar a complexidade do saber fazer educativo, na visão do

aprender a aprender na ótica reflexiva da construção do saber é uma dos grandes desafios

do tutor” (LEAL, 2004, p.3).

Para Leal o tutor é um “educador à distância”, ou seja, alguém capaz de discutir as

estratégias de aprendizagem, suscitar a criação de percursos acadêmicos, problematizar

o conhecimento, estabelecer diálogos com os alunos, mediar problemas decorrentes do

processo, sugerir, instigar e acolher.

“Enfim, um professor no espaço virtual, exercendo a função de formar o aluno” (LEAL,

2004, p.3).

Já para Souza, a relevância e a complexidade do papel do professor tutor nos cursos de

educação a distância demonstram a necessidade de um perfil profissional com habilidades

e competências quase paradigmáticas.

Espera-se que o tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição onde está inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade, exerça uma sedução pedagógica adequada no processo educativo. No modelo tradicional de ensino com a presença viva dos professores, o carisma acentuado de alguns, reduz o desprazer e dificuldades encontradas por alunos menos empolgados na aquisição do saber. (SOUZA, 2004. p.1)

O autor enfatiza que em qualquer tempo o professor precisa despertar simpatia, inovar

seus métodos de ensino, investir na relação de respeito e confiança, despertar o amor para

com o conteúdo e extrapolar os limites conceituais.

“É o tutor, o tênue fio de ligação entre os extremos do sistema instituição-aluno. O

contato a distância, impõe um aprimoramento e fortalecimento permanente desse elo, sem

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o que, perde-se o foco” (SOUZA, 2004. p.1).

Para ele a relação pedagógica requer uma construção diária, pois o educando precisa

de amparo, condução, encaminhamento. A educação deve ser vista sempre como uma

prática social diretamente relacionada a formação de valores e práticas que possibilitem ao

indivíduo maior autonomia, liberdade e diferenciação.

Até aqui vimos que o consenso entre os autores é que o professor tutor tem como

principal atribuição problematizar o conhecimento e criar estratégias para que o aluno

enxergue o mundo e a si próprio com criticidade, além de procurar garantir sempre a relação

teoria e prática; a investigação do real no desenvolvimento de situações de aprendizagem.

Para os autores Mill e Fidalgo (2007) emerge a necessidade de uma segunda precisão

para caracterizar o docente que atua na educação a distância como um “teletrabalhador”,

ou ainda, um profissional “polidocente”. Na verdade ambos os conceitos são inerentes à

função do tutor virtual, pois estes são caracterizados pelos autores como teletrabalhadores

da educação a distância independente do modelo organizacional da proposta pedagógica

da instituição seja ela pública ou privada. Mill e Fidalgo (2007) dividiram o grupo de tutores

nas seguintes categorias:

* Tutores virtuais, responsáveis pelo acompanhamento pedagógico de um grupo de

alunos e, ou, de um grupo de tutores presenciais, por meio de tecnologias virtuais.

Este trabalhador é especialista na área de conhecimento da disciplina em que

trabalha e está subordinado, em todos os sentidos, ao coordenador desta disciplina.

Etimologicamente, ele é a imagem mais próxima do professor da educação

tradicional.

* Tutores presenciais ou locais, responsáveis pelo acompanhamento de um grupo

de alunos do curso (em todas as disciplinas). Não é, necessariamente, especialista em

nenhuma área de conhecimento (disciplina) do curso e sua função é pouco mais que

assessorar os alunos no contato com o tutor virtual e com a instituição. Por vezes, são

denominados de monitores.

* Técnicos e monitores, responsáveis pela viabilização técnicopedagógica da

comunicação, pela produção de material didático etc. (são animadores, webdesigners,

informatas, digitadores, desenhistas ou um pouco faz-de-tudo). (MILL e FIDALGO,

2007, p.7)

As diferentes atribuições do professor tutor dependem do modelo pedagógico adotado

por cada instituição, porém os autores são unânimes ao afirmar que o empenho desse

profissional é fundamental para o sucesso do processo educacional na EAD. É consenso que

o tutor precisa de habilidades pedagógicas e técnicas diferenciadas, além de autodisciplina

e comprometimento para com o projeto político pedagógico.

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

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28 Anuário da produção acadêmica docente

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De maneira geral, podemos considerar que os novos paradigmas educacionais exigem que

o professor tutor de EAD desenvolva efetivamente habilidades diferenciadas, de ordem

cognitiva, pedagógica, interpessoal e dialógica para que possa oferecer o suporte necessário

aos alunos que optam pela modalidade à distância exercendo com competência didática e

ética a função de mediador no processo educacional.

Silva (2008) no resumo de seu trabalho conclui que:

(...) a discussão sobre o significado do ser tutor está intimamente interligada com uma perspectiva conceitual de identidade como um “ser em construção”. A sua inserção pessoal e profissional ocorre num mundo específico e acadêmico, permeado de expectativas, de sociabilidade, de inter-relações, de sistemas educativos, de ações e concepções políticas e de projetos pedagógicos. Neste sentido, conforme as dimensões fenomenológicas evidenciadas, as expectativas quanto ao significado do ser tutor estão muito fortemente impactatadas por um passado docente, ou seja, por uma memória de ser professor e por um projeto de vida em docência; é necessário, portanto, caminhar em busca de uma formação e capacitação especializada que, a cada dia, torna-se mais complexa, exigindo múltiplas competências nas dimensões teóricas, metodológicas e tecnológicas. (SILVA, 2008)

Segundo o autor o tutor de EAD exerce um papel bem mais complexo do que o docente

que atua na sala de aula convencional e por isso necessita de uma formação diferenciada

para atender as expectativas do aluno, da instituição e da sociedade como um todo. A

comunicação ativa utilizando as ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais precisa ser

eficiente e dinâmica, portanto o domínio tecnológico é primordial, porém para um diálogo

ritmado e formativo na educação a distância as habilidades pedagógicas e humanas do

tutor são instrumentos de inestimável valor.

Em geral, na maioria das instituições o professor tutor orienta o desenvolvimento

de atividades referentes a conteúdos elaborados por um professor conteudista (docente

responsável pela disciplina) que por sua vez tem um conteúdo programático a cumprir e

ambos os profissionais ficam “subordinados” as diretrizes passadas pelo coordenador do

curso. Nos projetos pedagógicos de EAD analisados notamos que o professor tutor não possui

autonomia para flexibilizar conteúdos ou atividades, visto que o mesmo precisa orientar os

alunos a seguirem rigorosamente o roteiro proposto pelo material didático mediacional. Para

atender a demanda institucional positivamente é de extrema importância que o professor

tutor conheça efetivamente o conteúdo programático deste material a fim de adequá-lo às

suas competências e habilidades pedagógicas e técnicas no decorrer do processo.

A partir dos estudos realizados obtivemos subsídios para compreender que o professor

tutor que atua em cursos superiores ainda está conquistando seu espaço no meio acadêmico/

científico e que, gradativamente vem construindo e consolidando sua valiosa identidade

como docente que necessita de habilidades diferenciadas para associar devidamente o

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conhecimento às ferramentas tecnológicas da modernidade. Contudo, constatamos que o

professor tutor realmente é um elemento de fundamental relevância para os acadêmicos

e para a Instituição na qual atua, pois é ele o principal motivador da aprendizagem

significativa, colaborativa e permanente na EAD.

Verificamos também que muitas instituições públicas e privadas que oferecem cursos

na modalidade a distância ainda estão se adequando gradativamente aos novos paradigmas

educacionais e que, frequentemente precisam “aparar arestas” para que possam oferecer aos

alunos e à equipe de profissionais de EAD a estrutura e a qualidade esperada em todos os aspectos.

Pudemos constatar que o papel polivalente do professor tutor frente aos novos

paradigmas está muito além do simples acompanhamento assíncrono nos ambientes

virtuais de aprendizagem colaborativa, visto que esse profissional precisa associar de modo

adequado: conhecimento, estratégias pedagógico-motivacionais, e ainda as diferentes

ferramentas tecnológicas disponibilizadas pela instituição visando assim que o estudante

consiga realmente um bom aproveitamento. Consideramos então, que o professor tutor de

EAD é um agente indispensável ao paradigma educacional emergente, visto que pode e

deve auxiliar efetivamente no desenvolvimento global dos acadêmicos objetivando que,

quando graduados, esses indivíduos conquistem boas oportunidades no mercado de

trabalho onde utilizarão os conhecimentos construídos no decorrer do curso e exercerão na

prática a cidadania crítica e a ética na sociedade em que vivem.

5. REFERÊNCIA

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Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

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RESUMO: Constatamos nos últimos anos um considerável crescimento da educação a distância (EaD) no Brasil. Porém, apesar deste crescimento, ainda existem resistências e preconceitos em relação a esta modalidade de ensino, que ainda é vista por alguns como um modelo de baixa qualidade. Neste cenário, os IES (Institutos de Ensino Superior) que optam por trabalhar com esta modalidade necessitam gerenciar os processos complexos da EaD e suas peculiaridades, buscando conquistar seu reconhecimento na área educacional e provar que existe qualidade neste método de ensino. Diante disto, o debate entre os agentes é fundamental para sua valorização. Por meio desta interação é possível (re)conhecer os pontos de vistas dos pares e debater questões pertinentes, interessantes e até polêmicas, promovendo um esclarecimento sobre esta modalidade e, desta maneira, quebrar tabus.

ABSTRACT: We noticed in recent years a considerable growth of distance education in Brazil. But despite this growth, there are still resistances and prejudices in relation to this type of education, which is still seen by some as a model of low quality. In this scenario, universities working with distance education need to manage the complex processes of distance education and its peculiarities, seeking to gain recognition in the educational field and prove that there is quality this method of teaching. Given this, the debate between the agents is crucial to his recognition. Through this interaction is possible to know the views of the others and discuss interesting issues, promoting an insight into this mode and, thus, breaking taboos.

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: UM DEBATE PARA VALORIZAÇÃO E RECONHECIMENTO DESTA MODALIDADE DE ENSINO

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40

Noemi Correa Bueno – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Qualidade; Educação a Distância; Regulamentação; Preconceito.

KEYWORDS: Quality; Distance Education; regulations; Prejudice.

Artigo OriginalRecebido em: 24/02/2012Avaliado em: 07/08/2012Publicado em: 17/04/2014

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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

1. INTRODUÇÃO

Apesar de a educação a distância ter se efetivado em meados do século XIX (iniciando seu

processo com cursos por correspondência), ainda é possível nos depararmos na sociedade

brasileira com idéias permeadas por preconceitos sobre esta modalidade de ensino.

Um dos pensamentos errôneo sobre esta modalidade e que reflete este preconceito é o

de que os cursos a distância não possuem a mesma qualidade de que os presenciais e desta

maneira os alunos formados nesta modalidade são menos competentes do que os formados

em salas de aula (por cursos presenciais).

Podemos verificar ainda que este preconceito não é permeado apenas por sujeitos,

mas também por instituições. Diante disto, podemos constatar que alguns órgãos, inclusive,

realizam campanhas contra a educação a distância, criticando a forma como o aprendizado

é conduzido nesta modalidade, sendo um exemplo disto a campanha “Educação não é

fast-food” realizada pelo o CFESS-CRESS (Conselho Federal de Serviço Social e Conselhos

Regionais de Serviço Social), a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em

Serviço Social) e a ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes em Serviço Social) divulgada

no site do Conselho Federal do Serviço Social (CFESS, 2012).

É importante entendermos que existem, sim, diferenças entre as duas modalidades

de ensino e que a educação a distância possui também suas peculiaridades e vantagens

em relação à presencial. Em relação a isto, Michael Moore (apud MATTAR, 2011a, p. 07)

desenvolveu o conceito de distância transacional, reconhecendo que existe a separação física

entre docentes e discentes na EaD e que diante disto surge um novo espaço pedagógico e

psicológico, necessitando de uma forma diferente de comunicação.

Esta nova forma de comunicação não é feita “ao acaso”, mas é planejada pedagogicamente

a fim de elaborá-la da maneira mais adequada à construção do conhecimento. Para tal,

considera a interação entre alunos e professores e que o professor não é mais o detentor

exclusivo de conhecimentos, mas estes são construídos em conjunto por meio de debates

onde todos os agentes são importantes, considera também a estrutura dos programas

educacionais (que precisam se atentar para as peculiaridades desta nova forma de ensino

criando oportunidades adequadas para o diálogo entre os agentes e não buscar “copiar” as

formas de sucesso do presencial) e a natureza e o grau de autonomia do aluno, que necessita

organizar seu próprio método e tempo de estudos.

Assim, para a educação a distância obter êxito é importante não apenas que a instituição

forneça subsídios para o ensino (entendo como já coloquei que este deve ser planejado

conforme suas especificidades e não de acordo com um modelo de sucesso do presencial),

mas também que os agentes revejam seus papéis e funções neste novo contexto, no qual

o professor ao invés de impor um conhecimento, passa acompanhar a aprendizagem,

estimulando a troca de conhecimento e mediação, e o aluno por sua vez torna-se agente

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ativo e não mais apenas um mero receptor de informações e conteúdos.

Neste novo contexto de desenvolvimento de uma nova metodologia de ensino, o

debate entre os agentes é fundamental para sua valorização. Por meio desta interação é

possível conhecer os pontos de vistas dos pares e debater questões interessantes e polêmicas.

Esta discussão propicia um contato com perspectivas e “olhares” diversos sobre a temática,

principalmente quando envolve todos agentes relacionados (instituição, alunos, docentes,

entre outros) e a sociedade, promovendo um esclarecimento sobre esta modalidade e, desta

maneira, quebrar tabus.

Considerando este cenário, este artigo busca apresentar esta modalidade de ensino (a

distância), com intuito de incentivar o debate tão necessário para mudanças de paradigmas

em relação a esta temática.

Para tal, primeiramente irá abordar o histórico desta modalidade, demonstrando que

não é um fenômeno novo no Brasil e apontando pesquisas que revelam a taxa de crescimento

e adesão à EaD.

Outro fator abordado neste artigo se refere aos aspectos legais envolvendo esta

modalidade. O apontamento da existência de leis que regulamentam e fiscalizam a EaD é

mais um fator que confere maior credibilidade e confiança a esta modalidade, pois demonstra

que esta também recebe atenção dos órgãos de educação, e, consequentemente são avaliadas

de acordo com um parâmetro e regras preestabelecidas como necessárias para a oferta de

um curso de qualidade e excelência e que alcança as exigências de formação colocadas pelo

mercado de trabalho.

Por fim, serão levantadas as contribuições da EaD à sociedade, como, por exemplo,

em relação à democratização do ensino superior que aos poucos deixa de se apresentar

concentrado a uma parcela pequena da população brasileira para se difundir e alcançar

públicos antes excluídos deste processo educacional. Neste cenário de exclusão, a EaD surge,

então, também como uma possibilidade de suprir uma carência social por educação, pois

possibilita acolher pessoas cujo acesso à educação lhes estava vetado por diversos motivos,

como por exemplo, distância física de faculdades e escassez de tempo.

2. HISTÓRICO

A trajetória da educação a distância no Brasil não é curta, ao contrário, possui mais de

um século de instituição e consolidação que é dividida em três gerações de acordo com

as exigências por capacitação e das tecnologias disponíveis, sendo a primeira geração

denominada de cursos por correspondência, a segunda de novas mídias e universidades

abertas, e a terceira de EaD on-line (MATTAR, 2011b).

A primeira geração (cursos por correspondência) é caracterizada pelo uso de materiais

impressos encaminhados por correspondência. Nesta geração a interação e a mediação

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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

entre os agentes eram permeadas principalmente pelo Correio. Um exemplo é o curso por

correspondência para datilógrafo oferecido a partir de 1891 pelo Jornal do Brasil.

A segunda geração (novas mídias e universidades abertas) é marcada pelo uso

de mídias como televisão, fitas de áudio e vídeo, rádio e telefone e pelo surgimento das

Universidades Abertas (universidades que utilizam estas mídias para realização de suas

atividades pedagógicas). Um exemplo de instituição que trabalhava com EaD neste período

é a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (fundada em 1923) que oferecia cursos de português,

francês, silvicultura, literatura francesa, esperanto, radiotelegrafia e telefonia, via rádio.

E a terceira geração (EaD online) é caracterizada pela utilização do videotexto (possível

com o surgimento do computador, da tecnologia multimídia e do hipertexto). Com a

consolidação e disseminação da internet, houve um impulso no surgimento de associações

e instituições voltadas para o ensino a distância.

É, ainda, nesta terceira geração que constatamos uma disseminação maior do

ensino a distância, que passou a ser ofertado não somente para programas de cursos de

aperfeiçoamento pessoal e profissional, mas também para programas de graduação (iniciado

na segunda geração) e de pós-graduação, sendo que a partir de 2011 a UAB (Universidade

Aberta do Brasil) passou a oferecer em caráter de teste os primeiros cursos de mestrado

(stricto sensu) nesta modalidade de ensino.

A preocupação do Governo Federal em investir na Educação a Distância, criando

e investindo nesta modalidade demonstra que esta modalidade não desperta o interesse

apenas de instituições privadas, mas também de instituições públicas federais.

Esta ação ajuda não apenas na disseminação da EaD e seus conceitos, mas também na

disseminação da própria valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino perante

a população brasileira, já que as universidades federais (em geral) possuem reconhecimento

da sua qualidade e credibilidade por parte da população e por isto são instituições vistas

com segurança. Assim, a adoção desta modalidade de ensino por estas instituições é uma

ação que pode ajudar a quebrar paradigmas e preconceitos em relação à EaD.

Outro bom exemplo de adoção da modalidade de EaD da geração on-line é a

Universidade Anhanguera-Uniderp, que atua em várias regiões do Brasil e se encontra em

fase de crescimento e expansão, sendo que em 2010 (3 anos após o grupo Anhanguera

adquirir a Universidade Uniderp) já possuía “mais de 150.000 alunos matriculados, cerca

de 6.000 professores e 4.000 funcionários de apoio técnico-administrativo, em seus quadros

de ensino de graduação e pós-graduação” (UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP,

2010, p. 06). Este acelerado crescimento demonstra a seriedade e qualidade com que a EaD

tem sido tratada no Brasil, e o reconhecimento que esta modalidade tem conquistado perante

a sociedade.

Como observado, a EaD no Brasil conta com uma trajetória de mais de um século,

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iniciando com cursos por correspondência, mas mantendo o aperfeiçoamento constante a

ponto de agregar todas as inovações tecnológicas desenvolvidas desde seu surgimento. Por

meio deste histórico podemos verificar que a EaD da forma como é trabalhada atualmente é

resultado de uma trajetória séria que evolui e se adapta conforme o avanço da tecnologia e

as necessidades da sociedade, portanto, não é um ensino realizado sem planejamento ou ao

“acaso”, mas possui experiências que agregam valores e atualizações constantes.

2.1. A educação à distância no Brasil em números

De acordo com a pesquisa realizada pela Associação e-Learning Brasil em 2008 (apud

SENAC, 2011), a modalidade de ensino a distância manteria um crescimento de 40% ao ano

até 2010. Esse crescimento reflete a consolidação do setor que aos poucos tem agregado os

reticentes sobre a evolução dessa modalidade de ensino no Brasil.

Essa pesquisa ainda apontou que em 2006, havia 2,3 milhões de alunos no ensino à

distância (de vários graus e tipos de formação) credenciados pelo MEC, o que significa que

um a cada 80 brasileiros participou de algum tipo de ensino à distância naquele ano.

De acordo com Waldomiro Loyolla (apud SENAC, 2011) esse crescimento ocorre,

pois o ensino à distância (no formato apresentado atualmente) ainda é uma tendência

relativamente nova no Brasil, que democratiza o acesso ao ensino.

3. ASPECTOS LEGAIS

Apesar da EaD no Brasil existir desde o século XIX, como vimos no item acima, somente em

1996, a partir o Artigo 80 da Lei n° 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(BRASIL, 1996), que esta foi tratada pela primeira vez na legislação brasileira. Neste artigo

foi definido que cabe à União a regulamentação dos requisitos para registro de diplomas,

a necessidade de credenciamento das instituições, da disciplina da produção, do controle

e da avaliação de programas de educação a distância, e, faz referência a uma política de

facilitação de condições operacionais para apoiar a sua implementação (MORAN, 2011).

É importante ainda ressaltar que este Artigo (80 da Lei n° 9.394) foi o primeiro de uma

discussão legal no Brasil sobre a EaD, mas não é o único. Depois deste houve outros decretos

e portarias que discutem a situação da EaD e questões relacionadas ao credenciamento e à

regulamentação, sendo os que mais se destacam os relacionados a seguir.

Em 1998, com os Decretos n°2.494 (BRASIL, 1998a) e n°2.561 (BRASIL, 1998c) e a Portaria

n° 301 (BRASIL, 1998b) são estabelecidos procedimentos necessários para as instituições

obterem o credenciamento do MEC (Ministério da Educação) para oferecerem cursos de

graduação na modalidade a distância. Ainda em relação ao ensino superior, em 2001, o

MEC, por meio da Portaria n° 2.253 (BRASIL, 2001), permitiu que 20% da carga horária dos

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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

cursos de graduação presenciais pudessem ser ofertadas na modalidade a distância.

Convém salientar ainda que a regulamentação em si da EaD no Brasil ocorreu

principalmente através do Decreto Lei n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005).

De acordo com este Decreto a EaD é caracterizada como modalidade de ensino no qual a

mediação pedagógica ocorre com a utilização de meios e tecnologias de comunicação em

lugares e tempos diversos.

Este Decreto levanta também algumas diretrizes, como: a não necessidade de

autorização para ofertar novos cursos superiores para IES com autonomia universitária e

que já esteja credenciada para EaD; a duração do curso a distância não poderá ser inferior à

definida na modalidade presencial; o controle de frequência deverá ser definido no projeto

pedagógico; participação dos alunos nas avaliações do SINAES, entre outras (MORAN,

2011).

Como observado, desde 1996 o governo tem assumido uma postura em relação à EaD,

a fim de regulamentá-la, fiscalizá-la e apresentar subsídios para que as instituições de ensino

superior ofereçam cursos de qualidade. A intervenção do governo demonstra que este

também se preocupa com a modalidade de ensino a distância e não apenas presencial e que,

portanto, também tem ações voltadas para esta modalidade e que está atento às instituições

e aos cursos ofertados buscando garantir que os discentes tenham a formação necessária e

de qualidade.

4. PADRÕES DE QUALIDADE EM EAD

Como ocorre com a maioria dos produtos (bens ou serviços), na educação a distância a

qualidade também é algo importante que precisa ser discutido. Assim, neste âmbito, é

possível verificar a preocupação com a qualidade, apresentando, as organizações envolvidas

com este segmento (não apenas as instituições, mas também órgãos públicos relacionados à

educação), um conjunto de ações planejadas com intuito de garantir que as instituições que

trabalham com esta modalidade de ensino cumpram seus objetivos.

Pensando nisto (e no que seria qualidade para o ensino a distância) o MEC (Ministério

da Educação), órgãos de regulamentação e supervisão da EaD e as próprias instituições que

oferecem estes cursos criaram parâmetros e ferramentas de suporte, avaliação e controle,

conferindo bases para instituições de ensino que trabalham com esta modalidade de ensino.

Neste cenário, verifica-se que a maioria dos conjuntos de ações das instituições de

ensino que atuam com Educação a Distância é regulada e fiscalizada pelo MEC (Ministério

da Educação), que criou alguns referenciais de qualidade em EaD, conferindo um suporte

para as instituições de ensino.

Neste referencial são considerados: integração com políticas, diretrizes e padrões

de qualidade definidos para o ensino superior como um todo e para o curso específico;

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desenho do projeto; equipe profissional multidisciplinar e infra-estrutura de apoio; materiais

educacionais; comunicação entre professor e aluno; avaliação da aprendizagem e avaliação

institucional; sustentabilidade financeira (ROESLER, 2011).

Assim, podemos verificar que a gestão da EaD requer estratégias para gerenciamento

acadêmico (serviços aos estudantes), pedagógico (processos e metodologias e ensino-

aprendizagem), tecnológico (softwares de apoio), articulação com a estrutura da instituição

e avaliação constante e integral do sistema. Neste contexto o desenho pedagógico assume

uma grande importância, já que, de acordo com Roesler (2011), está relacionado à definição

dos objetivos educacionais, à concepção curricular, à escolha dos meios de comunicação e

dos materiais que serão utilizados, à definição da metodologia de ensino, à concepção dos

sistemas de avaliação e às relações entre alunos e tutores, e, alunos e aluno.

Considerando este contexto, a didática adotada pela instituição também consiste

em um indicador de qualidade. De acordo com a professora Juscimara Roesler (2011), a

didática em EaD estabelece uma nova relação educativa e, por isto, requer um novo estilo

de pedagogia e cultura educacional que integre a comunicação audiovisual e interativa; e,

exige a redefinição da prática pedagógica, favorecendo o intercâmbio e o desenvolvimento

de processos compartilhados.

Para controle desta qualidade é possível utilizar algumas ferramentas de avaliação

institucional (utilizadas para aferição qualitativa do sistema de EaD). Estas ferramentas

podem ter duas origens: advindas dos órgãos responsáveis por regulamentações e

supervisões em EaD e da própria instituição, sendo que a autoavaliação institucional busca

verificar as necessidades dos agentes que atuam na EaD (principalmente do aluno).

Para tal, deve acompanhar cada processo (para criar ações corretivas ou de melhorias),

corrigir as operações necessárias e adotar um controle total da qualidade, estabelecendo

critérios de avaliação e indicadores de desempenho durante o planejamento dos serviços

educacionais.

5. DESENVOLVIMENTO E CONTRIBUIÇÕES DA EAD

Pudemos observar que a EaD já está no Brasil há mais de um século e não consiste em uma

metodologia de ensino nova, mas tem uma história, uma trajetória que se inicia com cursos

por correspondência no final do século XIX.

A sociedade caminha para um estágio no qual tecnologia e educação se tornam

indissociáveis. Durante muito tempo focou-se o “lado prejudicial” das tecnologias,

esquecendo-se que estas podem ser grandes aliadas e não inimigas da educação.

Além disto, é preciso atentarmos para uma transformação cultural que vem ocorrendo

já a alguns anos. Hoje as crianças e adolescentes possuem uma educação e leitura digitais

ensinadas e transmitidas não pelas escolas, mas no convívio diário com outros sujeitos e

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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

com a própria tecnologia.

E esta nova educação e leitura resultam em um tipo de comportamento, dinâmica e

aprendizagem diferentes das formas como gerações passadas entendiam, compreendiam,

interpretavam e assimilavam, por isto, é importante que as instituições de ensino também se

atentem para esta nova forma de aprendizagem e interação dos alunos (ao invés de ignorá-

las) e se readapte a esta cultura digital que já está presente em nossa sociedade.

Além disto, entendo que a EaD no Brasil também tem sua importância ao democratizar

o ensino. Pois esta modalidade permite que muitas pessoas que se encontravam excluídas

agora tenham acesso à educação. Por meio da EaD muitos puderam ter acesso à educação

que antes lhes estava vetada por diversos motivos.

Assim, acredito que esta modalidade tem muito a contribuir com nossa sociedade,

incluindo no processo educacional pessoas sem acesso à educação superior, seja devido

à necessidades especiais - auditivas, visuais - à distância física da universidade, à falta de

tempo, entre outros motivos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se nos últimos anos um grande avanço da EaD no Brasil, verificada não apenas

por meio do número crescente de instituições e alunos que aderem esta modalidade de

ensino, mas também pela preocupação do Governo Federal, juntamente com o MEC, de

criar diretrizes e decretos que regulamentem e definem esta modalidade de ensino e de

estabelecer órgãos específicos para lidar com questões relacionadas a EaD, oferecendo

suporte e regulamentando estes cursos. Outra ação do Governo Federal voltada a esta preocupação é a retomada da UAB -

Universidade Aberta do Brasil, que consiste em um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária.

Assim, pode-se observar que o preconceito e a resistência que ainda existem em relação a esta modalidade de ensino não a têm impedido de crescer e se consolidar. Neste aspecto, muitas universidades têm procurado se capacitar (e capacitar seus funcionários e docentes) para atuar de maneira eficaz, garantindo recursos para produção e estimulação de materiais, aulas e debates que promovam a qualidade do conhecimento produzido, transmitido e construído para (e entre) os alunos.

Como coloca Moran (2011, p. 17), “as instituições estão aprendendo rapidamente a fazer EAD e isso é uma grande vantagem”. Ou seja, ainda não se estabeleceu uma “forma” correta de se fazer EaD, pois esta modalidade na versão apresentada atualmente (com mediação tecnológica) ainda é recente, mas apesar disto, as instituições têm se mostrado disponíveis para rever suas metodologias, propostas pedagógicas e suportes e plataformas tecnológicos para se adequarem às reais necessidades desta modalidade de ensino.

Na contemporaneidade onde a qualidade é requisito em todas as áreas, é algo muito

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importante ser discutido também no âmbito da educação e mais especificamente da

Educação a Distância.

Por isto, quando observamos o número de instituições de ensino (principalmente superior)

que ofertam cursos nesta modalidade, precisamos também analisar se este crescimento

é acompanhado pela qualidade com o ensino. Neste âmbito, não apenas instituições, mas

os próprios alunos, a sociedade em geral ou outros sujeitos interessados no assunto podem

pesquisar se estas atendem requisitos mínimos exigidos pelos órgãos de regulamentação e

supervisão. Pois como afirma Roesler (2011), “a oferta qualitativa dos serviços educacionais

perpassa [primeiramente] pelo atendimento aos parâmetros legais de oferta da modalidade”.

A qualidade a cada dia assume uma importância maior, seja no âmbito empresarial,

educacional ou até mesmo no campo das relações pessoais. Na Educação a Distância (EaD)

não poderia ser diferente. A qualidade também assume uma importância e um espaço nas

discussões entre agentes e instituições envolvidas neste processo.

É possível verificar neste sentido ações de órgãos de regulamentação e de fiscalização

da Educação a Distância e de instituições de ensino que trabalham com esta modalidade

de ensino que buscam criar padrões, parâmetros, regulamentações, diretrizes e sistemas de

avaliações que oferecem suporte para ofertas deste curso.

Esta discussão é importante para as instituições de ensino que passam a ter acesso

a parâmetros e ferramentas que auxiliam na elaboração de um curso que alcance seus

objetivos de formação e educação. É importante para os discentes que recebem acesso às

avaliações destas instituições e desta forma possuem ferramental para escolher a instituição

que melhor lhes convier. E também para a sociedade, cuja população passa a ter disponível

uma formação mais qualitativa.

Conversando informalmente com as pessoas, percebemos que o preconceito em relação

à EaD ainda é muito latente em nossa sociedade. E este preconceito é ainda mais perceptível

em determinados cursos, como é o caso da medicina e do direito (ainda não autorizado sob

o formato à distância).

Apesar deste preconceito ainda vingar, esta modalidade de ensino tem crescido cada

dia mais em nosso país, aumentando o número de faculdades que oferecem cursos nesta

modalidade, o número de cursos ofertados em universidades que já haviam aderido este

método e, principalmente, o número de alunos que optam por este tipo de educação.

Acredito que com o tempo e consolidação destes cursos (e consequentemente uma

maior divulgação da qualidade e resultados da EaD) este preconceito tenda a diminuir em

todas as áreas de conhecimento. Penso que algumas áreas encontrarão maior resistência,

mas mesmo assim estas resistências não dominarão por absoluto durante muito tempo.

Penso que a EaD possui muito potencial e ainda tem um grande espaço a conquistar

no Brasil, constituindo uma grande tendência na educação e no mercado de trabalho, como

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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

já ocorre na Europa onde é possível verificar que existe, em algumas empresas, uma disputa

pelo profissional formado em EaD, devido a autonomia, capacidade de organização e

resolução mais ágil de problemas desenvolvidos durante a graduação a distância - que exige

durante todo curso de seus alunos este tipo de característica e posicionamento.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de 2012.

______. Decreto n°2.494, de 10 de fevereiro de 1998a. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2494.htm>. Acesso em: 26 jan 2012.

______. Portaria n°301, de 07 de abril de 1998b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/port301.pdf>. Acesso em: 26 jan 2012.

______. Decreto n°2.561, de 27 de abril de 1998c. Altera a redação dos arts. 11 e 12 do Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o disposto no art. 80 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/D2561.pdf>. Acesso em 26 jan 2012.

______. Portaria n°2.253, de 18 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/pdi/p2253.pdf>. Acesso em: 27 jan 2012.

______. Decreto Lei n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm>. Acesso em: 27 de janeiro de 2012.

CFESS. Educação não é fast food. Disponível em: http://www.cfess.org.br/noticias_res.php?id=603. Acesso em: 28 jan. 2012.

MATTAR, João. Educação a distância no Brasil e no mundo. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.

______. História da educação a distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011b.

MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Valinhos: Anhanguera-Uniderp,2001.

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RESUMO: Este artigo tem por objeto o estudo dos referenciais de qualidade da educação a distância no Brasil. Tendo como base o dispositivo constitucional de proporcionar acesso à educação a todos os cidadãos, as diretrizes básicas da educação estabelecem referenciais de qualidade, de onde devem basear-se o projeto pedagógico de um curso à distância. Desta forma serão expostos os critérios elaborados pelo Ministério da Educação e Secretaria de Educação a Distância, discorrendo sobre os mesmos e suas finalidades. Após os temas serão correlacionados e dispostos de forma clara e objetiva a conclusão do tema.

ABSTRACT: This article focuses on studying the reference quality of distance education in Brazil. Based on the constitutional provision of providing access to education for all citizens, the basic guidelines of education establish benchmarks of quality, which should be based on the pedagogical project of a distance learning course. Thus we will show the criteria developed by the Ministry of Education and Department of Distance Education, talking about the same and their purpose. After the subjects will be correlated and arranged in a clear and objective conclusion on this issue.

REFERENCIAIS DE QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50

Josiane Fernanda Sartore – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Referenciais de Qualidade; Educação à Distância; Disposição Constitucional.

KEYWORDS: Benchmarks of Quality; Distance Education; Constitutional Provision.

Artigo OriginalRecebido em: 24/02/2012Avaliado em: 24/05/2012Publicado em: 17/04/2014

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42 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

Novos valores e novas atitudes começam a ser construídos pela sociedade em favor de uma

nova modalidade de ensino que tem como instrumento essencial de aprendizagem as novas

tecnologias da informação, principalmente a internet.

Antigamente limitava-se o conhecimento apenas a extensão de sua dimensão visual

através de costumes das regiões e lendas folclóricas; tempos depois, adotou-se o sistema de

livros, porém sem a devida interpretação merecida; e, atualmente, o foco difundiu-se entre

a troca de idéias e ao entretenimento através das ferramentas tecnológicas, fomentando a

análise crítica de informações.

Alguns pesquisadores que estudam a EAD afirmam que esta já ocorre há muito

tempo. Desde os tempos primórdios quando se desenhava em cavernas, nas relações de

mestre e aprendiz, mais tarde pelas correspondências, depois pelo rádio e televisão, até a

modernidade do mundo de hoje através da internet, teleconferências e multimídias.

No Brasil o marco principal do ensino a distância foi no ano de 1922 a 1925, no Rio

de Janeiro, quando Edgard Roquette-Pinto fundou uma rádio com o intuito de ampliar

o acesso a educação. Mais tarde ocorreu a disseminação dos meios de comunicação no

país, das radiofônicas às televisivas, até chegarmos à era da informática. Desde a década

de 60 existiram órgãos governamentais que coordenaram a teleducação, como o Prontel

(Programa Nacional de Teleducação), substituído anos mais tarde pelo Seat (Secretaria de

Aplicação Tecnológica) e a partir de 1996 o MEC criou a Secretaria de Educação a Distância.

Assim, nos tempos atuais, não mais se admite uma formação escolar, especialmente

em nível superior, com vista apenas em preparar o estudante para o mercado de trabalho,

é necessária a formação de pessoas cidadãos que adquiram o interesse de criticar, analisar

e elucidar fatos que interferem na cultura social de cada indivíduo. Para tanto, no contexto

educacional, discutir as dimensões sociais, políticas e acadêmicas por meio de análises de

estrutura e resultado implica em gerir a qualidade do ensino.

2. CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O artigo 1° do decreto 5622/2005 define a educação à distância como:

Art. 1º. Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Portanto nesta modalidade de ensino os diversos meios de comunicação substituem

o contato pessoal entre aluno e professor forçando uma aprendizagem autônoma e flexível

pelo interessado.

Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

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“O termo educação a distância cobre várias formas de estudo, em todos os níveis, que não estão sob a supervisão contínua e imediata de tutores presentes com seus alunos em salas de aula ou nos mesmos lugares, mas que não obstante beneficiam-se do planejamento, da orientação e do ensino oferecidos por uma organização tutorial.” (BELLONI apud HOLMBERG, 2008, pg. 25)

Importante frisar que educação a distância é, por todos os títulos e modos, a mesma

educação de que sempre tratamos e que sempre concebemos como direito preliminar de

cidadania, dever prioritário do Estado Democrático, política básica e obrigatória para ação

de qualquer nível de governo, conteúdo e forma do exercício profissional de professores¹ .

Contudo, a educação à distância vem se transformando, ao longo dos anos, em uma

modalidade de grande importância para o aprendizado continuado. À medida que avançam

as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera,

sendo possível, através destas ferramentas, conciliar estudo e trabalho, com horários mais

flexíveis, mantendo a mesma qualidade dos materiais.

Além da formação continuada, a EAD oferece ainda possibilidade de aceleração

profissional no ambiente de trabalho, sendo possível que os estudantes apliquem desde o

início de seu curso os conceitos obtidos nos materiais de estudo.

Atualmente, todas as concepções metodológicas são utilizadas nessa modalidade

de ensino, que emerge ditando novos conceitos, bem como uma nova linguagem de

comunicação, que é a educação hipertextual, cujas características são: interatividade, a

não-linearidade, a intertextualidade e heterogeneidade no ambiente eletrônico em rede

(CORREIA; ANTONY, 2003).

A EAD é, portanto, uma modalidade de realizar o processo educacional quando,

não ocorrendo - no todo ou em parte – o encontro presencial do educador e do educando,

promove-se a comunicação educativa, através de meios capazes de suprir a distância que

os separa fisicamente. Assim, não é verdade que a educação a distância seja uma educação

distante, em que o aluno esteja isolado. Ele se mantém em interação com tutores/professores,

pelo trabalho de administração de fluxos de comunicação exercido por uma organização

responsável pelo curso e suporte facilitador dessa interação (LOBO NETO, 1998).

3. REFERENCIAIS DE QUALIDADE DA EAD

Tendo em vista a grande expansão desta modalidade de ensino, o MEC – Ministério da Educação e Cultura estabeleceu diretrizes básicas como meio referencial de qualidade do ensino às instituições para que estas possam ofertar os cursos à distância.

É importante ressaltar que o documento disponibilizado pelo MEC sobre o assunto em questão não tem força de lei, apesar de ter sido elaborado por especialistas da área, mas

tem função norteadora dos processos de organização e sistematização da EAD.

¹ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. 2011. Pág. 3

Josiane Fernanda Sartore

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44 Anuário da produção acadêmica docente

O Ministério da Educação ressalta que a preocupação central do documento é

apresentar um conjunto de definições e conceitos de modo a, de um lado, garantir qualidade

nos processos de educação a distância e, de outro, coibir tanto a precarização da educação

superior, verificada em alguns modelos de oferta de EAD, quanto a sua oferta indiscriminada

e sem garantias das condições básicas para o desenvolvimento de cursos com qualidade².

Portanto, ficou assim definido os tópicos principais do Referencial de Qualidade:

Concepção de educação e currículo no processo de Ensino e aprendizagem; Sistemas de

comunicação; Material didático; Avaliação; Equipe Multidisciplinar; Infra-estrutura e apoio;

Gestão acadêmico-administrativa e Sustentabilidade financeira.

3.1. Concepção de educação e currículo no processo de ensino e de aprendizagem

Observa-se que não existe um modelo único de educação à distância, por isto, as instituições

se diferenciam na oferta desta modalidade através dos recursos educacionais e tecnológicos, e

estes podem variar de acordo com a cultura e necessidade de cada região. No entanto, a filosofia

de aprendizagem deve ser a mesma em qualquer lugar: na modalidade a distância, todos

os recursos disponíveis devem propiciar a integração com o estudante com vistas a garantir

o desenvolvimento educacional, possibilitando angariar novas habilidades e competências

profissionais a que o curso se propõe. Assim, a determinação do MEC é que os instrumentos

a serem utilizados devem ter coerência com a opção teórico-metodológica definida no projeto

pedagógico do curso3. Compreende-se por instrumento todos os recursos humanos, financeiros,

tecnológicos e estruturais a serem utilizados na organização de um curso EAD.

De todo modo, o ponto focal da educação superior - seja ela presencial ou à distância, nas

inúmeras combinações possíveis entre presença, presença virtual e distância - é o desenvolvimento

humano, em uma perspectiva de compromisso com a construção de uma sociedade socialmente

justa. Daí a importância da educação superior ser baseada em um projeto pedagógico e em

uma organização curricular inovadora, que favoreçam a integração entre os conteúdos e suas

metodologias, bem como o diálogo do aprendiz consigo mesmo (e sua cultura), com os outros

(e suas culturas) e com o conhecimento historicamente acumulado4 .

Outro ponto bastante ressaltado pelo documento do MEC, acerca deste critério, se

refere ao conhecimento básico sobre as tecnologias e o conteúdo programático previsto no

projeto do curso de modo a garantir que todos os ingressantes do curso superior tenham um

ponto de partida em comum.

² Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância – Versão Preliminar. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-

cação a Distância. 2007, pág. 2.³Idem. Pag. 8.4Idem. Pág. 9.

Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

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Observa-se, portanto, que, esta nova modalidade exige a construção de uma nova visão do conhecimento, que deverá ser pautada na interdisciplinaridade e contextualização, sendo possível perceber como os conteúdos se combinam e se interpenetram, colaborando no processo acadêmico de ensino-aprendizagem.

3.2. Sistemas de Comunicação

Os sistemas de comunicação são os meios pelos quais as informações são integradas e disponibilizadas de maneira a possibilitar a interação entre os agentes responsáveis do ensino-aprendizagem.

Desta forma, as tecnologias da informação, em especial a internet, tornam-se instrumentos indispensáveis na produção de novas metodologias de angariação de novos conhecimentos, através do uso das ferramentas síncronas ou assíncronas.

Salienta-se que as formas de comunicação devem permitir ao aluno a resolução de questões pertinentes desde o material didático utilizado até os aspectos de orientação de sua aprendizagem, articulando todos os agentes (professor, tutor, colegas) de forma a garantir a qualidade e eficiência do sistema adotado.

Embora a modalidade de ensino seja a distância, se faz necessário também a previsão de momentos de encontros presenciais. Assim, todos os alunos serão acompanhados por vários especialistas tidos como motivadores e facilitadores da aprendizagem, garantindo uma comunicação privilegiada ao estudante e de forma flexível. Neste sistema integrado, os agentes envolvidos são responsáveis pela monitoração da evolução do aluno, de forma a personalizar as conversas e contribuir ainda mais para seu desenvolvimento, criando condições para diminuir a sensação de isolamento.

Portanto, para os cursos a distância, todo o processo educacional deve estar pautado em um eficiente sistema de comunicação, que atenda as necessidades do aluno e seja capaz

de atingir os objetivos propostos de cada curso.

3.3. Material Didático

O material didático deve ser produzido de forma a facilitar a construção do conhecimento

e mediar a interlocução entre aluno e professor . Assim, todo material disponível deve estar

em consonância com o projeto pedagógico do curso, e, ainda, propiciar o desenvolvimento

de habilidades e competências específicas de cada área de atuação a que o curso se destina.

Importante ressaltar que por se tratar de educação a distância, este material abrange

todos os procedimentos que serão utilizados na aprendizagem, tais como vídeos das

teleaulas, fóruns de discussão e chat, mensagens e documentos impressos, mesclando todos

os recursos disponíveis e favorecendo a integração dos agentes envolvidos neste processo.

Outra determinação importante sobre este aspecto é que todo o material deve especificar

a equipe multidisciplinar responsável por esta tarefa, bem como os demais profissionais

nas áreas de educação e técnica que contribuíram para a criação dos recursos audiovisuais

utilizados.

Josiane Fernanda Sartore

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46 Anuário da produção acadêmica docente

3.4. Avaliação

A avaliação dos cursos superiores a distância deve contemplar as duas dimensões propostas

pela instituição que são relacionadas ao processo de aprendizagem e ao projeto pedagógico

do curso.

A avaliação da aprendizagem trata do acompanhamento do aluno no decorrer do curso

e se destina a identificar o grau de desenvolvimento obtido nas etapas do processo de ensino-

aprendizagem e a motivá-los a serem ativos na construção de seu próprio conhecimento.

É importante ressaltar ainda que em conformidade com as normas do Decreto

5.622/2005, as avaliações devem ser realizadas nos pólos de apoio presencial, com as datas

definidas antecipadamente. Este critério é válido também para os trabalhos de conclusão de

curso e estágios, quando for o caso.

Já a avaliação institucional é voltada para o aperfeiçoamento dos procedimentos

acadêmicos e pedagógicos dos cursos oferecidos pela instituição de ensino, de forma a

melhorar e aprimorizar os recursos otimizando todos os processos e garantindo a qualidade

exigida pelo Ministério da Educação. Para ter credibilidade nos feedbacks obtidos, todos

os agentes devem ser envolvidos, tais como, aluno, professor, tutor, corpo técnico-

administrativo, etc.

Para ROESLER (2011, p. 5) as avaliações, em seus momentos individuais ou coletivos,

precisam apresentar estratégias pedagógicas que permitam o alcance dos objetivos propostos

para o curso. Portanto, trata-se de uma ferramenta de grande valia tanto para a instituição

quanto para o MEC, pois tem condições de apresentar as falhas que precisam ser melhores

trabalhadas bem como apontar as qualidades estabelecidas para cada curso.

3.5. Equipe Multidisciplinar

A equipe multidisciplinar é considerada um grupo de especialistas em diversas áreas do conhecimento que atuam juntos na concretização de um objetivo. Na modalidade de educação à distância, isto se tornou essencial para garantir sua qualidade. Para tanto, são indispensáveis três tipos de profissionais: os docentes, os tutores e o corpo técnico-administrativo.

Os docentes são responsáveis pela elaboração de todo o conteúdo curricular da grade de cada curso, definindo as bibliografias, videografia, iconografia, etc. que serão utilizadas, bem como pela gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, orientando e avaliando os estudantes rotineiramente.

Os tutores são peça chave da modalidade EAD. São os agentes que participam ativamente do processo educacional que contribuem para a compreensão de temas e fixação do conteúdo. O MEC prevê a atuação de duas categorias de tutores: presencial e a distância.

5Idem. Pág. 13

Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

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O tutor presencial é responsável pelo acompanhamento dos alunos nos períodos em

que forem determinados os encontros presenciais. Eles devem auxiliar no desenvolvimento

de atividades previstas na grade do curso e é responsável pela aplicação de provas, aulas

práticas, etc. O tutor a distância media o processo da EAD através de um ambiente virtual.

Neste ele é responsável por esclarecer as dúvidas e instigar o aluno a construção de seu

próprio conhecimento através de materiais de apoio. Ambos os profissionais devem ser

altamente capacitados no domínio específico do conteúdo e nos recursos tecnológicos

utilizados para tanto.

E por fim, o corpo técnico-administrativo, que oferecem todos os meios necessários

para a plena realização dos cursos propostos. Este grupo de profissionais envolve duas

categorias distintas: a administrativa e a tecnológica. A primeira refere-se ao profissional

que atua em funções acadêmicas, acompanhando todos os procedimentos de matrícula,

certificados, etc. dos alunos e certificando-se da distribuição e recebimento dos materiais

didáticos aos docentes e tutores. A área tecnológica fazem o suporte e manutenção de todos

os equipamentos tecnológicos, em especial dos sistemas de informática garantindo desta

forma a disposição destes materiais aos estudantes e professores.

Verifica-se, portanto, que, este grupo deve estar bem entrosado com todos os

procedimentos da modalidade de ensino a distância, pois o trabalho de um depende de

outro.

3.6. Infra-estrutura de Apoio

A infraestrutura pode ser material ou física. A infraestrutura material refere-se aos recursos

e equipamentos a serem disponibilizados para a realização do curso, tais como, televisão,

internet, computador, videoconferências, etc. Já a física é composta por duas instalações

básicas, segundo o MEC: a coordenação acadêmico-operacional nas instituições e os pólos

de apoio presencial.

A coordenação acadêmico-operacional configura-se o centro da gestão acadêmico-

operacional dos cursos ofertados. Ou seja, são unidades responsáveis por garantir as ações e

as políticas da educação a distância, devem, portanto, promover ensino, pesquisa e extensão6.

Já o pólo de apoio presencial tem seu conceito definido pela Portaria Normativa nº

02/2007, no § 1º do artigo 2º:

Art. 2º [...]

§ 1º. O pólo de apoio presencial é a unidade operacional para desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância, conforme dispõe o art. 12, X, c, do Decreto nº 5.622/2005.

6Idem. Pág. 25

Josiane Fernanda Sartore

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48 Anuário da produção acadêmica docente

Essa unidade, portanto, desempenha papel de grande importância para o sistema de

educação a distância. Sua instalação auxilia o desenvolvimento do curso e funciona como

um ponto de referência fundamental para o aluno7. Como se trata de descentralização das

instituições, importante ressaltar que este contribui para a viabilização da educação no

país, respeitando as peculiaridades de cada região. No entanto, todos devem contar com a

estrutura física de sistemas de biblioteca, laboratórios integrados, secretarias de apoio, etc.

3.7. Gestão Acadêmico-administrativa

Este referencial consiste em planejamento acadêmico aos alunos EAD para que estes tenham

a mesma condição e suporte do ensino presencial. Este suporte inclui a rede administrativa/

financeira, banco de dados, controle do processo de tutoria, equipamentos/recursos

adequados, sistema acadêmico de cada aluno, etc.

Todos estes recursos de gestão devem estar eficientemente integrados para que o

aluno esteja cada vez mais motivado com seu processo de ensino-aprendizagem, dando

credibilidade a instituição.

3.8. Sustentabilidade Financeira

Segundo o MEC, o ensino EAD envolve uma série de investimentos iniciais elevados, seja

para a criação e produção de materiais didáticos, ou no treinamento e capacitação dos

recursos humanos e os custos dos equipamentos tecnológicos.

Nem sempre o retorno do custo/benefício ocorre em curto prazo, sendo necessário

cada vez mais investimentos para aperfeiçoar as técnicas de ensino nesta modalidade de

educação.

Todo este processo exige um planejamento técnico e detalhado onde conste todas as

informações sobre o investimento a ser realizado e o custeio destes recursos, com o intuito de

que ao final do projeto, seja possível identificar o número de alunos para o desenvolvimento

de cada curso nos pólos de ensino.

Para ROESLER (2011, p. 6), para o bom planejamento da sustentabilidade serão

previstos os custos fixos e variáveis demandados nas etapas de produção dos materiais,

de capacitação dos profissionais, de logística, da infraestrutura tecnológica, humana e

material, nas diferentes etapas de implementação do projeto. Evitando dessa forma falhas e

arquivamento do curso.

7Idem. Pág. 25

Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

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49v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ponto mais discutido nesta modalidade de ensino é a qualidade oferecida pelas

instituições. Assim o documento elaborado pelo Ministério da Educação conjuntamente com

a Secretaria de Educação a Distância visa a conceituação dos principais critérios que devem

ser observados na elaboração de projetos pedagógicos de cursos EAD e na organização

dos sistemas adotados. Isto para que não restem dúvidas acerca das disposições legais que

regulam esta matéria.

Com base nos referenciais elencados, não há dúvidas de que muitos processos ainda

precisam ser melhorados. Assim, professores, tutores e equipe técnica-administrativa devem

ser capacitados para atender a demanda de forma especializada, ou seja, considerando as

peculiaridades deste público alvo. Pois, de nada adiantaria todas as regulamentações legais

sem os instrumentos humanos para aplicá-los com eficiência.

Segundo ROESLER apud Demo, a qualidade em educação implica em:

a) Qualidade acadêmica, que surge na produção original do conhecimento por meio da docência. Refere-se às capacidades do professor de transmitir conhecimentos advindos das práticas de pesquisa que convergem em soluções para problemas específicos da sociedade;

b) Qualidade social, que significa que, decorrente das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, as instituições educacionais atuem de forma relevante no desenvolvimento da sociedade;

c) Qualidade educativa, que é a capacidade das instituições atuarem na formação plena do cidadão para que possam contribuir e interferir em suas respectivas realidades sociais. (2011, p. 3)

Portanto, a EAD como modalidade de ensino que amplia as possibilidades de acesso à

educação, através das tecnologias da informação, deverá ser categoricamente cobrada pela

eficiência de todos os processos, nas três áreas distintas – acadêmica, social e educativa –

garantindo o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais bem como a

educação para o convívio em social.

Estamos caminhando na definição de estratégias e abordagens que assegurem cada

vez mais a plena aprendizagem dos estudantes, e para isso, é imprescindível a participação

e colaboração de todos os envolvidos com a educação a fim de priorizar esta matéria e

colocá-la em destaque na sociedade.

REFERÊNCIAS

BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 5ª ed. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008.

BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Artigo 80 da Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 20 dez. 2005.

Josiane Fernanda Sartore

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50 Anuário da produção acadêmica docente

. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 21 dez. 1996.

. Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância: Versão Preliminar. Ministério da Educação/Secretaria de Educação a Distância. 2007.

BLOIS, M. A busca da qualidade na educação superior a distância no Brasil: situação atual e algumas reflexões. RIED Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v.7: n.1/2, 2004, p. 97-111. Disponível em: http://www.utpl.edu.ec/ried/images/pdfs/vol7-1-2/a_busca.pdf. Acesso em 10 novembro de 2011.

CORREIA, Ângela Álvares; ANTONY, Geórgia. Educação hipertextual: diversidade e interação como materiais didáticos. In: FIORENTINI, Leda Maria Rangearo; MORAES, Raquel de Almeida (orgs) Linguagens e interatividade na educação a distância. Rio de Janeiro: DP& A, 2003.

LOBO NETO, Francisco José da Silveira. Educação a Distância:Regulamentação, Condições de Êxito e Perspectivas.http://www.intelecto.net/ead_textos/lobo1.htm Acesso 30/03/2005. Anotações de uma palestra, em 06 abril 1998. Acesso em 26 de janeiro de 2012.

MORAN, José Manuel. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

ROESLER, Jucimara. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. 2011.

Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

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RESUMO: Este artigo se propõe a refletir sobre os Referenciais de Qualidade em EaD na legislação educacional, discorrendo sobre algumas práticas utilizadas pelas instituições de ensino, com o objetivo de contribuir para a compreensão do tema proposto. Devido à abrangência do assunto, foram identificados alguns conceitos importantes para se tratar os referenciais de qualidade na Educação a Distância, como a definição de qualidade na EaD. Nesta perspectiva, a oferta qualitativa de produtos e serviços em educação a distância deverá levar em consideração a elaboração de um bom material didático que propicie ao aluno uma aprendizagem autônoma. O processo de produção de conteúdo, o processo do serviço educacional, juntamente com o processo de avaliação da metodologia se destaca como principais indicadores para a autoavaliação institucional.

ABSTRACT: This article intends to reflect on the Benchmarks of Quality in Distance Education in educational legislation, talking about some practices used by educational institutions, aiming to contribute to the understanding of the theme. Due to the scope of the subject, identified some important concepts to address the benchmarks of quality in distance education, as the definition of quality in distance education. In this perspective, offering qualitative products and services in distance education should consider drawing up a good educational material that provides the student with an autonomous learning. The process of content production, the process of the education service, together with the evaluation methodology stands out as key indicators for the institutional self-assessment.

UM BREVE PANORAMA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59

Thalita Silva Neves Veloso Costa – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância; Qualidade em EaD; Legislação e Regulamentação em EaD.

KEYWORDS: Distance Education; Quality in Distance Education; Law and Regulation in Distance Education.

Artigo OriginalRecebido em: 24/02/2012Avaliado em: 30/07/2012Publicado em: 17/04/2014

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52 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

O panorama da educação no Brasil vem se modificando em decorrência da aplicação de

tecnologias de informação e comunicação. Tais inovações tecnológicas, como por exemplo,

a internet, propiciou a expansão da Educação a Distância e a colocou no ranking dos

assuntos mais discutidos atualmente no âmbito educacional. Este artigo tem por finalidade

fazer um breve levantamento sobre a história da Educação a Distância no Brasil, abordar

as regulamentações existentes que normatizam a Educação a Distância (EaD) no território

brasileiro e o referencial de qualidade para a oferta do Ensino Superior na EaD, bem como

apresentar dados atualizados desta modalidade.

Referente à evolução da EaD à nível mundial, Mattar afirma que:

Comparando o desenvolvimento da EaD no Brasil com a experiência mundial, algumas diferenças saltam aos olhos. Num primeiro momento, a EaD brasileira segue o movimento internacional, com a oferta de cursos por correspondência. Entretanto, mídias como o rádio e a televisão serão exploradas intensamente e com bastante sucesso em nosso país, através de soluções específicas e, muitas vezes, criativas, antes da introdução da Internet. Além disso, no Brasil, a experiência das universidades abertas é retardada praticamente até há poucos anos, com a criação da Universidade Aberta do Brasil – UAB. (2011, p. 1)

Com o rápido desenvolvimento e a grande expansão da Educação a Distância - EaD,

temas como qualidade vem se tornando questões estratégicas para oferta desta modalidade.

A preocupação em oferecer um curso de graduação na modalidade EaD com qualidade,

cresce concomitantemente com a procura do consumidor por bons serviços educacionais.

Intuindo evitar a precarização do Ensino Superior, principalmente na modalidade

EaD que vem passando por um processo dinâmico de evolução, o Ministério da Educação

(MEC) elaborou um documento, sem a pretensão que se tornasse um dispositivo legal, mas

que fosse utilizado como referencial de qualidade para a oferta do Ensino Superior. Quando

falamos em qualidade na EaD, cabe observar alguns temas estratégicos como autonomia do

estudante, a didática e não menos importante, a autoavaliação.

2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Educação a distância não é uma modalidade recente, seu surgimento no Brasil seguiu o

movimento internacional, no início do século XIX, com a proposta de oferecer cursos por

correspondência, porém tal modalidade de ensino só foi reconhecida oficialmente, em 1996

por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, como observado o artigo que

segue abaixo:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1.o A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

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53v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59

§ 2.o A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3.o As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I -- custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

II -- concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III -- reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996)

No entanto, até chegarmos ao reconhecimento legal dessa modalidade de ensino, bem

como a utilização de tecnologias inovadoras, grande foram as dificuldades enfrentadas, por

exemplo, no ensino por correspondência havia problemas desde a utilização dos correios até

a falta de incentivo dos órgãos governamentais; quanto ao material pedagógico, o impresso

foi um instrumento viabilizador desta modalidade de ensino-aprendizagem, posteriormente

se modernizando com a utilização dos recursos de áudio e vídeo (transmissão de rádio e

televisão, videotexto, computador e tecnologia de mídia).

Em 1939, o Brasil obteve experiências bem sucedidas com a fundação do Instituto Radio

Técnico Monitor e o Instituto Universal Brasileiro que proporcionavam sistematicamente a

sociedade, cursos profissionalizantes por correspondência. A partir da década de 70, cursos

supletivos à distância começaram a ser oferecidos por algumas fundações e organizações

não-governamentais, um forte exemplo é o Telecurso, um programa de educação supletiva

a distância para 1º e 2º grau, implantado pela Fundação Roberto Marinho, que se utilizava

das tecnologias de teleducação, satélite e materiais impresso e que também disponibilizava

salas para seus alunos em todo o país.

A primeira experiência em oferta de cursos a distância no âmbito da educação superior

se deu em 1979 pela Universidade de Brasília com o Programa de Ensino a Distância (PED).

Com o desenvolvimento de recursos tecnológicos da informação e da comunicação, novas

universidades passaram a oferecer cursos superiores de graduação na modalidade a

distância, como a Escola do Futuro – USP, Universidade Federal do Pará, Universidade do

Estado de Santa Catarina – UDESC, Universidade Federal do Mato Grosso, e com grande

destaque, em 2005, a Universidade Aberta do Brasil – UAB¹.

¹A UAB é um consórcio entre instituições públicas que oferecem cursos de graduação a distância, principalmente para formação

de professores.

Thalita Silva Neves Veloso Costa

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54 Anuário da produção acadêmica docente

3. OS REFERENCIAIS DE QUALIDADE NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL A DISTÂNCIA

Para clarificar o que venha a ser Referenciais de Qualidade:

Os Referenciais de Qualidade circunscrevem-se no ordenamento legal vigente em complemento às determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, do Decreto 5.622, de 20 de dezembro de 2005, do Decreto 5.773 de junho de 2006 e das Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de 2007. Embora seja um documento que não tem força de lei, ele será um referencial norteador para subsidiar atos legais do poder público no que se referem aos processos específicos de regulação, supervisão e avaliação da modalidade citada. Por outro lado, as orientações contidas neste documento devem ter função indutora, não só em termos da própria concepção teórico-metodológica da educação a distância, mas também da organização de sistemas de EaD. Elaborado a partir de discussão com especialistas do setor, com as universidades e com a sociedade, ele tem como preocupação central apresentar um conjunto de definições e conceitos de modo a, de um lado, garantir qualidade nos processos de educação a distância e, de outro, coibir tanto a precarização da educação superior, verificada em alguns modelos de oferta de EAD, quanto a sua oferta indiscriminada e sem garantias das condições básicas para o desenvolvimento de cursos com qualidade.

Além do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, uma das

molas propulsoras da EaD foram os dispositivos legais que vieram estabelecer critérios

regulatórios, os quais propiciaram a expansão dos cursos a distância no Brasil. Podemos

destacar na legislação educacional a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada

em 1996 que possibilitou a implementação do Ensino Superior a Distância, documentos

legais subsequentes abordam a regulamentação e normatizam a da oferta de cursos de

graduação a distância, em alguns motes, indicando questões como a qualidade e a avaliação.

Demo (2001), alega que qualidade aponta para a dimensão da intensidade, tem a ver

com profundidade, perfeição, principalmente com participação e criação, está mais para

ser, do que para ter. Complementando o conceito deste autor, Roesler (2011) afirma que

para se conceituar qualidade no contexto educacional é necessário discutir as dimensões

sociais, políticas e acadêmicas, o que nos levará a analisar as estruturas, os processos e

os resultados decorrentes das práticas de ensino presenciais ou a distância. A qualidade

em educação implica em se ter qualidade acadêmica, que surge na produção original do

conhecimento por meio da docência; qualidade social, que significa a atuação de forma

relevante da instituição no desenvolvimento da sociedade; e qualidade educativa, sendo

a capacidade das instituições atuarem na formação plena do cidadão para que possam

contribuir e interferir em suas respectivas realidades sociais (ROESLER apud DEMO, 2011).

As características da EaD são apontadores fundamentais para atender aos referenciais

de qualidade. Uma gestão eficaz, prima por oferecer a seus acadêmicos uma didática²

que atenda sua condição geográfica, proporcionando um modelo educativo de ensino-

aprendizagem por meio do qual o indivíduo adquira autonomia em sua condição de aluno.

²A didática tem por objetivo o como fazer a prática pedagógica, mas só tem sentido quando articulado ao para que fazer e ao por

que fazer. (CANDAU, 2002, p. 18 apud ROESLER, 2011).

Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

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55v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59

A concepção de ensino e de aprendizagem expressas no Projeto Pedagógico do Curso

nortearão a estruturação didática do material instrucional³ que produzirá, por um lado, o

planejamento educacional da disciplina e, por outro, as ações pertinentes aos estudos de

forma autônoma.

O processo de produção de conteúdo, o qual concretiza os recursos e materiais didáticos,

o procedimento do serviço educacional (que compreende a tutoria e o acompanhamento

do aluno), juntamente com o processo de avaliação da metodologia se destacam como

principais indicadores para a autoavaliação institucional, que se tornará uma ferramenta

importante para tomada de decisão. A autoavaliação permitirá um conhecimento profundo

da instituição e dos cursos oferecidos em todos os aspectos básicos; diante deste diagnóstico

a instituição poderá tomar as decisões pertinentes ao atendimento dos referenciais de

qualidade.

4. JUSTIFICATIVAS LEGAIS A PARTIR DAS REGULAMENTAÇÕES EXISTENTES

A EaD vem responder às demandas pleiteadas pela evolução da sociedade e a limitação

do sistema educativo convencional. Para que todas as ferramentas tecnológicas sejam

empregadas de maneira adequada com a finalidade de garantir a qualidade aos processos

de ensino-aprendizagem na EaD, inúmeros decretos, leis e portarias foram sancionadas

visando sua regulamentação.

Em 1996, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394),

ocorreu a primeira menção oficial a EaD, discorrendo em seus artigos sobre o credenciamento

das instituições; regulamentação dos quesitos para registro de diplomas; a submissão da

produção, controle e avaliação dos programas de EaD a seus respectivos sistemas de ensino;

e por fim, menciona sobre a política de facilitação de condições operacionais para apoiar a

implementação da EaD.

O artigo 80 da LDB propiciou a criação dos Decretos nº 2.494 e 2.561 de 1998 e da

Portaria nº 301 de 1998, tais dispositivos regulamentadores instrumentalizaram os

procedimentos a serem seguidos pelas instituições que objetivavam o credenciamento do

MEC para ofertar cursos de graduação a distância. Em 2001, através da Portaria nº 2.253

(posteriormente atualizada pela Portaria nº 4.059 de 10/12/2004), o Ministério da Educação

permitiu a oferta de até 20% da carga horária de cursos já reconhecidos na modalidade EaD

pelas universidades, faculdades e centros tecnológicos.

³ O material instrucional deve ter estruturação didática composta pela arquitetura dos conteúdos, pelos recursos midiáticos, pelas

estratégias avaliativas e pelas interações pedagógicas.

Thalita Silva Neves Veloso Costa

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56 Anuário da produção acadêmica docente

Dentre a vasta legislação que regulamenta a EaD, ainda podemos destacar: o Decreto nº.

5.622 de 20/12/2005; Decreto nº 6.303, 12/12/2007 que regulamenta o processo de avaliação

e regulação do Ministério da Educação; Decreto nº 5.800 de 05/06/2006 que institui o Sistema

Universidade Aberta do Brasil; Portaria Ministerial nº. 4.361 de 29/12/2004 que norteia os

procedimentos de credenciamento e recredenciamento de instituições da educação superior

(IES); e a Portaria Ministerial nº. 4.059 de 10/12/2004 que dispõe sobre a oferta de 20% da

carga horária dos cursos de graduação na modalidade semipresencial.

Quanto aos órgãos reguladores da EaD, temos o Decreto nº 7.480 de 16/05/2010 que

extingue a Secretaria de Educação a Distância (Seed) e cria no âmbito do MEC a Secretaria

de Regulamentação e Supervisão da Educação Superior.

Alguns estudiosos acreditam que esta vasta legislação que normatiza e regulamenta a

EaD no Brasil limita a ação desta modalidade de ensino.

Especificamente para o Brasil, com tradição européia na educação superior e colonização patrimonialista portuguesa, a tendência para centralização do controle e a necessidade do estabelecimento de uma legislação detalhista a ser seguida impõe uma “camisa de força”, principalmente às iniciativas inovadoras. No caso da EaD, apesar dos avanços conquistados, corre-se o risco de paralisação de um processo cuja dinâmica, principalmente tecnológica, requer a máxima flexibilidade possível, deixando para os indivíduos julgarem os resultados alcançados, e uma legislação apenas direcionadora, com princípios mais gerais. (KIPNIS, 2009, p. 212)

5. DADOS ATUALIZADOS SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Ainda hoje, um dos grandes empecilhos para a expansão da EaD é o preconceito e a

estigmatização desta modalidade. Muitos ainda acreditam que as novas propostas

pedagógicas de ensino que utilizam-se das inovações tecnológicas, não são capazes de

promover um ambiente de ensino-aprendizagem de modo eficiente e com qualidade como

na modalidade presencial ou ensino tradicional, porém este preconceito não encontra

respaldo nos dados estatísticos apresentados em pesquisas recentes.

Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

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Tabela 1 – Número de alunos a distância em instituições autorizadas pelo Sistema de Ensino a ministrar EAD no Brasil 2004-2006.

Fonte: ABRAEAD/2007

Entre o ano de 2008 e 2009, os cursos a distância aumentaram 30,4%, sendo que os presenciais tiveram um aumento de 12,5%. As matrículas em cursos de graduação na modalidade EaD em 2001, correspondiam a 0,2% do total entre presencial e EaD, no entanto, em 2008 já representavam 14,1% do total, dado este que concebe um crescimento

considerável de 70% em sete anos.

Gráfico 1 – Evolução do número de instituições de Educação Superior no Brasil 2000-2009

Fonte: Censo da Educação Superior/MEC/Inep/Deed

Segundo o Censo de Educação Superior, em 2009 os cinco maiores cursos em números de matrícula na EaD foram: Pedagogia com 34,2%, Administração com 27,3%, Serviço Social (8,1%), Letras (5,9%) e Ciências Contábeis (3,6%). Quanto ao material pedagógico empregados na EaD, 84% das instituições utilizam-se dos materiais impressos, seguido da internet (63%). No quesito suporte ao aluno, o e-mail ocupa a primeira posição com 87%, seguido do telefone com 82%, auxílio do professor presencial com 76% e 66% de suporte do

Thalita Silva Neves Veloso Costa

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58 Anuário da produção acadêmica docente

professor on-line ou tutores a distância.

Tabela 2 – Os dez maiores cursos de graduação em número de matrículas por modalidade de ensino no Brasil - 2009

Fonte: Censo da Educação Superior/MEC/Inep/Deed

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, a Educação a distância está submetida a uma vasta legislação que estabelece

parâmetros e referenciais de qualidade. Além dos dispositivos legais, o consumidor/aluno

se torna cada vez mais exigente quanto aos serviços educacionais. Nesta perspectiva, para

que a instituição conquiste o sucesso por meio de um projeto EaD é necessário atender

aos referenciais de qualidade, construir um material didático que promova a autonomia do

aluno e potencialize sua capacidade de aprender, e não menos importante, se submeter ao

processo de autoavaliação para como ferramenta para tomada de decisão.

A EaD apresenta soluções, possibilidades e perspectivas que pelo modelo presencial,

seria no mínimo difícil ou impossível de se obter. Os resultados alcançados com o emprego

da nova metodologia que se utiliza de instrumentos tecnológicos, o reconhecimento formal

da validade e da qualidade dos cursos a distância, assim como a expansão desta modalidade

nas IES, são apresentados em recentes pesquisas realizadas por órgãos respeitados na área

educacional, porém Moran (2011), nos alerta sobre a dificuldade de se fazer uma avaliação

Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

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abrangente e objetiva do ensino superior a distância no Brasil, visto que as pesquisas

focam experiências isoladas e ainda não acompanham a rápida evolução das propostas

pedagógicas da modalidade EaD. O mesmo autor nos afirma que o Brasil está numa etapa

de amadurecimento da Educação a Distância por meio da legitimação e consolidação das

instituições competentes. Para que possamos alcançar maiores progressos na EaD temos que

nos inquietar e militar em prol de obter maior expressividade no incentivo governamental

para implementação e continuidade da modalidade, da qualidade dos cursos oferecidos,

capacitação dos profissionais da área e também minimizar as tensões geradas pela ampliação

voraz da Educação a distância no Brasil.

Podemos concluir que apesar da complexidade que envolve o processo educacional na

modalidade a distância, este campo vem evoluindo rapidamente e possibilitando a difusão

e a democratização da educação de qualidade no território nacional.

REFERÊNCIAS

ALVES, J. R. M. Os reflexos da nova regulamentação da educação a distância nas escolas de educação básica e superior e nas instituições de pesquisa científica e tecnológica. Disponível em: <http://www.ipae.com.br/et/14.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.

______. Ministério da Educação. Referenciais de Qualidade de EaD para Cursos de Graduação a Distância. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2012

______. Ministério da Educação.Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resumo Técnico: censo da educação superior de 2009. Disponível em: <http://www.anaceu.org.br/conteudo/noticias/resumo_tecnico2009.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2012.

KIPNIS, B. Educação superior à distância no Brasil: tendências e perspectivas. In: LITTO, F.; FORMIGA, M. (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

MATTAR, J. História da Educação a Distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resumo Técnico – Censo da Educação Superior de 2009. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2009/resumo_tecnico2009.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.

MORAN, J. M. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.DEMO, P. Educação e qualidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2001.

ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Anhanguera Educacional, 2011.

Thalita Silva Neves Veloso Costa

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RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar aspectos relevantes sobre a Educação a distância e o perfil do aprendiz virtual. Nessa modalidade de ensino, a mediação didático-pedagógica acontece por um distanciamento físico e temporal entre professor e aluno, para superar esse distanciamento há necessidade de uma interação por meio de recursos tecnológicos. Neste contexto educacional, o aprendiz virtual deve ser autônomo, ter flexibilidade de tempo e espaço, além de dedicação aos estudos. Para realizar este trabalho, elaborou-se uma revisão da bibliografia disponível sobre o perfil dos estudantes que utilizam a Educação a Distância. Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre a Educação à Distância e o que é esperado do estudante virtual. Por fim, neste estudo observou-se que o sucesso acadêmico não depende apenas do perfil do aluno virtual para uma boa qualidade. No entanto há necessidade das instituições de ensino oferecerem uma infraestrutura e apoio pedagógico suficiente para que o aluno atinja os objetivos dos cursos, com uma mediação de tutores, recursos tecnológicos, transmissões de tele aulas e equipamentos altamente qualificados.

ABSTRACT: This article aims to present relevant aspects about the distance education and virtual profile of the learner. In this mode of teaching, didactic and pedagogic mediation happens for a physical and temporal distance between teacher and student, to overcome that distance is no need for an interaction through technological resources. In this educational context, the learner should be autonomous virtual, have flexibility of time and space, and dedication to study. To carry out this work, prepared by a review of available literature on the profile of students who use distance education. This research proposes a reflection on the Distance Education and what is expected of the virtual student. Finally, this study found that academic success does not only depend on the student profile for a virtual good quality. However there is need of educational institutions offer a sufficient infrastructure and educational support for the student to meet the objectives of the courses, with a mediation tutors, technological resources, broadcast tele classes and highly qualified equipment.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O PERFIL DO APRENDIZ VIRTUAL

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72

Camila de Melo Andriotti – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Educação à distância; aprendiz virtual; recursos tecnológicos aplicados a educação à distância;

KEYWORDS: Distance education, virtual learner; technological resources applied distance education;

Artigo OriginalRecebido em: 18/05/2012Avaliado em: 03/08/2012Publicado em: 17/04/2014

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62 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que as inovações tecnológicas são incorporadas

à educação, também é perceptível a falta de tempo disponível para estudos. Em meio

este contexto, o Ensino a Distância, uma modalidade flexível a local físico e que utiliza

meios tecnológicos para atingir conhecimento, vem tomando maior proporção em ensino

formal. Contudo, já lidava com ensino décadas atrás, na qual pessoas que não tiveram a

oportunidade de concluir seus estudos e não tinham condições de ir até as instituições

escolares, ou pretendiam realizar cursos livres, tinham a chance de realizá-los por meio de

televisão e rádio. (MORAN, 2011b)

Como se vê, a correria do dia-a-dia, a escassez de tempo, o excesso de trabalho,

constituições familiares e alta utilização dos meios tecnológicos, percebe-se uma maior

ultilização de recursos tecnológico, como meio facilitador da comunicação.Devido a essa

inclusão digital, as pessoas optam pelo ensino a distância, havendo assim uma economia do

tempo se comparado à freqüência em cursos presenciais.

Dentre vários autores que se dedicam a estudar a Educação a Distância, Maia e Mattar

(2007), Moran (2011) e Belloni (2009) a definem como uma modalidade de ensino na qual os

alunos e professores estão separados fisicamente, porém realizam a interação por meio de

recursos tecnológicos, sem espaço e horários fixos.

Mediante tais definições, irão surgir novas características de estudante do ensino a

distância, que podem ser resumidas na idéia de aluno virtual. Segundo Maia e Mattar (2007),

o aluno virtual é um aluno diferente do estudante de cursos presenciais, pois o mesmo não

precisa estar todos os dias fisicamente na instituição de ensino, podendo estar em contato

com professores e materiais, por meio dos recursos tecnológicos.

Ao escolher uma instituição que ofereça esta modalidade de ensino, este estudante

deve-se atentar para os seguintes requisitos: autonomia, autodisciplina e auto estudo. Além

disso, é necessário que tenha disponível uma ótima mediação pedagógica, com auxílio dos

mediadores virtuais – Tutores (AZEVEDO; SATHLER, 2008).

Para isso, objetivou-se realizar uma pesquisa bibliográfica, descrevendo nos próximos

tópicos um breve histórico desta modalidade de ensino, com dados sobre a EAD no Brasil

e subseqüente descrever como é caracterizado o perfil do aprendiz virtual, este estudante

que se deve apropriar e estar disposto a utilizar os recursos tecnológicos como meio de

interação, a fim de atingir o conhecimento de cada curso pretendido.

Como procedimento metodológico, foi realizado um levantamento de dados de cunho

qualitativo, com idéias e definições sobre a Educação a Distância e o perfil dos alunos que

optam por esta modalidade de ensino, por meio de leitura de vários materiais como artigos,

livros e sites de internet.

Contudo, percebo a necessidade dessa clientela virtual estar fortemente objetivada a

ser autônoma, autogestora, motivada em seus estudos e dominar os recursos tecnológicos,

levando em consideração a proposta do ensino EAD, que segue no próximo tópico.

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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63v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72

2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Este tópico pretende abordar brevemente as definições da Educação a Distância e descrever

suas regulamentações e decretos desde seus primeiros experimentos até os dias atuais.

Certo tempo atrás, as únicas formas de comunicação aconteciam apenas em momentos

presenciais, nos quais necessariamente deveriam estar lado a lado, um receptor e emissor do

assunto ou mensagem que seria tratado. (MATTAR, 2011)

A partir da invenção da escrita, a comunicação liberta-se no tempo e no espaço: não é mais necessário que as pessoas estejam presentes, no mesmo momento e local, para que haja comunicação. Numa sociedade primitiva, ao contrário, não ocorre comunicação sem que a pessoa com quem desejamos nos comunicar esteja presente.(MATTAR, 2011, p.3)

Como se vê, com esta comunicação deixando de ser necessariamente presencial entre

as pessoas, as mesmas utilizaram e isso permeia até os dias de hoje, formas distintas de se

comunicar e a buscar conhecimento, seja ele formal ou informal. Quando queremos saber

sobre determinado assunto, buscamos em livros, revistas, telefonemas e principalmente por

meio da internet, que é parte fundamental da modalidade de ensino EAD no ensino formal

ou em cursos profissionalizantes e livres. “E é evidente que o acesso rápido e eficiente na

obtenção de informações proporciona uma melhoria na qualidade da comunicação entre

professores e alunos” (ALVES, 2011, p. 4).

Dentre os autores que definem a EAD, podemos citar Moran (2011, p. 7):

Processos de ensino e aprendizagem que se utilizam mais de tecnologias de comunicação do que da presença física e que flexibilizam tempos, espaços e formas de ensinar e aprender, que independem da presença física ou a integram em momentos pontuais.

Os autores Maia e Mattar (2007, p. 6) definem a EAD como “modalidade da Educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação.”

Belloni (2009, p. 29) caracteriza a EAD “essencialmente pela flexibilidade, abertura dos sistemas e maior autonomia do estudante”

Mediante a apresentação das definições da EAD, as regulamentações e decretos existentes que serão descritos no decorrer deste texto, esta modalidade de ensino continua em pleno desenvolvimento e estudo no decorrer dos anos.

Inicialmente, a EAD teve alguns experimentos no século XVIII, na qual ocorria por meio de correspondências, cujo aluno enviava o material estudado através do correio. Esta educação se ampliou para o rádio até chegar à televisão, uma modalidade de ensino voltada para cursos profissionalizantes, como o Telecurso 2000, com videoaulas gravadas, em que aluno realizava as atividades em casa. (SIQUEIRA, 2006)

Esse modelo consagrou-se na metade do século, com a criação do Instituto Monitor (1939), do Instituto Universal Brasileiro (1941) e de outras organizações similares, responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de estudantes em cursos abertos de iniciação profissionalizante pela modalidade de ensino por correspondência. (MORAN, 2011 p.34)

Camila de Melo Andriotti

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64 Anuário da produção acadêmica docente

Ao final do século XIX no Brasil, a EAD passou a ser usada em mais de 80 países,

servindo não só de uma educação formal em cursos de graduação e Educação Básica, mas

também em cursos de extensão, treinamentos e aperfeiçoamentos. (LIMA, 2003, p. 6).

Já no século XX no ano de 1996, o assunto EAD foi tratado na legislação Brasileira e

implementado pelo Artigo 80 da Lei nº 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

incentivando a Educação a Distância em todas as modalidades de ensino e como forma de

educação continuada, possuindo assim decretos, resoluções e portarias para amparar toda

esta oferta. (BRASIL, 2005).

O artigo 1º deste Decreto 5.622 de 2005 que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional (9.394/96) caracteriza a EAD como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005).

Bem como estes decretos, muitos autores definem a Educação a Distância e desenvolvem

materiais bibliográficos, a fim de auxiliar novos estudantes e docentes envolvidos neste processo

de ensino – aprendizagem, além de ampliar os estudos nesta modalidade da educação.

De fevereiro a abril de 1998, os Decretos n°2.494 e 2.561 e Portaria n° 301 descreveram

indicações e procedimentos que deveriam ser adotados para que uma instituição programe

esta modalidade de ensino. (MORAN, 2011b).

Já em 2001, o Ministério da Educação liberou que as instituições oferecessem 20% da

carga horária à distância, tendo respaldo pela Portaria 2.253 e dando inicio a Educação a

Distância em instituições de ensino que fossem credenciados pelo MEC (MORAN, 2011b).

Em 2003, o documento com os Referencias de Qualidade da Educação a Distância

foi elaborado e modificado no ano de 2007, na qual subsidia as instituições de ensino nos

métodos de avaliação, estruturas físicas, regulação e supervisão (MORAN, 2011b).

No ano de 2004, a Portaria Ministerial nº4361/04 normatizou as instituições de Ensino

Superior (MORAN, 2011b p.7). Atualmente também pode ser oferecida em mestrado e

doutorado, como descreve o artigo 9º da Lei nº 5622/05 (BRASIL, 2005):

O ato de credenciamento para a oferta de cursos e programas na modalidade a distância destina-se às instituições de ensino, públicas ou privadas.

Parágrafo único. As instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, de comprovada excelência e de relevante produção em pesquisa, poderão solicitar credenciamento institucional, para a oferta de cursos ou programas a distância de:

I - especialização;

II - mestrado;

III - doutorado; e

IV - educação profissional tecnológica de pós-graduação.

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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65v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72

Com isso, percebe-se que esta nova possibilidade de acesso ao conhecimento em modalidade de mestrado e doutorado permite aos acadêmicos, uma maior flexibilidade de tempo e espaço físico, porém sempre com auxílio de um professor tutor, na qual orienta todo este processo Educativo. (MORAN, 2011b)

Segundo Moran (2011a, p. 3):

A educação a distância está modificando todas as formas de ensino e aprendizagem, inclusive as presenciais, que utilizarão cada vez mais metodologias semipresenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos, as mídias, as linguagens e os processos. Outro avanço é a inserção significativa das universidades públicas na EaD, através da Universidade Aberta do Brasil.

Por isso, pensa-se que cada vez mais os sistemas educacionais estão sofrendo modificações e se inovando, pois a partir dos interesses dos alunos em relação aos recursos tecnológicos utilizados por eles, os mesmos se tornam os fundamentais responsáveis pelo aprendizado, autogerindo os horários de estudos e locais de acesso. (PALLOFF; PRATT, 2004)

Para Moran (2011a, p. 59):

Educação a distância não é um fast-food aonde o aluno vai e se serve de algo pronto. Educação a distância é ajudar os participantes a equilibrar as necessidades e habilidades pessoais com a participação em grupos presenciais e virtuais – por meio da qual avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados

Este autor sublinha que, a EAD é uma troca de experiências, sejam elas em encontros presenciais, mas principalmente em grupos virtuais, com a utilização de recursos tecnológicos, na qual os envolvidos tenham contato com os materiais e conteúdos. A EAD não é algo pronto com “fórmulas” ou “receitas” enviadas pelo professor, há necessidade das instituições estarem embasadas em Referenciais de qualidade pré-estabelecidos pelo MEC, bem como o envolvimento de todos os participantes deste processo educativo, cada qual com sua função, tutores a distância, tutores presenciais e alunos. (MORAN, 2011a)

Hoje a EAD tomou uma maior proporção devido o conhecimento estar caminhando

com muita rapidez, a inclusão digital e a busca por ações inovadoras cada vez mais

idealizadas pela sociedade. Além disso, esta modalidade da educação congrega cada vez

mais recursos tecnológicos e logísticos para distribuir os cursos em instituições que ofertam

vagas tanto na graduação quanto na pós-graduação lato sensu, indicando uma evolução

na busca por alternativas aos cursos cem por cento presenciais, que exigiam tempo e

deslocamento constantes do aluno.

Contudo, estes alunos modificarão perfis tradicionais e passarão a serem autônomos,

gestores de seu próprio aprendizado e dominar os recursos tecnológicos existentes, como

descritos abaixo.

3. PERFIL DO APRENDIZ VIRTUAL

Na educação em geral, seja ela presencial ou à distância, uma das maiores dificuldades é levar

o aluno a ser reflexivo, responsável, “interessado, motivado e envolvido no compromisso de

construir seu conhecimento” (ALVES, 2011a).

Camila de Melo Andriotti

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66 Anuário da produção acadêmica docente

Com a evolução das tecnologias, “originadas na década de 60 e consolidadas nos anos

90, corroborou sensivelmente para o crescimento do ensino a distância. (ALVES, 2011b, p.

13), “o surgimento das novas mídias interativas” (MATTAR, 2007, p.83) a ênfase da mudança

de modalidade de ensino presencial para EAD, além de ser aderidos aspectos de qualidade

indicados pelo MEC na estruturação física das instituições, é necessário que o público alvo

destinado a esta modalidade de ensino, que terá os mesmos critérios de ingresso como

vestibulares e entrevistas, tenha características distintas das pré-estabelecidas no modelo de

ensino presencial, a respeito do qual estão acostumados a possuir um local destinado aos

estudos, horário e espaço pré- estabelecidos e um professor transmitindo todo conhecimento,

indicados nos currículos dos cursos.

Para Moran (2011b, p. 8):

O grande desafio da metodologia usada neste modelo de ensino-aprendizagem é encontrar a melhor maneira de apresentar os conteúdos a serem trabalhados, de forma a atender ao princípio da flexibilidade das dimensões espaço e tempo e da diversidade dos aprendizes, para que resulte no aprendizado efetivo do aluno

Neste contexto educacional, acredita-se que seja fundamental esclarecer quem será

este acadêmico ingressante no Ensino a Distância, pois além dos concluintes do ensino

médio, o retorno de muitos trabalhadores buscando uma melhor qualificação e inserção no

mercado de trabalho está levando as pessoas de idades mais avançadas a retomar os estudos,

concluintes de mais de uma graduação e também idosos e portadores de necessidades

especiais. (BELLONI, 2009)

Para a autora Belloni (2009, p.46):

A EAD visa prioritariamente a populações adultas que não têm possibilidade de freqüentar uma instituição de ensino convencional, presencial e que têm pouco tempo disponível para dedicar a seus estudos. A separação física do contexto convencional de sala de aula é em geral considerada apenas em seus aspectos relacionados com a ausência de integração entre professor e aluno e entre os estudantes. Há, porém outros aspectos fundamentais desta separação, como a ausência de contato com o ambiente da escola (acesso a bibliotecas, laboratórios, etc), o deslocamento aos colegas, que modificam radicalmente as condições de estudo.

O aprendiz virtual, este aluno EAD que diferentemente do aluno de cursos presenciais

não precisará se deslocar até a instituição de ensino, pois ”poderá estar em diversos lugares,

sem contar que seu aprendizado será contínuo e permanente, sem limitações de espaços e

horários fixos, gerindo seu próprio conhecimento” (MAIA; MATTAR, 2007).

Os alunos que estudam on-line são adultos, pois essa espécie de aprendizagem, que se dá em qualquer lugar e a qualquer hora , permite-lhes continuar trabalhando em turno integral sem deixar também dar atenção a família. O aluno on-line “típico” é geralmente descrito como alguém que tem mais de 25 anos , está empregado, preocupado com o bem estar social da comunidade, com alguma educação superior em andamento, podendo ser tanto do sexo masculino quanto do feminino (GILBERT, 2001 p.74 apud PALLOFF; PRATT, 2004, p.23)

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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“A educação a distância é uma combinação de tecnologias convencionais e modernas”

(ALVES, 2011a, p. 9) e além da utilização da internet ter uma importância muito grande

para divulgação de produtos, acesso rápido as informações, noticias e fatos do mundo,

pode fazer com que a pessoas realizem cursos profissionalizantes, graduações e até mesmo

pós-graduação em nível de mestrado e doutorado como citado no decorrer deste texto, a

mesma tem uma grande utilização no processo de ensino- aprendizagem, pois o contato

entre professores e alunos irá ultrapassar os limites de locais pré-estabelecidos como em

ensinos presenciais (ALVES, 2011a).

Como retrata Mattar (2007, p.83):

Com a internet, um aluno de qualquer lugar do planeta pode complementar sua aprendizagem, formal e informalmente, por intermédio de disciplinas, conteúdos e cursos à distância. Não é mais preciso estar na mesma cidade, na mesma região, nem no mesmo país da instituição de ensino.

Com esta inclusão digital, além de estar em contato com noticias de entretenimento e

em redes sociais, é possível que a internet tenha a função, se utilizada de forma significativa,

de agregar assuntos relevantes aos conteúdos que serão transmitidos em sala de aula. Pode

ser realizados debates em redes sociais, exercícios online e métodos motivacionais para que

os alunos aprendam determinado assunto, não por obrigação, mas por prazer e interesse,

por meio de recursos que os mesmos

Levando em conta esta maior demanda de pessoas de classe trabalhadora, considera-

se a falta de tempo a ser destinado aos estudos, falta de possibilidade de mobilidade a

instituição e melhor acessibilidade de custo, devem possuir os recursos tecnológicos

necessários para atender os conteúdos e atividades propostas. (BELLONI, 2009)

Estes novos acadêmicos estão buscando economizar no transporte que seria necessário,

tempo de trajeto, ou seja, poder estar na própria casa ou no trabalho estudando, por exemplo.

(ALVES, 2011a).

Com as mudanças do perfil do aprendiz virtual, o mesmo passou a ser agente de

sua própria aprendizagem, modificando seus comportamentos perante o professor e

direcionamento de seus estudos, nas quais pode programar suas horas de comprometimento,

dedicação e flexibilizar os espaços de aprendizagem, em que tempo e espaço não são mais

limites para as ambições de conhecimento do aprendiz virtual. (PALLOFF; PRATT, 2004)

Mesmo com uma clientela de pessoas interessadas em economia de tempo, espaço e

custo-benefício, é de extrema importância que estes novos alunos, tenham características

voltadas para um ensino a distância. Devem modificar as formas de pensamento e atitudes

frente os estudos, sendo necessário que atendam “um mínimo de exigências, ou até excedê-

las, para participar” desta informatização de conhecimento (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 25)

Camila de Melo Andriotti

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68 Anuário da produção acadêmica docente

O perfil do novo acadêmico, em contato com os atualizados recursos tecnológicos, faz

com que além da necessidade de dominá-los, deve aprender a aprender, cada qual em seu

tempo de estudo, área de interesse, sem uma maior cobrança por parte dos professores,

utilizando-os apenas como mediações e para sanar as suas dúvidas quanto ao conteúdo

estudado. (MORAN, 2011b)

Para Palloff e Pratt (2004 p. 25-35)

O perfil do aluno virtual de sucesso. Ele precisa ter acesso a um computador e a um modem ou conexão de alta velocidade e saber utilizá-los; ter a mente aberta e compartilhar detalhes sobre sua vida, seu trabalho e outras experiências educacionais; não se sentir prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou visuais no processo de comunicação; desejar dedicar uma quantidade significativa de seu tempo semanal a seus estudos e não ver o curso como „a maneira mais leve e fácil de obter créditos ou um diploma; ser, ou passar a ser, uma pessoa que pensa criticamente; ser capaz de refletir; e acreditar que a aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento.

O acadêmico ingressante em um curso modalidade EAD deve possuir recursos

tecnológicos, que contenha uma internet de alta velocidade, um espaço individual de estudos

ou ambientes em que possa formar grupos de mais acadêmicos e momentos de dedicação que

ele irá determinar. Será, assim, por meio de ferramentas existentes no modelo de Programa

oferecido pela instituição que deverá participar de seu aprendizado. Esses recursos e

ferramentas podem ser chats, email, videoaulas, entre outros. (PALLOFF; PRATT, 2004)

Uma das características que devem fazer parte do perfil virtual dos acadêmicos é a

autonomia, essa por sua vez, construída ao longo dos anos.

Lima e Silva e Paiva (2010, p.3) relatam que:

A necessidade de formação de alunos autônomos torna-se uma constante, sobretudo na Educação a Distância (EaD), modalidade de educação que vem ganhando significativo espaço notadamente no Brasil e no mundo como modalidade de educação capaz de equacionar o desafio de um aprendizado contínuo, centrado no aprendente, crítico, reflexivo, inovador, flexível fazendo frente às barreiras de tempo e espaço e ajustando-se às necessidades e demandas contemporâneas

Cabe acrescentar, que esta autonomia deve partir das vivências que os alunos possuem,

cada qual em sua realidade, por isso os mesmos devem possuir iniciativas de busca nos

ambientes virtuais de aprendizagem, disponíveis como meio de estudo e buscarem cada um

seu objetivo de aprendizagem.( LIMA; SILVA; PAIVA, 2010)

Tal característica proporciona aos estudantes “que estes avancem no seu aprendizado de

acordo com o grau de maturidade, interesse e conhecimento prévio que detêm sobre determinado

objeto de estudo, garantindo a autogestão do conhecimento”. (ROESLER, 2011, p. 5)

Os requisitos básicos para ser um aluno virtual com excelência são: Ter disposição para

compartilhar fatos de suas vidas, trabalhos e assuntos pertinentes ao conteúdo, em ambientes

de aprendizagem e redes sociais; estudar continuamente dedicando horas conectadas, com

comprometimento e dedicação; possuir automotivação e autodisciplina; responsabilidades

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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69v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72

para manter um contato direto com os envolvidos do processo - professores; trabalhar os

temas propostos com colegas por meio de grupos virtuais e ou encontros presenciais em

seus devidos pólos; serem pessoas questionadoras e críticas; refletir sobre a aprendizagem

e os materiais disponibilizados para estudos e sobre os temas indicados em trabalhos;

autonomia e autogestão do conhecimento. (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 26-33).

Além dos conteúdos disponibilizados impressos ou pelo professor, o aluno virtual

conta com os ambientes virtuais de aprendizagem, na qual utilizam como ferramenta

intermediária para se comunicar, acessar materiais, estar em contato com os professores e

teleaulas e esclarecer as dúvidas existentes (ALVES, 2011b)

Neste ambiente, a qualidade do processo educativo depende de vários fatores, como: o envolvimento do aprendiz; a proposta pedagógica; os materiais veiculados; a estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica; assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente, um processo que envolve uma equipe multidisciplinar (ALVES, 2011b, p. 11)

Na Educação a Distância não existe modelos propostos e fechados como nos ensinos

presenciais, como por exemplo, utilizar apenas o livro didático ou certas atividades impressas.

Qualquer forma de interação que envolva os recursos tecnológicos e transmita o objetivo

proposto pelo conteúdo, será válido, desde que seja bem planejada. Um professor pode utilizar

redes sociais para interagir com seus alunos, podendo criar debates sobre os temas das aulas,

propor grupos de estudos e convalidar as participações dos alunos, desde que sejam feitas de

maneiras significativa e não apenas como forma de interação (LEITE, 2006).

Neste contexto, é importante que seja verificado por parte da instituição sobre o

atendimento oferecido aos alunos virtuais, uma vez que devem receber todo respaldo dos

serviços de uma instituição presencial e “deve-se prestar atenção a outras necessidades e

questões criadas pelo trabalho a distância, tais como sensação de isolamento e problemas

potenciais no acesso aos recursos” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 82)

Atualmente, as instituições utilizam ambientes virtuais de aprendizagem, que é

definido por Alves (2011b, p. 11), como “programas que permitem o armazenamento, a

administração e a disponibilização de conteúdos no formato web”, que proporcionam o

vínculo tecnológico entre professores, alunos e materiais. Esta plataforma de aprendizagem,

tem como “objetivo o envolvimento do próprio curso” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 38),

possui ferramentas como: Fóruns, Chats em tempo real com professores e alunos, Enquetes,

Glossários, Questionários, Tarefas, entre outros (LEITE, 2006, p. 9-18)

Neste ambiente, a qualidade do processo educativo depende de vários fatores, como: o envolvimento do aprendiz; a proposta pedagógica; os materiais veiculados; a estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica; assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente, um processo que envolve uma equipe multidisciplinar (ALVES, 2011b, p. 10)

Camila de Melo Andriotti

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70 Anuário da produção acadêmica docente

Estes recursos possibilitam diálogos e compartilhamentos de informações, experiências

e saberes entre alunos/as, professores/as, tutores/as, viabilizando a integração, interação,

intercâmbio de idéias e informações e interatividade em cursos on-line. (LIMA; PAIVA;

SILVA, 2010 apud PUNILHO FILHO, 2007).

O sistema computacional em um curso on-line é o site do curso, no qual todos instrutores e alunos se encontram de maneira regular para levar o curso a diante.È provável que seja um site hospedado no servidor de uma universidade e acessado das casas dos alunos, de laboratórios no campus ou terminais públicos.A tecnologia serve como um veículo pelo qual o curso é conduzido (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 39)

Com a utilização destas tecnologias, é de grande valia que, tendo suporte desta plataforma

com as ferramentas necessárias para os alunos, os Tutores, mediadores virtuais, além de

disponibilizar todo o conteúdo aos alunos, não deixem que eles alunos se sintam “parcialmente

respondidos ou não-respondidos. É preciso atenção para evitar retrabalho e a insatisfação que

pode prejudicar as relações no âmbito da turma” (AZEVEDO; SATLHER, 2008, p.12)

Contudo, nota-se que os estudantes estão optando cada vez mais pela Educação a

Distância, porém há necessidade das instituições de ensino oferecer uma infraestrutura

e apoio pedagógico suficiente para que o aluno atinja os objetivos dos cursos, com uma

mediação de tutores, recursos tecnológicos, transmissões de tele aulas e equipamentos

altamente qualificados. Além disso, o aluno deve ter em mente características fundamentais

para que o ensino a distância não seja algo “fácil” e “pronto”, como descrito no decorrer

do texto, usufruindo de todas as oportunidades oferecidas, participando das formas de

interação, como nos ambientes virtuais, por exemplo, tendo responsabilidade, horários de

estudos e recursos tecnológicos capazes de oportunizar todo esse estudo.

Este envolvimento dos estudantes não garantirá cem por cento de aproveitamento dos

cursos, pois cada pessoa possui maneiras particulares e ritmos de aprender determinados

assuntos, mas uma boa parte de toda proposta desta modalidade de ensino, tornando o

aluno autônomo e gestor de seu conhecimento.

As características indicadas são apenas pré requisitos para estes alunos já estarem

conectados com a modalidade EAD, porém acredita-se que no decorrer dos textos as pessoas

serão cada vez mais autônomas, independentes e flexíveis como o objetivo deste ensino.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EAD esta tomando conta de todos os níveis de ensino, afinal neste mundo globalizado em

que o tempo é algo precioso e as tecnologias estão tomando conta até das relações sociais, as

pessoas devem se aperfeiçoar cada vez mais para o mundo profissional.

A tendência será cada vez mais as pessoas buscarem o conhecimento através de

tecnologias e as instituições de ensino deverão oferecer respaldo quanto à flexibilização

de currículo, horário, infraestrutura, recursos tecnológicos condizentes com a demanda e

possibilitando que os alunos sejam autônomos.

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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Assim como o ensino presencial, o ensino a distância deve-se oferecer qualidade nos

materiais educacionais, na equipe de docentes e infraestrutura adequada para atender toda

demanda de alunos.

Em contra partida não depende apenas da instituição de ensino, para que esta

qualidade suceda, pois o aluno deve ter em mente quais características e posturas ele deve

possuir para estudar e manter os canais de comunicação diretamente com os professores

responsáveis pela mediação.

Há necessidade de refletir também sobre a garantia de sucesso em meio tantas

exigências quanto a estes alunos, pois será que se todos os estudantes seguirem tais itens

citadas no decorrer do texto irão obter sucesso em sua carreira acadêmica? Cada estudante

possui suas próprias características, suas maneiras de aprender e lidar com o aprendizado

e desempenho nos estudos.

Percebe-se que o perfil indicado no texto para que um aluno virtual tenha à distância,

mas são critérios necessários para um bom desenvolvimento.Devem–se ter responsabilidade

quanto ao estudo e a junção de todos estes aspectos trará o sucesso de ambos, tanto aluno

como instituição.

Dentre as várias leituras realizadas como estudo para concluir este artigo e percebendo

as modificações existentes neste mundo globalizado, percebo que cada vez mais a EAD irá

crescer e o corpo acadêmico também.

REFERÊNCIAS

ALVES, C.M.T. Aula 1 – Fundamentos Pedagógicos em Educação a Distância. Propostas Metodológicas e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.

ALVES, C.M.T. Aula 2 – Fundamentos da Comunicação e Interação. Propostas Metodológicas e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011b.

AZEVEDO, A. B. SATLHER, L. Orientação Didática Pedagógica em cursos a Distância. Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo: Ed. Metodista, 2008.

BELLONI, M. L. Educação a Distância. Campinas – SP: Editora Autores Associados, 2009

BRASIL. Decreto lei n°5622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br. Acesso em: 05 out. 2011.

BRASIL, SEED/MEC: Referenciais de Qualidade de EAD de Cursos de Graduação a

Distância, 2007. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ReferenciaisdeEAD.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2012

LEITE, M.T. M. O ambiente virtual de aprendizagem Moodle na prática docente: conteúdos pedagógicos. Disponível em: http://www.virtual.unifesp.br/cursos/oficinamoodle/textomoodlevvirtual.pdf Acesso em: 07 fev. 2012

LIMA, J.M.; SILVA, C.V.A.P.; PAIVA, C.M. Autonomia em Educação a Distância: Relato a partir

Camila de Melo Andriotti

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72 Anuário da produção acadêmica docente

da prática de tutoria na disciplina Fundamentos Psicológicos da Educação em dois Cursos de Licenciatura da UFBP Virtual. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/352010000839.pdf> João Pessoa – Paraíba, 2010. Acesso em: 7 fev. 2012.

LIMA, M. G. S. Educação a Distância: Conceituação e Historicidade. Revista Trilhas, BELÉM/PA, v. 4, p. 61-76, 2003.

MATTAR, J. MAIA, C. ABC da EAD – A educação a Distância Hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

MORAN, J.M. Aula 1 – Fundamentos da Educação a Distância. Fundamentos, políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.

MORAN, J.M. Aula 2 – Diretrizes da Educação a Distância: modelos educacionais. Fundamentos, políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011b.

MORAN, J.M. Aula 3 – Política e Legislação em EAD. Fundamentos, políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011c.

MORAN, J.M. Ensino e Aprendizagem Inovadores com Tecnologias Audiovisuais e Telemáticas. In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T; BEHRENS, M.A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 17ºed. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 11-65.

PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.

ROESLER, J. Aula 2 – A gestão na Educação a Distância. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2011.

SIQUEIRA, S.H. Os Recursos Televisivos usados pelo Telecurso 2000 para abordagem do gênero discursivo relatório. 2006. 61f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós Graduação em Lingüística Aplicada. Universidade de Taubaté. 2006.

Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

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RESUMO: Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das interações entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Mudanças intensas nos recursos de informação e comunicação provocam profundas transformações na sociedade, afetando as Instituições de Ensino Superiores (IES). Ao quantificar as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível conhecer melhor o perfil atual destas interações e permitir a todos OS envolvidos traçar um curso de ação no sentido de confirmá-las ou mesmo modificá-las, nos períodos quê se seguiram. Para fins de estudo, foram considerados todas as interações ocorridas no ano de 2011, entre professores tutores e alunos do curso de administração EaD. Os resultados obtidos demonstram que as interações experimentaram um crescimento substancial, porém ainda fora do padrão idealizado que é o total de alunos alocados na tutoria interagindo com o professor-tutor. Algumas ações de incremento desta interação já estão em implantação o que enseja um novo estudo ao longo do corrente ano.

ABSTRACT: The aim of this study was to construct a comparative and evolutionary interactions between student-professor of Distance Education Administration in academic year 2011. By quantifying the messages received by these students and their contents, you can better understand the current profile of theses interactions and allow all chart a course of action to confirm current actions or even change them during the periods that follow, intense changes in information resources and communication cause profound changes in society, affecting the Higher Education Institutions (HEI). For purposes of study, we considered all interactions and tutors students of Distance Learning Administration. The results show that the interactions experienced substantial growth, but still outside the idealized pattern which is the total number of students allocated to mentoring interacting with the teacher-tutor. Some actions of growth of this interaction are already in development which entails a new study throughout the yea.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAA interação aluno-professor tutor através do ambiente virtual de aprendizagem-moodle no ano de 2011

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82

José Carlos Kammer – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Educação à distância (EaD), Tutoria, Interação professor-aluno, Ava-Moodle.

KEYWORDS: Distance Education (DE), tutoring, teacher-student interaction, Ava-Moodle.

Artigo OriginalRecebido em: 26/02/2012Avaliado em: 30/07/2012Publicado em: 17/04/2014

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74 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

Pode-se definir a modalidade de educação a distância (EaD) tendo como característica

principal uma separação temporal e espacial entre professores e alunos. Considera-se, para

efeito de classificação quanto a evolução em três gerações.

Em termos de primeira geração, o ensino por correspondência, utilizando apenas

material impresso no início do século XIX, pioneiro no Brasil. Alguns exemplos podem ser

citados como Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro. Os meios de comunicação

(rádio e televisão) foram os recursos utilizados na segunda geração, assim como aulas

expositivas e todo material impresso pertinente, como exemplo no Brasil, o Projeto Minerva.

Quando se pensa em internet, em interatividade e modernos meios de comunicação

referem-se à terceira geração. Hoje, utilizam-se chats, correio eletrônico e principalmente

plataformas de ambientes virtuais de aprendizagem. Estes por sua vez permitem uma

comunicação instantânea e bidirecional entre professores tutores e alunos.

Pelas facilidades que as mídias digitais proporcionam como a disponibilidade de

estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, é cada vez mais transparente que a Educação

a Distância torna-se um importante instrumento para aprender ao longo da vida, para a

formação continuada e aceleração profissional, operando como excelente ferramenta para

quem precisa conciliar estudo e trabalho.

A evolução dos cursos EaD no Brasil já transcendeu barreiras e tem ajudado crianças

do Hospital Sarina Rolim. Segundo site aprendervirtual.com, através do Grupo de Pesquisas

e Assistência ao Câncer Infantil, pode-se amenizar o problema de ter suas atividades diárias

interrompidas por meio do Projeto de EaD desenvolvido pela Universidade de Sorocaba

(Uniso). Estas crianças têm acesso a conteúdos multidisciplinares, criados em ambientes

virtuais pelo setor de e-learning da universidade.

Este projeto dá às crianças contato desde cedo com ambientes educacionais inovadores

e permite relacionarem-se com os professores, mantém o contato como universo exterior e

facilita a retomada das atividades normais quando término dos tratamentos.

Segundo Sampaio & Leite (1999, p. 25)

a tecnologia educacional, aqui referida como recurso de ensino, merece estar presente no cotidiano escolar porque está presente no mundo e também para diversificar as várias maneiras de produzir e apropriar-se do conhecimento, estudá-la como objeto e como meio de chegar ao conhecimento, possibilitar aos alunos, por meio de sua utilização, familiarizar-se com a gama de tecnologias existentes e dinamizar o trabalho docente.

Uma modalidade de educação desenvolvida que carece da presença física do aluno e

do professor em sala de aula. Assim podem apresentar de forma simplista e incompleta a

Educação a Distância, ao menos nos cursos EaD da Anhanguera-Uniderp.

Esta modalidade por muitos considerada nova na educação, para algumas instituições

de ensino superior (IES) já estão em pleno funcionamento desde muito tempo no mundo.

A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

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75v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82

Devido a ascensão do Ensino a distância, muitos professores estão recorrendo aos

cursos que auxiliem a trabalhar com este novo método. Os professores estão aprendendo a

ensinar, utilizando novas ferramentas tecnológicas, novas didáticas de ensino que podem

auxiliar suas aulas e facilitar a interação com a realidade dos alunos.

A formação inicial de professores tem, pois, que prepará-los par a inovação tecnologia e suas conseqüências pedagógicas e também para a formação continuada, numa perspectiva de formação ao longo da vida (BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. p. 85.)

As ferramentas tecnológicas utilizadas nessa modalidade valem ser destacadas, pois

permitem com rapidez e eficácia a comunicação, o acesso aos materiais de aulas e também

aos canais de interação com o professor.

A maioria das tecnologias é utilizada como auxiliar no processo educativo. Não são nem o objeto, nem a sua substância, nem a sua finalidade. Elas estão presentes em todos os momentos do processo pedagógico, desde o planejamento das disciplinas, a elaboração da proposta curricular até a certificação dos alunos que concluíram o curso. A presença de uma determinada tecnologia pode induzir profundas mudanças na maneira de organizar o ensino (KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias, o novo ritmo da informação, p 44).

Entendida como processo educativo que possui características diversas da educação

presencial, o tutor experimenta um novo papel neste processo. Papel este que se configura

como educador-orientador , mais adequado às exigências desta nova modalidade.

Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante, tornando real o conceito de educação permanente. (MORAN, 2009, p.66)

Já o Ministério da Educação (MEC), tradicionalmente o órgão, “vê com bons olhos”

a capacitação dos docentes, pois trabalha com a indução de que toda instituição tenha

prevista a capacitação permanente de sua equipe multidisciplinar, professores, tutores e

corpo técnico e administrativo.

Destacam-se alguns pontos positivos desse método de ensino: quebras de paradigmas

dos alunos, professores e da sociedade em geral; a democratização do ensino; o acesso ao

conhecimento diminuindo barreiras geográficas; o custo-benefício por ser mais acessível,

flexibilizando o local e o horário das aulas; aluno ser o agente ativo na construção de

seu próprio conhecimento, o professor utilizar de diferentes estratégias pedagógicas e o

desenvolvimento do próprio aluno, tornando-se mais pró-ativo, interessado, dedicado,

focado e solucionador de problemas.

Para a Educação a distância: muito mais do que no ensino convencional, onde a inter subjetividade pessoal entre professores e alunos e entre os estudantes promove permanentemente a motivação, na EAD o sucesso do alunos depende em grande parte da motivação do estudante e de suas condições de estudo (BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. p. 30).

José Carlos Kammer

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76 Anuário da produção acadêmica docente

João Roberto Moreira (ABED,2008) diretor da ABED (Associação Brasileira de

Educação a Distância), também defende que as universidades devam preparar seus

docentes para o método. “O conhecimento hoje é um bem de domínio público e os alunos se

antecipam, exigindo que os professores se preparem mais. Um dos primeiros passos para a

EaD é oferecer mecanismos modernos, como computadores com conexão em banda larga e

processos de educação permanente aos professores”, afirma ele.

Para a Professora Dra Adriana B. de Azevedo(ABED,2008), no ensino presencial

clássico e tradicional, a figura do professor presencial é de exclusiva importância. Já para a

EaD, a questão é mais complexa e abrangente, pois importante é a aproximação entre todos

os profissionais envolvidos, tais como tutores, assessores pedagógicos e técnicos, além

da função planejamento, produção e coordenação deste processo. Todos estes elementos

devem estar integrados em sintonia.

Joberto Martins (2010), adjunto de reitor para educação a distância da Unifacs

(Universidade de Salvador) afirma em entrevista a Revista Aprender virtual que a estrutura

do curso é bastante complexa e necessita de um bom planejamento:

O projeto deve ser articulado, pois envolve professores, educadores responsáveis pelo conteúdo, coordenadores, tutores locais e virtuais, além de sistemas, ferramentas de web, ambientes de aprendizagem, pólos, logística, produção e distribuição das mídias (material impresso e eletrônico).

A partir do início dos anos 1990, os recursos associados à multimídia passaram a ser

integrados à rede (internet), sendo considerada uma das mais inovadoras ferramentas de

comunicação e informação, um canal privilegiado para troca de idéias e experiências. Como

tal, define-se a necessidade de explorar as possibilidades de sua utilização como ferramenta

educacional. Como a internet foi criada em plena Guerra Fria, nos anos 1960, para uso

militar, na educação inicialmente tornara possível a comunicação entre pesquisadores de

universidades americanas. Através das ferramentas de busca, a procura por informações

em bancos de dados, ou por meio de assuntos ou por meio de palavras chaves, tornou-se a

primeira forma de utilização de internet para fins de educação.

Segundo o site www.aprendervirtual.com, a interação via transmissão de imagens para

educação a distância ganha nova força com o Vídeo Webcast, plataforma e-learning completa

que reúne vídeo, chat, avaliações on-line, módulo de informações e banco de dados. A TV

digital pode transmitir ao vivo a um custo bem menor que sinais de satélite. Os alunos

podem interagir em tempo real por chat e avaliações on-line. As aulas gravadas podem ser

acessadas pelos alunos a posteriori. Existe ainda a facilidade de o professor oferecer feedback

instantâneo dos grupos de alunos, além do controle da participação de cada um.

Para a Anhanguera-Uniderp, isto já não é novidade desde 2009, pois toda a metodologia

de ensino está baseada numa plataforma e-learning que evolui constantemente, adaptada

às específicas e reais necessidades dos alunos dos cursos de graduação à distância. Todas

A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

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estas possibilidades estão disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) –

Moodle, acrescido da geração de relatórios gerenciais sofisticados que permitem a gestão de

aproximadamente 100.000 alunos matriculados nos cursos EaD em todo o país. Associada a esta

ferramenta, utiliza-se o Google Apps for Business com importantes ferramentas para a educação.

Para Nancy Gorgulho Chaves Braga (COFECON, 2006), existe certa confusão entre

informação e conhecimento. Esta discussão é relevante ao considerar que os alunos,

às vezes não aceitam facilmente a inovação na forma de ensinar e de aprender. Estão

acostumados a receber tudo pronto do docente, esperando deste que continue trabalhando

da mesma maneira de sempre, como sinônimo de que o docente fala e os alunos escutam.

Mas, alguns docentes também criticam as inovações tecnológicas utilizadas na educação,

consideram uma forma de não dar aula, de fingir que se ensina. Existe ainda a possibilidade

de dispersão, pois muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação

e de informação, deixando-se arrastar por áreas de interesse pessoal.

Para Leite (2004, p. 3), o domínio do professor deve se concentrar no campo crítico e

pedagógico, decidindo-se pela opção de integrar ou não a tecnologia em seu currículo, de

acordo com os objetivos, e ainda escolher o momento apropriado para fazê-lo, evitando

assim, a imposição tecnológica. Assim, o professor não pode perder a dimensão pedagógica.

Ressalta Sampaio & Leite (apud Leite,2003, p. 14) que os recursos de ensino servem

como instrumento para os profissionais e pesquisadores realizarem seus trabalhos na

interpretação e construção do conhecimento. A simples presença do recurso de ensino na

sala não garantirá a qualidade e, muito menos, o dinamismo à prática docente. Porém, a sua

existência poderá fornecer ao docente subsídio para que este, ao utilizar o recurso de ensino,

ofereça possibilidades para que os alunos ampliem sua leitura de mundo e sua ação crítica

com base nas informações que o recurso venha a oferecer.

2. A INTERAÇÃO ALUNO-PROFESSOR

Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das interações

entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Ao quantificar

as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível conhecer melhor o

perfil atual destas interações, o que permitirá aos gestores traçarem um curso de ação no

sentido de confirmar atuais ações ou mesmo modificá-las nos períodos que seguirão.

Conhecer o padrão da interação do aluno – professor ao longo do período em estudo ,

delimitado no segundo semestre de 2011, permitiu construir um quadro da realidade deste

relacionamento, trazendo informações importantes do comportamento do aluno EaD e

suas necessidades, na busca pela qualidade do processo ensino-aprendizagem. Este estudo

preliminar, aponta para dados significativos das interações que ocorrem, oferecendo uma

radiografia desta realidade. Como o planejamento é uma ferramenta importante para

José Carlos Kammer

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78 Anuário da produção acadêmica docente

intervenção na realidade, qualquer que ela seja, diagnosticar estas interações a fim de

conhecer seu caráter pode ser importante na busca de um modelo idealizado de interação.

3. METODOLOGIA

O período foco deste estudo compreendeu os meses de fevereiro a dezembro de 2011. O número total de alunos alocados no 1º semestre foi de 370 e no 2º. Semestre foi de 400. Todos estes são alunos do sexto semestre do curso de Administração EaD da Anhanguera-Uniderp, de diferentes pólos próprios da instituição em todo o Brasil. Cursaram dois módulos por semestre, seqüencialmente em cada bimestre. Cada módulo possui três avaliações, a saber: prova com valor até 7,0, desafios de aprendizagem laboratório e questionário com valor de 1,5 para cada atividade.

Importante ressaltar que estes alunos tiveram contato recente (ano de 2010) com o ambiente virtual de aprendizagem Moodle e muitos deles conhecem pouco das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

Todos os dados aqui citados foram obtidos diretamente do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle (AVA-Moodle).

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS:

Os primeiros dados coletados se referem ao número de alunos que fizerem contato com

a tutoria ao longo do período foco deste estudo. Entretanto, foi considerado significativo

qualquer aluno que tenha enviado pelo menos uma mensagem à tutoria, sem considerar o

conteúdo da mensagem. A seguir, apresenta-se o Quadro 1 com o total de alunos alocados

em cada semestre de 2011 e o número de alunos que interagiram com a tutoria neste período,

com seus respectivos percentuais.

Quadro 1 – Número de alunos que enviaram mensagens no ano de 2011.

Número de alunos que enviaram mensagem no ano de 20111º sem 2011 2º. Sem 2011

150 de um total de 370 alunos (41%) 300 de um total de 490 alunos (61%)

Pode-se perceber através dos gráficos 1 e 2, que o percentual dos alunos que não

contataram (59%) é superior aos que fizeram contato. Isto facilmente se explica pelas

diversas mudanças ocorridas ao longo do semestre, que amadurecidas no segundo semestre,

mostraram resultados mais satisfatórios, porém não ideais.

A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

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Gráfico 1 – Percentuais de alunos que interagiram no primeiro semestre 2011.

Fonte: Adaptada pelo autor

Gráfico 2 – Percentuais de alunos que interagiram no segundo semestre de 2011.

Fonte: Adaptada pelo autor

A seguir, foram coletados dados referentes aos períodos do dia em que os alunos

interagiram com o professor. Foram agrupados pelo período matutino, vespertino e noturno.

Considerou-se para isto o horário que o sistema de mensagens do AVA-Moodle apresenta a

data e a hora junto a mensagem recebida, a seguir apresentados no Quadro 2:

Quadro 2 – Período em que os alunos enviaram mensagem em porcentagem.

Período em que os alunos enviam mensagem (em %)Manhã 20%Tarde 35%Noite 45%

Considerando as aproximações dos dados e seus arredondamentos, percebe-se que os

alunos procuram interagir com a tutoria no período da tarde (35%) e principalmente à noite

(45%) conforme Gráfico 3 apresentado a seguir. Estes resultados podem fornecer um mapa

das atividades dos alunos ao longo do dia. Considerando-se que a grande maioria trabalha

durante o dia, na parte da manhã encarregam-se das atividades no trabalho. Após almoço,

acessam o ambiente virtual para levar as questões suscitadas nas atividades acadêmicas,

enviar e receber e-mails dos colegas, entre outros.

Sabe-se que estes alunos podem encontrar computadores com acesso à internet no

trabalho, na Instituição de Ensino e em muitos casos, na própria residência. Isto explica o

grande número de alunos que interagem com a tutoria à noite, possivelmente da própria

José Carlos Kammer

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80 Anuário da produção acadêmica docente

residência ou dos laboratórios do pólo onde freqüenta as aulas presenciais.

Pode-se perceber que durante o fim de semana, não existe um padrão de interação

consistente e importante para a pesquisa, por isso não discutido aqui.

Gráfico 3 – Período em que ocorre a interação nos dias úteis

Fonte: Adaptada pelo autor

Por último, foram analisados os conteúdos das mensagens recebidas e classificadas

pelo grau de importância do ponto de vista da tutoria.

Quadro 3 – Classificação do conteúdo das mensagens recebidas dos alunos

60% Dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala de aula63% Solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa22% Solicitar esclarecimentos quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota15% Buscar ajuda para problemas no AVA Moodle8% Saber datas de postagem das atividades e início das aulas

13% Reclamações em geral10% Outros conteúdos não classificados

Com relação ao quadro 3, pode-se observar que o somatório dos percentuais de cada

tipo de mensagem dos alunos não totaliza 100%, pois em uma única mensagem podem

surgir tipos diferentes de mensagens.

Como se pode observar não se apresenta um padrão único de interação com relação

aos conteúdos das mensagens. Isto se explica facilmente por ser a tutoria algo novo na vida

acadêmica do aluno e muitos ainda estão bastante confusos com relação às atribuições e

funções desta. Porém, não só os alunos experimentam esta novidade na escola, mas também

os professores lidam com uma nova realidade pedagógica e experimentam novas formas de

relacionamento com seus alunos. Assim como o ambiente virtual de aprendizagem Moodle

e os conteúdos e tarefas dos módulos estão sendo atualizados permanentemente pelas IES,

a tutoria também se inclui neste processo.

A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez que a motivação deste estudo esteve focado na descoberta do perfil da interação

do aluno EaD com o seu professor tutor a distância, pode-se perceber que estes alunos não

apresentam um comportamento homogêneo e as interações se dão pela necessidade maior

de (63%) solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa saber datas de postagem das

atividades (60%) dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala

de aula solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa (22%) solicitar esclarecimentos

quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota (15%) buscar ajuda para problemas no

AVA moodle (13%) reclamações em geral e em menor percentual, outros contatos.

Pode-se considerar também que, uma vez que as interações ocorrem em maior

percentual no período da tarde e noite (35% e 45% respectivamente) e em muito menor

percentual no período da manhã (20%) , verificou-se adequada a decisão da instituição em

alterar, desde o 2º. Segundo Semestre do ano passado (2011), os horários de tutoria para o

período vespertino. Como se estipulou um período máximo de respostada mensagem ao

aluno em até 24 horas do recebimento, permitiu-se assim respostas quase que imediatas às

questões formuladas por estes.

Ao comparar estes resultados com os dados obtidos empiricamente no primeiro

semestre de 2011, constata-se um aumento significativo de interações comparativamente

à este período (de 41% para 61%). Credita-se este aumento a consolidação do trabalho

da tutoria junto aos alunos, haja vista terem sido estes alunos foco de uma campanha de

conscientização ocorrida no período de janeiro a junho de 2011, buscando motivá-los a

interação, através de mensagens semanais, solicitação de inclusão de foto do aluno, bem

como todas as mensagens dos alunos enviadas por e-mail foram respondidas pelo AVA

Moodle, sendo notificados via e-mail deste procedimento.

Este estudo exploratório pode ser ainda embrionário e relativamente significativo das

interações que ocorrem. Recomenda-se um aprofundamento desta pesquisa, ampliando

seu escopo da população alvo, podendo ser importante insumo para o planejamento

das atividades de tutoria dos cursos a distância para o anos seguintes. Uma vez que o

planejamento se propõe a intervenção de forma adequada no modelo existente, na busca de

um modelo idealizado de interação, conhecer profundamente esta realidade pode ser muito

interessante.

REFERÊNCIAS

ABED-Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância. Disponível em <http://www.abed.org.br/revistacientifica/_brazilian/. Acesso em 10junho 2010.

BELLONI, Maria Luiza. Educação à distância. 5 ed. Editora Associadops.Campinas: Reimpressão,

José Carlos Kammer

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82 Anuário da produção acadêmica docente

2009.

COFECON. Tecnologia, Informática e Comunicação: Dilúvio de Conhecimento ou Dilúvio de Informação?. Disponível em http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=416&Itemid=99. Acesso em 10jan. 2012.

GODOY, Anterita Cristina de Souza. Didática: procedimentos e recursos de ensino. -Campinas,SP: Editora Alínea,2008.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias, o novo ritmo da informação. São Paulo: Papirus, 2007).

LEITE, Lígia Silva. (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. Colaboração de Cláudia Lopes Pocho, Márcia de Medeiros Aguiar, Marisa Narcizo Sampaio. 2. Ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2003

MARTINS, Joberto. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância - Aprender virtual – @aprender – O portal do Ensino Superior. EAD faz professores buscarem nova formação. Disponível em: <http:www.aprendervirtual.com; Maio-junho 2010.Acesso em 28jan. 2012.

Ministério da Educação. Secretaria de Educação à distância. Referenciais de Qualidade para Educação Superior à Distância. Brasília, DF: Editora Artmed, 2007.

MORAN, José Manuel; Masseto, Marcos T; Behrens, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas,15ª EDIÇÃO,SP: Papirus,2009.

SAMPAIO, Marisa Narcizo & LEITE, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. 2ª

ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

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RESUMO: Este artigo foi construído em três momentos. O primeiro momento traz um pouco da linha histórica do Professor Educador Paulo Freire: o educador que marcou sua época com suas ideologias libertadoras presentes em seus métodos educacionais inovadores. O segundo momento visa propiciar a discussão sobre as abordagens metodológicas utilizadas em cursos a distância e por último a reflexão sobre a qualidade de profissionais formados em curso de EaD

ABSTRACT: This article was constructed in three stages. The first moment brings a bit of storyline Teacher Educator Paulo Freire: the educator that marked his time with his ideologies present in liberating their innovative educational methods. The second phase aims to provide a discussion of the methodological approaches used in distance learning courses and last reflection on the quality of graduates in distance education course and if they are able to meet the current needs of the professional market in globalized times. Literature search was used to having as a backdrop the relationship between distance education and the ideas of Paulo Freire.

PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.83-93

Edina Domingues – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia Educacional; Educação Libertadora; Educação Democrática

KEYWORDS: Educational Technology; Liberating Education; Democratic Education

Artigo OriginalRecebido em: 24/02/2012Avaliado em: 25/07/2012Publicado em: 17/04/2014

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Paulo Freire e a Educação a Distância

1. O PROFESSOR PAULO FREIRE

Em 19 de setembro de 1921, nascia Paulo Reglus Neves Freire, na estrada do encanamento

nº 724,em Recife no Estado de Pernambuco. Filho de Joaquim Temistocles Freire, capitão

da Policia Militar de Pernambuco e da bordadeira Senhora Edeltrudes Neves Freire que

tiveram além de Paulo, mais três filhos: Stela, professora primária do Estado, Armando que

foi funcionário da prefeitura da cidade de Recife e Temistocles que entrou para o exército.

Em 1934, faleceu o pai de Freire, em decorrência a família passa por muitas privações

e os irmãos largam os estudos para trabalhar e ajudar nas despesas da casa e também para

que Paulo Freire continuasse seus estudos. Em Jaboatão, Freire conclui o curso primário e

iniciou o ensino ginasial no Colégio 14 de Julho, no Bairro de São José, mas sem recursos

econômicos, Freire, larga seus estudos logo na primeira série. Mas sua mãe a Senhora

Edeltrudes, sai em busca de apoio para que seu filho pudesse dar continuidade aos estudos,

quando encontra no Professor Aluizo Pessoa de Araujo, do colégio de Oswaldo Cruz, o

apoio para que seu filho estudasse gratuitamente e conseguisse concluir seus estudos no

curso secundário. Rosas (1987apud FREIRE, 1996).

Paulo iniciou sua carreira em 1941, como professor de Português pelo Colégio Oswaldo

Cruz em Recife e em 1943 ingressou pela Faculdade de Direito de Recife e em 1944 casou-

se com professora primária Elza Maria da Costa de Oliveira com quem teve 5 filhos: Maria

Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.

Nas décadas de 50 a 60, Paulo Freire participou do “Serviço de Extensão Cultural”

pela Universidade Federal de Pernambuco. Do período de 1947 a 1957, Freire trabalhou

pelo SESI com famílias operarias nos Círculos de Pais e Professores, denominado por ele

de “Educação Social” e em 1959, conclui sua tese de docência para a Cadeira de História e

Filosofia da Educação pela Escola de Belas Artes de Pernambuco.

Em 1962, no Rio Grande do Norte, Freire participou da Campanha: “Pé no chão também

se aprende a ler” sobre a liderança de Moacir de Góis em Recife, Pernambuco. Participou nesta

mesma época do projeto MCP – Movimento Cultural Popular- que promoviam ações nas praças

como espaço de cultura cujo objetivo era o de reciclar culturalmente a população mais carente.

Obteve êxito com o projeto de alfabetização que ocorreu no Rio Grande do Norte, em

1963, quando ensinou 300 alunos a escrever e a ler em apenas 45 dias através do método

inovador de alfabetização que unia a teoria e prática através das metodologias de ensino:

codificação, palavras geradoras, cartazes com as famílias fonética, quadros ou ficha de

descobertas e material complementar.

Segundo Bello (1993) na pedagogia de Paulo Freire há a junção de profissionais e

elementos da comunidade que preparam o material de acordo com a realidade a quem se

destina a alfabetização fundamentada nos seguintes pressupostos:

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• Pensamento-linguagem a partir da realidade concreta;

• Elaboração da codificação especifica para cada comunidade;

• Escolha da palavra geradora a partir da realidade da comunidade

Em 1964,Paulo Freire, foi perseguido pelo Regime Militar sobre a alegação de ser

subversiva, propagador da desordem e do comunismo. Foi preso em 31 de março de 1964,

ficou 72 dias e foi exilado para o Chile, onde trabalhou por cinco anos pelo Instituto Chileno

para a Reforma Agrária -ICIRA e em 1968 escreveu o livro: Pedagogia do Oprimido,uma

das suas obras mais importantes.

No período que esteve fora do Brasil, em 1963, teve oportunidade de ministrar aulas nos

Estados Unidos da América, pela Universidade de Harvard. Em 1970 foi convidado para participar

como consultor do conselho mundial das igrejas –CMI- Genebra na Suíça e um ano mais tarde,foi

consultor Educacional dos governos dos países africanos: Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e

Príncipe e influenciando também no processo de alfabetização de Angola e Moçambique.

Em 1980, com a anistia política, Freire após 16 anos de exílio, retornou para ao Brasil e

escreveu a obra Pedagogia da Esperança (1992) e a Sombra desta Mangueira (1995).

Em 1986, morre sua primeira esposa e em 1988, casa-se com Ana Maria Araújo Freire.

Filha do Diretor do Colégio Oswaldo Cruz, onde Freire foi aluno e professor de Português.

Ana foi também sua orientanda do programa de mestrado pela PUC-SP.

Ministrou aulas pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAM,e pela Pontifícia

Católica de São Paulo, PUC. De 1989 a 1991, foi Secretario da Educação pela Prefeitura da

cidade de São Paulo, pela gestão da Luiza Erundina.

No dia 2 de maio de 1997, Paulo Freire, morre de enfarto em São Paulo, às 6h35, no

Hospital Albert Einstein, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.

Em 1991, foi fundado o Instituto Paulo Freire para propagação de seis idéias e de suas

obras. Freire foi reconhecido mundialmente e recebeu o título de Doutor Honoris Causa por

27 universidades, recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e

Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).

2. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EAD

A história da Educação à distância no Brasil, não é recente. Existe há pelo menos 80 anos e

inicia-se ao longo da história com o surgimento do serviço de rádio-difusão do Ministério

da Educação como objetivo de promover a alfabetização, passando para a utilização dos

materiais sendo enviados aos alunos do Instituto Universal Brasileiro via correio e mais

tarde sendo veiculado através das câmeras de televisão do tele-curso 1º e 2º graus da

fundação Roberto Marinho.

Edina Domingues

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86 Anuário da produção acadêmica docente

Paulo Freire e a Educação a Distância

Com o movimento da expansão da rede de alcance mundial , WWW - Word Wide

Web- , o computador passa a fazer parte como ferramenta utilizada na modalidade de ensino

a distância. Em 1995, a Universidade Federal do Mato Grosso foi a primeira a oferecer curso

de Pedagogia de 1ª a 4ª série em caráter experimental para professores da Rede Municipal e

Estadual de Ensino. (MORAN, 2002)

Com a LDB – Lei de diretrizes e Bases da Educação- em 1996, os cursos de modalidade

a distância passaram a ser incentivados segundo o Art. 8º: O Poder Público incentivará o

desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e

modalidades de ensino, e de educação continuada( BRASIL, 1996)

Com a melhora do poder de aquisição econômica das classes C e D no Brasil, mais

alunos conseguiram avançar seus estudos em nível de graduação e muitos destes optaram

por esta modalidade de estudos pela flexibilidade de horários o que facilita a conciliação

dos estudos entre trabalho e ou família. A EaD rompe barreiras geograficamente distantes

o que favorece a democratização do conhecimento, um bem cultural e de direito do cidadão.

Na visão de Freire a tecnologia não era a solução para a Educação, pois não pode

mudar sozinha, mas muita coisa ela pode fazer (ALMEIDA, 2001). A Educação a distância

está inserida na sociedade da informação. Atualmente as pessoas têm mais possibilidade

de ingresso as Universidades, até o século passado, os cursos superiores eram restritos ao

público elitizado. Filhos dos das classes A e B, tinham acesso as Universidades Federais e

Estatuais, pois eram preparados desde o ensino fundamental em escolas da rede privada

e enquanto as Classes C, pagavam pelos seus estudos em Instituições Privadas, quando

conseguiam pagar.

Mas hoje com a expansão dos cursos de graduação a Distância, mais pessoas têm a

oportunidade de avanços em seus estudos independente a posição geográfica e no tempo

disponível. Junto à expansão da Educação à Distância, cresce também o paradigma de que

a Educação a Distância não oferece qualidade e é vista por muitos por educação pronta para

consumo ou seja “Fast- food”. Mas como oferecer um curso a distância com qualidade?

Segundo Almeida (2003), Freire defendia o pressuposto de que a pedagogia deve deixar

espaço para o aluno construir seu próprio conhecimento, sem a preocupação em repassar de

conceitos prontos, como ocorre freqüentemente na prática tradicional das salas de aula.

O conhecimento não é algo pronto a ser repassado como um objeto, ou liquido a

ser depositado em um recipiente. É sim construído através das relações sociais e só pode

transformar o mundo quem é transformado pelo conhecimento, e conhecendo o mundo o

homem transforma a si próprio, ou seja,a educação para Freire (1979) é uma busca constante

do homem, que deve ser sujeito de sua própria educação. Freire, poeticamente expôs em sua

obra: Professora sim, tia não, sua visão sobre o saber:

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[...] Em que ensinar já não pode ser este esforço de transmissão do chamado saber acumulado, que faz uma geração á outra, e aprender não é a pura recepção do objeto ou do conteúdo transferido. Pelo contrário, girando em torno da compreensão do mundo, dos objetos, da criação, ela boniteza, da exatidão científica, do senso comum, ensinar e aprender giram também em torno da produção daquela compreensão, tão social quanto a produção da linguagem, que é também conhecimento.(FREIRE, 1997, p. 5)

Como quebrar o fazer pedagógico que ao longo dos anos, foi construído na linha

tradicionalista de que ensinar é o transmitir conhecimento que ao longo dos anos foi construído?

Olha-se para a maioria das salas de aulas das escolas hoje, século XXI, e o que se

percebe?À frente a professora que escreve no quadro negro e sentado em suas carteiras,

umas atrás das outras os alunos preocupados em fazer cópias. E na Educação a Distância,

como ocorre a aprendizagem?

Nos cursos em EaD, os alunos podem contar com vários recursos disponíveis no

ambiente de aprendizagem virtual: vídeos das tele-aulas, apostilas digitalizadas, fórum,

chats e entre outros e ainda podem contar com a mediação dos professores tutores a

distância e presenciais. Com toda esta riqueza de materiais, e este para obter sucesso se

faz necessário a reflexão sobre sua autonomia, responsabilidade, senso de organização e

compromisso. Sem estes atributos, o aluno corre o risco de perder o ritmo, e se perder ao

longo do curso.

Diferente das salas de aulas tradicionais, cabe ao aluno em EaD, uma reflexão crítica

em relação aos conteúdos apresentados pelas tela aulas, não podendo este apenas a ação

passiva de receber informações,mas segundo Freire (1996,p.13) “quanto mais criticamente

se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve na curiosidade

epistemológica”.

E de acordo com Freire (1996) cabe aos alunos aguçar e estimular sua curiosidade,

arriscando-se, aventurando-se e nesta força criadora do aprender, imune contra o poder

apassivador da Educação Bancária.

Na educação a distância, mesmo com todos os recursos disponíveis também corre-

se o risco da reprodução de um ensino totalmente instrucional, onde os alunos recebem

os materiais, assistem as aulas e respondem a um questionário em que se é cobrado as

“respostas prontas” das “perguntas prontas”. E depois a mera classificação da avaliação em

uma planilha automaticamente gerada.

Para Freire (1996, p.14), ”o ensino não se esgota no tratamento do objeto ou conteúdo,

superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente

é possível”. Então no processo, não cabe apenas o assistir por assistir as tele-aulas, ler por

ler, responder apenas por responder. Se faz necessário materiais e aulas que convidem aos

alunos a participarem de forma ativa e que promovam o conhecimento de forma colaborativa

e construtiva.

Edina Domingues

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88 Anuário da produção acadêmica docente

Paulo Freire e a Educação a Distância

O aluno que opta por cursar a modalidade em EaD, é adulto, e como tal, possui

um riquíssimo repertório de conhecimentos construídos no dia a dia de sua vida cotidiana

e através de suas relações do trabalho e segundo Freire (1996), é fundamental conhecer

o conhecimento existente quando o saber que estamos aberto e aptos a produção do

conhecimento ainda não existente.

E para a abordagem construcionista, em cursos de EaD, há o respeito pelos

conhecimentos já adquiridos pelos aprendentes, e o professor tutor ou professor presencial,

assumem o papel de mediadores , desafiadores, motivadores e também provocadores a

medida que fazem questionamentos, fazem indagações a partir de debates estimulantes

tanto em tempo real como através de fóruns e ou chats.

Segundo Almeida ( 2001 apud PERRENOUD, 2000, p.139),” o papel do professor é

mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criação, gestão e na

regulação das aprendizagens cuja a mediação propicia a aprendizagem significativa aos

grupos e a cada aluno”. Mesmo sendo o professor em EaD, seu papel não é o transmissor de

informações, mas um gestor das aprendizagens.

Os fóruns disponíveis nos ambientes virtuais, são ambientes onde ocorrem a dialética

entre participantes, alunos e professores, a partir do compartilhar conhecimentos e nesta

troca há a construção e reconstrução dos saberes. E segundo Almeida (2001) pela abordagem

Construcionista o professor assume o seguinte posicionamento:

Cabe a ele criar uma situação de parceria e colaboração com os alunos e entre os alunos, incitando o levantamento de perguntas ou elegendo coletivamente um tema de estudos, questionando os alunos, propondo desafios que possamser significativos, convidando-os a verbalizar suas expectativas, dificuldades e descobertas, provocando a formalização de conceitos e sua evolução em relação às intenções e metas atingidas.(ALMEIDA, 2001, p.12)

Em alguns cursos de EaD, após os alunos assistirem as tele-aulas, os professores

presenciais coordenam atividades como debates, estudos de casos, momentos estes em que

os alunos podem verbalizar suas experiências de vidas, compartilhar trocas de conhecimento

em busca de novos saberes. Para Freire (1996) uma das estratégias mais importantes da

prática-educativo-critico são os momentos em que o professor propicia a seus alunos os

ensaios das experiências mais profundas de se assumirem como ser social e histórico, seres

pensantes, comunicadores e transformadores e a medida que os alunos se assumem como

sujeito assumem-se também como objeto.

E nesta ação de serem respeitados pelo grupo de estudos como seres pensantes e

explanadores de opiniões autônomas, os alunos transformam-se em sujeitos construtores

e ativos durante o processo de ensino e aprendizagem. Durante as discussões dos alunos

do grupo de estudos, a aprendizagem ocorre pela troca de conhecimentos ou seja forma

colaborativa e com isto a auto estima de cada participante é elevada a medida que se

sentem importantes, e valorizados pelo grupo sentem-se motivados e estimulados o que

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propicia a quebra dos obstáculos “da omissão da verbalização” e estes vão mais além

do previsível para suas aprendizagens. Viajam na construção do conhecimento de forma

prazerosa e significativa.

3. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, E A FORMAÇÃO DE SEUS ALUNOS

Segundo Almeida (2003) nas últimas décadas a preocupação com a disseminação e a

democratização e acesso a Educação evidencia a importância da Educação a distância e

favorecida ao advento das tecnologias da informação e da comunicação propiciando

novas perspectivas ao campo educacional.

Com a expansão dos cursos de EaD, mais alunos estão sendo formados nesta

modalidade, e por conseqüência mais profissionais a procura de oportunidades, mas frente

as novas exigências deste novo milênio, os cursos a distância estão preparando seus alunos

para esses novos desafios?

Segundo Silva (2002) ter um diploma não significa ter seu emprego garantido e para

manter sua empregabilidade o profissional precisa desenvolver competências e habilidades

como a capacidade de decisão, comunicação oral e escrita e saber trabalhar em equipe e a

estes são denominados como “trabalhadores do conhecimento” por serem capazes de usar

seu conhecimento em prol da melhoria da produtividade.

Ao observarmos as metodologias empregadas em diferentes cursos de EaD, existem

algumas universidades que estruturaram seus cursos seguindo modelos similares as dos

presenciais, ou seja moldados nos pressupostos que o mais importante é a transferências de

conteúdos profissionais desconectados entre a teoria e a prática.

Segundo Not (1993) a transmissão do conhecimento firma-se no pressuposto de

que alguém do exterior pode exercer sobre alguém uma ação que consiste modelar sua

inteligência ou seu saber. Esta ideia caminha junto à teoria de que é possível a transmissão

de conhecimentos por aquele que julga dominar o conhecimento para outro alguém que

“está vazio” do conhecimento.

Para Werthein (2000 apud MARINEZ e PERIC, 2009)a educação do século XXI não tem

a finalidade única de preparar alunos para o mercado de trabalho, mas facilitar a adaptação

aos diferentes trabalhos que surgem da evolução da produção diante da globalização, onde

talentos e criatividade são importantes, assim como formar cidadãos críticos e conscientes.

Havia em Paulo Freire, a preocupação constante sobre a importância da formação do

cidadão como ser consciente e crítico, capaz de agir de forma reflexiva e sendo este capaz

de provocar mudanças e fazer mudanças no mundo em que vive.

“A Educação pode ser em qualquer lugar e em qualquer tempo”, hoje esta ideia

defendida por Freire se transportamos para a esfera da Educação a distância, onde a

Edina Domingues

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90 Anuário da produção acadêmica docente

Paulo Freire e a Educação a Distância

dialética educacional ocorrem rompendo a barreira do espaço temporal e geográfico. A

escola ultrapassa a barreira concreta de suas paredes. E segundo Aquino:

O uso dessas tecnologias reflete uma nova forma de aprendizagem por meio da interação multimídia e da comunicação entre pessoas. Especificamente, com esta segunda, a partir do advento da internet, expande-se o processo educativo para além dos muros das escolar e das universidades com a modalidade de ensino a distância. As tecnologias podem ser utilizadas também como espaço de luta.(AQUINO, 2009, p.4)

Em resposta as atuais exigências ampliam-se as responsabilidades das universidades,

sobretudo as da modalidade a distância, a de não ser apenas formadora de profissionais

“cheios” de saberes técnicos, mas cabe a formação da consciência para o formando de que

mesmo apesar do término do curso de graduação, devem manter sua sede acessa de:

aprender a aprender. Como dizia Paulo Freire, somo seres inacabados.

Nesta modalidade: Educação à distância o aluno, durante seu transcurso, aprende a

não esperar por respostas prontas, é estimulado e motivado a pesquisar, procurar soluções,

dialogar através dos fóruns ou chats, promovendo a construção e reconstrução de saberes.

E este aluno enquanto profissional formado, não encontrará empecilhos em continuar a

aprender mesmo sem o suporte do ambiente virtual de aprendizagem, pois foi formado

para ser autônomo em relação a suas aprendizagens.

Delorsem (1997), tendo como pressuposto a visão futurista quem em decorrência da

explosão de informações que estaria por ocorrer no século XXI, reflete sobre o papel da Educação:

[..]o próximo século submeterá a educação a uma dura obrigação que pode parecer, à primeira vista, quase contraditória. A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficarem submergidas nas ondas de informações, mais ou menos efêmeras, que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos de desenvolvimento individuais e coletivos. À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.(DELORS, 1997, p. 89)

E pensando nesta Educação foi traçado os 4 pilares da Educação, a partir do

Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação do Século XXI que são: aprender

a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e a aprender a conhecer ( aprender). Quando

falamos de Educação, não podemos imaginar a escola do passado, preocupada apenas com

a transmissão de informações e do repasse do conhecimento, pois outros meios já o fazem

de maneira mais veloz: Jornais, Telejornais e até mesmo as redes sociais se encarregam de

espalharem as notícias. A questão é como propiciar a construção do conhecimento que é não

é o mesmo que informação.

No âmbito da Educação a distância, precisamos pensar em Educação que promove a

construção do conhecimento de forma realmente significativa, as universidades têm seus

modelos fundados nos pressupostos dos 4 pilares:

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• O aprender a aprender contempla o domínio dos instrumentos do conhecimento

através do desenvolvimento da compreensão e o pensamento dedutivo e intuitivo;

• O Aprender a fazer constitui o domínio de colocar em prática os conhecimentos

teóricos e agir no mundo em que vive;

• Aprender a viver com os outros está no domínio do campo das atitudes e valores,

a fim de participar e cooperar com os outros;

• Aprender a ser está relacionada aos outros três domínios, pois integra o “individuo”

como social envolto em sensibilidade e responsabilidade.

• Analisando como exemplo atividades propostas para os alunos do 2º semestre do

curso de Pedagogia a distância de uma conceituada instituição de Ensino Superior

percebemos objetivos que contemplam o 4 pilares:

• Objetivos:

• Promover o estudo, a convivência e o trabalho;

• Promover a aplicação da teoria e dos conceitos para a solução de problemas

relativos a profissão;

• Promover a emancipação intelectual, através dos estudos independentes,

sistematizados e o auto aprendizagem.

• Favorecer a aprendizagem.

A tarefa citada consistia em um desenvolvimento de atividades pedagógicas planejadas,

desenvolvidas e aplicadas pelo grupo de alunos, e a produto final foi a apresentação de um

seminário a partir das reflexões sobre o desafio da prática docente. Esta atividade foi apresentada

a em sala de aula, nos momentos presenciais e postada no ambiente virtual de aprendizagem.

Este tipo de atividade em que os alunos precisam colocar em prática os saberes

construídos a partir das interações, mediações, tele-aulas, são comuns em todos os cursos de

EaD desta instituição de Ensino, promovem a construção do conhecimento através do diálogo

entre aluno e aluno, no momento que discutem, trocam saberes, pautados não somente em

teorias, mas muitas vezes nas vivências de cada elemento do grupo -Aprender a conviver-.

Em meio à discussão, podem surgir dúvidas e questionamentos e na motivação da busca

pela informação, ocorre pesquisa o que propícia o auto aprendizagem e de forma colaborativa

os membros do grupo passam a compartilhar as informações – Aprender a aprender-.

E ao aplicar as atividades pedagógicas em um contexto escolar, os alunos aplicam os

conceitos apreendidos em uma situação real, ou seja colocam na prática os conhecimentos,

metodologias e técnicas – Aprender a fazer -.

E para que ocorra o sucesso do grupo,se faz necessário a integração, a responsabilidade

e respeito as diferentes posições e o bom senso de todos do grupo – Aprender a ser-.

Segundo Ribas (2010) Paulo Freire ao defender o diálogo na relação pedagógica

reforça a sua defesa da relação ensino-aprendizagem como um processo de busca e troca de

Edina Domingues

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92 Anuário da produção acadêmica docente

Paulo Freire e a Educação a Distância

saberes permanentes. Para Freire ninguém nos ensina a fazer essas coisas, mas também não

aprendemos a fazê-las sozinhos, aprendemos a fazê-las interagindo com os outros.

De acordo com Freire ( 1987) não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino e

que estes fazeres se encontram no corpo do outro e enquanto o aluno segue buscando e re-

procurando e indagando. Na busca pela informação, pelo conhecimento, para constatação

que compõem a ação de pesquisar, e ao pesquisar, o aluno apreende informações para

constatar a realidade, um fato, uma resposta e nesta composição compõem seu conhecimento,

e quando conhece é capaz e sendo capaz, modificar a si, ao meio e a sociedade.

Com a realização de atividades que promovam a ação do sujeito sobre o objeto, e não

o objeto sobre o sujeito, propicia a construção de saberes que são edificados na medida que

ocorre sua ação. Se faz necessário o compromisso das Universidades, em edificar seus cursos

a distância com compromisso e responsabilidade pela formação de futuros profissionais

que estarão edificando uma sociedade mais justa e democrática.

4. AS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Paulo Freire, conhecido mundialmente por sua pedagogia libertadora fundada na liberdade

do oprimido, em que o conhecimento liberta as pessoas para a vida digna de serem

respeitados pela sociedade, foi professor Educador e nos deixou mais que uma lição , deixou-

nos uma mensagem de vida! E numa visão Freireana de ser, olhamos para a Educação

a distância, como uma Educação de fato democratizadora, pois avança e atinge muitos

alunos, que em outras épocas se quer teriam a possibilidade de começar a graduação. Com

a era da Tecnologia, ampliam-se os cursos de EaD, mas o questionamento: O cursos de EaD

promovem de fato uma formação pronta para atender as exigências do mercado de trabalho

globalizado? A resposta foi encontrada nas metodologias, nos recursos, nos profissionais,

nas atividades que são fundamentas nos 4 pilares da Educação, e como Paulo Freire diria,

uma educação de fato libertadora!

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Edina Domingues

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RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre as novas tecnologias aplicadas à educação e o papel do professor tutor presencial e a distância. A Educação a Distância vem crescendo rapidamente em todo o mundo, em decorrência das novas tecnologias da informação e da comunicação e todos os processos produtivos envolvidos. Cada vez mais as pessoas e instituições vêem nessa forma de educação um meio de acesso ao conhecimento e expandir as oportunidades para o mercado de trabalho e na aprendizagem para toda a vida. Frente as constantes e rápidas mudanças e a falta de tempo que atinge a sociedade moderna, a EaD vem ganhando destaque entre aqueles que procuram uma graduação ou especialização de qualidade, mas que não exija sua presença em sala de aula diariamente. A modalidade “EaD” tem um caráter mais amplo e versátil no ensino. Sua aceitação pela comunidade acadêmica e pelos educadores tem sido ampla.

ABSTRACT: This paper aims to reflect on the new technologies applied to education and the role of tutor and distance. The distance education has been growing rapidly worldwide as a result of new information technologies and communication and all the processes involved. Increasingly, individuals and institutions that see education as a means of access to knowledge and expand opportunities for the labor market and learning for life. Front and the constant rapid changes and the lack of time that reaches modern society, the DE is gaining prominence among those seeking a degree or specialization in quality, but that does not require his presence in the classroom daily. The modality “DL” has a broader character and versatile in teaching. Its acceptance by the academic community and the educators has been extensive.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAAs novas tecnologias e o papel do professor tutor

PublicaçãoAnhanguera Educacional Ltda.

CoordenaçãoInstituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

CorrespondênciaSistema Anhaguera deRevistas Eletrônicas - [email protected]

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102

Tatiane Borges Bispo – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PALAVRAS-CHAVE: Educação à distância; conhecimento; qualidade; tutor.

KEYWORDS: Distance Education, knowledge, quality, tutor.

Artigo OriginalRecebido em: 24/02/2012Avaliado em: 30/07/2012Publicado em: 17/04/2014

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96 Anuário da produção acadêmica docente

1. INTRODUÇÃO

A educação a distância está presente a cada dia mais na sociedade contemporânea, como

outra modalidade de ensino adequada para atender as novas demandas educacionais. A

sociedade está mudando repentinamente as suas formas de organizar-se, de ensinar e de

aprender. O campo da educação está pressionado por mudanças. Além do ensinar, é relevante

integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação. Diante de tantas inovações não

seria possível considerar a EaD apenas como um meio de superar problemas emergenciais

ou de cessar os fracassos dos sistemas educacionais, mas, a tecnologia apresenta-se como

um meio para colaborar no desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. Ela tem

sua relevância como instrumento significativo para favorecer a aprendizagem. Porém,

temos que deixar claro que não é a tecnologia que irá solucionar ou amenizar o problema

educacional do Brasil. Sendo usada coerentemente poderá colaborar no desenvolvimento

educacional dos nossos alunos.

A ênfase estará na necessidade de competências múltiplas do indivíduo, no trabalho

em equipe, na capacidade de aprender e adaptar-se as novas situações.

A EaD tende doravante a se tornar cada vez mais um elemento regular dos sistemas educativos, necessário não apenas para atender a demanda e/ ou grupos específicos, mas assumindo funções de crescente importância, especialmente no ensino pós-secundário, ou seja, na educação da população adulta, o que inclui o ensino superior regular e toda a grande variada demanda de formação contínua gerada pela adolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento (BELLONI, 2009.p 4).

Entretanto, a EaD é um sistema complexo que exige dinamismo, responsabilidade,

adaptabilidade, flexibilidade e autonomia de todos os envolvidos nesse processo educacional,

sejam professores, coordenadores e alunos. Contudo, o papel do professor tutor presencial e

a distância é de extrema importância.

2. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Atualmente, a tecnologia tem ampla influência na sociedade contemporânea e na educação,

tanto na escolar como na informal, na presencial, como na educação a distância.

Educação e tecnologia caminham juntas. A tecnologia na educação é o reflexo do modelo

mental da sociedade atual. O ser humano procura inovar-se constantemente atualizando-se com

novos instrumentos, facilitando sua maneira de viver diante do mundo globalizado que o cerca.

Não existem caminhos curtos na arte de aprender. Tecnologia é uma arte de aprender.

Com isso o uso das tecnologias na área educacional está cada vez mais freqüente no

dia-a-dia, criando novas relações, novos conhecimentos e inovações na forma de aprender e

também de pensar. Nesta modalidade à distância a uma perspectiva grande na construção

do conhecimento oportunizando crescimento e desenvolvimento profissional. Fornece

recursos para uma aprendizagem mais envolvente. As tecnologias promovem a interação

As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

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97v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102

entre professores e alunos, estando separados espacialmente e temporariamente, vencendo

as barreiras de distância, levando formar cidadãos nos variáveis espaços incluindo e

interagindo com as diferenças.

[...] o processo de construção do conhecimento pressupõe que não basta apenas “saber”, é preciso no mínimo saber fazer, saber buscar as informações necessárias, saber produzir resultados [...] Enfim, um elenco de saberes para saber, que antes e acima de tudo diríamos se faz necessário “pré-disposição” para saber, pois somente assim, com esse comportamento e essa postura, estaremos por meio do conhecimento agindo para modificar o sistema social vigente e dando um novo perfil à formação de professores (KNECHTEL, 2010, p.16)

A partir do século XX, houve toda essa transformação tecnológica para a humanidade.

Ao falarmos em tecnologia na área da educação não estamos nos referindo apenas na

utilização de computadores, da internet, mas também de todos os objetos que antigamente

já eram utilizados como mediadores do processo de ensino e aprendizagem.

Nos dia de hoje, as tecnologias e as novas formas de se comunicar virtualmente

atende as novas expectativas da demanda dos alunos nos diferentes níveis de educação. As

expectativas dos alunos frente ao novo cenário estão ficando cada vez mais aceleradas em

função da globalização.

Hoje a tecnologia é útil ao aprendizado, pois o seu desconhecimento vem gerando no mundo atual o mesmo tipo de exclusão que sofre o analfabetismo no mundo da escrita. Mas agora vem a seguinte pergunta, o que é necessário? Esta é uma pergunta difícil de ser respondida, pois, depende do contexto da realidade em que se vive e da autonomia de cada um. O que pode afirmar, sem erro, é que é preciso entender que o essencial é acreditar no potencial de cada um.

Na verdade, a internet proporcionou para o processo de ensino e aprendizagem não

ficar limitada apenas na sala de aula, mas, que ele ultrapassasse limites físicos, dando

oportunidades para o aluno construir o conhecimento no ambiente que desejar. Pensando de

outra forma, a distância física consiste em buscar práticas e métodos pedagógicos adequados

para essa modalidade de ensino, vivenciando conhecimento e proporcionando autonomia.

Segundo Moran, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer

dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais,

vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita

virtualmente, uma parte dos cursos à distância será feita de forma presencial ou virtual-

presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa indivi-

dual com outros de pesquisa e comunicação conjunta.

3. O PAPEL DO PROFESSOR NO CONTEXTO EAD

Assim como o aluno, o professor também deve assumir novos papéis em EaD. Essas

modificações apresentam novos desafios e novas funções a serem desempenhadas. Assim

como o aluno virtual, o professor precisa aprender a estudar a distância, ele precisa aprender

a ensinar sem que esteja o mesmo lugar e no mesmo instante que o aluno.

Tatiane Borges Bispo

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98 Anuário da produção acadêmica docente

Na maioria das vezes os alunos ingressantes na EaD apresentam num primeiro

momento certa dificuldade para adaptar-se ao contexto. Normalmente não possui os

quesitos necessários e primordiais para se ter um bom desenvolvimento nos objetivos que

lhe forem proporcionados durante o curso. Entretanto, a função do professor desempenha

diferentes papéis em EaD.

A função do professor é de extrema importância, facilita e conduz o acadêmico às

adaptações e ameniza os anseios durante toda a caminhada de aprendizagem.

Segundo Moran,

São poucos os educadores que integram teoria e prática e que aproximam o pensar do viver. Os educadores marcantes atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Transmitem bondade e competência, tanto no plano pessoal, familiar como no social, dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. E eles, numa sociedade cada vez mais complexa e virtual, se tronarão referências necessárias.

O trabalho principal do professor tutor é o de orientar o progresso das competências

do aluno, tendo com ponto de partida os objetivos específicos dos materiais pedagógicos. O

professor tutor leva esse processo de forma contínua e dinâmica, de modo a auxiliar o aluno

de maneira prazerosa e eficiente alcançando os objetivos de aprendizagem. O professor

tutor deve ter clareza na intencionalidade e ser hábil para estimular o aluno buscar respostas

e novas questões, conduzi-lo a desenvolver o pensamento crítico e a autonomia, e isto, deve

partir tanto do professor como do aluno pelo entusiasmo para aprender. Contudo, nesta

modalidade, o trabalho do professor passa a ser um elemento imprescindível, o elemento

chave para a aprendizagem. Afinal, como Oliveira, (2003, p.43) ressalta:

[...] as TICs não mudam necessariamente a relação pedagógica. Elas tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista, autoritária, como para dar suporte a uma visão emancipadora, aberta, interativa, participativa. Neste caso, transgredir a relação está mais na mente das pessoas do que nos recursos tecnológicos, embora sejam inegáveis suas potencialidades pedagógicas.

O professor necessita estar preparado e ser capaz de produzir os conhecimentos

através da construção e da reconstrução dos conhecimentos já existentes.

3.1. MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA

A “mediação pedagógica” e auto-aprendizagem ou aprendizagem tem a mesma definição,

é centrada no aluno provocando nos maior motivação.

A mediação pedagógica busca abrir um caminho a novas relações do estudante: com os materiais, com o próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de aprendizagem, incluído o professor, consigo mesmo e com seu futuro. (PEREZ e CASTILHO, 1999, p.10)

Ao planejar o professor necessita estar centrado em uma nova perspectiva para atuar

na sua função, portanto, o de ser ele mesmo, um mediador pedagógico.

Segue abaixo algumas características para o professor que se propõe a ser um mediador

pedagógico:

As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

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• Diante de um processo de ensino, o aprendiz deve ser o centro do processo e em

função da fase que ele se encontra é o ponto de partida para planejar suas ações.

Esta é uma ação contínua, construindo e compartilhando.

• Professor e aluno devem ser constituídos como célula comum do desenvolvimento

da aprendizagem, sejam nas relações de empatia, nos momentos de incertezas,

dúvidas, erros, nos momentos de conquistas e de sucesso.

• Uma ação conjunta e responsável. São atitudes básicas incluindo o planejamento,

sua aplicação e a avaliação.

• Considerar o aluno como um adulto. Faz-se necessário vivenciar num clima de

mútuo respeito para com todos os participantes, trabalhar em grupos, estabelecer

um ambiente de confiança, motivá-lo a reconhecer os recursos necessários para

atingir os objetivos que lhes forem propostos, envolvê-lo na avaliação de sua

aprendizagem, principalmente utilizando de métodos de avaliação qualitativa.

• Dominar a sua área de conhecimento. Demonstrar conhecimento nos assuntos

relacionados a essa área. A construção do conhecimento é o eixo da articulação da

prática educativa e ela jamais poderá faltar. Não deve ser feita sem estudo.

• Incentivar a pesquisa e ajudá-lo a desenvolver uma metodologia adequada.

Desenvolver a criatividade.

• Estar disponível para dialogar com seus alunos. Na EaD, com as novas tecnologias,

o diálogo deve ser freqüente e contínuo, com outra dimensão de espaço e tempo é

claro, não necessitando somente do momento presencial para expor as dúvidas que

surgem durante o auto- estudo.

• O professor deve cuidar da expressão e comunicação para que estejam sempre em

condições de ajudar a aprendizagem e incentivar o aprendiz em suas tarefas.

A mediação pedagógica significa a atitude do professor, caracteriza-se pelo seu

comportamento de facilitador e orientador da aprendizagem. Consiste em estabelecer uma

ponte entre o aprendiz e os conhecimentos a serem construídos, de forma que o aprendiz chegue

a seus objetivos pelo exercício de sua autonomia, tornando-se o sujeito de aprendizagem.

4. TUTORIA

A tutoria desempenha um papel fundamental no processo educacional dos cursos superiores

na modalidade à distância. O tutor deve participar ativamente da prática pedagógica,

contribuindo para o desenvolvimento dos processos educacionais tanto nas atividades

desenvolvidas a distância e/ou presencialmente. Para se ter uma educação da modalidade

a distância de qualidade é necessário prever a atuação de profissionais que se disponham da

tutoria à distância e da tutoria presencial.

Tatiane Borges Bispo

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100 Anuário da produção acadêmica docente

A tutoria a distância tem como principal atribuição o esclarecimento de dúvidas

realizadas através de fóruns de discussão, pelo telefone, participações em videoconferências,

entre outros. Tem a responsabilidade de promover espaços de construção de conhecimento,

indicar materiais de apoio de acordo com o conteúdo e participar dos processos avaliativos

de ensino-aprendizagem.

A tutoria presencial atende os alunos nos pólos, nos horários estabelecidos. Este tutor

deve conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e todo o conteúdo, a fim

de conduzir os alunos ao pleno desenvolvimento das atividades individuais e em grupo,

incentivando ao hábito de pesquisa, esclarecendo as dúvidas dos conteúdos específicos,

bem como auxiliar no uso das tecnologias disponíveis.

Entretanto, ressalta-se que o domínio do conteúdo é imprescindível, tanto para

o tutor presencial quanto para o tutor à distância. As funções atribuídas aos tutores é a

orientação pedagógica, pois grande parte dos alunos não possui o hábito de autoestudo

e autodisciplina característicos dessa modalidade de educação. É necessário ser flexível,

perseverante, persistente e sensível para lidar com eventuais dificuldades encontradas por

parte dos alunos.

Segue algumas atribuições para tutores:

• Estimular a interação e a participação nas atividades propostas em aulas ao vivo ou

nos fóruns e mensagens do Ambiente Virtual de Aprendizagem.

• Conduzir os alunos a um bom aproveitamento nos momentos de autoestudo.

• Orientar a desenvoltura das atividades (presencialmente ou no AVA).

• Aplicar as avaliações e realizar as cabíveis correções das tarefas avaliativas.

• Conhecer o perfil dos alunos presencialmente ou pelo AVA e estar sempre os

questionando se estão realizando as atividades e atingindo os objetivos desejados.

• Estimular a cooperação e o trabalho em grupo.

• Desenvolver a habilidade comunicativa através das ferramentas disponíveis para

a comunicação eficiente.

• Conhecer os regulamentos que normalizam as atividades dos estudantes

(regulamento de Estágio, TCC, Avaliação, Normas de uso do AVA).

Enfim, segundo o dicionário Houaiss (2001) o significado do tutor é: Etimologicamente

a palavra tutor vem do latim tutor, óris, que significa guarda defensor, protetor, curador, ou

seja, aquele que exerce uma tutela, que ampara, protege, defende, é o guardião.

5. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Hoje em dia há uma preocupação muito grande com a educação de qualidade. Qualidade

em educação implica em qualidade acadêmica, qualidade social e qualidade educativa.

Ensinar é um processo social e pessoal. Ensinar depende se o aluno quer aprender e se

As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

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está apto a aprender em um determinado nível, sendo eles: maturidade, motivação e

competência adquirida. A modalidade a distância exige muito da autonomia do aluno,

uma das principais características centrais da EaD. O aluno não consta com a presença

física do professor e por esta razão é necessário desenvolver método de trabalho que

oportunize confiança, proporcionando não só o processo de elaboração de seus próprios

juízos, mas também a capacidade de analisá-los. Modalidade de ensino capaz de ampliar

as possibilidades de acesso à educação é vista a partir da incorporação das Tecnologias da

Informação e Comunicação e de modelos pedagógicos e gerenciais que possibilitam sua

expansão. A qualidade em EaD envolve organização inovadora, aberta e dinâmica.

A qualidade em educação é um conjunto de ações que foram planejadas e organizadas

de modo a garantir determinado controle para que o produto cumpra todos os objetivos

necessários para o bom aproveitamento do curso de forma eficiente. O conceito de

qualidade no contexto educacional implica na discussão de diversas dimensões. Sendo elas:

sociais, políticas e acadêmicas resultando na análise das estruturas e dos resultados finais

decorrentes das práticas de ensino presenciais e a distância.

Qualidade em educação implica em:

• Qualidade educativa: é a capacidade das instituições de ensino trabalhar para a

formação plena do aluno, contribuindo em suas realidades sociais.

• Qualidade social: o compromisso das instituições educacionais atuarem de maneira

relevante no desenvolvimento da sociedade nas atividades de ensino, de pesquisa

e de extensão.

• Qualidade acadêmica: Refere-se à capacidade do professor transmitir com eficiência

os conhecimentos específicos da área.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB proporcionou a possibilidade

de programar o ensino superior a distância.

O Decreto 2.494/98 estabeleceu os critérios para a validação dos cursos à distância em

todos os níveis e modalidades. Definiu a EaD como uma modalidade de educação por auto-

aprendizagem e esta, se realizaria pelo acadêmico a partir de estudos apoiando em recursos

didáticos conforme é preconizado:

Art. 1º - Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Parágrafo Único – Os cursos ministrados sob a forma de educação à distância serão

organizados em regime especial, com flexibilidade de requisitos para admissão, horários e

duração, sem prejuízo, quando for o caso, dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas

nacionalmente. (BRASIL, 1998a).

Tatiane Borges Bispo

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102 Anuário da produção acadêmica docente

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que na primeira década do século XXI as instituições educacionais brasileiras

vêm passando por um processo de mudança muito significativo, com destaque na Educação

à Distância (EaD).

As tecnologias da informação e comunicação vieram facilitar e modificar as possibili-

dades de aprender.

Enquanto tutora à distância e aluna de curso de graduação e pós-graduação à distância,

gostaria de compartilhar as expectativas encontradas em ensinar e aprender no mundo

contemporâneo frente às tecnologias inseridas e presentes cada dia mais na Educação Brasileira.

Podemos dizer que este é um momento de total transformação para todos os envolvidos.

Portanto, não podemos nos considerar sábios perante a Educação à Distância, e sim

considerarmos aprendizes, pois como mencionado anteriormente, apesar do conhecimento,

dos estudos, da dedicação, tem muito a ser aprendido e conquistado nesta modalidade.

REFERÊNCIAS

BEHAR, P. A. Modelos Pedagógicos em Educação a Distância. Porto

BELLONI, M.L. Educação a distância. 5. Ed. Campinas/ SP: Autores Associados, 2009

BEZERRA, R.M.S. Desenvolvimento WEB, 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Ministerial nº 4.059, de 10 de Dezembro de 2004. Legislação. Disponível em: http://meclegis.mec.gov.br/documento

______. Lei nº 9394. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.

______. Decreto-lei nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. DOU, Brasília, 11 fev. 1998a.

DEMO, P. Educação de qualidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2001.

KNECHTEL,M.R.Metodologia de Investigação em Educação à Distância. 01. Ed. Curitiba: IBEPX Ltda, 2003.

MASETTO, M. T. Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In: Novas tecnologias

e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

MORAN, M. J.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógicas. Campinas/SP: Papirus, 2000.

MORAN, M. J.A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campias: Papirus, 2007.

OLIVEIRA, E. G. Educação a distância na Transição paradigmática. Campinas: Papirus, 2003.

PEREZ, F. G; CASTILHO, D. P. La Mediación pedagógica. Buenos Aires: Ciccus, 1999.

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