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X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS OBRAS PÚBICAS Erica das Graças Souza (UFF) Resumo: Como um dos grandes causadores de impacto no meio ambientes, a construção civil tem sentido a necessidade de se desenvolver em diversos aspectos, buscando novas tecnologias tanto para seus materiais como em seus métodos de construir e projetar, afim de atender as necessidades da sociedade sem causar maiores danos ao meio ambiente esgotando seus recursos naturais.E é dando seguimento nessa busca pela diminuição dos impactos causados pela construção civil no meio ambiente, que se entende o dever de planejar melhor as obras, tanto a fase de projeto, quanto a execução dos serviços. Dessa maneira, seus materiais e serviços serão melhores aplicados, evitando maiores impactos financeiros e ambientais.São esses problemas de mal planejamento, muitas vezes os causadores de tantos gastos nas Obras Publicas, gastos que poderiam ser evitados se ainda no desenvolvimento do projeto houvesse uma melhor integração entre as disciplinas e todos os envolvidos no projeto, tivesse uma melhor análise do ambiente onde será implantado o projeto, materiais e serviços bem especificados, gestão dos resíduos da obra, eficiência energética, conforto ambiental, etc. Embora a própria lei 8.666/93, que legisla as licitações, já tenha incorporado o desenvolvimento sustentável em seus termos “Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável[...]” (BRASIL, lei nº 8666/93), ainda falta muito para se alcançar esse objetivo.Entretanto, para o desenvolvimento de um projeto muito bem planejado, que terá uma preocupação contínua durante sua elaboração com a diminuição dos impactos ambientais, sociais e financeiros, demanda um tempo muitas vezes cedido à pressões políticas. E na urgência de sua entrega, essas preocupações acabam em segundo plano, resultando em projetos ineficientes, incompletos que tem como consequência uma obra mal executada com muitas mudanças in loco, o que significa maior impacto para o meio ambiente e prejuízo financeiro para o erário público. Danos esses, que não serão apenas durante sua obra, mas também para seu período operacional, pois nenhuma dessas ações positivas foram planejadas. Palavras-chaves: Gestão de Projetos; Sustentabilidade; Arquitetura; Instituições Publicas ISSN 1984-9354

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X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de

2014

4

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS OBRAS

PÚBICAS

Erica das Graças Souza

(UFF)

Resumo: Como um dos grandes causadores de impacto no meio ambientes, a construção

civil tem sentido a necessidade de se desenvolver em diversos aspectos, buscando novas

tecnologias tanto para seus materiais como em seus métodos de construir e projetar, afim de

atender as necessidades da sociedade sem causar maiores danos ao meio ambiente

esgotando seus recursos naturais.E é dando seguimento nessa busca pela diminuição dos

impactos causados pela construção civil no meio ambiente, que se entende o dever de

planejar melhor as obras, tanto a fase de projeto, quanto a execução dos serviços. Dessa

maneira, seus materiais e serviços serão melhores aplicados, evitando maiores impactos

financeiros e ambientais.São esses problemas de mal planejamento, muitas vezes os

causadores de tantos gastos nas Obras Publicas, gastos que poderiam ser evitados se ainda

no desenvolvimento do projeto houvesse uma melhor integração entre as disciplinas e todos

os envolvidos no projeto, tivesse uma melhor análise do ambiente onde será implantado o

projeto, materiais e serviços bem especificados, gestão dos resíduos da obra, eficiência

energética, conforto ambiental, etc. Embora a própria lei 8.666/93, que legisla as licitações,

já tenha incorporado o desenvolvimento sustentável em seus termos “Art. 3o A licitação

destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da

proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional

sustentável[...]” (BRASIL, lei nº 8666/93), ainda falta muito para se alcançar esse

objetivo.Entretanto, para o desenvolvimento de um projeto muito bem planejado, que terá

uma preocupação contínua durante sua elaboração com a diminuição dos impactos

ambientais, sociais e financeiros, demanda um tempo muitas vezes cedido à pressões

políticas. E na urgência de sua entrega, essas preocupações acabam em segundo plano,

resultando em projetos ineficientes, incompletos que tem como consequência uma obra mal

executada com muitas mudanças in loco, o que significa maior impacto para o meio

ambiente e prejuízo financeiro para o erário público. Danos esses, que não serão apenas

durante sua obra, mas também para seu período operacional, pois nenhuma dessas ações

positivas foram planejadas.

Palavras-chaves: Gestão de Projetos; Sustentabilidade; Arquitetura; Instituições

Publicas

ISSN 1984-9354

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1- Introdução

1.1- Problematização

Embora a sustentabilidade venha sendo amplamente discutida nos últimos tempos em

diversas áreas, as instituições públicas tem aplicado muito pouco desses conhecimentos em

suas práticas, principalmente nas obras. A falta de um bom planejamento de modo geral,

acabam por refletir em prejuízos à Administração Pública.

Especificamente no caso das obras, além do problema da falta de planejamento, há

também os problemas causados pela falta de treinamento dos funcionários que muitas vezes

não conseguem ter uma boa visibilidade do projeto a fim de atender as necessidades atuais,

sem esquecer de considerar as possibilidades futuras para àquele espaço. Outro problema, é a

pressão política, que através de seus interesses nas inaugurações das obras, acabam

comprimindo a fase de projeto gerando diversas pendências para serem resolvidas na obra, já

que não puderem ser pensadas na fase de planejamento.

Tendo em vista esses problemas, entende-se que o desenvolvimento sustentável das

obras públicas, depende da boa execução de suas diversas etapas conforme especifica a lei de

Licitações e Contratos da Administração Pública.

Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços

obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência: I - projeto básico; II - projeto executivo; III - execução das obras e serviços. (BRASIL, lei nº 8666/93)

Principalmente nas etapas de projeto, que quando executadas adequadamente,

consequentemente sua obra demandará um numero muito menor de imprevistos que

geralmente acabam em prejuízos financeiros.

1.2- Objetivo

Analisar as dificuldades enfrentadas nas etapas de projeto, que influenciam

diretamente na execução das obras públicas impedindo seu desenvolvimento sustentável, é o

objetivo principal dessa pesquisa, propondo um planejamento adequado nas etapas de projeto

que contribua para minimizar esses impactos sofridos durante sua execução.

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Especificamente também pretende definir a importância de um projeto bem planejado

para diminuição de impactos durante a obra e seu período operacional; Apresentar as

características específicas do desenvolvimento dos projetos de obras públicas; Descrever

métodos e características adequadas que podem ser aplicados para o desenvolvimento

sustentável das obras públicas, com foco na fase de projeto como elemento principal nesse

processo; Propor um planejamento adequado para elaboração dos projetos de obras públicas.

Esses são os objetivos específicos dessa pesquisa para conseguir o desenvolvimento

sustentável das edificações públicas, desde a fase de projeto até seu período operacional, com

foco na etapa de projeto.

1.3- Estratégia da Pesquisa

Para o desenvolvimento dessa pesquisa será realizado um levantamento bibliográficos

sobre métodos de elaboração sustentável de projetos relacionando com a realidade dos

projetos das obras publicas, utilizando as legislações pertinentes e toda bibliografia que

aborda os conceito de sustentabilidade.

Baseando-se nessa pesquisa, será apresentada os problemas que impendem o

desenvolvimento sustentável dos projetos das obras publicas e as possíveis soluções a fim de

alcançar esse objetivo.

2- Revisão de Literatura

2.1- O Desenvolvimento Sustentável e a Construção Civil

O conceito de sustentabilidade tem como base três fatores que a caracterizam: social,

econômico e ambiental. O fator social se refere às preocupações com a sociedade envolvida

na ação, verificando se a proposta que está sendo feita será aceita pela comunidade envolvida

e os possíveis impactos. O econômico trata da viabilidade da ação que se deseja implantar,

cuidando para que a mesma tenha um custo financeiro justo e possível de ser executado. O

ambiental se alia aos anteriores com o objetivo de minimizar os impactos ambientais dessa

ação. Aliado a esses fatores está a ideia de que essa ação não deve comprometer o futuro do

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planeta, conforme a definição de desenvolvimento sustentável dada no Relatório de

Brundtland.

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias

necessidades. (NOSSO FUTURO COMUM, 1991)

Esses desafios demonstram a necessidade que temos de incorporar práticas

sustentáveis em nossas ações, e o setor publico tem o papel fundamental no incentivo do

desenvolvimento sustentável, tendo em vista sua responsabilidade sócio econômica e

educacional.

O Poder Público tem grande participação na movimentação do mercado através de seu

consumo, segundo o livro Compra Sustentável da FGV: seu consumo é estimadamente

responsável por 10% a 16% do PIB. Esses dados demonstram o quanto o Poder Publico

precisa cada vez mais se conscientizar, planejar e trabalhar em busca do desenvolvimento

sustentável.

Essa busca do setor publico pelo desenvolvimento sustentável, através de novas

estratégias para projetar, orçar e comprar nas obras publicas, tornam esse mercado mais

aquecido, pressionando as empresas interessadas para que adotem práticas sustentáveis em

sua organização, movimentando ainda mais esse mercado consciente, além de contribuir para

educação de uma sociedade que respeite mais o meio ambiente e que também atue em busca

de práticas mais corretas ambientalmente.

Dentro dessa perspectiva de responsabilidade do Setor Público, as obras públicas

devem receber uma atenção especial, já que a construção civil é um dos setores mais

impactantes do mundo e segundo dados da UNEP em 2012, o setor é responsável por 10% do

PIB global, além de representar um terço das emissões de gases de efeito estufa, 40% do

consumo de energia e 25% do consumo de água do planeta.

Para se conquistar o desempenho desejado em uma obra ambientalmente correta, além

de todas as medidas que devem ser aplicadas conforme suas etapas, há uma delas que tem o

maior papel para implantação de todas essas ideias sustentáveis, que é a etapa de projeto.

É na etapa de projeto que todas essas importantes decisões a respeito do tipo de

estrutura que será utilizada, dos materiais, da implantação adequada para o projeto no terreno,

iluminação eficiente, dentre outras, são tomadas. A definição da implantação do projeto no

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terreno, pode contribuir por exemplo, para economia de luz artificial, privilegiando a luz

natural e proporcionar conforto térmico para os usuários economizando no consumo de

equipamentos de refrigeração, assim como, a escolha de materiais pode impactar nas emissões

de gases através do entendimento perante os aspectos extraídos da análise do ciclo de vida de

alguns produtos para assim escolher os de menor impacto. Alem disso, os materiais podem

oriundos de demolições, e também seus resíduos podem ser geridos de forma a terem um

destino ambientalmente correto, principalmente pesquisando empresas que tenham essa

preocupação com o descarte final de seus produtos, já que são diretamente responsáveis por

eles.

2.2- O Projeto Público e a Lei 8666/93

Uma nova obra publica demanda do seguimento de um roteiro que pode ser

encontrado na lei8666, e deve ser seguido pela instituição que pretende fazer uma nova

construção, reforma ou restauro de uma edificação pública, para assim consequentemente,

esse projeto ser licitado.

Art. 7- §2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para

exame dos interessados em participar do processo licitatório; II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos

os seus custos unitários; III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das

obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício

financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano

Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.

(BRASIL, lei nº 8666/93)

O ponto de partida desse roteiro, conforme descrito acima, é o projeto básico, onde

constará as informações que demonstram a viabilidade da execução dessa obra. Contento

ainda, em suas plantas, informações que identifiquem os espaços e suas localizações de forma

clara, especifiquem materiais, equipamentos e onde serão instalados, e também estratégias

para o seu bom entendimento no momento da elaboração do projeto executivo, possibilitando

a previsão do custo e do tempo que serão necessários para execução desse serviço.

A adequada elaboração do projeto básico depende do cumprimento de algumas etapas

que levantarão informações fundamentais ara seu futuro desenvolvimento com uma maior

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eficiência. Essas etapas estão representadas através do fluxograma abaixo:

Fig.01 - fluxograma de etapas Elaborado pelo autor (2013)

Cujo Programa de Necessidades é a etapa que vai identificar as demandas para esse

novo projeto delimitando seus usos, fluxos e medidas que se correlacionam entre si para

determinação de um de um espaço adequado que também deverá ser analisado a fim de

atender todas as necessidades do presente com projeções futuras para essa nova edificação.

Após levantadas as necessidades na etapa anterior, o Estudo de Viabilidade vai

verificar as opções que tornarão esse projeto realmente possível de ser implantado, através de

indicativos econômicos, ecológicos e sociais que determinarão os impactos que serão

causados por essa nova construção. Esse levantamento possibilitará um planejamento

adequando as necessidades levantadas aos indicativos de impactos, trabalhando para sua

minimização e permitindo que a edificação seja implantada em um determinado local que

seja compatível com essas ações.

O Anteprojeto será uma síntese de todos esses levantamento, com o objetivo de

atender as necessidades e obter a aprovação do órgão que solicitou essa construção. Nessa

etapa já podem ser apresentadas plantas baixas, cortes e fachadas, que definirão a área e a

disposição dos espaços, e a determinação de padrão construtivo com relação á custo e padrão

de acabamento. Porém esse projeto não terá informações suficientes para licitar, sendo assim

levado ao Projeto Básico, que como já foi explicado anteriormente, constará informações com

nível de compreensão e precisão adequados para o desenvolvimentos da planilha

orçamentária, cronograma e caderno de especificações necessários para licitação.

Embora a Lei 8666, permita a elaboração do Projeto Executivo concomitante com a

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obra, para evitar maiores erros durante sua execução, é fundamental que ele seja executado

com antecedência á obra. Pois o Projeto Executivo tem como suas características, um nível de

detalhamento bem maior que o Projeto Básico. Pois constará com detalhamentos de

esquadrias, marcenaria, estruturas, instalações, acabamentos, etc. Permitindo a visualização

das diversas possibilidades de problemas que surgiriam na obra, mas que serão solucionados

na fase de projeto, evitando os prejuízos que frequentemente ocorrem no momento da

execução dos serviços.

Abaixo segue um quadro com o nível de detalhamento dos projetos e sua relação com

a margem de erro na execução de sua obra, segundo o Tribunal de Contas da União:

Fig.02 - Nível de precisão de projetos Fonte: TCU (2013)

Além das diretrizes para elaboração de projeto dadas pela lei 8666, há também uma

Instrução Normativa do Ministério do Planejamento de 2010, que reforça as atitudes

sustentáveis na aquisição de bens, contratação de serviços e obras publicas. Onde

especificamente, no caso das construção civil, o Artigo 4º, lista as medidas que podem ser

tomadas para execução de uma obra sustentável nas Instituições Publicas:

I – uso de equipamentos de climatização mecânica, ou de novas tecnologias de resfriamento do ar, que utilizem energia elétrica, apenas nos ambientes aonde for

indispensável; II – automação da iluminação do prédio, projeto de iluminação, interruptores, iluminação ambiental, iluminação tarefa, uso de sensores de presença; III – uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes compactas ou tubulares de alto rendimento e de luminárias eficientes; IV – energia solar, ou outra energia limpa para aquecimento de água; V – sistema de medição individualizado de consumo de água e energia; VI – sistema de reuso de água e de tratamento de efluentes gerados; VII – aproveitamento da água da chuva, agregando ao sistema hidráulico elementos que possibilitem a captação, transporte, armazenamento e seu aproveitamento; VIII – utilização de materiais que sejam reciclados, reutilizados e biodegradáveis, e que reduzam a necessidade de manutenção; e IX – comprovação da origem da madeira a ser utilizada na execução da obra ou serviço. (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, IN 01, 2010)

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Além desses itens, pode-se ainda priorizar a contratação de mão-de-obra e materiais

oriundos do local onde serão executados os serviços; fazer um projeto de gestão de resíduos

Construção Civil, da conforme orientações da Resolução CONAMA nº307; exigir uso de

agregados reciclados, dentre outras medidas descritas nos parágrafos da IN 01.

Está Instrução Normativa, reforça a necessidade e a viabilidade da execução de um

projeto Público sustentável, que tanto se questionou durante muito tempo, devido às

burocracias impostas pelas legislações, mas que hoje estão tentando contribuir para o

verdadeiro desenvolvimento sustentável do País.

2.3 - O Projeto Integrado

Baseada na potência de tomada de decisão da fase de projeto e tendo em vista o ciclo

de vida da construção civil que vai desde a fase de projeto até sua fase de desativação, sendo

ainda, sua fase de construção e demolição as mais impactantes para o meio ambiente.

Entende-se que para alcançar o objetivo de ter uma obra sustentável, é necessária uma gestão

de projeto focada em obter esse resultado.

figura 03 - Ciclo de vida das Construções fonte: Ambiente e Construção Sustentável (2006)

Sendo a gestão de projeto integrado, um método que tem esse compromisso com a

sustentabilidade, ela irá desenvolver de forma holística todo projeto, com tomadas de decisões

minuciosas e cruciais para diminuição de impacto dessa nova edificação.

Normalmente no processo convencional de elaboração de um projeto, o que se tem é a

divisão das etapas por disciplinas de projeto, onde primeiro é projetada toda arquitetura da

edificação, para só então, o projeto Passar pelo engenheiro estrutural, engenheiro eletricista,

profissional que irá fazer o projeto de interiores, paisagismo, dentre outros profissionais que

talvez sejam necessários para sua conclusão. Esses demais profissionais envolvidos trarão

novas informações para o projeto, necessitando muitas vezes que a arquitetura seja refeita,

além de dificultar eu a uniformidade e a visualização de possíveis problemas ocasionados pelo

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cruzamento de tantos projetos que foram executados separadamente.

No projeto integrado esse trabalho é desenvolvido desde seu início em conjunto com

todos os profissionais das diversas disciplinas envolvidas no projeto, para que todos possam

dar suas sugestões e acrescentar informações pertinentes para elaboração do mesmo. Com

esse envolvimento o projeto ficar mais uniforme, evitando que o trabalho seja refeito muitas

vezes por cada profissional, pois todos estão participando do seu processo de criação

oferecendo as informações necessárias para que isso não aconteça.

Uma característica relevante da gestão de projeto integrado que o diferencia do modo

convencional de elaboração de projeto é a concentração do trabalho relacionado as suas

etapas. Na gestão de projeto integrado, o pico de trabalho acontece no início, pois as etapas

que surgiriam posteriormente no projeto convencional, agora serão discutidas e pesquisadas

entre todos os envolvidos desde o princípio. Isso diminui o tempo de execução do projeto e da

obra, tendo em vista que as decisões que atravancariam a obra e implicariam em refazer o

projeto, já foram vistas com antecedência.

Esse desenvolvimento de projeto integrado, acontece através de reuniões que farão um

levantamento de questões importantes para definir o projeto. Nas primeiras reuniões serão

discutidos alguns pontos como: tipologia do projeto, público alvo, localização, financiador do

projeto, legislações que irão ampará-lo, estudo do macro clima da região, e outras questões

que possam vir acrescentar na idealização do projeto.

Nas demais reuniões podem ser colocadas em pauta, questões mais objetivas do

projeto relacionadas às suas necessidades, como número de usuários, fluxos de utilização

desse espaço, áreas necessárias, e possíveis impactos ambientais que o projeto poderá trazer

para região onde a edificação será implantada. Essa etapa também pode ser definida como

programa de necessidades, conforme norma brasileira de projeto de arquitetura.

Documento preliminar do projeto que caracteriza o empreendimento ou o pr

pertinentes. NBR 6492/1994

Definidas essas características, as equipes passam então à dividir funções e pesquisas,

que precisarão ser realizadas para maiores esclarecimentos de dados relevantes para definição

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do projeto, atribuindo a cada um deles a responsabilidade de pesquisar seus respectivos temas

compondo um trabalho de embasamento para as próximas etapas de execução desse projeto.

Essas atribuições podem ser separadas por disciplinas conforme a especialidade de cada

membro do grupo.

Além das pesquisas de levantamento de dados, os profissionais envolvidos também

devem apresentar pesquisas a respeito de ideias e soluções que pretendem implementar no

projeto visando seu desenvolvimento sustentável desde sua elaboração em fase de

planejamento até a fase operacional da edificação. Essas definições devem tratar de medidas

que minimizarão os impactos no consumo de energia, água, custo e facilidades de manutenção

do prédio, controle dos resíduos gerados durante a construção, etc. Não esquecendo de

relacionar sempre essas atitudes com os aspectos sociais contextualizados com esse projeto e

seu impacto econômico.

É importante destacar que em uma equipe tão grande com tantos assuntos a serem

abordados, haverão divergências de opiniões e disputas por ideias. Por isso, é necessário que

se estabeleçam algumas prioridades que devem ser tratadas no projeto, temas ou ideias que

não podem ficar de fora de uma determinada construção, porém, sempre tentando solucionar

ao máximo todos os problemas levantados.

Esse modelo de gestão de projeto com foco na sustentabilidade, possibilita que a

edificação atenda às normas de projeto de arquitetura, pois seguem suas etapas com mais

precisão e definições de detalhes que são debatidos muitas vezes pelo grupo. Por sua vez,

contribuem também, com a legislação de licitações públicas ao ter um planejamento bem

elaborado amplamente pensado e resolvido, proporcionando uma maior economia em todas as

fases do ciclo de vida da construção civil, principalmente na fase operacional da edificação,

pois é quando o retorno de todo investimento feito durante a obra poderá retornar em forma

de economia de energia, água e manutenção, fazendo com que todos os esforços do

planejamento valerem a pena.

3- O Projeto Sustentável nas Obras Públicas

3.1- Implantação da Gestão de Projeto Integrado nas Obras Públicas

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Tendo em vista todas as possibilidades que a própria legislação orienta tanto na lei

8666, quanto na IN 01/2010 com relação à promoção do desenvolvimento sustentável das

obras públicas, fica claro que a utilização dos parâmetros de sustentabilidade na construção

civil, não somente podem, como devem ser aplicados nas obras públicas, sendo necessário

apenas que as Instituições se organizem na busca desse objetivo. Para que esse objetivo seja

cumprido, o modelo de gestão de projeto integrado é a melhor forma de obter o

desenvolvimento sustentável das obras, pois como meta o projeto sustentável, que por sua vez

se desenvolve de forma holística, analisando com detalhe e profundidade todos os fatores que

envolvem a elaboração do projeto.

A gestão de projeto integrado, como o próprio nome diz, depende de um trabalho de

equipe afinado com profissionais dispostos a compartilhar seus conhecimentos uns com os

outros. Por isso, o primeiro passo a ser dado em direção ao projeto sustentável é o treinamento

da equipe, através de cursos internos e externos, palestras e frequentes reuniões para debater o

assunto. No setor público, principalmente, esses treinamentos tem uma importância ainda

maior, pois trata da responsabilidade e compromisso em direcionar e fiscalizar onde o

dinheiro público será aplicado, além de prever as melhorias que esse empreendimento trará

para a população.

3.2 - Ações a Serem Aplicadas no Projeto Integrado

Na gestão de projeto integrado sabe-se que o período de elaboração de projeto é mais

intenso podendo até ser mais longo que o convencional, por isso, essa definição de prazo para

entrega de um projeto precisa ser ajustada conforme tipologia da obra, podendo variar um

pouco de acordo com as demandas do programa de necessidades. Entretanto esses prazos

precisam do maior esforço para serem cumpridos em sua maioria, pois é o que tornará essa

gestão bem sucedida.

Algumas ações podem ser listadas no planejamento dessa gestão, a fim de que tenham

sua aplicabilidade sempre avaliadas. Dentre essas ações devem constar principalmente as

sustentáveis, que colaboram para eficiência da construção nos aspectos sociais, econômicos e

ambientais. Dentre essas ações devem estar:

● Eficiência energética

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Influenciada por muitos aspectos do empreendimento, a eficiência energética pode

ser uma meta estabelecida a ser alcançada em todos os projetos, pois as decisões tomadas

durante a elaboração do projeto, como escolha do terreno, dimensionamento da

edificação, equipamentos elétricos, demanda de iluminação, etc. Irão impactará

diretamente na eficiência energética do empreendimento como um todo.

Quando se fala em energia, podemos falar tanto de suas possíveis fontes, quanto

de seu consumo. No estudo das fontes de energia, será verificada a possibilidade de se

implantar no projeto uma fonte de energia renovável, de acordo com seu contexto social e

climático.

No Brasil, por ser um país de clima tropical, em sua grande maioria os coletores

de energia solar contribuem bastante para eficiência da construção, substituindo a fonte

de energia fornecida pelas concessionárias de energia. Os aquecedores solar, também

permitem a substituição do consumo de energia para fazer esse aquecimento, por uma

aquecimento natural e abundante feito pelo sol. O consumo de energia, está relacionado

com as demandas de iluminação e utilização de equipamentos elétricos em geral, sendo o

principal deles, o ar condicionado, que por sua vez consome boa parte da energia da

edificação.

● Conforto térmico

O conforto térmico é a boa relação de trocas térmicas que o homem tem com o

ambiente em que ele se encontra. Essa troca térmica acontece devido ao fenômeno da

termorregulação, que por sua vez está sempre tentando manter o homem em sua

temperatura estável em seu estado saudável, entre 36,1º e 37,2º C. As trocas acontecem

por que o metabolismo provoca no organismo humano perdas e ganhos de calor através

das atividades que o corpo exerce, e como a temperatura humana em estado saudável não

pode se alterar, o corpo faz transferências de calor com o ambiente envolvido.

As transferências térmicas de calor, podem ser principalmente por:

- convecção - trocado calor entre um corpo sólido e outro fluido que pode ser gás ou

líquido, ativada através da velocidade do vento. Pode ser artificial atreves de um

ventilador ou natural;

- condução - transferência de calor entre dois corpos artes de contato direto;

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- evaporação - mudança do estado líquido para o gasoso;

- radiação - troca de calor ente dois corpos sem contato direto.

Um dos diferenciais das construções públicas com relação ao conforto térmico, é

que geralmente possuem um fluxo de usuários e número de equipamentos em maior

quantidade que as edificações convencionais, refletindo-se numa maior troca de calor

entre as pessoas, os equipamentos, e os materiais contidos nesse espaços. Esses fatores

demandam uma atenção ainda maior na elaboração do projeto, a fim de que sejam

propostas soluções que garantam um maior conforto térmico para o usuário, sem

desperdícios de energia.

● Conforto lumínico

A iluminação quando projetada de forma eficiente, contribui para otimização na

utilização da luz natural durante o dia, e oferece uma iluminação artificial com qualidade,

sem ofuscamentos e segura.

A iluminação natural oferece a oportunidade de diminuir o consumo de energia

para gerar luz ou até mesmo de zerar esse consumo em alguns momentos do dia. Mas

para isso, é importante primeiramente, desenvolver um estudo do terreno para o posterior

posicionamento da construção nele, desse forma o prédio se favorecer da luz do dia, sem

que isso atrapalhe o conforto térmico da edificação. Outro fator de influência para se caso

é o posicionamento das entradas de luz, que podem ser zenital ou laterais, dependo de sua

tipologia. No caso da iluminação lateral por exemplo, utilizada em larga maioria, é

importante observar a relação entrega s alturas da janela com a profundidade que se quer

obter de iluminação natural, pois quanto mais alta a janela, maior será a profundidade

alcançada pela luz natural. Um bom parâmetro para saber se temos uma boa iluminação

natural lateral, é permitir que se veja o céu através dela, isso significa que a o alcance

dessa luz será muito bom. É preciso ter cuidado também com o ofuscamento, que pode

ser provocado pela saturação de luz ou pelo excesso de contraste do objeto, levando o

usuário a um grande desconforto visual, que muitas vezes até impede a continuidade de

sua tarefa, ou até mesmo, afetando sua segurança.

Quando a iluminação natural não pode mais dar conta de satisfazer as

necessidades dos ambientes, recorremos a iluminação artificial, que por sua vez, tem por

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finalidade copiar a luz natural. Quanto mais parecida a iluminação artificial for da

natural, mais conforto visual o usuário terá. A iluminação artificial tem a obrigação de

oferecer segurança, acessibilidade e conforto visual e disso dependem outros fatores que

influenciarão nesse rendimento, como a escolha dos materiais e suas cores que tem poder

de reflexão diferentes uns dos outros. É importante também a escolha de lâmpadas de

baixo consumo de energia em contrapartida de uma maior iluminância, além da

possibilidade de dimerizar ou utilizar sensores de presença nos locais onde a necessidade

de luz possa ser de intensidade ou períodos variados, evitando o desperdício de consumo.

Também é importante garantir um bom dimensionamento dessa iluminação, através de

cálculos realizados por profissional habilitado e capacitado, pois assim a iluminação pode

ser feita de acordo com a necessidade do ambiente relacionando suas atividades e outros

fatores que influenciam na eficiência da iluminação.

É necessário também, um bom conhecimento dos tipos de lâmpadas e luminárias

para que suas especificações estejam o mais adequadas com o objetivo a ser alcançado.

Para isso a utilização dos catálogos é de crucial importância, pois trarão as informações

precisas e necessárias para conclusão do projeto de iluminação.

E para finalizar, não se deve esquecer que o ciclo de vida de uma edificação não

termina com o final da construção, sendo assim, importante que medidas como manuais

de instruções, sejam tomadas a fim de facilitar a manutenção dessa iluminação, evitando

que ele perca suas características de eficiência durante seu uso.

● Conforto acústico

Para obtenção de um projeto sustentável, as questões de acústica não podem

deixar de serem incorporadas ao projeto, pois além de oferecerem espaços de qualidade

acústica, em casos específicos, como auditórios, teatro, cinemas, etc. Também trata do

conforto trazido para os usuários que ganharão um espaço livre ruídos incômodos e

prejudiciais a saúde.

Assim como na iluminação, os materiais e que compõem o ambiente influenciam

diretamente na acústica, podem minimizar sua reverberação ou aumentá-la. Isso é

perceptível de forma muito simples, ao entrar em um ambiente vazio sem mobiliário, o

som emitido ao falar reverbera muito mais, e quando a mobília entra nesse espaço,

percebe-se imediatamente que essa reverberação diminui, isso acontece porque os

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materiais absorvem o som.

Essa reverberação tem um tempo correto de ardoroso com cada tipologia de

projeto. O tempo não pode ser tão curto que não alcance o ouvinte, mas também não

pode ser tão longo que dificulte a compreensão do que está sendo emitido.

Para controlar essa reverberação, é importante um excelente conhecimento dos

materiais e seus coeficientes de absorção do som, além dos cálculos que serão feitos para

atingir o resultado esperado.

Além do controle do som dentro do ambiente, em alguns casos precisam ser feitas

um proteção contra ruído, seja esse ruído oriundo de uma atividade externa, ou de uma

atividade interna que precisa ser isolada para não causar impactos sonoros nos ambientes

vizinhos. Nesse caso também, dependerá do conhecimento para especificação dos

materiais, dessa vez o importante é quanto de som o material de isolamento deixará

atravessar o espaço isolado.

Esses cuidados acústicos contrubuem para o funcionamento adequado e eficiente

da edificação, pois atendem as demandas acústicas necessárias para cada tipo de projeto,

além de preservar o usuário e seu entorno de possíveis transtornos que a transmissão do

som possa causar.

● Controle de resíduos

Analisando os impactos causados pela construção civil, seus resíduos são um

grande problema a ser enfrentado. São muitas sobras de materiais largadas no meio

ambiente, sem nenhum controle e planejamento que retarde ou diminua sua chegada na

natureza.

Levando em consideração que todo produto tem um ciclo de vida e que esse ciclo

se dá desde a extração da matéria prima até o seu descarte, é preciso desenvolver um

planejamento que analise qual destino final adequado de um produto. Essas é outra

questão que pode ser inserida em todos os projetos, fazendo algumas alterações de um

projeto para o outro, tendo em vista que há muitas fatores em comum nos resíduos das

diversas construções, principalmente porque nos órgãos públicos, a responsabilidade

deve ser ainda maior, pois além de tudo, as instituições devem ter um papel educativo e

exemplar na sociedade.

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Os geradores do resíduo são responsáveis pela destinação dos resíduos, devendo

sua gestão de resíduos estar de acordo com plano de gerenciamento integrado de

resíduos do Município onde a obra for realizada. Na etapa e é elaboração de projeto,

essas diretrizes podem ser apontadas como exigências a serem cumpridas durante a obra.

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a

áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua

utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento

temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as

normas técnicas especificas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas (CONAMA 307/02)

● Gestão da água e do esgoto

A água é um recuso natural esgotável com grande potencial de consumo no

planeta. Na construção civil ela se esgota em usos na fabricação de materiais, no

aplicação desse mesmos materiais na fase de construção, e principalmente na fase

operacional da edificação, onde o consumo é constantemente feito pelos usuários. Além

desses fatores a edificação também deve prever, na elaboração de seu projeto, estudos

sobre os impactos causados pelas chuvas na região, observando a frequência delas,

situações de secas, enchentes, etc. Tomando assim, decisões de projeto que retardem a

chega das águas pluviais às vias públicas, como por exemplo, a inclusão de captação

dessas águas no projeto para serem usadas na manutenção dos jardim, lavagem de pisos e

pavimentações, etc.

Essa reutilização também contribui para racionalização das água potável, evitando

que ela seja desperdiçada em usos onde não há sua necessidade. Esse racionamento

também pode ser feito através da especificação de materiais que possuem esse objetivo,

como descargas de duplo fluxo, torneiras com sensor de presença, chuveiros com

acionamento com fluxo regulado, dentre outras soluções que sejam pertinentes.

Além do reaproveitamento das águas pluviais, também pode ser feito o

reaproveitamento das águas cinzas (esgoto proveniente dos chuveiros, lavatórios,

tanques, máquinas de lavar roupas), que também podem ser utilizadas assim como as

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águas de chuvas, para fins não potáveis. Essas medidas podem estar na lista de ações a

serem implantadas em qualquer projeto.

● Controle de emissão de gases

As emissões de gases de feito estufa é o fator de elevação do aquecimento global,

ocasionado pela destruição que eles comentem na camada de ozônio e também o

espessamento da camada de responsável pelo efeito estufa, que naturalmente permitem o

aquecimento do planeta, porém em excesso estariam impedindo a saída de calor,

aquecendo cada vez mais o planeta.

Na construção civil as emissões são oriundas das emissões de CO2 no transporte e

fabricação dos materiais, utilização de madeira obtida através de desmatamento para

serem utilizadas como combustíveis na queima de materiais que serão aplicados na

construção civil.

Para minimizar essas emissões, os projetos devem se atentar na definição de

materiais, buscando materiais que promovam o desenvolvimento sustentável do pais, sem

ferir a competitividade, conforme disposto na lei de licitações 8666. Esse é um dos

maiores desafios para o setor público, porém a cada projeto esses materiais precisam ser

pesquisados, a fim de movimentar e incentivar o mercado da construção civil sustentável.

● Controle de qualidade do ar

A qualidade do ar é uma questão de saúde dos usuários do ambiente,

desenvolvendo problemas respiratórios, alérgicos, além de doenças infecciosas e

contagiosas. Geralmente essa fonte de poluição do ar provém tanto do exterior quando do

interior das edificações, sendo do exterior as fumaças de emissões de gases

principalmente nos grandes centros urbanos, também da poeira de diversas atividades que

o entorno esta desenvolvendo como é o caso das obras, pelo polêmica das vegetações,

etc. No interior os problemas são ocasionados pela troca de bactérias e vírus trazidas pela

ocupação dos espaços por seus usuários ou por suas atividades, também há os compostos

voláteis oriundos de materiais recém inseridos no ambiente os mobiliários, o mofo, etc.

Uma das coisas mais importantes para melhoria da qualidade do ar, que precisam

ser acrescentadas na fase de projeto, é uma excelente ventilação, que permita a renovação

do ar, também podem ser utilizados alguns artifícios como o papa pó na entrada do

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ambiente, deixando as impurezas, trazidas pelos calçados, do lado de fora, além da

escolha de equipamentos de refrigeração que permitam sua constante limpeza, escolha de

matérias que não acumulem sujeiras e bactérias, dentre outras.

● Desenvolvimento urbano

Este tópico deve ser incluído nas decisões de projeto desde seu início, a fim de

definir quais medidas podem ser aplicadas com o objetivo de agregar valores para a

sociedade envolvida no projeto, promovendo o transporte urbano, proporcionando maior

contato entre usuário e meio ambiente, oferecendo acessibilidade à todos os cidadãos,

mantendo um equilíbrio e respeito entre as edificações e a natureza, criando espaços

dinâmicos e diversificados que contribuam para harmonia do espaço urbano, dentro

outros elementos que permitam a promoção do desenvolvimento urbano sustentável.

Esse item também, deve avaliar os possíveis futuros impactos, que os novos

empreendimentos causarão na comunidade do entorno, já que podem trazer empregos,

movimentar o mercado mobiliário, exigir mais infra-estrutura do município, aumentar da

demanda de transportes, abastecimento de de água e energia, etc.

● Plataforma BIM

Um dos fatores fundamentais na gestão de projeto integrado, é a utilização de

softwares, que assim como os profissionais, trabalham em conjunto com as diversas

disciplinas de elaboração do projeto, como é o caso dos programa de plataforma BIM,

como Archcad e Revit, não desenham o projeto como linhas, mas sim fazem uma

verdadeira simulação da construção da edificação. Neles cada objeto, material ou espaço,

é criado em suas verdadeiras dimensões, com os reais materiais, e nas três dimensões de

projeto, onde além de oferecer uma visualização fantástica do projeto como um todo,

também possibilita extrair os quantitativos de materiais da obra.

4- Conclusão

A arquitetura é a relação entre o espaço, o homem e o meio ambiente.

'eu sou', 'tu és', querem dizer: eu hábito, tu habitas. O modo como tu és e como eu

sou, a maneira como nós, homens, somos sobre a terra é o buan, a habitação. Ser

homem quer dizer: estar sobre a terra como mortal, quer dizer habitar.

(HEIDEGGER, Martin. Construir, Habitar, Pensar. 1951)

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O homem se relaciona diretamente coma a edificação como se ela fizesse parte do que

ele é e de do que ele realiza dentro desse espaço. A arquitetura tem a capacidade de

influenciar seus usuários, fazendo mais tristes, alegres, cansados, agitados, etc. Enfim, com a

arquitetura se pode educar, ensinando seus usuários a importância de seu relacionamento com

a natureza, dentre outros ensinamentos.

Sendo assim, é preciso um bom entendimento desses três temas, para a projeção e

execução de uma arquitetura de qualidade, que em sua melhor relação com o homem e a

natureza possa proporcionar conforto ergonômico, térmico, lumínico, interação com o meio

ambiente e fazer com que esse homem através da arquitetura se integre com a natureza. Que o

homem, a arquitetura e o meio ambiente sejam um só.

E é através de muito estudo e planejamento que será possível construir no futuro uma

sociedade que contracene com a natureza de forma respeitosa e harmônica. Oferendo espaços

que promovem a saúde do humana, tanto nos aspectos físicos, como nos psicológicos, que

essa harmonia poderá trazer sem comprometer os recursos naturais que subsidiam nossa

passagem pelo planeta.

Os profissionais da construção civil, e principalmente os servidores públicos, devem

se atentar para sua responsabilidade com a sociedade, procurando sempre se manterem

atualizados e realmente comprometidos com a garantia de construções e um meio ambiente de

qualidade para as gerações futuras.

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