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A Importância do “Hirondelle” na Estruturação e Valorização dos Exercícios de Argolas em Ginástica Artística Masculina Manuel Jorge Almeida Campos Porto, 2008

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A Importância do “Hirondelle” na Estruturação e Valorização dos Exercícios de Argolas em Ginástica Artística Masculina

Manuel Jorge Almeida Campos

Porto, 2008

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A Importância do “Hirondelle” na Estruturação e Valorização dos Exercícios de Argolas em Ginástica Artística Masculina

Orientadora: Professora Doutora Eunice LebreManuel Jorge Almeida Campos

Porto, 2008

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, da Opção Complementar de Desporto de Rendimento – Ginástica, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

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Campos, M. (2008). A Importância do "Hirondelle" na Estruturação e

Valorização dos Exercícios de Argolas em Ginástica Artística Masculina. Porto:

M. Campos. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA, CÓDIGO DE

PONTUAÇÃO, ARGOLAS, HIRONDELLE, EXERCÍCIOS DE COMPETIÇÃO.

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III

 

Agradecimentos

Desejo expressar os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas e

instituições que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,

especialmente:

À Prof. Doutora Eunice Lebre, pela alegria, entusiasmo e incentivo

demonstrados na orientação deste trabalho, mas acima de tudo, pela inteira

disponibilidade com que me apoiou na concretização do mesmo.

À Associação de Ginástica do Norte, pela cedência do material audiovisual e

pela bibliografia disponibilizada.

Ao Álvaro, pela ajuda prestada na visualização e avaliação dos exercícios

analisados, bem como pelas dúvidas e reflexões partilhadas.

Ao Ferreirinha, pela cedência de material bibliográfico e pela partilha de

dúvidas.

Ao Prof. Doutor André Seabra, pelos esclarecimentos prestados no âmbito da

estatística.

A todos os meus amigos, pela amizade, preocupação, e constante alento

prestado ao longo da realização deste trabalho. Em especial à Luísa pelas

leituras e reflexões partilhadas.

Aos meus pais e irmão, pelo seu contributo, preocupação, paciência,

compreensão e motivação demonstradas ao longo de todo o meu percurso de

formação enquanto pessoa e profissional.

À Sandrinha, por todo o esforço, colaboração, paciência, compreensão,

incentivo e carinho demonstrados.

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IV

 

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V

 

Índice Geral

Agradecimentos ------------------------------------------------------------------------------- III Índice Geral ------------------------------------------------------------------------------------- V

Índice de Figuras ------------------------------------------------------------------------------ IX

Índice de Quadros ---------------------------------------------------------------------------- XI Resumo ----------------------------------------------------------------------------------------- XV

Abstract --------------------------------------------------------------------------------------- XVII Résumé ----------------------------------------------------------------------------------------- XIX

Lista de Abreviaturas ---------------------------------------------------------------------- XXI

1 Introdução ---------------------------------------------------------------------------------- 1

2 Revisão da Literatura ------------------------------------------------------------------- 5

2.1 Caracterização da Ginástica Artística Masculina (GAM) -------------- 5

2.2 Organização das Competições ------------------------------------------------ 6

2.3 O Código de Pontuação ---------------------------------------------------------- 7

2.3.1 Composição do Júri por Aparelho -------------------------------------------- 9

2.4 Argolas ------------------------------------------------------------------------------ 11

2.5 Avaliação dos Exercícios de Competição ------------------------------- 13

2.5.1 Classificação das Dificuldades dos Elementos -------------------------- 14

2.5.2 Exigências de Composição – Nota “A” ------------------------------------ 15

2.5.3 Deduções de Execução ------------------------------------------------------- 21

2.5.4 Cálculo da Nota de Partida – Nota “A” ------------------------------------ 24

2.6 Composição dos Exercícios de Competição nas Argolas --------- 25

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VI

 

2.7 Caracterização do “Hirondelle” --------------------------------------------- 28

3 Objectivos -------------------------------------------------------------------------------- 35

3.1 Objectivos Geral ------------------------------------------------------------------ 35

3.2 Objectivos Específicos --------------------------------------------------------- 35

3.3 Hipóteses --------------------------------------------------------------------------- 36

4 Material e Métodos --------------------------------------------------------------------- 37

4.1 Caracterização da Amostra --------------------------------------------------- 37

4.2 Metodologia ------------------------------------------------------------------------ 37

4.3 Procedimentos Estatísticos -------------------------------------------------- 38

5 Apresentação dos Resultados ----------------------------------------------------- 42

5.1 Valores Registados nos Exercícios de Argolas dos Ginastas Participantes no Concurso I do Campeonato do Mundo. ------------------- 42

5.2 Variantes do Elemento “Hirondelle” Executadas nos Exercícios de Argolas ----------------------------------------------------------------------------------- 45

5.3 Posição Ocupada pelos Elementos Variantes do “Hirondelle” Efectuados nos Exercícios de Argolas -------------------------------------------- 48

5.3.1 Concurso I ------------------------------------------------------------------------ 48

5.3.2 Concurso II e III ----------------------------------------------------------------- 49

5.4 Valores Registados nos Exercícios de Argolas das Equipas Participantes no Concurso I do Campeonato do Mundo. ------------------- 51

5.5 Valores Registados nos Exercícios de Argolas Realizados pelos Ginastas Participantes no Concurso III do Campeonato do Mundo. ---- 55

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VII

 

5.6 Valores Registados nos Exercícios de Argolas Realizados pelos Ginastas Participantes no Concurso II do Campeonato do Mundo. ----- 57

6 Discussão dos Resultados --------------------------------------------------------- 60

6.1 Elementos Variantes do “Hirondelle” Executados nos Exercícios de Argolas dos Ginastas Participantes no Concurso I. ---------------------- 60

6.2 Variantes do Elemento “Hirondelle” Executados nos Exercícios de Argolas dos Ginastas Participantes no Concurso I. ---------------------- 62

6.3 Posição dos Elementos Variantes do “Hirondelle” no Exercício de Argolas --------------------------------------------------------------------------------------- 68

6.3.1 Concurso I ------------------------------------------------------------------------ 68

6.3.2 Concurso II e III ----------------------------------------------------------------- 69

6.4 Elementos variantes do “Hirondelle” executados nos exercícios de Argolas das equipas participantes no Concurso I ------------------------- 72

6.5 Comparação dos Elementos Variantes do “Hirondelle” Executados nos Exercícios de Argolas do Concurso II e III ---------------- 75

7 Conclusões ------------------------------------------------------------------------------ 80

8 Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------- 84

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VIII

 

 

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IX

 

Índice de Figuras

Figura 1 – Distribuição percentual dos elementos variantes do “Hirondelle”

apresentados pelos ginastas das 24 equipas participantes no Concurso I.

.................................................................................................................. 54

Figura 2 – Distribuição percentual dos elementos variantes do “Hirondelle”

apresentados pelos ginastas das equipas classificadas nas 10 primeiras

posições das Argolas no Concurso I. ........................................................ 54

Figura 3 – Distribuição percentual dos exercícios das Argolas pelos valores de

dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no

Concurso III. .............................................................................................. 56

Figura 4 – Distribuição dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade

das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso III.

.................................................................................................................. 56

Figura 5 - Distribuição percentual dos exercícios das Argolas pelos valores de

dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no

Concurso II. ............................................................................................... 58

Figura 6 - Distribuição dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade

das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso II. 58

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X

 

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XI

 

Índice de Quadros

Quadro 1 – Desvios máximos admitidos entre as deduções do Júri “B” do

aparelho, relativizado à dedução final do exercício (Adaptado de FIG,

(2006a). ..................................................................................................... 11

Quadro 2– Caracterização do valor de dificuldade dos elementos presentes no

CP (Adaptado de FIG, (2006a). ................................................................ 15

Quadro 3– Valor da bonificação por ligação entre elementos de força

(Adaptado de FIG, (2006a). ...................................................................... 18

Quadro 4 – Deduções aplicadas aos exercícios de competição (Adaptado de

FIG, (2006a). ............................................................................................. 21

Quadro 5 - Deduções aplicadas aos desvios angulares e ao tempo de paragem

dos elementos executados nos exercícios de competição das Argolas

(Adaptado de FIG, (2006a). ...................................................................... 22

Quadro 6 – Deduções aplicadas em casos específicos de execução dos

exercícios de Argolas (Adaptado de FIG, (2006a) .................................... 23

Quadro 7 – Processo de cálculo da nota de partida. ....................................... 24

Quadro 8 – Distribuição dos elementos definidos no CP de Argolas por grupo e

por valor de dificuldade. Valores percentuais da distribuição do número de

elementos por grupo. ................................................................................ 26

Quadro 9 – Distribuição dos elementos definidos no CP de Argolas por grupo e

por valor de dificuldade. Valores percentuais da distribuição do número de

elementos por valor de dificuldade. ........................................................... 27

Quadro 10 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” por grupo e

valor de dificuldade. .................................................................................. 30

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XII

 

Quadro 11 – Valores percentuais dos elementos variantes do “Hirondelle”

relativos ao número total de variantes existentes no CP. .......................... 32

Quadro 12 – Valores percentuais dos elementos variantes do “Hirondelle”

relativos ao número total de elementos presentes no CP para os grupos

onde as mesmas se inserem. ................................................................... 32

Quadro 13 – Incidência dos elementos variantes do “Hirondelle” nos exercícios

executados nas Argolas. ........................................................................... 42

Quadro 14 – Valor das correlações obtidas entre as notas de partida, execução

e final, a classificação na qualificação das Argolas e os elementos

variantes executados nos exercícios de competição. ............................... 43

Quadro 15 – Descrição das variantes do elemento “Hirondelle” realizados nos

exercícios de Argolas dos ginastas participantes no Concurso I do

Campeonato do Mundo. ............................................................................ 45

Quadro 16 – Descrição das variantes do elemento “Hirondelle” não utilizados

nos exercícios de Argolas dos ginastas participantes no Concurso I do

Campeonato do Mundo. ............................................................................ 47

Quadro 17 – Distribuição das variantes do elemento “Hirondelle” relativamente

ao seu posicionamento nos exercícios de competição efectuados nas

Argolas pelos ginastas participante no Concurso I do Campeonato do

Mundo. ...................................................................................................... 48

Quadro 18 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle”

relativamente ao seu posicionamento nos exercícios de competição

efectuados nas Argolas pelos ginastas participante no Concurso II e III do

Campeonato do Mundo. ............................................................................ 49

Quadro 19 - Incidência das variantes do “Hirondelle” executados nos exercícios

de Argolas pelos ginastas das equipas participantes ................................ 51

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XIII

 

Quadro 20 - Incidência de variantes do elemento “Hirondelle” realizadas nos

exercícios de Argolas pelos ginastas das equipas participantes ............... 53

Quadro 21 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” pelas notas

de partida obtidas nos exercícios efectuados nas Argolas pelos ginastas

participantes no Concurso III do Campeonato do Mundo. ........................ 55

Quadro 22 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” pelas notas

de partida obtidas nos exercícios efectuados nas Argolas pelos ginastas

participantes no Concurso II do Campeonato do Mundo. ......................... 57

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XIV

 

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XV

 

Resumo O presente estudo visou identificar a importância do elemento “Hirondelle”,

enquanto elemento estático de força, na valorização e estruturação dos

exercícios de Argolas em Ginástica Artística Masculina. Concretamente

pretendemos estudar o modo como a execução deste elemento poderá

contribuir para a valorização dos exercícios de Argolas, identificando se as

suas variantes e o seu enquadramento estrutural, poderão, à luz do Código de

Pontuação, constituir uma vantagem competitiva. A amostra foi constituída por

212 ginastas masculinos participantes no Campeonato do Mundo de

Estugarda, realizado em Setembro de 2007. A avaliação dos exercícios

apresentados, foi efectuada através da visualização de imagens no Programa

IRCOS, com o apoio do Juiz Supervisor das Argolas da competição analisada.

Para a análise dos dados, recorremos à Correlação de Pearson e à Estatística

Descritiva (estudo das frequências e cruzamento de dados). Como resultados

principais, verificamos que: a maioria dos ginastas que executam o “Hirondelle”,

optam por executar duas variantes do elemento; a nota de partida dos

exercícios parece aumentar em função do número de elementos variantes

executados, tendo implicações na nota final e a classificação dos ginastas no

aparelho; existem diferenças significativas entre os elementos executados e os

elementos reconhecidos com implicações nos grupos de elementos; os

ginastas recorreram maioritariamente a elementos de dificuldade “E”; as

variantes do “Hirondelle” na sua maioria são executados nos cinco primeiros

elementos do exercício; as equipas cimeiras possuem um maior número de

ginastas a executar duas variantes do elemento no seu exercício de

competição; no Concurso II os ginastas apresentaram maioritariamente uma

variante do elemento, enquanto que no Concurso III apresentaram duas.

Concluímos ainda que: o “Hirondelle” constitui uma alternativa vantajosa para a

valorização e estruturação dos exercícios de Argolas, pelo leque de variantes

de elevado valor de dificuldade, pelo cumprimento da exigência de grupos e

pela bonificação por ligação com outros elementos de força.

PALAVRAS-CHAVE: GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA, CÓDIGO DE

PONTUAÇÃO, ARGOLAS, HIRONDELLE, EXERCÍCIOS DE COMPETIÇÃO.

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XVI

 

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XVII

 

Abstract The aim of this study is focused on the importance of "Swallow", as a static

element, by valuing and structuring Rings exercises, of Men’s Artistic

Gymnastics. Specifically, we intend to study, how this element will contribute to

implement value on Rings routines, identifying whether their variants and

structural framework as elements, according to the specifications of the Code

Points, may be a competitive advantage The sample has been formed by 212

male gymnasts that participated in the World Championships at Stuttgart, held

in September 2007. The evaluation of presented exercises, was made through

the display of images on IRCOS program, with the support of Supervisor Judge

of the Rings from the competition analyzed.

We resorted to the correlation of Pearson and Descriptive Statistics (study of

frequencies and crosstabs), for data analysis. As key results, we found that:

most gymnasts who make "Swallow", choose to do two variants of the element,

the start value note of exercises seems to increase according to the number of

variants elements executed, having implications on the final score and thus on

gymnasts classification; there are significant differences between the executed

elements and the recognized ones, with implications for both groups of

elements; the gymnasts resorted mostly to difficult elements valorized as "E";

for the most variants of " Swallow " seem to be performed in the first five

elements of the exercise, the summits teams have a larger number of gymnasts

performing two variants of the element on their exercises at the competition,

most of the gymnasts on Competition II showed one variant of the element,

while at the Competition III they presented two.

Still we conclude that: "Swallow" is an advantageous alternative for the value

and structuring of Rings exercise, mainly by having the widest range in variants

of high value of difficulty, for the compliance with the requirement groups and

for the ability of connection value awarded with other elements of strength

directly connected.

KEYWORDS: MEN’S ARTISTIC GYMNASTICS, CODE OF POINTS, RINGS,

SWALLOW, COMPETITION EXERCISES.

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XVIII

 

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XIX

 

Résumé Cet étude vise la détermination de l'importance de l'élément "Hirondelle", tandis

qu’élément statique de force, dans la valorisation et structuration des exercices

d’Anneaux dans la Gymnastique Artistique Masculine. Concrètement, nous

voulons étudier comment la mise en œuvre de cet élément pourra contribuer

pour la valorisation des exercices d'Anneaux, déterminant si ses variantes et

son cadre structurel, pourront constituer un avantage compétitif selon le Code

de Pointage. L'échantillon a été constitué par 212 gymnastes du sexe masculin

qui ont participés au Championnat du Monde à Stuttgart en Septembre 2007.

L'évaluation des exercices présentés a été réalisée par la visualisation des

images sur le programme IRCOS, avec l'appui du Juge Superviseur des

exercices d’Anneaux au championnat analysé. Pour analyser les donnés, nous

avons recouru à la Corrélation de Pearson et à la Statistique Descriptive (étude

des fréquences et croisement de donnés). Comme résultats principales, nous

constatons que: la plupart des gymnastes qui exécute la "Hirondelle", a choisi

de utiliser deux variantes de l'élément; la note de départ de exercices semble

augmenter selon le nombre d’éléments variantes exécutés, ayant des

implications sur la note finale et classification des gymnastes de cet appareille;

on voit d'importantes différences entre les éléments exécutés et les éléments

reconnus avec des implications dans les groupes d'éléments; les variantes de

"Hirondelle" sont surtout exécutés dans les cinq premiers éléments de

l'exercice; les premières équipes ont un plus grand nombre de gymnastes qui

exécutent deux variantes de l'élément dans leurs exercices de compétition;

dans le Concours II, les gymnastes ont présenté surtout une variante de

l'élément "Hirondelle", tandis que dans le Concours III les gymnastes ont

présenté deux variantes. En conclusion : l’élément "Hirondelle" est une

alternative avantageuse pour la valorisation et la structuration des exercices

d'Anneaux, par la gamme de variantes de grand valeur de difficulté, par

l’accomplissement de l'exigence de groupes et par la bonification par liaison

avec d'autres éléments de force.

MOTS-CLÉ: GYMNASTIQUE ARTISTIQUE MASCULINE, CODE DE

POINTAGE, ANNEAUX, HIRONDELLE, EXERCICES DE COMPÈTITION.

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XX

 

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XXI

 

Lista de Abreviaturas

CO – Ciclo Olímpico

CP – Código de Pontuação

FIG – Federação Internacional de Ginástica

GA – Ginástica Artística

GAF – Ginástica Artística Feminina

GAM – Ginástica Artística Masculina

MI – Membros inferiores

MS – Membros superiores

RT – Regulamento Técnico

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INTRODUÇÃO

1

 

1 Introdução

Nas últimas décadas temos assistido a uma verdadeira evolução no plano

competitivo da Ginástica Artística (GA). O desenvolvimento da modalidade

encontra-se bem patenteado nas diversas investigações e estudos efectuados

por vários especialistas na área, tais como Taylor (1999), Fink (2003), FIG

(2008c), Zschocke (2008). Ao mesmo tempo, a GA tem mantido as linhas

tradicionais da sua origem, apresentando actualmente exercícios compostos

por elementos de grande dificuldade e risco, executados com elevada

qualidade e supremacia (Arkaev & Suchilin, 2004).

Se compararmos os exercícios de competição dos atletas de elite nos primeiros

e nos últimos Jogos Olímpicos, identificamos o grau de desenvolvimento da

modalidade ao longo das últimas décadas. Num curto espaço de tempo, a

dificuldade dos exercícios aumentou de tal ordem, que inevitavelmente originou

o incremento das cargas de treino, aumentando assim, a qualidade dos

exercícios de competição (Arkaev & Suchilin, 2004).

Todo este progresso se fundou numa base alargada de investigações, que

permitiram melhorar a metodologia de treino, os equipamentos, as técnicas de

aprendizagem, os métodos de instrução e as próprias regras de pontuação

(Fink, 1999).

O Código de Pontuação (CP) enquanto documento precursor dessas regras, é

considerado há mais de duma década, o principal responsável pelo

desenvolvimento da modalidade. Roetzheim (1991), refere mesmo que este

documento está acima do trabalho de treinadores, juízes e atletas, sendo o

principal regulador da GA.

A confirmação deste facto é demonstrada pelas alterações efectuadas ao CP

ao longo dos tempos. Na opinião de Arkaev e Suchilin (2004), apesar de em

alguns momentos as alterações efectuadas ao CP não terem sido as mais

adequadas, na sua maioria, foram bastante positivas e benéficas para o

desenvolvimento da modalidade.

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INTRODUÇÃO

2

 

Actualmente, com a eliminação do resultado máximo atingível – “os mágicos 10

pontos”, os exercícios deixaram de ter um limite estipulado de dificuldade.

Segundo FIG (2008c), esta histórica alteração ao CP, foi efectuada com a

intenção de aumentar e assegurar a competitividade entre os ginastas,

diferenciando-os através das suas habilidades e capacidades pessoais.

É nesta perspectiva que pretendemos determinar se as alterações efectuadas

ao CP se relacionam directamente com as escolhas dos elementos para

composição dos exercícios de Argolas. Especificamente pretendemos

equacionar quais os elementos mais utilizados pelos ginastas para aumentar a

dificuldade dos exercícios de competição, na medida em que esta em conjunto

com o grau de execução, são a máxima expressão do rendimento desportivo

dos atletas.

Concretamente, pretendemos determinar a importância do “Hirondelle”

enquanto elemento estático de força e enquanto elemento terminal ou variante

na construção dos exercícios de Argolas.

O equilíbrio imposto pelo CP entre a dificuldade dos elementos e a mestria de

execução dos mesmos, justifica a pertinência do nosso trabalho, quanto mais

não seja pela importância que se pode retirar desse equilíbrio para a

elaboração dos exercícios de competição das Argolas.

Para isso consubstanciaremos a nossa análise nos exercícios executados no

Campeonato do Mundo de Estugarda, realizado em Setembro de 2007.

Iniciaremos o nosso estudo com a revisão da literatura, onde apresentamos

uma breve descrição da modalidade, passando pelo modo como se organizam

as competições, definindo todos os aspectos da avaliação dos exercícios de

competição, para seguidamente caracterizarmos o elemento “Hirondelle”

enquanto elemento estático de força, terminando com a análise dos elementos

variantes do “Hirondelle” passíveis de serem executados à luz do CP.

Posteriormente, passaremos à caracterização da amostra estudada, com

particular descrição da metodologia utilizada para a recolha e tratamento de

dados, seguida da apresentação dos resultados obtidos.

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INTRODUÇÃO

3

 

Prosseguimos com a discussão dos resultados, onde confrontamos os dados

obtidos com as directrizes emergentes do CP, com as perspectivas de vários

autores e estudos preconizados pelos mesmos, e ainda, de acordo com a

nossa experiência. A discussão encontra-se organizada em função das

variáveis analisadas, no entanto, para o melhor entendimento dos aspectos

mais relevantes, optamos em alguns casos por subdividir a discussão em

Concursos, e em outros, por unificar a análise e comparar os Concursos.

Por fim, serão reveladas todas as conclusões obtidas pelo nosso estudo, no

entendimento geral da modalidade.

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REVISÃO DA LITERATURA

5

 

2 Revisão da Literatura 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA (GAM)

A GAM é uma modalidade que se caracteriza pela complexidade e variedade

de movimentos, executados em diferentes aparelhos fixos. Os aparelhos que a

constituem são seis, dos quais identificamos, dois de apoio - Cavalo com

Arções e Paralelas, dois de suspensão - Argolas e Barra, e dois de saltos -

Solo e Saltos de Cavalo.

Vários autores, FIG (2008a), Arkaev & Suchilin (2004), Côrte-Real et al. (1991),

Smolevsky e Gaverdovsky (1996) e Ukran (1978), definem esta modalidade

como sendo uma das mais exigentes, não só pela combinação de força,

flexibilidade, resistência, risco e arte, mas também, pela exigência de qualidade

e supremacia na execução dos exercícios.

Araújo e Costa (1992) admitem que a GAM enquanto desporto, coloca um

grande desafio aos seus praticantes na relação ambígua que estabelece entre

o domínio corporal, expresso pela combinação de diferentes elementos

técnicos, e a facilidade de execução demonstrada pelo ginasta, que nos

conduz à estética do movimento, que pode ser definida como qualidade de

execução.

Do mesmo modo, Arkaev e Suchilin (2004) defendem que a competição em

GAM se expressa pela apresentação de exercícios, onde os movimentos são

executados eximiamente no espaço e tempo da competição.

Por seu lado, o principal documento regulador da GAM, o CP (FIG, 2006a),

propõe que os exercícios sejam executados e construídos à luz das

capacidades dos ginastas, ou seja, sem que o aumento de dificuldade

(aumento de elementos tecnicamente complexos) se transforme em diminuição

do nível de execução técnica (diminuição da estética do movimento).

Na sua plenitude, a GAM obedece a um conjunto de regras circunscritas em

dois documentos distintos: o Regulamento Técnico (RT) e o CP. O primeiro tem

o propósito de proporcionar um vasto suporte para o controle, organização e

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REVISÃO DA LITERATURA

6

 

funcionamento dos requisitos técnicos da Federação Internacional de Ginástica

(FIG), prevendo o incentivo, o progresso e o desenvolvimento de todos os

aspectos da Ginástica, em associação com sindicatos e grupos continentais

reconhecidos ao abrigo dos estatutos e das federações (FIG, 2007). O

segundo, relaciona-se com os aspectos mais técnicos da modalidade,

distinguindo o valor de cada elemento, as ligações possíveis em cada

exercício, os erros técnicos e as penalizações subjacentes à sua execução,

específicas a cada aparelho de competição (FIG, 2007).

A própria evolução da modalidade encontra-se estritamente dependente destes

regulamentos, sendo o CP o mais preponderante do ponto de vista técnico por

influenciar directamente o treino e a preparação dos ginastas.

Perante o exposto, a GAM não só é um fenómeno desportivo enquanto

modalidade Olímpica, como é uma modalidade impulsionada pelo desempenho

e pela perfeição caminhando na busca da excelência de movimentos, na

procura da mestria dos gestos técnicos, na execução de elementos de risco

sobe uma complexidade crescente onde a expressão e expansão do potencial

humano se evidencia (Heward, 2001).

2.2 ORGANIZAÇÃO DAS COMPETIÇÕES

Nas competições internacionais mais importantes, Campeonatos da Europa,

Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos, existem quatro tipos de

Concursos, isto é, a competição é decomposta em quatro momentos distintos:

Concurso I (Qualificação); Concurso II (Final Geral Individual); Concurso III

(Finais por Aparelho) e Concurso IV (Final por Equipas), (FIG, 2007). Cada um

dos Concursos corresponde a uma etapa da competição, com objectivos e

características próprias na obtenção de resultados.

Assim, as competições em GAM iniciam-se com uma primeira fase de

qualificação, onde são seleccionados os melhores atletas e as melhores

equipas para a disputa dos três primeiros lugares nos Concursos

subsequentes. Essa qualificação é estabelecida em função de uma

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REVISÃO DA LITERATURA

7

 

classificação vertical dos atletas participantes no Concurso I. Dessa

classificação vertical, seleccionam-se os ginastas que disputarão as finais dos

Concursos II, III e IV, que correspondem respectivamente aos primeiros 24

ginastas na classificação geral individual, aos 8 primeiros ginastas de cada

aparelho e às 8 primeiras equipas (FIG, 2007). Portanto todos os resultados da

competição, sejam eles referentes à classificação das equipas, classificação

por aparelho ou classificação geral individual (All-around), são obtidos através

do Concurso I.

2.3 O CÓDIGO DE PONTUAÇÃO

De acordo com o exposto anteriormente, o CP é um documento onde

encontramos um leque de informação bastante variado e específico: variado

porque contempla todo tipo de informações relacionadas com direitos, deveres

e sanções aplicadas a diversas entidades envolvidas no contexto competitivo,

sejam juízes, treinadores e/ou atletas; e específico, porque apresenta

pormenorizadamente todas as directrizes de estruturação e avaliação dos

exercícios de competição (FIG, 2006a).

Estruturalmente desenvolvido pelo Comité Técnico da Federação Internacional,

e posteriormente adoptado pelo Comité Executivo da FIG, o CP surge com

propósito de proporcionar a sistematização de um conjunto de regras que

visam assegurar uma avaliação uniforme e objectiva dos exercícios de GA a

todos os níveis competitivos: Regional, Nacional e Internacional (FIG, 2007).

Na sua plenitude, o CP é também um documento muito completo do ponto de

vista técnico, pois fornece toda a informação necessária à construção de

exercícios de competição. Nele se incluem todos os movimentos e técnicas

desenvolvidas ao longo dos tempos para os diferentes aparelhos, as

combinações e exigências dos conteúdos dos exercícios e ainda, as deduções

aplicadas aos erros de execução técnica cometidos (FIG, 2007).

Por outro lado, estão igualmente descritas todas as sanções decorrentes de

infracções cometidas por treinadores, juízes e ginastas e todos os detalhes da

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REVISÃO DA LITERATURA

8

 

organização e controlo das competições, para que seja possível manter uma

avaliação coerente, eficaz e justa em qualquer contexto competitivo (FIG,

2006b).

Assim, o CP além de funcionalmente determinar o melhor ginasta em qualquer

contexto competitivo, constitui-se como um guia de acção técnica e

regulamentar para juízes, treinadores e atletas (FIG, 2006a).

Nesta perspectiva atrevemo-nos a descreve-lo como um instrumento

simultaneamente orientador e regulador da modalidade. Aliás, Arkaev e

Suchilin (2004), vão ainda mais longe ao qualificarem este documento como a

ferramenta mais importante para o desenvolvimento da GA.

Sendo um documento simultaneamente tão abrangente quanto particular, são

elaborados dois CP a cada Ciclo Olímpico (CO), um para a Ginástica Artística

Feminina (GAF) e outro para a GAM. Embora contemplem algumas directrizes

idênticas, na sua especificidade apresentam diferenças estruturais bastante

marcadas pelas particularidades de cada uma das disciplinas.

Neste contexto a FIG tem um papel determinante no desenvolvimento da

modalidade, não só na consideração e valorização de novos elementos

apresentados pelos atletas, mas principalmente no direccionar da evolução da

GA, pelas particularidades que modificam em cada aparelho, pelo aumento ou

diminuição de elementos e pelas exigências aplicadas a cada momento.

Fundamentalmente as alterações mais profundas são efectuadas no final de

cada CO, no entanto, por vezes há necessidade de fazer reajustes durante

esse mesmo ciclo de modo a corrigir eventuais desequilíbrios ao nível

competitivo. A alteração do valor dos saltos no aparelho de saltos de cavalo,

efectuada pela FIG em Maio de 2006, foi um exemplo da importância de um

reajustar ao CP a meio de um CO. Essa necessidade surgiu em prol de

equilibrar a relação entre dificuldade de execução e o grau de correcção dos

saltos apresentados (FIG, 2006b). O aumento do valor dos saltos mais

complexos face a saltos menos complexos permitiu equilibrar a avaliação neste

aparelho e estabelecer uma avaliação coerente entre dificuldade e execução.

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REVISÃO DA LITERATURA

9

 

Todas as alterações instituídas ao longo dos anos pela FIG, foram efectuadas

com o intuito de definir regras e parâmetros de julgamento que permitissem,

codificar uniformemente os aspectos técnicos e as penalizações, mantendo

assim a beleza e a estética como expressão artística da modalidade (Grandi,

2008).

Compreendemos então que o CP funciona como a “bíblia” de movimentos e

técnicas, contemplando em si todas as directrizes necessárias à construção e

avaliação dos exercícios de competição, bem como toda a informação e

regulamentação da conduta de juízes, treinadores e atletas em contextos

competitivos.

2.3.1 Composição do Júri por Aparelho

Está previsto no regulamento técnico, que a constituição do Júri nas

competições oficias FIG sejam: 1 Supervisor de Júri; 2 Júris “A” e 6 Júris “B”. O

Supervisor de Júri (geralmente Membro do Comité Técnico da FIG) representa

a entidade máxima reguladora do aparelho em questão. O seu papel

circunscreve-se nos seguintes pontos:

• Supervisionar a competição de modo a regular eventuais infracções de

disciplina ou quaisquer circunstâncias extraordinárias que afectam a

conduta da competição;

• Rever continuamente as notas atribuídas pelos juízes, estando apto a

emitir um aviso a qualquer juiz cujo trabalho seja insatisfatório ou

demonstre parcialidade;

• Intervir sempre que seja necessário corrigir erros de julgamento por

parte de um, ou vários juízes, adoptando as medidas necessárias;

• Autoridade para substituir qualquer elemento do júri de painel (Júri “A”

ou “B”) na sequência de resultados negativos continuados;

• Autoridade para alterar ou manter uma nota contestada no momento

pelo treinador creditado do atleta em questão;

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REVISÃO DA LITERATURA

10

 

Hierarquicamente abaixo do Supervisor de Júri encontram-se os juízes de

painel que se subdividem em dois grupos, Júri “A” e Júri “B” perfazendo um

total de 8 juízes por aparelho, sendo todos membros de diferentes federações

(FIG, 2007).

O Júri “A” por seu lado divide-se em “A1” e “A2”, sendo que o primeiro

acrescenta a função de presidente do júri de painel, que lhe atribui o poder de

questionar e solicitar o ajuste de diferenças nas deduções do Júri “B” se tal se

verificar (FIG, 2006a). Os Júris “A” terão que escrever os símbolos, as

deduções dos elementos e as combinações efectuadas pelos ginastas, de

modo a determinarem a dificuldade do exercício (nota “A”) e a verificarem se as

deduções do Júri “B” se encontram dentro dos parâmetros avaliativos. O papel

do Júri “A2” será assistir o “A1” no esclarecimento de qualquer dúvida ao nível

do cálculo da dificuldade do exercício (nota “A”) ou ao nível das deduções

contabilizadas nos diferentes elementos (nota “B”). Por esse motivo, as suas

funções são exactamente as mesmas que o presidente de júri (“A1”) com a

excepção da função de presidência (FIG, 2007).

Especificamente, os júris A são os únicos responsáveis pelo reconhecimento

dos elementos e ligações (combinações de elementos) regulamentares

executados correctamente em cada aparelho (FIG, 2006a). As exigências e

critérios de avaliação e reconhecimento desses elementos encontram-se

descritos no capítulo da avaliação dos exercícios de competição.

Os júris B são responsáveis pela avaliação da execução do exercício, ou seja,

terão de identificar e contabilizar em décimas de ponto todos os erros de

estética, técnica e composição dos exercícios apresentados (FIG, 2006a).

Para além destes elementos do júri, deverão existir outros juízes/assistentes

suplementares para tarefas relacionadas com especificidades dos aparelhos,

nomeadamente: 2 juiz de linha no Solo; 1 cronometrista no Solo, 1

cronometrista para controlo do “aquecimento” nas paralelas; 1 juiz de linha nos

Saltos de Cavalo; e diversos assistentes para tarefas de secretariado

(estafetas, operadores, etc), (FIG, 2006a).

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REVISÃO DA LITERATURA

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As exigências relativas à constituição do Júri descritas anteriormente, são

requeridas em todos os aparelhos e nos vários Concursos das competições

oficiais FIG. O regulamento prevê ainda, alterações na composição do júri

noutras competições de carisma internacional, nacional ou local, até um

mínimo de 1 Júri A e 2 Júris B. Em ambos os casos, as diferenças de

pontuação entre elementos do júri B não poderão ultrapassar os seguintes

limites consoante o desconto total:

Quadro 1 – Desvios máximos admitidos entre as deduções do Júri “B” do aparelho, relativizado à dedução final do exercício (Adaptado de FIG (2006a)).

Dedução final (aplicada ao exercício)

Desvio Permitido (entre as 4 notas contabilizadas)

>0,00 – 0,40 0,10

>0,40 – 0,60 0,20

>0,60 – 1,00 0,30

>1,00 – 1,50 0,40

>1,50 – 2,00 0,50

>2,00 0,60

De acordo com o quadro, a tolerância aceitável das deduções aplicadas por

cada um dos juízes a um exercício, dependem da dimensão do desconto final.

Assim, a diferença entre as quatro notas intermédias (nota “B”) não poderá

ultrapassar as 3 décimas de ponto, no caso do atleta totalizar 1 ponto de

deduções na execução do seu exercício. Se a diferença for superior ao

estabelecido, caberá ao presidente de júri ajustar uma ou mais notas

intermédias para equilibrar as deduções aplicadas tendo em conta o

desempenho do ginasta (FIG, 2006a).

2.4 ARGOLAS

Dos seis aparelhos que compõem a competição em GAM, as Argolas

diferenciam-se dos restantes por ser um aparelho com apoio móvel (Smolevsky

& Gaverdovsky, 1996).

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REVISÃO DA LITERATURA

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Durante muitos anos, este aparelho foi considerado exclusivamente de trabalho

de força. No entanto a especificidade das suas características parecem ter

exigido uma evolução ao ponto de o tornar actualmente num aparelho muito

mais completo e específico. Desde os anos 60, que os exercícios de

competição apresentados nas Argolas, têm sofrido alterações na sua

composição estrutural. Uma das principais, foi a introdução de “balanços” e

“gigantes”, que mudaram bruscamente a amplitude dos movimentos

executados até então neste aparelho. Segundo Smolevsky e Gaverdovsky

(1996) o desenvolvimento e a execução dos elementos de balanço permitiram

realçar as possibilidades dinâmicas deste aparelho, aumentando

consequentemente a altura das saídas e a amplitude dos elementos

executados pelos ginastas. Mais tarde, a partir dos anos 80, a evolução foi no

sentido de proporcionar a combinação entre os elementos de força e os

elementos de balanço, sendo esta a forma actual dos exercícios de competição

apresentados pela elite da GAM neste aparelho.

Arkaev e Suchilin (2004) referem que muita dessa evolução foi suportada pelo

CP e pelo RT da FIG. Aliás, o presente CP confirma esta afirmação ao

prescrever percentagens idênticas de elementos estáticos, de balanço, e de

força para o conteúdo dos exercícios de competição (FIG, 2006a).

Do ponto de vista biomecânico, Cuk e Karácsony (2002), classificam os

movimentos executados nas Argolas em três grupos: elementos estáticos,

elementos de força e elementos de balanço.

Os autores destacam ainda as diferentes formas de movimentos que podem

surgir dos três grupos enumerados anteriormente.

Relativamente aos elementos estáticos, os autores distinguem duas variantes:

uma realizada em suspensão e outra em apoio, onde respectivamente o peso

do corpo é suportado abaixo ou acima do apoio. Quanto aos elementos de

força, segundo os mesmos autores, estes podem ser executados de apoio para

apoio, de apoio para suspensão, de suspensão para suspensão e de

suspensão para apoio. Analogamente os elementos de balanço, poderão ser

executados em suspensão, em apoio, de apoio para suspensão, de suspensão

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REVISÃO DA LITERATURA

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para apoio, de suspensão para execução da saída ou de outros elementos

(Cuk & Karácsony, 2002).

A diversidade de movimentos presentes neste aparelho é tão elevada que

dentro destas duas classificações com propósitos de análise diferenciados

podemos encontrar elementos realizados na vertical, na horizontal e sobe

diferentes direcções: cima – baixo; frente – trás; esquerda – direita (Cuk &

Karácsony, 2002).

Nesta perspectiva, Pastor (2003), defende que este aparelho é o mais instável

da GA, por colocar dificuldades de equilíbrio na realização e manutenção das

posições estáticas efectuadas sobre o apoio dos membros superiores (MS).

Por seu lado, Smolevsky e Gaverdovsky (1996) completam esta afirmação,

referindo que o trabalho nas Argolas varia consoante o sentido da força

aplicada na realização do apoio.

Numa forma mais genérica e conclusiva, Arkaev e Suchilin (2004) caracterizam

as Argolas como sendo um aparelho onde se executam elementos de apoio

sobre um suporte móvel.

2.5 AVALIAÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE COMPETIÇÃO

A avaliação dos exercícios de competição em GAM é algo peculiar. Todos os

exercícios apresentados em competição possuem um determinado valor à luz

do CP. Esse valor expressa-se na designada Nota Final, que resulta da soma

de duas notas distintas, a Nota “A” e a Nota “B” habitualmente designadas por

Nota de Partida e Nota de Execução, (FIG, 2006a).

A Nota “A” corresponde à dificuldade do exercício apresentado, resultante da

soma do valor da dificuldade dos dez (10) elementos mais valiosos do exercício

(9 elementos mais a saída), das ligações e das exigências de Grupo (FIG,

2006a).

Por seu lado, a Nota “B” resulta das deduções efectuadas pelo júri “B”, relativas

a erros de execução, erros estéticos, erros de composição e erros técnicos na

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REVISÃO DA LITERATURA

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execução dos diversos elementos apresentados. O seu valor inicial é de 10.00

pontos, atribuídos pela apresentação de um exercício (FIG, 2006a).

Após a soma das deduções em décimas de ponto, é subtraída a média das

deduções dos júris “B” (4 notas intermédias das 6 possíveis) ao valor de 10.00

pontos atribuídos ao ginasta pela mera apresentação de um exercício, (FIG,

2006a).

Embora pareça relativamente simples calcular a nota final de um exercício, o

facto é que é necessário mais do que a simples soma das notas atribuídas

respectivamente pelo júri “A e B”.

A determinação dessas notas é efectuada segundo regras e critérios de

avaliação definidos para cada aparelho em particular.

Por esse motivo apresentaremos de seguida a descrição pormenorizada das

exigências de composição dos exercícios de competição e das deduções

aplicadas na determinação das respectivas notas “A e B” das Argolas.

2.5.1 Classificação das Dificuldades dos Elementos

Todos os elementos presentes no CP possuem um determinado valor que se

estabelece numa relação ambígua entre complexidade e dificuldade. Para

Arkaev e Suchilin (2004) estes são dois conceitos próximos mas com

significados diferentes. A complexidade representa o quão difícil é um elemento

de executar por possuir mais do que um movimento em si, enquanto que, a

dificuldade se expressa pela quantidade de esforço ou dispêndio de tempo de

trabalho que se deposita em algo. É nesta dinâmica que o CP tende evoluir.

Quando determinado elemento é executado por vários atletas, significa que se

tornou num elemento comum e por isso, a dificuldade que lhe foi atribuída

tende a diminuir de valor.

O crescente aumento do escalonamento da dificuldade em partes de valor,

expressa inequivocamente o aumento de elementos de maior complexidade.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Após uma análise comparativa dos Campeonatos do Mundo de Aarhus 2006 e

Stuttgart 2007, FIG (2008c) afirma que existe uma clara tendência por parte

dos ginastas, em apresentar exercícios com notas de partida mais elevadas,

sendo as Argolas um dos aparelhos que se observa esse tipo de crescimento.

Para a avaliação dos exercícios de competição, o CP atribui letras que

quantificam em valor e distinguem em dificuldade os elementos executados

pelos ginastas em todas as competições.

Os elementos encontram-se classificados pela ordem do abecedário, em que a

letra “A” representa os elementos de menor dificuldade e a letra “F”, os

elementos de maior dificuldade (conforme o Quadro 2).

Quadro 2– Caracterização do valor de dificuldade dos elementos presentes no CP (Adaptado de FIG (2006a)).

Partes de Valor A B C D E F

Valor de dificuldade 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60

De modo a facilitar a consulta e a classificação de cada elemento, o CP possui

nos capítulos de cada aparelho, uma tabela que ordena os elementos

simultaneamente por Grupo de elementos e por valor de dificuldade.

2.5.2 Exigências de Composição – Nota “A”

Para melhor compreendermos o processo de avaliação e cálculo da nota de

partida, é necessário enumerar as exigências que regulam a construção dos

exercícios de competição.

Neste leque, podemos distinguir três tipos de exigências para a composição

dos exercícios:

I. Exigência para os grupos de elementos;

II. Exigências para a repetição de elementos;

III. Exigências para as ligações de elementos.

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REVISÃO DA LITERATURA

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I. À luz do CP, os elementos executados em cada aparelho encontram-se

agrupados em cinco grupos distintos de acordo com a sua

especificidade e tipo de movimento (FIG, 2006a). Cada aparelho possui

elementos particulares que se inserem nos cinco grupos de elementos,

diferindo de aparelho para aparelho em nomenclatura pela

especificidade dos elementos que englobam. Ou seja, trocando isto por

miúdos, o grupo I do Solo corresponde a elementos não acrobáticos,

enquanto o mesmo grupo nas Argolas corresponde a básculas e

elementos de balanço. Ainda assim, o grupo V é sempre referente ao

grupo das saídas nos diferentes aparelhos (FIG, 2006a).

Os saltos de cavalo é o único aparelho em que os grupos não

distinguem elementos, são apresentados igualmente cinco grupos mas

apenas para identificar diferentes tipos de saltos.

Esta conjugação dos elementos por grupos, não só nos permite

identificar diferentes tipos de elementos, como simplifica a avaliação dos

exercícios de competição.

Segundo Zschocke (2008) os critérios de avaliação devem ser

estabelecidos de modo a manter a estética e a beleza dos movimentos

executados em cada aparelho. Certamente que a beleza está também

na execução de elementos tipicamente diferenciados. Nesta perspectiva

o CP prevê a inclusão de pelo menos um elemento de cada grupo nos

exercícios apresentados, tendo estes que pertencer obrigatoriamente ao

leque dos dez (10) elementos mais valiosos (FIG, 2006a).

Por cada grupo de elementos efectuado, o ginasta terá direito a cinco

décimas de ponto (0,50), totalizando 2,50 pontos se executar elementos

dos cinco grupos (FIG, 2006a). No grupo V as cinco décimas de ponto

(0,50) serão atribuídas unicamente se for executada uma saída de valor

igual ou superior a “D”. No caso de ser apresentada uma saída de valor

“C” atribui-se três décimas de ponto (0,30). Se a saída for inferior a “C”,

nomeadamente “B” ou “A” será atribuído zero (FIG, 2006a).

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REVISÃO DA LITERATURA

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Dito de outro modo, a inclusão de elementos dos diferentes grupos nos

exercícios permite um acrescento de cinco décimas de ponto (0,50) na

nota de partida, sendo que, se o ginasta apresentar elementos dos cinco

grupos no exercício e saída de valor “D” obterá 2,50 pontos de

exigências de grupo. No caso do ginasta apresentar um exercício com

uma saída de valor “C”, “B” ou “A”, obterá respectivamente 2,30 pontos,

2,10 pontos ou 2 pontos de exigências de grupo de elementos.

II. Adicionalmente, a repetição de elementos é outro dos temas importantes

presentes no CP. A repetição de elementos é permitida, mas não

contabilizada para efeitos de valorização da nota de partida (FIG,

2006a).

No caso específico das Argolas, a posição estática final de um elemento

de força poderá ser repetida no máximo por duas vezes para efeitos de

reconhecimento da dificuldade num exercício de competição (FIG,

2006a). Isto significa que o CP prevê a repetição da mesma posição

estática final de força para efeitos de valorização do exercício, sendo

reconhecidos unicamente duas das variantes dessa posição estática de

força. Entendemos atribuir a nomenclatura de variante, a todos os

elementos que terminem numa mesma posição estática de força, para

facilitar a distinção entre elementos.

Apesar do CP permitir a realização de um número ilimitado de elementos

repetidos, a sua utilidade encontra-se algo limitada, dado que, apenas é

contabilizará e reconhecido um dos elementos repetidos e/ou duas

variantes de um elemento, para o aumento da dificuldade da nota de

partida. Por outro lado a aplicação de deduções por parte do júri B a

todos os elementos apresentados, ainda que sejam repetidos, questiona

também a utilidade da sua execução.

III. Relativamente às ligações existentes entre elementos, o CP atribui

bonificação unicamente à combinação directa de elementos de força

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REVISÃO DA LITERATURA

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com valor igual ou superior a “D” e em que a passagem de um elemento

para o outro seja realizada no sentido ascendente (FIG, 2006a).

Compreendemos então, que a bonificação por combinação de

elementos é atribuída unicamente a elementos de força de determinado

valor e em que a ligação seja efectuada apenas com elevação do corpo

para um plano superior. Se na fase de ligação dos elementos existir um

ligeiro abaixamento do corpo em relação ao elemento de força

executado anteriormente, esta não será considerada e

consequentemente não será atribuída a bonificação que lhe é inerente

(FIG, 2006a).

Para que fique bem explícito, a combinação de um “Hirondelle” com a

subida para Cristo invertido, dará direito a uma ligação de D+E que

corresponde a uma décima de ponto (0,10) de bonificação. Se

combinarmos um “Hirondelle” com um “Pineda”, não teremos qualquer

tipo de ligação pelo facto de existir um momento em que o corpo efectua

um abaixamento, mesmo havendo uma fase ascendente após esse

abaixamento.

No Quadro 3 estão representados os elementos de dificuldade que permitem

obter bonificação por ligação.

Quadro 3– Valor da bonificação por ligação entre elementos de força (Adaptado de FIG (2006a)).

Ligação Bonificação

“D+D”, ou “E”, ou “F” 0,10

“E+E”, ou “F” 0,20

A par destas exigências de composição encontram-se as regras de

reconhecimento e validação dos elementos de dificuldade. Estas relacionam-se

com a estipulação de critérios de avaliação para desvios significativos no

padrão de execução dos elementos apresentados.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Esses critérios permitem ao júri “A” equacionar se o elemento foi executado

dentro dos parâmetros técnicos exigidos e em função dessa análise reconhecer

ou não o elemento para efeitos de cálculo da nota de partida. Isto significa que

os elementos que não são reconhecidos pelo júri “A” não terão qualquer valor

no seio do exercício (FIG, 2006a).

Este tipo de distinção entre elementos reconhecidos e não reconhecidos é

fundamental para regular todo o processo de avaliação dos exercícios

apresentados. Faz todo o sentido que os treinadores tentem incluir nos

exercícios dos seus ginastas, elementos de maior dificuldade para obter uma

nota de partida mais elevada, no entanto esses elementos terão de ser

realizados correctamente para que sejam reconhecidos à luz do CP.

Esse equilíbrio está descrito no CP em forma de aconselhamento, onde está

explícita a ideia de que um elemento tecnicamente mal executado não será

reconhecido pelo júri “A” e terá uma dedução de júri “B” (FIG, 2006a).

Deste modo, FIG (2006a) define que, os elementos executados serão

reconhecidos para efeitos de aumento da dificuldade da nota de partida se

cumprirem os seguintes requisitos:

• Todos os elementos estáticos realizados nas Argolas devem ser

mantidos, pelo menos 2 segundos, não sendo reconhecida a dificuldade

(valor do elemento) e o grupo do elemento pelo júri A se o mesmo não

for mantido durante pelo menos 1 segundo;

• Em todos os elementos de força executados após uma posição estática

de 2 segundos em que exista elevação do corpo, os elementos só serão

reconhecidos se forem mantidos durante pelo menos 1 segundo. No

caso do primeiro não ser reconhecido e o segundo ser mantido durante

pelo menos 1 segundo, será reconhecida apenas a posição estática final

de força do segundo elemento;

• Todos os elementos estáticos de força realizados nas Argolas, devem

ser executados sem qualquer desvio horizontal, não sendo reconhecidos

se esse desvio for igual ou superior a 45 graus (>45º).

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REVISÃO DA LITERATURA

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• Os elementos com cruzamento dos cabos das Argolas não são

permitidos, sendo aplicada uma dedução de júri B;

• Sempre que um ginasta tente executar um determinado elemento e

acabe por executar outro que esteja tecnicamente definido no CP, os

juízes atribuirão o valor da dificuldade apenas ao elemento executado

(ex: execução de um elemento na posição encarpada ao invés de

empranchada).

• Todos os elementos que apresentarem alterações significativas da

técnica de execução, não serão reconhecidos, por exemplo:

- Elemento de força executado quase na sua totalidade em balanço

ou vice-versa;

- Elemento de força não regulamentado (ex: “Hirondelle” executado

com os membros inferiores (MI) afastados);

- Elemento estático de força executado com os membros

superiores (MS) significativamente flectidos;

- A realização de um elemento em/ou para apoio facial invertido

com apoio dos pés nos cabos das Argolas;

- Qualquer elemento executado com a assistência de um ajudante;

- Qualquer elemento que não seja integralmente concluído;

- Qualquer elemento em que se verifique uma queda na sua

execução;

Sempre que existirem dúvidas na aplicação destes critérios durante a avaliação

dos exercícios, o júri “A” deverá basear as suas decisões nos interesses da

ginástica e dar o benefício da dúvida ao ginasta (FIG, 2006a).

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REVISÃO DA LITERATURA

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2.5.3 Deduções de Execução

A avaliação da execução dos elementos é efectuada de acordo com a posição

correcta a atingir ou em função da execução técnica exigida (FIG, 2006a). Isto

significa que qualquer desvio da posição correcta, é considerado erro de

execução. A classificação da grandiosidade desse erro depende do grau de

desvio da execução correcta.

Para que a avaliação dos exercícios de competição seja efectuada em

conformidade e com o menor grau de subjectividade possível, o CP atribui as

deduções descritas no Quadro 4, a aplicar sobre os desvios técnicos ou de

postura relativamente à execução correcta.

Quadro 4 – Deduções aplicadas aos exercícios de competição (Adaptado de FIG (2006a)).

Tipo de Erro Dedução Aplicada

Ligeiro 0,10 Pontos

Médio 0,30 Pontos

Grave 0,50 Pontos

Queda 0,80 Pontos

Os erros enumerados anteriormente constituem a base das deduções

preconizadas para os diferentes aparelhos na avaliação da execução dos

exercícios de competição por parte do júri “B”.

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REVISÃO DA LITERATURA

22

 

No entendimento das particularidades da nota “A” e da sua relação com as

deduções de júri “B”, o Quadro 5 apresenta as deduções aplicadas ao desvio

angular da execução de um elemento de força ou de balanço para força, bem

como o tempo pelo qual um elemento estático deve ser mantido.

Quadro 5 - Deduções aplicadas aos desvios angulares e ao tempo de paragem dos elementos executados nos exercícios de competição das Argolas (Adaptado de FIG (2006a)).

Tipo de Erro Elementos de força e elementos de balanço

(desvio horizontal)

Elementos estáticos (manter a posição)

Sem Dedução - >2 segundos

Erro ligeiro Até 15º 1 a 2 segundos

Erro Médio 16º a 30º 1 segundo

Erro Grave >30º

>45º (não reconhecimento) <1segundo (não reconhecimento)

De acordo com o Quadro 5 qualquer elemento que seja efectuado com um

desvio superior a 45 graus, ou seja mantido por um período inferior a 1

segundo (no caso dos elementos de força), terá uma dedução de 0,50 pontos e

o elemento não será reconhecido para aumento da dificuldade da nota de

partida.

No caso particular das Argolas, o desvio angular aplicado a elementos de

balanço, encontra-se subjacentes unicamente a elementos onde existe

passagem por um elemento estático sem que seja marcada a posição. Embora

a posição não seja marcada, o corpo não poderá ter um desvio superior ao

prescrito no Quadro 5.

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REVISÃO DA LITERATURA

23

 

O CP das Argolas prevê ainda um conjunto de erros que, conforme o Quadro 6,

apresentam as seguintes deduções em contexto competitivo:

Quadro 6 – Deduções aplicadas em casos específicos de execução dos exercícios de Argolas (Adaptado de FIG (2006a))

NR – Não reconhecimento do elemento.

Erro Pequeno

0,10 Médio 0,30

Grave 0,50

Pré-balanço antes do início do exercício; X

O treinador aplica um balanço inicial ao ginasta; X

Distribuição desigual de elementos de balanço, força e estáticos;

X

Distribuição desigual de elementos de força, balanço e partes estáticas;

X

Cruzamento dos cabos em qualquer elemento; X

Membros superiores (MI) afastadas ou erros posturais quando o ginasta salta ou é elevado para a suspensão;

X

Pegas incorrectas nos elementos de força; X

Flexão dos MS nos balanços que conduzem a um elemento estático de força ou para executar um elemento estático;

X X X

Tocar os cabos ou as correias com os MS, os pés ou o corpo;

X

Apoiar-se ou balançar com os pés ou as MI apoiadas nos cabos;

X (NR)

Queda de apoio facial invertido; X (NR)

Balanço excessivo dos cabos. Um

elemento

Vários

elementos

Todo

exercício

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REVISÃO DA LITERATURA

24

 

2.5.4 Cálculo da Nota de Partida – Nota “A”

O cálculo da nota de partida está dependente do reconhecimento dos

elementos e ligações efectuadas pelo ginasta, bem como o cumprimento das

exigências específicas do aparelho como verificamos anteriormente (FIG,

2006a).

Subentendendo que um exercício de Argolas é realizado sem erros graves de

execução, contemplando todos os parâmetros que permitam o reconhecimento

e validação de uma ligação “E”+”F”, 3 elementos “A”, 2 elementos “B”, 2

elementos “D”, 1 elemento “E” e 1 elemento “F” e ainda o cumprimento da

exigência de grupos com uma saída de valor “D”, o exercício apresentado terá

a dificuldade total de 5,70 pontos.

Para compreendermos de que forma é que o júri “A” determina a dificuldade do

exercício executado pelo ginasta nas Argolas, descrevemos cuidadosamente

todo o processo de cálculo da nota “A” no quadro seguinte:

Quadro 7 – Processo de cálculo da nota de partida.

Elementos de Dificuldade Quantidade Valor Total

A 3 3 x 0,10 0,30

B 2 2 x 0,20 0,40

C 0 0,00 0,00

D 3 (2+saída) 3 x 0,40 1,20

E 1 0,50 0,50

F 1 0,60 0,60

Total de dificuldade 3,00 Pontos

Ligações 0,20 Pontos

Exigência de Grupos 2,50 Pontos

Nota de Partida - Nota “A” 5,70 Pontos

Na análise do quadro verificamos que a nota “A” é determinada pela soma da

dificuldade dos elementos apresentados, das ligações presentes e do

cumprimento das exigências de grupo.

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REVISÃO DA LITERATURA

25

 

Qualquer alteração num destes parâmetros, terá certamente implicações

práticas na determinação da nota de partida do exercício.

2.6 COMPOSIÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE COMPETIÇÃO NAS ARGOLAS

Anteriormente discorremos acerca dos movimentos passíveis de serem

executados neste aparelho, recorrendo a algumas a opiniões substanciadas

nas particularidades do próprio aparelho.

Nesta etapa do processo, o interesse recai sobre os conteúdos dos exercícios

de competição. O conteúdo dos exercícios é constituído por um conjunto de

elementos, que se encontram criteriosamente encadeados, de modo a

perfazerem uma sequência estruturalmente completa e coerente (Pastor,

2003).

De acordo com Arkaev e Suchilin (2004), um exercício de competição é

composto por uma estrutura organizada de elementos técnicos. Os autores

acrescentam ainda que a composição dos mesmos está intimamente ligada ao

encadeamento integral das acções técnicas expressas por movimentos

realizados no tempo e espaço específicos. Isto significa que os elementos que

compõem um exercício de competição, encontram-se criteriosamente

articulados e cuidadosamente organizados, segundo a estrutura global do

exercício e em função do aparelho.

No caso específico das Argolas, Pastor (2003), afirma que os exercícios de

competição devem ser compostos por elementos de força (dinâmica e estática),

balanços de grande amplitude - “Gigantes”, elementos de impulso - “Básculas”,

e manutenção de posições, todos eles articulados de modo harmonioso.

Neste campo, vários factores intervêm, nomeadamente o valor dos elementos,

o grupo a que os elementos pertencem e o tipo de ligações que podem ser

executadas, sendo estes os factores chave para a estruturação equilibrada dos

exercícios.

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REVISÃO DA LITERATURA

26

 

No seguimento do raciocínio, e tal como pudemos averiguar na alínea das

exigências, os elementos das Argolas encontram-se agrupados nos seguintes

grupos de elementos:

• Grupo I – Básculas e elementos de balanço;

• Grupo II – Balanços para pino;

• Grupo III – Elementos que terminam num elemento estático de força;

• Grupo IV – Elementos de força e estáticos;

• Grupo V – Saídas.

Na opinião de Smolevsky e Gaverdovsky (1996), a composição dos exercícios

de competição deve reflectir as tendências de desenvolvimento do CP. Para

compreendermos essa tendência e a sua importância na construção dos

exercícios de competição, quantificamos em número e em valor os elementos

presentes no CP das Argolas (FIG, 2006a). Essa informação está organizada

nos Quadros 8 e 9.

Quadro 8 – Distribuição dos elementos definidos no CP de Argolas por grupo e por valor de dificuldade. Valores percentuais da distribuição do número de elementos por grupo.

Grupo Elementos de Dificuldade Total

A B C D E F

I 11

(29,7%)

11

(29,7%)

8

(21,6%)

4

(10,8%)

3

(8,1%) 0

37

(25%)

II 0 2

(33,3%)

3

(50%)

1

(16,7%) 0 0

6

(4,1%)

III 0 2

(6,3%)

9

(28,1%)

12

(37,5%)

8

(25%)

1

(3,1%)

32

(21,6%)

IV 7

(14%)

10

(20%)

12

(24%)

11

(22%)

8

(16%)

2

(4%)

50

(33,8%)

V 3

(13%)

4

(17,4%)

7

(30,4%)

6

(26,1%)

1

(4,3%)

2

(8,7%)

23

(15,5%)

Total 21

(14,2%)

29

(19,6%)

39

(26,4%)

34

(23%)

20

(13,5%)

5

(3,4%) 148

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REVISÃO DA LITERATURA

27

 

Quadro 9 – Distribuição dos elementos definidos no CP de Argolas por grupo e por valor de dificuldade. Valores percentuais da distribuição do número de elementos por valor de dificuldade.

Grupo Elementos de Dificuldade

Total A B C D E F

I 11

(52,4%)

11

(37,9%)

8

(20,5%)

4

(11,8%)

3

(15,0%) 0

37

(25%)

II 0 2

(6,9%)

3

(7,7%)

1

(2,9%) 0 0

6

(4,1%)

III 0 2

(6,9%)

9

(22,1%)

12

(35,3%)

8

(40,0%)

1

(20,0%)

32

(21,6%)

IV 7

(14%)

10

(34,5%)

12

(30,8%)

11

(32,4%)

8

(40,0%)

2

(40,0%)

50

(33,8%)

V 3

(13%)

4

(13,8%)

7

(17,9%)

6

(17,6%)

1

(5,0%)

2

(40,0%)

23

(15,5%)

Total 21 29 39 34 20 5 148

100%

À primeira vista identificamos a prevalência dos elementos de força (Grupo IV)

em relação aos elementos de balanço (Grupo I e II) em cerca de 5%. Se a

estes adicionarmos os elementos do Grupo III que são elementos que finalizam

em elementos estáticos, verificamos que mais de 50% dos elementos

executados neste aparelho envolvem força.

O predomínio dos elementos de força face aos de balanço relativamente ao

valor de dificuldade é outro aspecto de grande interesse. Os elementos de

balanço apresentam-se em maior número unicamente para elementos de valor

“A e B”, sendo os de restante valor, dominados por elementos de força (Grupo

IV), com excepção dos de valor “D” em que a prevalência é do Grupo III em

cerca de 2%.

Curiosamente a representação dos elementos de maior dificuldade neste

aparelho vai simultaneamente para o Grupo IV e V que correspondem aos

elementos de força e às saídas. Num total de cinco elementos de valor “F” três

deles envolvem a execução de um movimento estático de força ainda que

estes se insiram em grupos distintos (III e IV).

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REVISÃO DA LITERATURA

28

 

De um total de 148 elementos regulamentados no CP das Argolas, verificamos

que para dificuldades entre “C e F” as percentagens de elementos com

posições estáticas de força (Grupo III e IV) são respectivamente superiores a

50%, 65%, 80% e 60%. Isto significa que os elementos de força estão

representados no CP das Argolas em maior número e com maior valor de

dificuldade.

2.7 CARACTERIZAÇÃO DO “HIRONDELLE”

O “Hirondelle” é reconhecido por muitos como um elemento de força de

elevada dificuldade Cuk e Karácsony (2002), Bernasconi e Tordi (2005), Sands

et al (2006). A sua dificuldade está subjacente à contracção máxima exigida ao

nível dos músculos dos ombros, o que permite que o corpo seja sustentado em

completa extensão horizontal à altura das Argolas durante os dois segundo

exigidos pelo CP, (Bernasconi e Tordi, (2005), Sands et al (2006)).

Numa descrição mais específica, Bernasconi e Tordi (2005), classificam-no

como sendo uma prancha em apoio facial executada com os ombros ao nível

das Argolas. De facto esta é a imagem mais próxima da posição estática

representada pela execução de um “Hirondelle”.

Relativamente à exigência e dificuldade do elemento, Cuk e Karácsony (2002),

desenvolveram um programa de treino para elementos de força, baseado nos

princípios metodológicos da aprendizagem, que assenta numa base de

dificuldade crescente repartida por 15 patamares de complexidade. Nesse

programa o “Hirondelle” é o último elemento de força a ser treinado, ocupando

o penúltimo patamar, onde o último, corresponde à combinação dos elementos

de força assimilados até então. Como termo de comparação, importa referir

que a prancha facial em apoio, sendo um elemento próximo ao “Hirondelle”

mas de menor grau de dificuldade, é trabalhada a partir do 12º patamar

estabelecido pelo autor.

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REVISÃO DA LITERATURA

29

 

Smolevsky e Gaverdovsky (1996) numa análise metodológica ao CP,

estabelecem relação entre os diferentes elementos e o tipo de força utilizada.

Os autores consideram elementos estáticos, todos aqueles que são

executados em força isométrica, como é o caso do “Hirondelle”. Relativamente

aos movimentos que terminam em posições estáticas, os autores classificam-

nos como resultantes da combinação de força dinâmica e isométrica.

Curiosamente esse poderá ser o motivo pelo qual o CP das Argolas, agrupa os

elementos de força nos Grupos III e IV.

Na mesma ordem de ideias, o “Hirondelle” enquanto elemento estático de

força, faz parte do Grupo IV, no entanto, está também presente em vários

outros elementos enquanto posição estática de força “final”. Isto significa, que o

CP de Argolas contempla vários elementos que surgem da combinação de

posições estáticas com elementos de força ou de balanço. Concretamente, a

dificuldade atribuída a cada elemento encontra-se directamente relacionada

com a combinação de dois gestos técnicos num único elemento. Nestas

circunstâncias um mesmo elemento “base”, como o caso do “Hirondelle”, em

combinação com outro(s) gesto(s) técnico(s) transformar-se-á num único

elemento com valor e classificação particular, ao qual designaremos de

variante. Importa no entanto salientar que alguns desses elementos nascem

particularmente da combinação de dois ou mais elementos estáticos.

De acordo com as exigências do CP, Bernasconi et al (2006) recordam que a

execução de elementos de força nas Argolas é imprescindível para o aumento

da dificuldade dos exercícios, na medida em que permitem a obtenção de

bonificações por ligação, além do próprio valor enquanto elementos.

Sands et al (2006) por seu lado, consideram a execução do “Hirondelle” em

particular, quase que obrigatória para todos os ginastas que procurem elevar o

potencial de dificuldade do exercício de Argolas. A ideia está subjacente à

vantagem competitiva que este elemento poderá oferecer a quem o executar

no seu exercício, uma vez que o seu valor de dificuldade é “D” enquanto

elemento “Base” – “Hirondelle”.

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REVISÃO DA LITERATURA

30

 

Obviamente que se a sua execução for efectuada em particular terá menor

vantagem do que, se o for combinada com outros elementos ou até com outros

gestos técnicos que o transformem num elemento de maior dificuldade, ou seja

uma variante do elemento estático.

Assim sendo, distinguimos e quantificamos em número e em valor todas as

variantes do “Hirondelle” passíveis de serem executadas à luz do CP das

Argolas (conforme o Quadro 10):

Quadro 10 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” por grupo e valor de dificuldade.

Grupo Dificuldade Identificação do Elemento

III E

(V1)

(V2)

(V3)

(V4)

(V5)

F (V6)

IV

D (V7)

(V8)

(V9)

E (V10)

(V11)

(V12)

(V13)

(V14)

(V15)

F (V16)

(V17)

Numa primeira abordagem verificamos que não existem variantes do

“Hirondelle” no grupo III com valor “D”. Todos os elementos do grupo III

terminam na posição estática de força “Hirondelle”, e curiosamente todas essas

variantes possuem um valor de dificuldade superior ao próprio “Hirondelle”.

Recordando o conceito de complexidade definido por Arkaev e Suchilin (2004),

em que a complexidade de um elemento depende directamente do número de

movimentos envolvidos na sua execução, faz todo o sentido que a variante de

um elemento de força que resulta da combinação de dois ou mais

elementos/gestos técnicos possua um valor superior ao próprio elemento ou

posição estática força por si só.

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REVISÃO DA LITERATURA

31

 

A mesma lógica parece aplicar-se aos elementos do Grupo IV com valor “D” de

dificuldade. Equacionando o valor da prancha em apoio facial e do apoio facial

invertido, verificamos que a sua execução isolada tem um valor inferior a “D”,

mas executados em combinação ascendente com o “Hirondelle”, transformam-

se em elementos de valor “D”. Por outras palavras, a atribuição de valor de

dificuldade parece relaciona-se com o grau de dificuldade de cada um dos

movimentos envolvidos para a execução de determinado elemento.

Assim sendo, vários são os elementos que envolvem posições iniciais de

grande dificuldade, no entanto o seu valor será atribuído em função de todos os

movimentos e não apenas do movimento ou posição estática mais valiosa.

Deste modo o CP das Argolas cria um maior número de ligações e de

elementos que podem ser utilizados para a construção de exercícios.

Para uma melhor compreensão, os elementos de que falamos, consistem na

elevação do corpo da posição de “Hirondelle” para prancha de apoio facial ou

para apoio facial invertido. Isto significa que o ginasta, ao executar “Hirondelle”

com subida para prancha de apoio facial, está a efectuar dois elementos, um

que é o próprio “Hirondelle” e o outro que é a subida para prancha de apoio

facial com paragem de dois segundos. Em termos de dificuldade, o ginasta que

executar estes dois elementos no seu exercício, ganhará oito décimas de

dificuldade (0,80 pontos) – equivalente aos dois elementos de valor “D”, e a um

décimo de bonificação (0,10 pontos) por ligação. Após a execução destes dois

elementos para o incremento da nota de partida, o ginasta possuirá oito

elementos para o aumento da dificuldade do seu exercício, com a possibilidade

de recorrer mais uma vez a um elemento com a posição estática de força

“Hirondelle”, (FIG, 2006a).

Nesta dinâmica de execução de elementos de força combinados, não podemos

esquecer as regas referidas anteriormente, onde a falta de paragem do

“Hirondelle” implicará o não reconhecimento do mesmo e consequentemente

da ligação entre esse e o elemento seguinte, sendo apenas reconhecida o

segundo elemento (prancha em apoio facial), se esta cumprir os critérios de

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REVISÃO DA LITERATURA

32

 

paragem (FIG, 2006a). O mesmo se aplicará ao não cumprimento dos ângulos

de paragem exigidos para os elementos de força.

De acordo com o Quadro 10, verificamos que no Grupo III os elementos

variantes do “Hirondelle” são todos precedidas de movimentos de balanço ou

básculas para a posição estática de força “Hirondelle” (em relevo nos

símbolos), tornando-se em elementos de valor superior ao próprio “Hirondelle”.

Enquanto que, no Grupo IV os elementos são executados em força, partindo,

terminando ou envolvendo o “Hirondelle” na combinação de outros elementos

estáticos de força (ex. prancha de apoio facial, “Cristo”, “Cristo invertido”,

…etc.). É através desta relação que o CP atribui e classifica os elementos

pelos vários grupos, estando as variantes do “Hirondelle” classificadas apenas

nos Grupos III e IV com a respectiva denominação - Elementos que terminam

num elemento estático de força; Elementos de força e estáticos.

Nesta relação importa ainda analisar a quantidade e o valor dos elementos

variantes do “Hirondelle” descritos nos Quadros 11 e 12.

Quadro 11 – Valores percentuais dos elementos variantes do “Hirondelle” relativos ao número total de variantes existentes no CP.

D (0,40) E (0,50) F (0,60) Total Grupo n % n % n % n %

III 12 0 8 62,5 1 100 32 18,8

IV 11 27,3 8 75 2 100 50 22,0

Total 34 8,8 20 55 5 60 148 11,5

Quadro 12 – Valores percentuais dos elementos variantes do “Hirondelle” relativos ao número total de elementos presentes no CP para os grupos onde as mesmas se inserem.

D (0,40) E (0,50) F (0,60) Total Grupo n % n % n % n %

III 0 0 5 29,4 1 5,9 6 35,3

IV 3 17,6 6 35,3 2 11,8 11 64,7

Total 3 17,6 11 64,7 3 17,6 17 100

Num total de 148 elementos presentes no CP das Argolas, verificamos que

aproximadamente um décimo (11,5%) desses elementos são variantes do

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REVISÃO DA LITERATURA

33

 

“Hirondelle”. Relativamente aos grupos, estes assumem uma importância

redobrada constituindo cerca de um quinto dos elementos do Grupo III e IV

(respectivamente 19% e 22%). Apesar destes valores não serem de todo

relevantes em termos quantitativos, são e muito em termos qualitativos. Se

observarmos os elementos mais valiosos, verificamos que a maioria dos

elementos de dificuldade “E” e “F”, são elementos variantes do “Hirondelle”. De

igual modo verificamos que não existem elementos variantes do “Hirondelle

com o valor inferior a “D”. Isto significa que para valores de dificuldade “F”, “E”

e “D” os elementos variantes do “Hirondelle” representam respectivamente

60%, 55% e 9% do número total de elementos presentes nos CP das Argolas.

Acrescentamos ainda a importância destas variantes na dificuldade dos

elementos por grupo, ou seja, nos Grupos III e IV, os únicos elementos com

valor “F” são as variantes do “Hirondelle”, aspecto que reforça a opinião de

Sands et al (2006) relativamente à importância deste elemento para a

estruturação dos exercícios de competição.

Paralelamente a percentagem de elementos variantes do “Hirondelle” é

superior no Grupo IV relativamente ao Grupo III num total de 65% para 35%,

sendo igualmente superior neste grupo para cada um dos valores de

dificuldade (“D”, “E” e “F”).

Podemos concluir que dos 148 elementos presentes no CP das Argolas,

apenas 17 são elementos variantes do “Hirondelle”.

Contudo, estes representam 21% do total de elementos de força respeitantes

aos grupos III e IV, dos quais 65% são de dificuldade “E” – (0,50 pontos) e

aproximadamente 18% são de dificuldade “D” – (0,40 pontos) e “F” – (0,60

pontos).

Surpreendentemente as variantes do “Hirondelle” revelam-se de grande

importância para a construção dos exercícios de competição, não só pelo seu

elevado valor de dificuldade mas também por estarem distribuídos por dois

grupos de elementos distintos. Na mesma linha de ideias de Sands et al

(2006), o “Hirondelle” enquanto posição estática de força, poderá constituir uma

vantagem competitiva para os atletas que o executem, por ser um elemento

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REVISÃO DA LITERATURA

34

 

que proporcionar três funcionalidades muito importantes para o aumento da

dificuldade da nota de partida:

• Elevado valor de dificuldade do elemento e suas variantes;

• Possibilidade de ligação com outros elementos de força;

• Cumprimento das exigências de grupos até um total de dois (Grupo III

e/ou IV);

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OBJECTIVOS

35

 

3 Objectivos 3.1 OBJECTIVOS GERAL

O objectivo geral do presente estudo é determinar a importância do elemento

“Hirondelle” enquanto posição estática de força na estruturação e valorização

dos exercícios de competição de Argolas em GAM.

3.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar a relação entre o número de elementos variantes do

“Hirondelle” executados nos exercícios de competição e a classificação

nas Argolas dos ginastas participantes no Campeonato do Mundo.

• Verificar quais as variantes do “Hirondelle” mais utilizadas para a

estruturação dos exercícios de competição nas Argolas.

• Verificar a incidência das variantes do “Hirondelle”, ao longo dos

exercícios de competição apresentados nas Argolas (1-10).

• Verificar a relação entre a Nota de Partida e o número das variantes do

elemento “Hirondelle”.

• Verificar a relação entre a Nota de Partida e o valor de dificuldade dos

elementos variantes executados.

• Verificar a incidência das variantes do “Hirondelle” ao nível do grupo de

elementos.

• Verificar a relação entre os resultados das equipas presentes no

Campeonato do Mundo e o número de variantes do “Hirondelle”

executadas pelos membros da equipa.

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OBJECTIVOS

36

 

• Comparar o número de tentativas de execução de variantes do

“Hirondelle”, com os elementos reconhecidos que foram contabilizadas

como outros elementos nos exercícios de competição efectuados no

Campeonato do Mundo.

• Determinar o número de variantes do “Hirondelle” que não foram

contabilizados nos exercícios de competição apresentados.

3.3 HIPÓTESES

• H1: As variantes do “Hirondelle” são executadas maioritariamente nos

primeiros 5 elementos que compõem o exercício de competição.

• H2: Todos os atletas presentes no Concurso III, possuem sempre duas

variantes do “Hirondelle” nos seus exercícios de competição.

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MATERIAL E MÉTODOS

37

 

4 Material e Métodos 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra total do nosso estudo foi constituída por 212 ginastas do sexo

masculino, provenientes de vários países e participantes no aparelho de

Argolas do Campeonato do Mundo de Estugarda realizado em Setembro de

2007.

A escolha desta competição em concreto como objecto de estudo, deve-se ao

facto de ser um dos momentos de maior expressão competitiva deste CO à

escala mundial, e simultaneamente, por se constituir na única oportunidade de

qualificação para os Jogos Olímpicos. Como a qualificação para os Jogos

Olímpicos se baseia única e exclusivamente nos resultados do Concurso I do

Campeonato do Mundo realizado no ano antecedente aos Jogos Olímpicos,

FIG (2007), parece-nos de particular importância a sua análise.

O nosso estudo centrou-se essencialmente nos Concursos I, II e III da referida

competição. No Concurso I, avaliamos os exercícios do número total (n=212)

de ginastas participantes na competição de Argolas, com particular distinção

dos ginastas participantes (n=117) na competição por equipas neste aparelho.

No Concurso II e III, analisamos os exercícios de competição efectuados nas

Argolas, respeitantes aos 24 ginastas finalistas do evento All-around e aos 8

ginastas finalistas das Argolas.

4.2 METODOLOGIA

A avaliação dos exercícios de competição realizados nas Argolas pelos

ginastas participantes no Campeonato do Mundo analisado, foi efectuada com

base nos parâmetros indicativos do CP das Argolas, (FIG, 2006a). Deste modo

as variáveis analisadas foram: o número de execuções de elementos variantes

do “Hirondelle”; a realização de variantes do elemento “Hirondelle”; o

reconhecimento das variantes do elemento “Hirondelle” e sua distribuição no

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MATERIAL E MÉTODOS

38

 

exercício de competição. Para esta análise foi utilizada a nota de partida, nota

de execução e nota final de cada exercício e ainda, a classificação dos

ginastas no aparelho; a classificação das equipas no aparelho e a classificação

final das equipas.

A observação de todas as variáveis do nosso estudo, foram efectuadas através

da visualização das imagens dos exercícios de competição efectuados nas

Argolas, tendo por base o Programa IRCOS, enquanto sistema de gravação e

reprodução de vídeo em tempo útil, que também integra as pontuações dos

exercícios realizados em competição (FIG, 2008b). Este sistema foi

desenvolvido pela FIG em parceria com a Longines, e é utilizado como

instrumento simultaneamente apreciativo, educativo e informativo, das

competições internacionais mais importantes, como é o caso dos Campeonatos

do Mundo, sendo provedor de avaliações objectivas no caso de existirem

dúvidas na avaliação dos exercícios em contexto competitivo (FIG, 2008b).

A apreciação dos exercícios de competição foi efectuada através do registo de

todos os elementos executados, em símbolos gímnicos (elaborados pela FIG)

pela ordem cronológica de apresentação no Exercício de Argolas.

Cada exercício foi analisado uma vez, sendo comparado com os registos do

Juiz Supervisor, responsável pelo aparelho de Argolas no Campeonato do

Mundo em estudo. Recorremos também à sua ajuda para a identificação e

reconhecimento dos elementos de acordo com as avaliações efectuadas pelo

Júri “A” do aparelho da competição em análise.

4.3 PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o programa SPSS 16.0 for

Windows, desenvolvido pela SPSS Inc., na versão 16.0.1 de 5 Novembro de

2007.

Na análise realizada, recorremos à estatística descritiva, calculando as

percentagens de realização de cada variável apresentada. Através do

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MATERIAL E MÉTODOS

39

 

cruzamento de dados – Crosstabs, procedemos ao cálculo da distribuição das

variáveis em função da nota de partida para os Concursos II e III, e também em

função da classificação por equipas (geral e no aparelho) no concurso I para os

ginastas participantes na competição de equipas. O mesmo procedimento, foi

utilizado para calcular a distribuição das execuções dos elementos variantes do

“Hirondelle” pelos exercícios de competição realizados nos Concursos I, II e III.

Por forma a determinar a importância da execução de elementos variantes do

“Hirondelle” nos exercícios de Argolas, recorremos à correlação bi-variada de

Pearson, com a significância estatística de p<0,001, para verificarmos a relação

estabelecida entre as seguintes variáveis: nota de partida, nota de execução,

nota final, classificação nas Argolas, e os elementos executados nos exercícios

de competição realizados no Concurso I.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

42

 

5 Apresentação dos Resultados 5.1 VALORES REGISTADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS DOS GINASTAS

PARTICIPANTES NO CONCURSO I DO CAMPEONATO DO MUNDO.

No Quadro 13 podemos observar a quantidade de elementos variantes

executados pelos ginastas no exercício de Argolas e a sua distribuição pelos

grupos de elementos.

Quadro 13 – Incidência dos elementos variantes do “Hirondelle” nos exercícios executados nas Argolas.

EC – Exercícios de competição; EE – Elementos executados; GIII – Grupo III; GIV – Grupo IV

Nº de Variantes

Grupo III

Grupo IV

Comparação Grupos

EC EE

n % n % % (GIII) % (GIV) n % %

0 - - - - - - 93 43,9 -

1 11 5,2 21 9,9 34,4 65,6 32 15,1 27,0

2 (1+1) 57 26,9 57 26,9 65,5 87 41,0 73,0

2 17 8,0 13 6,1 19,5 14,9

N 85 91 212 212 212 212 119

Num total de 212 exercícios apresentados nas Argolas, cerca de 56% dos

ginastas participantes, incluíram no seu exercício pelo menos um elemento

com a posição estática de força “Hirondelle”. No total contabilizamos 119

atletas nessas circunstâncias, dos quais 73% apresentaram duas variantes do

elemento analisado, sendo este valor traduzido em 41% da totalidade dos

exercícios realizados. Os atletas que não recorreram a elementos que

englobassem a posição estática de força “Hirondelle” foram 93 e constituem

cerca de 44% da amostra total de atletas presentes no Concurso I do

Campeonato do Mundo analisado.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

43

 

De igual modo se torna interessante verificar que a maioria dos exercícios com

2 variantes do elemento “Hirondelle” são de grupos diferentes. Isto significa que

dos 87 exercícios realizados com duas variantes do elemento, cerca de 27%

pertencem equitativamente aos grupos III e IV, o que corresponde a 66% dos

exercícios apresentados em competição. Para exercícios com apenas uma

variante do elemento, a incidência recai sobre as variantes do Grupo IV em

quase o dobro dos valores em relação ao Grupo III. No que respeita à

utilização de duas variante do mesmo grupo, a diferença é de apenas 5

exercícios que corresponde a uma percentagem de 2% entre os grupos de

elementos, com os valores a serem mais elevados no Grupo III.

No Quadro 14 estão descritas as correlações entre a Nota de Partida, Nota de

Execução, Nota Final, a classificação nas Argolas e os elementos variantes

executados.

Quadro 14 – Valor das correlações obtidas entre as notas de partida, execução e final, a classificação na qualificação das Argolas e os elementos variantes executados nos exercícios de competição.

r – Valor da correlação; p – Valor da significância estatística para p<0,001

Nota

Execução Nota Final

Elementos Executados

Classificação nas Argolas

r p r p r p r p

Nota Partida 0,482 0,000 0,903 0,000 0,687 0,000 -0,888 0,000

Nota Execução - - 0,812 0,000 0,185 0,007 -0,540 0,000

Nota Final - - - - 0,549 0,000 -0,847 0,000

Elementos Executados

- - - - - - -0,667 0,000

N 212 212 212 212

Numa primeira análise identificamos que todas as correlações registadas são

estatisticamente significativas, com valores de p=0,000 para um grau de

significância de p<0,001.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

44

 

Ao analisarmos os valores da nota de partida, verificamos que estes se

correlacionam positivamente com os valores da nota final, com os elementos

executados e com a nota de execução. Concretamente, a correlação é muito

elevada entre a NP e a NF – r=0,903; é substancial entre a nota de partida e os

elementos executados – r=0,687; e é ligeira entre a nota de partida e a nota de

execução – r=0,482.

Relativamente à nota de execução, esta apresentou uma correlação positiva

elevada com a nota final – r=0,812, e uma correlação positiva indiferente com o

número de elementos variantes executados nos exercícios.

Por último, verificamos que a nota final possuí uma correlação positiva ligeira

com o número de elementos variantes executados, que quase corresponde a

uma correlação substancial em r=0,549.

No que se refere à classificação nas Argolas, identificamos apenas correlações

negativas com os seguintes valores: correlação muito elevada com a nota de

partida – r=0,888; correlação ligeira com a nota de execução – r=0,540;

correlação muito elevada com a nota final – r=0,847; e correlação substancial

com o número de elementos variantes executados nos exercícios de Argolas –

r=0,667.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

45

 

5.2 VARIANTES DO ELEMENTO “HIRONDELLE” EXECUTADAS NOS EXERCÍCIOS DE

ARGOLAS

Podemos verificar através do Quadro 15, as diferenças entre as variantes do

elemento “Hirondelle” executadas pelos ginastas nos exercícios de Argolas, e

as que concretamente foram reconhecidas pelo Júri “A” do aparelho.

Quadro 15 – Descrição das variantes do elemento “Hirondelle” realizados nos exercícios de Argolas dos ginastas participantes no Concurso I do Campeonato do Mundo.

Dif – Dificuldade; EV – Elementos variantes do “Hirondelle”; EE – Elementos executados; ER – Elementos

reconhecidos; V7 – “Hirondelle”; PAF – Prancha em apoio facial; NR – Elementos não reconhecidos.

Grupo Dif EV EE ER V7 PAF NR

n % n % n % n % n %

III

E V2 4 1,8 4 100,0 - - - - - -

E V3 36 15,9 29 80,6 - - 5 13,9 2 5,6

E V4 86 38,1 53 61,6 25 29,1 7 8,1 1 1,2

F V6 17 7,5 16 94,1 - - 1 5,9 - -

IV

D V7 7 3,1 2 28,6 - - 4 57,1 1 14,3

E V10 1 0,4 - - - - - - 1 100,0

E V13 63 27,9 57 90,5 8 12,7 3 4,8 3 4,8

E V15 1 0,4 1 100,0 - - - - - -

F V17 11 4,9 11 100,0 - - - - - -

N - - 226 100 173 76,5 33 14,6 20 8,8 8 3,5

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

46

 

Através da análise do quadro, verificamos que foram executados 226

elementos variantes do “Hirondelle”, sendo reconhecidos cerca de 77%

enquanto elemento variante apresentado.

Na amostra total dos elementos variantes executados, verificamos ainda que

29% e 13% dos elementos V4 e V13 foram reconhecidas como V7 em cerca de

15% das execuções totais; 8,8% correspondentes às variantes V3, V4, V6, V7

e V13 foram reconhecidas com prancha facial em apoio; e 3,5%

correspondentes às variantes V3, V4, V7, V10 e V13 não foram reconhecidas

como elementos de dificuldade.

O elemento V7 foi executado apenas 7 vezes (3%) nos exercícios de Argolas,

sendo reconhecidas apenas 2 execuções (29%) enquanto elemento

apresentado, 4 (57%) execuções enquanto prancha em apoio facial e 1(14%)

enquanto elemento não reconhecido.

Os elementos V2, V15 e V17 executados nos exercícios de Argolas, foram

todos reconhecidos pelo Júri “A” do aparelho.

Relativamente aos grupos de elementos, constatamos que os ginastas

executaram 4 variantes do grupo III e 5 do grupo IV, perfazendo 143 execuções

para o primeiro (63%) e 83 execuções para o segundo (37%). Deste leque de

elementos, foram reconhecidos pelo Júri “A” do aparelho, 4 variantes do Grupo

III (V2, V3, V4 e V6) e 4 variantes do Grupo IV (V7, V13, V15 e V17), num total

de 102 execuções para o primeiro e 104 para o segundo.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

47

 

No Quadro 16 incluímos todos os elementos variantes do “Hirondelle” que não

foram utilizados nos exercícios de Argolas dos ginastas participantes no

Campeonato do Mundo analisado, para compreendendo a sua distribuição no

CP face aos elementos variantes executados.

Quadro 16 – Descrição das variantes do elemento “Hirondelle” não utilizados nos exercícios de Argolas dos ginastas participantes no Concurso I do Campeonato do Mundo.

∑ - Soma; Dif – Dificuldade dos elementos; EV – Elementos variantes do “Hirondelle”;

Grupo

∑ Elementos Variantes no CP Dif

EV (Não executados)

n n %

III 6

E (V1)

33,3

E (V5)

IV 11

D (V8)

54,5

D (V9)

E (V11)

E (V12)

E (V14)

F (V16)

∑ 17 - 8 47,1

De acordo com Quadro 16, verificamos que os ginastas não utilizaram 47,1%

dos elementos variantes do “Hirondelle”, o correspondente a 8 dos 17

elementos presentes no CP.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

48

 

Se nos referenciarmos aos elementos prescritos no CP para cada um dos

grupos, verificamos que os ginastas não incluíram nos seus exercícios 55% dos

elementos variantes do Grupo IV, em 11 elementos possíveis. Nesta

percentagem incluem-se dois elementos de dificuldade “D”, três de dificuldade

“E” e um de dificuldade “F”.

Por seu lado, no Grupo III apenas 33,3% das variantes de “Hirondelle” não

foram executadas nos exercícios de competição, nomeadamente, 2 variantes

de dificuldade “E” num total de 6 possíveis com 3 de dificuldade “E” e 1 de

dificuldade “F”.

5.3 POSIÇÃO OCUPADA PELOS ELEMENTOS VARIANTES DO “HIRONDELLE”

EFECTUADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS

5.3.1 Concurso I

O quadro seguinte expressa em que parte do exercício de competição os

atletas efectuaram as diferentes variantes do “Hirondelle”.

Quadro 17 – Distribuição das variantes do elemento “Hirondelle” relativamente ao seu posicionamento nos exercícios de competição efectuados nas Argolas pelos ginastas participante no Concurso I do Campeonato do Mundo.

Posição no Exercício de Argolas Elementos Executados

n % %cumulativa Primeira 74 35,9 35.9 Segunda 34 16,5 52.4 Terceira 43 20,9 73.3 Quarta 30 14,6 87.9 Quinta 15 7,3 95.1 Sexta 2 1,0 96.1

Sétima 3 1,5 97.6 Oitava 4 1,9 99.5 Nona 1 0,5 100,0

Décima - - - N 206

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

49

 

De acordo com os dados apresentados, verificamos que a maioria dos atletas

efectuou as variantes do “Hirondelle” na primeira metade do exercício, com

aproximadamente 73% e 95% das execuções totais (n=206) a serem

efectuadas respectivamente nos três e nos cinco primeiros elementos dos

exercícios de competição.

Observamos também que a primeira e a terceira posições foram as que

obtiveram valores de maior incidência, com principal destaque para a primeira

que reuniu no seu todo 74 execuções de elementos variantes, o que representa

36% dos valores totais.

Para a décima posição do exercício, não se verificaram execuções de

elementos variantes do “Hirondelle”.

5.3.2 Concurso II e III

No quadro que se segue, podemos observar em que parte do exercício os

finalistas do Concurso II e III executaram os elementos variantes do

“Hirondelle”.

Quadro 18 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” relativamente ao seu posicionamento nos exercícios de competição efectuados nas Argolas pelos ginastas participante no Concurso II e III do Campeonato do Mundo.

Elementos Executados Posição no Exercício de Argolas Concurso II Concurso III

n % %Cumulativa n % %CumulativaPrimeira 15 46.9 46.9 5 33.3 33.3 Segunda 3 9.4 56.3 2 13.3 46.7 Terceira 7 21.9 78.1 2 13.3 60.0 Quarta 4 12.5 90.6 - - - Quinta 2 6.3 96.9 2 13.3 73.3 Sexta 1 3.1 100,0 1 6.7 80.0

Sétima - - - - - - Oitava - - - 3 20.0 100,0 Nona - - - - - -

Décima - - - - - - N 32 15

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

50

 

Numa primeira análise ao Quadro18, constatamos que os ginastas

participantes no Concurso II efectuaram um maior número de elementos

variantes do “Hirondelle” na primeira (46,9%) e terceira (21,9%) posições do

exercício de competição, enquanto que os ginastas do Concurso III os

efectuaram na primeira (33,3%) e na oitava (20%) posições.

Perante estes valores, facilmente identificamos que os finalistas do Concurso II

incluem os elementos variantes nas 5 primeiras posições do exercício com

cerca de 96,9% das execuções totais neste grupo, enquanto que os

especialistas das Argolas para as mesmas posições registaram 73,3% dos

valores. No seguimento deste registo, verificamos que os finalistas do

Concurso II não incluíram elementos variantes para além da sexta posição,

obtendo apenas 3,1% (n=1) nessa posição, enquanto que os ginastas

participantes no Concurso III, executaram ainda 20% do total de elementos na

oitava posição do exercício.

Em nenhum dos casos se registaram elementos variantes na sétima, nona e

décima posições do exercício.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

51

 

5.4 VALORES REGISTADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS DAS EQUIPAS

PARTICIPANTES NO CONCURSO I DO CAMPEONATO DO MUNDO.

O quadro apresentado, descreve o número de elementos variantes do

“Hirondelle” executados pelos ginastas das equipas participantes no

Campeonato do Mundo, relativizando esses valores à classificação das

equipas no contexto geral e de aparelho.

Quadro 19 - Incidência das variantes do “Hirondelle” executados nos exercícios de Argolas pelos ginastas das equipas participantes

CE – Classificação da equipa; CG – Classificação geral; EV – Elementos variantes do “Hirondelle”; EE – Elementos

executados.

CE Aparelho

CG Equipa País Nº Atletas por

Equipa

EV EE Equipa 0 1 2

n % n % n % % 1º 1º CHN 4 1 25 3 75 75 2º 5º RUS 5 1 20 1 20 3 60 80 3º 4º USA 5 1 20 1 20 3 60 80 4º 10º ITA 5 2 40 3 60 60 5º 6º ROU 5 1 20 4 80 100 6º 7º ESP 5 1 20 4 80 100 7º 2º JPN 5 1 20 4 80 100 8º 3º GER 5 2 40 3 60 60 9º 20º NED 5 4 80 1 20 20 10º 9º FRA 5 1 20 4 80 100 11º 12º BLR 4 1 25 2 50 1 25 75 12º 16º PUR 5 1 20 4 80 80 13º 19º AUS 5 1 20 4 80 100 14º 11º CAN 5 2 40 1 20 2 40 60 15º 21º BUL 5 1 20 1 20 3 60 80 16º 17º BRA 5 1 20 1 20 3 60 80 17º 14º SUI 5 2 40 2 40 1 20 60 18º 8º KOR 5 1 20 1 20 3 60 80 19º 13º UKR 4 2 50 2 50 50 20º 18º GRE 5 4 80 1 20 20 21º 23º KAZ 5 2 40 3 60 60 22º 22º POR 5 4 80 1 20 20 23º 15º GBR 5 3 60 2 40 40 24º 24º LAT 5 5 100 0 N - - 117 40 34 16 14 61 52 66

Para esta análise foram revertidos unicamente os valores dos atletas de países

participantes na competição por equipas.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

52

 

Numa primeira observação verificamos que dos 117 ginastas que realizaram

exercícios de competição nas Argolas, 52% apresentou duas variantes do

elemento “Hirondelle” e apenas 16% apresentou uma variante do elemento, o

que totaliza uma incidência de 138 execuções das variantes do elemento

“Hirondelle” executados nos exercícios de Argolas.

Relativamente à classificação das equipas nas Argolas, verificamos que os

países classificados nas dez primeiras posições, coincidem quase na totalidade

com os países das dez primeiras posições da classificação geral. De acordo

com os dados, 9 dos dez países classificados nas primeiras posições das

Argolas, possuem pelo menos 3 ginastas a executar duas variantes do

“Hirondelle” no seu exercício de competição. A única equipa que não se

enquadra nestes valores é a equipa Holandesa que com apenas 1 ginasta a

executar duas variantes do elemento “Hirondelle” no seu exercício de

competição, classificando-se na 9ª posição das Argolas. No vértice oposto

encontra-se a equipa da Coreia do Sul que apesar de apresentar 3 ginastas a

executar duas variantes do elemento e 1 a executar uma, acaba por se

posicionar na 18ª posição das Argolas.

No contexto geral, verificamos que em média 60% dos atletas das equipas

participantes, inclui pelo menos uma variante do “Hirondelle” no seu exercício

de competição. Apesar disso, constatamos que existem países com valores

bastante abaixo da média, com nenhum ou apenas 1 atleta a executar

elementos variantes do “Hirondelle”. A Grécia e a Holanda são um desses

casos onde apenas um atleta executa duas variantes do elemento no seu

exercício, o que correspondente a 20% do total variantes executados pelos

ginastas da equipa. Portugal é representado pelo mesmo número de atletas

(n=1), no entanto o atleta efectua apenas um elemento variante do “Hirondelle”.

Por fim a Letónia é o único país que não apresentou qualquer variante do

“Hirondelle” nos exercícios executados pelos seus atletas.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

53

 

Passamos para a análise do Quadro 20 e das Figuras 1 e 2, onde estão

presentes as variantes do elemento “Hirondelle” utilizadas pelos ginastas de

cada equipa nos exercícios de competição realizados nas Argolas.

Quadro 20 - Incidência de variantes do elemento “Hirondelle” realizadas nos exercícios de Argolas pelos ginastas das equipas participantes

CEA – Classificação da equipa no aparelho (Argolas). 

CEA País Nº Atletas

TotalV2 V3 V4 V6 V7 V13 V15 V17 Dificuldade dos Elementos

E E E F D E E F 1º CHN 4 2 2 2 6 2º RUS 5 1 2 1 2 1 7 3º USA 5 1 1 1 1 2 1 7 4º ITA 5 1 3 2 6 5º ROU 5 3 3 3 9 6º ESP 5 5 4 9 7º JPN 5 1 1 3 2 2 9 8º GER 5 3 3 6 9º NED 5 1 1 2 10º FRA 5 2 3 2 2 9 11º BLR 4 1 3 4 12º PUR 5 1 4 3 8 13º AUS 5 1 3 1 1 3 9 14º CAN 5 2 3 5 15º BUL 5 1 1 2 2 1 7 16º BRA 5 1 1 1 3 1 7 17º SUI 5 1 2 1 4 18º KOR 5 2 3 1 1 7 19º UKR 4 2 1 1 4 20º GRE 5 1 1 2 21º KAZ 5 1 1 2 1 1 6 22º POR 5 1 1 23º GBR 5 2 1 1 4 24º LAT 5 0 N - 117 2 19 37 13 16 43 1 7 138

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

54

 

Figura 1 – Distribuição percentual dos elementos variantes do “Hirondelle” apresentados pelos ginastas das 24 equipas participantes no Concurso I.

Figura 2 – Distribuição percentual dos elementos variantes do “Hirondelle” apresentados pelos ginastas das equipas classificadas nas 10 primeiras posições das Argolas no Concurso I.

.

Numa primeira análise verificamos que em 117 exercícios de competição,

foram executados 8 tipos de variantes do “Hirondelle”, das quais 1 de valor “D”,

5 de valor “E” e 2 de valor “F”.

Quanto ao tipo de variante, identificamos uma maior incidência nos elementos

V13 e V4, em cerca de 31% (n=43) e 27% (n=37) do total de repetições

efectuadas (n=138). Podemos ainda observar que o elemento V13 foi

executado por pelo menos um ginasta de cada equipa com a excepção de dois

países – Portugal e Letónia.

Os elementos menos utilizados foram correspondentemente o V15 e V2,

ambos de valor “E”, com apenas 1 e 2 repetições totais, o que é quase

insignificante numa amostra de 117 exercícios de competição.

Relativamente aos elementos de valor “F”, nomeadamente o V6 e V17,

encontramos um total de 13 e 7 repetições que equivalem respectivamente a

9% e 5% das repetições totais efectuadas.

Embora as percentagens totais de incidência destes elementos sejam algo

reduzidas, registaram-se diferenças significativas na relação que as mesmas

estabelecem com a tabela classificativa. Se analisarmos a Figura 2,

identificamos que 85% das repetições do elemento V6 (n=11) foram efectuadas

por ginastas pertencentes às dez primeiras equipas, enquanto que, apenas

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

55

 

14% das repetições do elemento V17 (n=1) se enquadraram na mesma

situação.

Neste leque das dez primeiras equipas verificamos também a presença de 54%

das execuções do elemento V4 e 53% das execuções do elemento V13.

Relacionando as classificações nas Argolas com os valores de incidência em

cada uma das 5 variantes do “Hirondelle”, verificamos que os elementos V4,

V13 e V6 foram os utilizados em maior número pelas equipas cimeiras.

Acrescentamos ainda que 51% dos elementos executados neste Concurso,

foram realizados por ginastas das equipas classificadas nas dez primeiras

posições.

5.5 VALORES REGISTADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS REALIZADOS PELOS

GINASTAS PARTICIPANTES NO CONCURSO III DO CAMPEONATO DO MUNDO.

O Quadro 21, apresenta as variantes do elemento “Hirondelle” executadas

pelos ginastas presentes no Concurso III. Para complementar os valores do

Quadro 21, estão representadas nas Figuras 3 e 4, a distribuição dos

exercícios das Argolas em número e em percentagens, pelos valores de

dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no

Concurso III.

Quadro 21 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” pelas notas de partida obtidas nos exercícios efectuados nas Argolas pelos ginastas participantes no Concurso III do Campeonato do Mundo.

Dif – Dificuldade dos elementos; EV – Elementos variantes do “Hirondelle”; EE – Elementos executados.

Grupo Dif EV 6,9 7,0 7,3 7,4 EE %

III

E V3 1 1 2 13

E V4 1 1 7

F V6 1 3 1 5 33

IV E V13 1 3 1 5 33

F V17 1 1 2 13

N - - 4 3 6 2 15 100

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

56

 

Figura 3 – Distribuição percentual dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso III.

Figura 4 – Distribuição dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso III.

Num total de 8 finalistas, foram efectuados 15 variantes do elemento, o que

significa que 7 ginastas executaram duas variantes no seu exercício de

competição e 1 executou apenas uma. Neste caso em particular, apesar do

ginasta ter efectivamente executado duas variantes do elemento “Hirondelle”,

os valores por nós registados apontam unicamente para a variante reconhecida

pelo Júri “A” do aparelho.

No que respeita ao tipo de variante, verificamos a presença apenas de 5 tipos

de elementos - V3, V4, V6, V13 e V17. Podemos também constatar que os

elementos V6 e V13 foram executados com maior frequência representando

cada um deles 33% do total de elementos variantes executados. Estas duas

variantes distinguem-se ainda das restantes por se incluírem nos exercícios

dos atletas com a nota de partida correspondentemente mais reduzida (6,9

pontos), mais elevada (7,4 pontos) e de maior incidência no grupo (7,3 pontos).

Seguidamente identificamos os elementos H3 e V17 com uma incidência de

13% cada, sendo executados por 2 ginastas que obtiveram respectivamente

6,9 e 7,0 pontos de nota de partida.

O elemento V4 foi executado uma única vez (7%), por um ginasta com um

exercício de 7,0 pontos de nota de partida.

0

1

2

3

6,9 7,0 7,3 7,4

2 2

3

1

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

57

 

Particularmente importante, é a diferença das notas de partida dos ginastas

que executaram os elementos V3 e V17, e os ginastas que efectuaram os

elementos V6 e V13, sendo que em ambos os casos o valor de dificuldade dos

elementos executados é idêntico (E e F).

5.6 VALORES REGISTADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS REALIZADOS PELOS

GINASTAS PARTICIPANTES NO CONCURSO II DO CAMPEONATO DO MUNDO.

No Quadro 22 e nas Figuras 5 e 6, estão respectivamente representadas as

variantes do elemento “Hirondelle” executadas pelos ginastas presentes no

Concurso II, e a distribuição dos exercícios de Argolas em número e em

percentagens, pelos valores de dificuldade das notas de partida obtidas pelos

ginastas neste Concurso.

Quadro 22 – Distribuição dos elementos variantes do “Hirondelle” pelas notas de partida obtidas nos exercícios efectuados nas Argolas pelos ginastas participantes no Concurso II do Campeonato do Mundo.

G – Grupo de elementos; Dif – Dificuldade dos elementos; EV – Elementos variantes do “Hirondelle”; EE – Elementos executados. 

G Dif EV 5,6 5,7 5,9 6,0

6,1

6,2

6,3

6,4

6,5

6,6

6,9

7,4

EE %

III

E

V3 2 1 1 2 1 7 22

E

V4 1 1 4 2 1 1 1 1 12 38

F

V6 1 1 2 6

IV

D

V7 1 1 3

E

V13 1 3 2 1 1 1 9 28

F

V17 1 1 3

N - 1 3 1 1 2 9 5 2 2 2 2 2 32 100

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

58

 

Figura 5 - Distribuição percentual dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso II.

Figura 6 - Distribuição dos exercícios das Argolas pelos valores de dificuldade das notas de partida obtidas pelos ginastas participantes no Concurso II.

 

Como podemos constatar no Quadro 22, os ginastas participantes no Concurso

II do Campeonato do Mundo efectuaram 6 tipos de elementos variantes do

“Hirondelle”, perfazendo um total de 32 repetições distribuídas por 21

exercícios com notas de partida entre 5,6 e 7,4 pontos de dificuldade.

Numa primeira análise verificamos que existe uma grande heterogeneidade de

valores, pois 15 dos 24 exercícios executados nas Argolas possuem notas de

partida diferentes. Ainda assim, constatamos que o valor de dificuldade mais

utilizado na nota de partida pelos ginastas finalistas foi o de 6,2 pontos, com a

incidência de 5 exercícios de competição, o correspondente a 21% dos valores

totais.

Com percentagens inferiores registaram-se também 3 exercícios de

competição – 13%, com notas de partida de 5,7 e 6,3 pontos de dificuldade.

Relativamente aos restantes valores da nota de partida, foi apenas registado 1

exercício para cada, entre dificuldades de 4,9 e 7,4 pontos. A única excepção

foi a nota 6,0 pontos de dificuldade, que apresentou uma incidência de 2

exercícios (9%), dos quais, um deles não apresentou qualquer tipo de elemento

variante do “Hirondelle”.

012345

4,9 5,5 5,7 6,0 6,2 6,4 6,6 7,4

1 1 1 1

3

121

5

3

1 1 1 1 1

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

59

 

Quanto ao tipo de variante, constatamos que as mais utilizadas pelos finalistas

All-around, foram os elementos V4 e V13 em cerca de 38% e 28% das

repetições totais. Inclusivamente, podemos verificar que estas duas variantes

do elemento se distribuem maioritariamente pelos exercícios com nota de

partida de 6,2 pontos de dificuldade.

Salienta-se também, as reduzidas percentagens de execução dos elementos

V6, V7 e V17, com apenas 2 execuções (6%) para o V6 e 1 execução (3%)

para o V7 e V17. Nestes casos verificamos grandes diferenças nas notas de

partida dos exercícios onde foram executados. O elemento V7 com valor “D” foi

executado apenas num exercício de 5,7 pontos de dificuldade, o elemento V17

num exercício de 6,3 pontos de dificuldade, enquanto que o elemento V6 foi

executado nos dois exercícios de maior dificuldade desta final - 6,9 e 7,4

pontos. Verificamos portanto que apesar dos elementos V6 e V17 possuírem o

mesmo valor enquanto elemento –valor “F”, acabam por pertencer a exercícios

com valores de dificuldade completamente distintos.

Comparando os valores da Figura 6 com os valores do Quadro 22, verificamos

que os exercícios com as notas de 4,9; 5,3 e 5,5 pontos de dificuldade não

apresentaram qualquer tipo de elementos variantes do “Hirondelle”.

Curiosamente estes foram os exercícios que apresentaram a dificuldade mais

baixa de todos os exercícios efectuados nas Argolas durante a final individual.

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

60

 

6 Discussão dos Resultados 6.1 ELEMENTOS VARIANTES DO “HIRONDELLE” EXECUTADOS NOS EXERCÍCIOS

DE ARGOLAS DOS GINASTAS PARTICIPANTES NO CONCURSO I.

Ao analisarmos os resultados dos ginastas participantes no Concurso I,

facilmente identificamos a proximidade de valores entre atletas que realizaram

duas variantes do “Hirondelle” 41% (n=87) e atletas que não realizaram

qualquer variante do elemento nos seus exercícios 44% (n=93). Embora se

tenham registados valores ligeiramente superiores para exercícios que não

incluíram variantes do “Hirondelle”, o mais relevante é que em 212 exercícios

executados nas Argolas, mais de metade (n=119) apresentaram elementos

variantes, sendo que, 73% desses valores correspondem a exercícios em que

foram executadas duas variantes do elemento. Estes valores evidenciam, que

os ginastas que executam o “Hirondelle” enquanto elemento estático de força,

optam na sua maioria, por incluir duas variantes do elemento no seu exercício.

Este é um aspecto muito curioso, porque o CP das Argolas apesar de não

permitir o reconhecimento de elementos repetidos para efeitos de valorização

da nota de partida, excepcionalmente reconhece a mesma posição estática de

força se esta for realizada enquanto variante do elemento e não como o

mesmo elemento, (FIG, 2006a). Traduzido por outras palavras, é permitida a

execução máxima de duas variantes de um elemento estático de força para a

valorização do exercício de competição nas Argolas. Esta é uma regra que tem

algum sentido, uma vez que o ginasta acaba por executar dois elementos

estruturalmente diferenciados, que terminam numa mesma posição estática,

não havendo assim, repetição do elemento no seu todo.

Por outro lado, é perfeitamente compreensível que a nota final enquanto soma

das notas de partida e de execução (Nota “A”+Nota “B”), seja o principal

parâmetro de classificação em contexto competitivo,(FIG, 2006a). Para que a

nossa análise não seja um tanto ou quanto superficial, importa compreender as

relações que se estabelecem no Quadro 14, para podermos reflectir acerca da

vantagem de executar duas variantes do elemento no exercício de Argolas.

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

61

 

Todas as correlações encontradas são estatisticamente significativas, ou seja,

possuem um grau de significância de p<0,001. De acordo com os resultados

obtidos, parece existir uma relação entre o número de elementos variantes

executados nos exercícios de Argolas e a classificação final no aparelho. Essa

relação expressa-se fundamentalmente pelo aumento substancial da nota de

partida à medida que aumenta a execução de elementos variantes no exercício

de Argolas (r=0,687), com efeitos na nota final do exercício, que

consequentemente também aumenta ligeiramente (r=0,549).

Por seu lado, a nota de execução, apresenta uma correlação indiferente de

r=0,185, a qual expressa uma ausência de relação entre o número de

elementos variantes executados e as deduções aplicadas pelo Júri “B”. Assim

sendo, estamos perante um quadro de tendências que resultam

essencialmente do aumento da nota de partida. Isto é, se as correlações que

se estabelecem entre a nota de execução (r=-0,540) e a nota de partida (r=-

0,888) para com a classificação no aparelho, são no primeiro caso ligeiras e no

segundo muito elevadas, entende-se que estes valores, em conjunto com os

valores da nota final (r=-0,847) - igualmente muito elevados; que a classificação

de um ginasta depende efectivamente do número de elementos variantes

realizados no exercício de Argolas. O mesmo será dizer, que os ginastas que

incluírem duas variantes do elemento “Hirondelle” no exercício de Argolas, têm

uma maior possibilidade de obter um lugar cimeiro na classificação individual

deste aparelho.

Perante o estudo de FIG (2008c), o aumento da dificuldade das notas de

partido dos exercícios realizados no Campeonato do Mundo de Estugarda

2007, em relação aos do Campeonato do Mundo de Aarhus 2006 foram,

segundo o autor, consequência de uma melhor interpretação do CP, que por

sua vez levou a uma melhor escolha e aproveitamento dos elementos nele

disponíveis.

Do mesmo modo, ao interpretarmos o CP, verificamos que a execução de duas

variantes do elemento “Hirondelle” no exercício de Argolas se justifica por

completo. Pois, além de permitir cumprir a exigência de grupos de

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

62

 

elementos, permite obter bonificação através da ligação com outros

elementos de força, e ainda, enquanto elementos de elevada dificuldade,

constituindo 60%, 55% e 9% do total das dificuldades “F”, “E” e “D”, presentes

nos CP das Argolas, (FIG, 2006a). Estes dados comprovam efectivamente o

benefício resultante da execução de duas variantes do elemento analisado.

Aliás não é ao acaso que 66% dos ginastas que realizaram duas variantes do

elemento no seu exercício, optaram por executar um elemento de cada grupo

(III e IV).

Portanto, perante o exposto, parece confirmar-se que o “Hirondelle” enquanto

elemento estático de força, é um elemento quase que de execução obrigatória

pois permite elevar a dificuldade do exercício de Argolas, constituindo uma

vantagem competitiva para aqueles que o executem no seu exercício (Sands et

al, (2006).

6.2 VARIANTES DO ELEMENTO “HIRONDELLE” EXECUTADOS NOS EXERCÍCIOS DE

ARGOLAS DOS GINASTAS PARTICIPANTES NO CONCURSO I.

Ao observarmos os elementos variantes do “Hirondelle” executados pelos

ginastas do Concurso I, verificamos que existem diferenças significativas entre

os executados e os que foram verdadeiramente reconhecidos.

Comparando as variantes do elemento “Hirondelle” executadas pelos ginastas

participantes no Concurso I com as presentes no CP, verificamos que apenas 9

das 17 disponíveis no CP, foram executadas nos exercícios de competição do

Campeonato do Mundo estudado. Deste leque de elementos variantes, os

ginastas não incluíram nos seus exercícios 2 elementos de dificuldade “D” – V8

e V9; 5 elementos de dificuldade “E” – V1, V5, V11, V12, V14; e 1 elemento de

dificuldade “F” – V16, o que na realidade corresponde a 33% dos elementos do

Grupo III e 55% do Grupo IV. Perante estes valores, os ginastas parecem

utilizar em termos relativos, um maior número de elementos do Grupo III do que

do Grupo IV. Esta tendência poderá estar relacionada com a dificuldade dos

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

63

 

elementos, que é igual ou superior a “E” no Grupo III, ou ainda, pela própria

estrutura dos elementos deste grupo, que por definição envolve elementos de

balanço para força, ao invés dos do Grupo IV que inserem em si dois ou mais

elementos estáticos de força, (FIG, 2006a).

No que respeita aos elementos executados, os atletas recorrem

maioritariamente a elementos de dificuldade “E”. Esta ideia é confirmada

concretamente pelo número de execuções, onde os três elementos mais

utilizados pelos ginastas nos exercícios de Argolas foram a V4, V13 e V3 com

valores próximos dos 38%, 28% e 16%. Na mesma ordem de ideias, as duas

variantes de dificuldade “F” - V6 e V17, foram a quarta e quinta maior escolha

dos atletas, com valores respectivamente aproximados de 8% e 5%.

Nesta análise, salienta-se a consistência com que estes elementos foram

executados, dos quais apenas 1 elemento variante - V6, foi reconhecido como

prancha facial em apoio num total de 28 elementos de executados,

nomeadamente 17 elementos V6 e 11 elementos V17. Apesar da incidência

parecer um tanto ou quanto baixa nesta amostra para estes dois elementos,

não podemos esquecer que se tratam de elementos de elevada dificuldade, e

por isso estão representados no CP com o máximo valor de dificuldade. Para

Arkaev e Suchilin (2004), o mesmo será dizer que a dificuldade atribuída a

estes elementos se poderá sustentar na quantidade de tempo e esforço

depositadas na sua aprendizagem.

No que respeita aos elementos V10 e V15, estes foram executados uma única

vez em toda a competição, sendo que, apenas o segundo foi reconhecido

como elemento para efeitos de classificação. Podemos dizer que estas duas

variantes são uma curiosidade da competição, não pelo seu valor e peso na

diferenciação dos grupos, mas por terem constituído uma alternativa na

estruturação do exercício de Argolas para um dos atletas presentes.

Particularmente o elemento V4, é o que em termos percentuais apresenta a

segunda maior variância entre o número de execuções efectuadas e o número

de execuções reconhecidas. Esta relação é bastante importante para

compreendermos o contraste entre as variantes executadas nos exercícios de

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

64

 

competição, e as que foram verdadeiramente reconhecidos pelo Júri “A” do

aparelho. Assim, foram executadas 4 tipos de variantes do Grupo III e 5 do

Grupo IV, com maior incidência nos elementos do Grupo III que correspondem

a 63% das execuções (n=143), enquanto que o Grupo IV se registaram 37%

das execuções (n=83), num total de 226 execuções de elementos variantes do

“Hirondelle” realizados nesta competição. Comparando este número com as

variantes reconhecidas em cada grupo, observamos uma inversão de valores,

onde a incidência se restringe maioritariamente a 4 variantes do Grupo III (v2,

v3, v4 e v6) e a 4 variantes do Grupo IV (v7, v13, v15 e v17), num total de 102

reconhecidas para o primeiro e 104 para o segundo. Isto significa que o não

reconhecimento do elemento V10 implicou o reconhecimento de apenas 8

elementos variantes do “Hirondelle” dos 9 executados nos exercícios de

competição, diminuindo assim a incidência de elementos variantes no Grupo IV

que passou a ser o mesmo que no Grupo III, 4 elementos variantes.

Nesta diferenciação de grupos, identificamos vários aspectos curiosos. O mais

evidente é que o elemento V4 foi executado 86 vezes, sendo reconhecido

apenas 61,6% das vezes, o que corresponde a 53 execuções. A explicação

para estes valores encontra-se no total de execuções de elementos V4 (n=86),

das quais 29% foram reconhecidas unicamente como elemento estático de

força “Hirondelle” – V7. É precisamente aqui que encontramos uma das razões

pelas quais o número de elementos dentro de cada grupo se alterou. Sendo as

25 execuções da variante V4 pertencente ao Grupo III, reconhecidas como V7

que pertence ao Grupo IV, é obvio que essa alteração implique uma

consequente inversão de valores na incidência de elementos variantes nos dois

grupos.

Um outro aspecto de interesse, é o facto da V7 ser a terceira variante mais

utilizada pelos atletas nos seus exercícios, não por escolha prévia dos atletas,

mas pelo facto dos elementos V4 e V13, terem apresentado erros técnicos

graves, sendo-lhes atribuído apenas a posição estática de força “Hirondelle” -

V7, situação prevista pelo CP, (FIG, 2006a). Aliás esta convergência de valores

é que permitiu que a variante V7 obtivesse no total 35 execuções

reconhecidas. Relativamente ao “Hirondelle” em concreto (V7), das 7

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

65

 

execuções totais efectuadas pelos ginastas, cerca de 57% (n=4) foram

reconhecidos como prancha facial em apoio e 14% (n=1) não foram se quer

reconhecidas. Isto significa, que o número de tentativas executadas pelos

atletas corresponde a 3% (n=7) do total de execuções, das quais apenas 28%

(n=2) foram reconhecidas. Estes valores não só expressam uma baixa

preferência por parte dos atletas na inclusão deste elemento nos seus

exercícios, como também revelam uma enorme taxa de insucesso na execução

do mesmo. O mais caricato da análise deste variante, é que 94,3% dos valores

totais das execuções reconhecidas em V7, pertencem a tentativas de execução

das V4 e V13 em cerca de 25 e 8 execuções, o que demonstra a quantidade de

elementos, que à luz do CP, foram considerados pelo Júri “A” apenas

elementos estáticos de força, que neste caso é o “Hirondelle”.

Curiosamente o elemento “Hirondelle”, mesmo sendo um dos elementos de

menor escolha por parte dos atletas, acaba por se tornar no terceiro elemento

com maior número de execuções reconhecidas pelo Júri “A” do aparelho. Estes

valores podem ser explicados por erros técnicos no movimento anterior à

posição estática. Embora o CP não seja muito concreto na definição de alguns

erros técnicos, através da sua interpretação, compreende-se que sempre que

um elemento apresente erros técnicos estruturais que se relacionem com

desvios angulares e/ou com alterações significativas da técnica do próprio

elemento, este poderá ser reconhecido apenas como posição estática de força

se a mesma cumprir os critérios de avaliação enumerados pelo CP, (FIG,

2006a). O mesmo será dizer que a “Báscula” designada por “Contratempo” que

antecede a posição estática de força “Hirondelle” em V4, se for executada em

apoio, está exactamente a violar a estrutura técnica do elemento, e por isso, a

sua dificuldade enquanto elemento variante não será reconhecida para

aumento da nota de partida, já que a sua execução correcta é de um

movimento sinérgico executado para apoio e não em apoio. Neste caso

concreto, o elemento V4 poderá ser reconhecido como V7, se a posição

estática for definida sem erros técnicos de execução graves. Acreditamos que

a maioria dos elementos V4 reconhecidos como V7, derivaram de erros

técnicos no movimento técnico anterior, designadamente por serem

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

66

 

executados em apoio, ou com flexão dos MS, ou ainda pela execução do

movimento de “Báscula” em força, erros previstos no CP, (FIG, 2006a).

Relativamente ao elemento V13, tudo leva a crer que a posição estática ou a

variante do elemento “Cristo”, que antecede a elevação do corpo para a

posição de “Hirondelle” nesta variante, não foi definida por um período mínimo

de 1 segundo ou não foi reconhecida por apresentar desvios horizontais

superiores a 45 graus, ou ainda por erros técnicos de execução que não

permitem o seu reconhecimento, (FIG, 2006a).

Se nos centrarmos no conceito de complexidade defendido por Arkaev e

Suchilin (2004), onde o grau de complexidade de um elemento se distingue

pelo número de movimento ou técnicas envolvidas na sua execução, faz todo o

sentido que as variantes de um determinado elemento sejam reconhecidas

apenas quando os movimentos técnicos que o compõem não apresentam erros

graves de execução. É nesta lógica que as variantes devem ser executadas

para que sejam reconhecidas enquanto elementos de dificuldade acrescida,

face à posição estática de força que as compõem.

De facto, este é aspecto mais importante desta análise, uma vez que se pode

compreender que uma variante não é a simples execução de dois ou mais

elementos por si só, mas sim um único elemento que integra em si um conjunto

de movimentos técnicos representativos da sua complexidade e

consequentemente da dificuldade que lhe é atribuída, (FIG, 2006a).

Assim sendo, e após verificarmos que dos 226 elementos executados, 77%

foram reconhecidos efectivamente enquanto elementos variantes executados;

15% enquanto posição estática de força “Hirondelle” (V7); 9% enquanto

prancha em apoio facial e 4% enquanto elementos não reconhecidos, podemos

dizer que a maioria dos elementos variantes executados foram reconhecidos,

tendo efeitos na nota de partida dos exercícios realizados no Campeonato do

Mundo, tal como o demonstrado nas correlações estabelecidas anteriormente.

Concretamente estes valores apontam para um grau de eficácia bastante

elevado na execução das variantes do “Hirondelle”, das quais apenas 20

elementos não foram reconhecidos enquanto elementos com a posição estática

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

67

 

de força “Hirondelle”, enquadrando-se nos elementos não reconhecidos e nos

elementos reconhecidos como prancha em apoio facial.

Perante todos os dados analisados, ao distinguimos a execução de 6 variante

de dificuldade “E”, 2 de dificuldade “F” e 1 de dificuldade “D”, onde a incidência

de execuções se distribui em ordem decrescente por valores de dificuldade “E”,

“D” e “F”, parece-nos perfeitamente obvia a importância da execução do

“Hirondelle” enquanto posição estática de força nos exercícios de competição.

Essa importância não só se deve ao número de variantes descritas no CP

(n=17), mas principalmente porque o seu valor enquanto elemento se

circunscreve nos três patamares mais elevados da dificuldade, “D, E e F”.

Pensando nos exercícios de competição como sendo um conjunto de

elementos técnicos que se encontram criteriosamente encadeados, de modo a

perfazerem uma sequência estruturalmente completa e coerente, tal com

define Pastor (2003), e em que se pretende obter o máximo desempenho, faz

todo o sentido que os elementos variantes do “Hirondelle” enquanto elementos

de elevado valor de dificuldade, sejam a principal escolha de elementos de

força a incluir nos exercícios de Argolas.

Em contrapartida, o CP ao prever o reconhecimento da posição estática de

força de uma variante que apresente erros técnicos graves nos movimentos

técnicos anteriores à definição do “Hirondelle”, poderá também constituir um

benefício para os ginastas que o executem, pois em último caso o elemento

variante será reconhecido como posição estática de força, tal como aconteceu

na amostra analisada. Em termos de cálculo da nota de partida, o

reconhecimento das variantes enquanto posição estática de força, acaba por

constituir também uma vantagem competitiva, já que o seu valor ainda que seja

inferior ao do elemento variante, será no mínimo de dificuldade “D”. O mesmo

será dizer que, se um ginasta realizar o elemento V6 com a dificuldade “F”, e

este for reconhecido apenas como “Hirondelle” – dificuldade “D”; a diferença na

nota de partida será de apenas 2 décimas de ponto (0,20 pontos). Aplicando

esta analogia à construção do exercício de competição, parece-nos importante

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

68

 

que os treinadores e atletas estejam cientes desta possibilidade quando da

escolha das variantes a incluir nos exercícios de competição.

Concomitantemente Smolevsky e Gaverdovsky (1996) afirmam que a

composição dos exercícios de competição deve reflectir as tendências de

evolução do CP, ou seja, é importante que a escolha dos elementos a incluir

nos exercícios de competição seja apoiada nos requisitos e directrizes do CP.

Assim sendo, não só a interpretação do CP enquanto documento técnico,

parece justificar a inclusão do “Hirondelle” nos exercícios de Argolas, mas

também, enquanto instrumento regulador que assegura uma avaliação

cuidadosa e objectiva dos exercícios realizados em qualquer contexto

competitivo, (FIG, 2006a).

A multiplicidade de benefícios resultantes da interpretação do CP por parte dos

treinadores e atletas na procura de soluções que permitam a elevação do

potencial dos exercícios de competição, sustêm em si a afirmação de Arkaev e

Suchilin (2004), de que o CP enquanto instrumento regulador é a principal

ferramenta de desenvolvimento da GA.

6.3 POSIÇÃO DOS ELEMENTOS VARIANTES DO “HIRONDELLE” NO EXERCÍCIO DE

ARGOLAS 6.3.1 Concurso I  

De um modo geral os ginastas participantes no Campeonato do Mundo

analisado, tendem a executar as variantes do elemento “Hirondelle”

maioritariamente na primeira metade do exercício. O mesmo será dizer que,

95% dos ginastas participantes no Concurso I desta competição, incluíram os

elementos variantes do “Hirondelle” nas cinco primeiras posições do exercício

de Argolas. Esta tendência expressa-se essencialmente pela inclusão de 74

elementos na primeira posição do exercício de competição, o que representa

sensivelmente 36% do total de elementos variantes executados nas Argolas

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

69

 

(n=206). Para as restantes posições da primeira metade do exercício, os

valores distribuem-se em ordem decrescente pela terceira, segunda, quarta e

quinta posições, portanto a incidência de execuções parece diminuir à medida

que o exercício se aproxima dos 5 elementos finais - segunda metade.

Relativamente à segunda metade do exercício, constatamos que não foram

executados quaisquer elementos na décima posição, sendo registados valores

muito baixos para restantes posições que, com incidências aproximadas a 1%

e 2%, acabam por não ter grande relevância na tendência da amostra

estudada. A lógica dos ginastas não executarem elementos variantes na

décima posição, relaciona-se com o facto do CP exigir a execução de um

elemento de saída na composição dos exercício de competição, o que

inevitavelmente acaba por ocupar a última posição do exercício, que

corresponde à décima posição (FIG, 2006a).

Para não repetirmos algumas das reflexões partilhadas pelos três concursos

analisados (I, II e III), optamos por as colocar na discussão da alínea que se

segue.

6.3.2 Concurso II e III

Relativamente aos ginastas participantes no Concurso II e III, estes mantêm a

tendência de execução dos elementos variantes na primeira metade do

exercício, tal como sucede no Concurso I. No entanto, podemos desde logo

observar que existem diferenças de incidência de elementos ao longo do

exercício, entre os dois grupos de finalistas.

Concretamente, constatamos que os ginastas do Concurso II tendem a

executar as variantes do “Hirondelle” na primeira metade do exercício, com

96,9% dos valores totais entre os cinco primeiros elementos, enquanto que, os

especialistas das Argolas, ao registarem 73,3% de execuções para as mesma

posições, se distribuem pelas oito primeiras posições, sem qualquer incidência

na sétima e quarta posições. Comparativamente, os ginastas participantes no

Concurso II efectuaram um maior número de elementos na primeira (47%) e

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

70

 

terceira (22%) posições, enquanto que os ginastas do Concurso III os

efectuaram na primeira (33%) e na oitava (20%) posições do exercício de

competição. Portanto, se as diferenças observadas na primeira posição do

exercício possuem algum significado enquanto valor de comparação dos dois

grupos, a realização de 20% dos elementos variantes na oitava posição do

exercício por parte dos ginastas do Concurso III, acaba por se constituir o

aspecto mais determinante na diferenciação dos grupos. Aliás, o facto dos

finalistas do Concurso II não apresentarem elementos variantes para além da

sexta posição do exercício, obtendo apenas 3,1% (n=1) nessa posição, já

evidencia por si só a restrição dos mesmos à primeira metade do exercício,

enquanto que os ginastas do Concurso III ao apresentarem valores

significativos para a oitava posição, se restringem a execuções nas duas

metades.

Globalmente, a incidência de execuções dos elementos variantes do

“Hirondelle” nas primeiras posições do exercício, poderá estar relacionada com

dois factores, as características do aparelho e a contracção muscular exigida

na sua realização.

Esta ideia que pode ser confirmada pela instabilidade que caracteriza as

Argolas enquanto aparelho, que segundo Pasto (2003), coloca dificuldades ao

nível do equilíbrio, na realização e manutenção de posições estáticas

efectuadas sobre o apoio dos MS. Em contrapartida, Bernasconi e Tordi (2005)

e Sands et al (2006) referem que a execução do “Hirondelle” exige uma

contracção máxima ao nível dos músculos dos ombros para que o corpo seja

sustentado na posição correcta.

Nesta lógica de ideias, parece que a dificuldade de execução dos elementos

variantes do “Hirondelle”, não só, está directamente relaciona com a

complexidade de acções que nele se inserem, (Arkaev & Suchilin, 2004), mas

também pelo acréscimo de terminarem numa posição estática de força

executada sobre um apoio móvel, as Argolas.

Por outro lado, o facto de o CP impor a manutenção das posições estáticas por

um período mínimo de 2 segundos, período que é definido por Bompa (2001)

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

71

 

como sendo o momento em que o músculo atinge a tensão máxima durante

uma contracção isométrica, podemos assumir que execução de elementos

variantes do “Hirondelle” poderá causar elevadas tensões musculares,

podendo desencadear a fadiga muscular. Assumindo que um exercício de

competição é constituído por 10 elementos dos quais pelo menos dois,

envolvem contracções musculares isométricas (atendendo às exigências de

Grupos), podemos pensar que o aspecto fadiga possa ser um factor

equacionado por treinadores e ginastas na escolha da ordem de execução dos

elementos. Smolevsky e Gaverdovsky (1996), acrescentam ainda, que os

elementos de força realizados nas Argolas podem ser estáticos ou dinâmicos,

apresentando respectivamente contracções isométricas e dinâmicas como é o

caso das ligações ou elementos de elevação em força. Isto significa, que na

realização de um exercício o ginasta poderá acumular um conjunto de tensões

musculares que possam prejudicar o seu desempenho, a quando da realização

de posições estáticas no final do exercício.

Deste modo, tem toda a lógica que os atletas, em contexto competitivo

apresentem, não só, os elementos de maior dificuldade e complexidade, mas

essencialmente os que envolvem posições estáticas, na primeira parte do

exercício, evitando assim as deduções por erros de execução derivados da

fadiga muscular.

Em síntese, a escolha de execução dos elementos variantes do “Hirondelle” na

primeira metade do exercício por parte da maioria dos ginastas, poderá resultar

de um conjunto de factores, nomeadamente as características do aparelho e da

dificuldade de execução do elemento, que na sua relação intrínseca podem

desencadear a fadiga muscular. Pelo exposto, confirmar-se a H1 para todos os

Concursos analisados (I,II e III).

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

72

 

6.4 ELEMENTOS VARIANTES DO “HIRONDELLE” EXECUTADOS NOS EXERCÍCIOS

DE ARGOLAS DAS EQUIPAS PARTICIPANTES NO CONCURSO I

A escolha do Concurso I para analisar a importância do “Hirondelle” enquanto

elemento, nos exercícios dos ginastas das equipas participantes no

Campeonato do Mundo, apoia-se no facto da fase de qualificação ser o único

momento em que se obtém os resultados das 24 equipas participantes

relativamente à classificação geral e classificação no aparelho. Diga-se que

este leque de equipas faz parte de um pré-apuramento apoiado na

classificação vertical do Campeonato do Mundo de Aarhus 2006, realizado

precedentemente.

Numa primeira análise, podemos dizer que existe uma certa tendência para

que as equipas que ocupam as posições cimeiras, possuam um maior número

de atletas a executar duas variantes do Hirondelle nos exercícios de

competição. Apesar da análise o Quadro 19 não ser muito clara, podemos

identificar que as equipas classificadas nas dez primeiras posições, possuem 3

dos 5 atletas que as representam enquanto país a efectuar duas variantes do

“Hirondelle” no seu exercício de competição. Importa no entanto comparar as

equipas da Holanda e da Coreia do Sul, por ambas contrariarem os resultados

obtidos. Por um lado a equipa Holandesa, que apresenta apenas com um

ginasta a executar duas variantes do “Hirondelle” (ainda que de elevado valor

de dificuldade – “E” e “F”), se classificou na 9ª posição das Argolas, ao invés da

equipa da Coreia do Sul que enquanto detentora da 8ª posição na classificação

final, apresentou 3 ginastas a executar duas variantes do elemento e 1 a

executar uma, se classificou na 18ª posição das Argolas. A explicação para

estes valores poderá estar na apresentação de erros de execução nos

elementos que compõem o exercício de competição por parte do ginastas da

equipa Coreana, tendo os descontos inerentes aos erros cometidos, levado à

diminuição da nota final dos exercícios por influência directa da nota de partida,

no caso de não serem reconhecidos elementos e/ou, da nota de execução

pelos descontos efectuados pelo Júri “B”, (FIG, 2006a).

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

73

 

Pensamos portanto que o posicionamento abaixo das expectativas neste

aparelho por parte da Coreia do Sul, poderá estar relacionado com o baixo

índice de rendimento dos atletas ao nível da execução, uma vez que, estes

executaram na sua maioria, dois elementos variantes do “Hirondelle” com

alegado reconhecimento por parte do Júri “A” do aparelho.

Por outro lado, a Letónia foi o único país que não apresentou atletas a

realizarem qualquer elemento variante do “Hirondelle” no seu exercício,

posicionando-se na 24ª posição da tabela classificativa das Argolas. Do mesmo

modo, Portugal enquanto país detentor de apenas 1 atleta a executar uma

variante do elemento no seu exercício de competição se situou na 22ª posição

das Argolas enquanto equipa.

Na mesma lógica que anteriormente relacionamos a execução de duas

variantes do elemento “Hirondelle” com o aumento da nota de partida dos

exercícios de competição, traduzido pela consequente tendência dos ginastas

ocuparem os lugares cimeiros na classificação final, o número de atletas por

equipa a executar elementos variantes do “Hirondelle” também parece

influenciar as posições classificativas obtidas pelas equipas nas Argolas. Nesta

análise é importante salientar que apenas são contabilizadas para efeitos de

classificação por equipa as pontuações dos 4 melhores atletas, (FIG, 2007) ,

facto que poderá aproximar ainda mais as percentagens obtidas para as

execuções de duas variantes dos 100%. No caso do Japão, se as pontuações

dos quatro atletas que executaram duas variantes do “Hirondelle” foram

efectivamente as contabilizadas para efeitos de classificação da equipa,

poderíamos dizer que 80% da equipa Japonesa realizou duas variantes do

elemento no seu exercício e que essa percentagem representa efectivamente a

totalidade dos exercícios contabilizados para efeitos de classificação, ou seja,

100% dos exercícios contabilizados apresentaram duas variantes. Do mesmo

modo verificamos que a China apresentou unicamente quatro atletas neste

aparelho, dos quais, um não apresentou qualquer variante do elemento

“Hirondelle” no seu exercício, mas em contrapartida, os restante três que

perfazem a classificação da equipa efectuaram duas variantes do elemento

sendo quatro de dificuldade E (distribuídas equitativamente por V4 e V13) e

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

74

 

duas de dificuldade F (V6). Obviamente que estamos perante um cenário

quase perfeito, não só pelo facto dos ginastas apresentarem duas variantes do

elemento no seu exercício mas também por incluírem precisamente os

elementos de maior valor de dificuldade.

Comparando estes dados com os de toda a amostra, verificamos que os

elementos V6 e V17, embora sejam elementos com o mesmo valor de

dificuldade (“F”), se distribuem por equipas com diferentes posições na tabela

classificativa das Argolas. Assim sendo, 85% das execuções do elemento V6

são realizadas por ginastas das dez primeiras equipas, enquanto que apenas

14% das execuções do elemento V17 pertence a exercícios de ginastas do

referido leque de equipas.

Supostamente seria de esperar que as equipas cimeiras optassem pela

inclusão do elemento V17, tal como o fizeram com o elemento V6 por serem

elementos de dificuldade máxima, no entanto, não foi isso que aconteceu. Uma

vez mais, a análise e interpretação do CP se torna fundamental para

compreendermos os benefícios de cada elemento enquanto porções do

exercício de competição, realidade retratada por FIG (FIG, 2008c). Deste modo

não podemos esquecer que os elementos do Grupo III apenas permitem a

ligação num sentido, ou seja com o elemento imediatamente subsequente

executados de modo ascendente, pelo facto de estruturalmente serem

elementos de balanço para força, e portanto não permitirem a ligação com

elementos que o antecedem, (FIG, 2006a). Nesta lógica, pensamos que

escolha dos atletas poderá estar relacionada com o facto do elemento V13

permitir obter bonificação por ligação tanto com o elemento anterior, como com

o elemento subsequente, uma vez que se trata de um elemento em que o

corpo é elevado para um plano superior, tal como é exigido pelo CP, (FIG,

2006a). Pertencendo os elementos V13 e V17 ao mesmo Grupo (IV) de

elementos, e sendo possível apenas a execução de duas variantes do

elemento “Hirondelle”, FIG (2006a), logicamente que os ginastas que executem

dois elementos variantes no seu exercício optem pela inclusão de V13 como

elemento do Grupo IV e tendam a executar o elemento V6 (dificuldade “F”)

como elemento do Grupo III para aumentarem o valor de dificuldade dos seus

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

75

 

exercícios. Atendendo ao referido por Arkaev e Suchilin (2004), um exercício

de competição é uma estrutura organizada de elementos técnicos que se

encontram encadeados de forma integral num tempo e espaço específicos.

Admitindo que os exercícios de competição são a máxima expressão da

performance de um ginasta, importa que a escolha dos elementos

estruturantes reflicta a tendência evolutiva do CP enquanto documento

regulador, para que tenham valor e expressividade competitiva.

Não só esta concepção parece justificar a inclusão do elemento V13 nos

exercícios de Argolas, mas também, porque praticamente todos os países

participantes na competição de equipas o utilizarem enquanto elemento.

Apenas Portugal e a Letónia, acabam por não recorrer respectivamente a

todos/nenhum benefício da execução dos elementos variantes do “Hirondelle”.

O mesmo se poderá dizer quanto aos elementos V3, V4 e V6 que, para além

do V13, constituem os elementos de maior escolha no Grupo III, sendo os

elementos V4 e V6, aqueles que se evidenciam nas equipas cimeiras. Esta

tendência parece relacionar-se, com os aspectos já referidos: o valor de

dificuldade do próprio elemento; a possibilidade de ligação com outros

elementos de força e a possibilidade de cumprimento da exigência de Grupos,

aspecto que reforça não só a escolha dos atletas mas fundamentalmente a

importância do “Hirondelle” para a valorização dos exercícios de competição

realizados nas Argolas.

6.5 COMPARAÇÃO DOS ELEMENTOS VARIANTES DO “HIRONDELLE”

EXECUTADOS NOS EXERCÍCIOS DE ARGOLAS DO CONCURSO II E III

Globalmente, os ginastas participantes no Concurso III, tendem a apresentar

duas variantes do elemento “Hirondelle” no exercício de Argolas, enquanto que

os do Concurso II tendem a apresentar apenas uma. Esta tendência é

confirmada pelos elementos executados no Concurso III, em que dos 8

ginastas participantes, 7 dos quais apresentaram duas variantes do elemento

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

76

 

“Hirondelle”, enquanto que no Concurso II, apenas os ginastas com as notas de

partida mais elevadas (≥6,10 pontos), realizaram duas variantes do elemento

no exercício de competição, o correspondente a 14 ginastas em 24

participantes.

Perante esta análise, podemos efectivamente constatar que nem todos os

especialistas das Argolas (Concurso III), apresentaram duas variantes do

elemento no seu exercício, logo não se confirma a H2. Curiosamente, se

observarmos os nossos dados, verificamos que a “esmagadora” maioria dos

ginastas apresentou duas variantes do elemento no exercício de Argolas. Se a

esta análise, equacionarmos o facto do ginasta ter realizado duas variantes do

elemento, sendo reconhecida apenas uma à luz do CP, já poderíamos

confirmar a H2. Na realidade foi mesmo isso que sucedeu, como o elemento

não foi reconhecido pelo Júri “A” do aparelho, obviamente que nos 10

elementos mais valiosos contabilizados para determinar a nota de partida,

apenas se incluía uma variante. Portanto, ainda que não possamos confirmar a

H2, podemos aqui salientar mais uma vez o quão difícil poderá ser o

“Hirondelle” de executar, já que neste caso, foi um ginasta especialista das

Argolas a apresentar erros graves de execução.

Relativamente às notas de partida observamos valores mais próximos e

simultaneamente mais elevados nos finalistas do Concurso III, relativamente

aos do Concurso II. Apesar dos ginastas do Concurso II apresentarem

exercício de dificuldade entre 4,90 pontos e 7,40 pontos, e os finalistas das

Argolas, entre os 6,90 pontos e os 7,40 pontos, as maiores diferenças

registaram-se essencialmente no valor de dificuldade mais utilizado enquanto

nota de partida dos exercícios executados em cada grupo. Concretamente para

os do primeiro grupo – Concurso II, a dificuldade que registou maior número de

exercícios foi a nota de partida de 6,20 pontos, com 21% dos valores, enquanto

que para o segundo grupo - Concurso III, foi de 7,30 pontos de nota de partida

com 37% dos valores totais da amostra. Perante este quadro de dificuldades,

facilmente se identificam as diferenças entre um ginasta especialista das

Argolas e um ginasta especialista do All-around (classificação geral individual).

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

77

 

Outro aspecto curioso, prende-se com os elementos variantes do “Hirondelle”

que foram executados em cada grupo. Distinguimos essencialmente os

elementos V6 e V13 como sendo os mais utilizados pelos finalistas das

Argolas, e simultaneamente, os que estão presentes nos exercícios de maior

valor de dificuldade dos dois grupos em análise. Aspecto que parece confirmar

o benefício da execução do elemento V6 do Grupo III e o elemento V13 do

Grupo IV, pelos motivos já debatidos: pelo seu valor enquanto elementos; por

permitirem o cumprimento da exigência de grupos e por permitirem a ligação

com outros elementos de força, que no caso particular do elemento V13 poderá

ser realizada nos dois sentidos (antes e depois). O facto destes elementos se

distribuírem por praticamente todas as notas de partida registadas na final de

Argolas (Concurso III), e respectivamente aos exercícios de maior dificuldade

executados no Concurso II, poderá ser representativo do seu relevo enquanto

elementos variantes do “Hirondelle”, que segundo Sands et al (2006), é de

execução obrigatória para todos os ginastas que procurem elevar o potencial

de dificuldade do exercício de Argolas.

Identicamente ao que havíamos observado no Concurso I relativamente aos

elementos variantes mais utilizados pelas equipas cimeiras, também aqui,

observamos que os elementos V4, V6 e V13 possuem uma elevada relevância,

já que são os mais utilizados pelos atletas e simultaneamente se distribuem por

exercícios com notas de partida de maior dificuldade. No seio desta discussão

e pelos valores obtidos nos diferentes momentos da competição, tudo leva a

crer, que a execução dos elementos V6 e V13 num exercício de Argolas, é uma

escolha mais rentável, pois tem efeitos na dificuldade da nota de partida,

expressos mais marcadamente pelos ginastas do Concurso III, que enquanto

especialistas das Argolas, apresentam as notas de partida mais elevadas da

amostra total precisamente com a inclusão destes elementos em particular.

As diferenças encontradas entre os ginastas do Concurso III que executaram

os elementos V3 e V17 relativamente aos que executaram V6 e V13, parece

relacionar-se com os mesmos argumentos expostos anteriormente.

Comparativamente, os elementos possuem o mesmo valor de dificuldade e

inserem-se equitativamente nos dois grupos de elementos (Grupo III e IV), no

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

78

 

entanto a vantagem parece estar no facto do elemento V13 ser o único

elemento que permite a ligação simultânea com dois elementos (antes e

depois), tal como o referido anteriormente. Portanto, no contexto competitivo, a

relação dos elementos em cada grupo acaba por ser superior para os

elementos V6 e V13, o primeiro porque possui uma dificuldade superior ao

elemento V3, e o segundo porque através da ligação superará a diferença de

valor de dificuldade do elemento V17, que é de apenas 1 décimo de ponto

(0,10 pontos).

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CONCLUSÕES

80

 

7 Conclusões

Na sequência dos resultados apresentados, retiramos as seguintes conclusões:

• Existe uma relação directa entre o aumento da nota de partida em

função do número de elementos variantes do “Hirondelle” executados

nos exercícios de Argolas.

• Os ginastas participantes no Campeonato do Mundo analisado

executaram 9 dos 17 elementos variantes presentes no CP,

nomeadamente os elementos V2, V3, V4, V6, V7, V10, V13, V15 e V17.

• O elemento V13 foi o elemento mais utilizado pelos ginastas no exercício

de Argolas nos Concursos I e III, e o segundo mais utilizado no concurso

II, sendo de todas as variantes aquela que possui maior valor estrutural

no exercício de Argolas.

• O elemento V4 foi o elemento que apresentou maior variância entre o

número de execuções efectuadas e o número de execuções

reconhecidas, sendo o mais utilizado pelos ginastas do Concurso II; o

segundo mais utilizado pelos ginastas do Concurso I; e o menos

utilizado pelos ginastas do Concurso III.

• Os elementos V6 e V13 foram os elementos mais utilizados pelos

ginastas que obtiveram as notas de partida mais elevadas.

• O elemento V7, apesar de ser o terceiro elemento mais incidente desta

competição, foi dos elementos menos utilizados na estruturação do

exercício de Argolas.

• A apresentação de erros técnicos de execução, levou a que os

elementos V4 e V13 fossem reconhecidos como posição estática de

força - V7.

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CONCLUSÕES

81

 

• Registaram-se percentagens reduzidas de execuções de elementos não

reconhecidos, para os seguintes elementos: V3, V4, V7, V10 e V13.

• Registaram-se percentagens reduzidas de elementos reconhecidos

como prancha em apoio facial, para os seguintes elementos: V3, V4, V6,

V7 e V13.

• A maioria dos ginastas executou os elementos variantes do “Hirondelle”

na primeira metade do exercício de Argolas, o que confirma a H1.

• A posição de maior incidência nos Concursos I, II e III, foi a primeira

posição do exercício.

• A maioria dos ginastas do Concurso III, executaram duas variantes do

elemento “Hirondelle” no exercício de Argolas, o que não confirma a H2.

• As notas de partida registadas no concurso III foram na sua maioria

superiores às do concurso II, e apresentaram uma menor amplitude de

valores.

• A execução de um elemento variante de cada grupo na estruturação dos

exercícios de competição, poderá constituir um benefício no

cumprimento da exigência de grupos.

• Todos os elementos variantes do “Hirondelle” permitem obter

bonificação por ligação com outros elementos de força.

• No leque de elementos de força presentes no CP das Argolas, os

elementos variantes do “Hirondelle”, são os únicos que possuem

dificuldade “F”.

Através dos resultados obtidos neste estudo, as nossas expectativas apontam

para que o “Hirondelle” faça parte do leque de elementos de aprendizagem

obrigatória, uma vez que enquanto elemento estático de força poderá

proporcionar uma escolha diversificada de elementos variantes de elevado

valor de dificuldade, imprescindíveis para a estruturação e valorização dos

exercícios de Argolas.

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CONCLUSÕES

82

 

No papel de ginasta e treinador, seria interessante analisar o elemento sobre o

ponto de vista técnico da sua aprendizagem, nomeadamente, verificar as

contracções musculares desencadeadas pelos músculos envolvidos na

execução do elemento, podendo estabelecer formas de treino para

potencializar o seu desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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