a importância das cartas de controle estatístico na revisão periódica de produtos

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Artigo apresentado no V Seminário de Pesquisas e TCC da FUG no semestre 2013-1 A importância das Cartas de Controle Estatístico na Revisão Periódica de Produtos Jordanne Isaura de Lima Rosa¹ Larucci Lara Marques Silva¹ Prof.ª. Ms. Daniela Borges Marquez Barbosa 2 RESUMO: A Revisão Periódica de Produto se tornou uma ferramenta da Garantia da Qualidade, que reduz os riscos de perdas de produtos, de recolhimentos, de reprocesso, aumenta a produtividade além de melhorar a comunicação entre diferentes áreas envolvidas com as atividades de fabricação como produção, controle de qualidade, assuntos regulatórios, validação entre outros. Essa ferramenta necessita de análises estatísticas para as tomadas de decisões, garantindo assim o bom desempenho das empresas a fim de prevenir eventuais problemas desde a fabricação do produto até a sua liberação para o comércio, por isso a importância da aplicação das Cartas de Controle Estatístico de Processo dentro das indústrias farmacêuticas. PALAVRAS-CHAVE: Controle Estatístico de Processo; Revisão Periódica de Produtos; Ferramentas da Qualidade. The importance of Statistical Process Control in Periodic Review Product ABSTRACT: The Periodic Review Product has become a tool of Quality Assurance that reduces the risk of loss of goods, gatherings of reprocess, increases productivity and improves communication between different areas involved in manufacturing activities such as production, control quality, regulatory affairs, validation, among others. This tool requires statistical analysis for decision making, thus ensuring good corporate performance in order to prevent any problems from the manufacturing of the product until its release to the trade, so the importance of the application of Statistical Control Charts process within the pharmaceutical industry. PALAVRAS-CHAVE; Statistical Process Control; Periodic Review of Products, Quality Tools. 1 Acadêmico do Curso de Farmácia da Faculdade União de Goyazes 2 Orientadora: Prof.ª. Ms. Daniela Borges Marquez Barbosa Faculdade União de Goyazes.

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  • Artigo apresentado no V Seminrio de Pesquisas e TCC da FUG no semestre 2013-1

    A importncia das Cartas de Controle Estatstico na Reviso Peridica de

    Produtos

    Jordanne Isaura de Lima Rosa

    Larucci Lara Marques Silva

    Prof.. Ms. Daniela Borges Marquez Barbosa 2

    RESUMO: A Reviso Peridica de Produto se tornou uma ferramenta da Garantia da Qualidade, que reduz os riscos de perdas de produtos, de recolhimentos, de reprocesso, aumenta a produtividade alm de melhorar a comunicao entre diferentes reas envolvidas com as atividades de fabricao como produo, controle de qualidade, assuntos regulatrios, validao entre outros. Essa ferramenta necessita de anlises estatsticas para as tomadas de decises, garantindo assim o bom desempenho das empresas a fim de prevenir eventuais problemas desde a fabricao do produto at a sua liberao para o comrcio, por isso a importncia da aplicao das Cartas de Controle Estatstico de Processo dentro das indstrias farmacuticas. PALAVRAS-CHAVE: Controle Estatstico de Processo; Reviso Peridica de Produtos; Ferramentas da Qualidade. The importance of Statistical Process Control in Periodic Review Product

    ABSTRACT: The Periodic Review Product has become a tool of Quality Assurance that reduces the risk of loss of goods, gatherings of reprocess, increases productivity and improves communication between different areas involved in manufacturing activities such as production, control quality, regulatory affairs, validation, among others. This tool requires statistical analysis for decision making, thus ensuring good corporate performance in order to prevent any problems from the manufacturing of the product until its release to the trade, so the importance of the application of Statistical Control Charts process within the pharmaceutical industry. PALAVRAS-CHAVE; Statistical Process Control; Periodic Review of Products, Quality Tools. 1 Acadmico do Curso de Farmcia da Faculdade Unio de Goyazes 2 Orientadora: Prof.. Ms. Daniela Borges Marquez Barbosa Faculdade Unio de Goyazes.

  • 2

    1 INTRODUO

    Durante o sculo XX o Brasil vivenciou transformaes que marcaram

    definitivamente sua estrutura social. Deixou de ser um pas ruralizado, cedendo

    lugar a urbanizao e ao desenvolvimento industrial (LUCA, 2000 apud

    MOLLO, 2002)

    Foram devido essas transformaes que surgiram novas tecnologias

    necessitando de uma evoluo nos processos de produo, operao e gesto

    em busca da qualidade dos produtos, garantindo a satisfao dos clientes

    (FEIGENBAUM, 1994 apud SILVA, LEITE e RESENDE; 2006)

    Essa qualidade tem a finalidade de buscar o aperfeioamento, o

    desenvolvimento e a superao de limites, independentemente da atividade

    exercida, com o intuito de atender aos anseios do consumidor (PINTO, et al.

    2010).

    A histria da qualidade iniciou-se a partir da Revoluo Industrial

    juntamente com a propagao da produo em srie, mas o conceito de

    qualidade que se tem atualmente s se obteve aps a Segunda Guerra

    Mundial. J existia a preocupao de garantir a qualidade dos produtos

    evitando no conformidades por um procedimento de verificar produto por

    produto. Com isso, o fsico Walter Andrew Shewhart, conhecido como pai do

    controle estatstico da qualidade, substituiu este mtodo de verificao de item

    por item criando tcnicas estatsticas de controle (PINTO, et al. 2010).

    Segundo Ribeiro e Caten (2012) foram devido a essas tcnicas que

    surgiu o Controle Estatstico de Processo (CEP), aplicada na produo a fim de

    diminuir as variabilidades do processo, contribuindo para qualidade do produto

    final e diminuindo custos para as empresas.

    Esse controle pode ser realizado atravs das cartas de controle que

    uma ferramenta simples, porm de muita importncia para o controle de

    qualidade, expressos por grficos que permitem analisar a capacidade, ou seja,

    a competncia de um processo de produo na indstria (IRWIN, 1965 apud

    SCARATTI; SILVA, 2010). Portanto estes dados estatsticos so itens

    essenciais para a elaborao de uma ferramenta denominada Reviso

    Peridica de Produto (RPP) que um documento que rene diversas

  • 3

    informaes e que tem como principal objetivo monitorar o processo produtivo,

    visando necessidade de alguma mudana (BRASIL, 2012).

    O objetivo desta Reviso Bibliogrfica demonstrar os fundamentos e a

    importncia da aplicao das Cartas de Controle Estatstico na Reviso

    Peridica de Produtos.

    2 - METODOLOGIA

    O estudo constitui-se de uma Reviso Bibliogrfica realizada no perodo

    de maro de 2013 a maio de 2013. Esses dados foram obtidos atravs de

    produes cientficas e livros, com nfase em publicaes dos ltimos dez

    anos. Foram adotadas 29 referncias bibliogrficas que abordavam a Reviso

    Peridica de Produtos e Controle Estatstico do Processo.

    As palavras chaves utilizadas para identificar os dados obtidos no estudo

    foram: Controle Estatstico de Processo, Reviso Peridica de Produtos,

    Garantia da Qualidade, Cartas de Controle, Grficos de Controle, Qualidade na

    Indstria Farmacutica.

    Os indexadores utilizados foram: Scielo, Google Acadmico, Google

    Books, Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, Conselho Federal de

    Farmcia, Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio, Universidade

    Catlica de Gois, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal

    do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Catarina e Unoesc e

    Cincia.

    3 CARTAS DE CONTROLE NA REVISO PERIDICA DE PRODUTOS

    Atualmente as indstrias tentam adequar seus mtodos para produzirem

    o maior nmero de produtos possveis com menores perdas, tempo e

    qualidade sem deixar de atender as expectativas do cliente. Para isto, so

    adotados mtodos que servem para garantia de seus produtos controlando a

    produo (GONALEZ e WERNER; 2009).

    Para garantir essa qualidade, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    (ANVISA) tem publicado legislaes e guias para auxiliar as indstrias

  • 4

    farmacuticas. Em 2006, a ANVISA publicou um guia denominado Guias

    Relacionados Garantia da Qualidade, em que um dos captulos detalha

    sobre a Reviso Peridica de Produtos. Porm a RCD 210, vigente neste

    perodo, no exigia a utilizao dessa ferramenta, por isto, mesmo com a

    publicao deste guia citando a utilizao da RPP, esta ainda no era

    obrigatria. (BRASIL, 2006; BRASIL, 2003)

    Esta RPP um documento utilizado pela Garantia da Qualidade que

    revisa periodicamente todos os produtos fabricados dentro de uma indstria

    farmacutica auxiliando no monitoramento da produo a fim de prevenir

    eventuais problemas (BRASIL, 2012).

    A RPP se tornou obrigatria no Brasil, a partir da publicao da

    resoluo RDC 17/2010 em abril de 2010, que estabelece os requisitos

    mnimos para padronizar a verificao do cumprimento de Boas Prticas de

    Fabricao. A partir disso a ANVISA publicou um guia para orientar a

    realizao da RPP, passando assim a ser realizada para todos os

    medicamentos registrados pelo rgo (BRASIL, 2012).

    De acordo com a resoluo, a RPP auxilia no processo produtivo e na

    melhoria contnua do sistema de controle. Ela tambm determina que as

    indstrias adquiram registros relacionados fabricao e a distribuio dos

    lotes produzidos a fim de conseguir rastre-los e que estes registros precisam

    ser organizados e de fcil acesso. Os produtos necessitam ser armazenados

    de forma correta para assegurar a sua qualidade. Com isso, fundamental o

    uso de um sistema que consiga recolher a amostragem de qualquer lote aps a

    sua comercializao e distribuio. Tambm de extrema importncia que as

    reclamaes sejam estudadas, registradas, investigadas e documentadas e se

    necessrio tomadas medidas de aes para a correo do eventual problema

    (BRASIL, 2010).

    Seguindo as recomendaes deste guia, as empresas atendem s

    expectativas regulatrias, contudo elas podem alternativamente optar por

    utilizar procedimentos diferentes, afim de que sigam tcnicas justificveis. As

    empresas que adotarem este contedo tem a responsabilidade de

    interpretarem este documento e suas respectivas aes (BRASIL, 2012).

    Para uma RPP necessrio atender alguns requisitos mnimos de

    acordo com o guia como o perodo de tempo avaliado. A descrio completa do

  • 5

    produto, o resumo da reviso, a reviso das matrias-primas e materiais de

    embalagem utilizados na fabricao. Tambm necessrio conter os

    resultados de anlise do produto acabado, os desvios, investigaes e

    reprocesso, as mudanas realizadas, os estudos de estabilidade, as

    reclamaes, as devolues, recolhimentos, os contratos de terceirizao e

    acordos tcnicos, as concluses e recomendaes, e a interpretao dos

    resultados da RPP. (BRASIL, 2012).

    Realizando as anlises dos Grficos inseridos na RPP, possvel

    chegar a trs concluses diferentes de acordo com os dados analisados do

    processo. Se os dados investigados estiverem normais, possvel concluir que

    o processo funciona conforme ele foi validado e que no necessita de

    alteraes, porque no h anormalidades no processo. Se os dados estiverem

    normais, porm apresentando algum dado sugestivo para a necessidade de

    alguma melhoria possvel concluir que o processo funciona conforme ele foi

    validado, porm precisa de algumas medidas de qualificao do processo. Se

    os valores apresentaram-se fora das especificaes e medidas mais

    significativas tiverem que ser tomadas, verifica-se que o processo no funciona

    conforme esperado e que h uma necessidade de parar a produo para tomar

    medidas cabveis, necessitando de uma revalidao (BRASIL, 2006).

    Espera-se que os desvios ocorridos perante o processo sejam

    identificados e solucionados durante a investigao dos mesmos (TOMAZZINI,

    PIRES, 2011). Portanto para a RPP, deve ser realizada uma avaliao

    estatstica dos resultados de anlises. Essas anlises podem ser contempladas

    no Controle Estatstico do Processo (CEP) tanto do produto em processo

    quanto do produto acabado, para que ela consiga identificar um possvel desvio

    ou uma possvel tendncia do processo. Tambm devem ser avaliados se os

    mtodos analticos utilizados na anlise do produto funcionam conforme foram

    validados para que o produto esteja assegurado de sua qualidade. (BRASIL,

    2012).

    Existem diversos programas estatsticos utilizados pelas empresas,

    algumas indstrias utilizam o software Excel para coleta de dados e impresso

    dos grficos. O CEP pode ser implementado atravs do software Datapec,

    Procella, Reporting System M-Qis, Mornitoryng Q-Qis entre outros. (ALMEIDA

    et al., 2011)

  • 6

    Na busca dessa qualidade faz-se necessrio a diminuio da

    variabilidade do processo, que so variaes presente no processo. Essa

    variabilidade pode estar relacionada ao desperdcio nos processos de

    produo. Mesmo com as tomadas de aes para melhorar o processo, a

    variabilidade no pode ser eliminada, mas ela pode ser identificada e

    controlada. Porm s possvel ser visualizada com os dados estatsticos, por

    isso necessrio utilizao do Controle Estatstico de Processo (CEP) para

    essa significativa melhora (VIEIRA, 2012).

    Essa variabilidade consistente no processo se d devido s variaes ou

    disperses que ocorrem nas especificaes do produto e existem muitas

    causas para a ocorrncia das mesmas. Pode-se dizer que as variaes dos

    produtos so consequncias das variaes nos processos (matrias-primas,

    condies de operao dos equipamentos, dos mtodos de trabalho, das

    condies ambientais e dos operadores envolvidos). Sabendo que alguns

    produtos podem passar por retrabalho ou mesmo serem rejeitados ou

    sucateados, esses fatos interferem comprometendo o sistema de qualidade do

    processo (WERKEMAN, 2006 apud SILVA, MAGNABOSCO, 2012).

    A partir de 1930, o fsico Walter Shewhart desenvolveu algumas prticas

    sobre a Estatstica e Metodologia Cientfica nos Estados Unidos, sendo o

    pioneiro da rea de Controle Estatstico de Processo. Esse fsico entendeu que

    utilizando essa ferramenta possvel medir, analisar e monitorar o processo

    capacitando a melhoria dos nveis de qualidade dos produtos (SAMOHYL,

    2012).

    Esse CEP uma ferramenta aplicada para melhoria dos processos

    industriais que realizada de forma eficaz reduz custos, aumenta a qualidade, a

    produtividade e competitividade entre as empresas. (ALMEIDA et al., 2011)

    Para Ribeiro e Caten, (2012), o CEP um mtodo aplicado no processo

    que serve para reduzir a variabilidade quando convm, melhorando a

    qualidade, a produtividade, a confiabilidade e reduo de custos para a

    produo. E ainda, permite o monitoramento das caractersticas de interesse,

    garantindo que as mesmas permanecero dentro dos limites preestabelecidos

    e apontando quando devem ser realizadas as aes de correo e melhoria,

    sendo importante detectar erros rapidamente para evitar a adio de matria-

    prima e consumo de mo de obra a um produto no conforme.

  • 7

    De acordo com Samohyl (2012), a principal caracterstica do CEP

    qualificar o processo de produo. Automaticamente, possvel notar que h

    uma diminuio dos custos, pois h uma reduo de rejeitos e a inspeo por

    amostragem. Sendo que o operador se compromete mais com a qualidade do

    produto que esta sendo produzido.

    O CEP um conjunto de ferramentas que detalha o comportamento da

    produo, identificando sua variao atravs da coleta contnua de dados e

    anlises retirando as possveis causas especiais que levam a um processo

    instvel. Os grficos utilizados so as principais fontes que identificam os

    desvios mais significativos, reduzindo o nmero de produtos fora da

    especificao. (ALENCAR, et al.; 2005)

    Este controle se inicia basicamente pela coleta de dados obtida pelos

    seus respectivos responsveis dando continuidade ao papel exercido pela

    qualidade. Para a tomada de aes necessrias, importante conhecer a

    fundo o processo produtivo, o comportamento do processo, suas variveis e

    problemas diante de uma melhor anlise de dados. A partir dessa coleta se

    encontra a possibilidade da realizao de uma anlise rgida sobre o que foi

    encontrado (ALMEIDA et al., 2011)

    Acerca das aes sobre o produto final, Ribeiro e Caten (2012) afirmam

    que as inspees so voltadas para o produto acabado permitindo separar

    apenas o produto conforme do produto no conforme, impedindo que o produto

    defeituoso chegue ao cliente. Porm mais vantajoso agir sobre o processo,

    porque impede que novos produtos com defeitos sejam produzidos, diminuindo

    a variabilidade do processo.

    De acordo com Lins (1993), o CEP implementado atravs das Cartas

    de Controle. Segundo Silva e Flores (2011). So inevitveis as variaes em

    um processo, isto se deve a vrios fatores: equipamentos, condies

    ambientais, matrias-primas, fornecedores e operadores mal qualificados.

    O grfico de deslocao (Figura 1), como pode ser visto abaixo, mostra

    uma alterao sbita nos pontos que significam mudanas de desempenho em

    um processo. Essas mudanas so significativas e podem ser ocasionadas por

    alteraes nos procedimentos, alterao na matria prima ou nos

    equipamentos entre outros fatores que devem ser investigados (SCHISSATTI,

    1998).

  • 8

    Figura 1 Grfico de Controle indicando Deslocao (Adaptado de AEP Associao

    Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt).

    O grfico de Ciclos ou de Periodicidade apresenta uma tendncia

    de oscilaes dos pontos nos eixos em intervalos regulares de tempo na

    mesma dimenso que indicam mudanas peridicas no processo. Essas

    mudanas podem ser: condies ambientais, cansao do operador etc. Este

    grfico demonstrado na Figura 2 (NOMELINI, FERREIRA, OLIVEIRA; 2009).

    Figura 2 Grfico de Controle indicando Ciclos. (Adaptado de AEP Associao

    Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt).

    J no grfico de Tendncias (Figura 3) possvel visualizar pontos que

    tendem a diminuir ou aumentar, identificando que h uma alterao progressiva

    no processo, devido a desgastes de uma mquina, alteraes nas condies

    ambientais como temperatura e umidade (SCHISSATTI, 1998).

  • 9

    Figura 3 Grfico de Controle indicando Tendncia. (Adaptado de AEP Associao

    Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt)

    O grfico de Fenmenos (Figura 4) constata pontos fora dos limites

    de controle, isso significa que houve a falta de controle no processo e que

    necessrio investigar a causa responsvel pela variabilidade. Podem ser elas:

    clculos ou medio, instrumento descalibrado, defeito no equipamento entre

    outros (NOMELINI, FERREIRA, OLIVEIRA; 2009).

    Figura 4 Grfico de Controle indicando Fenmenos. (Adaptado de AEP Associao

    Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt)

    O grfico de Estratificao ou aproximao da linha mdia (Figura

    5) apresenta uma variao menor do que a prevista, que pode ser identificada

    com pontos prximos a linha central, isto pode ocorrer devido a erros nos

    clculos dos limites de controle ou que as amostras foram formadas de forma

    imprpria. Portanto, os dados prximos a linha mdia no significa estar sob

    controle, e sim, da mistura de dados devido causas distintas. (NOMELINI,

    FERREIRA, OLIVEIRA; 2009).

  • 10

    Figura 5 Grfico de Controle indicando Estratificao. (Adaptado de AEP

    Associao Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt).

    Por fim o grfico Misto de aproximao dos limites de controle

    (Figura 6) mostra poucos pontos prximos da linha mdia, eles tm a tendncia

    de estarem perto dos limites de controle. Isso pode ocorrer quando houver

    duas mquinas trabalhando de forma diferente (NOMELINI, FERREIRA,

    OLIVEIRA; 2009).

    Figura 6 Grfico de Controle indicando Misto. (Adaptado de AEP Associao

    Empresarial de Portugal: www.aeportugal.pt).

    O CEP indicado para que estas variaes sejam controladas atravs

    dos limites de controle (caracteriza o desempenho do processo) e os limites de

    especificao (definidos pela Farmacopeia). (SILVA e FLORES; 2011)

    Estes limites de controle podem ser identificados em todas as cartas de

    controle que so caracterizados por uma linha central, um limite inferior de

    controle (LIC) e um limite superior de controle (LSC), onde a linha central

    identifica um valor central das medidas utilizadas e os limites de controle so

    linhas que identificam barreiras para separar pontos especficos que se

    encontram fora de suas especificaes, que podem ser observados no grfico

    a seguir: (TRIOLA; 2005).

  • 11

    Figura 7 Grfico dos Limites de Controle: Adaptado de (MICHEL e FLOGIATTO,

    2002; www.scielo.br)

    As cartas de controle so os grficos utilizados pelo CEP, contribuindo

    para o acompanhamento da variabilidade e estabilidade da produo

    (WERKEMAN, 1995; RODRIGUES, 2010 apud SILVA, FLORES, 2011).

    Normalmente estes grficos (cartas) de controle so utilizados para

    constatar se o processo est com o desempenho esperado ou se est havendo

    um desvio. Se caso haja mesmo um desvio, necessrio uma ao corretiva

    evitando, eventuais problemas (SLACK et al., 1996 apud MELO; 2004).

    Na viso de Michel e Fogliatto (2002), as Cartas de Controle so

    grficos que servem para monitorar e auxiliar o processo, que utilizam dados

    obtidos durante a produo. Esses valores encontrados durante o processo

    so registrados nas cartas em pontos especficos resultando em grficos que

    possuem os valores obtidos na produo no eixo vertical, e o tempo que esses

    resultados foram obtidos no eixo horizontal. Todos estes valores so

    monitorados por limites de controle, em que pontos fora desses limites

    significam o aparecimento de causas especiais de variabilidade, que devem ser

    investigadas, pois podem prejudicar o processo, sendo que as solues dessas

    variabilidades acarretam uma melhoria na qualidade do produto. Estes cartas

    servem para diminuir a variabilidade do processo garantindo a qualidade

    caracterstica do produto. Podemos verificar essa variabilidade na figura a

    seguir:

  • 12

    Figura 8 Grfico de Controle (Adaptado de www.sobreadiministrao.com).

    As causas especiais de variabilidade identificam uma desordem

    temporria no processo, ou seja, fatores anormais que necessitam ser

    investigados (DOANE, SEWARD; 2008). Conforme exemplo a seguir:

    Figura 9 - Grfico de Controle (causas especiais). (Adaptado de

    www.eps.ufsc.br/disserta98/marcio/cap5c.html).

    Estas Cartas bsicas de Controle podem ser elaboradas por meio de

    variveis ou por atributos, sendo que nas variveis, a variao obtida por

    modo quantitativo e por atributos obtm-se esta variao por modo qualitativo

    (TRINDADE et al., 2000 apud SILVA et al, 2008).

    Existem dois tipos de cartas de controle: as variveis que acompanham

    de forma direta os valores compondo uma escala contnua de medidas e os de

    atributos onde os valores no conseguem ser expressos nesta escala, obtendo

    Causas especiais

  • 13

    resultados de contagens do nmero de itens do produto. (WERKENA, 1995

    apud POZZOBON, 2001)

    As cartas por atributos detectam o nmero de defeitos no produto, ou

    seja, no conformes. Por exemplo: existncia de manchas ou risco; nmero de

    clientes reclamantes entre outros (RIBEIRO e CATEN; 2012).

    Estas cartas de controle por atributos so utilizadas quando o produto

    consegue estar sujeito a caractersticas conforme ou no com as suas

    especificaes, ou seja, se est qualificado ou se apresenta problemas.

    Existem vrios tipos de grficos por atributos, porm os mais utilizados so as

    Cartas p, np e c (SIQUEIRA, 1997 apud MIYATA et al. 2010).

    As cartas p detectam fraes com defeito do produto (SIQUEIRA, 1997

    apud MIYATA et al. 2010). Conforme exemplo a seguir:

    Figura 10 Carta de Controle p (Adaptado de www.portalaction.com.br).

    Nas cartas Np so anexos os resultados obtidos dos lotes produzidos

    diretamente nos grficos, sem a obteno de clculos (RITZMAN,

    KRAJEWSKI; 2004 apud MIYATA et al. 2010). Apresentado na figura a seguir:

  • 14

    Figura 11 Carta de Controle np (Adaptado de www.portalaction.com.br).

    As cartas c indicam nmeros de defeitos por unidade (RITZMAN,

    KRAJEWSKI; 2004 apud MIYATA et al. 2010). Conforme figura a seguir:

    Figura 12 Carta de Controle c (Adaptado de www.portalaction.com.br).

  • 15

    As cartas de Controle por Variveis so adequadas para supervisionar a

    mdia e a variao do processo. (RITZMAN, KRAJEWSKI; 2004 apud MIYATA

    et al. 2010). As cartas mais utilizadas so a carta X e R. A carta X e R so

    usadas em conjunto utilizando sistemas de mdia e amplitude e tem o objetivo

    de identificar variaes no processo, sendo estes dados medidos como, por

    exemplo, peso e altura (MONKS; 1987 apud MIYATA et al. 2010). Conforme

    figura a seguir:

    Figura 13 Carta de Controle por Variveis X, R. (Adaptado de www.portalaction.com.br).

    A elaborao dos grficos de atributos e variveis possuem diferenas,

    porm o mtodo aplicado o mesmo. Porm os de atributos no necessitam

    de uma detalhada especializao para a coleta de dados, onde pode ser

    utilizado como uma etapa intermediria anterior ao monitoramento por

    variveis. Ao realizar a anlise de um grfico e identifica que ele esteja sob

    controle possvel ainda perceber os ndices de capacidade deste processo

    (cp), que consegue verificar se a produo est atendendo as especificaes

    (RIBEIRO, CATEN; 2012).

  • 16

    Este ndice de Capacidade do processo uma expresso quantitativa da

    capacidade do processo. A Capacidade do processo est relacionada

    condio que o processo possui ao produzir itens de acordo com as

    especificaes exigidas. Que obtida atravs da seguinte frmula:

    Onde LSE e LIE so os limites de especicao superior e inferior,

    respectivamente e o desvio padro estimado calculado de acordo com o

    modelo de processo do grfico de controle de qualidade. (COSTA et al. 2005

    apud, SOUZA, PEDRINI, CATEN; 2010)

    Este estudo de capacidade possui uma grande importncia ao analisar

    os grficos de controle, pois so atravs deles que possvel aumentar a

    qualidade e a produtividade do processo (WU. et al. 2009 apud SOUZA,

    PEDRINI, CATEN; 2010).

    As Cartas de Controle podem ser utilizadas na RPP para auxiliar nas

    anlises e concluses estatsticas dos dados trabalhados. Estas cartas

    auxiliam para apontar facilmente os resultados com desvios e qual a tendncia

    do processo produtivo, demonstrando se esse processo est controlvel ou

    necessita de alteraes (BRASIL, 2012).

    5 - CONCLUSO

    As cartas de Controle possuem um papel fundamental para a elaborao

    da Reviso Peridica de Produtos, pois atravs delas possvel identificar

    pontos no processo que necessitam ser corrigidos, visando uma melhoria na

    qualidade dos produtos.

    Estas cartas so de extrema importncia, pois auxiliam na RPP

    acompanhando o processo de forma contnua, colocando em evidncia a

    necessidade de uma ao corretiva quando o processo apresenta alguma

    alterao, deixando os processos mais estveis e as empresas mais

    competitivas com a reduo dos custos desnecessrios.

    Ao incluir as Cartas de Controle na RPP, a indstria consegue identificar

    quando um processo encontra-se fora de controle, ou seja, quando pontos se

  • 17

    apresentarem fora dos limites de controle ou quando os pontos obtiverem um

    comportamento no aleatrio. Os desvios e as tendncias do processo so

    evidenciados garantindo que estes no prejudiquem a produo.

    Foi possvel identificar e demonstrar que a aplicao das Cartas de

    Controle em uma RPP so realmente necessrias e que so bastante

    importantes, pois atravs delas possvel melhorar a qualidade da produo

    atravs da evidncia dos desvios.

    de extrema viabilidade em publicaes futuras, a elaborao de uma

    pesquisa de campo colocando em prtica estas Cartas de Controle em uma

    Reviso Peridica de Produtos com o objetivo de detalhar e auxiliar as anlises

    estatsticas desses dados.

    6 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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