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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DA FAMÍLIA NA ESCOLA
FLÁVIA LOPES DA SILVA TORRES
MARCELINO VIEIRA
2016
FLÁVIA LOPES DA SILVA TORRES
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DA FAMÍLIA NA ESCOLA
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia à Distância, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Dra. Márcia Cristina Barragan Moraes Toledo.
MARCELINO VIEIRA
2016
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DA FAMÍLIA NA ESCOLA
FLÁVIA LOPES DA SILVA TORRES
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.
Artigo apresentado em: ______/______/_____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Dra. Márcia Cristina Barragan Moraes Toledo (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN
_____________________________________________________
Dr. Flávio Boleiz Junior - UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
______________________________________________________
Dra. Renata Viana de Barros Thome - UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
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A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO ATIVA DA FAMÍLIA NA ESCOLA
Flávia Lopes da Silva Torres
Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Norte (UFRN)
Resumo
O presente artigo contempla sobre a relação escola-família e a sua importância no processo de escolarização. Baseado na experiência de estágio e referencial teórico bibliográfico, desenvolve-se uma linha de pesquisa com o objetivo de compreender e refletir sobre a importância da participação ativa dos pais na escola e o reflexo dessa atuação. O referido estágio foi realizado em uma escola pública, da rede estadual de educação, nas séries iniciais do ensino fundamental, como requisito curricular do Curso de Licenciatura em Pedagogia à distância. A reflexão e contextualização das experiências com a pesquisa possibilitou reconhecer a importância e o direito da participação dos pais, assim como, restou significativa para a escola a interação da família para atingir melhores resultados.
Palavras-chave: Escola-família. Ensino Fundamental. Participação Ativa.
PARTICIPATION IMPORTANCE OF ACTIVE FAMILY AT SCHOOL
Abstract
This paper is about the relationship school -family and its importance in the
schooling process. Based on the internship experience and theoretical literature
develops a line of research with the objective to understand and reflect on the
importance of the active participation of parents in school and the reflection of this
act. That stage was conducted in a public school, in the state system of education
in the early elementary school grades, as a curricular requirement of pedagogy
course in Education at a distance. The reflection and contextualization of
experiences with research allowed recognize the importance and the right of
parental involvement, as well as, significant to school the family interaction to
achieve best results.
Keywords: School - family. Elementary School. Active participation.
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Introdução
A ideia de explorar o tema do presente artigo, “A importância da
participação ativa da família na escola”, surgiu durante as experiências nos
estágios, ofertados pela grade curricular do curso de Pedagogia,
especificamente o Estágio Supervisionado I – Organização e Gestão dos
Processos Educativos, componente curricular do Curso de Licenciatura em
Pedagogia - EAD pela Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Norte
- RN. O estágio realizou-se numa escola estadual da educação básica de
séries iniciais do ensino fundamental, localizada no município de Pau dos
Ferros, no estado do Rio Grande do Norte/RN.
Durante o período de estágio, foi realizada intervenções com a
participação da família na escola, cujo projeto se concretizou como uma
idealização da experiência teoria e prática. O contato com a escola e
especificamente com a gestão durante esse período, nos permitiu observar e
analisar diversas situações e posturas da escola. Entre essas situações, a
participação da família nos espaços escolares e a participação dos pais na vida
escolar dos filhos. Embora não pareça, mas há uma diferença nessa fala e é
importante que saibamos diferenciar. A participação da família nos espaços
escolares faz parte de algo que chamamos de imediatismo, isto é, entrar,
permanecer e sair dos espaços escolares é uma ação imediata, pois ao deixar
e buscar o filho na escola, caracteriza-se em um ato de participar dos espaços
escolares.
No entanto, a participação na vida escolar do filho é uma ação que
requer responsabilidade, dedicação, respeito, zelo e, porque não dizer, amor,
que é o sentimento que rege o vínculo entre pais e filhos, capaz de motivar e
promover mudanças necessárias para oferecer sempre o melhor aos
educandos.
Com base nisso, é oportuno registrar que o tema do presente artigo se
aproxima dessa reflexão. E sabendo que esse questionamento poderia surgir,
foi cuidadosamente posto que, a importância da participação da família na
escola, deve ser ativa. Esse pequeno substantivo faz a diferença neste
momento, pois não basta apenas estar, é preciso participar ativamente, fazer
constar com ações que surtam efeitos.
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O presente artigo composto a partir de elementos como a observação e
reflexão da prática do estágio juntamente a pesquisa bibliográfica realizada,
tem o objetivo geral de compreender e reconhecer a importância da relação
escola-família, estimulando o diálogo para a materialização da proposta de
estreitamento da relação de ambas as instituições. E a partir dessa percepção,
apresentar os seguintes objetivos específicos: (i) pesquisar mecanismos de
como instigar a participação efetiva da família na escola; (ii) promover nos
eventos da escola, algo que entusiasme os pais a se fazerem presentes e
sentirem-se importantes e necessários; (iii) gerenciar a interação entre direção,
coordenação, professores e pais, assim melhorando o relacionamento entre os
sujeitos da escola, zelando por um projeto pedagógico promissor.
Nessa perspectiva, descobrir as razões da ausência da participação
dos pais no processo de escolarização, cuja indagação é a nossa
problematização a ser descoberta e discutida no decorrer da escrita. A reflexão
e discussão sobre a participação dos pais na escola, objeto da pesquisa e o
estudo da temática, se justifica pela necessidade encontrada durante a
experiência de estágio, onde foi percebido a ausência da participação ativa da
família no processo educativo.
A escola tem dado uma atenção maior à relação com a família e vem
procurando estabelecer uma maior aproximação. A demanda da instituição é
extensa e tem aumentado cada dia mais. E segundo a escola, parte desse
crescimento de atribuições, acontece justamente pelo fato da família se eximir
de algumas ações, deixando tais tarefas a cargo da escola. É perceptível a
pretensão da escola em se aliar à família, pois almeja que, com mais
participação dos pais, as atribuições e responsabilidades de casa, sejam
assumidas.
Para fundamentar nosso artigo, relacionamos alguns autores que
estudam e pesquisam, se não diretamente, mas fazem algum direcionamento
e/ou abordagem sobre a relação escola-família e a sua importância, cujo tema
será ao longo da escrita, contextualizado com a experiência adquirida no
estágio durante o curso. Durante a revisão bibliográfica, encontramos alguns
autores que dedicaram um capítulo ou uma seção em suas obras, sobre a
temática escola-família, descrevendo, discutindo, refletindo suas peculiaridades
e a sua significância para ambas instituições.
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Entre os pesquisados, destacamos, Vitor Henrique Paro (2000); Júlio
Cesar Furtado dos Santos (2015); e Jane Margareth Castro e Marilza Regattieri
(2009). O foco da linguagem e a linha de pensamento de Vitor Paro (Idem) está
voltada à gestão democrática, cujo setor da educação é justamente o indicado
a gerir e propor medidas que assegurem a existência e efetividade da
participação da família no processo escolar.
O livro, Qualidade do ensino: a contribuição dos pais (2000) é uma das
principais obras de Paro que relata e explica mais diretamente sobre esse
assunto, afirmando sobre a contribuição que o professor teria, se o estudante
viesse para a escola predisposto para o estudo, por contar com a colaboração
dos pais ou responsáveis, que compreendesse a importância da escolaridade.
Foi partindo desse princípio que, o autor Vitor Paro desenvolveu uma
pesquisa que culminou na idealização da obra, esta que contribuirá na
argumentação e contextualização das ideias do presente artigo. O que se
percebeu na pesquisa do professor, foi a convicção dos agentes da escola.
Quanto a importância da colaboração dos pais para o melhor desenvolvimento
dos alunos na escola, embora na concepção deles, essa participação está em
falta.
O professor Furtado, com os artigos Educação e família, que educação
cabe a cada uma (2015) e Relação escola-família: uma questão de gestão
(2016) reafirmam a convicção da importância da família no processo escolar e
entende que esta pauta é uma questão de gestão. Outra fonte de pesquisa que
influenciou na nossa argumentação, nos possibilitando conhecer várias outras
situações em diversos municípios do país, foi a pesquisa da UNESCO,
Interação escola-família: subsídios para práticas escolares (2009), organizada
por Castro e Regattieri (2010).
Essas obras nos permitiram conhecer sobre outras realidades e,
consequentemente, a forma de como acontece, as causas e consequências de
quando não acontece. Além desses destaques, o artigo faz referência a várias
outras fontes como a legislação, os artigos e as entrevistas publicadas em
sites, os quais contribuíram para reunir e contextualizar as ideias.
Atribuições da família e da escola
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Considerando a temática deste artigo, que tem como objetivo pesquisar
e refletir sobre a importância da participação ativa da família na escola,
inicialmente, faremos uma breve explanação dos papéis dessas duas
instituições, família e escola. Consequentemente, discutiremos as
consequências e os motivos da restrita, se não, frágil relação família-escola. É
comum nos dias atuais ouvir falar sobre a inversão de papéis que tem surgido
nos últimos tempos em relação a esses dois ambientes.
Dessa forma, historicamente, desde que nos conhecemos como
pessoas, que reconhecemos a família como nossa base, responsável por
nossa criação, educação e principal responsável por nossa formação. Dessa
interpretação, extraímos que o papel da família é de cuidar, educar, orientar,
preparar pessoas para a vida. Assim nossa Constituição afirma,
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, art. 227).
Por se tratar da instituição social mais antiga do mundo e por sua
relevante importância na formação do indivíduo, a família é um tema bastante
discutido e explorado, assim como seu dever é bastante difundido por diversos
autores. É na família que a criança recebe seus primeiros direcionamentos
para vida, acessando e conhecendo o mundo a sua volta, portanto é a nossa
primeira referência, que posteriormente passa a ser complementada com a
escola. Segundo Oliveira,
A família é considerada a primeira agência educacional do ser humano e é responsável, principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de sua localização na estrutura social (OLIVEIRA, 2010, p. 100).
A autora ratifica nossa argumentação, nos convencendo ainda mais a
perceber e entender a família como instituição que proporciona e instiga o
desencadeamento de ações essenciais para o desenrolar da vida, articulando
diretamente no processo de ensino e aprendizagem. Percebe-se então a
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importância que a instituição família representa na formação do ser humano,
sendo ela o referencial e a principal fonte de estímulo para o conhecimento,
tomando por base, desde o nascimento da criança quando recebe os primeiros
estímulos e a interagir com suas primeiras apropriações para seu
desenvolvimento, psicomotor, social, afetivo e cognitivo.
Para a sociedade, a escola é uma extensão da família, pois é por meio
dela que se amplia o conhecimento. E essa extensão, possibilita que crianças e
jovens tenham acesso ao conhecimento científico, com a perspectiva de torna-
los cidadãos críticos, participantes conscientes de seus direitos e deveres e
conectados com o mundo a sua volta. Neste sentido, Szymanski, afirma que
A escola, tanto ou mais do que a família, tem um papel preponderante na constituição identitária das pessoas em sua inserção futura na sociedade e quanto maior a sincronia entre escola e família, tanto melhor para o desenvolvimento de crianças e jovens (SZYMANSKI, 2004, p. 13).
Pelo senso comum, temos a ideia de que a escola tem papel bem
semelhante ao da família, porém, com suas especificidades. De acordo com as
pesquisas e também por meio da observação durante o estágio, o papel da
escola não é algo muito claro para os pais. Muitos pais acham e esperam que a
criança deve aprender tudo na escola. Nessa perspectiva, retomando sobre o
papel de cada instituição, o professor Mário Sérgio Cortella faz a seguinte
argumentação:
As famílias estão confundindo escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização, é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes o casal não consegue com o tempo que dispõe, formar seus filhos e passa essa tarefa ao professor, responsável por 35 a 40 alunos (CORTELLA, 2014, Trecho de Entrevista ao site estadão.com.br)
O foco principal deste artigo é refletir sobre a importância de uma
parceria entre escola e família, ratificando através da pesquisa o quanto é
fundamental a participação da família na escola. Mas para que isso aconteça,
se faz necessário que ambas as instituições se comprometam e colaborem
entre si. Neste contexto, Arroyo, acrescenta que
[...] os aprendizes se ajudam uns aos outros a aprender, trocando saberes, vivências, significados, culturas. Trocando
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questionamentos seus, de seu tempo cultural, trocando incertezas, perguntas, mais do que respostas, talvez, mas trocando. (ARROYO, 2000, p. 66).
Embora estejamos falando de parceria, colaboração, troca de ideias, é
importante que cada ambiente se responsabilize e zele por aquilo que é direito
e de sua obrigação. Assim, Oliveira, destaca:
Desta forma entende-se que apesar de escola e família serem agências socializadoras distintas, as mesmas apresentam aspectos comuns e divergentes: compartilham a tarefa de preparar os sujeitos para a vida socioeconômica e cultural, mas divergem nos objetivos que têm nas tarefas de ensinar. (OLIVEIRA, 2010, p. 102).
Ao compreender essa causa, perceberemos o quanto será positiva
essa definição, pois cada um fazendo o seu devido papel e se apoiando uma a
outra, certamente, o resultado será de uma escola mais forte e certamente
todos os envolvidos sairão se beneficiando, essencialmente os alunos que são
os principais interessados.
Para intensificar nossa abordagem, Júlio Cesar Furtado dos Santos
afirma que,
É fundamental compreendermos que tanto família quanto escola, têm papéis semelhantes que são desempenhados em contextos diferentes. A família foca o indivíduo, visando sua vida de relação e a escola foca o cidadão, que deve integrar uma sociedade sobre a qual deve lançar um olhar crítico. As duas educam cada uma em seu contexto. As duas ensinam valores, limites, regras e atitudes. O ideal é que escola e família atuem de forma colaborativa para facilitar a formação do cidadão (FURTADO, 2015).
Na escola, verificamos alguns exemplos que denotam uma certa
confusão nos papéis da escola e da família. Podemos citar como exemplos,
crianças indisciplinadas, cujo comportamento é apontado pelo professor como
uma falta dos pais e por outro lado, os pais tendem a pensar que a escola é a
principal responsável pela educação e disciplina. Por falta de diálogo e por não
dispor de uma relação mais sólida, percebe-se o desentendimento e a
sensação de que ambas as instituições apontam uma a outra, suas faltas, no
propósito de cada uma, se eximir de sua responsabilidade, refletindo em casa e
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quase sempre também na escola pouco desempenho (MALDONADO, 1997, p.
11).
Se faz necessário o reconhecimento das falhas e a definição de cada
papel, assim, permite a reflexão e a busca por alternativas para conduzir uma
relação mais favorável e essencialmente mais proveitosa no processo de
ensino e aprendizagem.
A parceria entre escola e família é necessária e quanto mais forte for
esse vínculo, melhor será o aproveitamento tanto para a instituição escolar
como para a família. A família acompanhando ativamente seus filhos na escola
e exercendo seu papel em casa, estará assim promovendo segurança ao filho,
que por vez se sentirá amparado em dobro, de um lado pela família e por outro,
a escola. Neste sentido, Parolin (2007, p. 36): “A qualidade do relacionamento
que a família e a escola construírem será determinante para o bom andamento
do processo de aprender e de ensinar do estudante e o seu bem viver em
ambas as intuições”.
Importantes mudanças começaram a acontecer entre essas duas
instituições, família e escola na década de 1990 com o estreitamento das
relações. E o reconhecimento da importância desse processo está referendado
no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014. Para ampliar a
gestão democrática nas escolas públicas, a meta 19 do PNE prevê prazo de
dois anos para que toda a rede de educação básica constitua ou fortaleça
grêmios estudantis e associações de pais. Segundo estimativa da
Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos – CONFENAPA
(Portal do MEC, 2015), quase 50% dos munícipios brasileiros estruturaram as
associações de pais e alunos.
E para firmar a parceria é fundamental observar, estudar, ou seja,
planejar de modo que seja renovado o modelo de participação hoje existente, o
qual tem se mostrado improdutivo. O professor, doutor em ciências da
educação, Júlio César Furtado dos Santos, entende que a relação escola-
família é uma questão de gestão e assim afirma que
Essa gestão é tão importante que merece planejamento específico e envolvimento de toda a escola. Não estamos falando apenas de calendário de reunião de pais ou de planejamento de festas que envolvam a família. Essas atividades são fundamentais e devem fazer parte do plano,
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mas é essencial que escola planeje atividades de assessoramento e reflexão sobre o processo educacional dela e a forma de educar da família. Promover discussões de temas como colocação de limites, ensino de valores, uso da internet, desenvolvimento da autonomia, importância e gestão do dever de casa etc. é essencial para se criar uma base intercambiável que torne possível uma educação de qualidade (FURTADO, 2015, p.35).
O autor sugere propostas que pontuam mudanças no sentido de
contribuir com as famílias, atitudes de como lidar com os filhos em
determinadas situações tanto em casa como na escola. Como por exemplo, a
promoção de discussões de temas que envolvam disciplina e valores.
Ainda no entendimento do autor, a participação e/ou relação da família
com a escola, está intimamente ligada à gestão escolar. Para tanto, percebe-se
que se faz necessário a abertura da escola e para esse processo chamamos
de escola democrática. A expressão democracia é um termo que se relaciona
muito bem com relação. Para um bom relacionamento é importante, aliás
necessário, que os interessados se socializem positivamente. Compete a
escola como responsável pelo processo de escolarização, a concessão e a
promoção da interação.
Refletindo nessa abordagem, não pelo entendimento de que as escolas
são de um todo opressivas, hoje maioria delas, manifestam um discurso de que
está aberta ao diálogo e a participação, no entanto, na prática, persiste
vestígios de um passado presente que precisa ser superado. Assim, Luck
(2006, p.48) “a qualidade do ensino depende de que as pessoas afetadas por
decisões institucionais exerçam o direito de participar desse processo de
decisões, assim como tenham o dever de agir para implementá-las”.
Outro fator a ser considerado pela escola, é a expressiva mudança que
tem ocorrido no perfil da família. Essa instituição hoje não se limita apenas a
família matrimonial. A família que antes facilmente se identificava com o pai, a
mãe e os filhos, denominada família nuclear, hoje, por transformações sociais e
culturais, se apresenta em diversas formas. Pais separados que ficam com os
filhos, mães solteiras, entre outras situações, que vivem em um ambiente onde
se cuidam, se amam e há uma relação de harmonia, afeto e proteção, também
denominam-se famílias. Discorre nesse sentido, a autora Maria Luiza Dias,
quando cita:
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A família é um grupo aparentado responsável principalmente pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas. Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas ou não por um período de tempo indefinido (DIAS, 2005, p. 210).
Trata-se então de uma nova realidade que a sociedade tem, no
entanto, o que parece ser um recurso, os que vivem essa diversidade podem
se sentir distanciados da proposta do modelo de família nuclear, como destaca
Szymanski (2004, p.7) “A força do modelo hegemônico, entretanto, é tão
intensa que pode gerar sentimentos de incompetência para os que escolheram
formas alternativas de se organizar”. A escola precisa estar preparada para
lidar com novos aspectos socioculturais. Com os diversos tipos de relações,
laços afetivos e sanguíneos devem ser observados e respeitados na
comunicação entre os dois ambientes, escola e família.
Como ocorre a participação da família na escola e a sua importância para
o aluno.
A família ganhou novas concepções nos últimos anos, razão maior por
apresentar complexidade, ainda mais, aliada ao âmbito escolar, o que torna
mais delicada a sua discussão. A participação da família na escola hoje é
discutida e requerida de forma que a mesma venha a fazer parte do processo
educativo escolar e não mais convocada somente quando as coisas não
andam bem ou para resolução de assuntos de ordem disciplinar dos filhos.
O presente artigo se desenvolve a partir da pesquisa qualitativa e
apresenta em paralelo do ponto de vista dos procedimentos objetivos, técnicos
(Gil, 1991), citado por Kauark, Manhães e Medeiros (2010), características de
natureza exploratória, com esboço de pesquisa bibliográfica e participante,
visto que consta como recurso na metodologia, as observações e reflexões
vividas durante a experiência nos estágios do curso.
Neste entendimento, de acordo com o mencionado na introdução deste
artigo, passamos a discorrer nosso trabalho de campo contextualizando com o
que dizem os pesquisadores. Assim, Kant (1998, p.20), citado por por Kauark,
Manhães e Medeiros (2010), diz que para o conhecimento científico, é
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imprescindível a relação do teórico com o prático, afirmando que: “os conceitos
sem as intuições são vazios, e as intuições sem os conceitos são cegas”.
Para concluir o estágio, realizamos uma intervenção como objeto de
estudo e análise da atividade profissional, relacionando prática e teoria e seus
respectivos desdobramentos. A experiência no Estágio Supervisionado I –
Organização e Gestão dos Processos Educativos, como o próprio nome diz,
trata-se de observar e experimentar como é na prática as atividades
relacionadas a gestão. E isso é feito justamente na equipe gestora, com a
colaboração do coordenador pedagógico. O estágio realizou-se pelo período de
aproximadamente três meses, tendo início em 12/08/2014 a 06/11/2014 e
compôs basicamente de três fases: observação, planejamento e execução da
atividade de intervenção.
A primeira fase do estágio foi a observação. Durante esse período
precisamente na parte de gestão, ouvimos queixas da direção, especialmente
dos professores. Acompanhamos situações conflituosas para discutir questões
de indisciplina e percebemos o quanto a relação entre família e escola
necessita de atenção e ações que construam e edifiquem essa ligação.
Nas observações, verificamos que a participação dos pais se limita ao
deixar e buscar o(a) filho(a) e a prestação de contas em termos de avaliações,
queixas e eventuais despesas materiais. Essas análises foram feitas
inicialmente com professores e a equipe gestora no primeiro estágio e
posteriormente com os pais e alunos no estágio de prática docente, ocasião em
que as observações se estenderam também a família e assim constatamos a
restrição que existe na relação entre escola e família.
Apesar das observações indicarem certa limitação na relação escola e
família, ao pesquisarmos a parte documental da escola, especificamente o
Projeto Político Pedagógico, constatamos a participação da família nele. E
entre as anotações que nele consta, há um registro que denota uma
participação ativa dos pais naquela escola. Os pais juntamente com a escola
construíram duas salas de aula. Um exemplo de que a participação da família
na escola é riquíssima de possibilidades e ela pode acontecer em outras
circunstâncias e de formas diversas, além das convencionais e
tradicionalmente realizadas. Nesse sentido, Vasconcelos argumenta:
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Participar da vida na escola (Conselho de escola, Associações de Pais e Mestres, reuniões, grupo de mães, grupos de reflexão, acompanhamento de alunos, reforço escolar, etc.). Os profissionais pais podem colocar suas especialidades a serviço da escola ex.; pais médicos, professores, pedreiros, marceneiros, esportistas, artistas, psicólogos, advogados, nutricionistas, dentistas, engenheiros, eletricistas, encanadores, pintores, etc (VASCONCELOS 1989, p. 128).
No estágio de docência, ao realizarmos o planejamento das aulas,
procuramos incluir em todo o projeto, tarefas para serem executadas em casa,
como bem conhecido pelo dever de casa. E nessa trajetória, como trata-se de
um procedimento claro e objetivo, onde há a expectativa para uma devolutiva,
foi perceptível o quanto o acompanhamento dos pais ou responsáveis pela
criança não foi realizado. Em alguns momentos, as atividades eram devolvidas
sem ao menos uma tentativa de resolução. Muitas vezes ao recebermos a
criança na porta da sala, recebíamos junto uma justificativa da mãe sobre o
fato de não ter feito a atividade de casa, e maioria, nem sequer, mencionava
sobre o assunto.
Assim, nesse caso, observamos a importância da escola e mais
precisamente do professor, em conhecer a família dos seus alunos. Sabe-se
que não é uma tarefa simples e fácil, pois não inúmeras as atribuições que há
na escola, especificamente na sala de aula, no entanto, para que o professor
saiba lidar e assim desenvolver um plano de resolução, se faz necessário
saber outras questões além das funções da sala de aula. No caso de se
deparar com criança que apresente necessidades especiais ou algum distúrbio
de aprendizagem diagnosticada, é importante conhecer a família, o que
permitirá ao professor, entender origem do problema e os possíveis caminhos
para o entendimento da questão.
Registradas as observações, considerando a fragilidades nas relações
da comunidade escolar, especialmente relacionado a família para com a
escola, iniciamos o planejamento que se consolidou em um evento que teve
como finalidade reunir todos os envolvidos da comunidade escolar. Ao planejar,
foi analisado local, espaço, data, horário, temática, convidados e tudo que
fosse relevante para a realização do evento. Para o fechamento desses pontos,
houveram alguns contratempos, como o tempo de espera pelo agendamento
do evento, três semanas de espera, aguardando uma data para realização do
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encontro. Passada essa parte, percebeu-se a necessidade de um profissional
com conhecimento na área para deliberar e conduzir a reflexão do encontro e
para esse momento, foi convidada uma assistente social, coordenadora de um
CRAS- Centro de Referência Social. O planejamento resultou em um encontro
para discutir e refletir sobre as relações interpessoais na comunidade escolar e
essencialmente promover ainda mais a parceria escola e família. Esse
encontro ganhou o título de “Chá Social”.
A execução da atividade de intervenção ocorreu no encerramento do
estágio, no dia seis de novembro de 2014 às 19h em uma escola pública
estadual, localizada no município de Pau dos Ferros, Estado do Rio Grande do
Norte. Apesar de alguns imprevistos, como problemas em equipamento de
informática, a atividade aconteceu razoavelmente dentro dos parâmetros.
Contou com a presença de pelo menos um integrante de cada setor da escola,
entre professores, gestão, coordenação pedagógica, demais funcionários. Em
relação aos pais, compareceu um número aproximado de sessenta
participantes, uma quantidade relativamente pequena, considerando o total de
alunos matriculados. Segundo dados da escola, no início do ano foram
matriculados trezentos e doze alunos e foram distribuídos aproximadamente
duzentos e oitenta convites para o evento. Da participação dos pais,
matematicamente falando, tivemos a presença de ¼ (um quarto) e do quadro
docente, registramos a presença de quatro professores de uma equipe de onze
professores.
Durante e após a execução do evento, nos certificamos de que
acertamos no plano de intervenção, pois ficou mais nítido o quanto é
necessário intensificar e persistir com a ideia de trazer e atrair os pais,
professores e comunidade escolar no geral a se encontrarem para discutir,
planejar, trocar experiências, pois há uma omissão considerável nesse sentido.
Como em toda atividade, registramos pontos favoráveis e negativos. Os pontos
negativos foram de origem técnica e organizacional. Foram pontos negativos,
mas insuficientes para prejudicar o evento. Havia a intenção de que no
fechamento do evento, a parte social fosse feita com um lanche em mesa
aberta para que houvesse a socialização e descontração. No entanto, não foi
possível fazer da forma planejada, pois sob orientação da escola, “que temia
desordem”, a mesa que seria aberta, transformou-se em um kit, “tipo lancheira”
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e foi distribuído no final com refrigerante a todos os convidados. A atitude da
escola em não concordar com a forma em que a confraternização foi
conduzida, denota insegurança e passa a ideia de que ainda está muito
fechada para o público, indicando também que não costuma realizar eventos
do tipo, e, portanto, não dispõe de estratégias para solucionar eventuais
ocorrências.
É perceptível o despreparo da escola e o autoritarismo que ainda
resiste. Essa realidade foi apontada em outras escolas, quando em
socialização do estágio com colegas, estes indicaram como sendo fatores a
serem superados no dia a dia escolar. Neste sentido, Paro (2001, p.19) diz [...]
“a participação depende de alguém que dá abertura ou que permite sua
manifestação, então a prática em que tem lugar essa participação não pode ser
considerada democrática, pois democracia não se concede, se realiza”.
Em meios aos imprevistos, o encontro se realizou com a seguinte
pauta: Iniciou às 19h15min; acolhida e recepção dos participantes;
apresentação da equipe escolar; apresentação de um vídeo sobre o tema;
explanação do tema feito pela convidada, assistente social; considerações
finais e a parte social com confraternização entre todos os convidados com um
lanche.
Diferentemente da reunião de pais, a ideia foi proporcionar algo
extraordinário, motivador, que destacasse para os pais a importância de sua
participação e contribuição no acompanhamento dos filhos na escola, formando
uma parceria com a escola. A intenção do encontro foi despretensiosa, sem
cobranças ou exigências; ou para tratar de rotinas escolares, como entrega de
avaliações, etc. Um encontro para conversar; refletir, para que os participantes
se sentissem confortáveis e movidos com o momento e o seu respectivo
objetivo, adquirindo entusiasmo e informações a partir do que foi lançado e
assim tornar sua participação permanente e ativa no processo educativo
escolar.
Registramos da experiência nos estágios, situações em que de um
lado a escola se queixa da ausência da família e o quanto isso influencia
negativamente para a educação do aluno, e do outro, temos a família que por
sua vez, deixa a desejar no acompanhamento na escola, acarretando para a
instituição atribuições além do permitido. O que se percebe é que ambas as
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instituições têm dificuldades em exercer seus papéis e essa situação é uma
realidade na maioria das escolas brasileiras. Não pretendemos com essas
articulações, prometer ou afirmar que se a família passar a ter uma
participação efetiva na escola, a educação será salva, ou seja, terá todos os
seus problemas e desafios solucionados. Mas o que se espera com uma boa
relação e uma participação ativa, é que o processo de ensino e aprendizagem
ganhe um suporte maior para sua execução.
Além dos diversos pesquisadores mencionados, que acreditam na
importância da participação e acompanhamento dos pais do processo escolar,
há pesquisas que comprovam dados positivos neste sentido. O Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, em
2003 realizou um levantamento através de cruzamento das informações
obtidas pelo questionário socioeconômico do Saeb (Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica), com as notas dos estudantes que fizeram a
prova, e foi constatado que o acompanhamento da família eleva o desempenho
escolar do aluno (PORTAL INEP, 2003). Inclusive o dia nacional da família na
escola, comemorado no dia 24 de abril, instituído pelo Ministério da Educação
– MEC, com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância da
parceria entre instituições escolares e familiares, foi motivado por levantamento
que indicou positiva a participação dos pais no acompanhamento das aulas
(MENEZES, 2001).
A escola reclama pela falta de contribuição e participação dos pais,
mas ao que verificamos, é que ao menos sabe como de fato essa demanda
poderia existir, além da que ocorre atualmente, que se reduz, quando
eventualmente se realiza, as atividades de casa. Não que a participação em
menor expressão não faça diferença, faz sim e é muito importante. A
participação dos pais na escola deve ser qualitativa, portanto, sem demanda de
tempo, no entanto, é fundamental transmitir aos filhos sua credibilidade a
escola, orientando-os da importância do estudo e demonstrar seu apoio ao
professor. Inclusive, acompanhar e orientar o filho na atividade de casa é um
bom começo, aliás, é um dos atos da efetiva participação (ZAGURY, 2013).
No texto, Família, disciplina e ética da autora Zagury (2013), ela discute
sobre o papel da família na educação das crianças. Educar, criar filhos não é
tarefa fácil, essencialmente nos dias atuais em meio as dificuldades que o país
19
enfrenta. A autora relata do desejo dos pais em acertar e da impossibilidade
que os cerca. Na perspectiva da autora, está difícil proporcionar e conduzir a
educação dos filhos, diante de tantas mudanças ocorridas na sociedade, se
referindo sobre a fragilidade que o país vive em diversos aspectos, moral,
social, cultural, e como os pais podem administrar e impor uma postura, se
quando a criança sai na rua ou tem acesso aos meios de comunicação, se
deparam com influências contrárias ao que recebeu em casa. (ZAGURY,
2013).
Evidentemente, na atualidade, a vida está mais corrida, os pais saem
para trabalhar e ficam sem tempo algum para dedicar aos filhos, embora
acreditando fielmente que tudo que faz é em benefício dos filhos e assim é o
dilema que vive a maioria das famílias. Podemos perceber também a influência
que o nível social, intelectual e econômico das famílias impõe nesses aspectos
e fatores expostos. Maioria das famílias dos alunos da escola que realizamos o
nosso estágio, pertencem a classe social de baixa renda, operários,
ambulantes, faxineiras, pessoas que tiveram poucas ou nenhuma
oportunidade, como acesso à escola.
Muitos dos alunos são filhos de mães solteiras, outros criados por
família extensa como avós, tios. Obviamente a condição social, cultural e
econômica não generaliza o resultado de um todo. Existem famílias bem
simples, que vivem humildemente e conseguem superar os desafios em
relação a educação. Nesse sentido, a pesquisa do INEP, anteriormente
mencionada, também obteve comprovação neste aspecto. Que mesmo o
trabalho sendo o principal obstáculo apontado pelos pais por não acompanhar
o filho como deveria, algumas mães pobres, separadas, que trabalham como
faxineiras ou domésticas, dão exemplo de superação de dificuldades e
afirmaram acompanhar ativamente a vida escolar dos filhos, isso
especificamente no estado do Rio de Janeiro (PORTAL INEP, 2003).
Então, são diferentes fatores em diferentes famílias que na maioria das
vezes, no passado também não tiveram apoio, acompanhamento e
consequentemente não sabem nem como participar na vida escolar do filho.
Neste seguimento, Maria Luciana Caetano diz:
20
A intervenção pedagógica a estas questões, deve ser no sentido de considerar a necessidade da família vivenciar reflexões que lhes possibilitem a reconstrução da auto-estima, a fim de que se sintam primeiramente compreendidos e não acusados, recepcionados e não rejeitados, pela instituição escola, além de que esta última, possa fazê-los sentir-se reconhecidos e fortalecidos enquanto parceiros nesta relação
(CAETANO, 2003, p. 8).
A autora sabiamente pontua sobre a importância da aproximação da
escola e a preocupação que a mesma deve ter com o seu público. A escola
deve procurar conhecer seu aluno e respectivamente sua família e sua história.
Só assim, saberá as razões que lhe oportunizará propor medidas que
possibilitem a reestruturação do que venha a ser necessário reestruturar. A
escola diz que tenta estabelecer relação com a família, e que realiza um
trabalho de conscientizar, conversar e convidar as famílias a se fazerem mais
presentes.
No entanto, durante a convivência do estágio, o que constatamos
foram as rotineiras reuniões de pais para entrega de avaliações e
comemorações de datas exaustivamente comemoradas anualmente. Diante
dessa circunstância, nos questionamos: será que as estratégias estão sendo
adequadas ao público alvo? Será que o convite a família para se fazer presente
na escola, está sendo realmente convidativo?
Apesar dos questionamentos, entende-se que a relação da família com
a escola é um processo em construção, portanto, é considerável que tudo que
é feito em seu benefício, é válido. Neste sentido, Paro afirma o seguinte:
A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano (PARO, 1997, p. 30).
Considerando as palavras do autor e o fato da relação entre escola e
família estar em construção e adequação, é oportuno para a escola aproveitar
todo espaço que tiver no sentido de viabilizar a efetividade da participação e
contribuição.
Escola e família: uma parceria necessária
21
Ao longo destas discussões, procuramos deixar explícito que a escola
necessita do apoio da família e a família também necessita dos pais. Mas, é
fundamental alguns esclarecimentos e termos em mente alguns pontos
importantes. A participação da família na escola é considerável e
consequentemente o trabalho coletivo de ambas renderá, mas a ausência não
elimina o exercício da função da escola, que é promover o processo
educacional.
Deste modo, não devemos esquecer que tem o Estado como o
primeiro responsável pela educação pública, que deve ser encarregado em
garantir meios para que essa obrigação seja cumprida. Em relação a família,
esta, tem obrigação de matricular o filho na escola, sob pena de responder por
negligência. “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos
ou pupilos na rede regular de ensino” (ECA, 1990, art. 56).
Essas disposições são lembradas em “Interação escola- família:
subsídios para práticas escolares”, uma pesquisa realizada pela Unesco,
organizada por Jane Margareth Castro e Marilza Regattieri (2009), que
apresenta uma série de sinalizações que propõe a articulação nos esforços
teóricos e práticos sobre a relação família-escola. Nesse estudo, elaborado a
partir do levantamento de experiências vivenciadas, além do suporte referencial
usado, as autoras chamam atenção para a importância do contexto familiar em
que o aluno está inserido.
Então, retomando ao que falamos anteriormente, e considerando que
a perspectiva do trabalho de pesquisa deste artigo, tem como autores
principais, alunos de escola pública e de ensino fundamental, é importante,
aliás, necessário que a escola considere o contexto familiar, visto que, a
formação do aluno e consequentemente o futuro cidadão resultante desse
aluno, será a essência da situação e circunstância que vive. O conhecimento
do contexto familiar e social é tão importante que permitirá ao professor uma
avaliação condizente a realidade do aluno, após, obviamente a um
planejamento de acordo com as diversidades encontradas.
Assim sendo, Para julgar como importante esse conhecimento, as
autoras da pesquisa, avaliaram por meio das coletas realizadas durante a
organização da obra. A pesquisa foi realizada em vários municípios do país e
22
relatam que muitos professores após ouvidos nesse estudo, afirmaram ter
modificado seu olhar, deixando de lado a expectativa de aluno ideal e
abraçando o aluno real (CASTRO e REGATTIERI, 2009).
As autoras também apresentam um outro elemento relevante apontado
como norteador, inclusive para dar suporte no desempenho do acesso ao
contexto familiar do aluno que é a convocação e interação de novos atores
para políticas educacionais. Diante de tantas funções que a escola tem para
realizar, é bem sabido que são muitos os desafios, portanto, a escola por si só,
não dá conta para resolução de tantos problemas e conflitos que surgem no
seu dia-dia e, desse modo, se requer a colaboração de outros agentes.
Os colaboradores indicados pelas autoras da pesquisa são as
Secretarias de Educação e de Assistência Social. Estes órgãos, ao
desempenhar seu papel junto à comunidade em conexão com a escola,
estarão contribuindo para intensificar e solidificar a participação da família no
processo de escolarização, apontando, e se for o caso, resolvendo possíveis
problemas ou conflitos. Obviamente esse trabalho é coletivo e como cada caso
é um caso, ou seja, só se é possível a aplicação dessa estratégia dentro do
que é convencional a cada situação. No caso da pesquisa acima mencionada,
esta, se restringiu às escolas municipais, onde as Secretarias de Educação e
Ação Social funcionam no próprio município, logo, o acesso se torna mais
viável possibilitando assim o trabalho em equipe.
Mas há outros aliados que podem e devem colaborar,
independentemente da escola ser do município ou do estado. Como é o caso
do Conselho Tutelar e o Ministério Público, que agem como interlocutores dos
agentes educacionais. O Conselho Tutelar, como um mediador, objetivando a
inspeção e o equilíbrio das relações escola e família.
De acordo com o exposto, destacamos:
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados níveis de repetência (ECA, 1990, art. 56).
23
Compete ao Ministério Público “ zelar pelo efetivo respeito aos direitos
e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis” (ECA, 1990, art. 201, VIII). Essas
mediações afetam o equilíbrio das relações de poder dentro das escolas, das
famílias e entre escolas e famílias. Ao constatar irregularidades, o Conselho
deve registrar e encaminhar ao Ministério Público, que ao receber a denúncia
ou comunicação, deverá tomar as medidas que entender pertinente ao caso
(CASTRO e REGATTIERI, 2009, p. 30).
A ação de integração da escola com a família é assegurada por lei,
pois segundo a LDB (1996), os profissionais da educação devem ser os
responsáveis pelo processo de aprendizagem, mas não estão sozinhos nessa
tarefa, visto que a lei prevê a ação integrada dos pais (LDB, 1996, art. 12).
Essa é mais uma referência de que as evidências encontradas nas
experiências são reais, benéficas e por isso merecem atenção aos seus
desdobramentos.
Durante a pesquisa para compor o presente artigo, vimos diversas
sugestões tanto para a família, como para a escola, que visam a participação
ativa da família e o fortalecimento da parceria escola-família. Entre as
sugestões destacamos para a família, algumas recomendações, entre elas, a
escolha da escola, de acordo com critérios que entenda ser o melhor perfil para
o filho.
No entanto, essa escolha, em se tratando de escola pública, de certa
forma intimida os pais. É que, maioria dos pais cultuam a ideia de que o direito
a educação se limita a simples vaga na instituição, a merenda e ao transporte,
isto, quando existe. Pois o fato de não “pagar”, por ser público, os pais
entendem que não devem fazer exigências. Quando se inicia o ano, é possível
ver em telejornais, reportagens que falam de mães em filas enormes e as
vezes não conseguem vaga para o filho.
Esse tipo de situação, geralmente ocorre na educação básica, em
bairros periféricos. Isso denota a precária situação da maioria das famílias de
baixa renda e apesar de não ser uma justificativa plausível para o pai ou a mãe
se intimidar com a situação, é compreensível seu comportamento, o qual é
derivado da falta de conhecimento. Acompanhar e auxiliar na tarefa de casa,
oportunidade em que os pais se inteiram do assunto e dos desenvolvimentos
24
das aulas. Esse é um dos pontos básicos de participação dos pais na escola.
Básico, porém necessário e fundamental. Como citamos no decorrer da escrita,
são evidentes os benefícios no desenvolvimento da criança quando os pais
participam.
Desse modo, manter o contato com a escola, e mais especificamente
com o professor do filho, se fazendo presente aos chamados ou não,
participando das reuniões e eventos promovidos pela escola, os pais agregam
valores a escola que consequentemente impulsiona no processo de ensino do
filho. Neste seguimento, os pais têm a oportunidade de conhecer melhor a
escola, o professor, a proposta pedagógica e assim, terá subsídios para
contribuição no processo de ensino aprendizagem do filho, assim como,
também cobrar. Recomenda-se também para a escola algumas sugestões,
como, apresentar a escola e funcionários para a família. Essa ideia deve ser
acatada por toda e qualquer escola e geralmente é feita no início do ano. É
uma atitude simples, porém, com repercussão muito importante.
A partir dessa ação, pais, professores, funcionários, comunidade
escolar em geral aos poucos, irão se apropriando de um sentimento mútuo de
cumplicidade e interação, que obviamente, o tempo se encarregará de
ambientar cada membro, abrindo oportunidades ao diálogo. Agendar reuniões
em horários convenientes aos pais. Sabe-se que essa é uma sugestão
praticamente impossível de abranger todos os pais, pois cada família tem seus
compromissos de trabalho e pessoais e que certamente terão horários
divergentes uma as outras pessoas.
Entretanto, é possível atingir grande parte do público neste sentido. O
importante é que esse ponto seja considerado, porque demonstra a
importância da presença dos pais. Fazer com que os pais conheçam e
discutam os objetivos da proposta pedagógica. Sabemos que a escola abrange
diversos públicos e por questões sociais como baixa escolarização, é possível
que nem todos os pais acompanhem e estendam sob o ponto de vista técnico,
a proposta pedagógica. É o caso de a escola estudar previamente o perfil das
famílias e planejar um encontro para essa temática de acordo com o público a
ser atingido. Informar a família sobre o desempenho da escola. É importante a
comunidade escolar, essencialmente os pais, cientificar-se dos avanços, ou
declínios do desempenho escolar.
25
Com base nessas informações, a família saberá o que tem pautado
para seu filho, dependendo da situação, será uma oportunidade de verificar e
corrigir possíveis danos ao desenvolvimento no processo de ensino e
aprendizagem. Oferecer oportunidades ao aluno a liberdade para manifestar-se
na comunidade escolar, permitindo-lhe a compreensão de que é o foco
principal do processo educativo. Proporcionar maior abertura da escola aos
pais. Essa abertura pode ser dada com um tratamento mais amistoso, onde a
“autoridade” do gestor fique de lado e os pais não se sintam intimidados ao se
dirigir.
A relação com um tratamento de cordialidade e respeito mútuo,
promoverá uma melhor interação entre direção, coordenação e professores,
favorecendo sentimentos de confiança e competência. Permitir a indicação de
sugestões e opiniões em eventos e projetos. O direito de ser ouvido pode
demonstrar aos pais a sua inclusão no processo. Pelo que pesquisamos e o
que foi evidenciado durante a prática de estágio, percebeu-se o quanto ainda a
escola é centralizadora.
Com isso, é concebível, em seu discurso de que está acessível, no
entanto, quando se percebe na prática, verificamos que ainda há restrições.
Promover eventos culturais com pautas estimuladoras em que toda a
comunidade escolar participe. Essa sugestão é propícia nos casos de escolas
que querem resgatar a relação com os pais ou quase não têm a participação
familiar, pois a motivação é forte aliada para esse processo de resgate ou
introdução.
A experiência mais comum a todas as escolas, no que diz respeito a
relação da escola com a família, é a reunião de pais, cujo evento é considerado
tradicional nas escolas. A princípio, entendemos que todas as reuniões de pais
são iguais. No entanto, esse evento, dependendo da sua condução, pode
aproximar, assim como também poderá distanciar.
Assim sendo, a estratégia atribuída a condução, será a responsável
pelo sucesso ou insucesso do evento. Há certos cuidados, que, se não
analisados e contemplados no planejamento, como a acolhida do público, a
transmissão de informações, a conveniência de horários que deve ser feito
previamente a reunião, poderá trazer consequências e a escola continuar
trabalhando com suposições sobre a família, pois se o evento não permitir a
26
participação ativa dos responsáveis, a escola perderá a oportunidade de
conhecer mais os responsáveis dos alunos e perder também a oportunidade de
abertura de diálogo e a consequente colaboração (Castro e Regattieri, 2009, p.
38).
Depois de reunirmos tantas informações que ressaltam a importância
da participação da família na escola e sobre o trabalho que deve ser feito para
a implementação dessa parceria, cumpre-nos fazer um questionamento: Os
agentes escolares, estão preparados para desempenhar um trabalho junto aos
pais, instigando-os a contribuir com o filho na valorização do saber? Para este
questionamento, Castro e Regattieri (2009), relatam sobre os obstáculos e a
complexidade que envolve a questão, afirmando:
[...] a relação escola-família é inevitável, compulsória (no caso do ensino fundamental, pelo menos) e importante. Ocorre que não é fácil para as escolas lidar com tantos públicos diferentes. Professores, coordenadores e diretores simplesmente não foram preparados nas faculdades para isso. Além disso, a velocidade das transformações socioculturais foi maior fora do que dentro do sistema educacional, o que gerou anacronismos nas relações escola-família que precisam ser revistos (CASTRO e REGATTIERI, 2009, p. 59).
Para reforçar esse entendimento, Paro cita:
Quanto à falta de um necessário conhecimento e habilidades dos pais para incentivarem e influenciarem positivamente os filhos a respeito de bons hábitos de estudos e de valorização do saber, o que se constata é que os professores, por si, não têm a iniciativa de um trabalho a esse respeito junto aos pais e mães (PARO, 2007, p.65)
Pelo que se percebeu até o presente momento, a relação escola-
família não é algo simples e fácil. Se trata de uma relação com pessoas de
diferentes níveis sociais e culturais, pelo que requer habilidade, estratégias,
planejamento, formação e isso sabemos, que com a demanda que a escola
tem, não é possível providenciar em curto prazo. É preciso considerar também
que a afirmação da necessidade dessa relação é algo relativamente novo,
portanto são muitos ajustes que precisam ser estudados e aos poucos
colocados em prática. E nessa perspectiva, trazemos duas questões problemas
que se complementam entre si, as quais tem viabilizado nossa pesquisa.
27
Porque a família é ausente no processo de ensino e aprendizagem de
seus filhos? E o que as impedem de se aproximarem da escola e se fazerem
presentes, participando e colaborando na condução do projeto de educação?
De certa forma, parte dessas questões forma respondidas no percurso
deste artigo, quando mencionamos anteriormente sobre a inibição dos pais em
participar, desmotivados por sua baixa escolarização ou nenhuma e a questão
de trabalhar e não ter tempo. Esta segunda justificativa é bastante conhecida
nas escolas e sabemos bem que em grande parte dos casos, trata-se de uma
desculpa, pois trata-se de questão de organização de tempo.
Como vimos, a participação pode acontecer de diversas formas,
cabendo aos pais, ver a melhor forma de poder participar da vida escolar de
seus filhos. Uma outra causa de não haver participação, é a falta de estrutura,
inclusive essa expressão é bem conhecida nas escolas, que é dada para
algumas famílias que não apresentam um perfil comum e conservador ao que
em geral se espera.
Desse modo, a família constituída por pai, mãe e os filhos, assim como
também, para as famílias de baixa renda e baixo nível de escolaridade. Há
casos de alunos de pais separados, criados por avós, e estes responsáveis,
dificilmente participam da vida escolar da criança. A começar por não
compreenderem a importância e a necessidade, desmotivado pela idade, pela
pouca escolarização, o que não lhes permite acompanhar. Essa titularidade
dada a essas famílias, de “desestruturada”, é delicada, principalmente, se
usada sem fundamento de sua origem.
A psicopedagoga, Szymanski, nos chama atenção quanto a essa ideia
que as escolas têm. É preciso conhecer, saber o perfil de família que a escola
tem, pois na maioria das vezes, esse conhecimento é baseado em
preconceitos (SZYMANSKI, 1997, p. 221).
Outra causa da pouca participação da família ou nenhuma no processo
de escolarização, é a centralização da escola que não se permite ver e
conhecer a lógica do outro, no caso, da família. Obviamente esta não é a regra,
mas este conceito ainda resiste em muitas instituições. “É preciso levar em
conta que o modo de pensar e agir das pessoas que aí atuam facilita/incentiva
ou dificulta/impede a participação dos usuários” (PARO, 2001, p. 47). E essa
atitude pode estar relacionada ao escolacentrismo, uma percepção
28
apresentada por Castro e Regattieri (2009), baseada em pesquisa realizada em
diversas escolas e neste sentido, afirmam:
A interação com as famílias nos moldes como estamos concebendo aqui é recente na história da educação brasileira, por isso ela requer mudanças de mentalidade de todos os envolvidos. Segundo várias pesquisas, as escolas frequentemente representam as famílias como uma extensão de si mesmas, sem perceber as diferenças de lógica de um espaço a outro. Esse traço, de colocar a lógica da instituição escolar no centro do diálogo, é chamado escolacentrismo e costuma impedir que os agentes escolares escutem e compreendam o ponto de vista das famílias (CASTRO e REGATTIERI, 2009, p. 43).
A interação escola-família é um processo delicado e escasso, onde as
razões apontadas denotam a fragilidade que há na relação de tal maneira que
se faz necessário intervenções, projetos e estratégias para sua respectiva
promoção. E certamente, além das causas apontadas, devem existir outros
motivos, considerando a abrangência desta temática, a pluralidade de
instituições em diversos lugares e com diversas culturas.
Os obstáculos existem e devem sempre ser questionados, debatidos,
contrariados, até que se obtenha solução ou superação, dependendo da
dificuldade. No entanto, se há perspectivas de melhor desenvolvimento da
criança quando a família participa do processo, e para isso, seja necessário
engajar numa luta para que esse processo de participação dos pais aconteça,
a ideia é que, se enfrente essa demanda, ultrapasse as dificuldades, buscando
apoio onde for necessário e fazer acontecer, para o bem da escola, da família e
essencialmente, da criança. Segundo Paro (2001), para acontecer a
participação é preciso agir, e essa ação se efetivará na medida que vai fazendo
acontecer, sem, contudo, deixar de refletir sobre as objeções.
A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação (PARO, 2001, p. 17).
É comum ouvir reclamações que envolvem a educação, seja sobre o
tipo de ensino, a estrutura física das escolas, capacitação de funcionários, a
desvalorização do professor e é bem verdade que vivemos ao longo de muitos
29
anos uma defasagem na educação. É bem sabido que maioria dos problemas
que a educação enfrenta, cabe ao poder executivo, resolver.
No entanto, sabemos também de situações que permeiam os espaços
escolares que nem sempre os pais ficam cientes e muito menos, percebem a
consequência no ensino de seu filho. Diante da realidade, cabe a comunidade
escolar, enquanto participante do processo educativo, nesse caso,
especificamente, os pais, inteirar-se desses problemas, participando
ativamente da escola, passando a exigir se for o caso, de melhor condução no
processo educativo.
É necessário fazer parte do processo para poder cobrar por uma
educação de melhor qualidade, igualitária, democrática, participativa e que
ofereça a estrutura, que é de direito. Na medida em que se participa, se
apodera do conhecimento, o que dará subsídios para questionar, escolher,
opinar, e assim, fortalecer a escola, buscando para ela o que é adequado para
um melhor funcionamento, tal objetivo é o que toda família almeja para seus
filhos, uma boa escola para uma melhor educação. E certamente, é o que a
escola também deseja.
Destarte, o trabalho de envolver e atrair a família para escola, trará
inovação, beneficiando ambas instituições, família e escola que trabalham e
objetivam um único ideal, que é estabelecer e trilhar um caminho que os levem
a uma escola que promova uma educação de melhor qualidade. A
psicopedagoga e escritora Isabel Cristina Hierro Parolin, ratifica esse interesse
tanto da família, como da escola no objetivo de preparar crianças e da
atribuição social de cada uma, se interligando por uma justa causa, neste
sentido, cita:
[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia, no entanto ela necessita da família para concretizar seu projeto educativo (PAROLIN, 2003, p. 99).
O trabalho coletivo é indispensável para o crescimento e prosperidade
da comunidade escolar, essencialmente no progresso dos principais
interessados no ambiente escolar e em seu entorno, o que na concepção do
autor Vitor Paro (2007, p.18) é entendido que “[...] uma sociedade democrática
30
só se desenvolve e se fortalece politicamente de modo a solucionar seus
problemas se contar com a ação consciente e conjunta de seus cidadãos [...]”.
Essa afirmação do autor vem ao encontro dos argumentamos que
apresentamos até o presente momento, evidenciando que a participação dos
pais no processo educativo, se apresenta como uma grande possibilidade de
desenvolvimento dos alunos.
Considerações finais
Pelos apontamentos e resultados de relevantes pesquisas, ficou
evidente a fundamental importância da participação da família na escola.
Ressaltando que essa participação se estende ao processo de escolarização,
ou seja, a contribuição dos pais no processo de ensino e aprendizagem do
aluno e não somente adentrar e percorrer os espaços escolares.
Assim, essa percepção é um pouco do que foi percebido, pois a
pesquisa é contínua, ainda mais, por tratar-se de um tema que demanda
complexidade e particularidade. O artigo foi composto por pesquisa, reflexão e
contextualização de informações e experiências, as quais ainda não foram
suficientes, mas, significativas para embasar a nossa proposta e explanar
grande parte do que há em volta desse processo. Durante a pesquisa para
construir o presente artigo, a participação dos pais no processo escolar,
revelou vários aspectos positivos, entre as vantagens, maior desempenho
escolar; o melhor desenvolvimento da criança; reflexos positivos na
aprendizagem.
Aproximar a família da escola e fazer com que tenha uma participação
ativa no processo escolar, é tarefa da escola, por dispor de profissionais que se
não capacitados exatamente para este fim, mas que dispõem do mínimo de
conhecimento na área. Não é por falta de formação direcionada, que a relação
escola-família não possa ser implementada pela escola, pois essa iniciativa
deve partir da instituição escolar, considerando que pai e mãe em sua maioria,
desconhecem sobre o assunto. Nessa busca, deve-se considerar o trabalho
intenso que deve ser para efetivar e estreitar a relação, permitindo abertura
para ouvir, conhecer e compreender as diversas situações das diferentes
famílias.
31
Neste seguimento, os diferentes núcleos familiares, a ausência dos
pais na escola, a velocidade das informações, o avanço da tecnologia, o uso
desenfreado de mídias, são alguns dos desafios que a escola enfrenta nos dias
atuais. E esses desafios não chegam somente como um obstáculo a ser
ultrapassado, mas também soam como instigação e nessa perspectiva,
percebemos que surgem não apenas como uma luta de superação, mas
possibilitando oportunidade de adquirir mais conhecimento.
Desta forma, se hoje a família tem uma nova composição, isso nos
permite vivenciar uma nova experiência. As novas informações e a tecnologia
são desafios que nos instiga a descobrir o novo, aprender com ele e fazer
proveito de seu uso pela vasta extensão e capacidade tecnológica. Portanto, a
escola precisa criar possibilidades e ampliar o que consta em sua prática de
forma a facilitar a interação e estreitar a relação escola-família.
Propomos ao longo da pesquisa e escrita deste artigo, nos questionar
sobre as razões pelas quais os pais pouco ou nada participam do processo
escolar dos filhos. E no decorrer do trabalho, percebemos que são vários os
motivos e maioria deles são de ordem social. Foi verificado também que essa
discussão sobre a importância dos pais na escola é assunto corrente nos dias
atuais; que o interesse pela aproximação dos pais para com a escola,
aumentou significativamente e esse interesse vem partindo da escola que tem
demonstrado desejo por apoio e colaboração.
Deste modo, ficou claro que além da família, a escola é um outro
ambiente que proporciona a criança a oportunidade de construir sua
identidade, acrescentando mais, especificamente nas áreas de conhecimento
científico, teórico, enquanto que a família cuida e orienta a parte emocional. E
embora ambas promovam conhecimento de áreas distintas, o objetivo das
duas é comum aos dois lados, proporcionar o melhor desenvolvimento da
criança, tornando-a um ser capaz, preparado para a vida e para a sociedade
que o espera. Neste aspecto, Paro, ratifica esse propósito da escola e da
família e conclui nossa argumentação com uma afirmação que declara
consideravelmente a relação escola-família.
A escola por sua maior aproximação às famílias, constitui-se em instituição social importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado em favor de uma atuação que
32
mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família, em direção a uma maior capacidade de dar respostas, aos desafios que impõe a essa sociedade (PARO, 1997, p. 30).
Pautados nessas colocações, percebemos que é viável a escola
renovar sua linguagem, sua metodologia e investir em estratégias, para que a
participação dos pais no processo escolar passe a existir onde não há e seja
mais frutífera onde pouco existe.
Pela extensão que o tema remete, é concebível que se permita acoplar
muito mais informações do que aqui foi apresentado, no entanto, para
procedermos com uma pesquisa mais abrangente, se faz necessário um
estudo de caso que tomaria um tempo maior de estudos. Embora tenha
constado neste trabalho a experiência do estágio, e considerando a sua
importante colaboração para a composição deste artigo, ainda não foi
suficiente para conclusões com dados específicos. Seria necessário um tempo
maior para pesquisa de campo com maior elaboração, a considerar a
observação e análise de uma determinada turma ou escola, assim como
também uma intensa pesquisa bibliográfica.
As atribuições da família e da escola; a necessidade da parceria; a
participação da família no processo de escolarização; a forma como as escolas
trabalham; os benefícios e as consequências que a relação ou sua ausência
implicam em ambas instituições, foram os componentes da pesquisa e reflexão
do presente artigo, desenvolvidos cada uma com sua relevância ao estudo, nos
proporcionando análise das coletas e nos permitindo continuar pesquisando e
questionando.
Certamente, essa discussão não cessa por esse meio, pois há de vir
sucessivas pesquisas que cada vez mais argumente e exponha estratégias
diante de cada situação localizada e analisada.
Referências ARROYO, Miguel G. Ofício de estre: imagem e auto-imagens. Petropólis, RJ: Vozes, 2000.
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