a importancia da avaliaÇÃo no ensino...

31
5 A IMPORTANCIA DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL João do Rozario Lima INTRODUÇÃO Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em "Avaliação Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém analisada com muita dedicação e sensatez onde, alunos, mestres e responsáveis possam: ler, avaliar e talvez ter como parâmetro, o assunto contido neste trabalho. Em virtude da disciplina de "Monografia", realizamos este trabalho, de forma prazerosa e uma vez que, esta disciplina exige que nós, educadores, escolhamos e desenvolvamos um tema de nossa preferência. O tema "Avaliação Escolar". Foi escolhido por nós, devido ao assunto que é polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos problemas no desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu público adequadamente, quer dizer, se relacionar com eles conforme os novos conceitos das relações sociais e como entender as múltiplas dimensões do exercício da cidadania e até que ponto a avaliação escolar pode afetar a vida escolar e social dos educandos, percebe-se que existe descontentamento no ambiente escolar, tanto de educadores como de educandos, pois, as escolas apresentam diferentes critérios de avaliação do rendimento escolar, com isso, afasta o aluno da instituição e da sociedade. No entanto o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem do sistema de avaliação do ensino e a aprendizagem, para que e as instituições escolares públicas e privadas percebam que não podem medir e transformar de zero a cem a aprendizagem dos educandos. Analisar os instrumentos de avaliação onde, os objetivos são distorcidos e muitas vezes usados para castigar os alunos e ameaça-los a reprovação. Isso tem ocorrido freqüentemente em muitas escolas para pegar os alunos desprevenidos, causando assim medo, ou melhor, pânico entre os educandos. Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do sistema de avaliação desde Antiguidade até o momento presente. Em seguida, explanamos sobre alguns tipos de avaliação e depoimentos de alguns educadores na área de pedagogia. A partir desta pesquisa chegamos a uma conclusão de forma respeitosa e convicta que este trabalho pode contribuir muito para todos os que de alguma forma participam do processo educativo.

Upload: danganh

Post on 08-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

5

A IMPORTANCIA DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

João do Rozario Lima

INTRODUÇÃO

Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em "Avaliação

Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém analisada com muita

dedicação e sensatez onde, alunos, mestres e responsáveis possam: ler, avaliar e talvez ter

como parâmetro, o assunto contido neste trabalho.

Em virtude da disciplina de "Monografia", realizamos este trabalho, de forma

prazerosa e uma vez que, esta disciplina exige que nós, educadores, escolhamos e

desenvolvamos um tema de nossa preferência.

O tema "Avaliação Escolar". Foi escolhido por nós, devido ao assunto que é

polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos problemas no

desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu público adequadamente, quer

dizer, se relacionar com eles conforme os novos conceitos das relações sociais e como

entender as múltiplas dimensões do exercício da cidadania e até que ponto a avaliação escolar

pode afetar a vida escolar e social dos educandos, percebe-se que existe descontentamento no

ambiente escolar, tanto de educadores como de educandos, pois, as escolas apresentam

diferentes critérios de avaliação do rendimento escolar, com isso, afasta o aluno da instituição

e da sociedade.

No entanto o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem do sistema de

avaliação do ensino e a aprendizagem, para que e as instituições escolares públicas e privadas

percebam que não podem medir e transformar de zero a cem a aprendizagem dos educandos.

Analisar os instrumentos de avaliação onde, os objetivos são distorcidos e muitas

vezes usados para castigar os alunos e ameaça-los a reprovação. Isso tem ocorrido

freqüentemente em muitas escolas para pegar os alunos desprevenidos, causando assim medo,

ou melhor, pânico entre os educandos.

Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do

sistema de avaliação desde Antiguidade até o momento presente. Em seguida, explanamos

sobre alguns tipos de avaliação e depoimentos de alguns educadores na área de pedagogia.

A partir desta pesquisa chegamos a uma conclusão de forma respeitosa e convicta

que este trabalho pode contribuir muito para todos os que de alguma forma participam do

processo educativo.

6

1- PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO

Considerando-se a avaliação como um processo, veremos os acontecimentos

dinâmicos, em evolução, sempre em continuas mudanças.

Assim o atual sistema de avaliação é mais um marco neste longo processo

histórico-educacional.

Através do tempo, são verificados as principais tendências e desenvolvimento do

processo avaliativo em diferentes fases históricas tais como: Idade Antiga, Idade média,

renascimento, tempos modernos e idade contemporânea.

1.1 Idade Antiga

Na história antiga, encontra-se diversas formas de avaliação. Em algumas tribos

primitivas, adolescentes eram submetidos a provas relacionadas com seus usos e costumes. Só

depois de serem aprovados nessas provas eram considerados adultos.

Alguns sociólogos afirmam que a estabilidade da civilização chinesa foi devida a

cinco fatores, figurando entre eles o seu sistema de exames, cuja finalidade era a de selecionar

candidatos ao serviço público. Ainda em 360 a.C. esse sistema exercia uma profunda

influência na educação, na preservação da tradição e dos costumes e, sobre tudo, na política,

oferecendo a todos os cidadãos possibilidades de acesso aos cargos de prestígio e poder.

No livro dos juizes, 12:5, 7 encontra-se a primeira noticias sobre os

exames orais e também sobre os testes conforme a citação bíblica

“E tomaram os gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e

quando algum dos fugitivos de Efraim dizia: Deixai-me passar; então

os homens de Gileade lhe perguntavam: És tu efraimitas? E dizendo

ele: Não; então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia:

Sibolete, porque não o podia pronunciar bem. Então pegavam dele, e

o degolavam nos vaus do Jordão. Caíram de Efraim naquele tempo

quarenta e dois mil.

Jefté julgou a Israel seis anos; e morreu Jefté, o gileadita, e foi

sepultado numa das cidades de Gileade.

7

Observa-se que nesta passagem, todas as vezes que os Efraimitas desejassem

passar o Jordão, deveriam responder com a palavra Sibolete. Ao ouvirem, os Efraimitas

pronunciar Chibolete, notavam a fraude.

Só aqueles que pertenciam às tribos amigas conseguiam pronunciar corretamente

essa palavra.

Quarenta e dois mil Efraimitas perderam a vida por fracassarem nesse teste.

Entre os gregos, em Esparta, os jovens eram submetidos a duras provas, através

de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande resistência à

fadiga, à fome e à sede, ao calor e ao frio e à dor.

Entre os seus padrões morais, o roubar com astúcia e destreza merecia menção

honrosa.

Em Atenas, encontra-se Sócrates, que submetia seus alunos a um exaustivo e

preciso inquérito oral que ainda é utilizado, atualmente, por muitos educadores em suas

atividades de classe, durante as argüições ou questionários orais. “O conhece te a ti mesmo”

no qual empenhou toda a sua vida de sábio. Apontava a auto-avaliação como um pressuposto

básico para o encontro com a verdade.

Seu método pedagógico também chamado maiêutica pôs em evidência o processo

da conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.

Os romanos limitaram-se a vulgarizar o sistema grego de ensino, adaptando-o de

acordo com espírito latino.

1.2 Idade Média

Porém, a Idade Média, caracteriza-se por uma intensa espiritualidade, durante os

períodos apostólicos, patrístico e monástico, verifica-se um grande interesse pelo

conhecimento de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentido, de ordem supra-

sensíveis; ou por um conjunto de verdades a que os homens chegaram não com o auxilio de

inteligência, mas mediante a aceitação da fé, dos dados da revelação divina.

Predominaram, portanto, o método racional (tradicional) e o argumento de

autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não suscetíveis de comprovação

experimental, e o segundo consistindo em admitir uma verdade ou doutrina, baseada apenas

no valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou professa.

Aceitava-se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto.

Repetir, portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber.

8

A atenção e a memória eram os agrupamentos operatórios de pensamento mais

valorizados nas escolas desta época.

Mais tarde, entre os educadores escolásticos, encontra-se Santo Tomás de Aquino

(1225-1274) combatendo o método a priorístico e o respeito exagerado a autoridade dos

antigos.

Deixou uma obra de pesquisa objetiva que causa admiração aos cientistas

contemporâneos.

Mas as instituições escolares que maior influência tiveram neste período é que

constituíram as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram as

universidades.

Nestas universidades, os estudos, destinava-se principalmente, a formação de

professores.Os graus universitários compreendiam o bacharelado, a licença e o doutorado.

Os que venciam o bacharelado, deveriam prestar exames a fim de conseguir

exame para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de trechos selecionados

por grandes mestres.

Quanto ao doutorado, só aos mestres que liam publicamente o livro das sentenças

de Pedro Lombardo, era conferido este título, e mais tarde, somente aqueles que defendiam

teses.

Os doutores medievais ao refletirem sobre o irracional, preparam os caminhos da

razão e abriram novas perspectivas para a avaliação.

Santo Tomás, no tratado dos anjos, nos oferece análise da operação intelectual,

cuja sutileza e profundidade imprime uma orientação nova no pensamento cristão.

Mas o caráter básico desta direção continua ainda sendo o teocentrismo, centro de

gravitação de toda a Idade Média.

1.3 Renascimento

Por outro lado, o Renascimento manifestava o movimento do humanismo em

duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a corrente do humanismo

cristão e corrente do humanismo pagão.

Enquanto que, a corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para

a avaliação através de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais

dos alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas necessidades,

interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a individualidade humana,

considerada como um fim em si mesma; a super valorização do eu individual sem quaisquer

9

vínculos com valores transcendentais. Este humanismo viria mais tarde imprimir no

pensamento moderno seu caráter predominantemente naturalista.

De qualquer forma a originalidade da renascença reside nesta posição nova que o

homem assumiu daí por diante em face da natureza, não se interessando por chegar ao seu

conhecimento através de operações puramente dialéticas, mas procurando interroga-lo em

função dos seus fenômenos, desvendando-lhe os segredos, descobrindo-lhes as causas.

Dessa maneira era fundada a ciência moderna.

Entre os educadores desta época, destaca-se Vitorino de Feltre, considerando o

mais notável educador italiano.

“Quero ensinar os alunos a pensar e não a disparatar”.

Para verificar o aproveitamento do aluno, mandava-o ler, em voz alta. Conforme

a expressão que dava à leitura, julgava-o habilitado ou não.

Exigia linguagem culta, pronuncia correta e tom de voz moderado.

Era inflexível no que diz respeito à moralidade e às boas maneiras.

1.4 Tempos Modernos

Durante a tomada de Constantinopla pelos turcos, os sábios bizantinos se

refugiaram na Itália. E levaram consigo a obra mais importante dos escritores da antiguidade,

despertando, desta maneira, um grande interesse pelo estudo das línguas antigas.

Foi nesta época que se formaram as nacionalidades e que surgiram as obras

primas das línguas modernas. Mas, foi invenção da imprensa a que mais contribuiu para o

desenvolvimento de todas as formas de atividade intelectual.

Multiplicaram-se os livros. E se tornaram acessíveis a todos.

Fundaram-se escolas e criaram-se bibliotecas.

Alguns aspectos da pedagogia desta época nos possibilitam tirar algumas

inferências sobre a maneira como os educadores avaliavam o aproveitamento do aluno.

De acordo com René Descarte, as quatro regras próprias para encaminhar o

espírito na busca da verdade:

“1- nada se admiti como verdadeiro se não se conhece evidentemente

como tal. É a regra da evidencia.

2- dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas se

puder e for exigido para sua melhor resolução. É o princípio da

análise.

10

3- levar os pensamentos em ordem começando pelos objetos mais

simples e mais fáceis de serem conhecido para subir, pouco a pouco,

como por degraus, aos conhecimentos, mais complexos. É a regra

assíntese.

4- Fazer em todas a parte enumerações tão completas e inspeções

tão gerais que esteja certo de nada omitir. É a regra da verificação.”

Essas regras, ainda hoje, são de uso constante na prática da avaliação.

As escolas religiosas, tanto as protestantes, como as católicas insistiam nas

argüições, nos exames orais.

Em 1702, em Cambridge, na Inglaterra, foi utilizado, pela primeira vez, o exame

escrito.

1.5- Idade Contemporânea

Compreendida entre o fim do século XVII, XIX e XX.

Surge a necessidade de se construir um sistema educativo inteiramente novo no

qual a educação da criança passa ao domínio exclusivo e absorvente do Estado. Há forte

reação contra o ensino humanista tradicional, dando relevo predominante nos planos

educativos às ciências naturais, às línguas modernas e aos trabalhos manuais.

Surge laicismo e uma forte influência das idéias materialistas e anticlericais do

racionalismo, do Enciclopedismo e do Naturalismo.

Nos fins do século XVII houve uma forte reação contra o ensino vigente.

Nos séculos XIX e XX predominaram as seguintes correntes pedagógicas: o

individualismo, o socialismo, o nacionalismo e pragmatismo.

Ainda hoje podemos encontrá-los, informando um grande número de teorias

educacionais.

No inicio do século XX predominaram as tendências pedagógicas que colocaram

em primeiro plano o problema técnico da educação.

Atualmente a tecnologia educacional se firma como uma maneira nova de pensar

a educação e de fazer frente aos problemas educacionais.

Também um movimento em prol da reabilitação dos valores espirituais acentua,

alem da necessidade de formação intelectual e cientifica, a formação ético-religiosa.

2-PROCESSO HISTÓRICO AVALIATIVO NACIONAL

11

A historia da avaliação se mistura com a nossa própria colonização. A avaliação

como sinônimo de provas e exames é uma herança que data de 1599, trazida ao Brasil pelos

jesuítas.

No Brasil colonial as principais escolas foram jesuíticas onde,... Sua tarefa

educativa era basicamente aculturar e converter “ignorantes” e “ingênuos”, como os

nativos, e criar uma atmosfera civilizada e religiosa para os degredados e aventureiros que

para cá viessem.(história da educação, Prado, Maria Eizabeth Xavier, 1994 p 41).

Entre 1554 e 1570 foram fundados cinco escolas de instrução elementar (Porto

Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, São Vicente, São Paulo) e três colégios (Rio de Janeiro,

Pernambuco e Bahia).

O ensino elementar que tinha a duração de seis anos ensinava Retórica,

Humanidades, Gramática Portuguesa, Latim e Grego. Nas classes posteriores, a duração era

de três anos e as disciplinas ministradas eram a Matemática, Física, Filosofia (lógica, moral,

metafísica), Gramática, Latim e Grego.

Depois de 1759, com a expulsão dos jesuítas, outras ordens religiosas dedicaram-

se à instrução, como a dos carmelitas, beneditinos e franciscanos.

Em 1792 o marquês de Pombal implantou o ensino público oficial através de uma

... solução paliativa, através das chamadas Aulas-Régias. Eram aulas avulsas, sustentadas

por um novo imposto colonial, o “subsidio literário”, paradoxalmente criado treze anos

após o decreto que as instituíra. (idem, ibidem p 52).

No início do século XIX, com a presença da corte no Brasil, foram criados cursos

de nível superior: a Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810),

Academia Médico-cirúrgica da Bahia (1808) e Academia Médico-cirúrgica do Rio de Janeiro

(1809). Em seguida surgiram cursos de nível técnico em Economia, Botânica, Geologia e

Mineralogia e, em 1834, o Ato Adicional atribuiu às províncias a criação e manutenção do

ensino primário. Na segunda metade do século apareceram colégios particulares, na maioria

católicos.

Obedecendo a ordem cronológica de introduções de novos cursos e ou

estabelecimentos de ensino e de reformas educacionais ou curriculares, pode-se apresentar o

seguinte quadro da educação no Brasil:

Em 1879, a reforma de Leôncio de Carvalho instituiu a liberdade de ensino,

possibilitando o surgimento de colégios protestantes e positivistas.

12

Em 1891, Benjamim Constant, baseado nos ensinamentos de Augusto Comte,

elaborou uma reforma de ensino de nítida orientação positivista, defensora de uma ditadura

republicana dos cientistas e de uma educação como prática anuladora das tensões sociais.

Entre 1920 e 1930 ocorreram várias reformas estaduais com novas propostas

pedagógicas (Fernando de Azevedo no Rio de Janeiro, Anísio Teixeira na Bahia e Francisco

Campos em Minas Gerais).

Em 1922, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de Fernando de Azevedo

e outros 26 educadores, condenaram o elitismo na educação brasileira, preconizando uma

escola pública gratuita, leiga e obrigatória.

Buscando um ensino para a classe menos favorecida, no seu artigo 129 da

Constituição do Brasil, decretada em 1937 ampara...

“À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários

à educação em instituições particulares é dever da Nação, dos

Estados e dos Municípios assegurar, pela fundação de instituição

pública de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de

receber uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e

tendências vocacionais”.

Em 1930, Francisco de Campos criou o estatuto das Universidades e organizou o

ensino secundário. Foi então fundada, em 1934, a Universidade de São Paulo e, 1937, a então

Universidade Nacional do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Durante o Estado Novo foram promulgadas as leis orgânicas do ensino, dividindo

o curso secundário em ginasial e colegial (clássico ou científico), criando o ensino

profissional ministrado através das empresas e industrias tais como o Serviço Nacional da

Indústria (Senai) e o Serviço Nacional do Comércio (Senac).

No ano de 1959, defensores da escola pública lançaram o Manifesto dos

Educadores, assinado por 185 educadores e intelectuais, entre eles, Anísio Teixeira, Lourenço

Filho, Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso.

Em 1960 surgiram as primeiras iniciativas de educação popular, voltada, também,

para o atendimento à população adulta como o Movimento de Educação Popular liderado por

Paulo Freire, cuja proposta foi adotada por inúmeros países da América Latina e da África e,

o Movimento de Educação de Base, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

(CNBB).

No período entre 1970 e 1985, durante os governos militares, foi desenvolvido o

Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), cuja proposta era o atendimento em âmbito

13

nacional da população analfabeta, através de programas de alfabetização e de educação

continuada para adultos e adolescentes.

A aprovação da primeira lei de Diretrizes e Bases, em 1961, garantiu o direito à

educação em todos os níveis, criou o Conselho Federal de Educação (1962), fixou os

currículos mínimos e garantiu a autonomia às universidades.

Hoje a educação sistemática do Brasil está dividida em vários níveis: Inicialmente

o ensino pré-escolar que atende a criança até a idade de 6 anos e, está subdividido em cursos

maternais, de jardim da infância e a pré-escola, quando começa a alfabetização.

Posteriormente, a criança ingressa no ensino primário ou de primeiro grau que é

seguido sucessivamente pelo ensino secundário ou de segundo grau, pelo ensino superior ou

de terceiro grau e, finalmente, poderá ter acesso a um quarto nível de ensino que diz respeito à

pós-graduação.

Para melhor atendimento à população estudantil mais carente o Ministério da

Educação e Cultura (MEC) desenvolve a partir de 1995 programas voltados especificamente

para essa área, onde são observados maiores índices de repetência.

Em alguns estados há projetos educacionais envolvendo os pais, através do

programa bolsas-escola, voltado para as famílias com renda per capita inferior a R$50,00.

Outras iniciativas encontram-se em desenvolvimento como o Projeto TV-escola

que adota avanços tecnológicos como mais um recurso didático ou sejam as adoções da

televisão, vídeo, fitas e a introdução da informática.

O acompanhamento dos cursos é efetuado pelo Sistema Nacional de Avaliação do

Ensino Básico para verificar o aproveitamento dos alunos dos primeiro e segundo graus e pelo

Sistema Nacional de Avaliação de Cursos, para os do terceiro grau.

O analfabetismo, centro de preocupações constantes, vem apresentando quedas

constantes: 20,1% em 1991 para 14,5%em 1997, entre a população com 15 anos ou mais. No

entanto entre a população rural esse índice continua alto: 31,2%. O governo federal no intuito

de diminuir esse índice lança... O Programa Comunidade solidária. A meta é reduzir o

analfabetismo nas cidades mais pobres do pais situadas em estados como Piauí, Amazonas, e

Paraíba. Até o segundo semestre de 1999.(Almanaque Abril Especial 2000 p 95)

Os principais estudos comparativos sobre os resultados da aprendizagem se

tornaram possíveis graças à Associação Internacional para a Avaliação Educativa. Entre 1960

e 1995 foram realizados 14 estudos internacionais concentrados nos níveis de alfabetização,

nas matemáticas e nas ciências. Todos são caracterizados pelo uso de instrumentos idênticos

14

de avaliação para registrar a aprendizagem obtida nestas áreas específicas. Posteriormente são

aplicados a grupos da mesma idade ou do mesmo nível escolar nos países estudados.

3- LEI DE DIRETRIZES E BASES E A AVALIAÇÃO

De acordo com Lei de Diretrizes e Bases que foi projetada, em 1988, e aprovada

em 1997, nesta lei a o processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V, que diz a

verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do

aluno, com prevaleça dos aspectos qualitativos sobre os

quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de

eventuais provas finais:

b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com

atraso escolar;

c) Possibilidade de avanços nos cursos e nas séries

mediante verificação do aprendizado;

d) Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) Obrigatoriedade de estudo de recuperação, de

preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo

rendimento escolar a serem disciplinados pelas instituições de

ensino em seu regimento.

O docente deve valorizar o processo de formação mais adequadamente, não

acrescentando na prova final somente a nota daquela avaliação, embora seja regimental. Uma

reflexão importante está em alguns casos na mudança de procedimento.

Como se observa, a Lei usa a expressão “verificação do rendimento escolar.

Verificar, numa de suas acepções, quer dizer comprovar; rendimento pode ser entendido

como eficiência. Então de acordo com a lei, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos

nas atividades, ou seja, avaliar o êxito por eles alcançado no processo de ensino

aprendizagem”.

Mas, quando se trata em comprovar esse êxito e como avaliar se torna complexo.

Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida pode-se dispor de instrumentos

precisos tais como: régua balança, etc. E quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos a

medida. Ao contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação.

15

Na avaliação escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um

processo humano contínuo.

Por outro lado, para tentar contornar esse problema e evitar avaliações

precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento seja generalizada para todo o

processo, deve-se proceder a uma avaliação continua que capte o desenvolvimento do

educando em todos os seus aspectos.

Na concepção de César Coll, há três modalidades de avaliação: avaliação inicial,

avaliação formativa e avaliação somatória.

Atualmente os objetivos da avaliação visam tanto o processo de aprendizagem

quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em

relação às provas escolares é a avaliação permanente, que se realiza com outro tipo de meios,

entre os quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano

escolar. A avaliação é, assim, realizada para obter sobre o aluno uma informação mais

abrangente que a simples e pontual referência das provas.

A avaliação tem função legitimadora da ideologia das sociedades modernas. Os

bons resultados acadêmicos são vistos como indicadores das aptidões que darão ao indivíduo

possibilidades de progredir e ter êxito.

No entanto, recentemente o interesse está concentrado em reduzir os efeitos

negativos da avaliação no sistema escolar e sua repercussão individual sobre os estudantes.

4-AVALIAÇÕES GOVERNAMENTAIS DO ENSINO

Uma modalidade de avaliação que nos últimos anos alcançou uma grande difusão no Brasil, a

exemplo do que já vem ocorrendo há mais tempo em outros países, é a avaliação que tem

como objetivo principal diagnosticar problemas nos sistemas de ensino. Os exames realizados

pelos alunos nesse caso, não pretendem descobrir se cada estudante está conseguindo atingir

os objetivos propostos pelo ensino escolar, mas, inversamente, buscam verificar se os

sistemas de ensino estão dando conta do seu principal objetivo, ou seja, de ensinar aos alunos

aquilo que se considera necessário que eles aprendam. O principal aspecto positivo desse tipo

de avaliação, que é feita pelo governo dos países, é o reconhecimento de que o Estado é

responsável pela oferta de um ensino de qualidade às crianças, jovens e adultos. Isso significa

assumir que não se pode continuar culpando os alunos pelo fracasso escolar.

Quando são bem feitas essas avaliações permitem elaborar um diagnóstico da situação

16

educacional do país, verificar os fatores que mais interferem na melhoria ou na queda da

qualidade do ensino e estabelecer prioridades. Também nesse caso, porém, é fundamental

estabelecer objetivos adequados para o ensino. Pretender que todas as escolas, públicas e

particulares, de todas as regiões do país tenham o mesmo desempenho, por exemplo, é

desconhecer que as escolas são diferentes, entre outras coisas, porque as características dos

alunos a que atendem são diversas. Sendo assim, o estabelecimento de critérios rígidos ou mal

formulados pode prejudicar o próprio desenvolvimento do sistema educacional, tornando-o,

por exemplo, ainda mais seletivo, para atingir um nível de excelência que nem todos os alunos

podem alcançar. No Brasil, as principais formas de avaliação empregadas atualmente pelo

governo para verificar o desempenho dos sistemas escolares são o Saeb (Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica) e o Exame Nacional de Cursos, conhecido como Provão.

"O Saeb é aplicado de dois em dois anos para medir o desempenho dos sistemas de ensino.

Trata-se de uma avaliação em larga escala, realizada com alunos da 4.a. e 8.a. séries do

Ensino Fundamental e 3.a. série do Ensino Médio”.(CASTRO, 2000, p. 27).

Enfim, o Provão, instituído em 1996 constitui um dos elementos que compõem o

sistema de avaliação dos cursos de graduação, que fiscaliza as instituições superiores onde

provocou uma um grande impacto que

..é notado sobretudo na busca de qualidade por parte da

instituições privadas de ensino superior atualmente estas

escolas tem que cumprir as exigências da LDB...no final de

1999, como resultado da aplicação do Provão, doze escolas

superiores privadas tiveram a autorização e renovação de

funcionamento negada.(Almanaque Abril 2000 p. 94)

5. FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

Se o sistema escolar brasileiro funcionasse plenamente, entrariam para escola

todas as crianças em idade de faze-lo e todas, sem exceção, passariam normalmente de uma

série para outra, até concluírem a escolaridade obrigatória.(Nelson Piletti, 1988, p 94).

As estatísticas educacionais sobre movimentação e fluxo escolar foram tratadas

erradamente por muito tempo no Brasil. Trabalhos recentes do Ribeiro e Fletcher (1987),

Fletcher e Ribeiro (1988), Ribeiro (1991), Klein e Ribeiro (1991) e Klein (1995) apontam os

erros e apresentam duas metodologias de correção destas estatísticas.

17

Estes autores mostram que o acesso à primeira série do primeiro grau está

praticamente universalizado, uma vez que pelo menos 95% têm acesso a esta série. Já a

conclusão do primeiro grau está longe de ser universal, pois em 1990 somente 45% estavam

concluindo o primeiro grau, seja via sistema regular seja via supletivo de ensino. Ao mesmo

tempo, os trabalhos mostram que o número de matrículas no primeiro grau era maior do que o

número de crianças de 7 a 14 anos.

Os autores demonstram que o grande problema do sistema educacional brasileiro

é a repetência e não a evasão. Cerca de 50% dos alunos matriculados no sistema regular de

ensino, repetem a primeira série a cada ano enquanto somente 2% se evadem. Considerando-

se as oito séries do primeiro grau, 33% dos alunos repetem uma série a cada ano, enquanto

somente cerca de 5% saem do sistema regular de ensino sem concluí-lo. Os alunos passam em

média cerca de nove anos no primeiro grau e os que concluem o fazem em média em onze

anos. A grande maioria dos alunos tem pelo menos uma repetência no primeiro grau, mas

insiste em ficar na escola, só saindo após vários anos por não conseguir progredir.

Os dados da "Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios” (PNAD) do IBGE,

coletados anualmente entre setembro e novembro, indicam que em 1990, 90% das crianças de

9 e 10 anos estavam freqüentando a escola e que 72% das crianças de 14 anos estavam

matriculadas, em qualquer uma das séries do primeiro grau do ensino regular.

Estes indicadores de movimentação e fluxo escolar, embora úteis para nos dar

uma idéia da eficiência do sistema, não nos fornece informações sobre a qualidade do ensino

oferecido aos alunos. Poderíamos especular que os altos índices de repetência fossem devido

a um alto grau de exigência par aprovação, e que os concluintes fossem alunos altamente

qualificados. Infelizmente, dados sobre o desempenho de alunos em exames vestibulares e nas

avaliações realizadas pelo Sistema de Avaliação Da Educação Básica (SAEB) em 1990 e

1993 indicam que as altas taxas de repetência são acompanhadas de um ensino de baixa

qualidade.

Neste contexto torna-se indispensável a criação e manutenção de um sistema de

avaliação de aprendizagem capaz de fornecer informações consistentes, periódicas e

comparáveis sobre o desempenho dos alunos.

Devemos entender a avaliação como termômetro da educação, o que não

equivaleria dizer ou continuar com a retórica aplicada por muitos que desde sempre estamos

passando provas e rabiscando suas respostas de vermelho. As implicações vão mais longe do

que se imagina. Os testes criam nos alunos e nos professores uma cultura que nada tem com o

aprender. Desde muito cedo, os assuntos que interessam nas salas de aula passam a ser: o que

18

vai cair na prova? São saber quais páginas devem ser decoradas. O próprio professor divide o

saber em segmentos. Apesar de todo conteúdo programático seguir uma seqüência lógica em

que um assunto se apóia em outro, nas provas e testes só cai a matéria do bimestre, como se a

cada dois meses uma disciplina completamente nova surgisse do nada, tornando desnecessário

o que foi aprendido antes.

A função da avaliação dentro desse conceito seria a de diagnosticar, reforçar e

permitir crescer. Assim, o papel do professor é o de um conselheiro, de um orientador, e não o

de um juiz, júri e executor. A abordagem da avaliação como "punição" é substituída pela

abordagem da "melhoria contínua". O homem hoje tem de processar informações de um

modo muito diferente do de ontem. Nossos mestres gostariam que compreendêssemos o que

nos ensinam nos mínimos detalhes, mas a sobrecarga é muito grande. A quantidade de

informações é excessiva. O segredo é, portanto, "escanearmos" o que realmente importa e a

escolha desse conteúdo e sua aplicação em benefício de um crescimento individual e coletivo

que diferencia o sábio do prepotente.

A concepção de avaliação que perpassa essa lógica é a de um processo que deve

abranger a organização escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho

docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagem do aluno e, ainda, a relação

com a sociedade.

Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito de

avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das camadas populares, porque

são elas que mais têm sofrido como o modelo de escola atual. E, se o movimento amplo da

sociedade impõem um novo tipo de escola, impõem, também, a necessidade de um novo

referencial para a constituição dos processos de avaliação.

A avaliação é um exercício mental que permite a análise, o conhecimento, o

diagnóstico, a medida e/ou julgamento de um objeto. Esse objeto deve ser a própria realidade

e daqueles que a fazem. Avaliar seria um processo de autoconhecimento e, também, o

conhecimento da realidade e da relação dos sujeitos com essa realidade. Seria um processo de

análise, julgamento, re-criação e/ou ressignificação das instituições que fazem parte dessa

realidade e das pessoas que a mantêm.

Questionam-se, assim, os processos de avaliação da aprendizagem dos alunos que

estão, usualmente, centrados num desempenho cognitivo, sem referência a um projeto

político-pedagógico de escola, e, ainda, o sentido das avaliações escolares que se têm

direcionado, especialmente, para o ato de aprovar ou reprovar os alunos.

19

Ao lado desses aspectos, surge uma as questões mais controvertidas nas práticas

de avaliação: os registros numéricos na aferição do rendimento dos alunos. A Escola Plural

propõe a abolição total das notas. Considera esses registros arbitrários porque

unidirecionados, já que são de total responsabilidade do professor, que assume o papel de juiz.

Questiona as provas, usualmente empregadas como instrumentos únicos de avaliação, e critica

o fato de serem mal elaboradas e sem critérios claros de aferição da aprendizagem dos

conteúdos específicos ensinados. Considera que existe uma visão reduzida e equivocada do

processo de avaliação, já que a nota, produto concreto dessa verificação, reflete apenas o

resultado do desempenho cognitivo do aluno, e nunca o processo educativo que o levou a tal

resultado.

Em oposição, o conceito alternativo de avaliação baseia-se na perspectiva de

interestruturação do conhecimento, entendendo a ação de avaliar como processual e

reveladora das possibilidades de construção de um processo educativo mais rico e mais

dinâmico. Parte do pressuposto de que as diferenças são positivas e fundamentais para o

crescimento dos sujeitos no processo de conhecimento da realidade.

Mais uma vez, o campo da discussão dos valores torna-se prioritário. Se a

educação é concebida como um direito à escola e as diferenças são positivas e fundamentais

para o crescimento dos sujeitos e do grupo do qual fazem parte, não caberia à escola o papel

de classificar, excluir ou sentenciar os alunos. A avaliação deveria priorizar a identificação

dos problemas, dos avanços e verificar as possibilidades de redimensionamentos e de

continuidades do processo educativo. A avaliação se constituiria num processo investigador e

formativo contínuo, do qual professores, alunos e pais participariam ativamente.

Ao procurar romper com a avaliação somativa, abolindo as notas como o critério

de comprovação de um determinado produto previamente esperado, a nova concepção de

avaliação procura trazer à tona o valor dos aspectos globais do processo ensino-aprendizagem.

Da forma de intervenção do professor, do projeto curricular da escola, da organização do

trabalho escolar e da importância da formação das identidades e dos valores pessoais.

6-FORMAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na escola,

dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que, atualmente, parecem

ser mais freqüentemente empregadas nas escolas são a prova escrita, os trabalhos em grupo, a

auto-avaliação, que alguns professores convidam seus alunos a fazerem sobre o seu próprio

20

desempenho e a avaliação que às vezes pedem para o aluno fazer do curso. Porém, vamos nos

concentrar na prova escrita, já que essa parece ser, ainda, o principal instrumento de avaliação

empregado pela maioria das escolas.

Muitas e conhecidas são as restrições feitas à prova que o aluno faz na escola,

individualmente, no espaço de uma aula e que exige o estudo anterior em casa da matéria

ensinada durante um mês ou um bimestre. O aluno pode não ter tido condições de se preparar

adequadamente para a prova, pode ter se sentido mal durante a sua realização, pode ter ficado

muito nervoso e até mesmo ter tido o azar de ter estudado melhor justamente a parte da

matéria que o professor não pediu na prova. De fato, tudo isso pode acontecer e talvez deva

ser levado em consideração, embora provavelmente esses casos constituam, quase sempre,

exceções. Mas há outras questões pertinentes, como por exemplo: imaginemos que todos os

alunos realizassem sempre as provas em condições ideais de saúde e preparação. Nesse caso,

seria a prova tradicional um bom recurso para avaliar o que eles aprenderam?

Tudo vai depender da maneira como são propostas as questões. Se a intenção não

for apenas a de verificar quantas informações o aluno "guardou em sua cabeça", mas sim a de

perceber como o aluno está aproveitando tudo o que ele aprendeu durante as aulas, para

compreender os temas estudados no curso e para resolver problemas propostos pela disciplina

estudada, então a prova pode ser um bom momento para professores e alunos efetuarem uma

revisão de tudo o que foi – ou deveria ter sido aprendido – e perceberem o que ainda pode ser

melhorado.

É preciso não perder de vista que a razão de tudo o que acontece na escola é o

aprendizado dos alunos e se a prova não puder ensinar nada a eles, não se justificam o tempo

e a energia gastos na sua preparação e correção. Nesse sentido, é fundamental também

aproveitar a correção da prova como uma preciosa oportunidade de os alunos identificarem as

suas principais dificuldades, para que possam dedicar-se mais tempo ao estudo dos conceitos

que ainda não compreenderam, para desenvolver mais bem determinadas habilidades.

Uma boa alternativa é permitir que os alunos re-elaborem as questões da prova

nas quais não conseguiram um bom resultado, de modo que possam recuperar as falhas

anteriores. Em alguns casos, a reformulação poderá exigir apenas a correção de uma

informação como, por exemplo, saber que a escrita de um diálogo exige a utilização do

travessão. Em outras situações, a reformulação poderá indicar outra dificuldade do aluno

como, por exemplo, perceber que o discurso escrito é diferente do discurso falado. Esse caso,

provavelmente, exigirá uma atenção maior do professor, no sentido de proporcionar ao aluno

outras oportunidades de perceber as particularidades da fala e da escrita. Enfim, cabe ao

21

professor ter o cuidado de observar se o tipo de prova e a forma de correção empregada estão

realmente contribuindo para o aprendizado de seus alunos, tornando válido o esforço dedicado

a sua realização.

7- PROVA OPERATÓRIA

A prova operatória constitui um instrumento de avaliação que corresponde a uma

nova oportunidade dada ao aluno, para ampliar o seu conhecimento sobre uma determinada

matéria ou seja, constitui um momento importante de aprofundamento dos estudos. Terzi e

Ronca demonstraram que é possível avaliar os alunos mediante a aplicação de provas sem que

essa atividade seja, apenas, uma tarefa burocrática, a qual rouba dos professores e alunos

tempo preciosos que poderia estar sendo dedicado ao desenvolvimento do ensino e do

aprendizado. Para eles, uma prova pode ser considerada operatória quando "longe de ser

mecânicos questionários, testes ou exercícios, for um momento a mais para o aluno viver

internamente a construção ou reconstrução de conceitos ao longo do caminho da

aprendizagem. Ou seja, um momento de aprendizagem" (1991 p. 34).

Uma prova operatória, a própria denominação já indica, pressupõe a realização de

determinadas ações ou, dito de outra forma, de operações, tais como: analisar, classificar,

comparar, criticar, imaginar, seriar, levantar hipóteses, justificar, explicar, interpretar, supor,

reescrever, descrever, localizar, opinar, calcular, determinar, comentar, substituir, expor,

construir, relacionar, sintetizar e outras. Para que o resultado dessas ações seja satisfatório,

convém, no entanto, lembrar que é preciso garantir que professores e alunos estejam de

acordo quanto ao significado de cada um desses verbos.

Além de explicitarem os objetivos e as ações que devem ser cumpridos pela

realização de uma prova, os autores desenvolvem a proposta no sentido de torná-la mais clara.

Consideram, por exemplo, que as seguintes características contribuem para que uma avaliação

possa ser considerada como uma prova operatória.

7.1 Características da prova operatória:

1. O tratamento coloquial: a prova dialoga com o aluno. Em vez do tratamento

frio e formal que costuma caracterizar as avaliações escolares, a prova operatória conversa

com o aluno e convida-o a participar das atividades propostas. Dessa maneira, contribui para

proporcionar autoconfiança e motivação, ao revelar que a prova foi feita para o aluno, tendo

22

em vista o que ele estudou no âmbito de uma disciplina durante um determinado período

letivo.

2. A, inclusão de problemas reais - as questões referem-se a temas atuais que

tenham relevância para a compreensão do mundo, contribuindo para a reflexão do aluno sobre

contexto histórico em que vive. O aluno que se vê convidado a refletir sobre o mundo que o

cerca sente que não está apenas respondendo a uma questão apenas porque o professor quer

assim, mas percebe a importância do estudo de cada disciplina específica para o

conhecimento de uma realidade da qual ele próprio faz parte.

3.A leitura - a prova operatória pode ser convidativa, mas não tem a intenção de

ser fácil, no sentido de que basta memorizar uma série de informações e reproduzi-las como

respostas para ser bem sucedido. Para realizar a prova operatória, o aluno precisará ler e

interpretar o conteúdo de textos relacionados com a disciplina que está sendo avaliada.

4.A escrita - a inclusão da escrita como um componente fundamental da prova

operatória justifica-se da mesma maneira que a necessidade da leitura. Ao realizar a prova

operatória, o aluno não vai apenas identificar a resposta certa para uma questão num conjunto

de alternativas, mas expressar, por escrito, o seu pensamento, com vistas a desenvolvê-lo e a

aprimorar sua capacidade de expressão escrita.

Os autores ainda sugerem uma composição adequada para uma prova operatória:

Partes da prova operatória:

1. Redação sobre um tema relacionado à disciplina que está sendo avaliada

Ex: "Os Estados Unidos produzem cerca de 10 bilhões de toneladas de lixo sólido por ano.

Cada norte-americano joga fora em média 300 quilos de embalagens anualmente.

Especialistas da área advertem que na próxima década o país poderá enfrentar uma "crise

do lixo". ( Folha de S. Paulo, 10.03.89).

Relacione o tipo de sociedade citada no texto com o(s) fator (es) que gera(m) a

"crise do lixo". Explique as suas conseqüências para o meio ambiente e para a preservação

dos recursos naturais “. (Unicamp. 1990)”.

O exemplo, retirado de um vestibular importante, revela que mesmo essas

avaliações não são mais desculpas para a insistência num ensino que garante exclusivamente a

aquisição de informações. Na verdade, uma questão bem elaborada pode oferecer as

informações necessárias para que o aluno efetue as operações específicas que conduzam à

resposta.

2. Elaboração de questões mais simples e objetivas, relacionadas à aquisição de

conteúdos fundamentais para o aprendizado da disciplina; Ex: "Entre 1750 e 1777, durante

23

o reinado de D. José I em Portugal, o Marquês de Pombal, seguindo as práticas do

despotismo esclarecido, determinou novas medidas econômicas e administrativas para o

Brasil. Mencione três decisões da política pombalina e as alterações que elas provocaram na

colônia. (Unicamp, 1990)” (idem, p. 39).

Vale a pena comparar o texto dessa questão, que contextualiza o tema, a outra

forma de propor a mesma pergunta: "Quais foram às decisões da política do Marquês de

Pombal que influenciaram na colônia?" (idem). Esta última versão, típica dos questionários

tradicionais, é mesquinha e dá a impressão de que a questão é fútil, sem nenhuma importância

para o aluno além da necessidade de ser aprovado ou de obter uma boa nota no exame.

3. Problemas que exijam do aluno a realização de operações, as quais envolvem

o conteúdo assimilado e as capacidades exigidas para chegar à resposta do problema.

Exemplo de prova operatória: Ex: "Observe a figura abaixo. Identifique e escreva

o nome de cada elemento constitutivo do solo. Responda, também, em que camada nós

podemos encontrar fósseis?” (Terzi Ronca, 1991, p. 38).

Como se pode observar a partir do exemplo citado, a apresentação de um

problema ocorre, sempre, mediante o uso de palavras operatórias: observe, identifique,

responda.

8-AVALIAÇÃO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

O "Documento Básico do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)" instituiu

uma matriz de competências às quais são associadas determinadas habilidades, com a

intenção de tornar mais objetiva a avaliação das capacidades desenvolvidas pelos alunos que

estão concluindo o ensino médio ao longo de sua escolaridade básica e visualizar a diferença

básica entre dois tipos de conhecimento: o saber que e o saber como.

O primeiro tipo de saber relaciona-se ao conhecimento de informações e o

segundo refere-se à capacidade de fazer alguma coisa. Por exemplo: uma pessoa que gosta

muito de música pode saber que foi Bach quem compôs os Concertos de Bradenburgo e ter

diversas outras informações sobre a obra e o compositor e, mesmo assim, pode não saber

como tocar um instrumento. Por outro lado, há pessoas que sabem como tocar instrumentos

mesmo sem conhecer os compositores famosos e até mesmo sem nunca ter estudado teoria

musical.

A escola exige dos alunos esses dois tipos de conhecimento, já que o objetivo do

ensino não é a simples memorização de um conjunto de informações pelos alunos, mas

24

também o aprendizado de procedimentos úteis para a solução de problemas numa

determinada área do conhecimento. Sendo assim, a avaliação escolar deve permitir verificar

não apenas a retenção de informações sobre a matéria pelo aluno, mas, principalmente, se os

alunos estão sendo capazes de utilizar aquilo que aprenderam a partir dos exemplos dados

pelo professor na compreensão de casos análogos. Nas palavras do educador José Sérgio

Carvalho,

"Avaliamos o êxito de qualquer ensino não pela capacidade de

reprodução que o aluno tem do que lhe foi apresentado como

informação ou caso exemplar, mas pela sua capacidade de construir

soluções próprias a novos problemas, ainda que para isso ele

recorra àquilo que lhe foi colocado como caso exemplar, ou seja, que

ele lance mão das 'soluções canônicas' que lhe foram apresentadas

na aula”.(AQUINO, 1997, p. 14-15)

Para dar um exemplo apenas, não podemos ter certeza de que um aluno aprendeu

um novo idioma apenas ao verificar que reproduziu um texto escrito na língua estrangeira.

Para reproduzir corretamente um texto escrito em alemão, basta ter boa coordenação motora

fina e prestar atenção na tarefa. Evidentemente, contudo, só poderemos dizer que uma pessoa

aprendeu alemão quando observarmos que ela é capaz de criar um novo texto em alemão e

não apenas copiar.

Ao avaliar as competências dos alunos, mais uma vez é preciso definir

adequadamente os objetivos que o aluno deve alcançar. É preciso levar em consideração ainda

uma distinção no que se refere à correção: para o aprendizado de informações é lícito avaliar

as respostas como certas ou erradas (ou eu sei que foi Bach quem compôs os Concertos de

Bradenburgo ou eu não sei). No caso do domínio de habilidades e competências, no entanto, a

avaliação exige primeiro a explicitação do nível de exigência do desempenho. Está claro que

o desempenho que se espera do aluno em sua décima aula de piano não é o mesmo que se

exige do pianista profissional num concerto, por exemplo. Tocar piano é uma atividade que

pode ser aperfeiçoada a cada dia, por isso é mais adequado dizer que alguém está tocando

melhor hoje do que ontem do que dizer que ontem estava tocando errado e hoje está tocando

certo. Ocorre o mesmo com as competências escolares e é por isso que nunca terminamos de

aprender a ler ou a escrever. Nosso conhecimento nessas áreas sempre pode ser aperfeiçoado.

9-AVALIAÇÃO SOMATIVA, FORMATIVA E DIAGNÓSTICA

25

A modalidade diagnóstica consiste na soldagem, projeção e retrospecção das

situações dos desenvolvimentos do aluno, permitindo constatar as causas de repetidas

dificuldades de aprendizagem. Quando os objetivos não forem atingidos, são retomados e

elaborada-se novas estratégias para que se efetua a produção do conhecimento. Sant'anna

(1999) complementa que “esta modalidade deve ser feita no início de cada ciclo de estudos

através de uma reflexão constante, crítica e participativa”.

A modalidade formativa informa o professor e o aluno sobre resultados da

aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. O educador utilizá-la durante o

decorrer do ano letivo.

A modalidade somativa tem por função classificar os educandos ao final da

unidade, segundo níveis de aproveitamento apresentados não apenas com os objetivos

indivíduos, mas também pelo grupo.

A avaliação possui três funções de fundamental importância para o processo

educativo como diagnosticar, controlar e classificar.

A função diagnóstica tem como objetivo identificar, analisar as causas de

repetidas incapacidades na aprendizagem, evidenciando dificuldades em seu desempenho

escolar, sendo que a função formativa ou de controle tem a finalidade de localizar, apontar as

deficiências, insuficiências no decorrer do processo educativo, na qual os instrumentos de

acordo com os objetivos a serem atingidos. Quanto à função classificatória podemos dizer que

Frente a este contexto, o professor deve desenvolver o papel de problematizador, ou seja,

problematizar as situações de modo a fazer o aluno, ele próprio, construir o conhecimento

sobre o tema abordado de acordo com o contexto histórico social e político o qual está

inserido, buscando a igualdade entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam

experiências e aprendizagens no processo educativo, uma vez que "não há educador tão sábio

que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar”. (Becker,

1997:147). Diante disso, vem a comprovar a interação do aluno no processo de ensino-

aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a avaliação é um elo

entre a sociedade, as escolas e os estudantes.

É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes segmentos, onde a

avaliação deve ser repensada para que a qualidade do ensino não fique comprometida e o

educador deve ter o cuidado nas influencias nas histórias da vida do aluno e do próprio

professor para que não haja, mesmo inconscientemente, a presença do autoritarismo e da

arbitrariedade que a perspectiva construtivista tanto combate.

26

Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar

oportunidades de ação- reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve

propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando

seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e

reformuladas.

De acordo com o art. 24, inciso V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional nº 9394/96, indica que a avaliação escolar visa:

- Uma avaliação contínua e cumulativa do desempenho do

aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os

quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os

de eventuais provas finais;

- A possibilidade de aceleração de estudos para alunos com

atraso escolar;

- a possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante

verificação do aprendizado;

- O aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

- A obrigatoriedade de estudos de recuperação, de

preferência paralelos ao período letivo, para os casos de

baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas

instituições de ensino e seus regimentos.

A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se analisa, se

interpreta um determinado fenômeno (construção do conhecimento), situando-o

concretamente quanto os dados relevantes, objetivando uma tomada de decisão em busca da

produção humana.

Segundo Luckesi, avaliar tem basicamente três passos:

- Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da

realidade.

- Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no

processo educativo. (qualificação)

-Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.

Neste sentido, é essencial definir critérios onde caberá ao professor listar os itens

realmente importantes, informá-los aos alunos sem uma necessidade, pois a avaliação só tem

sentido quando é contínua, provocando o desenvolvimento do educando. O importante é que o

27

educador utilize o diálogo como fundamental eixo norteador e significativo papel da ação

pedagógica.

"O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no

ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em

vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse fixa do

professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção

do objeto". (Freire, 1986: 125).

Vasconcellos (1995) complementa ainda que o diálogo é visto como uma

concepção dialética de educação, pois supera-se tanto o sujeito passivo da educação

tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova em busca de um sujeito interativo.

Faz-se necessário ao educador o comprometimento como profissional durante as suas inter-

relações em que o compromisso não pode ser um ato passivo, mas sim a inserção da práxis na

prática educativa de professor e aluno.

“Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no

mundo, associada indiscutivelmente à sua ação sobre o mundo,

não existe no ser, seu estar no mundo se reduz a um não poder

transpor os limites que lhe são impostos pelo próprio mundo,

do que resulta que este ser não é capaz de compromisso. É um

ser imerso no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem ter

dele consciência...)". (idem, ibidem).

Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade do

ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no decorrer do ano letivo,

observando a capacidade e o ritmo individual de cada um. Desta forma, para haver uma

avaliação qualitativa e não classificatória deve acontecer uma mudança nos paradigmas de

ensino em relação à democratização do excesso da educação escolar e com isso haverá uma

qualidade de ensino do educando onde acontecerá um sentido de evolução produtiva nos

processos avaliativos.

Esta democratização tem sido um dos maiores problemas com os quais a escola se

defronta, como ter um projeto se não existe espaço sistemático de encontro dos que compõe a

comunidade escolar para que haja uma realização coletiva.

A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, uma vez que

é o ato de julgar o próprio desempenho de aluno e professores. O educador deve se auto-

avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a auto-avaliação do

aluno para avaliar o professor deve servir como subsídio para a sua própria auto-avaliação,

28

momento este que servirá para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador.

Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados a necessidade de

dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa/avaliativa da instituição. Pode

utilizar métodos tais como:

-Auto-avaliação: este instrumento de avaliação deve ser utilizado pelo educador

que se preocupa em formar indivíduos críticos, sendo capazes de analisarem as suas próprias

aptidões, atitudes, comportamentos, pontos favoráveis e desfavoráveis e êxitos na dimensão

dos propósitos. Ao ser utilizado, os educandos começam a ter mais responsabilidade por suas

próprias construções individuais. Propicia, portanto, condições para o aluno refletir sobre si

mesmo e o que tem construído ao longo da vida.

- Portfólio: é uma pasta portátil que contém a trajetória, a caminhada do aluno

pela qual poderá conter: textos, documentos, dúvidas, certezas e relações da própria vida ou

até mesmos fatos que acontecem fora da escola. Portanto, esta pasta servirá para o educando

perceber a construção das suas próprias aprendizagens e análises que ele mesmo faz sobre si.

- Observação: o educador deve observar os seus educandos constantemente para

constatar quais apresentam dificuldades na aprendizagem e quais ainda conseguiram produzir

conhecimento sobre determinado conteúdo. O professor pode utilizar fichas de observação

para a melhor eficácia dos resultados.

O instrumento de como vai se chegar a uma análise de avaliação importa muito

pouco saber de quantas maneiras, isto é, respostas certas ou erradas os alunos irão alcançar,

mas, fundamentalmente é importante saber de que maneira chegou a elas, que probabilidade e

relações estabeleceu a seus educandos encontrar as soluções fáceis para os problemas

propostos está no momento de equilíbrio já está preparado para operar no nível de

complexidade que o conteúdo exige.

Então, a intervenção pedagógica avaliativa deverá ocorrer no sentido de provocar

desequilíbrio que levem a novas interações e buscas e, neste momento a processualidade da

avaliação requer observações, registros e análises sistemáticas do processo de elaboração do

conhecimento pelo aluno, registrando seu crescimento e desenvolvimento no que se refere a

autonomia intelectual, a criatividade, a capacidade de organização e a participação, condições

de elaboração e generalização, relacionando o coletivo, comunicação e outros critérios que o

professor julga ser necessário e pertinente na fase de desenvolvimento e maturidade em que se

encontra o educando.

Sendo assim, pode-se dizer que não são apenas instrumentos usados que

caracterizam uma avaliação conservadora, mas principalmente as formas de como estes

29

instrumentos serão usados e analisados, pois a avaliação é vista como um processo abrangente

da existência humana que implica uma reflexão crítica no sentido de captar seus avanços, suas

resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão de o que fazer para

superar os obstáculos, tendo como função o processo transformador da educação na

sociedade.

Para tanto se torna necessário fazer com quer a prática educacional esteja

conscientemente preocupada com a promoção da transformação social e o professor precisa

mudar na sua concepção de avaliação para desenvolver uma prática avaliativa mediadora

sendo que As transformações de avaliação são multidimensionais. Uma grande questão é que

avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Quando se avalia uma pessoa, se envolve por

inteiro – o que se sabe, o que sente, o que se conhece desta pessoa, a relação que se tem com

ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para que ele

transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente necessárias.

O sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem está se

relacionando e reconhecê-la como uma pessoa digna de respeito e de interesse.

O professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno.

10- AVALIAÇÃO – UMA CONSTANTE BUSCA

Segundo Jussara Hoffman para a escola desenvolver e construir uma cultura

avaliativa mediadora, “é preciso que se fundamentem princípios, muito mais do que se

transformem metodologias. As metodologias são decorrentes da clareza dos princípios

avaliativos”, onde, defende três princípios para essa prática avaliativa mediadora.

O primeiro princípio é o de uma avaliação a serviço da ação. Toda investigação

sobre a aprendizagem do aluno é feita com a preocupação de agir e de melhorar a sua

situação. Uma avaliação que prevê a melhoria da aprendizagem.

O segundo princípio é o da avaliação como projeto de futuro. A avaliação

tradicional justifica a não-aprendizagem. Ela olha para o passado e não se preocupa com

futuro.

Em uma cultura avaliativa mediadora, por exemplo, 20% do tempo em que os

professores estiverem reunidos em conselho de classe, eles irão discutir o que vem

acontecendo com seus alunos e, no restante do tempo, vão encaminhar propostas pedagógicas

para auxiliar os alunos em suas necessidades. Essa é uma avaliação como um projeto de

futuro - o professor interpreta a prova não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar

30

em quais estratégias pedagógicas ele deverá desenvolver para atender esse aluno. De que

forma ele poderá agir com o grupo, ou com um aluno, para resolver essas questões e dar

continuidade ao seu planejamento, para que os alunos sejam mais coerentes, mais precisos e

tenha maior riqueza de idéias.

O terceiro princípio que fundamenta essa metodologia é o princípio ético. A

avaliação, muito mais do que o conhecimento de um aluno é o reconhecimento desse aluno.

As estatísticas são cruéis: não basta um professor obter uma aprendizagem satisfatória com

70% dos seus alunos, por que, 30% de uma turma de 30 alunos, representam nove alunos que

deixam de ser atendidos. Portanto, cada aluno é importante em suas necessidades, em sua

vivência, em seu conhecimento.

Essa prática avaliativa mediadora é, portanto, fundamentada por esses

princípios. Não há regras gerais e nem normas que valham para todas as situações. Alunos

com necessidades especiais precisam de atendimento especial. Não há tempos padronizados

para todos, mas há, sim, clareza de princípios, parâmetros de qualidade estabelecidos em

consenso pelos professores, uma proposta político-pedagógica clara para que a prática

avaliativa seja coerente com o que a escola pretende.

Alem disso o entendimento do professor sobre a aprendizagem interfere no seu

modo de avaliar e é necessário que o professor esteja conectado com a real questão; para que

o aluno também possa se ver como um aprendiz, compreender os seus processos, as suas

inseguranças, e talvez entender um pouco do porquê, fazendo com que as aprendizagens se

desenvolvam.

Algumas práticas vigentes nas escolas ainda são camisas-de-força para os

professores. Por que se gasta tanta energia em fórmulas, receitas, registros e regimentos de

avaliação, enquanto poderia estar se investindo nos professores, na melhoria dessa

aprendizagem para desenvolver estudos no sentido de avaliar para promover. Não uma

promoção burocrática, mas uma avaliação para promover o desenvolvimento moral e

intelectual. Avaliar para promover a cidadania do aluno, como um sujeito digno de respeito,

ciente de seus direitos e que tenha acesso a todas as oportunidades que a vida social possa lhe

oferecer. E sem promover a aprendizagem, isso não acontecerá.

Portanto, as fórmulas, as receitas e as inúmeras metodologias e práticas vigentes

precisam ser questionadas sobre os princípios a que se destinam. Elas agem em benefício do

aluno? Elas, de fato, estão centradas nessa promoção? Elas estão investindo numa

aprendizagem significativa, que busque a formação de um aluno pesquisador, autor,

autônomo? Ou estão centradas nas necessidades burocráticas de uma escola, ou, até mesmo,

31

na comodidade de alguns professores, que, às vezes, se escondem atrás de um número. Um

número, como um valor arbitrário, esconde o professor, que pode atribuir uma nota qualquer a

qualquer aluno. Mas se esse aluno questionar o porquê de ter tirado um 8, um 7 ou um 6, o

professor terá que explicar os seus parâmetros avaliativos.

Então, essa prática de conceitos, notas, pareceres, o investimento da escola em

processos de registro, esse grande gasto de energia, tudo isso acaba por desvirtuar o próprio

sentido do processo avaliativo, que está no cotidiano da escola, que está, sim, na

realização de testes e tarefas, mas com a finalidade de auxiliar e orientar o aluno para uma

aprendizagem cada vez mais significativa.

Vale lembrar que a

“Importância da avaliação vem crescendo na medida em que a

educação ganha mais espaço. No entanto, é difícil dizer que há, hoje,

apenas uma visão a esse respeito. Existem muitas concepções teóricas e

muitas práticas distintas acerca do que significa avaliar. Assim, quando

se fala em avaliação precisamos esclarecer o que estamos falando. A

avaliação do desempenho dos alunos deve ser entendida sempre como

instrumento a serviço da aprendizagem, da melhoria do ensino do

professor, do aprimoramento da escola. Avaliamos para aumentar nossa

compreensão do sistema de ensino, de nossas práticas educativas, dos

conhecimentos de nossos alunos. Avaliamos também para esclarece-los

a respeito de seus pontos fortes e fracos, dos conteúdos que merecem

mais atenção, onde devem centrar esforços. Avaliação, nesse sentido,

permite a tomada de consciência de como estamos nos saindo.

Avaliamos para qualificar a aprendizagem, identificar problemas,

encontrar soluções, corrigir rumos e acertar o passo de”. todos e de

cada um.”2- (Módulo IV Progestão 2001-98-99)”.

Visa-se, assim, fazer da avaliação um elemento de motivação para o alunado e

não apenas uma forma de controle de seus processos de aprendizagem.

Enfim,...Na avaliação educacional, as situações são

semelhantes àquela do observador sem instrumentos, provas e

trabalhos escolares não são instrumentos de medida no sentido

canônico da expressão, mas simples meios auxiliares que

subsidiam avaliação pessoal que o professor faz aprendizagem

32

de seus alunos após um período de ensino (Nelson Piletti,

1998).

11-CONCLUSÃO

Consideramos que desde o inicio existencial dos seres humanos, cada individuo

tribos e instituições têm desenvolvido processo de avaliação para preparar os seres humanos

para viver de acordo com seus costumes, crenças e formas de entender o dia a dia para sua

sobrevivência.

Alguns sociólogos afirmam que, a estabilidade da avaliação chinesa foi devido a

alguns fatores figurando entre eles o exame cuja finalidade, era selecionar candidatos ao

serviço público.

A maioria das formas de avaliação era oral, outras como nas tribos indígenas

eram testes de resistência como, por exemplo: colocar a mão sobre a caloria de fogos e

picadas de insetos entre outros.

Na idade média, durante o período mosaico, apostólico e patrístico, verifica-se

uma intensa espiritualidade voltada para o conhecimento de realidades. Superando assim a

inteligência mediante a aceitação da fé, dos dados e da revelação divina. Predominando o

método racional/tradicional e o argumento das autoridades, consistindo em admitir uma

verdade ou doutrina, baseadas no valor intelectuais e morais de quem propõem ou professa.

Isso é, repetir integralmente aquilo que lia e ouvia.

Era a prova mais convincente do saber.

O renascimento, por outro lado, manifestava o movimento do humanismo

nitidamente diferenciado, distinguido duas correntes: a corrente do humanismo cristão e a

corrente do humanismo pagão.

O humanismo pagão contribuía para a avaliação através de uma orientação

psicológica, visando atender as diferenças individuais de cada aluno, afim de prepará-los para

a vida de acordo com suas necessidades, interesses e aptidões. A corrente de humanismo

pagão exalta a individualidade humana, considerando como um fim em si mesma.

Nos tempos modernos surgiram vária invenções que contribuíram imesamente

com a evolução cultural do povo como: a imprensa, livros, escolas e bibliotecas.

33

Nesse tempo, para levar os pensamentos em ordem, começando pelos os objetos

mais simples, e mais fáceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco, como por degraus,

aos conhecimentos mais simples.

Entretanto escolas religiosas, protestantes e as católicas insistiam nas aquisições

e nos exames orais.

Na idade contemporânea, surgi à necessidade de construir um sistema educativo

inteiramente novo, no qual, a educação da criança ao domínio exclusivo e absorvente do

estado.

Com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases em 1988 e aprovada 1997, foi

contemplado nesta lei o processo avaliativo no artigo 24 inciso V, que determina o critério de

avaliação e contínua e acumulativa de acordo com o desempenho do aluno no aspecto

qualitativo e quantitativo. Na verdade muitos usam esses critérios apenas para aprovar ou

reprovar os alunos.

Uma das avaliações que alcançou grande difusão no Brasil foi a avaliação

governamental do ensino que tem principal objetivo de diagnosticar problemas no sistema de

ensino e os exames aplicados aos alunos não pretende avalia-los, mas avaliar a qualidade de

ensino que está sendo desenvolvida entre eles para procurar formas a melhorar o sistema de

ensino de nosso pais.

Pelo que detectamos existiu diversas formas de avaliar e, cada uma delas serviu

para que os seres humanos chegassem onde estamos hoje.

Na verdade, mediante as reprovações e defasagens de conhecimento que

encontram nossos alunos, hoje, é preciso parar e refletir em de que forma estamos avaliando

nossos alunos, se esta avaliação está servindo para aprovar ou reprovar o aluno.

A avaliação deve ser feita de forma para contribuir para formar um individuo

capaz de resolver os conflitos encontrados no dia a dia.

Sendo assim um verdadeiro cidadão, conhecedor e capaz de exercer sua

cidadania.

A verdadeira avaliação que pode alcançar êxodo na formação de nossos docentes

deve ser de forma diagnóstica, formativa e somativa, não para aprovar ou reprovar, mas para

detectar as dificuldades do mesmo, e a partir daí, procurar técnicas, formas pela qual

possamos fazer com que desenvolvam seus conhecimentos e possam chegar no final do ano

com índice de conhecimento satisfatório e não apenas uma nota e sim conhecimento.

Enfim, de acordo com os levantamentos de dados sobre o sistema de avaliação

escolar, notamos o grau de complexidade e seus domínios sobre a vida escolar e social dos

34

educandos, onde através da avaliação o educador poderá estar condenando seus alunos a uma

pena cruel, sem que ele perceba o que esteja fazendo. Portando, se torna necessário a cada

educador se informar e se conscientizar sobre o seu papel para poder exercer a função de

educador e ao mesmo tempo dar condições para que nossos alunos possam exercer sua

cidadania. E este trabalho pode ser entendido como facilitador da visão do que é uma

avaliação do desempenho escolar e que os profissionais que atuam na educação possam se

conscientizar que a avaliação pode servir de ferramenta para suposta exclusão social.

BIBLIOGRAFIA

1-Avaliação Escolar. Disponível em: www.Projetoeducar.Com.br/avalia em fevereiro 2003.

2-BECKER, Fernando. Da ação à operação: o caminho da aprendizagem em J. Piaget e 3-3-

3-P.FREIRE. 2ª ed., Rio de Janeiro: D P & A Editora e Palmarinca, 1997.

4-Enciclopédia Microsoft® Encarta®. © 1993-2001 Microsoft corporation.Proença,

5-FRANCO Sérgio Roberto Kieling. O construtivismo e a educação. 2ª ed. Porto

1111Alegre: Mediação, 1998.

6-FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

7-GENTILE, Paola. Avaliar para crescer. 138 ed. São Paulo: Revista Nova Escola, 2000.

8-GUIMARÃES, Camila. PELLEGRINI, Denise. Avaliação: o check-up do ensino.

9-Disponível em: www.uol.Com.br/novaescola/ed/104_ago97/html/repcapa.Htm em outubro

ll11lllde2003.

10-HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-

111111escola À universidade. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.

11-Avaliação mito § desafio: uma perspectiva construtiva. 29ª ed. Porto Alegre: 2000.

12-MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:

111111EPU, 1986.

13-Módulo IV Progestão. Davis, Claudia Lemes F. Grosbaum, Marta Wolak, Brasília 2001-

1111198-99.

14-OLIVEIRA, S. Roseli. MACEDO, Hercules. O professor e a avaliação;

15-Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª séries). Brasília: MEC/SEF, 1997. 10 volumes.

16-PILETTI, Nelson (1988) Série Educação, Estrutura e Funcionamento do Ensino

111111Fundamental. 23ª Edição. Editora Ática.

17-RIBEIRO, Sérgio Costa & FLETCHER, Philip R. (1987). "O ensino de 1º grau no Brasil

111111hoje". Em aberto 6, INEP/MEC, p. 1-4.

35

18-SANT'ANNA, Ilza Martins. Porque avaliar? Como avaliar? Critérios e Instrumentos. 5ª

111111ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

19-KLEIN, Ruben & RIBEIRO, Sérgio Costa (1991). "O Censo Educacional e o Modelo de

111111Fluxo: O problema da repetência". Revista Brasileira de Estatística vol. 52, IBGE,

111111pp. 5-45.

20-KLEIN, Ruben (1995). "Produção e Utilização de Indicadores Educacionais", 2ª versão

111111preliminar.