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A IMPORTANCIA DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
João do Rozario Lima
INTRODUÇÃO
Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em "Avaliação
Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém analisada com muita
dedicação e sensatez onde, alunos, mestres e responsáveis possam: ler, avaliar e talvez ter
como parâmetro, o assunto contido neste trabalho.
Em virtude da disciplina de "Monografia", realizamos este trabalho, de forma
prazerosa e uma vez que, esta disciplina exige que nós, educadores, escolhamos e
desenvolvamos um tema de nossa preferência.
O tema "Avaliação Escolar". Foi escolhido por nós, devido ao assunto que é
polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos problemas no
desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu público adequadamente, quer
dizer, se relacionar com eles conforme os novos conceitos das relações sociais e como
entender as múltiplas dimensões do exercício da cidadania e até que ponto a avaliação escolar
pode afetar a vida escolar e social dos educandos, percebe-se que existe descontentamento no
ambiente escolar, tanto de educadores como de educandos, pois, as escolas apresentam
diferentes critérios de avaliação do rendimento escolar, com isso, afasta o aluno da instituição
e da sociedade.
No entanto o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem do sistema de
avaliação do ensino e a aprendizagem, para que e as instituições escolares públicas e privadas
percebam que não podem medir e transformar de zero a cem a aprendizagem dos educandos.
Analisar os instrumentos de avaliação onde, os objetivos são distorcidos e muitas
vezes usados para castigar os alunos e ameaça-los a reprovação. Isso tem ocorrido
freqüentemente em muitas escolas para pegar os alunos desprevenidos, causando assim medo,
ou melhor, pânico entre os educandos.
Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do
sistema de avaliação desde Antiguidade até o momento presente. Em seguida, explanamos
sobre alguns tipos de avaliação e depoimentos de alguns educadores na área de pedagogia.
A partir desta pesquisa chegamos a uma conclusão de forma respeitosa e convicta
que este trabalho pode contribuir muito para todos os que de alguma forma participam do
processo educativo.
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1- PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO
Considerando-se a avaliação como um processo, veremos os acontecimentos
dinâmicos, em evolução, sempre em continuas mudanças.
Assim o atual sistema de avaliação é mais um marco neste longo processo
histórico-educacional.
Através do tempo, são verificados as principais tendências e desenvolvimento do
processo avaliativo em diferentes fases históricas tais como: Idade Antiga, Idade média,
renascimento, tempos modernos e idade contemporânea.
1.1 Idade Antiga
Na história antiga, encontra-se diversas formas de avaliação. Em algumas tribos
primitivas, adolescentes eram submetidos a provas relacionadas com seus usos e costumes. Só
depois de serem aprovados nessas provas eram considerados adultos.
Alguns sociólogos afirmam que a estabilidade da civilização chinesa foi devida a
cinco fatores, figurando entre eles o seu sistema de exames, cuja finalidade era a de selecionar
candidatos ao serviço público. Ainda em 360 a.C. esse sistema exercia uma profunda
influência na educação, na preservação da tradição e dos costumes e, sobre tudo, na política,
oferecendo a todos os cidadãos possibilidades de acesso aos cargos de prestígio e poder.
No livro dos juizes, 12:5, 7 encontra-se a primeira noticias sobre os
exames orais e também sobre os testes conforme a citação bíblica
“E tomaram os gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e
quando algum dos fugitivos de Efraim dizia: Deixai-me passar; então
os homens de Gileade lhe perguntavam: És tu efraimitas? E dizendo
ele: Não; então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia:
Sibolete, porque não o podia pronunciar bem. Então pegavam dele, e
o degolavam nos vaus do Jordão. Caíram de Efraim naquele tempo
quarenta e dois mil.
Jefté julgou a Israel seis anos; e morreu Jefté, o gileadita, e foi
sepultado numa das cidades de Gileade.
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Observa-se que nesta passagem, todas as vezes que os Efraimitas desejassem
passar o Jordão, deveriam responder com a palavra Sibolete. Ao ouvirem, os Efraimitas
pronunciar Chibolete, notavam a fraude.
Só aqueles que pertenciam às tribos amigas conseguiam pronunciar corretamente
essa palavra.
Quarenta e dois mil Efraimitas perderam a vida por fracassarem nesse teste.
Entre os gregos, em Esparta, os jovens eram submetidos a duras provas, através
de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande resistência à
fadiga, à fome e à sede, ao calor e ao frio e à dor.
Entre os seus padrões morais, o roubar com astúcia e destreza merecia menção
honrosa.
Em Atenas, encontra-se Sócrates, que submetia seus alunos a um exaustivo e
preciso inquérito oral que ainda é utilizado, atualmente, por muitos educadores em suas
atividades de classe, durante as argüições ou questionários orais. “O conhece te a ti mesmo”
no qual empenhou toda a sua vida de sábio. Apontava a auto-avaliação como um pressuposto
básico para o encontro com a verdade.
Seu método pedagógico também chamado maiêutica pôs em evidência o processo
da conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.
Os romanos limitaram-se a vulgarizar o sistema grego de ensino, adaptando-o de
acordo com espírito latino.
1.2 Idade Média
Porém, a Idade Média, caracteriza-se por uma intensa espiritualidade, durante os
períodos apostólicos, patrístico e monástico, verifica-se um grande interesse pelo
conhecimento de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentido, de ordem supra-
sensíveis; ou por um conjunto de verdades a que os homens chegaram não com o auxilio de
inteligência, mas mediante a aceitação da fé, dos dados da revelação divina.
Predominaram, portanto, o método racional (tradicional) e o argumento de
autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não suscetíveis de comprovação
experimental, e o segundo consistindo em admitir uma verdade ou doutrina, baseada apenas
no valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou professa.
Aceitava-se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto.
Repetir, portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber.
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A atenção e a memória eram os agrupamentos operatórios de pensamento mais
valorizados nas escolas desta época.
Mais tarde, entre os educadores escolásticos, encontra-se Santo Tomás de Aquino
(1225-1274) combatendo o método a priorístico e o respeito exagerado a autoridade dos
antigos.
Deixou uma obra de pesquisa objetiva que causa admiração aos cientistas
contemporâneos.
Mas as instituições escolares que maior influência tiveram neste período é que
constituíram as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram as
universidades.
Nestas universidades, os estudos, destinava-se principalmente, a formação de
professores.Os graus universitários compreendiam o bacharelado, a licença e o doutorado.
Os que venciam o bacharelado, deveriam prestar exames a fim de conseguir
exame para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de trechos selecionados
por grandes mestres.
Quanto ao doutorado, só aos mestres que liam publicamente o livro das sentenças
de Pedro Lombardo, era conferido este título, e mais tarde, somente aqueles que defendiam
teses.
Os doutores medievais ao refletirem sobre o irracional, preparam os caminhos da
razão e abriram novas perspectivas para a avaliação.
Santo Tomás, no tratado dos anjos, nos oferece análise da operação intelectual,
cuja sutileza e profundidade imprime uma orientação nova no pensamento cristão.
Mas o caráter básico desta direção continua ainda sendo o teocentrismo, centro de
gravitação de toda a Idade Média.
1.3 Renascimento
Por outro lado, o Renascimento manifestava o movimento do humanismo em
duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a corrente do humanismo
cristão e corrente do humanismo pagão.
Enquanto que, a corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para
a avaliação através de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais
dos alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas necessidades,
interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a individualidade humana,
considerada como um fim em si mesma; a super valorização do eu individual sem quaisquer
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vínculos com valores transcendentais. Este humanismo viria mais tarde imprimir no
pensamento moderno seu caráter predominantemente naturalista.
De qualquer forma a originalidade da renascença reside nesta posição nova que o
homem assumiu daí por diante em face da natureza, não se interessando por chegar ao seu
conhecimento através de operações puramente dialéticas, mas procurando interroga-lo em
função dos seus fenômenos, desvendando-lhe os segredos, descobrindo-lhes as causas.
Dessa maneira era fundada a ciência moderna.
Entre os educadores desta época, destaca-se Vitorino de Feltre, considerando o
mais notável educador italiano.
“Quero ensinar os alunos a pensar e não a disparatar”.
Para verificar o aproveitamento do aluno, mandava-o ler, em voz alta. Conforme
a expressão que dava à leitura, julgava-o habilitado ou não.
Exigia linguagem culta, pronuncia correta e tom de voz moderado.
Era inflexível no que diz respeito à moralidade e às boas maneiras.
1.4 Tempos Modernos
Durante a tomada de Constantinopla pelos turcos, os sábios bizantinos se
refugiaram na Itália. E levaram consigo a obra mais importante dos escritores da antiguidade,
despertando, desta maneira, um grande interesse pelo estudo das línguas antigas.
Foi nesta época que se formaram as nacionalidades e que surgiram as obras
primas das línguas modernas. Mas, foi invenção da imprensa a que mais contribuiu para o
desenvolvimento de todas as formas de atividade intelectual.
Multiplicaram-se os livros. E se tornaram acessíveis a todos.
Fundaram-se escolas e criaram-se bibliotecas.
Alguns aspectos da pedagogia desta época nos possibilitam tirar algumas
inferências sobre a maneira como os educadores avaliavam o aproveitamento do aluno.
De acordo com René Descarte, as quatro regras próprias para encaminhar o
espírito na busca da verdade:
“1- nada se admiti como verdadeiro se não se conhece evidentemente
como tal. É a regra da evidencia.
2- dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas se
puder e for exigido para sua melhor resolução. É o princípio da
análise.
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3- levar os pensamentos em ordem começando pelos objetos mais
simples e mais fáceis de serem conhecido para subir, pouco a pouco,
como por degraus, aos conhecimentos, mais complexos. É a regra
assíntese.
4- Fazer em todas a parte enumerações tão completas e inspeções
tão gerais que esteja certo de nada omitir. É a regra da verificação.”
Essas regras, ainda hoje, são de uso constante na prática da avaliação.
As escolas religiosas, tanto as protestantes, como as católicas insistiam nas
argüições, nos exames orais.
Em 1702, em Cambridge, na Inglaterra, foi utilizado, pela primeira vez, o exame
escrito.
1.5- Idade Contemporânea
Compreendida entre o fim do século XVII, XIX e XX.
Surge a necessidade de se construir um sistema educativo inteiramente novo no
qual a educação da criança passa ao domínio exclusivo e absorvente do Estado. Há forte
reação contra o ensino humanista tradicional, dando relevo predominante nos planos
educativos às ciências naturais, às línguas modernas e aos trabalhos manuais.
Surge laicismo e uma forte influência das idéias materialistas e anticlericais do
racionalismo, do Enciclopedismo e do Naturalismo.
Nos fins do século XVII houve uma forte reação contra o ensino vigente.
Nos séculos XIX e XX predominaram as seguintes correntes pedagógicas: o
individualismo, o socialismo, o nacionalismo e pragmatismo.
Ainda hoje podemos encontrá-los, informando um grande número de teorias
educacionais.
No inicio do século XX predominaram as tendências pedagógicas que colocaram
em primeiro plano o problema técnico da educação.
Atualmente a tecnologia educacional se firma como uma maneira nova de pensar
a educação e de fazer frente aos problemas educacionais.
Também um movimento em prol da reabilitação dos valores espirituais acentua,
alem da necessidade de formação intelectual e cientifica, a formação ético-religiosa.
2-PROCESSO HISTÓRICO AVALIATIVO NACIONAL
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A historia da avaliação se mistura com a nossa própria colonização. A avaliação
como sinônimo de provas e exames é uma herança que data de 1599, trazida ao Brasil pelos
jesuítas.
No Brasil colonial as principais escolas foram jesuíticas onde,... Sua tarefa
educativa era basicamente aculturar e converter “ignorantes” e “ingênuos”, como os
nativos, e criar uma atmosfera civilizada e religiosa para os degredados e aventureiros que
para cá viessem.(história da educação, Prado, Maria Eizabeth Xavier, 1994 p 41).
Entre 1554 e 1570 foram fundados cinco escolas de instrução elementar (Porto
Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, São Vicente, São Paulo) e três colégios (Rio de Janeiro,
Pernambuco e Bahia).
O ensino elementar que tinha a duração de seis anos ensinava Retórica,
Humanidades, Gramática Portuguesa, Latim e Grego. Nas classes posteriores, a duração era
de três anos e as disciplinas ministradas eram a Matemática, Física, Filosofia (lógica, moral,
metafísica), Gramática, Latim e Grego.
Depois de 1759, com a expulsão dos jesuítas, outras ordens religiosas dedicaram-
se à instrução, como a dos carmelitas, beneditinos e franciscanos.
Em 1792 o marquês de Pombal implantou o ensino público oficial através de uma
... solução paliativa, através das chamadas Aulas-Régias. Eram aulas avulsas, sustentadas
por um novo imposto colonial, o “subsidio literário”, paradoxalmente criado treze anos
após o decreto que as instituíra. (idem, ibidem p 52).
No início do século XIX, com a presença da corte no Brasil, foram criados cursos
de nível superior: a Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810),
Academia Médico-cirúrgica da Bahia (1808) e Academia Médico-cirúrgica do Rio de Janeiro
(1809). Em seguida surgiram cursos de nível técnico em Economia, Botânica, Geologia e
Mineralogia e, em 1834, o Ato Adicional atribuiu às províncias a criação e manutenção do
ensino primário. Na segunda metade do século apareceram colégios particulares, na maioria
católicos.
Obedecendo a ordem cronológica de introduções de novos cursos e ou
estabelecimentos de ensino e de reformas educacionais ou curriculares, pode-se apresentar o
seguinte quadro da educação no Brasil:
Em 1879, a reforma de Leôncio de Carvalho instituiu a liberdade de ensino,
possibilitando o surgimento de colégios protestantes e positivistas.
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Em 1891, Benjamim Constant, baseado nos ensinamentos de Augusto Comte,
elaborou uma reforma de ensino de nítida orientação positivista, defensora de uma ditadura
republicana dos cientistas e de uma educação como prática anuladora das tensões sociais.
Entre 1920 e 1930 ocorreram várias reformas estaduais com novas propostas
pedagógicas (Fernando de Azevedo no Rio de Janeiro, Anísio Teixeira na Bahia e Francisco
Campos em Minas Gerais).
Em 1922, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de Fernando de Azevedo
e outros 26 educadores, condenaram o elitismo na educação brasileira, preconizando uma
escola pública gratuita, leiga e obrigatória.
Buscando um ensino para a classe menos favorecida, no seu artigo 129 da
Constituição do Brasil, decretada em 1937 ampara...
“À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários
à educação em instituições particulares é dever da Nação, dos
Estados e dos Municípios assegurar, pela fundação de instituição
pública de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de
receber uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e
tendências vocacionais”.
Em 1930, Francisco de Campos criou o estatuto das Universidades e organizou o
ensino secundário. Foi então fundada, em 1934, a Universidade de São Paulo e, 1937, a então
Universidade Nacional do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Durante o Estado Novo foram promulgadas as leis orgânicas do ensino, dividindo
o curso secundário em ginasial e colegial (clássico ou científico), criando o ensino
profissional ministrado através das empresas e industrias tais como o Serviço Nacional da
Indústria (Senai) e o Serviço Nacional do Comércio (Senac).
No ano de 1959, defensores da escola pública lançaram o Manifesto dos
Educadores, assinado por 185 educadores e intelectuais, entre eles, Anísio Teixeira, Lourenço
Filho, Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso.
Em 1960 surgiram as primeiras iniciativas de educação popular, voltada, também,
para o atendimento à população adulta como o Movimento de Educação Popular liderado por
Paulo Freire, cuja proposta foi adotada por inúmeros países da América Latina e da África e,
o Movimento de Educação de Base, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB).
No período entre 1970 e 1985, durante os governos militares, foi desenvolvido o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), cuja proposta era o atendimento em âmbito
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nacional da população analfabeta, através de programas de alfabetização e de educação
continuada para adultos e adolescentes.
A aprovação da primeira lei de Diretrizes e Bases, em 1961, garantiu o direito à
educação em todos os níveis, criou o Conselho Federal de Educação (1962), fixou os
currículos mínimos e garantiu a autonomia às universidades.
Hoje a educação sistemática do Brasil está dividida em vários níveis: Inicialmente
o ensino pré-escolar que atende a criança até a idade de 6 anos e, está subdividido em cursos
maternais, de jardim da infância e a pré-escola, quando começa a alfabetização.
Posteriormente, a criança ingressa no ensino primário ou de primeiro grau que é
seguido sucessivamente pelo ensino secundário ou de segundo grau, pelo ensino superior ou
de terceiro grau e, finalmente, poderá ter acesso a um quarto nível de ensino que diz respeito à
pós-graduação.
Para melhor atendimento à população estudantil mais carente o Ministério da
Educação e Cultura (MEC) desenvolve a partir de 1995 programas voltados especificamente
para essa área, onde são observados maiores índices de repetência.
Em alguns estados há projetos educacionais envolvendo os pais, através do
programa bolsas-escola, voltado para as famílias com renda per capita inferior a R$50,00.
Outras iniciativas encontram-se em desenvolvimento como o Projeto TV-escola
que adota avanços tecnológicos como mais um recurso didático ou sejam as adoções da
televisão, vídeo, fitas e a introdução da informática.
O acompanhamento dos cursos é efetuado pelo Sistema Nacional de Avaliação do
Ensino Básico para verificar o aproveitamento dos alunos dos primeiro e segundo graus e pelo
Sistema Nacional de Avaliação de Cursos, para os do terceiro grau.
O analfabetismo, centro de preocupações constantes, vem apresentando quedas
constantes: 20,1% em 1991 para 14,5%em 1997, entre a população com 15 anos ou mais. No
entanto entre a população rural esse índice continua alto: 31,2%. O governo federal no intuito
de diminuir esse índice lança... O Programa Comunidade solidária. A meta é reduzir o
analfabetismo nas cidades mais pobres do pais situadas em estados como Piauí, Amazonas, e
Paraíba. Até o segundo semestre de 1999.(Almanaque Abril Especial 2000 p 95)
Os principais estudos comparativos sobre os resultados da aprendizagem se
tornaram possíveis graças à Associação Internacional para a Avaliação Educativa. Entre 1960
e 1995 foram realizados 14 estudos internacionais concentrados nos níveis de alfabetização,
nas matemáticas e nas ciências. Todos são caracterizados pelo uso de instrumentos idênticos
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de avaliação para registrar a aprendizagem obtida nestas áreas específicas. Posteriormente são
aplicados a grupos da mesma idade ou do mesmo nível escolar nos países estudados.
3- LEI DE DIRETRIZES E BASES E A AVALIAÇÃO
De acordo com Lei de Diretrizes e Bases que foi projetada, em 1988, e aprovada
em 1997, nesta lei a o processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V, que diz a
verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
aluno, com prevaleça dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais:
b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar;
c) Possibilidade de avanços nos cursos e nas séries
mediante verificação do aprendizado;
d) Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) Obrigatoriedade de estudo de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
rendimento escolar a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seu regimento.
O docente deve valorizar o processo de formação mais adequadamente, não
acrescentando na prova final somente a nota daquela avaliação, embora seja regimental. Uma
reflexão importante está em alguns casos na mudança de procedimento.
Como se observa, a Lei usa a expressão “verificação do rendimento escolar.
Verificar, numa de suas acepções, quer dizer comprovar; rendimento pode ser entendido
como eficiência. Então de acordo com a lei, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos
nas atividades, ou seja, avaliar o êxito por eles alcançado no processo de ensino
aprendizagem”.
Mas, quando se trata em comprovar esse êxito e como avaliar se torna complexo.
Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida pode-se dispor de instrumentos
precisos tais como: régua balança, etc. E quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos a
medida. Ao contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação.
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Na avaliação escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um
processo humano contínuo.
Por outro lado, para tentar contornar esse problema e evitar avaliações
precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento seja generalizada para todo o
processo, deve-se proceder a uma avaliação continua que capte o desenvolvimento do
educando em todos os seus aspectos.
Na concepção de César Coll, há três modalidades de avaliação: avaliação inicial,
avaliação formativa e avaliação somatória.
Atualmente os objetivos da avaliação visam tanto o processo de aprendizagem
quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em
relação às provas escolares é a avaliação permanente, que se realiza com outro tipo de meios,
entre os quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano
escolar. A avaliação é, assim, realizada para obter sobre o aluno uma informação mais
abrangente que a simples e pontual referência das provas.
A avaliação tem função legitimadora da ideologia das sociedades modernas. Os
bons resultados acadêmicos são vistos como indicadores das aptidões que darão ao indivíduo
possibilidades de progredir e ter êxito.
No entanto, recentemente o interesse está concentrado em reduzir os efeitos
negativos da avaliação no sistema escolar e sua repercussão individual sobre os estudantes.
4-AVALIAÇÕES GOVERNAMENTAIS DO ENSINO
Uma modalidade de avaliação que nos últimos anos alcançou uma grande difusão no Brasil, a
exemplo do que já vem ocorrendo há mais tempo em outros países, é a avaliação que tem
como objetivo principal diagnosticar problemas nos sistemas de ensino. Os exames realizados
pelos alunos nesse caso, não pretendem descobrir se cada estudante está conseguindo atingir
os objetivos propostos pelo ensino escolar, mas, inversamente, buscam verificar se os
sistemas de ensino estão dando conta do seu principal objetivo, ou seja, de ensinar aos alunos
aquilo que se considera necessário que eles aprendam. O principal aspecto positivo desse tipo
de avaliação, que é feita pelo governo dos países, é o reconhecimento de que o Estado é
responsável pela oferta de um ensino de qualidade às crianças, jovens e adultos. Isso significa
assumir que não se pode continuar culpando os alunos pelo fracasso escolar.
Quando são bem feitas essas avaliações permitem elaborar um diagnóstico da situação
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educacional do país, verificar os fatores que mais interferem na melhoria ou na queda da
qualidade do ensino e estabelecer prioridades. Também nesse caso, porém, é fundamental
estabelecer objetivos adequados para o ensino. Pretender que todas as escolas, públicas e
particulares, de todas as regiões do país tenham o mesmo desempenho, por exemplo, é
desconhecer que as escolas são diferentes, entre outras coisas, porque as características dos
alunos a que atendem são diversas. Sendo assim, o estabelecimento de critérios rígidos ou mal
formulados pode prejudicar o próprio desenvolvimento do sistema educacional, tornando-o,
por exemplo, ainda mais seletivo, para atingir um nível de excelência que nem todos os alunos
podem alcançar. No Brasil, as principais formas de avaliação empregadas atualmente pelo
governo para verificar o desempenho dos sistemas escolares são o Saeb (Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica) e o Exame Nacional de Cursos, conhecido como Provão.
"O Saeb é aplicado de dois em dois anos para medir o desempenho dos sistemas de ensino.
Trata-se de uma avaliação em larga escala, realizada com alunos da 4.a. e 8.a. séries do
Ensino Fundamental e 3.a. série do Ensino Médio”.(CASTRO, 2000, p. 27).
Enfim, o Provão, instituído em 1996 constitui um dos elementos que compõem o
sistema de avaliação dos cursos de graduação, que fiscaliza as instituições superiores onde
provocou uma um grande impacto que
..é notado sobretudo na busca de qualidade por parte da
instituições privadas de ensino superior atualmente estas
escolas tem que cumprir as exigências da LDB...no final de
1999, como resultado da aplicação do Provão, doze escolas
superiores privadas tiveram a autorização e renovação de
funcionamento negada.(Almanaque Abril 2000 p. 94)
5. FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
Se o sistema escolar brasileiro funcionasse plenamente, entrariam para escola
todas as crianças em idade de faze-lo e todas, sem exceção, passariam normalmente de uma
série para outra, até concluírem a escolaridade obrigatória.(Nelson Piletti, 1988, p 94).
As estatísticas educacionais sobre movimentação e fluxo escolar foram tratadas
erradamente por muito tempo no Brasil. Trabalhos recentes do Ribeiro e Fletcher (1987),
Fletcher e Ribeiro (1988), Ribeiro (1991), Klein e Ribeiro (1991) e Klein (1995) apontam os
erros e apresentam duas metodologias de correção destas estatísticas.
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Estes autores mostram que o acesso à primeira série do primeiro grau está
praticamente universalizado, uma vez que pelo menos 95% têm acesso a esta série. Já a
conclusão do primeiro grau está longe de ser universal, pois em 1990 somente 45% estavam
concluindo o primeiro grau, seja via sistema regular seja via supletivo de ensino. Ao mesmo
tempo, os trabalhos mostram que o número de matrículas no primeiro grau era maior do que o
número de crianças de 7 a 14 anos.
Os autores demonstram que o grande problema do sistema educacional brasileiro
é a repetência e não a evasão. Cerca de 50% dos alunos matriculados no sistema regular de
ensino, repetem a primeira série a cada ano enquanto somente 2% se evadem. Considerando-
se as oito séries do primeiro grau, 33% dos alunos repetem uma série a cada ano, enquanto
somente cerca de 5% saem do sistema regular de ensino sem concluí-lo. Os alunos passam em
média cerca de nove anos no primeiro grau e os que concluem o fazem em média em onze
anos. A grande maioria dos alunos tem pelo menos uma repetência no primeiro grau, mas
insiste em ficar na escola, só saindo após vários anos por não conseguir progredir.
Os dados da "Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios” (PNAD) do IBGE,
coletados anualmente entre setembro e novembro, indicam que em 1990, 90% das crianças de
9 e 10 anos estavam freqüentando a escola e que 72% das crianças de 14 anos estavam
matriculadas, em qualquer uma das séries do primeiro grau do ensino regular.
Estes indicadores de movimentação e fluxo escolar, embora úteis para nos dar
uma idéia da eficiência do sistema, não nos fornece informações sobre a qualidade do ensino
oferecido aos alunos. Poderíamos especular que os altos índices de repetência fossem devido
a um alto grau de exigência par aprovação, e que os concluintes fossem alunos altamente
qualificados. Infelizmente, dados sobre o desempenho de alunos em exames vestibulares e nas
avaliações realizadas pelo Sistema de Avaliação Da Educação Básica (SAEB) em 1990 e
1993 indicam que as altas taxas de repetência são acompanhadas de um ensino de baixa
qualidade.
Neste contexto torna-se indispensável a criação e manutenção de um sistema de
avaliação de aprendizagem capaz de fornecer informações consistentes, periódicas e
comparáveis sobre o desempenho dos alunos.
Devemos entender a avaliação como termômetro da educação, o que não
equivaleria dizer ou continuar com a retórica aplicada por muitos que desde sempre estamos
passando provas e rabiscando suas respostas de vermelho. As implicações vão mais longe do
que se imagina. Os testes criam nos alunos e nos professores uma cultura que nada tem com o
aprender. Desde muito cedo, os assuntos que interessam nas salas de aula passam a ser: o que
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vai cair na prova? São saber quais páginas devem ser decoradas. O próprio professor divide o
saber em segmentos. Apesar de todo conteúdo programático seguir uma seqüência lógica em
que um assunto se apóia em outro, nas provas e testes só cai a matéria do bimestre, como se a
cada dois meses uma disciplina completamente nova surgisse do nada, tornando desnecessário
o que foi aprendido antes.
A função da avaliação dentro desse conceito seria a de diagnosticar, reforçar e
permitir crescer. Assim, o papel do professor é o de um conselheiro, de um orientador, e não o
de um juiz, júri e executor. A abordagem da avaliação como "punição" é substituída pela
abordagem da "melhoria contínua". O homem hoje tem de processar informações de um
modo muito diferente do de ontem. Nossos mestres gostariam que compreendêssemos o que
nos ensinam nos mínimos detalhes, mas a sobrecarga é muito grande. A quantidade de
informações é excessiva. O segredo é, portanto, "escanearmos" o que realmente importa e a
escolha desse conteúdo e sua aplicação em benefício de um crescimento individual e coletivo
que diferencia o sábio do prepotente.
A concepção de avaliação que perpassa essa lógica é a de um processo que deve
abranger a organização escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho
docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagem do aluno e, ainda, a relação
com a sociedade.
Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito de
avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das camadas populares, porque
são elas que mais têm sofrido como o modelo de escola atual. E, se o movimento amplo da
sociedade impõem um novo tipo de escola, impõem, também, a necessidade de um novo
referencial para a constituição dos processos de avaliação.
A avaliação é um exercício mental que permite a análise, o conhecimento, o
diagnóstico, a medida e/ou julgamento de um objeto. Esse objeto deve ser a própria realidade
e daqueles que a fazem. Avaliar seria um processo de autoconhecimento e, também, o
conhecimento da realidade e da relação dos sujeitos com essa realidade. Seria um processo de
análise, julgamento, re-criação e/ou ressignificação das instituições que fazem parte dessa
realidade e das pessoas que a mantêm.
Questionam-se, assim, os processos de avaliação da aprendizagem dos alunos que
estão, usualmente, centrados num desempenho cognitivo, sem referência a um projeto
político-pedagógico de escola, e, ainda, o sentido das avaliações escolares que se têm
direcionado, especialmente, para o ato de aprovar ou reprovar os alunos.
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Ao lado desses aspectos, surge uma as questões mais controvertidas nas práticas
de avaliação: os registros numéricos na aferição do rendimento dos alunos. A Escola Plural
propõe a abolição total das notas. Considera esses registros arbitrários porque
unidirecionados, já que são de total responsabilidade do professor, que assume o papel de juiz.
Questiona as provas, usualmente empregadas como instrumentos únicos de avaliação, e critica
o fato de serem mal elaboradas e sem critérios claros de aferição da aprendizagem dos
conteúdos específicos ensinados. Considera que existe uma visão reduzida e equivocada do
processo de avaliação, já que a nota, produto concreto dessa verificação, reflete apenas o
resultado do desempenho cognitivo do aluno, e nunca o processo educativo que o levou a tal
resultado.
Em oposição, o conceito alternativo de avaliação baseia-se na perspectiva de
interestruturação do conhecimento, entendendo a ação de avaliar como processual e
reveladora das possibilidades de construção de um processo educativo mais rico e mais
dinâmico. Parte do pressuposto de que as diferenças são positivas e fundamentais para o
crescimento dos sujeitos no processo de conhecimento da realidade.
Mais uma vez, o campo da discussão dos valores torna-se prioritário. Se a
educação é concebida como um direito à escola e as diferenças são positivas e fundamentais
para o crescimento dos sujeitos e do grupo do qual fazem parte, não caberia à escola o papel
de classificar, excluir ou sentenciar os alunos. A avaliação deveria priorizar a identificação
dos problemas, dos avanços e verificar as possibilidades de redimensionamentos e de
continuidades do processo educativo. A avaliação se constituiria num processo investigador e
formativo contínuo, do qual professores, alunos e pais participariam ativamente.
Ao procurar romper com a avaliação somativa, abolindo as notas como o critério
de comprovação de um determinado produto previamente esperado, a nova concepção de
avaliação procura trazer à tona o valor dos aspectos globais do processo ensino-aprendizagem.
Da forma de intervenção do professor, do projeto curricular da escola, da organização do
trabalho escolar e da importância da formação das identidades e dos valores pessoais.
6-FORMAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na escola,
dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que, atualmente, parecem
ser mais freqüentemente empregadas nas escolas são a prova escrita, os trabalhos em grupo, a
auto-avaliação, que alguns professores convidam seus alunos a fazerem sobre o seu próprio
20
desempenho e a avaliação que às vezes pedem para o aluno fazer do curso. Porém, vamos nos
concentrar na prova escrita, já que essa parece ser, ainda, o principal instrumento de avaliação
empregado pela maioria das escolas.
Muitas e conhecidas são as restrições feitas à prova que o aluno faz na escola,
individualmente, no espaço de uma aula e que exige o estudo anterior em casa da matéria
ensinada durante um mês ou um bimestre. O aluno pode não ter tido condições de se preparar
adequadamente para a prova, pode ter se sentido mal durante a sua realização, pode ter ficado
muito nervoso e até mesmo ter tido o azar de ter estudado melhor justamente a parte da
matéria que o professor não pediu na prova. De fato, tudo isso pode acontecer e talvez deva
ser levado em consideração, embora provavelmente esses casos constituam, quase sempre,
exceções. Mas há outras questões pertinentes, como por exemplo: imaginemos que todos os
alunos realizassem sempre as provas em condições ideais de saúde e preparação. Nesse caso,
seria a prova tradicional um bom recurso para avaliar o que eles aprenderam?
Tudo vai depender da maneira como são propostas as questões. Se a intenção não
for apenas a de verificar quantas informações o aluno "guardou em sua cabeça", mas sim a de
perceber como o aluno está aproveitando tudo o que ele aprendeu durante as aulas, para
compreender os temas estudados no curso e para resolver problemas propostos pela disciplina
estudada, então a prova pode ser um bom momento para professores e alunos efetuarem uma
revisão de tudo o que foi – ou deveria ter sido aprendido – e perceberem o que ainda pode ser
melhorado.
É preciso não perder de vista que a razão de tudo o que acontece na escola é o
aprendizado dos alunos e se a prova não puder ensinar nada a eles, não se justificam o tempo
e a energia gastos na sua preparação e correção. Nesse sentido, é fundamental também
aproveitar a correção da prova como uma preciosa oportunidade de os alunos identificarem as
suas principais dificuldades, para que possam dedicar-se mais tempo ao estudo dos conceitos
que ainda não compreenderam, para desenvolver mais bem determinadas habilidades.
Uma boa alternativa é permitir que os alunos re-elaborem as questões da prova
nas quais não conseguiram um bom resultado, de modo que possam recuperar as falhas
anteriores. Em alguns casos, a reformulação poderá exigir apenas a correção de uma
informação como, por exemplo, saber que a escrita de um diálogo exige a utilização do
travessão. Em outras situações, a reformulação poderá indicar outra dificuldade do aluno
como, por exemplo, perceber que o discurso escrito é diferente do discurso falado. Esse caso,
provavelmente, exigirá uma atenção maior do professor, no sentido de proporcionar ao aluno
outras oportunidades de perceber as particularidades da fala e da escrita. Enfim, cabe ao
21
professor ter o cuidado de observar se o tipo de prova e a forma de correção empregada estão
realmente contribuindo para o aprendizado de seus alunos, tornando válido o esforço dedicado
a sua realização.
7- PROVA OPERATÓRIA
A prova operatória constitui um instrumento de avaliação que corresponde a uma
nova oportunidade dada ao aluno, para ampliar o seu conhecimento sobre uma determinada
matéria ou seja, constitui um momento importante de aprofundamento dos estudos. Terzi e
Ronca demonstraram que é possível avaliar os alunos mediante a aplicação de provas sem que
essa atividade seja, apenas, uma tarefa burocrática, a qual rouba dos professores e alunos
tempo preciosos que poderia estar sendo dedicado ao desenvolvimento do ensino e do
aprendizado. Para eles, uma prova pode ser considerada operatória quando "longe de ser
mecânicos questionários, testes ou exercícios, for um momento a mais para o aluno viver
internamente a construção ou reconstrução de conceitos ao longo do caminho da
aprendizagem. Ou seja, um momento de aprendizagem" (1991 p. 34).
Uma prova operatória, a própria denominação já indica, pressupõe a realização de
determinadas ações ou, dito de outra forma, de operações, tais como: analisar, classificar,
comparar, criticar, imaginar, seriar, levantar hipóteses, justificar, explicar, interpretar, supor,
reescrever, descrever, localizar, opinar, calcular, determinar, comentar, substituir, expor,
construir, relacionar, sintetizar e outras. Para que o resultado dessas ações seja satisfatório,
convém, no entanto, lembrar que é preciso garantir que professores e alunos estejam de
acordo quanto ao significado de cada um desses verbos.
Além de explicitarem os objetivos e as ações que devem ser cumpridos pela
realização de uma prova, os autores desenvolvem a proposta no sentido de torná-la mais clara.
Consideram, por exemplo, que as seguintes características contribuem para que uma avaliação
possa ser considerada como uma prova operatória.
7.1 Características da prova operatória:
1. O tratamento coloquial: a prova dialoga com o aluno. Em vez do tratamento
frio e formal que costuma caracterizar as avaliações escolares, a prova operatória conversa
com o aluno e convida-o a participar das atividades propostas. Dessa maneira, contribui para
proporcionar autoconfiança e motivação, ao revelar que a prova foi feita para o aluno, tendo
22
em vista o que ele estudou no âmbito de uma disciplina durante um determinado período
letivo.
2. A, inclusão de problemas reais - as questões referem-se a temas atuais que
tenham relevância para a compreensão do mundo, contribuindo para a reflexão do aluno sobre
contexto histórico em que vive. O aluno que se vê convidado a refletir sobre o mundo que o
cerca sente que não está apenas respondendo a uma questão apenas porque o professor quer
assim, mas percebe a importância do estudo de cada disciplina específica para o
conhecimento de uma realidade da qual ele próprio faz parte.
3.A leitura - a prova operatória pode ser convidativa, mas não tem a intenção de
ser fácil, no sentido de que basta memorizar uma série de informações e reproduzi-las como
respostas para ser bem sucedido. Para realizar a prova operatória, o aluno precisará ler e
interpretar o conteúdo de textos relacionados com a disciplina que está sendo avaliada.
4.A escrita - a inclusão da escrita como um componente fundamental da prova
operatória justifica-se da mesma maneira que a necessidade da leitura. Ao realizar a prova
operatória, o aluno não vai apenas identificar a resposta certa para uma questão num conjunto
de alternativas, mas expressar, por escrito, o seu pensamento, com vistas a desenvolvê-lo e a
aprimorar sua capacidade de expressão escrita.
Os autores ainda sugerem uma composição adequada para uma prova operatória:
Partes da prova operatória:
1. Redação sobre um tema relacionado à disciplina que está sendo avaliada
Ex: "Os Estados Unidos produzem cerca de 10 bilhões de toneladas de lixo sólido por ano.
Cada norte-americano joga fora em média 300 quilos de embalagens anualmente.
Especialistas da área advertem que na próxima década o país poderá enfrentar uma "crise
do lixo". ( Folha de S. Paulo, 10.03.89).
Relacione o tipo de sociedade citada no texto com o(s) fator (es) que gera(m) a
"crise do lixo". Explique as suas conseqüências para o meio ambiente e para a preservação
dos recursos naturais “. (Unicamp. 1990)”.
O exemplo, retirado de um vestibular importante, revela que mesmo essas
avaliações não são mais desculpas para a insistência num ensino que garante exclusivamente a
aquisição de informações. Na verdade, uma questão bem elaborada pode oferecer as
informações necessárias para que o aluno efetue as operações específicas que conduzam à
resposta.
2. Elaboração de questões mais simples e objetivas, relacionadas à aquisição de
conteúdos fundamentais para o aprendizado da disciplina; Ex: "Entre 1750 e 1777, durante
23
o reinado de D. José I em Portugal, o Marquês de Pombal, seguindo as práticas do
despotismo esclarecido, determinou novas medidas econômicas e administrativas para o
Brasil. Mencione três decisões da política pombalina e as alterações que elas provocaram na
colônia. (Unicamp, 1990)” (idem, p. 39).
Vale a pena comparar o texto dessa questão, que contextualiza o tema, a outra
forma de propor a mesma pergunta: "Quais foram às decisões da política do Marquês de
Pombal que influenciaram na colônia?" (idem). Esta última versão, típica dos questionários
tradicionais, é mesquinha e dá a impressão de que a questão é fútil, sem nenhuma importância
para o aluno além da necessidade de ser aprovado ou de obter uma boa nota no exame.
3. Problemas que exijam do aluno a realização de operações, as quais envolvem
o conteúdo assimilado e as capacidades exigidas para chegar à resposta do problema.
Exemplo de prova operatória: Ex: "Observe a figura abaixo. Identifique e escreva
o nome de cada elemento constitutivo do solo. Responda, também, em que camada nós
podemos encontrar fósseis?” (Terzi Ronca, 1991, p. 38).
Como se pode observar a partir do exemplo citado, a apresentação de um
problema ocorre, sempre, mediante o uso de palavras operatórias: observe, identifique,
responda.
8-AVALIAÇÃO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
O "Documento Básico do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)" instituiu
uma matriz de competências às quais são associadas determinadas habilidades, com a
intenção de tornar mais objetiva a avaliação das capacidades desenvolvidas pelos alunos que
estão concluindo o ensino médio ao longo de sua escolaridade básica e visualizar a diferença
básica entre dois tipos de conhecimento: o saber que e o saber como.
O primeiro tipo de saber relaciona-se ao conhecimento de informações e o
segundo refere-se à capacidade de fazer alguma coisa. Por exemplo: uma pessoa que gosta
muito de música pode saber que foi Bach quem compôs os Concertos de Bradenburgo e ter
diversas outras informações sobre a obra e o compositor e, mesmo assim, pode não saber
como tocar um instrumento. Por outro lado, há pessoas que sabem como tocar instrumentos
mesmo sem conhecer os compositores famosos e até mesmo sem nunca ter estudado teoria
musical.
A escola exige dos alunos esses dois tipos de conhecimento, já que o objetivo do
ensino não é a simples memorização de um conjunto de informações pelos alunos, mas
24
também o aprendizado de procedimentos úteis para a solução de problemas numa
determinada área do conhecimento. Sendo assim, a avaliação escolar deve permitir verificar
não apenas a retenção de informações sobre a matéria pelo aluno, mas, principalmente, se os
alunos estão sendo capazes de utilizar aquilo que aprenderam a partir dos exemplos dados
pelo professor na compreensão de casos análogos. Nas palavras do educador José Sérgio
Carvalho,
"Avaliamos o êxito de qualquer ensino não pela capacidade de
reprodução que o aluno tem do que lhe foi apresentado como
informação ou caso exemplar, mas pela sua capacidade de construir
soluções próprias a novos problemas, ainda que para isso ele
recorra àquilo que lhe foi colocado como caso exemplar, ou seja, que
ele lance mão das 'soluções canônicas' que lhe foram apresentadas
na aula”.(AQUINO, 1997, p. 14-15)
Para dar um exemplo apenas, não podemos ter certeza de que um aluno aprendeu
um novo idioma apenas ao verificar que reproduziu um texto escrito na língua estrangeira.
Para reproduzir corretamente um texto escrito em alemão, basta ter boa coordenação motora
fina e prestar atenção na tarefa. Evidentemente, contudo, só poderemos dizer que uma pessoa
aprendeu alemão quando observarmos que ela é capaz de criar um novo texto em alemão e
não apenas copiar.
Ao avaliar as competências dos alunos, mais uma vez é preciso definir
adequadamente os objetivos que o aluno deve alcançar. É preciso levar em consideração ainda
uma distinção no que se refere à correção: para o aprendizado de informações é lícito avaliar
as respostas como certas ou erradas (ou eu sei que foi Bach quem compôs os Concertos de
Bradenburgo ou eu não sei). No caso do domínio de habilidades e competências, no entanto, a
avaliação exige primeiro a explicitação do nível de exigência do desempenho. Está claro que
o desempenho que se espera do aluno em sua décima aula de piano não é o mesmo que se
exige do pianista profissional num concerto, por exemplo. Tocar piano é uma atividade que
pode ser aperfeiçoada a cada dia, por isso é mais adequado dizer que alguém está tocando
melhor hoje do que ontem do que dizer que ontem estava tocando errado e hoje está tocando
certo. Ocorre o mesmo com as competências escolares e é por isso que nunca terminamos de
aprender a ler ou a escrever. Nosso conhecimento nessas áreas sempre pode ser aperfeiçoado.
9-AVALIAÇÃO SOMATIVA, FORMATIVA E DIAGNÓSTICA
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A modalidade diagnóstica consiste na soldagem, projeção e retrospecção das
situações dos desenvolvimentos do aluno, permitindo constatar as causas de repetidas
dificuldades de aprendizagem. Quando os objetivos não forem atingidos, são retomados e
elaborada-se novas estratégias para que se efetua a produção do conhecimento. Sant'anna
(1999) complementa que “esta modalidade deve ser feita no início de cada ciclo de estudos
através de uma reflexão constante, crítica e participativa”.
A modalidade formativa informa o professor e o aluno sobre resultados da
aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. O educador utilizá-la durante o
decorrer do ano letivo.
A modalidade somativa tem por função classificar os educandos ao final da
unidade, segundo níveis de aproveitamento apresentados não apenas com os objetivos
indivíduos, mas também pelo grupo.
A avaliação possui três funções de fundamental importância para o processo
educativo como diagnosticar, controlar e classificar.
A função diagnóstica tem como objetivo identificar, analisar as causas de
repetidas incapacidades na aprendizagem, evidenciando dificuldades em seu desempenho
escolar, sendo que a função formativa ou de controle tem a finalidade de localizar, apontar as
deficiências, insuficiências no decorrer do processo educativo, na qual os instrumentos de
acordo com os objetivos a serem atingidos. Quanto à função classificatória podemos dizer que
Frente a este contexto, o professor deve desenvolver o papel de problematizador, ou seja,
problematizar as situações de modo a fazer o aluno, ele próprio, construir o conhecimento
sobre o tema abordado de acordo com o contexto histórico social e político o qual está
inserido, buscando a igualdade entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam
experiências e aprendizagens no processo educativo, uma vez que "não há educador tão sábio
que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar”. (Becker,
1997:147). Diante disso, vem a comprovar a interação do aluno no processo de ensino-
aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a avaliação é um elo
entre a sociedade, as escolas e os estudantes.
É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes segmentos, onde a
avaliação deve ser repensada para que a qualidade do ensino não fique comprometida e o
educador deve ter o cuidado nas influencias nas histórias da vida do aluno e do próprio
professor para que não haja, mesmo inconscientemente, a presença do autoritarismo e da
arbitrariedade que a perspectiva construtivista tanto combate.
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Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar
oportunidades de ação- reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve
propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando
seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e
reformuladas.
De acordo com o art. 24, inciso V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9394/96, indica que a avaliação escolar visa:
- Uma avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os
de eventuais provas finais;
- A possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar;
- a possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante
verificação do aprendizado;
- O aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
- A obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de
baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino e seus regimentos.
A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se analisa, se
interpreta um determinado fenômeno (construção do conhecimento), situando-o
concretamente quanto os dados relevantes, objetivando uma tomada de decisão em busca da
produção humana.
Segundo Luckesi, avaliar tem basicamente três passos:
- Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da
realidade.
- Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no
processo educativo. (qualificação)
-Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.
Neste sentido, é essencial definir critérios onde caberá ao professor listar os itens
realmente importantes, informá-los aos alunos sem uma necessidade, pois a avaliação só tem
sentido quando é contínua, provocando o desenvolvimento do educando. O importante é que o
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educador utilize o diálogo como fundamental eixo norteador e significativo papel da ação
pedagógica.
"O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no
ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em
vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse fixa do
professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção
do objeto". (Freire, 1986: 125).
Vasconcellos (1995) complementa ainda que o diálogo é visto como uma
concepção dialética de educação, pois supera-se tanto o sujeito passivo da educação
tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova em busca de um sujeito interativo.
Faz-se necessário ao educador o comprometimento como profissional durante as suas inter-
relações em que o compromisso não pode ser um ato passivo, mas sim a inserção da práxis na
prática educativa de professor e aluno.
“Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no
mundo, associada indiscutivelmente à sua ação sobre o mundo,
não existe no ser, seu estar no mundo se reduz a um não poder
transpor os limites que lhe são impostos pelo próprio mundo,
do que resulta que este ser não é capaz de compromisso. É um
ser imerso no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem ter
dele consciência...)". (idem, ibidem).
Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade do
ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no decorrer do ano letivo,
observando a capacidade e o ritmo individual de cada um. Desta forma, para haver uma
avaliação qualitativa e não classificatória deve acontecer uma mudança nos paradigmas de
ensino em relação à democratização do excesso da educação escolar e com isso haverá uma
qualidade de ensino do educando onde acontecerá um sentido de evolução produtiva nos
processos avaliativos.
Esta democratização tem sido um dos maiores problemas com os quais a escola se
defronta, como ter um projeto se não existe espaço sistemático de encontro dos que compõe a
comunidade escolar para que haja uma realização coletiva.
A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, uma vez que
é o ato de julgar o próprio desempenho de aluno e professores. O educador deve se auto-
avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a auto-avaliação do
aluno para avaliar o professor deve servir como subsídio para a sua própria auto-avaliação,
28
momento este que servirá para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador.
Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados a necessidade de
dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa/avaliativa da instituição. Pode
utilizar métodos tais como:
-Auto-avaliação: este instrumento de avaliação deve ser utilizado pelo educador
que se preocupa em formar indivíduos críticos, sendo capazes de analisarem as suas próprias
aptidões, atitudes, comportamentos, pontos favoráveis e desfavoráveis e êxitos na dimensão
dos propósitos. Ao ser utilizado, os educandos começam a ter mais responsabilidade por suas
próprias construções individuais. Propicia, portanto, condições para o aluno refletir sobre si
mesmo e o que tem construído ao longo da vida.
- Portfólio: é uma pasta portátil que contém a trajetória, a caminhada do aluno
pela qual poderá conter: textos, documentos, dúvidas, certezas e relações da própria vida ou
até mesmos fatos que acontecem fora da escola. Portanto, esta pasta servirá para o educando
perceber a construção das suas próprias aprendizagens e análises que ele mesmo faz sobre si.
- Observação: o educador deve observar os seus educandos constantemente para
constatar quais apresentam dificuldades na aprendizagem e quais ainda conseguiram produzir
conhecimento sobre determinado conteúdo. O professor pode utilizar fichas de observação
para a melhor eficácia dos resultados.
O instrumento de como vai se chegar a uma análise de avaliação importa muito
pouco saber de quantas maneiras, isto é, respostas certas ou erradas os alunos irão alcançar,
mas, fundamentalmente é importante saber de que maneira chegou a elas, que probabilidade e
relações estabeleceu a seus educandos encontrar as soluções fáceis para os problemas
propostos está no momento de equilíbrio já está preparado para operar no nível de
complexidade que o conteúdo exige.
Então, a intervenção pedagógica avaliativa deverá ocorrer no sentido de provocar
desequilíbrio que levem a novas interações e buscas e, neste momento a processualidade da
avaliação requer observações, registros e análises sistemáticas do processo de elaboração do
conhecimento pelo aluno, registrando seu crescimento e desenvolvimento no que se refere a
autonomia intelectual, a criatividade, a capacidade de organização e a participação, condições
de elaboração e generalização, relacionando o coletivo, comunicação e outros critérios que o
professor julga ser necessário e pertinente na fase de desenvolvimento e maturidade em que se
encontra o educando.
Sendo assim, pode-se dizer que não são apenas instrumentos usados que
caracterizam uma avaliação conservadora, mas principalmente as formas de como estes
29
instrumentos serão usados e analisados, pois a avaliação é vista como um processo abrangente
da existência humana que implica uma reflexão crítica no sentido de captar seus avanços, suas
resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão de o que fazer para
superar os obstáculos, tendo como função o processo transformador da educação na
sociedade.
Para tanto se torna necessário fazer com quer a prática educacional esteja
conscientemente preocupada com a promoção da transformação social e o professor precisa
mudar na sua concepção de avaliação para desenvolver uma prática avaliativa mediadora
sendo que As transformações de avaliação são multidimensionais. Uma grande questão é que
avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Quando se avalia uma pessoa, se envolve por
inteiro – o que se sabe, o que sente, o que se conhece desta pessoa, a relação que se tem com
ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para que ele
transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente necessárias.
O sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem está se
relacionando e reconhecê-la como uma pessoa digna de respeito e de interesse.
O professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno.
10- AVALIAÇÃO – UMA CONSTANTE BUSCA
Segundo Jussara Hoffman para a escola desenvolver e construir uma cultura
avaliativa mediadora, “é preciso que se fundamentem princípios, muito mais do que se
transformem metodologias. As metodologias são decorrentes da clareza dos princípios
avaliativos”, onde, defende três princípios para essa prática avaliativa mediadora.
O primeiro princípio é o de uma avaliação a serviço da ação. Toda investigação
sobre a aprendizagem do aluno é feita com a preocupação de agir e de melhorar a sua
situação. Uma avaliação que prevê a melhoria da aprendizagem.
O segundo princípio é o da avaliação como projeto de futuro. A avaliação
tradicional justifica a não-aprendizagem. Ela olha para o passado e não se preocupa com
futuro.
Em uma cultura avaliativa mediadora, por exemplo, 20% do tempo em que os
professores estiverem reunidos em conselho de classe, eles irão discutir o que vem
acontecendo com seus alunos e, no restante do tempo, vão encaminhar propostas pedagógicas
para auxiliar os alunos em suas necessidades. Essa é uma avaliação como um projeto de
futuro - o professor interpreta a prova não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar
30
em quais estratégias pedagógicas ele deverá desenvolver para atender esse aluno. De que
forma ele poderá agir com o grupo, ou com um aluno, para resolver essas questões e dar
continuidade ao seu planejamento, para que os alunos sejam mais coerentes, mais precisos e
tenha maior riqueza de idéias.
O terceiro princípio que fundamenta essa metodologia é o princípio ético. A
avaliação, muito mais do que o conhecimento de um aluno é o reconhecimento desse aluno.
As estatísticas são cruéis: não basta um professor obter uma aprendizagem satisfatória com
70% dos seus alunos, por que, 30% de uma turma de 30 alunos, representam nove alunos que
deixam de ser atendidos. Portanto, cada aluno é importante em suas necessidades, em sua
vivência, em seu conhecimento.
Essa prática avaliativa mediadora é, portanto, fundamentada por esses
princípios. Não há regras gerais e nem normas que valham para todas as situações. Alunos
com necessidades especiais precisam de atendimento especial. Não há tempos padronizados
para todos, mas há, sim, clareza de princípios, parâmetros de qualidade estabelecidos em
consenso pelos professores, uma proposta político-pedagógica clara para que a prática
avaliativa seja coerente com o que a escola pretende.
Alem disso o entendimento do professor sobre a aprendizagem interfere no seu
modo de avaliar e é necessário que o professor esteja conectado com a real questão; para que
o aluno também possa se ver como um aprendiz, compreender os seus processos, as suas
inseguranças, e talvez entender um pouco do porquê, fazendo com que as aprendizagens se
desenvolvam.
Algumas práticas vigentes nas escolas ainda são camisas-de-força para os
professores. Por que se gasta tanta energia em fórmulas, receitas, registros e regimentos de
avaliação, enquanto poderia estar se investindo nos professores, na melhoria dessa
aprendizagem para desenvolver estudos no sentido de avaliar para promover. Não uma
promoção burocrática, mas uma avaliação para promover o desenvolvimento moral e
intelectual. Avaliar para promover a cidadania do aluno, como um sujeito digno de respeito,
ciente de seus direitos e que tenha acesso a todas as oportunidades que a vida social possa lhe
oferecer. E sem promover a aprendizagem, isso não acontecerá.
Portanto, as fórmulas, as receitas e as inúmeras metodologias e práticas vigentes
precisam ser questionadas sobre os princípios a que se destinam. Elas agem em benefício do
aluno? Elas, de fato, estão centradas nessa promoção? Elas estão investindo numa
aprendizagem significativa, que busque a formação de um aluno pesquisador, autor,
autônomo? Ou estão centradas nas necessidades burocráticas de uma escola, ou, até mesmo,
31
na comodidade de alguns professores, que, às vezes, se escondem atrás de um número. Um
número, como um valor arbitrário, esconde o professor, que pode atribuir uma nota qualquer a
qualquer aluno. Mas se esse aluno questionar o porquê de ter tirado um 8, um 7 ou um 6, o
professor terá que explicar os seus parâmetros avaliativos.
Então, essa prática de conceitos, notas, pareceres, o investimento da escola em
processos de registro, esse grande gasto de energia, tudo isso acaba por desvirtuar o próprio
sentido do processo avaliativo, que está no cotidiano da escola, que está, sim, na
realização de testes e tarefas, mas com a finalidade de auxiliar e orientar o aluno para uma
aprendizagem cada vez mais significativa.
Vale lembrar que a
“Importância da avaliação vem crescendo na medida em que a
educação ganha mais espaço. No entanto, é difícil dizer que há, hoje,
apenas uma visão a esse respeito. Existem muitas concepções teóricas e
muitas práticas distintas acerca do que significa avaliar. Assim, quando
se fala em avaliação precisamos esclarecer o que estamos falando. A
avaliação do desempenho dos alunos deve ser entendida sempre como
instrumento a serviço da aprendizagem, da melhoria do ensino do
professor, do aprimoramento da escola. Avaliamos para aumentar nossa
compreensão do sistema de ensino, de nossas práticas educativas, dos
conhecimentos de nossos alunos. Avaliamos também para esclarece-los
a respeito de seus pontos fortes e fracos, dos conteúdos que merecem
mais atenção, onde devem centrar esforços. Avaliação, nesse sentido,
permite a tomada de consciência de como estamos nos saindo.
Avaliamos para qualificar a aprendizagem, identificar problemas,
encontrar soluções, corrigir rumos e acertar o passo de”. todos e de
cada um.”2- (Módulo IV Progestão 2001-98-99)”.
Visa-se, assim, fazer da avaliação um elemento de motivação para o alunado e
não apenas uma forma de controle de seus processos de aprendizagem.
Enfim,...Na avaliação educacional, as situações são
semelhantes àquela do observador sem instrumentos, provas e
trabalhos escolares não são instrumentos de medida no sentido
canônico da expressão, mas simples meios auxiliares que
subsidiam avaliação pessoal que o professor faz aprendizagem
32
de seus alunos após um período de ensino (Nelson Piletti,
1998).
11-CONCLUSÃO
Consideramos que desde o inicio existencial dos seres humanos, cada individuo
tribos e instituições têm desenvolvido processo de avaliação para preparar os seres humanos
para viver de acordo com seus costumes, crenças e formas de entender o dia a dia para sua
sobrevivência.
Alguns sociólogos afirmam que, a estabilidade da avaliação chinesa foi devido a
alguns fatores figurando entre eles o exame cuja finalidade, era selecionar candidatos ao
serviço público.
A maioria das formas de avaliação era oral, outras como nas tribos indígenas
eram testes de resistência como, por exemplo: colocar a mão sobre a caloria de fogos e
picadas de insetos entre outros.
Na idade média, durante o período mosaico, apostólico e patrístico, verifica-se
uma intensa espiritualidade voltada para o conhecimento de realidades. Superando assim a
inteligência mediante a aceitação da fé, dos dados e da revelação divina. Predominando o
método racional/tradicional e o argumento das autoridades, consistindo em admitir uma
verdade ou doutrina, baseadas no valor intelectuais e morais de quem propõem ou professa.
Isso é, repetir integralmente aquilo que lia e ouvia.
Era a prova mais convincente do saber.
O renascimento, por outro lado, manifestava o movimento do humanismo
nitidamente diferenciado, distinguido duas correntes: a corrente do humanismo cristão e a
corrente do humanismo pagão.
O humanismo pagão contribuía para a avaliação através de uma orientação
psicológica, visando atender as diferenças individuais de cada aluno, afim de prepará-los para
a vida de acordo com suas necessidades, interesses e aptidões. A corrente de humanismo
pagão exalta a individualidade humana, considerando como um fim em si mesma.
Nos tempos modernos surgiram vária invenções que contribuíram imesamente
com a evolução cultural do povo como: a imprensa, livros, escolas e bibliotecas.
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Nesse tempo, para levar os pensamentos em ordem, começando pelos os objetos
mais simples, e mais fáceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco, como por degraus,
aos conhecimentos mais simples.
Entretanto escolas religiosas, protestantes e as católicas insistiam nas aquisições
e nos exames orais.
Na idade contemporânea, surgi à necessidade de construir um sistema educativo
inteiramente novo, no qual, a educação da criança ao domínio exclusivo e absorvente do
estado.
Com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases em 1988 e aprovada 1997, foi
contemplado nesta lei o processo avaliativo no artigo 24 inciso V, que determina o critério de
avaliação e contínua e acumulativa de acordo com o desempenho do aluno no aspecto
qualitativo e quantitativo. Na verdade muitos usam esses critérios apenas para aprovar ou
reprovar os alunos.
Uma das avaliações que alcançou grande difusão no Brasil foi a avaliação
governamental do ensino que tem principal objetivo de diagnosticar problemas no sistema de
ensino e os exames aplicados aos alunos não pretende avalia-los, mas avaliar a qualidade de
ensino que está sendo desenvolvida entre eles para procurar formas a melhorar o sistema de
ensino de nosso pais.
Pelo que detectamos existiu diversas formas de avaliar e, cada uma delas serviu
para que os seres humanos chegassem onde estamos hoje.
Na verdade, mediante as reprovações e defasagens de conhecimento que
encontram nossos alunos, hoje, é preciso parar e refletir em de que forma estamos avaliando
nossos alunos, se esta avaliação está servindo para aprovar ou reprovar o aluno.
A avaliação deve ser feita de forma para contribuir para formar um individuo
capaz de resolver os conflitos encontrados no dia a dia.
Sendo assim um verdadeiro cidadão, conhecedor e capaz de exercer sua
cidadania.
A verdadeira avaliação que pode alcançar êxodo na formação de nossos docentes
deve ser de forma diagnóstica, formativa e somativa, não para aprovar ou reprovar, mas para
detectar as dificuldades do mesmo, e a partir daí, procurar técnicas, formas pela qual
possamos fazer com que desenvolvam seus conhecimentos e possam chegar no final do ano
com índice de conhecimento satisfatório e não apenas uma nota e sim conhecimento.
Enfim, de acordo com os levantamentos de dados sobre o sistema de avaliação
escolar, notamos o grau de complexidade e seus domínios sobre a vida escolar e social dos
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educandos, onde através da avaliação o educador poderá estar condenando seus alunos a uma
pena cruel, sem que ele perceba o que esteja fazendo. Portando, se torna necessário a cada
educador se informar e se conscientizar sobre o seu papel para poder exercer a função de
educador e ao mesmo tempo dar condições para que nossos alunos possam exercer sua
cidadania. E este trabalho pode ser entendido como facilitador da visão do que é uma
avaliação do desempenho escolar e que os profissionais que atuam na educação possam se
conscientizar que a avaliação pode servir de ferramenta para suposta exclusão social.
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