Universidade de Aveiro 2010

Departamento de Comunicao e Arte

LUDOVIC DO NASCIMENTO AFONSO

A IMPLEMENTAO DO MTODO SUZUKI PARA VIOLINO EM PORTUGAL: TRS ESTUDOS DE CASO.

Universidade de Aveiro 2010

Departamento de Comunicao e Arte

LUDOVIC DO NASCIMENTO AFONSO

A IMPLEMENTAO DO MTODO SUZUKI PARA VIOLINO EM PORTUGAL: TRS ESTUDOS DE CASO. Projecto educativo apresentado Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Msica para o Ensino Vocacional, realizada sob a orientao cientfica da Professora Doutora Nancy Louisa Lee Harper, Professora Associada com agregao no Departamento de Comunicao e Arte da Universidade de Aveiro.

o jri

presidente Prof. Doutor Evgueni Zoudilkine

Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro, por delegao de competncias da Directora do Curso de Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional.

vogais Prof. Doutor Lus Filipe Barbosa Loureiro Pipa (arguente)

Professora Auxiliar do Departamento de Msica do Instituto de Letras e Cincias Humanas da Universidade do Minho.

Prof. Doutora Nancy Louisa Lee Harper (orientadora)

Professora associada, com agregao, da Universidade de Aveiro.

agradecimentos

minha orientadora Nancy Louisa Lee Harper, pela sua dedicao e enorme persistncia que serviram de tomada de balano para o desenvolvimento deste projecto educativo. Tambm pelas suas oportunas linhas de orientao, sem as quais no chegaria decerto ao fim deste caminho. Aos docentes, pais, alunos e entidades pedaggicas das vrias instituies que to gentilmente me abriram as suas portas e me deram a conhecer os seus pontos de vista nos questionrios e gravaes realizadas, que se apresentaram fundamentais nesta investigao. minha famlia, que sempre me apoiou em todo o meu percurso escolar, e a quem dedico este trabalho como recompensa de tudo o que tem feito por mim. Aos meus colegas e amigos da Universidade de Aveiro, assim como do Conservatrio de Msica de Seia por estarem sempre presentes no decorrer de todo este processo. Por fim, a uma pessoa muito especial que sem ela seria muito mais difcil suportar o nervosismo no decorrer do trabalho. Apesar de no escrever o nome, sabe perfeitamente a quem me estou a referir.

Palavras-chave

Suzuki, violino, ensino, tcnicas utilizadas, professores, pais, alunos, entidades pedaggicas.

resumo

Este estudo pretende ser um contributo para os msicos portugueses, professores e violinistas de forma a lev-los para uma reflexo acerca desta prestigiada via de ensino: O Mtodo Suzuki. Perceber todo o contedo envolvente do mtodo, como: crticas, respostas, solues, tcnicas de ensino, apresentaes de emoes pelos diferentes membros da triangulao pais-professores-entidades pedaggicas sem dvida algo de muito ambicioso. Por outro lado, importante salientar de que forma os alunos encaram este processo de ensino, se realmente a motivao faz parte do seu quotidiano enquanto indivduos e instrumentistas.

keywords Suzuki, violin, teaching, techniques, teachers, parents, students, pedagogical institutions.

abstract

This study attempts to make a contribution to Portuguese musicians, teachers, and violinists in order to get them to reflect on this prestigious way of teaching: the Suzuki method. To perceive the entire content contained in this method, such as: critiques, answers, solutions, teaching techniques, emotional presentations by the different triangular members parents-teachers-pedagogical institutions is certainly something very ambitious. On the other hand, it is important to note how the students see this teaching process, if indeed motivation is part of their everyday life, as individuals and instrumentalists.

NDICE

INTRODUO.......................................................................................................p.10

CAPTULO I (Shinichi Suzuki e as bases do seu Mtodo).....................................p.13

1.1 Breve biografia de Shinichi Suzuki.........................................................p.13

1.2 Origens e desenvolvimento do Mtodo Suzuki: filosofia de vida..........p.14

1.3 Os princpios do Mtodo.........................................................................p.16

1.3.1 A importncia dos pais na educao violinstica da criana....p.16

1.3.2 Repetio gera habilidade........................................................p.18

1.3.3 Factores motivacionais envolvidos na aprendizagem

instrumental.......................................................................................p.19

1.3.4 Desenvolvimento de capacidades.............................................p.20

1.3.5 Mtodo para violino, orientao e princpios do estudo..........p.21

CAPTULO II - A implementao actual do Mtodo Suzuki: Estudo de caso 1....p.23

2.1 Recolha de informao............................................................................p.23

2.2 Gravaes de aulas individuais...............................................................p.25

2.3 Gravaes de aulas de conjunto..............................................................p.29

2.4 Discusso dos resultados.........................................................................p.31

CAPTULO III - A implementao actual do Mtodo Suzuki: Estudo de caso 2..p.33

3.1 Recolha de informao............................................................................p.33

3.2 Gravaes de aulas individuais...............................................................p.35

3.3 Gravaes de aulas de conjunto..............................................................p.39

3.4 Discusso dos resultados.........................................................................p.43

CAPTULO IV - A implementao actual do Mtodo Suzuki: Estudo de caso 3..p.44

4.1 Recolha de informao............................................................................p.44

4.2 Gravaes de aulas individuais...............................................................p.46

4.3 Gravaes de aulas de conjunto..............................................................p.49

4.4 Discusso dos resultados.........................................................................p.50

CAPTULO V Resultados dos inquritos.............................................................p.53

5.1 Respostas das Entidades Pedaggicas.....................................................p.53

5.2 Resposta dos Professores........................................................................p.54

5.3 Resposta dos Pais....................................................................................p.56

5.4 Sumrio e discusso de resultados..........................................................p.57

5.4.1 Entidades Pedaggicas.............................................................p.57

5.4.2 Professores...............................................................................p.57

5.4.3 Pais...........................................................................................p.58

CONCLUSO.........................................................................................................p.60

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................p.63

ANEXOS..................................................................................................................p.65

ANEXO 1 Partituras..............................................................................................p.66

ANEXO 2 Relatrios das aulas do Porto..............................................................p.78

ANEXO 3 Relatrios das aulas de Leiria..............................................................p.95

ANEXO 4 Relatrios das aulas de Santa Maria da Feira....................................p.105

ANEXO 5 Questionrios aos Professores...........................................................p.123

ANEXO 6 Questionrios s Entidades Pedaggicas...........................................p.135

ANEXO 7 Questionrios aos Pais.......................................................................p.141

NDICE DE IMAGENS:

Imagem 1 Posio de descanso..............................................................................p.27

Imagem 2 Violino como um babete.......................................................................p.27

Imagem 3 Violino direito.......................................................................................p.27

Imagem 4 Ps juntos..............................................................................................p.29

Imagem 5 Posio do click.....................................................................................p.29

Imagem 6 Posio do click-clack...........................................................................p.29

Imagem 7 Melodia com nome dos dedos...............................................................p.35

Imagem 8 Tala na mo...........................................................................................p.37

Imagem 9 Processo de diviso do arco..................................................................p.38

Imagem 10 M visualizao das fitas....................................................................p.39

Imagem 11 Boa visualizao das fitas...................................................................p.39

Imagem 12 Processo de posicionamento do violino..............................................p.42

Imagem 13 Tipo de cartolina usada.......................................................................p.46

Imagem 14 Posio do pulgar profissional.........................................................p.48

Imagem 15 Posio do pulgar das crianas............................................................p.48

Imagem 16 Peso do brao para o dedo indicador...................................................p.49

NDICE DE QUADROS:

Quadro 1 Relao Suzuki e Estudo de caso 1........................................................p.32

Quadro 2 Paralelismo entre nome das notas

e linguagem adoptada pela professora......................................................................p.37

Quadro 3 - Relao Suzuki e Estudo de caso 2.........................................................p.43

Quadro 4 - Relao Suzuki e Estudo de caso 3.........................................................p.51

10

INTRODUO

O Mtodo Suzuki para violino tem sido alvo de pouco interesse no estudo

concreto da sua insero em Portugal. Assim, este estudo pretende explorar a

implementao deste Mtodo e investigar a sua actual aculturao e o seu

desenvolvimento. Sabe-se que toda a comunidade musical j ouviu falar nesta via de

ensino, contudo as bases que os levam a comentar, no so propriamente muito

fundamentadas. de facto devido a estas razes, que variadas perguntas tm sido

pensadas com o objectivo de dar a conhecer a sua verdadeira essncia. Neste

contexto, de grande relevncia conseguir responder a perguntas tais como:

1) Como que um Mtodo japons pode ser alvo de interesse no ocidente e

em particular em Portugal?

2) Visto que no Japo este Mtodo reconhecido pelo seu grande

xito/sucesso nos valores musicais e nos valores humanos, de que forma as

crianas portuguesas juntamente com os pais e professores, ajudam na

percepo da sua implementao no nosso pas?

3) De que forma as justificaes dadas pelos diferentes organismos escolares

nos levam a ter interesse no seu ensino/aprendizagem?

4) Ser este um bom Mtodo de ensino do violino para as crianas

portuguesas?

5) Ser que a nossa comunidade est disposta a ajudar e abdicar do seu tempo

para usufruir da melhor maneira o Mtodo Suzuki?

6) Ser que a linha pura de Suzuki perfeitamente seguida na nossa terra

lusitana?

7) Quais as tcnicas utilizadas pela triangulao pais/professores/entidades

pedaggicas no contexto do ensino do violino?

Para responder a estas perguntas e acertar concretamente na realidade deste

universo, foram escolhidas trs escolas portuguesas que permanecero logicamente

annimas nos trs estudos de caso. Estas escolas participantes foram seleccionadas

em grande parte pelo facto de serem reconhecidas como instituies de sucesso e

11

tambm pela minha maior facilidade de conciliao entre ambas. So estas as

seguintes:

1) Academia de Msica de Santa Maria da Feira.

2) Academia de Msica Mtodo Suzuki A Pauta do Porto.

3) Orfeo de Leiria.

Obviamente que as componentes da escola, na sua globalidade, so as mais

importantes. portanto necessrio ir ao encontro directo com os alunos, pais,

professores e entidades pedaggicas, pois s assim o estudo far sentido e nos trar

definies.

Nos objectivos da anlise do ensino/aprendizagem do mtodo Suzuki em

Portugal encontram-se os seguintes pontos:

1) Conhecer qual o comportamento pedaggico;

2) Avaliar as reaces e informaes por parte dos alunos/pais/professores;

3) Avaliar a tcnica do instrumento; 4) Obter resultados que nos levaro para um melhor conhecimento deste

fenmeno quando introduzido na sociedade portuguesa.

A metodologia adoptada para este projecto educativo, englobou: uma pesquisa

bibliogrfica, o trabalho de campo com contacto directo com trs instituies

portuguesas de ensino da msica, a realizao de questionrios aos pretendidos pais/

professores/entidades pedaggicas de cada instituio, gravaes de aulas prticas,

que consistiro em quarto gravaes de aulas individuais e duas gravaes de aulas de

conjunto por escola e uma anlise dos dados em conjunto de cada triangulao para

permitir retirar concluses adequadas.

Concluindo esta introduo, preciso delinear o esquema do projecto

educativo. Do ponto de vista formal, este constitudo por cinco captulos que passo a

descrever: no primeiro captulo, ser realizada uma abordagem terica sobre os

diferentes passos existentes no Mtodo criado por Shinichi Suzuki. Aqui ser possvel

orientar quais os passos importantes da sua filosofia. No segundo, terceiro e quarto

12

captulos sero identificadas as respostas dadas pelos professores, entidades

pedaggicas e pais em cada estudo de caso. Sero tambm realados os principais

acontecimentos retirados das gravaes de aulas individuais e de conjunto, e no final

de cada captulo encontrar-se- uma discusso de resultados. O quinto captulo, tem

por base juntar todas as respostas de cada triangulao dos questionrios aplicados

nas escolas, e uma discusso de resultados em conjunto.

13

CAPTULO I

Shinichi Suzuki e as bases do seu Mtodo

1.1 Breve biografia de Shinichi Suzuki

Shinichi Suzuki foi um violinista e pedagogo reconhecido internacionalmente.

O seu mtodo de ensino musical em crianas foi desenvolvido atravs de uma srie de

princpios, pensamentos e filosofias de vida. Nasceu em Nagoya (Japo) a 17 de

Outubro de 1898 e morreu no dia 26 de Janeiro de 1998 em Matsumoto. O seu pai,

Masakichi Suzuki era proprietrio da maior fbrica de violinos do Japo, denominada

Suzuki Violin Seiz Co. onde Shinichi tambm trabalhou na construo de violinos. A

sua vida enquanto violinista iniciou aos 17 anos como autodidacta, e em 1916

finalizou a sua graduao na Escola Comercial de Nagoya. Mais tarde, entre 1921 a

1928 estudou com o Professor Karl Klingler (aluno de Joachim) e permaneceu na

Alemanha, mais concretamente na cidade de Berlim. Durante a sua estadia, Shinichi

Suzuki conheceu pessoalmente Albert Einstein e os melhores msicos que por l

passavam. Aps os seus estudos na Alemanha, Shinichi iniciou vrias actividades que

o levaram a estabelecer o seu mtodo:

1946....Comeou com o Mtodo de Educao de Talentos na cidade de

Matsumoto.

1948....Fundou o Talent Education Institute e tornou-se presidente do

mesmo.

1963....Esteve envolvido na conferncia internacional em Tquio, sobre

educao musical. Foi a primeira vez que o Mtodo Suzuki foi introduzido no

mundo.

1964....Realizou a primeira tourne do Talent Education nos Estados

Unidos da Amrica.

1967....Professores de cordas americanos vo ao Japo para estudar o Mtodo

Suzuki.

1970....Chegou a Matsumoto o primeiro grupo de crianas americanas para estudar violino.

1975....Realizou a primeira conferncia internacional sobre o Mtodo Suzuki.

14

As suas maiores publicaes foram os livros Nurtured by Love, Ability

Development from Age Zero e vrias compilaes de partituras para violino, piano,

flauta, violoncelo, viola, guitarra, contrabaixo e harpa.

1.2 Origens e desenvolvimento do Mtodo Suzuki: A filosofia da vida.

A pedagogia de ensino do Professor Shinichi Suzuki, e a sua filosofia tm

sido, na segunda metade do sculo XX e incio do sculo XXI, alvo de variadssimos

estudos por parte de investigadores de todo o mundo. Professores seguidores da sua

pedagogia, alunos educados atravs do Mtodo Suzuki e pais que, diariamente

acompanham os seus filhos, escreveram vrios artigos e responderam a muitssimos

inquritos acerca desta aprendizagem do violino. Estes materiais de estudo sero

evidenciados ao longo deste primeiro captulo com o intuito de acompanhar a

pesquisa literria acerca deste tema. O Mtodo , sem dvida, fruto de todas as vises

e percepes a que Shinichi Suzuki foi submetido ao longo da sua vida enquanto

violinista e professor. Linda Wickes (Membro da Associao de Suzuki das Amricas)

relata este como um Mtodo revolucionrio baseado em ideias enraizadas por

filsofos, educadores, psiclogos, msicos sejam eles performers ou professores

(Wickes,1982:7).

Foi num momento de inspirao, que esta longa e promissora viagem deu os

seus primeiros passos na pedagogia universal do violino. Certo dia aquando do ensaio

do quarteto Suzuki (composto por S. Suzuki e os seus irmos), o Professor pensou: as

crianas japonesas falam japons. Na verdade todas as crianas so educadas pela sua

lngua me, poder ser este o Mtodo a adoptar para outros talentos? (Suzuki-Bastos,

2008:10). Muitos pontos foram desenvolvidos a partir desta iluminao psicolgica, e

todo este contexto serviu para que este tipo de ensino/aprendizagem do violino

tomasse as dimenses que hoje so conhecidas como contedo do Mtodo Suzuki.

Segundo a sua percepo, este Mtodo capaz de desenvolver uma admirvel

habilidade partindo do princpio que as crianas desde muito cedo captam e absorvem

os sentimentos e pensamentos que as suas mes lhes transmitem. Uma criana que

diariamente ouve a voz materna tende a moldar-se pronuncia e entoao (Suzuki,

1998:2-3). Este processo de imitao ser delineado e utilizado como uma das

principais vertentes de ensino do violino no procedimento desta aprendizagem.

15

No existem dvidas que nenhum ser humano igual a outro, cada indivduo

tem a sua prpria personalidade, a sua maneira de encarar as coisas e a capacidade

para se entrelaar com a vida social. Para Shinichi, esta uma certeza absoluta.

Segundo ele, qualquer pessoa nasce com diferenas a nvel fisiolgico, no entanto o

estmulo seria uma forma de desenvolver uniformemente e sistematicamente a sua

habilidade (Suzuki-Nagata, 1981:9). Como tal, o uso da lngua me poder adaptar-se

aprendizagem do instrumento, e aquele entrave que o levaria a questionar-se: como?

o qu? e que Mtodo? deveria ser utilizado para ensinar uma criana de 4 anos, ser

desde este momento uma barreira inicial superada. Rapidamente, esta ideia foi

adoptada na educao musical das crianas e claramente desenvolvido o processo de

ensino do violino. Transparentes a este raciocnio, as crianas demonstraram a alegria

e o divertimento que pode haver em tocar um instrumento to complicado.

Tendo em conta o que foi referido no pargrafo anterior, necessrio expor

que este Mtodo foi baptizado como Educao de Talentos, pois todas as crianas

tm o direito de serem educadas, e no, de serem rejeitadas ou at mesmo retiradas

das escolas devido a fracas prestaes (Suzuki-Bastos, 2008: 10-11). Kerstin

Wartberg (Director do Instituto Suzuki na Alemanha), depois de estudar com Shinichi

Suzuki no Talent Education Institute em Matsumoto, escreveu um artigo dizendo que,

o professor queria que os seus alunos fossem mais do que meros instrumentistas.

Pretendia prepar-los para um sentido de responsabilidades mais apurado e para

atingirem valores mais elevados enquanto indivduos pertencentes a um meio social

(Wartberg-Gahler, 2009). O prprio Suzuki referenciava a educao como um

conhecimento e respeito nobreza do ser humano (Suzuki-Nagata, 1981:37).

Neste contexto, o ensino artstico no poderia estar separado da cultura e da

sociedade em que as crianas vivem. Segundo Beatriz Ilari (Professora de Educao

Musical da Universidade Federal do Paran), a msica um meio de comunicao e

de expresso comum entre diferentes culturas. O som permite a qualquer estudante

transmitir sentimentos e ideias. Mais que isto, fazer msica activa muitos outros

sectores como cantar, representar, criar, compor e pensar (Burnard-Hentschke, 2003:

94).

O factor cultural muito importante na msica, pois a sua escrita e a sua

organizao dos sons esto dispostas de diferentes maneiras nas diversas civilizaes.

A informao musical est especificamente delineada dentro do contexto cultural que

comunidade possui (Tighe-Dowling, 1993: 178).

16

Englobando todos estes argumentos e informaes, poder dizer-se que, a alta

qualidade da criana enquanto violinista e indivduo ser representada como ncleo

da Educao de Talentos.

Outro dos factores que levaram S. Suzuki a completar o seu raciocnio

enquanto organizador deste novo Mtodo para o ensino musical tem a ver com o

domnio cognitivo e psicolgico da criana. Ele dizia que a memorizao bastante

mais apurada nas crianas de tenra idade e que elas conseguiriam ter capacidade para

memorizar um concerto de violino (Suzuki-Nagata, 1981:10). Posto isto, ser muito

mais fcil trabalhar com algum cujas capacidades intelectuais e pessoais esto ainda

por desenvolver e se encontram mais receptivas. De igual modo, de forma explcita

que os estudos neuromusicais, concluram que o crebro muito mais flexvel durante

os 10 primeiros anos de vida e que os efeitos da aprendizagem so mais consistentes

nesta fase do que numa idade mais avanada (Burnard-Hentschke, 2003:93). Mais

ainda, Shinichi dizia que se uma criana crescesse a ouvir Bach ou Mozart, estes

transmitiriam uma determinada personalidade e espiritualidade sua alma e que as

levaria a alcanar um nvel pessoal mais elevado (Suzuki-Nagata, 1981:40).

Concluindo, neste primeiro ponto, necessrio pronunciar que a formao da

criana enquanto pessoa e violinista ser o principal objectivo do ensino via Suzuki, e

perante esta ideia bastante slida, muitos passos iro contribuir para facilitar e ajudar

no desenvolvimento do ensino/aprendizagem.

1.3 Os princpios do Mtodo. 1.3.1 A importncia dos pais na educao violinstica da criana.

A prtica instrumental um dos factores de elevada considerao, pois

atendendo dificuldade que aprender a tocar violino, este trabalho de facto muito

rigoroso. Obviamente que uma criana de 3 anos no ter a capacidade de saber o que

o estudo, contudo poder habituar-se a uma rotina desde que os pais a ajudem a

praticar diariamente.

Suzuki fez um paralelismo entre a habilidade em saber falar e saber tocar.

Uma criana que aprende a sua lngua me, desenvolve gradualmente um nvel de

linguagem que o far ultrapassar e alcanar barreiras mais elevadas atravs da

repetio das palavras (Hermann, 1981: 172).

17

Baseado nesta teoria, Shinichi reconhece que os pais so companheiros muito

importantes no treino musical da criana. Para tal, necessrio proceder de uma

determinada maneira:

Os pais so os primeiros a receber informaes sobre tocar violino, e s depois

as crianas comeam a frequentar as aulas como ouvintes de outros alunos.

Este processo serve para que estas comecem a desenvolver um gosto por

querer tocar violino;

Quando a criana comea ento a frequentar aulas individuais, os pais j

receberam informaes suficientes que os levaro a ajudar o/os filho/os no

treino de casa (Wickes, 1982: 37);

Mais tarde durante a prtica em casa, os pais devero prestar bastante ateno

ao seu filho e no devero ser ambiciosos e obrig-lo a estudar, pois como

dizia Rudolf Dreikurs (Psiquiatra e Educador), este tipo de insistncia levar

a criana a ficar saturada e cansada. O treino dever ser interessante e

estimulado (Wickes, 1982: 13-14).

Neste contexto, Shinichi Suzuki criou mais um ponto facilitador para os pais no

estudo de casa da criana, e para tal, diferentes cassetes foram concebidas:

1. A primeira tem como slogan Study with me;

2. Piano Accompaniment;

3. String Orchestra Accompaniment.

Estas cassetes so por um lado um meio de minimizar os problemas para os pais, e

incentivar as crianas na prtica de casa (Hermann, 1981:186). Assim, os pais tero

ao seu alcance material que ir ajudar na motivao do seu filho, faz-lo ouvir a pea

que est a tocar, ouvir as indicaes gravadas por Suzuki, tocar as peas com

diferentes acompanhamentos, tudo isto serve como complemento s suas aulas

individuais e para ganhar cada vez mais sensibilidade musical. Reforando este

conceito, Shinichi Suzuki diz:

" As habilidades das crianas so desenvolvidas em casa. Assim, osprofessoresdoMtodoSuzuki,nasaladeaula,ensinamascrianasapraticar correctamente em casa. Os professores, ento, tm de

18

estudaraformadeajudarascrianasparapraticaremdeformafelizem casa. Para este efeito, eu criei umas fitas chamadas "Praticacomigo", e muitos estudantes tmnas utilizado de forma eficaz.Gravei peas dos Livros da Escola de Suzuki com a minhainterpretao e com as minhas explicaes sobre como praticar apeacomalegriaemcasa."1

Poder assim dizer-se que os vrios pontos abordados, so usados em

diferentes contextos mas com objectivos iguais.

1.3.2 Repetio gera habilidade.

Desde muito cedo, as crianas desenvolvem a sua habilidade lingustica

repetindo as palavras pronunciadas pelos pais. Assim, ouvindo muitas vezes cada

palavra, comeam a interioriz-la e conseguem posteriormente repeti-la

correctamente. S. Suzuki dizia A prtica faz o mestre. S se alcanaro facilidades

e fluidez nas actividades que forem repetidas variadssimas vezes (Suzuki-Gottberg,

2008:59-60).

Neste contexto, poder dizer-se que a habilidade fruto do nosso trabalho, e

neste caso o trabalho passa pelas repeties que so realizadas no intuito de ser

interiorizado.

Kersin Wartberg afirmou que uma criana que repete muitas vezes diversas

peas, ganhar experincia de vida, alcanar uma musicalidade mais avanada e

conseguir dominar muito melhor o seu instrumento (Wartberg-Hoover, 2006).

Aquando da sua deslocao ao Japo, Sven Sjgren (Presidente da Associao

Suzuki na Sucia) obteve uma resposta bastante concreta de Shinichi Suzuki quando

lhe perguntou o seguinte: Em mdia, quanto tempo os estudantes necessitam para

fazer revises? A sua resposta foi: se um aluno estudar 60 minutos, 40 desses 60

minutos devem ser dedicados a revises. 1Childrens abilities are developed at home. So Suzuki teachers, in classroom, teach children how to practice correctly at home. The teachers, therefore, have to study how to make the childrens home practice joyful. For that purpose I made the tapes called Practice With Me, and many students have used them effectively. I recorded my playing of each piece From Suzuki School Books and my explanations on how to practice the piece at home joyously. (Suzuki,1998:10) Todas as tradues foram efectuadas pelo autor.

19

Sjgren tambm observou que no pas de origem de Shinichi Suzuki, os

estudantes desejam muito aprender, e que se um professor lhes der um exerccio para

repetir 100 vezes para a aula seguinte, estes levaro esse dever muito a srio (Sjgren,

1990:1-2).

de constatar que este facto deve-se obedincia que o aluno tem pelo

docente neste pas em que a tradio social e cultural muito rigorosa e objectiva.

1.3.3 Factores motivacionais envolvidos na aprendizagem instrumental.

A motivao um passo muito importante na pedagogia de Suzuki, pois um

aluno muito novo (3 anos) pode desmotivar muito facilmente tendo em conta a

dificuldade que tocar violino. Para tal, vrias especificidades foram impostas para

que a desmotivao no acontea.

Uma das suas criaes mais importantes so as aulas de conjunto. O Professor

observou que as crianas vo comunicando umas com as outras, vo tocando peas

alegremente e os mais pequenos reparam muito nos mais velhos, sendo este um meio

para os encorajar. (Suzuki, 1998:13) Todas as crianas tm o mesmo repertrio e este

conjunto de alunos tem a oportunidade de se divertir e de ganhar experincia de

grupo. de realar que estas aulas de conjunto no podem ser consideradas aulas de

orquestra pois Shinichi afirmava que no queria tenso e competitividade entre os

alunos (Wickes, 1982: 29).

Kersin Wartberg aquando da sua ida ao Japo, transmitiu que todas as

segundas-feiras havia sempre um concerto com a durao de 3 a 4 horas. Todos os

alunos tinham o direito e a oportunidade de tocar a solo para o pblico, e no final de

cada actuao, o professor Suzuki entrava no palco para dar algumas apreciaes e

motivao (Wartberg-Gahler, 2009). Shinichi tambm expressou que os aplausos e os

elogios dados pelos colegas ajudam a motivar a criana para praticar cada vez mais

em casa (Suzuki, 1998:12).

No se pode dizer que as crianas desenvolvam completamente a sua

motivao intrnseca apenas com as aulas de conjunto e os concertos, mas tal como

foi referido no subcaptulo 1.1.2, os pais tm ento um papel importante e devem

ajudar o aluno neste sentido, usando todo o material entregue pelo professor nas aulas

individuais.

20

1.3.4. Desenvolvimento de capacidades.

Numa sntese geral, Shinichi Suzuki criou 5 pontos importantes que serviro

como principais pilares para uma boa aprendizagem do violino atravs do seu

Mtodo:

1. Comear o mais cedo possvel.

2. Criar o melhor ambiente possvel.

3.Use o mtodo de ensino mais preciso.

4. Fornecer uma grande quantidade de treino.

5. Use os melhores professores.

Quando todas estas condies esto reunidas,

a flor da maravilhosa habilidade ir florescer."2 (Suzuki-Nagata,1981:23)

Jenny Macmillan (Professora de Piano Suzuki em Cambridge), num dos seus

artigos para a revista Piano Professional acrescentou mais 5 passos que, com toda a

certeza, esto j includos na filosofia de Suzuki, contudo mais pormenorizados. So

estes os seguintes:

1) A observao de aulas de outros alunos.

2) Ouvir muita msica.

3) Aprendizagem atravs da demonstrao.

4) O domnio, passo a passo de cada tcnica.

5) O uso do mesmo repertrio para as crianas. (Macmillan, 2007:8)

Todos os passos descritos pela autora foram obviamente criados por Shinichi

Suzuki, contudo o ponto 4 merecer um grande destaque neste primeiro captulo para

mais tarde nos ajudar a perceber melhor a anlise de gravaes.

2 1. Begin as early as possible. 2. Create the best possible environment.3.Use the finest teaching method. 4. Provide a great deal of training. 5. Use the finest teachers. When all of these conditions

are working together, the flower of really wonderful ability will bloom.

21

1.3.5. Mtodo para violino, orientao e princpios do estudo.

O sistema utilizado por Suzuki, na organizao do seu Mtodo enquanto

compilao de partituras, foi promovido de forma a que os alunos pea aps pea

possam aumentar o nvel de dificuldade tcnica.

Durante 10 anos, Shinichi dividiu toda a sua colectnea em 10 volumes

cuidadosamente organizados do mais simples para o mais complexo, com peas

divertidas e de carcter erudito (Middlemiss, 1972:188). Seguindo o seu objectivo

para a Educao de Talentos, o professor no s se limitou a organizar partituras

como tambm a descrever cada passo e cada tipo de estudo centrado na aprendizagem

hierarquizada. De seguida sero referidos vrios exemplos:

1. No Suzuki Violin School - volume 1, o primeiro passo conseguir uma boa

postura para tocar na corda mi e realiz-la na perfeio;

2. Posteriormente, na Variao A do Twinkle, Twinkle, little Star ele

escreve: Para tocar duas colcheias em staccato, necessrio parar o arco aps

cada colcheia sem adicionar qualquer tipo de presso. preciso manusear

cada arcada com leveza e lentamente, com uma curta pausa entre elas

(Suzuki, 1978) de notar que Shinichi Suzuki, sabia perfeitamente o que

pretendia com a Educao de Talentos;

3. No Suzuki Violin School - volume 10 (volume onde se encontra o Concerto

em r maior para violino de W.A.Mozart), ele introduz um ponto que

orientava os alunos na prtica do Concerto para posteriormente interpret-lo

correctamente. Encontram-se pedaos de compassos com tudo explcito sobre

tcnica de arco e de mo esquerda, dinmica, postura etc.

Segundo Middlemiss (The Musical Times), Suzuki descobriu que as crianas

respondem de forma positiva msica barroca. O seu primeiro volume acaba

precisamente com a Gavotte de F.J.Gossec, que marca o primeiro grande passo de

estudo para uma criana. Mesmo para os alunos que j passaram este patamar, estes

devem continuar a tocar estas primeiras peas tanto individualmente como em

conjunto, pois fundamental rever pontos tcnicos bsicos. Middlemiss acrescenta

dizendo:

22

"A velocidade do arco, por exemplo, aprendida pela primeira vez, no n8 do

Livro1,e a pea constantemente praticada para alcanar estes objectivos. A

Mudana de corda, muito importante para Suzuki e um dos problemas bsicos de

tocar violino, iniciada na dcima quarta parte do livro 1. O staccato ascendente

n11 do livro 2, e os alunos mais avanados praticam a primeira metade do Trio

usando apenas uma arcada para cima. A entoao iniciada no

Livro 2, e todas as aulas posteriores, com esta concentrao em atingir

o melhor tom e entoao mais pura possvel.3 (Middlemiss; 1972:188)

3Speed bowing, for instance, is learnt for the first time on no. 8 of Book 1, and the piece is constantly practised to achieve its aims. Change of string, very dear to Suzukis heart as one of the Basic

problems of violin playing, is begun in the fourteenth piece of Book 1. Up-bow staccato is meti n

ni.11of book 2, and the more advanced pupil practises the first half of the Trio using only one up-bow.

Tonalization is commenced at the begenning of Book 2, and all later lessons begin with this

concentration on achieving The finest tone and purest intonation possible.

23

CAPTULO II

A implementao actual do Mtodo Suzuki Estudo de caso 1

2.1 Recolha de informao.

Com a finalidade de dar a conhecer todos os passos, sugestes, enlaces,

tcnicas de aprendizagem e contedos reunidos que nos foram apresentados nesta

escola que adoptou o Mtodo Suzuki, os passos que se seguem informam-nos de todo

o contedo amealhado ao longo de toda a investigao. O primeiro ser apresentar

toda a informao com elevado grau de importncia acerca das respostas dadas aos

questionrios entregues ao professor, entidade pedaggica e aos pais.

Professor: para podermos ter uma ideia centrada na situao correcta em que se

insere o professor inquirido, devemos dizer que este lecciona aulas de violino atravs

do Mtodo Suzuki h mais de seis anos e neste momento contribui com este Mtodo

em mais que uma escola. As aulas atravs do Mtodo Tradicional tambm fazem

parte do curriculum do docente. Quanto sua formao em Mtodo Suzuki, fez vrias

formaes de professores com Betty Haag (professora americana da Roosevelt

University) e com Rui Fernandes (professor da Academia de Msica de Lisboa).

Uma das perguntas realizadas esteve direccionada para a sua justificao na

adopo deste Mtodo de ensino, e a resposta que este cria muito entusiasmo com as

crianas mais pequenas e optou por t-lo visto implementado na escola onde estudou

(Academia de Msica de Paos de Brando) contribuindo com muito bons resultados

tcnicos e grande motivao por parte da criana. As vantagens do Mtodo Suzuki

so sem dvida: o entusiasmo, a motivao e a interactividade/ligao entre

professor/pais/alunos, alm de um desenvolvimento tcnico e musical mais precoce.

Quanto s desvantagens, o professor no encontra nenhumas, contudo refere: Tento

contornar as possveis [lacunas] do Mtodo Suzuki puro que so a leitura tardia e a

memorizao musical. Visto que o rumo tomado pelo docente no est direccionado

completamente para a linha pura do Mtodo, este define que isto se deve ao facto da

nossa sociedade no ser igual do Japo e dos Estados Unidos. Completa o seu

pensamento dizendo que as nossas mentalidades so latinas e alm disso, temos que

24

fazer um aproximar das competncias de leitura ao conservatrio, para que aos dez

anos os alunos tenham bons conhecimentos de leitura (estudos e escalas).

O seu desejo de continuar a leccionar a partir do Mtodo Suzuki, parte da ideia

de que o que funciona melhor na educao musical das crianas de tenra idade.

A participao em actividades contnuas em Mtodo Suzuki [como aces de

formao] foi muito importante pois foram teis na aprendizagem de novos conceitos

atravs da partilha de experincias e situaes com outros colegas.

Relativamente ao acompanhamento dos pais, o professor diz que estes

compreendem que ao acompanharem os seus filhos nas aulas e no estudo de casa, os

motivam mais e logo tm melhor evoluo.

Umas das melhorias que o professor gostaria de encontrar, que os tempos

lectivos das aulas individuais fossem aumentados de modo a que os alunos

usufrussem de duas aulas semanais.

As principais diferenas entre este Mtodo Suzuki e o Tradicional, que

existe pela forma mais maternal que ministrado o ensino [uma relao mais

prxima], o que leva a que os alunos ganhem mais afectividade pelo professor.

Pais: para alguns pais, a sua primeira impresso sobre este Mtodo foi razovel, pois

tinham algumas dvidas relativamente aprendizagem sem recurso notao

musical. Para outros, a primeira impresso foi boa, pois fantstico ver meninos de

to tenra idade conseguirem tocar determinadas musicas. Basicamente, a principal

razo para escolher este Mtodo porque seria o mais adequado para a faixa etria

dos filhos e para comear com o instrumento o mais cedo possvel. O objectivo do

acompanhamento dos pais no estudo de casa assenta em ajudar progresso dos

filhos, e deix-los mais motivados e os resultados so muito bons. A participao nas

aulas, faz com que os pais acompanhem todos os seus progressos, e possam ajud-los

a consolidar alguns aspectos em casa, contudo estando presentes nas aulas ouvem as

explicaes do professor e conseguem ajudar os filhos a melhorar a tcnica. O

investimento por parte dos pais compensador pois, os alunos ficam mais motivados,

conseguem tocar melhor, ficam mais felizes e querem aprender mais, o que por sua

vez deixa os pais felizes e motivados. Por outro lado, no possvel que um aluno

sem uma prtica diria orientada consiga progressos to grandes uma vez que uma

aula semanal muito pouco tempo para aprender um instrumento. Quanto ao

conhecimento da implementao do Mtodo Suzuki em Portugal, uns dizem que tm

25

conhecimento. Outros afirmam que no, e que necessrio haver mais divulgao do

Mtodo e dos seus resultados.

Entidade Pedaggica: esta instituio adopta aulas de violino atravs do Mtodo

Suzuki h neste momento treze anos. A razo pela qual optou por esta via de ensino

do violino, deve-se ao facto de ter um nvel de eficcia [elevado]. Outros factores tais

como: o envolvimento, a participao dos encarregados de educao na aprendizagem

do seu educando e a importncia da classe de conjunto ajudaram na insero do

Mtodo. Esta a nica via de ensino da disciplina de violino [para crianas muito

novas], contudo a instituio adopta aulas atravs do Mtodo Tradicional. Tendo em

conta a importncia dos pais, a direco pedaggica menciona que estes aceitam com

naturalidade o seu envolvimento, contudo, se for necessrio, a escola apela para uma

maior motivao dos alunos quando acompanhados pelos pais. No que diz respeito s

vantagens do Mtodo nesta instituio, a entidade afirma que so devidas motivao

dos alunos, ao envolvimento dos pais, ao maior sucesso escolar e maior eficcia no

estudo do instrumento. Por outro lado, alguns professores indicam como desvantagem

a dificuldade da leitura musical.

2.2 Gravaes de aulas individuais.

1 Gravao aluna x: tal como o professor Shinichi Suzuki o exigia, aqui, os pais

participam nas aulas individuais. A idade da aluna gravada de nove anos. Nesta aula

o professor insistiu nas vrias tcnicas de vibrato com vrios dedos, e quando acabou

o exerccio, pediu aluna para voltar a rever isto durante a semana no muitas horas,

contudo pouco e bem. Aps este exerccios a aluna tocou o Concerto nmero 5 opus

22 de Seitz com acompanhamento de piano. O professor mandou a aluna parar 9

vezes pois a aluna no estava a tocar com a dico pedida (Vdeo - 1). Durante o

Concerto, a aluna enganou-se em arcadas e rtmos, e o docente no deixou passar.

Durante a aula, o professor dirigiu-se a mim dizendo que a aluna j sabe ler e tenta

saber o mais possvel com a ajuda da me, pois normalmente o que acontece que a

formao musical em termos de dificuldade, no acompanha a dificuldade do violino

e este o grande problema. Por outro lado, as escolas de maneira geral no esto

preparadas para o Mtodo Suzuki, pois a formao musical realizada muito base

26

de jogos e ao chegar a uma determinada altura os alunos precisam da leitura e no

conseguem cumprir. O preenchimento desta lacuna feito na aula de violino por parte

do professor e em casa com a preciosa ajuda dos encarregados de educao. Nesta

fase em que a aluna se encontra, torna-se impossvel fazer as coisas base da

imitao. Como diz o professor, no livro I de Suzuki, possvel tocar desta forma,

mas depois comea a ser complicado, no quer dizer que no seja possvel, mas

quando os alunos chegarem aos dez anos de idade tm de tocar estudos e escalas, e se

eles no fizerem esta mescla dos mtodos, iro ter uma grande dificuldade. O que est

a acontecer, que os professores do Mtodo Suzuki esto a comear com a leitura um

pouco mais cedo (embora seja difcil) sempre com a ajuda dos pais, e quando

chegarem aos ditos graus de conservatrio, os alunos iro sentir menos dificuldades e

continuaro motivados e interessados na aprendizagem do instrumento.

2 Gravao aluna x: a entrega do Concerto em l menor de Antnio Vivaldi e

vrios comentrios do professor acerca de problemas tcnicos que possam surgir,

sero vistos como ponto principal da aula. A aluna ter de analisar o primeiro

andamento tendo em conta dois aspectos. So eles os seguintes:

1) Ler com muita calma e saber quais so as notas escritas;

2) Ver quais so as notas que aparecem pela primeira vez nas partituras.

Nota: a aluna j no toca as peas por imitao. J consegue ler e estudar em casa.

Aps vrias perguntas por parte da menina ao docente, este explicou-lhe e

tirou-lhe todas as dvidas, como por exemplo: que significado tem a palavra tutti na

partitura? Qual a definio da palavra solo? O que quer dizer lullaby? Qual o

significado de certos smbolos escritos na partitura

1 Gravao aluna y: com esta aluna de seis anos de idade, os pais acompanham

sempre as suas aulas individuais. Para comear com as observaes quanto a esta

primeira aula gravada, de notar que cada vez que o professor falava com a aluna,

esta encontrava-se sempre em posio de descanso. O que isto de posio de

descanso? Este acto que iremos encontrar tanto nas aulas individuais como de

conjunto, simplesmente a forma como os alunos precisam de estar quando no

27

tocam, quando ouvem as explicaes dos professores ou quando ouvem o acorde

mgico do piano (acorde de d maior). Esta posio constituda pelos seguintes

pontos:

1) Violino debaixo do brao direito;

2) Ps juntos;

3) Arco na mo direita com a ponta a apontar para

o cho.

Antes da aluna comear a tocar, o professor pede-lhe para cantar a msica e s

depois deste primeiro trabalho que a aluna ter competncia para comear com o

violino.

Quanto posio do instrumento, o professor explicita aluna que o violino

no em frente cabea como um babete.

Imagem 3 Violino direito

No que compete tcnica em geral, o docente referiu vrios pontos

importantes:

1) Antes de colocar o terceiro dedo na corda inferior, a aluna dever pensar

nele previamente, pois seno a nota ir chegar atrasada e com rudo;

Imagem 1 Posio de descanso

Imagem 2 Violino como um babete

28

2) Dever ter em ateno a forma como coloca os dedos no arco, ou seja, no

devero estar esticados mas sim redondos;

3) Ter em ateno a distribuio do arco;

4) necessrio que a aluna diga sempre o nome das notas interiormente

enquanto est a tocar;

5) Estar sempre concentrada do incio ao final da msica.

No decorrer da aula, o professor perguntou ao pai da aluna se ela aceita o que

a me diz em casa quando estuda com ela, e acaba dizendo que alguns meninos no

aceitam porque dizem que os pais no percebem nada, e que s o professor que

sabe. A maioria tem dificuldades em respeitar a autoridade musical dos pais.

Durante esta aula a aluna tocou: 1) Cavalinho Salta 2) Variao dos seis 3)

Variao dos oito.

2 Gravao aluna y: nesta segunda aula, a aluna tocou duas peas: primeiro o

Tema ou Estrelinha e segundo o Balo do Joo. Esta aula tornou-se bastante

interessante visto que foi aprendida uma pea nova. Alguns aspectos tcnicos iro

tambm de encontro com a primeira gravao.

Focando-nos nas dicas que o professor deu quanto sonoridade, curioso e

necessrio saber quais as utilizadas, tendo em conta a idade que aluna tem. A primeira

que o docente quer que ela tenha um som grande, para que um dia faa um concerto

num grande auditrio e que as pessoas a oiam, e a segunda que a aluna dever ter

cuidado e pensar que o seu som dever ouvir-se na rua.

Em relao assistncia da me na aula, interessante contemplar que existiu

uma interaco entre ela e o professor. Sugestes de estudo como: ter de praticar sem

parar tanto o arco, cantar muitas vezes a pea, realizar determinadas passagens

tcnicas com cuidado, ter em ateno postura, foram abordadas durante cada aula e

explicadas me e visualizadas por ela.

No que compete aprendizagem da pea nova, trs gestos importantes se

destacaram ao longo desta aula. So eles o seguintes:

1) O professor ensinou a pea com o nome das notas e a cantar, de seguida a

aluna teve de imitar o professor (Vdeo 2);

2) Dividir muito bem a pea por partes e utilizar nomes adequados idade da

criana, para que seja muito mais fcil organizar as diferentes frases;

29

Exemplo: a primeira linha do Balo do Joo ir chamar-se de balo, j a

segunda linha ter o nome de balozinho pois tem notas pequeninas e curtas.

3) Seguir por imitao as notas e a diviso do arco utilizada pelo docente de

compasso a compasso.

2.3 Gravaes de aulas de conjunto.

1 Gravao da aula de conjunto: aps afinar todos os violinos, os alunos

encontravam-se na sala em p, em quatro filas, e na posio de descanso. de notar

que os alunos mais pequenos frequentaram a primeira parte da aula, e na segunda

parte entraram alunos mais velhos. As aulas de conjunto servem sobretudo para passar

msicas que se tocam nas aulas individuais, relembrar certas e determinadas tcnicas,

desenvolver o sentido de companheirismo por parte dos estudantes e treinar a

memorizao.

Nesta gravao, o professor de violino passou nove msicas ao todo com

acompanhamento de piano. So elas: Cavalinho Salta, o Balo do Joo, Cano do

mi-l, Os Patinhos, Go Tell Aunt Rhody, O Come Litlle Children, Cano de Maio,

Long Long Ago e Allegro.

No que diz respeito tcnica em geral, avano demonstrando tudo aquilo a

que o docente deu principal destaque, e para comear, aps o piano tocar o acorde

mgico, os alunos fizeram a posio click-clack. A posio click-clack o nome

dado ao processo em que os alunos afastam os ps um do outro e se colocam na

posio de tocar.

Imagem 4 Ps juntos Imagem 5 Posio do click Imagem 6 Posio do click-

clack

Outra das tcnicas de memorizao muito presentes na aula, diz respeito s

perguntas realizadas pelo professor, como por exemplo: em que nota comea a parte

30

B da msica Cavalinho Salta, quantas vezes se tem de repetir a parte B, em que

parte do arco (talo, meio, ponta) se toca uma determinada nota numa linha pautada.

Este tipo de questes foram muito utilizadas na aula, e a maioria dos alunos souberam

quais as respostas. Foram perceptveis dois pontos em relao aos alunos mais

pequenos, o primeiro que o docente lhes pede muitas vezes para cantarem enquanto

tocam, e o segundo que quando no sabem a msica, os alunos sentavam-se chins

com os arcos e os violino pousados sua frente.

Existe uma disciplina intrnseca nas aulas, para que os alunos respondam

rapidamente s questes que lhes so colocadas. Durante a aula, foram feitos vrios

exerccios em conjunto, como virar o pulso direito nas mudanas de cordas, rotao

do arco e exerccios de dinmicas.

Finalizando, existiram trs pormenores a ter em ateno nas aulas de conjunto:

1) O professor de violino em conjunto com o piano tocava sempre uma

introduo antes dos alunos comearem;

2) No fim das msicas os alunos s podiam colocar-se em posio de

descanso aps ouvir o acorde mgico do piano;

3) Enquanto os alunos tocavam, havia sempre um professor que ia ajudando

alguns a melhorar arcadas e posies (Vdeo 3).

2 Gravao da aula de conjunto: tal como foi referido no subcaptulo anterior, o

principal enfoque baseia-se nos vrios pontos importantes que se retiraram das aulas

de conjunto. Durante esta aula, os alunos tocaram onze peas diferentes, so elas:

Cano das Crianas, Os Patinhos, Cano do mi-l, Cavalinho Salta, Variao dos

Seis, Long Long Ago, Perpetual Motion, Allegretto, Msica n10 e Humoresque.

Foram novamente visualizadas muitas perguntas aos alunos e comentrios tais como:

1) Durante a msica, apesar de olhar para o violino necessrio olhar para o

professor (para no trocar as arcadas);

2) Enquanto estudamos as msicas devemos cantar as notas. Nas audies e

nos concertos no se deve fazer;

3) preciso posicionar os dedos sempre nas fitas que foram colocadas no

violino;

4) A introduo serve para os alunos se concentrarem, pensarem nas notas e

olhar para o professor;

31

5) Tocar sem medo.

Relativamente a esta aula no h muito para mencionar, visto que o

procedimento das aulas de conjunto realizado sempre da mesma maneira.

2.4 Discusso dos resultados.

Concluindo este segundo captulo, irei fazer um paralelismo entre a filosofia

de Shinichi Suzuki e os dados retirados desta escola. Comparando as aulas desde o

incio at ao final das gravaes, a minha primeira observao de que em nenhuma

das aulas os alunos fizeram a vnia ao professor. Este o primeiro ponto base que o

professor Suzuki pedia no comeo de cada lio. Continuando o caminho de

comparao, a memorizao das msicas esteve sempre presente nos alunos desta

escola, seja nas aulas individuais ou nas aulas de conjunto. Houve uma aula em que a

aluna levou partitura, contudo voltando ao que disse o professor, a formao musical

um ponto fraco do Mtodo Suzuki e preciso atear no aluno uma evoluo focada

nesta direco. Passando para o acompanhamento dos pais, foi de facto visualizado

que estes assistiram sempre s aulas individuais. Assim sendo, o professor explicou

sempre aos pais qual o trabalho que queria ver realizado, de que forma deveriam

estudar com os filhos em casa e como ajudariam a transmitir motivao aos filhos.

Por outro lado os pais no assistiram s aulas de conjunto. Permanecendo atento s

aulas de conjunto, no existiu qualquer tipo de competio entre os alunos nem

qualquer clima de tenso, muito pelo contrrio, os alunos divertiam-se muito a tocar

em conjunto, o repertrio o mesmo para todos, ningum critica o colega e o

desenvolvimento de vrias tcnicas em conjunto torna os alunos muito mais

motivados. No entanto a primeira parte das aulas de conjunto feita com os alunos

mais pequenos e a segunda parte com todos. O professor insistiu muito nas repeties,

pois as arcadas desordenadas, as notas desafinadas e a postura dos alunos deveriam

ser o mais igual possvel e com o mximo de perfeio.

De seguida irei fazer um paralelismo (em quadro) entre o que pedia Shinichi

Suzuki e aquilo que foi visualizado nesta instituio. Para tal, vou assinalar com Sim

ou No tudo aquilo que se identificou com a escola.

32

Referncias por parte de Shinichi Suzuki Identificao na escola

Shinichi Suzuki pedia a assistncia dos pais na aula Sim nas aulas individuais

No nas aulas de conjunto

Relao pais/professores/alunos Sim

Memorizao das peas pelos alunos Sim

Grande rigor no trabalho de casa Sim

Disciplina na sala de aula Sim, contudo com algumas falhas

Respeito pelos professores e colegas Sim

Encorajamento por parte dos professores/pais Sim

O domnio passo a passo de cada tcnica Sim

Aprendizagem atravs da demonstrao Sim

Qualidade do ambiente em que a criana est envolvida Sim Quadro 1 Relao Suzuki e Estudo de caso 1

Posto isto, deve-se referir que nesta escola, o ensino do violino via Mtodo

Suzuki de muito boa qualidade. O porqu de no atribuir excelente deve-se ao

facto de faltar pontos fulcrais na disciplina dos alunos (vnia e falta dos pais nas aulas

de conjunto).

33

CAPTULO III

A implementao actual do Mtodo Suzuki Estudo de caso 2

3.1 Recolha de informao: Aproveitando a ordem invocada no captulo anterior, irei apresentar os dados

relativamente aos questionrios entregues ao professor, entidade pedaggica e aos

pais. Novamente, o interesse em apresentar esta triangulao uma parte importante

de cada captulo, no s para nos situarmos no contexto escolar, mas tambm para

realar relatos na primeira pessoa.

Professor: iniciando este primeiro ponto, anuncio que a docente inquirida lecciona

aulas de violino atravs do Mtodo Suzuki h mais de seis anos nesta escola, e no

exerce esta funo em mais nenhum local. O rumo tomado pela professora no opta

por leccionar aulas de violino a partir do Mtodo Tradicional. No que diz respeito

sua formao no ensino do Mtodo Suzuki, esteve durante um ano nos Estados

Unidos da Amrica com a professora Betty Haag.

A sua justificao na adopo deste Mtodo de ensino, deve-se ao facto de ter

uma grande aproximao no s no trabalho desenvolvido pelos alunos e pelos pais

mas tambm devido utilizao de trabalho ldico com grande rigor tcnico. O

esprito de equipa e entreajuda com os pais fortalecem ainda mais a adopo do

mesmo. De forma directa, a professora afirma que este Mtodo nos proporciona

apenas vantagens, contudo no fornece informaes suficientes acerca deste assunto.

A linha pura de Shinichi Suzuki est completamente incutida na sua maneira de

leccionar e o seu desejo de continuar a dar aulas atravs desta via de ensino deriva da

sua formao, da convico que este lhe transmite e finalmente devido aos excelentes

resultados obtidos. Contudo a docente no participa em actividades de formao

contnua em relao a este tema.

Concentrando-nos no nvel de encorajamento aos alunos, a professora conta

que nesta instituio os docentes trabalham no mbito de haver constantemente uma

motivao transmitida aos alunos. Numa outra pergunta realizada, a docente afirma

que existe o desejo de melhorar o ensino/aprendizagem nesta escola, contudo as

34

referncias entregues no so de grau importante visto que a sua resposta foi: no dia

em que acharmos que j no h nada para melhorar, melhor parar o ensino.

Uma das principais diferenas entre este Mtodo e o Tradicional que,

comeando com alunos de to tenra idade e acompanhando-os durante muitos anos (a

partir dos trs anos at aos dezoito anos), certamente natural que exista uma relao

muito prxima entre aluno/professor. Contudo refere que nesta instituio

aconselhvel ao aluno, que passe para outro professor dentro da mesma escola ao

chegar a uma certa altura.

Pais: relativamente primeira impresso sobre o Mtodo, duas respostas

contrastantes foram colhidas. Uma com m impresso devido falta de

reconhecimento pedaggico associada ao Mtodo Suzuki, e por outro lado uma

excelente impresso pois para alm do desenvolvimento dos conhecimentos musicais,

este Mtodo desenvolve caractersticas de rigor, disciplina e de estudo. Uma das

razes pela qual o escolheram, deriva de uma experincia vivida atravs de conversas

acerca do assunto. Um dos pais inquiridos que tambm possui formao em msica,

respondeu dizendo que quando pensou em inscrever o seu filho de 2 anos tentou

informar-se com colegas professores de violino e violoncelo, contudo alguns

rejeitavam [esta escolha]. Posteriormente, contactou com a professora desta

instituio e esta apelou-a a experimentar um curso de vero. Aps esta experincia,

estes pais acabaram por adorar esta via de ensino do violino. Foi durante as aulas de

violino e na primeira entrevista realizada pela professora, que foi transmitido a

informao aos pais acerca do encorajamento. O principal objectivo obtido acerca dos

resultados do seu acompanhamento tende a reforar e consolidar a aprendizagem do

instrumento. importante a presena dos pais nas aulas para que eles recebam

informaes sobre de que forma devero trabalhar com os filhos em casa. O seu

investimento compensador pois sente-se uma evoluo no percurso do aluno e

completando, este Mtodo fornece um grande estmulo criana.

Entidade Pedaggica: esta instituio usufrui de aulas de violino atravs do Mtodo

Suzuki h treze anos. A razo pela qual esta escola optou pelo ensino atravs deste

Mtodo deve-se ao facto de usufruir de professores com [boa] formao, e tambm

devido aos excelentes resultados obtidos [pelos alunos]. A adopo do Mtodo

Tradicional uma resposta difcil de facultar pois esta instituio afirma que sempre

35

necessrio alargar as possibilidades [da aprendizagem do violino], contudo vrias

diferenas so visualizadas entre os dois Mtodos. So elas as seguintes:

1) O relacionamento com os pais;

2) A motivao dos alunos;

3) O acompanhamento do estudo dos alunos no trabalho de casa;

4) O constante controlo nos erros tcnicos dos alunos.

3.2 Gravaes de aulas individuais.

1 Gravao aluna x: iniciando com este pargrafo, necessrio expor o meu

entusiasmo pois no incio e no final da aula, a professora tocou o acorde mgico e

dizia bom dia ou adeus aluna. Como resposta, a menina encontrava-se em

posio de descanso e fazia uma vnia. Os pais no assistiram aula pois foi referido

que nesta fase a aluna no precisa do acompanhamento dos pais. Foi notado que a

professora utilizava uma fita colada no cho para que os alunos nas aulas no

ultrapassassem o limite da linha e se encontrassem sempre no mesmo lugar. Nesta

aula a docente programou insistir no movimento do pulso direito, pois diz que

necessrio ter conscincia que o pulso existe. O encorajamento um ponto base da

filosofia de Shinichi Suzuki, e durante a aula a professora usou expresses tais como:

muito bem, ptimo!, fantstico!, que incutiram uma grande motivao aluna.

De seguida irei redigir por tpicos as principais observaes retiradas desta

aula, pois ser muito mais fcil perceber quais os pontos de interesse. So estes os

seguintes:

1) A professora cantava sempre as melodias com o nome dos dedos em Ingls;

Imagem 7 Melodia com nome dos dedos 2) Exerccios como duplicar cada nota no arco e cantar uma;

3) A aluna deveria surpreender as pessoas quando aparecem alteraes

cromticas;

36

4) A aluna no deve olhar para os dedos. Deve apenas sentir a afinao;

5) Experimentar o mximo possvel em frente ao espelho.

2 Gravao aluna x: no seguimento da primeira aula gravada e deparando-me

novamente com a qualidade de respeito entre professora/aluna

(cumprimentos/vnias/elogios), as principais observaes retiradas acerca da

tcnica/exerccios/comentrios utilizados durante esta aula foram os seguintes:

1) Para cuidar a afinao na terceira posio, a aluna dever posicionar muito

bem o primeiro dedo da mo esquerda na terceira fita colocada no violino;

2) Mais que uma simples visualizao da aluna, o estudo acompanhado pela

professora fez parte de toda a aula individual;

3) A produo de som foi um dos exerccios muito repetido, pois a inteno do

dedo indicador no arco deve ser mantida;

4) Exerccios para levantar o cotovelo direito e para utilizar muita energia,

foram tambm alvo de muito estudo durante a aula;

5) Quando a aluna se engana bastantes vezes numa determinada passagem,

esta dever saber onde est situada na partitura. Aqui, nota-se que a imitao

comea a ser posta de parte e a leitura de partituras torna-se mais importante;

6) Exerccios de flexo do pulso no talo do arco (continuao dos exerccios

da primeira aula). A professora dizia aluna que o que importa neste trabalho,

no a produo do som mas sim descobrir e melhorar o movimento do pulso

no talo;

7) No estudo de casa, a docente pediu menina para estudar sempre devagar e

em frente ao espelho. A velocidade vir com o tempo.

Durante esta aula foram interpretadas trs peas: Gavotte de Jean Baptiste

Lully que se encontra no Mtodo Suzuki Violin School volume II, Elfentanz de Ezra

Jenkinson e o Concerto de Antnio Vivaldi.

1 Gravao aluno y: tal como acontece com a aluna x, na aula do aluno y de seis

anos tambm nos deparamos com o uso da vnia no incio e no final de cada aula para

cumprimentar a docente (Vdeos 4 e 5). Esta aula muito interessante pois a

professora realizou vrios exerccios, jogos e leitura com o aluno. Foram estes os

seguintes:

37

1) Visto que o aluno no conseguia estar quieto, a professora resolveu fazer

um exerccio para no mexer nada do corpo. O aluno podia apenas mexer os

olhos;

2) Exerccio de mo esquerda nas vrias notas da corda l (Vdeo 6). Este

exerccio muito interessante devido aos nomes utilizados para cada nota.

Como j foi referido no pargrafo relativamente aluna x, a professora

utilizou sempre termos em ingls, e os alunos tiveram de encarar tudo nesta

linguagem. Posto isto, o seguinte quadro d um exemplo do paralelismo entre

o nome das notas e a linguagem adoptada pela professora.

Notas D natural D # R natural R # Linguagem Low two High two Low three High three Quadro 2 Paralelismo entre nome das notas e linguagem adoptada pela professora

3) Exerccio da aprendizagem das notas das diferentes escalas. Neste

exerccio, a professora pediu ajuda me do menino (professora de formao

musical) para que em casa faa um jogo com ele. O jogo teve como mbito o

aluno saber dizer as notas de todas as escalas, seja no sentido ascendente, seja

no sentido descendente;

4) Visto que o aluno mexe muito a mo esquerda enquanto toca, a docente

adaptou-lhe uma tala. Assim, o aluno no ir conseguir dobrar o pulso;

Imagem 8 Tala na mo

5) Quanto leitura, necessrio tocar mais lento (em pizzicato) e cantar as

notas. Mais uma vez, as notas foram cantadas em ingls.

38

Durante esta aula o aluno tocou quatro msicas, sendo elas as seguintes:

Minueto 1, Happy Farmer, Allegro e Allegretto. Todas estas peas esto

includas no volume I do Mtodo Suzuki Violin School.

No final da aula, a professora exclamou: parabns pela aula de hoje. Notou-

se perfeitamente o orgulho que o aluno teve quando ouviu estas palavras.

2 Gravao aluno y: no decorrer da aula existiram muitssimos factores de elevada

importncia a ter em considerao. Esquematizar por pontos todos estes factores de

interesse, iro certamente ajudar a compreender qual o trabalho que a professora quis

desenvolver com o aluno.

1) Como forma de incentivar o aluno para obras de dificuldade superior, a

docente exclamou parabns pela criana ter estudado muito bem as

Variaes do Suzuki Violin School volume I;

2) O aluno tem de perceber que o violino deve estar posicionado em cima do

ombro esquerdo e no em frente cabea como um babete;

3) Exerccios a cantar e a dividir com o dedo indicador as msicas no arco;

Imagem 9 Processo de diviso do arco

4) As fitas colocadas no violino servem para afinar bem as notas e o aluno

obrigado a tocar afinado. A professora referiu que a colocao de fitas uma

das vantagens do Mtodo Suzuki;

5) Outro dos pontos relacionados com a afinao que quando o aluno

memoriza as msicas, ele tem a obrigao de tocar afinado;

6) O posicionamento da cabea deve inclinar mais para o lado esquerdo pois

desta forma, ser muito mais fcil o aluno olhar para as fitas. muito

importante nestas aulas os movimentos fsicos;

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Imagem 10 M visualizao das fitas Imagem 11 Boa visualizao das fitas

7) Exerccios a cantar as msicas e mexer apenas os dedos da mo esquerda.

Estes exerccios servem para o aluno colocar melhor os dedos nas fitas e para

ter cuidado para no mexer tanto a mo. A nica coisa que mexe so os dedos. No decorrer da aula, o aluno executou quatro msicas: as Variaes, May

Song, Minueto n3 de J. S. Bach e a pea The Happy Farmer.

Notou-se que o arco do menino tambm est dividido por trs fitas. A

professora deu nomes a essas fitas de modo a que seja mais fcil para o aluno saber

at que parte tem de passar o arco. fita colocada na parte inferior do arco tem o

nome de Joana, a fita do meio conforme o nome o indica, e a fita superior

denomina-se casa.

A interaco entre a professora e a me do aluno foi tambm bastantes vezes

marcada, pois esta ligao ir ajudar a me a estudar com o filho em casa.

3.3 Gravaes de aulas de conjunto.

1 Gravao da aula de conjunto: a aula de conjunto foi muito interessante, pois a

sala estava cheia de alunos e todos os pais assistiram a esta aula. A alegria dos pais

por ver os seus filhos a tocarem em conjunto e a felicidade dos meninos a tocarem

para os pais formou uma conjuntura notvel e de grande valor. No que diz respeito ao

que foi estudado e exercitado no decorrer desta aula: os jogos, as audies, os lderes

responsveis pelo grupo e o que tudo o foi visualizado teve um grande impacto

positivo.

No incio da aula e como nos temos deparado nas aulas individuais, todos os

alunos cumprimentaram os pais e os professores com uma vnia. Todos eles estavam

40

organizados na sala e com a mesma distncia entre eles, pois no cho existem fitas

que dividem o local por aluno.

Durante esta aula ocorreram variadssimos exerccios que demonstraram o que

pretendido nas aulas de conjunto via Mtodo Suzuki nesta instituio. Para comear,

todos os alunos tiveram de colocar o instrumento no cho sua frente e tiveram de

cantar a msica do Cavalinho Salta em conjunto e a imitar a professora nos gestos

emitidos. Os ltimos gestos da msica dirigiram-se para o posicionamento do

instrumento. De seguida, os alunos tocaram a msica do mi-l em pizzicato, e

novamente, antes do final da msica deveriam apanhar o arco que ainda se encontrava

no cho. Finalizando este processo, os meninos aqueceram os dedos, cantaram e

acabaram por se encontrar todos com o instrumento colocado. Seguidamente sero

referenciados todos os jogos utilizados pela docente que ajudaram a completar esta

aula da forma mais divertida possvel. So estes os seguintes:

1) A diviso das msicas. Os rapazes tocavam uma parte e as raparigas outra,

no final a professora deu algumas indicaes, elogios e comentrios acerca da

melhor actuao. Existiu uma competio saudvel entre os alunos e reforou

a ideia de tocar cada vez melhor;

2) Durante algumas msicas a professora parou de tocar e os alunos deviam

estar sempre atentos a estas situaes. Neste jogo, foi obrigatrio os meninos

olharem sempre para a professora e pararem no mesmo lugar do arco. Falou-se

tambm em disciplinar o arco, pois preciso ter o cuidado de realizar os

movimento e controlar o arco;

3) O jogo das casas com a diviso do grupo em trs partes. Todos os alunos

tinham um lder: a professora, o professor assistente e uma aluna eleita pela

docente. Cada grupo tinha de tocar uma das Variaes do volume I do

Suzuki Violin School;

4) Continuando com o jogo anterior, os meninos tiveram de tocar a sua

respectiva Variao e seguir o lder pela sala (Vdeo 7);

5) Jogo das cartas. Neste jogo, a professora mostrou cartolinas com uma clave

de sol, uma pauta e uma nota. Os alunos tinham de dizer que nota se

encontrava na pauta, em que corda se tocava essa mesma nota no violino, e

que dedo tocava essa nota.

Antes do final da aula, vrios alunos foram chamados para a frente dos seus

colegas, para interpretarem uma pea a solo para todos os que esto presentes na sala.

41

Aps cada actuao a professora e os pais batiam palmas aos alunos, e estes

agradeciam com uma vnia (Vdeo 8). Contudo, os comentrios sobre o que fizeram

bem ou mal, os elogios e as apreciaes globais estiveram sempre presentes.

Durante esta aula foram interpretadas oito peas e trs variaes: Cano do

mi-l, o Balo do Joo, Twinkle Tema, Minueto de Johann Sebastian Bach,

os Patinhos, Allegro, Go Tell Aunt Rhody, Perpetual Motion, Variao A

ou Cavalinho, Variao C ou Boneca e a Variao D ou Cavalinho Cavalinho.

2 Gravao da aula de conjunto: durante esta aula de conjunto, a docente desta

instituio dividiu o tempo da aula em duas partes. Na primeira parte, a aula foi dada

ao grupo dos alunos mais pequenos, e a segunda parte assentou na juno destes

alunos com os mais velhos. Posto isto, este subcaptulo ser dividido em duas partes

sendo a primeira relativa aula de conjuntos dos mais novos.

No decorrer desta primeira aula, a professora colaborou bastante com os pais e

a ligao entre ambos torna uma classe de conjunto mais unida e com melhor

qualidade. O contedo acerca deste objectivo ser dividido em duas partes, sendo elas

as seguintes:

1) A primeira interaco entre ambos derivou da falta de coordenao de uma

aluna com o restante grupo. No incio da aula a professora pediu aos meninos

para fazerem a vnia (como costume nesta escola), contudo uma das alunas

no colaborava neste exerccio. ento que a professora pediu me da aluna

para se juntar filha e obrig-la a realizar esta tarefa. Futuramente e aps a

docente ter ouvido que a menina no estudava em casa com a me, esta referiu

que este tipo de coisas no se podem dizer, pois necessrio a ajuda dos pais

para conseguir cumprir as tarefas perfeitamente;

2) Para a realizao de um novo exerccio, a professora chamou os pais dos

meninos para a sua frente. Estes tiveram de se posicionar no lugar dos

meninos. O exerccio consistiu em tocar a msica do Cavalinho Salta, com o

violino virado ao contrrio (Vdeo 9). No entanto, todo o processo de

posicionamento do instrumento teve de ser feito, foi este o seguinte: click-

clack, violino para a frente, virado para o cu, em cima do ombro e debaixo do

queixo.

42

Imagem 12 Processo de posicionamento do violino

Aps este processo os pais ajoelharam-se para ficarem ao nvel dos meninos.

Antes de comear, a docente pediu aos pais para estarem muito atentos e no trocarem

a direco das arcadas, pois a professora exige isto tudo corrigido para a prxima

aula. Enquanto os pais se encontravam a fazer o exerccio, os filhos ajudavam-nos a

ajustar certos pormenores. No final, a docente pediu para trocarem e em vez de serem

os pais a tocar, desta vez eram os meninos.

Com este tipo de trabalho verificado um nvel de entreajuda elevado e como

referiu Shinichi Suzuki, os pais so os primeiros a obter formao na aprendizagem

do instrumento, para que depois consigam ajudar os seus filhos no trabalho de casa.

O restante tempo da aula foi dedicado a tocar o Twinkle Tema, Cavalinho

Salta e cano do mi-l com arco e em pizzicato. Foi tambm observado uma

grande quantidade de elogios como: estou muito orgulhosa de vocs, foi perfeito, e

a felicidade dos pais ao ouvirem os filhos permitiu que no final das msicas, estes

batessem grandes salvas de palmas.

Ao longo da segunda parte da aula, foram interpretadas as seguintes peas:

Bourre de Georg Friedrich Haendel (obra que se encontra no Suzuki Violin School

volume II), Minueto n1 de Johann Sebastian Bach, Allegretto, Perpetual

Motion, May Song, Cano do Vento ou Os Patinhos, Balo do Joo, Jogo

das casas e o Twinkle Tema. Esta aula destinou-se preparao do grupo para um

concerto que ir realizar-se na Casa da Msica no Porto, e no fundo todos os

comentrios, conselhos e exerccios que a professora ditou/realizou, estiveram

direccionados para este contexto.

43

3.4 Discusso dos resultados.

Concluindo este terceiro captulo irei basear-me na forma como foi discutido o

captulo anterior. De seguida irei fazer um paralelismo entre o que pedia Shinichi

Suzuki e aquilo que foi visualizado nesta instituio. Para tal, vou assinalar com Sim

ou No tudo aquilo que se identificou com a escola.

Referncias por parte de Shinichi Suzuki Identificao na escola

Shinichi Suzuki pedia a assistncia dos pais na aula Sim

Relao pais/professores/alunos Sim

Memorizao das peas pelos alunos Sim

Grande rigor no trabalho de casa Sim

Disciplina na sala de aula Sim

Respeito pelos professores e colegas Sim

Encorajamento por parte dos professores/pais Sim

O domnio passo a passo de cada tcnica Sim

Aprendizagem atravs da demonstrao Sim

Qualidade do ambiente em que a criana est envolvida Sim Quadro 3 Relao Suzuki e Estudo de caso 2

Posto isto, deve-se referir que nesta escola o ensino do violino via Mtodo

Suzuki bastante concreto, pois os pontos mais importantes a ter como referncia so

perfeitamente seguidos pelos professores. O quadro anterior mostra-nos com bastante

facilidade a qualidade de ensino do violino e diga-se que nem sempre fcil reunir

todas as condies.

44

CAPTULO IV

A implementao actual do Mtodo Suzuki

Estudo de caso 3

4.1 Recolha de informao

A estrutura do quarto captulo vai de encontro com o que tem sido apresentado

nos captulos anteriores. Ser novamente referido todos os pormenores agregados aos

professores, pais, entidade pedaggica, assim como a apresentao dos resultados

obtidos atravs das gravaes.

Professor: iniciando este primeiro ponto, necessrio apresentar ao leitor o tempo de

servio do docente em relao ao Mtodo Suzuki para violino. Este professor lecciona

h mais de seis anos e ministra este tipo de ensino nesta escola e no Conservatrio

Regional de Setbal. De igual modo ao que foi apresentado no captulo anterior, o

docente dedica-se apenas s aulas associadas a esta via de ensino do instrumento.

Formou-se na Academia de Msica de Lisboa com o professor Rui Fernandes e na

Academia de Msica da professora Betty Haag.

A razo pela qual adoptou o Mtodo deve-se curiosidade obtida atravs da

visualizao das aulas dos seus amigos professores de violino via Suzuki. O docente

refere que todas as informaes faziam sentido e que os seus resultados enquanto

docente melhoraram substancialmente. As mais valias deste ensino so adquiridas

atravs da dinmica de grupo (classes de conjunto), dos objectivos especficos que o

aluno adquire e finalmente devido ao envolvimento dos pais na aprendizagem.

Continuando com a direccionalidade das suas aulas, o professor refere que no

lecciona atravs da linha pura do Mtodo, contudo acaba comentando que o prprio

Shinichi Suzuki afirmava que cada mestre deveria encontrar maneira de melhorar a

performance dos seus alunos e que a ordem das peas no era exigida.

A vontade de continuar a leccionar violino com base neste Mtodo deve-se

aos bons resultados angariados. A sua participao em actividades de formao acaba

por fornecer ideias para a resoluo de problemas especficos nos alunos e ajuda a

melhorar as suas competncias na realizao de uma boa iniciao do instrumento.

Relativamente ao acompanhamento dos pais, o docente diz que uma ajuda

importante contudo acrescenta que o tempo para o acompanhamento dos filhos

bastante reduzido.

45

Umas das melhorias que gostaria de visualizar tem a ver com a realizao de

trabalhos em conjunto com vrios professores.

Concluindo as suas informaes, este anuncia que no existe qualquer

diferena entre a relao professor/aluno no Mtodo Suzuki e no Mtodo tradicional.

Pais: para alguns pais, a sua primeira impresso acerca do Mtodo foi boa devido

possibilidade da introduo do aluno ao estudo da msica e a razo pela qual

escolheram esta via de ensino deve-se ao facto de ter sido oferecida pela escola. Por

outro lado, a primeira impresso foi excelente pois como foi referido, os resultados

obtidos devem-se acima de tudo motivao incutida aos alunos. Finalizando esta

ideia, certos pais recolheram boas informaes atravs da leitura e visualizaram que

este Mtodo oferece bons resultados a nvel mundial pois bastante objectivo. Isto

levou-os a encaminharem os filhos para este tipo de aprendizagem do violino.

Partindo da percepo de Shinichi Suzuki (quando afirmava que os pais tm

um papel importante no acompanhamento dos filhos no estudo de casa), aqui os

resultados do acompanhamento por parte dos progenitores oferece uma maior

motivao aos alunos, um aperfeioamento da tcnica/execuo e notoriamente

visvel os resultados [positivos]. A participao nas aulas tambm um factor de

elevada importncia, o que acontece aqui que de certa forma h uma

incompatibilidade de horrios entre as aulas e o trabalho dos pais, o que leva a que os

alunos no se sintam de certa forma seguidos. Vergando-nos para uma deciso

diferente, algumas respostas fazem-nos reconhecer que a presena nas aulas serve

como estmulo adicional criana e tem como papel mostrar-lhes que os pais se

encontro envolvidos no processo de aprendizagem.

Terminando este ponto que tem como objectivo dar a conhecer as opinies dos

pais, estes referem que deveria haver uma maior divulgao do Mtodo fora do

circuito das escolas com ensino da msica.

Entidade Pedaggica: o nascimento das aulas de Mtodo Suzuki para violino nesta

instituio teve origem h seis anos e a razo pela qual optou por esta via de ensino

deve-se ao facto de ter havido um protocolo com a Academia de Msica de Lisboa.

Os dados recolhidos acerca da satisfao que a escola sente, remetem-nos para uma

avaliao positiva e a razo pela qual nos atribuda esta avaliao deriva da opinio

que tm como sendo um processo altamente funcional do ensino/aprendizagem do

46

instrumento numa fase inicial. Numa das respostas relativas s diferenas e

semelhanas encontradas entre o Mtodo Suzuki e o Mtodo Tradicional, a instituio

respondeu que encontra no Mtodo Suzuki mais estmulo e produtividade para o

aluno especialmente no primeiro contacto com o instrumento. Tendo em conta a

importncia dos pais no acompanhamento das crianas, a entidade pedaggica refere

que a presena deles essencial para a produtividade do processo [de ensino] e a

integrao na organizao com a participao em actividades escolares agiliza o

processo [de aprendizagem]. No que diz respeito s desvantagens, a informao

obtida diz-nos que no so encontradas nenhumas a no ser para alm das crticas de

pessoas desinformadas. Como grande vantagem, referido que existe um aumento

das classes de cordas (no s em quantidade como em qualidade), a promoo do

ensino de qualidade ao nvel do violino [ maior] e a adopo deste Mtodo acaba por

inverter o processo de falncia do ensino em Portugal.

4.2 Gravaes de aulas individuais e de conjunto

1 Gravao aluna x: esta primeira aluna tem seis anos de idade e os seus pais no

assistem s aulas individuais. Durante esta aula foram visualizadas vrias tcnicas

relacionadas com o reconhecimento de notas, de cordas e o mtodo usado pelo

docente na aprendizagem da msica pela aluna. A primeira parte esteve dirigida para

um jogo realizado atravs de cartolinas. Aqui, a aluna teve de reconhecer as notas que

estavam escritas na pauta, e toca-las no violino. notado que a menina adorou o jogo

que o professor lhe props (Vdeo 10).

Imagem 13 Tipo de cartolina usada

47

No que compete tcnica utilizada pelo docente no mbito da aluna adquirir a

msica como conhecimento, este empregou vrios exerccios especficos para esta

finalidade. foram estes os seguintes:

1) A aluna cantou a pea com o acompanhamento do piano;

2) Tocar a pea s nas cordas soltas (com o arco), a cantar e sem utilizar os

dedos da mo esquerda;

3) Tocar a pea com os dedos da mo esquerda, a cantar e sem utilizar o arco;

4) Fazer apenas o arco enquanto o professor faz os dedos da mo esquerda

(Vdeo 11);

5) Fazer os dedos da mo esquerda enquanto o professor toca a parte do arco

(Vdeo 12).

Outro dos pontos fulcrais retirados desta gravao, que expresses como

muito bem, muito parabns, deixavam a aluna muito feliz e muito envergonhada

no bom sentido da palavra.

2 Gravao aluna x: nesta segunda aula a aluna tocou a Variao A (que o

professor deu o nome de pau pica-pau) e a Variao C (cavalinho salta). Durante

esta aula no foram destacados muitos pormenores. Numa sntese geral, o docente fez

referncia dinmica sonora que a aluna tem de produzir, colocao do violino

numa boa posio, ajudou-a tambm com a diviso, a direco do arco e o elogio

tambm no faltou. Contudo, mais uma vez os pais no assistiram aula individual.

1 Gravao aluna y: iniciando com a informao recolhida atravs das aulas desta

aluna de nove anos (sem o acompanhamento dos pais), o grosso do contedo baseou-

se na tcnica geral que o docente procura interiorizar na aluna. Quanto postura o

professor fez referncia posio do instrumento, do dedo pulgar (no arco) e dos ps,

pois no Mtodo Suzuki muito importante manter um bom posicionamento. Em

relao ao posicionamento do dedo pulgar no arco, o docente quis muito ver esta

tarefa bem feita, pois se a aluna quer um dia tocar profissional dever ter isto em

ateno.

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Imagem 14 Posio do pulgar profissional Imagem 15 Posio do pulgar das crianas

Como aconteceu com a aluna de seis anos, a pea foi vrias vezes tocada com

a ajuda do professor (um faz os dedos da mo esquerda e o outro o arco e vice-versa),

com isto a separao e a ateno que a aluna deu a cada mo foi mais concreta.

Outro dos pontos importantes a reter que existiu sempre um paralelismo e

uma simultaneidade entre o tocar e o cantar. Um dos exerccios aplicados na

aprendizagem da msica (neste caso Go Tell Aunt Rhody) requer que por exemplo:

todas as notas que a aluna tocava na corda mi, deveria cant-las com a ajuda do

piano.

2 Gravao aluna y: durante esta aula a aluna interpretou as msicas O Balo do

Joo e Tia Rosa. Mais uma vez a tcnica um ponto fulcral nesta aula. O

professor fez referncia e estudou com a menina trs factores necessrios para a

obteno de uma boa qualidade acerca da execuo:

1) Reconhecer em que zona d