a imigração do leste europeu para portugal - fe.uc.pt · imigrantes do leste europeu “a visão...
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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
A Imigração do Leste Europeu
para Portugal
Sónia Sofia Pais Morgado
Coimbra, Dezembro 2007
Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra
Trabalho realizado no âmbito da avaliação contínua da
disciplina de
Fontes de Informação Sociológica pela aluna
Sónia Sofia Pais Morgado
(aluna nº 20070927 da Licenciatura em Sociologia)
Imagem da capa retirada de: http://populo.weblog.com.pt/arquivo/2006/09/imigracao_1
Coimbra, Dezembro 2007
Hora
Sinto que hoje novamente embarco Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras E o meu desejo canta – por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos Das mentiras alheias, Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Índice 1. Introdução........................................................................................1 2. Parte I 2.1. Processo de Pesquisa detalhada …...……………………………....2 3. Estado das Artes 3.1. Imigração do Leste Europeu ………………………...………..……..5 3.2. Porquê o nosso país?…………………………………..……………8 3.3. A sua integração..........................................................................9 4. Parte II 4.1. Avaliação de uma Página da Internet …........................................10 4.2. Ficha de Leitura …………………………………………………...11 5. Conclusão…………………………………………………………….16 6. Referências Bibliográficas……………………………………..……17 Anexo I - Avaliação da página da Internet
ACIME (2007), “ACIME”, Página consultada a 26 de Dezembro de 2007,
disponível em:
http://www.acime.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=2129
Anexo II - Texto de suporte da ficha de leitura Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004). “Novas
migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”. Revista Crítica de
Ciências Sociais, 69, 95-115
Fontes de Informação Sociológica
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1. Introdução
O tema escolhido para a elaboração deste trabalho é “ A Imigração do Leste
Europeu para Portugal”. Sendo a imigração um fenómeno recente no nosso
país decidi portanto, fazer uma reflexão acerca de todos os problemas
inerentes à chegada deste “vento de leste”.
A escolha do tema não foi tão simples como julguei, dado que
o meu interesse se direccionava sem dúvida para a imigração, mas ainda não
sabia ao certo do que tratar especificamente, visto que é um tema de grande
abrangência. Para tal, comecei por pesquisar no motor de pesquisa mais
conhecido, Google, o qual me despertou para um tema que muitos vêem
esquecido, os imigrantes oriundos do Leste Europeu.
Além disso, foi um tema que nunca antes tinha sido abordado por mim em
todo o meu percurso escolar de modo que, o entusiasmo e curiosidade que
tinha nele eram grandes. Então, achei por bem conhecer um pouco mais esta
comunidade que tanto nos diz.
No que diz respeito à estrutura deste trabalho, encontra-se dividida em duas
partes: na primeira, Estado das Artes (desenvolvimento do tema em si) e na
segunda, os restantes aspectos como, a ficha de leitura e a avaliação da
página da Internet.
Fontes de Informação Sociológica
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2.1. Processo de Pesquisa Detalhada
No decorrer deste trabalho fui tentando pôr em prática os conhecimentos que
assimilei e apreendi nas aulas teóricas e práticas da disciplina de Fontes de
Informação Sociológica, leccionada pelo professor Paulo Peixoto.
Comecei primeiramente por praticar aquilo que fui desenvolvendo ao longo das
aulas, ou seja, procurar o máximo de informação em motores de pesquisa,
sobretudo no Google, para assim obter informação pertinente e desejada
acerca do tema. Assim, fui fazendo escolhas, optando e delimitando a minha
pesquisa pessoal.
Portanto, depois de me debruçar na temática que iria ser abordada neste
trabalho, defini as seguintes “palavras-chave”: <imigração>, <Leste Europeu>,
<Portugal>, <inserção>. Não posso deixar de referir que, estes conceitos
foram, algumas vezes, aglomerados para que, a informação disponível nos
diferentes motores de pesquisa e, nos diferentes catálogos das bibliotecas
fosse mais relevante para o meu trabalho.
Iniciado então o processo de recolha de informação dirigir-me até à Biblioteca
do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra (CES) para ver e explorar a informação que tinham disponível, onde a
Bibliotecária se disponibilizou de imediato para me ajudar. Assim sendo, não foi
necessário recorrer a nenhuma base de dados.
Portanto, foi ai que obtive grande parte da informação que necessitava. Foi
sem dúvida, uma das Biblioteca mais importantes para conseguir
positivamente, desenvolver o meu trabalho.
Nesta pesquisa destaquei três registos, sendo eles, os seguintes:
o Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004).
“Novas migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”.
Revista Crítica de Ciências Sociais, 69, 95-115.
o Santos, Vanda (2004),” Discurso oficial do estado sobre imigração desde
os anos 90 até à actualidade”. O discurso oficial de estado sobre a
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imigração dos anos 60 e 80 e imigração dos anos 90 à actualidade –
Observatório da imigração, 8, Lisboa: ACIME.
o Rediteia (2002), “Imigração em Portugal”, 27,9-10.REAPN
A minha pesquisa foi recolhida também através do catálogo da
Biblioteca Municipal de Coimbra. Neste catálogo introduzi o termo <imigração>
e <leste europeu> ligados entre si a partir de um operador booleano de
intersecção (+, este sinal indica que as palavras devem aparecer no texto),
apresentando-se do seguinte modo: <imigração +leste europeu>, onde me
devolveu 87 registos. A estes dois termos adicionei ainda <+Portugal>, onde
obtive 25 registos. Assim desta forma pesquisei através de <imigração+leste
europeu+Portugal>. Não me sentindo ainda satisfeita a estes três termos
adicionei ainda <inserção>, em que obtive cerca de 14 registos. Seleccionei
apenas dois registos visto que, nada do que me aparecia se encontrava
ajustado à minha medida.
o Malheiros, José Macaísta (2002) “ Nova imigração e desenvolvimento
regional”. Cadernos sociedade e trabalho: Imigração e Mercado de
Trabalho, 2, 71- 87. Lisboa: Celta.
o AAVV (2002), A imigração em Portugal. Lisboa: SOS Racismo.
Remeti ainda a minha pesquisa ao Catálogo da Biblioteca da FEUC, da
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e da Biblioteca Nacional, onde
obtive informação já antes vista pelo que, acabei por não a seleccionar.
Usando as técnicas apreendidas nas aulas de Fontes de Informação
Sociológica, fui buscar informação à Internet, como era de esperar, sendo feita
através de uma pesquisa booleana. Seleccionei no motor de pesquisa Google,
“pesquisa avançada”, o conceito mais elementar acerca do assunto que
pretendi abordar, sendo ele <imigração>. Obtive 499.000 registos, o que me
levou imediatamente ao grave problema, o ruído (excesso de informação).
Imediatamente adicionei um novo termo <leste europeu> apresentando
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530.000 registos. Apesar de ter havido uma diminuição significativa, decidi um
novo termo aos dois anteriores <imigração +leste europeu +Portugal> aí, foi-
me devolvido 334.000 registos. Mas, não me fiquei por aqui, novamente um
termo foi introduzido <inserção> com 52.100 registos.
Portanto, a pesquisa feita na Internet destacou-me principalmente três páginas:
o “Por uma Política de Imigração Regulada e de Integração Social dos
Imigrantes e das Minorias Étnicas”, página consultada a 23 de
Dezembro de 2007.
http://www.partido-socialista.pt/programa2002/5-b-1-3-3.htm
o “ Imigrantes de Leste têm mais formação que população portuguesa”,
página visitada a 13 de Dezembro de 2007
http://www.acime.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=163
http://www.oi.acime.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo_OI_15.pdf
É de salientar que o meu processo de pesquisa foi retirado sobretudo de
informações em Bibliotecas do que propriamente na Internet. Consegui
portanto obter resultados satisfatórios para a realização e desenvolvimento do
meu tema.
Há que salientar ainda que o facto de não ter utilizado palavras-chave em
inglês se deveu sobretudo às dificuldades que apresento no domínio linguístico
em inglês; para além disso, os termos introduzidos em inglês apresentam um
excesso de informação tal que, não me permitia atempadamente entregar este
trabalho, de maneira que decidi por bem não o fazer.
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Estado das Artes
2.2.1. Imigrantes do Leste Europeu
“A visão de Portugal como país de imigração surge (…) aquando do
período que sucede à entrada de Portugal na CEE (…) Portugal
deixou de ser um país tradicionalmente de emigração para se
assumir como país de imigração e acolhimento de cidadãos
estrangeiros, à procura de melhores condições de vida”.
(Santos, 2004: 107)
É na segunda metade da década de 90 que se inicia o fluxo imigratório
proveniente dos países de leste, o qual se estende até aos dias que correm.
“Cresce uma nova imigração, em média, mais qualificada, mas estranha à
língua e a cultura portuguesa, oriunda do leste Europeu e por vezes alimentada
por redes organizadas e criminosas de tráfico e exploração da imigração
ilegal”. (Partido Socialista, 2002)
Assim, foram vários os motivos que levaram este “vento de leste” a soprar
rumo a Portugal. Os problemas económicos dos países de origem eram
elevados, cada vez mais se assistia a um crescimento da população mundial, a
adesão à União Europeia levou a que, fossem abertas fronteiras à livre
circulação interna. Deste modo, o fluxo internacional começa acentuadamente
a notificar-se no território nacional, modificando assim os seus padrões de
fixação. (Santos, 2004)
Quanto às alterações na distribuição geográfica dos imigrantes podemos
afirmar que estes se fixaram sobretudo “ nas áreas com maiores níveis de
rendimento e salário e particularmente, naquelas onde o conjunto de factores
de desenvolvimento medidos pelo índice de desenvolvimento humano e mais
significativo.” (Malheiros, 2002: 81).
Assim, a grande parte dos imigrantes fixa-se na Área Metropolitana de Lisboa,
como podemos atentar através do gráfico (Figura1).
Fontes de Informação Sociológica
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Figura 1 – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS ESTRANGEIROS COM AUTORIZAÇÃO
DE RESIDÊNCIA EM 31/12/2001 E QUE OBTIVERAM AUTORIZAÇÃO DE PERMANÊNCIA EM 2001
(CEG, 2003)
Portanto, os imigrantes ainda que com algumas dificuldades, contribuem
positivamente para o reforço e a reestruturação das áreas intermédias
alargando, as áreas metropolitanas e as cidades médias do litoral. (CEG, 2003)
Fontes de Informação Sociológica
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No que toca às qualificações deste “vento de leste”,
“Os imigrantes de países de Leste têm uma formação escolar
muitíssimo superior aos imigrantes de outras regiões e mesmo aos
portugueses.” “ (…) 31 por cento dos imigrantes tinham formação
académica superior e os restantes 69 por cento tinham completado o
ensino secundário ou equivalente formação técnica”, diz o estudo do
ACIDI (2003)
Assim, o aumento das qualificações médias dos cidadãos leva a uma oferta de
trabalho insatisfatória por parte destes imigrantes, pois os trabalhos que
desempenham não são justos para os níveis de qualificação e instrução que
têm. (ACIDI, 2003)
Em suma, a modificação do comportamento das entidades empregadoras1
encontra nestes activos uma forma de garantirem a manutenção da
competitividade à custa de estratégias defensivas baseadas numa forte
incorporação de trabalho a custos realmente baixos. (Malheiros, 2002)
1 A melhoria das qualificações e do espírito de iniciativa destas populações levará a elevados ganhos
produtivos no que diz respeito à empresa. (2002)
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3.2. Porquê o nosso país?
Como refere (Monteiro apud Acidi, 2003) “cônsul da Moldávia (…) que vieram
para Portugal, porque se espalhou que aqui havia muito trabalho e que num dia
se ganhava mais do que num mês lá”.
Portanto, a vinda dos imigrantes da Europa de Leste direccionava-se para o
nosso país pela ideia de que, os salários eram bastante mais elevados.
“Na Moldávia também havia a ideia de que a legislação era muito permissiva, e
por tudo isso surgiram rapidamente agências de viagem com pacotes, juntando
logo a viagem e um emprego em Portugal” (ACIDI, 2003)
Assim, quanto às principais razões que determinam a direcção do fluxo
obrigatório para Portugal, são as seguintes: as diferenças que existem entre o
nosso país e os vários países de origem, quer em relação aos salários, quer ao
nível de vida, bem como a falta de mão-de-obra em sectores como a
construção civil e obras públicas no mercado de trabalho português, entre
outras. (Baganha, 2004)
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2.2.3. A sua integração
“A integração é, sem dúvida, o eixo mais complexo, de mais longa duração e
que exige, não só, interdepartamentalidade no interior do Governo, como uma
relação de colaboração activa com a sociedade civil”. (Partido Socialista, 2002)
Portugal tem enfrentado uma tarefa difícil no que toca à integração dos
indivíduos imigrantes na nossa sociedade.
Apesar das medidas legislativas implementadas no nosso país a falta de
acesso à informação, ou seja, o domínio linguístico leva a que estes imigrantes
portugueses passem por situações de escravidão. (Rediteia, 2002).
Assim, o ACIME (Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas) colocou
quiosques informativos (em Lisboa), ou seja, locais equipados com material
informático onde os imigrantes podiam contactar com o mundo “exterior”.
Além disso, o papel das empresas foi seguramente imprescindível, na medida
em que, apoiassem a “aprendizagem do Português e criando espaços de
convivêncialidade de modo a não se sentirem marginalizados e possam
compreender e adquirir a cultura da empresa”. (Rediteia, 2002)
As associações de imigrantes são um factor importante no processo de
integração, visto que agem em áreas de formação profissional, disponibilizam
informações acerca dos seus direitos, organizam programas sociais e
educativos, a chamada educação multicultural e, prestam até assistência
médica.
Em suma, “só com uma mudança de mentalidades será possível aceitar e
conviver com as diferenças culturais na sociedade” (Rediteia, 2002).
4.1. Avaliação de uma página da Internet
Fontes de Informação Sociológica
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No âmbito do regime de avaliação contínua para a cadeira de Fontes de
Informação Sociológica pretendia-se avaliar uma página da Internet. Ao
debruçar-me nesta tarefa, para a realização do meu trabalho, escolhi a página
do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural
http://www.acime.gov.pt. A partir desta página encontrei um leque de
informação de grande importância e utilidade para o meu trabalho. O site foi
acedido no dia 28 de Novembro de 2007. Este site da Internet despertou a
minha atenção pelo simples facto de, inúmeras vezes ser referenciada
aquando da pesquisa avançada feita no Google e, além disso, por ser uma
página credível, visto que se trata de uma instituição governamental.
Com as visitas que fiz a esta, constatei que era uma página actualizada, pois
os seus destaques alteravam-se com alguma frequência.
A página principal deste site caracteriza-se por um desenho gráfico
diversificado e atractivo onde, o aspecto cromático e as animações, facilitam
agradavelmente a sua consulta. Não há que esquecer que, nesta página
podemos encontrar separadores onde a informação se encontra seleccionada
por assuntos. É-nos permitido também procurar informação já referenciada no
site com um “motor de busca” interno, ou seja, “hipertexto” que nos permite ver
todos os artigos disponíveis. Além disso, é possível consultar diferentes
Legislações, Associações vigentes e opinar através do envio de mensagens
electrónicas.
Não posso deixar de referir que esta página tem a possibilidade de ajudar
nomeadamente as comunidades imigrantes do leste Europeu, pois como estes
apresentam dificuldades com a língua portuguesa, é possível a escolha de
idiomas (Inglês, Russo, Português …).
Um facto curioso que encontrei neste site é o facto de existir uma linha SOS
Imigrante.
Segundo o meu ponto de vista é sem dúvida uma página de fácil navegação e
bastante organizada.
4.2. Ficha de Leitura
Fontes de Informação Sociológica
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Em “novas migrações, novos desafios: A imigração do leste Europeu”, Maria
Ioannis Baganha, José Carlos Marques e Pedro Góis procuram demonstrar
neste artigo as características sócio demográficas dos imigrantes do Leste
Europeu, bem como a sua integração e inserção na sociedade portuguesa.
Para tal, os autores basearam-se em dois inquéritos nacionais realizados a
imigrantes dessa mesma população.
Assim, este artigo é dividido em quatro pontos fundamentais que vou passar a
explorar de seguida.
Falando então este texto acerca da integração dos imigrantes oriundos do leste
europeu e das suas características sociais e demográficas, as suas palavras-
chave são as seguintes: imigrantes, Leste Europeu, Portugal, integração e
mercado de trabalho.
Novos fluxos de imigração em Portugal
Até ao ano de 2000 a “população imigrante de países terceiros era, em
Portugal, esmagadoramente proveniente dos países lusófonos”, todas as
outras nacionalidades apresentavam uma importância insignificante.
Deste modo, com a chegada de dezenas de milhares de imigrantes da Europa
de Leste a Portugal, esta situação que, prevalecia desta forma desde os anos
oitenta, foi-se modificando fortemente em 2001.
Desde esse ano, os países lusófonos deixaram de ter um lugar de destaque na
hierarquia das nacionalidades, passando a serem dominados por imigrantes
vindos da Europa de Leste, visto que nos processos de regularização
extraordinárias de 1992 e 1996 estes, não tiveram qualquer importância
numérica. Para além disso, durante o período em questão, Portugal não
adoptou nenhuma política pró-activa de recrutamento de imigrantes.
Assim, podemos afirmar que nem todas as comunidades lusófonas perderam
significado, pois a comunidade brasileira continuava a ter uma súbita taxa de
participação no processo de legalização.
Fontes de Informação Sociológica
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Conclui-se que, no espaço de um ano foram concedidas 126.901 autorizações
de permanência a imigrantes ilegais ao abrigo do artigo 55º do Decreto-lei
4/2001, a imigração do leste da Europa.
Porquê Portugal?
Este ponto explica-se pela forte intensidade da vaga migratória da Europa de
leste e, a sua direcção para o nosso país, ou seja, existem são dois os factores
que vão de encontro à pergunta “Porquê Portugal?”, aqueles que determinam a
direcção do fluxo migratório e aqueles que propiciam uma vaga migratória tão
intensa.
Portanto, os factores que propiciam uma vaga migratória intensa são os
seguintes “ elevada pressão migratória nas regiões de origem do fluxo;
facilidade de movimento dentro do espaço Schengen; tráfico de pessoas
organizado a partir da Europa de Leste, normalmente sob o disfarce de
denominadas “agencias de viagem; falta de controlo na emissão de vistos de
curta duração por parte de outros países da União Europeia”.
Quanto às principais razões que determinam a direcção do fluxo migratório
para Portugal, são as seguintes: as diferenças que existem entre o nosso país
e os vários países de origem, quer em relação aos salários, quer ao nível de
vida, bem como a falta de mão-de-obra em sectores como a construção civil e
obras públicas no mercado de trabalho português, entre outras.
Perfil sócio-demográfico dos imigrantes da Europa de Leste
em Portugal
Com os inquéritos que, decorreram em 2002 e em 2004, verificou-se um
aumento nos perfis sócio-demográficos destes imigrantes. A amostra contou
com setecentos e trinta e cinco indivíduos e onze nacionalidades distintas. O
primeiro inquérito (em 2002) registou uma maioria de inquiridos ucranianos
(89,4%), seguida de russos, moldavos e, as restantes nacionalidades eram do
Cazaquistão, Quirguizistão, Bulgária, Roménia, Bielorrúsia, etc
Fontes de Informação Sociológica
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Por sua vez, no segundo inquérito, em 2004, a amostra incidia nas três
principais nacionalidades dos imigrantes de leste em Portugal, sendo elas a
Ucrânia, a Rússia e a Moldávia.
Respectivamente à distribuição por sexo, a maioria dos indivíduos era do sexo
masculino (70,7%), já o sexo feminino notabilizou uma leve feminização do
fluxo migratório, registou uma percentagem de 29,3. Portanto, os homens
representavam mais de metade dos inquiridos (62,5%).
No que diz respeito às idades, a sua população é jovem, pois o intervalo etário
situa-se entre os 20-54 anos (idade activa).
Podemos dizer que foi ao longo de 2001 que a maioria dos imigrantes entraram
em Portugal.
Quanto ao estatuto de permanência no nosso país, os resultados apresentaram
dados distintos. Em 2002, a maioria dos inquiridos declarou ter um estatuto
legal, com 63,8%; em situação ilegal a percentagem era de 26,4% e, 9,8% dos
inquiridos não deu resposta à questão. Já em 2004, a situação ilegal
apresentou uma percentagem decrescida e acrescida em relação aos legais.
As habilitações literárias tanto em 2002 como em 2004, apresentava um
grande número de diplomatas por instituições do Ensino Superior (politécnicos
e universidades)
Assim, a partir do perfil educativo dos imigrantes podemos dividi-los em dois
grupos: por um lado, de qualificados e altamente instruídos e, por outro de
indivíduos de qualificação média.
Inserção Dos Imigrantes
o Integração Económica
A integração económica dos imigrantes da Europa de Leste é vista como uma
forma de obtenção de emprego nas sociedades de acolhimento, tendo
modalidades formais e informais.
Para se obter um primeiro emprego em Portugal, os imigrantes serviram-se das
redes de sociabilidade. Redes essas constituídas em grande número pela
família e amigos.
Fontes de Informação Sociológica
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Portanto, quanto maior for a sua “estadia em território nacional”, menor é a
dependência que estes têm pela sua rede de sociabilidade, pois com o
crescente domínio da língua portuguesa, conseguem aceder a oportunidades
sobre o mercado de trabalho e informações sobre essas mesmas condições
laborais.
Há que referir que, as “agências de viagem” têm vindo a perder importância daí
que, o meio de arranjar emprego seja diminuto. São os amigos e familiares que
pela sua vastidão de conhecimento e, por se encontrarem “cá dentro” mais o
conseguem.
Em relação à distribuição por sectores de actividade quero apenas salientar
que, foi o ramo da construção civil que mais gerou desemprego na comunidade
imigrante, reduzindo drasticamente de 42,8 % para 27,2% na actualidade.
As condições de trabalho podem ser visualizadas segundo os tempos médios
de trabalho, os contratos de trabalho e os seus salários auferidos. Assim,
conclui-se que apesar do emprego destes imigrantes ser no sector secundário
e, a sua formação escolar no país de origem, não ter nada a que ver com os
cargos que ocupam no mercado laboral português, ainda assim, a sua
evolução é positiva.
Na minha óptica, geralmente os imigrantes do Leste Europeu sujeitam-se a
desempenhar qualquer função no mercado de trabalho português. Qualquer
tarefa serve mesmo que não esteja de acordo com a sua instrução. “Tudo o
que vem à rede é peixe”.
o Integração Social
A integração social dos imigrantes na comunidade acolhida é analisada,
através da aquisição de um conjunto de competências sociais e culturais,
destacando-se sobretudo as competências linguísticas.
Não nos podemos esquecer que, se compararmos os imigrantes originários
dos PALOP´s e do Brasil, os imigrantes de leste encontravam-se em grau de
inferioridade, visto que para os primeiros o domínio linguístico é análogo e para
os outros, o contacto com o português significou uma adaptação difícil e
complicada, visto que a língua portuguesa é muito diferente da sua.
Fontes de Informação Sociológica
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Com a realização dos inquéritos constatou-se que, uma parte significativa já
dominava meramente bem o português, apenas a expressão escrita remetia
para maiores dificuldades.
Em 2004, as questões relacionadas com actos racistas e xenófobos foram
também colocadas neste inquérito. Aproximadamente 25% dos inquiridos
declarou ser alvo de atitudes discriminatórias no local de trabalho, seguido em
lojas, cafés e transportes públicos. Assim, à medida que se passa de espaços
públicos, rua, para espaços mais restritos as atitudes raciais aumentam.
Em suma, foi em 2001 que os imigrantes do Leste Europeu chegaram ao nosso
país em maior número. Para o território português vieram maioritariamente
homens, com nível de escolaridade média ou superior, para trabalhar nas
obras públicas e na construção civil.
Com o domínio da expressão linguística conseguem aceder a novas
oportunidades o que lhes faculta melhorias a nível da integração social e
económica.
Estima-se que muitos mandem vir as suas famílias e assim, permanecem por
cá.
Fontes de Informação Sociológica
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5. Conclusão
O tema debatido neste trabalho foi “ A Imigração do Leste Europeu para Portugal”.
Com este trabalho dei a conhecer ao leitor um pouco da sua constituição, ou seja, o
seu perfil demográfico.
Deste modo, pretendi dar a conhecer a quem nada sabe acerca deste assunto, o
porquê da escolha desta “vaga de leste” no nosso país.
Sendo esta comunidade tão bem qualificada, nem por isso, adquire o “estatuto” que
merece, muito pelo contrário, é ainda alvo de grandes atitudes raciais e
discriminatórias. Foi também aí que, o meu trabalho se debruçou.
Com a elaboração deste, aprendi a lidar, muito melhor, com as fontes de informação
que a partir das aulas de Fontes de Informação Sociológica apreendi bem como, a
superar dificuldades que surgiram aquando a escolha da informação.
Além disso, melhorei significativamente a minha forma de organização da informação
recolhida.
Em suma, foi um trabalho bastante enriquecedor não só a nível do conhecimento que
conquistei como também, pelo facto de ser uma comunidade que poucos conhecem
e, tantos desconhecem.
Fontes de Informação Sociológica
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6. Referências bibliográficas
Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004). “Novas
migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”. Revista Crítica de
Ciências Sociais, 69, 95-115.
Malheiros, José Macaísta (2002) “ Nova imigração e desenvolvimento regional”.
Cadernos sociedade e trabalho: Imigração e Mercado de Trabalho, 2, 71- 87.
Lisboa: Celta.
Rediteia (2002), “Imigração em Portugal”, 27,9-10.REAPN
Santos, Vanda (2004), O discurso oficial de estado sobre a imigração dos anos
60 e 80 e imigração dos anos 90 à actualidade. – Observatório da Imigração, 8,
Lisboa: ACIME.
Fontes de Informação Sociológica
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Páginas consultadas na Internet:
ACIDI (2003), “Imigrantes de Leste têm mais formação que população
portuguesa”, consultada a 23 de Dezembro de 2007
http://www.oi.acime.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo_OI_15.pdf
Ceg (2003), “Imigrantes de Leste nas áreas rurais portuguesas: o caso do
Alentejo”, pesquisada a 28 de Novembro de 2007
http://www.ceg.ul.pt/mcm/ImigLesteLF.html
Partido Socialista (2002), “Por uma Política de Imigração Regulada e de
Integração Social dos Imigrantes e das Minorias Étnicas”, página consultada a
20 de Dezembro de 2007
http://www.partido-socialista.pt/programa2002/5-b-1-3-3.htm
Fontes de Informação Sociológica
ANEXO I
ACIME (2007), “ACIME”, Página consultada a 26 de Dezembro de 2007,
disponível em:
http://www.acime.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=2129
Fontes de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica
Anexo II
Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004). “Novas
migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”. Revista Crítica de
Ciências Sociais, 69, 95-115.