a igreja em casas atos

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JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Volume 17 / Número 2 EDIÇÃO PORTUGUÊS PARE! Antes de você ler esta revista, por favor, olhe para a etiqueta de endereço em seu envelope. No topo direito de sua etiqueta, depois da palavra "EXPIR", está sua data de ven- cimento da assinatura da Revista ATOS. (month/year). Por favor, escreva essa data aqui: ________ / _________ mês ano No topo esquerdo de sua etiqueta está o seu número de ATOS. Por favor, escreva esse número aqui. Você deverá dar esta informação cada vez que escrever ao World MAP, ou quando preencher seu Formulário de Renovação de Assinatura ou solicitação do livro O Cajado do Pastor. A IGREJA EM CASAS O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações Bob Fitts ATOS

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ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 11 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001

1 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001

JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002Volume 17 / Número 2EDIÇÃO PORTUGUÊS

PARE! Antes de você ler esta revista, por favor, olhe para a etiqueta de endereço em seu envelope.

No topo direito de sua etiqueta, depoisda palavra "EXPIR", está sua data de ven-cimento da assinatura da Revista ATOS.(month/year).

Por favor, escreva essadata aqui:

________ / _________mês ano

No topo esquerdo de sua etiqueta está o seu número de ATOS.Por favor, escreva esse número aqui.

Você deverá dar esta informação cada vez que escrever ao World MAP, ou quando preencherseu Formulário de Renovação de Assinatura ou solicitação do livro O Cajado do Pastor.

A IGREJAEM CASAS

O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de CongregaçõesBob Fitts

ATOS

2 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

“Saudai Priscila e Áqüila, meuscooperadores em Cristo Jesus...saudai igualmente a igreja que se re-úne na casa deles” (Rm 16:3-5).

‘’As igrejas da Ásia vos saúdam.No Senhor, muito vos saúdam Áqüilae Priscila e, bem assim, a igreja queestá na casa deles” (l Co 16:19).

“Saudai os irmãos de Laodicéia,e Ninfa, e à igreja que ela hospedaem sua casa” (Cl 4:15).

“Ao amado Filemom... e à igrejaque está em tua casa” (Fm 1,2).

Com base nos versículos acima, éóbvio que a Igreja Primitiva reunia-se em casas. Essas casas não eram oque poderíamos chamar de um prédiocaracterístico e específico de umaigreja. Eram casas em que as pessoasmoravam, e eram abertas como umlocal de reunião para a igreja.

A Igreja Primitiva não tinha prédi-os de igreja. Os prédios não aparece-ram até o ano 232 d.C. O período maisexplosivo do crescimento da Igreja nahistória, até recentemente, aconteceudurante os primeiros anos, quando nãohavia nenhum prédio de igreja.

Contudo, neste exato momento, naChina, há um incomum mover do Es-pírito de Deus que é até mesmo maiorque o crescimento inicial da Igreja.Isso está acontecendo sem o uso deprédios de igreja. Esse reavivamentoé um movimento de igrejas em casas.

A seguinte citação foi extraída doRelatório Calebe da edição de Jan/Fevde 1990 da REVISTA MINISTÉRIOS.Este relatório foi feito por LorenCunningham, fundador e presidente daJOCUM (Jovens com Uma Missão):

“De acordo com o U.S. Center ForWorld Mission (Centro AmericanoPara Missões Mundiais), mais de22.000 chineses estão vindo a Cristoa cada dia. É o equivalente a 7 dias dePentecostes a cada 24 horas. Isso estáacontecendo neste exato momento. Amaior parte dessa explosão de umanova fé está vindo das comunidadesrurais da China, onde vive 80% dapopulação chinesa.

“Jonathan Chão, fundador daChinese Church Research Center(Centro de Pesquisas da Igreja Chi-nesa), contou-me como o reavivamen-to chinês está sendo espalhado por

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações

Bob Fitts

Capítulo 1

A RAZÃO PARA TERMOSIGREJAS EM CASAS

jovens, em sua maioria com idades de15 a 19 anos. Os adolescentes vão aosvilarejos e compartilham o Evangelhoonde ele nunca foi ouvido antes.

“Quando os convertidos são organi-zados em pequenos grupos, os adoles-centes chamam os ‘presbíteros’ ou‘anciãos’ (crentes de 20 a 30 anos deidade) para virem e ensinarem as recém-formadas igrejas em casas. Ao mesmotempo, os adolescentes seguem adian-te, para alcançarem o próximo vilarejo.

“Os pastores e mestres chinesesnão têm barreiras financeiras para es-palharem a mensagem cristã. Elesmoram com os camponeses e fazen-deiros em cada região nova, e nãoconstróem edifícios. Eles têm muitopouco e precisam de muito pouco.

“Através deste meio simples, asBoas-Novas estão saltando sobre oscampos e montanhas da China.”

O explosivo crescimento da Igrejaque está acontecendo agora na Chinatem algo em comum com o crescimen-to da Igreja Primitiva do Livro deAtos. Ambos são um movimento deigrejas em casas. Este mesmo tipo decrescimento é visto em outros países

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 3

hoje, onde os prédios de igrejas nãosão permitidos.

Há um princípio simples que é ex-presso aqui: Quanto mais obstáculosque atrapalham a implantação de no-vas igrejas forem removidos, tantomaior será o crescimento que veremos.

Já tive experiências, tanto na im-plantação como no pastoreamento deigrejas em casas.

Vejo algumas claras vantagens naimplantação de igrejas em casas paraa multiplicação de igrejas:

AS IGREJAS EM CASAS SÃOFÁCEIS DE SE INICIAR

Para se implantar uma igreja numacasa, você não precisa comprar propri-edades, nem construir um prédio. Vocênão precisa de um púlpito, bancos deigreja, hinários, nem de um piano. Vocêpode ficar sem um batistério, uma es-cola dominical, e um pastor de jovens.

Você não precisa pertencer a umadenominação, nem tornar-se membro.Você não precisa ter uma reunião aosdomingos, ter um boletim da igreja,nem ter uma reunião no mesmo lugartodas as semanas.

Você não precisa ter uma placacom o nome da sua igreja. Ela não pre-cisa de um nome. Na verdade, você

nem mesmo precisa chamá-la de“igreja”, contanto que você saiba queela é uma igreja. Nenhuma das situa-ções acima são ruins ou erradas, mastambém não são necessárias. O Após-tolo Paulo não usava nenhuma dascoisas acima em seu ministério de im-plantação de igrejas.

Muitas das nossas igrejas moder-nas deixaram a simplicidade do NovoTestamento e acrescentaram tantascoisas extras, que na verdade não sãonecessárias. Por essa razão, tem fica-do cada vez mais difícil iniciarmosuma nova igreja.

Não podemos ir a nenhum paíshoje onde o Apóstolo Paulo implan-tou igrejas e apontarmos para um pré-dio e dizermos: “Aquela é a Igreja deCorinto!” ou “Olhe para aquele lindoprédio! É a Igreja dos Efésios!” ou“Eis aqui a Igreja dos Tessalonicen-ses!” Não há nenhum prédio assim.Pelo que saibamos, as igrejas que Pau-lo iniciou reuniam-se em casas.

Ray Willians, um amigo íntimo, émissionário no México há 25 anos. Eletem sido usado por Deus para iniciardezenas de igrejas no México, dasquais centenas de outras igrejas têmsido geradas.

Ele me contou recentemente, que

EDIÇÃO PORTUGUÊSVolume 17 / Número 2

Índice

1. A Razão Para Termos Igrejas em Casas .... 22. As Igrejas em Casas no Novo

Testamento .................................................... 63. O que é Uma Igreja? ................................... 94. Implantação de Igrejas por Saturação .... 135. Uma Roda ou Uma Videira? ..................... 176. Será que os Prédios de Igrejas São

Mesmo Necessários? .................................. 187. Um Passo à Unidade .................................. 218. O que Fazemos Numa Igreja em Casa? .. 249. Perguntas e Respostas ............................... 27Suplemento A – Por que a JOCUM (Jovenscom Uma Missão) Implanta Igrejas .............. 30Suplemento B – Por que Implantar NovasIgrejas ............................................................... 32Como Fazer a Sua Igreja Crescer ................. 34O Crescimento da Igreja e as Escrituras ...... 37

Diretor Responsável ................... Ralph MahoneyDiretores ......................... Frank & Wendy ParrishDiretores Administrativos

África .................................. Loreen NewingtonÍndia .................................................... Bill ScottInternacional ................................ Gayla Dease

Artes Gráficas ... Dennis McLain & Vander SantosTradutor ....................................... Marcos TaveiraRevisora ........................................... Nadya DenisLeitora de Provas ...................... Maura OcamposImpressão Gráfica ................ Editora Betânia S/C

VISÃO E MISSÃOComo um ministério ao Corpo de Cristo, oWorld MAP existe para:1. Fornecer aos líderes de igrejas nos paí-

ses da Ásia, África e América Latina umtreinamento prático que os torne efica-zes ministros do Evangelho.

2. Compartilhar com os crentes das naçõesocidentais as vitórias e as tribulações deobreiros de igrejas nacionais, a fim deque a Igreja: Ore mais fervorosamente edê mais sacrificialmente para abençoare desenvolver a obra dos que servem naslinhas de frente do evangelismo.

ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publi-cada a cada três meses pelo “World MAP”, 1419N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA.Toda correspondência deve ser dirigida para o en-dereço acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail: [email protected]

SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudan-ças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.

Todas as passagens das Escrituras serão daBíblia Sagrada, traduzida em português por JoãoFerreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil– 1981, a menos que outra fonte seja indicada.

ATOSA IGREJA EM CASAS

4 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

certa vez, iniciou uma igreja num tri-gal. A igreja cresceu, e dela surgiu umamultidão de “igrejas-filhas e netas”, ecada uma delas com uma visão de im-plantação de novas igrejas.

Temos a tendência de tornar nos-sas igrejas complexas demais. Deusestá nos chamando de volta à simplici-dade e naturalidade da multiplicação.

AS IGREJAS EM CASASSÃO DESCONTRAÍDAS

E INFORMAIS

Vários anos atrás, levei minha fa-mília a uma igreja cujo pastor era umnotável mestre da Bíblia. Eu gostavamuito daquela igreja e queriafreqüentá-la. No entanto, todos osmembros de lá vestiam-se com rou-pas que eram muito caras para as con-dições financeiras da minha família.

Algumas pessoas não frequentamcertas igrejas hoje porque o nível dopadrão do vestuário é alto demais.Eles transformaram a igreja num even-to “formal”. Muitos que não frequen-tam uma igreja do tipo formal, fre-quentam uma igreja numa casa por-que ela é mais descontraída e tem umambiente informal e familiar.

Em seu livro UNDERSTANDINGCHURCH GROWTH (Comprendendo oCrescimento da Igreja), o Dr. DonaldMcGavran cita “Oito Chaves Para oCrescimento da Igreja nas Cidades”.A primeira delas nos dá a idéia do Dr.McGavran sobre a importância daimplantação e multiplicação das igre-jas em casas. Ele afirma:

“As oito chaves que estou paramencionar não são meras adivinha-ções. Elas descrevem princípios comos quais concordam homens especi-alizados no crescimento da Igreja.

“Em primeiro lugar, enfatize as igre-jas em casas. Quando a igreja começa acrescer, cada congregação precisa en-contrar logo um lugar para se reunir.

“A congregação deveria reunir-senos ambientes mais naturais. Deveria serum lugar em que os não-cristãos pos-sam vir com a maior tranqüilidade. Eladeveria estimular os próprios converti-dos a darem prosseguimento aos cultos.A obtenção de um lugar de reunião nãodeveria colocar um peso financeiro so-bre as pequenas congregações.

“A igreja em casas supre todos es-ses requisitos de forma ideal. Elas de-veriam sempre ser consideradas, tan-to para uma implantação inicial comopara expansões posteriores.”

AS IGREJAS EM CASAS SÃOFERRAMENTAS

EVANGELÍSTICAS

O Dr. Peter Wagner é consideradopor muitos como a maior autoridadesobre o crescimento de igrejas hoje.Ele diz: “O melhor método debaixodo céu para a evangelização é a im-plantação de igrejas. Nunca houve ummétodo melhor e nunca haverá.”

IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS PORSATURAÇÃO é o nome dado à visãoque agora está sendo adotada por lí-deres de missões no mundo todo.

Uma igreja que se divide a fim demultiplicar-se experimenta uma adi-ção. Uma igreja que tem o seu enfoquesomente na adição tem a tendência deatolar-se e estagnar-se.

O objetivo de muitos líderes deigrejas tem sido o de se tentar fazeruma só congregação muito grande, emvez de se multiplicar as congregações.Contudo, a Igreja de qualquer cidadeaumenta muito mais rapidamente pelamultiplicação das congregações doque pela tentativa de se edificar umasó super-congregação.

A maior igreja do mundo encon-tra-se em Seul, Coréia, sob a lideran-ça pastoral do Dr. Yonggi Cho, quetem aplicado o princípio de multipli-cação. A sua igreja está evangelizan-do a Cidade de Seul de uma maneiranotável, multiplicando as congrega-ções, que são chamadas de “células”.Eles se dispuseram a dividir-se a fimde se multiplicarem, e a adição temsido incrível.

AS IGREJAS EM CASASFACILITAM O TREINAMENTO

DE PASTORES E LÍDERES

Os educadores têm entendido hámuito tempo que o melhor método detreinamento ainda é o método de apren-dizagem, isto é, o treinamento de “ummestre a um aprendiz na prática”. É oque um ferreiro, encanador, ou advo-gado teria recebido há cem anos atrás.Eles aprendiam observando e pratican-

do, e, ao mesmo tempo, sendo respon-sáveis a um mestre na profissão.

Esse era o método de Jesus. Seusdiscípulos aprendiam observando, ou-vindo e praticando, enquanto con-viviam com o Próprio Mestre dos mes-tres.

Nas igrejas em casas os pastorespodem ser treinados no sentido de fa-zerem de fato a obra de pastoreio. Aomesmo tempo, eles estão sob a super-visão de um pastor sênior. Eles cres-cem à medida que a igreja cresce soba liderança deles.

Os pastores que têm empregos re-munerados de tempo integral podemcontinuar, a trabalhar até que a igrejapossa sustentá-los financeiramente. Al-guns pastorearão mais do que uma igre-ja numa casa, uma vez que nem todaselas se reúnem no domingo de manhã.

AS IGREJAS EM CASASAJUDAM A ESTREITAR OS

RELACIONAMENTOS

Uma pequena igreja numa casatem uma probabilidade muito maiorde que as pessoas tímidas encontremsua identidade no Corpo de Cristo.

Em nossa igreja em casa geralmen-te almoçávamos juntos nos domingos.Todas as famílias participavam, pre-parando e servindo as refeições. A for-mação de relacionamentos ocorremuito mais facilmente neste tipo desituações “familiares”.

Em seu periódico Church GrowthReport (Relatório do Crescimento daIgreja), Win Arn faz a seguinte afir-mação sob o título “UM PRINCÍPIODE CRESCIMENTO COMPROVADO”:

GRUPOS PEQUENOS EFICAZES:“Em nossos estudos de igrejas cres-centes, descobrimos que uma carac-terística comum é o alto nível de ‘colarelacionamental’ entre os membros.Podemos chamar esta característica de‘amor’, ‘amizade’, ‘solicitude’..., masé o que genuinamente atrai e retém osmembros.”

AS IGREJAS EM CASAS SÃOECONÔMICAS

Uma igreja numa casa pode cana-lizar para o ministério quase todos osseus recursos financeiros. Já que as

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reuniões são feitas em casas, todas asdespesas com construções são evita-das. Desta forma, somente dez famí-lias que dizimam poderiam sustentarfinanceiramente um pastor em tempointegral.

Já que um pastor poderia supervi-sionar mais do que uma igreja emcasa, ele não precisa receber todo oseu sustento de uma só congregação.As reuniões podem ser feitas em ou-tros dias ou noites, como também aosdomingos. Ouvi sobre um pastor queestava fazendo regularmente 12 reu-niões em casas toda as semanas. Nãohá nada no Novo Testamento que digaque domingo às 11 horas da manhã éa hora de a igreja se reunir. Aliás, opadrão do Livro de Atos é que eles sereuniam diariamente. O primeiro diada semana é raramente mencionado,e nunca é enfatizado como um dia es-pecial, separado para a adoração.

Obviamente, muitas destas igrejasem casas são dirigidas por pastores emtreinamento. Estas pessoas possuemempregos regulares e pastoreiam umaigreja numa casa à medida que seutempo permitir.

A honra de um salário razoável de-veria ser dada aos que estão em tem-po integral na obra. Contudo, até mes-mo os que servem como pastor emtempo parcial deveriam receber umahonra semelhante. Eles deveriam re-ceber algumas ofertas de amor e uma

remuneração proveniente dos dízimose ofertas. Isso ressarciria seus gastose os encorajaria na obra do ministé-rio. Quer esteja em tempo parcial ouintegral, “digno é o trabalhador doseu salário” (Lc 10:7).

AS IGREJAS EM CASASPODEM RESOLVER O

PROBLEMA DOCRESCIMENTO

Algumas das nossas congregaçõescrescem tanto que precisam construirprédios maiores, alugar instalaçõesmaiores, ou fazer dois cultos. Isso é oque chamamos de um “problema agra-dável”.

No entanto há também uma solu-ção agradável. Comece a treinar pas-tores, designando-lhes uma área da ci-dade. Em seguida, dê-lhes algumas fa-mílias para iniciarem uma igreja emcasa nestas áreas da cidade, com o pro-pósito de “terem um bebê”.

A coisa mais vivificante que umaigreja pode fazer é ter um bebê. Te-nho visto muitas e muitas igrejas mor-rendo por causa de um espírito pos-sessivo na liderança. As igrejas queDeus está abençoando são as igrejasque continuamente dão tudo o queDeus lhes dá.

Jesus disse: “dai, e dar-se-vos-á”(Lc 6:38). Uma igreja que dá é umaigreja que cresce.

Michael Green é o diretor da Fa-

culdade de Saint John de Nottingham,Inglaterra. Em seu discurso no Con-gresso Internacional sobre a Evange-lização Mundial em Lausanne, Suíça,em 1974, ele falou sobre os Métodose Estratégias na Evangelização daIgreja Primitiva. Ele disse: “Na Igre-ja Primitiva, os prédios não eram im-portantes. Eles não tiveram nenhumprédio de igreja durante o período deseu maior avanço.

“Hoje em dia, os prédios de igrejaparecem importantíssimos a muitoscristãos. A sua manutenção consomeo dinheiro e o interesse dos membros.Isso geralmente os afunda em dívidase os isola dos que não frequentam aigreja.

“Em alguns casos, até mesmo a pa-lavra ‘igreja’ mudou o seu significa-do. Ela não significa mais um grupode pessoas, como significava na épo-ca do Novo Testamento. Nos dias atu-ais, ‘igreja’ muitas vezes significa in-corretamente um prédio.”

Há muitas vantagens nas igrejasem casas. A mais importante delas é asimplicidade e facilidade de multipli-cação.

Os movimentos de igreja que cres-ceram mais rapidamente na históriaforam os que não tiveram enormes es-truturas organizacionais. Os movi-mentos mais bem-sucedidos têmenfocado os aspectos essenciais semhesitações. n

6 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 2

AS IGREJAS EM CASAS NONOVO TESTAMENTO

Durante a vida de Jesus na terra,residências comuns e simples eramusadas para a propagação do Evange-lho e para o discipulado de novos con-vertidos. Isso também aconteceu du-rante a expansão da Igreja no Livrode Atos. Os versículos abaixo mos-tram isto:

Uma Casa Onde Jesus FoiAdorado

“Entrando na casa, viram o meni-no com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus te-souros, entregaram-lhe suas ofertas:ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11).

A primeira vez em que um grupose reuniu para adorar a Jesus e ofere-cer-Lhe presentes foi numa casa – acasa de Maria e José.

A Casa de Pedro Foi Usada ParaUma Reunião de Curas

“Tendo Jesus chegado à casa dePedro, viu a sogra deste acamada eardendo em febre. Mas Jesus tomou-a pela mão, e a febre a deixou. Ela selevantou e passou a servi-lo. Chega-da a tarde, trouxeram-lhe muitosendemoninhados; e ele meramentecom a palavra expeliu os espíritos ecurou todos os que estavam doentes”(Mt 8:14-16).

Nos primeiros dias do Seu minis-tério, Jesus usou a casa de Pedro parafazer reuniões de pregação, cura, e li-bertação.

O Primeiro Culto de Ceia foiRealizado Numa Casa

Na última semana do ministério deJesus, Ele disse aos Seus discípulos:“Ide à cidade ter com certo homem edizei-lhe: O Mestre manda dizer: Omeu tempo está próximo; em tua casacelebrarei a Páscoa com os meus dis-cípulos” (Mt 26:18).

O nosso Senhor poderia ter esco-lhido celebrar a primeira Ceia com osSeus discípulos numa sinagoga, noTemplo, ou em algum outro lugar deimportância religiosa. Contudo, Eleescolheu celebrá-la numa casa comume simples.

Assim sendo, Ele deu a Sua apro-vação à residência comum como sen-do um lugar consagrado e santifica-do, digno dos mais solenes cultos deadoração.

Jesus Pregou a MultidõesReunidas em Casas

“Vários dias mais tarde, Ele vol-tou a Capemaum e as notícias da Suachegada espalharam-se rapidamentepor toda a cidade. Logo, a casa emque Ele estava ficou tão lotada de vi-sitantes que não havia espaço paranem mais uma pessoa, nem mesmofora da porta. E Ele lhes pregou aPalavra” (Mc 2:1,2 – A Bíblia Viva).

Jesus fez em casa as mesmas coi-sas que fazemos em nossos prédios de

igrejas hoje em dia. Ele também fezestas coisas ao ar livre e no pátio doTemplo.

O Pentecostes Veio a Uma Igrejaem Casa

“Ao cumprir-se o dia de Pentecos-tes, estavam todos reunidos no mes-mo lugar; de repente, veio do céu umsom, como de um vento impetuoso, eencheu toda a casa onde estavam as-sentados” (At 2:1,2).

Muitos de nós nunca consideramoso número de eventos bíblicos funda-mentais que aconteceram em residên-cias particulares.

LEMBRETES:• O primeiro culto de adoração

aconteceu numa casa• O primeiro culto de Ceia foi numa

casa• O primeiro culto de curas foi rea-

lizado numa casa• A primeira ocasião de pregação

do Evangelho aos gentios aconteceuna casa de Cornélio

• O derramamento do Espírito San-to no Dia de Pentecostes foi numacasa, e

• As primeiras igrejas que o Após-tolo Paulo iniciou foram todas or-ganizadas em casas.

Através dos séculos nós perdemosa vida que pode ser encontrada na sim-plicidade. Ao contrário, temos acres-centado coisas que retardaram o pro-

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 7

gresso e a expansão da Igreja a todasas nações.

Nas Ruas e nas Casas

“Eles adoravam juntos, regular-mente, no Templo, todos os dias, reu-niam-se em pequenos grupos nas ca-sas para a comunhão, e compartilha-vam as suas refeições com grande ale-gria e gratidão” (At 2:46 – A BíbliaViva).

A Igreja Primitiva não somente sereunia em pequenos grupos nas casas,mas também em reuniões maiores emlugares públicos. O crescimento maisrápido da Igreja acontece quando elanão usa locais formais de reunião. Por

toda a história, a Igreja cresceu maisrapidamente quando ela permaneceuflexível, móvel e militante.

Saulo, o Perseguidor, Ataca asIgrejas em Casas

Saulo começou a perseguir a Igre-ja. Indo de casa em casa, ele arrastavaos crentes e os colocava na prisão.

“Saulo, porém, assolava a igreja,entrando pelas casas; e, arrastandohomens e mulheres, encerrava-os nocárcere” (At 8:3).

Onde ia Saulo de Tarso para en-contrar o “povo do caminho” a fim dearrastá-los à prisão e à morte? Ele osencontrava nas casas. Ele próprio,

mais tarde, iniciaria igrejas em casasem suas viagens missionárias.

Onde Vocês se Reúnem?

“E todos os dias, no templo e decasa em casa, não cessavam de en-sinar e de pregar Jesus, o Cristo” (At5:42).

Os crentes não se reuniam no Tem-plo em si, mas nos pátios, ou perto doTemplo, onde as pessoas se reuniam.Eram reuniões ao ar livre.

A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO deLion afirma que os cristãos não ti-nham nenhum prédio especial, masreuniam-se em casas particulares:

“Rústico, o Perfeito, perguntou o

8 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A Igreja Primitiva nãosomente se reunia em

pequenos grupos nas casas,mas também em reuniões

maiores em lugarespúblicos. O crescimentomais rápido da Igreja

acontece quando ela nãousa locais formais dereunião. Por toda a

história, a Igreja cresceumais rapidamente quandoela permaneceu flexível,

móvel, e militante.

seguinte a Justino Mártir (100-165d.C.): ‘Onde vocês se reúnem?’ Justi-no disse: ‘Onde as pessoas escolheme podem, ou você supõe que todos nósnos reunimos exatamente no mesmolugar? Nada disto, porque o Deus doscristãos não está confinado (restrito)a um só lugar’.”

Em seu livro CELLS FOR LIFE (Cé-lulas Para a Vida), Ron Trudinger diz:

“Eles iniciaram a prática de se reu-nirem diariamente no Templo e departirem o pão de casa em casa.Esta última frase também pode-ria ser traduzida por: ‘nas váriascasas particulares’.

“A oposição dos judeus logoimpediu o uso do Templo pêloscristãos. As sinagogas foram usa-das por algum tempo, mas não de-morou muito até que muitas de-las fossem fechadas aos cristãos(veja Atos 19). No entanto, con-tinuamos encontrando muitas re-ferências em Atos e nas Epísto-las de igrejas em casas.”

A Igreja em Casa que Abriu oEvangelho às Nações

“No dia imediato, entrou emCesaréia. Cornélio estava espe-rando por eles, tendo reunidoseus parentes e amigos íntimos.Aconteceu que, indo Pedro a en-trar, lhe saiu Cornélio ao encon-tro e, prostrando-se-lhe aos pés,o adorou... Pedro... entrou, en-contrando muitos reunidos ali” (At10:24-27).

Esse é um bom exemplo de comoiniciarmos uma igreja em casa. Al-guém que esteja faminto por Deus re-úne vários membros de sua família eamigos. Aí então esta pessoa pede queo homem de Deus venha e comparti-lhe a Palavra de Deus. Tão simplesassim!

A reunião na casa de Cornélio foium irrompimento histórico. Ela con-venceu os crentes judeus que as Boas-Novas eram para todas as nações, enão somente para os judeus.

A Casa de Lídia Foi a PrimeiraIgreja da Europa

“Tendo-se retirado do cárcere, di-rigiram-se para a casa de Lídia e,

vendo os irmãos, os confortaram. En-tão, partiram” (At 16:40).

A Igreja de Filipos foi formada nacasa de Lídia. O Livro de Atos nãoconta como a igreja cresceu. Muitoprovavelmente, quando o grupo nãopodia mais caber na casa de Lídia, osmembros formaram uma outra igrejaem casa em alguma outra parte da ci-dade. Desta maneira eles continuarama dividir-se e a multiplicar-se.

A Casa Alugada de Paulo

“Por dois anos, permaneceu Pau-lo na sua própria casa, que alugara,onde recebia todos que o procuravam,pregando o reino de Deus, e, com todaa intrepidez, sem impedimento algum,ensinava as coisas referentes ao Se-nhor Jesus Cristo” (At 28:30,31).

Estas palavras finais do Livro deAtos revelam que, em Roma, Paulousou sua casa alugada para divulgaras Boas-Novas do amor de Deus.

O movimento que cresce mais ra-pidamente no mundo hoje começouem casas. O movimento cristão teveo seu maior crescimento enquanto osseus membros permaneceram flexí-veis e móveis. Os cristãos multiplica-ram-se mais quando o seu objetivo

principal era os relacionamentos, enão os rituais.

Da Sombra à Substância

Todos os tipos e sombras do Anti-go Testamento foram totalmente cum-pridos em Cristo. Não precisamosmais do Tabernáculo, das vestes sa-cerdotais do Templo, da sua mobília,ou de nenhuma outra coisa semelhan-te. Cristo é tudo e em todos. Somoscompletos n’Ele.

Não precisamos mais de um“Lugar Santo”, como tinham osjudeus. Não precisamos de um al-tar de incenso, da pia, dos pãesda proposição, nem do Urim ouTumim. Não precisamos das som-bras, pois temos a substância – ONOME DELE É JESUS.

Analisemos agora João 4:20-23, quando a mulher de Samariadisse a Jesus: “Nossos pais ado-ravam neste monte; vós, entretan-to, dizeis que em Jerusalém é olugar onde se deve adorar. Dis-se-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nemneste monte, nem em Jerusalémadorareis o Pai. Vós adorais oque não conheceis; nós adoramoso que conhecemos, porque asalvação vem dos judeus. Masvem a hora e já chegou, em queos verdadeiros adoradores ado-rarão o Pai em espírito e em ver-dade; porque são estes que o Pai

procura para seus adoradores”.Jesus esclareceu que DA SUA ÉPO-

CA EM DIANTE Jerusalém não era umlugar mais santo que Samaria. Isso sedevia ao fato de que ELE HAVIA VIN-DO. Em Sua vinda, Ele colocaria umfim para sempre na idéia de lugaressantos. Isso porque Ele Próprio haviacumprido todos os tipos e sombras doAntigo Testamento.

Louvemos ao Senhor por termossido libertos de toda escravidão refe-rente a um lugar onde possamos ado-rar a Deus. Regozijemo-nos porquefomos libertos do legalismo. Somoslivres para adorá-Lo quando estivermos a sós ou com outras pessoas. So-mos livres para adorarmos a qualquerhora, dia ou noite, em qualquer lugarque escolhermos. n

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 9

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 3

O QUE É UMA IGREJA?“Talvez você pense que foi uma ta-

refa fácil. No entanto, ficamos muitofrustrados.

“Considere todas as circunstânci-as das pessoas na terra. Aí então exa-mine todos os vários modelos da Igre-ja na Bíblia. Agora você começará aentender a nossa frustração. Apósmuitas horas de discussão havíamosproduzido muitos modelos bons. Con-tudo, não encontramos nenhuma de-finição absoluta para a Igreja, a nãoser ‘pessoas movendo-se juntamentesob o senhorio de Jesus’.”

Gosto da definição “pessoas mo-vendo-se juntamente”. A maioria denós fomos levados a crer que a igrejaé um prédio – algo imóvel.

Se Deus estremecesse e retirasse

Uma igreja certamente não é aque-le prédio da esquina, com as lindas ja-nelas de vitrais e o campanário emcima. A igreja talvez se reúna lá, maseste prédio não é a igreja.

A palavra original no grego,ekklesia, é composta por duas palavras:ek, que significa “para fora de” e kalleo,que significa “Eu chamo”. O signifi-cado pleno e simples de “igreja”, deacordo com a palavra grega original, é“Eu chamo para fora de”.

Quando Jesus disse: “Edificarei aMinha Igreja”, Ele estava dizendo:“Chamarei o Meu povo para fora domundo. Eles se reunirão em Meu Nomee as portas do Inferno não prevalece-rão contra eles.” Isso mostra que o povode Jesus chamado para fora se agrupa-rá como um exército. Eles tomarão omundo para Ele. O inimigo não serácapaz de parar este avanço. Este exér-cito invencível será motivado peloamor de Deus no coração de seus mem-bros. Eles terão uma mensagem deamor e perdão em seus lábios.

Na verdade, ekklesia tem dois sig-nificados: o de sermos chamados parafora e o de estarmos reunidos. Nãopodemos experimentar a Igreja até quenos reunamos.

A minha esposa e eu somos UM.Somos UM até mesmo quando estiver-mos separados um do outro, por mui-tos quilômetros de distância. Porém,não experimentamos os benefícios ebênçãos da nossa união matrimonialaté que nos reunamos.

Semelhantemente, você e todos osoutros crentes da sua cidade constitu-em a Igreja desta cidade. Mesmo quan-do vocês não estiverem reunidos, ain-da assim são a Igreja. Mas vocês não

podem receber os benefícios e bênçãosda Igreja até que se reúnam.

“Reunir-se” não significa que vocêsprecisam estar no mesmo lugar ao mes-mo tempo. Isso provavelmente nuncaacontecerá em nenhuma cidade.

“Pessoas Movendo-seJuntamente”

John Dawson, em seu livro TAKINGOUR CITIES FOR GOD (Tomando Nos-sas Cidades Para Deus), diz: “Não hánenhum modelo absoluto para o quedeveria ser uma igreja local.

“Certa vez eu passei uma tardecom mais de cem líderes espirituaisde várias denominações. Tentamos en-contrar uma definição universal deuma igreja local bíblica.

10 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

todas as coisas até que não houvessenada, senão uma simples e básica igre-ja neo-testamentária, o que teríamosde sobra?

Imagine que eu tirasse todas ascoisas desnecessárias do que eu en-tendo ser uma igreja. O que permane-ceria? O nosso propósito neste capí-tulo é respondermos essa pergunta.

Em primeiro lugar examinemos apalavra “paraigreja”.

O que é Uma Paraigreja?

Li recentemente um livro que pro-curava explicar a natureza da igreja.Um subtítulo do livro era “Qual é oRelacionamento da Igreja com as Or-ganizações Paraeclesiásticas?” O au-tor fez a seguinte observação:

“A Bíblia é clara no sentido de queé através da Igreja que Deus realizaráo Seu grande propósito. Contudo, aIgreja nem sempre tem sido o que de-veria ser. Por esta razão, muitos cren-tes ficam desanimados com a Igreja.Eles percebem que a Igreja, da formacomo é, não supre certas necessida-des óbvias.

“Cristãos cuidadosos e solícitostêm desejado suprir as necessidadesurgentes. Por essa razão, eles têm es-tabelecido sociedades missionárias,orfanatos, organizações para homensde negócios cristãos, e outras institui-ções semelhantes.

(Nota do Editor: Estas organiza-ções são geralmente chamadas de “mi-nistérios paraeclesiásticos”. A palavra“paraigreja” ou “paraeclesiástico” sig-nifica “fora da igreja” ou “paralelo àigreja”.)

“À medida que Deus continuar arestaurar e fortalecer a Sua Igreja, anecessidade dessas organizações exis-tirem diminuirá. As comunidadeseclesiásticas estarão ministrando àsnecessidades das pessoas em toda par-te.”

É óbvio na citação acima que o es-critor tinha um forte sentimento de que“paraigreja” não era realmente “igre-ja” absolutamente. Parece que ele achaque algo inferior à “igreja” apareceu,até que a igreja verdadeira possa sercurada ou despertada para fazer a obraque deveria estar fazendo. Este é umclássico exemplo da seguinte idéia: “Se

você não for parecido com uma igreja,então não é uma igreja.”

O fato é que, quando uma organi-zação “paraeclesiástica” é constituí-da de crentes nascidos de novo emJesus e eles se reúnem para servi-Loe adorá-Lo, ela não é uma “paraigre-ja” – é uma igreja!

A Igreja São Pessoas

A igreja não é uma organização,instituição, ou denominação. São“pessoas movendo-se juntamente sobo senhorio de Jesus”.

Seria difícil encontrarmos umaverdadeira organização “paraeclesiás-tica”. Uma organização destas, com-posta por cristãos, não seria uma “pa-raigreja”. Seria uma IGREJA – OPOVO DE DEUS CHAMADO PARAFORA! Até mesmo se alguns membrosnão fossem nascidos de novo, aindaassim seria uma igreja. Qual é a igre-ja que não tenha algumas pessoas não-salvas frequentando os cultos?

Há alguns anos eu também tinha

uma idéia incorreta sobre as paraigre-jas. Em meu ministério de ensino eugeralmente dizia: “Se a igreja estives-se fazendo o que deveria estar fazen-do não precisaríamos de todas estasorganizações paraeclesiásticas.”

Nunca me ocorreu que as pessoasparaeclesiásticas constituíam umaigreja exatamente da mesma maneiraque nós, muito embora o prédio emque se reuniam não tivesse o mesmoformato que o nosso. Eu não percebiaque elas eram o povo de Deus, mo-vendo-se juntamente sob o senhoriode Jesus.

Meu filho mais velho é membro deuma organização “paraeclesiástica” hámuitos anos. Seu grupo está fazendoum trabalho notável em missões eevangelização. Ele está crescendomuito rapidamente em todo o mundo.

Alguns anos atrás meu filho e euestávamos discutindo o futuro delecom essa organização específica.Compartilhei que eu tinha algumasidéias negativas sobre aquela orga-nização, porque ela não era uma igre-ja, e sim uma organização “paraecle-siástica”.

Aparentemente ele foi apologético

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 11

e concordou plenamente comigo. Eledisse que o que ele e os outros esta-vam fazendo naquela organização es-tava sendo maravilhosamente abenço-ado por Deus. No entanto, ele achavaque o ministério da organização aindanão era o que Deus realmente queria.Isso se devia ao fato de que aquele mi-nistério não estava sendo feito atravésde uma igreja, mas sim de uma“paraigreja”. (Ele também estava con-fuso sobre “igreja” e “paraigreja”.)

Um dia ou dois mais tarde eu esta-va dirigindo o meu carro e pensandosobre a minha conversa com o meufilho. Senti o Senhor docilmente meperguntando: “O que é que faz de umaorganização uma igreja?”

Enquanto eu tentava responderesta pergunta, senti que Deus estavame dando uma revelação. Eu nuncahavia visto antes tão claramente comovi naquele momento.

Uma organização não é uma igre-ja pelo fato de ter um prédio com umcerto formato que as pessoas chamamde igreja.

Não é uma igreja pelo fato de tersido devidamente registrada pelo go-verno federal como sendo uma igreja.

Não é uma igreja pelo fato de tersido reconhecida por uma sededenominacional como sendo umaigreja.

Não é uma igreja pelo fato de tercultos regulares aos domingos pelamanhã, e por praticar o batismo e aCeia do Senhor.

Não é uma igreja pelo fato de sereunir regularmente ou num determi-nado local.

É UMA IGREJA SIMPLESMENTEE SOMENTE PELO FATO DE SER OPOVO DE DEUS CHAMADO PARAFORA, MOVENDO-SE JUNTAMEN-TE SOB O SENHORIO DE JESUS.

O autor do livro / WILL BUILD MYCHURCH (Edificarei a Minha Igre-ja), Alfred Kuen escreveu:

“E fácil ficarmos atolados com as-suntos e questões insignificantes. Apa-rentemente não há uma forma bemclara e precisa de se definir uma igre-ja local.

“Quando, então, um corpo de cren-tes poderá ser chamado de Igreja? Eupessoalmente tenho a tendência de

aceitar uma definição simples: umcorpo de crentes pode ser chamado deigreja sempre que um grupo se reunirregularmente para uma edificação mú-tua.

“Porque, onde estiverem dois outrês reunidos em meu nome, ali estouno meio deles” (Mt 18:20).

“É claro o que Tertuliano, um dospatriarcas da Igreja Primitiva, achavaser o significado das palavras de Je-sus. Tertuliano disse: ‘Onde houverdois ou três crentes, até mesmo lei-gos, aí haverá uma igreja’.”

Jim Montgomery, autor de DAWN2000: 7 MILLION CHURCHES TO GO(Alvorada 2000: Ainda Faltam 7 Mi-lhões de Igrejas) também aborda aquestão “O que é uma igreja?”. Eleescreve: “Estou impressionado com amaneira pela qual um grupo de cris-tãos enfrentou esta questão bem fun-damental na China.

“Esses crentes chineses comenta-ram: ‘Muitos cristãos mais velhos dis-seram que não podiam predizer a for-ma futura das igrejas chinesas. Elesrecorreram à Bíblia para encontraremuma resposta. Eles descobriram queo formato de igrejas em casas era umaigreja legítima. Paulo menciona umaigreja em casa em l Coríntios 16:19.

“Mais tarde encontramos um livroescrito por Wang Ming-dao. Ele eratalvez o crente mais respeitado naChina no que se refere à igreja. Porcausa da sua fé ele ficou preso pormais de 20 anos. Ele acreditava queonde houvesse cristãos havia umaigreja.

“Estávamos felizes com relação aisto. O nosso grupo consistia de ape-nas algumas pessoas. Contudo, supú-nhamos que éramos de fato uma igre-ja e que a nossa Cabeça era Jesus.

“A afirmação de Wang Ming-dao‘Onde há cristãos há uma igreja’ é umadefinição profunda, especialmentepelo fato de ser proveniente de umaigreja que está crescendo rapidamen-te e que está trabalhando sob as maisdifíceis circunstâncias.”

Uma Congregação de Crentes éUma Igreja

Há alguns meses eu estava ensi-nando um pequeno grupo de crentes

na vila de La Rumurosa, no AntigoMéxico. Eu estava explicando Mateus18:20 – “Porque, onde estiverem doisou três reunidos em meu nome, aliestou no meio deles.”

Em espanhol, este versículo é o se-guinte: “Donde hay dos o três con-gregados en Mi Nombre, alli estoy enmédio de ellos.”

Uma palavra saltou aos meusolhos. Eu nunca a havia notado antes.É a palavra espanhola congregados,que significa “reunidos” em por-tuguês.

“Reunidos” significa “congrega-dos”. “Onde dois ou três estiveremCONGREGADOS em Meu Nome, aí es-tou Eu no meio deles.” Isto me fezlembrar da palavra “congregação”.

Então perguntei ao grupo de cren-tes mexicanos: “De acordo com esteversículo, quantas pessoas são neces-sárias para termos uma congregação?”Enquanto eu aguardava que eles res-pondessem, fui surpreendido com opeso da resposta que estava se forman-do em minha própria mente.

Duas ou três pessoas é tudo o queé necessário para termos uma congre-gação – uma congregação de crentescom Jesus no meio é uma igreja! Issonão significa que os dois ou três se-jam simplesmente quaisquer pessoas.Significa duas ou três pessoas que se-jam chamadas pelo nome de Jesus,porque pertencem a Ele.

Jesus no Meio

“Jesus dentro do coração” é a ex-periência do indivíduo em seu cami-nhar particular com o Senhor.

“Jesus no meio” tem o mesmo sig-nificado no contexto de uma comuni-dade de igreja.

“Jesus no meio” significa Jesusandando em nosso meio, tocando-nos,falando conosco através dos dons doEspírito. É Jesus fluindo por intermé-dio dos membros do Seu Corpo, aIgreja.

“Jesus no meio” é a experiênciacorporativa. “Jesus dentro do cora-ção” é a experiência particular.

Quando dois ou três crentes ver-dadeiros, nascidos de novo, se reúnemem Seu Nome, Jesus está NO MEIO.Jesus em nosso meio é IGREJA!

12 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

Essa experiência é diferente dequando temos Jesus no coração. Nãopodemos experimentar Jesus em nos-so meio enquanto estamos sozinhos.Somente podemos ter essa experiên-cia quando estivermos na companhiade outros – pelo menos uma ou duasoutras pessoas.

Será que dois ou três juntos sãouma igreja no mais pleno sentido dapalavra? Sim, são uma igreja no maispleno sentido da palavra. É a igrejabásica.

Podemos ter mais do que dois outrês, e, ainda assim, ser uma igreja, umaigreja no sentido mais pleno, mas elanão se torna mais igreja pelo fato dehaver mais de dois ou três membros.Ela apenas se torna uma igreja maior.

O Papel dos Líderes de Igrejas

E os pastores, mestres, apóstolos,evangelistas, e profetas? Será que umaorganização poderá ser uma igreja semque esses ministérios estejam presen-tes? Sim, será uma igreja, até mesmosem todos os ministérios citados aci-ma.

O quarto Capítulo de Efésios dizque o Senhor deu esses cinco minis-térios à Igreja. Ele deu esses dons aalgo que já existia.

Quando Paulo saiu de Antioquiaem sua Primeira Viagem Missionária,ele estabeleceu igrejas em quatro ci-dades. Em seu caminho de volta àAntioquia, ele ordenou presbíterospara essas igrejas.

Isso indica que o Espírito Santo,que é o Autor do Livro de Atos, sabiaque elas eram igrejas ANTES que a li-derança fosse designada.

“E, tendo anunciado o evangelhonaquela cidade efeito muitos discípu-los, voltaram para Listra, e Icônio, eAntioquia, fortalecendo a alma dosdiscípulos, exortando-os a permanecerfirmes na fé; e mostrando que, atravésde muitas tribulações, nos importaentrar no reino de Deus. E, promoven-do-lhes, em cada igreja, a eleição depresbíteros, depois de orar com jejuns,os encomendaram ao Senhor em quemhaviam crido” (At 14:21-23).

Os presbíteros foram escolhidosdentre os discípulos que constituíamas igrejas. Os discípulos eram pesso-as chamadas por Deus das trevas paraa luz. Esse tipo de pessoa constitui aIGREJA! Observe que o escritor deAtos usa as palavras “discípulos” e“igreja” de uma forma intercambiável.

Observe também que Paulo achouseguro deixar aquelas igrejas recém-formadas nas mãos do Senhor, emquem as pessoas haviam crido. Esta éuma afirmação fundamental e precisaser compreendida mais plenamente.

Nós, que estamos em posições deliderança na igreja, às vezes coloca-mos erroneamente uma importânciademasiada sobre nós próprios. Faze-mos isso quando presumimos que aigreja não pode funcionar sem a nos-sa total “supervisão e vigilância” comrelação ao rebanho.

O bispo, presbítero, ou pastor é umsupervisor e alimentador. Ele funcio-na como um pai ou uma enfermeiraaos seus “filhos” espirituais. No en-tanto, é preciso que haja um limite àsua supervisão espiritual. Muitos lí-deres violam esse princípio frequen-temente.

A nossa violação principal comolíderes de igreja é que tiramos quaseque por completo a capacidade deministração dos membros e entrega-mos esta capacidade ao “clero profis-sional”.

O que é Então Uma Igreja?

Se retirarmos tudo o que não é es-sencial na igreja sobrará somente oque é essencial. Teríamos então a Je-sus e pelo menos duas pessoas que sereuniram em Seu Nome.

Duas pessoas que nasceram denovo, reunindo-se para reconhecerema presença de Jesus, são uma igrejaem seu nível mais básico. Não impor-ta onde e nem quando estas duas pes-soas se reúnem. Quando elas se reú-nem para honrarem a Jesus isto aindaé uma igreja.

Isso, obviamente, não significa queesse nível essencial é onde o Senhorquer que operemos o tempo todo. Lou-vado seja Deus por grupos maiores.No entanto, nunca percamos de vistaa igreja básica. Se o fizermos teremosa tendência de cairmos de volta emformalismos, rituais, cerimônias, re-ligiosidade, e legalismo. n

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 13

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 4

IMPLANTAÇÃO DE IGREJASPOR SATURAÇÃO

O principal defensor de implanta-ção de igrejas do Século XX foi o fa-lecido Dr. Donald McGavran. NoDAWN REPORT (Relatório da Alvora-da), Jim Montgomery conta o seguin-te incidente:

“Durante os últimos meses da en-fermidade de Mary McGavran, a mi-nha esposa Lyn passava frequente-mente algum tempo com ela. ODonald McGavran estava presentetambém. Ele não fazia caso do seupróprio câncer doloroso enquanto to-mava conta da sua amada Mary.

“ ‘Vocês podem ter a certeza de queo Jim e eu continuaremos o nossocompromisso com relação ao cresci-mento das igrejas depois que você fa-lecer’, disse Lyn ao Donald certo dia.

‘“Não o chame mais de crescimen-to de igreja’, foi a sua rápida respos-ta. ‘Chame-o de multiplicação de igre-jas!’

“Duas semanas antes da sua morteele disse: ‘A única maneira pela qualcompletaremos a tarefa da GrandeComissão é implantando uma igrejaem todas as comunidades do mundo.’”

O Movimento A. D. 2000 e Além

O Movimento A.D. 2000 e Alémestá ganhando um impulso em todo omundo. O seu objetivo é mobilizar oCorpo de Cristo a trabalhar diretamen-te no cumprimento da Grande Comis-são em nossa época.

É uma visão que está sendo adota-da por igrejas, organizações missio-nárias e denominações em todo o mun-do. Há mais interesse hoje em missões,

na evangelização do mundo, e na implan-tação de igrejas do que em qualquer ou-tra época da história.

O seguinte diagrama mostra o nos-so progresso na conclusão da GrandeComissão:

Não CrentesPara Cada Crente

Ano = D.C. Proporção

100 360 para 11000 220 para 11500 69 para 11900 27 para 11950 21 para 11970 11 para 11990 7 para 12000

?

O Dr. Ralph Winter é o fundadordo U.S. Center For World Mission(Centro Americano Para MissõesMundiais). Com relação a este diagra-ma ele diz o seguinte: “Nos últimos20 séculos, os mansos têm herdado aterra silenciosamente!”

Ao estudar o diagrama acima vocêperceberá que há 1900 anos, havia 360pessoas não-salvas no mundo paracada crente nascido de novo. Esta erauma proporção de 360 para 1.

No ano de 1500, esta proporção jáhavia sido reduzida a apenas 69 para1. No início do século passado, estaproporção já havia caído a 27 para 1.

Veja agora o que está acontecen-

do. Desde 1950 somente, a propor-ção de não-cristãos para verdadeiroscrentes foi reduzida em 67%. Elapassou de 21 para l a apenas 7 paral!

Exatamente como Jesus predis-se, a Sua Igreja está penetrandoirresistivelmente em toda a Terra.Estamos chegando mais perto dotempo em que verdadeiramente “aterra se encherá do conhecimento daglória do Senhor” (Hc 2:14).

Igrejas em Todos os Bairros

Jesus ordenou que a Igreja fosse atodo o mundo e discipulasse todas asnações.

A palavra “nação” significa grupoétnico, ou um grupo em que as pesso-as compartilham da mesma cultura elíngua. De acordo com líderes missi-onários, há aproximadamente seis milnações ou grupos étnicos que aindanão possuem uma igreja.

São necessárias mais do que algu-mas igrejas para se discipular umanação. A única maneira de fazê-lo épor intermédio de implantação demuitas igrejas dentro dessa nação.

Isso requer uma estratégia de IM-PLANTAÇÃO DE IGREJAS POR SATU-RAÇÃO, que significa a implantação deigrejas em todos os bairros com umapopulação de 500 a 1000 pessoas.

Esta visão de IMPLANTAÇÃO DEIGREJAS POR SATURAÇÃO não é so-mente para nações em desenvolvimen-to. É para todas as nações, incluindo-se as da Europa, América Latina eAmérica do Norte.

14 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A maioria dos líderes das igrejasexistentes não ficam nervosos ao pen-sarem sobre um movimento de igre-jas em casas, se esse movimento esti-ver localizado do outro lado do mun-do. No entanto, se o movimento esti-ver acontecendo em suas cidades, po-derá haver uma reação bem diferente.

Damos brados de louvores a Deuspor todos os chineses que estão sendosalvos por causa do movimento de igre-jas em casas na China. Contudo, osbrados param e, às vezes, tornam-se umresmungo de protesto se esse movi-mento chegar em nossas cidades. Por-quê? Muitos temem que isso cause umadivisão dentro de suas igrejas e leveembora alguns de seus membros.

Seria bom se pudéssemos ver omovimento de igrejas em casas comouma multiplicação de congregações.Aí então todas as igrejas de uma dadacidade poderiam tornar-se ativas namultiplicação de congregações, em

vez de tentarem edificar uma só con-gregação gigantesca.

Seríamos desafiados na área dopreparo de novos líderes. Nós já de-veríamos mesmo estar treinando líde-res.

“O campo é o mundo” (Mt 13:38).Sempre é o tempo certo para alcan-çarmos todos os não-salvos em todoo mundo.

Ninguém deveria dizer: “Ei, nãocomece uma igreja aqui. Este é o MEU

território!” Não há nenhuma igrejaque esteja alcançando todos os não-salvos em uma cidade, ou mesmo emalguma região ou bairro. Precisamosde toda ajuda que pudermos obter paraalcançarmos os necessitados.

Se um movimento de igrejas emcasas acelerasse a evangelização daminha cidade, eu gostaria de iniciartantas igrejas em casas quanto possí-vel. Eu tomaria as providências paraque elas se multiplicassem e eu tam-

bém estimularia a quaisquer outrospastores que amam a Jesus a multi-plicarem as congregações na minhaprópria cidade ou em outra qualquer.

Desenvolvam Líderes LeigosNão-Remunerados

Alguns se preocupam, achandoque a multiplicação de igrejas em ca-sas produz líderes não-qualificados.

Há uma preocupação de que líde-res ineptos possam causar um aumen-to de heresias e de ignorância.

Esse argumento supõe que a rápi-da multiplicação de congregações es-vazia o nosso suprimento de líderesqualificados. Alguns acham que essamultiplicação torna necessária a co-locação, como líderes nas igrejas emcasas, de homens e mulheres que Deusnão pode usar.

Precisamos manter em mente queJesus não foi às instituições religio-sas da Sua época para escolher líde-

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 15

res para a Sua Igreja. Ele escolheu ho-mens que eram pescadores ignoran-tes e leigos simples e comuns. Em se-guida Ele os capacitou com o enchi-mento do Espírito Santo.

Deus gosta muito de usar coisaspequeninas e fracas. Considere a se-guinte passagem bíblica:

“Irmãos, reparai, pois, na vossavocação; visto que não foram chama-dos muitos sábios segundo a carne,nem muitos poderosos, nem muitos denobre nascimento; pelo contrário,Deus escolheu as coisas loucas domundo para envergonhar os sábios eescolheu as coisas fracas do mundopara envergonhar as fortes; e Deusescolheu as coisas humildes do mun-do, e as desprezadas, e aquelas que nãosão, para reduzir a nada as que são; afim de que ninguém se vanglorie napresença de Deus” (l Co 1:26-29).

Têm havido muitos movimentosmundiais significativos na divulgaçãodo Evangelho por toda a história daIgreja. Em cada um deles, homens emulheres ordinários e comuns têmtido um papel importante.

João Wesley era um homem muitoinstruído, com anos de aprendizado etreinamento religioso. Ele foi o líderde um dos grandes movimentos dereavivamento e implantação de igre-jas da história. No entanto, Wesley nãofoi às escolas estabelecidas de treina-mento religioso para encontrar os seuspastores e líderes.

Ele disse: “Dê-me doze homensque amem a Jesus com todo o seu co-ração e que não temam os homens ouos demônios. Não dou a mínima im-portância se forem clérigos ou leigos.Com estes homens eu mudarei o mun-do.” E foi exatamente isso que JoãoWesley fez.

Pregar o Evangelho ao ar livre naépoca de Wesley era o cúmulo do sa-crilégio. Era considerado como umagrave afronta à Igreja estabelecida. ASagrada Palavra de Deus não podiaser proclamada fora de um prédio deigreja.

Os Irmãos Wesley e GeorgeWhitefield sofreram anos de persegui-ções por quebrarem as antigas tradi-ções da Igreja estabelecida. No entan-to, isso não os deteve.

Eles conheciam as Escrituras. Elesestavam convencidos de que se Jesuspodia quebrar as tradições, era acei-tável para eles fazerem o mesmo.

Agora citaremos uma vez mais osescritos do Dr. McGavran, o “Pai” doMovimento de Crescimento de Igre-jas. Em seu livro UNDERSTANDINGCHURCH GROWTH (Compreendendoo Crescimento da Igreja), ele afirma:

“Desenvolva líderes leigos não-remunerados. Os leigos têm tido umpapel importante nas expansões urba-nas da Igreja.

“Desde o início do crescimento deigrejas nas cidades da América Lati-na, homens comuns não-remuneradosdirigiram as congregações.

“Em alguns lugares, trabalhadores,mecânicos, balconistas, ou motoristasde caminhão ensinam a Bíblia, dirigemas orações, contam o que Deus tem fei-to por eles, ou exortam os irmãos. Nes-tes lugares, o cristianismo realmenteparece natural a homens comuns.

“Estes leigos que estão no minis-tério estão sujeitos aos mesmos ris-cos e estão limitados pelo mesmo ho-rário de trabalho que os membros desuas congregações. Talvez eles este-jam carentes na precisão dos ensinosbíblicos ou na beleza de suas orações.Contudo, eles compensam abundan-temente essa falha através do contatoíntimo com as pessoas comuns.

“Nenhum obreiro remunerado quevenha de fora pode saber tanto sobreuma região ou bairro quanto alguémque tenha dezenas de amigos íntimose parentes ao seu redor.

“É verdade que em ‘território no-vo’, alguém de fora deve ser a pessoaindicada para iniciar novos trabalhos.No entanto, seria melhor a pessoa en-tregar logo a direção das novas igre-jas a homens da própria região.”

Em seu livro BREAKING THESTA1NED GLASSBARRIER (Quebran-do a Barreira das Janelas de Vitrais),David Womack escreveu: “Há somen-te uma maneira pela qual a GrandeComissão pode ser realizada, a saber,estabelecendo-se congregações quepreguem o Evangelho em todas ascomunidades sobre a face da terra.”

Roger Greenway, um especialistana evangelização de cidades, diz em

DISCIPLING THE CITY (Discipulandoa Cidade): “A tarefa evangelística daIgreja exige que cada bairro, prédiode apartamentos, e vizinhança tenhauma igreja fiel à Palavra de Deusestabelecida.”

Igrejas aos Milhões

Há pouco tempo eu estava lendo olivro de Jim Montgomery intituladoDAWN 2000 (Alvorada 2000). Ele temum subtítulo que eu quase não conse-guia crer: AINDA FALTAM SETE MI-LHÕES DE IGREJAS. Pensei comigomesmo: “Como alguém consegue atémesmo ousar pensar em termos demilhões de igrejas?”

Eu ainda não havia lido muito atédescobrir que eu também poderia crerque sete milhões de igrejas pudessemser implantadas por todo o mundo nospróximos anos.

Creio que seja provável porque es-tamos no limiar do mais forte movi-mento missionário da história do mun-do. Há mais interesse agora em alcan-çarmos todas as línguas, tribos e na-ções do que jamais houve desde queJesus subiu ao Pai.

Há um grande clamor subindo emtodo o mundo, a saber: VAMOS TER-MINAR A TAREFA! VAMOS CUMPRIRO MANDAMENTO DE CRISTO DEPREGARMOS O EVANGELHO A TO-DAS AS CRIATURAS. VAMOS OBE-DECER O SEU MANDAMENTO DEDISCIPULARMOS TODAS AS NA-ÇÕES.

VAMOS TRAZER CRISTO DEVOLTA PARA REINAR EM JUSTIÇA.VAMOS VER OS REINOS DESTEMUNDO TORNANDO-SE OS REINOSDO NOSSO DEUS E DO SEU CRISTO.

Há uma grande onda que está ga-nhando impulso diariamente.

Certamente a pedra que foi corta-da sem mãos, que o profeta Daniel viuem sua visão, é Cristo. Daniel nosconta como ele viu a pedra descendopara ferir e golpear os pés da estátuaque representa os poderes do mundo(Dn 2:34).

Essa pedra, que é Cristo, está fi-cando cada vez maior e ganhando im-pulso. Ela já colidiu ruidosamentecontra os pés do sistema deste mun-do. Em breve ela crescerá e se trans-

16 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

formará numa montanha que cobriráa terra “do conhecimento do SE-NHOR, como as águas cobrem o mar”(Is 11:9).

A chave para o cumprimento daGrande Comissão é a implantação deigrejas.

Há um plano que está atraindo aatenção de muitos estrategistas demissões hoje em dia. É a implantaçãode uma congregação de crentes emtodas as comunidades com 500 a 1000habitantes. Isto é a IMPLANTAÇÃODE IGREJAS POR SATURAÇÃO.

Teremos de jogar fora o nosso con-ceito de igreja com janelas de vitrais.Não podemos mais pensar em “igre-jas” como sendo uma construção detijolos.

Precisamos começar a pensar em

igreja como sendo pessoas, que se re-únem em nome de Jesus. Essas pes-soas estão se reunindo em casas, lo-jas, escritórios, fábricas, armazéns, es-colas, salões fúnebres, parques, peni-tenciárias, prisões, hospitais, prédiosabandonados, esquinas, saguões, clu-bes femininos, clubes de serviço, e atémesmo em prédios de igreja.

O Sistema de Aprendizes

A pergunta urgente é a seguinte:Onde vamos arrumar todos os pasto-res que serão necessários para dirigi-rem todas essas novas igrejas?

Há alguns anos, na América Lati-na, vários missionários se reunirampara traçarem um plano para o treina-mento de jovens para o ministério. Amaioria das pessoas em suas regiõeseram muito pobres. Portanto, era mui-to improvável que qualquer um daque-les homens fossem enviados a umacidade para serem instruídos numaescola teológica.

Aqueles missionários apresenta-ram um plano chamado de ETE – Edu-cação Teológica por Extensão. Era umcurso que os rapazes podiam fazer emcasa. Foi uma idéia oportuna para otempo em que estavam vivendo e tor-nou-se um programa muito bem-su-cedido.

Mais tarde, um outro missionáriochamado George Patterson acrescen-tou um outro “E” ao nome deste pro-grama. Ele chamou o seu plano deETEE – Educação Teológica e Evan-gelização por Extensão. Era um pla-no para os pastores treinarem rapazespara o ministério através de um siste-ma de aprendizes.

O plano exigia que cada pastor su-pervisionasse o treinamento pessoaldo aprendiz. Ele deveria dar ao jovemum “laboratório” para que ele apren-desse a pastorear uma igreja.

O “laboratório” era uma igreja ver-dadeira, um pequeno grupo de pessoasque se reuniam numa casa ou em al-gum outro lugar. O aprendiz era envia-do para pastorear esse grupo. De vezem quando o aprendiz recebia tarefasespeciais do pastor patrocinador. Al-gumas destas tarefas eram: ler certoslivros, ouvir fitas, frequentar reuniões,ou participar de seminários. Semanaapós semana, o aprendiz cumpria astarefas dadas pelo seu pastor-mestre.

A visão de multiplicação aconte-cia à medida que cada aprendiz era en-sinado a patrocinar também outro ho-mem da própria congregação. Assimsendo, a visão do movimento de im-plantação de igrejas estava se cum-prindo. n

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 17

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 5

UMA RODA OU UMA VIDEIRA?

Pense numa roda caída no chão,com raios saindo em todas as direções,procedentes de seu eixo no centro.

Pense agora numa videira, crescen-do no chão, que começa num lugar eestende os seus ramos em todas as di-reções. Cada um dos ramos está in-troduzindo raízes no solo que tambémcrescem e transformam-se em plantas.

Cada raiz está gerando uma outraplanta exatamente igual à primeira.Todas essas novas plantas têm o mes-mo potencial de enviarem ramos, osquais também introduzem raízes nosolo.

Qual das duas, a roda ou a videira,descreve melhor a estratégia de IM-PLANTAÇÃO DE IGREJAS POR SA-TURAÇÃO? A VIDEIRA, obviamente.

Não é uma questão de qual dasduas funciona. Ambas funcionam.Uma delas, no entanto, funciona me-lhor do que a outra. Algumas igrejasestão usando o conceito da roda e ou-tras estão começando a ver a sabedo-ria do conceito da videira com rela-ção à implantação de igrejas.

A Roda

O conceito da roda requer que to-das as igrejas-bebês estejam intima-mente ligadas e dependentes da igre-ja-mãe. Normalmente elas não sãochamadas de igrejas. Às vezes sãochamadas de “grupos familiares” ou“células”. Elas são consideradas comouma extensão da igreja-mãe.

Todos os membros dos pequenosgrupos reúnem-se durante a semana afim de poderem freqüentar a igreja-

mãe no domingo de manhã. Todos osdízimos e ofertas são canalizados àigreja-mãe.

Os líderes das células não são con-siderados como pastores. De vez emquando uma das igrejas-células é li-berada no sentido de tornar-se umaigreja adulta e um pastor é designa-do.

Esse, em essência, é o conceito daroda. Ele tem sido muito bem-sucedi-do em alguns lugares e tem produzi-do algumas congregações bem gran-des.

A Videira

O conceito da videira com relaçãoà implantação de igrejas pode ser ilus-trado pela “planta-aranha”. Ela tem fo-lhas longas, graciosas, e diversifica-das, e assemelha-se a um chorão emminiatura. De suas folhas crescem lon-gos ramos que produzem “plantas-ara-nhas” menores em intervalos ao lon-go dos ramos.

A “planta-aranha” geralmente éplantada num vaso suspenso. As“plantas-aranhas” bebezinhas nuncase tornam tão grandes quanto a plan-ta-mãe. Isso se deve ao fato de que,diferentemente da planta-mãe, quetem as suas raízes plantadas no solo,as “plantas-aranhas” bebês são deixa-das pendentes no ar. Elas recebemtoda a sua vida da planta-mãe.

Imagine agora que você tirou essalinda planta de sua posição suspensae a plantou no chão. Cada uma das“plantas-aranhas” bebezinhas come-çarão a introduzir suas raízes no chão.

Quando isso acontece, cada plan-ta-bebê começa a crescer e a enviarnovos ramos em todas as direções.Dessa forma, ela eventualmente geraum infindável número de lindas e ma-duras “plantas-aranhas”.

Tendências

A roda tem a tendência a atrair osraios para si mesma; a videira, a libe-rar os ramos para fora.

A roda tem a tendência a ser local;a videira, a estar tanto dentro comofora de sua área local.

A roda tem a tendência a adição; avideira, à multiplicação.

A roda tem a tendência a edificaruma só igreja; a videira, a edificarmuitas igrejas.

A roda tem a tendência a restringira visão missionária; a videira, a incen-tivar a visão missionária.

A roda abrange a cidade; a videi-ra, o mundo.

A roda treina líderes de grupos; avideira, pastores e líderes.

A roda tem a visão de células, es-tudos bíblicos, ou de grupos familia-res; a videira tem a visão de igrejasreunindo-se em casas.

Igrejas em Casas

Que o Senhor da Colheita nos dêuma visão de longo alcance para a im-plantação de igrejas. Que essa visãopermita uma liberdade total para quea vida da igreja possa expressar-se.Que não haja nenhuma restrição naexpressão da vida da igreja! Esta é anossa oração. Amém! n

18 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 6

SERÁ QUE OS PRÉDIOS DE IGREJASSÃO MESMOS NECESSÁRIOS?

Howard Snyder escreveu um livromuito importante, intitulado THEPROBLEM WITH WINESKINS (OProblema com os Odres). Nesse livro,ele aborda detalhadamente os proble-mas das estruturas eclesiásticas.

Ele fala sobre os propósitos deDeus para a Sua Igreja que estão sen-do revelados. Ele fala da nossa inca-pacidade, algumas vezes, em fazermosos ajustes apropriados com relação aesses propósitos. O texto a seguir édo capítulo intitulado “Os Prédios deIgrejas São Supérfluos?”

“Imagine só! Imagine que vocêestá em qualquer cidade importante doPrimeiro Século, onde o cristianismohavia penetrado.

“Agora faça a pergunta: ‘Onde estáa igreja?’ Você seria dirigido a um gru-po de adoradores reunidos numa casa.

“Não havia nenhum prédio espe-cial e nenhuma evidência de riquezacom que pudéssemos associar a igre-ja. Havia somente pessoas.”

Walter Oetting, em seu livro THECHURCH IN THE CATACOMBS (AIgreja nas Catacumbas), escreveu:

‘“Os cristãos não começaram aedificar prédios de igrejas até aproxi-madamente o ano 200 d.C. Esse fatosugere que os prédios não são essen-ciais para um crescimento numéricoou profundidade espiritual.

‘“A Igreja Primitiva possuía tantoo crescimento quanto a profundidade.Até épocas recentes, o maior períodode vitalidade e crescimento da Igrejaocorreu durante os dois primeiros sé-culos d.C. Em outras palavras, a Igre-

ja cresceu mais rapidamente quandoela não tinha a ajuda – ou o estorvo –dos prédios de igrejas.’”

Creio que o Senhor está chaman-do Seu povo para arrepender-se da ên-fase demasiada que se tem dado aosprédios nos últimos séculos. Ele estános dizendo para nos livrarmos de to-das as barreiras à rápida implantaçãode igrejas.

O objetivo é que “a palavra do Se-nhor se propague e seja glorificada”(2 Ts 3:1). Um dos principais obs-táculos, em muitos casos, é a constru-

ção ou prédio que chamamos de “igre-ja”.

Quebrando a Barreira dosVitrais da Igreja

O Dr. Donald McGavran, em seulivro Understanding Church Growth(Compreendendo o Crescimento daIgreja), diz: “As igrejas em casas pos-sibilitaram que a pequenina Igreja doPrimeiro Século crescesse poderosa-mente. Com uma só cajadada, elesvenceram quatro obstáculos ao cres-cimento, com os quais a Igreja se de-

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 19

parou, à medida que liberava novaspopulações:(1)”O custo de um prédio de igreja.

Sem desembolsar absolutamente,nenhum dinheiro, as igrejas em ca-sas forneceram tantos lugares deadoração quanto havia grupos decristãos. Esse primeiro obstáculocomum à multiplicação de igrejasnunca apareceu.”

(2)“O obstáculo da conexão judaica.As igrejas em casas tiraram a Igre-ja da sinagoga e a introduziu na po-pulação gentia.”

(3)“O obstáculo de nos voltarmospara dentro. Cada nova igreja emcasa expunha um novo grupo deamigos e parentes a um contato ín-timo com cristãos ardentes.”

(4)“O obstáculo de uma liderança li-mitada. Cada igreja em casa lan-çava as responsabilidades e oprestígio da liderança em homenscapazes da nova congregação. Oslíderes trabalhavam de acordocom os ensinamentos do AntigoTestamento, com a tradição oralda vida de Jesus, e uma ou duasdas Cartas de Paulo. Com esseslimites flexíveis, eles eram livrespara seguirem a direção do Espí-rito Santo.”“Em nosso contexto moderno, es-

ses quatro obstáculos e suas soluçõesainda são importantes. Ao falarmossobre as causas do crescimento daIgreja Primitiva, deveríamos levar emconsideração o fato físico das igrejasem casas.

A IMPLANTAÇÃO DE IGREJASPOR SATURAÇÃO exige um irrompi-mento. Precisamos irromper atravésdas “barreiras das janelas de vitrais”e entrar na comunhão simples e aber-ta do povo de Deus. Precisamos veressa comunhão no maior número pos-sível de aspectos em que o EspíritoSanto nos conduzir, e não termosmedo de chamar de igreja.

Quer estejamos nos reunindo emnome de Jesus numa catedral ou numacozinha, ainda assim é “igreja”. É opovo de Deus chamado para fora ereunido.

Sim, usaremos prédios. No entan-to, nunca permitiremos que os prédi-os atrapalhem a nossa mobilidade,

visão, ou zelo de multiplicarmos ascongregações.

O Fiasco de Constantino

James Rutz, em seu livro THEOPEN CHURCH (A Igreja Aberta), diz:“O que realmente nos matou foram ostijolos! Na maior asneira de sua histó-ria, a Igreja começou a construir umgrande número de prédios.

“Ela desalojou as catacumbas (tú-mulos subterrâneos) e os estreitos va-les florestais em que os santos se reu-niam. Ela terminou para sempre comas calorosas e preciosas reuniões nasala de estar das pessoas.

“Seguindo o modelo dos tribunaisromanos, os novos prédios tinham ca-pacidade para centenas de cristãos.Obviamente não podemos ter umainteração íntima e fácil com uma mul-tidão deste tamanho. Um novo santu-ário, desde o primeiro domingo emque foi aberto, colocava limites na li-vre expressão das pessoas. O novoberço sufocou o bebê.

“Imagine que você estivesse viven-do naquela época.

“Talvez você se sentisse à vonta-de, confessando um pecado a vinte outrinta amigos na casa de Josephus eJohanna (ou vamos chamá-los de Zée Maria). Mas será que conseguiriafazer ISTO na frente de quinhentaspessoas desconhecidas?

“Se Deus colocasse algo muito for-te em seu coração nesta semana, vocênão hesitaria em levantar-se para pas-sar dez ou quinze minutos comparti-lhando isto na sala de estar do Zé e.da Maria. Mas aqui, no novo salão,há provavelmente doze homens emulheres, no mínimo, com uma men-sagem queimando em seu coração.Você provavelmente nunca teria achance de se expressar!

“Na casa do Zé e da Maria, todosse envolveram na hora da adoração.Você pôde louvar ao Senhor de cora-ção, vez após vez, da forma como sesentia dirigido. Foi o momento maissignificativo e benéfico da sua sema-na. Mas e aqui no novo prédio? Vocêteria de esperar por sua vez que tal-vez nunca chegue!

“Eu poderia prosseguir, mas vocêjá faz idéia de onde quero chegar. Sem

os modernos equipamentos eletrôni-cos de som, as reuniões ao ar livretornaram-se difíceis. Não difíceisDEMAIS, note bem, somente difíceis.Assim sendo, as reuniões em locaisfechados assumiram a supremacia.

“Tudo o que era falado ficou cen-tralizado num púlpito. A ordem foimantida. Parecia uma boa idéia naépoca.

“Na casa do Zé e da Maria vocêera um participante. Aqui, você é umespectador – um ouvinte passivo. Dealguma forma você não se sente maisimportante ou necessário.”

Paraíso Perdido

“Quando mudamos das salas deestar para os prédios de igreja comuma equipe profissional, perdemostodo o impulso. A igreja local tornou-se fraca e fria.

“Os que não eram sacerdotes fo-ram chamados de ‘leigos’, uma pala-vra que nem mesmo é encontrada naBíblia – e por uma boa razão.

“Como ‘leigo’ num prédio de igre-ja do Quarto Século, você não maisse aproximava de Deus diretamente.O sacerdote fazia isso por você.

“Desta maneira, um problemaarquitetônico tornou-se um problemadoutrinário. Foi perdido o sacerdóciodo crente.

“A Bíblia foi tirada das mãos doleigo e entregue ao sacerdote. E se nãolhe é permitido decidir o que ela sig-nifica, por que você deveria se inco-modar em lê-la?”

O Caminho da Ruína

“O que de fato saiu errado? Comoeu já disse, a Igreja ficou tão grande epopular que ela conseguia erigir ospróprios prédios.

“Infelizmente, isto resolveu um an-tigo ‘problema’ que deveria ter sidodeixado sem solução. Sempre queuma sadia igreja em casa ficava gran-de demais para a sua sala de estar, elatinha que se dividir – em duas salasde estar. Desta forma, novos líderesestavam sempre sendo empurradospara cima através da hierarquia.

“Mas quando os prédios de igre-jas começaram a surgir em toda par-te, as congregações não tiveram mais

20 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

que enfrentar esse ‘problema’. Nãohavia mais aquela embaraçosa agoniade se saber quem ficaria com os pres-bíteros favoritos e quem teria que seseparar com os presbíteros menos po-pulares. Todo mundo ficava com todomundo.

“O problema era que o comparti-lhamento e a intimidade ficavam com-plicados numa multidão de quinhen-tas pessoas. As grandes multidões da-vam muita importância aos discursoseloqüentes. Portanto, os novos conver-tidos gaguejantes começaram a ficarescondidos ‘em suas cascas’.

“A situação em que nenhum mem-bro conhecia os outros membros subs-tituiu a comunhão. A comunicação du-rante as reuniões começou a ser do-minada pêlos poucos que tinham li-vros e sabiam ler. No final, isso pas-sou a significar os sacerdotes.

“Os leigos (ou não-sacerdotes)eram cidadãos de um Império Roma-no que já estava ruindo há muito tem-po. Eles foram transformados em‘eunucos’ espirituais. Eles perderama força que o Império necessitava tãodesesperadamente naquela época.

“Em 476, Roma caiu pela últimavez. Aí então a Igreja abriu o cami-nho para a Idade Média ou ‘Eras Es-curas’.”

O Uso Apropriado dos Prédios

Não estamos sugerindo que os pré-dios não têm lugar algum na expan-são do Reino de Deus. O Senhor cer-tamente nos dará sabedoria e direções

com relação a como utilizarmos osprédios de todos os tipos no cumpri-mento da Grande Comissão.

No entanto, nunca podemos cairnuma atitude doentia e não-bíblicacom relação à importância de um pré-dio quando estivermos implantando eedificando igrejas.

As igrejas podem certamente fun-cionar sem a ajuda de prédios especi-almente construídos para essa finali-dade. Isto tem sido provado na histó-ria da igreja em todas as épocas. Ali-ás, a história mostra que a Igreja, naverdade, cresce mais rapidamente efica mais sadia sem prédios de igrejasdo que com eles.

O movimento de igrejas em casasé somente uma parte do mover deDeus de volta à simplicidade. Deusestá Se movendo em muitas frentes nosentido de levar a Sua Igreja à santi-dade e pureza. Essa sempre foi Suavontade e Seu plano.

Não é como se Deus subitamenteacordasse um dia com relação à ne-cessidade da Igreja e iniciasse um mo-vimento para supri-la. A questão é quefinalmente há cada vez mais pessoasouvindo o que o Senhor tem dito o

tempo todo: “DEVOLVAM-ME AMINHA IGREJA!!!”

Estou convencido de que a atitudeda Igreja deveria ser: “Senhor, a me-nos que Tu nos digas especificamen-te para construirmos, comprarmos, oualugarmos prédios, vamos implantare multiplicar igrejas sem eles.”

Estou aberto à idéia de prédios,

mas não estou aberto a restringirmosa implantação de igrejas à tradicionalidéia de igrejas centralizadas em cons-truções. A necessidade de uma IM-PLANTAÇÃO DE IGREJAS PORSATURAÇÃO é grande demais.

Nunca cumpriremos a Grande Co-missão num futuro previsível, conti-nuando a adotar o conceito tradicio-nal de “igreja”. Essa idéia simples-mente não permitirá um movimentoem grande escala de implantação deigrejas que será necessário paradiscipularmos as nações.

Durante séculos a Igreja, requin-tada e pomposamente, projetou e de-corou lindos e imponentes prédios,que foram chamados de “igrejas”.

Em alguns casos, os prédios cha-mados de “igrejas” tornaram-se, elespróprios, objetos de adoração. Enormesquantias de dinheiro dedicadas a Deusforam gastas na construção e manuten-ção destes prédios “sagrados”.

Esta era está chegando a um fim.Há um movimento no meio do novode Deus de volta à simplicidade. E ummovimento que está se afastando docristianismo institucionalizado, poli-tiqueiro, e super-organizado.

O Novo Testamento precisa ser onosso guia de fé e prática em todas ascoisas. Que ele seja também o nossoguia nesta questão de prédios de igre-jas. Que ele guie a nossa compreen-são com relação ao lugar verdadeirodos prédios na expansão mundial damensagem de Jesus Cristo, nosso Se-nhor. n

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 21

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 7

UM PASSO À UNIDADEAlguém pode perguntar: “Mas to-

das as pequenas igrejas em casas, es-palhadas em uma cidade, não causa-rão uma divisão e desunião no Corpode Cristo daquela cidade?

A verdade é que as igrejas peque-nas não causam mais divisões do queas grandes. As igrejas muito grandes

e as igrejas muito pequenas têm o mes-mo desafio quando a questão é a uni-dade.

Unidade Organizacional ouUnidade Espiritual

No final da década de 1970 eu es-tava envolvido com uma nova orga-

nização cristã chamada “JoãoDezessete Vinte e Um”, que era umesforço no sentido de ajudar a estimu-lar e promover a unidade dentro doCorpo de Cristo, tanto nos EstadosUnidos como em outros países.

Essa organização baseava-se na ora-ção de Jesus encontrada em João 17:21:“afim de que todos sejam um; e comoés tu, ó Pai, em mim e eu em ti, tam-bém sejam eles em nós; para que omundo creia que tu me enviaste.”

Num período de vários anos tenta-mos reunir o povo de Deus em retiros,encontros, eventos, paradas, marchas,reuniões de oração, e em todas as ma-neiras possíveis. Acreditávamos quepor intermédio da nossa “unidade” or-ganizada o mundo veria e creria.

Foi uma das tentativas mais frus-trantes de que eu já havia participa-do. Isso não significa que esses even-tos não tenham o seu lugar de impor-tância. Certamente são importantes.No entanto, estávamos tentando orga-nizar a unidade, e a unidade simples-mente não estava acontecendo.

A unidade nunca acontecerá pormeio de uma organização. Ela preci-sa acontecer no espírito mediante umacompreensão do que é a unidade.

Certo dia comecei a questionar anossa compreensão de João 17:21 evi, em primeiro lugar, que não havía-mos interpretado corretamente a ora-ção de Jesus. Ele não estava orandopor uma unidade organizacional nes-ta passagem. Ele estava orando poruma unidade espiritual.

Além disso, Jesus não estava oran-do por uma unidade espiritual no meiodos crentes. Ele estava orando pelaunião do crente individual com o Pai,

22 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

e não pela união dos crentes uns comos outros.

Toda esta passagem da oração deJesus aborda a união do indivíduo como Pai e o Filho. Ela não aborda o rela-cionamento do crente com outroscrentes.

Uma interpretação errônea destapassagem causa uma grande e dolo-rosa frustração. Isso também faz comque percamos o verdadeiro significa-do daquilo pelo qual Jesus está de fatoorando.

João 17:21 poderia ser parafrase-ado da seguinte maneira: “Para quecada um deles possa ser um Contigo,Pai, exatamente como Tu és em Mim,e Eu sou em Ti, a fim de que o mundopossa crer que Tu Me enviaste.”

O mundo nunca se convencerá deque Jesus é o Cristo, o Filho do DeusVivo, através de uma união organiza-cional. Deus sempre usa homens e mu-lheres que têm o mesmo relaciona-mento de união com o Pai que Jesustinha.

O plano de Deus ainda é o mesmo– encher os homens com o Seu Espí-rito e demonstrar o Seu amor e poderpor intermédio deles. O que Ele fezatravés de Jesus Ele quer fazer emtodo o mundo.

Ele quer habitar em nós e caminharem nós. Ele quer fazer obras de amore graça por meio de nós, exatamentecomo Ele fez através de Jesus. Este éo significado de João 17:21.

Uma Cidade – Uma Igreja

O único tipo de unidade que é abor-dado no Novo Testamento é a unidadeespiritual e os seus resultados. Procu-ramos em vão tentando encontrarqualquer palavra na Bíblia que se re-fira a organizações, sociedades, mis-sões, ou qualquer outra coisa seme-lhante às nossas atuais estruturas or-ganizacionais.

O que encontramos de fato no NovoTestamento é autoridade espiritual sen-do enviada no ministério de apóstolose profetas. Vemos esta autoridade sen-do recebida pelas igrejas. Vemos umaigreja unida, dentro de cada cidade,mantida em união pela “unidade doEspírito no vínculo da paz” (Ef 4:3).

O Apóstolo Paulo nunca escreveu

às “igrejas” de nenhuma cidade. Elesempre endereçava as suas cartas à“igreja” de uma dada cidades.

Havia e há somente uma igreja emcada cidade ou localidade. Ele escre-ve à “igreja” de Roma, Corinto, Éfeso,e assim por diante. No entanto, eleescreve às “igrejas” da Galácia, às“igrejas” da Ásia, e assim por diante.Isso se deve ao fato de que esses lu-gares eram províncias, e não cidades.

Talvez haja dezenas, ou até mesmocentenas de “igrejas” que se reúnemem nome de Jesus numa certa cidade.No entanto, há na verdade somenteuma igreja nesta localidade. Esta úni-ca igreja consiste dos muitos gruposcristãos menores desta cidade. Exata-mente como todas as igrejas de todasas cidades do mundo constituem oCorpo de Cristo, assim também as igre-jas (congregações) de uma localidadeconstituem a igreja daquela cidade.

Mantenham a Unidade

Em Efésios 4:3-6 lemos: “esfor-çando-vos diligentemente por preser-var a unidade do Espírito no vínculoda paz; há somente um corpo e umEspírito... um só Senhor, uma só fé,um só batismo; um só Deus e Pai detodos, o qual é sobre todos, age pormeio de todos e está em todos.”

Na passagem acima Paulo não dis-se “Estabeleçam a unidade do Espí-rito.” Ele disse: “preservar a unidadedo Espírito.” É como se esta unidadefosse algo que já foi estabelecido. Elefala aqui como se a unidade fosse algoque vem automaticamente como partede todo o “pacote” cristão.

Nascemos de novo e somos intro-duzidos na unidade porque “há so-mente um corpo e um Espírito... umsó Senhor... um só Deus e Pai.” Anossa parte é simplesmente um reco-nhecimento de que já somos um. Cum-prir o mandamento de mantermos aunidade do Espírito no vínculo da pazsignifica mantermos algo que já te-mos, pois não podemos manter o queainda não temos.

Esta unidade não se encontra emestruturas externas. Ela não nasce emvínculos externos, nem é mantida porvínculos externos. Ela nasce no Espí-rito e no coração. É uma atitude in-

terior, uma atitude para com as pesso-as – o povo de Deus.

Unidade com Diversidade

Podemos ter todas as diversidadesque quisermos em organizações, de-nominações, corporações, sociedades,clubes, comunidades, movimentos,cruzadas, e campanhas, e ainda assimtermos a unidade no Espírito.

Não somos mantidos em união porsermos membros no “papel”. Somosmantidos em união pela “unidade doEspírito no vínculo da paz”

Por outro lado, podemos ter umagigantesca organização que inclua to-dos os cristãos da terra e ainda assimnão termos nenhuma unidade verda-deira no Espírito. Podemos ter umaunidade organizacional sem uma ver-dadeira unidade.

O “vínculo” de Efésios 4:3-6 falade algo que une como uma corda oucinturão.

Este vínculo é a “paz”. É chama-do de “vínculo da paz”. O oposto dapaz é a rivalidade ou guerra.

Se você tiver uma atitude de amore aceitação para com os seus irmãos eirmãs de outras igrejas, então você irá“preservar a unidade” com eles. Vocênão estará criando esta unidade; vocêestará mantendo-a viva em seu espí-rito.

É aí que existe a unidade – no es-pírito ou no coração. A unidade é ma-nifestada em diferentes maneiras, masela existe no espírito por meio do Es-pírito Santo.

Por outro lado, se você tiver umaatitude de rivalidade, de divisão, ouseparação, você não estará mantendoa unidade do Espírito através do vín-culo da paz.

Um Passo Intrínsico

O único passo à unidade, então, en-contra-se em Romanos 14:1 e 15:7:“Acolhei ao que é débil na fé, não,porém, para discutir opiniões... Por-tanto, acolhei-vos uns aos outros,como também Cristo nos acolheu.”

A palavra “acolher” significa daras boas-vindas, abraçar, receber – re-conhecer um parentesco. Aceitar sig-nifica confessar e declarar o fato deque somos um.

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 23

Somos um porque, pelo novo nas-cimento, todos nascemos na mesmafamília espiritual.

Somos todos irmãos e irmãs por-que Jesus é o nosso Salvador, e Deusé o nosso Pai! Exatamente como Je-sus nos recebeu com todas as nossasruínas, falhas, e imaturidade, assim re-cebamos também uns aos outros.

Dê Este Passo Agora

O único passo para a unidade podeser dado onde você estiver, neste exa-to momento. Você pode voltar-se aoSenhor neste momento e orar: “Pai,em nome de Jesus Cristo meu Senhor,eu realmente reconheço que sou ummembro do Teu Corpo espiritual, aIgreja desta cidade e de todo o mun-do.

“Eu realmente aceito e recebo atodos os Teus filhos como meus ir-mãos ou irmãs porque Tu és o nossoPai. Não importa onde os Teus filhosmorem, não importa de qual raça seoriginem. Não importa quais opiniõesou práticas peculiares eles possam ter.Não importa se eles batizam por asper-são ou por imersão, ou se são Armini-anistas ou Calvinistas. Não importa sevão à igreja aos sábados, domingos,às segundas, ou terças. Não importa aque denominação pertençam.

“Eu agora declaro solenemente,em nome de Jesus Cristo de Nazaré, oFilho do Deus Todo-Poderoso, que eusou um com todos os outros crentesnascidos de novo que vivem, que jáviveram, ou que ainda viverão no tem-po e na eternidade. Eu os aceito e osrecebo.

“Eu os amarei, os sustentarei, eorarei por eles. À medida que me di-rigires, Senhor, trabalharei com eles.Procurarei manter esta unidade do Es-pírito por meio do vínculo da paz.Amém!”

Você quer fazer esta oração ago-ra? Se você puder fazer sinceramenteesta oração acima, você terá dado oúnico passo à unidade.

Unidade Doutrinária

“Mas”, você poderá perguntar, “ea unidade doutrinária? Como podere-mos caminhar juntos, a menos que es-tejamos de acordo?”

Em primeiro lugar, Deus não estános dirigindo para caminharmos namesma direção. Em segundo lugar,Efésios 4:13 nos diz que devemosmanter esta unidade do Espírito, “atéque todos cheguemos à unidade dafé”. Este versículo está simplesmentedizendo que podemos ter uma unida-de espiritual enquanto ainda estiver-mos alcançando uma unidade doutri-nária.

Uma Verdade Central

Há somente uma verdade centralao redor da qual podemos todos de-clarar a nossa unidade. Esta verdadenão é um ensino, um conceito, umprincípio, ou uma doutrina. Não é umaigreja, denominação, ou movimento.

Esta Verdade, é uma Pessoa. Jesusé a Verdade. Ele disse: “Eu sou o ca-minho, e a verdade, e a vida “ (Jo 14:6).

Quando nos voltamos a Ele, Elenos dá vida. Nascemos de novo!Quando o carcereiro filipense pergun-tou a Paulo e Silas: “Senhores, quedevo fazer para que seja salvo?”, aresposta não foi: “Creia em nossa dou-trina e una-se à nossa organização.”A resposta foi: “Crê no Senhor JesusCristo e serás salvo” (At 16:30,31).

Nós cremos na Pessoa de Jesus enascemos no Reino de Luz. Quandonos unimos a Jesus, unimo-nos unsaos outros. Somos um n’Ele.

Quem tem a Jesus tem a vida. Quemnão tem a Jesus não tem a vida. Somossalvos, não pelo fato de adotarmos umaposição doutrinária, mas por receber-mos ao Próprio Jesus Cristo.

Recebam uns aos Outros

Em todas as igrejas, quer sejamigrejas em casas ou algum outro tipode igreja, precisamos ensinar os mem-bros a aceitarem todos os outros cren-tes. Somos membros do mesmo Cor-po, independentemente de uma afili-ação denominacional.

Deus nos dirige às vezes a coope-rarmos juntamente com outros emprojetos para a extensão do Seu Rei-no. No entanto, a mais poderosa ex-pressão de unidade não está no fatode nos unirmos para demonstrarmosuma solidariedade externa, através dapromoção de projetos especiais, mas

sim, aceitando e confirmando uns aosoutros nas coisas que já estiver fazen-do para o Senhor.

Muitos Líderes– um Só Exército

Estamos todos em guerra e há mui-tos generais, tenentes, capitães, e sol-dados de infantaria.

No entanto, há somente um Cabe-ça, o nosso Comandante-Chefe, o Pró-prio Jesus Cristo.

Ele disse: “Edificarei a MinhaIgreja”, e é isto o que Ele está fazen-do (Mt 16:18). Vamos abrir espaçopara que Ele o faça. Ele tem a respon-sabilidade sobre todas as pequenasunidades do Seu poderoso Exército.

Talvez estejamos em diferentes di-visões, em diferentes unidades, em di-ferentes frentes, mas ainda assim so-mos um só Exército. Somos um sópovo, lutando na mesma guerra con-tra o Reino das Trevas.

Vamos confirmar e sustentar unsaos outros em nossos vários lugaresde serviço. Não vamos pensar queestamos separados pelo simples fatode não estarmos todos no mesmo lu-gar, fazendo as mesmas coisas, aomesmo tempo, sob o mesmo porta-estandarte.

Muitas Tribos –Uma Só Nação

Havia doze Tribos em Israel. Cadauma delas tinha o próprio território,genealogia, líderes e bandeira. Noentanto, elas ainda eram um só povo

– Israel.Podemos ser constituídos de cen-

tenas ou milhares de denominações,organizações, e igrejas. No entanto,somos um só povo – o povo de Deus

– o Israel de Deus.Não temos de estar fisicamente

juntos, fazendo as mesmas coisas, soba mesma bandeira, a fim de sermosum. Já somos um. Portanto, vamosproclamar ousadamente a nossa uni-dade. Vamos nos ocupar com a nossaresponsabilidade de ampliarmos o SeuReino e, ao mesmo tempo, confirmarmos, aceitarmos, e recebermos uns aosoutros. Isso é o que significa “preser-var a unidade do Espírito no vínculoda paz” n

24 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 8

O QUE FAZEMOS NUMAIGREJA EM CASA?

Se você nunca esteve numa reu-nião de uma igreja em casa, talvezsuas primeiras perguntas fossem:“Como seria uma igreja em casa? Seráque haveria cânticos? Será que have-ria um sermão?

“Será que haveria um convite parase receber a Cristo? Haveria batismose Santa Ceia? E a Escola Dominical?E um culto de oração no meio da se-mana?

É significativo o fato de que nemo Apóstolo Paulo nem o Próprio Je-sus nos deram instruções específicasna Palavra escrita, com relação ao quedeveria ser feito exatamente quandonos congregamos como igreja.

As palavras de Jesus foram muitosimples em Mateus 18:20: “Porque,onde estiverem dois ou três reunidosem meu nome, ali estou no meio de-les.”

Ele não disse que eles teriam deestar fazendo certas coisas para queEle pudesse estar no meio deles. Elessimplesmente precisavam estar reuni-dos.

O Apóstolo Paulo nos deu uma pe-quena revelação com relação à natu-reza das reuniões da Igreja Primitivaem l Coríntios 14:26: “Que fazer, pois,irmãos? Quando vos reunis, um temsalmo, outro, doutrina, este traz re-velação, aquele, outra língua, e ain-da outro, interpretação. Seja tudo fei-to para edificação.”

As reuniões de igreja naqueles diasnão enfatizavam um certo palestrante.Elas eram reuniões abertas, onde cadapessoa deveria contribuir para o be-

nefício de todo o corpo local. O exer-cício de dons espirituais era estimu-lado a fim de que todos fossem aben-çoados e edificados.

Não há nenhuma instrução especí-fica dada a nós por Jesus ou Seus após-tolos com relação ao que fazermosexatamente em nossas reuniões regu-lares. No entanto, podemos encontrarno Livro de Atos e nas Epístolas al-guns dos elementos essenciais de uma

reunião de igreja. O que se segue sãoalgumas das coisas importantes a ob-servarmos ao nos reunirmos:

• Louvor e adoração• Dons ministeriais proféticos• Outros dons do Espírito• Testemunhos• Ceia• Avisos• Orações de um membro pelo outro• Ensino

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 25

O Espírito Santo o guiará com re-lação à ordem e quanto tempo deveráser dado a cada segmento. As vezes,alguns desses itens não são incluídos,mas, como via de regra, seria bom in-cluir todos eles.

Louvor e Oração

Sempre é bom iniciarmos cada reu-nião com um tempo prolongado de mi-nistério ao Senhor através de cânticosde louvor e adoração. Deve ser per-mitido um tempo para orações infor-mais no meio da adoração.

Quando o Espírito Santo começara Se mover sobre nós enquanto esti-vermos adorando, é inteiramenteapropriado levantarmos nossas ora-ções ao Senhor. Às vezes isso é feitosomente entre nós e Deus. Outrasvezes, Ele nos dirige a orarmos emvoz alta a fim de que os outros pos-sam dizer “AMÉM” às nossas ora-ções.

Os músicos são uma bênção adici-onal durante o tempo de louvor. Orepara que Deus dê à sua igreja em casauma forte e habilidosa equipe de lou-vor. Ainda que isso não seja absolu-tamente essencial, certamente será umgrande impulso para o período de lou-vor.

Muitos grupos não terão ninguémque toque um instrumento na hora dolouvor. Há várias fitas de louvor po-derosas que podem ser usadas comomúsica de fundo, enquanto as pesso-as estiverem cantando.

Não encurte o tempo de louvor.Que todas as outras partes da reuniãosejam encurtadas antes mesmo devocê considerar a diminuição do tem-po de louvor e adoração.

As igrejas mais vitais e dinâmicashoje são as que dão muito tempo eatenção ao louvor e à adoração. Ha-verá ocasiões em que o Espírito San-to o dirigirá a não fazer nada maisalém de louvar ao Senhor. Esteja aber-to à Sua direção. Todas as coisas flu-em da fonte da oração, louvor, e ado-ração.

Ministério de uns aos OutrosMembros

Agora é um tempo de se comparti-lhar os dons ministeriais de acordo

com l Coríntios 14:26: “Que fazer,pois, irmãos? Quando vos reunis, umtem salmo, outro, doutrina, este trazrevelação, aquele, outra língua, e ain-da outro, interpretação. Seja tudo fei-to para edificação.”

Numa reunião aberta, o líder diri-ge e estimula o grupo a compartilhartestemunhos, experiências, pedidos deoração, breves ensinamentos, revela-ções, relatórios de louvor, e assim pordiante.

Vigie para que algumas pessoasousadas não dominem o tempo decompartilhamento. Estimule os quie-tos fazendo perguntas.

Queremos compartilhar bênçãosfinanceiras de acordo com 2 Coríntios9:6-8 : “E isto afirmo: aquele que se-meia pouco, pouco também ceifará;e o que semeia com fartura com abun-dância também ceifará.

“Cada um contribua segundo ti-ver proposto no coração, não comtristeza ou por necessidade; porqueDeus ama a quem dá com alegria.

“Deus pode fazer-vos abundar emtoda graça, afim de que, tendo sem-pre, em tudo, ampla suficiência,superabundeis em toda boa obra.”

A segunda parte do tempo de com-partilhamento são as ofertas ao Se-nhor. Esta é uma parte tão vital de umculto de adoração que ela merece pelomenos um pequeno ensino sobre a“graça das doações” todas as vezes emque nos reunimos.

Muitos cristãos sinceros caem naescravidão da pobreza porque aindanão compreenderam o princípio es-piritual da generosidade. Muitos denós estamos aprendendo que a nos-sa maior arma em tempos de proble-mas financeiros é a nossa generosi-dade.

Os nossos membros precisam sa-ber disto e ser fortalecidos na graçade dar. A maioria das ofertas deveriamser encaminhadas ao sustento de líde-res espirituais que dão tempo integralao pastoreamento, à evangelização, eà implantação de igrejas.

Uma quantia generosa tambémdeveria ser encaminhada à obra mis-sionária em outras nações. Deusabençoa ricamente a igreja que temuma visão para o mundo todo, e não

somente para a sua própria vizinhan-ça.

Avisos

Precisamos informar aos nossosmembros sobre reuniões especiais,planos para eventos evangelísticos,além de compartilharmos o que Deusestá fazendo na cidade, na nação, e aoredor do mundo. Precisamos enfocara obra do Senhor numa escala maiordo que somente na nossa pequena con-gregação.

Somos cristãos com visão mundi-al. Jesus disse: “Levantai os vossosolhos e vede os campos... “ (Jo 4:35.)

Somos apenas uma pequena partedo quadro maior. Vamos manter nos-so coração, nossos olhos e as nossasorações, no mundo, enquanto procu-ramos fazer a nossa parte na implan-tação do Reino de Deus na terra.

Ceia – 1 Coríntios 11:20-34

Esse é também um tempo de ensi-no. Antes da participação com o pãoe com o cálice, permita que alguémexplique bem resumidamente algumaspecto do significado da Ceia. Em se-guida, permita que os irmãos e irmãsparticipem do corpo e do sangue donosso Senhor com compreensão e fé.Esse pode ser um tempo muito pode-roso. É uma boa ocasião para se fazerum convite aos incrédulos presentespara receberem a Cristo como seuSenhor. Dirija-os numa oração paraque O recebam antes de você servir opão e o cálice.

Muitas pessoas estão prontas parareceberem a Jesus. Dê uma breve ex-plicação do Evangelho e dirija a con-gregação numa oração de recebimen-to de Cristo. Muitos são levados aCristo desta maneira.

Os que recebem a Cristo como Sal-vador devem receber o batismo naságuas imediatamente. O exemplo daIgreja Primitiva no Livro de Atos erasempre o de batizar os novos conver-tidos no mesmo dia em que recebiama Jesus.

Ministério

Estejam abertos para ministraremuns aos outros através da imposiçãode mãos, da oração pêlos enfermos,

26 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

do ministério profético, da oração parao recebimento do batismo no EspíritoSanto, e assim por diante.

Permitam que todos os dons do Es-pírito possam fluir livremente para aedificação de todos, de acordo com lCoríntios 14.

Ensino

Alguém deveria trazer um peque-no ensino da Palavra de Deus. Nor-malmente isto não é um “sermão” lon-go. Devido ao formato de igreja aber-ta, o Espírito Santo ensina a todos atra-vés das pessoas que participam.

Através dos séculos, a duração do“sermão” ou ensino aumentou cadavez mais até quase excluir a partici-pação do grupo. Isso deu origem a um

tipo de culto voltado a espectadores,em que uma pessoa usa os dons, en-quanto que as demais observam, ou-vem, e recebem.

O culto deveria ser dirigido pelopastor, mas não centralizado no pas-tor. Quanto mais o pastor/líder envol-ver os membros da igreja, tanto maiseficaz será a reunião. Isso resultará empastores e líderes treinados e abrirá ocaminho à geração de mais igrejas emcasas.

O que foi citado acima é um for-mato sugerido para uma reunião deigreja em casa. O Espírito Santo diri-girá todos os detalhes em cada reu-nião. Não faça dela um programa. OEspírito poderá dirigi-lo a agir dife-rentemente. Ele nos deu a liberdade

de enfatizarmos várias coisas em oca-siões diferentes.

Os elementos importantes de qual-quer igreja são o louvor, a adoração,a oração, o compartilhamento, as in-formações, o ensino da Palavra deDeus, o estímulo à liberação dos donsespirituais, a graça de dar, o batismonas águas, o batismo no Espírito San-to, a Santa Ceia, a evangelização, e oministério pessoal de um membro aooutro.

Essas são algumas das coisas so-bre as quais Jesus estava falando, aodizer: “ensinando-os a guardar todasas coisas que vos tenho ordenado. Eeis que estou convosco todosos dias até à consumação do século”(Mt 28:20). n

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 27

A IGREJA EM CASASO Modelo do Novo Testamento Para a

Multiplicação de Congregações

Capítulo 9

PERGUNTAS E RESPOSTASO que se segue são algumas per-

guntas que são frequentemente feitascom relação às igrejas em casas:

P. Por que igrejas em casas?R. Implantamos igrejas em casas

pelas seguintes razões:1. A nossa meta não é somente ini-

ciarmos uma igreja. A nossa meta éiniciarmos um movimento de implan-tação de igrejas. Cremos que isso podeser feito da melhor maneira, enfocan-do-se a forma mais simples e maisreprodutível de implantação de igre-jas. A igreja em casa supre essa ne-cessidade.

2. Cremos que o conceito de igre-jas em casas é a melhor forma de trei-narmos pastores e líderes.

3. A simplicidade das pequenascongregações facilita a multiplicaçãode congregações.

4. Deus está chamando o Seu povoa uma quebra com o tradicionalismoe o profissionalismo, e a uma volta àsimplicidade.

5. Na maioria dos países hoje, essaé a única maneira de se colocar emfuncionamento um movimento de im-plantação de igrejas. Não é possívelfazermos uma IMPLANTAÇÃO DEIGREJAS POR SATURAÇÃO se esti-vermos pensando em termos de igre-ja tradicional.

P. As igrejas em casas não são amesma coisa que as células?

R. Não. O conceito de células é oestilo da roda e a igreja em casa é oestilo da videira. Uma célula é consi-derada como que fazendo parte daevangelização de uma outra igreja, ao

passo que uma igreja em casa e umaigreja em si mesma e funciona comouma igreja.

P. Como podemos desenvolverum programa de igreja completonuma igreja em casa?

R. Cremos que se enfocarmos ascoisas mencionadas no Capítulo 8 (OQUE FAZEMOS NUMA IGREJA EMCASA?), o Senhor nos capacitará a su-prirmos as necessidades de todos osindivíduos e famílias que frequentamas reuniões. O Espírito Santo é pode-roso para nos tornar criativos em nos-

sas abordagens com relação ao supri-mento destas necessidades. As igre-jas em casas não serão atraentes a to-dos. Alguns precisam frequentar igre-jas com a capacidade de apresentarprogramas mais diversos. Não esta-mos em competição com outras igre-jas. Estamos trabalhando juntamentecom elas para ajudarmos no cumpri-mento da Grande Comissão.

P. E as crianças? Elas terão au-las especiais?

R. Algumas igrejas em casas têmreuniões para crianças separadas dos

28 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

jovens e adultos. Algumas têm todasas idades numa só reunião conjunta.É surpreendente o quanto as crianci-nhas aprendem pelo simples fato deestarem com os jovens e adultos noculto regular.

P. Quantas vezes por semana sereúnem as igrejas em casas?

R. Uma ou duas vezes por semanaé comum, mas depende dos líderes decada igreja em casa. Não há nada naBíblia que diga com que freqüênciadevemos nos reunir.

P. Sempre nos reunimos na mes-ma casa?

R. Nem sempre é sábio nos reu-nirmos na mesma casa pela seguinterazão:

1. Precisamos compartilhar com osoutros a bênção de sermos os anfitri-ões de uma igreja em casa.

2. Mudando-se o local de reuniõesde vez em quando podemos alcançare evangelizar diferentes vizinhanças.

3. Somos mantidos em união pê-los vínculos dos relacionamentos, enão pelo local de reunião. Portanto,as mudanças são uma questão de se-gurança.

4. Evitamos o problema das recla-mações dos vizinhos por fazermos cul-tos religiosos em suas proximidades.

P. A idéia das igrejas em casasnão abre a possibilidade de qual-quer pessoa iniciar a própria igre-ja?

R. O Apóstolo Paulo disse em Ro-manos 10:15: “Como pregarão, senãoforem enviados?” Somente os que fo-ram enviados têm autoridade espiritu-al para implantarem igrejas. Até mes-mo Paulo não se aventurou a sair e im-plantar igrejas até que tivesse sido en-viado pelo Espírito Santo e pela lide-rança de sua igreja. (Leia Atos 3:1-4.)

P. Onde encontraremos pastorespara dirigirem estas congregações?

R. As verdadeiras qualificaçõespara os presbíteros (pastores) encon-tram-se em dois lugares do Novo Tes-tamento: Tito 1:6-9 e l Timóteo 3:1-7.Deus já supriu muitos homens e mu-lheres humildes, ensináveis, e consa-

grados bem no meio de nossas igrejase que são capazes de liderarem igre-jas em casas. Não precisamos enviá-los para fora para serem treinados emescolas bíblicas ou seminários. Ométodo do aprendiz é o melhor méto-do debaixo do céu para o treinamentode pastores e líderes. Nunca houve ummétodo melhor e nunca haverá.

P. Como podemos esperar queuma pequena igreja em casa gereuma outra igreja em casa?

R. Quando eu ainda era um ado-lescente o meu pastor me deu a tarefade iniciar Aulas de Bíblia nos Larescom os idosos que não frequentavama Escola Dominical. Não recebi ne-nhum ajudante ou membro com osquais eu pudesse começar essa tarefa.Recebi apenas alguns nomes e ende-reços de pessoas que talvez estives-sem interessadas em estudos bíblicosem casa.

Durante os meses que se seguiramtive a alegria de estabelecer aulas deBíblia em muitos lares. A minha tare-fa não era somente ensinar a Palavrade Deus aos idosos, mas aprendercomo iniciar grupos em casas.

Isto é parte do treinamento de umpresbítero. Ele recebe um território ea tarefa de iniciar uma nova igreja emcasa. Na maioria dos casos ele recebepelo menos um ou dois casais paraajudá-lo a iniciar. O ideal é que umdos casais seja de pastores em treina-mento a fim de que, desde o início deuma nova igreja, haja uma visão deimplantação de igrejas.

Uma igreja em casa bem pequenapode enviar dois ou três casais todosos anos para gerarem uma nova igre-ja.

P. Como iniciamos uma igrejaem casa?

R. Em Atos Capítulo 13, foi o Es-pírito Santo que enviou a Paulo eBarnabé para iniciarem igrejas. MasEle revelou aos líderes da Igreja deAntioquia que Ele os havia chamadopara fazerem isso.

Em Atos 15:24 algumas pessoasque “saíram” sem ser “enviadas” en-traram em apuros. Presumindo-se quevocê tenha sido enviado por uma au-

toridade espiritual responsável, façacom que duas ou três pessoas que ain-da não estejam envolvidas numa igrejaconcordem em reunir-se com você re-gularmente para adorarem a Jesus epara caminharem em Seus caminhos,e você já terá implantado uma novaigreja.

Quando Paulo e suas equipes saí-am, eles primeiramente proclamavamas Boas-Novas e, aí então, reuniam osdiscípulos. A reunião dos discípulosé “igreja”.

P. Você está sugerindo que todosdevem deixar a igreja tradicional ese tornar membros de uma igrejaem casa?

R. O nosso propósito não é demo-lirmos nada do que Deus esteja cons-truindo. Temos o compromisso deabençoarmos e ajudarmos a todas asigrejas, de todas as cidades, pequenasou grandes, denominacionais, não-denominacionais, ouinterdenominacionais.

Não competimos com outras igre-jas. Estamos simplesmente apresen-tando uma expressão válida de “igre-ja” que se baseia na Palavra de Deuse que tem provado ser eficiente, tantona Igreja Primitiva, como nas igrejasatuais.

Não estamos dizendo que Deusestá chamando todo o Seu povo detodos os lugares a estar fazendo exa-tamente a mesma coisa. A Igreja deJesus Cristo é impressionantementeflexível e versátil em suas muitas ex-pressões, quando não é limitada porregras rígidas e inflexíveis.

P. As igrejas em casas têm depertencer a uma denominação?

R. Em primeiro lugar, todas asigrejas em casas de qualquer cidadepertencem à Igreja, o Corpo de Cristodaquela cidade. Uma igreja em casapode pertencer a uma denominação,mas suas ligações com essa denomi-nação não devem interferir com o seucompromisso e relacionamento como Corpo de Cristo daquela localida-de.

O maior desafio de qualquer igre-ja é a manutenção da unidade dentrodo mais amplo Corpo de Cristo na ci-

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 29

dade em que moramos e servimos.(Veja o Capítulo 7.)

Há muitas outras questões que po-deriam ser perguntadas sobre as igre-jas em casas, mas a mais importanteé: “Senhor, o que Tu queres que eufaça para ajudar no cumprimento daGrande Comissão? Será que eu deve-ria estar envolvido na multiplicaçãode igrejas em casas em meu país e emtodo o mundo?”

Há muitas maneiras de implantar-mos novas igrejas e, desta forma, am-pliarmos o Reino de Deus sobre a ter-ra. Aceitaremos e não criticaremos asvárias maneiras pelas quais o povo deDeus está tentando implantar igrejas.O meu propósito é tocar a trombetapara iniciarmos igrejas em casas.

Dizemos a vocês VENHAM E AJU-DEM-NOS! Estamos entusiasmadoscom relação à multiplicação de igre-jas em todos os países e grupos étni-cos a fim de “que em seu nome se pre-gasse arrependimento para remissãode pecados a todas as nações” (Lc24:47).

SUMÁRIO

A minha firme convicção é que jáexiste agora um movimento de igre-jas em casas a todo vapor em todos ospaíses da terra. Creio que esta é a úni-ca maneira pela qual veremos o cum-primento da Grande Comissão.

Isso já está começando a aconte-cer. Deus está falando sobre as IGRE-JAS EM CASAS a pessoas de toda par-te. O alicerce foi colocado nos últi-mos vinte e cinco anos através da acei-tação mundial do movimento de cé-lulas.

Alguns de nós temos idade sufici-ente para nos lembrarmos de quandoera altamente questionável o início deum grupo em casa de qualquer tipo,ou de qualquer outra coisa fora dospróprios prédios de igreja. Havia umtemor muito grande de que isso afas-taria as pessoas da “igreja”. Agora,esses grupos são muito desejáveis, econsiderados como uma forma decrescimento da igreja.

Deus está nos chamando para dar-mos mais um passo e reconhecermosque podemos de fato ter uma igreja,no sentido mais amplo da palavra,numa casa.

Algumas das maiores congrega-ções do mundo hoje tiveram seu iní-cio numa casa. Quando se tornaramuma igreja? Será que eram igrejasquando tinham dez membros e se reu-niam numa casa? Ou será que eramigrejas somente quando tinham milmembros? Será que se tornaram igre-jas quando se reuniam num prédioespecialmente projetado para isso echamado de “igreja”?

A resposta é óbvia. Eram igrejas

quando começaram nas casas. Se ti-vessem continuado a se reunir em ca-sas, teriam continuado a ser igrejas.

Deus está sacudindo e mexendoem nossas atuais estruturas de igrejae levando-nos de volta ao básico. Amaior parte do que chegamos a consi-derar agora como sendo essencial naverdade não é absolutamente essen-cial.

Quando olhamos para a simplici-dade da Igreja do Novo Testamento ea comparamos com a Igreja instituci-onalizada de nossos dias vemos pou-ca, ou nenhuma semelhança.

A Igreja em alguns países é maissemelhante a uma corporação. Algu-mas denominações são enormes re-des, que, em muitos casos, sãogovernadas politicamente, em vez deserem governadas por uma autorida-de espiritual ordenada por Deus. Issotem causado um incomensurável de-sastre e divisões durante centenas deanos.

Que Deus nos dê a revelação, a hu-mildade, e a graça para admitirmos oquanto nos afastamos da simplicida-de e da pureza da Igreja do Novo Tes-tamento. Em seguida, vamos voltar aessa simplicidade e pureza com que-brantamento e arrependimento.__________

Esse estudo foi reimpresso com a permis-são do autor.

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30 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A implantação de igrejas é o pa-drão bíblico.

A implantação de igrejas era o ob-jetivo principal da estratégia do Após-tolo Paulo para a evangelização. Emtodos os lugares em que Paulo prega-va o Evangelho, ele conduzia as pes-soas a Cristo e as reunia em comuni-dades de crentes.

É essencial que reconheçamos queo Novo Testamento não fala somentesobre ganharmos “ovelhas” mas tam-bém sobre transformá-las em “reba-nhos”.

Na Bíblia a Igreja é chamada devários termos: o povo de Deus, umanação santa, um sacerdócio real, umtemplo vivo, o templo de Deus – to-dos eles subentendendo uma comuni-dade, ou membros fazendo parte deum grupo.

A implantação de igrejas é umcumprimento do desejo de Deus denos reunir em comunidades do Rei-no. A Bíblia não está interessada so-mente em cristãos individuais, mastambém em comunidades do povo deDeus. As igrejas não são associaçõesvoluntárias – somos os “chamadospara fora”.

A implantação de igrejas colocaum fundamento para o discipuladode nações inteiras.

Deus usa a presença do Seu povopara colocar todas as esferas da so-ciedade sob o Seu Senhorio. As na-ções sem uma presença significativa

do povo de Deus não têm os recursosnecessários para verem isso aconte-cer.

É inútil pensarmos em sociedadesmuçulmanas, budistas e hinduístassendo transformadas sem que o sal ea luz do povo de Deus sejam levanta-dos primeiramente. O primeiro passodo discipulado de uma nação inteira étrabalharmos e orarmos pelo surgi-mento de um movimento popular na-cional em direção a Cristo.

A implantação de igrejas é a ma-neira pela qual serão alcançadoscidades, nações e povos que aindanão conhecem o Evangelho.

Um movimento de igrejas voltadoa missões numa certa região é lança-do através de igrejas individuais queestão sendo implantadas. Então elassão multiplicadas por toda a socieda-de. Esse passo simples, porém crucial,é geralmente negligenciado por cris-tãos zelosos.

A presença de igrejas que se mul-tiplicam, e um movimento de igrejas,é a única maneira de medirmos o pro-gresso em direção ao cumprimento daGrande Comissão.

Quão perto já chegamos da implan-tação de uma comunidade que teste-munhe sobre Cristo e que esteja ao al-cance de todos os indivíduos de todosos países? Somente quando essa metafor alcançada é que poderá ser medi-do o objetivo final de alcançarmos to-das as criaturas.

Implantamos igrejas paraalcançarmos todos os níveis dasociedade.

Uma igreja local ajuda a evangeli-zar uma grande porcentagem da soci-edade porque o Evangelho é difundi-do especialmente através de familia-res e redes de relacionamentos. Quan-do uma igreja é implantada, ela for-nece uma estrutura para fazermos umacolheita no meio dos contatos natu-rais que as pessoas têm.

A igreja local tem um ministériocontínuo de equipar os seus membrosa alcançarem as pessoas com as quaiseles têm relacionamentos naturais.Estas pessoas podem ser os colegasde trabalho, os vizinhos, ou colegasde escola. Dessa maneira, uma gran-de parte da sociedade pode ser tocadapor uma pequeníssima comunidade depessoas.

As cidades e as nações não são so-mente horizontais por natureza, massão também verticais, ou seja, há vá-rias camadas (ou classes) numa soci-edade, empilhadas umas sobre as ou-tras. Precisamos alcançar todas as ca-madas se quisermos discipular plena-mente as nações.

As igrejas são implantadas parapreservar os frutos do nosso evan-gelismo.

Há um perigo de entregarmos osnossos “filhos” espirituais a uma“adoção espiritual” antes de saírem doberço. São vidas preciosas que vêm

SUPLEMENTO A

POR QUE A JOCUM(JOVENS COM UMA MISSÃO)

IMPLANTA IGREJASFloyd McClung

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 31

ao Senhor através do nosso evange-lismo.

As pessoas que levamos ao Senhorpodem sentir-se rejeitadas se tentar-mos colocá-las em outras igrejas,quando Deus quer que estejamos de-senvolvendo estas pessoas e transfor-mando-as em novas igrejas locais.

Obviamente, é importante que con-tinuemos trabalhando em cooperaçãocom igrejas locais, e, quando Deusdirecionar, levar os nossos converti-dos para essas igrejas. No entanto, étambém importante implantarmos no-vas igrejas.

Se fizermos um evangelismo con-tinuamente sem implantarmos igrejas,estaremos nos arriscando ao perigo desermos infiéis para com os nossosconvertidos. Precisamos estar prepa-rados para cuidarmos de nossos dis-cípulos.

É bom aceitarmos a alegre tarefade ajudarmos a conceber novos cren-tes. No entanto, não devemos evitar atarefa, às vezes difícil, de gerarmoscomunidades de crentes. Temos a con-tínua responsabilidade de levantarmose conduzirmos esses novos cristãos àmaturidade.

A JOCUM implanta igrejas por-que elas são um lugar vital deedificação para crentes multi-geracionais.

Quando não implantamos igrejas,deixamos de desenvolver uma formaessencial de alcançarmos todas as ge-rações de uma sociedade. Você gos-taria de morar num bairro constituídointeiramente por jovens de 15 anos deidade? É um pouquinho limitado, nãoé?

A sociedade, pela própria nature-za, é multi-geracional. A JOCUM ge-ralmente promove eventosevangelísticos que enfocam a juven-tude, ou um grupo social específico.Se os nossos eventos evangelísticosnão levam à implantação de uma novaigreja local, especialmente em regiõesainda não alcançadas pelo Evangelho,podemos perder uma oportunidade detocarmos todas as gerações da socie-dade.

As igrejas são implantadas numbairro, cidade ou vilarejo. Elas natu-

ralmente têm um enfoque em todas asgerações daquela região geográficaespecífica. Portanto, uma igreja podealcançar melhor todas as faixas etáriasda região do que alguns tipos de es-forços missionários.

Implantamos novas igrejas porqueisso faz com que encaremos a respon-sabilidade de crescermos à maturida-de evangelística e missionária. Se qui-sermos desenvolver nossos dons mis-sionários e evangelísticos precisamosamadurecer ao nível de implantaçãode igrejas.

Isso não se aplica a todos os evan-gelistas e missionários, obviamente,porque nem todos somos chamadospara implantarmos igrejas. No entan-to, a implantação de igrejas dá a mui-tos a oportunidade de crerem queDeus levantará uma igreja onde nãohá nenhuma. Esse passo de obediên-cia requer fé e coragem. Novas liçõesdevem ser aprendidas, e novos desa-fios devem ser vencidos.

Implantamos igrejas porqueDeus quer que os missionários daJOCUM introduzam nas congre-gações locais os fundamentos es-pirituais que Ele nos deu como mis-são.

Somos chamados para reproduzirnos outros a vida de Cristo que estáem nós. Há variedades de dons noCorpo de Cristo. A JOCUM (Jovenscom Uma Missão) recebeu uma un-ção espiritual de Deus, e devemosrepassá-la às congregações que esta-belecemos.

Temos a responsabilidade de ensi-nar aos outros o que Deus nos ensi-nou, não somente através de ensinose escritos, mas também levantandonovas igrejas. Quando implantamosigrejas, passamos adiante o que Deusnos deu. Desta maneira acontece umamultiplicação.

Fomos ensinados sobre certos as-pectos dos caminhos de Deus. Quere-mos transmiti-los a outros. É possívelvermos movimentos inteiros de igre-jas edificados sobre o mesmo funda-mento que nos foi ensinado. Essasigrejas podem tornar-se igrejas volta-das para missões, que também ensi-nem outras pessoas.

Um exemplo disso é um movimen-to de quase 20 igrejas iniciadas porum convertido da JOCUM num paíssul-americano. Eles estão enviandoagora os seus missionários através daJOCUM.

Deus quer que a JOCUM seja umcanal às nações para evangelistas,pastores, e missionários que im-plantam igrejas.

Devemos ser um canal às nações.Se não tivermos nenhuma visão paraa implantação de igrejas o nosso “ca-nal” ficará obstruído. Aí então nãoestaremos liberando os homens e asmulheres que Deus quer enviar atra-vés de nós.

Se não tivermos visão de alcançaros que ainda não foram alcançados,Deus nos deixará de lado, enviandomissionários com um potencial de im-plantação de igrejas a outras agênciasmissionárias.

Implantamos igrejas a fim detreinarmos implantadores de igre-jas.

Os missionários que implantamigrejas não aprendem seu ministériona sala de aula. Os implantadores deigrejas são como médicos – elesaprendem pela experiência prática.

Implantando igrejas, ganhamos aexperiência necessária para nos mul-tiplicarmos através de outros.

Podemos somente dar a outros oque conhecemos por meio de uma ex-periência de primeira mão.

Floyd McClung é Vice-PresidenteExecutivo da JOCUM (Jovens comUma Missão). Como tal, ele assumiua liderança da Conferência de Estra-tégia Internacional da JOCUM de De-zembro de 1988, em que sua organi-zação definiu metas para estabelece-rem movimentos de multiplicação deigrejas em 500 cidades majoritárias anível mundial, 150 grandes grupos ét-nicos ainda não-alcançados, em todasas nações do mundo para o ano 2000e além.

__________O artigo acima foi reimpresso do DAWN

REPORT (RELATÓRIO DA ALVORADA), Edi-ção de 14 de abril de 1992.

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32 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

SUPLEMENTO B

POR QUE IMPLANTARNOVAS IGREJAS

C. Peter WagnerHá muitas razões para darmos

à implantação de igrejas uma posi-ção central no planejamento de es-tratégias para o ministério da igre-ja e missões:

A implantação de igrejas é bí-blica.

A implantação de igrejas é o mé-todo neo-testamentário de expansãodo Evangelho. Trilhe a expansão daIgreja a partir de Jerusalém, Judéia,Samaria, e até os confins da terra, evocê descobrirá que os implantadoresde igrejas abriram o caminho.

Essa é uma atividade do Reino,grandemente apoiada por Deus, nossoRei. Como uma comunidade do Rei-no, não podemos achar que estamosobedecendo a Deus se deixarmos deimplantar igrejas. Para obedecermos aDeus, precisamos implantar igrejas in-tencionalmente e eficientemente.

A implantação de igrejas desen-volve novas lideranças.

Muitos estudos confirmam que oprincipal fator de crescimento e ex-pansão da igreja local é uma boa lide-rança. Na igreja local nenhum indiví-duo é mais importante para o cresci-mento que o pastor sênior. No entan-to, os pastores-sêniors eficientes cer-tificam-se de que os líderes leigos tam-bém assumam posições responsáveisno ministério da igreja.

Os membros de muitas igrejas exis-tentes têm inconscientemente a tendên-cia de colocarem limitações em qual-quer papel de liderança. Conseqüente-mente, é difícil que os novos membrossubam a posições de ministério.

Por outro lado, igrejas novasabrem escancaradamente as portas dedesafios na liderança e no ministério,O resultado é que todo o Corpo deCristo é beneficiado.

A implantação de igrejas estimu-la as igrejas existentes.

Algumas pessoas são relutantes eminiciarem novas igrejas por temeremprejudicar as igrejas já existentes namesma cidade ou vilarejo. Elas achamque por fazerem isso poderiam criaruma competição indesejável entre osirmãos e irmãs em Cristo.

Na verdade, na maioria dos casos,uma nova igreja na comunidade ge-ralmente aumenta o interesse espiri-tual das pessoas. Se essa questão forabordada apropriadamente, uma novaigreja pode ser um benefício às igre-jas existentes.

O que abençoa o Reino de Deuscomo um todo também abençoa asigrejas que verdadeiramente fazemparte do Reino.

A implantação de igrejas é efi-ciente.

Não há uma maneira mais práticaou menos cara de se levar os incrédu-los a Cristo em qualquer região domundo do que a implantação de no-vas igrejas. Isso se aplica tanto a um“território novo” como também a um“território antigo”. Vamos analisarcada um deles.

TERRITÓRIO NOVO

Por “território novo” quero dizerduas coisas: (1) regiões do mundo queainda não foram evangelizadas, ou (2)

grupos étnicos não-evangelizados emregiões não-evangelizadas.

Ao entrarmos com o Evangelhonuma nova região, ninguém discorda-ria que novas igrejas são necessárias.No entanto, foi apenas recentementeque grandes ministérios evangelísticoscomeçaram a perceber como a im-plantação de igrejas pode ser tremen-damente importante.

A implantação de igrejas é impor-tante para resultados duradouros.

Há três razões que mostram a ne-cessidade de novas igrejas como umaparte essencial do evangelismo em ter-ritório novo:

Em primeiro lugar, há uma razãobíblica.

Na época da Igreja Primitiva, osapóstolos e evangelistas mudavam-separa as fronteiras não-evangelizadas.Lá eles implantavam novas igrejas.

O Apóstolo Paulo disse: “Esfor-çando-me, deste modo, por pregar oevangelho, não onde Cristo já foraanunciado, para não edificar sobrefundamento alheio” (Rm 15:20).Paulo ia a novos territórios, e o queele fazia? Ele implantava novas igre-jas.

Em segundo lugar, há uma razãoque tem a ver com o número de habi-tantes da Terra, e em que eles crêem.

Há três bilhões de pessoas nomundo de hoje que ainda não conhe-cem a Jesus Cristo como Salvador eSenhor. Aproximadamente 70% des-tes incrédulos não têm uma igrejaviva e que evangelize em sua região.Isto equivale a mais de dois bilhõesde pessoas.

Como elas virão a Cristo? Elas não

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 33

podem, até que alguém se mude paraa região delas com o amor de Cristo ecomece a implantar igrejas.

A rapidez com que elas serão ga-nhas para Cristo dependerá da rapi-dez com que as igrejas se multiplica-rem.

Em terceiro lugar, há uma razãoprática que mostra a necessidade denovas igrejas em “território novo”.

Alguns ministérios cristãos inter-nacionais foram estabelecidos com oúnico propósito da evangelização. Es-ses ministérios descobriram que o mé-todo evangelístico mais eficaz é a im-plantação de novas igrejas.

Poucas organizações internacio-nais têm sido usadas em ministériosevangelísticos mais amplamente doque a Campus Crusade for Christ. Noentanto, os planos originais dessa or-ganização não incluíam a implantaçãode igrejas. Ela começou em universi-dades, organizando grupos que agiamcomo substitutos das igrejas. Contu-do, mais tarde, ela desenvolveu o fil-me “Jesus” e iniciou um evangelismoem vilas no mundo todo, em territó-rio novo.

Creio que o filme “Jesus” é a fer-ramenta evangelística mais poderosaatualmente em uso. Muitos são salvosquando ele é exibido.

Mais tarde, o Presidente da

Campus Crusade, Bill Bright, come-çou a ter um problema. O filme “Je-sus” havia sido exibido em vilarejos,e várias pessoas haviam orado para re-ceberem a Jesus. Contudo, os crentesnão estavam sendo congregados emigrejas cristãs.

Portanto, a Campus Crusade co-meçou a implantar “grupos de comu-nhão em casas”. Logo ficou claro queesses grupos eventualmente cresce-riam e se transformariam em igrejas.Por necessidade, a implantação deigrejas tornou-se agora uma meta de-finida da Campus Crusade.

Bill Bright formou então um pro-grama intitulado “New Life 2000”(Nova Vida 2000). É o maior progra-ma em larga escala que a CampusCrusade já iniciou. De acordo comesse programa, eles trabalharam comcristãos do mundo todo para alcança-rem oito metas específicas até o fimdo século passado. Qual foi a metanúmero oito? Foi: “Estabeleçam, emcooperação com as denominaçõesexistentes, mais de um milhão de no-vas igrejas.”

Imaginem só o impacto que issoterá na evangelização do mundo!

Considere a Tailândia como umexemplo. Através do filme “Jesus”, aCampus Crusade relatou que maisnovas igrejas foram implantadas nes-

te país na década de 1980 do que nosprévios 150 anos de trabalho missio-nário.

TERRITÓRIO ANTIGO

“Território antigo” é onde as igre-jas já existem há cem ou mil anos.

A implantação de igrejas é o mé-todo evangelístico mais eficaz em“território antigo”, como também em“território novo”.

A resistência mais forte à idéia deimplantação de igrejas vem das pes-soas que estão intimamente envolvi-das com as igrejas tradicionais. Lem-bre-se, porém, deste simples fato: Émais fácil termos bebês do que res-suscitarmos os mortos!

Nem todas as igrejas existentesestão mortas, obviamente. Nem mes-mo a maioria delas estão mortas.

A maioria das igrejas mortas po-dem, e deveriam ser reavivadas pelopoder do Espírito Santo. Ainda assim,o setor mais emocionante do hospitalé o “setor da maternidade” – igrejasem “território novo” onde nascem osnovos bebês em Cristo!__________

O artigo acima foi adaptado do livro de C.Peter Wagner, CHURCH PLANTING FOR A

GREATER HARVEST (IMPLANTAÇÃO DE IGRE-

JAS PARA UMA COLHEITA MAIOR), publica-do pela Regai Books.

n

34 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

Na época do Novo Testamento, ossinais do crescimento da Igreja podi-am ser vistos facilmente.

O Livro de Atos nos mostra as me-lhores formas de fazermos com que aIgreja cresça e se multiplique. Ao ler-mos Atos, vemos claramente como aIgreja Primitiva – o Corpo de Cristo –ficou espiritualmente madura, acres-centou mais membros, e iniciou maisigrejas (At 2:46,47; 16:15).

A primeira igreja de Jerusalém co-meçou num cenáculo. Ela tinha ape-nas alguns membros – os 120 discí-pulos (At 1:15). No Dia de Pentecos-tes, 3.000 pessoas foram batizadas,instruídas na Palavra, e acrescentadasà igreja (At 2:41,42).

À Igreja de Jerusalém logo ficoucom 5.000 membros (At 4:4). Até mes-mo no meio dos gentios, multidões fo-ram acrescentadas (At 15:14). Muitosoutros tornaram-se discípulos em Je-rusalém (At 6:7). Um grande númerode sacerdotes tornaram-se obedientesà fé (At 6:7). Um grande reavivamentocomeçou em Samaria (At 8:5-25).

Mais e mais igrejas eram implan-tadas; mais e mais membros eramacrescentados a estas igrejas. Novasigrejas foram implantadas na Judéia,Galiléia e Samaria. Aliás, novas igre-jas estavam sendo implantadas todosos dias (At 9:31; 16:5).

Ao lermos esses “relatórios decrescimento” no Livro de Atos, nãopodemos deixar de nos regozijarmos.Jesus disse: “Edificarei a minha igre-ja, e as portas do inferno não prevale-cerão contra ela” (Mt 16:18). As SuasPalavras foram cumpridas na Igreja doNovo Testamento. Ele também disse:

“Haverá maior júbilo no céu por umpecador que se arrepende” (Lc 15:7).Nós também sentimos essa alegria!

Será que Deus Está Interessadoem Números?

Contudo, alguns dizem que Deusnão está interessado em números. Elestentam provar que Deus prefere per-der membros do que ganhá-los.

É verdade que é perigoso uma igre-ja crescer em números sem crescer emmaturidade espiritual.

Contudo, é ainda mais perigosouma igreja dar desculpas por não cres-cer em números, pois, ao fazer isso, elaestá sendo infiel à Grande Comissão.

O Movimento de Crescimento daIgreja tem sido a ferramenta mais in-fluente de Deus nos anos recentes.Hoje, há um grande interesse no cres-cimento de igrejas. No mundo todo,organizações estão estudando o cres-cimento de igrejas. Algumas dessasorganizações promovem seminários ecursos universitários; outras publicammuitos livros.

Centenas de congregações estavamem declínio. Aí então elas começarama seguir os princípios de crescimentode igrejas. Elas descobriram que essesprincípios funcionam! A estagnaçãoespiritual transformou-se em entusias-mo espiritual. Conseqüentemente, osmembros tornaram-se mais ativamen-te envolvidos na obra. Há muitos prin-cípios bíblicos de crescimento de igre-jas. Estudaremos alguns deles:

1. Obediência ao Espírito SantoCristo disse a Seus discípulos:

“Toda a autoridade me foi dada no

céu e na terra” (Mt 28:18); “Eis queenvio sobre vós a promessa de meuPai; permanecei, pois, na cidade, atéque do alto sejais revestidos de po-der” (Lc 24:49).

O evangelismo e o crescimento deigrejas são obra do Espírito Santo. OCorpo de Cristo é um organismo vivo.Portanto, a reprodução espiritual davida do Novo Testamento pode virsomente do Espírito Santo.

O Espírito Santo veio a fim de noslembrar dos ensinamentos de Jesus.O Espírito Santo introduz os crentesno Corpo de Cristo (l Co 12:12,13).Ele traz vida e poder à igreja local.Ele dá instruções e unge o Seu povopara a obra.

Sem o Espírito Santo não podehaver nenhum crescimento de igrejanem evangelismo. Com o EspíritoSanto a Igreja de Jesus Cristo cresce,tanto em tamanho como na maturida-de espiritual. Observe a seqüência noLivro de Atos:

Em primeiro lugar, os 120 discí-pulos receberam a mensagem de ar-rependimento e perdão.

Em segundo lugar, eles recebe-ram o mandamento de compartilha-rem aquela mensagem com todas asnações (Mc 16:15-20; At 1:8).

Em terceiro lugar, eles esperaramno Cenáculo até que recebessem osmeios através dos quais poderiamcumprir aquele mandamento (Lc24:45-49; At 1:12-14).

2. Uma Forte Liderança BíblicaForte liderança significa não so-

mente o pastor, mas também a lide-rança em geral. Ela inclui os presbíte-

COMO FAZER A SUAIGREJA CRESCER

Dr. Johan Engelbrecht

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 35

ros, diáconos, professores da EscolaDominical, comités de evangelismo,obreiros de jovens, etc. Esses líderesPRECISAM compreender que Deus oschamou para discipularem as nações– para alcançarem os que não conhe-cem a Cristo. Os bons líderes vêem aspossibilidades e usam as oportunida-des.

A liderança bíblica é leal a Cristo.Os líderes também precisam ter umcompromisso mútuo. A liderança éuma chave do crescimento da Igreja.

Schuller diz: “Liderança significapensar de antemão, planejar para o fu-turo, exaurir todas as possibilidades,prever os problemas, e conceber as so-luções para eles, e, aí então, comuni-car as possibilidades e idéias de solu-ção dos problemas aos que tomam asdecisões.”

Uma liderança positiva não desis-te ao deparar-se com obstáculos. Não!Ela irrompe através dos obstáculos emfé, a fim de ter a alegria de fazer acolheita.

Para fazerem isso, os líderes pre-cisam estar dispostos a pagarem o pre-ço pelo crescimento.

3. O Papel das Pessoas ComunsEstudos sobre o crescimento de

igrejas ao redor do mundo têm mos-trado que o seguinte princípio neo-tes-tamentário é verdadeiro: As igrejascrescem quando mobilizam os seusmembros à obra de Cristo. Todos oscristãos pertencem ao povo de Deus esão chamados pelo Espírito Santo ase envolverem na obra.

Quando o Dr. W. Arn estudou osnovos convertidos dos Estados Uni-dos, ele descobriu que 70 a 80 porcento deles tornaram-se membros deigrejas porque foram convidados porparentes e amigos.

O mesmo acontece no mundo todo.Se uma igreja local leva a sério o mi-nistério e a atividades de seus mem-bros leigos, ela é muito mais eficazno evangelismo e no discipulado.

Alguns ministros do Evangelhoopõem-se a esse princípio do NovoTestamento. Talvez eles consideremsuas igrejas como um centro de pre-gação. Eles podem se sentir tão ame-açados que são incapazes ou não de-

sejam equipar e mobilizar as “pesso-as comuns” da igreja. Conseqüente-mente, a maioria das igrejas não cres-cem mais do que 200 membros.

Na igreja menor, o pastor conse-gue fazer todo o trabalho. Ele conse-gue visitar os membros da congrega-ção, visitar os enfermos nos hospitais,orar pêlos necessitados, pregar todosos sermões. Ele pode ser o zelador,lavar as janelas, e executar todas asoutras pequenas tarefas da igreja!

Pelo contrário, os pastores de igre-jas crescentes têm descoberto comoajudar seus membros a descobriremos dons espirituais. Eles permitem queos membros sejam ativos e produti-vos na igreja em envolvimentos signi-ficativos. Eles treinam outros a faze-rem as tarefas que agora são feitas poreles. É importante compreendermos oensino do Apóstolo Paulo sobre o fun-cionamento do Corpo de Cristo, a igre-ja local.

Tenho visto que muitas pessoasnão compreendem o ministério dosmembros leigos. Muitas vezes, osmembros da igreja consideram-se ci-dadãos de segunda classe da congre-gação. Infelizmente, a equipagem emobilização dos santos (Ef 4:11-16)não recebe uma alta prioridade naigreja local.

4. Evangelismo EficazO Movimento de Crescimento da

Igreja tem desafiado as igrejas em âm-bito mundial a levarem a sério a pre-gação do Evangelho aos perdidos e odiscipulado.

Se uma denominação ou igreja lo-cal não levar a sério o evangelismo,ela se estagnará e eventualmente mor-rerá. A Igreja pode tão facilmente iso-lar-se do mundo e edificar altas mu-ralhas para proteger-se.

Há um outro perigo: a fraca defi-nição da igreja com relação ao evan-gelismo.

O evangelismo não é simplesmen-te fazer com que as pessoas se deci-dam por Cristo; não é somente maisum bom sermão do púlpito. O propó-sito do evangelismo é produzir discí-pulos e membros responsáveis no Rei-no de Deus.

Durante as décadas passadas, mi-

lhões de dólares foram gastos emevangelismo em larga escala. A pre-sença de grandes multidões e o ele-vado número de decisões têm sidomuito impressionantes. No entanto,isso tem causado um aumento muitopequeno na Igreja. Concordo com oDr. Peter Wagner, quando ele diz: “Seacontecer um evangelismo eficaz, eletem que começar e terminar com aigreja local.”

Os métodos são importantes. To-das as igrejas locais deveriam identi-ficar e enfocar as necessidades daspessoas que elas querem alcançarnuma sociedade específica. Nenhummétodo funciona em toda parte, atémesmo dentro da mesma denomina-ção.

O princípio é o seguinte: Todas asigrejas locais precisam ter um progra-ma evangelístico para encarnarem oamor de Cristo em todos os segmen-tos da sociedade.

5. Comunhão dos CrentesA verdadeira comunhão bíblica é

um princípio de crescimento das igre-jas que geralmente é negligenciado.

Em muitas igrejas, não há nenhu-ma estrutura definida que estimule acomunhão. O cuidado de “uns paracom os outros” que vemos na Igrejado Novo Testamento precisa ser de-senvolvido em todas as igrejas locais.

Não há nenhuma alternativa à ver-dadeira vida comunitária bíblica. Essetipo de comunhão traz cura e unida-de, além de proporcionar a oportuni-dade de servir e desenvolver ministé-rios.

Os membros de igrejas, e os quenão são membros, precisam de umaigreja que seja uma verdadeira comu-nidade neo-testamentária, que real-mente se importe com as pessoas. Je-sus disse: “Nisto conhecerão todosque sois meus discípulos: se tiverdesamor uns aos outros” (Jo 13:35). Es-sas palavras de Jesus precisam ser umamarca distinta da Igreja.

Talvez a melhor maneira de dar aosmembros de igrejas a oportunidade decrescerem na comunhão, seja atravésde pequenos grupos, ou grupos de soli-dariedade. Eles podem ser desenvolvi-dos para suprirem uma variedade de

36 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

necessidades e para estimularem oevangelismo e o discipulado.

6. AdoraçãoA celebração é uma chave ao cres-

cimento (At 2:47), especialmentequando o povo de Deus se reúne e temmotivos para adorar a Deus pelas coi-sas que Ele fez durante a semana.

Na América do Sul, o Dr. PeterWagner identificou a adoração comoum fator fundamental. Ele diz: “Umadas primeiras coisas que observamosquando entramos num culto de ado-ração numa Igreja Pentecostal latino-americana é o quanto as pessoas pa-recem estar se divertindo... Uma vezque as pessoas se divertem indo à igre-ja, elas não hesitam em trazer algunsconvidados com elas.”

A adoração tem um papel impor-tante na igreja crescente à medida quea ‘Comunidade do Rei’ ̂ adora e cele-bra o reinado de Cristo. À medida quemais e mais pessoas se envolvem naadoração, ela produz resultados mai-ores.

Alguns da congregação cantam, al-guns lêem as Escrituras, alguns tocaminstrumentos, alguns fazem orações etrazem pedidos, alguns dão testemu-nhos, outros decoram a igreja com flo-res, regulam o som e fazem gravações.Alguns dão as boas-vindas à congre-gação e aos visitantes. Outros aindaoram pêlos necessitados...

As igrejas crescentes geralmenteproporcionam uma oportunidade paraministério durante o culto de adora-ção, quando a congregação espera porum tempo especial em que as neces-sidades são supridas. Quando as pes-soas ouvem uma revigorante Palavrado Senhor e têm oportunidade de se-rem usadas por Deus, são estimula-das ao crescimento.

7. Recursos LiberadosDois recursos que todos os cren-

tes têm são o dinheiro e o tempo. Es-ses dois recursos têm um papel im-portante no crescimento da igreja -seestiverem submetidos a Cristo.

Os dízimos e as ofertas são essen-ciais para se promover a missão à qualDeus chamou a Igreja.

Os membros que têm compromis-

so de cooperarem com missões e comas atividades das igrejas locais tam-bém experimentam bênçãos em suasvidas.

As igrejas avarentas quase nãocrescem. No entanto, os membros deigrejas crescentes dão com alegria.

Uma das características da IgrejaPrimitiva era o nível de compromissodos crentes. Os apóstolos estavam dis-postos a pagarem o preço por essecompromisso. Os seus escritos de-monstram claramente que eles espe-ravam que todos os crentes pagassemo preço.

Os sinais do Reino de Deus sãoapresentados muito claramente na Bí-blia.

Paulo, como um escravo de Cris-to, lembra à Igreja que agora não vi-vemos mais para nós mesmos – maspor Aquele que morreu por nós.

Cristo, em Seu ensino, lembrou osdiscípulos: “Buscai, pois, em primei-ro lugar, o seu reino e a sua justiça...”(Mt 6:33.)

Paulo lembra aos romanos: “E,uma vez libertados do pecado, fostesfeitos servos da justiça” (Rm 6:18).

Você e a sua igreja podem partici-par da colheita. Como é maravilhosaessa notícia!

Os Evangelhos dão claras evidên-cias de que o nosso Senhor espera umcrescimento em Seu Reino: uma se-mente crescente que se desenvolvenuma grande árvore. O Evangelhotambém mostra que o crescimento éprático. Ele não acontece sem umcompromisso e sacrifício. O discipu-lado é de grande valor. O evangelis-mo eficaz é precioso. Somos privile-giados por fazermos parte da emocio-nante tarefa de discipularmos as na-ções!

A Igreja é chamada para cumprirdois mandamentos: “amar o próximo”e “fazer discípulos”. Precisamos deuma estratégia definida e de um obje-tivo claro para “irmos a todo o mun-do”.

Deus nos chamou para sermos co-laboradores. Alguns semeiam. Al-guns regam as plantas. Deus dá ocrescimento (l Co 3:5-7). Vamos con-fiar em Deus e fazer parte do maiordesafio da história – vermos a Igrejacrescer! n

Querido Leitor da Revista ATOS,Se você conhece outros líderes de igreja que ainda

não recebem a Revista ATOS, e acha que eles gostari-am de recebê-la, por favor, peca-lhes que nos escrevam enos enviem os seguintes dados:• O nome completo e endereço, em letra de forma;• A quantas pessoas ensinam ou pregam a cada se-

mana;• Uma descrição do ministério que exercem.

Querido leitor, NÃO nos envie os nomes e endereçosdessas pessoa. Quem desejar ser assinante da RevistaATOS deve escrever-nos pessoalmente; isso nos ajudaráa estar seguros de que só estamos enviando a Revistaaos líderes de igreja que a queiram receber.

Que Deus possa fortalecer e capacitar você e seuscompanheiros líderes de igreja para a Sua grande obra!

Uma NOVA MANEIRA de ajudar outroslíderes de igreja a receber ATOS!

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 37

Neste estudo do Livro de Atos, eugostaria de mostrar-lhe como a IgrejaPrimitiva cresceu tão rapidamente.

A Igreja começou com 3.000 mem-bros no Dia de Pentecostes. StephenNeill nos diz em seu livro A HISTORYOF CHRISTIAN MISSIONS (UmaHistória das Missões Cristãs):

“No final do Terceiro Século, nãohavia nenhuma região do Império Ro-mano que não havia sido penetradapelo Evangelho.”

Examinemos agora os seguintesprincípios de crescimento de igrejasdo Novo Testamento que contribuírampara o milagre de se levar o Evange-lho a todo o mundo conhecido em trêsséculos.

1. O Próprio Deus acrescenta àIgreja

Há somente uma forma de cresci-mento de igreja que é um crescimen-to verdadeiro no Reino. São as pesso-as sendo salvas de uma existência pe-caminosa e rebelde para uma novavida em Cristo.

Nas nações ocidentais, muitas ve-zes entendemos erroneamente arelocação dos santos (pessoastransferindo-se de uma igreja paraoutra) como sendo a evangelizaçãodos perdidos. O verdadeiro crescimen-to da Igreja não é a transferência decrentes de uma igreja para outra. É aconversão de almas perdidas, que sãoacrescentadas à Igreja.

Na Igreja Primitiva, ‘’acrescenta-va-lhes o Senhor, dia a dia, os que iamsendo salvos” (At 2:47). Lemos que“crescia mais e mais a multidão decrentes, tanto homens como mulheres,agregados ao Senhor” (At 5:14).

Esse tipo de crescimento é fiel aoensino de Jesus: “Quem permaneceem mim, e eu, nele, esse dá muito fru-to; porque sem mim nada podeis fa-zer” (Jo 15:5). Se os convertidos nãosão acrescentados ao Corpo de Cristo(a igreja local), os nossos esforços sãoquase em vão.

Chaves Para Fazermos aIgreja Crescer:

• Não podemos fazê-lo, a menosque estejamos cooperando com umaação divina (2 Co 6:1; Ef 2:10).

• Precisamos permanecer em Cris-to diariamente a fim de sermos fru-tíferos (Jo 15:4; At 11:21).

• Precisamos ter o cuidado de nãousarmos métodos carnais para fazer-mos a igreja crescer (Jr 17:5; Jo 6:63;Rm 8:5,6; Gl 3:3).

2. A Igreja cresce quando as pes-soas são confrontadas pelo DeusVivo e se voltam a Ele em arrepen-dimento

Quando Deus irrompe e entra emnossa existência humana, as pessoassão subitamente confrontadas com oDeus Vivo, e o coração delas se abrepara responderem à mensagem doEvangelho.

Quando Pedro curou o mendigoaleijado, as pessoas “se encheramde admiração e assombro” (At3:10b). Aí então, Pedro pregou, e“Muitos, porém, dos que ouviram apalavra a aceitaram, subindo o nú-mero de homens a quase cinco mil”(At 4:4).

Após o assustador juízo de Ananiase Safira, “sobreveio grande temor atoda a igreja... E crescia mais e mais

a multidão de crentes, tanto homenscomo mulheres, agregados ao Se-nhor” (At 5:11-14).

Semelhantemente, o carcereiro deFilipos “trêmulo, prostrou-se diantede Paulo e Silas” e clamou: “Senho-res, que devo fazer para que seja sal-vo?” (At 16:29,30.)

É interessante notarmos o que Lu-cas diz sobre a maneira pela qual aIgreja Primitiva crescia: “Edificando-se e caminhando no temor do Senhor,e, no conforto do Espírito Santo, cres-cia em número” (At 9:31).

Chaves Para Fazermos aIgreja Crescer:

• As pessoas precisam ser con-frontadas com o Deus Vivo em nos-sas igrejas e ministérios.

• Precisamos ver a importância do“temor do Senhor” em nossa vida (Pv9:10; Rm 3:18; Fp 2:12; Hb 12:28,29).

3. As Pessoas são confrontadascom o Deus Vivo através de sinais emaravilhas feitos em Seu Nome

As Escrituras mostram que os si-nais e maravilhas não são somente finsem si mesmos – eles são geralmente amaneira de Deus sacudir as própriasbases do modo de pensar das pessoas.Através dos apóstolos “muitos sinaise prodígios eram feitos entre o povo”.Isso contribuiu grandemente para osurpreendente crescimento numéricoda Igreja (At 5:12-16).

Quando Pedro ressuscitou a Tabitadentre os mortos, “isto se tornou co-nhecido por toda Jope, e muitos cre-ram no Senhor” (At 9:42). Da mes-ma forma, quando Paulo cegou aBarjesus, o feiticeiro, o procônsul

O CRESCIMENTO DAIGREJA E AS ESCRITURAS

Andre le Roux

38 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

“vendo o que sucedera, creu, maravi-lhado com a doutrina do Senhor” (At13:12).

A pregação era eficaz e poderosaporque o Próprio Senhor “confirma-va a palavra da sua graça, conceden-do que, por mão deles, se fizessem si-nais e prodígios” (At 14:3).

Chaves Para Fazermos aIgreja Crescer:

• Precisamos fazer sinais e mara-vilhas em nome de Jesus (Mc 16:20;Jo 14:12).

• Jesus muitas vezes teve de re-preender Seus discípulos pela sua faltade fé na área dos milagres (Mt 14:31;Mc 9:19).

• Temos a Sua autoridade para fa-zermos sinais e maravilhas (Lc 10:1-9; 17-20).

4. As pessoas são confrontadascom o Deus Vivo através de prega-ções ungidas

Em todo o Livro de Atos há exem-plos de poderosos sermões ungidospelo Espírito que comoviam profun-damente os ouvintes.

Lemos sobre o poderoso sermão dePedro no Dia de Pentecostes. Nestedia, três mil almas foram salvas (At2:40,41).

Estêvão era um homem “cheio doEspírito Santo” (At 6:3). Quando al-guns rabinos estudados tentaram ar-gumentar com ele, “não podiam re-sistir à sabedoria e ao Espírito, peloqual ele falava” (At 6:10).

Semelhantemente, o Sinédrio “ficoumaravilhado” com a coragem de Pedroe João e “reconheceram que haviameles estado com Jesus” (At 4:13).

Chaves Para Fazermos aIgreja Crescer:

• As nossas pregações precisam serungidas pelo Espírito Santo (Lc4:18,19; At 4:29-31).

• As nossas pregações precisamlevar as pessoas a serem confronta-das pelo Deus Vivo (At 4:31; 17:16-34)

5. A oração era uma parte vitalda Igreja Primitiva

Não é possível estudarmos a vidae o crescimento da Igreja Primitivasem vermos a forte ênfase na oração.Os apóstolos “perseveravam... nasorações” (At 2:42). Eles se consagra-ram à oração. (Veja Atos 6:4.) Quan-do o inimigo tentou assustá-los, fazen-do com que Pedro e João fossem pre-sos, eles se uniram numa oração fer-vorosa. Conseqüentemente, “Tendoeles orado, tremeu o lugar onde esta-vam reunidos... e, com intrepidez,anunciavam a palavra de Deus” (At4:31).

Enquanto Pedro estava orando noterraço da casa de Simão curtidor, emJopa, ele recebeu uma revelação deDeus sobre como pregar o Evangelhoàs nações gentias (At 10:19).

Chaves Para oCrescimento da Igreja:

• Todo o crescimento de igreja estáincubado na oração e na comunhãocom Cristo – porque Cristo é o Cabe-ça da Igreja e Ele inicia tudo o queacontece em Seu Corpo sobre a terra.

• É através da oração e intercessãoque as pessoas são libertas da es-cravidão do pecado e do mundo (2 Co10:4,5; Tg 5:13-18).

O crescimento da Igreja é uma pri-oridade no coração de Deus – especi-almente hoje, quando a Igreja estácrescendo como nunca antes.

Somos desafiados a sermos ho-mens e mulheres de oração. Somos de-safiados a sermos homens e mulheresque possam confrontar o mundo como Deus Vivo através de poderosas pre-gações confirmadas com sinais e ma-ravilhas.

Deus está edificando a Sua Igrejae as portas do inferno não prevalece-rão contra ela! (Mt 16:18.) n

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NOTA: A Revista ATOS não é um “curso por correspondência”. Você nãoreceberá um “certificado” ou “diploma” depois que ler a Revista ATOS.Nossa esperança e oração é que você receba algo mais valioso: Ensina-mento bíblico e treinamento para o ministério prático! Isso o ajudará atornar-se mais eficaz no ensino, no serviço e no testemunho a outros.

A Revista ATOS é enviada, gratuitamente, quatro vezes ao ano, aos líde-res de igreja que a solicitem na Ásia, África, e América Latina. Esses líde-res receberão a Revista ATOS durante dois anos, e após esse períodoeles deverão renovar sua assinatura para que continuem a recebê-la pormais dois anos.

ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 39

No próximo trimestre a Revista de ATOS apresenta...

Outro Tipo deCrescimento!

Sim, o crescimento de igreja que você acabou de ler nesta ediçãoestá “perto do coração de Deus”. Mas há outra coisa que estáigualmente perto do coração divino: o crescimento espiritual de

cada crente individualmente.A edição de ATOS de julho de 2002 abordará os métodos que Deus

usa para habilitá-lo a crescer forte em sua fé e ter vitória sobre as pro-vações e tentações.

Você será encorajado a aprender que Deus tem um propósito em todaprovação... que Deus dá graça ao humilde... que, ainda que Deus preci-se nos castigar algumas vezes, Ele o faz por amor, para o nosso bem epara Sua glória... e que Ele está sempre presente para nos fortalecer.

Esperamos que a edição de julho 2002 de ATOS o ajude a crescerforte em sua fé, e o habilite a ajudar as pessoas, às quais você ensina, acrescerem fortes em sua fé também.

Prepare-se – ao ler a próxima edição e todas as edições de ATOS –para anotar qualquer idéia que você possa assimilar para um sermãoou um estudo bíblico. Lembre-se de que o Espírito Santo quer ajudá-loe inspirar-lhe em sua habilidade para ensinar. Ao ler a Revista ATOS eestudar a Bíblia, esteja pensando numa maneira de ensinar o que estáaprendendo.

Lembre-se de 2 Timóteo 2:2!

40 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002

A SUA CÓPIA

DISPONÍVEL

AGORA! Solicite sua cópia destepoderoso equipamentoliterário de World MAP!O Cajado do Pastor – conhecido por alguns como "Uma Escola Bíblicaem Livro" – é uma obra de 1000 páginas projetada para treinar e equiparlíderes de igreja. Contém escritos, com base bíblica, de muitos autorescheios do Espírito. Este livro foi compilado para satisfazer asnecessidades especiais de líderes de igreja que trabalham na Ásia,África e América Latina.

Neste livro, O Cajado do Pastor, você achará:[1] Um Manual de Treinamento Para NovosCrentes que cobre todos os assuntos que vocêprecisa ensinar a novos convertidos.[2] Uma Concordância Tópica com milhares dereferências bíblicas, que cobrem 200 principais

tópicos da Bíblia. Esta seção de referência deO Cajado do Pastor o ajudará a ensinar a

Bíblia a outros.[3] Um Guia Para Treinamento de

Líderes, contendo o melhor material detreinamento de liderança de igrejareunido por World MAP durante os

últimos trinta anos.

Tudo isso e muito mais está contido emum único volume chamado O Cajado do Pastor!

Para receber sua cópia deste poderoso Livro Para Treinamento deLíderes, O Cajado do Pastor, leia e preencha cuidadosamente oFormulário de Solicitação anexo a esta revista.

Após responder todas as perguntas, e escrever suas respostas tãoclaramente quanto possível, remeta o formulário para o endereço deWorld MAP mais próximo de você. Você receberá sua cópia do livro OCajado do Pastor o mais rápido possível (mas devido aos embaraçosque ocorrem às vezes no correio, por favor, dê um prazo de 6 meses,pelo menos, para O Cajado do Pastor chegar até você).