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A IDEOLOGIA DOS GENERAIS DO ESTADO NOVO E A PRIMEIRA
MANIFESTAÇÃO DA DIREITA MILITAR NO BRASIL
GUILLAUME AZEVEDO MARQUES DE SAES
O nosso objetivo aqui nesta comunicação é analisar um fenômeno político-militar
brasileiro que mais recentemente caiu em relativo esquecimento devido ao impacto político e
ao maior apelo midiático que veio adquirir posteriormente o Regime Militar de 1964: o projeto
político e a ideologia nacionalista de direita cujo grande expoente foi a alta oficialidade que
dividiu o poder com Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), regime
autoritário durante o qual foi iniciado efetivamente o processo de industrialização do Brasil. O
espaço privilegiado que o Regime Militar de 1964-1985 ganhou na mídia e no imaginário
político dos brasileiros – por exemplo, para muitos militantes de extrema-direita no Brasil de
hoje o mencionado regime é a sua única referência histórica – fez com que um regime
autoritário altamente militarizado que existiu anteriormente e que foi muito mais decisivo que
o Regime de 64 para o processo de industrialização brasileira fosse relegado a um segundo
plano, para não dizer ao esquecimento. A nossa proposta neste trabalho é, portanto, a de resgatar
o tema do Estado Novo enquanto primeira manifestação da direita militar no Brasil, direita
militar cujos grandes representantes foram os generais Dutra e Góes Monteiro, líderes da cúpula
militar do regime; usaremos como material de base uma parte de nossa pesquisa de Doutorado
realizada no Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) durante o período
2007-2011, pesquisa que foi publicada posteriormente em livro (SAES, 2015).
A linha de pensamento que caracterizou a direita militar no poder durante o regime do
Estado Novo se apoiava num nacionalismo militarista industrializador, elitista, anticomunista
e antioligárquico, assim como numa ideologia de guerra que serviria como justificativa para a
política autoritária e modernizadora do regime varguista (o Estado forte e a industrialização
como imperativos para a sobrevivência do país numa era de imperialismos e de guerra total).
Doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo. Para a pesquisa com base na qual fizemos este texto contamos com o auxílio financeiro da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), entre junho de 2008 e março de 2011, e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em abril e maio de 2008.
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Esta direita militar, que se impôs com o colapso final do tenentismo e cuja componente
nacionalista (e de certa forma até anti-imperialista) a diferencia da direita militar pró-americana
que surgiu no Brasil no pós-1945, apareceu no contexto político conturbado da década de 1930,
quando a polarização direita/esquerda se manifestou de fato pela primeira vez nas Forças
Armadas brasileiras: a efervescência política daquela década, na qual surgiram movimentos
políticos das mais diferentes tendências (integralismo, ANL, comunistas, liberais, etc.), não
poupou o meio militar, em si mesmo marcado pela experiência tenentista e pela dissidência de
esquerda de Luís Carlos Prestes.
O Estado Novo surgiu com um golpe militar liderado pela alta oficialidade do Exército.
A Marinha, coadjuvante nos episódios político-militares da década de 1930, aceitou
passivamente a mudança de regime, e, apesar de seu maior conservadorismo e do vínculo de
parte de sua oficialidade com o movimento integralista, acabou por se submeter à política do
Exército (SILVEIRA, 2001). É preciso esclarecer, entretanto, qual foi o Exército que esteve na
origem da instauração do regime, melhor dizendo que grupo conquistou a posição hegemônica
dentro da corporação para liderá-la em seguida no estabelecimento da ditadura.
Como observa José Augusto Drummond (1986), estudioso do tenentismo, o Exército
passava no início da década de 1930 por um processo de desagregação devido ao quadro de
cisão militar iniciado com os levantes tenentistas da década anterior, quadro que inviabilizava
naquele momento uma ação política em bloco dos militares. Esta divisão política do Exército
teve consequências na atuação política dos militares nos primeiros anos do governo Vargas, o
que tornou necessária uma série de expurgos e de processos de depuração para surgir o Exército
suficientemente unificado que promoveria o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937.
Primeiramente foi preciso um expurgo da oficialidade comprometida com o regime deposto em
1930 ou com a oposição liberal-oligárquica à nova ordem revolucionária. A reconstituição da
cúpula militar em torno do grupo vencedor em 1930 foi facilitada inicialmente com a rápida
ascensão hierárquica de Góes Monteiro, comandante militar da revolução. Com um oficial
revolucionário no topo da hierarquia do Exército, o trabalho de depuração da organização
militar brasileira pelos novos detentores do poder foi facilitado. O expurgo dos elementos mais
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conservadores e hostis à ordem pós-30 dentro do Exército pode ser completado devido ao apoio
de muitos desses militares à Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, o que
permitiu, com a vitória governamental, a substituição de quadros não só na cúpula como
também nos escalões intermediários (CARVALHO, 2005). A alta oficialidade
contrarrevolucionária ou cuja lealdade à ordem do pós-1930 era no mínimo duvidosa, foi,
portanto, erradicada do Exército e não representava mais um perigo real para o regime.
O segundo obstáculo a ser removido para o Exército readquirir a sua há muito tempo
perdida coesão era o próprio tenentismo, movimento revolucionário de baixa oficialidade,
constituído basicamente de tenentes e capitães, e que, apesar de ser um dos principais
sustentáculos da nova ordem do pós-30, representava duas ameaças. A primeira delas consistia
numa radicalização do processo revolucionário iniciado em 1930, já que os tenentes chegavam
a contestar a estrutura fundiária brasileira (condenação do latifúndio) e apresentavam um
discurso antiburguês, antiplutocrático e antimonopolista que assustava as classes dominantes
(SANTA ROSA, 1976; FAUSTO, 1997; FORJAZ, 1988). A segunda era uma ameaça de cisão
hierárquica dentro das Forças Armadas, na medida em que os tenentes formavam um grupo
político autônomo em relação à alta oficialidade, com baixos oficiais assumindo altos cargos
políticos e administrativos dentro do aparelho de Estado e se colocando desta forma acima da
própria cúpula militar na esfera política (DRUMMOND, 1986). A neutralização do grupo
tenentista, pelo menos da sua vertente principal, a nacionalista (Juarez Távora, João Alberto)1,
se deu devido ao seu próprio desgaste após quatro anos no poder – mesmo com a vitória de
algumas de suas bandeiras no Governo Provisório e na elaboração constitucional de 1933-1934
– e a sua permanência no cenário político brasileiro não resistiu à reconstitucionalização do
país. Assim, o período “termidoriano” iniciado em 16 de julho de 1934 assistiu à reintegração
dos tenentes nos quadros hierárquicos das Forças Armadas e à sua anulação enquanto facção
1 O fenômeno tenentista durou de 1922 a 1935 e teve, ao longo destes treze anos, três vertentes: a primeira seria
uma vertente liberal, dominante durante os levantes militares da década de 1920, e que consistia na defesa de uma
reforma política moralizadora do regime republicano, então dominado por uma oligarquia autoritária e corrupta; a
segunda seria uma vertente nacionalista, dominante no período 1930-1934, e que se apoiaria na defesa de uma
reforma modernizadora e centralizadora do Estado brasileiro, e de reformas sociais e econômicas como a
industrialização, a reforma agrária, a legislação operária e a estatização de recursos naturais; a terceira, surgida
com a dissidência de Luís Carlos Prestes em 1930, seria uma vertente de esquerda, já comprometida com uma
revolução popular contra o latifúndio e as potências imperialistas e contrária a qualquer compromisso com o
reformismo nacionalista burguês (SAES, 1984; CARONE, 1982; FAUSTO, 1997).
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política autônoma. Restava à cúpula militar derrotar o tenentismo de esquerda (Luís Carlos
Prestes, Agildo Barata), e este, com a intentona mal preparada e mal articulada de novembro de
1935, proporcionou não somente àquela uma grande vitória final sobre os remanescentes do
tenentismo, como também a possibilidade de unificar as Forças Armadas em torno do
anticomunismo: a ameaça comunista surgida de dentro dos próprios meios militares levou o
conjunto da oficialidade, inclusive a ligada ao tenentismo nacionalista, a deixar as suas
diferenças de lado e a se unir em torno da cúpula militar para o combate à subversão de esquerda
(DRUMMOND, 1986).
O culto da ameaça comunista continuaria, mesmo após a vitória governamental sobre a
Intentona de 1935, a ser explorado pela alta oficialidade como ideologia aglutinadora para um
golpe de Estado e a instauração de um regime ditatorial. O expurgo da oficialidade esquerdista
completou, portanto, a reconstituição do Exército enquanto bloco politicamente coeso e
hierarquicamente disciplinado. Toda ação política independente em relação à cúpula militar
seria vista como prejudicial à missão sagrada das Forças Armadas de defender a Pátria diante
de seus inimigos, especialmente diante da subversão comunista que estaria agindo com base
nas diretrizes de Moscou. Com o Exército depurado de seus elementos reacionários e
esquerdistas e reorganizado com o enquadramento da maioria de seus elementos tenentistas,
estavam assentadas as condições para uma ditadura baseada nas Forças Armadas. Para Getúlio
Vargas, esta nova aliança militar era mais desejável do que a aliança com os tenentes do início
da década de 1930, na medida em que agora podia se apoiar em Forças Armadas unificadas sob
a liderança de uma alta oficialidade cujo projeto político era mais próximo ao seu: como
liderança política originária dos quadros oligárquicos da República Velha, Vargas certamente
via com desconfiança o reformismo social acentuado dos tenentes e preferia uma política de
modernização do país que evitasse ao máximo qualquer rompimento brusco com a ordem social
vigente.
Podemos dizer que o Estado Novo foi uma ditadura civil-militar liderada por Getúlio
Vargas, um político civil originário de um dos ramos mais progressistas da antiga oligarquia
republicana, o grupo castilhista, e apoiada na alta oficialidade do Exército. Esta ditadura era de
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caráter industrializante e modernizador e tinha como principal objetivo completar a obra
política e econômica da Revolução de 1930, isto é a transformação do Brasil de país agrícola
e exportador de produtos primários em país industrial. Foi no período do Estado Novo que foi
completada a organização necessária para a concretização de uma política de desenvolvimento
acelerado do país, com a modernização e a racionalização da burocracia federal, a unificação
do mercado interno, a difusão do ensino profissional e o surgimento de órgãos voltados para o
estudo e o planejamento do desenvolvimento econômico (CARONE, 1976; FONSECA, 1999;
SKIDMORE, 1969; SOLA, 1968). Dentro desta política de desenvolvimento tinha função
importante a legislação trabalhista, criada a partir de 1931 e consolidada durante o Estado Novo,
e cujo objetivo, ao proporcionar melhores condições de vida e de trabalho para o operariado e
ao garantir a docilidade política da mão de obra e subordiná-la ao Estado, era o de antecipar a
intensificação da luta de classes e trazer a estabilidade social necessária a um esforço
industrializante de grandes proporções (SAES, 1984). Finalmente, foi no Estado Novo que foi
criada no país a siderurgia em larga escala (Companhia Siderúrgica Nacional, empresa mista
fundada em 1941), que foi iniciada de forma mais sistemática pelo Estado a extração de
minérios de ferro para fins industriais (Companhia Vale do Rio Doce, empresa mista fundada
em 1942) e que foi encaminhado, com a criação do Conselho Nacional do Petróleo (1938) e
com a legislação relativa à exploração das riquezas minerais (2º Código de Minas, 1940), o
problema da exploração petrolífera, que seria, entretanto, resolvido apenas na década de 1950.
A política e o discurso do Estado Novo se apoiaram e estiveram sempre associadas ao
contexto de guerra mundial, que era uma ameaça quando do advento do regime em 1937 e que
se tornou uma realidade a partir de 1939. Apesar de o Brasil estar situado fora das zonas de
tensão geopolítica da época e de em nenhum momento ter sido ameaçado pela guerra, a ditadura
varguista usou sistematicamente este contexto internacional como justificativa para a vigência
de um regime autoritário e industrializador. Pedro Cezar Dutra Fonseca, estudioso da obra
política e econômica dos governos varguistas, sintetiza bem esta ideia:
Grande parte do êxito do regime do Estado Novo na economia e na política deve ser
atribuído ao contexto de guerra no qual ele se inseriu. A ditadura precedeu à
deflagração do conflito mundial, mas desde seu nascedouro apelou à união de todos
os brasileiros em torno da figura de Vargas, dada a iminência de nova guerra
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mundial. Esta iniciada, com mais razão e frequência tornou-se um dos pilares da
legislação do governo. Tão presa está a ideologia do Estado Novo à época da guerra
que é impossível entendê-la fora deste contexto, como não é simples coincidência que
a ditadura de Vargas não pode sobreviver ao armistício. (FONSECA, 1999: 277-278)
A importância do grupo militar neste contexto e na formulação deste discurso foi
decisiva: a ideologia de guerra, cujos principais expoentes eram os generais Eurico Gaspar
Dutra, Ministro da Guerra, e (sobretudo) Pedro Aurélio de Góes Monteiro, Chefe do Estado-
Maior do Exército, constituiria um dos pilares ideológicos do regime.
No que consistiu a ideologia de guerra da cúpula militar do Estado Novo? Esta questão
foi abordada por autores como Oliveiros S. Ferreira (2000), Edmundo Campos Coelho (2000),
Marcelo José Ferraz Suano (1997), Décio Saes (1984) e José Murilo de Carvalho (2005). Com
base nestes autores e nos textos de Dutra e Góes Monteiro, constatamos que esta ideologia de
guerra se apoiava num militarismo defensivo, no qual não encontramos projetos de expansão
territorial, e o qual via o Brasil numa posição vulnerável num contexto de guerra mundial e de
políticas imperialistas por parte das grandes potências. O Brasil, país com território gigantesco
e rico em recursos naturais cobiçados pelas grandes potências, mas ao mesmo tempo país
militarmente fraco e atrasado do ponto de vista industrial, estava destinado a ser uma vítima da
cobiça das nações imperialistas, e, por esta razão, precisava rever a sua organização política e
o seu modelo de desenvolvimento: a industrialização acelerada realizada por um Estado forte
e militarizado seria a única solução para os problemas brasileiros naquele contexto geopolítico.
Esta ideia, como dissemos, está presente em força nos discursos de Dutra e Góes Monteiro na
época, com destaque para o livro de autoria deste último intitulado A Revolução de 30 e a
finalidade política do Exército (GÓES MONTEIRO, [1934?]), no qual estão presentes o que
então eram as principais posições de Góes Monteiro relativas à organização do Estado e ao
papel político das Forças Armadas.
Crítico da ordem política oligárquica da Primeira República, vista como responsável
pela desunião nacional e pelo consequente enfraquecimento do país, Góes Monteiro defendia a
instauração de um Estado forte e centralizado, o único tipo de Estado capaz, segundo ele, de
garantir a montagem de uma organização militar (e também econômica) suficientemente sólida
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para a missão de proteger o território brasileiro na era da guerra total.2 Este novo de tipo de
Estado, mais adequado à realidade e às necessidades nacionais, garantiria a formação de uma
estrutura militar defensiva mais eficiente por meio de uma política de industrialização acelerada
voltada para setores avançados da atividade industrial (siderurgia, indústria química, indústrias
militares, etc.), de uma reorganização das forças militares e de uma ação política estimulando
o patriotismo e as energias nacionais e combatendo os inimigos da unidade nacional
(regionalismos, movimentos de esquerda, luta de classes) (GÓES MONTEIRO, [1934?]; 1934).
Em discurso de dezembro de 1940, por exemplo, Dutra defendia posições idênticas (DUTRA,
1941). Segundo a cúpula militar do Estado Novo, todos os setores vitais da sociedade e da
atividade econômica deveriam estar a serviço da organização militar brasileira, isto é, a
indústria, os transportes, as vias de comunicação, a escola e a imprensa – estes dois últimos
desde que comprometidos com ideais patrióticos e livres de ideias perniciosas ao
desenvolvimento do sentimento nacional.3 Neste sentido, ideias socialistas, liberais, pacifistas
e internacionalistas deveriam ser banidas do ensino e dos meios de comunicação. No que diz
respeito ao programa econômico propriamente dito, os discursos de Dutra e Góes Monteiro não
entravam em maiores detalhes, limitando-se a defender o desenvolvimento dos setores mais
avançados da atividade industrial na época (siderurgia, indústria química, petróleo,
equipamento militar, etc.) e a defender o dirigismo econômico (e a condenar, por conseguinte,
a economia de mercado e a criticar a burguesia brasileira por sua falta de patriotismo e
envergadura). O estudo e a atuação nos programas econômicos do Estado Novo ficará nas mão
de uma outra categoria de militar, o oficial-engenheiro especialista em questões industriais,
como Edmundo de Macedo Soares no caso da siderurgia e Horta Barbosa no caso do petróleo:
diferentemente de Dutra e Góes Monteiro, Macedo Soares e Horta Barbosa seriam herdeiros da
2 A defesa de um Estado forte e centralizado não significa que Góes Monteiro se manifestasse pela instauração de
uma ditadura militar, isto é, pelo controle direto do poder político pelas Forças Armadas. Partidário de uma maior
autonomia do Estado-Maior do Exército em relação ao Poder Executivo (MOTTA, 2001), Góes Monteiro concebia
a nova ordem nacionalista com Forças Armadas transformadas numa espécie de “quarto poder”, com a função de
garantir e monitorar o governo. Em outras palavras, defendia um Estado militarizado que não fosse
necessariamente uma ditadura militar. 3 Para não ultrapassarmos o limite de espaço exigido para os textos completos deste evento, optamos por não
transcrever aqui os trechos dos discursos de Dutra e Góes Monteiro, que serviriam apenas para fins de ilustração
e não acrescentariam nada ao que dissemos aqui. Para os interessados, remetemos à leitura do nosso livro (SAES,
2015) ou da nossa tese de Doutoramento, disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.
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ideologia modernizadora e industrializadora do republicanismo militar do final do século XIX
(Horta Barbosa era, inclusive, membro da Igreja Positivista).
Por mais exagerado (e mesmo cômico) que pareça este discurso visto dos dias de hoje,
levando-se em conta o fato de que o território brasileiro não era ameaçado naquele contexto
histórico, ele foi decisivo para a legitimação da política industrializadora e para a própria
existência do Estado Novo. Num país com elites agrárias, que nada obrigava a apoiar uma
política de industrialização acelerada por meio de um Estado autoritário – uma política de
industrialização queimando etapas implica sempre algum sacrifício para o setor agrícola, que
deixa então de ser privilegiado pela política estatal –, a “ameaça externa” era um fator capaz de
desmobilizar uma oposição mais séria vinda das classes dominantes: se a “ameaça comunista”
fora decisiva para a legitimação do golpe de Estado de novembro de 19374, a continuidade do
regime precisava contar com outros elementos de pressão ideológica, e o contexto da guerra
mundial serviu a este fim. Aliás, é preciso notar como a justificativa ideológica para uma ação
política dificilmente retrata a realidade; no caso da instauração do Estado Novo, o discurso
anticomunista serviu para maquiar o verdadeiro alvo da ação golpista, que era na verdade as
elites agroexportadoras de São Paulo, que preparavam um retorno ao poder pela via eleitoral
(candidatura de Armando de Salles Oliveira nas eleições presidenciais de 1938) depois de quase
uma década apeadas do governo federal. No caso da guerra mundial, o verdadeiro inimigo não
era nem a Alemanha hitlerista, nem a Rússia stalinista, nem qualquer potência imperialista
ocidental, e sim as próprias elites conservadoras brasileiras que se sentiam obrigadas a tolerar,
devido ao pretenso perigo externo, um regime ditatorial que não correspondia de fato às suas
aspirações e aos seus interesses. Em outras palavras, o Estado Novo, apesar de se autoproclamar
anticomunista e “regime de guerra”, foi sobretudo uma ditadura antioligárquica, cujo objetivo
era neutralizar politicamente as elites agroexportadoras mais poderosas (especialmente as elites
cafeeiras paulistas), e de completar, como dissemos atrás, o processo político e econômico
4 Na verdade, quando houve o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, a extrema-esquerda, já neutralizada e
com as suas lideranças na prisão desde a derrota da Intentona de 1935, não representava uma real ameaça à ordem
vigente. Todo a ação repressiva do governo varguista, que dirigiu o país em estado de sítio durante praticamente
todo o período situado entre novembro de 1935 e o golpe do Estado Novo, é descrita detalhadamente por Edgard
Carone (1982).
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iniciado em 1930, que é o da transformação do Brasil de nação agrário-exportadora em nação
industrial.
Este discurso da cúpula militar do Estado Novo que acabamos de descrever corresponde
a uma ideologia nacionalista de direita, que, mesmo contendo elementos progressistas
(sobretudo no tocante à industrialização, à defesa da legislação social e trabalhista e à
condenação do regionalismo oligárquico da Primeira República), está inequivocamente
identificado com o campo conservador. A defesa da ordem política e social e a condenação da
liberal-democracia, do comunismo e do pacifismo, estes últimos sendo vistos como um
empecilho para a segurança militar do Brasil, evidenciam a componente conservadora do
discurso militar estadonovista. A própria defesa da industrialização possui aqui um caráter
sombrio e conservador ao apresentar o desenvolvimento industrial, não como fator de
progresso, e sim como instrumento de proteção contra as inevitáveis agressões externas:
diferentemente dos militares positivistas da época da Proclamação da República, que exaltavam
a industrialização e a sociedade industrial como fatores de progresso, os generais
estadonovistas a viam como uma medida emergencial contra o perigo externo, num contexto
internacional similar a um mundo de trevas. O programa econômico defendido por Dutra e
Góes Monteiro contrastava também com o reformismo acentuado do grupo tenentista que
esteve no poder durante o período 1930-1934, e que defendia abertamente a reforma agrária
(difusão da pequena propriedade no campo), a participação dos trabalhadores nos lucros das
empresas e uma tributação mais alta das classes dominantes (SAES, 2015). Quando os generais
estadonovistas criticavam as oligarquias regionais, tratava-se de uma crítica essencialmente
política (as oligarquias regionais como ameaça à unidade nacional), crítica que não envolvia
uma contestação da estrutura fundiária do país: em nenhum momento encontramos, no discurso
da cúpula militar do Estado Novo, a defesa da reforma agrária, e nem uma contestação precisa
e efetiva do modelo agrário-exportador (por exemplo, nenhuma defesa de uma reorientação da
agricultura brasileira no sentido da produção de alimentos destinados ao mercado interno). José
Murilo de Carvalho aponta a diferença entre a intervenção militar de 1930, que se deu sob o
domínio ideológico dos tenentes e possuía forte caráter revolucionário e social, e a intervenção
golpista de 1937, mais autoritária e conservadora, embora também comprometida com a
modernização do país:
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Se sete anos antes, uma parcela do Exército liderara o movimento de destruição da
velha ordem, agora a instituição servia de parteira da nova ordem, diferente da
imaginada pelos revolucionários de 1930. A ênfase agora não estava nas reformas
sociais, na representação classista, no combate ao latifúndio, mas no
desenvolvimento econômico, na indústria de base, na dívida externa, na exportação,
nas estradas de ferro, no fortalecimento das Forças Armadas, na segurança interna
e na defesa externa.
Desaparecera totalmente a ideia de Exército como vanguarda do povo e firmava-se
a do Exército coexistindo com a estrutura do Estado, como elemento dinâmico deste
[...]. (CARVALHO, 2005: 99)
O surgimento desta direita militar ocorreu no contexto do combate governamental à
Intentona de 1935; o combate à insurreição militar de esquerda liderada por Luís Carlos Prestes
fez nascer efetivamente o anticomunismo militar no Brasil, assim como provocou a aparição,
pela primeira vez na história brasileira, da polarização direita/esquerda nas Forças Armadas.
Não acreditamos que a polarização direita/esquerda existisse nos meios militares brasileiros
antes da década de 1930, e pensamos que falar de esquerda e direita antes do surgimento de
grupos militares comprometidos com projetos socialistas e de revolução popular pode levar a
um anacronismo.5 Para designar as correntes mais avançadas das Forças Armadas antes da
década de 1930, como, por exemplo, a oficialidade republicana e abolicionista que derrubou a
Monarquia em 1889 ou os tenentes revolucionários que se sublevaram contra a República
Oligárquica na década de 1920, preferimos usar o termo progressista, mais adequado para
designar correntes reformistas comprometidas com a modernização e o desenvolvimento, sem
defenderem um rompimento com a ordem burguesa. Para nós, é somente com a dissidência de
esquerda de Luís Carlos Prestes em maio de 1930 – Prestes rompia então com a maioria dos
seus companheiros do movimento tenentista em nome do marxismo e de um projeto de
5 João Quartim de Moraes (2005, 1994) apresenta a oficialidade republicana e abolicionista do final do século
XIX, o tenentismo das décadas de 1920 e 1930 e os generais nacionalistas e democratas da década de 1950 como
representantes da esquerda militar no Brasil. Embora entendamos a argumentação do autor, para quem os termos
esquerda e direita possuem um significado relativo – isto é, as questões em torno das quais gira a polarização
esquerda X direita dependem do contexto histórico dentro do qual a polarização se dá –, achamos que o uso do
termo esquerda militar para correntes comprometidas com a modernização e o desenvolvimento sem rompimento
com a ordem burguesa poderia induzir em erro: na medida em que o termo esquerda acabou por ser associado
dentro do imaginário político ao socialismo e à luta proletária contra a dominação burguesa, pensamos que a
denominação esquerda militar caberia melhor na caracterização de fenômenos políticos assumidamente
esquerdistas, como a intentona de 1935 e a ação de Carlos Lamarca contra o Regime Militar na década de 1960.
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revolução popular contra a burguesia, o latifúndio e o imperialismo – que surge a esquerda
militar no Brasil, e é em decorrência do surgimento desta esquerda militar que nascerá a direita
militar anticomunista liderada por altos oficiais como Dutra e Góes Monteiro. Antes de 1930
houve tensões e conflitos entre uma oficialidade progressista, em geral golpista e insurrecional
e defensora de reformas econômicas e sociais modernizadoras (abolição da escravidão,
Proclamação da República, industrialização e mesmo uma reforma agrária moderada em alguns
casos etc.), e uma oficialidade conservadora comprometida com a ordem vigente (oficialidade
monarquista na década de 1880, oficialidade legalista na década de 1920) e, em alguns casos,
com tentativas golpistas (por exemplo, Revolta da Armada, em 1893-1894).
A direita militar no Brasil nasceu, portanto, no contexto dos conflitos político-militares
da década de 1930, e mais especificamente com o combate das forças governamentais à
Intentona de 1935, quando o anticomunismo se consolidou como tópico permanente da
ideologia militar: a partir de então o anticomunismo cresceria em importância nos meios
militares, para se tornar a pedra angular do discurso das facções político-militares mais atuantes
no campo da direita no pós-1945. Entretanto, a direita militar que surgiu em 1935 e que dividiu
o poder com Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo se diferencia em alguns
aspectos, de grande importância por sinal, da direita militar do pós-1945: enquanto esta última
viria a assumir no geral uma postura ideológica pró-americana (defesa de um alinhamento
automático com os Estados Unidos e com o Bloco Ocidental contra o comunismo totalitário
soviético), a direita militar estadonovista se voltava para um nacionalismo com aspectos anti-
imperialistas, contrário ao alinhamento com potências estrangeiras, nacionalismo que
apresentava estas últimas, em conjunto, como ameaças potenciais à soberania brasileira.6 Com
a queda do Estado Novo em 1945 (regime deposto pelos mesmos militares que o haviam
instaurado), o nacionalismo de direita praticamente desaparecia como tendência importante nas
Forças Armadas brasileiras; os próprios representantes da cúpula militar do regime deposto se
6 É preciso lembrar, entretanto, que os Estados Unidos consolidaram de fato a sua hegemonia no continente
americano a partir de 1945 (embora a sua presença já estivesse forte no Brasil a partir da entrada deste na Segunda
Guerra Mundial), e que, devido à crise de hegemonia das potências estrangeiras no Brasil durante o período 1930-
1945 (declínio da Inglaterra sem ascensão imediata dos Estados Unidos), era mais fácil assumir uma postura
autonomista durante o Estado Novo do que no pós-1945.
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inseririam de alguma forma no campo pró-americano.7 O cenário político-militar do pós-1945
passaria agora a ser disputado por duas facções modernizadoras dentro das Forças Armadas:
uma nacionalista centrista democrática e legalista voltada para um projeto de desenvolvimento
autônomo, para uma política externa independente e para uma aliança política com o populismo
varguista; uma pró-americana voltada para uma política externa alinhada com os Estados
Unidos, para um discurso liberal, anticomunista e antipopulista e para um projeto de
desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. Esta última tendência estaria na origem da
criação da Escola Superior de Guerra em 1949 e do golpe de Estado de 31 de março de 1964,
que colocou Castelo Branco, um representante típico desta orientação, no poder (PEIXOTO,
1980; SODRÉ, 1979). Algumas manifestações posteriores que poderiam ser encaixadas dentro
de um modelo de direita militar nacionalista, como as tendências lideradas por Albuquerque
Lima e Sílvio Heck na segunda metade da década de 1960, ou mesmo a política externa
independente do Governo Geisel na segunda metade da década de 1970, não levaram ao
ressurgimento efetivo e durável de uma tendência nacionalista de direita como a que
caracterizou a cúpula militar do Estado Novo.
Finalmente, uma última questão que queremos abordar aqui, e que é de grande
relevância em decorrência das associações que foram feitas entre o Estado Novo e os regimes
nacionalistas totalitários europeus surgidos no entreguerras (e mais especificamente a Itália
mussoliniana e a Alemanha hitlerista), é a da possibilidade (ou não) de caracterizarmos o
nacionalismo de direita da cúpula militar do Estado Novo – assim como o próprio regime em
questão – como uma manifestação de tipo fascista. Com base no que pesquisamos durante o
período do Doutorado, nem o Estado Novo e nem a ideologia de sua cúpula militar podem ser
confundidos com o fascismo, apesar de haver algumas semelhanças, como o nacionalismo, o
militarismo, o autoritarismo, o anticomunismo e a condenação do liberalismo econômico; a
própria concepção darwinista que Dutra e Góes Monteiro tinham das relações internacionais
(triunfo dos mais fortes, submissão dos mais fracos) se aproximava das concepções
nazifascistas, mesmo que, ao contrário do nazifascismo, o Estado Novo nunca tenha
patrocinado projetos de expansão territorial. De qualquer forma, o nacionalismo autoritário,
7 O próprio governo presidencial de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) se notabilizaria por um pró-americanismo
expressivo.
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anticomunista e antiliberal não são monopólio do fascismo, e não seriam suficientes, em si, para
caracterizar um regime como sendo de tipo fascista. Além do mais, outras características do
fascismo (e nem estamos nos referindo ao racismo e ao antissemitismo mais característicos do
nacional-socialismo na Alemanha) faltavam ao Estado Novo: a existência de um partido
político forte, um partido único capaz de arregimentar as massas e de controlar as próprias
Forças Armadas; uma doutrina bem definida norteando o regime, uma doutrina que implicasse
não somente uma concepção de Estado, mas também uma nova concepção da vida humana (a
formação de um “novo homem”, ideal comum nos regimes totalitários, tanto os de direita como
os de esquerda). O Estado Novo, por apoiar a sua estrutura ditatorial nas Forças Armadas,
dispensou a organização de um partido único de massa; quanto à sua ideologia, o regime se
apoiava em princípios fortes (Estado forte, desenvolvimento industrial, conciliação entre capital
e trabalho, anticomunismo), mas não num verdadeiro sistema doutrinário. Lourdes Sola, autora
de importante ensaio sobre o Estado Novo, define bem a natureza deste regime:
Das características mais específicas do golpe de 10 de Novembro – e que o
diferenciam daqueles ocorridos na Europa na mesma década, com os quais
erradamente certos autores o identificam – algumas são negativas. Isto é, ele não
representou a vitória de um partido organizado (a participação dos integralistas era
adjetiva), nem teve apoio ativo de massas. A carência de unidade e de estrutura
ideológicas, outro traço distintivo, não era compensada pelas afirmações de seus
principais autores, que procuravam legitimá-lo em nome do programa e das
reivindicações da revolução de 30: como se sabe, esta resultara de forças sociais, de
expectativas e mesmo de ideologias bastante díspares, e essa heterogeneidade se
revelara logo em seguida sob a forma de divergências políticas; não podia por isso,
servir de referência unitária.
Esta falta de mediações organizatórias entre Vargas e o País, salvo a das Forças
Armadas, explica a eficácia daquela representação personalista do novo regime. A
ausência de mobilização política ampla que lhe servisse de base, permite que a
instauração do Estado Novo apareça como um golpe de elites político-militares
contra elites político-econômicas. (SOLA, 1968: 289)
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O caráter não fascista da ditadura do Estado Novo8 explica o porquê da proscrição do
movimento integralista, movimento de tipo fascista, logo após o golpe de Estado: se os
integralistas haviam sido utilizados pelos golpistas de 1937 na mobilização ideológica para um
golpe anticomunista, não havia espaço, dentro da ordem ditatorial do Estado Novo, para uma
grande organização política de massa, com um líder próprio (Plínio Salgado), uma ideologia
própria (a doutrina integralista) e que apresentava características paramilitares (as milícias
integralistas) que poderiam significar a futura existência de uma força paralela ao Exército. Isto
explica o porquê, apesar de o movimento contar com muitos simpatizantes nos meios militares,
e em especial na mais conservadora Marinha, do fechamento da Ação Integralista Brasileira
logo após o golpe de Estado, assim como a fracassada tentativa de derrubada do governo por
parte de um grupo de integralistas (aliados a um grupo de liberais) em maio de 1938, e o
consequente exílio de Plínio Salgado em Portugal. Segundo José Murilo de Carvalho:
Se ideologicamente o integralismo tinha posições próximas das que predominavam
na cúpula militar, o pertencimento simultâneo a duas organizações tão absorventes
criava conflitos de lealdade que terminavam por minar a disciplina militar. Além
disso, o integralismo mobilizava as massas e provocava reações mantendo, assim,
viva a atividade política. Isso era exatamente o que não interessava à cúpula militar,
que via a oportunidade de extirpar de vez a atividade política e conseguir assim
eliminar também as perturbações disciplinares motivadas pelo partidarismo.
(CARVALHO, 2005: 98)
O próprio Getúlio Vargas, enquanto liderança de tipo bonapartista – liderança
autoritária que se coloca acima dos partidos e das tendências, assumindo uma posição centrista
ao reprimir os dois extremos dependendo da conjuntura – nunca se encaixaria no perfil de
liderança fascista. E nem à própria cúpula militar do Estado Novo, pelas razões que apontamos
acima, interessaria a instauração de um regime fascista controlado por uma grande estrutura
partidária de massa. O Estado Novo seria, portanto, um regime autoritário, mas não totalitário,
e a ideologia da cúpula militar poderia ser caracterizada como sendo de direita, mas não de
8 Não se deve atribuir muita importância ao fato de o autor da Constituição do Estado Novo, Francisco Campos,
ser um admirador dos regimes fascistas europeus. A Constituição de 10 de novembro de 1937, que estabelecia um
regime republicano presidencial, federativo e representativo, com um Presidente da República eleito por um
período de seis anos, nunca foi aplicada, já que Vargas governou durante todo o período 1937-1945 em estado de
emergência.
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extrema-direita, o próprio radicalismo de massas característico do fascismo sendo desprezado
pelo elitismo da alta oficialidade.
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