a história de josé wilson, um jovem exemplo de vida!

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Apodi Novembro/2013 Mais uma bela história de vida que resolvemos contar, que certamente servirá de exemplo para muitos jovens que desistem de seus sonhos e acabam se rendendo aos desânimos da vida. Para contar essa história, nós vamos até o Assentamento Paraíso, no coração da Chapada do Apodi, para conhecer a história de vida do jovem José Wilson. Poeta, agricultor experimentador e pai do pequeno Antonio Ryan de apenas 5 meses de idade, casado com a jovem Keline Costa, com quem mora em uma casinha simples e onde vivem com muita alegria. Filho de seu Francisco Ferreira de Freitas e dona Antonia Maria de Freitas, Zé Wilson nos conta que teve sua juventude semelhante a todo jovem rural, e que as dificuldades já o perseguem desde sua infância. Zé Wilson nos conta suas dificuldades vividas por sua família nessa época, "só comíamos carne uma vez por semana, éramos praticamente escravos do trabalho", nos revela. Assentado desde o ano de 1997, ele nos revela que sua vida começou a mudar a partir dai, a reforma agrária moldou os rumos de sua família, que passou a buscar alternativas de vida cultivando a terra e retirando dela o seu sustento. Devido as dificuldades de ter que trabalhar para ajudar no sustento de sua família, Zé Wilson estudou apenas até a 2º série do primário. Não havia como conciliar as duas coisas, por isso o jovem teve que optar por uma delas, e escolheu trabalhar com seu pai na agricultura familiar. Passou toda sua juventude apenas com essa escolaridade, trabalhando na agricultura e enfrentando o preconceito de não ter estudos. Mas isso não o fez desistir de seu sonho, de ser formado e construir sua própria história. Impulsionado por esse desejo, no ano de 2003, e já com 27 anos de idade, o jovem decide voltar a estudar, tentando conciliar o trabalho na agricultura ao estudo. Após concluir o ensino médio, Zé Wilson tenta ingressar no curso de Zootecnia do Istituto Federal do RN - IFRN em Apodi, o que para sua alegria, foi aprovado entre as melhores colocações na seleção da instituição. E mais uma vez, o jovem rural vence mais uma etapa, conclui o curso e é diplomado técnico em zootecnia. Feliz com sua formação, Zé Wilson continua a fazer da agricultura familiar o seu impulso principal, sem desanimar o jovem poeta trabalha atualmente em uma área de Manejo Agroecológico da Caatinga, onde deseja tornar essa experiência uma referência para a convivência com o Semiárido Brasileiro. "Tenho o sonho de fazer com que todas as pessoas de minha comunidade, tenham essa consciência de preservar o meio ambiente com um projeto como esse, sustentável", afirma. 1475 A HISTÓRIA DE JOSÉ WILSON Um jovem exemplo de vida! É uma iniciativa do Projeto Dom Helder Câmara em parceria com Centro Terra Viva que desenvolvem experiências em várias comunidades e assentamentos do Território Sertão do Apodi. A área de manejo Agroecológico da Caatinga de Zé Wilson, hoje é referência pelo seu potencial agrossilvipastoril, ou seja, na grande capacidade de resposta a criação de pequenos animais como é o caso dos ovinos e caprinos e, a grande diversidade na fauna e na flora, sem prejuízos ambientais e sem devastação alguma. A área de 1hac, recebe um tratamento especial chamado raleamento e rebaixamento das árvores que liberam a passagem dos raios solares e possibilitam a prosperidade de outras espécies de plantas nativas dessa região, tornando possível assim uma cobertura verde e uma proteção do solo, além de uma pastagem favorável para seus animais. Nesse sistema é muito valorizado as plantas nativas da região, sendo que nas plantas consideradas daninhas, são feitos raleamento, uma espécie de corte a altura de 10 centímetros do solo. "Em apenas três anos, em média, eu consegui retirar, de forma sustentável todo gasto que eu tive para cercar e implantar o projeto. E hoje cada vez mais eu percebo que essa área se diferencia em grandes proporções das demais áreas que não tem o Manejo. Queria que o governo se sensibilizasse para esses pequenos projetos que realmente fazem a diferença". Afirma Zé Wilson. O MANEJO DA CAATINGA Somado a sua indiscutível capacidade de superação, está o sangue enraizado de agricultor valente e guerreiro. Hoje, o sustento de sua família, já aqui descrita, provém de um quintal produtivo, que ele e sua esposa cultivam com muito zelo. Produzem do pimentão a cebolinha, do alface ao coentro, que é vendido tanto aos seus vizinhos, como também aqueles que já conhecem a qualidade de seus produtos em várias regiões do município. O Quintal Produtivo

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Page 1: A História de José Wilson, um jovem exemplo de vida!

ApodiNovembro/2013

Mais uma bela história de vida que resolvemos contar, que certamente servirá de

exemplo para muitos jovens que desistem de seus sonhos e acabam se rendendo aos

desânimos da vida. Para contar essa história, nós vamos até o Assentamento Paraíso, no

coração da Chapada do Apodi, para conhecer a história de vida do jovem José Wilson.

Poeta, agricultor experimentador e

pai do pequeno Antonio Ryan de apenas 5

meses de idade, casado com a jovem Keline

Costa, com quem mora em uma casinha

simples e onde vivem com muita alegria.

Filho de seu Francisco Ferreira de Freitas e

dona Antonia Maria de Freitas, Zé Wilson

nos conta que teve sua juventude

semelhante a todo jovem rural, e que as

dificuldades já o perseguem desde sua

infância. Zé Wilson nos conta suas dificuldades vividas por sua família nessa época, "só

comíamos carne uma vez por semana, éramos praticamente escravos do trabalho", nos revela.

Assentado desde o ano de 1997, ele nos revela que sua vida começou a mudar a

partir dai, a reforma agrária moldou os rumos de sua família, que passou a buscar

alternativas de vida cultivando a terra e retirando dela o seu sustento.

Devido as dificuldades de ter que trabalhar para ajudar no sustento de sua

família, Zé Wilson estudou apenas até a 2º série do primário. Não havia como conciliar

as duas coisas, por isso o jovem teve que optar por uma delas, e escolheu trabalhar com

seu pai na agricultura familiar. Passou toda sua juventude apenas com essa

escolaridade, trabalhando na agricultura e enfrentando o preconceito de não ter

estudos. Mas isso não o fez desistir de seu sonho, de ser formado e construir sua própria

história. Impulsionado por esse desejo, no ano de 2003, e já com 27 anos de idade, o

jovem decide voltar a estudar, tentando conciliar o trabalho na agricultura ao estudo.

Após concluir o ensino médio, Zé Wilson tenta ingressar no curso de Zootecnia

do Istituto Federal do RN - IFRN em Apodi, o que para sua alegria, foi aprovado entre

as melhores colocações na seleção da instituição. E mais uma vez, o jovem rural vence

mais uma etapa, conclui o curso e é diplomado técnico em zootecnia. Feliz com sua

formação, Zé Wilson continua a fazer da agricultura familiar o seu impulso principal,

sem desanimar o jovem poeta trabalha atualmente em uma área de Manejo

Agroecológico da Caatinga, onde deseja tornar essa experiência uma referência para a

convivência com o Semiárido Brasileiro. "Tenho o sonho de fazer com que todas as pessoas de

minha comunidade, tenham essa consciência de preservar o meio ambiente com um projeto como

esse, sustentável", afirma.

1475

A HISTÓRIA DE JOSÉ WILSON Um jovem exemplo de vida!

É uma iniciativa do Projeto Dom Helder Câmara em parceria com Centro T e r r a V i v a q u e d e s e n v o l v e m experiências em várias comunidades e assentamentos do Território Sertão do Apodi.

A área de manejo Agroecológico da Caatinga de Zé Wilson, hoje é r e f e r ê n c i a p e l o s e u p o t e n c i a l agrossilvipastoril, ou seja, na grande capacidade de resposta a criação de pequenos animais como é o caso dos ovinos e caprinos e, a grande diversidade na fauna e na flora, sem prejuízos ambientais e sem devastação alguma.

A área de 1hac, recebe um t r a t a m e n t o e s p e c i a l c h a m a d o raleamento e rebaixamento das árvores que liberam a passagem dos raios solares e possibilitam a prosperidade de outras espécies de plantas nativas dessa região, tornando possível assim uma cobertura verde e uma proteção do solo, além de uma pastagem favorável para seus animais . Nesse s is tema é muito valorizado as plantas nativas da região, sendo que nas plantas consideradas daninhas, são feitos raleamento, uma espécie de corte a al tura de 10 centímetros do solo.

"Em apenas três anos, em média, eu consegui retirar, de forma sustentável todo gasto que eu tive para cercar e implantar o projeto. E hoje cada vez mais eu percebo que essa área se diferencia em grandes proporções das demais áreas que não tem o Manejo. Queria que o governo se sensibilizasse para esses pequenos projetos que realmente fazem a diferença". Afirma Zé Wilson.

O MANEJO DA CAATINGA

Somado a sua indiscutível capacidade de superação, está o sangue enraizado de agricultor valente e guerreiro. Hoje, o sustento de sua família, já aqui descrita, provém de um quintal produtivo, que ele e sua esposa cultivam com muito zelo. Produzem do pimentão a cebolinha, do alface ao coentro, que é vendido tanto aos seus vizinhos, como também aqueles que já conhecem a qualidade de seus produtos em várias regiões do município.

O Quintal Produtivo

Page 2: A História de José Wilson, um jovem exemplo de vida!

Desde muito jovem e até nos dias de hoje, Zé Wilson participa ativamente do grupo de jovens, de onde adquiriu a capacidade de recitar, um dom já encravado em sua alma que veio a tona através das várias apresentações que ele e seus colegas faziam na comunidade e em comunidades circunvizinhas.

Uma de suas poesias ganhou destaque ao ser apresentada ao renomado poeta Antonio Francisco, membro Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré, e hoje é aqui nesse espaço, em primeira mão, transcrevemos para o papel, pois além de uma indescritível capacidade de criação, ele domina a capacidade de memorização, e guarda todas as suas obras em sua mente.s, como também aqueles que já conhecem a qualidade de seus produtos em várias regiões do município.

Nem toda coisa do mundoNem toda coisa do mundoQue se sabe é contadaQue se sabe é contadaUma história de vidaUma história de vidaUma cena gravadaUma cena gravadaUm cochicho no ouvidoUm cochicho no ouvidoUm romance proibidoUm romance proibidoNo beiral de uma estradaNo beiral de uma estrada

E eu preso por demaisE eu preso por demaisTudo quanto é segredoTudo quanto é segredoSe alguém contar pra mimSe alguém contar pra mimPode contar sem medoPode contar sem medoPode crer daqui pro céuPode crer daqui pro céuSou um amigo fielSou um amigo fielNinguém saberá tão cedoNinguém saberá tão cedo

Eu vivo nessas andançasEu vivo nessas andançasProcurando observarProcurando observarOuço uma conversa aliOuço uma conversa aliUma história acoláUma história acoláE todas são comoventesE todas são comoventesNo poço da minha menteNo poço da minha menteProcuro elas guardarProcuro elas guardar

E numa dessas andançasE numa dessas andançasComo quem não quer nadaComo quem não quer nadaPeguei a minha mochilaPeguei a minha mochilaSai pra uma caminhadaSai pra uma caminhadaQuando eu vi um anciãoQuando eu vi um anciãoA beira de um cacimbãoA beira de um cacimbãoAo lado de uma estradaAo lado de uma estrada

O que ele me contouO que ele me contouJamais eu vou esquecer Jamais eu vou esquecer Guarda-lo como segredoGuarda-lo como segredoNão vai dar pra esconderNão vai dar pra esconderDo fundo do coraçãoDo fundo do coraçãoPerdoe-me o anciãoPerdoe-me o anciãoO povo tem que saberO povo tem que saber

Dos seus olhos pude verDos seus olhos pude verA dor daquele cristãoA dor daquele cristãoE me aproximei deleE me aproximei deleOfereci minha mãoOfereci minha mãoE perguntei soluçandoE perguntei soluçandoO porque estas chorando?O porque estas chorando?A beira do cacimbãoA beira do cacimbão

Nem toda coisa do mundoQue se sabe é contadaUma história de vidaUma cena gravadaUm cochicho no ouvidoUm romance proibidoNo beiral de uma estrada

E eu preso por demaisTudo quanto é segredoSe alguém contar pra mimPode contar sem medoPode crer daqui pro céuSou um amigo fielNinguém saberá tão cedo

Eu vivo nessas andançasProcurando observarOuço uma conversa aliUma história acoláE todas são comoventesNo poço da minha menteProcuro elas guardar

E numa dessas andançasComo quem não quer nadaPeguei a minha mochilaSai pra uma caminhadaQuando eu vi um anciãoA beira de um cacimbãoAo lado de uma estrada

O que ele me contouJamais eu vou esquecer Guarda-lo como segredoNão vai dar pra esconderDo fundo do coraçãoPerdoe-me o anciãoO povo tem que saber

Dos seus olhos pude verA dor daquele cristãoE me aproximei deleOfereci minha mãoE perguntei soluçandoO porque estas chorando?A beira do cacimbão

O Lamento de um AnciãoO Lamento de um AnciãoAutor: José WilsonAutor: José WilsonO Lamento de um AnciãoAutor: José Wilson

Chegando o mês de junhoChegando o mês de junhoA fartura no sertão A fartura no sertão Fazia a felicidade Fazia a felicidade Do povo da regiãoDo povo da regiãoE todos se convidavamE todos se convidavamA noite e debulhavamA noite e debulhavamUma trouxa de feijãoUma trouxa de feijão

Bons tempos era aqueleBons tempos era aqueleQue agente se uniaQue agente se uniaE fazia um mu�rãoE fazia um mu�rãoPra virar da noite o diaPra virar da noite o diaAlguém contava históriaAlguém contava históriaE outro na mesma horaE outro na mesma horaRecitava poesiaRecitava poesia

Movidos por uma féMovidos por uma féQuando noite de fogueiraQuando noite de fogueiraTinha muito milho assadoTinha muito milho assadoDança e brincadeiraDança e brincadeiraNaquele piso de terraNaquele piso de terraUm forrozinho pé de serraUm forrozinho pé de serraTocava a noite inteiraTocava a noite inteira

Era tudo diversãoEra tudo diversãoE muita tranquilidadeE muita tranquilidadeNão se �nha violência Não se �nha violência Que corroí a sociedadeQue corroí a sociedadeA guerra não exis�aA guerra não exis�aE tudo era alegriaE tudo era alegriaE muita felicidadeE muita felicidade

Hoje tudo já mudouHoje tudo já mudouJá não existe mais pazJá não existe mais pazAquela tranquilidadeAquela tranquilidadeA tempos ficou pra trazA tempos ficou pra trazO velho rádio de pilhaO velho rádio de pilhaQue era uma maravilhaQue era uma maravilhaQuase ninguém usa maisQuase ninguém usa mais

ao invés de uma arvoreao invés de uma arvoreque tanto me sombreavaque tanto me sombreavaconstruíram uma calçadaconstruíram uma calçadaa onde a gente brincavaa onde a gente brincavalevando nossa inocêncialevando nossa inocênciae trazendo violênciae trazendo violênciapra onde a paz reinavapra onde a paz reinava

Chegando o mês de junhoA fartura no sertão Fazia a felicidade Do povo da regiãoE todos se convidavamA noite e debulhavamUma trouxa de feijão

Bons tempos era aqueleQue agente se uniaE fazia um mu�rãoPra virar da noite o diaAlguém contava históriaE outro na mesma horaRecitava poesia

Movidos por uma féQuando noite de fogueiraTinha muito milho assadoDança e brincadeiraNaquele piso de terraUm forrozinho pé de serraTocava a noite inteira

Era tudo diversãoE muita tranquilidadeNão se �nha violência Que corroí a sociedadeA guerra não exis�aE tudo era alegriaE muita felicidade

Hoje tudo já mudouJá não existe mais pazAquela tranquilidadeA tempos ficou pra trazO velho rádio de pilhaQue era uma maravilhaQuase ninguém usa mais

ao invés de uma arvoreque tanto me sombreavaconstruíram uma calçadaa onde a gente brincavalevando nossa inocênciae trazendo violênciapra onde a paz reinava

Aquele cheiro de barroAquele cheiro de barroQuando molhava o chãoQuando molhava o chãoDa casa que eu moravaDa casa que eu moravaPra passar o vassourãoPra passar o vassourãoRespirar nem posso maisRespirar nem posso maisEstou doente do gásEstou doente do gásQue vem da poluiçãoQue vem da poluição

O canto do canarinhoO canto do canarinhoNunca mais eu escuteiNunca mais eu escuteiA fogueira tão sagradaA fogueira tão sagradaPra onde foi eu não seiPra onde foi eu não seiParece que a tradiçãoParece que a tradiçãoDa fogueira de São JoãoDa fogueira de São JoãoDeixou de ser uma leiDeixou de ser uma lei

Essa coisa de ter féEssa coisa de ter féÉ quase que ilusãoÉ quase que ilusãoEstão trocando a MissaEstão trocando a MissaPor uma televisãoPor uma televisãoSerá que o CriadorSerá que o CriadorDeixou de ser o SenhorDeixou de ser o SenhorE o Mestre da naçãoE o Mestre da nação

Fizeram a corrupçãoFizeram a corrupçãoLevando a hones�dadeLevando a hones�dadeTirando da boca do pãoTirando da boca do pãoDe nossa sociedadeDe nossa sociedadeE até a naturezaE até a naturezaJá perdeu sua belezaJá perdeu sua belezaEm troca da vaidadeEm troca da vaidade

Eu não quero por a culpaEu não quero por a culpaNem em você nem em mimNem em você nem em mimEu só queria entenderEu só queria entenderO porque somos assimO porque somos assimE porque tanta ganânciaE porque tanta ganânciaE deixar como herançaE deixar como herançaUm planeta tão ruimUm planeta tão ruim

Meu amigo me desculpeMeu amigo me desculpeTer dito isso a vocêTer dito isso a vocêFaz dias que eu não durmoFaz dias que eu não durmoE nem consigo comerE nem consigo comerE toda essa afliçãoE toda essa afliçãoDeixa uma reflexão,Deixa uma reflexão,Vale a pena eu viver?Vale a pena eu viver?

Aquele cheiro de barroQuando molhava o chãoDa casa que eu moravaPra passar o vassourãoRespirar nem posso maisEstou doente do gásQue vem da poluição

O canto do canarinhoNunca mais eu escuteiA fogueira tão sagradaPra onde foi eu não seiParece que a tradiçãoDa fogueira de São JoãoDeixou de ser uma lei

Essa coisa de ter féÉ quase que ilusãoEstão trocando a MissaPor uma televisãoSerá que o CriadorDeixou de ser o SenhorE o Mestre da nação

Fizeram a corrupçãoLevando a hones�dadeTirando da boca do pãoDe nossa sociedadeE até a naturezaJá perdeu sua belezaEm troca da vaidade

Eu não quero por a culpaNem em você nem em mimEu só queria entenderO porque somos assimE porque tanta ganânciaE deixar como herançaUm planeta tão ruim

Meu amigo me desculpeTer dito isso a vocêFaz dias que eu não durmoE nem consigo comerE toda essa afliçãoDeixa uma reflexão,Vale a pena eu viver?

Se é para ver o homemSe é para ver o homemDestruir seu proprio larDestruir seu proprio larPrefiro morrer agoraPrefiro morrer agoraPra não ver exterminarPra não ver exterminarAs coisas que o CriadorAs coisas que o CriadorDe graça pra nós deixouDe graça pra nós deixouE ninguém quer preservarE ninguém quer preservar

Naquele mesmo instanteNaquele mesmo instanteEu sai dali chorandoEu sai dali chorandoAquelas suas palavrasAquelas suas palavrasAté hoje estão zoandoAté hoje estão zoandoPor isso estou pedindoPor isso estou pedindoSe você esta ouvindoSe você esta ouvindoVá também mul�plicandoVá também mul�plicando

Quem sabe com minha vozQuem sabe com minha vozZoando como um funilZoando como um funilE a sua também gritandoE a sua também gritandoTudo que aqui ouviuTudo que aqui ouviuAcaba-se a cobiçaAcaba-se a cobiçaE trás de volta a jus�çaE trás de volta a jus�çaQue o velho tanto pediu.Que o velho tanto pediu.

Se é para ver o homemDestruir seu proprio larPrefiro morrer agoraPra não ver exterminarAs coisas que o CriadorDe graça pra nós deixouE ninguém quer preservar

Naquele mesmo instanteEu sai dali chorandoAquelas suas palavrasAté hoje estão zoandoPor isso estou pedindoSe você esta ouvindoVá também mul�plicando

Quem sabe com minha vozZoando como um funilE a sua também gritandoTudo que aqui ouviuAcaba-se a cobiçaE trás de volta a jus�çaQue o velho tanto pediu.

Respondeu: viver aquiRespondeu: viver aquiNa terra não tem sen�doNa terra não tem sen�doAqui não se faz jus�çaAqui não se faz jus�çaO homem foi corrompidoO homem foi corrompidoAté o cristo senhorAté o cristo senhorQue é nosso salvadorQue é nosso salvadorFoi humilhado e cuspidoFoi humilhado e cuspido

Eu choro é com saudadesEu choro é com saudadesDo tempo que eu viviaDo tempo que eu viviaA sombra de uma árvoreA sombra de uma árvoreEscutando a melodiaEscutando a melodiaDo canto do canarinhoDo canto do canarinhoE pra não ficar sozinhoE pra não ficar sozinhoLhe fazia companhiaLhe fazia companhia

E tudo era um sossegoE tudo era um sossegoNaquela velha casinhaNaquela velha casinhaEu armava a minha redeEu armava a minha redeDebaixo da latadinhaDebaixo da latadinhaE pra ficar informadoE pra ficar informadoNão saia do meu ladoNão saia do meu ladoO velho rádio que eu �nhaO velho rádio que eu �nha

E quando no fim da tardeE quando no fim da tardeNo horizonte surgiaNo horizonte surgiaEu olhando o por do solEu olhando o por do solChorava de alegriaChorava de alegriaE ficava admiradoE ficava admiradoVendo o céu estreladoVendo o céu estreladoQuando a noite caiaQuando a noite caia

E quando a lua cheiaE quando a lua cheiaIluminava o sertãoIluminava o sertãoNão exis�a energiaNão exis�a energiaE nem a televisãoE nem a televisãoE no meio do terreiroE no meio do terreiroA luz de um candeeiroA luz de um candeeiroTodos se davam as mãosTodos se davam as mãos

Juntavam-se as criançasJuntavam-se as criançasDe toda comunidadeDe toda comunidadeHomens e as mulheresHomens e as mulheresE de todas as idadesE de todas as idadesE tudo era uma festaE tudo era uma festaE hoje o que me restaE hoje o que me restaDaquele tempo saudadesDaquele tempo saudades

Respondeu: viver aquiNa terra não tem sen�doAqui não se faz jus�çaO homem foi corrompidoAté o cristo senhorQue é nosso salvadorFoi humilhado e cuspido

Eu choro é com saudadesDo tempo que eu viviaA sombra de uma árvoreEscutando a melodiaDo canto do canarinhoE pra não ficar sozinhoLhe fazia companhia

E tudo era um sossegoNaquela velha casinhaEu armava a minha redeDebaixo da latadinhaE pra ficar informadoNão saia do meu ladoO velho rádio que eu �nha

E quando no fim da tardeNo horizonte surgiaEu olhando o por do solChorava de alegriaE ficava admiradoVendo o céu estreladoQuando a noite caia

E quando a lua cheiaIluminava o sertãoNão exis�a energiaE nem a televisãoE no meio do terreiroA luz de um candeeiroTodos se davam as mãos

Juntavam-se as criançasDe toda comunidadeHomens e as mulheresE de todas as idadesE tudo era uma festaE hoje o que me restaDaquele tempo saudades