a historia da maçonaria

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  • 8/6/2019 A Historia da Maonaria

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    A Historia da Maonaria

    Permitam-me que os felicite por terem decidido organizar este jantar debate e sobre o tema

    da Maonaria, que me foi proposto de modo a apresentar no os aspectos contemporneos,mas sim sobre o ngulo da Histria.

    Mas de que Histria podemos tratar? Necessariamente a do Homem praticante ou adepto daMaonaria, o Maon. Histria dos Maons portanto. Mas quando apareceram os maons?Quem foi o primeiro maon? E quem iniciou o primeiro maon, seria ele um pr-maon, eportanto tambm elegvel para figurar numa historia da maonaria? E ser que os maonssempre foram conhecidos por este vocbulo maon? que hoje j no h romanos, massim italianos...e se quisermos falar sobre a historia dos italianos, forosamente que temos deremontar aos romanos, e aos etruscos, tal e qual como para se falar da histria dos

    portugueses temos de remontar aos lusitanos e aos galaicos durienses... Para alm doproblema de semntica, a identificao exacta do que se entende por maon e pormaonaria, temos um segundo problema que o que se reduz em saber se de Histriatemos o conceito estrito de elementos em documentos escritos, ou se ser possvel recorrertambm pr histria...

    Enfim terceiro e ltimo problema. Que aspectos dos maons e da maonaria interessam aesta pequena conferncia? O da filosofia dos maons? O das obras dos maons? O da galeriados ilustres maons? A temtica dos mistrios e dos rituais? A das Lojas manicas, ou dasuas Obedincias e Ordens? Vamos depois de postos os problemas sua soluo possvel,ponto por ponto: 1) do conceito de histria, 2) do conceito de maon, e 3) do essencial damaonaria a iniciao.

    1) do conceito de HistriaTodas as obras sobre Histria localizam o seu incio em funo da histria do Homemcivilizado, e assim remontam a cerca de 4000 anos antes de Cristo. Um bom exemplo aHistria do Mundo de Christos Kondeatis (edio Caminho 1990) Cujo mapa de parede referena Europa a cultura megaltica, a civilizao de UR na Mesopotmia (as primeiras cidadesdatariam de 3000 AC), a unificao do Egipto com o primeiro Fara Mens, em 3100 AC,

    enfim a poca dos primeiros escritos sumrios com pictogramas de 3100 AC, em tbuas deargila. Recorde-se que a idade da pedra se estende at 2000 AC a idade do bronze(misturado com cobre e ferro), que cede idade do ferro em 1100 AC, e sempre comepicentro no Oriente ou mdio oriente. Mas vamos abarcar toda a Terra, todo o globoterrestre? Ento devemos citar a primeira civilizao americana, dos Olmecas no Mxicocerca de 1200 AC, a civilizao do povo Tcheu na China em 1120 AC.

    [topo]

    Ser esta aproximao satisfatria? Podemos comear no neoltico e na idade dos metais,que alguns situam a comear com a idade do cobre entre 2000 e 3000 AC, e a que se

    seguiram com 1000 anos de intervalo a idade do bronze, e depois, quase 1000 anos depois aidade do ferro como expem W. Devos e R. Geivers no seu Atlas Historique (edio Erasme

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    1993)? Podemos situar-nos no epicentro da civilizao egpcia como ponto de partida? E setivermos em conta os aspectos no apenas materiais mas espirituais, podemos talvez situaro advento da civilizao no Egipto, portanto em momento anterior ao nascimento formal dafilosofia grega, com Thals de Mileto em 585 AC, como de forma pedaggica ensina Jostein

    Gaarder em Le Monde de Sophie (edio Seuil de 1995)...

    Fiquemos pois no Egipto.

    2) Do conceito de maon.J alertmos para o facto de no nos devermos cingir a este vocbulo se pretendemosaveriguar a concepo e a caracterizao de uma realidade manica, que hoje percebidaem termos da Maonaria Universal como relativa ao Homem, crente em Deus, GrandeArquitecto do Universo, que pratica em Loja, depois de devidamente iniciado pelos seusIrmos, rituais esotricos que lhe permitem melhor conhecer-se a si prprio, e ao Mundo,

    postulando que no deve fazer aos outros aquilo que no gostavam que lhe fizessem a si.

    Haveria maons na idade Mdia (1212-1600) ? decerto....Haveria maons na idade das Luzes (1736- 1899) ? decerto...Haver maons contemporneos (sculo XX) ? decerto...

    Estas afirmaes baseiam-se numa cultura documentada relativamente assente, sobre a qualh inmera bibliografia objectiva, e claro, muitssimos elementos lendrios. Todavia naquelestrs perodos de tempo, Maonaria e Maons so claramente objecto de investigao, deestudo e portanto de conhecimento, em variadssimos autores como por exemplo Pierre A.Riffard em Lesoterisme (edio Laffont, 1990).

    [topo]

    a) Na idade mdia, a Maonaria era apelidada de operativa. Ou seja os detentores de ofcios corporativos sacralizavam a sua profisso emergente dos tradicionais trabalhos de campode lavradores, ou de pastores. Algumas destas profisses como a de pedreiro ou dearquitecto (o que planeia, ou projecta o arco e o tecto) afiguram-se particularmenteimportantes, porque o trabalhar da pedra visando transformar a pedra bruta em pedracbica, adequada construo impe necessariamente um trabalho de interiorizaro sobre siprprio, em o que resultado, a obra prima externa, indicia um aperfeioamento interior, anvel da mestria do seu autor. Alis l-se na primeira epstola de So Pedro (II, 5) o conceitode que o trabalhador tambm uma pedra viva sobre a qual e com a qual se edifica oedifcio espiritual...tendo com referncia o Templo de Salomo, ou seja o primeiro edifciofsico em que a Arca da Aliana fica depositada de forma imobilizada e permanente. A ideiabase a arquitectura ou o plano da construo, o que implica o respeito de uma ideia ouconcepo com regras e smbolos materializadas no concreto por pedras, colunas, tectos,paredes, tecidos, artefactos diversos, em que se transparecia o poder de autodomnio, e autoconhecimento de tcnicas e segredos transmitidos ciosamente, por uma cadeia sucessiva demestres de obras, que se tinham oportunamente iniciado nessa actividade operativa.

    A vivncia interior desses segredos, o auto aperfeioamento, a capacidade de realizar uma

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    obra apreciada por qualquer um, nos seus aspectos exteriores, significa o indcio de umacerta elite conceptual, bem diversa da comum dos guerreiros que visavam ainda que emauto defesa, a destruio aos inimigos, ou a dos lavradores e pastores que surgiam comosujeitos s leis da natureza. O maon era pois um homem voltado para si, actuando em

    grupo homogneo, inspirado em regras ancestrais que lhe tinham sido transmitidas pormestres de saberes e de valores Entrava-se nestes grupos depois de uma iniciao, erapreciso ser escolhido, prestar provas e ser aceite nestas irmandades, que nada tinham dereligioso (no eram nem monges nem sacerdotes), nada tinham de guerreiro (no eramsoldados), nada tinham de senhorial (no pertenciam a nobreza), nem eram dependentesdos trabalhos e campo (no eram nem servos da gleba nem pastores) nem eram letrados oueruditos.

    Os Maons ter-se-iam organizado lentamente talvez a partir de 1212, apenas com homens,reunidos em Strasbourg em 1275. Dispe se de documentao relevante sobre estas

    especiais comunidades de maons que se vo estruturando com base em declaraes deprincpios, de cartas e de outras formas do que hoje se considera a auto regulao deinteresses em termos jurdicos, de franchising em termos econmicos, e de Lobby emtermos polticos.

    Entre outros so citados. 1212 London Assize of Wages (pedreiros). 1250 Album de Villard de Honnecourt (arquitecto). 1350 Manuscrito Cooke. 1390 Manuscrito Regius (edio da traduo de Ren Dez por Guy Trdaniel, 1985).

    Nestes documentos encontram-se espelhados vrios elementos dos chamados Old Charges,ou seja caracterizao do maon como homem leal, honesto e incorruptvel, respeitador dosseus irmos, e da hierarquia de mestre, companheiro e aprendiz, o conhecimento dageometria de Euclides (de Alexandria), a invocao de Deus, para a prtica de um mesterconsiderado de arte divina, e que se integra no conceito de arquitectura real (palcios deReis e Prncipes) e na arquitectura sagrada (de Templos). A solidariedade, o direito remunerao, a responsabilidade, o dever de transmisso dos conhecimentos aosaprendizes, o respeito pelos juramentos, entre outros elementos caracterizam o estatuto dos

    maons, em que o dever da solidariedade suplanta o direito solidariedade.[topo]

    b) Na idade das Luzes, a maonaria entra no seu perodo esotrico e moderno, tambmidentificada por maonaria de adopo. Isto , os maons deixam de ser exclusivamenteintegrados por profissionais de mesteres relacionados com a arquitectura e construo, parareceberem tambm burgueses e nobres. Esto em causa no os segredos de conhecimentooperativo, mas sim a elevao (revelao) dos conhecimentos especulativos e espirituais.

    As datas de referncia so aos do incio do sculo XVIII, com a institucionalizao da Grande

    Loja de Londres (por reunio de Lojas pr existentes) e que viria a transformar-se maistarde na UGLE (United Grand Lodge of England), a Loja Me da Maonaria Universal, com

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    aceitao espiritual do desmo, e respeito pelo poder civil da Coroa:

    . 1717 criao da Grande Loja de Londres

    . 1723 Constituies dos Franco Maons

    . 1736 Discurso do Cavaleiro de Ramsay. 1753 rito da Estrita Observncia Templria do Baro Von Hundt

    . 1758 Ordem CBCS Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa

    . 1772 rito escocs rectificado de Willermoz

    . 1778 Ordem dos Cavaleiros Eleitos Cohen de Martines de Pasqually

    . 1785 Rito egpcio de Cagliostro

    Importante documento a ter em conta so os Landmarks, que de tradio oral foram depoisvertidos em verso escrita da Regra em doze pontos, que hoje esta amplamente difundida eacessvel em variadssimos livros e obviamente em numerosos sites da internet. Em termos

    de referncias filosficas a Maonaria nesta poca recorre francamente aos Livros Sagrados(Bblia, Tora e Alcoro) e recebe a tradio hebraica da construo do Templo de Salomo, edemais alegorias e simbolismos conexos.

    c) A Maonaria Contempornea do sculo XX e at aos nossos dias acha-se polarizada emGrandes Orientes e Grandes Lojas e em inmeras outras organizaes de Altos Graus (e aque s se pode pertencer em good standing nas Grandes Lojas), e de diversos ritos, dosquais os mais frequentes so dos York, o Rito Escocs Antigo e Aceite (REAA) e o RitoEscocs Rectificado (RER). Constitui uma forma de expresso mundial e institucionalizada,atravs de Conferncias. As mais importantes so a Conferncia Mundial das Grandes Lojas(a II Conferncia reuniu-se em Lisboa em 1996, a V ser em 2002 em Nova Delli, ndia), asConferncias anuais dos Gro Mestres e dos Grandes Secretrios da Amrica do Norte (queincluem os EUA, o Canada e o Mxico), e as Conferncias anuais dos Grandes Secretrios daEuropa.

    Trata-se da Maonaria Institucionalizada e legalizada, com inmeros Templos, e publicaes,com expresso na Internet prevendo-se inclusive em Inglaterra para o prximo dia 16 deAbril de 2002 a consagrao da primeira Loja virtual. Esta maonaria mantm obras desolidariedade social, e abrange o mundo feminino em organizaes para manicas como por

    exemplo, a Ordem da Estrela do Oriente, (inexistente em Portugal), alm de organizaes deinfluencia manica para jovens, a Ordem De Mollay para rapazes, e as Filhas de Job ou oRainbow para raparigas.

    [topo]

    Falamos obviamente de Maonaria Universal (regular) porque existe um sem nmero deorganizaes que se pretendem manicas, e que muitas vezes tem expresso apenas nassuas fronteiras limitadas de adeptos, no sendo reconhecidas internacionalmente, e por issono se integrando na Maonaria de Tradio. Assim, surgiram maonarias mistas comhomens e mulheres, ditas de Direito Humano, e tambm maonarias femininas, como a

    Grande Loja Feminina de Frana, ou de Portugal. Outros Grandes Orientes e Grandes Lojas(irregulares) multiplicam-se quer na Europa, quer na Amrica Latina , mas no nos pases de

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    expresso ou cultura anglo saxnica. Em Portugal reclama-se da Maonaria O GrandeOriente Lusitano, O Direito Humano, A Grande Loja Feminina, a Grande Loja Nacional dePortugal, a Grande Loja Regular de Portugal, muito embora internacionalmente existaapenas como reconhecida desde 1991, a GLRP que actua sob a designao de uma

    associao sem fins lucrativos denominada Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, e cuja Lojamais activa de conhecimento externo a Camelot ( www.camelotsite.info ).

    A razo da distino entre Maonaria Universal (Regular) e outras maonarias simples, namaioria dos casos, porque so organizaes no destas, e que rejeitam a crena no GrandeArquitecto do Universo, o dever de imparcialidade religiosa e poltica, e consequentemente, ainiciao no implica o juramento sobre um Livro da Lei Sagrada. Para alm destes casos,so tambm irregulares aquelas organizaes que no respeitem determinadas regras deadministrao e legitimao manica, como por exemplo pretenderem actuar sobre oterritrio de Grandes Lojas reconhecidas, admitirem no seu seio maons no iniciados

    regularmente, como o caso de uma pretensa Grande Loja Europeia que pretende actuar nombito geogrfico da Unio Europeia, ou ainda outras que resultam de cises, e outrosmovimentos de auto afirmao, e que portanto no asseguram a legitimidade datransmisso de origem da consagrao e reconhecimento, violando assim os Landmarks, eOs Antigos Usos e Costumes praticados pela Maonaria Universal, periodicamentereafirmados nas Conferncias atrs referidas.

    3) Do conceito de iniciaoA Iniciao um elemento indissocivel da maonaria, embora possa haver muitas outrasiniciaes, tantas quantas as organizaes que a requerem como forma de ingresso do seusmembros. A iniciao manica visa transformar um profano, postulante em maon, atravsde provas rituais a que submetido por maons, passando depois deste processo a serreconhecido como um igual, na sua condio de aprendiz. Mais tarde, pode passar oaprendiz, mediante novas provas, a Companheiro, e finalmente atravs de novas provas,pode o companheiro ser elevado a Mestre, sempre depois de prestar novos juramentos. Ouseja, a iniciao comporta sempre para o recipiendrio: 1) provas rituais, 2) apreciaofavorvel pelos j iniciados e 3) juramento pelo nefito para selar a sua recepo comomembro.

    Segundo Jesod Bonum (in Secrets de la Magie de Eliphas Lvi, edio Laffont, 2000), oiniciado tem a lmpada de Trismegisto, ou seja a razo iluminada pela cincia, o manto deApolonio, ou seja o completo autodomnio de si prprio, e o basto dos patriarcas,significando o apoio das foras ocultas e perptuas da natureza. O iniciado pois um homemque se libertou de paixes, de constrangimentos e de supersties, pode avanar nodesconhecido, nas trevas da ignorncia, apoiado no conhecimento que ganhou sobre siprprio e sobre a Natureza, e depois partilhar com outros este estdio de elevao da suaconscincia.

    O iniciado pois algum que atingiu a Luz, a compreenso de si, dos outros e da Natureza, e

    assim goza com discrio do saber e o poder adquiridos, antecipa o futuro, trabalha opresente, e recorda-se do passado. O verdadeiro iniciado no se abate, no desiste, no se

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    rende aos homens sem espiritualidade. E em maonaria? A cerimnia de iniciao retomada de tradies imemoriais, algumas com registo na Bblia, como o episdio de Hiram,outras de origens diversas como a iniciao dos mistrios de Eleusis, ou dos cavaleirosTemplrios.

    Segundo Daniel Ligou, (Dictionnaire de la Franc Maonnerie edio PUF, 1987). A inciaomanica tpica das sociedades secretas, em especial das corporaes de mesteres daidade mdia, e exige:

    . adeso livre, pessoal e preparada

    . inqurito e interrogatrios rituais

    . tempo de espera da candidatura

    . idoneidade e boa reputao civil

    . apadrinhamento por maon

    . perodo de reflexo isolado

    . provas simblicas e rituais

    . juramentos sobre o Livro Sagrado

    . admisso formal e solene

    . participao no gape (banquete) fraternal.

    Mas estes so os aspectos esotricos, isto exteriorizados, no constituem em si mesmo umsegredo, e mesmo os rituais que se acham abundantemente divulgados, revelam ao nfimopormenor os detalhes dos procedimentos adoptados. O verdadeiro segredo manico dainiciao est nos aspectos esotricos, ou seja, vivenciados intimamente na conscincia doiniciado, em funo do conhecimento de si prprio, adquirido face ao simbolismo cujosignificado lhe revelado, e que lhe permite interiorizar a Luz espiritual do GrandeArquitecto do Universo, e a compreenso da Criao.

    essencial a predisposio espiritual do candidato, e a sua maturidade psicolgica, edesejvel a sua independncia econmica. O actual Gro Mestre da Maonaria Regularportuguesa, Jos Anes, (A Iniciao Manica, uma via de espiritualidade, in Religio e IdealManico - convergncias, edio da Universidade Nova de Lisboa, 1994), defende que spode ser iniciado quem j tem uma religio, ou que acredite no Grande Arquitecto do

    Universo. A iniciao pois o caminho para a inteligncia do Transcendente, para acompreenso da Harmonia do Universo, para a correcta situao do destino do Homem noCosmos. Em Maonaria toma como referncias uma tradio ancestral de arquitectura doTemplo de Salomo, de base operativa, de influncia sacerdotal e de conotaescavalheirescas, ao mesmo tempo, como se deduz da presena respectivamente, do esquadroe do compasso, do Livro da Lei Sagrada, e da espada.

    [topo]

    Sem desprimor para outras iniciaes esotricas, esta ser porventura uma das maiscompletas face Histria conhecida da Humanidade. E no receamos identificar a iniciao

    manica regular como muito superior iniciao manica irregular, porque, recusandoesta ltima a espiritualidade do sagrado, mais no do que a admisso humanstica num

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    circulo de amizades e solidariedade profanas, embora de elevado sentido cvico, comoresulta dos valores da liberdade, da fraternidade e da igualdade. porm grande a diferenaentre valores materiais e valores espirituais, e que resultam dos diferentes planos, oimanente e o transcendente. A grande questo saber se a iniciao manica implica uma

    morte e um renascimento como a quase unanimidade dos autores manicos sustentam, ouse antes a aquisio de um saber novo, uma iluminao, e uma ascese. Acima de tudo, ainiciao uma viagem espiritual que visa a obteno de uma revelao do transcendente,que o prprio iniciado adquire por vivncia, sem que lhe seja transmitida exotericamente,isto explicitamente, pelos maons reunidos para o efeito em Loja.

    O maon iniciado interioriza na sua intimidade, de conscincia desperta pelo simbolismo, achave da criao do mundo, e a chave da sua prpria criao humana, sempre a partir doKaos em que lanado. Finda a cerimnia, se bem realizada e bem vivida, o iniciadoadquiriu um grau superior de saberes, que lhe permitir continuar caminho para superiores

    degraus de conhecimento e de integrao universal. Existem muitos rituais manicos deiniciao, e como j se disse, at disponveis na internet, e por isso podem-se inventariaralguns elementos comuns:

    . o candidato apresenta-se vendado

    . entra como numa caverna, numa sala que desconhece

    . encontra inmeros obstculos de difcil percepo

    . sempre guiado pela mo por um condutor

    . recebe indicaes constantes de caracter ritual

    . ouve sons de confrontos confusos

    . confrontado com o ar, o fogo, a gua e a terra

    . so-lhe propostos juramentos

    . enfrenta na semi obscuridade ameaas potenciais

    . apaziguado com as luzes acesas, e com a viso do Templo

    . so-lhe transmitidos sinais e palavras rituais

    . reconhecido como maon, e recebido como um irmo

    . chamado a provar a sua solidariedade

    . assiste a intervenes explicativas da cerimnia

    . investido com um avental e com luvas rituais

    . depois da cerimnia participa numa refeio conjunta (gape)[topo]

    Quem maon e ler estas linhas assume-as com um significado profundo. Quem o no ,porque no foi iniciado, dificilmente delas retirar qualquer ensinamento e muito menosqualquer revelao. Mesmo que uns digam que os procedimentos representaram a sua mortecomo profano, e o seu renascimento como maon, ou que se v mais longe, e se expliqueque de olhos vendados assistiu a criao do mundo e ao seu nascimento do ventre materno,e assim compreendeu o fenmeno da criao. Alis o fenmeno da criao que as mulheres,por o serem, e poderem conceber, no necessitam de assistir em representao para

    compreenderem uma realidade que lhes imanente e no transcendente. Essa Razo pelaqual, alis, as mulheres no necessitam da iniciao manica para a sua vida espiritual, e

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    pelo que em nossa opinio no faz sentido a iniciao feminina manica, nem a maonariamista, e muito menos feminina, e muito menos com rituais de nomenclatura masculina.

    Subsiste uma interrogao. Ento e Darwin no explicou pela teoria da evoluo das

    espcies que o Homem que criou Deus sua imagem, e no o inverso, j que com toda aprobabilidade o homo sapiens no mais do que um elo na cadeia evolutiva doshominideos que h mais de 6 milhes de anos viveram no Qunia? Subiste outrainterrogao, mas a evoluo do Homem explica-se apenas em termos terrestres? Ento no verdade que um padre jesuta George Coyne, director do Observatrio Astronmico doVaticano, revelou recentemente (Dirio de Noticias, 8 de Janeiro de 2002), a sua convicona existncia de vida extraterrestre? E tambm no verdade que ganha cada vez maisadeptos a teoria de que a vida na terra, poder ter tido origem noutros planetas, emresultado da descoberta de bactrias a mais de 40 Km de altitude como noticiou o Correio daManh de 1 de Agosto de 2001?

    Ter assim plausibilidade a Teoria da Panspermia de Fred Hoyle e de ChandraWickramasinghe, de que a vida no nasce espontaneamente, mas est presente em toda aparte, e viaja pelo cosmos fertilizando planetas, como uma espcie de semente universal,conforme divulgado entre ns no II simpsio Internacional Fronteiras da Cincia, emSetembro de 2001, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto? E a ser assim, se h vidaem outros planetas (ou no espao), ser que a evoluo da vida hominidea na Terra nosofreu (beneficiou) de cruzamentos (experincias) de seres mais evoludos, que teriaminclusive estado na origem da prpria civilizao egpcia? Assim se justificaria que aspirmides tivessem sido projectadas bem antes da sua construo, cerca de 10.000 AC , emvez da sua data de referncia cerca do sculo III antes de Cristo? Ser essa a data do incioda Maonaria, ou seja da Sabedoria do Universo, e da possibilidade da capacidade humanadesenvolver o engenho de construo e de arquitectura?

    Ter esse saber de origem divina e extraterrestre tido os seus continuadores nos grandesiniciados?

    S o Grande Arquitecto do Universo tem a resposta. [1]

    Sert, ao Oriente de Portugal,Ao stimo dia, do terceiro ms de 6002

    Lus Nandin de CarvalhoM..M.., e Gro Mestre Ad Vitam da G..L..R..P...

    Lendas e Tradies

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    SIMBOLISMO DOS MISTRIOS"No final do sc. XVII e pricpio do sc. XIX, muitos europeus, incluido Maons,encaminharam-se para o Mdio-Oriente, onde encontraram relquias das culturas ancestraisque haviam praticado os Antigos Mistrios. Os Maons de esprito filosfico reconheceram

    nelas semelhanas entre a sua Ordem e estas tradies ancestrais. Os simbolossemelhantes, alguns dos quais, como a escada do Templo de Mithras, so partilhadas pelaMaonaria, encorajando a linha de pensamento que defende a ligao intrnseca com estesrituais ancestrais."

    "Ainda que haja uma clara evidncia de uma ligao genrica entre o Ofcio e os AntigosMistrios, no h provas de como este material poder ter sido transmitido ou de comopoder ter permanecido escondido e imune Idade Mdia e aco da Inquisio." - W.Kirk MacNulty, Freemasonry - A Journey through Ritual and Symbol

    "A Maonaria oculta os seus segredos de todos, excepo dos seus seguidores e sbios, ouos Eleitos, e utiliza falsas explicaes e falsas interpretaes dos seus simbolos para induzirem erro aqueles que merecem ser induzidos em erro; para ocultar a Verdade, chamada deLuz, destes e para a manter afastada dos mesmos." - General Albert Pike, Morals andDogma

    Deve-se agora uma breve nota sobre Albert Pike. Pike (1809-91) era um Brigadeiro Generalda Confederao durante a Guerra Civil Americana que, quase sozinho, foi responsvel pelacriao da forma moderna do Rito Escocs Antigo e Aceite. Abastado, literado e detentor deuma extensa biblioteca, foi o Lder Supremo da Ordem de 1859 at data da sua morte,

    tendo escrito diversos livros de Histria, Filosofia e viagens, sendo os mais famosos Moral eDogma. Excluindo os quase meio milho de praticantes do R:.E:.A:.A:., a grande parte dosmaons nunca leu a obra de Pike. Pike frequentemente criticado pelos seus Irmos Maonsque o acusam de, com a sua viso mstica e controversa, ter amplamente alimentado osinimigos da Maonaria.

    "...O Rito organizado como uma pirmide, o majestoso tmulo de Hiram, no topo do qualuma 'misteriosa escada' de sete degraus colocada, semelhante ao caminho de Eraclitus,que sobe e desce, sendo uma e a mesma. A imagem da pirmide remete-nos de imediatopara os sepulcros egpcios e viagem de desprendimento do corpo, subindo, que constitui oobjectivo da Iniciao. Simultaneamente, sintetiza de uma forma maravilhosa asedimentao de tradies que o Rito provocou..." - Maurizio Nicosia, The Sepulchre of Osiris

    'Let there be light!' - the Almighty spoke,Refulgent streams from chaos broke,To illume the rising earth!Well pleas'd the Great Jehovah flood -The Power Supreme pronounc'd it good,And gave the planets birth!In choral numbers Masons join,

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    To bless and praise this light divine."

    - Poema manico de "Anthem III" in Ilustrao da Maonaria de William Preston(1804)

    II O ARQUITECTO DO UNIVERSO"De acordo com o Professor Cornford [do Royal College of Art], todas as pinturas dos velhosmestres que investigou eram conformes com 'formas perfeitamente geomtricas e/ousubdivises aritmticas do rectngulo'. Existiam dois tipos de sistemas bsicos um 'erabaseado na crena da Criao descrita em Timaeus, de Plato, e foi publicado por Alberti noseu Ten Books on Achitecture (Florena, 1485). Este sistema procede pela utilizao doclculo e da construo com instrumentos e teve grande adeso na Alta Renascena e noperodo imediatamente seguinte, j que tanto desassociava a arte e a arquitectura dasvelhas e manuais formas manicas de trabalho da Idade Mdia, como as associava escolahumanstica. Para alm disso, o sistema numrico utilizado era uma espcie de invocao doDivino enquanto a construo ou pintura se tornaram um ensaio microcsmico do actoprimrio de criao."

    "O outro tipo de sistema era o manico-geomtrico. De acordo com o Professor Cornford,este era 'incomparavelmente o mais antigo dos dois, parecendo de facto ser j conhecidopelos antigos egpcios e nossa prpria cultura megaltica. Sobreviveu, frequentementerodeado de uma atmosfera de segredo do Ofcio (ou at de culto), ao tempo de Alberti, e,subsequentemente, desapareceu sem deixar rasto - Henry Lincoln, The Holy Place

    Quem seguisse o Caminho do Artfice teria de fazer uma coisa mais. Deveria lembrarsempre que estava a construir o templo de Deus. Construa um edifcio em conscincia ondeele mesmo era uma pedra individual e nica. Com o tempo, cada ser humano polir a suapedra e a colocar no Templo, e ento o Templo estar completo; Deus comtemplar Deusno Espelho da Existncia e existir ento, como no Incio, um nico Deus. - W. KirkMacNulty, The Way of the Craftsman

    Os Antigos Mistrios no deixaram de exitis quando o Cristianismo se tornou a religio maispoderosa no mundo. O grande Pan no deixou de existir, e a Maonaria a prova da suasobrevivncia. Os Mistrios pr-cristos assumiram, simplesmente, o simbolismo da nova f,perpetuando por meio dos seus simbolos e alegorias as mesmas verdades que possudaspelos sbios desde o prcipio do mundo. No h, portanto, uma verdadeira explicao para o

    facto de simbolos cristos encerrarem em si o que escondido pela filosofia pag. Sem asmisteriosas chaves transportadas pelos lderes dos cultos egpcio, brname e persa, osportais da Sabedoria no poderiam ser abertos. - Manly P. Hall, Masonic, Hermetic,Quabbalistic & Rosicrucian Symbolical Philosophy

    Porque Ele (Deus) o Construtor e Arquitecto do Templo do Universo; ele o VerbumSapienti." - Yost, i, 411

    No Timaeus de Plato aparece a primeira aluso ao Criador enquanto Arquitecto doUniverso. O Criador, em Timaeus, chamado tekton, ou mestre construtor. 'Arche-tekton'denota, por conseguinte, 'mestre artfice' ou 'mestre constutor'. Para Plato, o 'arche-tekton'traou o cosmos por meio da geometria. - Baigent & Leigh, The Temple and the Lodge

    Apesar de a Maonaria requerer que os seus candidatos confirmem a sua crena em Deus,no aprofunda o sujeito, deixando a religio e sua prtica ao Maon enquanto indivduo.

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    (nota de traduo: isto pretende afirmar que a Maonaria requer a crena num Deus, noforosamente o Deus Cristo) Assim, possibilitado a homens de todas as religies oacesso ao estudo dos princpios morais e filosficos da Maonaria. - W. Kirk MacNulty,Freemasonry - A Journey through Ritual and Symb

    Esta seco refere-nos a ligao entre a Maonaria e o Antigo Egipto, que tem largamentesido relatada atravs de lendas, como a do assassnio do mestre Hiram Abiff. Sempre queseja propcio, novos artigos sero publicados, tentando estabalecer uma relao maisconcreta entre ambos.

    I O ASSASSNIO DE HIRAM ABIFF"A lenda do Mestre Construtor [Hiram Abiff] a grande alegoria manica. Na realidade, asua histria figurativa baseada numa personalidade das Sagradas Escrituras, mas os seus

    antecedentes histricos so de acontecimentos e no da essncia; o significado reside naalegoria e no em qualquer facto histrico que possa estar por detrs." - A.E. Waite, New Encyclopedia of Freemasonry

    A lenda de Hiram Abiff est intrinsecamente ligada s origens do Templarismo Germnico."Alguns deste manuscritos do sculo XVII [preservando as 'Old Charges'] no se referem aHiram Abif, o que levou alguns a crer que esta personagem seria uma inveno de umperodo mais recente. Todavia, o nome Hiram Abif era meramente uma das designaesdesta figura fulcral; ele tambm mencionado como sendo Aymon, Aymen, Amnon, A Manou Amen e, por vezes, Bennaim. dito que Amen a palavra hebraica para 'aquele em que

    se confia' ou 'o crente', o que se aplica perfeitamente ao papel de Hiram Abiff. Mas tambm sabido que Amon or Amen o nome do deus ancestral da criao de Thebas, acidade de Sequenere Tao II. Poder aqui existir uma ligao ancestral?" - Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery

    of the Secret Scrolls of

    Jesus.

    "Para o construtor iniciado,o nome Hiram Abiff

    significa 'Meu Pai, oEsprito Universal, uno em essnciao, trs em aparncia.' Ainda que o Mestre assassinadoseja o estereotipo do Mrtir Csmico O Esprito crucificado do Bem, o Deus moribundo cujo Mistrio celebrado por todo o mundo."

    "Os esforos levados a cabo para descobrir a origem da lenda de Hiram demonstram que,apesar da forma relativamente moderna de representao da lenda, os seus princpiosfundamentais remontam a uma longnqua Antiguidade. habitualmente reconhecido pelosestudiosos manicos que a histria do martirizado Hiram baseada em antigos rituaisegpcios do deus Osiris, cuja morte e ressurreio retratam a morte espiritual do Homem esua regenerao atravs da iniciao nos Mistrios. Hiram tambm identificado com

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    Hermes atravs da inscrio na Placa de Esmeralda." - Manly P. Hall, Masonic, Hermetic,Quabbalistic & Rosicrucian Symbolical Philosophy

    "De acordo com as Escrituras, Hiram no era um arquitecto, mas um mestre no trabalho do

    lato e bronze. Ele no ter sido assassinado, mas ter vivido para ver o templo construido,tendo ento regressado sua terra natal." - Baigent & Leigh, The Temple and theLodge

    "A nica explicao razovel para se ter chegado ao verdadeiro nome do heroi manico que Hiram significava 'nobre' or 'real' em Hebreu, enquanto Abiff foi identificado como sendofrancs antigo para 'o que se perdeu', originando uma descrio literal de 'o rei que seperdeu'." - Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs,Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus

    Knight e Lomas avanam a teoria de que Hiram Abif era, na realidade,Sequenere Tao II, o verdadeiro rei egpcio que viveu em Thebas, cercade 640 kilmetros a sul de Hyksos, capital de Avaris, perto dos limitesdo reino de Hyksos. Sequenere era o "novo rei do egipto, que noconhecia Jos", que foi vizir por volta de 1570 A.C. Apophis, especula-se, quereria conhecer os rituais secretos de Horus, que permitiam aofaras transformarem-se em Osiris na morte e viver eternamente como

    uma estrela. Apophis enviou homens a seu soldo para extrair a informao de Sequenere,mas ele mais facilmente morreria com violentas pancadas na cabea antes de contar algumacoisa; na verdade, foi o que aconteceu.

    A identificao de Hiram Abif como sendo Sequenere baseia-se no crnio da mmia, o qualparece ter sido esmagado por trs golpes aguados, como os que foram deferidos em HiramAbif. E quanto aos assassinos descritos no folclore manico como Judeus? Knight e Lomassugerem que estes sero dois dos irmos expatriados de Jos, Simeon e Levi, auxiliados porum jovem padre de Thebast. Como prova, Knight e Lomas apontam a mmia encontrada aolado da de Sequenere. O corpo no embalsamado pertencia a um jovem que morreu com osorgos genitais cortados, e com um estertor de agonia no rosto. Teria ele sido enterrado vivo

    como castigo pelo seu crime?

    "Os rituais manicos referem Hiram Abif como o 'Filho da Viva'... na lenda egpcia, oprimeiro Horus foi concebido aps a morte de seu pai, pelo que a me j era viva mesmoantes da concepo. Parece lgico que, todos os que, da em diante, se tornaram Horus, i.e.,os reis do Egipto, se apelidaram de 'Filho da Viva'" [ver Isis, the Black Virgin para maisinformao.] - Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs,Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus.

    II - THOTH E ENOCH No antigo Egipto, aos engenheiros, projectistas, e maons que trabalhavam nos grandes

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    projectos arquitectnicos era concedido um estatuto especial. Eram organizados emcorporaes (ou associaes) de elite

    Foram encontradas, pelo arquelogo Petrie, provas da existncia dessas corporaes

    especiais, durante as suas expedies ao deserto do Lbano em 1888 e 1889. Nas runas deuma cidade construda por volta de 300 a.C., a expedio do dr. Petrie descobriu diversosregistos em papiro. Uma parte descrevia uma corporao que mantinha reunies secretaspor volta de 2000 a.C.. A corporao reunia-se para discutir o n de horas de trabalho,salrios e regulamentos do trabalho dirio. Reunia-se num local de culto e providenciavaapoio a vivas, orfos e trabalhadores em dificuldades. Osdeveres organizacionais descritos nos papiros soextremamente semelhantes queles atribuidos ao

    Vigilante e Venervel num ramo moderno da.Maonaria. - William Bramley, The Gods of Eden

    Eu sou o grande Deus na barca divina sou um simplespadre no inferno da sagrao de Abido, subindo a degrausmais altos da Iniciao sou o Grande Mestre dos artficesque elevaram o arco sagrado como suporte. - Thoth toOsiris, The Egyptian Book of the Dead

    De acordo com uma velha tradio manica, o Deusegpcio Thoth teve grande participao na preservao do conhecimento do ofcio manicoe na sua transmisso humanidade aps as grandes cheias - David Stevenson, TheOrigins of Freemasonry

    O autor de um estudo acadmico bem fundamentado [The Origins of Freemasonry]chegou ao ponto de dizer que, no nicio, os Maons consideravam Thoth como o seupatrono.

    O Livro de Enoch foi sempre de grande significado para a Maonaria, e certos rituaisanteriores poca de Bruce (1730-1794) identificavam Enoch com Thoth, o Deus egpcio daSabedoria. Na Royal Masonic Cyclopaedia h uma entrada referindo que Enoch o inventor

    da escrita, que ensinava aos homens a arte da construo e que, antes das cheias, ele temia que os verdadeiros segredos se perdessem para o prevenir este escondeu o GrandeSegredo, gravado numa pedra de prfiro e enterrado nas entranhas da Terra. - GrahamHancock, The Sign and the Seal.

    TOT

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    Excelso ltus de nvoas diamantinas, irresistivelmente perfumado pelomais mstico delirar da poesia, que um sculo da Via Lctea,lascivamente eivado de feitiaria pag, semeara nos lbios consteladosdo Infinito, a Lua saciava a sede de Tot com o orvalho de magia

    csmica que as ptalas de seu corpo astral rociava, docemente. Seu refulgente olhar defeitios de prata, supremo vidente dos enigmticos orculos do Universo, convidava-o acolher o fruto de imortalidade que abenoava o seu paraso de luz imaculada, etereamenterecamado de nascentes de sapincia ancestral, que se ofereciam, na magnificncia de seuesplendor secular, a todos aqueles que se proponham a errar pela noite da vida, guiadospela estrela peregrina do conhecimento, eterna pedra filosofal, esculpida por Tot no apogeuda Criao, que convertia as trevas plmbeas da ignorncia, qual abismo onde somente ocaos se manifestava, na luz transcendental, inebriante brisa de ouro, que acariciava onascimento do jardim da humanidade, a fim de nele depositar a semente da sabedoriadivina. Com efeito, Tot era proclamado, pelos fervorosos telogos de Hermoplis, eterno imo

    do seu culto, como o ldimo Ourives da Criao, que, qual demiurgo universal incarnara umabis, a fim de chocar o ovo do mundo, tingindo de seguida na tela do universo vtreo, aexcelso pintura da vida, numa obra de arte mpar apenas concebidapela magnificncia do som de sua voz.

    Esta cosmogonia esculpe no ouro da sua identidade a personificaoda inteligncia divina, imprescindvel naquele que no era senouma deidade criadora e auto- criada, indigitando-o assim lder daOgdade de Hermoplis, um grupo de oito deuses, maisexactamente de quatro casais, sendo os homens facilmentereconhecidos atravs das suas cabeas de r, em contraste com assuas esposas que ostentavam cabeas de serpente. Este grupodivino incarnava os pilares que haviam sustido a fundao do Universo: o casal original, isto, aquele que Nun, personificao do oceano primordial, e Nunet, espao celeste suspensosob o abismo, constituam; o casal Hehu e Hehet, ou seja, os espaos imensurveis eimpossveis de destinguir subjacentes ao caos; o casal Keku e Keket, fruto das trevas eobscuridade; e por fim mon e Amaunet, smbolos do desconhecido, ou seja, dos enigmasque haviam nimbado o caos. A cidade edificada em honra destes oito deuses, actualmentedenominada de El- Achmunein, era conhecida primitivamente por Khemenu, ou, na

    realidade, A cidade dos oito deuses. Todavia, a identificao vinculada entre Tot e Hermes,permitiu aos gregos apelidarem-na de Hermoplis, epteto que se difundiu e estabeleceuatravs do tempo e das civilizaes. No obstante a noite pejada de obscuridade que vela oseu nascimento (determinadas fontes afirmam que Tot nasceu do crnio de Set, enquantooutras proclamam que o deus- bis floresceu do corao do criador num momento demelancolia), indubitvel a sublimidade da chama de sabedoria divina, ateada pela suasinvejveis sagacidade e percia, que dana na alma do arguto deus- bis. Como soberano dofecundo reino do conhecimento, Tot sentiu ser vital a difuso dos insignes tesouros que esteem sua imensido guardava, pelo que abraou a resoluo de inventar um instrumento aptoa garantir a transmisso perptua das cincias por ele cultivadas: a escrita. Qual primeiroraio de luz bailando nos jardins dos cus, a escrita fende o luto da noite, a fim de passear

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    pelas fragrantes rosas dos hierglifos, de brincar na rvore da comunicao, que o Verbo e aPalavra, doce frutos dos deuses, coroavam num halo de fastgio.

    A poesia, primeira manh do mundo das almas, clice de Sol vertido pela taa de suasapincia. Os livros, alimento do intelecto, seu testemunho. Em harmonia com esta

    ideologia, os Egpcios aludiam aos seus hierglifos como medu- netjer, ou seja, palavras dodeus, numa flagrante oblao ao deus- bis. Enquanto fautor da escrita, perptua arauta dopensamento, Tot conquistou o epteto de neb medu- netjer, em portugus O Soberano dasPalavras Mgicas. Ao integrar a elite do panteo egpcio, Tot converte-se em depositrio dasconfidncias do excelso soberano dos deuses, equivalente ao fara na terra, garantindoassim a denominao de R disse; Tot escreveu. No constitui, deste modo, qualquersurpresa constatar que, num pice, Tot alcanou a preeminente posio de guardio dosarquivos divinos, emissrio e escriba dos deuses. No seio da comunidade celestial, o deus-bis quem abraa a incumbncia de permitir que a praia de luz, formada pelos cristais de luzdas etreas almas dos deuses egpcios, seja docemente banhada pelo mar da harmoniacsmica. Por conseguinte, era ele que, atravs da anlise das inmeras regras ditadas pelocriador na fundao do Universo, procura solucionar todas as querelas e desaires semeadosna sociedade dos cus. Desta forma, buscando a aplicao das leis estabelecidas aquando daexcelsa matriz da vida, os deuses reuniam-se em assembleias, marcando o incio de morosos

    julgamentos que, com frequncia, se prolongavam durante alguns anos. Escutadas einterpretadas todas as vozes envolvidas nos debates e recontros, Tot evoca a sua sapincia esela o julgamento com uma deciso apta a implantar a paz, onde outrora o caos reinara.Resoluo alguma dever sem perpetrada sem o consentimento do escriba divino.

    A polivalncia intelectual de Tot faculta-lhe aprerrogativa de invadir e conquistar todo o reino dascincias, pelo que ele igualmente o deus dasmatemticas, o calculador primordial e imbatvel.Dominando a criatividade e a razo, o deus- bis ousouestipular sozinho os limites dos nomos e as fronteiras

    das terras, concebendo assim o ordenamento do Pas Duplo (Egipto) e a organizao dasprovncias; e no hesitou em erguer todos os santurios dos deuses, dado possuir omonoplio do traado e das plantas. Alm de oferecer-lhe o ttulo de Arquitecto Divino,esta liberdade tornou-o tambm patrono dos escribas, dos mdicos, dos mgicos e dosarquitectos. Vestido pelo sumptuoso cetim de prata que o luar tece na magia do Infinito, Totpreside igualmente ao festim de feitios e sonhos, oferecido pela noite no seu excelso palciode abismos constelados. Incarnao da Lua, eterna maga de fantasias pags, Tot fendia amortalha de trevas e pez que sufocava a essncia da noite com a luz imaculada de suaadaga de feitiaria divina. No cosmos do tempo, a intemporal estrela de um mito imortalizacom seu fulgir ofuscante o incidente que inspirou ao deus- bis a poesia da Lua. Segundoeste, R, cujo corao exnime, dilacerado pelos infindveis conflitos da humanidade,naufragava nos mares da exausto do sentir e do querer, cede tentao de abdicarparcialmente da sua existncia na terra, em prole de uma vida serena nas alturas celestes. O

    seu auto- exlio lana o tempo no abismo do caos, visto que doravante o astro- rei somenteabenoaria a os seus sbditos terrenos durante o dia, abandonando-os, por conseguinte, s

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    trevas e ao caos, no decorrer da sua viagem pelo mundo subterrneo. Receando pela sorteda alma humana, R evoca ento Tot, a fim de o indigitar seu substituto. O poderosoregente dos cus proclamou ento: Farei com que rodeies os dois cus com tua beleza eclaridade. E assim nascer a Lua. O seu passeio compassado pelos vales dos cus

    privilegiou-o com outro dos cus dspares eptetos: Touro entre as estrelas. Esta vertentede substituto do Sol durante a noite justificou igualmente que, durante a poca Baixa, oapelidassem de ton de prata.

    Tornado Senhor do Tempo e das Estrelas, Tot ou Governante dos anos sonhara igualmente o calendrio, permitindo uma distino entre os dias, osmeses, as estaes e os anos. De facto, o deus bis cometeu a audcia dereinventar o conceito de tempo, a fim de prestar auxlio deusa Nut,incarnao do cu, que, seu o consentimento de R se havia unido a Geb,personificao da terra, em lustrais npcias divinas, fomentando assim a irado regente supremo dos deuses, que, irado, coagiu Chu a apartar os doisamantes clandestinos, num mpio desaire: Nut, grvida de cinco meses,

    jamais poderia dar luz no espao de tempo compreendido pelo calendrio oficial. Porconseguinte, Tot, saboreando o nctar de criatividade que resvalava do fruto de suaextasiante inteligncia, props-se a jogar aos dados com a lua, na nsia de obter cinco diassuplementares, isto , a septuagsima segunda parte da sua luz, que acolhessem onascimento dos cinco filhos de Nut (Osris, Set, sis, Nftis, e Hors, o Antigo). Outra flor demticos encantamentos, vogando sem rumo na corrente do translcido Nilo da mitologiaegpcia, insinua-se em nossos sentidos, atravs do seu perfume de quimeras ancestrais,convidando-nos a presenciar um dos mais ferozes recontros que ops Hrus a seu tio Set e

    que culminou com o dilacerar do olho esquerdo do deus falco (personificao da Lua, emcontraste com o olho direito que simbolizava o Sol). Prontamente, Tot ofereceu-lhe os seusprstimos, restaurando a viso a Hrus, ao substituir o olho dilacerado pelo amuleto uadjet,o que restituiu a harmonia ao cosmos e a magia ao deus- falco.

    Coroado pela sua beatfica sabedoria regente do generoso den doconhecimento, Tot esculpira o seu trono na prata da Lua e o seu ceptro na

    jia rara da magia suprema. Efectivamente, encontramos em Hermoplis,sua morada eterna, um tempo luxuriante, cujas criptas acolhiam papirosmsticos, redigidos por aquele que constitura o primeiro dos mgicos,venerado e imitado por todos os seus devotos discpulos. Estes, na nsia dedesbravarem a floresta proibida do conhecimento, em cujo corao pulsavaa essncia da magia, elevavam preces a R, crentes de que este conduziria Tot at eles: velho que rejuvenesceu no seu tempo, velho que se tornou criana, possas tu fazer com queTot venha at mim, respondendo ao meu chamado. A mitologia egpcia atribui-lhe a autoriadas dspares frmulas mgicas e textos simblicos que o morto, ou melhor, o ma- kheru(justificado) ou maet- kheru (justificada) pronunciavam ao franquear as portas do Alm e,mais exactamente, no decorrer do julgamento celestial, presidido por Osris. Suspiros dopassado confiam-nos que Tot legou tambm eternidade um livro de magia e quarenta e

    dois volumes, que testemunhavam, sustinham e renovavam toda a magia do cosmos. Porconseguinte, prestar culto ao deus- bis revelava-se incontornvel e, na realidade, capital,

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    para qualquer sbio. De facto, todos os escribas que ornavam de sabedoria a alma doEgipto, desde os mais humildes aprendizes, ou em egpcio, sebati, ao mais proeminentemestre (seb) ritualizavam a sua devoo, derramando algumas gotas de tinta numa notriaoblao a Tot.

    Por ltimo, Tot tece, juntamente com inmeras outras deidades, o destino dos inumados noAlm, exercendo a funo de escriba divino e arauto dos deuses fnebres. Desta forma, elequem introduz o defunto no recinto celestial onde ser julgado, para, aps a pesagem docorao deste, registar, nas tabuinhas sagradas, o veredicto proferido por Maet. Os sonhosde amor que a existncia semeava no corao de Tot eram cultivados e ditados pela noite dageografia e pelas veleidades e metamorfoses da alma humana, pois em Hermoplis, o deus-

    bis era proclamado esposo da sagaz Sechat, deusa dos anais e dahistria, que lhe ofereceu um filho de nome Hornub, enquanto que emHelipolis Nehemetauai, isto , aquela que erradica o mal era tomadapor sua mulher, concebendo com ele Hornefer. Alguns devaneios damitologia revelam que Tot desposou igualmente Maet, a etrea filha deR, verso suplantada por aquela que consignava a unio de Tot eTefnut, resultante da fuga do Olho de R para a Nbia, sob a forma dagraciosa deusa. Incumbido de a restituir ao seu legtimo proprietrio, odeus bis no ter resistido aos seus encantos, desposando-a no seu

    retorno ao Egipto. Porm, enquanto entidade intelectualmente superior, abenoada pelaconscincia da incomensurabilidade da sua sagacidade, Tot bebe da fonte da pretenso,tornando-se terrivelmente enfadonho, displicente e com uma hedionda propenso a exibir asua inteligncia atravs de uma retrica prolixa, escrava de uma abominvel e excessiva

    facndia, tal como sugere um determinado episdio do mito osrico: Na nsia de escapar pravidade do deus Seth, sis, sustendo nos braos seu filho Hrus, toma os pntanos deChemnis, como seu refgio de eleio. Coagida pela escassez de alimentos, a deusaabandona todas as manhs o seu filho, a fim de assegurar a subsistncia de ambos.Contudo, uma noite, ao retornar de mais uma extenuante peregrinao em busca de gnerosalimentares, sis deparou-se com Hrus inconsciente e, desesperada, evocou R, que, porseu turno, no hesitou em solicitar a Tot que restitusse a sade criana. Aps examinarcuidadosamente o enfermo, o eloquente deus- bis lanou-se em abstractas cogitaes,extravasadas sob a forma de praguejos pontuais e monlogos facundos e muito poucoapropriados. Exasperada com a sua inrcia, sis arrebata Tot aos seus devaneios,admoestando-o severamente por sbio ser o seu corao, mas terrivelmente demoradas assuas resolues.

    Detalhes e vocabulrio egpcio:

    Tot era designado, em egpcio, por Djehuti, numa hipottica aluso a Djehut, a dcimaquinta provncia do Baixo Egipto, cuja denominao evocava o bis, um dos seus animaissagrados.

    Tal como j referido, o insigne mestre do Verbo era representado como um homem comcabea de bis, ornada pelo disco da Lua ou por uma coroa atef com o disco, uraeus echifres. Em suas mos, Tot sustm um clamo e uma paleta de escriba. sob esta formaque o deus- bis regista os nomes dos faras nas folhas da divina rvore persea, aquando da

    sua ascenso ao imponente trono do Egipto. Todavia, Tot surge-nos igualmente enquantobis ou, eventualmente, sob a forma de um babuno.Emissria das leis csmicas, a magia, cincia divina personificada por Tot, soberana do

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    as mos de um conjunto econmico, encarregue de ocupar-se da fabricao de determinadosarranjos funerrios. A oeste das cidades egpcias, palco da extino do fulgor solar, estende-se a imensido da orla do deserto, sobre a qual foram, imponentemente, erigidas assagradas necrpoles, sublimes complexos funerrios. Desta forma, perto de Mnfis, sadam-

    nos Saqqara, Guiza, Abusir, entre inmeros outros.

    Por seu turno, Tebas entregou a sua necrpole margem ocidental do Nilo, eterna residnciade Meretseger, deusa do Ocidente, cujo nome significa Aquela que ama o silncio e que, narealidade, se tornou na perptua vigilante do deus- chacal Anbis. Ultimados setenta diasnas moradias dos embalsamadores, o corpo j mumificado enfim depositado num caixoaberto, faustosamente recamado, que se coloca, de seguida, sobre um carro de arrasto,puxado por uma junta de bois ao longo de todo o soberbo cortejo fnebre. Precedendo-o,eleva-se a fragrncia dos incenso espalhados pelos sacerdotes e os lamentos lancinantes dascarpideiras ( elementos vitais num funeral, mas, que, dado o seu elevado custo, eram

    apenas acessveis aos mais abastados), que caminham com os cabelos despenteados e osbustos nus; fulguram as jias, mveis, vestes, cofres e cosmticos, transportados porescravos at derradeira morada do morto; e escutam-se os passos lentos da famlia e dosamigos. Uma tempestade de lamentos sacia, num banquete de relmpagos de dor e trovesde gritados pelo sofrimento, a sacra Natureza espiritual do defunto. Num eterno brinde saudade, realizado que as lgrimas vertidas pelos cus de seus olhares, as carpideirasrecitam frmulas harmoniosas, que, quais estrelas guias, conduziriam a alma dos entesqueridos at ao fecundo paraso do Alm. De facto, estas mulheres, cantoras da deusaHthor, desfrutavam de um diversificado leque de textos e cnticos, nos quais era evocado odeserto de intempries que o esprito nmada do defunto teria de atravessar, para alcanaro sublime osis da regenerao, onde a sua sede de vida seria por fim saciada.

    s duas carpideiras primordiais, concede-se o epteto de djeryt, isto , milhafres fmea, incarnando assim as aves de rapina que velavam pelosarcfago. As suas etreas silhuetas inebriam, adornam e purificamigualmente a barca sagrada que permite ao atade alcanar asacolhedoras margens do den dos juntos. Estas duas aves no so senopoema de luz inspirado por sis, a grande carpideira e Nftis, a pequenacarpideira. Qual jardim de constelaes, semeado no cosmos dasublimidade, Nftis no desabrochava para o conhecimento, quandoprivada da Primavera de luz, incarnada por sua irm. Juntas, inebriavam oInfinito com o perfume de harmonia fraternal que se desprendia das rosasde estrelas florescidas da sua unio. Pertencente ltima gerao celestialda famigerada enade de Helipolis, Nftis fruto colhido do paraso de amor sonhado pelafuso do cu, Nut, e da terra, Geb. Embora o sagrado ourives do matrimnio tenhaentretecido o seu destino ao de Seth, seu irmo, foi Osris, divino esposo de sis, quem aconvidou a saciar a sua sede no clice de uma outra vida, ao oferecer-lhe um filho: o deuschacal Anbis. Numa complementaridade cobiada pela terra e pelo cu, sis me deHrus, enquanto que Nftis se revela sua ama, tal como sugere o seguinte texto: Ele

    Hrus. Sua me, sis deu-o luz, ao passo que Nftis embalou-o. Personificando o eterno jogo de luzes e sombras perpetrado pelo dia e pela noite, sis incarna o nascimento e a luz,

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    enquanto que, num contraste alucinante, Nftis estigmatiza o excio e a penumbra,materializando nesta excelsa fuso toda a magia dispersa pelo Universo.

    Por oposio a sua irm, cujo culto era celebrado em diversos templos, disseminados um

    pouco por todo o pas, Nftis no era venerada de forma isolada, privando-se assim de umaexistncia autnoma, facto que justificava a sua constante apario ao lado de sis. A suaassociao ao culto dos mortos aflorou do mito osrico, no decorrer do qual a sua presena incontornvel. Este, tal como referido anteriormente, relata que, aps o assassinato edesmembramento de Osris, as duas irms unem-se para recolher todos os pedaos do corpodo defunto, num ritual lgido, ritmado por lamentaes vestidas de lgrimas, saudade e dor.Coroada de sucesso a diligncia a que se haviam proposto, sis e Nftis entrelaam osacordes de sua voz numa melopeia plangente, ornada de comoo: Graas a ns olvidaste amgoa. Ns reunimos teus membros e velmos por teu corpo. Vem ao nosso encontro paraque o teu inimigo seja esquecido. Regressa sob a forma que detinhas na terra. Exonera a tua

    ira e concede-nos a tua clemncia, Senhor. Retoma a herana do Pas Duplo (Egipto), tu, odeus nico, cujos desgnios revelam-se benficos para as divindades. Retorna, pois, semreceios, tua morada! A iluminada semente de luz depositada pelo amor de sis e pelacompaixo de Nftis, no den do horizonte, desponta por fim sob a forma da flor da aurora,cuja beleza orvalhada de feitios de paixo anuncia ao cu a ressurreio de Osris,restituindo o seu trono de turquesas ao Sol da vida eterna. Numa flagrante analogia destemagnificente episdio da mitologia egpcia, Nftis e sua irm so incumbidas de velar pelomorto, no insondvel enigma do Alm. Por conseguinte, esta primeira era representada nacabeceira dos sarcfagos reais do Imprio Novo, enquanto que, por seu turno, sis surgiaaos ps do mesmo, da mesma forma que no raras vezes eram evocadas em cenas do

    julgamento dos mortos. funo das duas deusas serem efgie do barco que transportar odefunto na sua derradeira viagem at ao pas da luz. De igual modo, e juntamente comSelkis e Neit, oferecem a sua proteco aos vasos canpicos, onde as vsceras do falecidoeram conservadas.

    Nftis, ou em egpcio Nebhwt, ou seja, A Senhora da Casa, eraretractada como uma mulher, cuja cabea se encontrava adornadacom um toucado formado por dois smbolos hieroglficos, destinados arepresentar o seu nome, isto , neb, o cesto, e hwt, a planta dacasa. Esta deusa foi igualmente associada ao deus babuno Hapi e, napoca Baixa, deusa Anuket, tendo com ela sido adorada em Kom

    Mer, no Alto Egipto. Egpcias como Ny-Anq-Hthor isto , Aquela que pertence vida,Hthor abraavam a prerrogativa de incarnarem as duas deusas irms, recitavam aslamentaes proferidas por sis e Nftis num ritual que restitura a vida a Osris. Na festa dascarpideiras, cnticos e msicas inebriavam os sentidos, preludiando o renascer do deusassassinado. Convertida a essncia humana em essncia divina, pela transfigurao de todosos defuntos em Osris, as carpideiras suplicavam a ressurreio espiritual do morto, ao longode todo o cortejo fnebre. As cenas representativas dos mesmos so uma constante nasparedes dos tmulos de personagens to proeminentes, como o caso de Ramss, que

    legou eternidade os lamentos embebidos em lgrimas e impregnados de um desesperoensaiado, que as carpideiras proferiam, entusiasticamente.

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    Quando por fim se achava diante do tmulo, a mmia ento retirada do seu caixo esuspensa nos braos de um sacerdote embalsamador, cujo semblante mantm-se oculto poruma mscara de Anbis. O incenso queimado por um outro sacerdote, em geral no limiar da

    sua carreira e, geralmente, filho do morto, entrelaa-se com as frmulas mgicas proferidas,solenemente, por um seu homlogo. Seguidamente, d-se a cerimnia da Abertura daBoca, realizada com o fim de conceder, uma vez mais, quele que faleceu o dom do Verbo,da viso, da audio e do olfacto, de forma a permitir-lhe saborear as ddivas alimentares,deixadas no tmulo. Findo este ritual, o morto acha-se reanimado, num processo que pode,muitas vezes, prolongar-se por vrios dias. Entre despedidas, o corpo do morto , uma vezmais, restitudo ao repouso do seu caixo, sendo rodeado por tudo o que podesse vir a ser-lhe necessrio no Alm. Deste modo, com o fito de impedir que os egpcios abastadosnecessitassem de entregar-se a qualquer tarefa laboral (nomeadamente, lavrar, ceifar oubater trigo, entre outros rduos trabalhos), colocavam-se no seu tmulo pequenas figuras de

    madeira representando os servidores de diversos corpos de ofcio e os animais domsticos,alm de rplicas em miniatura de casas e barcos. Por seu turno, os prncipes ou outrasdistintas personagens eram enaltecidas com um inexaurvel exrcito de pequenas estatuetasde madeira, concebendo-se assim algo similar a um mundo artificial. Porm, em meados dosegundo milnio antes de Cristo, este hbito de dispor no tmulo figurinhas representandoservidores foi substitudo pelo costume de colocar na derradeira morada do defunto umassia em miniatura deste, representada, habitualmente, em forma de mmia e colocadasobre uma caixa de menores propores. Esta ssia esculpida, geralmente, em argila,madeira ou metal, achava-se incumbida da tarefa de efectuar, no reino dos mortos, otrabalho correspondente ao defunto.

    Na sua derradeira viagem, as crianas faziam-se acompanharde seus brinquedos, geralmente, pies, bonecas articuladas,animais de brinquedo, entre outros. Porm, tambm osmomentos mais sbrios e conscenciosos eram recordados aoserem tambm depositados nos tmulos os seus cadernos empapiro ou ardsia, contendo exerccios de caligrafia, aritmtica,etc.. As disparidades sociais e econmicas estavam latentes naforma como os Antigos Egpcios eram sepultados, uma vez queem contraste com as prerrogativas concedidas aos maisabastados, que detinham a possibilidade de desfrutarem do seultimo sono num tmulo ao abrigo dos chacais e outras ferasdo deserto, os mais humildes no possuam recursoseconmicos que lhes permitissem mandar embalsamar o seu corpo. Consequentemente, osseus restos mortais jazem, isentos de um sarcfago, sob um metro de areia, onde acabampor ser dilacerados pelo tempo, que no lhe concederia o direito imortalidade. Temendo ahedionda perspectiva de uma morte definitiva, os menos afortunados empregavam todas assuas foras no sentido de reunir uma determinada quantia que lhes permitisse realizar umfuneral decente ou, pelo menos, para reservar um lugar nos inmeros tmulos colectivos,

    que se encontravam escavados na rocha.

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    A to desejada Casa da Eternidade, consistia numa tumba escavada na falsia, e que veiosubstituir as imponentes pirmides e mastaba, onde o corpo permanecia oculto num poofunerrio subterrneo ou num local secreto, precedido por uma parte aberta, que permitiaum acesso ao exterior: a capela, dotada de uma tela na qual se encontra inculcado o nome

    do defunto ou, eventualmente, a sua efgie e onde se ergue a mesa das oferendas.Paralelamente, erigida uma porta fictcia (ponto de ligao entre o mundo dos mortos e odos vivos), a qual o morto transpe sempre que deseja usufruir das oferendas que lhe solevadas: po, legumes, aves de capoeira e carne vermelha nos dias de festa.Concomitantemente, a sua alma desfruta do incenso que invade de prazer o seu olfacto e asua sede saciada pela salubridade da cerveja ou gua fresca, que lhe deixam,regularmente, visto ele habitar na orla do deserto. Contudo, os longos perodos de caosensinaram aos egpcios que at mesmo as ddivas eternas tornam-se efmeras, pelo queforam concebidas frmulas, inscritas, mais tarde nas paredes, que permitiam ao mortodesfrutar das oferendas, sempre que as pronunciasse. Assim, sobre inmeras peas

    comemorativas, surge diversas vezes a seguinte prece: Vs que viveis na terra e passaisdiante desta estela, indo e vindo, se ameis a vida e detestais a morte, dizei que h mil pese mil potes de cerveja.

    Detalhes e vocabulrio egpcio:

    Keres- caixo, atade.Geb, deus da terra, era, habitualmente, venerado pelos demais como um deus

    benevolente, dado haver brotado do seu corpo a vegetao e a gua. Porm, a mortetornava-o cruel e malvolo, por tomar no interior do seu corpo os cadveres dos maishumildes.

    Carpideira- mulher paga para chorar nos funerais.Proteco dos vasos canpicos do defunto - Os quatros filhos de Hrus detm o ttulo de

    Senhores dos Pontos Cardeais, funo que preservam enquanto protectores dos vasoscanpicos, que permitem que cada vscera seja correctamente velada pela deusa tutelar, ouseja:

    Sul : Deusa sis- mulher coroada com o smbolo usado na escrita de seu nome(trono de espaldar alto).Amset- gnio com cabea de homem. Incumbncia- proteco do fgado.

    Norte : Deusa Nftis- mulher coroada com os signos empregues na escrita de seunome, isto , cesto e planta da casa.Hapi- gnio com cabea de babuno. Incumbncia- proteco dos pulmes.

    Este : Deusa Neit- mulher coroada com um emblema representativo de dois arcos juntos, no seu estojo.

    Duamutef- gnio com cabea de chacal. Incumbncia- proteco do estmago.Oeste : Deusa Selkis- mulher coroada com a efgie de um escorpio ou,eventualmente, de uma larva encfala.Khebeh- Senuf- gnio com cabea de falco. Incumbncia- proteco dos intestinos.

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    MON

    Entre os cerleos pilares de lpis- lazuli do enleante templo dos cus, o Sol,sedutor feiticeiro do Infinito, transfigurava, atravs da mstica alquimia da luz, anoite da inexistncia, perptuo algoz da alma humana, no resplandecente dia davida eterna. E seus lbios luzentes, ptalas de luz da fragrante rosa de fogo que aaurora desfolhava sobre o leito do horizonte, na nsia de perfumar as npcias docu e da terra, albergavam o bero da humanidade e a matriz da perfeiouniversal. No Antigo Egipto, mon- R, imanente incarnao do astro- rei, erasoberano do sublime den de fruio espiritual, de cujo seio de apoteoses divinasbrotava o fruto da harmonia csmica que deuses e homens cobiavam. vidos de

    saciar a sua sede no nctar de paz intemporal dele resvalado, estes coroavam os cus comarco ris talhados em hinos esplendorosos que exaltavam a magnificncia do excelsoregente dos deuses: nico o oculto que permanece velado para os deuses, sem que a suaverdadeira forma seja conhecida. Nenhum deles conhece a sua verdadeira natureza que no revelada em nenhum escrito. Ningum o pode descrever, demasiado vasto para serapreendido, demasiado misterioso para ser conhecido. Quem pronunciasse o seu nomesecreto seria fulminado. (Hino a mon).

    Todavia, orculo algum preconizara que tal deidade, quase escrava do anonimato total noAntigo Imprio, viria a coroar-se rei dos deuses (nesu- netjeru) e incontestvel soberanodo vasto reino dos cus. Com efeito, apenas no decorrer do Mdio Imprio, que mon,efgie do Sol criador, aps haver vagueado, enquanto peregrino de luz, pelos ignotos cus dodesconhecimento, alcana por fim o santurio de magia imarcescvel, erguido no horizonteda f em honra do panteo egpcio, onde, volvida uma viagem mgica, que lhe permitiu aabsoro de diversas outras deidades, o deus solar renasce, cantando a Aurora do seu podercomo divindade nacional, dinstica, universal e criadora. Os jardins onde a mitologia egpciasemeou as origens de mon constituem ainda um paraso proibido, cujos encantosflorescentes se oferecem somente nossa Imaginao nmada. Porm, alguns egiptlogoscrem que originalmente mon no era seno uma deidade do ar, que no Infinito nas

    crenas egpcias, partilhava as caractersticas de Chu, estatuto do qual no jamais viu-seprivado, mesmo aps a sua meterica ascenso at ao trono celeste. , de facto, como rosade vento, orvalhada de doces brisas, que mon desabrocha para a Primavera dapopularidade na regio tebana de Ermant. Esta teoria , contudo, contestada por umafraco oponente, a qual defende que mon, na realidade, floresceu na mitologia egpciaenquanto um dos membros da Ogdade de Hermoplis, formando assim com Amonet, suaparceira feminina, um dos quatros casais que a constituam. Nesta representao, mon e asua esposa incarnam os princpios primordiais, suspensos nos braos da escurido, que setransfiguravam num hipottico dinamismo criador. A introduo de mon na regio tebanaofereceu-lhe uma inaudita ascenso no seio da Ogdode, ao indigit-lo lder dos deuses quea formavam.

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    Independentemente das dvidas que,quais planetas perdidos no Universo daHistria, orbitam em torno da fulguranteestrela que exaltara o nascimento de

    mon, certo que este deus manteve-secativo do crcere do anonimato at aoImprio Mdio. Com efeito, a partir da XII dinastia, o seu culto desenvolve-se de formasurpreendentemente clere, permitindo a mon ser consagrado soberano incontestvel dopanteo egpcio. Despindo a mortalha de nuvens que obliterava o seu rutilante corpo de Sol,mon inundou de luz as almas dos monarcas egpcios que, em retribuio, permitiram que osublime pulsar do corao da eternidade entoasse at ao seu atroz eclipsar, a maviosasinfonia composta pelo doce epteto do deus criador. Assim, em Karnak foram edificadostemplos, cujo esplendor conquistou o tempo e desafiou a morte. Concomitantemente, ofara torna-se filho carnal de mon, proclamando-se assim emissrio dos deuses entre os

    homens e vice- versa. Em Tebas, cidade cuja cosmogonia combina elementos oriundos deHermoplis, Helipolis e Mnfis, mon tange no doce harpa do corao da doce deusa Mut aharmoniosa melodia do amor. Com ela e com Khonsu, fruto dos seus esponsais, formaruma poderosa trade. Na qualidade de deus patrono da capital egpcia (Tebas), mon coroado regente dos deuses.Contemplando a surpreendente ascenso ao trono dos cus do agora prestigiado deuscriador, o clero abraa a resoluo de talhar na sua coroa de luz a jia rara de uma teologiaapta a exaltar o fastgio da sua soberania, facto facilmente constatvel atravs da leitura eanlise do seguinte mito. Canta a lenda que a serpente Kematef, ou seja, a que cumpre oseu tempo, emergiu de Nun, o excelso oceano de energia primordial, no local exacto dacidade de Tebas, brindando os cus com o nascimento de Irta, isto , aquele que fez aterra, para de seguida desbravar o paraso indmito dos sonhos.

    Por seu turno, Irta, sublime ourives da Criao, converteu as trevas do nada no sumptuosotesouro do Universo, principiando por esculpir a terra, eterna barca de rubis navegando nosmares de prolas negras do Infinito e, acto contnuo, os j citados oito deuses primordiaisque se dirigiram a Hermoplis, a Mnfis e a Helipolis para sonharem o esplendor da luzdivina que do ureo corpo do Sol se desprendia (Ptah e Atum). Trados pela sua obracolossal, que no decorrer da sua concepo todas as suas foras havia furtado, as oito

    deidades retornaram a Tebas, onde, semelhana de Kematef e Irta, saborearam asnascentes de fruio espiritual que brotavam do den das quimeras. No cosmos deste mito,a constelao de mon brilhou enquanto ba (poder criador) de Kematef, o que cimentou asua posio fautor das maravilhas da Criao. Gradualmente, mon fundiu a sua identidadecom a de R, senhor de Helipolis, concebendo assim a deidade mon- R, supremaincarnao do astro- rei. Esta conotao solar do deus tebano enfatizada pelos seusadoradores: Tu s mon, tu s Atum, tu s Khepri, numa clara oblao s inmerasmetamorfoses vividas pelo deidade solar, principiando pelo seu derradeiro mergulho nooceano do horizonte, enquanto Sol poente (Atum), at sua ressurreio sob a forma de Solnascente (khepri).

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    Conquistando igualmente aparncia e funes de Min, deus da fertilidade,mon, agora, mon- Min, incarna os elementos primordiais da Criao. Defacto, algumas das primeiras representaes de mon em Karnak, datadasdo incio da XII dinastia, representam o deus tebano, enquanto fruto da sua

    fuso com Min. Atravs da associao eclctica s mais proeminentesdeidades do panteo egpcio (R, Ptah e Min), mon conquista a ddiva dopoder, inevitavelmente depositada no sumptuoso altar de sua alma

    iluminada, bordando nas sedas consteladas que velam a etrea silhueta do Universo a poesiada sua sublimao, enquanto divindade nacional, primordial e demirgica. Durante o reinadode Akhenaton, em meados do sc. XIV, o deus tebano alvo da perseguio do regente,qui numa represlia contra o intimidatrio poder do clero amoniano, que aumentaraproporcionalmente ao prestgio da deidade em questo. Aps uma noite de cerca de quinzeanos, uma aurora adornada de paradoxos e controvrsias canta a ressurreio do Sol, queuma vez mais se apodera do trono dos cus, sob a forma de mon. Este converter das

    trevas na luz deve-se alquimia secreta de um nico fara: Tutankhmon (reinado: 1337-1348 a . C.).

    Um orvalho cristalino, eivado de mil enigmas, perla a rosa da fortuna, em cujas ptalasrepousa o simulacro incerto do prncipe Tutankhton, esprito isento de origens concretas.Teria o futuro fara despontado dos braos de Akhenaton ou do seio de uma famlia nobre?Um vrtice de conjecturas enlaa igualmente o significado do seu nome, sendo imagemviva de ton ou poderosa a vida de ton as tradues mais credveis. Aps a extinode Akhenaton, o trono do Egipto oferece-se ao olhar hesitante de Tutankhton, uma crianade apenas nove anos, que, contudo, havia j desposado a terceira filha do fara falecido.Inebriado pelo fausto de jogos e festas, enclausurado num dbil esboo de umapersonalidade esbatida, Tutankhton prostra-se diante dos conselhos de um preceptor,possivelmente, o alto- dignitrio Ay, ignorando as ferozes querelas entre os partidrios demon e de ton, cujo fulgor torna-se num sorriso da heresia. Gradualmente, a influncia doclero enleia, irreversivelmente, o ingnuo jovem, depositando na sua alma ainda perfumadapela infncia, o desejo de retornar ao seio da primordial religio, tecida em torno de mon.Por conseguinte, o jovem altera o seu nome para Tutankhmon, entregando cada suspiro doseu imprio aos lbios de ncar do politesmo. Desta forma, no regao de seu reinado ocompasso do tempo esculpiu o sepulcro da excelsa Cidade do Sol, cujo fulgor foi extinto

    com o fito de restituir a soberania olvidada cidade de Tebas, no seio da qual o fara sereinstalou, concedendo, uma vez mais, imensurveis poderes aos sacerdotes que seprostravam diante do divino simulacro de mon. Submissamente, todos aqueles que haviamornado de vida a quimrica cidade de Akhenaton seguiram a famlia real, entregando Armanaaos nefastos braos da decadncia. As carcias letais do vento rido arrebatou o fastgio dostemplos e palcios, resumindo-os a lgubres escombros, no corao da areia enclausurados.Somente aps 3000 anos, a alma desta cidade foi enfim libertado do seu lrido crcere.

    Intoxicado pelo incenso celestial queimado sobre a cidade deTebas, Tutankhmon no empreendeu qualquer campanha

    militar, impedindo assim uma ascenso do Egipto no planointernacional. Privado do seu antigo poder, o exrcito

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    egpcio entrega-se aos braos da decadncia. Na realidade, somente a contnua viglia deHoremheb, a quem Tutankhmon havia entregue plenos poderes, impediu toda e qualquerinvaso do territrio egpcio. Este general encontrava-se deveras distante da imagem desoldado grosseiro e rude que inmeras vezes lhe atribuda na actualidade. Trata-se, na

    verdade, de um escriba, um letrado, cuja alma se encontra escravizada pelo amor ao direitoe justia. Ao completar quinze anos, no ano 6 do seu reinado, a conscincia dos seusdeveres fende as plpebras outrora cerradas de Tutankhmon, Desprendendo-se do torporda infncia, o jovem fara principia a mergulhar nos seus ofcios de soberano, recorrendo aopronto auxlio de seus mentores Ay e Horemheb, detentores de um poder imensurvel,concedido pelo prprio regente. Surpreendentemente, Tutankhmon lida, habilmente, com apoltica externa, solucionando diversas questes pendentes. Simultaneamente, almejarestituir ao Egipto o seu esplendor estonteante, pelo que ordena a restaurao e construode monumentos e o levantamento de runas. De seu esprito resvalaram rasgos de luz,orvalhados pelo gotejar da independncia, que fenderam enfim a sufocante influncia que Ay

    e Horemheb possuam sobre o fara e sobre o destino do Egipto. Porm, quandoTutankhmon completou dezoito anos, a auspiciosa melodia entoada pela sua fortunaextinguiu-se nas trevas de uma sinfonia de silncio, concebida pelas lgubres carcias damorte...

    Intrigados com to suspicaz falecimento, os egiptlogos lanaram-se numa desesperadaprocura pela verdade, j sepultada entre as valsas do tempo. Por fim, aps um inexaurvelrol de pesquisas e investigaes, uma autpsia realizada mmia do fara concedeu-lhes ofulgor da soluo que tanto haviam cobiado: uma fractura na base do crnio deTutankhmon comprovava que este havia sido, brutalmente, assassinado. Porm, que moscruis e isentas de compaixo haviam desferido o golpe fatal que oferecera aos lbiossequiosos da morte o travo da vida de Tutankhmon? Os sacerdotes tebanos, movidos pelotemor de que o regente, agora livre igualmente da sua influncia, abraasse os devaneios deAkhenaton? Ou aquele que queimara o incenso da sua vontade sobre o dbil altar da alma deTutankhmon, submetendo-a aos seus caprichos e alentos: o divino- sacerdote Ay, tornadomais tarde em sucessor do fara falecido? A verdade oferece-se ao olhar daqueles quepressentem os silvos das conjecturas, em cujo regao quase sentimos o toque do sangue do

    jovem fara tingir as mos do ambicioso Ay. Na realidade, sobre a imagem de Tutankhmonbaila um inexorvel paradoxo, delineado pela imensurvel fama que este insigificante fara

    alcanou na actualidade. Indemne aco dos inmeros saqueadores, o seu tmulo,descoberto em 1822 por Howard Carter, derramou sobre a alma perplexa da humanidade afragrncia do fausto e fastgio do Antigo Egipto. Jamais houve uma descoberta mais preciosado que a do tmulo de Tutankhmon. A grcil beleza dos mveis e as suas obras de arteultrapassaram tudo o que at ento fora encontrado no Egipto. Graas ao tmulo do jovemfara, o nico encontrado intacto, a cultura egpcia atraiu muitos mais admiradores do queno passado; admitiu-se que esta cultura havia exercido sobre os povos vizinhos umainfluncia muito mais profunda do que ento se cogitara. Ao contemplarem-se as excelsasriquezas que um fara considerado verdadeiramente irrelevante, cujo reinado prolongou-sepor um escasso perodo de tempo, levava para a sua derradeira morada, calcula-se o

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    esplendor que brincaria nos tmulos de poderosos faras como Tutms III, Amenfis II, SetiI e Ramss II.

    No paraso de seu reinado, brotou a cobiada fonte da ressurreio,onde mon, outrora cativo do sepulcro do esquecimento, saciou a

    sua sede de vida. Durante cerca de meio sculo, mais precisamentede 1000 a.C. at 525 a.C., data da invaso persa, a soberania dasumptuosa cidade de Tebas no foi seno dana ritmada damelodia de luz reflectida pelos cristais de Sol, que no olhar de umamagnificente dinastia de mulheres haviam esculpidos pela benodo astro- rei. A estas mulheres, intituladas Adoradoras Divinas

    ou, em egpcio, duat- netjer, o fara havia concedido, sem hesitar, um poder espiritual ergio sobre a principal cidade santa do Alto Egipto.Sacerdotisas iniciadas nos mistrios de mon, a quem se uniam em esponsais divinos, com ofito de lhes prestarem um culto ornado de um certo erotismo, as Adoradoras Divinas eramregra geral provenientes de famlias nobres. Em diversas representaes, contemplamos orito que permitia dama despertar na carne e esprito do deus tebano os ardores da paixo.Sob a liderana desta casta de mulheres viviam sacerdotisas, contempladas como o harmde mon, a quem era tambm confiada a incumbncia de semear o desejo no peito do reidos deuses e preservar a harmonia entre os cus e a terra. Enquanto esposas de mon, asAdoradoras divinas, no obstante no serem coagidas a celebrar votos de castidade, eramprivadas no de vincular um casamento humano, mas tambm de ter filhos. De facto, aherdeira do seu cargo era a sua filha espiritual, elevada a este estatuto atravs da adopo.Consagrando-se exclusivamente ao culto da deidade, as Adoradoras Divinas, excelsas

    instrumentistas que na harpa do cosmos fazem vibrar a energia celestial, garante da vidaterrena, embora no fossem reclusas, usufruam da maior parte do seu tempo no interior dotemplo de mon em Karnak, onde todos os dias persuadiam o deus a exprimir de formabenfica o seu poder criador.Personalidades proeminentes no seio da cidade tebana, as Adoradoras Divinas eramincontestveis proprietrias de casas, terrenos, servidores e diversos outros bens quecontribuam para a sua comodidade e autonomia.

    Detalhes e vocabulrio egpcio:

    Amonet- Deusa constituinte da Ognade de Hermoplis. frequente depararmo-nos em

    Tebas com efgies suas, enquanto verso feminina do deus mon, papel geralmenteconcedido a Mut. Diversos textos da dinastia ptolomaica apresentam-nos Amonet ouAmaunet como incarnao do vento do Norte, a me primordial que pai, isto , aqueleque sem interveno masculina se encontra apta a conceber os seus filhos. Algumas fontesrevelam que Amonet deu luz R, ou, segundo outras vozes, mon, enquantopersonificao de R. exequvel aventurar que o culto dedicado deusa ultrapassa o dasua verso masculina em antiguidade.

    Identificamos mon nas diversas representaes que o honram, como um homemostentando sobre a sua cabea uma coroa com duas plumas (kachuti) e em suas mos(consoante as circunstncias em que invocado) o signo da vida (ankh), uma cimitarra(khopech) ou o ceptro uase, entre outros. O seu trono assenta sobre uma esteira que, porseu turno, se encontra sobre um pedestal dotado dos smbolos da deusa Maet.

    mon, aquele cuja natureza escapa ao entendimento, representado por um carneiro

    de chifres curvos ou, pontualmente por um ganso. Com frequncia, as dspares formas deanimais adoptadas por um deus confere-lhe o poder para se tornar irreconhecvel ou apto aser confundido com outra deidade. A imagem do carneiro simboliza o conjunto das foras

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    criadoras, quer aquelas incarnadas pelo Sol, quer aquelas que permitam garantir areproduo dos seres vivos.

    Tu s o deus oculto (mon), Senhor do silencioso, que acorre ao apelo do humilde, tuque ds alento a quem dele privado (Estela de Berlim).

    TON

    Saciados os cus no faustoso festival de luz que exaltava o excelsopalcio do dia, o Sol abdica do seu eterno trono de turquesas e,velando a sua mstica silhueta d ouro com as exticas sedas dopoente, estira-se languidamente no lendrio tlamo do horizonte,preludiando a noite que j brotava no Infinito. semelhana detantas outras civilizaes da Antiguidade, os egpcios veneravam oSol como a mais importante deidade da sua inebriante religio,prestando-lhe um culto sincero e apaixonado enquanto deusprimordial, ourives da criao que nos primrdios da existnciatalhara a jia do universo, fonte da vida e alimento perptuo.

    No panteo egpcio, inmeras so as deidades que incarnam o sublime regente dos cus, e,em particular, o seu rutilante ceptro de luz ou a fora criadora que em seu extasianteesplendor se renovava, como o caso de Horakhti, o Hrus do Horizonte, identificvelcomo um homem de cabea de falco, sobre a qual repousa um disco solar; ou mon- R,deidade venerada em Tebas, cujo fastgio de luz, clice solar derramado ao florir da aurora,sublimava o firmamento e conduzia a humanidade at apoteose divina. Todavia, o desejo

    de se designar o astro- rei em si ou de evocar o disco solar somente era satisfeito atravs dopronunciar de uma nica palavra: ton. Enquanto variante aperfeioada de R- Horakthi,ton era j alvo de um culto modesto mesmo antes da radical subverso de Akhenaton. Narealidade, as primeiras menes ao seu nome, enquanto designao do globo luminoso,datam do Antigo Imprio, podendo ser encontradas nos Textos das Pirmides. Porm, somente na 18 dinastia, mais exactamente no reinado de Amenfis III, que ton torna-seno centro de um desafio a toda a realidade conhecida, ao satisfazer o desejo deste fara e,de seguida, do seu filho Amenfis IV, de centrar a religio egpcia num nico deus. Mas quecaminhos trilhou ton at alcanar o estatuto supremo, ou seja, o de divindade dinstica? Aolongo de dezassete anos, a alma do Egipto ardeu no clido e conturbado vrtice de umarevoluo, fruto de paixes frvidas e imensurveis, concebidas por um corao eivado de

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    poesia e espiritualidade: o de Akhenaton, O Hertico, fara cujo reinado se encontraenvolto num obscuro vu de densos enigmas, propiciados pela escassez de materiaishistricos concretos.

    Fruto da unio entre o fara Amenfis III e a rainha Teie, Amenfis IV galgou as veredas dainfncia e os labirintos da adolescncia entre o fastgio do imponente palcio tebano deMalgatta, onde se submeteu a uma educao rigorosa, que visava despertar e esculpir,diligentemente, no somente as suas faculdades intelectuais, como as suas capacidadesfsicas. O seu mentor, Amenotep, filho de Hapu, inculcou no esprito algo sonhador do jovemprncipe o respeito pela Luz Criadora, cujo fulgor animava igualmente os deveres sagradosinerentes ao trono, que Amenfis IV ocupou em 1364 a . C., quando detinha apenas quinzeanos. A seu lado, resplandecia uma jovem de beleza esplendorosa, Nefertiti, a quem,todavia, se havia unido por imposio de dirigentes egpcios, que ignoravam a devastadorapaixo que entrelaaria, posteriormente, as almas dos dois soberanos. Esta jovem rainha,

    Nefertiti, cujo nome significa a bela veio, pertencia, segundo a opinio de diversoshistoriadores, a uma famigerada famlia de um poderoso elementoda corte, verso contestada por alguns que afirmam que asoberana era na realidade filha de Amenfis III.

    Inmeras dvidas adornam o exrdio do reinado de Amenfis IV,uma vez que se coloca a hiptese deste haver governado emsimultneo com seu pai, probabilidade contestada por uma fracoda comunidade egiptloga. Desta forma, segundo a hipteseescolhida, observa-se uma variao de dados e datas. No quinto ano do seu reinado, o

    jovem soberano, agora com vinte anos, entrega a sua alma ao deus solar ton, consideradoa fonte de toda a vida, chegando mesmo a renegar o seu nome, com o fito de tomar adesignao de Akhenaton, ou seja, esprito eficaz para ton ou aquele que agrada aton, numa clara homenagem a esta deidade criadora. O seu fulgor fendeu o faustoostentado pelas demais divindades egpcias, cujos cultos seculares Akhenaton desejoudilacerar, prostrando-os diante da luz que o enfeitiava. Na realidade, semelhante politesmohavia sido gerado no exrdio dos tempos pr-histricos, quando o Egipto se compunha deinmeros reinos exguos, cada um dos quais protegido por um deus prprio e distinto,geralmente, representado sob a forma de um animal. Todavia, muito cedo os Egpciosprincipiaram a venerar o Sol como uma deidade, qual concederam a denominao de deus-sol R, uma soberano supremo com o qual gradualmente os deuses locais foram-seidentificando e fundindo. Desta forma, o lgico ultimar de to prolixa evoluo deveria tersido a assimilao dos dspares deuses locais numa s divindade. Porm, tal conclusomostrar-se-ia deveras inconveniente para os diversos sacerdotes, sustentados pelasoferendas realizadas em honra das inmeras divindades egpcias, cujo culto se realizavaigualmente nos luxuosos templos, que os albergavam.

    Ao tomarem Tebas como sua capital, os faras tornaram mon no mais prestigiado dosdeuses egpcios, concedendo aos sacerdotes que lhe prestavam culto um poder imensurvel,

    que atingiu o seu apogeu, quando esta divindade se fundiu com o deus- solar Ra. Naverdade, no era contra mon, em concreto, que Akhenaton se batia, mas sim, contra a

  • 8/6/2019 A Historia da Maonaria

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    poderosa hierarquia religiosa tebana , que principiava a desafiar, embora subtilmente, aautoridade real. Desta forma, Akhenaton adopta o ttulo de sumo- sacerdote de Helipolis,denominando-se assim de o maior dos videntes, num acto que o prendeu mais antigaexpresso religiosa, considerada mais pura do que a religio tebana. Porm, em Carnaque,

    templo dedicado a mon, que Akhenaton esculpe a sua viso, ordenando aos escultores queconcebessem um ser singular, delineado num vrtice de caractersticas masculinas efemininas, que se reflectem, entre outros, num rosto deformado e num ventre salienteevocando uma fecundidade, que pretendia ilustrar que o fara me e pai de todos osseres.Aps ter defrontado uma vez mais os sacerdotes tebanos ao retirar-lhes a gesto deintrnsecos bens temporais, inerentes ao trono do Egipto, Akhenaton reserva-lhes , no sextoano do seu reinado, um novo sobressalto, ao tomar a deciso de criar uma nova cidade,desenhada na luz sublime de ton, abandonando, deste modo, Tebas. O local eleito,

    revelado pelo prprio ton, repousa na orla direita do rio Nilo, entre Mnfis e a antigacapital dos faras, sendo actualmente conhecido pelo nome de Tell El- Amarna.

    Nesta cidade, construda com uma rapidez surpreendente, Akhenatonmanda erigir um palcio que o acolha e um tempo onde lhe sejapossvel prestar culto luz que o inunda. O esplendor quase celestialde ambas as construes desvaneceu-se no compasso do tempo,restando agora apenas uma ideia prfuga a seu respeito. O faraconcedeu sua cidade o epteto de Cidade do Sol, jurando jamaisabandon-la, promessa que cumprir at ao eclipsar da sua existncia.

    Diversos funcionrios administrativos, escribas, sacerdotes, militares, artfices e camponesesdesprenderam-se da sua antiga cidade para seguirem, obedientemente, o fara. A cidade

    torna-se acolhedora, detendo largas avenidas, zonas verdejantes, parques sublimes emanses nobilirias, que abraam a divina luz solar. Por seu turno, o referido templo erguidoem honra de ton revela-se dspar dos demais santurios construdos ao longo da dcimaoitava dinastia, devido ausncia de salas veladas pela escurido, onde os cultos eramcelebrados, quase secretamente. Em contraste, possua inmeros ptios brindados pela luz,que conduziam ao altar do deus solar, onde eram depositadas ddivas sumptuosas. ton,deus de amor e luz, era geralmente representado sob a forma de um disco solar,ornamentado na maioria das vezes com um uraeus, smbolo de soberania, e cujos raiosresplandecentes terminavam em mos que agraciavam a humanidade com carcias celestiais.

    Teoricamente, o culto dedicado quele que se convertera no pai dos pais e na me dasmes, facultava a todos o acesso ao Divino, j