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MAÇONARIA E MUSEU II Cláudio Roque Buono Ferreira

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Maçonaria e Museu

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Page 1: Maçonaria e Museu

Maçonaria e Museu ii

Cláudio Roque Buono Ferreira

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apresentação

Outra obra já foi escrita pelo autor sobre o tema e, no passado, editada. Vem aqui em versão atualizada e ampliada nos trazer um rico e importante conteúdo cultural. Nosso querido Irmão Cláudio Roque é um grande pesquisador e escritor de assuntos maçônicos; e já nos brindou com inúmeras obras. Esta, Maçonaria e Museu II, em especial, nos permite entender melhor o que significa “CIÊNCIA MUSEOLÓGICA”.

O escritor além de nos apresentar uma importante quantidade de informações sobre o tema e também com diversos exemplos reais aqui expostos, nos permite ter contato com as técnicas recomendáveis a elaboração, manutenção e desenvolvimento de um museu que per-mite ao leigo desmistificar um pouco da curiosidade que a todos nós é provocada quando adentramos as salas de um museu, curiosidade esta, aliás, que nos é revelada durante a saborosa leitura desta verda-deira obra-prima sobre o tema, capaz inclusive de estimular o desejo naqueles que costumam guardar objetos antigos, a organizá-los com a técnica que permita no futuro iniciar um pequeno museu.

Tenho certeza de que esta obra, como as anteriores já o fizeram, será um sucesso total, principalmente de satisfação aos leitores.

Muito obrigado e parabéns, meu irmão e amigo Cláudio Roque Buono Ferreira.

Mario Sergio Nunes da CostaGrão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo,

Federado ao Grande Oriente do Brasil.

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Ao Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Marcos José da Silva, amigo e companheiro, de quem tive o privilé-gio de ser Grão-Mestre Geral Adjunto na gestão de 6/2008 a 6/2013, presto-lhe esta justa homenagem, por seu dedicado e constante labor em prol de nossa Sublime Ordem, por sua presença marcante em todas as Unidades de nossa Federação, por suas realizações no en-grandecimento de nosso Grande Oriente do Brasil e no estreitamento das relações maçônicas internacionais, culminando com sua eleição para a presidência da Confederação Maçônica Internacional, para o período de 4/2012 a 4/2015.

Cláudio Roque Buono Ferreira

HoMenageM

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HoMenageM especial

Quero homenagear a todos os maçons de todas as Obediências Maçônicas nacionais e estrangeiras, de acordo com meu pensamento:

“Na Maçonaria, temos a mesma origem quando nos iniciamos

e devemos ter o mesmo destino; portanto, entre esse alfa e ômega da vida devemos viver em plena fraternidade”.

Cláudio Roque Buono Ferreira

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agradeciMentos

Aos estimados e queridos Irmãos:

Eminente Irmão Mario Sergio Nunes da Costa, Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo, pela longeva amizade e o fraternal convívio, por sua constante ajuda em minha carreira maçônica e na dos demais Irmãos. Em especial por manter profícuo labor em prol da nossa Ordem em sua vivência maçônica.

Mui Reverendo Cavaleiro Wagner Veneziani Costa, Grão-Mestre do Grande Priorado do Brasil dos Cavaleiros Templários e Cavaleiros de Malta e Grão-Prior e Grão-Mestre Nacional do Grande Priorado do Brasil da Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, por sua laboriosa atividade maçônica, por nossa antiga e estreita convivência fraterna, pela oportunidade de ser seu coautor em várias obras e pela ajuda em meu desenvolvimento como autor.

Poderoso Irmão Fernando Tullio Colacioppo Sobrinho, Secre-tário-Geral de Comunicação e Informática Adjunto do Grande Oriente do Brasil, pela presença constante em nossa comitiva nas visitações de nossas Lojas Simbólicas e dos graus filosóficos, pela fiel amizade, pelo excelente trabalho maçônico desenvolvido na Rede Colmeia, informando e acentuando sempre o lado positivo de nossa Sublime Ordem. Por permitir gentilmente agregar suas fotos neste livro.

– X –

À sra. Lucia Elena Thomé, coordenadora do Laboratório de Conservação e Restauro do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, meus agradecimentos pela orientação e por permitir incorporar a este livro, como acréscimo, seu valioso “MANUAL PRÁTICO DE CONSERVAÇÃO”.

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dedicatória

Dedico este livro à minha família, razão primeira de meu viver:

À minha querida Eunice, esposa e companheira há 52 anos, às minhas adoradas filhas, Claudia, Valéria e Fernanda,

aos meus idolatrados netos, Graziella, Rafael, Gustavo, Luiza e Felipe, e aos estimados genros, Celso, Sylvio e William, meus amigos e

companheiros.

Cláudio Roque Buono Ferreira

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Índice

Prólogo ...........................................................................................15Maçonaria e Museu II ....................................................................17A Maçonaria Operativa ..................................................................19A Maçonaria Especulativa .............................................................22Museu do Lavradio – Rio de Janeiro .............................................28Museu Ariovaldo Vulcano do Grande Oriente do Brasil – Brasília – DF ....................................................................36Centro Cultural Maçônico do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito ...........................50Museu José Bonifácio do Grande Oriente de São Paulo ...............59Sala “Jerônimo Coelho” Memorial da Maçonaria Catarinense .....73A Loja Piratininga – a Fidelíssima, nº 140 ....................................75Breve Resenha da História dos Museus e do Colecionismo ..........80Praxe Museológica .......................................................................102A Exposição .................................................................................110Conservação .................................................................................120Manual Prático de Conservaçâo ...................................................121Patrimônio Cultural Maçônico .....................................................154Fontes de Referências ..................................................................156

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prólogo

É com muita honra e orgulho que traço nestas poucas linhas o apreço e carinho que tenho por este autor, o Sapientíssimo Irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, com quem tive a grata satisfação de conviver e trabalhar em minha senda maçônica, tanto no Grande Oriente de São Paulo quanto no Grande Oriente do Brasil, quando tive a oportunidade de absorver um pouco da vasta experiência e sabedoria desse baluarte da Maçonaria brasileira. Sem contar que, juntos, somos autores de duas obras que se tornaram best-sellers da Madras Editora: Além do Que se Vê e Além do Que se Ouve.

Creio que entre as maiores conquistas que possamos obter em nossas vidas estão as amizades verdadeiras, leais. E tenho o grande privilégio de ter Cláudio como um de meus amigos de jornada. Tenho por ele muito respeito, pela pessoa idônea, profissional e intelectual que é, e também pelo fato de que ele me abriu as portas na Maçona-ria, sem medo de apostar no jovem que eu era e que estava dando os primeiros passos na senda de nossa Sublime Ordem.

Por mais que tenhamos opiniões diferenciadas em algumas questões, pois ele é um político nato, com o dom da diplomacia, eu já vejo a política como uma arte (cênica mesmo), o respeito entre ambos sempre prevaleceu durante todos esses anos.

De acordo com o dicionário Houaiss, museu é: “instituição dedicada a buscar, conservar, estudar e expor objetos de interesse duradouro ou de valor artístico, histórico”. No mundo todo existem museus em que a história de países e povos da Antiguidade pode ser apreciada até hoje, graças ao empenho de governos e pessoas que se importam com a preservação da história de seu povo e de sua nação,

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como o Museu do Louvre, em Paris, e o Museu Egípcio do Cairo, no Egito.

Eu, particularmente, sou uma pessoa que aprecia a arte, a beleza e a história. Ainda muito jovem iniciei uma coleção de cédulas de notas brasileiras antigas, a qual, em 2007, doei ao Museu do Grande Oriente de São Paulo, quando nosso Irmão Cláudio era o seu Grão-Mestre.

Hoje temos no Grande Oriente do Brasil, em Brasília/DF, o Museu Ariovaldo Vulcano, que hoje é o maior museu maçônico do Brasil, e onde podemos apreciar peças valiosíssimas, tanto no sentido monetário quanto no teor histórico da Maçonaria em terras brasileiras. Passarão a fazer parte de seu acervo obras como a caneta de ouro (réplica), cravejada de pedras preciosas, que pertenceu à princesa Isabel; também há uma bíblia rara que, pelo que conhecemos, somente existem três exemplares destas no mundo, a qual poderá futuramente ser apreciada pelos visitantes do nosso museu maçônico.

Uma vez que os museus preservam a história, nosso Sapientís-simo Irmão Cláudio Roque Buono Ferreira faz, de certo modo, esse trabalho nesta obra, cuja finalidade é apresentar ao leitor um pouco da rica cultura maçônica e associá-la à ciência museológica, de modo que os Irmãos possam ter um guia que facilite criarem museus maçônicos em seus Orientes ou em suas Lojas, tendo assim o registro histórico, com paramentos e peças de obras que enriqueçam o conhecimento cultural dos maçons de amanhã e até mesmo dos demais cidadãos de suas localidades.

Aqui, o leitor terá diversas dicas de como organizar um museu, classificar, catalogar e manusear as peças, bem como verá que há ne-cessidade em obter as autorizações legais das doações, empréstimos ou aquisições destas, e muitas outras orientações que são verdadeiras preciosidades. Trata-se de uma grande contribuição de nosso autor a todos nós, digna de aplausos e reconhecimento.

Wagner Veneziani CostaGrão-Mestre do Grande Priorado do Brasil e

Grão-Prior e Grão-Mestre Nacional da Ordem dos CavaleirosBenfeitores da Cidade Santa – CBCS

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Lorsqu’une pensée s’offre à nous comme une profonde décou-verte, et ue nous prenons la peine de la développer, nous trouvons solvente que c’est une verité qui court les rues.

(“Quando uma ideia nos aparece como profunda descoberta, e nos damos o trabalho de desenvolvê-la, não raro percebemos que é uma verdade de domínio público.”).

Luc de Clapiers, marquês de Vauvenargues (1715-1747)

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Este trabalho foi idealizado no sentido de suprir informações basilares da praxe museóloga a fim de emular e orientar nossas Lojas Maçônicas, para que estas iniciem suas coleções e um posterior Museu Maçônico, visando à preservação, conservação e exposição do acervo cultural de nossa Sublime Ordem.

Esta obra destina-se aos que se iniciam nesse mister.As Obediências e Lojas que já possuam coleções ou museus

poderão, por meio de seus diretores ou responsáveis, encontrar sub-sídios na listagem de fontes de referência, o que certamente levará à solução de eventuais necessidades.

No que se refere às informações maçônicas, essas também são basilares e sucintas, visto que hoje se encontram livros de autores estrangeiros e principalmente nacionais com obras as mais completas, versando sobre todos os aspectos da Maçonaria.

O fulcro desta obra é a associação da cultura maçônica com a ciência museológica.

O autor

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a Maçonaria operativa

Em relação à Maçonaria Operativa, os autores divergem muito quanto à época de seu aparecimento: alguns a situam à época das corporações de ofícios, sendo que as mais famosas foram as romanas, constando que a primeira foi fundada por Numa Pompílio no ano de 714 a.C.. Outros autores referem-se às guildas germânicas ou também às supostas origens alquímicas ou templárias.

Rubens Barbosa de Mattos, em seu livro Breve História da Maçonaria, diz com muita propriedade:

“Na preocupação de valorizar a antiguidade da Instituição, seus propagandistas do século XIX e começo do século XX não mediram esforços. Um religioso inglês chegou a afirmar no começo deste século que a Maçonaria começou com Adão. E se há quem acredite que Adão existiu, por que não acreditar que fosse ele maçom?”

A Maçonaria Operativa medieval, em seu início, compunha-se de corporações operárias (canteiros) destinadas à construção de edifícios sacros, principalmente catedrais.

Os maçons operativos do século XIV, em relação a outras cate-gorias de ofício, tinham certos privilégios especiais. Entre os vários privilégios, citamos os de estarem livres da servidão feudal, o que lhes garantia liberdade de locomoção e o direito de se reunirem em suas Lojas, bem como a redução ou isenção de seus impostos.

Os maçons operativos tinham seus segredos, que eram ex-clusivos para os membros de seus quadros associativos. Alguns relativos ao exercício de seu ofício, dirigidos mais para a parte técnica de seu trabalho e a outros profissionais, como as palavras de passe, saudação e os sinais de reconhecimentos, que garantiam

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a colocação e manutenção de seus empregos. Igualmente o auxílio a viagens e ajudas aos doentes e seus familiares, notoriamente das viúvas e suas proles.

Esses segredos profissionais eram guardados no mais profundo sigilo para a garantia da manutenção de seus direitos especiais.

Os maçons operativos tinham os estatutos de suas corporações bem organizados e definidos, nos quais constavam não só os direitos, mas também as obrigações de seus membros.

As Lojas tinham seu ritual para a realização de seus trabalhos voltados mais a harmonizar o trabalho e preservar seus direitos de ofício.

Um fator importante é que a Loja era exclusiva dos pedreiros. As outras corporações que partilhavam a construção dos edifí-

cios não participavam dela.lmportante era o relacionamento entre os aprendizes e seus

mentores, os companheiros.Esse mútuo interesse de aprendizado e execução do trabalho,

aliado à manutenção desse mercado de trabalho, é que motivará o nascimento das corporações ou confrarias.

A Transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa

Com o declínio das construções do estilo gótico em todo o continente europeu, iniciou-se o enfraquecimento das corporações dos maçons operativos.

A transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especula-tiva foi marcada pelo nascimento da Grande Loja Unida da Inglaterra, porém até que isso ocorresse, a transição foi lenta e gradual, motivada principalmente pela adesão de membros estranhos ao ofício. Estes passaram a se denominar maçons aceitos.

A primeira adesão de um membro aceito por uma Loja ainda operativa foi a de John Boswell, lorde Auchinleck, em 8 de junho de 1600, na St. Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, Escócia.

Essa transformação foi gradual e sem dúvida foi a entrada de membros estranhos ao ofício de pedreiro que passou a determinar a mudança de Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa.

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Agora seus membros não eram só pedreiros. Agregaram-se a eles homens com outros ofícios de diferentes classes sociais, com um grande número de intelectuais e nobres.

Vale dizer que os membros aceitos passaram a ser mais nume-rosos que os membros operativos.

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a Maçonaria especulativa

A fundação da Grande Loja e os primeiros locais de suas reuniões

A Grande Loja da Inglaterra, a primeira Grande Loja do mundo, nasceu em 24 de junho de 1717 (dia de São Joao Batista) durante a assembleia e confraternização de quatro Lojas londrinas nessa festa patronal, na cervejaria Goose and Gridiron, perto da igreja de St. Paul na cidade de Londres.

As quatro Lojas londrinas, Goose and Gridiron (O Ganso e a Grelha); Apple Tree (A Macieira); Rummer and Grapes (A Taça e as Uvas) e Crown Alehouse (A Coroa) resolveram criar um organismo central, que recebeu o nome Grande Loja, tendo em sua chefia um Grão-Mestre, sendo que o primeiro eleito para esse honroso cargo foi o Irmão Anthony Sayer.

A difusão da Maçonaria Especulativa foi rápida pela Inglaterra, Europa e também na América.

A Maçonaria agora não mais tem por objetivo a construção ma-terial. Todavia, seu novo objetivo passou a ser a construção humana em sua perfeição, preconizando a paz, a união e a harmonia dos povos.

Pelos próximos 60 anos a Grande Loja realizou suas reuniões ordinárias em várias hospedarias, tavernas e nos sa1ões das antigas associações comerciais.

Tanto a Assembleia quanto a festa anual, ou o Grande Festival, como seria chamado agora, normalmente se reuniam em um dos salões das associações comerciais da cidade de Londres, e na primeira oca-

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sião deu-se a instalação do primeiro Grão-Mestre Nobre, o duque de Montagnu, na Sala dos Comerciantes do ramo de Papelaria em 1721.

Daí em diante, a Grande Loja se reunia para a Assembleia Anual em outros salões, principalmente no Salão dos Alfaiates. Esse fato está registrado no livro de minuta da Grande Loja, que foi iniciado em 23 de junho de 1723.

A primeira sede dos maçonsOs primeiros passos em direção à construção de uma sede

própria foram dados pela Primeira Grande Loja em 28 de outubro de 1768, durante a gestão do duque de Beaufort, quando foi adaptado e posto em prática um plano pelo Comitê de Caridade através de meios eficazes de arrecadação de fundos para se construir uma sede e comprar joias, mobiliário e todo o mais necessário para a Grande Loja, que foi inaugurada em 1776.

A segunda sede dos maçonsVárias alterações e extensões da construção original foram

realizadas na primeira metade do século XIX, notoriamente por sir John Soane, o primeiro Grande Superintendente dos Trabalhos, e por seu sucessor, Philip Hardwick.

A pedra de fundação da nova construção foi assentada pelo conde de Zetland com cerimonial maçônico pela ocasião do Grande Festival Anual em 27 de abril de 1864, e o trabalho de construção se estendeu pelos próximos cinco anos.

A inauguração dessa segunda sede da Maçonaria finalmente se deu em 14 de abril de 1869. Um dos objetivos de construir a nova sede veio suprir a necessidade de uma sede digna da Maçonaria Inglesa.

A atual sede da MaçonariaA expansão da sede da Maçonaria declinou pouco antes do início

da Primeira Guerra Mundial.Quantias em dinheiro foram coletadas a partir de 1908 com o

objetivo de angariar pequenas doações oriundas de todos os membros da Maçonaria, uma vez que se resolveu pela demolição da antiga e construção de uma nova sede. Após a demolição do que havia restado

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da sede, elaborou-se um novo projeto com doações em bases volun-tárias para sua construção.

Essa nova sede ficou conhecida em 1919 como o Memorial da Paz Maçônica.

A biblioteca e o museu da Grande LojaA formação de uma biblioteca maçônica pela Grande Loja da

Inglaterra foi proposta em 1837, mas pouco foi feito para levar o projeto adiante até o final desse século.

Desde então os acervos da biblioteca e do museu vêm sendo enriquecidos de acordo com as mais requintadas coleções maçônicas a ser encontradas em qualquer lugar.

Essas instituições gozam de uma alta reputação internacional pela qualidade de seus conteúdos e pelo serviço que podem oferecer à Sublime Ordem, como um centro de informações e pesquisa por meio da identificação de artefatos conectados com a Maçonaria.

A biblioteca e o museu também editam uma série de folhetos informativos com um número de artigos sobre quais indagações são mais frequentemente recebidas e acrescidas de tempos em tempos.

No que diz respeito à biblioteca, destaca-se uma coleção incom-parável de literatura em muitas línguas sobre cada faceta da Maçonaria em seus vários graus e ordens, os arquivos da Grande Loja, bem como um grande número de documentos sobre as antigas Lojas privadas e historicamente importantes, e ainda muitos outros que se juntaram ao passar dos anos.

O museu e suas extensões constituem um dos maiores acervos maçônicos do mundo, com majestosas e valiosas coleções de insíg-nias e joias, vestimentas, estandartes, de objetos de prata e ouro, de porcelanas, móveis, enfim, tudo que se relacione com nossa Sublime Ordem. Tendo como especial destaque a pinacoteca maçônica.

*****Na verdade, quaisquer que sejam as teorias e fantasias sobre o

nascimento da própria Maçonaria, a Grande Loja Unida da Inglaterra é o ponto central do universo maçônico, regular e organizado que se espalha a partir das origens inglesas, e é vista como a inspiração da Maçonaria regular onde quer que seja praticada.

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A Maçonaria Inglesa é a pedra de toque da regularidade das outras Obediências maçônicas.

*****

A Maçonaria no BrasilAté 1822, a vida do Brasil se confundiu com a de Portugal, ou

seja, até a separação do Reino do Brasil do Reino de Portugal.O Grande Oriente do Brasil, criado em 1822, já nasceu com a

promessa de seus fundadores, cuja principal meta seria a indepen-dência do Brasil.

Foi fundamental sua participação no movimento pela emanci-pação política de nosso país.

Nesses 191 anos foi contínuo seu crescimento, bem como, sua presença na vida social e política da nação.

É de vital importância essa sua participação em momentos históricos de nossa pátria, como: a Independência, a Abolição da Escravatura e a República, citando só os três maiores feitos de nossa história, pois é indissolúvel sua contínua colaboração na história do povo brasileiro.

A primeira Loja regular do Brasil foi a “Reunião”, fundada no Rio de Janeiro em 1801.

Portanto, anteriormente à fundação do Grande Oriente do Brasil, tivemos várias Lojas, das quais citamos algumas delas:

1802 – fundação da Loja “Virtude e Razão” na Bahia.1809 – fundação da Loja “Regeneração” em Pernambuco.1813 – fundação da Loja “União” na Bahia.1815 – fundação da Loja “Comércio e Artes” no Rio de Janeiro.Ainda existiram, anteriormente à sua fundação, agrupamentos

mais ou menos nos moldes maçônicos, porém funcionando como academias ou clubes, mas que não eram Lojas maçônicas.

O caso mais marcante é o do “Areópago de Itambé”, fundado em 1796, na região das províncias de Pernambuco e Paraíba.

Em 17 de junho de 1822, foi fundado o Grande Oriente do Brasil, cujo nome na época era Grande Oriente Brasílico.

Para essa fundação do Grande Oriente do Brasil, a Loja “Comér-cio e Artes”, fundada em 1815, formou mais duas Lojas compostas pelos membros de seu quadro – a “Esperança de Niterói” e a “União

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e Tranquilidade” – que foram instaladas em 21 de junho, portanto quatro dias após a criação do Grande Oriente.

Nascia assim a Obediência Mater da Maçonaria Brasileira – instituição simbólica, regular, legal e legítima.

A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosó-fica, filantrópica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Tem por fim supremo o lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Seu objetivo é a evolução intelectual, moral e social dos povos.Pugna pela constante investigação da verdade, pelo exercício

desinteressado da beneficência e cumprimento inexorável do dever.Nessa época, era costume, quando o maçom adentrava à

Instituição, substituir o nome verdadeiro por um nome histórico ou heroico.

Desde sua fundação, o Grande Oriente do Brasil não parou de crescer, aumentando o número de suas Lojas em quase todas as cidades do país, acolhendo os homens de bons costumes, de valor e expoentes das ciências, das artes, das letras, militares, políticos, enfim, das mais variadas profissões.

Pelos serviços prestados por seus membros, a história gerada pelo GOB confunde-se com a história de nossa pátria.

Grandes vultos de nossa história fizeram parte dessa vetusta organização.

Citar todos os nomes seria quase impossível, só citaremos alguns para exemplificar: D. Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Luís Alves de Lima e Silva (duque de Caxias), Deodoro da Fonseca, Flo-riano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz, Washington Luiz, Rui Barbosa, Otavio Kelly e incontáveis brasileiros ilustres.

Inicialmente, com foro na cidade do Rio de Janeiro, sediada em vários locais, passou em l843 para o Palácio do Lavradio, até a mudança do Poder Central para Brasília, cuja inauguração do novo Palácio Maçônico realizou-se em 4 de dezembro de 1992.

A sede do Grande Oriente do Brasil está localizada na Avenida W-5 – SGAS, nº 913, na cidade de Brasília, DF.

No transcurso de seus 191 anos de contínua existência, o Grande Oriente do Brasil teve algumas dissidências, umas de curta duração e outras duradouras.

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Algumas subsistem e formaram Obediências e, por se apoiarem em princípios maçônicos tradicionais, merecem o respeito maçônico.

A Maçonaria Brasileira desde os primórdios de suas atividades, por meio de seus dirigentes e de seus dedicados membros, iniciou as mais diferentes coleções maçônicas.

Como consequência dessa atividade, o Grande Oriente do Bra-sil, a maior potência maçônica do mundo latino, ao longo dos anos, formou acervo suficiente para a Constituição de vários museus.

Desses museus, faremos uma concisa referência a alguns deles, os quais julgamos os mais importantes da Maçonaria do Brasil.

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Museu do lavradio – rio de Janeiro

Vitor Porfirio de Borja, ator e ensaiador português, maçom, foi o iniciador da obra desse prédio.

O prédio do Palácio do Lavradio foi adquirido em 18 de agosto de 1842 e tombado em 20 de janeiro de 1972 pela Secretaria de Es-tado de Educação e Cultura, em sua Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico do estado da Guanabara, hoje estado do Rio de Janeiro.

Sua construção foi modificada para atender as necessidades da Instituição, tendo sido inaugurada em 1842.

O Palácio do Lavradio foi ocupado pelo Grande Oriente do Bra-sil em 1843, tendo como Grão-Mestre Francisco de Paula Hollanda Cavalcanti de Albuquerque, visconde de Albuquerque.

Sendo hoje comprovadamente histórico e prisco, situa-se à Rua do Lavradio, nº 97, no centro da cidade do Rio de Janeiro – RJ.

O Palácio Maçônico de três pavimentos possui uma fachada que obedeceu ao estilo da época, com predominância do neoclássico brasileiro, com inspiração no Renascimento italiano. No topo do edifício, há o símbolo rosa-cruz do Pelicano, com seus filhos.

Em suas principais dependências – vestíbulo, escadarias, corre-dores, gabinete, templos, biblioteca e museu – podem ser apreciadas

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peças que por seus valores históricos e artísticos são consideradas verdadeiras relíquias.

Todo o seu acervo, que destaca fatos inéditos de nossa naciona-lidade com a vinculação do trabalho maçônico à própria história do Brasil, está composto, entre outros, de: esculturas, medalhas, estan-dartes, paramentos, louças, placas comemorativas, espadas, adornos pessoais, riquíssima pinacoteca, mobiliários, instrumentos maçônicos de ouro, prata e marfim, relógios, troféus, documentos e incontáveis obras e peças centenárias de inestimável valor.

Do acervo maravilhoso desse museu, citaremos alguns poucos exemplos ilustrativos, tais como as esculturas: “A Caridade”, de Fer-nando Pettrich; o busto de “D. Pedro I”, esculpido no Rio de Janeiro em 1826 por Marc Ferrez e executado em bronze, em Paris, por Fontaine, e a obra “Visconde do Rio Branco”, autoria de Odoardo Tabachi, em mármore de Carrara, realizada em 1874, em Turim, Itália.

A placa comemorativa da Lei do Ventre Livre, em mármore. O trono do Grão-Mestre, oriundo dos primórdios da Ordem, em jacaran-dá, com incrustações de marfim (incrustações estas que representam símbolos maçônicos e ornamentos) e decorado com folhas de ouro. O trono pesa um quarto de tonelada.

Na pinacoteca destacam-se obras como: “Retrato do Marques Abrantes”, de Joaquim da Rocha Fragoso; “Retrato do Visconde de Inhaúma”, de A. Rodrigues Duarte; “Retrato do General Osório”, de Leonardo Ramos Azevedo; “Retrato do Senador Vergueiro”; “Retra-to do Visconde do Rio Branco”, de Joaquim da Rocha Fragoso; e o “Retrato de Vicente Neiva”, de José Monteiro Franca.

A biblioteca é composta de um variado acervo bibliográfico de assuntos gerais e principalmente com importantes arquivos maçôni-cos. Nela se destaca uma coleção de todas as leis do império.

O prédio, a ornamentação de suas dependências, o mobiliário, acrescido de seu acervo raro e único, fazem do Museu do Palácio do Lavradio um patrimônio da história pátria, e não só da Maçonaria Brasileira.

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