a histÓria da homeopatia.doc

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A HISTÓRIA DA HOMEOPATIA A MEDICINA NA GRÉCIA ANTIGA Para entendermos a evolução do pensamento homeopático, devemos nos remeter ao passado, buscando na Grécia Antiga a semente deste tipo de tratamento médico. A religião grega era sobretudo antropomórfica. Acreditava-se em Zeus (Júpiter), a divindade principal, senhor de todos os deuses, e em um vasto panteão de deuses menores. Todos habitavam o Olimpo, eram imortais, mas tinham todas as fraquezas , as paixões e as virtudes humanas. Apolo era o principal deus da Medicina, tendo ensinado sua arte ao centauro Quíron. Este, por sua vez, ensinou-a a Hércules, Jasão, Aquiles e a Asclépio, filho de Apolo. As filhas de Asclépio, Higéia e Panacéia, também o ajudavam nos rituais de cura. A doença era vista como punição dos deuses e, para ser prevenida ou interrompida, era necessário agradar ao deus com sacrifícios e rituais. Quando os deuses queriam punir a coletividade, mandavam pestes; quando a punição era individual, mandavam a loucura, a cegueira e a lepra. Os gregos praticavam a catarse, tentando expulsar as enfermidades por meio de banhos rituais nos rios e de purificação pelo fogo e fumigatórios (com fumaças). Acreditavam tanto no contágio da doença (contato com algo impuro), quanto no "contágio" da cura (contato com algo curativo). A crença de que o semelhante traz o semelhante originou o uso de animais como receptores de doenças e o uso de suas vísceras após os sacrifícios. Os templos de Asclépio (também chamado Esculápio) eram sempre em lugares altos e com água abundante. Ao seu redor haviam residências para os doentes, banhos, um Ginásio para exercícios físicos e um Odeon (pequeno teatro fechado onde se ouvia música e poesias). O templo em Epidauro tinha grafado à sua entrada o seguinte: "Puro deve ser aquele que entra no Templo perfumado. E pureza significa ter pensamentos sadios." Isso significa que, para os seguidores de Asclépio só existia cura quando primeiro se curava a mente, isto é, quando havia "metanóia", ou seja, transformação dos sentimentos. Os sacerdotes recebiam os enfermos e faziam oferendas e sacrifícios ao deus. A seguir, havia um ritual de abstinências, banhos, massagens e unções, que preparavam o doente para dormir perto da estátua de Asclépio. Qualquer que fosse o sonho que tivesse, ele era interpretado pelos sacerdotes, que lhe medicavam de acordo. Com o correr o tempo e a experiência adquirida, fitoterapia e cirurgia também fizeram parte dos métodos de tratamento. Quando curado, o paciente dedicava ao templo uma peça de metal ou cera representando o órgão curado, e uma pequena tábua em que grafava a descrição de seu caso.

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A HSTRA DA HOMEOPATAA MEDCNA NA GRCA ANTGAPara entendermos a evoluo do pensamento homeoptico, devemos nos remeter ao passado,buscando na Grcia Antiga a semente deste tipo de tratamento mdico. A religio grega era sobretudo antropomrfica. Acreditava-se em Zeus (Jpiter), a divindadeprincipal, senhor detodososdeuses, eemumvastopanteodedeusesmenores. Todoshabitavam o Olimpo, eram imortais, mas tinham todas as fraquezas , as paixes e as virtudeshumanas.Apolo era o principal deus da Medicina, tendo ensinado sua arte ao centauro Quron. Este, porsuavez, ensinou-aaHrcules, Jaso, AquileseaAsclpio, filhodeApolo. AsfilhasdeAsclpio, Higia e Panacia, tambm o ajudavam nos rituais de cura. A doena era vista comopunio dos deuses e, para ser prevenida ou interrompida, era necessrio agradar ao deuscom sacrifcios e rituais. Quando os deuses queriam punir a coletividade, mandavam pestes;quando a punio era individual, mandavam a loucura, a cegueira e a lepra.Os gregos praticavam a catarse, tentando expulsar as enfermidades por meio de banhos rituaisnosriosedepurificaopelofogoefumigatrios(comfumaas). Acreditavamtantonocontgio da doena (contato com algo impuro), quanto no "contgio" da cura (contato com algocurativo). A crena de que o semelhante traz o semelhante originou o uso de animais comoreceptores de doenas e o uso de suas vsceras aps os sacrifcios.Os templos de Asclpio (tambm chamado Esculpio) eram sempre em lugares altos e comgua abundante. Ao seu redor haviam residncias para os doentes, banhos, um Ginsio paraexerccios fsicos e um Odeon (pequeno teatro fechado onde se ouvia msica e poesias). Otemplo em Epidauro tinha grafado sua entrada o seguinte: "Puro deve ser aquele que entrano Templo perfumado. E pureza significa ter pensamentos sadios." sso significa que, para osseguidores de Asclpio s existia cura quando primeiro se curava a mente, isto , quando havia"metania", ou seja, transformao dos sentimentos. Os sacerdotes recebiam os enfermos e faziam oferendas e sacrifcios ao deus. A seguir, haviaum ritual de abstinncias, banhos, massagens e unes, que preparavam o doente para dormirperto da esttua de Asclpio. Qualquer que fosse o sonho que tivesse, ele era interpretadopelossacerdotes, quelhemedicavamdeacordo. Comocorrer otempoeaexperinciaadquirida, fitoterapiaecirurgiatambmfizerampartedosmtodosdetratamento. Quandocurado, o pacientededicavaaotemploumapea de metal oucerarepresentando orgocurado, e uma pequena tbua em que grafava a descrio de seu caso.Asclpio, ao contrrio dos outros deuses olmpicos, se satisfazia com oferendas modestas eistootornouomdicodericosedepobres. Naquelapoca, asociedadenosesentiaresponsvel pelospobreseosmdicos(consideradosartesos) trabalhavamapenaspordinheiro, o que exclua qualquer ajuda mdica aos indigentes, exceto aquela dos templos deAsclpio. Ademais, repouso, termas, alimentao adequada eseguimento continuado daevoluo da doena custavam caro. Muitas vezes, os escravos eram tratados pelos prpriosescravosdosmdicos, querepetiamotratamentoqueviamseuspatresaplicarem. Naverdade, o trabalhador (livre ou escravo) no desejava mais que seu rpido restabelecimento,pois cada dia sem trabalhar punha em risco a sua sobrevivncia. Assim, havia uma Medicina"resolutiva" para os pobres e outra, branda e natural, para quem podia se dedicar ao cio.HPCRATES (460-375 a.C.) E A ESCOLA DE CSHipcrates nasceu na ilha de Cs e criou a Teoria dos Humores. Usou como base a Teoria dos4 Elementos (Ar, gua, Terra e Fogo) criada por Empdocles.Acreditava que o ar tivesse como qualidade bsica ser mido e quente; a gua, mida e fria; ofogo, quente e seco e, por fim, a terra, fria e seca. mida e quente era a primavera, assimcomo o sangue. Ao fogo correspondia o vero e a bile amarela. A terra correspondia ao outonoe bile negra (ou atrabile), enquanto a gua, ao inverno e ao fleuma. Em resumo, 4 elementos,4 qualidades, 4 estaes e 4 humores, configurariamas essncias postas emrelao,determinando a sade pela harmonia, e a doena nos desequilbrios.A predominncia de um dos humores sobre os outros 3 definiria um tipo constitucional, maissusceptvel adoenascaractersticas dodesequilbrio determinadopeloexcessodaquelehumor. No melanclico, predomina a bile negra (atrabile); no pletrico, o sangue; no colrico, abile amarela; no fleumtico, o fleuma.Entretanto, uma fora diretiva era necessria para gerar os humores a partir dos alimentos,mant-los emmovimento, combin-los e equilibr-los. Um"calor inato" foi imaginado elocalizado no ventrculo esquerdo do corao e, por isso, o corao era to quente enecessitava ser refrigerado constantemente pelo ar inspirado e expirado pelos pulmes.A Escola de Cs, fundada por Hipcrates, interpretava as doenas dentro do quadro especficoepeculiar decadapaciente, abordando-ocomoumatotalidadeindivisvel, apoiando-seateraputica mais nas reaes defensivas naturais, que eram respeitadas.Na verdade, Hipcrates, exmio observador, constatou a existncia de 3 princpios curativosque se mantm ainda atuais:a) "Vis medicatrix naturae": a fora curativa da Natureza, o poder do organismo de acionar seusmecanismos de defesa sem nenhum auxlio exterior, favorecendo uma conduta expectante domdico. A Natureza encontra os caminhos e meios por simesma, e no como resultado dopensamento.A "vismedicatrixnaturae"umaforanatural decuranocorpohumanoquetende a restabelecer o equilbrio perdido.b) "Contraria contrariis curantur": os contrrios so curados pelos contrrios, base da terapiamedicamentosa galnica (origemda atual Alopatia). Opredomnio de umdos humores,determinando um quadro mrbido, requer uma interveno contrria. Assim, se o quente acausa mais prxima, recomenda-se o frio. Contra o seco, o mido; na pletora, as evacuaes.O sentido bsico era de evacuar os humores excessivos, atravs das fezes, vmitos, urina esuores, configurando uma catarse ou limpeza corporal. A farmacopia hipocrtica compunha-sede mais de 300 remdios, a maioria vegetais, compropriedades purgativas, emticas,diurticas, diaforticas, emolientes, etc.c) "Similia similibus curantur": os semelhantes so curados pelos semelhantes, base daHomeopatia.A crenanacurapelaNaturezatornouamedicinahipocrticaessencialmentediettica e pedaggica, dando grande importncia aos exerccios fsicos, s massagens e aosbanhos, especialmente os de mar. O fortalecimento do corpo no seu caminho prprio para acura levava a uma interveno que fosse semelhante ao comportamento da Natureza. Surgiu,assim, oprincpioteraputicodeinduzir noenfermoreaes anlogas aos sintomas daenfermidade. Hipcrates dizia: "A doena produzida pelos semelhantes e por estes o doenteretorna sade. Deste modo, o que provoca a estrangria que no existe, cura a que existe. Atosse, assim como a estrangria, causada e curada pelo mesmo agente..."Hipcrates tem a seu mrito o fato de haver descoberto que as doenas tm causas naturais.Foi o iniciador de teraputica e lanou os fundamentos da clnica mdica. com justa razoconsiderado como o "pai da Medicina".ARSTTELES (384 a 322 a.C.)Aristteles geralmente considerado o maior filsofo grego (apesar de nascido macednio).Foi discpulo de Plato e o primeiro a reconhecer a unidade corpo e alma. Dizia que "toda arealidade tende perfeio, possuindo em si mesma um princpio ativo capaz de conduzi-lo perfeio", o que denota que tambm acreditava em uma "vix medicatrix naturae". A FASE PS-HPOCRTCAA influnciahipocrticapersisteparaalmdofimdaclssicaorganizaohelnica. JemAlexandria, no sculo a.C., fundou-se uma escola mdica, onde se iniciaram os primeirostrabalhos anatmicos, inclusive com a realizaes de disseces pblicas.Entretanto, durantetodooperodoemqueRomateveodomniodomundo, aMedicinaestagnou. Esta pobreza mdica foi a ltima conseqncia de um povo a quem faltava cultura,mais preocupado emmanter sua unidade territorial ou engrandecer seus domnios emcampanhas custosas e interminveis. nfelizmente, os povos de lngua latina no produzirammdicos eminentes.GALENO (138-201 d.C.) E A ESCOLA DE CNDOA primeira grande expresso mdica da Era Crist veio a ser Galeno. Formado na tradiohipocrtica, eleacreditavanaTeoriados4elementosbsicos, nos4humoresenassuasqualidades. Entretanto, defendia uma fisiologia bem mais elaborada. Dizia que o equilbrio doshumoreserainfluenciadopelomeioambiente, pelo"calor inato", pelosalimentos, poruma"psykh" (alma), por uma "dymanis" (faculdade) e pelo "pneuma" (esprito). Por sua vez, a almaera de 3 espcies: a concupiscente, localizada no fgado; a irascvel, no corao e a racional,no crebro. Desse modo, Galeno concebe a alma como sendo de natureza somtica,resultante da combinao dos 4 humores.ParaaescolamdicadeCnido, lideradaporGaleno, apatologiaeateraputicaeramdenatureza localizada, como que faziamuso de umraciocnio mdico mais analtico eestabeleciam teraputica mais intervencionista que expectante. Na verdade, tinha concepesfilosficas e condutas mdicas opostas escola de Cs. Sinteticamente, podemos afirmar que,paraaescoladeCnido, haviadoenasaseremtratadase, paraaescoladeCs, haviadoentes e no doenas.Galenorealizouextensosestudosanatmicosemanimais, dosquaisdeduziaaanatomiahumana e, com ele iniciou-se um conhecimento sistemtico da anatomia do homem. Galeno participou da "dade de Ouro" romana e, por isso, a crescente valorizao da mo deobra escrava, por sua escassez cada vez maior, o tenha levado a valorizar mais as partes docorpo ligadas de modo direto a esta atividade: mos, braos, ps, pernas e, em quinto lugar, acabea.ATeraputicaGalnica, talvez, maislembradapeloseupoli-farmacismoepor seguir oprincpiodo"contrariacontrariis curantur". Suasinterveneseramrelacionadastantoaoregimedevida, quantoalimentaoeaosmedicamentos. Tambmaplicavaassangriascomo forma de eliminar os excessos dos humores. Omodelo de Galeno para a Medicina persistiu por mais de 15 sculos. Hipocrtico efundamentalmentearistotlico, praticouaCinciaeaArtedeformaquaseexperimental.Acreditava no princpio aristotlico de que "a Natureza no faz nada em vo", o que revela aidia de umCriador sbio, onipresente, onipotente, cuja vontade a tudo domina. Essedeterminismo galnico encaixava-se muito bem tanto na cultura do Cristianismo (que por voltado sculo V dominava sobre o Paganismo) quanto na cultura do sl e a doutrina de Galeno,assim, foi adotada tanto pelos mdicos cristos quanto pelos islmicos.AcristianizaodoOcidente, comsuaconcepodavidaedamorteeaconseqentesacralizao do cadver trouxeram uma quase total suspenso da elaborao deconhecimentos mdicos. "Contraria contrariis curantur" ser, inclusive, reforado pelodesenvolvimento da Alquimia, bem como pela descoberta de um novo mundo, extico e rico,no-europeu, que contm enormes potencialidades medicinais.A DADE MDAA queda do mprio Romano tem sido considerada como o marco de transio da Antigidadepara o Estado feudal. Comea a haver um novo enfoque sobre o doente. A existncia de um Deus-Pai, no elimina adesigualdade social entre os homens, mas os torna espiritualmente irmos, dignos dabenevolnciadivinaemerecedoresdocarinhodeseussemelhantes. Comestaconcepohumanstica, a moralcrist encontra na assistncia mdica gratuita um modo de alcanar aigualdade pretendida e de demonstrar um elevado sentimento cristo, o de compaixo Nessas circunstncias, a busca de uma vida de princpios levou fundao de mosteiros e deOrdens eclesisticas peregrinas. Estes mosteiros, alm de atender aos doentes enecessitados, tambm era responsvel pela compilao e traduo de textos mdicos (ncleosde cultura literria), tambm atendia aos doentes e necessitados. Escolas mdicas vinculadasa mosteiros tiveram grande prestgio. A presena de espaos prprios para abrigar os enfermosnos mosteiros a origem mais remota da instituio hospitalar. O monge mdico, alm de dietas, sangrias e banhos, prescrevia "ervas medicinais". Entretanto,a prtica mdica deveria ser uma atividade secundria para o clero, e a salvao da alma o seuprincipal objetivo. A partir de 1.130, comeam a aparecer normas eclesisticas restringindo aatividade mdica do clero. O Conclio de Latro de 1.215 os probe de realizar qualquer atocirrgico. Por outro lado, comearam a ser fundadas Escolas Mdicas e Universidades laicas.PARACELSO (1.493-1.541)FelipeTheophrastusBombast vonHohenheim(suio) interessou-sepor "filosofiaoculta" eAlquimia. Reivindicouparasi aautoriadosconceitosepreceitosmdicosquepraticavaenegou as concepes hipocrticas e galnicas. Acreditava que, tantoo micro quanto o macrocosmo, so organizados segundouma ordemdeterminada, sosujeitossmesmasleisdesimpatiaeantipatiaeanimadospelomesmoprincpiovital ("archeus"). Diziaqueomundoeraconstitudopor umasubstnciaprimriacomum ("iliaster") e por 3 elementos "simples": enxofre, mercrio e sal (concepo derivada daAlquimia). Para Paracelso, a doena podia ser causada por influncias csmicas ou telricas,por substnciastxicasevenenosas, por coisasnaturais, por predisposiesprpriasdohomem, por motivos psquicos e ainda por interveno divina. Ao rejeitar a Teoria dosHumores, destaca que a doena conseqncia de uma reao qumica indevida, onde hexcesso de um ou mais dos elementos (enxofre, mercrio e sal). A RENASCENAO florescimento de cidades europias, graas a um comrcio de larga escala (principalmenteas italianas),propiciou umaatividade artstica,literriae cientfica mais liberta dos cnonesescolsticos. A Escultura e a Pintura buscam a perfeio dos detalhes e o pintor aproxima-seda Anatomia (Leonardo da Vinci um exemplo disso). Nesta poca, surgiramgrandes avanos na Anatomia e abre-se o caminho para umaprofundamento na matria, com a microscopia e para uma nova fisiologia. DesdeRenDescartes, aconcepomecnicadoorganismoressaltaamaterialidadedomundo a ser apreendida pela experincia.Procura-sedemonstrar queossintomassoosanunciadoresantecipadosdeumalesoprevisvel, isto , a leso escrava do sintoma.Entretanto, apesar da AnatomiaeaincipienteFisiologia, amatriamdicaeateraputicacorrentes continuavam firmemente ligadas s galnicas. Paracelso talvez tenha sido o nico,com certeza o mais expressivo, autor a se separar do galenismo.A DADE MODERNAO final do sculo XV e o sculo XV trouxeram o descobrimento de um novo mundo, repleto deriquezasvegetaiseminerais(ouro, prataepedraspreciosas) eaescravidodendiosenegros. Nascia o capitalismo.As corporaes artesanais progressivamentesubmetem-seaocapital, surgindo, assim, amanufatura como etapa necessria para o estabelecimento da produo industrial.AnovafloradescobertageraumaverdadeiramudananasCinciasNaturaisesurgeaClassificao de Lineu. O racionalismo emprico inaugurado com Roger Bacon abandona ascausas teolgicas (revelao divina) para explicar o mundo e defende que o prprio homemque deve entend-lo (atravs de experimentos) e buscar modific-lo. A apreenso de todas asparticularidades permite a NDUO de uma lei geral, que se configura como umconhecimento.Com o mdico John Loecke, a teoria aristotlica da "tabula rasa" cristaliza a idia de que aexperincia humana que a fonte do saber. Ela dizia que nada est no intelecto sem antester estado nos sentidos. O VTALSMOParalelamente a esta corrente materialista da Medicina, desenvolvia-se outra, vitalista, baseadanos antigos conceitos hipocrticos. Alguns expoentes desta Segunda corrente foram: a) THOMAS SYDENHAM (1.624-1.689): Para ele a doena era uma reao do organismo nosentido de eliminar uma MATRA MRBDA ("vis medicatrix naturae"), ou seja, a completadepurao do sangue, a qual se fazia mais ou menos rpido; e quando a Natureza necessitavade pronta eliminao, surgia a febre, constituindo essencialmente as doenas agudas. Sobreelas interferiria o meio ambiente, influenciando sua localizao e sua gravidade. A doena crnica seriam vinculadas ao regime de vida do homem, ou seja, o doente incorporaao processo mrbido suas particularidades reacionais e sua especial maneira de relacionar-secom a doena, "colorindo" sintomas ou acostumando-se com certos sofrimentos. Asepidemiasseriamexpressesdeumapoca(estaodoano)elocal, comoaGrandePraga de Londres por exemplo. So encaradas como "constituies" epidmicas.A concepo de Sydenham da doena como reao orgnica, resgata o princpio hipocrticode que a Natureza a prpria fonte dos recursos necessrios sua autodefesa. b)GEORGEE. STAHL (1660a1734): Foi ocriadordo"Animismo": "A almaconscienteeimortal, quando irritada, no comanda convenientemente os processos vitais, advindotranstornos em forma de doenas".Acreditava em 3 elementos fundamentais - ar, gua e terra - e cria o conceito de "flogstico",que, como qumico que tambm era, parece ter se inspirado na Alquimia. Dizia que, durante aqueima, amatria desprende o flogsticoe viracinzas; mas que, se o flogstico novamentefosse inserido, a matria reapareceria (em 1775, Lavoisier demonstra que, na verdade, h aabsoro de um gs que ele chamou oxignio).Stahlestabelece uma diferenciao entre o vivo e o inerte, pois apenas o vivo possuia uma"anima" imaterial a dirigir-lhe as funes. Para Stahl, no era muito importante o conhecimentodetalhado deAnatomia, nemdas reaes qumicas particulares, pois considerava oserhumano (saudvel ou no) como um todo, regulado por uma "anima sensitiva", de onde seuinteresse pela fisiopatologia das doenas que hoje chamamos psicossomticas.O Animismo de Stahl teve grande aceitao na Alemanha.c) ALBRECHTVONHALLER(1708-1777): Foi oiniciador dafisiologiapura. Concebeua"Teoriadarritabilidade" (msculossoirritveisoucontrolveis; nervossosensveis). Aanatomiaresultariadeumaforaconfiguradoraouformadoradamatria, chamadaForangnica, radicada na estrutura material e orgnica das fibras animais, que distingue o ser vivo(animado) do morto (inanimado).d) PAULJOSEPHBARTHEZ(1734-1806): PertenciaEscoladeMontpellier efundouo"Vitalismo" (ser humano = corpo + princpio vital + alma). O Princpio Vital responsvel pelasensibilidade, contratilidade e pela fora de situao fixa (capacidade dos rgos recuperaremposio, forma e tamanho quando desviados da normalidade, i.e., tonicidade).A "MEDCNA HERCA"Vriasidiasfantasiosassobrecomoseoriginavamasdoenasnointerior dosindivduoslevaramaprticasmdicasreconhecidamenteprejudiciaisaospacientes. Eraapocadachamada "medicina herica", que adotava a estratgia de provocar a eliminao dos venenosinternos atravs do aumento das diversas excrees orgnicas.Segundo um dos expoentes da Medicina Herica, BROUSSAS DE SAUVAGES (1.706-1.767),a vida estava determinada e mantida pela "irritao" de estmulos externos sobre o organismo,especialmentenarvorerespiratriaenotubodigestivo. Asadeseriaumacondiodeirritao moderada. O seu excesso ou diminuio (pelo menos na teoria) causariam a doena.BroussaisacreditavanaAnatomiaPatolgica, mas defendiaqueaalteraoprimriadamaioria das doenas consideradas "gerais" era uma inflamao do tubo digestivo ou"gastroenterite". A "irritao" excessiva provocava uma inflamao, que, por "simpatia" atravsdo sistema nervoso, atuava sobre o resto do organismo, provocando sintomas gerais. Tornou-se, ento, umcampeodas dietasdebilitantes (paraevitar a"irritao") edas sangriaspronunciadas (para retirar a "irritao).Asangria (atravs de sanguessugas, ventosas ou seco das veias), pea-chave dotratamento, foi ensinada em todas as escolas mdicas dos Estados Unidos e muitas da Europa.Afirmava-se que era extremamente difcil matar um ser humano por sangrias, aconselhando-seemcasosdefraturassseasaretiradadesangueatainconscincia, oquefacilitariaareduo por ausncia de queixas e relaxamento muscular. Alm da sangria, eram prescritos adicionalmente substncias muito txicas, como ocalomelano (cloreto de mercrio), que atuariam como purgativos e emticos, na falsa crena deque a diarria e os vmitos eliminariam as impurezas internas. Tambm usava-se a chamadavesiculao, que era a aplicao de substncias custicas e irritantes sobre a pele, provocandosupuraes, o que era encarado como eliminao de impurezas.Ficou famosa a frase que se atribua aos mdicos da poca, aps o rotineiro falecimento dospacientes: "elemorreucurado". Nemomaisilustrenorte-americano, GeorgeWashington,falecido em 1779, escapou dessa "cura". Tendo acordado, na manh de 14 de dezembro, comforte dor de garganta que lhe dificultava a respirao, seus mdicos realizaram neste dia umasangria parcelada de 2 litros, acompanhada de vesiculao e administrao de calomelano. s22 horas do mesmo dia, veio a falecer. AS MODFCAES SCO-POLTCASO ano de 1789 traz Revoluo Francesa, com a queda do Feudalismo e da Monarquia, o incioda retirada do poder poltico da nobreza e a ascenso da burguesia, apoiada pela primeira vezpelas massas populares e pelos camponeses. A "Declarao dos Direitos do Homem" (1789)pretende instaurar o reino da igualdade, da liberdade e da fraternidade. O escravismo d lugara relaes de produo, libertando a fora de trabalho ARevoluoFrancesa, baseadanos"direitosdeCidadania", trazumareorganizaodaassistnciamdica. nstituem-seauxlios paracrianas, indigentesevelhos, concedidapenso anual e auxlios aos velhos, enfermos do campo, mes e vivas com filhos, garantindo-lhes ainda uma assistncia mdica gratuita a domiclio. Aassistncia aos enfermos enecessitados retirada das mos do clero e uma leide 1794 declara nacionais o ativo e opassivo dos hospitais e outros estabelecimentos de beneficncia.Por outro lado, a guerra gera um nmero muito grande de feridos e um nmero cada vez maisescasso de mdicos. Os charlates multiplicam-se e o Estado se v obrigado a intervir. Criam-se novas Escolas de Medicina, como a cole de Sant em Paris e, em 1794, Montpellier eEstrasburgo.Apresentavam o estudo de Anatomia,Fisiologia e QumicaMdica noprimeirosemestre, e de Matria Mdica, Botnica e Fsica no segundo. Porm, durante todo o curso, osalunosdeveriamfreqentar oshospitaisparaaprender aprtica. AClnicanascecomoprolongamento dos sentidos, com a busca da significao. O homem, revestido de um novovalor social como cidado de direitos igualitrios, o nico agente da informao do mdico. AMedicina, ento, busca a separao entre sujeito e saber objetivo.DADOS HSTRCOS DA ALEMANHA, bero da HomeopatiaO Feudalismo na Alemanha se implantou muito lentamente e, apenasno sculo X, ele foidefinitivo. Aps mais de 100 anos de guerras, chegou-se ao sculo X com a neutralizao detoda monarquia hereditria e o mprio converteu-se num confuso arquiplago de principados. OssculosXVeXVtrouxeramumacentuadodesenvolvimentoindustrial eocomrcioaumentava, pois a Alemanha era rota comercial da ndia para o Norte Europeu. Os Prncipes tinham poderes polticos quase ilimitados. Decretavam impostos cada vez maispesados, medida que aumentavam as necessidades derivadas das atividades blicas e doluxo da vida cortes. O clero era composto por uma hierarquizada aristocracia feudal de bispos, arcebispos, abades,etc. Muitas vezes eles prprios eram prncipes do mprio, dominando grandes extenses deterraeexplorandoseussditoscomamesmagannciadanobrezaeutilizando, almdaviolncia, argumentos religiosos, desde as presses no confessionrio, at ameaas deexcomunho. Sua riqueza despertava a inveja da nobreza e a ira e indignao do povo que ossustentava. De outro lado, havia os pregadores do campo e das cidades, que, marginalizadosda hierarquia feudal da greja, viviam em contato direto com o povo e com suas condies devida, simpatizando assim com as causas dos plebeus e da burguesia nascente.Nesse contexto, Lutero, monge agostiniano, em 1517, iniciou a Reforma Luterana.A GuerradosTrinta Anos, nosculoXV, poderiasignificar umaofensivadadinastiadosHabsburgs (da ustria) contra os Prncipes, mas o Tratado de Westflia, que a termina, divide aAlemanha em uma verdadeira Repblica de Monarquias. Senhores de Brandemburg adquiremno comeo do sculo XV o Ducado da Prssia. nstauram uma administrao centralizada,transformandoBerlim emumacapitalmodernaecentroindustrial.Frederico Guilherme , osegundo reida Prssia (1713-1740) e seu sucessor Frederico (1740-1786) foram grandesgovernantes. E nesse contexto nasceu Samuel Hahnemann, o criador da Homeopatia.25. A VDA DE HAHNEMANN :a) A infncia e a juventude:ChristianSamuel Hahnemannnasceuem11deabril de1755, nacidadedeMeissen, naSaxnia, a qual fazia parte, na poca, do mprio Germnico. A principal atividade econmicada cidade era a fabricao de porcelana e o av, o pai e pelo menos dois irmos de Samueleram pintores de porcelana na fbrica do rei. Samuel era o terceiro filho do segundo casamentodo vivo Christian Gottfried Hahnemann com Johanna Christiane. Foialfabetizado pelos pais e, alm disso seu paiensinou-o a nunca ouvir ou aprender semquestionar e a sempre pensar por si mesmo. Sendo pobres, o pai era contrrio continuidade dos estudos do filho e queria encaminh-lo aum trabalho mais rentoso do que os ligados aos livros. sso gerou muitos conflitos com o pai.Desdeainfncia, Samuel mostrougrandesededesaber eespecial interessepor lnguasestrangeiras, as quais cedo iniciou a estudar na Escola Pblica de Meissen. Felizmente, seusprofessores detectaram sua excepcional capacidade e conseguiram permisso de seu pai paraque ele seguisse com os estudos mediante uma bolsa de estudos.UmoutrofatotambminfluenciouacarreiradeHahnemann. Seupai eseutio, emsuaspinturas emporcelana, retratavam, almdas flores mais comuns, tambmas espciessilvestresdaregioeissodesenvolveuemSamuel umgrandeamor pelaBotnicaeseuinteresse posterior nas propriedades curativas da vrias plantas.Por outro lado, Samuel tambm foi muito influenciado pelos filsofos pr-cristos,especialmente por Hipcrates, Plato e Aristteles.Na primavera de 1775, Hahnemann deixou Meissen e ingressou na Universidade em Leipzigparaser mdico. Paramanter-sepor seusprpriosrecursos, Hahnemannduranteodia,estudavanaUniversidadee,noite,fazia traduesdonglspara o Alemoou ensinavaAlemo e Francs. Como em Leipzig,nessa poca, no havia hospitalpara a prtica clnica, em 1777, Samuelmigrou para Viena, onde escolheu ingressar no Hospital Dos rmos de Caridade, apesar deluterano. Quando suas economias acabaram, foi contratado pelo Governador da Transilvnia(atualRomnia), Baro Samuelvon Brukenthal, para organizar sua enorme biblioteca e suavaliosa coleo de moedas. Em Hermanstadt, pode estudar outras lnguas e vrias cinciasalternativas. Aoir embora, comaidadede22anos, eramestredeGrego, Latim, ngls,Francs, taliano, Hebreu, Srio, rabe e Espanhol, alm de sua lngua me, o Alemo, e tinhaalguns conhecimentos de Caldaico. Assim, 1779, foi para Erlanger para finalmente graduar-se mdico. Durante sua formao, Hahnemann se auto-imps o estudo da Qumica e da microscopia, que,naquela poca ainda no faziam parte do currculo mdico. b) Hahnemann mdico:Aos 24 anos (1780), em Hettstedt, um pequeno povoado saxnico, Samuel iniciou sua prticaprofissional como mdico qualificado. Meses depois, mudou-se para Dessau, onde conheceuJohanna Leopoldina Henriette Kchler, enteada de um farmacutico. Em 1782, casaram-se, elecom 28 anos e ela com 19, mudando-se para Gommern.Apartir da, por diversasrazes, Hahnemannmudou-sevriasevriasvezesdecidade,sempre em busca de oportunidades melhores. De 1780 a 1789, Hahnemann utilizou a medicina da poca, chamada Medicina Herica, masseus escrpulos e conflitos pessoais o fizeram abandonar o exerccio da profisso, em funode observar os efeitos iatrognicos que tal tratamento ocasionava. Ento, optou por continuarseutrabalholiterrio, traduzindoobrascientficas, especialmentenasreasdeQumicaeMedicina, com o que tentava garantir o sustento de sua famlia. Chegou a passar por grandesdificuldades financeiras e, apesar de estar na pobreza, sua famlia continuava a crescer. Em 1783, nasceu a primognita de Hahnemann, Henriette (mais tarde casou-se com um pastore lhe deu 4 netos).Em 1786, em Dresden, nasce o nico filho homem de Hahnemann, Friedrich. Em 1788, nascetambmafilhaWilhelmine, quefaleceem1818, deixando-lheapenasumneto, HermannFriedrich Sigismund (falecido em Kthen, em 13 de maio de 1866).Em 1789, nasceram outras filhas. Amalie, que era a quarta a nascer, casou-se mais tarde como Dr. Leopold Suss, deixando um filho mdico homeopata, e, em segundas npcias, com HerrLiebe. Ela faleceu em Kethen em 1857. Caroline foi a quinta e, em Kthen, foi encontradaassassinada. Em 1792-3, nasceram a sexta e a stima filhas, que eram gmeas, mas s uma nasceu viva echamava-se Frederika.Em 1798 nasceu a oitava filha de Hahnemann, mas morreu ainda beb, devido a uma quedado carrinho.Aps 1811, nasceram, ento, as 2 filhas mais moas de Hahnemann. Primeiro nasceuCharlotte, que jamais casou e viveu com pai at seu segundo casamento, tendo falecido em 13de abril de 1863 de "paralisia dos pulmes". A ltima a nascer foi Louise.Por volta de 1829, o nico filho de Hahnemann (Friedrich) faleceu, deixando-lhe uma neta e,em 31 de maro de 1830, cerca de 1 ano aps as celebraes do jubileu de Hahnemann, suaesposa Henriette tambm faleceu, tendo-lhe dado ao todo 11 filhos.c) O nascimento e a evoluo da Homeopatia:Um dos livros mdicos que Hahnemann traduziu foi o tratado de "Matria Mdica" do mdicoingls Cullen,em1790. Nele,o autor descrevia as principaissubstncias ento em usonaprtica mdica e tentava explicar o mecanismo de ao delas. Hahnemann ficou indignado comas confusas tentativas de explicar como a Cinchona officinalis ou China officinalis suprimia afebrepalustreintermitente(Malria) edecidiuexperimentar oremdioemsi prprio. Ficoumuito surpreso quando ele prprio comeou a apresentar um forte paroxismo de febre malrica! Concluiu, ento, que a mesma Chinaquecurava malria tambmprovocava uma malriaartificial. Querendosaber seoutrassubstnciasativastinhamessamesmacaracterstica,experimentou em si mesmo vrias drogas, como a belladona, o mercrio, o digital, o pio, oarsnico e mais 13 outros medicamentos de uso corrente na poca, uma de cada vez, e suaexperincia confirmou os primeiros resultados. Cada remdio experimentado provocava umadoena similar quela para a qual ordinariamente era receitado. Descobrira uma nova Lei deCura e sua teoria logo seria coroada de sucesso.Alm disso, Hahnemann acreditava no "Vis Medicatrix Naturae". Ele escreveu: "Os poderes daNatureza freqentemente realizam rpidas e belssimas curas... Doenas gravesfreqentemente melhoram sozinhas... tambm em afeces crnicas este maravilhoso poderde cura realiza a autodefesa."Em 1792, um duque colocou disposio de Hahnemann uma ala inteira de um castelo emGeorgenthal paraqueabrisseumainstituioparadoentesmentais. Hahnemannaceitouoconvite e abriu a instituio em 1792. sso ocorreu 4 anos antes que William Tuke, '"Curandeirongls", finalmente estabelecesse um asilo para doentes mentais em York (ele havia concebidoo projeto em 1791) e 1 ano antes que Pinel reformasse o "Bictre Asylum" em Paris. Cada umdessestrsreformadoresparecemter trabalhadoindependentemente. Muitascurasforamfeitas nessa instituio.Seutrabalhoiabem, masSamuel sentiaforteochamadoparacontinuar seutrabalhodepesquisa em outras reas alm da Psiquiatria.Assim, em 1796, Hahnemann publicou um importante ensaio chamado "Um novo mtodo paraaveriguar os princpios curativos das drogas" Sua publicao no Jornalde Hufeland, a maisimportante revista mdica emlngua alem de sua poca, marcou o nascimento daHomeopatia.A descobertadeumpodercurativoaumentadocomdosesgradativamentemenoresafetouHahnemann profundamente. Ele encarou essa descoberta como uma revelao divina.Descobriu a ao curativa dos venenos e das substncias ditas inertes.Como a experincia clnica provava que as virtudes medicinais eramindubitavelmenteaumentadas pelos processos de atenuao, triturao e sucusso, Hahnemann chamou todo oprocesso de "potencializao", isto , tornar mais potente para a cura e menos potente para odano.A lei que estava sendo usada ainda no havia sido definida. Ela conhecida atualmente comoa "Leide Arndt-Schulz" (de Rudolf Arndt e Hugo Schultz) e assim diz: "A qualquer estmulodado, trmico, eltrico, qumico (incluindo o medicamentoso), o protoplasma reagediferentemente, de acordo com a dose do estmulo. Pequenas doses encorajam a atividadevital; grandes doses impedem a atividade vital; doses maiores destroem a atividade vital". Em1799, eclodiuumaepidemiadeEscarlatinaefoi quando, pelaprimeiravez, eleusouBelladona para a cura e a preveno da doena. Com seu sucesso, Hahnemann anunciou ecolocou a venda o p que curava escarlatina, contrariando o costume da poca de publicarantes algum trabalho cientfico. Acontece que ele ainda no tinha patrocinadores suficientespara custearem a publicao do livro e ps o remdio a venda para angariar fundos para isso,mesmoocultandoseuprincpioativo. Odesconhecimentodoprincpioativogerougrandedesconfiana. Com isso, sofreu severos ataques, principalmente devido pequenez das doses.Foi faladoinclusivequeseuspsnocontinhamnenhumprincpioativo. Algunsmdicosadministravamoremdioadiferentestiposdefebreeanunciavamaomundotodoqueaprescrio de Hahnemann falhara. Assim, s 1 ano depois, em 1801, revelou o princpio ativo,ao publicar seu trabalho "A cura e preveno da Febre Escarlate". Em vrios locais, com o passar do tempo, o valor da Belladona na Escarlatina foi recebendomaior reconhecimento. Em 1825, Hufeland chegou a publicar um trabalho intitulado "O efeitoprofiltico da Belladona", atribuindo a sua descoberta a Hahnemann. Trinta anos mais tarde, ogoverno da Prssia ordenou aos mdicos do pas usar Belladona em pequenas doses contra aepidemia de Escarlatina que ocorria na poca.Notrabalho"Opoder curativodasdrogas", Hahnemannreconhecia3mtodosdeusarosmedicamentos para aliviar as desordens do corpo humano:a) O primeiro mtodo remover ou destruir a causa fundamental da doena, o que a mximaaspirao dos mdicos.b) O segundo mtodo remover os sintomas presentes pelos remdios que produz condiesopostas (Lei dos contrrios), p.ex., constipao por purgantes, acidez estomacal poralcalinizantes, dor por pio. Hahnemannoschamavade"remdiostemporrios", poissoapenas paliativos. Eledizia que, em doenascrnica, elesaliviavamapenasnocomeoe,subseqentemente, dosesmaioreseramnecessriasenoremoviamadoenaprimria.Entretanto, em doenas agudas, como paliativos ao sofrimento do paciente, ele os aprovava,para que houvesse tempo de se detectar a causa verdadeira da doena e remov-la.c) O terceiro mtodo (o predileto de Hahnemann) era usar o remdio que pudesse desenvolveremumindivduosoumadoenaartificial semelhantequelacondiomrbidaquesedesejasse remover (Lei dos semelhantes).Hahnemanntambmsabiaqueasdrogastinhamumaaoprimria(direta) eumaaosecundria (indireta). Emseus escritos, ele exemplifica isso como pium. Esta drogaprimeiramenteproduzumadestemidaelevaodoesprito, umasensaodepoderosaeelevadacoragem, umaalegria imaginativa", mas, aps algumas horas, encontraremos apessoa "relaxada, desanimada, mau humorada, com memria confusa e geralmentedesconfortvel e cheia de medo". Hahnemann, portanto, observou que, onde a ao primriaacentuavaossintomasdopaciente, aaosecundriapodiareduzi-losecur-los. Essaagravao inicial observada nos remdios homeopticos freqentemente chamada de "fasenegativa", pois foi esse nome que foidado por Sir Almroth Wright agravao que pode seseguir a uma vacina.O mtodo de prescrever segundo a "Leidos semelhantes" foichamado por Hahnemann de"homoopatia" do grego "homoion"- similar, e "pathos"- doena. Todo tratamento pela "Lei doscontrrios", ele chamou "alopatia", de "alloion", que significa "de diferente tipo" ou "contrrio".Comosucessodotratamentohomeoptico, osmdicos,cominvejadacrescentefama deHahnemann, incitaram os farmacuticos contra ele e Hahnemann foi proibido de administrarseus prprios remdios. Com a situao insustentvel, ele mudava de cidade em cidade. Nesta poca, sua situao financeira melhorara e adquire, ento, sua prpria casa e retoma aprtica clnica, sem abandonar, contudo, a atividade literria. A, continuaram seus testes comos medicamentos. Publica, ento, seu importante trabalho "Esculpio na balana", onde falava contra as leis quedavampoderesimensos sGuildas dosFarmacuticos, os quaisdetinhamomonopliododireito tanto de preparar quanto de dispensar medicamentos.Aspequenas doses de remdios prescritosna Homeopatiaeramvistas comapreenso poressa categoria, j acostumada a grandes ganhos financeiros com prescries extravagantes. Ousoderemdiosnicosaoinvsdemisturas, calculavameles, queirialhesdiminuirsuasvendas.OtrabalhoseguintedeHahnemannfoi o"OrganondaRacional ArtedeCurar", quefoipublicado em 6 edies germnicas; a primeira em 1810, a segunda em 1818; a terceira em1824; a quarta em 1829; a quinta em 1833; e a sexta (aps sua morte) em 1921. A sexta ediofoi publicada aps Richard Haele William Boericke obterem o legado mdico e literrio dosherdeiros de Hahnemann.Em 1812, Hahnemann recebeu licena para lecionar na Universidade de Leipzig. Entretanto,no se limitou a defender seu prprio mtodo de cura, mas criticou spera e furiosamente osmtodos em voga. sso, naturalmente, lhe trouxe inimigos e tambm lhe esvaziou a sala deaula. Por isso, encerrou-se em suas quatro paredes, mas, pensando em sua "misso divina",reuniualgunsalunosquelhehaviamrestadoelhespropsaformaodeum"grupodeprovadores de drogas".Os seus poucos discpulos foram-lhe fiis at o fim e foram eles que prosseguiram com seutrabalho aps sua morte. Ele os tratava como amigos ntimos, abrindo as portas de seu lar parareceb-los. A experimentao das drogas era essencial ao mtodo de Hahnemann, assim, a "Unio dosExperimentadores" incluiaosnomesdeJohannErnst Stapf (1788-1860), GustzavGross,ChristianHornburg, Karl Franz, W.E. Wislicensus, Ernest Rckert, ChristianLanghammer,Franz Hartmann (1796-1853) e o prprio Hahnemann. Teuthorn e Herrmann vieram depois.Stapf foi o mais ntimo e duradouro amigo de Hahnemann. Por ocasio de sua ctedra na Universidade de Leipzig,Hahnemann conheceu ConstantineHering. Quando estudante de medicina, ele assistira s palestras de Hahnemann, mas tornou-seassistentedoDr. Robbi, umativoantagonistadaHomeopatia. Oeditor Baumgartner,naquela poca, procurara o Dr. Robbi a fim de lhe pedir que escrevesse um livro contra a novacincia mdica. Estando com excesso de trabalho, Robbi indicara seu jovem assistente Heringpara cumprir a tarefa. Afimdetornar seuataquemaisefetivo, HeringestudaraostrabalhosdeHahnemanneenvolvera-se emalgumas experimentaes. sso resultou na adeso de Hering, que seconvenceu definitivamente da verdade da Homeopatia.Constantine Hering no escondeu sua mudana de opinio dos seus professores em Leipzig e,porisso,foi levadoaobtersua graduaomdicaemWrzburg. A conversodeHeringHomeopatia teve o efeito tardio de converter tambm Baumgrtner, o editor de Leipzig. Constantine Hering, depois de formado, trouxe para os Estados Unidos da Amrica a sementeda nova arte de curar.O crculo de colaboradores de Hahnemann era constitudo quase inteiramente de colegas ouestudantes de Medicina. Entre as raras excees, estava seu amigo Carl von Bnninghausen,doutorado em Direito, que depois tambm se dedicou agricultura e suas cincias subsidirias,tendo, como Hahnemann, especial interesse por Botnica. Quando questionado se as curas daHomeopatia eram devidas apenas f, Bnnighausen respondia que, na veterinria, onde nohavia envolvimento de nenhuma f, a Homeopatia tinha igualsucesso. Viveu para receber ottulo de "Doutor emMedicina" do Colgio Mdico Homeoptico de Cleveland (EstadosUnidos).Foi ento que Hahnemann ganhou a adeso do farmacutico Lappe de Neudietendorf, que eramembrodaComunidadeMorvia dos "Herrnhuters". Suafarmciafoi, assim, aprimeirafarmcia homeoptica do mundo.Devido perseguio por parte dos farmacuticos e de vrios mdicos, Hahnemann voltou aabandonar Leipzig, aceitando um convite para instalar-se em Kthen, com garantias do prprioDuque Ferdinando de que poderia preparar e administrrar seus remdios.Em 1821, com satisfao, Hahnemann assumiu o cargo de Mdico da Corte e mudou-se paraumamodesta casa de esquina, onde usava aspeasde frente como consultrioe sala deespera para os pacientes.Em 1823, recebeu uma carta de um colega mdico, Dr. Karl Aegidi, doente havia 2 anos, pedia-lhe ajuda, j que a medicina da poca de nada lhe valera. Hahnemann o tratou e curou. Comisso, o mdico interessou-se pela Homeopatia e, aps minuciosos estudos de seus princpios,fundou em Dsselthal, o primeiro "Hospital Homeoptico para Crianas".Por essa poca, Hahnemann escreveu seu ltimo importante livro mdico intitulado "DoenasCrnicas, sua natureza e tratamento homeoptico". Foi publicado em 1828.Logoaps, Hahnemannescreveuseutrabalho"MatriaMdicaPura", em6volumes, comsuas experimentaes com 67 substncias diferentes. Foi publicado entre 1811 e 1833.Quando Hahnemann se mudou para Ktten, havia 10 mdicos homeopatas em Leipzig e eraflagranteousoassociadodaAlopatia. Hahnemanncensurou-ospublicamente. Apolmicaentre Hahnemann e os "impuros" (como ele os chamava), prosseguiu por longo tempo. Em1833, o Hospital Homeoptico de Leipzig foi fundado pela Associao Local dosHomeopatas e foi um exemplo da luta interna entre os homeopatas Hahnemann tinha vrios seguidores. Entre eles estava o Dr. Aegidi, agora em Dsseldorf. Ele,aospoucos, conquistouaconfianadaPrincesaedoPrncipedaPrssiaefoi nomeadomdico da famlia em 1831. Ao relatar o caso a Hahnemann, comentou que o clera estimularagrandemente a simpatia para com a Homeopatia.De 1831 a 1832, a Europa foi devastada pela Clera Asitica, que se espalhava rapidamente.Hahnemann, ento, largamenteanunciouseuconselhodeseusar Camphoracomognio-epidmico em larga escala. Um dos panfletos de Hahnemann tratando deste assunto teve suacirculao suprimida pelo menos favorvel Duque Heinrich, que sucedera seu irmoFerdinando. Vriosensaiossobreacuradocleraforamsendopublicadoseimportantesresultados foram obtidos quando os conselhos de Hahnemann eram seguidos.Antecipando as descobertas de Pasteur e de Koch, Hahnemann escreveu em seu trabalho "OmododepropagaodoClera": "Asmaissurpreendentesinfecesocorreramefizeramespantoso progresso... sempre que... o miasma do clera encontrava um elemento favorvel suaprpriamultiplicaoefloresciaparaumaenormementecrescentemultidodaquelesinfinitamentepequenos, invisveisorganismosvivos, quesotofatalmentehostisvidahumana e os quais mais provavelmente formam a matria infecciosa do clera". Hahnemannatribuiaocleraaumdiminutoorganismodanatureza, capazdesepropagar porcontatopessoal. sso o levou a providenciar urgentemente isolamento e desinfeco, afirmando que osmdicos e as enfermeiras eram os mais certos e freqentes propagadores do contgio.DevrioslocaisdaEuropa, vierampedidosdesocorroetambmagradecimentospelosbrilhantes resultados obtidos com Camphora na epidemia.Outro mdico convertido Homeopatia foi o ingls F.F.Quin. Em 1844, ele fundou o HospitalHomeoptico de Londres.A nglaterra no havia tido seu surto de clera at 1853, alguns anos aps o resto da Europa.Nessa ocasio, o Ministrio da Sade solicitou uma pesquisa comparativa da eficciateraputica dos diversos tipos de tratamento ento em uso e foi realizada a primeira estatsticacuidadosa. Todos os resultados dos tratamentos foram informados ao Ministrio, com a isoladaexceo do tratamento homeoptico que era realizado no HospitalHomeoptico de Londres(h 3 geraes a famlia real inglesa trata-se com homeopatia, sendo a Rainha Elizabeth aatual patrona do Royal London Homeopathic Hospital). Em 1854, uma notificao da Casa dosComuns relatava59,2%demortes comotratamentoortodoxoe16,4%comtratamentohomeoptico, mas negava-se a divulgar tal informao, pois "poderia comprometer o valor dassuas estatsticas de cura bem como daria uma injustificada aprovao a uma prtica empricaopostamanuteno da verdade eaoprogressodacincia". Ao todo54mil pessoasmorreram. Estes dados, levaram Lord Ebury, durante a passagem do Ato Mdico pela Casados Lordes, a obter a garantia de liberdade para a Homeopatia na nglaterra, inserindo umaclusulaqueimpediaqueosmdicoshomeopatasfossemrenegados, nocampodesuascrenas, e um lugar no Registro Mdico, ento, foi criado.Sem dvida, na ustria, aps o sucesso do tratamento de Hahnemann na epidemia, mesmoque contra a vontade dos governantes, o Decreto contra a Homeopatia foi abolido. Na Frana,aHomeopatiaganhavaterrenocomrapidez. NosEUA, umaSociedadeHomeopticaforaformada.A partirde1832, vriosprofissionaispropagamaHomeopatia; Romani emNpoles, PierreDufresne em Genebra, Des Guidi em Lyon, o Professor Mabit em Bordeaux, Petroz, Croserio,Curie, Lon Simon em Paris. d) O segundo matrimnio:Em 1835, Hahnemann foi procurado por uma francesa, Mademoiselle Marie-Melanie D'Hervilly,que queria consultar-se, vtima de "tisis". Era mais jovem e mais rica que Hahnemann (32 anos)e, 3 meses aps o primeiro encontro, acabaram se casando. Deste segundo casamento, nonasceram filhos.Aocasar comHahnemann, Melaniepassouadesenvolver diversas funes: enfermeira,barbeira, pajem, secretria, intrprete. Era ela quem anotava todos os sintomas dos pacientes.Dona de admirvel memria, passou a dominar a Matria Mdica Pura melhor que o marido e,comeouasugerir os remdios adequados paracadacaso. Diantedesuacapacidade,Hahnemann a encarregou do atendimento aos pobres, supervisionando-a algumas vezes.Enquanto isso, Melanie isolou, metdica e progressivamente, o seu marido de seus filhos enetos, atque, em1835, Hahnemannformulouoseusegundotestamento, cancelandooanterior que beneficiava seus herdeiros (6 filhos e 2 netos). No novo testamento, Hahnemannindicou a segunda esposa como herdeira ilimitada, conferindo-lhe direitos iguais aos dos filhosnos bens adquiridos at aquela data, aps o que, seria a herdeira integral.Logo depois de ter refeito o testamento, o casal mudou-se para Paris. Hahnemann deixou seuassistente Dr. Hofrat Lehmann em seu lugar.A transferncia de Hahnemann para Paris tem significado histrico. O retiro em Ktten umprenncio do rompimento com o movimento homeoptico alemo. Hahnemann fora spero emseus ataques a quemdivergia de suas opinies, no publicara mais nenhumtrabalho,dedicando-se exclusivamente prtica mdica, correspondendo-se apenas com amigos maisprximos. Este afastamento foi uma das causas da desacelerao na implantao daHomeopatia na Alemanha. Outras causas seriamligadas aos nveis poltico, econmico,ideolgico e cientfico. Na rea cientfica, na segunda metade do sculo XX, a Alemanha setornara um dos maiores expoentes em Anatomopatologia e, depois, em Bacteriologia.Ao mudar-se para a Frana, os mdicos franceses quiseram impedir Hahnemann de exercer aMedicina. O ministro Guizot escreveu ento Academia de Medicina da Frana: "Hahnemann um sbio de grande mrito. A cincia deve ser para todos. Se a Homeopatia uma quimeraou um mtodo sem valor prprio, ela cair por si mesma. Se , ao contrrio, um progresso,expandir-se- apesar de todas as medidas contrrias, e a Academia deve desej-lo antes dequalquer outra, ela que tem por misso impulsionar a cincia e encorajar as descobertas". Os homeopatas franceses receberam Hahnemann de braos abertos, esperando que o mestrelhes aperfeioasse os conhecimentos e lhes implementasse a produo literria homeoptica.Entretanto, Melanie tinha outros planos e tratou de garantir, rpido, umaclientelaabastada,enquanto reservava para siprpria o atendimentode um ambulatrio para pobres. Como oexercciomdicorequer umahabilitaolegal, Hahnemannfoi instadopor suaesposaasolicitar AcademiaHomeopticade Allentown, EstadosUnidos, umttulodeDoutoraemMedicina. Recusada em um primeiro momento, a solicitao depois foi atendida,transformando-se a jovem senhora em Doutor.Retirando-se gradativamente das atividades clnicas, Hahnemann procede reviso de suas 2obras maiores, Doenas Crnicas e o Organon, o que resultar na sexta edio deste, emborapstuma.Aos 88 anos, Hahnemann viu-se s voltas com um problema de brnquios e teve que parar detrabalhar.s 5 horas da manh de 2 de julho de 1843, Hahnemann morreu.Esperava-se um grande pblico no enterro, mas Madame Hahnemann, aps embalsamado ocorpo de seu esposo, arranjou um quase secreto funeral, e o sepultou em Montmartre, em umasepulturasimplesquejcontinhadoisoutroscaixes, pertencentesahomenscomquemMelanie relacionara-se em vida. Foienterrado como o mais pobre dos pobres e as palavrasque escolhera como epitfio ("Nun inutilis vixi- Eu no viviem vo") s foram gravadas notmulo 20 anos aps.Seus seguidores no ficaram contentes e, em 1898, foi conseguido o translado dos restos deHahnemann para o cemitrio de Pre Lachaise. Para a cerimnia, representantes da Medicinadediversospasescompareceram; comodaFrana, Alemanha, Blgica, nglaterra, tlia,Rssia, Espanha e dos Estados Unidos.Apsamortedomarido, Melanieprosseguecomotrabalhoclnicoeprocessadaporexerccioilegal daMedicinaepossedeumdiplomanoreconhecidonaFrana. Noanoseguinte, condenadaaumamultade100francos, mas, mesmodepois, continuasuasatividadestentandoatrair aParishomeopatasderenome, quepudessemlhefornecer osuporte legal necessrio ao exerccio da Medicina. Ela alcana seu objetivo em 1857, quandocasa sua filha adotiva com o filho de um ntimo amigo de Hahnemann, Dr.Bnninghausen.A HOMEOPATA NA FRANAHahnemann s reconhecia como discpulos aqueles que praticavam a Homeopatia pura, isentade qualquer mistura com os meios empregados at ento pela antiga medicina. Criaram-se,assim, duas correntes. Ao lado de Hahnemann, alinharam-se a escola de Genebra com PierreDufresne, a escola "ortodoxa", e de outro, a Escola de Griesselich, que representa o Ecletismo.Em Paris mesmo, a tendncia ecltica tem sua sociedade: a Sociedade Homeoptica de Paris(fundada em 1836). A tendncia "pura" representada pelo efmero nstituto Homeoptico daFrana, com Mure, Jahr vindo da Alemanha, Croserio e depois Lon Simon, que se religa aos"puros".Em 1841, o nstituto Homeoptico da Frana desapareceu e Mure, doente, parte para o Brasilondeelecomea, fundandoaescoladoRiodeJaneiro, edepois passaapropagar aHomeopatia na Amrica do Sul, Portugal, ndia, Egito. Quando no Brasil, faz surgir suas 39patogenesias brasileiras, que nos do remdios incomparveis.E, depoisdemuitosanos, umclnicorenomadoliga-seHomeopatia: Jean-Paul Tessier,mdicodosHospitaisdeParis, umdosfundadoresdaSociedadeMdicadosHospitaisdeParis. Tessier e seus alunos, cujo mais brilhante Pierre Jousset, praticam uma medicina queprocura um acordo entre a Alopatia e a Homeopatia. Em 1855, ele funda "A Arte Mdica", mas mais ou menos perseguido nos meios hospitalares: seus residentes homeopatas no chegama obter o ttulo, nem mesmo Pierre Jousset, embora tenha recebido a Medalha de Ouro daresidncia. Era perseguido tanto pelos alopatas quanto pelos homeopatas "puros". LonSimonministroucursospblicosdeHomeopatianaSorbonneat1870, quandofoiinterrompidopelaguerra. Antesmesmodaguerra, 2hospitaislivreshomeopticosforamfundados: o Hospital Hahnemann, com Lon Simon Filho, e a Casa Saint-Jacques, com PierreJousset.Nas dcadas seguintes, a Homeopatia na Frana tende a cristalizar-se, enquanto na Amrica,os trabalhos de Allen, Hering e Hugues transcendem de muito os trabalhos europeus. Por outrolado, na Frana, surgiu o brilho do gnio de Pasteur.Em1877, Finella redige "Novo Mtodo Homeoptico", sobre a aplicao de remdioscomplexos, aparecendo assim o "Pai dos complexos". Em1889, surge a Sociedade Francesa de Homeopatia, conciliando os eclticos e oshahnemaniannos.Umnovosculo comea. Pierre Jousset,embora idoso, compreende bem aimportncia daobra de Pauster e de Claude Bernard e inicia as primeiras experimentaes homeopticas nolaboratrio do Hospital Saint-Jacques, que se tornaram clssicas, usando baixas dinamizaes.Foi mais ou menos nesta poca que os franceses tomaramconhecimento da literaturahomeoptica americana, que aps Kent, elogiava as altas dinamizaes. Os partidrios das altas dinamizaes criam, ento, no incio de 1910, a Sociedade Regionalda Homeopatia do Sudeste da Frana e da Sua italiana. Aps a Primeira Guerra Mundial, a Homeopatia conheceu considervel desenvolvimentograas a Lon Vannier, que publicou diversas obras clssicas, e a seu aluno Fortier-Bernoville,prematuramente falecido.Outros autores importantes foram surgindo como: Paul Chiron, Gilbert Charette e Allendy.Atualmente, a maioria dos homeopatas da Frana esto em contato direto ou indireto com oestrangeiro, formando uma espcie de comunidade internacional. J em 1925, em Rotterdam, fundada a Liga Homeoptica nternacional. Em 1931, fundado o Centro Homeoptico daFrana por Lon Vannier e o Hospital Saint-Jacques em Paris. Em 1932, fundada a BibliotecaHomeoptica nternacional.Jacques Benveniste e o Dr Bernard Poitevin Na dcada de 80, estes dois pesquisadores fizeramvrias descobertas no campo daHomeopatia. No incio dos anos 80, o mdico homeopata especializado empesquisaexperimental, o Dr Bernard Poitevin, props a Benveniste usar seu teste de desgranulao dosbasfilos para avaliar a atividade biolgica das altas diluies.Elesconseguiramprovar quecertassubstnciasconhecidaspor impedir adesgranulao,como a histamina, agiam tambm em diluies muito elevadas e que o remdio homeopticochamado Apis (a abelha inteira esmagada) tinha igual poder. Por outro lado, um antgeno emaltadiluioeracapaz aindadeprovocar adesgranulao. Mediantecontraprovas, elesprovaramtambmqueoproduto-base(histamina, abelhaouantgeno) eranecessriopreparao das diluies, mas estava materialmente ausente nas altas diluies ativas.Descobriram que apenas a diluio no era suficiente para que o remdio tivesse atividadebiolgicaequecertonmero desucusses enrgicasentrecadanveldediluiogarantiaessaatividade. Diluiramsoluesat10-120! Poroutrolado, verificaramqueasdiluiesperdiamaatividadeseaquecidas almde80 C, secongeladas ousesubmetidas aoultrassom.Apartir de1986, os trabalhos dePoitevin eBenveniste sobre as altas diluies forampublicados em revistas de homeopatia e farmacologia e comentados pela imprensa. Mas cadaaluso a essas experincias nos meios de comunicao, gerava um desmentido categrico porparte dos mais notveis expoentes da Medicina convencional.Todos admitem que nenhuma substncia qumica pode subsistir alm de uma diluio de 10-12e Benveniste assegurou-se por filtrao que no restaria mais nenhuma molcula do produto-fonte nas diluies. Se as altas diluies tm efeito biolgico, Benveniste imaginou que a gua,veculoobrigatriodasdiluieshomeopticas, conservariaumalembranano-qumicadoproduto-fonte, ou seja, que existiria uma "memria da gua".Hoje em dia, sabe-se que esta hiptese no correta, mas que o medicamento homeopticofuncionariaatravsde"informaes" eletro-magnticastransmitidasaoorganismovivonaadministrao do remdio. Alis, o exame de Ressonncia Magntica capaz de comprovarque um medicamento homeoptico tem real atividade ao contrrio de um vidro com somente osolvente usado para fabric-lo.AS DFCULDADES NA PESQUSA CENTFCA HOMEOPTCATantoparaomdicocomoparaopaciente, aconsultanopoderiaseencerrar semaprescrio de um ou mais medicamentos, mesmo que seja indicada apenas uma medida dehigiene, uma dieta, uma suspenso do trabalho ou uma mudana de ar. A no-prescrio deum medicamento geralmente sentida pelo paciente como se fosse rejeitado pelo mdico ecomoseesseprofissional nolhereconhecesseoestadodedoente, ouaindacomoseomdico desconhecesse sua doena. O medicamento o representante simblico do saber domdico. Alm de smbolo de poder da Medicina, o medicamento tambm uma fonte inesgotvel delucro para poderosas empresasmultinacionais. O medicamento homeopticorevoluciona asleis desse mercado florescente: ele no caro, no necessita de nenhuma tecnologiasofisticada, no est sujeito ao registro de patentes e qualquer pessoa motivada pode fabric-lo. poucosensvel smodas, ningumseinteressaempromover oseumercadoeeminundar o pblico ou os mdicos de publicidade.O conluio entre a corporao mdica e a indstria farmacutica total. Os grandes hospitais eos centros universitrios dependemda indstria para subsidiar grande parte de suaspesquisas, e a indstria precisa dos servios hospitalares para os seus testes clnicos, sem osquais no consegue obter autorizao de venda. As obrigaes morais com os"patrocinadores", dos quais depende por vezes o seu salrio, coloca em cheque aindependncia dos mdicos e a isto se aliam todos os presentes, amostras, brindes, refeies,viagens e seminrios pagos pela indstria ao conjunto do corpo mdico.Sem dinheiro no h cincia. No nvel da pesquisa laboratorial, h 3 orientaes diferentes:a) Pesquisa fundamental: voltada para os problemas gerais das doenas, sem relao diretacom a teraputica (ex.: isolamento e anlise do vrus da ADS). , em primeiro lugar, obra deinstituies pblicas, universidades e laboratrios oficiais, s recebendo subveno da indstriacaso uma aplicao se anuncie para um futuro prximo, como o caso da ADS. Enquanto isso,as pesquisas sobre o cncer dependem da caridade pblica.b) Pesquisa aplicada: busca terapias contra doenas que ainda no tm remdios. Esse nveldepesquisaestnasmosdoslaboratriosfarmacuticosesrecebefinanciamentoemfunodesuas promessas comerciais. Por exemplo, adoenadeChagas quedevastapopulaes pobres da Amrica do Sul, representa uma clientela potencial negligencivel. J noquediz respeitoADS, a clientela potencial ilimitadaeas verbas liberadas paraoaperfeioamento de uma vacina e de medicamentos especficos considervel.c) Pesquisacomercial: mobilizaosmaioresesforosdoslaboratriosfarmacuticosesedestina a conservar uma parte do mercado e a adquirir novas fatias dele. Todo medicamentocom um nome-fantasia envelhece no esprito do pblico, e o seu efeito placebo se reduz, o quese chama "desgaste psicolgico". O novo produto d a idia de que a cincia est progredindoequeelerepresentaasltimasdescobertas. Todonovomedicamento(moda)destronaosantigos e os torna obsoletos. A arte consiste em convencer o mdico de que o ltimo produto melhor que os anteriores. Alguns remdios resistemao tempo, como a aspirina, masmuitssimo investimento necessrio para rejuvenesc-la. Essa pesquisa comercial criatambm pseudonovidades condicionando a clientela a tratar por meio de substncias qumicaspequenas afeces at ento pertencentes ao domnio das medidas higieno-dietticas. Assim,os medicamentos para o sistema digestivo e os alimentos medicalizados (ex.: leite em p parasubstituir o leite materno) representama maior porcentagemde negcios da indstriafarmacutica. Ao lado dos interesses polticos e econmicos em jogo j citados, h o medo de alguns dequestionar os fundamentos da bioqumica e do materialismo cientfico. Entretanto, a descobertado modo de ao da Homeopatia no seria uma negao dos conhecimentos j adquiridos esim uma abertura para explicar numerosos fenmenos ainda sem explicao, umacomplementaosteoriasdaqumicamolecular.Significariaqueasreaesvitaisseriamtambm determinadas por fenmenos "microfsicos", assim como o so reconhecidamente porfatores "macrofsicos" (ex.: temperatura, presso, umidade, ondas sonoras ou luminosas).Na Faculdade de Farmcia de Montpellier, os bilogos Vihn e Claudine Luu demonstraram acomplexa associatividade das molculas da gua e as diferenas de estruturas entre diluieshomeopticas feitas a partir de produtos diferentes.OutrapesquisaemFsica(Y. Lasne, J.-C. Duplan, B. Ferret, A. Gurin, "Contribuitionl'approche scientifique de la doctrine homopathique", "De natura rerum", vol., fevereiro de1989) conseguiu evidenciar a estrutura das diluies homeopticas aquosas por ressonnciamagntica nuclear.Esses resultados s podem ser explicados pela organizao da polarizao da gua segundocampos eletromagnticos complexos de baixssima energia, o que seria confirmado pelo fatode serem os medicamentos homeopticos destrudos pelo calor e pelos camposeletromagnticos de alta energia.A HOMEOPATA NOS ESTADOS UNDOSConstantin Hering (1800-1880) foi muito estimado pelo mestre. Aps abraar a Homeopatia, Hering no teve mais espao de atuao profissional e aventurou-se na Guiana Holandesa. Ali, elabora vrias experimentaes (patogenesias) e consegue talxito que nomeado Mdico Oficial. Em 1.834, instala-se na Filadlfia (EUA), onde funda a"Academia Norte-Americana para Tratamento Homeoptico". A Academia extinguiu-se devidoao desfalque dado por seu secretrio.Em1848, Heringfundaa"EscolaMdicaHahnemann", apoiadapor iniciativaprivada. Nocomeo do sculo XX, esta Escola era a mais importante instituio homeoptica do mundo,com mais de 70 professores e cerca de 300 alunos. Contava com uma biblioteca de mais de20.000 livros, em vrias lnguas. O hospital (com 200 leitos, inclusive obsttricos) e a policlnicaatendiam mais de 50.000 casos por ano. Foia primeira instituio a exigir um mnimo de 3anos de estudos, tendo formado mais de 3.500 homeopatas.Foi Heringquemdeuaos homeopatas umvaliosoinstrumentoconceitual paraavaliar aprogresso do quadro clnico; o chamado "cdigo de Hering", que se enuncia da seguintemaneira. A evoluo de um paciente favorvel:a) em primeiro lugar, se os sintomas vo de dentro para fora;b) em segundo lugar, se os sintomas se deslocam para baixo;c) em terceiro lugar, se os sintomas atuais so substitudos por sintomas antigos.A expanso da Homeopatia acelerada com a fundao de escolas em Cleveland, St. Louis,Chicago e Nova York. Antes da Primeira Guerra Mundial, existiam 56 hospitais homeopticospuros, contando cada umcom35 a 1.400 leitos; 9 hospitais para mulheres (incluindomaternidade), com 30 a 100 leitos cada um; 13 asilos para doentes mentais (de 150 a 200leitos cada um); 9 hospitais infantis (alguns com at 200 leitos); 21 sanatrios e 8 orfanatos,onde se praticavaunicamente ateraputica homeoptica,comacomodaes emum deles,para at 825 crianas.Com a descoberta do ouro na Califrnia (e depois na Austrlia), iniciou uma verdadeira "corridadoouro", commilharesdeeuropeusimigrandoparaosEstadosUnidos. Em1.862, houveoferta de terras pblicas, cedidas gratuitamente a qualquer americano que nelas residisse pormais de 5 anos. Entretanto, a utopia fracassou, no houve terra para todos e os verdadeirosbeneficirios foram os especuladores, financistas e intermedirios capitalistas. Osul escravista, queexportavaalgodoparaaindstriatxtil britnica, terminaemumaestagnao econmica. O Norte (antiescravista) desenvolve-se aceleradamente, baseando-senaatividadeindustrial. Daoestmulo de ummercadodetrabalhoaberto, daocupaodeterrasdoOestepor homenslivresequeampliassemomercadoconsumidor.Seguem-se,ento, a conquista do Oeste e o conflito Norte-Sul (Guerra de Secesso).Com o enorme crescimento populacional, no havia mdicos suficientes e surgiram, ento, osvendedores de tnicos e elixires contra toda e qualquer doena. Estes curandeiros e charlatesse auto-intitulavam mdicos e no havia qualquer controle sobre a profisso. No final do sculoXV, os poucos estudantes de Medicina aprendiam a Arte diretamente com os mdicos, noseu exerccio profissional.Criaram-se, assim, asprimeirasSociedadesMdicas.Atmeadosdosculo, cercade40Associaeslocaishaviamsidofundadas, mas, sem1847, naFiladlfia, foi fundadaaAssociao Mdica Americana, por cerca de 250 mdicos. O pretendido controle da profissonumaterraemquealiberdadeeratovalorizada, spiorouasituao. Poroutrolado, oaumentoprogressivodeEscolasMdicaspoucocontribuiuparamelhorar aqualidadedaprtica. No comeo deste sculo, das cerca de 400 escolas existentes, a maioria esmagadoraera de propriedade individual e s algumas estavam ligadas a uma Universidade.Em1850, a poderosa "American Medical Association" estava voltada para combater oshomeopatas que acabavam de fundar a sua prpria associao nacional e se atribua o direitode cassar a licena de qualquer mdico suspeito de dedicar-se a essa heresia. Outras medidasradicais conseguiram excluir a homeopatia dos EUA, mesmo que este pas nos tenha dadograndes mestres no passado, como Constantin Hering e James Tyler Kent . Vale lembrar que,em 1908, os Estados Unidos aprovaram o Relatrio Flexner, que fechou mais da metade dasescolas de Medicina do pas, sob pretexto de melhorar a qualidade dos mdicos e de suasescolas. Entretanto, todas as escolas que formavam homeopatas foram fechadas...Em compensao, permitiu-se curiosamente o desenvolvimento da Quiroprtica e daOsteopatia em escolas americanas que conferem ttulos de "doutor". E, mais recentemente, aAcupuntura foi implantada nos EUAcoma tolerncia dos mdicos. Ser porque essasatividades no tenham o atributo de receitar medicamentos e no concorram diretamente coma indstria farmacutica ?James Tyler Kent (1.849-1.916):James Tyler Kent foi o maior expoente da Homeopatia norte-americana.Kent, embora no satisfeito com a Alopatia, inicia-se na Medicina Homeoptica, assim comoHering, para demonstrar sua ineficcia e, assim como o outro, torna-se um adepto. Por mais de40 anos exerceu a Homeopatia, tendo sido Decano de Escola de Ps-Graduao deHomeopatia, na Filadlfia, bem como Professor de Matria Mdica do Hospitale FaculdadeMdica Hahnemann, deChicago, edaFaculdade Hering, tambmnaquelacidade. Suaproduo literria foi extensa.Dizia que o homem tem um governo interno que dirige e controla, um centro que supremo.Esse dom divino localiza-se na massa cinzenta do crebro, mas se desdobra em 3: o prpriocrebro, ocerebeloeamedulaespinhal.A Alma(vontadeeentendimento)transmitesuasdeterminaes ao elemento operativo (Fora Vital, "vice-regente"), que providencia asadequadasexpressesaocorpomaterial. Manifestando-se, aclulaaprpriatotalidade.Kent acreditavaqueDeusconfere Alma(a"substnciasimples")poderesparaorientaraFora Vital na organizao harmoniosa da matria do corpo humano. Apontava a existncia dedois mundos: o da "causa", invisvel (mundo do pensamento, que s pode ser descoberto peloentendimento) e o dos "fins" (tudo o que podemos apreender com os 5 sentidos).Dizia que, j que o mundo ordenado por Deus, segundo leis fixas e imutveis, a doena seriao advento de uma desordem, de uma transgresso Lei. Como a Lei pertence ao "mundo dacausa", entoatransgressoocorreriatambmnessemundo. Asbactrias, por exemplo,seriam apenas o resultado da enfermidade. Kent rejeita a Bacteriologia. O Homem adoece nopor causas externas (bactrias) e nem por nada que o rodeia, mas por causas que existemdentro de si mesmo. O livre-arbtrio, sendo a possibilidade do pecado, tambm do sofrimentohumano, configurado pela doena.A doena ocorreu quando o homem comeou a desejar coisas que eram resultado de um falsopensamento. A transgresso Lei , assim, o fato primordial que possibilita todo o sofrimentosubseqente da raa humana.Entretanto, abondadedeDeusnoiriapermitirapossibilidadedeumanoremissodospecados, por isso, tambm ps no mundo elementos (a doena artificial) que se antepusessemao mal.Olivro"RepertriodeKent" consideradocomoumdosmaisimportanteseinfluenciouamplamente o movimento homeoptico.A HOMEOPATA NA RSSANa Rssia, a Homeopatia tem um impulso iniciado por no-mdicos, entre os quais se destacao General Korsakoff, notabilizado pela proposio de altssimas dinamizaes, que, inclusive,merecem reprovao de Hahnemann.A HOMEOPATA NO BRASLA Homeopatia no Brasil, como j visto antes iniciou com a vinda do mdico francs Benoit JulesMure, em 1840. A princpio se instalou em Santa Catarina e, depois, no Rio de janeiro. Ajudadopor JooVicenteMartins, fundouaEscolaHomeopticadoBrasil, autorizadaaconferircertificados pelo Governo mperial, atravs de despacho da Secretaria de Negcios da Justiade 27 de maro de 1846, amparado na lei de 3 de outubro de 1832, que organizou o ensino nopas.Em1879, fundadooficialmenteonstitutoHahnemannianoFluminensee, em1880, transformado em nstituto Hahnemanniano do Brasil. Em 1886, um Decreto mperialoficializa as Farmcias Homeopticas e, pele primeira vez otermo "mdico homeopata" aparece na legislao brasileira.Em 1902, fundada a Enfermaria Homeoptica no Hospital Central do Exrcito e, em 1908, aEnfermaria Homeoptica do Hospital Geral da Marinha. Em 1912, o nst.H.B. sob a presidncia do Prof. Licnio Athanazio Cardoso, funda a FaculdadeHahnemanniana.Em 1915, o Governo Federal doa um imvel no Rio de Janeiro para a instalao da Escola eHospital HahnemannianodoBrasil, reconhecendo-ocomoentidadedeutilidadepblicaeautorizando-o a habilitar mdicos homeopatas.Em 1921, o Ministrio da Justia e Negcios nteriores equipara a Faculdade Hahnemannianas faculdades oficiais.Em 1952, uma Lei torna obrigatrio o ensino de Noes de Farmacotcnica Homeoptica nasFaculdades de Farmcia de todo o pas. Em 1957, o Presidente Juscelino Kubitschek, federaliza a Escola de Medicina e Cirurgia do Riode Janeiro, oriunda da Faculdade Hahnemanianna (atualmenteintegradaUniversidade doRiodeJaneiro- UN-RO),obrigandomanutenode3 disciplinasde Homeopatianessaescola.Em 1965, o Presidente Castelo Branco regulamenta a manipulao, o receiturio e a venda deprodutos homeopticos. Em1976, umDecreto aprova a Parte Geral de FarmacopiaHomeoptica Brasileira.O Conselho Federal de Medicina do Brasil s reconheceu a Homeopatia como especialidademdicaem1980(Resoluon 1000), graasaosesforosdonst.H.B. atravsdoseupresidenteProf.Alberto Soares deMeirelles. Em1982, oConselho Federal de Medicinaestabeleceu as novas normas para obteno do ttulo na especialidade.Em 1986, o NAMPS implanta o "Programa de Homeopatia" .No mesmo ano, o Escritrio Regional de Sade de Marlia-SP realiza o primeiro concurso paramdico homeopata na redeoficial daSecretariadaSade deumEstado. Em1988, aComisso nterministerial de Planejamento e Coordenao fixa diretrizes sobre o atendimentode Homeopatia nos servios pblicos e implanta a sua prtica nos Servios de Sadeincluindo-a na programao do Sistema Unificado e Descentralizado de Sade das UnidadesFederadas. Em 1989, o Escritrio Regional de Sade da Penha (ERSA 4), na cidade de SoPaulo, realiza concursoparamdicohomeopata. Soaprovadasdiretrizes geraisparaoatendimento em Homeopatia na rede estadual.Atualmente, a formao do mdico homeopata se realiza atravs de cursos de ps-graduao,pois quase a totalidade das Faculdades de Medicina do pas no tm em seu currculo umadisciplina sobre Homeopatia. As excees, por enquanto so: a Escola de Medicina e Cirurgiado Rio de Janeiro e o Curso Mdico da Universidade de Uberlndia, que a oferecem comodisciplina optativa.Portanto, no Brasil, para um mdico ser especialista em Homeopatia, aps um curso de 3 anosde ps-graduao em curso reconhecido pelo MEC, deve prestar exame junto AssociaoMdica Brasileira e registrar seu diploma junto ao Conselho Federal.By Softersys Classic Home Pagehttp://www.geocities.com/scheylaceroni/histhom.html