a herança colonial e a pobreza na África subsaariana

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A herança colonial e a pobreza na África Subsaariana Como vimos, os violentos conflitos civis que sacodem os países da África Subsaariana resultam da artificialidade das fronteiras criadas pelos colonizadores. Desde a década de 1960, a região foi castigada por mais de cem golpes de Estado e por milhares de episódios de guerra entre povos diferentes. Como resultados disso, milhões de refugiados vagam pela região, fugindo de guerras e perseguições. Além disso, vastas regiões da África Subsaariana se transformaram em fornecedoras de produtos agrícolas e minerais para as potências europeias no período colonial. Até hoje, os países independentes que se formaram nessas regiões vivem das exportações primárias. Na África ocidental, em especial na Nigéria, em Gana, na Costa do Marfim e no Senegal, as plantações tropicais substituíram a agricultura tradicional de subsistência nas terras mais férteis. Esses países são grandes exportadores de produtos agrícolas, principalmente cacau, café, algodão e amendoim, mas dependem de importações para obter alimentos que, em geral, não são suficientes. As imensas reservas minerais de Angola, Zâmbia, Botsuana, Gabão, Guiné e Nigéria também não são utilizadas em favor das economias nacionais, mas seguem, em grandes quantidades, para os portos europeus e norte-americanos. O caso do petróleo é bastante ilustrativo: 70% do óleo extraído na África é exportado e 90% da energia utilizada no continente provém da lenha extraída das florestas, o que contribui para o dramático quadro de desmatamento. Nesse contexto, a África do Sul se destaca como uma economia moderna, urbana e industrial. O país é responsável por aproximadamente 50% de toda a produção industrial africana. Entretanto, a África do Sul viveu um longo período sob o sistema de segregação racial, no qual a elite branca

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Page 1: A herança colonial e a pobreza na África Subsaariana

A herança colonial e a pobreza na África Subsaariana

Como vimos, os violentos conflitos civis que sacodem os países da África Subsaariana resultam da artificialidade das fronteiras criadas pelos colonizadores. Desde a década de 1960, a região foi castigada por mais de cem golpes de Estado e por milhares de episódios de guerra entre povos diferentes. Como resultados disso, milhões de refugiados vagam pela região, fugindo de guerras e perseguições.

Além disso, vastas regiões da África Subsaariana se transformaram em fornecedoras de produtos agrícolas e minerais para as potências europeias no período colonial. Até hoje, os países independentes que se formaram nessas regiões vivem das exportações primárias. Na África ocidental, em especial na Nigéria, em Gana, na Costa do Marfim e no Senegal, as plantações tropicais substituíram a agricultura tradicional de subsistência nas terras mais férteis. Esses países são grandes exportadores de produtos agrícolas, principalmente cacau, café, algodão e amendoim, mas dependem de importações para obter alimentos que, em geral, não são suficientes.

As imensas reservas minerais de Angola, Zâmbia, Botsuana, Gabão, Guiné e Nigéria também não são utilizadas em favor das economias nacionais, mas seguem, em grandes quantidades, para os portos europeus e norte-americanos. O caso do petróleo é bastante ilustrativo: 70% do óleo extraído na África é exportado e 90% da energia utilizada no continente provém da lenha extraída das florestas, o que contribui para o dramático quadro de desmatamento. Nesse contexto, a África do Sul se destaca como uma economia moderna, urbana e industrial. O país é responsável por aproximadamente 50% de toda a produção industrial africana.

Entretanto, a África do Sul viveu um longo período sob o sistema de segregação racial, no qual a elite branca privava os negros de seus direitos de cidadania. Apenas com a democratização, associada ao fim do regime de segregação, o país pôde despontar de fato como uma liderança regional.

A União Africana (UA), criada em 2002, é uma expressão dessa liderança. Criada sob o patrocínio da África do Sul, a UA dispõe de um Conselho de Paz e Segurança, com poderes para intervir em conflitos civis e prevenir episódios de massacre no continente.

Além disso, ela incorpora um programa de financiamento econômico — a Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (Nepad) —, apoiado pelos países ricos. A nova organização parece indicar um caminho promissor para a construção de uma África menos violenta e mais próspera.

http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/ef2/geografia/construindo/docs/africa_inteiro.pdf