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1 Letras Magistério em Português e Espanhol Artigo de revisão A Harmonização Vocálica dos fonemas /e/ e /o/ em posições pré-tônicas do português brasileiro. The Vocalic Harmonization of / e / and / o / phonemes in pretonic positions of the Brazilian Portuguese. Luiz Carlos de Souza Júnior¹, Wagner Fellipy de Farias Argenta¹, Maria das Graças M. P. de Carvalho² 1 Alunos do Curso de Letras 2 Professora Orientadora do curso de Letras Resumo Este trabalho se concentra na pesquisa do fenômeno linguístico designado Harmonização Vocálica e visa compreender sua produção, o aparelho fonador em interação com o ar no intuito de se analisar a forma como os sons são produzidos e emitidos. Concentra-se, também, na apresentação das manifestações deste fenômeno em algumas regiões brasileiras, explanando as características mais marcantes de cada região, bem como os pontos em comum entre elas. Palavras-Chave: Harmonização Vocálica; Vogal; Aparelho Fonador; Ocorrências no Brasil. Abstract This work focuses on the linguistic phenomenon research designated as Vocalic Harmonization and aims to understand the factors involved in their production, such as the vocal tract in interaction with the air, in order to examine how the sounds are produced and issued. It focuses, also, on the presentation of the manifestations of this phenomenon in some regions of Brazil, explaining the major features of each region, as well as the common ground among them. Keywords: Vocalic Harmonization; vowel; vocal tract; Brazilian occurrences. Contato: [email protected] / [email protected] INTRODUÇÃO O presente artigo analisa o fenô- meno linguístico denominado Harmoniza- ção Vocálica (HV), no intuito de se com- preender a sua realização, bem como a forma como ocorre, as partes do corpo humano envolvidas na sua produção e as possíveis consequências de seu uso. Possui arcabouço teórico funda- mentado em nomes significativos e repre- sentantes da língua portuguesa, além de pesquisadores da mesma área, tais como: Câmara Júnior (1970), Silva (1998), Be- chara (2009), Seara, Nunes e Lazzarotto- Volcão (2011), Carmo (2009), Oliveira (2009), Bisol (1981) entre outros. Por se tratar de uma análise teóri- ca, o estudo de diversas fontes bibliográfi- cas entre elas livros, artigos e pesquisas científicas se fez necessário, no intuito de se obter o cruzamento das diversas informações relacionadas a um único ob- jeto de inspeção, a Harmoniação Vocáli- ca. Para isso, foi necessário realizar um levantamento dos pontos relevantes para este artigo e, ao mesmo tempo, res- saltar brevemente as diversas ocorrências do fenômeno em questão, estudadas em algumas regiões brasileiras. Não somente abarcando o estudo deste fenômeno linguístico, bem como das partes do corpo humano e outros tó- picos já mencionados, explora, também, as definições de vogal e consoante, po- rém, mais precisamente a da primeira além de sua produção sonora e de sua relação com a Harmonização Vocálica, já que o próprio nome ressalta a importância das vogais que, no caso deste artigo, se- rão focadas nas nos fonemas /e/ e /o/.

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Letras Magistério em Português e Espanhol Artigo de revisão

A Harmonização Vocálica dos fonemas /e/ e /o/ em posições pré-tônicas do português brasileiro. The Vocalic Harmonization of / e / and / o / phonemes in pretonic positions of the Brazilian Portuguese.

Luiz Carlos de Souza Júnior¹, Wagner Fellipy de Farias Argenta¹, Maria das Graças M. P. de Carvalho² 1 Alunos do Curso de Letras 2 Professora Orientadora do curso de Letras

Resumo

Este trabalho se concentra na pesquisa do fenômeno linguístico designado Harmonização Vocálica e visa compreender sua produção,

o aparelho fonador em interação com o ar no intuito de se analisar a forma como os sons são produzidos e emitidos. Concentra-se,

também, na apresentação das manifestações deste fenômeno em algumas regiões brasileiras, explanando as características mais

marcantes de cada região, bem como os pontos em comum entre elas.

Palavras-Chave: Harmonização Vocálica; Vogal; Aparelho Fonador; Ocorrências no Brasil.

Abstract

This work focuses on the linguistic phenomenon research designated as Vocalic Harmonization and aims to understand the factors

involved in their production, such as the vocal tract in interaction with the air, in order to examine how the sounds are produced and

issued. It focuses, also, on the presentation of the manifestations of this phenomenon in some regions of Brazil, explaining the major

features of each region, as well as the common ground among them.

Keywords: Vocalic Harmonization; vowel; vocal tract; Brazilian occurrences.

Contato: [email protected] / [email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo analisa o fenô-meno linguístico denominado Harmoniza-ção Vocálica (HV), no intuito de se com-preender a sua realização, bem como a forma como ocorre, as partes do corpo humano envolvidas na sua produção e as possíveis consequências de seu uso.

Possui arcabouço teórico funda-mentado em nomes significativos e repre-sentantes da língua portuguesa, além de pesquisadores da mesma área, tais como: Câmara Júnior (1970), Silva (1998), Be-chara (2009), Seara, Nunes e Lazzarotto-Volcão (2011), Carmo (2009), Oliveira (2009), Bisol (1981) entre outros.

Por se tratar de uma análise teóri-ca, o estudo de diversas fontes bibliográfi-cas – entre elas livros, artigos e pesquisas científicas – se fez necessário, no intuito

de se obter o cruzamento das diversas informações relacionadas a um único ob-jeto de inspeção, a Harmoniação Vocáli-ca.

Para isso, foi necessário realizar um levantamento dos pontos relevantes para este artigo e, ao mesmo tempo, res-saltar brevemente as diversas ocorrências do fenômeno em questão, estudadas em algumas regiões brasileiras.

Não somente abarcando o estudo deste fenômeno linguístico, bem como das partes do corpo humano e outros tó-picos já mencionados, explora, também, as definições de vogal e consoante, po-rém, mais precisamente a da primeira além de sua produção sonora e de sua relação com a Harmonização Vocálica, já que o próprio nome ressalta a importância das vogais que, no caso deste artigo, se-rão focadas nas nos fonemas /e/ e /o/.

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Não obstante, apresenta uma breve análise dos segmentos vocálicos, classifi-cando-os de acordo com a posição da língua em relação ao som produzido para cada um destes fonemas do português brasileiro.

Por fim, discorre sobre a análise das possíveis consequências do uso da HV, seja de forma consciente ou inconsci-ente, para que se obtenha o resultado de que, caso seja praticada, o que pode ser afetado no âmbito da comunicação entre dois ou mais indivíduos, focando o enten-dimento, ou não entendimento, entre os falantes envolvidos. APARELHO FONADOR

O aparelho fonador é, de acordo com Oliveira (2009), “o conjunto de ór-gãos e partes do corpo humano que atu-am entre si, em subgrupos formados por alguns destes órgãos e destas partes en-volvidas neste processo, no intuito da produção dos sons da fala”.

O autor ainda afirma que esse sis-tema é composto pelos pulmões, traquéia, laringe, epiglote, cordas vocais, glote, fa-ringe, véu palatino, palato duro (ou céu da boca), palato mole, língua, dente, mandí-bula, lábios e cavidades nasais.

Sendo assim, pelo fato de o corpo humano não possuir um órgão único cuja função exclusiva seja a produção sonora, precisa compartilhá-la com todos os ór-gãos que possuem, inicialmente, o de-sempenho para as funções vitais do orga-nismo.

Por isso, para o presente artigo, não se faz necessário explorar de forma mais profunda a segunda função, já que se concentra, essencialmente, na produ-ção dos sons.

No intuito de se compreender a produção sonora realizada pelo corpo humano, é essencial que se considere o ar como o elemento externo mais impor-tante para tal realização. É a sua passa-gem, através das diversas cavidades, par-tes e órgãos do corpo, que torna possível a emissão das variadas pronúncias reali-

zadas pelo ser humano. É de suma impor-tância ressaltar também que o ar contribui para a produção sonora quando é expeli-do pelo corpo (ato de expiração) e não quando é impulsionado para dentro dele (ato de inspiração).

Para Seara, Nunes e Volcão (2011), “o aparelho fonador é dividido em duas partes – e seu ponto divisor é dado pelo espaço existente entre as cordas vo-cais, chamado de glote: a região subglóti-ca (abaixo da glote) e a região supraglóti-ca (acima da glote)”.

Ainda de acordo com as autoras, torna-se imprescindível destacar que, apresentadas tais partes pertencentes ao aparelho fonador, ao passo em que as mesmas sejam relacionadas com suas devidas funções fonéticas, conclui-se que, não apenas o grupo de órgãos e demais pontos de articulação se relacionam entre si com a finalidade de produção dos sons consonantais e vocálicos bem como a maneira que se posicionam e trabalham com as correntes de ar no intuito de pro-duzir os sons humanos, estas partes são também utilizadas para se realizar a co-municação em um nível entre fala e audi-ção.

Desta forma, pode se depreender que não somente os sons serão produzi-dos para a finalidade comunicativa entre dois ou mais indivíduos. Porém este artigo trata exclusivamente deste tópico e se concentra no estudo do grupo de órgãos e partes do corpo humano no que tange à produção sonora.

Em outras palavras, no que se refe-re ao âmbito da comunicação oral entre dois ou mais indivíduos, estes podem se utilizar de recursos linguísticos quando da entonação das palavras usadas em suas falas no intuito de expressar intenções que, num contexto escrito, talvez não pu-dessem ser claramente compreendidas.

Tais intenções podem ser expres-sadas com as finalidades de: ênfase (para se frisar o quão significativa a mensagem é), ironia (contrastando-se o ‘que’ se diz com o ‘como’ se diz), conotação humorís-tica (com propósito de descontração), sar-

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casmo (com uso da ironia, porém de for-ma mais agressiva) entre outros.

Sendo assim, ao se falar em pro-dução oral, é necessário que haja uma análise de vários fatores, contextos e situ-ações para que se entenda o conjunto que é composto pelas diversas manifesta-ções orais de um indivíduo, bem como a explanação de onde este processo ocor-re.

Abaixo, pode se verificar as posi-ções e os nomes dos componentes do aparelho fonador:

Figura 1. Aparelho fonador humano. Parker (2007, p. 137)

Assim como mostrado na figura e

ainda de acordo com as autoras, a região supraglótica é composta pela cavidade nasal, cavidade oral, língua, laringe e pre-gas (ou cordas) vocais. Na laringe, locali-zam-se as cavidades faríngea, oral e na-sal.

A cavidade faríngea é constituída da faringe, que é dividida em três porções: nasofaringe, orofaringe, laringofaringe. Essa cavidade pode ter seu tamanho mo-dificado a partir do levantamento ou abai-xamento da laringe.

A cavidade oral é composta pela boca, na qual estão localizados a língua, o palato duro e mole (ou véu palatino), a úvula, os alvéolos, os dentes e os lábios. Na cavidade nasal, encontram-se as nari-nas.

As autoras ainda ressaltam que os órgãos articuladores envolvidos na produ-ção da fala dividem-se em ativos e passi-vos.

Os articuladores ativos são aqueles que se movimentam para a realização dos diferentes sons da fala e são constituídos: pela língua (que se divide em ápice (pon-ta), lâmina e dorso) e lábio inferior, que alteram a cavidade oral; pelo véu do pala-to, que é responsável pela abertura e fe-chamento da cavidade nasal; e pelas pre-gas vocais.

Os articuladores passivos compre-endem o lábio superior, os dentes superi-ores, os alvéolos (região crespa, logo atrás dos dentes superiores), o palato du-ro (região central do céu da boca) e o pa-lato mole (parte posterior do céu da boca). SEGMENTO VOCÁLICO

Este segmento trata de discorrer sobre os segmentos vocálicos, dando ên-fase aos processos articulatórios mais relevantes e, para isso, necessita-se compreender primeiramente como ocorre a articulação das vogais referente à pas-sagem de ar.

Em relação a esse tema, e de acordo com Silva (2002, p.66), “na produ-ção de um segmento vocálico a passa-gem da corrente de ar não é interrompida na linha central e, portanto, não há obs-trução ou fricção no trato vocal”.

A autora então define basicamente no parágrafo anterior que, nas vogais, não há nenhum impedimento a essa passa-gem de ar, ou seja, os segmentos vocáli-cos são produzidos com o fluxo de ar passando livremente ou praticamente sem obstáculos (obstruções ou constrições) no ato da fala.

Já as consoantes são articuladas a partir de alguma obstrução em um ponto articulatório, seja ela parcial ou total. Ou-tra diferença entre esses dois tipos de sons é que as vogais são vozeadas, isto é, são produzidas com a vibração das pregas vocais, enquanto as consoantes podem ou não ser produzidas com vibra-ção das pregas vocais. Desta forma, as consoantes poderão ser classificadas co-mo vozeadas ou não vozeadas (ou até mesmo desvozeadas).

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O português brasileiro apresenta, seguindo o raciocínio de Callou (1991) e Câmara Junior (1970), sete fonemas vo-cálicos que ainda de acordo com Callou (1991, p.79), referindo-se ao sistema vo-cálico “organizam-se de forma triangular, pelo fato de a vogal a não constituir uma dualidade opositiva, ocupando o vértice mais baixo de um triângulo de base para cima”.

Outros aspectos também são leva-dos em consideração na descrição deste segmento, que seguindo os estudos de Silva (2002, p.66) são: “posição da língua em termos de altura; posição da língua em termos anterior/posterior; arredonda-mento ou não dos lábios”. Observa-se na citação de Silva que devemos considerar a articulação das vogais como um todo, desde a saída de ar dos pulmões até o som produzido.

Para Bechara (2009), as vogais são classificadas nos seguintes critérios: “a. quanto à zona de articulação; b. quan-to à intensidade; c. quanto ao timbre; d. quanto ao papel das cavidades bucal e nasal.”

Ainda de acordo com o autor, no que se refere à zona de articulação, as vogais podem ser caracterizadas como médias, anteriores ou posteriores; quanto à intensidade, elas podem ser classifica-das como átonas e tônicas; quanto ao timbre, podem ser abertas fechadas ou reduzidas e, quanto ao papel das cavida-des bucal e nasal, as vogais podem ser nasais ou orais.

De acordo com Câmara Júnior (1970), há três parâmetros articulatórios para que se classifiquem as vogais: o ân-gulo de abertura do maxilar inferior, a po-sição da língua em relação ao palato duro (vulgo céu da boca) e arredondamento ou não arredondamento dos que ocorre nos lábios.

Dentre as vogais, há uma caracte-rística fonética que as distingue entre si, não apenas pelo timbre ou som produzi-do, mas também pela intensidade de suas pronúncias.

Para tal, distinguem-se como vo-

gais fortes os sons de /a/, /e/ e /o/ e como vogais fracas os sons de /i/ e /u/. Essas classificações sobre as vogais, ainda em consonância com Câmara Junior (1970) e Silva (2002), estão representadas a se-guir:

Classificação vocálica CÂMARA JÚNIOR (1970, p.43). Nota-se que, quanto mais baixa é a posição da língua, mais forte será a inten-sidade do som produzido ou se pronunci-ar uma vogal. Em outras palavras, a altura da lín-gua e a força como a vogal será pronun-ciada são grandezas inversamente pro-porcionais. Após esta consideração, um ponto importante que deve ser observado, de acordo com Callou (1991), é que:

Este sistema completo de sete vogais só funcio-na em sílaba tônica. Nas sílabas átonas, ocorre o que se convencionou chamar, dentro da lin-guística estrutural euro-peia, de neutralização, isto é, o processo pelo qual dois ou mais fone-mas que se opõem em determinado contexto deixam de fazê-lo em ou-tro (...) No que diz respei-to às vogais, quanto maior o grau de atonici-dade, maior possibilida-de de ocorrer neutraliza-ção. (Callou, 1991, p.79)

SEMIVOGAIS

Há, no entanto, certos segmentos fonéticos que não possuem uma caracte-rística tão precisa quanto à análise atra-vés da passagem do ar, de sua obstrução

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ou até mesmo de como e onde são pro-duzidos, não podendo, por esta razão, serem classificados como vogais ou con-soantes. Por esta razão, faz-se necessá-ria a análise a seguir.

As classificações das semivogais encontram-se em diversas gramáticas e, para entrar nas especificações do trabalho a respeito destas mesmas, primeiro preci-sa-se definir o que vem a ser uma semi-vogal.

De acordo com Cunha e Cintra (2001), semivogais são os fonemas /i/ e /u/ que, quando unidos a uma vogal, for-mam uma sílaba.

No estudo de fonética e fonologia do português, as vogais e semivogais são definidas por parâmetros que as distingue, como vimos no primeiro parágrafo, para articular o som das mesmas, o qual está representado na tabela de Câmara Junior.

É preciso ser levado em considera-ção a posição da língua e dos lábios no ato da fala, já que a passagem do ar não sofre obstrução na articulação dos fone-mas vocálicos.

As semivogais /i/ e /u/ são articula-das com a língua na posição mais eleva-da, enquanto em relação à posição dos lábios podemos observar a análise de Sil-va (2002):

A vogal [w] difere-se da vogal [u] somente quanto ao arredondamento dos lábios. Temos então que [w] é um [u] produzido com os lábios estendi-dos. Da mesma maneira a vogal [y] difere-se da vogal [i] somente quanto ao arredondamento dos lábios (que são arredon-dados em [y]) temos en-tão que [y] é um [i] pro-duzido com os lábios ar-redondados. (Silva, 2002, p.69).

A citação de Silva ilustra que a se-

mivogal se articula diferentemente da vo-gal, e ambas se diferem tanto na posição da escrita, como foi abordado na citação de Cunha que as define como o fonema /i/

e /u/ que unidas a uma vogal formam uma sílaba, como também na articulação em que são pronunciadas pelo arredonda-mento dos lábios. Isso se faz claro quan-do se observa a tabela que indica a posi-ção dos lábios, conforme Silva:

Figura 3. Classificação das vogais quanto ao arre-dondamento dos lábios (SILVA, 2002, P.69).

O gráfico de Silva, apresentado

acima, demonstra o fenômeno ocorrido na articulação desses dois fonemas que re-presentam as semivogais, o que ocorre com a vogal /u/ é que quando pronuncia-da como semivogal os lábios estarão es-tendidos produzindo o fonema [w]. No ca-so da vogal /i/, ocorre o contrário: os lá-bios apresentarão um arredondamento característico a essa semivogal produzin-do o fonema [y].

A diferença na articulação pode ser melhor observada nos exemplos de Cu-nha e Cintra (2001), descritos nos pará-grafos anteriores, na palavra [‘rua] em que o /u/ não é semivogal, pois nota-se o ar-redondamento dos lábios.

Isso não ocorre em [‘mew] e [‘kwatru], onde o fonema /u/ é classificado como semivogal.

No caso do /i/, observa-se que, na palavra [‘rizu], o lábio se apresenta esten-dido ao contrário de [´barju] em que é se-mivogal.

É importante ressaltar que tanto o fonema /i/ quanto o fonema /u/, quando encontrados na sílaba tônica das pala-vras, não serão semivogais, já que o acento tônico lhes garante a tonicidade de uma vogal, ainda que em alguns casos não recebam tal classificação. HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA

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Inicialmente, para que se possa compreender o que é a Harmonização Vocálica, é importante levar em conside-ração os elementos estudados anterior-mente, pois o fenômeno abrange pontos significativos dentro da vertente fonético-fonológica e, dificilmente, teria uma análi-se clara sem que tais elementos fossem consultados e considerados.

A definição de Harmonização Vocá-lica é, de acordo com Cavalière (2005), uma “tendência de assimilação vocálica tradicional no português, em que uma vo-gal média pretônica cede espaço à cor-respondente alta da mesma zona articula-tória por influência da vogal tônica alta”.

Em outras palavras, o autor discor-re sobre a alteração das pronúncias dos fonemas /e/ e /o/ como /i/ e /u/, respecti-vamente, em detrimento à vogal tônica da palavra, já que esta influencia tal mudan-ça.

De forma mais clara, ao se pronun-ciar, por exemplo, a palavra ‘despesa’ como se fosse ‘dispesa’, tem-se que, pri-meiramente, o fonema /e/ da sílaba ‘des’ foi substituído pelo fonema /i/, por conta da influência da vogal tônica da sílaba ‘pe’, corforme mencionado pelo autor.

Isto posto, pode-se verificar que o fonema /e/ da sílaba tônica ‘pe’ não sofreu alteração a nível da HV, pois esta é a sí-laba tônica da palavra e o acento tônico não permite alteração de seu fonema vo-cálico, já que este é representado pelo som verdadeiro da vogal.

Por fim, percebe-se que, ao se to-mar os fonemas vócalicos da palavra em questão, parte-se de /i/ até /e/, ou seja, de uma semivogal para uma vogal – da pro-núncia mais fraca para a mais forte.

Pontanto, a HV pode ser definida como a elevação da pronúncia de um segmento vocálico médio (ou vogal mé-dia) de uma palavra, no intuito de se bus-car um equilíbrio com a vogal que o pos-põe – sendo esta a vogal tônica. De acor-do como Bisol (1981), tal tentativa de con-cordância vocálica faz com que os fone-mas se alterem de forma significativa, fa-zendo com que as vogais E e O sejam ora

pronunciadas como altas, tais quais /i/ e /u/, ora como médias, tais como /e/ e /o/, e ora como vogais com tonalidade interme-diária entre ambas.

Ainda em consoância com Bisol (1981), “a harmonização vocálica é um processo de assimilação regressiva, de-sencadeado pela vogal alta da sílaba imediatamente seguinte, independente de sua tonicidade, que pode atingir uma, al-gumas ou todas as vogais médias do con-texto”. Desta forma, ao tomar-se a palavra ‘menino’ como exemplo, esta pode ser pronunciada como ‘minino’ (alteração pre-tônica), ‘meninu’ (alteração postônica) ou ainda como ‘mininu’ (ambas pré e postô-nica), sem que haja alteração de seu sen-tido original.

Porém, a partir destas alterações em decorrência da HV, pode-se conside-rar que, entre dois ou mais falantes nati-vos da língua portuguesa – partindo-se do pressuposto de que todos detenham certo conhecimento do idioma – pode haver, ou não, certa depreciação pela forma distinta de se pronunciar a palavra em compara-ção com sua forma original, já que esta alteração de pronúncia vocálica pode re-presentar intenção comunicativa (como crítica regional, ênfase ou até mesmo iro-nia).

Ainda nesta linha de análise, ao se considerar um falante não-nativo da lín-gua portuguesa, este pode-se confundir entre as formas de se escrever e de se falar determinada palavra; não que tal fe-nômeno não ocorra em outros idiomas, inclusive no próprio idioma deste indiví-duo, porém, ao partir-se do pressuposto de que um aprendiz cujo estudo seja aca-dêmico e formal e que assimile a língua portuguesa de acordo com a gramática normativa, tem-se que este fator justifica-ria uma possível imprecisão entre escrita e fala, podendo gerar dificuldade em sua comunicação. HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA - OCOR-RÊNCIAS Nesta parte, em que tratamos das

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ocorrências, propõem-se expor e explanar o fenômeno harmonização vocálica em diferentes estados, com o intuito de de-mostrar as variações linguísticas que ocorrem em diferentes regiões do Brasil, abordando trabalhos realizados no mes-mo eixo, com a finalidade de se tornar claro o objeto de estudo em análise. Acre

O estudo de harmonização vocálica de Rio Branco, produzido por Hosokawa juntamente com Silva (2010) ressalta a análise dos fonemas /e/ e /o/ em relação à harmonização vocálica em palavras cujos fonemas são realizados em posições pre-tônicas. Em relação à pesquisa aplicada:

O corpus foi constituído de 108 produções1 con-tendo /e/ (52) e /o/ (56) em posição pretônica. Trataremos dos dois ca-sos separadamente. As palavras em que apare-cem /e/ em posição pre-tônica foram: tesoura, is-queiro, cebola, estrada, desvio, seguro, emprego, es- cola, mentira, ferida, desmaio, encontrar, es-querdo. As palavras com /o/ na mesma posição fo-ram: gordura, colher, to-mate, botar, bonito, ove-lha, borboleta, borracha, companheiro, inocente, orelha, joelho, dormindo, assoviar. (HOSOKAWA; SILVA, Rio Branco, 2010, p.2721).

A conclusão do artigo, de acordo

com a pesquisa realizada, foi a seguinte:

Concluímos que a regra de alteamento das vo-gais pretônicas /e/ e /o/ não ocorreu de forma significante no corpus em estudo, contudo, este re-sultado pode decorrer do fato de os informantes te-rem concluído ou esta-rem cursando nível supe-rior, tendo, portanto,

maior cuidado com a fa-la. Posteriormente, fare-mos gravações com pes-soas que tenham cursa-do nível fundamental e médio, assim, acredita-mos que a situação po-derá se mostrar diferen-te. (HOSOKAWA; SILVA, Rio Branco, 2010, p.2725).

Nota-se que a pesquisa de Ho-

sokawa e Silva (2010) foi direcionada para estudantes de nível superior, ou seja, pessoas com um grau de instrução maior e talvez, por isso, as ocorrências de HV, em detrimento de uma possível hipercor-reção1 , foram menores, mas significativas e de forma mais espontânea as manifes-tações da HV pudessem ser maiores. Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, foi realizada também uma pesquisa de HV em vogais pretônicas por Callou, Leite e Coutinho (1991) com a finalidade de “delimitar a ação da regra de harmonização vocálica no âmbito do Projeto da Norma Urbana Culta do Rio de Janeiro”. Para tal utiliza-ram a metodologia científica da teoria da ação laboviana2 ou sociolinguística quanti-tativa e chegaram a seguinte conclusão:

(...) se trata de um pro-cesso estável e, embora as variáveis sociais não tenham se mostrado sig-nificativas, os usos nas faixas etárias entre ho-

1 “crer que há um modo prestigioso de falar a

própria língua implica, quando alguém pensa não possuir esse modo de falar, tentar adquiri-lo” e isso “pode gerar uma restituição exagerada das formas prestigiosas: a hipercorreção”. Isto é, devido à insegurança linguística, esse falante tenta imitar, de forma exagerada, a norma modelo, por várias razões: “fazer crer que se domina a língua legítima ou fazer esquecer a própria origem.” (CALVET, 2002, p.77-78). 2 Termo utilizado para se referir a pesquisas

realizadas no âmbito da variação linguística inspirada nos estudos de Willian Labov, norte-americano considerado o precursor da Sociolinguística.

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mens e mulheres assina-la uma curva descenden-te: homens e velhos usando mais a regra e jovens e mulheres, me-nos. Não há, portanto, qualquer indicio de pro-gressão da regra, mas antes de possível perda de produtividade.(Callou; Leite; Coutinho, Rio Grande do Sul, 1991, p.76)

O estudo realizado no Rio de Ja-

neiro levou em consideração as vogais orais e nasais, que de acordo com Callou, Leite e Coutinho (1991, p.76) “A regra de elevação da vogal pré-tônica ocorre des-de pelo menos o século XV e seu índice de aplicação é até hoje baixo nos dialetos estudados do português do Brasil”. Recife

Em Recife, foi realizado um estudo voltado para o dialeto nordestino a respei-to do uso das vogais médias baixas em posição pretônica, por Oliveira e Vogeley (2013). Foram analisadas amostras de linguagem de 18 pessoas, entre elas cri-anças e adultos de ambos os sexos. Em relação à coleta de dados, foi realizada em duas etapas:

a) Levantamento do perfil sócio-econômico e psi-cossocial das crianças, a partir de um questionário psicossocial (...) que con-tinha questões sobre a escolaridade e naturali-dade dos pais, renda fa-miliar, escola, locais que a criança frequenta, ati-vidades culturais e dados sobre quem passa a maior parte do tempo com a criança. b) Proce-dimento de eliciação de fala (dirigida): foi feita uma atividade de nome-ação, através de um ins-trumento com 86 vocábu-los balanceados, con-forme as variáveis envol-vidas no estudo. Foram

consideradas, ainda, na seleção das palavras, as possibilidades de neutra-lização, de elevação e de harmonia vocálica. (OLI-VEIRA; VOGELEY, 2013, p.66).

E de acordo com as pesqui-

sas realizadas no âmbito de recife conclui-se que:

Dos processos fonológi-cos que envolvem as vo-gais médias pretônicas, no dialeto recifense, o mais comum é o de as-similação, tanto em rela-ção à harmonia vocálica, como à redução, com menor ocorrência em re-lação à harmonia. Assim, são de natureza assimi-latória a elevação por re-dução e, na maioria dos casos, o emprego da média baixa por harmo-nia. O processo de neu-tralização foi comum, mas foi observado que a neutralização adotada no dialeto recifense é a que evita /e/ e /o/ (*e,o), co-mo em ‘p[Ɛ]rfume’ e ‘t[Ɛ]l[Ɛ]fone’, diferente dos dialetos do sul do país.(OLIVEIRA; VOGE-LEY, 2013, p.79)

No estudo de Recife, há uma dife-

renciação em relação à harmonização vocálica de outros trabalhos menciona-dos, devido à variação linguística dessa região, que é o caso do uso da média bai-xa /Ɛ/. Ainda de acordo com Oliveira e Vogeley (2013) “Percebe-se que o caso de variação vocálica observado, nesse estudo, trata-se de uma variabilidade do sistema que está refletida geograficamen-te” e que vai além de fatores que expres-sem idade, sexo e análise de cunho soci-ocultural.

Minas Gerais

O trabalho realizado em Minas Ge-

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rais por CARNEIRO (2008), mais preci-samente na cidade de Araguari, tem o objetivo de “descrever o sistema vocálico do Português falado nas zonas rural e urbana de Araguari, cidade localizada na região do Triângulo Mineiro.”

Para tal realização, a autora optou pela pesquisa com base na metodologia aplicada de Tarallo (1997) onde, de acor-do com Carneiro (2008) se utilizam duas variáveis: faixa etária e escolaridade. Concluiu-se então que:

Os resultados obtidos por essa pesquisa de-monstram que o dialeto do Triângulo Mineiro se assemelha aos dialetos mineiros de Belo Hori-zonte e gaúcho, encon-trados por Viegas (1987) e por Bisol (1981), res-pectivamente, no que tange à ocorrência do processo de alçamento ser superior ao de abai-xamento das vogais pre-tônicas. O mesmo não acontece com o falar baiano, no qual o fenô-meno da redução torna-se muito mais aparente, o que é explicado por Passos e Passos (1948 apud CALLOU, LEITE E COUTINHO, 1991) pela extensão de intensidade que uma sílaba tônica exerce sobre a sílaba pretônica, ou seja, seria prosodicamente um fator acarretado pela necessi-dade de rit-mo.(CARNEIRO, 2008, p.12)

O trabalho ressalta na sua conclu-são que o fator de formalidade e grau de instrução também interfere na fala poden-do ou não ocultar o fenômeno da HV.

Rio Grande do Sul

O objetivo do trabalho realizado por Schwindt no Rio Grande do Sul foi de analisar os fatores que fornecem emba-

samento para o processo de harmoniza-ção vocálica do dialeto gaúcho tendo co-mo base o estudo de Bisol (1981) e análi-se de dados das vogais pretônicas /e/ e /o/, conclui-se então:

A regra de harmonização vocálica apresentou crescimento no dialeto gaúcho nas ultimas duas décadas, o que mostra que não se encontra es-tagnada. (...) São fatores linguísticos, próprios do sistema, os principais condicionadores da har-monização vocálica. (...) Por fim, o exame dos fa-tores linguísticos sinaliza para a existência de ou-tra regra, de natureza fo-nética (articulatória ou mesma acústica, como mostrou Bisol, 1981), que coexiste com a regra fonológica que procura-mos descrever. (SCHWINDT, 2002, p. 181)

A pesquisa demostra claramente a

existência do fenômeno estudado nesse artigo, assim como os trabalhos apresen-tados anteriormente dentro desse capítulo de ocorrências, o que evidencia e dá em-basamento para uma análise mais apro-fundada do tema, pois, ainda de acordo com Bisol (2002), Carneiro (2008), Olivei-ra e Vogeley (2013), Callou, Leite e Couti-nho (1991) e Hosokawa e Silva (2010), o estudo da HV vai além de fatores linguís-ticos. MÉTODO E MATERIAL

A pesquisa foi elaborada com base em estudos bibliográficos a respeito do tema harmonização vocálica. A escolha desse método deve-se a escassez de es-tudos produzidos no âmbito de Brasília-DF em relação ao mesmo conteúdo. Sen-do assim, o intuito do trabalho é fazer um levantamento de títulos e artigos da área de fonética e fonologia que auxiliem na compreensão do tema.

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Fonseca (2002) define claramente a seguir o que vem a ser a pesquisa bibli-ográfica:

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levan-tamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios es-critos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho cientí-fico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesqui-sador conhecer o que já se estudou sobre o as-sunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher in-formações ou conheci-mentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a respos-ta (FONSECA, 2002, p. 32).

Como pode-se observar na citação

de Fonseca, qualquer trabalho científico que começa a ser elaborado precisa pri-meiramente de uma pesquisa bibliográfica bem feita, que a nível de conhecimento não é o mesmo conceito de revisão bibli-ográfica, afinal, é a pesquisa que dará base para as teses apresentadas, como destaca claramente Lima e Mioto (2007):

Ao tratar da pesquisa bi-bliográfica, é importante destacar que ela é sem-pre realizada para fun-damentar teoricamente o objeto de estudo, contri-buindo com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos. Portanto, difere da revi-são bibliográfica uma vez que vai além da simples observação de dados contidos nas fontes pes-quisadas, pois imprime sobre eles a teoria, a

compreensão crítica do significado neles existen-te (LIMA;MIOTO, 2007, p.44).

Este trabalho então, de acordo com

o pensamento de Lima e Mioto (2007), tem o objetivo de auxiliar futuras pesqui-sas no ramo da linguística em relação à harmonização vocálica que é o foco do nosso estudo, propiciando, assim, base para que as teses apresentadas possam partir para uma análise de campo mais detalhada e com coleta de dados sempre visando o desenvolvimento da nossa lín-gua, mais particularmente as variações linguísticas de Brasília-DF. CONCLUSÃO

Tendo como base os estudos reali-zados para o desenvolvimento deste arti-go, juntamente com as diversas análises de pesquisas nas áreas da linguística, fonética e fonologia, conclui-se que foi possível se compreender, definir e expla-nar a Harmonização Vocálica foram atin-gidos.

Além disso, pode-se depreender que a harmonização vocálica, que se de-fine pela alteração de pronúncia das vo-gais pretônicas – ou em alguns casos também postônicas – de uma determina-da palavra, se caracteriza como fenômeno que se justifica por uma tentativa espon-tânea de equiparação entre algumas ou todas as vogais não-tônicas desta mesma palavra, tendo como influência a vogal pertencente à sílaba cuja pronúncia seja a mais evidente da palavra em questão.

Por fim, ressalta-se que o fenôme-no linguístico denominado Harmonização Vocálica pode ocorrer de forma conscien-te ou inconsciente, dependendo do intuito do falante, podendo abarcar as intenções de equiparação sonora, ênfase, crítica, ironia entre outros, o que demonstra o quão complexo pode ser um recorte do estudo de um idioma, o qual se localiza dentro da área fonético-fonológica no âm-bito da variação linguística.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos, primeiramente, a Deus, pois sem ele nada seria possível. Em seguida aos nossos pais, que sempre acreditaram em nós e nos ensinaram a dar o nosso melhor, ainda que em situa-ções não muito favoráveis. Finalmente agradecemos ao excelente grupo docente de nossa faculdade, bem como nossa querida e sábia orientadora, sem a qual não seria possível o desenvolvimento des-te trabalho.

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Referências:

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2 - BISOL, Leda. Harmonização Vocálica. Tese de doutorado em Letras. Rio de Janeiro: UFRJ, 1981.

3 - BISOL, Leda; BRESCANCINI, Claudia (Org.). Fonologia e variação: recortes do português brasileiro.

Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

4 - CALLOU, Dinah; LEITE, Yonne; COUTINHO, Lilian. Elevação e abaixamento das vogais pré-tônicas

no dialeto do Rio de Janeiro. In: Revista do Instituto de Letras da UFRGS, Vol. 5, Nº 18, p. 71-78, 1991.

5 - CALVET, Louis-jean: Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola, 2002.

6 - CÂMARA JUNIOR, Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. 39. ed. Petrópolis: Vozes, 1970.

7 - CARMO, M. C. As vogais médias pretônicas dos verbos na fala culta do interior paulista. 2009. 119

f. Dissertação.

8 - CARNEIRO, Dayana Rúbia. O sistema vocálico pretônico nas zonas rural e urbana do município de

Araguari. Minas Gerais: Horizonte Cientifico, 2008.

9 - CAVALIERE, Ricardo. Pontos Essenciais em Fonética e Fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

10 - CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 4 ed. Rio de Ja-

neiro: Nova Fronteira, 2001.

11 - FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

12 - HOSOKAWA, Antonieta Buriti de Souza; SILVA, Priscila Souza da. Harmonização vocálica do /e/ e do

/o/ no município de Rio Branco – Acre. In: Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 4, t. 3, p. 2715-2727, 2010.

13 - LEITE, Yonne e CALLOU, Dinah. Como falam os brasileiros. Rio: Jorge Zahar, 2002.

14 - LIMA, Telma Cristiane Sasso; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos metodológicos na

construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Florianópolis: UFSC, 2007.

15 - OLIVEIRA, Demerval da Hora. Fonetica e Fonologia. UFPB, 2009. Disponível em http://goo.gl/ecYlc.

Acesso em 10 de maio de 2014.

16 - OLIVEIRA, Dermeval da Hora; VOGELEY, Ana. Harmonia vocálica no dialeto recifense. In: Revista

do Instituto de Letras da UFRGS, Vol. 28, Nº 54, p. 65-81, 2013.

17 - PARKER, Steve. O livro do corpo humano. London: DK, 2007.

18 - SEARA, Izabel Christine; NUNES, Vanessa Gonzaga; VOLCÃO, Cristiane Lazzarotto. Fonética e fono-

logia do português brasileiro: 2º período. Florianópolis: UFSC, 2011.

19 - Silva, Thaís Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: Roteiro de Estudos e Guia de Exercí-

cios. 6ª ed. São Paulo: Contexto, 2002.

20 - TARALLO, F. A Pesquisa Sociolingüística. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1997.