a guerra dos direitos autorais
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8/8/2019 A Guerra Dos Direitos Autorais
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A Guerra dos Direitos Autorais
Quinta-feira, 18.11.04
17:00-19:00 horas
A continuing conversation about copyright in the digital age.abstract | speakers|summary | audiocast
E25-111
Resumo
Em agosto, o Congressional Budget Office, agncia federal americana, publicou um relatrio denominadoCopyright Issues in Digital Media [Questes de Direitos Autorais em Mdias Digitais]. O relatrio definiu
direitos autorais como um instrumento para a alocao de recursos criativos, no um conjunto de
direitos inviolveis e absolutos aos quais criadores ou consumidores tm direito. Mas como funcionam
na prtica esses princpios aparentemente to justos? E quais so os princpios constitucionais e
intelectuais que esto por trs da idia de direitos autorais? Quais lies para os atuais argumentos sobre
baixar msicas ou filmes fazem parte da histria dos direitos autorais? Como a lei de patentes difere da lei
de direitos autorais? Como parte do presente debate sobre criatividade, propriedade e poderes da
tecnologia, o Frum est planejando uma srie de painis sobre assuntos especficos das guerras dos
direitos autorais.
Recentes fruns sobre direitos autorais
Oradores
Donna L. Ferullo diretora do Copyright Office da Purdue University, criado em 2000 com o objetivo
de oferecer orientao a professores e funcionrios em questes de direitos autorais. Antes de integrar oquadro da Purdue University, Ferullo era advogada autnoma em Boston, especializada em lei dos
direitos autorais.
Michel Meurer professor da Faculdade de Direito da Boston University, onde leciona cursos sobre
patentes, propriedade intelectual e polticas pblicas voltadas ao setor de alta tecnologia.
Resumo
Donna Ferullo disse que a promulgao daDigital Millennium Copyright Act[Lei de Direitos AutoraisDigitais do Milnio, ou DMCA] em 1998 e da Technology Education and Copyright Harmonization
(Teach) Act[Lei de Educao em Tecnologia e Harmonizao de Direitos Autorais] em 2002, que
definiram o uso justo de materiais protegidos para aprendizado distncia, tornaram as universidadescada vez mais responsveis pela disseminao de importantes informaes sobre direitos autorais a seus
integrantes.
Ela mostrou algumas pginas no site da Purdue University como
um exemplo de como aquela universidade oferece aos educadores
informaes teis sobre direitos autorais. As pginas mostradas
contm anlises da lei e uma lista de verificao para ajudar
educadores a determinar se os materiais qualificam-se para uso
justo dentro do ambiente do aprendizado distncia.
Na questo do compartilhamento de arquivospeer-to-peer, elaafirmou que as escolas esto cada vez mais optando por obter
acordos de licenas para permitir que estudantes e outras pessoaspossam baixar msicas mediante uma taxa de servios. A Purdue
http://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#abstracthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#audiocasthttp://whereis.mit.edu/map-jpg?selection=E25&Buildings=gohttp://www.copyright.gov/legislation/dmca.pdfhttp://www.copyright.gov/legislation/dmca.pdfhttp://www.copyright.gov/legislation/dmca.pdfhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#abstracthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/copyright_wars.html#audiocasthttp://whereis.mit.edu/map-jpg?selection=E25&Buildings=gohttp://www.copyright.gov/legislation/dmca.pdf -
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University, por exemplo, comprou uma licena que permite o compartilhamento de msicas, devendo em
breve estender esse acordo ao compartilhamento de filmes. Ela afirmou que outra universidade, a UCLA,
implementou um sistema que desconecta o usurio da internet e o notifica caso tenha violado direitos
autorais.
Um maior controle sobre direitos autorais pode inibir pesquisas acadmicas ao impor penalidades
criminais s pessoas que ignoram cdigos anti-pirataria em suas pesquisas, afirmou. Um acadmico dePrinceton, por exemplo, foi processado porque sua dissertao inclua informaes sobre como driblar o
cdigo de proteo de cpias dos Ebooks da Adobe.
Embora exista uma concordncia geral que o pblico no deveria pagar duas vezes por pesquisas feitas
com verbas pblicas, os atuais sistemas de publicao muitas vezes colocam os resultados de importantes
pesquisas em revistas profissionais, que por sua vez so vendidas de volta s universidades via assinaturas
das bibliotecas. Algumas universidades esto procurando formas alternativas de licenciamento e
publicao, tais como aquelas oferecidas peloCreative Commons, ou buscando iniciativas de livre acessocomo oOpenCourseWare do MIT, para compensar os maiores custos e perda de controle de direitos
autorais muitas vezes associados com publicaes em revistas cientficas.
Ferullo afirmou que muitos servios de bibliotecas, tais como emprstimos inter-bibliotecas, reservaseletrnicas, e ajuda de referncia online 24 horas por dia, sofrem com essas questes de direitos autorais.
Cada vez mais, novas empresas como aXanadu funcionam como intermedirios, buscando permisses de
direitos autorais, obtendo licenciamento e oferecendo gesto de contedo. Isto acrescenta mais um
complexo e oneroso item a oramentos j sobrecarregados e ameaados.
Ferrulo concluiu criticando a repetida ampliao da proteo aos direitos autorais atualmente a vida do
autor mais 70 anos e reduo da iseno do uso justo, o uso legalmente protegido de materiais com
direitos autorais para finalidades educativas. Uma poltica prtica de direitos autorais deve ser
colaborativa, disse ela, e buscar um equilbrio entre os direitos dos proprietrios e usurios.
Michael Meurer disse que embora seja um ardoroso defensor do uso justo, ele iria descrever o que est
certo com o sistema de direitos autorais e falar um pouco do ponto de vista do setor.
Ele descreveu os aspectos bsicos da lei de direitos autorais, afirmando que o direito autoral existe a partir
do momento da fixao ou criao o momento no qual a caneta levantada do papel ou o dedo do
teclado e no precisa ser registrado com qualquer rgo oficial. Patentes, por outro lado, protegem
invenes e a aplicao da patente precisa ser avaliada pelo Escritrio de Patentes dos EUA, que
determina se uma patente pode ser concedida. Direitos autorais protegem a expresso, no fatos ou idias,
explicou. As patentes cobrem funes invs de contedo, que o domnio dos direitos autorais. Tanto
direitos autorais como patentes protegem software, mas de formas diferentes. Embora todos os softwares
tenham direitos autorais, nem todos so patenteados. A proteo por patentes mais cara, protegendo
caractersticas como algoritmos, mas no dura tanto tempo quando a proteo dos direitos autorais.
A principal ferramenta utilizada pelos proprietrios de direitos autorais, tais como editoras,
a regra da reproduo direta, que probe a reproduo no autorizada de obras protegidas.Citando casos recentes de sites de compartilhamento de msicaspeer-to-peer, tais comoNapster, Aimster e Grokster, Meurer disse que esses sites no foram processados com
sucesso pela violao da regra de reproduo direta porque so considerados intermedirios
entre usurios que realmente copiam o material protegido.
As gravadoras obtiveram vitrias jurdicas contra a Napster e Aimster citando dispositivos
de reproduo indireta, e persuadindo juzes que essas empresas visaram e acobertaram
violaes de direitos autorais, oferecendo funcionalidades de busca que ajudavam a
encontrar online cpias ilegais de materiais protegidos. Contudo, as gravadoras perderam o
processo contra a Grokster porque essa empresa eliminou o sistema de busca centralizada,
sendo que tal perda forou as gravadoras a repensar suas estratgias de litgio.
Descrevendo os EUA como um regime de baixa proteo, no qual usurios tm mais direitos que emoutras partes do mundo, Meurer disse que quando a possibilidade de compartilhamento includa no
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sistema, os custos aumentam. Na poca da Xerox, por exemplo, os preos das revistas cientficas saltou
porque as editoras buscaram recuperar indiretamente o valor perdido atravs das cpias feitas
ilegalmente. Aumentos similares nos custos resultaram de cpias digitais, mas a escala e a anonimidade
do compartilhamento de arquivos digitais faz com que estratgias de preo no consigam recuperar mais
que uma frao das receitas perdidas.
Debate
DAVID THORBURN, diretor, Frum de Comunicaes: Michael, voc comentou que as editoras
esto aumentando o preo das assinaturas para bibliotecas para compensar seus prejuzos. Mas isso fez
com que casse o nmero de assinaturas de publicaes cientficas. Os oramentos das universidades
esto sob grande presso em razo dos custos dessas publicaes. Isso uma situao na qual todos
perdem. Isso no ruim?
MEURER: Considerando todos os aspectos, eu diria que no. No tenho muita simpatia pelas editoras,
mas os direitos autorais devem oferecer um incentivo financeiro para que autores publiquem e editores
disseminem; agora, as editoras esto vulnerveis em razo de cpias baratas e fiis que podem ser
facilmente distribudas atravs de tecnologias digitais.
Mostro esses diferentes modelos de negcios diferentes formas de obter valor como uma maneira de
as editoras compensarem o que acreditam ser receita perdida. Uma dessas estratgias a diferenciao, na
qual diferentes clientes, incluindo bibliotecas, pagam diferentes preos. No estou dizendo que isto uma
coisa socialmente desejvel, mas o ponto da questo que as editoras contam com novas estratgias de
marketing trazidas pelas mesmas tecnologias digitais que permitem cpias fceis e eficientes.
CAROL FLEISHAUER, Bibliotecas do MIT: Donna, estou intrigada por algo que voc escreveu h
cerca de dois anos, na Chronicle of Higher Education. Vou ler parte do artigo: O uso justo est longe demorrer. Est vivo e bem, e cada vez mais poderoso com cada mudana na lei que fortalece o detentor dos
direitos autorais e enfraquece o direito pblico de utilizar a obra. O que, exatamente, voc quis dizer
com isto, e voc ainda acredita nesta palavras?
FERULLO: Sim, ainda acredito que so verdadeiras. Essas palavras foram escritas em resposta a um
longo artigo, que dizia que o uso justo estava morto, opinio com a qual discordo. O uso justo uma
grande exceo s leis de direitos autorais para nosso universidades uso, mas que no usamos, por
temer processos jurdicos. Existem muitas situaes nas quais o uso justo se aplicaria, mas vemos o que
est acontecendo com as gravadoras, por exemplo, e isso tem um grande efeito adverso. Mas ainda assim
temos o uso justo e precisamos us-lo. Existem leis que tentam reduzir esse uso, mas o princpio existe na
lei e precisamos utiliz-lo e defend-lo.
THORBURN: Voc conhece diferenas na aplicao do uso justo em materiais impressos e imagens?
FERULLO: Como um conceito, o uso justo tecnologicamente neutro, devendo ser aplicado a todas as
mdias. Mas, como Michael afirmou, estamos chegando em um ponto em que o uso justo disponvel na
lei, mas a tecnologia est reduzindo sua aplicabilidade.
IAN CONDRY, MIT: Tenho um comentrio e uma pergunta. Direitos autorais versam sobre mercados e
o uso justo obtm um equilbrio nos mercados. Existe uma premissa que cada material baixado
ilegalmente equivale a um CD ou DVD roubado. Mas vrios estudos indicam que isto no verdadeiro.
Lawrence Lessig, por exemplo, destaca que muitos CDs so baixados com pouco impacto nas vendas.
Mesmo assim, compartilhamento de arquivos virou sinnimo de furto, e vejo isso como algo ruim para a
misso educacional sob a qual promovemos o compartilhamento. Queremos compartilhar idias; assim
que avanamos no mundo intelectual.
Minha dvida baseada no fato que muitos estudantes universitrios americanos baixam episdios de
animaes mostradas na televiso japonesa. Entendo que o direito autoral se aplicaria a um filme da HBO
baixado ilegalmente, mas isto se aplica a um programa transmitido publicamente no Japo? Existe uma
violao dos direitos autorais?
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MEURER: Os produtores japoneses diriam que sim. Eles alegariam que podem vender o DVD do
programa nos EUA; se os americanos esto baixando o programa ilegalmente, os produtores esto
perdendo dinheiro. Um juiz provavelmente daria razo aos produtores japoneses.
Concordo com a sua opinio sobre compartilhamento. Compartilhamento pode ser definido como uma
experincia compartilhada, e essa idia de compartilhamento se encaixa naquilo que os economistas
chamam de bem pblico; contudo, eu me preocupo com o compartilhamento generalizado, a la Napster.
Trs estudos que conheo indicam que no houve queda nas vendas devido ao compartilhamento de
arquivos, mas dois outros indicam uma queda entre 10% e 20% nas vendas. No uma perda de 100%.
Acredito que haver prejuzos econmicos provocados pelo amplo compartilhamento de arquivos, mas
no da forma alegada pelas gravadoras.
A Blockbuster compra um DVD e permite que vrias pessoas o vejam. A Blockbuster est fazendo um
favor ao setor, ao nivelar a demanda dos consumidores, mas mesmo assim o setor a combateu. Penso que
existe algum mrito no argumento que o compartilhamento de arquivos de msicas ou filmes inclui um
elemento de publicidade, alguma amostragem e um pouco de experimentao, como feito via rdio.
Mas as gravadoras e produtoras dizem: No queremos compartilhamento de arquivos para finalidades de
publicidade. Querem controlar seu prprio marketing.
PERGUNTA: Qual a sua opinio sobre direitos autorais mecnicos? Existe algum mtodo razovel para
micropagamentos?
MEURER: Ainda estamos esperando a idia de micropagamentos decolar. Existe uma grande lista de
elementos utilizados no processo de copiagem e isso poderia ser tributado. No estou muito animado com
os micropagamentos porque bem difcil para o governo fixar tributos e isso acelera uma tendncia que
no gosto: a crescente politizao do direito autoral. Cria mais oportunidades para desvio de verbas, para
envolvimento do Congresso na fixao de alquotas e no estabelecimento de termos para emisso das
licenas.
STEPHEN MARX, produtor de televiso: Estou interessado em crtica de mdia publicada na internet
juntamente com amostras de filmes, para ilustrar um ponto intelectual. At o momento, constatei que asdistribuidoras de filmes no apiam isto, mas aparentemente promove o seu produto.
FERULLO: Isto remete ao uso justo e o motivo de eu gostar do uso justo. Quando algum faz uma
crtica, no deve haver diferena se feita na mdia impressa ou online.
MARX: Mas no possvel ter uma imagem em movimento na mdia impressa. A internet a nica
forma de usar a imagem em movimento de maneira prtica.
THORBURN: Uma vez publiquei um ensaio que incluiu uma leitura de um show de televiso,
Lonesome Dove, especialmente a seqncia do ttulo. Quando surgiu a internet, eu quis postar o materialonline, mas os advogados da MIT afirmaram que eu no podia, porque temiam ser processados. Acredito
que estavam errados.
FERULLO: A mim soa como uso justo.
MEURER: Ambos acreditamos que uso justo.
MARX: Fiquei confuso. Compro um DVD e consigo copiar uma pequena parte. Intencionalmente reduzo
a qualidade da imagem. Reduzo o tamanho do arquivo. Mas burlo a proteo, e vocs esto dizendo que
esse o problema.
MEURER: Sim, esse o problema. Uma maneira de burlar isso usar uma sada analgica. Voc pe o
filme para rodar e grava a partir da tela da televiso.
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PERGUNTA: A Wal-Mart coloca chips de identificao via rdio freqncia (RFID) em seus produtos
antes de despach-los, e consegue acompanh-los ao redor do mundo. Existe possibilidade de editoras
colocarem esse tipo de chip em material impresso? Isso poderia acontecer em bibliotecas? Voc faz uma
cpia de um livro ou artigo e automaticamente cobrado?
MEURER: Estudantes de direito j no usam livros; valem-se de servios online como Lexus ou
Westlaw. Produtos foram substitudos por servios e a vantagem para as editoras que podem contarcada uso. Conseguem saber que usa muito ou pouco, e cobrar de acordo.
HENRY JENKINS, diretor de Estudos Comparativos de Mdia: Um recente caso que me intriga
envolve a Marvel Comics e uma empresa de videogames que produz um jogo chamado City of Heroes.
Comea com o usurio criando um super-heri com caractersticas genricas. A Marvel Comics est
processando a empresa porque em teoria uma srie de escolhas pode recriar o Incrvel Hulk. Assim, um
primeiro argumento violao de direitos autorais. Um segundo argumento que jogar com o
personagem no mundo virtual o equivalente a uma publicao.
Se isso for uma publicao, tambm publicao se eu fizer uma fantasia para meu filho usar no
shopping onde possa ser visto? Como abordamos essa questo de ajudar e incitar a violao com essas
ferramentas de criao?
MEURER: Tenho duas linhas independentes para abordar a situao. Primeiramente, o programa que
permite ao usurio recriar algo com direitos autorais cria uma questo difcil sobre o que fazer com a
criao independente. O titular do direito autoral deve comprovar a violao. Por exemplo, provar que os
criadores do software City of Heroes estavam pensando em super-heris da Marvel. Se isso os motivava,o argumento da criao independente enfraquecido.
Em segundo lugar, a palavra publicao tem um lugar em direito autoral, mas no aqui. Isto tem mais
a ver com exibio ou espetculo. Assim, pblico ou privado? Acredito que j existiram processos
legais com relao a fantasias. Creches que colocam o Mickey Mouse nas paredes assunto pblico. Um
pequeno grupo de amigos jogando um videogame online pode ser interpretado como privado.