a grande batalha contra lúcifer
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A grande batalha contra Lúcifer
O caminho do Filho do Homem até Lúcifer e a luta contra ele.
Recebido por inspiração especial
E veio a época em que o Filho do Homem realizou o grande golpe
contra Lúcifer. Em silêncio e isoladamente vivia ele com Maria e alguns que ele confiava plenamente.
Uma grave luta se preparava, a grande luta contra Lúcifer!
Os enteais estremeciam, a natureza estava como que estarrecida e aguardava a hora em que o mal deveria ser acorrentado com um golpe.
Uma tensão difundia-se sobre a Terra, como naquela época em que os
seres humanos assassinaram o Filho de Deus. Estava opressoramente silencioso.
Os guardiões enteais em Walhala chamavam para a luta. Eles
saíram como que para caçar. Tempestuosamente eles passavam por sobre a Terra, acossavam os espíritos sombrios sobre os pântanos e
charcos e impeliam o que era turvo, errado e impuro para baixo.
Corcéis com valentes cavaleiros passavam mui rapidamente pelas
nuvens. Cães ladravam, inúmeras legiões se lançavam combatendo as bruxas e os monstrengos que se encolhiam e escondiam medrosamente.
Eles se mostravam como fantasmas sombrios, escuros e esfarrapados
que haviam se elevado a locais a que não pertenciam.
Assim abria-se diante do Filho do Homem um caminho claro e
aberto, ladeado por campos verdes e frescos. Este conduzia, Ele e
Maria, para baixo, a uma distância silenciosa, estranha e erma. Não era escuro, mas também não era claro e parecia que tudo ao redor dormia.
O vale dos campos estreitou-se, nem uma flor florescia e nenhum
pássaro cantava. O caminho, que se tornava cada vez mais estreito, conduzia suave e imperceptivelmente para baixo.
Às distâncias erguiam-se montanhas rochosas, cobertas com uma
grama escura e sobre elas se distendia um céu cor de chumbo, que se
assemelhava a um pano rijo, sem vida. Tudo isso comprimia fortemente para baixo. Tornava-se mais sombrio e sombras rastejavam-se vindas
das profundezas, que se condensavam imperceptivelmente. O tom
acinzentado tornou-se preto.
E sempre mais estreito tornava-se o vale, cada vez mais escuras as
sombras e cada vez mais trevosas as montanhas. Uma névoa se elevava
de uma fonte que brotava preta da terra e borbulhando lançava grandes bolhas. Um grande monstro, semelhante a um sapo, olhava dali, o qual
com patas de batráquio queria ir além da margem da nascente,
intencionando agarrar as vestes claras de Maria. Nisso parecia como se
também tais sombras quisessem se elevar dele. Aqui e acolá surgiam
outras fontes pretas, que borbulhando se juntavam formando um
riacho, o qual continuava a fluir na beirada do caminho.
Quando, porém, o Filho do Homem aproximou-se da fonte e olhou
para baixo, para aquele animal, este arreganhou sua grande boca e
gritou. Então ele desfez-se em si mesmo e desapareceu. Algo como um papel amassado grudou sobre a nascente, secando a fonte.
O Filho do Homem caminhou adiante em direção ao estreito e escuro
vale e ao seu lado Maria, e ele ouvia os gemidos das fontes ao lado do caminho, as quais secavam todas, tão logo ele passava por elas.
O solo retumbava devido o trotear de uma grande manada. Eram
grandes porcos mui horrendos e ouriçados, que corriam ali grunhindo
para lá e para cá. Eles queriam tentar um ataque, contudo ao chegarem à proximidade da Luz, que vinha andando na direção deles, tiveram que
desaparecer. Era como se eles se dissolvessem, dispersando-se e
sumindo.
Assim encontrava-se a Luz no vale profundo, envolta por um manto
que havia sido dado por mãos luminosas. As rochas começaram a
tremer, tornando-se umidamente escuras e se erguendo a alturas funestas. Escarpas íngremes e lisas, as quais pé algum era capaz de
escalar, pareciam como se fossem de ardósia.
Nenhuma erva, nenhum talo crescia nelas, contudo fixavam-se nelas algo como lagartixas e batráquios e moscas horríveis. Aqueles bichos
grudavam na superfície das rochas com patas como de rãs, deslizando
lenta e novamente para baixo. Muitos começavam a subir sempre de novo, outros caiam lá de cima e se espatifavam no solo escuro. Sangue
espirrava para cima em emanações gasosas, de onde imediatamente se
desenvolviam de novo outros novos bichos.
O casal luminoso também percorreu esse estreito caminho e atrás dele aqueles seres horripilantes caíam sem força, como que carcomidos
e dissolvendo-se. Outros ficavam grudados nas rochas com um medo
mortal nos olhos e seus corpos definhavam. Sua pele secava, rachava, a carne caía e outros comiam-na, os ossos iam se desmanchando e
membro após membro caía nas profundezas. Gemidos de dor passavam
pelos abismos.
Uma estreita e vertiginosa vereda levava dali a uma descida abrupta.
Existia de fato algo como um corrimão, um gradil, mas ao mais leve
toque ele ruía, tornando-se como pó de serra nas mãos. De forma funesta se deparava o abismo ali ao lado, de cujas profundezas se
elevavam vapores, os quais tomavam formas. Formas de espécie bem
diversa, horrenda.
Elas possuíam cristas como os dragões, enormes bocas como de lobos e garras como tigres. Os corpos eram curvados ao estilo dos gatos,
cheios de flexibilidade, com rabos como de crocodilos. De suas bocas
saíam longas línguas de espécie maldosa. Em cada língua havia uma
flecha que esguichava veneno. Certas línguas se dividiam e lançavam
sempre novas flechas.
O Senhor trilhava seu caminho pelo abismo da calúnia. O mal se encolheu, escondendo-se. Eram tão perigosos quanto covardes, tão
inverossímeis quanto horríveis e tão desprezíveis quanto nojentos.
E o Senhor balançou sua espada sobre o abismo do mal. Uma espessa fumaça se elevou, como se aquelas monstruosidades fossem
queimadas vivas. Em compensação vieram do alto, pássaros do mal, os
quais fechavam com suas asas todo o abismo. O barulho delas era como o forte barulho de um furacão.
Eles mantinham seus bicos abertos, curvos como espadas turcas e
com goelas enormes. Os olhos ardiam grandes e redondos como carvão
dourado e as penas pareciam de metal. Eles queriam atacar. As garras enormes e afiadas eles direcionaram contra a Luz. Eles queriam atacar
com essas enormes garras, mas fogo queimou-as.
Com um grito selvagem os pássaros voaram para cima, enquanto que uma garra, atingida pela espada, caiu nas profundezas. Um sangue
vermelho, espesso e quente jorrava da ferida. Os monstros voadores
ficaram enraivecidos. Com batidas de asas bem barulhentas eles preencheram o abismo que levava a uma profundeza sem fim.
Cada vez mais escuro ia se tornando, os penhascos erguiam-se cada
vez mais altos, cada vez mais estreito, mais apertado tornava-se o caminho, cada vez mais fundo rumorejava o riacho. Os animais
precipitavam-se aos gritos no abismo. Do alto um irradiante e claro
rosto olhava para o Filho do Homem.
Parecia haver chegado agora uma tranqüilidade naquele mundo
horrível. A escuridão e a estreiteza continuaram, mas nada mais se
podia ouvir além do suave caminhar do casal luminoso sobre a vereda
de pedra do abismo.
Então ela de repente se alargou, degraus conduziam para baixo, a
um local que se encontrava em uma escuridão ainda maior. Maria
reteve o passo. Era como se ela tivesse que lutar com uma terrível decisão. Então, também ela pisou no primeiro degrau.
Iam rapidamente para baixo, fundo, cada vez mais fundo, mas
quanto mais fundo o casal ia, tanto mais se prolongavam os degraus.
Pavor elevava-se lá de baixo. Nos corredores laterais havia berros
como nas jaulas de macacos selvagens. Esta era agora a região que
possuía a suficiente tenacidade para manter-se. Como que uma enxurrada caía do alto. O calor era tão grande que chegava a sufocar.
Fantasmas branco-acinzentados pendiam nos penhascos.
No meio do rio que se tornava cada vez mais largo havia uma ilha
com altas árvores. Em cada uma delas pendiam pessoas enforcadas. Como trapos elas balançavam em um vento morno. Havia o horrível
cheiro de decomposição. Quando o Senhor passou, elas caíram das
árvores para dentro da correnteza. Mas imediatamente outras
encontravam-se ali penduradas. Elas se aglomeravam ali desesperadas,
apenas aguardando a oportunidade para se matarem.
De um abismo próximo dali podia-se ouvir tiros. Lampejos vermelhos reluziam e havia o cheiro de pólvora. Rostos cheios de ânsia
para assassinar olhavam através da fumaça e escondiam-se. Era como
se todos eles fossem acometidos por um medo desesperador.
E cada vez se tornava mais quente. Das paredes saía vapor. O cheiro
de pólvora e de sangue aumentava até o insuportável.
Braços feios e nus saíam das fendas rochosas aproximando-se de Maria. Rostos horrendos chegavam bem próximos e desapareciam
novamente; eles se tornavam cada vez mais semelhantes ao ser humano
e, com isso, cada vez mais feios, maldosos e maléficos. Um certo traço
era predominante, o qual denunciava a espécie das trevas e de sua carga. De forma funesta cada ser isolado se enfurecia. Nojo apossou-se
deles perante eles mesmos e tanto mais forte tornou-se o ódio quando
perceberam a Luz.
Das profundezas de um pântano se elevavam tipos armados, os
quais encontravam-se ameaçadoramente de pé como um exército do
outro lado de um lago sombrio.
Flechas voavam pelo ar, mas resvalavam de volta como que
defendidas por escudos invisíveis. As trevas engoliram aos gritos o
exército de Lúcifer, ele não podia mais ser visto.
Calmo e sempre adiante caminhava o casal luminoso sob o invólucro
pesado e protetor. Era como se uma tocha luminosa peregrinasse no
meio de um infinito negror. Sem limites, eterno e desesperador.
E a escuridão era tão ameaçadora, tão funesta, atraindo cada vez
mais a igual espécie para ir ao encontro da Luz. Ela ameaçava com
todos os seus horrores. Terrível era o sentimento de solidão, da
profundeza, do horror, do pecado.
Ameaçadoramente havia uivos sob o solo. Abriu-se um buraco na
rocha. Uma ardência avermelhada subia pelas paredes, de uma corja
viscosa e lamacenta. Com longos braços investia contra Maria, que havia ficado algo para trás. Exatamente no instante em que o Filho do
Homem golpeava um monstrengo, ecoava um grito cheio de dor: O
manto de Maria havia se aberto e a Luz se impulsionava contra rostos desfigurados, um grande monstro atacou-a. Rapidamente o Filho do
Homem veio em seu auxílio, mas do alto veio uma Luz. Amplo como um
manto branco estendia-se uma nuvem luminosa. Rostos brancos e luminosos olhavam dela.
Pareceu a Maria como se algo a soerguesse. Rapidamente ela chegou
a planícies mais elevadas, leves e livres.
“Basta!” falou uma sagrada voz sobre ela. Maria encontrava-se deitada sobre um gramado verde, macio e cheio de flores. Então Maria
não soube nada mais.
O Filho do Homem, porém, caminhou solitário ainda mais para
dentro das profundezas. Borbulhando, cada vez mais trevas vinham de
baixo para cima. O ambiente no qual o Filho do Homem se encontrava ampliou-se a um platô rochoso amplo e negro, o qual reluzia como
bronze. Este era liso, untado de sangue e viscosidade dos monstros e
seres horrendos que, no desespero, despedaçavam sempre de novo seus crânios no rochedo, procurando saída dos tormentos que sempre de
novo os aguardavam nas regiões profundas.
Abismos abriam-se, sobre os quais a vontade do Filho do Homem passava por cima. Com a ponta incandescente de sua espada Ele abria
caminho para si através da corja de figuras maldosas, que surgiam
continuamente e apareciam sempre de novo. Nem uma forma se repetia
aí, sempre de novo surgia uma nova excrescência do inferno, que insolente e perfidamente e, apesar disso, num medo covarde parecia rir
maldosamente.
Contudo, elas não podiam aproximar-se do Luminoso que estava rodeado por anéis resplandecentes e o qual reluzia cada vez mais. A
força irradiante irrompia cada vez mais poderosa do Filho do Homem,
quanto mais se aproximava a batalha final.
Ele não olhava para as cenas horrendas, que se passavam nas
aberturas rochosas e nas grutas. Com a espada erguida Ele se lançava
cada vez mais rápido para frente, passando por uma lagoa de veneno, um lago preto e as terríveis cavernas da desolação. Os mais horrendos
gritos que soam dali passavam-lhe pelo espírito, ressoando:
horrorizando-se, um grito após outro se quebrava na cobertura e nas colunas do ambiente mais baixo.
Chamas de fogo ardiam alto para cima. Monstros selvagens com
terríveis garras, dentes e chifres guardavam as entradas para o maior
recinto da maldade, o pecado. Onde, porém, os pés do Enviado de Deus pisavam, aí tudo silenciava. Uma rigidez parecida à petrificação se
apoderava do exército gigantesco que se comprimia, o qual se
aglomerava para frente como inúmeros ratos nocivos oriundos das profundezas.
Um trabalhar, martelar, assobiar e uivar perpassava o ar. Ao redor
da figura do Enviado de Deus circulavam-se círculos luminosos numa enorme rapidez. Sobre Ele surgiu uma clara luminosidade ofuscante e a
cidade das trevas bramia estridentemente, qual um touro ferido e
furioso. Cada vez mais para trás parecia as trevas se retrair, cada vez mais adiante e impetuosamente elas eram perseguidas pelo Filho da
Luz.
Então, repentina e ameaçadoramente, elevou-se de baixo, em uma
claridade ardente, a face de Lúcifer. Irado, envolvido por raios, em meio a espumas avermelhadas e envolto por vapor e veneno. Seu hálito
lançava fogo e uma fumaça espessa.
Uma tensão horrível difundiu-se devido ao grande contraste. O Filho do Homem encontrava-se nas mais profundas trevas, diante do mais
terrível momento. Lúcifer ria estridentemente, desaparecendo ainda
mais fundo e seus bandos surgiam ainda mais numerosos, difundindo
horror.
Contudo, de repente houve um zunido forte perpassando o ar! Todos
encolheram-se. De pé e ereto, encontrava-se Lúcifer ali. Ele havia
atirado a lança na direção da Luz!
Mas a Luz a apanhara com mão vigorosa. Nisso o manto protetor
caiu para trás e em sua ofuscante pureza encontrava-se a Cruz
irradiante no meio das trevas. Os raios abrasadores atingiam o mal como se fossem flechas!
Gritando desesperadamente curvavam-se e encolhiam-se os servos
de Lúcifer. O próprio Lúcifer bramia irado e correu na direção do Filho
do Homem, a fim de lutar com Ele. Foi uma luta breve, a espada atingiu Lúcifer na cabeça! Ele tombou e seus olhos gélidos encaravam cheios de
raiva o vencedor.
O Filho do Homem colocou o seu pé sobre a nuca de Lúcifer, ele o atou com sua vontade nas profundezas das trevas e uma terrível
tempestade rugiu e uivou! Trovões retumbavam, rochas caíam
estrondosamente. Lúcifer, porém, não mais se mexeu. Ele encontrava-se atado junto ao solo. Também atadas e como que petrificadas
decaíram suas forças sombrias em torno dele, seus auxiliadores fiéis.
O Filho do Homem, porém, elevou-se. Luminoso, livre dos invólucros que Lhe foram colocados nas trevas, resplandecente, como que
clarificado. Depois de um longo, profundo e sério tempo, enquanto se
desenrolou a luta com Lúcifer, o Filho do Homem despertou novamente para a existência terrena. Ao seu lado Maria.
Soavam jubilantemente sinos, luminoso encontrava-se o mundo, os
enteais enfeitavam a natureza para seu Senhor. Paz difundia-se por
sobre a Terra, pois as trevas estavam atadas.
Apenas a humanidade num próprio estarrecimento não podia notar
nada disso. Ela não sabia que enorme acontecimento de inimaginável
decisão já se realizara no Universo.
É verdade que todas as excrescências das trevas ainda podiam se
movimentar sobre a Terra. Mas o Senhor havia posto um ponto na
vontade de Lúcifer. Agora só deveria ser aniquilada todas as trevas sobre a Terra e entre os seres humanos.
Os eternos estavam cheios de alegria. Luz fluía do céu em feixes
amplos e poderosos, e a Vontade de Deus fortalecia e chamava seus servos na materialidade. —