a globalização do capital e a localização industrial andre luiz forti scherer
TRANSCRIPT
Dezembro/2012
A Globalização do
Capital e a Localização
Industrial
André Luís Forti SchererDiretor Técnico FEE e FACE/PUCRS
Secretaria de Planejamento,
Gestão e Participação
Cidadã
Dezembro/2012
OBJETIVO(S)
• Aportar elementos para o debate quanto à formulação de uma política de atração de investimentos contemporânea;
• Mostrar a evolução da lógica da localização industrial, dados os condicionantes da globalização do capital.
Dezembro/2012
GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL
• Caráter Econômico: motivação da valorização do capital.
• Caráter Geográfico: inter-relacionamento territorial de atividades econômicas.
Dezembro/2012
GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL E SUAS DIMENSÕES
A inter-relação territorial toma forma a partir de três dimensões:
a) Comércio Bens deslocam-se
b) Investimento Direto Produção desloca-se c) Finanças Dinheiro desloca-se
Dezembro/2012
GLOBALIZAÇÃO DO CAPITAL E SUAS DIMENSÕES
Características do relacionamento entre essas dimensões (MICHALET, 2004):a) Simultaneidade;b) Interdependência;c) Hierarquia.
•Cada dimensão possui uma “lógica de valorização específica”.
Dezembro/2012
DÉCADA DE 60: ETAPA MULTINACIONAL
• Localização das empresas multinacionais (EMNs) industriais passa a determinar os fluxos comerciais e tecnológicos;
• Grande parcela do comércio internacional passa ser intrafirma e intraindústria;
• Cerca de 2/3 do comércio mundial passam por EMNs já na década de 70, característica que se mantém até o momento.
Dezembro/2012
DÉCADA DE 80: ETAPA GLOBAL
• Dimensão financeira torna-se líder;
• Difusão das TICs e políticas de liberalização potencializam mudanças na lógica de atuação das empresas industriais;
• Lógica financeira: curto prazo, externalização do risco, racionalidade da alocação de portfólio; busca da valorização patrimonial.
Dezembro/2012
DOMINÂNCIA FINANCEIRA E SEUS EFEITOS SOBRE A LÓGICA DA PRODUÇÃO
• CEOs passam a responder diretamente aos acionistas por suas decisões;
• Objetivo passa a ser a “criação de valor para o acionista”;
• Acionistas decisivos são “investidores institucionais”;
• Racionalidade financeira domina as decisões quanto ao investimento
Dezembro/2012
INTER-RELACIONAMENTO PATRIMONIAL
• Criação de uma “nuvem” de relações patrimoniais dominada por empresas financeiras com lógica de portfólio;
• Importante estudo realizado por físicos suíços (VITALI; GLATTFELDER; BATTISTON, 2011) mostra que, para uma amostra de 43.060 empresas transnacionais, as 50 empresas mais conectadas possuíam controle sobre 40% da rede (dados para 2007).
Dezembro/2012
Inter-relacionamento Patrimonial
Rede Patrimonial Centro da Rede
Dezembro/2012
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
• As cadeias globais de valor são uma expressão da lógica financeira na estratégia de localização da produção, viabilizadas pela difusão e avanço das TICs e pela liberalização comercial, produtiva e financeira;
• Resultam em parcelização espacial da produção, com lógica regional ou global;
• Aumentam a importância dos serviços industriais e da infraestrutura de comunicação.
Dezembro/2012
CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
*As ilustrações foram retiradas dos documentos referenciados.
Dezembro/2012
Dezembro/2012
REGIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO: DÉCADAS DE 80 E 90
• Criação de zonas de livre circulação de capitais e de produtos em escala regional permite uma localização ótima que amplia o tamanho do mercado e reduz o custo da produção simultaneamente;
• Ampliação das trocas regionais envolvendo partes e componentes.
Dezembro/2012
ÁSIA: REGIONALIZAÇÃO GANHADORA (ANOS 2000)
• Excedente de produção industrial a partir da crise asiática leva ao deslocamento massivo da produção em direção à China;
• Intensificação das redes de suprimento de bens de capital e bens intermediários na Ásia, com centro montador na China;
• Ampliação das exportações de capital do Sul e aumento do comércio Sul-Sul (integração da África e da América Latina).
Dezembro/2012
Valor Adicionado per capita e Participação da Indústria no PIB (ARBACHE, 2012)
Dezembro/2012
VALOR ADICIONADO PER CAPITA: BRASIL VERSUS CHINA (2000-2011)
Dezembro/2012
Dezembro/2012
AMÉRICA LATINA – COMÉRCIO DE PARTES E DE COMPONENTES (CASTILHO, 2012)
Dezembro/2012
AMÉRICA LATINA – COMÉRCIO DE PARTES E DE COMPONENTES E DE BENS DE CAPITAL
Dezembro/2012
A CRISE DE 2007-08 E A LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL
• Reforço das tendências dos anos 2000;
• Supercapacidade produtiva;
• Queda nas margens de lucro;
• “Tesouro de guerra” de cerca de US$ 5 trilhões cash nas EMNs em busca de oportunidades de investimento (UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT. , 2012);
Dezembro/2012
RELEMBRANDO...
• Movimentação (tímida) em direção às novas tecnologias de produção e de energia.
• As decisões de localização das EMNs importam;
• Quem toma as decisões o faz pressionado pela lógica financeira e por seus “patrões”, e isso importa;
• A formação de cadeias globais de valor é expressão dessa lógica. “Elos” são fundamentais, e isso importa;
• A concentração da produção na Ásia foi a forma de atender a essas expectativas, mas, no momento, há uma “fuga para a frente sem tempo para reflexão”... E isso importa!
Dezembro/2012
O QUE QUEREM AS EMPRESAS?
• Determinantes do Investimento:1)Matérias-primas;2)Mercados;3)Redução de custos de produção a partir da
criação de redes de suprimentos (racionalização da produção);
4)Busca de ativos estratégicos.Obs: 2+3 vêm juntos em mercados “regionais”
Dezembro/2012
O QUE QUEREM AS EMPRESAS?
• Precondições: estabilidade política e econômica; segurança; clima de negócios amigável; rapidez burocrática.
• Condições Necessárias:
a) Tamanho do mercado e seu crescimento;
b) Infraestrutura de comunicações (estradas, portos, aeroportos, redes digitais rápidas);
c) Qualificação e disponibilidade de trabalho;
d) Tecido industrial e de serviços local para a ancoragem de “sistemas produtivos territoriais”.
Dezembro/2012
O QUE QUEREM OS ESTADOS?
• Integração entre as políticas de atratividade de investimentos e de desenvolvimento:
o Escolha de elos de cadeias como alvos da atratividade capazes de potencializar o tecido produtivo doméstico; promoção de investimentos sem agressão social ou ambiental; incidir sobre o comportamento dos investidores.
Dezembro/2012
ELEMENTOS PARA UMA POLÍTICA DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - RS
o Determinar o tamanho do território a partir de sua infraestrutura de comunicação;
o Conhecer detalhadamente a estrutura produtiva (indústria, serviços) territorial;
o Escolher cadeias globais que potencializam o desenvolvimento, dada a estrutura local;
o Compreender a lógica de atuação das GVCs, conhecer seus atores, seus elos e sua possível interface com o tecido produtivo local;
Dezembro/2012
ELEMENTOS PARA UMA POLÍTICA DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - RS
o Conhecer detalhadamente a política nacional para essas cadeias produtivas (em especial, as políticas comercial, tecnológica e de financiamento);
o Verificar a política regional de incitação financeira e de financiamentos para os elos das cadeias escolhidas;
Dezembro/2012
ELEMENTOS PARA UMA POLÍTICA DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS - RS
o Organizar formas de levar uma mensagem coerente e organizada (material de marketing da localização) às empresas escolhidas, levando em conta sua lógica anterior de investimentos e sua estrutura de governança;
o Promover a internacionalização das empresas locais, de modo a tecer embriões de GVCs próprios.
Obrigado!
Dezembro/2012
REFERÊNCIAS
ARBACHE, J.. Is Brazilian Manufacturing Losing its Drive? Social Science Research Network, 13 Oct. 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2150684>. Acesso em: 19 dez. 2012.
CASTILHO, M.. Comércio internacional e integração produtiva: uma análise dos fluxos comerciais dos países da ALADI. Brasília, DF: IPEA, 2012.
MICHALET, Charles-Albert. Que é a Mundialização? Loyola: São Paulo, 2004.
Dezembro/2012
REFERÊNCIAS (CONTINUAÇÃO)
UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT. World investment report 2012: towards a new generation of investment policies. New York: United Nations, 2012.
VITALI, S.; GLATTFELDER, J. B.; BATTISTON, S.. The Network of Global Corporate Control, Zurich, v. 6, n. 10, Oct. 2011. Disponível em: <http://arxiv.org/pdf/1107.5728.pdf >. Acesso em: 21 dez. 2012.