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A GEOGRAFIA ESCOLAR E A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL BRASILEIRA:
UM OLHAR A PARTIR DAS CHARGES E IMAGENS.
Marcelo Amorim Correia1
Universidade Estadual de Feira de Santana(UEFS)
Daniele Silva Rios2
UEFS
Suelen Brito de Oliveira²
UEFS
Bruno Pinheiro de Almeida²
UEFS
Eziel Santana Mascarenhas²
UEFS
Gilvan Gomes²
UEFS
RESUMO
O ensino de Geografia na Educação Básica precisa ser mediado por novas metodologias, pois se
percebe o insucesso de algumas práticas tradicionais que até hoje são utilizadas por alguns
professores e que trazem poucos resultados no que se refere ao processo de ensino-
aprendizagem, sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar como as
charges e imagens podem auxiliar nesse processo e na construção de conhecimento sobre a
organização espacial brasileira. Compreendendo a relevância social e didática da utilização
desses recursos/gêneros, inicialmente, explicamos as diferenças das estratégias metodológicas e
como inserir-las nas aulas de Geografia, em seguida mapeamos alguns exemplos de projetos
educativos que utilizaram esses recursos/gêneros como estratégia metodológica no processo
ensino-aprendizagem. O objeto a ser estudado neste trabalho é o ensino de Geografia. Parte
dessas indagações surgiu a partir das nossas experiências como estagiários nas disciplinas de
Estágio Supervisionado em Geografia, Metodologia do Ensino de Geografia e Didática, que nos
possibilitou observar o cotidiano escolar e materializado na disciplina Laboratório de Geografia
V, em 2015.2. O trabalho possui uma abordagem qualitativa, pois a problemática estudada
contempla um fator social, o ensino. Utilizamos um aparato teórico interdisciplinar, dentre eles:
Gurgel (2004), Cavalcanti (2003), Silva (2004), Castellar (2010) e o PCN de Geografia (1998),
que contribuíram com suas obras para o balizamento do tema e a garantia de um aporte
conceitual e instrumental a cerca da problemática estudada, realizado por meio de pesquisa
1 Professor Mestre do Curso de Geografia da UEFS e orientador da disciplina Laboratório de Geografia V (LEG V) 2 Graduandos do Curso de Geografia da UEFS e da disciplina LEG V, 2015.2
bibliográfica. Os dados obtidos e as contribuições teóricas foram analisados de forma dedutiva,
com o intuito de verificar se a problemática é verdadeira a ponto de contribuir para a realidade
estudada. Ao final do trabalho, elencamos exemplos de projetos educativos, oficinas, charges e
imagens que podem e devem ser utilizadas no ensino de Geografia da educação básica, pois
esses recursos/gêneros garantem a compreensão crítica das ações desenvolvidas no espaço
geográfico, bem como, o envolvimento dos sujeitos, visto que, eles foram convidados a
participarem do processo de construção do seu conhecimento, através principalmente do vivido,
do experimentado. É importante salientar, como a utilização desses recursos/gêneros em sala de
aula, mobilizou o professor a um deslocamento da sua prática pedagógica, a começar pelo seu
planejamento, os quais atentaram para desenvolver atividades mediadas por propósitos didáticos
e comunicativos, atentando para os três elementos envolvidos nas situações didáticas: as
condições, critérios e intervenções. Nesse contexto, as expectativas de aprendizagem dos
alunos, vivenciarem situações diversas de leitura em contexto de estudo regularmente na sua
vida escolar; desenvolverem comportamentos leitores que contribuam para o seu
desenvolvimento como cidadão informado e crítico; vivenciarem situações reais de leitura na
escola, sabendo quais os propósitos comunicativos envolvidos nas mesmas; aprenderem a ler
diferentes fontes de informação; desenvolverem diferentes comportamentos, levando em
consideração a fonte, o propósito e o tempo; compreenderem que estudar é diferente de apenas
ler; aprenderem os conteúdos dos textos que estiverem lendo, foram potencializadas e
verificadas ao longo do nosso processo de pesquisa. Nesta perspectiva, um dos pontos mais
crucial da prática docente de relacionar o conhecimento do cotidiano como o conhecimento
escolar, foi em certa maneira superado, portanto, repensar sobre a nossa prática pedagógica e
atentar para novas práticas docentes que possam ser utilizadas na sala de aula com os alunos são
de extrema relevância para o processo de ensino-aprendizado.
PALAVRAS-CHAVE: Geografia Escolar, ensino-aprendizagem e recursos/gêneros.
INTRODUÇÃO
A partir das mudanças ocorridas durante o século XIX a XX houve a
necessidade de incrementar novas praticas pedagógicas no ambiente escolar, utilizando
recursos e gêneros textuais disponíveis principalmente em meio digital.
Partindo para área do ensino de Geografia, especificamente o conteúdo da
organização espacial brasileira, existe a necessidade de trazer recursos/gêneros que
possibilitem a melhor compreensão do conteúdo por meio da visualização das charges e
imagens.
Portanto, o ensino de Geografia na educação básica precisa ser mediado por
novas metodologias, pois, é perceptível o insucesso das práticas tradicionais utilizadas
por alguns professores, assim produzem poucos resultados no processo de ensino –
aprendizagem o que dificulta a compreensão do aluno a cerca do espaço geográfico.
É nesse contexto que o trabalho se pautará tendo como principais objetivos:
analisar como as charges e imagens podem auxiliar no ensinar e aprender sobre a
organização espacial brasileira. Compreendendo a relevância didática e social da
utilização das charges e imagens no processo de ensino e aprendizagem, assim
identificando as diferentes estratégias metodológicas da utilização desses
recursos/gêneros no ensino e aprendizagem de Geografia e por fim mapear alguns
exemplos de projetos educativos, oficinas que utilizaram esses recursos/gêneros como
estratégias para ensinar e aprender, além de apresentar o envolvimento dos alunos
perante as novas metodologias.
METODOLOGIA
O objeto a ser estudado na pesquisa é o ensino de Geografia. Desse modo, o
direcionamento desta é a verificação da relevância didática e social do uso de charges e
imagens no ensino da mesma. Parte dessa questão surgiu a partir das nossas
experiências como estagiários nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Geografia,
Metodologia do Ensino de Geografia, Didática, as quais nos possibilitou observar o
cotidiano escolar, sejam elas motivadas por exigências acadêmicas, ou por participação
no ensino, bem como a partir de leituras e contribuições acadêmicas sobre o ensino de
Geografia.
Valemo-nos, é claro, de um aparato teórico entre os principais Gurgel (2004),
Cavalcanti (2003), Silva (2004) e o PCN de Geografia (1998), para contemplar o tema e
nos garantir um aporte conceitual e instrumental a cerca da problemática estudada,
realizado por meio de pesquisa bibliográfica.
A pesquisa será abordada de forma qualitativa, uma vez que a problemática
estudada contempla um fator social: o ensino. Serão analisados de forma dedutiva os
dados e as contribuições teóricas no sentido de verificar se a hipótese proposta na
pesquisa é verdadeira a ponto de contribuir para a realidade escolar.
REFERENCIAL TEÓRICO
É necessário diferenciar e conceituar os termos que estaremos trabalhando,
iniciando com recursos e gêneros textuais, existe uma diferença entre estas
classificações. O gênero textual segundo o Dicionário Online 3se refere às estruturas que
compõe os textos, tanto orais como escritos, e que tem o objetivo de constituir algum
tipo de comunicação. Os gêneros textuais possuem características básicas, algumas
delas são: o tipo de assunto abordado, quem está falando, para quem está falando, qual a
finalidade do texto e qual o tipo do texto (narrativo, argumentativo, instrucional e etc.).
Como aborda o Dicionário Online, recurso significa “o ato ou efeito de recorrer.
Meio empregado para vencer uma dificuldade ou um embaraço”. Sendo assim, o
recurso é um meio alternativo para ser utilizado em casos de problemas.
As charges são um tipo de ilustração que geralmente apresenta um discurso
humorístico e está presente em revistas e principalmente em jornais. Trata-se de
desenhos elaborados por cartunistas que captam de maneira perspicaz as diversas
situações do cotidiano, transpondo para o desenho algum tipo de crítica, geralmente
permeada por fina ironia. Gurgel (2004, p.2) afirma que:
Uma das características essenciais do gênero “charge” é a articulação que
existe entre diferentes linguagens, especialmente a verbal e a visual. Ao optar
por analisar textos humorísticos da mídia escrita (jornais, revistas, etc.), ao
mesmo tempo em que fazemos um recorte para um estudo mais detalhado,
optamos também por analisar os textos imagéticos, ou seja, aqueles que
valorizam mais a imagem. Tal fato dá-se, não apenas por pura preferência,
mas inclusive por considerar que a ilustração, no caso as charges, os cartuns e
as tiras, além de provocarem o humor, em termos de conteúdo, podem ser tão
ricas e densas quanto os outros textos opinativos, crônicas e editoriais, por
exemplo. Além de atrair a atenção do leitor, o texto com imagens transmite
também um posicionamento crítico sobre personagens e fatos políticos.
A charge é um gênero textual que articula diferentes linguagens e inter-relaciona
textos com caricaturas, desenhos e o humor. A partir daí se dá a riqueza do gênero, o
humor é o ponto de atração para a compreensão e o posicionamento crítico do leitor.
No que se refere à imagem, com base no Dicionário Online significa dizer que a
mesma é uma representação de uma pessoa ou objeto por meio da pintura e/ou da
escultura. Desse modo, a imagem desperta no individuo o sentido da visão na
representação do objeto, pessoa ou paisagem que lhe é apresentada.
Portanto, diante do exposto percebemos que esses recursos/gêneros apresentam
diferenças na forma. A charge para ser realmente um gênero textual possui a
3<http://www.dicio.com.br> Acesso em 04/04/2016 ás 10h:09min
necessidade, senão a obrigatoriedade, de apresentar as características anteriormente
evidenciadas: imagem, humor por meio do texto; Já imagem não há uma regra em sua
apresentação, o tema é livre. Entretanto, o que se percebe é que a utilização de ambas se
torna um recurso para o ensino e aprendizagem de Geografia, principalmente na escola
básica.
A Geografia da escola básica, a qual está sendo analisada se difere da ciência
geográfica, portanto, se faz necessário distingui-las, pois a ciência geográfica, utilizada
na formação de professores na academia é constituída de teorias, conceitos e métodos
sobre seu objeto de investigação. A Geografia escolar corresponde a uma seleção e
organização dos conteúdos da ciência para a escola básica. Sendo assim Cavalcanti
(2006, p. 20) afirma que:
[...] o ensino de Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e
enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na
sua aparência (na maioria das vezes impostos à “memória” dos alunos, sem
real interesse por parte destes). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao
aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas
contradições.
O ensino de Geografia tem o objetivo de ser compreensível pelos alunos e que
possa mostrar a relação com o cotidiano dos mesmos para que o aprendizado seja
concretizado. Não apenas, uma mera memorização dos conteúdos pelos alunos.
Cavalcanti (2006) discute que há uma confiança de que para ensinar bem só é
necessário o conhecimento do conteúdo da matéria focado criticamente. Ou seja,
bastaria que só o professor contribuísse para a formação de cidadãos críticos, mas deve
ser levado em consideração como e quais as práticas pedagógicas que podem ser
utilizadas para a formação desse cidadão, sendo assim, o ensino de Geografia
atualmente deve possibilitar ao aluno a descobrir o mundo que vivemos e formar sua
própria opinião.
Portanto, Cavalcanti (2006) aborda que o ensino é um processo de conhecimento
do aluno, no qual o professor e a matéria de ensino são os mediadores, no nosso caso, a
Geografia deve está articulado com seus componentes fundamentais que são os
objetivos, conteúdos e os métodos de ensino.
As práticas docentes e as técnicas de ensino devem está articuladas com o que se
deseja obter de resultado com os alunos. Trabalhar com conceitos, projetos
interdisciplinares, outros recursos pedagógicos e com temas que sejam de interesse do
aluno amplia as possibilidades de trabalhar com novos conteúdos e ajuda no
desenvolvimento cognitivo do aluno, no qual o mesmo reorganiza e estrutura
naturalmente, seus conhecimentos. Sendo assim, Castellar (2010, p.50) afirma que
“dessa forma, pensar a prática, a ação didática como o momento da reflexão teórica,
permite que a aula seja criativa e transformadora”.
Ao trabalhar com imagens e charges recorre-se a diferentes linguagens como
meio de expressar interpretações, hipóteses e conceitos. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Geografia, (1998. p.33) aborda que “na escola, fotos comuns, fotos aéreas,
filmes, gravuras e vídeos também podem ser utilizados como fontes de informação e de
leitura do espaço e da paisagem”.
Nesse contexto, o estudo dessas linguagens gráficas na educação básica
contribui para que os alunos possam compreender informações particularizadas sobre a
organização do espaço geográfico.
O ponto mais crucial da prática docente é relacionar o conhecimento do
cotidiano com o conhecimento acadêmico, o que nesta relação permite a consolidação
significativa do aprendizado. Por isso, repensar novos recursos/gêneros, ou seja, novas
práticas docentes e técnicas de ensino, que possam ser utilizados na sala de aula com os
estudantes são de extrema relevância para o aprendizado dos mesmos.
A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL BRASILEIRA A PARTIR DAS CHARGES E
IMAGENS.
A geografia como disciplina escolar pode desempenhar um papel importante na
formação do aluno, isso porque a disciplina, por sua natureza engloba conhecimentos
que diz respeito, a relação que existe entre a sociedade e a natureza – o homem e seu
espaço – o que contribui para a formação de cidadãos conscientes de como o espaço
geográfico é produzido e como o mesmo é reelaborado pela sociedade.
Para isso, o papel do professor de geografia é de extrema importância no
desenvolvimento desse conhecimento geográfico na escola, devido ao fato de que o
professor é a “ponte” entre os alunos e o conhecimento trabalhado e a forma como ele
conduz e planeja esse processo reflete no nível de apreensão do conhecimento
apresentado.Esse planejamento requer estratégias e procedimentos pedagógicos que
utilizem técnicas e materiais para operacionalizar o ensino e que auxiliem no processo
de aprendizagem, a utilização de recursos como elementos materiais utilizados na
concretização da técnica de ensino é um meio motivador para a compreensão do
conteúdo trabalhado.
Mesmo com essa relevância, alguns educadores não utilizam coerentemente os
recursos em relação aos conteúdos abordados, e assim estes se tornam apenas um
instrumento de entretenimento, como aborda Silva (2004, p.68):
Recursos são geralmente negligenciados pela maioria dos educadores.
Quando pensamos no processo de ensino e de aprendizagem, tendemos a
pensar o conteúdo e na técnica. [...] alguns educadores acham que o simples
aprendizado de técnicas de ensino é suficiente para mudar e dinamizar seu
trabalho.
De acordo com cada nível de ensino o professor pode planejar as suas aulas de
modo a contemplar o conhecimento estudado, com os recursos e métodos que assim
entender. No que diz respeito aos recursos, e ao que se discute nesse trabalho, o uso de
charges e imagens no ensino de Geografia pode ser incluído nos planejamentos das
aulas com o objetivo de colocar o aluno diante do conhecimento de forma lúdica e
divertida. Na disciplina de Geografia, existem várias possibilidades para trabalhar com
charges e imagens em função da diversidade conceitual, entretanto, Alves, Pereira e
Cabral (2013, p. 418) afirmam que:
Tratando-se da disciplina de Geografia, existem várias possibilidades de se
trabalhar com esses recursos didáticos devido ao volume de temas sociais,
críticos e contemporâneos representados pelas charges e tiras humorísticas
veiculados pelos sistemas de informações do país (revistas, internet, jornais,
etc.). Além disso, existe a necessidade gritante de tornar a disciplina mais
interessante para os alunos, haja vista que, por vezes, estes a classificam
como uma disciplina chata, monótona, em síntese, desinteressante.
O uso de charges e imagens como um recurso de ensino de Geografia e incluídos
os planejamentos dos professores pode tornar o ensino dessa disciplina mais
motivadora, pois rompe com um modelo de ensino pautado na transmissão de
conhecimento por parte do professor, que na maioria das vezes utiliza como recurso a
lousa e o livro didático. Desse modo, o conhecimento trabalhado em sala por meio de
charges e imagens possibilita um interesse maior por parte do aluno e consequentemente
maior participação nas aulas.
Tendo como um recorte espacial a organização brasileira, apresentamos a seguir
possíveis charges e imagens que podem ser utilizadas como recurso no ensino de
Geografia na educação básica, para obter um bom resultado é necessário que a
interpretação dos recursos/gêneros seja feita de maneira coletiva no primeiro momento,
no qual o Professor seja apenas o mediador da discussão.
É possível através de charges compreender a divisão do espaço entre as classes
sociais distintas, de modo que os privilégios são geralmente concedidos as classes
sociais mais favorecidas. Como ilustra a charge 01. 4
A charge 025 pode ser utilizada para a compreensão da organização do espaço da
cidade de São Paulo, cuja cidade é caracterizada como desenvolvida e a mais
industrializada do país, porém, ainda gera desigualdades sociais, de modo que o
desenvolvimento tecnológico não atende de modo homogêneo toda a população.
4https://www.google.com.br/search?q=charge+eugenio+catador&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwidrKPI26XLAhX
HkpAKHaG8BfEQ_AUIBygB&biw=1093&bih=514#imgrc=-yAuInewE0Kw8M%3AAcesso em 05/05/2016 ás 08:31h. 5https://www.google.com.br/search?biw=1093&bih=514&tbm=isch&sa=1&q=charge+s%C3%A3o+paulo+aniversar
io&oq=charge+s%C3%A3o+paulo+aniversario&gs_l=img.3...33671.36568.0.36918.12.12.0.0.0.0.200.1715.0j8j1.9.0
....0...1c.1.64.img..3.0.0.Z-DkPm5ZDSc#imgrc=PgcBSObxGxLDrM%3AAcesso em 05/05/2016 ás 09:25h.
Charge 02
Fonte: Brasil escola
Charge 01
Fonte: apedemars
Sabendo que no Brasil, maior parcela das terras está concentrada com a
população de classe alta, o que ocasiona diversos impactos sócios espaciais, é possível
discutir também esse processo por meio de charges. Com a charge 036, é possível
entender como os problemas emergidos no campo ocasionam outros problemas na
cidade.
Além das charges podemos utilizar também, imagens para compreender a
organização espacial, contribuindo assim para que os alunos possam atribuir sentido aos
conceitos apresentados em sala. A imagem 017 retrata o recorte regional do Brasil, um
simples exemplo de imagem a ser utilizada.
6<https://www.google.com.br/search?q=charges+sobre+o+espa%C3%A7o+rural&espv=2&biw=1093&bih=514&tb
m=isch&imgil= Acesso em 05/05/2016 ás 09:21h.
7<https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-
1wmwht0iKdg%2FURPsM9TWdeI%2FAAAAAAAAArA%2FXedAa0BSXp8%2Fs1600%2F134regioesbrasilibge.j
pg&imgrefurl=http%3A%2F%2Fvaldineiandrade.blogspot.com%2F2013_02_01_archive.html&docid=gedtXFMXv
ZkDNM&tbnid=HmFDorN5f0GsM%3A&w=592&h=553&bih=514&biw=1093&ved=0ahUKEwix84CqjsPMAhW
Dj5AKHa3iA-sQMwgjKAYwBg&iact=mrc&uact=8> Acesso em 05/05/2016 ás 09:44h.
Charge 03
Fonte: escravo nem pensar
PROJETOS PEDAGÓGICOS E OFICINAS A PARTIR DO USO DE CHARGES
E IMAGENS
Em relação à utilização de charges e imagens em auxilio ao processo de ensino-
aprendizagem, destacaremos exemplos de trabalhos desenvolvidos a partir da utilização
desses recursos materiais e o resultado dessas experiências abordando o envolvimento
dos alunos em relação a essa nova metodologia inserida em aula.
O primeiro trabalho analisado foi O ensino dos problemas ambientais por
meio das charges, um relato de experiência dos bolsistas do Pibid – Geografia-, os
alunos bolsistas Daniele Rios e Eziel Mascarenhas, ambos alunos do 6º semestre de
Geografia 2016, da UEFS desenvolveram uma oficina com alunos de 1º ano do ensino
médio de uma escola estadual no mesmo município.
Com esta oficina, os bolsistas buscaram por meio de charges estimularem a
consciência crítica dos alunos a partir da leitura, interpretação e da criação de charges a
cerca dos problemas ambientais.
A oficina realizada teve como tema Brincando de ser cartunista, na qual os
alunos criaram suas próprias charges após as discussões promovidas pelas diversas
interpretações que surgiram com as charges levadas para a sala pelos bolsistas.
Utilizando seu senso crítico, percepção sobre os problemas ambientais e por meio de
um mural os alunos colocaram suas criações em exposição na escola, possibilitando aos
demais, que não participaram da oficina, conhecer de uma maneira lúdica e diferente os
problemas relacionados ao meio ambiente.
Os bolsistas descreveram como foi a experiência, por meio de um relato, ao
utilizar as charges atrelada a um conteúdo específico e qual os resultados encontrados
em relação a participação e compreensão dos alunos por meio dessa nova metodologia.
Segundo eles foi possível perceber o quanto os alunos conseguem interagir e aprender
por meio da utilização de recursos visuais, além de possibilitar a construção de um olhar
crítico relacionado aos problemas ambientais existentes.
Outro trabalho analisado com essa mesma perspectiva foi A utilização de
charges e tiras humorísticas comorecurso didático-pedagógico mobilizador no
processo de ensino-aprendizagem da Geografia, trabalho feito por Telma Bezerra,
Suellen Pereira e Laíse Cabral ambas na Universidade Federal de Campina Grande. O
mesmo objetivou avaliar a utilização de charges e tiras humorísticas como recurso
didático no processo de ensino-aprendizagem da Geografia dando ênfase também aos
problemas ambientais.
As autoras citaram que esses recursos apresentam-se como potencialidades a
serem exploradas e disseminadas no âmbito educacional, pois além de despertar a
curiosidade no estudante, faz com que o mesmo se interesse pelo conteúdo que está
sendo transmitido e construído.
Concluíram que, todo gênero textual tem a sua funcionalidade no dia a dia. Na
sala de aula, e nas aulas de Geografia, assim a charge são recursos atrativos que o
professor e o aluno devem explorar, pois além de trabalhar a prática de leitura de texto,
aumenta a leitura de mundo que estes recursos/gêneros possibilitam mediante a
intertextualidade. Como resultado os alunos obtiveram uma grande compreensão do
tema trabalhado por meio desses recursos inovadores, no qual os alunos construíram
textos coerentes com base nas informações visualizadas nas charges e tirinhas.
Diante dessas análises podemos perceber a importância que se tem a utilização
de novas técnicas de ensino, essencialmente a utilização de recursos imagéticos como as
charges e imagens. Recursos esses que são de fácil acesso e estão disponíveis para
oferecer suporte ao professor no planejamento e na concretização das suas aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de ensino/aprendizagem deve privilegiar o desenvolvimento de
competências e habilidades que serão necessárias no cotidiano do aluno, para tanto é
dever do docente buscar métodos e técnicas que tornem as aulas de Geografia dinâmica
e que estes aprendam efetivamente.
A utilização das charges e imagens se configura como um recurso/gênero
didático muito eficiente e lúdico no ensino de Geografia, pois sintetizam inúmeras
informações e situações que levará o aluno a ler, interpretar, analisar e inferir sobre
diversos temas e discussões importantes na sociedade em que o próprio é sujeito ativo.
As charges possibilitam aprender de forma descontraída, pois carrega uma
mensagem sátira, peculiar, crítica sobre determinados temas. Nas experiências relatadas
foi perceptível o envolvimento coletivo dos alunos em expressar suas visões e opiniões,
isto denota o poder das aulas de Geografia e sua importância para a aprendizagem. As
imagens também se configuram como outro recurso/gênero a serem utilizadas na sala de
aula, estas contém dados e informações acerca de um determinado fenômeno, sintetizam
as inúmeras formas de compreender o espaço estudado.
Para tanto é notório que a prática docente deve permear esta perspectiva do
ensino efetivo e não “decoreba”. Estes recursos/gêneros citados se constituem como
métodos simples e acessíveis que todo professor de Geografia pode inserir nas suas
aulas, fazendo a mediação do processo de aprendizagem e instigando o aluno a pensar,
analisar, opinar e expressar sua leitura de mundo, este é sujeito ativo na sociedade e
necessita dos conhecimentos específicos da Geografia.
REFERÊNCIAS
ALVES, Telma Lucia Bezerra; PEREIRA, Suellen Silva e CABRAL, Laíse do
Nascimento. A utilização de charges e tiras humorísticas como recurso didático-
pedagógico mobilizador no processo de ensino-aprendizagem da Geografia.
Educação | Santa Maria | v. 38 | n. 2 | p. 417-432 | maio/ago. 2013.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
geografia. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 156p.
CASTELLAR, Sônia Maria Vanzella. Educação geográfica: formação didática. IN:
Formação de professores: conteúdos e metodologias no ensino de Geografia.
Organizadoras: Eliana Marta Barbosa de Morais e Loçandra Borges de Moraes. –
Goiânia: NEPEG, 2010 (Goiânia: E.V) p. 39-57.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do
conhecimento. Campinas: Papirus, 2006.
GURGEL, Nair. A charge numa perspectiva discursiva. Primeira Versão. Ano II,
nº135. Fevereiro. Porto Velho, 2004. Volume IX.
RIOS, Daniele Silva. MASCARENHAS,Eziel Santana. O ensino dos problemas
ambientais por meio das charges: relato de experiência dos bolsistas do pibid -
geografia. III Fórum de Licenciaturas da UFRB- Amargosa, 2016.
SILVA, Onildo Araújo da. Geografia: metodologia e técnicas de ensino. Feira de
Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2004. 94p.