a formaÇÃo do sindicato dos empregados no … · guildas e as administrações urbanas colocavam...

43
UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CAMPUS DE CASCAVEL A FORMAÇÃO DO SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CASCAVEL E REGIÃO JOSCINÉIA APARECIDA PEIXOTO TENFEN CASCAVEL – PR 2006

Upload: ngothien

Post on 22-May-2018

216 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE CASCAVEL

A FORMAÇÃO DO SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE

CASCAVEL E REGIÃO

JOSCINÉIA APARECIDA PEIXOTO TENFEN

CASCAVEL – PR

2006

JOSCINÉIA APARECIDA PEIXOTO TENFEN

A FORMAÇÃO DO SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE

CASCAVEL E REGIÃO

Monografia apresentada como requisito parcial a

obtenção do título de especialista em História da

Educação Brasileira, sob a orientação do Professor

Doutor Paulino José Orso.

CASCAVEL – PR

2006

JOSCINÉIA APARECIDA PEIXOTO TENFEN

A FORMAÇÃO DO SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE

CASCAVEL E REGIÃO

Banca examinadora:

Prof. Dr. Paulino José Orso (orientador)

André P. Castanha

Marco Antonio B. Carvalho

CASCAVEL – PR

2006

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família que sempre soube

doar a sua contribuição em mais esta empreitada de

minha vida. Aos meus filhos Susy e Rafael, ao meu

esposo Augustinho, a minha mãe Doralina, ao meu

irmão Peixoto e a minha cunhada Dina, que sempre me

incentivaram a continuar na busca do saber.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a

vida e o privilégio de partilha-la junto aos meus.

De forma especial agradeço ao Professor Doutor

Paulino José Orso pela orientação neste trabalho.

Ao Sr. Paulo Roberto Moraes, Presidente do SINDEC,

pela colaboração quanto as informações da entidade

para elaboração deste trabalho.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................01

1. ASPECTOS GERAIS SOBRE O SINDICATO .........................................................03 1.1 HISTÓRIA GERAL ..................................................................................................03 1.2 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRA ............................05 1.3 ORGANIZAÇÃO DO SINDICATO ........................................................................09 1.4 DENOMINAÇÃO.....................................................................................................13 1.5 CONCEITO...............................................................................................................14 1.6 FUNÇÃO...................................................................................................................15 2. SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CASCAVEL E REGIÃO - SINDEC.....................................................................................................19 2.1 HISTÓRIA DO SINDEC ..........................................................................................19 2.2 BASE TERRITORIAL..............................................................................................21 2.3 DATA BASE.............................................................................................................23 2.4 DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006 ...............................24 2.5 ESTATÍSTICAS DO ANO DE 2004........................................................................25 2.6 PRINCIPAIS REALIZAÇÕES DE 2005..................................................................26 2.7 DIRETORIA DO SINDEC .......................................................................................26 2.8 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA ............................................................29 2.9 PRINCIPAL LUTA ATUAL ....................................................................................30 3. A ORGANIZAÇÃO SUPERIOR DOS COMERCIÁRIOS .......................................32 3.1 A ORGANIZAÇÃO A NÍVEL NACIONAL ...........................................................32 3.2 ORGANIZAÇÃO A NÍVEL ESTADUAL...............................................................33 CONCLUSÃO.................................................................................................................34 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................36

INTRODUÇÃO

O avanço do capitalismo aumentou a miséria, a acumulação e a concentração de

riquezas, criando um movimento contrário a organização das classes proletárias. Com o

passar dos tempos e a evolução dos trabalhadores reunidos por classes deram origem aos

sindicatos, que vieram para defender os interesses da própria classe trabalhadora. Com essa

organização procura-se diminuir a desunião entre a classe, o que não acontecia com os

capitalistas, que, por serem em número reduzido encontravam-se organizados e unidos na

defesa da propriedade privada e dos lucros.

Os sindicatos, portanto, lutam na defesa dos interesses dos trabalhadores e contra a

exploração dos empregadores. No mesmo sentido manifesta-se Ricardo Luiz Coltro

Antunes. Diz o autor:

Os sindicatos são, portanto, associações criadas pelos operários para sua própria segurança, para a defesa contra a usurpação incessante do capitalista, para a manutenção de um salário digno e de uma jornada de trabalho menos extenuante, uma vez que o lucro capitalista aumenta não só em função da baixa de salários e da introdução das máquinas, mas também em função do tempo excessivo de trabalho que o capitalista obriga o operário a exercer. (1985, p.13).

Nesse contexto surge nos países e em suas diversas regiões movimentos tendentes a

organizar a classe trabalhadora contra os interesses dos empresários. Na Região Oeste do

Paraná também houve mudanças que influenciaram os trabalhadores e provocaram o

surgimento de muitas entidades que buscavam diminuir as injustiças sociais e a exploração.

Neste contexto de luta pela classe menos favorecida ocorre a transformação da Associação

Profissional dos Empregados no Comércio de Cascavel em um dos maiores sindicatos da

região, o Sindicato dos Empregados no Comércio de Cascavel e Região – SINDEC, que

será objeto de nossa pesquisa.

Este trabalho se propõe apresentar alguns dos conceitos básicos sobre sindicato.

Para tanto, organizamos em três capítulos, sendo que no primeiro, objetivamos apresentar a

evolução histórica sobre sindicato, bem como suas atribuições, sua forma de organização,

2

conceitos e funções. Num segundo, abordaremos os aspectos históricos do SINDEC e sua

estrutura organizacional, sua base territorial, suas convenções coletivas, dados estatísticos e

suas principais lutas. No terceiro, busca-se mostrar as estruturas superiores que estão

organizadas a nível nacional e estadual.

O tema escolhido inicialmente seria uma abordagem a respeito da criação das

diversas “universidades” em nossa cidade, mas no decorrer do curso de especialização e

havendo outros colegas que tendiam a realizar um trabalho no mesmo sentido e após

discussão com alguns professores optou-se pelo tema ora abordado.

A principal dificuldade encontrada foi o levantamento de dados, junto ao cartório e

prefeitura, pois quanto ao primeiro havia a necessidade de pagamento para obtenção das

diversas certidões registradas em cartório o que geraria um custo elevado. Quanto à

prefeitura observou-se que o número de sindicatos registrados era em quantidade muito

inferior aos que estavam registrados em cartório o que impossibilitou um aprofundamento

sobre o tema neste trabalho.

As principais fontes foram bibliografias, internet, legislação, entrevista com

representante do Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel e Região bem como

pesquisa a documentos do sindicato e pesquisa junto ao cartório de registro e Prefeitura

Municipal.

3

1. ASPECTOS GERAIS SOBRE O SINDICATO

1.1 HISTÓRIA GERAL

Na idade média houve transformações profundas na sociedade, elas foram

responsáveis pelas origens da estruturação social e econômica que conhecemos hoje. Esta

mudança ocorreu a partir da transição da idade média para a moderna com o aparecimento

do capitalismo, com o desenvolvimento do comércio com o desenvolvimento do trabalho

assalariado. O surgimento das Guildas na idade média, que eram organizações semelhantes

ao que hoje chamamos de sindicatos, foram parte destas transformações que permaneceram

nos séculos subseqüentes, conforme nos ensina Júlio A. Lobos:

A instituição sindical, entretanto, é antiqüíssima: data do século XVI na Europa (as Guildas) e desde princípios deste século, no Brasil. Consagrada por lei em quase todos os países ocidentais, ela é um produto natural do próprio sistema capitalista que, ao diferenciar o trabalho do capital, torna necessária a existência de órgãos que representem os interesses de cada um. (1982, p.05).

As Guildas eram instituições existentes na idade média, que constituíam

diversificadas formas de associações, que envolviam artesãos, comerciantes e mercadores.

Algumas Guildas não tinham caráter econômico, mas sim religioso, beneficente e de lazer.

As primeiras Guildas foram criadas para proteger os interesses e dar auxílio financeiro a

colegas de profissão. De acordo com Francisco César Alves Ferraz:

As corporações, grêmios, fraternidades ou Guildas eram as denominações das organizações cooperativas de que fala o texto. De origens medievais, eram organizações fechadas, que controlavam e monopolizavam determinado ofício ou ramo comercial. Suas regulamentações eram rigorosas, só podendo exercer determinada atividade quem pertencesse àquela corporação. Dessa forma, só poderia exercer a atividade de tecelão, por exemplo, quem pertencesse à corporação dos tecelões daquela comunidade urbana. Acontecia o mesmo em relação ao comércio. Assim, as Guildas e as administrações urbanas colocavam os cidadãos em vantagem, com predomínio das cidades sobre o campo e dos burgos sobre os mercadores estrangeiros. (1996, p.136).

4

O significado da palavra Guildas é pagamento, compensação e originou-se do fato

de seus membros darem contribuições para mantê-las. As Guildas apareceram devido ao

processo de urbanização e do crescimento da burguesia.

As Guildas passaram a agir como instrumentos de proteção de uma categoria,

classificando os profissionais em diferentes classes e especificando as atividades não

regulamentadas.

Os coordenadores das Guildas eram os mestres donos de lojas e oficinas, abaixo

deles vinham os oficiais e por último os aprendizes. As Guildas, eram instituições

extremamente fechadas que não aceitavam inovações, preservavam privilégios de cada

segmento profissional e limitavam a ação da concorrência. Assim como também

impunham severas normas de adesão e permanência, proibiam horas extras, determinavam

os preços, os salários e a qualidade dos produtos procurando evitar desperdícios de

matérias-primas.

As Guildas entraram em decadência no século XVI devido ao surgimento de novos

mercados, aos avanços técnicos na produção e nos transportes de pessoas e mercadorias,

acentua-se pela reforma protestante, pois a igreja cristã entendia que a busca por maiores

lucros era particularidade do capitalismo sendo considerado imoral, pois o que excedia

devia ser doado ao clero que distribuiria aos mais necessitados.

A falta de preparação das Guildas diante da nova ética do capitalismo levaram-nas a

sofrer sanções dos governos. Assim, a partir da reforma protestante e da revolução francesa,

as Guildas praticamente foram liquidadas, foram abolidas legalmente no século XIX.

Na Europa as entidades sindicais começaram a surgir e se organizar a partir da

revolução industrial, que mudou profundamente as condições de vida do trabalhador,

contribuindo para o êxodo rural, concentrando a população nos centros urbanos. Com o

aumento da produção, o trabalhador distancia-se cada vez mais do produto final, isto

porque cada grupo de trabalhadores passa a dominar unicamente uma etapa da produção. A

partir da revolução surge a classe operária, sendo o principal desdobramento social. O

homem passa a viver em condições deploráveis, morando em cortiços, ganhando salários

irrisórios, sendo explorados com longas horas de trabalho e sem qualquer tipo de leis

trabalhistas. A mão-de-obra masculina adulta é absorvida com a construção de ferrovias,

sendo utilizado o trabalho das mulheres e crianças nas fábricas têxteis e nas minas. Surge

5

assim o agravamento dos problemas sócio-econômicos e a desumanização do homem, ao

mesmo tempo em que as máquinas substituem o homem ampliando as possibilidades de

lucro ao capitalista, provocando o aumento da fome e miséria. No mesmo sentido, vale

mencionar a idéia de Marx e Engels, ao afirmarem:

O crescente emprego de máquinas e a divisão do trabalho, despojando o trabalho do operário de seu caráter autônomo, tiraram-lhe todo atrativo. O produtor passa a um simples apêndice da máquina e só requer dele a operação mais simples, mais monótona, mais fácil de aprender. Desse modo, o custo do operário se reduz, quase exclusivamente, aos meios de manutenção que lhe são necessários para viver e perpetuar sua existência. Ora, o preço do trabalho, como de toda mercadoria, é igual ao custo de sua produção. Portanto, à medida que aumenta o caráter enfadonho do trabalho decrescem os salários. Mais ainda, a quantidade de trabalho cresce com o desenvolvimento do maquinismo e da divisão do trabalho, quer pelo prolongamento das horas de labor, quer pelo aumento de trabalho exigido em um tempo determinado, pela aceleração do movimento das máquinas etc. (2005, p.46).

Neste contexto os trabalhadores reagiram de diferentes formas, organizando

movimentos, caracterizados pela destruição das máquinas e pela exigência de melhores

condições de trabalho. Merece destaque a formação de associações chamadas “trade

unions”1, que evoluíram e deram origem aos primeiros sindicatos modernos.

1.2 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRA

Nos últimos anos do século XIX surge no Brasil a classe operária vinculada ao

processo de transformação da economia, cujo centro agrário-exportador cafeeiro ainda era

predominante. As primeiras formas de organização foram as Sociedades de Socorro e

Auxílio Mútuo, que tinham como objetivo auxiliar materialmente os operários nos

momentos mais difíceis, como nas greves ou em épocas de dificuldades econômicas. Após

surgiram as Uniões Operárias, que por sua vez, com a origem da indústria, passaram a se

organizar por ramos de atividades, dando origem aos sindicatos. Assim sendo, podemos

afirmar que os sindicatos surgem no Brasil após a abolição da escravatura, com o início da

1 Forma como é conhecido o sindicato em Inglês.

6

atividade industrial brasileira. Com a economia incipiente e predominantemente agrícola,

com o trabalho escravo, era impossível à classe trabalhadora organizar-se para reverter sua

condição de exploração e miséria.

Outro fato histórico que contribuiu para isso foi a promulgação da primeira

Constituição Republicana que, em 1891, em seu art. 72, § 8º, consagrou o direito de

associação, conforme segue: “A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e

sem armas; não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública."

Em 1900 já existiam sindicatos, que se denominavam liga operárias, sendo que os

primeiros sindicatos que foram criados no Brasil datam de 1903 e eram ligados à

agricultura e pecuária, sendo que o a regulamentação desse tipo de sindicato foi autorizado

pelo Decreto nº 979 de 06/01/1903. Com o Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio

de Janeiro, em 1906, o movimento sindical alcança dimensão nacional, sendo fundada a

Confederação Sindical Brasileira.

O Decreto nº 19.443 de 26/11/1930 criou o Ministério do Trabalho, Indústria e

Comércio, que atribuía aos sindicatos funções delegadas de poder público. Após a

Revolução de 1930, baixou-se o Decreto nº 19.770 de 19/03/1931, que distinguiu as

diferenças entre sindicato de empregadores e de empregados. O sindicato não poderia

exercer atividade política e ficaram excluídos da sindicalização os funcionários públicos e

domésticos.

Já com a Constituição de 1934 surge a expressão pluralidade sindical, através da

qual garantia-se o reconhecimento dos sindicatos de conformidade com a lei. O parágrafo

único do art. 120 explicitava, conforme Sergio Pinto Martins (1994, p.619) “a lei

assegurará a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos”. Os sindicatos não

eram totalmente independentes e desvinculados, nasciam vinculados ao Estado.

A Constituição de 1937, em seu art. 138, conforme Sergio Pinto Martins, estabelece

que:

a associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi constituído, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatórios para todos os seus associado, impor-lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas de poder público. (1994, p.619).

7

Para que o sindicato existisse de fato era necessário o reconhecimento legal, ou seja,

deveria possuir autorização prévia do Governo, pois exerciam funções delegadas do poder

público. Na vigência desta Constituição existia a presença legal das federações e

confederações e também estabelecia que os sindicatos deveriam ser organizados em

corporações. Neste contexto os sindicatos foram sendo atrelados ao Estado, na chamada

“era populista” conforme nos fala Silvia Maria Manfredi:

Durante o Estado Novo – principalmente no período que vai de 1935 a 1942 – as organizações independentes dos trabalhadores desapareceram golpeadas pela intensa repressão e se consolida o aparelho burocrático sindical, esvaziado porém de conteúdo. Segundo historiadores e cientistas sociais, seria no período de 1943 até a queda de Getúlio, em 1945, que vai se gestar e procurar implantar um projeto de atração da massa dos trabalhadores (como bases ativas para a redemocratização com Getúlio) e a transformação dos sindicatos em organismos de Estado. (1996, p.31).

Neste período, a partir da Constituição de 1937 entrou em vigor a Consolidação das

Leis do Trabalho – CLT, através do Decreto-lei nº 5.452 de 01/05/1943, sendo que ela

trouxe a regulação e restrição à liberdade de organização dos sindicatos, impondo inclusive

requisitos para funcionamento (art. 521), forma para as eleições sindicais (art. 531), entre

outros.

A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT não foi revogada pela Constituição

Federal de 1946, sendo reconhecido nessa Constituição o direito de greve, que seria

regulado por lei. O sindicato continuava a exercer função delegada de poder público. Previa

esta Constituição que a lei ordinária poderia tratar da unidade ou da pluralidade sindical,

dependendo do critério que o legislador viesse a adotar.

Com a Constituição de 1967 os sindicatos não poderiam mais impor contribuições,

mas sim arrecadar as contribuições para custeio da atividade dos órgãos sindicais e

profissionais, na forma da lei. A Constituição institui o voto obrigatório nas eleições

sindicais bem como estabeleceu a liberdade de associação profissional ou sindical. Esta

Constituição estabelecia, que a representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o

exercício de funções delegadas de poder público seriam disciplinadas por lei.

A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, não modificou a situação prevista na

Constituição de 1967, pois o art. 166 pouco alterou o art. 159 da Constituição de 1967, que

8

afirma que: “é livre a associação profissional ou sindical, a sua constituição, a

representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funções delegadas

de poder público serão regulados em lei”.

A Constituição de 1988 estabelece, em seu art. 8º, que é livre a associação

profissional ou sindical, o que já estava previsto no ordenamento jurídico anterior.

Ficou mantida a proibição de criação de mais de um sindicato de categoria

profissional ou econômica, em qualquer grau, na mesma base territorial, que será definida

pelos trabalhadores, não podendo ser inferior à área de um município. Vetou a intervenção

na organização sindical e, assim sendo, todos os artigos da CLT que permitiam tal

interferência ou intervenção do Ministério do Trabalho no sindicato foram revogados pela

atual Constituição. A partir daí não é mais necessário autorização para criação do sindicato,

exigindo-se apenas o registro no órgão competente. Quanto à obrigatoriedade de votar nas

eleições sindicais a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu art. 529, Parágrafo

único prevê o voto obrigatório, o que foi prejudicado pelo art. 8º inciso I da Constituição

Federal, já citado anteriormente, que veda a intervenção do Poder Público na organização

sindical.

A Constituição em vigor manteve o sistema estatuído na CLT por categoria

profissional e econômica. Mantém o sistema Confederativo e possibilita a liberdade de

filiar-se ou desligar-se do sindicato em função da vontade do indivíduo. Foi mantido o

sistema de cobrança de contribuições para o custeio do sindicato. Houve a

constitucionalização da negociação coletiva, conforme previsto no art. 7º, incisos VI, XIII,

XIV e XXVI, com a possibilidade de redução de salários e outras negociações, sendo estas

coletivas. Garantiu proteção ao dirigente sindical nas eleições do sindicato, desde o registro

da candidatura até um ano após o final do mandato. Previu o direito de greve, sem qualquer

limitação, sendo que cabe a lei definir os serviços e atividades essenciais dispondo sobre o

atendimento inadiável a comunidade.

Vale mencionar, também que a atual Constituição em seu artigo 37, inciso VI,

permitiu a sindicalização dos servidores públicos, fazendo com que outros grupos

passassem a defender os interesses de seus membros por via sindical.

9

1.3 ORGANIZAÇÃO DO SINDICATO

Quando discutimos a estrutura da organização sindical vemos que há uma relação

entre o sindicato e a sociedade em geral. Para que não haja interferências externas na

entidade sindical faz-se necessário que estejam bem definidos os tipos de órgãos sindicais e

seus níveis de representação, a liberdade sindical e sua autonomia. A Constituição atual

revogou a legislação que previa a intervenção nas entidades sindicais e remete à própria

categoria a forma de organizar-se. Assim sendo, a categoria através da sua organização

pode lutar contra as interferências externas na entidade o que poderá faze-lo por meios

jurídicos e/ou da mobilização. Resta saber o alcance da autonomia do sindicato e quanto o

Estado poderá limitar suas prerrogativas ou mesmo intervir na liberdade sindical. Para

Sergio Pinto Martins, há limites tanto na competência do Poder Público quanto na liberdade

de alguns atos do sindicato:

A Constituição revogou apenas os artigos da CLT que tratavam da intervenção do Estado na vida sindical, como em relação àqueles que tratavam da fundação do sindicato com necessidade de autorização pelo Ministério do Trabalho, da intervenção deste na referida agremiação ou destituição de dirigentes etc. O que a Constituição proíbe á a intervenção do Poder Público, ou seja, do Poder Executivo, e não do Legislativo. A Constituição não alterou essas regras, pois o que é vedado é a interferência e a intervenção do Poder Executivo no sindicato, e não a legislação traçar parâmetros sobre o número máximo ou mínimo de membros componentes desses órgãos. (1994, p.640).

Além da definição do número de membros que compõem a diretoria dos sindicatos

a CLT regula outras ações da entidade. O art. 529 dispõe sobre as eleições sindicais e

regula as condições para o trabalhador votar e ser votado no âmbito sindical, conforme

Nelson Mannrich:

Art. 529. São condições para o exercício do direito do voto como para a investidura em cargo de administração ou representação econômica ou profissional: a) ter o associado mais de 6 (seis) meses de inscrição no Quadro Social e mais de 2 (dois anos de exercício da atividade ou da profissão; b) ser maior de 18 (dezoito) anos; c) estar no gozo dos direitos sindicais.

10

Parágrafo único. É obrigatório aos associados o voto nas eleições sindicais. (2002, p.288).

A Consolidação das Leis do Trabalho regulamenta os sindicatos em três capítulos,

tratando especificamente sobre o assunto desde o art. 511 ao 610. Portanto os sindicatos

devem ser administrados segundo as leis e seus estatutos. A organização interna dos

sindicatos também encontra regulamentação na CLT, em seu art. 522, sendo previstos três

órgãos: a Assembléia Geral, o Conselho Fiscal e a Diretoria, conforme Nelson Mannrich:

Art. 522. A administração do Sindicato será exercida por uma diretoria constituída, no máximo, de 7 (sete) e, no mínimo, de 3 (três) membros e de um Conselho Fiscal composto de 3 (três) membros, eleitos esses órgãos pela Assembléia Geral (2002, p.286).

Como vimos a partir da Constituição de 1988 os sindicatos passaram a ter liberdade

para redigir seus estatutos observados alguns parâmetros da legislação. Assim torna-se

possível à criação de outros órgãos dentro da administração do sindicato, além dos

previstos na CLT. Conforme afirma Arnaldo Süssekind, “Cabe, portanto, ao grupo

organizador da associação sindical dispor sobre sua estrutura administrativa, a competência

dos seus órgãos, o funcionamento dos serviços e as atividades a empreender” (2003,

p.1148). Ou seja, observado o limite mínimo e o máximo de membros estabelecidos no art.

522, supra citado, a categoria terá liberdade para organizar-se segundo as necessidades e

previsão estatutária.

O sistema sindical no Brasil é o sistema confederativo, ou seja, esta organizado em

três níveis. O art. 8º, II, da Carta Magna, estabelece que fica “vedada a criação de mais de

uma organização sindical, em qualquer grau”, e no inciso IV do mesmo artigo estabelece o

“sistema confederativo de representação sindical”. Desta forma, primeiramente tem-se o

sindicato em sua base, a federação em grau intermediário e, por fim, a confederação em

último grau ou em grau superior. Taís estruturas sindicais são regidas pela CLT, conforme

Nelson Mannrich:

Art. 533. Constituem associações sindicais de grau superior as federações e confederações organizadas nos termos desta Lei.

11

Art. 534. É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. § 1.º Se já existir federação no grupo de atividades ou profissões em que deva ser constituída a nova entidade, a criação desta não poderá reduzir a menos de 5 (cinco) o número de Sindicatos que àquelas devam continuar filiados. § 2.º As federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do Trabalho autorizar a constituição de Federações interestaduais ou nacionais. § 3.º É permitido a qualquer federação, para o fim de lhes coordenar os interesse, agrupar os Sindicatos de determinado município ou região a ela filiados, mas a União não terá direito de representação das atividades ou profissões agrupadas.

Art. 535. As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. [...]

Art. 538. A administração das federações e confederações será exercida pelos seguintes órgãos: a) Diretoria; b) Conselho de Representantes; c) Conselho Fiscal. (2002, p.290 e 291).

A união em Confederação e Federação tem por objetivo principal aumentar a

representatividade de uma corrente sindical. As Confederações têm legitimidade para

ajuizar ação direta de inconstitucionalidade, conforme dispõe o art. 103, IX, da

Constituição Federal.

Quanto as centrais sindicais que integram o sistema sindical, no Brasil existem pelo

menos cinco centrais, sendo: Central Geral dos Trabalhadores – CGT (duas); Central Única

dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical e União Sindical Independente – USI. As centrais

sindicais têm natureza cível, conforme art. 5º, incisos XVII e XXI da Constituição Federal

e, desta forma, podem impetrar mandado de segurança coletivo, nos termos do inciso LXX

do mesmo artigo do diploma legal. Não são de competência das centrais sindicais,

portanto, as questões em que são investidos os sindicatos, ou seja: decretar greve, celebrar

convenções ou acordos coletivos, etc.

12

Em relação à natureza jurídica os sindicatos podem ser classificados como de direito

público ou privado. Conforme veremos a seguir existem divergências acerca de qual seria a

personalidade jurídica ideal. No sistema italiano, o sindicato tem natureza jurídica de direto

público. Porém antes de tudo, devemos ter claro que o sindicato é uma pessoa jurídica.

Mas, existem profundas divergências quando se procura definir essa personalidade jurídica

do sindicato dentro dos ramos do Direito. Nesta perspectiva temos as seguintes

classificações: de direito público, de direito privado, semipública e outros.

As discussões sobre o tema são citadas por Sergio Pinto Martins:

Verdier (1966:184) defende que o sindicato tem natureza semipública. O sindicato exerce funções semipúblicas ao impor contribuição, participar das negociações coletivas, que beneficiam várias pessoas. Cesarino Jr. (1980:522) entende que o sindicato pertence ao Direito Social, sendo uma autarquia, que não se enquadra como pessoa jurídica de direito privado, nem público. Informa que o sindicato exerce função delegada de poder público e cobra a contribuição sindical, o que é incompatível com a atividade privada. Russomano (1995:59) afirma que o sindicato é pessoa jurídica de direito privado que exerce atribuições de interesse público. É o mesmo que ocorre com as empresas concessionárias de poder público que são empresas privadas que prestam serviços públicos. Os interesses da categoria não se identificam com os do Estado. (1994, p.626).

A liberdade sindical é essencial na luta pelos direitos dos trabalhadores, sem ela as

entidades ficariam atreladas à “vontade” do poder estatal ou dos interesses da iniciativa

privada. Sobre a autonomia dos sindicatos e sua personalidade jurídica Arnaldo Süssekind,

et al. continua dizendo:

o Estado não tem poder de criar sindicatos e apenas estabelece condições para que eles sejam registrados para o exercício de direitos que as leis lhes conferem. Os sindicatos nascem da vontade de um grupo profissional homogêneo, para a defesa de direitos e de reivindicações desse grupo. Eles não se confundem, por isso, com as Ordens de Advogados ou Médicos, por exemplo, criadas pelo Estado e com a delegação de exercer poderes estatais. Pessoas jurídicas de direito privado, os sindicatos podem assumir obrigações e respondem por elas perante a justiça. (2003, p.1110).

Pelo regramento previsto no ordenamento jurídico do país podemos afirmar que o

sindicato é pessoa jurídica de direito privado, senão vejamos o que a carta magna do país

estabelece, conforme Nelson Mannrich:

13

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; (2002, p.13).

Como vimos a Constituição Federal veda a interferência nas entidades sindicais,

assim sendo os sindicatos não poderiam ser de natureza pública, pois isto implicaria na

possibilidade do Poder Público intervir nestas entidades. Destacamos como características

que não são condizentes com a natureza pública: 1) a proibição de interferência ou

intervenção no sindicato; 2) a livre associação profissional ou sindical. Entre as

características das de natureza privada temos: 1) a participação de sindicatos em

convenções e acordos coletivos características da natureza privada; 2) a associação das

pessoas a uma entidade sindical é uma maneira de exercício de direitos privados.

Essas características da personalidade privada, que se apresentam nas associações e

entidades sindicais, delimitam o poder do estado em intervir nelas, o que dá maior

autonomia nas negociações de acordos e convenções coletivas, na declaração de greve, na

administração do sindicato e nas eleições de diretoria.

1.4 DENOMINAÇÃO

A palavra sindicato é conhecida em outros países de diversas formas de acordo com

local, para Sergio Pinto Martins (1994:624), a origem está na palavra síndico, que era

encontrada do Direito Romano para indicar as pessoas que eram encarregadas de

representar uma coletividade e no Direito grego (sundikê). Também são utilizadas as

denominações “associações e grêmios”. Esta última utilizada em países de língua

espanhola, como na Argentina. O termo sindicato abrange não só a organização de

trabalhadores, como a de empregadores. Em Portugal, usa-se o nome sindicato para as

agremiações de trabalhadores, pois as de empregadores são denominadas associações

patronais.

14

No Brasil a CLT prevê a seguinte designação da palavra sindicato, conforme Nelson

Mannrich: Art. 561. “A denominação “sindicato” é privativa das associações profissionais

de primeiro grau, reconhecidas na forma desta Lei.” (2002, p.298)

Na CLT o sindicato possuiu grande importância, sendo que no Brasil opera-se o

sistema confederativo, que estudaremos adiante, juntamente com as federações,

confederações e Centrais Sindicais.

1.5 CONCEITO

Os sindicatos são associações de empregadores ou de empregados, de trabalhadores

autônomos ou de profissionais liberais, que exerçam a mesma atividade ou profissões

similares e conexas, para fins de estudo, defesa e coordenação de seus interesses

econômicos ou profissionais.

Não encontramos na CLT uma definição para o que vem a ser sindicato, porém, no

art. 511 da CLT, segundo Nelson Mannrich:

Art. 511. É licita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais, de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. (2002, p.283).

Os sindicatos são associações que objetivam o interesse dos trabalhadores tanto os

direitos individuais como os coletivos, como nos diz Sergio Pinto Martins (1994:625). Em

sua definição de sindicato afirma que é uma associação de pessoas físicas ou jurídicas que

têm atividades econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses coletivos e

individuais de seus membros ou da categoria.

O sindicato tem o poder de representação dos interesses individuais e,

principalmente, os interesses coletivos dos trabalhadores seja através dos instrumentos

conciliatórios ou de contenciosos. Na representação de interesses individuais, entretanto,

não é ampla e irrestrita a capacidade legal do sindicato.

15

Analisando-se o artigo da CLT, supra mencionado, pode-se dizer que o sindicato é a

associação de pessoas físicas ou jurídicas, com atividades profissionais ou econômicas,

visando à defesa dos interesses coletivos e individuais da categoria. No caso das pessoas

jurídicas refere-se a representação em relação aos empregadores. Em ambos os casos

deverá estar configurada a atividade econômica, caso contrário não pode ser considerado

sindicato.

1.6 FUNÇÃO

É importante identificarmos as funções dos sindicatos para sabermos os limites de

sua competência e obrigações, bem como suas prerrogativas. Muitas vezes os sindicatos

exercem apenas as atividades assistências deixando de lado o exercício das questões

políticas, limitando-se a discutir uma vez ao ano o índice de reajuste da categoria.

Encontramos na CLT alguns artigos relacionados às funções do sindicato, que são trazidas

como prerrogativas e deveres do sindicato, conforme Nelson Mannrich:

Art. 513. São prerrogativas dos Sindicatos: a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida; b) celebrar convenções coletivas de trabalho; c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas. Parágrafo único. Os Sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de fundar e manter agências de colocação. Art. 514. São deveres dos Sindicatos: a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho; d) sempre que possível, e de acordo com as sua possibilidades, manter no seu Quadro Pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta

16

própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe. Parágrafo único. Os Sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de: a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito; b) fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais. (2002, p.513 e

514).

Como vimos à função de representação está assegurado na alínea a do art. 513 da

CLT, que garante ao sindicato a prerrogativa de representar, perante as autoridades

administrativas e judiciárias, os interesses da categoria ou os interesses individuais dos

associados. A função de representar a categoria também esta assegurada no inciso III do art.

8º da Constituição, conforme Nelson Mannrich:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; (2002, p.13).

Uma das principais funções do sindicato é a negocial, que se observa através das

convenções e acordos coletivos de trabalho. Essas negociações coletivas que originam tais

acordos e convenções tornam-se normas coletivas que obrigam tanto a categoria como a

classe patronal. Com isso as partes resolvem seus conflitos, através de concessões mútuas,

por meio da negociação. Finalizada a negociação, são escritas cláusulas que fará parte das

convenções ou acordos coletivos, criando normas e condições de trabalho. Encontramos no

art. 7º, inciso XXVI, da Constituição o reconhecimento das convenções e acordos coletivos

de trabalho e a possibilidade de modificar alguns direitos através da negociação coletiva,

conforme Nelson Mannrich:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

[...]

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo

coletivo;

17

[...]

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e

quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução

da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

XIV – jornada de sei horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos

de revezamento, salvo negociação coletiva;

[...]

XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

(2002, p.11 e 12).

Para que exista a negociação entre trabalhadores e empregados faz-se necessário à

presença dos sindicatos, tal medida objetiva a segurança para o trabalhador, pois os

membros da diretoria do sindicato, por serem estáveis, podem se expor mais com os

empregadores na luta pela ampliação dos direitos dos trabalhadores, o art. 8º da

Constituição, em seu inciso VI, garante a participação dos sindicatos nas negociações

coletivas, vejamos:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] VI – é obrigatório a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; (2002, p.14).

Quanto à função política do sindicato a legislação não autoriza que estes exerçam a

política partidária, pois tal competência é dos partidos políticos. Tal proibição está expressa

no art. 521, nas alíneas d e e, da CLT, conforme Nelson Mannrich:

Art. 521. São condições para o funcionamento do Sindicato:

[...]

d) proibição de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades

mencionadas no art. 511, inclusive as de caráter político-partidário;

e) proibição de cessão gratuita ou remunerada da respectiva sede a entidade

de índole política-partidária. (2002, p.285).

18

Outras funções estão expressas na CLT como a assistência nos casos de rescisões

dos empregados com mais de um ano de emprego (art. 477 da CLT) e nos casos de

demissão de funcionários com estabilidade (art. 500 da CLT). O art. 592 da CLT estabelece

a função de assistência técnica e jurídica, bem como a médica, dentária, hospitalar,

farmacêutica, a maternidade, em creches, colônias de férias, congressos e conferências,

finalidades desportivas, etc.

Dentre as várias funções do sindicato, estabelecidas no art. 592 da CLT, está

expresso o de promover a educação, formação profissional, estudos técnicos e científicos.

Na prática os sindicatos tendem a realizar cursos para atender a demanda de mercado,

objetivando a qualificação da categoria que representa para a prestação de serviço de

acordo com as necessidades das empresas. Os cursos de iniciação profissional inserem o

trabalhador no mercado formal, propiciando as empresas mão de obra especializada e ao

trabalhador maior renda e segurança para realizar suas atividades. Alguns sindicatos mais

estruturados promovem cursos para a satisfação pessoal de seus filiados e auxiliam com

material didático tanto para os integrantes da categoria, quanto para seus dependentes.

Neste primeiro capítulo procuramos sintetizar as principais leis, atividades e funções

dos sindicatos objetivando um embasamento teórico para que no próximo capítulo

possamos entender e abordar as questões práticas do funcionamento de um sindicato.

19

2. SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CASCAVEL E REGIÃO - SINDEC

2.1 HISTÓRIA DO SINDEC

Em 1976 nasceu em Cascavel, a Associação dos Empregados no Comércio -

ASSEC, uma entidade que representava os interesses dos comerciários da região. Em 1984

passou a chamar-se Associação Profissional dos Empregados no Comércio - ASPEC.

Na década de 80, com o agravamento da crise econômica, e a forte aceleração da

inflação, os partidos de oposição elegeram governadores nos principais estados. Surgiram

as manifestações populares, as quais se radicalizaram nas grandes e médias cidades,

inclusive com saques aos supermercados. Com a crise do modelo econômico que deu

sustentação ao regime militar, houve um descontentamento generalizado. Com a campanha

popular para as eleições diretas, em abril de 1984, os militares cederam as pressões para

realizar eleições indiretas e transferir o poder a uma oposição confiável.

No auge destas manifestações populares os antigos sindicatos reergueram-se sob

novas lideranças. Neste contexto de profundas alterações e com a queda do regime militar,

em 09 de maio de 1985, a ASPEC – Associação Profissional dos Empregados no Comércio

procedeu alteração em seu estatuto transformando-se no SINDEC – Sindicato dos

Empregados no Comércio de Cascavel e Região.

Nesses 30 anos a entidade defendeu diversos interesses da categoria, e depois de

transformar-se em sindicato teve um papel fundamental na defesa de outras lutas,

decorrentes da evolução social.

A necessidade de constituir-se em sindicato ocorreu pela ausência de entidade

apropriada para a defesa direta dos interesses dos trabalhadores, o que foi possível no

decorrer dos anos com a organização da classe, seja através da assinatura de acordos e

convenções coletivas ou pela profunda discussão de normas que definissem

funcionabilidade profissional e as estratégias de defesa dos interesses dos da categoria.

No período de fundação houve muitas dificuldades para implantação de uma

entidade como o sindicato, principalmente devido a forte pressão empresarial que tinha por

objetivo evitar a constituição do sindicato dos empregados do comércio. Com o passar do

20

tempo, houve uma concientização sobre a necessidade de organizar a categoria, que

culminou com o reconhecimento do Ministro de Estado do Trabalho, em 09/05/1985.

Considerando a data de registro do SINDEC como sindicato podemos afirmar que

ele é uma das entidades mais antigas de nossa região. Pesquisa junto ao Cartório de

Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas – Marchesini – localizado na Rua

São Paulo, 1303, Centro, Cascavel – PR, constatamos o registro de cento e cinco entidades

sindicais até a data de 18/11/2005, sendo que o primeiro sindicato que obteve registro foi o

Sindicato Rural de Catanduvas, que tem sua existência registrada desde 11/08/1980. Por

outro lado, o registro mais recente consta de 08/08/2005, e é do Sindicato de

Supermercados de Cascavel e Região Oeste do Paraná. Já na Prefeitura Municipal de

Cascavel há o registro de 27 sindicatos, até o dia 18/01/2006.

Atualmente o SINDEC tem sua sede administrativa localizada em Cascavel – PR,

na Rua Visconde de Guarapuava, 1637, Centro, telefone 3225- 1514. Em um espaço físico

amplo, com cerca de 400 metros quadrados, distribuídos em: recepção, sala administrativa,

departamento jurídico, departamento de homologação, sala de reunião, sala da presidência e

cozinha (copa).

A entidade não possui sede social, sendo que as promoções por ela realizadas são

em locais ou prédios locados.

Quanto ao número de funcionários que atendem a categoria, o sindicato conta com

06 pessoas, sendo: 1 funcionário, 2 diretores licenciados, 2 advogados e 01 assessor de

imprensa e relações públicas. Os principais tipos de atendimentos realizados na sede

administrativa são as homologações e as consultas jurídicas realizadas individualmente aos

trabalhadores.

Além dos profissionais que atendem na sede administrativa em Cascavel, o

SINDEC tem um representante junto ao sindicato dos trabalhadores em madereiras na

cidade de Quedas do Iguaçu, onde são feitos os atendimentos e homologações de contrato

de trabalho.

O SINDEC possui diversos convênios, sendo que os trabalhadores são atendidos

nos próprios estabelecimentos conveniados que concedem descontos especiais aos

comerciários. Dentre os conveniados tem-se: Hospitais, Fisioterapia, Psicólogos, Clínica de

Tomografia, Radiologia, Laboratórios, Dentistas e Academia de condicionamento físico.

21

O SINDEC possui uma base representativa de várias atividades comerciais nos mais

diversos ramos de atividades. Conforme previsto no estatuto da entidade os empregados do

comércio (atacadista e varejista) que integram a base representativa são: 1) Comércio

Atacadista: algodão e outras fibras vegetais, carnes frescas e congeladas, carvão vegetal e

lenha, gêneros alimentícios, tecidos, vestuários e armarinhos, louças, tintas e ferragens,

maquinismo em geral, materiais de construções, material elétrico, produtos químicos para

indústria e lavoura, drogas e medicamentos, sacarias, pedras preciosas, jóias e relógios,

papel e papelão, álcool e bebidas em geral, couros e peles, frutas, artigos sanitários, vidros

planos, cristais e espelhos, aparelhos e materiais óticos, fotográficos e cinematográficos,

exportador, exportador de café, sucata de ferro, bijouterias, cooperativas agrícolas. 2)

Comércio varejista: lojista do comércio (estabelecimentos de tecidos, vestuários, adornos e

acessórios, de objetos de arte, de louças finas, de cirurgia, de móveis e congêneres),

gêneros alimentícios, maquinismo e tintas, (utensílios e ferramentas), materiais médico

hospitalar e científicos, calçados, materiais e aparelhos eletrodomésticos, veículos, peças e

acessórios para veículos, (concessionárias), carvão vegetal e lenha, comércio de vendedores

ambulantes (trabalhadores autônomos), dos feirantes, frutas, verduras e plantas,

estabelecimentos de serviços funerários ( compreensiva de casas, agências e empresas

funerárias) de material óptico, fotográfico e cinematográfico, de livros, material de

escritório e papelaria, de carnes frescas, de produtos farmacêuticos, empresas de garagens,

estacionamento e de limpeza e conservação de veículos, roupas usadas, móveis e utensílios

usados, veículos usados, auto-escola, despachante de trânsito, escritório de contabilidade,

cartório de protesto, registro de imóveis, títulos e documentos, tabelionatos, registro civil,

cooperativas financeiras e de consumo.

2.2 BASE TERRITORIAL

Desde sua fundação em 1985 houve a ampliação da base territorial, sendo que a

entidade representava inicialmente os seguintes municípios:

• Boa Vista da Aparecida;

• Braganey;

22

• Cafelândia;

• Capitão L. Marques;

• Cascavel;

• Catanduvas;

• Corbélia;

• Guaraniaçu;

• Quedas do Iguaçu;

• Três Barras do Paraná.

A partir de 03/08/1992 houve a inclusão dos seguintes municípios:

• Anahy;

• Campo Bonito;

• Diamante do Sul;

• Espigão Alto do Iguaçu;

• Ibema;

• Iguatu;

• Lindoeste;

• Santa Lúcia;

• Santa Tereza do Oeste.

Um aspecto importante a ser enfatizado é que apesar de ter uma considerável

ampliação na base territorial em relação ao número de município, houve uma redução de

trabalhadores sindicalizados. Na época da fundação estima-se que havia cerca de 15.000

trabalhadores na base originária, e que apesar dos municípios que foram agregados a esta

base, hoje se estima que existam apenas 12.000 trabalhadores. O presidente da entidade

atribui esta redução principalmente ao aprimoramento tecnológico, mas acredita que com o

surgimento de novos sindicatos na área do comercio varejista, no decorrer dos anos,

desmembrando-se do SINDEC, também foi causa que contribuiu para uma fragilização da

representação sindical.

23

O quadro abaixo, elaborado pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de

Cascavel e Região – SINDEC, mostra a redução de funcionários filiados à entidade:

Quadro 1 – Redução de filiados ao SINDEC 2000-2005.

Base de Representação Nº de Filiados Nº de Filiados Cidade Projeção/2000 em 30/11/2005

Anahy 90 1

Boa Vista da Aparecida 252 1

Braganey 186 1

Cafelândia 334 1

Campo Bonito 154 1 Capitão Leônidas Marques

432 1

Cascavel 7352 6668

Catanduvas 311 1

Corbélia 474 15

Diamante do Sul 106 1

Espigão Alto do Iguaçu 168 1

Guaraniaçu 514 1

Ibema 176 8

Iguatu 68 2

Lindoeste 187 1

Quedas do Iguaçu 714 11

Santa Lúcia 124 1

Santa Tereza do Oeste 322 1

Três Barras do Paraná 355 1

Totais 12319 6718 Fonte: Sindec

2.3 DATA BASE

O SINDEC tem como data base o mês de junho, sendo que a última convenção foi

assinada somente no final do mês de julho de 2005, face às sucessivas rodadas de

negociações. Obteve-se ao final o índice de reajuste de 8%, contra um índice inflacionário

de 6,93%, havendo, portanto um ganho real para categoria.

24

2.4 DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006

O SINDEC elaborou uma cartilha detalhando o conteúdo das convenções coletivas,

sendo que estão explicitados todos os artigos das convenções firmadas. A divulgação das

convenções trabalhistas também ocorrem pela internet no site http://www.sindec.com.br .

Constam na referida cartilha as seguintes convenções:

1) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre a Federação do

Comércio do Paraná, o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do

Estado do Paraná, o Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado

do Paraná, o Sindicato dos aviários e casas agropecuárias do Estado do Paraná, o Sindicato

do Comercio Varejista de Carnes Frescas do Estado do Paraná, o Sindicato dos

Estabelecimentos de Serviços Funerários do Estado do Paraná, o Sindicato do Comércio

atacadista de Madeiras do Paraná e o Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel.

2) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre o Sindicato

Intermunicipal do Comércio Varejista de Materiais de Construção no Estado do Paraná e o

Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel.

3) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre o Sindicato do

Comércio Varejista de Material Ótico, Fotográfico e Cinematográfico no Estado do Paraná

e o Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel.

4) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre o Sindicato do

Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos de Cascavel e o

Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel.

5) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre o Sindicato do

Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos do Estado do Paraná e o

Sindicato dos empregados no Comércio de Cascavel.

25

6) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2005/2006, firmada entre o Sindicato dos

Lojistas e do Comércio Varejista de Cascavel e Região e o Sindicato dos empregados no

Comércio de Cascavel.

Observa-se que o SINDEC, a fim de representar todos os trabalhadores da região de

abrangência da categoria, firma convenções com diversas entidades sindicais patronais,

inclusive com representação a nível estadual.

Considerando a diversidade dos temas tratados em cada convenção, face às diversas

modalidades de serviços que o sindicato abrange na categoria, deixamos de fazer um

detalhamento de cada convenção. Tratam as cláusulas de interesses locais e até regionais da

categoria, estabelecendo pisos salariais, reajustes, direitos da gestante, comprovante de

pagamento, uniformes, controle da jornada de trabalho, atestados médicos, horários

especiais de atendimento no comércio, férias proporcionais, horário de estudantes, horas

extras, convênios, da conciliação trabalhista, do custeio da entidade sindical, do transporte

dos empregados, banco de horas, entre outros direitos individuais e coletivos.

2.5 ESTATÍSTICAS DO ANO DE 2004

Como veremos no quadro a seguir o SINDEC possui uma relação de proximidade

satisfatória com os trabalhadores de sua base territorial, no ano de 2004 foram atendidos

4829 pessoas. Ainda foram realizadas diversas reuniões, eventos, seminários, reuniões da

diretoria e assembléias.

Quadro 2 – Estatísticas do Ano de 2004 Descrição Quantidade

Cálculos trabalhistas 720 Consultas jurídicas 480

Exames admissional 144

Exames demissionais 252

Homologações 2433

Informações via telefone 800

Reuniões, eventos e seminários 78

Reuniões da diretoria 04

Assembléias 03

Fonte : Sindec

26

2.6 PRINCIPAIS REALIZAÇÕES EM 2005

O SINDEC tem mantido uma posição atuante em defesa dos interesses dos

trabalhadores, buscando repor as perdas inflacionárias e conquistas ganhos reais para a

categoria. No ano de 2005 enquanto o índice inflacionário anual foi de 6,93% o sindicato o

obteve um reajuste para a categoria de 8%. Em alguns setores da categoria houve um

aumento ainda maior chegando a 13,15% o índice de reajuste. O sindicato desenvolveu

diversas atividades que beneficiaram os trabalhadores da categoria tais como: audiências de

conciliações, cálculos trabalhistas, consultas jurídicas, exames admissionais e demissionais,

homologações, reuniões, eventos, seminários, reuniões da diretoria e assembléias.

Houve a emissão periódica, a cada dois a três meses, do informativo do SINDEC,

com uma tiragem de 5.000 exemplares, onde são apresentadas as principais atividades da

entidade e matérias de interesse da categoria. O referido informativo apresenta diversas

matérias educativas para esclarecimento dos direitos dos trabalhadores, bem como um

relato das principais atividades desenvolvidas e informações gerais de interesse da

categoria.

A diretoria do SINDEC desenvolveu uma programação e organização de cursos a

serem realizados em 2006, entre os quais estão: Curso de Atendimento ao cliente, Técnicas

administrativas, Matemática financeira com uso da calculadora HP, entre outros.

2.7 DIRETORIA DO SINDEC

Conforme define o estatuto do sindicato ocorre eleições a cada quatro anos para a

diretoria executiva, suplentes e delegados representantes junto a federação. São

considerados aptos a votar e serem votados os associados que estiverem a pelo menos dois

anos na categoria e em dia com a tesouraria da entidade, no mínimo nos seus seis meses

que antecedem o pleito eleitoral.

A primeira diretoria do SINDEC, eleita em 13 (treze) de agosto de 1985, teve sua

posse em 16 (dezesseis) de setembro do mesmo ano, no Centro Cultural Gilberto Mayer, na

cidade de Cascavel.

27

Quadro 3 – Composição da Primeira Diretoria do SINDEC.

DIRETORIA

Presidente Donato Ramos

Secretário Martim Lourenço Lara

Tesoureiro Valdomiro Paulo de Oliveira

CONSELHO FISCAL

Ana Adelaide Beal

Azelinda Bibi Pavani

Liamar Campiol

DELEGADOS REPRESENTANTES

Donato Ramos

Martim Lourenço Lara

Fonte: SINDEC

A diretoria atual do SINDEC, cuja eleição ocorrerá em 11 (onze) de agosto de 2003,

teve sua posse em 11 (onze) de setembro do mesmo ano, as 20:30 horas, no Círico’s

Restaurante, na cidade de Cascavel.

Quadro 4 – Composição da Atual Diretoria do SINDEC.

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente Paulo Roberto Morais

Vice-Presidente José Jacir Pirolli

1º Secretário Waldomiro David dos Reis

2º Secretária Ivone T. Tonieto Nunes

Tesoureiro Osvaldecy Pisápio

2º Tesoureira José Jacir Pirolli

Diretor de Esportes Enio Vieira de Lima

28

Diretor de Patrimônio Maria José Duarte

Diretor Social Donato Ramos

29

Cont. Quadro 4 – Composição da Atual Diretoria do SINDEC.

Suplentes

Irceu Nunes Duarte

José Zanata

Augusto Carlos Clok

Marlene Duarte da Silva

Valdelena Apda A Caetano

Ivete Pegoraro

José Bachat

Alberto Sotana

Nelso Paiz

CONSELHO FISCAL

Titulares

Joaquim Miguel Diniz

Adélia Duarte

Airton Aparecido do Nascimento

Suplentes

Henrique Pedro Brenn

Célia S O O Mikulski

Clodomiro da Silva

DELEGADOS REPRESENTANTES

Titulares Osvaldecy Pisápio

Suplentes Salete de L dos Santos

Fonte: SINDEC

A entidade é presidida há mais de dois anos pelo Sr. Paulo Roberto Morais, nascido

em 19/11/1955, na cidade de Tangará – SC. Casado, pai de quatro filhos, residente e

domiciliado na cidade de Cascavel – PR. É formado em Administração e possui

especialização em Gestão Empresarial.

30

2.8 COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Com a publicação da Lei nº 9958/2000 que incluiu os artigos 625-A a 625-H criou-

se regras sobre as Comissões de Conciliação Prévia. Os sindicatos e empresas podem

instituir Comissões de Conciliação, com representantes de empregados e empregadores, de

composição paritária, com a atribuição de buscar a conciliação dos conflitos individuais do

trabalho. A composição, o número de integrantes e as garantias aos empregados membros

da Comissão estão dispostos no art. 625-B, da CLT, conforme Nelson Mannrich:

Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, 2 (dois) e, no máximo, 10 (dez) membros, e observará as seguintes normas: I – A metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria profissional; II – Haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares; III – O mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução. § 1º. É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até 1 (um) ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei. § 2º. O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade. (2002, p.310 e 311).

Havendo junta de conciliação no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria

qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação

Prévia, que terá prazo de 10 (dez) dias para realização da sessão de tentativa de conciliação

a partir da provocação do interessado. No caso de ocorrer acordo o termo de conciliação se

tornará título executivo extrajudicial, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração

da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objetivo, firmada pelos membros

da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.

31

O SINDEC possui uma Comissão de Conciliação Prévia que tem sede na rua Rio de

Janeiro, 1565, sendo que são 03 conciliadores representando os empregados. Conforme

prevê a legislação a comissão possui membros indicados pelos trabalhadores e pelos

patrões, pelos seus respectivos sindicatos.

O quadro abaixo mostra a importância da Comissão de Conciliação Prévia, na busca

de agilizar os conflitos entre patrões e empregados:

Quadro 5 - Audiências efetivamente realizadas de 09/09/2000 a outubro de 2005.

Quantidade Quantidade Quantidade

Ano Audiências Conciliadas Não Conciliadas

2000 53 38 15

2001 27 17 10

2002 647 359 288

2003 605 305 300

2004 244 179 65

2005 365 180 185

Totais 1941 1078 863

(%) 100 % 55,54 % 44,46 %

Fonte: Comissão de Conciliação Prévia Trabalhista Lojista de Cascavel - PR

Observa-se no quadro acima que o número de acordos obtidos nas audiências

realizadas pela Comissão de Conciliação Prévia no período de sua existência supera a 55

%. Este resultado demonstra a sua importância, e se não existisse as referidas comissões

certamente teríamos um número maior de ações judiciais junto aos tribunais.

2.9 PRINCIPAL LUTA ATUAL

A entidade sindical tem buscado no decorrer dos anos a constante defesa dos

interesses da categoria junto a classe empregadora, tentando impedir que os empregados

sejam utilizados como massa trabalhadora aos domingos e feriados, sendo que o SINDEC

32

já firmou posição no sentido que estes dias devem ser mantidos como os mais apropriados

para o descanso e convívio familiar e que é nestes dias que a maioria das pessoas destina ao

lazer, as crenças religiosas e a cidadania.

Essa luta foi tão constante e a radicalização foi necessária em face da intransigência

dos empresários na posição de manter os estabelecimentos comerciais abertos nestes dias

considerados de descanso. No decorrer desde processo, e não havendo mais possibilidades

de negociação, houveram alguns momentos críticos e tensos onde os empresários usaram

da força policial com o pretexto de manter a ordem pública.

Neste contexto a entidade tem se tornado cada vez mais participativa, discutindo os

interesses da classe dos comerciários ou participando de seminários, congressos, realizando

encontros de líderes, organizando eventos culturais e sociais. Também se faz presente em

vários conselhos de representação de empresas públicas e do Conselho Municipal do

Trabalho.

33

3. A ORGANIZAÇÃO SUPERIOR DOS COMERCIÁRIOS

3.1 A ORGANIZAÇÃO A NÍVEL NACIONAL

O SINDEC está filiado nacionalmente a Confederação Nacional dos Trabalhadores

do Comércio – CNTC, que é a entidade representante de todas as categorias profissionais

que integram os grupos do Comércio em todo o país.

A CNTC foi fundada em 30 de outubro de 1946 por iniciativa de cinco federações e

posteriormente reconhecida pelo Decreto nº 22.043, de 11 de novembro de 1946, a qual

tem sede e foro na Capital da República.

São fundadoras da CNTC as seguintes federações:

- Federação dos Empregados no Comércio do Estado do Rio de Janeiro;

- Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo;

- Federação dos Empregados no Comércio do Norte e Nordeste;

- Federação dos Empregados no Comércio do Estado do Rio Grande do Sul;

- Federação Nacional dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares.

A CNTC tem como finalidade precípua a coordenação, orientação, defesa e legal

representação de todas as categorias profissionais que integram os grupos de trabalhadores

no comércio, com o intuito de mútua colaboração com as congêneres associações de classe,

tendo como princípios básicos a liberdade e autonomia, preservando a unicidade sindical e

a solidariedade profissional. Foi criada com o objetivo de lutar pela preservação da

representação dos trabalhadores, rejeitando qualquer iniciativa que possa retirar de cada

profissão o seu reflexo próprio, diluindo-o numa organização que centraliza todas as

categorias de Trabalhadores no Comércio.

Ao longo dos anos, a história registra a sua participação em todas as conquistas

sociais e preservação dos direitos dos seus representados, marcados por longas e árduas

lutas.

Atualmente, tem centrado sua atuação na preservação nos direitos e conquistas

sociais, especialmente contra as investidas do neoliberalismo que procura impor aos

34

trabalhadores brasileiros a desregulamentação e flexibilização de seus direitos e o

enfraquecimento e esfacelamento de suas entidades de classe como legítimas representantes

de seu interesses.

Nos quase 57 anos decorridos de sua fundação, a CNTC permanece em trajetória

ascendente, congregando 28 Federações filiadas, num âmbito de 800 Sindicatos,

representado treze milhões de trabalhadores em todo o Território Nacional.2

3.2 DA ORGANIZAÇÃO A NÍVEL ESTADUAL

O SINDEC é filiado a Federação dos Trabalhadores no Comércio do Estado do

Paraná – Fetraparaná e também na Confederação Geral dos Trabalhadores – CGT/Paraná.

A Fetraparaná foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho em 22 de dezembro do

ano de 1953.

A criação e instalação da Federação dos Trabalhadores do Comércio do Estado do

Paraná foi a partir da união do Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba;

Sindicato dos Empregados no Comércio de Ponta Grossa; Sindicato dos Oficiais Barbeiros

e Cabeleireiros de Curitiba; Sindicato dos trabalhadores no Comércio Armazenador de

Antonina; Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Armazenador de Paranaguá e

Sindicato dos Empregados no Comércio hoteleiros e Similares de Curitiba.

A Entidade sindical de grau superior constituída para fins de coordenação,

orientação, defesa e legal representação dos empregados no comercio atacadista e varejista.

Cabe à Federação representar e substituir processualmente perante as autoridades

legislativas, executivas, judiciárias e administrativas, os trabalhadores representados e as

entidades sindicais filiadas. Também são atribuições da Entidade: promover a solidariedade

entre os sindicatos filiados, celebrar acordos ou convenções coletivas, colaborar com o

Estado como órgão técnico e consultivo, no estudo e solução de problemas relacionados aos

trabalhadores e à sociedade, velar pela observância das leis sociais e propugnar pelo seu

aperfeiçoamento3.

2 Fonte: http://www.cntc.com.br 3 Fonte: http://www.fetraparana.org.br

35

CONCLUSÃO

Ao término deste trabalho é necessário destacar a importância do papel dos

sindicatos na defesa dos interesses dos trabalhadores. Observa-se que são muitas as

possibilidades em que tais entidades podem atuar em benefício das classes menos

favorecidas, através dos instrumentos que a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e a

Constituição Federal dispõem.

A organização e a mobilização dos trabalhadores para exercerem seus direitos

também são formas que auxiliam na garantia e ampliação de vantagens salariais como de

melhorias nas condições de trabalho.

Com a transformação da Associação Profissional dos Empregados no Comércio

para Sindicato dos Empregados no Comércio de Cascavel e Região são agregadas novas

atribuições a entidade, que além da assistência social já praticada anteriormente amplia suas

possibilidades de atendimento a categoria através das atribuições próprias para os

sindicatos, conforme prevê a legislação.

Como podemos verificar a formação do Sindicato dos Empregados no Comércio de

Cascavel e Região veio suprir as necessidades na defesa dos interesses dos funcionários,

estando este organizado de forma a orientar as questões jurídicas para a categoria, dando

suporte nas questões legais de trabalho dos seus filiados bem como nos momentos de

rescisão contratual. O sindicato possui uma assessoria jurídica bem organizada que presta

assistência aos filiados nas questões relacionadas aos problemas de conflitos entre patrões e

empregados. Nos casos de término do contrato de trabalho, possui a Comissão de

Conciliação Prévia que minimiza os conflitos judiciais e favorece o acordo entre as partes

em tempo bem reduzido.

Manter o equilíbrio entre o capital e o trabalho optando pela conciliação, evitando

embates judiciais entre o patrão e seus colaboradores, é filosofia do SINDEC para obter os

resultados imediatos, todavia a entidade se mantém na luta pela defesa dos trabalhadores

contra os ideais capitalistas, seja a nível local para manter o descanso semanal aos

domingos ou nas grandes lutas a nível nacional contra a reforma trabalhista proposta pelo

Governo Federal.

36

Entre outras atividades o SINDEC promove eventos sociais, seminários, exames

admissionais e demissionais, negociações coletivas, homologações e firma convênios com

o comércio em geral.

Pelo exposto, concluímos que foi positiva a formação do sindicato objeto deste

trabalho, pois trouxe avanços para a categoria a qual representa, ampliando as vantagens

para seus associados e demonstrando ser uma entidade que busca a defesa dos interesses

dos trabalhadores.

37

BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro. O que é sindicalismo. 10 ed., São Paulo: Editora Brasiliense.1985. FERRAZ, Francisco César Alves. [et al.]. Documentos em história. Cascavel, PR: Editora da UNIOESTE, 1996. Volume II. FORTES, Alexandre. [et al.]. Na luta por direitos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1999. http://www.cntc.com.br http://www.fetraparana.org.br MARX, Karl , ENGELS. Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005. LOBOS, Julio A. Sindicalismo e Negociação. 1º ed., São Paulo: Embranews, 1982. MANFREDI, Sílvia Maria. Formação sindical no Brasil. São Paulo: Escrituras Editora, 1996. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, 13 ed., São Paulo: Atlas, 1994. NELSON, Mannrich. Constituição Federal, Consolidação das leis do trabalho, legislação previdenciária. 3 ed., São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002. SÜSSEKIND, Arnaldo ... [et al.]. Instituições de direito do trabalho. 21. ed., São Paulo: LTr, 2003. volume II.