a formação de jovens atletas: da detecção do talento à ... · somente aos esportes...
TRANSCRIPT
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
A formação de jovens atletas: da detecção do
talento à intervenção federativa
Alfredo Irúrtia, Xavier Iglesias
Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha (Universidade de
Barcelona)
A formação do talento esportivo é um processo no qual intervêm vários agentes: o atleta, o treinador, a equipe técnica, a família, o clube e as federações... Cada um deles tem uma influência importante na evolução do atleta, mas neste trabalho veremos uma perspectiva do processo de formação a partir de duas vertentes diferentes, porém complementares:
a) A identificação do esportista com talento: Generalização b) A tecnificação a partir da realidade federativa: Caso concreto
1. Identificação do talento desportivo Embora hoje seja reconhecido que a especialização precoce poderia não ser recomendável para a "maioria" dos jovens que iniciam a prática de qualquer esporte competitivo, é ainda mais verdadeiro que, quando se fala do conceito de "talento esportivo", o termo "maioria" é antagônico aos objetivos a serem alcançados: detectar, captar, selecionar e promover o indivíduo com capacidades, habilidades e competências. Em suma, com um conjunto de recursos que garantam, na medida do possível, a consecução do sucesso competitivo. Que a realidade do esporte federado internacional tenha se dedicado à difusão e potenciação de planos específicos para o desenvolvimento de talentos esportivos é um fato constatado (Vaeyens et.al., 2008). Da mesma forma, não existe um consenso universal, nem na elaboração e nem nas estratégias de ação, de como realizar cada um desses planos. No âmbito nacional, e como costuma acontecer quando se trata de esporte, a Catalunha é uma das Comunidades Autônomas da Espanha pioneiras no desenvolvimento de Planos de Tecnificação, atualmente veiculados através do programa da Secretaria Geral de Esporte (Generalitat de Catalunya) denominado "Alt Rendiment Català" (ARC). Porém, primeiro vamos definir o marco conceitual, para depois desenvolver o modelo teórico de aplicação, necessariamente ajustado à realidade do esporte na Espanha em geral, e na Catalunha, em particular.
As primeiras perguntas que um treinador deveria fazer seriam as seguintes (figura 1): Quem é mais "talentoso", o atleta que possui uma série de competências ideais para uma determinada especialidade desportiva, ou aquele que tem a melhor capacidade para se adaptar, ao longo do tempo, às exigências próprias de treinamento e de competição? Existe alguma relação entre a melhor curva de adaptação e as habilidades ideais identificadas no início da prática desportiva? Qual é o ponto de corte que se estabelece para determinar se uma criança "serve ou não" para o êxito competitivo em um determinado esporte? Todas essas são perguntas que devem ser primeiramente colocadas e então resolvidas de acordo com cada modalidade e cada macro e micro contexto.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 1: Três perfis hipotéticos que começam na prática desportiva com aptidões determinadas, mas que se
adaptam de maneira diferenciada no decorrer do tempo.
1.1. Conceito de talento esportivo
De acordo com a metodologia estabelecida, o conceito de talento esportivo é definido a partir de duas perspectivas, a primeira ligada ao inatismo e a segunda ao próprio processo de treinamento:
1. Pessoa que desde cedo manifesta especial aptidão para determinado tipo de atividade desportiva (adaptado de Ruiz e Sánchez, 1997).
2. Pessoa que, através da experiência e do treinamento, desenvolve habilidades especiais para determinada atividade desportiva (adaptado de Salmela, 1994).
Se analisarmos os termos usados para a elaboração de cada uma das definições de talento esportivo, observaremos a necessidade de estabelecer previamente um quadro terminológico que contextualizará o modelo teórico posterior (Riera, 2005):
Aptidão: Propriedade intrínseca de base biológica que caracteriza uma pessoa.
- Exemplo: em um ginasta, ter força e ser baixo.
Habilidade: tarefa específica é realizada de maneira eficaz.
- Exemplo: uma cruz nas argolas sem penalização do juiz (ginástica artística).
Competência: integração de habilidades que demonstram o consequente domínio da atividade.
- Exemplo: em um ginasta, ser "muito bom", ou possuir um domínio claro, nas argolas. Esportivamente muitas vezes se manifesta em situações de competição. Para o mesmo conjunto de habilidades, ser competente em um determinado momento não garante que se será mais tarde.
Capacidade: transferência do histórico pessoal de cada indivíduo para outros âmbitos ou áreas.
- Exemplo: em uma ginasta, ser capaz de gerar altos valores de força máxima em qualquer atividade que seja necessário.
Finalmente, cabe ressaltar a importância de outro termo conceitual: a atitude. Sem uma adequada administração da atitude de nosso atleta, ou seja, se o atleta, por exemplo, não quer, não tem intenção ou não está disposto a continuar o processo que implica na obtenção do sucesso competitivo, de lhe adiantará ser apto, hábil, competente nem possuir uma série de capacidades que lhe permitam sê-lo.
Po
nto
de
co
rte
!!
Rendimento Esportivo
Tempo (anos)
Sucesso Competitivo
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Este quadro conceitual desenvolvido por Riera (2005), juntamente com a abordagem estabelecida por García Manso et al (2003) em relação ao processo de treinamento que acarretam a detecção, captação e seleção de talentos esportivos, nos leva a propor um modelo de atuação (Figura 2 e 3). Esse modelo, entretanto deve ser analisado a partir de dois níveis de especificidade: 1) o primeiro se aplica a todas as especialidades esportivas e se refere ao nível de destaque que cada um dos fatores possui (aptidão, habilidades, competências) em cada processo de detecção, captação e seleção de talentos esportivos; 2) o segundo é aplicável somente aos esportes individuais. Nesse caso, os valores percentuais são propostos para orientar o treinador no decorrer destes processos. Finalmente, entende-se que cada treinador, no caso de esportes coletivos ou de adversário, deverá refletir sobre seu modelo teórico de atuação.
Legenda:
ATLETA
PRÁTICA ESPORTIVA
DETECÇÃO: APTIDÕES (70%) HABILIDADES (30%)
PROCESSO DE TREINAMENTO (BASE)
CAPTAÇÃO: APTIDÕES (20%) HABLIDADES (50%) COMPETÊNCIAS (30%)
PROCESSO DE TREINAMENTO (PROFUNDO)
SELEÇÃO: APTIDÕES (10%) HABILIDADES (20%) COMPETÊNCIAS (70%)
TALENTO ESPORTIVO
Figura 2: Modelo teórico que relaciona o quadro terminológico conceitual desenvolvido por Riera (2005) e as
fases de treinamento apresentadas por García Manso et al (2003) para a detecção, captação e seleção do
talento esportivo. Os valores percentuais são propostos para esportes individuais.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Legenda:
MODELO TEÓRICO
DETECÇÃO, CAPTAÇÃO E SELEÇÃO DE TALENTOS ESPORTIVOS
Detecção Captação Seleção
Aptidões 70% 20% 10% 100%
Habilidades 30% 50% 20% 100%
Competências 0% 30% 70% 100%
100% 100% 100%
+ APTOS + HÁBEIS + COMPETENTES
Figura 3: Modelo teórico que desenvolve uma aproximação percentual dos fatores (aptidões, habilidades,
competências) que deveriam ser avaliadas em cada um dos processos estabelecidos para a detecção, captação e
seleção do talento esportivo nas modalidades individuais.
Como sugerido na Figura 3 e seguindo com os exemplos acima expostos, os sistemas de avaliação correspondentes para cada caso continuarão sendo estabelecidos.
Aptidão: em um ginasta, ter força e ser baixo.
- Detecção: testes específicos de força e estudo cineantropométrico.
Habilidade: uma cruz nas argolas sem penalização do juiz (ginástica artística).
- Captação: avaliação específica da habilidade.
Competência: ser competente no aparelho das argolas.
- Seleção: Avaliação, de acordo com os parâmetros do código de pontuação, do exercício competitivo.
Contudo, o estabelecimento prévio de um quadro conceitual terminológico permite, apenas então, determinar e consequentemente entender as definições propostas abaixo.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Detecção: processo, predominantemente transversal, que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais e habilidades específicas necessárias para enfrentar um processo de tecnificação esportiva.
Captação: processo longitudinal que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais, habilidades específicas e competências esportivas necessárias para enfrentar um processo de alto rendimento desportivo.
Seleção: processo longitudinal que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais, habilidades específicas e competências esportivas necessárias para alcançar o sucesso competitivo internacional.
Note-se que decidimos usar apenas o primeiro nível de concreção mencionado acima, omitindo os percentuais correspondentes a cada fator em cada um dos processos. Essas definições possuirão, assim, caráter e aplicação universal. Se o objetivo final visa à definição exata do modelo teórico aplicado aos esportes individuais (2º nível de concreção) a proposta versaria como abaixo:
Detecção: processo, predominantemente transversal, que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais (70%) e as habilidades específicas (30%) necessárias para enfrentar um processo de tecnificação esportiva.
Captação: processo longitudinal que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais (20%), habilidades específicas (50%) e competências esportivas (30%) necessárias para enfrentar um processo de alto rendimento desportivo.
Seleção: processo longitudinal que tem como objetivo avaliar as aptidões individuais (10%), habilidades específicas (20%) e competências esportivas (70%) necessárias para alcançar o sucesso competitivo internacional.
Finalmente, é necessário desenvolver um prazo final que, longe de ter chegado a um consenso geral quanto ao seu conceito e definição, merece ser objeto de reflexão por parte do treinador. Ou seja, o conceito de "promoção do talento desportivo". De fato, alguns autores (Lorenzo, 2001, 2003) sublinharam a necessidade de avançar em direção a uma abordagem na qual o importante não é o estabelecimento de determinados sistemas de avaliação para detectar, captar e selecionar o sujeito com uma série de aptidões, habilidades e competências bem acima de outros atletas, e sim, um sistema desportivo que estabeleça eficaz e eficientemente os meios para desenvolver as capacidades máximas dos atletas que atualmente estão sendo treinados. Para o autor que assina este documento, esta abordagem é necessária e prioritária para um sistema desportivo como o nosso, no qual a maioria dos treinadores treina com o atleta que chegou as suas mãos. Isso, entretanto, não é incompatível com a abordagem clássica que envolve a identificação do talento esportivo. A seguir, expomos, a título de exemplo, a integração dos diferentes processos para a detecção, captação e seleção do talento esportivo, no sistema desportivo autonômico catalão e nacional (Figura 4). Também se responde, com a mesma estrutura, o que e quando avaliar os processos necessários de avaliação e controle de treinamento estabelecidos ao longo de uma carreira esportiva (Figura 5). Tudo isso combinado às diferentes fases de treinamento propostas por García Manso e colaboradores (2003).
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 4: Processos para a detecção, captação e seleção do talento em relação às diferentes fases de
treinamento ao longo da carreira desportiva. São incluídos os anos necessários para alcançar o sucesso
competitivo internacional de acordo com diferentes modalidades (Volkov & Filling, 1989).
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Legenda:
O QUE E QUANDO AVALIAR
TECNIFICAÇÃO ESPORTIVA ALTO RENDIMENTO ESPORTIVO
PRÁTICA TREINAMENTO TREINAMENTO CONFIRMAÇÃO PROMOÇÃO
ESPORTIVA (BASE) (PROFUNDO) (COMPETIÇÃO) DESENVOLVIMENTO
EFICÁCIA EM UMA TAREFA CONCRETA COMPETÊNCIA
HABILIDADE DOMÍNIO GERAL DA ATIVIDADE
APTDÃO EXPERIÊNCIA E TRANSFERÊNCIA
ORGANISMO CAPACIDADE
DETECÇÃO CAPTAÇÃO SELEÇÃO
Figura 5: Aspectos esportivos a avaliar à medida que a carreira do atleta avança no tempo. Novamente, são
relacionadas às fases de treinamento com os processos que envolvem a identificação do talento desportivo.
Há três modelos ou sistemas desportivos que permitem ou possibilitam chegar, do termo anglo-saxão conhecido como "gifted" ou superdotado, ao conceito de "crack esportivo", o qual, independentemente dos sucessos esportivos alcançados, possui o necessário e o essencial pra o reconhecimento social destes status. Os três sistemas são (García Manso et al., 2003):
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
- SISTEMA PASSIVO: a transição entre um e outro é estabelecida através da estrutura competitiva. Não há um plano específico para a identificação do talento esportivo. Os resultados esportivos são estabelecidos como a única variável a ser controlada.
- SISTEMA SELETIVO: A transição entre um e outro é estabelecida através de um monitoramento específico programado. Localizam-se nesse sistema os planos de tecnificação.
- SISTEMA DE INVESTIMENTO EM TALENTOS CONFIRMADOS: No momento em que o jovem atleta demonstrar sucessos competitivos investe-se especificamente nele. Sob esse sistema encontra-se o plano ADO.
1.2. Diretrizes para estabelecer um modelo de análise do rendimento esportivo
Quando um treinador ou pesquisador enfrenta o desenvolvimento metodológico e procedimental de um programa específico para a detecção, captação, seleção e promoção do talento esportivo, com base na avaliação de uma série de variáveis, devem ser consideradas as seguintes etapas (Figura 6):
1. ETAPA 1: revisar as bases normativas pelas quais um teste ou prova de avaliação é válida, confiável e objetiva (ou precisa).
2. ETAPA 2: analisar a especialidade esportiva para determinar quais serão as variáveis a analisar (aptidões, habilidades, competências).
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 6. Esquema conceitual no qual são mostradas as etapas a serem seguidas no momento da elaboração de
uma bateria de testes (Morrow et al. 2000).
3. ETAPA 3: estabelecer uma revisão da literatura sobre que tipo de teste são utilizados, que
tipo de procedimentos e baseado em quais projetos são estabelecidos. Definitivamente, como é medido o rendimento na especialidade desportiva que se pretende analisar.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
4. ETAPA 4: selecionar ou construir os testes que serão utilizados. No segundo caso, é necessário estabelecer uma análise prévia mostrando que o/os teste/s obedecem aos critérios mencionados na etapa 1.
5. ETAPA 5: determinar o método e os procedimentos pelos quais se procederá a distribuição e a aplicação de cada um dos testes (nº de tentativas, ordem de atuação, tempos de recuperação, etc.).
6. ETAPA 6: estabelecer uma segunda revisão baseada no critério de técnicos, treinadores, professores e pesquisadores especialistas na área e especialidade a ser analisada.
7. ETAPA 7: estabelecer um estudo piloto com a aplicação dos testes em uma amostra reduzida. Isso é necessário para diagnosticar possíveis fatores de confusão que poderiam alterar os resultados finais.
8. ETAPA 8: determinar estatisticamente que cada um dos testes já aplicados cumpre com os critérios expostos na primeira etapa. Eliminar os testes que não seguem estas normas.
9. ETAPA 9: justificar com uma breve redação as normas específicas de distribuição de cada um dos testes, tanto daqueles já referenciados anteriormente pela biografia, quanto dos novos testes baseados no critério do próprio treinador e/ou pesquisador, previamente validados.
10. ETAPA 10: Construir todo o manual de instruções, onde não se descreva apenas o tipo de teste, mas onde também seja explicado o sistema de pontuação, o ajuste aos critérios de confiabilidade, validade e objetividade, etc.
11. ETAPA 11: Reavaliar sistematicamente a bateria de testes, otimizando-o para que possa ser um instrumento dinâmico, adaptável a mais de um perfil populacional.
ÍNDICE Z
Um dos modelos mais difundidos na prática da identificação do talento esportivo de um sujeito é a proposta do professor Víctor Matsudo (1996). O autor propõe estabelecer a chamada estratégia "Z" a partir dos valores de referência de aptidão física de uma população geral. Assim, propõe calcular esse perfil de aptidão física e determinar, em valores de desvios padrão, o grau em que um determinado indivíduo ou grupo se aproxima ou se distancia da média populacional para a mesma idade e gênero. Quando o valor correspondente a "Z" for igual a 1, indicará que este indivíduo está com um desvio padrão acima da população de sua idade e sexo naquela variável. O procedimento estatístico é estabelecido através da tipificação de um valor (valor "Z") transformando uma variável aleatória "X" (flexão de braços, por exemplo) em valores de desvio padrão. Este procedimento é estabelecido através da seguinte expressão:
Z = (Xi - ų) / σ Onde:
Xi = valor da variável (indivíduo).
ų = média populacional (grupo).
σ = desvio típico (grupo).
Essa estratégia ou índice Z permite representar todas as variáveis em um gráfico,
transformadas em unidades de desvio padrão e, portanto, discriminar visualmente onde o atleta está em relação a um grupo. É importante salientar que, embora esta estratégia tenha nascido
com o objetivo comunitário de comparar os níveis de atividade física de um indivíduo em relação aos valores de uma população de referência (área da saúde), é plenamente aplicável ao
campo do rendimento esportivo sempre e quando se possui dados, para cada uma das variáveis
analisadas, da população esportiva de nível máximo de um esporte específico (Figura 6). Além disso, deverá ser estabelecido o mesmo para cada faixa etária e gênero, e deverá ser analisado,
através de outros procedimentos estatísticos (de coeficiente de correlação e regressão, principalmente) o peso de cada uma das variáveis no desempenho atlético desta especialidade.
Estas seriam as principais limitações que o índice Z, por si só, não poderia superar.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
2. A tecnificação a partir da realidade federativa: caso específico
Para desenvolver esta questão será realizada uma análise de um caso particular: a experiência
da Federação Catalã de Esgrima na elaboração de suas estratégias de tecnificação. Para isso,
será apresentada uma avaliação dos antecedentes, as propostas realizadas, sua análise em
função de indicadores econômicos e de rendimento para, posteriormente, expor algumas
questões fundamentais na gestão da direção desportiva (avaliações orçamentárias, elaboração
de projetos, etc.).
2.1. Formação de rendimento em longo prazo na esgrima
Cada esporte possui seu modelo de rendimento e em cada esporte podem existir vários
modelos. Martin D et al., (2004) propõem uma estrutura direcionada em nível de estado
podendo haver dificuldades de aplicação em outros ambientes que não seja o original.
Figura 7: Martin
D. et al. (2004):
Metodologia geral
de treinamento
infantil e juvenil.
Paidotribo, em
Barcelona.
Martin D (2004) propõe diretrizes para o treinamento de crianças e jovens:
Diferentes funções do treinamento de alto rendimento:
É de natureza prospectiva: são geradas as bases de desenvolvimento do rendimento e é aumentada a exigência de treinamento e de tolerância ao esforço.
O principal objetivo NÃO é o resultado na categoria correspondente, e sim cumprir os objetivos de etapa marcados.
Fundamenta-se em um bom desenvolvimento condicional, de maneira harmônica com o desenvolvimento físico, psíquico e motor.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 8: Modificado de Martin D. et al. (2004): Metodologia geral do treinamento infantil e juvenil.
Paidotribo, Barcelona.
2.2. Análise da situação federativa: Federação Catalã de Esgrima de 1998 a 2009
Nos anos 60-70 a esgrima catalã centrou-se no trabalho de professores em alguns
clubes e escolas. Não havia resultados internacionais e em nível estatal os resultados eram
alcançados pontualmente.
Em 1975 foi criada a primeira estrutura de tecnificação centralizada:
Os melhores atletas de vários clube e escolas formaram um novo clube - Sala
d’Armes Montjuïc (SAM) - com orçamento da RFEE e FCE, ao redor de um técnico
italiano de alto nível.
Por quatro/cinco anos, os resultados cresceram de maneira exponencial e produziu-se
uma das épocas mais brilhantes da esgrima catalã... Porém fundamentalmente em nível
estatal.
O projeto se desfez em 1980 e o clube de dividiu (SAM+FIDES).
Entre 1980 e 1993 a FCE continuou com um trabalho exclusivo no âmbito dos clubes.
Poucos técnicos em alguns clubes (três/quatro) e praticamente nenhuma escola.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Com a nomeação para os Jogos Olímpicos de Barcelona que, paradoxalmente,
acabou de "afundar" a esgrima catalã: o clube mais forte (SAM) tinha sua sede numa das
instalações da área esportiva da Prefeitura que teve de ser utilizada para aumentar os
escritórios para a organização dos Jogos Olímpicos.
Em 1986 foi produzido o melhor resultado internacional da esgrima espanhola – até o
momento - com um catalão na equipe do 4º Campeonato Mundial Absoluto.
Nas temporadas de 1990 a 1995 a esgrima catalã continuou com a estrutura de clubes,
porém apareceram duas iniciativas institucionais da Secretaria Geral de Esporte:
Um programa de INICIAÇÃO: CEIM - Centros Esportivos de Iniciação Multimídia.
Um programa de TECNIFICAÇÃO: PTE – Plano de Tecnificação Esportiva da
Catalunha.
Ambos os programas, de esgrima, foram desenvolvidos no âmbito de clubes e foram
"observados" por coordenadores da SGE.
CEIM: Um coordenador da SGE, um diretor em cada centro e os técnicos.
PTEC: CT que compartilham serviços através dos “Centros de Coordenação e
Controle” (Coordenador + Médico + PF + Psicólogo).
Na temporada 1994/95 foi inaugurada uma estrutura de iniciação a “ESCOLA DE
ESGRIMA” (CEIM) em dois clubes da FCE: SAM e S.E.Amposta.
O objetivo era criar uma boa base de esgrimistas para estabelecer um programa de
tecnificação de qualidade.
Figura 9: Exemplo de programação nas fases de formação dos jovens esgrimistas (ano 1998).
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Nas temporadas de 1990 a 1995 a esgrima catalã cresceu em resultados,
principalmente em categorias inferiores.
Bons resultados estatais em categorias inferiores
Não houve resultados internacionais
Problemas de “centralização” dos treinamentos em um único clube
(FCE e Clube SAM dividiam instalação)
Determinou-se a necessidade de "romper" com o modelo existente e criar uma nova
estrutura de tecnificação com o objetivo de alcançar rendimentos superiores.
Na temporada de 1995/96 foi realizada uma análise da situação para estabelecer um
programa de tecnificação para "médio e longo prazo".
Na temporada de 1996/97 foi administrada uma nova dinâmica nos programas de
tecnificação da FCE... E se analisa o ponto de partida:
Nenhum esgrimista catalão nas equipes espanholas JUVENIL e JÚNIOR.
Sem resultados internacionais.
Apenas com a estrutura "Centralizada" em Madri (ADO) (com dois atletas
FCE).
Orçamento muito reduzido.
250 licenças FCE.
2.3. Programa de tecnificação de 1998 a 2009
Antes do desenvolvimento do programa de tecnificação a partir de 1998, havia várias iniciativas
(com pouco sucesso) de reestruturação das estratégias de iniciação-tecnificação.
Finalmente, em 1998 deu-se início ao programa de tecnificação que continua ainda hoje, com
as alterações gerais que são descritas nas seguintes três fases de desenvolvimento:
Plano de tecnificação que visava concentrar os atletas na Residência Joaquím Blume,
inicialmente, e posteriormente, no CAR de Sant Cugat.
O plano é assimétrico em relação às modalidades:
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Espada: aplicação imediata de 100% (Blume + CAR + Reina Elisenda).
Florete: aplicação adiada; contratação de um técnico estrangeiro (RE).
Sabre: sem plano específico.
Primeira "geração" de espadistas: 5 S.E.Amposta + 9 SAM (5 meninas + 9 meninos).
Trabalhou-se a espada nos três centros.
O florete na Rainha Elisenda e é iniciada uma tímida estrutura na RJ Blume.
O sabre continuou sem apoios estruturais federativos.
Trabalhou-se a espada nos quatro centros.
O florete na Rainha Elisenda e na RJ Blume.
O sabre na Rainha Elisenda e na RJ Blume.
O esquema a seguir, representa a evolução dos centros de tecnificação de acordo com as
modalidades de 1994 a 2008:
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
PLANIFICACIÓ DELS CENTRES DE TECNIFICACIÓ 1996-2008
Cicle 1996-2000 Cicle 2000-2004 Cicle 2004-200895-96 96-97 97-98
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CT
A
mp
os
ta
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CT
A
mp
os
ta
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CT
A
mp
os
ta
CA
R
Re
ina E
lise
nd
a
+ c
lub
s
RJ
Blu
me
CT
A
mp
os
ta
CA
R
Espasa Masculina Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
Espasa Femenina Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
Floret Masculí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
Floret Femení Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
Sabre Masculí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
Sabre Femení Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí Sí
No existeix cap programa Sí Existència de programa federatiu Sí Programa federatiu de nova aplicació
91 2 6 73 1 3 0Medalles 0 1 1
0 2 1 4
17
Medalla d'OR 0 0 0 0 0 0 0 0
6 6 11 163 6 7 2Finalistes 2 2 5
2004 2005 2006 2007
13
SABRE 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
6 14 11 149 10 11 10Medalles 6 7 6
4 3 4 5
25
Medalla d'OR 0 0 2 2 2 2 0 1
13 26 17 2314 19 24 26Finalistes 18 12 16
2006 20072002 2003 2004 20051998 1999 2000 2001
ESPASA
FLORET 1996 1997
2
Finalistes
Medalla d'OR
Medalles
1996
9
0
9
1999
22
1
8 12
2000
19
3
2001
27
2
15
2002
33
5
16
2003
24
7
17
2004
23
5
16
2005
28
6
2007
26
7
15
2006
29
6
18
INDICADORS DE RESULTATS (Tan sols en categories inferiors)
2007-20082004-2005 2005-2006 2006-2007
Sa
la e
nd
err
oc
ad
a
1998-1999 1999-2000 2000-2001 2001-2002 2002-2003 2003-2004
2
6
1997
11
1
6
1998
14
Figura 1: Plano geral de incorporação de novas estruturas de tecnificação em três ciclos olímpicos.
De acordo com as necessidades de cada ciclo olímpico (ou político) foram realizadas as
propostas correspondentes à Secretaria Geral de Esporte:
Figura 11: Incorporação de esgrimistas catalães às estruturas de tecnificação em dois ciclos olímpicos.
2.4. 10 anos de desenvolvimento esportivo e econômico
São apresentados vários gráficos de análise da progressão dos resultados esportivos e
econômicos, do período 1994-2009.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 12: Evolução dos participantes, medalhas e finalistas da Federação Catalã de Esgrima em
Campeonatos na Espanha
Figura 13: Evolução dos orçamentos e sua relação com as medalhas em Campeonatos na Espanha
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Figura 14: Diferenças de resultados após dez anos de programas federais de tecnificação
Figura 15: Comparação dos resultados após dez anos de trabalho em tecnificação esportiva em Campeonatos
da Espanha
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Participació Internacional 1996 2007 2008 2009Cnat. Món M-17 1 2
Cnat. Món M-20 1 3
Cnat. Món ABS 2 2
Cnat. Europa M-17 0 7
Cnat. Europa M-20 0 9
Cnat. Europa ABS 0 3
Cnat. Món VETERANS 0 2
Cnat. Europa VETERANS 0 2
Copes del món (Catalans M-17) 0 40
Copes del món (Catalans M-20) 0 98
Copes del món i altres proves INT oficials (ABS) 8 20
Competicions internacionals amb participació de catalans 10 51
Total de participacions internacionals de catalans 9 191
Participacions internacionals de catalans com a FCE 0 120
Medalles i resultats Internacionals 1996 2007 2008 2009Cnat. Món M-17 0 Or
Cnat. Món M-20 0 2x 8è eq. 2 x Bronze
Cnat. Món ABS 0 4t equips
Cnat. Europa M-17 0 Or
Cnat. Europa M-20 0 5è
Cnat. Europa ABS 0 8è eq.
Cnat. Món VETERANS 0 Or
Cnat. Europa VETERANS 0 2 BronzeFinalistes Copes del món (M-20) 0 5 7 3
Finalistes Copes del món i altres proves INT oficials (ABS) 0 4 3 5
Figura 16: Comparação dos resultados em 1996 e nas três últimas temporadas do projeto de tecnificação em
resultados internacionais.
Figura 17: A direção esportiva implica "decisão estratégica". Em nosso caso tivemos que priorizar uma
evolução (investimento) assimétrica nas três modalidades. Vemos a evolução.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
Como conclusão desta segunda parte, comentar que a direção esportiva de uma federação ou instituição que administra a política esportiva implica "decisão estratégica". Em nosso caso tivemos que priorizar uma evolução (investimento) assimétrica nas três modalidades, uma vez que não dispúnhamos de recursos para trabalhar as três modalidades no nível em que se investia na espada masculina.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Abbot, A., Collins, D., Martindale, R. (2003). Talent identification: How not to do it! Current 'world best' practice? 12th Commonwealth International Sport Conference Journal of Sports Sciences.
2. Bradshaw, E. J., & Le Rossignol, P. (2004). Anthropometric and biomechanical field measures of floor and vault ability in 8 to 14 year old talent-selected gymnasts. Sports Biomech, 3(2), 249-62.
3. Brown, J. (2001). Sports talent. How to identify and develop outstanding athletes. Champaign. Illinois.: Human Kinetics.
4. Falk, B., Lidor, R., Lander, Y., & Lang, B. (2004). Talent identification and early development of elite water-polo players: a 2-year follow-up study. J Sports Sci, 22(4), 347-55.
5. Federació Catalana d’Esgrima (2000): Memòria Esportiva 2000. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
6. Federació Catalana d’Esgrima (2001): Memòria Esportiva 2001. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
7. Federació Catalana d’Esgrima (2003): Memòria Esportiva Temporada 2002-2003. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
8. Federació Catalana d’Esgrima (2004): Memòria Esportiva Temporada 2003-2004. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
9. Federació Catalana d’Esgrima (2005): Memòria Esportiva Temporada 2004-2005. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
10. Federació Catalana d’Esgrima (2006): Memòria Esportiva Temporada 2005-2006. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
11. Federació Catalana d’Esgrima (2007): Memòria Esportiva Temporada 2006-2007. http://www.esgrima.cat [Consultado 4 octubre 2009]
12. Federació Catalana d’Esgrima (2008): Memòria Esportiva Temporada 2007-2008. (No publicada)
13. Gagné, F. (1996). A Thoughtful Look at Talent Development. College of Education. University of North Texas.
14. García, J. (2003). The Royal Spanish Athletics Federation programme of talent identification, development and assistance for young athletes. IAAF New Studies in Athletics, 18(3), 35-45.
15. García Manso JM, Campos J, Lizaur P, Pablos C. (2003). El talento deportivo. Formación de élites deportivas. Gymnos. Madrid.
16. Helsen, W. F., Hodges, N. J., Van Winckel, J., & Starkes, J. L. (2000). The roles of talent, physical precocity and practice in the development of soccer expertise. J Sports Sci, 18(9), 727-36.
17. Hoare, D. G., & Warr, C. R. (2000). Talent identification and women's soccer: An australian experience. Journal of Sports Sciences, 18, 751-758.
18. Hohmann, A., & Seidel, I. (2003). Scientific Aspects of Talent Development. International Journal of Physical Education, 40(1), 9-20.
19. Hoshizaki, T. B., Salmela, J. H., & Petiot, B. (1987). Diagnostics, Treatment and Analysis of Gymnastic Talent. 202 Roy, Montréal H2W 1M4 Canada: Sport Psyche Editions.
20. ___________ (1987). World Identifications Systems for Gymnastic Talent. 202 Roy, Montréal (Québec) H2W 1M4 Canada: Sport Psyche Editions (Black Rock Creations).
21. Lidor, R., Falk, B., Arnon, M., Cohen, Y., Segal, G., & Lander, Y. (2005). Measurement of talent in team handball: the questionable use of motor and physical tests. J Strength Cond Res, 19(2), 318-25.
22. Lorenzo, A. (2001). Hacia un nuevo enfoque del concepto de talento deportivo. Revista De Entrenamiento Deportivo (RED). 15(2):28-33.
23. Marrtin D. et al. (2004): Metodología general del entrenamiento infantil y juvenil. Paidotribo, Barcelona.
A formação de jovens atletas: da detecção do talento à intervenção federativa Irúrtia A, Iglesias X.
24. Matsudo, VKR. (1996). Prediction of future athletic excellence. Bar-Or Oded (Ed). The Child and Adolescent Athlete (pp. 92-109). Oxford: Blackwell Science.
25. Mero, A., Kauhanen, H., Peltola, E., Vuorimaa, T., & Komi, P. V. (1990). Physiological performance capacity in different prepubescent athletic groups. J Sports Med Phys Fitness, 30(1), 57-66.
26. Mohamed, H., Vaeyens, R., Matthys, S., Multael, M., Lefevre, J., Lenoir, M., & Philippaerts, R. (2009). Anthropometric and performance measures for the development of a talent detection and identification model in youth handball. Journal of Sports Sciences, 27(3), 257-266.
27. Morris, T. (2000). Psychological characteristics and talent identification in soccer. Journal of Sports Sciences, 18, 715-726.
28. Morrow, JR., Jackson, AW., Disco, JG., Mood, DP. (2000). Measurement and evaluation in human performance. Champaign, IL: Human Kinetics.
29. Nevill, A., Atkinson, G., & Hughes, M. (2008). Twenty-five years of sport performance research in the Journal of Sports Sciences. Journal of Sports Sciences, 26(4), 413-426.
30. Reilly, T., Bangsbo, J., & Franks, A. (2000). Anthropometric and physiological predispositions for elite soccer. Journal of Sports Sciences, 18(9), 669-683.
31. Reilly, T., Williams, A. M., Nevill, A., & Franks, A. (2000). A multidisciplinary approach to talent identification in soccer. Journal of Sports Sciences, 18, 695-702.
32. Riera, J. (2005). Habilidades en el deporte. Barcelona: Inde.
33. Ruiz LM, Sánchez F. (1997). Rendimiento deportivo: claves para la optimización del aprendizaje. Madrid: Gymnos.
34. Rushton, C. (2003). Talent detection, identification and development. A swimming perspective. Swimming New Zeland, 1-20. Swimming New Zeland.
35. Salmela, J. H., & Durand-Bush, N. (1994). Le détection des talents ou le développement de l'expertise en sport. Enfance, 2-3, 233-245.
36. Tomkinson, G. R., Olds, T. S., & Gulbin, J. (2003). Secular trends in physical performance of Australian children. Evidence from the Talent Search program. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 43(1), 90-8.
37. Vaeyens R, Lenoir M, Williams AM, Philippaerts RM. (2008a). Talent identification and development programmes in sport: current models and future directions. Sports Medicine. 38(9):703-714.
38. Vaeyens, R., Güllich, A., Warr, C. R., & Philippaerts, R. (2009). Talent identification and promotion programmes of Olympic athletes. Journal of Sports Sciences, 1-14.
39. Volkov, V.M., Filling, V.P. (1989). El problema del talento deportivo. En Selección Deportiva. Ed. Volkov, V.M. Moscú: Editorial Fisicultura Sport. pp173.
40. Williams, A. M., & Reilly, T. (2000). Talent identification and development in soccer. Journal of Sports Sciences, 18(9), 657-67.