a formação da classe trabalhadora

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  • 7/24/2019 A Formao Da Classe Trabalhadora

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    A Formao da Classe OperriaCapitulo Explorao

    A manufatura como um centro potencial de rebelio poltica, dessa forma, fbrica sure como osmbolo das enerias sociais !ue esto destruindo o "erdadeiro curso da #ature$a%& Ela incorpora

    uma dupla ameaa ' ordem estabelecida& A primeira, pro"eniente dos proprietrios da ri!ue$aindustrial, esses no"os(ricos !ue desfruta"am de uma "antaem in)usta sobre os proprietrios deterras, cu)a renda esta"a limitada aos arrendamentos& A seunda, pro"eniente da populaotrabal*adora industrial, considerada uma *ostilidade aliterante !ue denuncia uma reao nototalmente distinta da!uela do branco racista em relao ' populao de cor nos dias de *o)e&A e!ui"al+ncia entre a indstria do alodo e a no"a sociedade industrial se torna"a cada "e$ maisintriante e ino"adora& #o era apenas o proprietrio da fbrica, mas tamb-m a populaotrabal*adora tra$ida a "i"er )unto e ao redor dela !ue parecia %no"a% aos seus contempor.neos&

    #as d-cadas de /012 e /032, os obser"adores ainda se admira"am com a no"idade do sistemafabril, a m!uina a "apor %alutinou a populao em densas massas& Os efeitos dessasino"a4es sobre o *omem so impactantes& A populao, tal como o sistema a !ue ela pertence, -

    no"a, mas cresce a cada momento em fora e extenso& Ela - um areado de massas !ue nossasconcep4es re"estem com termos !ue exprimem alo de prodiioso e terr"el& A populaomanufatureira no - no"a apenas em sua formao5 - no"a tamb-m em seus *bitos de pensamentoe ao, !ue se formaram pelas circunst.ncias da sua condio, com pouca instruo, e orientaoexterna ainda menor& Os operrios eram os fil*os primo+nitos da re"oluo industrial e formaram,do princpio ' atualidade, o ncleo do 6o"imento 7rabal*ista& Os instrumentos fsicos da

    produo eram "istos, numa forma direta e mais ou menos compulsi"a, como respons"eis pelosurimento de no"as rela4es sociais& 8nstitui4es e *bitos culturais&Entre /0// e /0/1 a crise dos luditas9 em /0/:, a ascenso de ;entride9 em /0/e$ ?oras, a crise re"olucionria de /01/(@9 e, al-m disso, amultiplicidade de mo"imentos !ue constituram o Cartismo& Foram, tal"e$, a extenso e aintensidade dessa aitao popular multi"ariada, mais do !ue !ual!uer outra coisa, !ue criaram aimaem de uma mudana catastrfica&Buase todo acontecimento radical na d-cada de /:

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    !ualificados de pe!uenas oficinas& >e /0/: at- o cartismo, os trabal*adores de pe!uenas oficinas,na reio norte e central, eram to proeminentes em toda aitao radical !uanto os operriosindustriais& Em muitas cidades, o "erdadeiro ncleo de onde o mo"imento trabal*ista retirou suasideias, orani$ao e liderana era constitudo por sapateiros, tecel4es, seleiros e fabricantes dearreios, li"reiros, impressores, pedreiros, pe!uenos comerciantes e similares& A "asta rea daHondres radical, entre /0/ e /02, no extraiu sua fora das principais indstrias pesadas Ia

    construo de na"ios tendia a declinar, e os mec.nicos causariam impacto somente no final dos-culoJ, mas das fileiras dos pe!uenos ofcios e ocupa4es&O fato rele"ante do perodo entre /:

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    corpora4es arcaicas !ue deso"erna"am as cidades industriais em expanso& Os industriais, emcompensao, receberam importantes concess4es, principalmente a abolio ou re"oao daleislao %paternalista% relati"a ao aprendi$ado, reulamentao de salrios, ou 's condi4es detrabal*o na indstria& A aristocracia esta"a interessada em reprimir as %conspira4es% )acobinas

    populares, e os industriais busca"am derrotar as %conspira4es pelo aumento dos salrios5 os>ecretos sobre as Associa4es ICombination ActsJ ser"iram aos dois propsitos&

    Os trabal*adores foram, portanto, forados a se su)eitarem a um apart*eid poltico e social duranteas Muerras& Era a coincid+ncia com uma re"oluo na Frana com uma crescente autoconsci+ncia easpira4es mais ambiciosas com o aumento da populao !ue, em "alor absoluto, tanto em Hondres!uanto em outros distritos industriais, se torna"a mais impressionante, ano aps ano e com formasde explorao econGmica mais intensas, ou mais transparentes& #a aricultura, os anos entre /:2 e/0@2 foram a -poca de intensificao dos cercamentos, em !ue os direitos a uso da terra comunalforam perdidos numa "ila aps a outra9 os destitudos de terras e, no Nul, os camponesesempobrecidos so abandonados 's expensas dos ran)eiros, dos proprietrios de terras e dos d$imosda 8re)a& #as indstrias dom-sticas, a partir de l022, os pe!uenos mestres foram cedendo luar aosrandes empreadores Iindustriais ou atacadistasJ, e a maioria dos tecel4es e dos fabricantes de

    preos tornaram(se trabal*adores assalariados externos, com um empreo mais ou menos precrio&

    #as tecelaens e em "rias reas mineradoras, esses so anos de trabal*o de crianas Ie,clandestinamente, de mul*eresJ&;odemos aora constatar parte da nature$a "erdadeiramente catastrfica da e"oluo 8ndustrial ealumas das ra$4es pelas !uais a classe operria se formou nestes anos& O po"o foi submetido,simultaneamente, a intensificao de duas formas intoler"eis de relao5 a explorao econGmica ea opresso poltica& Em !ual!uer situao em !ue procurasse resistir ' explorao, ele se encontra"afrente 's foras, do patro ou do Estado, e, comumente, frente 's duas& ;ara a maioria dostrabal*adores, a experi+ncia crucial da e"oluo 8ndustrial foi percebida com uma alterao nanature$a e na intensidade da explorao&Os patr4es e os trabal*adores eram "istos como duas classes distintas de pessoas& Os primeirosso um rupo de *omens !ue emeriram da oficina alodoeira, com poucas exce4es, sem educaoou maneiras& ;ara contrabalanar essa defici+ncia, procuram impressionar nas apar+ncias, atra"-s daostentao& 6ant+m suas famlias nas escolas mais caras, determinados a oferecerem a seusdescendentes uma dupla poro da!uilo !ue tanto l*es falta& No literalmente pe!uenos monarcasabsolutos e despticos nos seus distritos particulares& ;ara manter tudo isso, ocupam seu tempotramando formas de conseuir a maior !uantidade de trabal*o com a menor despesa&Os mestres fiandeiros so uma classe de *omens distintos de outros mestres de oficio no reino& Noinorantes, orul*osos e tir.nicos& Como de"em ser, ento, os *omens, ou mel*or, as criaturas !ueser"em de instrumento para tais mestresP Ora, eles t+m sido * anos, com suas esposas e famlias, a

    prpria paci+ncia ( escra"os e escra"as dos seus amos cru-is& intil insultar nossa inteli+ncia com a obser"ao de !ue estes *omens so li"res, !ue a lei

    protee iualmente o rico e o pobre, e !ue o fiandeiro pode deixar seu mestre, se no l*e aradar osalrio& "erdade !ue ele pode, mas para onde irPMraas a um abomin"el acordo firmado entre os mestres, !ue estabelecia !ue nen*um mestrede"eria contratar alu-m antes de "erificar se *a"ia sido despedido por seu ltimo mestre, eles no

    podiam procurar outros empreos& >essa forma, por uma s-rie de circunstancias, ele - forado a sesubmeter a seu mestre&Os trabal*adores, em eral, formam um rupo de *omens inofensi"os, modestos e bem(informados,embora eu descon*ea a maneira como se informam& No dceis e af"eis, no os molestaremmuito, mas isso no surpreende, !uando consideramos !ue eles so treinados para trabal*ar desdeos seis anos de idade, das cinco da man* at- 's oito ou no"e da noite& A sua rotina baseia(se emacordar antes das 3 da man*, sempre com uma apar+ncia !ulida e cansada, sua refeio baseia(se

    numa miser"el poro de comida, normalmente uma sopa auada de a"eia e bolo, tamb-m dea"eia, um pouco de sal e, 's "e$es, completada com um pouco de leite, al-m de alumas batatas, umpouco de bacon ou ordura, para o )antar& ;ermanecem fec*ados em salas onde o calor - maior do

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    !ue nos dias mais !uentes do ltimo "ero, at- a noite Ise atrasarem aluns minutos um !uarto da)ornada - descontadoJ, sem inter"alos, exceto os !uarenta e cinco minutos para o )antar5 se comemaluma outra coisa durante o dia, t+m de fa$+(lo sem parar de trabal*ar& Ele no tem descanso at- asma!uinas pararem&Ne antes um *omem discorda"a de seu mestre, ele o deixa"a e podia emprear(se em outro luar&Contudo, a fisionomia das coisas mudou em poucos anos& Nuriram as m!uinas a "apor, exiindo

    um rande capital para sua a!uisio e para a construo de edifcios suficientemente randes paraabria(las, )untamente com seiscentos ou setecentos trabal*adores& A eneria do "apor produ$iu umartio mais comercial Iembora no mel*orJ !ue o pe!ueno mestre, pelo mesmo preo& Aconse!u+ncia foi sua rpida runa, ao passo !ue os maiores capitalistas triunfaram com sua !ueda,

    pois representa"am o nico obstculo para o completo controle sobre os trabal*adores&Ento, suriram "rias disputas entre trabal*adores e mestres a respeito da !ualidade do trabal*o5 ostrabal*adores eram paos de acordo com o nmero de meadas ou )ardas de lin*a !ue produ$issem a

    partir de uma !uantidade fornecida de alodo, !ue sempre de"eria ser examinada pelocontramestre, cu)os interesses torna"am imperati"o aradar seu mestre5 por isso, )ula"a(se omaterial inferior ao !ue realmente era& Ne o trabal*ador no o acatasse, ele de"eria denunciar seu

    patro a um maistrado, eralmente eram ca"al*eiros sados da mesma oriem !ue os mestres

    fiandeiros de alodo& O patro eralmente se limita"a a en"iar um contramestre para responder a!ual!uer citao, a deciso do maistrado eralmente beneficia"a o mestre&O monoplio da ri!ue$a e poder, a no"a ordem da explorao capitalista se tradu$ na ascenso deuma classe de mestres, sem !ual!uer autoridade ou obria4es tradicionais9 a dist.ncia crescenteentre os mestres e os outros *omens9 a transpar+ncia da explorao na mesma fonte da sua no"ari!ue$a e poder9 a perda do status e, acima de tudo, da independ+ncia do trabal*ador, redu$ido atotal depend+ncia dos instrumentos de produo do mestre9 a parcialidade da lei9 a ruptura daeconomia familiar tradicional9 a disciplina, a monotonia, as *oras e as condi4es de trabal*o9 a

    perda do tempo li"re e do la$er9 a reduo do *omem ao status de %instrumento%&Os trabal*adores demonstraram de uma maneira diferente como sentiram as in)ustias, e assim,conflitos mais "irulentos desses anos iraram em torno de !uest4es !ue no so enlobadas pelass-ries de custo de "ida& As !uest4es !ue pro"ocaram maior intensidade de en"ol"imento forammuito fre!uentemente a!uelas em !ue aluns "alores, tais como costumes tradicionais, )ustia,%independ+ncia, seurana ou economia familiar, esta"am em risco, ao in"-s da simples !uestodo po com manteia& Os primeiros anos da d-cada de /012 foram marcados por aita4es !uele"antaram !uest4es nas !uais os salrios tin*am import.ncia secundaria5 os oleiros, contra o

    paamento de salrios em esp-cie9 os trabal*adores t+xteis, pela )ornada de 8O *oras9 ostrabal*adores na construo, pela ao cooperati"a direta9 todos os rupos de trabal*adores, pelodireito de formao de sindicatos&A relao clssica de explorao da e"oluo 8ndustrial - despersonali$ada, no sentido de !ue noadmite !ual!uer das antias obria4es de mutualidade ( de paternalismo ou defer+ncia ou de

    interesses da %;rofisso%& #o * nen*um sinal do preo )usto%, ou do salrio )ustificado emrelao a san4es sociais ou morais, como alo oposto ' li"re atuao das foras no mercado& Oantaonismo - aceito como intrnseco 's rela4es de produo& Fun4es de er+ncia ou super"isodemandam a represso de todos os atributos, a exceo da!ueles !ue promo"am a expropriao domximo de mais("alia do trabal*o&

    #a "erdade, nen*um empreendimento industrial complexo poderia ser condu$ido de acordo comessa filosofia& A necessidade de pa$ na indstria, de uma fora de trabal*o est"el e de um corpo detrabal*adores capacitados e experientes exiia a modificao das t-cnicas erenciais ( e& narealidade, a formao de no"as formas de paternalismo ( as fbricas do alodo, na d-cada de /012&Contudo, essas considera4es no so "lidas para as abarrotadas indstrias de trabal*o externo, em!ue sempre *a"ia rande !uantidade de operrios desorani$ados disputando empreos& A!ui, as

    rela4es de explorao emeriram com supremacia, en!uanto os "el*os costumes desapareciam, e oantio paternalismo era colocado de lado&

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    8sso no sinifica !ue possamos atribuir toda a %culpa% pela dure$a da e"oluo 8ndustrial ao%patr4es% ou ao 8aisse$(laire& O processo de industriali$ao precisa impor o sofrimento e adestruio de modos de "ida estimados e mais antios, em !ual( !uer contexto social conceb"el&8n"estia4es recentes lanaram lu$ sobre as dificuldades particulares da experi+ncia brit.nica5 osriscos do mercado, as mltiplas conse!u+ncias comerciais e financeiras das Muerras, a deflao do

    ps(uerra, as mudanas nas condi4es de mercado e as tens4es excepcionais resultantes da

    exploso% populacional& ;ode(se arumentar !ue a Mr(Qretan*a, durante a e"oluo 8ndustrial,enfrenta"a problemas de %decolaem%5 pesados in"estimentos de lono pra$o ( canais, fbricas,fundi4es, minas, ser"ios ( ocorreram 's expensas do consumo corrente5 as era4es detrabal*adores entre /:urante aluns anos, essas considera4es erais foram encobertas por um exerccio acad+micocon*ecido como a contro"-rsia do padro de "ida%& O padro de "ida da massa popular subiu oudecaiu entre /:02 e /012 ( ou entre /022 e /02P

    #a realidade, no !ue se refere ao perodo de /:urante o perodo de /:

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