A Flor e a Fonte

Vicente de Carvalho

"Deixa-me, fonte!" Dizia A flor, tonta de terror.

E a fonte, sonora e fria, Cantava, levando a flor

"Deixa-me, deixa-me, fonte!"Dizia a flor a chorar:

"Eu fui nascida no monte... "Não me leves para o mar".

E a fonte, rápida e fria,Com um sussurro zombador,

Por sobre a areia corria,Corria levando a flor.

"Ai, balanços do meu galho, "Balanços do berço meu;

"Ai, claras gotas de orvalho "Caídas do azul do céu!...

Chorava a flor, e gemia, Branca, branca de terror,

E a fonte, sonora e friaRolava levando a flor.

"Adeus, sombra das ramadas,"Cantigas do rouxinol;

"Ai, festa das madrugadas,"Doçuras do pôr do sol;

"Carícia das brisas leves"Que abrem rasgões de luar...

"Fonte, fonte, não me leves,"Não me leves para o mar!..."

As correntezas da vidaE os restos do meu amor

Resvalam numa descidaComo a da fonte e da flor...

Vicente de Carvalho

Vicente Augusto de Carvalho ( Santos 5 de Abril de 1866 São Paulo 22 de abril de 1922 foi guarda-livros,

comerciário, jornalista, político, advogado , magistrado, poeta e contista brasileiro.

Era filho do Major de Exército Higino José Botelho de Carvalho e Augusta Carolina Bueno de Carvalho.

Casou-se com Emerlinda Ferreira de Mesquita e teve 15 filhos e criaram 13

Teve influencias do Positivismo de Comte. Foi membro do movimento parnasiano de 1880 a 1922.

Teve colaboração em diversos jornais do Estado de São Paulo e também como redator. Membro

do Diretório Republicano de Santos , encabeçou movimentos contra a escravidão e a monarquia. Foi

Deputado constituinte do Estado de São Paulo, Secretário do Interior do Governo e Ministro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Membro da Academia Brasileira

de Letras. Como poeta seu grande tema era o mar, ao ponto de ser consagrado como o Poeta do Mar.

A Flor e a Fonte

Vicente de CarvalhoImagens e Créditos: Net Google, Webshots e outros Apresentação e criação: Dionísio Souza Cavalcantedio.dio.br@gmail.com

Musica: Canção de Amor Richard Clayderman