a física e a lei do impedimento do futebol

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Vitor L. B. de Jesus (IFRJ - Campus Nilópolis) A FÍSICA E A LEI DO IMPEDIMENTO DO FUTEBOL

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Vitor L. B. de Jesus(IFRJ - Campus Nilópolis)

A FÍSICA E A LEI DO IMPEDIMENTO DO FUTEBOL

INTRODUÇÃO Segundo a FIFA, a lei do impedimento nos diz :

“Se um jogador se encontrar mais próximo da linha de meta adversária do que a bola e

o penúltimo adversário, ele estará em caráter de impedimento”

E mais:

“Um jogador em posição de impedimento somente será sancionado se, NO

MOMENTO EM QUE A BOLA FOR TOCADA OU JOGADA por um de seus

companheiros, ele estiver, na opinião do árbitro, envolvido em jogo ativo”

O impedimento entrou no livro de regras em 1925, na Inglaterra.

O responsável por essa marcação é o árbitro lateral conhecido como

“bandeirinha”

INTRODUÇÃO “Para que a posição de impedimento de um atacante seja

considerada uma infração, é necessária a observação

SIMULTÂNEA de dois eventos: a posição do jogador que

realiza o passe, e a posição do atacante que vai recebê-lo.

Essa detecção simultânea deve atendida para quaisquer

posições desses jogadores no momento do passe.”

OBJETIVO Mostrar que o “bandeirinha” não é capaz de realizar a

OBSERVAÇÃO SIMULTÂNEA do jogador que realiza o

passe e da posição do atacante que irá recebê-lo,

conforme exige a lei do impedimento, em TODAS as

situações possíveis no campo.

O campo de visão humano binocular não possui 180º de panorama

horizontal, mas 120º devido a sobreposição dos campos de visão

monoculares que possuem 150º.

Em princípio, o campo de visão binocular é vasto, mas…

Área central da retina (fóvea): campo visual central que varia de 10 a 30

graus (segundo alguns autores).

Área mais periférica: campo visual periférico: até 120 graus para a visão

binocular.

A visão periférica processa mais rapidamente a informação que se refere

a movimentos e a visão sob níveis reduzidos de iluminação.

A visão central (fóvea) processa a informação com mais acuidade que a

área periférica.

Sem girar a cabeça, o campo de visão central (mais preciso) é reduzido

(10 a 30 graus). É possível detectar o movimento utilizando a visão

periférica e, depois disso, colocar o objeto observado no campo de visão

central, para maior acuidade. Esses movimentos dos olhos chamam-se:

Movimentos Oculares Sacádicos (MOS).

Sem girar a cabeça, o tempo de latência dos MOS é de

aproximadamente

200 ms para 5 graus

250 ms para 40 graus.

Duração entre 20-80 ms.

Se for necessário girar a cabeça, gasta-se um tempo que é suficiente

para um avanço significativo do atacante em posição legal no momento

do passe.

Então, se o campo visual central é reduzido, o

“bandeirinha” deverá girar a cabeça, a fim de

observar as jogadas com precisão suficiente para

garantir a correta marcação da infração. Ou seja,

tentar visualizar o lançador e monitorar o atacante

que está em posição duvidosa em relação a linha de

impedimento. E vai gastar um certo tempo para realizar

esta tarefa.

Foi planejado um experimento cujo objetivo era estimar o

tempo de giro da cabeça do banderinha;

Foram montados dois fotossensores, separados de 11cm

e ligados a um cronômetro, e uma régua acoplada a um

boné. A régua inicia e finaliza a contagem do tempo de

giro de 90º da cabeça.

Linha lateral

Velocidade de giro Tempo (s)

Máxima 0,550,600,730,69

Mínima 0,600,680,850,800,95

0,45

Resultado dos tempos máximos e mínimos de giro da cabeça (ida e volta) a 90º realizados por cinco alunos do IFRJ – campus Nilópolis.

Foi estimada a velocidade média de arrancada de um jogador

utilizando os dados de um velocista (Usain Bolt, quebra de recorde

muldial em Zurich, 2009) nos 10 m iniciais.

Variação da posição (m) Tempo (s) Velocidade (m/s)0- 10 1,89 ~ 5,3

Resultados e discussões

Com base nas estimativas do TEMPO GASTO (t) pelo

“bandeirinha” para girar a cabeça e VALORES TÍPICOS DA

VELOCIDADE ( Vm ) de um atacante arrancando em direção ao

gol próximo à linha de impedimento, foi possível estimar o

DESLOCAMENTO ( s ) do jogador em relação à linha de

impedimento após a observação do lançamento pelo

“bandeirinha”.

s = Vm .t

Tempo de giro (t) Avanço estimado (s)

2,4 m3,0 m/s (jogador) 1,3 m

5,0 m3,0 m/s (jogador) 2,8 m

Vel. Média (Vm)

0,45 s – mínimo medido 5,3 m/s (Usain Bolt)

0,95 s – máximo medido 5,3 m/s (Usain Bolt)

Resultados e discussões

Resultados e discussõesAs estimativas indicam que não é fisicamente possível acompanhar

dois lances simultaneamente em todos os pontos do campo de ataque.

Conclusão

O trabalho teve por objetivo mostrar a

impossibilidade da marcação CORRETA do

impedimento em todos os pontos do campo. Para

que a regra do impedimento seja cumprida, é

necessário ter um campo de visão de 180º, e assim

observar dois eventos sumultâneos.

Atualmente, as transmissões de TV podem mostrar

quadro a quadro qualquer lance duvidoso durante o jogo,

e possuem uma visão simultânea de todos os envolvidos

no jogo.

Com esta “mãozinha” tecnológica é possível cumprir o

requisito de simultaneidade exigido pela regra do

impedimento do futebol.

Conclusão

Bibliografia

FIFA, Laws of the Game 2009-2010, Published by Fédération Internationale

de Football Association, July 2008.

Hezel, P. J. e Veron, H., Head Mounted Displays for Virtual Reality, 1993.

Lorenzetto, L. A., treinando seus olhos: saúde e educação corporal,

Universidade Estadual Paulista - DEF/IB. Publicação Revista Brasileira de

Atividade Física & Saúde.

Rui Manuel Neto e Matos, “Treinabilidade e transfer da prática esportiva

para tarefas de condução de automóvel”. Tese de Doutorado. Universidade

Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana (2008)

Bibliografia

http://speedendurance.com/2009/08/19/usain-bolt-10-meter-splits-fastest-

top-speed-2008-vs-2009/ - visitado no dia 13/10/2010.

Bicas,Harley E. A., Fisiologia da visão binocular,

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-

27492004000100032&script=sci_arttext]

http://www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/clin/oftalmo/esotropia11.htm –

visitado no dia 02/11/2010.

Sanabria, J. et al., “Oculomotor movements and football’s law 11”. The

Lancet, v. 351, pag. 268 (1998).

A. C.; LOCH, M. R.; ANDRADE, C. A. ‘Análise da velocidade linear em jogadores

de futebol a partir de dois métodos de avaliação’. In: Revista Brasileira de

Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 11, n. 4, p. 408-414, 2009

Agradecimentos