a fÍsica do solo no contexto da biodiversidade · realizam trocas de energia e de matéria. está...
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Profª Drª Cláudia L. R. de Lima
A FÍSICA DO SOLO NO CONTEXTO DA BIODIVERSIDADE
TEMÁTICA DO EVENTO (XII RSBCS)
“SOLO, ÁGUA, AR E BIODIVERSIDADE: COMPONENTES ESSENCIAIS PARA A VIDA”
Como a física do solo
pode(ria) estar associada com a
Biodiversidade Agrícola?
Biodiversidade
É a grande variedade de formas de vida (animais e vegetais) em diferentes ambientes.
União do radical grego “bio” que significa vida e “diversidade” que significa variedade.
Biodiversidade
São ecossistemas, que reúnem plantas, animais, ser humano, microrganismos, luz, água, ar, sol, etc., relacionadas entre si e que realizam trocas de energia e de matéria.
Está associada ao equilíbrio das espécies, dos seres e do ambiente.
AMEAÇA À BIODIVERSIDADE
(Ação humana)
Derrubada da floresta para a prática da
agricultura e da pecuária, para a
exploração da madeira;
Extinção de espécies animais e vegetais;
Alteração da cadeia alimentar...
AMEAÇA À BIODIVERSIDADE
(Ação humana)
Poluição da atmosfera pela queimada
das matas;
Erosão do solo;
Poluição do solo e da água (agrotóxicos)
e outras agressões aos ecossistemas.
Fonte: https://www.significados.com.br/biodiversidade/
Práticas de uso e manejo do solo
Diversidade (plantas e organismos)
Desenvolvimento e adaptação
diferenciada
Estrutura do solo
ES
Qualidade do Solo QS
Qualidade Física do Solo QFS
PRODUTIVIDADE AGRICOLA
QUALIDADE DO SOLO: integração de diferentes componentes deste sistema.
Solo, água, ar e biodiversidade pilares para melhoria da produtividade
agrícola.
SOLO: fonte de vida; base de sustentação para os sistemas agrícolas e um importante componente da biosfera.
QUALIDADE DE SOLO (QS)
Capacidade de um solo em funcionar no ecossistema para sustentar a produtividade biológica e manter a qualidade ambiental, promovendo a saúde de plantas e de animais1
Capacidade de um tipo especifico de solo em um ecossistema natural ou manejado para dar sustentação às plantas, aos animais e ao ambiente2
1Doran & Parkin (1994) 2Karlen et al. (1997)
Avaliações da QS (sustentabilidade) i) Comparativa: é aquela na qual o desempenho dos sistemas é avaliado comparando-se a sistemas alternativos em um determinado tempo;
ii) Dinâmica: baseia-se na avaliação do desempenho dos sistemas de manejo do solo ao longo de uma série temporal (Larson & Pierce, 1994).
Avaliações da QS (sustentabilidade)
SUSTENTABILIDADE: distintos significados... “Filosofia”...conjunto de estratégias ou a habilidade para alcançar um conjunto de metas de forma ambientalmente segura.
Matematicamente... Três situações de Qualidade do solo (QS) Avaliação temporal
dQS/dt > 0 ______________ Melhoria da QS dQS/dt < 0 ______________ Redução da QS dQS/dt = 0 _______________ Manutenção da QS
(Larson & Pierce, 1991
RESILIÊNCIA
Capacidade de um solo recuperar a sua integridade funcional e estrutural após um distúrbio qualquer. Esta relacionada com a QS em termos de recuperação das funções do solo.
RESISTÊNCIA
Capacidade de um solo a resistir a mudanças causadas por um distúrbio qualquer.
Vezzani & Mielniczuk (2009)
O monitoramento dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, podem produzir um ambiente adequado e saudável, através do planejamento do uso e do manejo do solo considerando a perspectiva de uma agricultura mais saudável e sustentável.
O que é Qualidade Física do Solo (QFS)?
Está associado com aquele solo que: i) permite a infiltração, a disponibilidade de água
as plantas,
ii) responde ao manejo e resiste a degradação,
iii) permite as trocas de calor e de gases com a atmosfera e raízes de plantas e
iv) possibilita o crescimento de raízes.
O que é Física do Solo (FS)?
Esquema simplificado do complexo sistema que envolve as relações funcionais entre a FS e o crescimento de plantas (Adaptado de Camargo & Alleoni, 1997)
Tráfego de
máquinas e
implementos
ESTRUTURA DO
SOLO
(compactação,
deformação) -
macroporos
ATRIBUTOS
FÍSICOS
(água, ar,
resist.
mecânica ,
calor)
ATRIBUTOS
BIOLÓGICOS
RIZOSFERA
ATRIBUTOS
QUÍMICOS
PLANTA
SOLO
CLIMA
Ameaça a
biodiversidade
Letey (1985) dividiu os atributos relacionados com a produtividade agrícola em duas categorias...
Água Oxigênio RP Temperatura
Afetam diretamente os processos fisiológicos, como fotossíntese, crescimento radicular e
foliar da planta
1ª categoria:
2ª categoria:
Agregação textura Porosidade Densidade do solo
Afetam indiretamente a produtividade das culturas
Associado aos fatores SOLO, ÁGUA, AR... BIODIVERSIDADE...
DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS... PRODUTIVIDADE
AGRÍCOLA E SUSTENTABILIDADE...?????
QUAL A QFS IDEAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS????
QUAIS PARAMETROS TÊM SIDO AVALIADOS?
Os indicadores devem seguir critérios:
Envolver processos ocorrentes no ecossistema;
Integrar propriedades e processos físicos,
químicos e biológicos;
Ser acessível e aplicável no campo;
Ser sensível a variações de manejo e clima;
Sempre que possível, ser componente de um banco de dados.
LITERATURA: COMO ESTÁ
EVOLUINDO O TEMA? ARTIGOS QUE EVIDENCIAM UMA QUALIDADE FISICA IDEAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS [valor restritivo ou impeditivo (limitante)]: RP, PAR, IHO, ...
Reichert et al. (2003)
Variação de Ds para solos com diferentes classes texturais (Silva et al., 1994; Silva & Kay, 1997; Klein, 1998; Tormena et al., 1998; 1999; Imhoff et al., 2001 e Silva, 2003)
Estrutura do solo (ES) Componente chave: influencia direta e indiretamente o comportamento F, Q e B e a capacidade de sustentar a produtividade agrícola mantendo qualidade do ambiente e saúde de plantas e animais, sendo determinante na qualidade e biodiversidade do sistema produtivo.
Uma correta avaliação da ES Auxilia na tomada de decisão associada a ação de correções e melhoria da QS, com otimização dos recursos naturais e conservação do ambiente.
A ES deve conferir características de resistência e resiliência (capacidade de recuperação) em resposta a forças externas decorrentes de fatores como precipitação, tráfego de máquinas, pisoteio, etc.
Análise pedológica: Caracterizada visualmente de acordo com grau de desenvolvimento ou facilidade com que os agregados são rompidos (forma, tamanho e tipo de estrutura). Laboratório: Estabilidade de agregados em água (Yoder, 1936): Susceptibilidade do solo a erosão hídrica. Necessidade: Utilização de método viável, rápido e sensível as alterações induzidas pelo manejo e que não exige muita infraestrutura de recursos (equipamentos e laboratórios), tempo e dinheiro.
VESS (Visual evaluation of soil structure)
Austrália
Nova Zelândia
Espanha
França
Noruega
Dinamarca
Brasil...
MÉTODO MAIS EFICIENTE E RÁPIDO E QUE NÃO REQUER EQUIPAMENTOS SOFISTICADOS E
MUITA EXPERIÊNCIA DO ANALISADOR
ATUALMENTE...
Visual Soil Structure Quality Assesment (VSSQA) (Ball et al. 2007)
Baseado em Perklamp, P.K. 1959. A visual method of soil structure evaluation. Meded. v.d. Landbouwhogeschool en Opzoekingsstations van de Staat te Gent. XXIV, 24:216-221.
A avaliação pode ser feita diretamente no campo;
Requer poucos equipamentos;
As repetições podem ser obtidas facilmente;
Camadas de solo compactadas ou degradadas podem ser identificadas;
Depende do objetivo do estudo.
Guia futuro;
Necessidade de subsolagem;
Melhorar a drenagem;
Escolha de um uso e ou manejo de solo para um futuro sustentável.
Fonte: BSPM, RJ (2013)
Quebra dos agregados pelos
planos de fraqueza
utilizando as mãos;
Qualidade estrutural
calculada a partir tamanho do agregado, a
forma e resistência, porosidade, raízes, cor e
cheiro.
Profundidade (P)= 25 cm P1 = 15 cm Sq1= 2 P2= 10 cm Sq2= 4 Sqt = (Sq1xP1) + (Sq2xP2) 2 Sqt= (2 x 15) + (4 x 10) 25 Sqt = 3,2
25 c
m
15 c
m
10 c
m
Sq score Qualidade
estrutural do solo
Manejos necessários
1 a 2 Bom Sem mudanças necessárias
2 a 3 Moderado Melhorias em longo prazo
3 a 5 Pobre Melhorias em curto prazo
Classificação da qualidade estrutural do solo associada ao escore (Sq) e aos manejos necessários para cada condição de uso do solo.
Fonte: Ball et al. (2007).
Escala (informações espaço – temporais - mapas bi e tridimensionais, funções de pedotransferência...);
Volume pequeno de amostras;
Conteúdo de água e potencial mátrico;
Avaliações do subsolo;
Incorporação de avaliações da macro e microfauna, bioporos, atividade radicular;
Sensoriameto remoto;
Smarthphones;
GEE, carbono;
Transporte de nutrientes.
Ideal: Múltiplas observações em diferentes lugares (espaço) e tempo (temporal)
Observar respostas integradoras de um determinado solo como por ex: empoçamento de água, desenvolvimento da cultura, doenças, produtividade agrícola...
Utilizar estratégias integradas e não praticas isoladas
TESE
Indicadores físicos e visuais da qualidade estrutural dos solos da
sub-bacia Santa Rita pertencente à bacia hidrográfica do Arroio
Moreira/Fragata
Ivana Kruger Tuchtenhagen
Objetivo geral
Avaliar a qualidade estrutural dos
solos da sub-bacia Santa Rita, por meio
de indicadores físicos e visuais, visando
identificar a degradação física, bem
como estabelecer relações e
proposições adequadas de sistemas de
uso e manejo.
Construir uma base inicial de dados associados à
qualidade física do solo aplicando metodologias de
avaliação visual e quantificar os valores dos
indicadores de Avaliação Visual da Estrutura do
Solo
Mapear o padrão de comportamento espacial dos
indicadores de Avaliação Visual da Estrutura do
Solo diâmetro médio ponderado, resistência tênsil
de agregados e resistência do solo à penetração,
usando ferramentas geoestatísticas...
Objetivos específicos
Propor alternativas para o melhor uso e manejo
das áreas estudadas, a partir do diâmetro
médio ponderado de agregados, macro e
microagregados, resistência tênsil de
agregados, friabilidade, resistência do solo à
penetração, densidade, porosidade,
macroporosidade e microporosidade do solo.
Objetivos específicos
Localização do Brasil (a), do RS (b), da bacia hidrográfica do arroio Moreira/Fragata, inserida no município de Pelotas-RS (c) e a delimitação da sub-bacia Santa Rita (d). por: Ivana Kruger Tuchtenhagen
Caracterização da área de estudo
• Associação de Neossolo Regolítico,
Neossolo Litólico e Argissolo Bruno-
Acinzentado (RLd1) (4,26%);
• Argissolo Vermelho-Amarelo
Distrófico (PVAd) (63,87%);
• Associação de Planossolo Háplico
Eutrófico e Gleissolo Háplico (SXe3)
(7,77%);
• Argissolo Bruno-Acinzentado
(PBACal) (24,10%).
Mapa de distribuição das classes de solos na sub-bacia Santa Rita, inserida na bacia hidrográfica do arroio Moreira/Fragata, Pelotas-RS. Elaborada por: Ivana Kruger Tuchtenhagen
Mapa de ocupação e cobertura do solo na sub-bacia Santa Rita, inserida na bacia hidrográfica do arroio Moreira/Fragata, Pelotas-RS.
por: Ivana Kruger Tuchtenhagen
36,49%
29,51
22,73%
7,80%
3,47%
Esquema de amostragem sistemática (106 pontos em cor preto) da sub bacia, as classes de declividade na sub-bacia Santa Rita, inserida na bacia hidrográfica do arroio Moreira/Fragata, Pelotas-RS (106 pontos/300m/0,00-0,10m). Elaborada por: Ivana Kruger Tuchtenhagen
Esquema de amostragem sistemática (pontos em cor preto) para coleta de solo da avaliação visual da estrutura do solo, considerando o limite da sub bacia, as classes de declividade na sub-bacia Santa Rita, inserida na bacia hidrográfica do arroio Moreira/Fragata, Pelotas-RS (37 pontos). Elaborada por: Ivana Kruger Tuchtenhagen
As metodologias de Avaliação Visual da
Estrutura do Solo classificaram
respectivamente 91,89% da área de
estudo entre uma estrutura boa a
moderada e apenas 8,11% como uma
pobre qualidade estrutural apresentando
este parâmetro praticidade e viabilidade
para avaliar a qualidade física do solo.
VESS
Ferramenta de transferência de tecnologias na medida que proporciona adequada percepção da QES e interpretação da relação entre o uso e manejo e a resposta obtida a campo permitindo se necessário readequação do manejo e do uso do solo de forma sustentável.
E-mail: [email protected] F: 53-32757267 53-32757248